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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO AFETO ATRAVÉS DO TOQUE NO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS BEBÊS

por

CARMEN MARIA SOARES DA COSTA

ORIENTADOR
PROF. VILSON SERGIO DE CARVALHO

Rio de Janeiro
2006
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO AFETO ATRAVÉS DO TOQUE NO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS BEBÊS

Este trabalho mostrará para os


pais e educadores a importância
e como desenvolver com afeto a
cognição da criança através do
toque desde a vida intra-uterina.

Rio de Janeiro
2006
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que me ajudaram, nessa etapa de minha vida.


A todos os amigos e mestres que convivi nesse ano de faculdade e
contribuíram para o meu crescimento profissional.
A todas as mães, bebês e alunos que um dia eu tive a sorte de conhecer ao
longo deste meu caminho de educadora.
Não poderia esquecer de agradecer as minhas verdadeiras mestras,
minhas filhas, Clara e Julia, que até hoje me ensinam como que é ser mãe e
educadora.
E por fim um agradecimento especial ao meu marido Marcio, que é o meu
maior incentivador, passando muitos momentos sozinho enquanto eu estava em
frente ao computador.
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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho, aos meus pais , Daniel e Ruth que através do amor e
do afeto fizeram-me acreditar que se deve ir ao encontro do que se acredita.
Ao meu marido e companheiro pelo apoio e dedicação que me dispensou
durante a realização deste trabalho, me fazendo sentir a importância do afeto e
do carinho como fonte de energia para a cognição.
As minhas filhas que em alguns momentos não contaram com a minha
presença física mas, compreenderam que com afeto e carinho o amor continua
junto.
Aos meus alunos, por terem me permitido perceber a importância do afeto
no processo ensino aprendizagem.
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EPÍGRAFE
O TOQUE
POR FAVOR, ME TOQUE
SE SOU SEU BEBÊ, POR FAVOR ME TOQUE...
Preciso de seu afago de uma maneira que talvez nunca saiba...
Não se limite a me banhar, trocar minha fralda e me alimentar, mas,
Me embale estreitado, beije meu rosto e acaricie meu corpo.
Seu carinho gentil, confortador, transmite segurança e amor...
SE SOU SUA CRIANÇA, POR FAVOR ME TOQUE...
Ainda que eu resista e até o rejeite, insista,
descubra um jeito de atender minha necessidade.
Seu abraço de boa noite ajuda a adoçar meus sonhos;
seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade...
SE SOU SEU ADOLESCENTE, POR FAVOR ME TOQUE...
Não pense que eu, por estar crescido,
já não precise saber que você ainda se importa.
Necessito de seus abraços carinhosos,
preciso de uma voz terna.
Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar...
SE SOU SEU AMIGO, POR FAVOR ME TOQUE...
Nada como um abraço afetuoso para eu saber que você se importa.
Um gesto de carinho quando estou deprimindo
me garante que sou amado, e me reafirma que não estou só.
Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga...
SE SOU SEU PARCEIRO SEXUAL, POR FAVOR ME TOQUE...
Talvez você pense que sua paixão basta,
mas só o seus braços detém os meus temores.
Preciso do seu toque terno e confortador,
para me lembrar que sou amado apenas porque eu sou eu...
SE SOU SEU FILHO ADULTO, POR FAVOR ME TOQUE...
Embora eu possa ter até minha própria família para abraçar,
Ainda preciso dos braços de mamãe e papai quando me machuco...
SE SOU SEU PAI IDOSO, POR FAVOR ME TOQUE...
Do jeito que me tocaram quando era bem pequeno.
Segure minha mão, sente-se perto de mim,
dê-me força e aqueça meu corpo cansado, com sua proximidade.
Minha pele, ainda que muito enrugada, adora ser afagada....

NÃO TENHA MEDO... APENAS ME TOQUE...


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RESUMO

O foco principal desta monografia é o estudo do desenvolvimento cognitivo


da criança através do toque, para que ela se estruture e não venha a apresentar
problemas no futuro que comprometam sua aprendizagem, seja por questões
cognitivas, afetivas ou sociais. Pensar e sentir são ações indissociáveis
principalmente com o contato físico através do toque. Este estudo defende esta
tríade neste trabalho, tendo como preocupação principal o campo educacional. E
colocando algumas reflexões sobre o papel da afetividade na construção de
conhecimentos cognitivo-afetivos. Parte-se da premissa de que no trabalho
educativo diário não existe uma aprendizagem meramente cognitiva ou racional,
pois as crianças não deixam seus aspectos afetivos intrínsecos em casa, quando
estão na escola interagindo com os objetos e o outro.
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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para esta monografia foi a pesquisa bibliográfica e


através de revistas e sites da Internet. Em cada uma das fases desta pesquisa a
leitura e a avaliação dos materiais adquiridos foi essencial para a conclusão deste
trabalho.
E também nas vivências adquiridas na experiência no campo profissional
como educadora, tornando possível a elaboração, compreensão e valorização
deste trabalho.
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – AFETO ..................................................................................14
Tipos de afeto na vida intra-uterina .......................................................16
1.1 - Afeto pele – fetal.........................................................................16
1.2 - Afeto cinestésico..........................................................................17
1.3 - Afeto umbilical..............................................................................17
CAPÍTULO II - PENSADORES DA AFETIVIDADE E DA COGNIÇÃO ........18
2.1 – Piaget……………………………………………………………….…18
2.2 – Maturana…………………………………………………………….. 20
2.3 – Vygotsky………………………………………………………………22
2.4 – Winnicott………………………………………………………………23
2.5 – Klein …………………………………………………………………..24
2.6 – Wallon…………………………………………………………………24
2.7 – Reich............................................................................................28
CAPÍTULO III - O TOQUE ..............................................................................33
3.1 - Falando do Toque.........................................................................33
3.2 - O Toque / O Tato..........................................................................38
3.3 - A importância do Toque para a criança .......................................42
3.4 - Método Mãe Canguru...................................................................44
3.5 - Toque / Carinho / Abraço..............................................................45
3.6 - A Massagem no desenvolvimento da criança..............................48
3.6.1 - A Massagem......................................................................48
3.6.2 – Shantalla...........................................................................50
3.6.3 - Toque da Borboleta...........................................................52
3.6.4 - Benefícios da massagem..................................................53
CAPÍTULO IV - AUTO ESTIMA E AUTO CONFIANÇA DAS CRIANÇAS...56
CAPÍTULO V - COGNIÇÃO E AFETO.........................................................60
5.1 - Cognição E Sensação / Percepção (Toque) ...............................63
CONCLUSÃO.................................................................................................66
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................68
ANEXOS
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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da criança ocorre na fase inicial da vida, isto é, desde a


vida intra-uterina.

