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PROCESSO ORÇAMENTÁRIO
RESUMO
1
Pós-Graduando em Gestão Financeira e Controladoria (MBA) da Universidade Estácio de Sá.
(rodrigoaquista@gmail.com)
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Controladoria
Controladoria é um instituto que pode ser visto sob mais de um prisma. Assim
afirmam Mosimann e Fisch (1999, p.88):
(...) a Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à
gestão econômica. Pode ser visualizada sob dois enfoques:
a) como um órgão administrativo com missão, funções e princípios norteadores
definidos no modelo de gestão do sistema empresa e,
b) como uma área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos,
princípios e métodos oriundos de outras ciências.
Para esses autores, a Controladoria é uma ciência autônoma e não se confunde com a
Contabilidade e pode ser conceituada como “o conjunto de princípios, procedimentos e
métodos oriundos da Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente da
Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica” (MOSIMANN e FISCH, 1993, p.96, apud
PADOVEZE, 2012, p.3).
Divergindo em parte, Padoveze (2012) esclarece que a Controladoria não pode ser
dissociada da Contabilidade, mas como a ciência contábil evoluída. Além disso, o autor
acrescenta que a Controladoria é a utilização da Ciência Contábil em sua plenitude.
Para Catelli (2001, apud SANTOS, 2015), a Controladoria tem como missão assegurar
a otimização do Resultado Econômico da Organização. Além disso, o autor cita os seguintes
objetivos da Controladoria:
Promoção da eficácia organizacional;
Viabilização da gestão econômica;
Promoção da integração das áreas de responsabilidade.
Brito (2003) afirma que as atribuições da Controladoria variam de corporação para
corporação a depender da cultura e dos costumes de cada uma. Enquanto isso, Schmidt,
Santos e Martins (2014) apontam outros fatores para essa variabilidade de funções, como
tamanho da entidade e forma constitutiva.
Quanto à sua estruturação, Oliveira, Perez Jr. e Silva (2014, p.7), citam que a
Controladoria pode ser dividida em dois grandes blocos:
i. Contábil e Fiscal (visão tradicional): relacionado às funções e às atividades de
escrituração contábil e fiscal, geração de informações relatórios para fins
sociais e fiscais, publicações, atendimento da fiscalização e da auditoria,
controle patrimonial, gestão dos impostos etc.
ii. Planejamento e Controle (visão moderna): relacionado à gestão de negócios,
questões orçamentárias, aspectos estratégicos, apuração e análise de custos,
análise de desempenho etc.
Schmidt, Santos e Martins (2014, p.18) iniciam definindo que a função primária da
Controladoria é a de: “garantir todas as informações necessárias para o cumprimento da
missão de uma entidade”. Além disso, seu horizonte abrange a busca pela continuidade do
negócio no longo prazo.
Adicionalmente, Luz (2014) apresenta as áreas de atuação mais comuns desse órgão
como sendo: Contabilidade (societária, fiscal, de custos e gerencial), Orçamento e Financeiro.
Basicamente, o autor estrutura essas áreas em planejamento e controle, sistemas de
informações gerenciais e escrituração.
Na Controladoria, funções e objetivos são elementos indissociáveis. Nessa esteira,
Catelli (2001, p.350, apud SANTOS, 2015) relaciona os principais objetivos dessa unidade
como sendo:
Subsidiar o processo de gestão: ou seja, colaborar na adequação do processo de
gestão à realidade da organização ante o meio que pertence. Além disso, dar
suporte à estruturação do processo de gestão, por meio de um sistema de
informação que permita simulações e projeções sobre eventos econômicos no
processo de tomada de decisão.
Apoiar a avaliação de desempenho: como apoio, a Controladoria estará
elaborando análise de desempenho econômico das áreas, dos gestores, da
empresa e avaliando o próprio desempenho da área.
Apoiar a avaliação de resultado: no sentido de elaborar a análise de resultado
econômico dos produtos e serviços, acompanhar e orientar o processo de
estabelecimento de padrões e avaliar o resultado dos serviços.
Gerir os sistemas de informações: definir base de dados que permita a
organização da informação necessária à gestão, elaborar modelos de decisão
para os diversos eventos econômicos.
Atender aos agentes do mercado: analisar e medir o impacto das legislações no
resultado econômico da empresa e atender aos diversos agentes do mercado.
A atuação dessa área se completa com a visão geral do negócio, e a sua missão é a
de facilitar o processo decisório, por meio da coordenação do processo de
elaboração do orçamento e de sua posterior realização, apontando eventuais
necessidades de correções de rotas tanto durante a fase de elaboração quanto na de
execução. (NASCIMENTO e REGINATO, 2015, p.230)
6- Ajuste das sugestões em cima das reorientações do Comitê Controladoria e Áreas Responsáveis
7- Conclusão das peças orçamentárias Controladoria
8- Elaboração do orçamento geral e projeção das Demonstrações
Controladoria
Contábeis
Fonte: Adaptado de Padoveze (2012)
Como pode ser visto no quadro acima, esse modelo é menos participativo quanto à
elaboração das peças orçamentárias iniciais, pois essa etapa é realizada pela Controladoria,
em vez dos gestores setoriais. De outra forma, o modelo participativo, apresentado a seguir,
diferencia-se principalmente pela maneira como são apresentadas as propostas iniciais.
