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olhar para o texto de Bertolt Brecht. A montagem tem direção geral de Cibele Forjaz
mas conta com “propositores de encenação” da própria companhia para cada nova
temporada/ocupação
Quase um século depois, o texto “Na Selva das Cidades” (de 1927), do dramaturgo
alemão Bertolt Brecht (1898-1956) desafia o tempo. De uma atualidade aguda, alinha
exclusão social aos podres poderes da vida em sociedade, aspectos investigados à
exaustão para a montagem de “Na Selva das Cidades – Em Obras” que a mundana
companhia estreia dia 12 de abril, no Teatro da Caixa Cultural Brasília. Com direção de
Cibele Forjaz o elenco é formado por Aury Porto, Carol Badra, Guilherme Calzavara,
João Bresser, Luah Guimarãez, Mariano Mattos Martins, Nana Yazbek, Vinícius Meloni e
Washington Luiz Gonzales. As apresentações acontecem de 12 a 15 de abril, de quinta
a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Duração, 100 minutos. Ingressos R$10,00 (inteira)
e R$5,00 (meia). A classificação indicativa é 14 anos. A CAIXA Cultural Brasília fica no
Setor Bancário Sul (SCS) Quadra 4 Lotes 3 / 4.
Em Brasília, “Na Selva das Cidades – Em Obras” dará ênfase ao dinheiro como
elemento que, apesar do poder consolidador, tem desestabilizado as relações dentro
das sociedades contemporâneas. O dinheiro permeia todas as relações humanas
dentro do texto de Brecht e será ressaltado como fator de dissolução humana e social.
E, no caso de Brasília, centro do poder do Estado brasileiro, o dinheiro tem sido
elemento de desestruturação da democracia, da República e do próprio Estado. “A
imersão por São Paulo durante a pesquisa de linguagem nos deu um eixo. Desde o
início estabelecemos uma equipe propositiva que aponta rumos. Toda a ficha técnica
está o tempo inteiro envolvida, em movimento, sem um pensamento pronto e
acabado para a montagem”, explica Aury Porto, fundador junto com Luah Guimarãez
da mundana companhia.
Um dos textos com mais elementos expressionistas de Brecht, Na Selva das Cidades
mostra a luta entre dois homens, mas também o embate com a cidade. Em 1969 o
Teatro Oficina realizou uma montagem do texto considerada antológica. “Lina Bo Bardi
levou para dentro do Oficina restos de moradias do Bixiga que estavam sendo
demolidas para a construção do Minhocão, que liga Bixiga a Perdizes”, conta Aury
Porto. Este processo orientou a pesquisa de campo da mundana companhia. O
impacto da imersão dos artistas com o intercâmbio junto aos moradores de São Paulo
foi vertiginoso. “Não podíamos criar uma montagem, digamos, formal. A cidade nos
deu um estímulo que na sala de ensaio se esvaía. Decidimos abrir a possibilidade de
mudar tudo a cada nova agenda de apresentações. Já fizemos sem palavra alguma;
outra vez fizemos em uma hora, depois em três horas”, contextualiza Aury.
Desta maneira, o risco foi assumido 100%. “Os conceitos acabados e as formas fixas
não cabiam mais neste trabalho. O próprio texto de Brecht é cheio de lacunas.
Percebemos que era a partir destas lacunas que o trabalho se abriria para o nosso
tempo e suas questões, para uma comunicação mais livre entre a nossa equipe de
criação e o público, entre o teatro e a cidade, entre a ficção e a realidade. Resolvemos,
então, abrir radicalmente o espetáculo para a potência das experiências vividas em
grupo, com a cidade. A partir deste novo paradigma, tudo passou a ser móvel e
inacabado. A cada nova Ocupação tudo se transforma, na relação com o espaço
ocupado. Desta forma, o cenário propõe sempre uma nova intervenção no espaço,
assim como a luz, o vídeo, os figurinos e os objetos de cena, só existem em relação
com este novo espaço e seus conceitos. O trabalho dos atores não tem marcas fixas,
mas regras de jogo, que determinam a movimentação e o desenho da cena. Cada
Ocupação é singular, cada sessão é uma estreia. Lutando diariamente contra a nossa
tendência às relações hierárquicas e às formas prontas, estamos no risco, prontos
para o inesperado”, conclui Cibele Forjaz.
Desde o ano 2000, inspirados pela militância política dos artistas de teatro da cidade
de São Paulo junto ao movimento “Arte contra a Barbárie”, Aury Porto e Luah
Guimarãez desejavam criar um núcleo artístico formado essencialmente por atores-
produtores. A partir daí, um diretor, com afinidades afetivas e estéticas com os
membros da companhia, seria convidado a participar. O mesmo ocorreria com os
profissionais das outras áreas, como cenografia, figurino, música, luz, e até mesmo
outros atores: a cada projeto, a companhia teria um novo corpo que daria vazão às
ideias de continuidade e transitoriedade. Esse é o pensamento que caracteriza a
mundana companhia.
Ficha técnica
Equipe propositora da Ocupação: Aury Porto, Cibele Forjaz e Luah Guimarãez| Elenco:
Aury Porto, Carol Badra, Guilherme Calzavara, João Bresser, Luah Guimarãez, Mariano
Mattos Martins, Nana Yazbek, Vinícius Meloni, Washington Luiz Gonzales | Autor:
Bertolt Brecht | Tradução Christine Röhrig | Direção: Cibele Forjaz | Assistente de
direção: Gabriel Máximo | Treinamento Corporal: Lu Favoreto | Treinamento Vocal:
Lucia Gayotto | Cenografia/Direção de Arte: Flora Belotti| Figurino: Diogo Costa e
Joana Porto | Assistente de figurino: Rogério Pinto | Camareiro: Lucas Candido |
Iluminação: Alessandra Domingues | Assistente de Iluminação e Operação de Luz:
Laiza Menegassi | Direção Musical: Guilherme Calzavara | Músico: Marcelo Castilha|
Programação Visual: Mariano Mattos Martins | Assessoria de imprensa: Luiz Alberto
Osório – Agenda KB Comunicação | Direção de Produção: Aury Porto | Produção
Executiva: Bia Fonseca
Serviço
Na Selva das Cidades – Em Obras
De Bertolt Brecht
Com a mundana companhia
Direção geral: Cibele Forjaz
Datas: 12, 13, 14 e 15 de abril
Horários: De quinta a sábado, às 20h
Domingo, às 19h
Duração: 100 min
Local: Teatro da Caixa Cultural Brasília
Endereço: SBS, quadra 4, lotes 3/4 – Asa Sul, anexo à matriz da CAIXA
Telefone: (61) 3206-6456
Bilheteria: de terça a sexta-feira e domingo, das 13h às 21h; sábado, das 9h às 21h
Ingresso: R$ 10,00 (inteira) R$5,00 (meia-entrada)
Lotação: 406 lugares
Classificação Indicativa: 14 anos
Acesso para pessoas com deficiência.