Estímulo é todo o incentivo que ocorre nesta fase inicial de sua vida e que
irá contribuir para seu desenvolvimento intelectual e emocional. Podendo ser
aleatório, ocorrendo a todo instante na vida da criança, ou intencional dirigido pelo
adulto.

Toda criança deve ser estimulada para que seu desenvolvimento seja no
padrão de “normalidade” que esperamos. Mas o que não sabemos, é que todo o
estímulo tem que estar embalado de afeto, com contato físico, ou seja com o
toque.

Esta criança, ao nascer, ingressa em uma família como indivíduo único, que
irá agir e interagir com o outro sob a influência deste meio durante toda a sua vida.
Os seres humanos têm a necessidade de cuidados por parte do outro e durante o
período de formação da personalidade existem algumas circunstâncias
fundamentais a serem desenvolvidas principalmente se tratando do
desenvolvimento cognitivo/afetivo.

Por que cognitivo-afetivos? Diremos que existe a relação entre os


processos cognitivos e afetivos no funcionamento psíquico humano. E é
exatamente esta linha de raciocínio, que este trabalho se baseia somando a
importância do toque nesta relação. O vínculo afetivo é um elemento primordial,
ele é básico, provém do latim, vinculum: atadura, laço, aquilo que une.
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Até bem pouco tempo, o bebê era considerado um ser limitado que exigia
apenas o cuidado da mãe (ou cuidador) que auxiliava no seu desenvolvimento, já
que este desenvolvimento aconteceria de qualquer maneira como todos os outros.

No entanto, foram realizadas muitas pesquisas e experiências por médicos,


psicólogos e educadores, mostrando ao mundo uma nova leitura no
desenvolvimento deste bebê. Sabemos que depois destas pesquisas, foi
concluído que o desenvolvimento do psiquismo humano tem início ainda no
ambiente intra-uterino.

Esse fato é comprovado observando a intensidade nos movimentos fetais, e


nos batimentos cardíacos do bebê através da ultra-sonografia e da ecografia, de
acordo com as alterações emocionais da própria mãe. O bebê recebe vibrações e
sensações vindas do corpo da mãe e também do ambiente. Através da barriga
materna passam a claridade, os sons e sensações sutis.

Para o psiquiatra canadense Thomas Verny tratar da criança desde a


gestação contribui para uma sociedade mais saudável e economiza os recursos
do sistema de saúde. ''Garantir que crianças sejam concebidas e nutridas com
amor é assegurar um mundo melhor'' (Verny,

É na gestação que os pais iniciam um relacionamento íntimo com o filho e,


a partir dele, plantam sementes de equilíbrio, inteligência emocional, segurança e
até saúde. Nesse mundo de estímulos, a participação deles é fundamental, e pode
ser iniciada com a prática da Haptonomia (Anexo 1). Como é traduzida pelo seu
criador, o holandês Drans Veldman, por "Ciência da Afetividade".

Ashley Montagu (1905-1999) antropólogo e humanista inglês, em seu livro


"Tocar", afirma que o tato é o sentido mais primário de percepção do ser humano
e a pele do feto (a ectoderme), capta todas as sensações que a atingem
(Montagu, 1988).
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“Não são tanto as palavras quanto os atos de


comunicação de afeto e envolvimento que as
crianças, e realmente os adultos também, precisam.
As sensações táteis tornam-se percepções táteis
segundo os significados dos quais foram investidas
pela experiência. Experiências táteis inadequadas
resultarão numa falta dessas associações e numa
conseqüente incapacidade de criar relacionamentos
fundamentais com outras pessoas. Quando o afeto e
o envolvimento são transmitidos pelo tato, são com
estes significados, além dos de provimento de
segurança através de satisfações, que o tato passara
a estar associado. Este é, portanto, o significado
humano de tocar.” (Montagu, 1988, p. 379)

A prática da Haptonomia na Obstetrícia tem obtido resultados


comprovados. O médico francês Etienne Herbinet, que se preocupa há muitos
anos com o bem-estar do bebê dentro e fora do útero, descreve em seu livro:
D'amour et de lait.
"Em Haptonomia, o terapeuta guia a mãe e o pai para
que fiquem plenamente presentes em suas mãos e,
para que a mão não se limite a tocar o corpo, mas
que seja o lugar de encontro com o bebê que passa a
responder as solicitações. Os pais descobrem um
novo prazer de contato: a descoberta da criança
como sujeito e essas experiências vividas a três são
muito emocionantes." (Herbinet,1980, p.115)

Então podemos dizer que é muito importante para o desenvolvimento


emocional, que o bebê se sinta querido, amado, desejado e participante da nova
família.
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A relação afetiva é o foco da estimulação do bebê. E tem que ser recheada


de amor, comunicação e carinho. Quando cuidamos de um bebê é importante que
tenhamos atenção em todos nossos atos pois, o bebê assimila tudo e assim
poderemos obter resultados positivos na nossa relação e no sucesso do
desenvolvimento desta criança. Pois sabemos que não é possível relação sem
aprendizagem e nem tão pouco aprendizagem sem relação.

Com estes estudos sabemos que o bebê é um ser inteligente e com


personalidade, que seu cérebro começa a se desenvolver ainda no útero da mãe
como feto e continuará desenvolvendo, principalmente, até os 3 anos de idade.

Podemos então concluir que, os estímulos desde da fase intra-uterina serão


de grande importância para o desenvolvimento da criança pois, todos os estímulos
contribuirão para sua aprendizagem.

Com dados de pesquisas recentes nesta área, nas obras de Wallon,


Winnicott, Montagu, Piaget e Klein, e com a minha experiência no trato com
bebês, gostaria de questionar a importância da afetividade no desenvolvimento
cognitivo da criança e que tem base desde a sua vida intra-uterina.

Apresentadas tais razões acima, já adentramos no objetivo deste trabalho:


refletir sobre o tema da afetividade/toque contextos psicológico e educacional.
Para entendermos melhor a relação do toque/afeto na construção dos
conhecimentos cognitivo-afetivos, vamos entender o que é afeto e o que é toque.

Este trabalho apresenta quatro capítulos, o primeiro capítulo aborda as


questões do que é o afeto e relata que desde a vida intra-uterina a afetividade se
faz presente na vida do homem.
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O capítulo dois apresenta os pensadores, Piaget, Maturana, Vygotsky,


Winnicott, Klein, Wallon e Reich com suas colocações em relação à afetividade no
desenvolvimento da criança.