Quadro 2 - Modelo participativo de processo orçamentário
Etapas Área Responsável
Todas as áreas responsáveis por peças
1- Preparação das peças orçamentárias
orçamentárias
2- Revisão das peças recebidas Controladoria
3- Discussão com os responsáveis Controladoria e áreas responsáveis
4- Análise para aprovação Controladoria e Comitê Orçamentário
5- Retorno das peças orçamentárias com as sugestões e
Controladoria
determinações do Comitê
6- Ajuste das sugestões e determinações do Comitê Controladoria e Áreas Responsáveis
A visão de Heckert & Willson (1963, apud PADOVEZE, 2012) sobre a Controladoria
é esclarecedora no que se refere ao seu papel na execução das atividades e,
consequentemente, do orçamento. Segundo eles, a esta unidade administrativa não compete o
comando do navio, pois esta tarefa é do primeiro executivo; representa, entretanto, o
navegador que cuida dos mapas de navegação. É sua finalidade manter informado o
comandante quanto à distância percorrida, ao local em que se encontra, à velocidade da
embarcação, à resistência encontrada, aos desvios da rota, aos recifes perigosos e aos
caminhos traçados no mapa, para que o navio chegue ao destino.
Por seu turno, Padoveze (2012, p.289) complementa e corrobora os argumentos acima
afirmando que “a atuação da Controladoria na fase de execução consiste, basicamente, em
providenciar modelos de gestão para os eventos econômicos para subsidiar os gestores no
processo de tomada de decisão”. Assim, os gestores de cada área de responsabilidade
tomariam diariamente as decisões sobre as atividades que estão sob a sua área de atuação.
Para Nascimento e Reginato (2015), conforme já citado, a atuação da Controladoria,
na realização do orçamento, está ligada ao apontamento de eventuais necessidades de
correções de rotas. Na verdade, esse acompanhamento está relacionado à fase de controle
orçamentário, visto adiante.
Quanto a essa divisão de funções, a literatura é praticamente unânime em afirmar que
a execução das atividades empresariais propriamente dita é de responsabilidade dos gestores,
enquanto que à Controladoria cabe o suporte e o provimento de informações. Isso decorre do
princípio básico de que quem executa não pode avaliar, pois haveria um claro conflito de
interesses.
No entanto, no decorrer da execução do orçamento, podem ocorrer eventos, internos
ou externos, que impliquem a necessidade de alteração do orçamento. Assim, um sistema
orçamentário flexível a mudanças é uma condição forçosa para implantar um planejamento
orçamentário, conforme já citado por Schmidt, Santos e Martins (2014).
Surgindo a hipótese de alteração orçamentária, remetemo-nos aos trâmites já definidos
no planejamento da peça. Portanto, em última análise, caberia ao comitê orçamentário decidir
sobre essas alterações, com o auxílio informacional da Controladoria.
Em resumo, a incumbência de executar as operações orçamentárias recai ao gestor,
enquanto que a função de auxílio e orientação, com foco nos objetivos organizacionais gerais
da empresa, cabe à Controladoria. Dessa maneira, essa unidade administrativa poderá
acompanhar e controlar a execução do orçamento com relativa independência.
Portanto, a contribuição da Controladoria, por mais eficiente e eficaz que seja, não
deverá se sobrepor à capacidade individual do executivo que recebe suas informações.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi analisar as funções da Controladoria associadas ao
planejamento, à execução e ao controle do orçamento. A análise permitiu investigar, na
literatura sobre o assunto, qual é a delimitação de atribuições entre esse órgão e os gestores no
processo orçamentário empresarial.
Para tal pesquisa, foram realizadas coletas de dados em diversas obras publicadas
sobre Controladoria e orçamento de diversos autores, a fim de confrontar os argumentos
usados e sintetizá-los.
Os resultados encontrados foram satisfatórios em relação ao cumprimento do objetivo
proposto.
Assim, no tocante ao planejamento orçamentário, pode-se inferir como dever da
Controladoria assessorar os gestores para que eles planejem, administrar e coordenar o
processo de elaboração do orçamento, consolidar os orçamentos setoriais e acompanhar todas
as suas etapas, a fim de que o orçamento esteja alinhado com os objetivos e metas
organizacionais. Por outro lado, caberia ao gestor decidir sobre os fatores-chave na elaboração
do plano.
Em referência à execução e ao controle orçamentário, a incumbência de executar as
operações definidas no orçamento recairia sobre o gestor, enquanto que a função de auxílio,
orientação e controle do orçamento como um todo caberia à Controladoria. Portanto, a
Controladoria teria que identificar e analisar as variações orçamentárias ocorridas entre
planejado X realizado, reportar essas variações aos gestores e propor as ações corretivas.
Em suma, esse estudo mostrou a importância da delimitação das tarefas entre
administração e Controladoria, sinalizando que a atuação dessa última tende a se concentrar
na visão geral do negócio e na facilitação do processo decisório, por meio da coordenação do
processo de elaboração do orçamento. Em contrapartida, o gestor deve tomar as decisões que
levem a uma boa execução orçamentária.
REFERÊNCIAS
HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2014.
KANITZ, Stephen Charles. Controladoria: teoria e estudos de casos. São Paulo: Pioneira,
1977.
LUNKES, Rogério João. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
LUZ, Érico Eleutério da. Controladoria corporativa. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2014.
OLIVEIRA, Luís Martins de; PEREZ JR, José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos Santos.
Controladoria Estratégica: textos e casos práticos com solução. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2014.
REIS, Cláudia Marchioti Nicolau dos. Controladoria Estratégica. Rio de Janeiro: Conselho
Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro, 2014.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual
de Controladoria. São Paulo: Atlas, 2014.
WATTS. John. Accounting in the business environment. 2. ed. Londres: Pitman, 1996.