No capítulo seguinte explica o que é o Toque e o tato e as suas reais


importâncias no desenvolvimento humano, abordando também as técnicas de
massagem e seus benefícios que levam a criança a se desenvolver de forma
positiva.

E no último capítulo aborda-se a relação da afetividade/cognição e a


importância da auto-estima no desenvolvimento do ser humano e o fortalecimento
da cognição em todo este processo.
14

CAPÍTULO I

AFETO

A palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) e constitui o elemento


básico da afetividade.

Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade


está “Psicol: Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sentimentos e
paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, insatisfação, de agrado ou
desagrado, de alegria ou tristeza.”

Compreendemos então que afetividade e inteligência são aspectos


indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização.

É sabido que na nossa história muitos pensadores e filósofos, desde a


Grécia Antiga, discutiam sobre a dicotomia entre razão e emoção, como por
exemplo Descartes, com a célebre afirmação: "Penso, logo existo", surgindo assim
a possível separação entre razão e emoção.

Para ilustrar estes pensamentos, temos na obra de Immanuel Kant,


Fundamentação da metafísica dos costumes (2002) dizendo que se Deus tivesse
feito o homem para ser feliz não o teria dotado de razão e considerava também,
as paixões como "enfermidades da alma".

Um conceito que os cientistas atribuem a emoção é que ela se refere às


mudanças cerebrais e conseqüentemente orgânicas nas experiências de amor,
tristeza, melancolia, dor, susto, alegria, perigo e muitos mais.
15

O bebê nasce com uma série de reflexos, que o faz capaz de perceber o
novo mundo e interagindo com este através do tato, do paladar, do olfato, da visão
e da audição. Sendo assim, terá a capacidade de organizar suas experiências,
seu funcionamento intelectual, possibilitando a construção das estruturas mentais.

A relação afetiva entre os pais e o bebê contribui para o melhor


desenvolvimento cognitivo da criança? Há relação entre a afetividade e o
desenvolvimento cognitivo? A afetividade é importante para a construção do
conhecimento cognitivo? A afetividade quando é mal resolvida inibe as estruturas
cognitivas?

Sabemos que a afetividade é necessária na formação de pessoas felizes,


seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar
vai alem de dar carinho, é aproximar-se do aluno principalmente saber ouvi-lo,
valorizá-lo e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. Carinho faz
parte da trajetória e é apenas o começo do caminho. A afetividade é a substância
principal que nutre todas estas ações.

O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e


o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui, acreditar nas suas opiniões, valorizar
sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar
acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas.

"As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do


conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre
pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação
de pessoa para pessoa, o afeto está presente" (Almeida,
1999, p.97).
16

Fernández (1991) observou que a maioria das crianças que são levadas à
consulta por apresentar fracasso escolar era do sexo masculino. Em um universo
de 500 crianças, 70% eram homens e 30% eram mulheres.

Analisando esta situação, acredita-se que o problema da afetividade


influência no desenvolvimento cognitivo dessas crianças. Pamplona (1985)
concorda, quando afirma que problemas de aprendizagem são mais encontrados
nas crianças do sexo masculino, numa proporção de, para cada três crianças,
duas serem do sexo masculino.

Observamos então, uma parcela significativamente e igualmente importante


no desenvolvimento cognitivo do sujeito advém do problema com a afetividade.
Pois, é sabido, que em nossa cultura o homem não é criado para fazer carinho –
toque – pois, assim não se tornaria homem , ou seja, másculo.

1 - TIPOS DE AFETO NA VIDA UTERINA

Segundo David Boadella (1985), criador da Biossíntese, (ANEXO 2) existe


três tipos de afetos na vida uterina que são compatíveis às três camadas da pele:
ectoderma (camada celular exterior da gástrula), mesoderma (folheto médio do
embrião, entre o ectoderma e o endoderma) e o endoderma (camada celular
interior, que envolve o intestino primitivo do embrião).

1.1 - AFETO PELE-FETAL

Francis Mott, teórico que se dedicou ao estudo da transição da vida uterina


para o mundo exterior, afirma que as sensações táteis são geradas em toda a
superfície do feto pelo movimento da lanugem em contato com o líquido amniótico.
Esses pequenos pêlos aparecem no quarto mês da vida do feto e desaparecem
antes do nascimento. O corpo fetal passa portanto três ou quatro meses movendo-
se neste líquido com sua lanugem.
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Este afeto é a base da sensibilidade do adulto à qualquer impacto


proveniente do mundo exterior. A hiper-sensibilidade de certas pessoas à luz ou
ao som poderia ter a sua origem nas dificuldades com afeto pele-fetal.

1.2 - AFETO CINESTÉSICO

Por volta do 5º mês de gestação, a mãe começa a notar que os


movimentos estão mais fortes são os chamados "chutes do bebê".

Os movimentos de natação do feto são protótipos dos movimentos que ele


irá fazer na vida pós-natal, quando aprender a fazer resistência à gravidade. Se os
movimentos são graciosos e soltos, estão carregados de afeto cinestésico positivo
e prazeroso; movimentos tensos e contraídos estão carregados de afeto
cinestésico negativo e doloroso. Movimentos espontâneos possuem uma
coordenação que flui naturalmente.

1. 3 - AFETO UMBILICAL

Este terceiro dos afetos intra-uterinos é o fluxo do afeto umbilical da


placenta através do cordão umbilical para o centro do corpo do feto. Se a mãe
está “curtindo” sua gravidez e está emocionalmente feliz, sua sensação de bem-
estar é comunicada à criança.

O afeto umbilical positivo manifesta-se como uma sensação de bem-estar e


vitalidade, um calor agradável no centro do corpo. O afeto umbilical negativo
manifesta-se como uma sensação de indisposição, ansiedade, desespero e mal-
estar; é uma sensação de envenenamento da fonte da vida.
18

CAPÍTULO II

PENSADORES DA AFETIVIDADE E DA COGNIÇÃO

2.1 - PIAGET

O primeiro autor que questionou as teorias que tratavam a afetividade e a


cognição como aspectos separados foi o biólogo e epistemólogo suíço Jean
Piaget (1896-1980).

Em seu trabalho que foi publicado a partir de um curso que ministrou na


Universidade de Sorbonne (Paris) em 1953/1954: "Les relations entre l'intelligence
et l'affectivité dans le développement de l'enfant". Piaget afirma que apesar da
afetividade e da cognição serem de naturezas diferentes, elas são inseparáveis. E
que toda ação e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado
pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por uma energética,
que é a afetividade. (1953)

Então para Piaget, não existe afeição sem cognição, assim como não
existem comportamentos exclusivamente cognitivos. Piaget traz uma enorme
contribuição com o conceito de maturação, os estágios do desenvolvimento
cognitivo:sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operacional (2 aos 7 anos), operacional
concreto (7 aos 11 anos) e operações formais (inicia-se aos 12 anos).

Quando discute os papéis da assimilação e da acomodação cognitiva,


afirma que esses processos da adaptação também possuem um lado afetivo: na
assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar o objeto ao self (o
aspecto cognitivo é a compreensão); enquanto na acomodação a afetividade está
presente no interesse pelo objeto novo (o aspecto cognitivo está no ajuste dos
esquemas de pensamento ao fenômeno).
19

Em seu trabalho, Piaget (1953) considera que, os valores entre a relação da


afetividade e cognição pertencem à afetividade geral do homem, e afirma que
estes são trazidos á tona a partir da realização de uma troca afetiva do sujeito com
pessoas ou objetos.

Então, para Piaget o papel da afetividade é funcional na inteligência. Ela


seria a fonte de energia para que a cognição funcione. Ele explica esse processo
com uma metáfora, afirmando que “a afetividade seria como a gasolina, que ativa
o motor de um carro mas não modifica sua estrutura”.

Ou seja, existe uma relação entre a gasolina e o motor (ou entre a


afetividade e a cognição) porque o funcionamento do motor, comparado com as
estruturas mentais, não é possível sem o combustível, que é a afetividade.

Podemos concluir então que, para ele, todos os objetos de conhecimento


são tanto cognitivos como afetivos, e as pessoas, ao mesmo tempo em que são
objetos de conhecimento, são também de afeto.

“Piaget confere muita responsabilidade aos pais e professores, pois deles


depende em grande parte a estimulação que faz a estrutura mental da criança
desenvolver-se de forma rica ou flexível, ou pobre e rígida. O mesmo acontece
com relação ao desenvolvimento da emocionalidade” (Bordenave/Martins
Ferreira,2000, p.62)
20

2.2 - MATURANA

Humberto Maturana, cientista chileno, doutor em biologia pela Universidade


de Harvard, Prêmio Nacional de Ciências em 1974 e premiado nos Estados
Unidos e na Europa. Falou também sobre o automóvel e afetividade em entrevista
para a revista Tierramérica em 19 de novembro de 2000
(http://www.tierramerica.net/2000/1119/index.html) para o repórter Omar Sarrás Jadue.

Maturana comparou a nossa afetividade com o automóvel, pois disse que


este é uma máquina que tem emoções. Explicou que nós engatamos a primeira e
temos um carro potente e agressivo. Concluiu então que, esta explicação é de
certa maneira mais do que metafórica é isofórica, isto é, que faz referência a uma
coisa da mesma classe.

Engatando a quinta e seguindo a uma velocidade alta, o carro está


tranqüilo, fluido e sereno. Porém, cada vez que muda a marcha, muda a
configuração interna do automóvel e esse carro faz coisas distintas. As emoções
correspondem precisamente a isso; do ponto de vista biológico são mudanças
internas de configuração que transformam a reatividade do ser vivo, de modo que
esse ser vivo no espaço relativo é diferente.

Então, o ser humano para Maturana (2000), pode lançar um olhar sobre sua
emoção, pode refletir porque tem a linguagem. Mas, o animal, que Descartes trata
tão negativamente como autômato, não tem como dar essa olhada reflexiva. Citou
o seguinte exemplo:
“Se tem um filho, que se encontra triste, mas
não sabe exatamente o que lhe acontece, e
você diz: "Estás triste, é isso o que acontece
contigo". Nessa conversação a criança
começa a tratar o que se passa com ele
como tristeza, e aí aparece o olhar reflexivo.
21

Um cãozinho que está triste não tem como


dar essa olhada reflexiva; comporta-se de
maneira triste, mas não tem como dizer-lhe
"estou triste", como diz seu filho.”(Maturana,
2000, s/p)

O biólogo afirma também que a natureza para o ser humano da cidade


atual é o artifício cultural onde vive, esse é seu mundo natural. Para uma criança
que cresce na cidade - com automóveis, aviões, rádios - esse é seu mundo
natural. Do mesmo modo que para a criança que nasce na África, com leões,
rinocerontes, pássaros, esse é seu mundo natural. Esta cidade artificial também é
parte da natureza.

Diz Humberto Maturana (1999), que a educação ocidental encontra-se


ainda voltada ao racional, e defende, que todo sistema racional tem como base a
emoção. A grande dificuldade é que nossa cultura desvaloriza as emoções,
fazendo-nos esconder na razão, como se ela fosse desligada da emoção.

A emoção em Maturana, não é sinônimo de sentimento. Emoções são


disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios de ação em
que nos movemos: “Assim, o ser humano(...) se constitui no entrelaçamento do
emocional com o racional. (...) todas as nossas ações têm um fundamento
emocional (...)” (Maturana,1999, p.18)

E o emocional não é um limite para o racional, sendo inclusive a sua própria


possibilidade. Maturana diz ainda que o ser humano é preparado para amar. Ele é
o criador da biologia do amor, ele diz que aprendemos esse sentimento na relação
com a mãe (ou o pai ou quem quer que cuide da criança) e no brincar, pois na
brincadeira se estabelece a confiança no outro, ingrediente básico do amor.
22

2.3 – VYGOTSKY

Lev S. Vygotsky , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e


nasceu e viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 34 anos.
Professor dedicou-se nos campos da pedagogia e psicologia. Deu várias palestras
em escolas, e faculdades sobre pedagogia, psicologia e literatura.

Vygotsky também abordou as relações entre a cognição e o afeto,


afirmando que as emoções tem uma participação fundamental no funcionamento
mental geral. Ele buscou no desenvolvimento da linguagem, elementos
fundamentais para poder compreender as origens do psiquismo. Afirma então:

"A forma de pensar, que junto com o sistema de conceito


nos foi imposta pelo meio que nos rodeia, inclui também
nossos sentimentos. Não sentimos simplesmente: o
sentimento é percebido por nós sob a forma de ciúme,
cólera, ultraje, ofensa. Se, dizemos que, desprezamos
alguém, o fato de nomear os sentimentos faz com que estes
variem, já que mantêm uma certa relação com nossos
pensamentos." (Vygostky, 1996, p.416)

Segundo ele, a separação entre o aspecto intelectual de nossa consciência,


o afetivo e a vontade é um dos defeitos mais graves da psicologia pois, impede a
possibilidade de explicar a origem do pensamento, os seus motivos, suas
necessidades. Afirma também que:

“... admitir que o pensamento depende do afeto é fazer


pouca coisa, é preciso ir mais além, passar do estudo
metafísico ao estudo histórico dos fenômenos: é necessário
examinar as relações entre o intelecto e o afeto, e
23

destes,com os signos sociais, evitando reducionismos e


dualismos” (Vygotsky,1934, p. 343).

2.4 – WINNICOTT

A visão que existia até os anos 70-80 era que o bebê se caracterizava pelo
egocentrismo, modo de alternar o narcisismo e o auto-erotismo.

Ao contrário do que afirma Piaget, o mundo do bebê não é somente


povoado de objetos. Como os bebês poderiam estar por si mesmos na base da
inteligência se os objetos físicos estão sempre a sua volta e ele é no início
ajudado de um Outro e que, cujas falhas irão permitir que ele obtenha sua vontade
de saber. Se essas falhas são muito importantes, ou se elas não são
suficientemente progressivas, elas provocarão um “excesso” de pensamento.

Segundo Winnicott, a inteligência, oculta uma certa privação, que se pode


traduzir também por ausência. Pensar, para o bebê, seria “um substituto materno
ou uma baby-sitter.” (Winnicott, 1965, p.199)

E Winnicott trata de duas funções que se desenvolvem paralelamente, mas


que a primeira (o pensamento) estaria sempre a serviço de um eu precoce. Alguns
bebês, diz ele, “se especializam na ação de pensar”, (Winnicott, 1965, p.199) que
está ligada às palavras, enquanto outros se especializam nas experiências
sensoriais e perceptivas (visão, audição), e criam experiências alucinatórias que
também teriam uma função de substituto materno (alucinação do seio).

A essência do pensamento de Winnicott sobre a unidade inicial mãe-bebê


é que este não existe sozinho. Os cuidados primários que a mãe tem com seu
filho, ele chama de “good-enough mothering” que são descritos em seu livro: “Os
bebês e suas mães” (Winnicott, 1988). Ele foi o primeiro a introduzir na pediatria o
estudo do desenvolvimento da criança e da teoria psicanalítica.
24

2.5 - MELANIE KLEIN

Melanie Klein (1882 – 1960) psicoterapeuta austríaca, que trabalhava com


a criança através da técnica do brinquedo, explorando o seu inconsciente. Em
geral é classificada como uma psicoterapeuta pós-freudiana.

Em 1916, em Budapeste, teve o primeiro contato com a obra de Freud e


iniciou o atendimento de crianças. Ela implementou a técnica de brincar, inspirada
nas observações de Freud sobre o brincar da criança com carretel. Klein percebeu
que isso representava simbolicamente as ansiedades e fantasias infantis. Assim,
tratou seus pequenos pacientes na sala de recreio, e foi lá que descobriu o
caminho para o inconsciente da criança.

Melaine Klein começou a trabalhar com a psicanálise infantil na década de


20, lançando um novo estudo sobre o desenvolvimento. Austríaca, mas ficou
famosa como psicanalista britânica, Klein exerceu sua profissão em Londres e até
hoje seus trabalhos permanecem atuais e fundamentais nos diagnósticos e
tratamentos tanto para crianças quanto para adultos.

A partir de 1923, passou a dedicar-se integralmente à Psicanálise. Em


1924, no VIII Congresso Internacional de Psicanálise, Klein apresentou o trabalho:
A técnica da análise de crianças pequenas. (Klein, 1997)

2.6 - WALLON

Henri Wallon (1879 / 1962) nasceu e morreu na França. Antes de estudar


psicologia, formou-se em filosofia e medicina, numa trajetória que trouxe marcas
para a formulação de sua teoria. E ao longo de sua careira foi cada vez mais foi
se aproximando da educação.
25

Wallon, nos deixou um novo entendimento da afetividade, da inteligência e,


sobretudo, uma maneira original de pensar a psicologia infantil e reformular os
seus problemas.

Ele afirma que não é possível estudar um único aspecto do ser humano e
sim, estudar o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se
distribui a atividade infantil. (afetivo, motor e cognitivo).

Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a


explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia,
antropologia, psicologia).

Em 1925, Wallon publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”.


Com este trabalho inicia um período do qual serão publicados os seus livros mais
importantes, todos voltados para área da psicologia infantil. O último deles,
“Origens do Pensamento na Criança”, datado de 1945.

O instrumento que Wallon elege é a observação, permitindo assim o acesso


à criança em seus contextos, dando condições para que se compreenda o
significado de cada uma de suas manifestações.

Para ele, no estudo do desenvolvimento infantil, temos que tomar a própria


criança como ponto de partida e assim conseguiremos compreender suas ações
sem a nossa terrível lógica de adultos. Conforme a idade, a criança irá agir mais
com um ou com outro aspecto do seu desenvolvimento.

Segundo Wallon, o desenvolvimento infantil é um processo de muitos


conflitos, que são resultados dos encontros e desencontros entre suas atitudes e o
ambiente em que vive e que é estruturado pela cultura.
26

Então, para Wallon, o desenvolvimento da criança é adquirido através da


alternância das fases afetiva e cognitiva. E que cada fase tem sua característica
própria. Em minha opinião, a criança que tiver uma base afetiva concreta terá mais
recursos para se desenvolver de maneira plena.

Wallon destaca em sua teoria os estágios de desenvolvimento do ser


humano em fases com predominância afetiva e cognitiva, são elas:
impulsivo-emocional: Ocorre no primeiro ano de vida. Neste estágio a
emoção é predominante orientando as primeiras reações do bebê às pessoas e ao
mundo;

- Aí a importância do contato físico através do toque.

sensório-motor e projetivo: Vai até os três anos. A aquisição da marcha e


da preensão dá à criança maior autonomia para interagir com o mundo. Também,
nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem;
- É importante salientarmos que se acriança continua recebendo atenção e
carinho este estágio irá ter sucesso com as relações cognitivas com o meio.

Personalismo: Vai dos três aos seis anos. Nesse estágio, o principal é o
processo de formação da personalidade com o retorno da predominância das
relações sociais -afetivas.;
- Ainda o afeto como parte importante no desenvolvimento.

Categorial: A partir do seis anos. Grandes progressos intelectuais e esta


fase o interesse da criança é direcionado para o conhecimento e conquista do
mundo exterior, predominando assim o aspecto cognitivo;
- Não podemos esquecer que este aspecto cognitivo só é atingido tendo como a
base o afetivo.
27

Predominância funcional (adolescência): Ocorre nova definição dos


contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais
resultantes da ação hormonal. Este processo traz à tona questões pessoais,
morais e existenciais retomando assim a predominância da afetividade.

Então como vimos, para Wallon, há uma alternância no domínio cognitivo e


afetivo que denominamos do princípio da alternância funcional. Cada uma, quando
reaparece predominante num dado momento, sempre incorporará as conquistas
adquiridas pela outra, num permanente processo de integração e diferenciação.

No primeiro momento, necessitamos do contato físico que se expressa em


gestos e posturas. Porém, no segundo a afetividade é diferente, pois é somada
aos recursos intelectuais, principalmente a linguagem. Depois, integrando os
processos cognitivos seguintes, a afetividade torna-se cada vez mais
racionalizada e então, os jovens teorizam sobre suas relações afetivas.

Então, Wallon, considera a infância como uma idade única e fecunda, cujo
atendimento é tarefa da educação. A preocupação pedagógica é presença forte na
psicologia walloriana. Para ele, o estudo da criança é uma maneira de contribuir
para a educação e que a dominância do caráter afetivo irá corresponder às etapas
da construção do EU e não um simples instrumento para a compreensão do
psiquismo humano.

Wallon (1968) afirma que as emoções são a exteriorização da afetividade e


que assim, se torna possível o desenvolvimento de todos os meios de expressão
que cada vez se tornam mais complexos, fazendo parte do desenvolvimento
social/afetivo do ser humano.

Para Wallon (1968), a emoção permite à criança nascer para a vida


psíquica, pois a aproxima do outro e introduz desdobramentos que vão originar às
estruturas da consciência e afirmo que através do toque isto será mais fácil.
28

Wallon em sua obra, enfatiza a importância que os relacionamentos


saudáveis têm na construção da personalidade do indivíduo. Esta construção
passa pela emoção/afeto através, além de outros, pelo toque.

Para Wallon, a afetividade, além de ser uma das dimensões da pessoa, é


uma das fases mais antigas do desenvolvimento, pois o homem logo que deixou
de ser puramente orgânico passou a ser afetivo e, da afetividade, lentamente
passou para a vida racional. Nesse sentido, a afetividade e inteligência se
misturam, havendo o predomínio da primeira e, mesmo havendo logo uma
diferenciação entre as duas haverá uma permanente reciprocidade entre elas.

“(...) a afetividade depende, para evoluir, de conquistas


realizadas no plano da inteligência, e vice-versa”.
(Dantas, 1992, p.90).

2.7 – REICH

Wilhelm Reich vinha de uma família de judeus não-praticantes. Foi educado


em casa até os 13 anos, quando a mãe suicidou-se. Três anos depois, perdeu o
pai. Formou-se como médico na Universidade de Viena e em 1920 foi aceito pela
Sociedade Psicanalítica de Viena, sob o comando de Sigmund Freud.
Entre 1922 e 1924, estudou neuropsiquiatria no Hospital Universitário de Viena e
no mesmo ano casou com sua assistente, Annie Pink (tiveram duas filhas).

Nos anos 1930, afirmou ter descoberto o "orgônio", a substância vital


presente na energia sexual. Em 1932, separou-se de Annie e passou a viver com
a bailarina Elsa Lindeber. Fugindo do nazismo e da perseguição aos judeus, foi
morar e trabalhar na Escandinávia.
29

Em Nova York, em 1941, o FBI o prendeu por atividades subversivas.


Entre aquele ano e 1957, Reich foi perseguido pela FDA (a agência do governo
americano que regula gêneros alimentícios e medicamentosos), sendo acusado
de fraude. Em 1957, foi condenado a dois anos de prisão e todas as suas obras
foram proibidas. Em dezembro do mesmo ano, um ataque cardíaco o matou na
prisão.

Em sua obra, observando no microscópio o movimento do organismo


unicelular observou como uma ameba reagia. Willian Reich tinha descoberto uma
regra que, segundo ele, regularia o processo vital de pulsação interna deste
organismo unicelular e na relação entre eles.

Reich chamou este organismo unicelular de "bio-sistema". "Bio-sistema"


consiste num núcleo energético pulsante no centro, o sangue, e uma membrana
que ele contém.

A energia pulsa no interior da membrana e um campo energético se


estende em torno desta. Se o ambiente é estimulante, a membrana se expande
com um movimento fluído. fazendo essa energia fluir em torno da periferia e o
campo de energia se alarga, alastra. Se ao invés da estimulação por parte do
ambiente é hostil, a ameba se contrai, isto faz sua energia fluir da periferia para o
centro e assim faz também com que o campo de energia se retraia. Se a
estimulação do ambiente continua e é negativa, a pulsação cessa e a ameba
morre.

Para Reich, metaforicamente é como se no caso de um ambiente


estimulante, a ameba dissesse "sim" com o movimento de expansão contra o
externo, enquanto ao invés com aquela contração dissesse "não".

A ameba procura um encontro agradável com outra ameba mediante um


movimento ondulatório e faz "contato" com eles através de uma "Ponte de
30

Energia". O processo de "contato" começa quando dois campos de energia de


dois bio-sistemas pulsantes se atraem, se tocam, se sobrepõe e se fundem,
emanando luz e vibrando juntos.

Reich deduziu que o movimento da "bioenergia" no plasma da ameba é


funcionalmente idêntico ao movimento do sangue de todos os seres vivos e que a
emoção (Expansão = Sim ; Contração = Não) é um real movimento energético-
expressivo do sangue. Ele chama este movimento "linguagem expressiva do ser
vivo". Reich, defende que esse processo é funcionalmente idêntico no "Contato"
entre o recém-nascido e a mãe. A função de mãe (ou cuidadora) é de procurar dar
prazer ao recém-nascido de modo que possa entrar em "contato" com ela, para
poder desenvolver em seu nascimento seu potencial de crescimento. Para Reich o
prazer torna-se o processo especificamente produtivo do sistema biológico.

Reich chama este processo de "Biossocial"; "Bio" porque é uma


comunicação emotiva e "social" porque se desenvolve entre dois seres humanos.
Segundo ele a comunicação bio-social é a base de qualquer comunicação.

A pesquisa nos anos 50 vem hoje confirmar as pesquisas sobre o


relacionamento entre o recém-nascido e sua mãe. O recém-nascido, pela
estimulação de suas próprias funções vitais, tem necessidade de radicar-se no
campo de energia de sua mãe. A sua vida depende disto. Se sua mãe não escutar
suas mensagens, o recém-nascido chora chamando a atenção.

Quando está enraizado no "contato" com sua mãe, podemos observar o


calor emanado pelo seu corpo, a sua cor rosada da pele, o brilho de seus olhos e
os movimentos expressivos provocando a atenção de sua mãe.

Eva Reich fala de "Glow and Flow" (Afeto e Fluxo). É quando podemos
observar o estado de saúde e bem-estar do bebê "em contato" com sua mãe; é a
expressão da pulsação sangüínea - energética, através do qual a mãe e seu filho
31

recém-nascido dialogam. Dá prazer em ver esta relação durante o "contato-


bioenergético" e é deste contato que dependerá o desenvolvimento futuro da
criança.

"Os bebês aprendem mais nos três primeiros anos do


que em quaisquer outros três anos de sua vida. Se nós
adultos aprendêssemos tanto em tão pouco tempo
seríamos todos gênios" (Andrew Metzolf- psicólogo
americano professor de Washington - Revista: VEJA 17
de maio de 2000)

Eva Reich explica também como o "vínculo" é uma função de "contato" com
o qual podemos trabalhar bio-energéticamente e ensinar como se faz com o
método da "Gentle Bioenergetics". Método que se ensina através da massagem
energética como prevenir no início da vida, o distúrbio na informação mãe-bebê, e
conseqüentemente criando um vínculo afetivo forte ajudando ao bebê na sua
formação afetiva e cognitiva.

O "contato" é um processo rítmico, energético, de tensões–carinhosas e de


descarga–retenção. Durante a massagem bioenergética, a pele da criança fica
sedenta pelo contato com o corpo da mãe. No contato com as mãos da mãe a
pele de ambos se carrega de energia, tornando-a rosa e a sensação de bem estar
invade todos os dois.

A criança estimula sua mãe a responder a sua mensagem e espera que


assim seja escutado. Com um senso materno refinado que é comum a todas as
mulheres, a mãe sente dentro de si a reposta certa. Este "contato" rítmico–
energético é "Grounding and Grace". O grounding é a conexão energética com a
mãe, é a condição com a qual a criança poderá interagir no mundo. Graça é o
amor e a cura com a qual a mãe se dedica, do seu ser mais profundo à satisfação
da criança.
32

Este fenômeno do "contato", que segundo Reich é "a linguagem expressiva


do ser vivente". Vem descrito em termos científicos bioenergéticamente como
superposição dos campos de energia de dois bio-sistemas vibrantes.

Hoje, recentes pesquisas sobre recém-nascidos, mostram como o


fenômeno do "contato", mãe/recém-nascido é importante na construção do Eu.
33

CAPÍTULO III

O TOQUE

3.1 - FALANDO SOBRE O TOQUE

Na pequena obra de Kathleen Keating (1993), “A Terapia do Abraço”,


vamos encontrar logo no primeiro parágrafo:

“O toque físico não é apenas agradável. Ele é


necessário. A pesquisa científica respalda a teoria de
que a estimulação pelo toque é absolutamente
necessária para o nosso bem-estar tanto físico quanto
emocional”. (Keating,1993, p.4)

Segundo a autora, em muitas clínicas, faz parte do treinamento da equipe


de enfermagem o toque terapêutico, como coadjuvante na cura de pacientes, pois
o toque físico ajuda a aliviar a dor, a depressão e a ansiedade, ajuda na
recuperação de bebês prematuros os quais foram privados do toque materno por
estarem nas incubadoras.

Existem vários tipos de toques físicos e cada um deles provoca mudanças


fisiológicas internas, cujos efeitos externos observamos em todos nós. Por
exemplo, o toque agressivo, desde um simples empurrão até um soco no rosto,
sabemos que, as supra-renais liberam uma dose maior de adrenalina que, ao se
espalhar pelo corpo, nos coloca em posição de ataque ou fuga. O coração
acelera, a respiração fica intensa, há contração muscular, assim como várias
outras reações orgânicas decorrentes de um toque agressivo.
34

Do mesmo modo que toques terapêuticos ou agressivos desencadeiam


reações orgânicas distintas a cada um deles, da mesma forma o toque afetivo
também provoca mudanças internas fisiológicas.

Keating (1993), afirma que o abraço é uma forma especial de tocar, porque
quando abraçamos alguém nos sentimos bem e também acaba com a solidão e o
isolamento social; faz a pessoa se sentir aceita pelo outro; melhora a auto-estima
e o equilíbrio emocional; alivia a tensão; estimula a doação de si mesmo; faz
superar o medo e a timidez; diminui a ansiedade e tantos outros benefícios.

A autora ainda comenta “brincando” que, além de todos estes benefícios,


abraçar não requer nenhum equipamento especial; não exige lugar específico,
pois, podemos abraçar em qualquer lugar, seja em casa, na rua, na escola, na rua
e o melhor de tudo - é totalmente de graça.

Conforme estudos já bem conhecidos na área médica, podemos afirmar


que os toques afetivos nas demonstrações cotidianas de afeição e amizade seja o
abraço, a mão no rosto ou nos cabelos, o beijo no rosto, até mesmo o simples ato
de pegar nas mãos carinhosamente, liberam endorfinas no nosso corpo. O toque
físico afetivo estimula a produção dessas endorfinas, principalmente a dopamina,
que causa bem-estar geral e sentimentos de felicidade.

Conforme Ashley Montagu (1988) no século dezenove, muitos bebês


morriam durante o primeiro ano de vida, geralmente de marasmum, (do grego:
definhar). Na década de vinte nos Estados Unidos a taxa de mortalidade para
bebês com menos de um ano em diversos orfanatos era muito próxima a cem por
cento. Ele afirma: "Nenhum ser humano nunca nasceu com impulsos agressivos
ou hostis e nenhum se tornou agressivo ou hostil sem aprendê-lo." (Montagu,
1988, p.109).
35

Ainda segundo Montagu (1988) ele afirma que a pele é o mais extenso
órgão do sentido do nosso corpo e que a estimulação tátil é a mais importante
para a sobrevivência do ser humano. E diz também que o homem é capaz de
sobreviver com deficiência auditiva, de olfato, de visão, mas não sobreviveria com
a perda tátil.

Em 1915 o Dr. Henry Dwight Chapin, um pediatra americano conhecido de


Nova Iorque, relatou informações assustadoras sobre bebês que com menos de
dois anos de idade morriam. Então, introduziu o sistema de externato para os
bebês do orfanato para que não definhassem sem carinho e toques nas
instituições.

Foi contudo, o Dr. Fritz Talbot, de Boston, que trouxe a idéia do "Cuidado
Terno, Amoroso", (TLC - tender loving care), em 1941 após a segunda guerra
mundial, pois ficou muito impressionado quando observou na clínica de crianças
em Dusseldorf que as criança que não respondiam aos tratamentos médicos; elas
eram entregues aos cuidados de uma enfermeira, que cuidava com carinho e os
mantinha próximo ao seu corpo, e que na maioria dos casos os bebês se
recuperavam.

Foi publicado no New York Times em 1988 uma reportagem sobre a


importância do contato físico no desenvolvimento infantil; nele se mencionava o
“estancamento psicológico e físico de crianças privadas de contato físico, ainda
que bem alimentadas e cuidadas”, o que foi confirmado por um pesquisador que
trabalhava com primatas e por outro que trabalhou com órfãos da Segunda Guerra
Mundial.
“Os bebês prematuros que foram massageados
durante quinze minutos três vezes ao dia,
aumentaram de peso quarenta e sete por cento
mais rápido do que outros que se mantiveram
isolados em suas incubadoras. Os bebês
36

massageados também mostraram sinais de que


seu sistema nervoso estava amadurecendo mais
rápido: eram mais ativos e respondiam mais a
rostos e sons. Em média, as crianças
massageadas saíram do hospital seis dias antes
dos outros, não massageados.” (Tradução de
Ralph Viana e publicado no jornal Nexus, nº 10
edição de abril de 2000)

Oito meses depois, os bebês massageados obtiveram melhores resultados


nos testes de capacidade cognitiva e motora do que os que ficaram nas
incubadoras.

Tiffany Field, PhD é diretora do renomado Instituto de Pesquisa do Toque


(Touch Research Institute) na University of Miami School of Medicine. Este
instituto é o centro científico principal da pesquisa e do tratamento do mundo para
testar os efeitos do toque e da massagem nas crianças e nos adultos.

Outro importante neurologista, Dr. Saul Shanberg, que fez experiências


com ratos na Duke University School of Medicine descobriu que os cuidados que a
mãe tem com suas crias, quando as lambe e penteia, produz nelas verdadeiras
modificações químicas e quando a cria é separada da mãe, diminuem os
hormônios de crescimento. Observou se que o crescimento só recomeçou quando
a cria foi devolvida à mãe. Observamos então, que o objetivo da lambida não é só
de limpeza mas, é uma questão de sobrevivência do filhote.

Shanberg iniciou seus testes com ratos como resultado de seu trabalho em
pediatria, ele se interessou pelo estudo de crianças que viviam em lugares
emocionalmente destrutivos e que deixavam de crescer. Shanberg descobriu que
nem com as injeções de hormônios de crescimento os corpos dessas crianças
voltavam a crescer. E pode observar que quando recebiam carinho das
37

enfermeiras no hospital, seus crescimentos voltavam ao normal. O mais


interessante é que o processo é totalmente reversível.

Field junto com Shanberg são os investigadores pioneiros que mostraram


originalmente que o toque e o carinho nos recém nascidos prematuros acelera o
seu crescimento e a menor permanência em hospitais.

A pesquisa de Field foi também estendida para outras doenças infantis. E a


Europa Ocidental vem incluindo a massagem nos tratamentos de crianças com
distúrbios de conduta e o efeito tem sido positivo.

A pesquisa está se estendendo com excelentes resultados também para o


tratamento de vítimas da AIDS. Field executou uma experiência muito
interessante de vinte massagens em grandes executivos. E esta experiência
torna-se interessante pois se pode observar que, após receber massagens, estes
indivíduos foram aptos a realizar duas vezes mais problemas matemáticos com
aproximadamente metade dos erros cometidos com relação às tentativas
anteriores.

Se eliminarmos o contato materno (que seja somente por quarenta e cinco


minutos no caso das ratas) o bebê diminui sua necessidade de comida para
manter-se com vida até que volte sua mãe. Este metabolismo mais lento resulta
numa parada do crescimento. O contato assegura o bebê que ele está a salvo e
oferece ao organismo liberdade e segurança para desenvolver-se normalmente.

Em muitas experiências se comprovou que os bebês que viviam em


ambientes de muito afeto e carinho se tornavam mais alertas e desenvolviam,
anos depois, maiores aptidões cognitivas.
38

Todos os animais respondem ao tato e às carícias, a vida não poderia ter


se desenvolvido sem o tato, isto é, sem os contatos físicos, pois todas as relações
se formam a partir daí.

Na ausência de contato, as pessoas de qualquer idade podem adoecer.

Nos fetos, o tato é o primeiro sentido que se desenvolve, e no recém-


nascido é automático antes mesmo que os olhos se abram. Pouco depois de
nascer, instintivamente começamos a tocar. As células do tato dos lábios nos
possibilitam mamar, e os mecanismos de fechamento das mãos começam a
buscar calor.

Entre outras coisas, o tato nos ensina a diferença entre eu e o outro, nos diz
que pode haver algo fora de nós, como a mãe. O primeiro conforto emocional é
tocar nossa mãe e ser tocado por ela; e segue na memória como um exemplo
definitivo de amor desinteressado, que nos acompanha por toda a vida.

Antigamente, não podíamos sequer tocar nos recém nascidos, ficavam


isolados em um quarto escuro e silencioso. Mas agora as provas sobre os
benefícios do tato são tantas que muitos hospitais incentivam o contato. O tato
parece ser tão essencial quanto à luz do Sol.

3.2 - O TOQUE / O TATO

As últimas pesquisas confirmam a importância do contato com a pele para


sobrevivência do ser e as graves conseqüências quando não existe este contato.

A pele é parte de um sentido muito amplo do corpo e muito importante para


a sobrevivência do homem. No início, os bebês percebem e conhecem o mundo
através da pele: o modo com o qual virão a serem tocados, segurados nos braços,
embalados, isto tudo, é o início de sua experiência tátil.
39

Todo o mundo das sensações se origina da pele elaborado pela mente. As


sensações transformam-se em percepção, emoções e sentimentos.

A pele protege, limita e permite o contato com o outro, recebe inúmeros


estímulos e respostas. Então podemos dizer que, no nascimento a pele é o órgão
que filtra o mundo externo, por este motivo a pele tem uma importância
fundamental no desenvolvimento da criança.

Mas, existe ainda uma outra característica importante da pele, que é a sua
própria origem e formação durante nosso desenvolvimento ainda no útero
materno. As células que lhe dão origem provêm da mesma camada embrionária
da qual se forma nosso sistema nervoso central, ou seja, a ectoderme.

A descrição deste fato levou o pesquisador Montagu a escrever esta


curiosa observação:

"Portanto, o sistema nervoso é uma parte


escondida da pele, ou ao contrário, a pele pode
ser considerada como a porção exposta do
sistema nervoso". (Montagu, 1988, p.23)

As implicações deste fato podem ser observadas na própria estrutura da


nossa pele. Para ilustrar este comentário vamos apresentar a seguir algumas
descrições feitas pelo mesmo autor Montagu sobre a constituição da estrutura da
nossa pele.

Vejamos como essa estrutura é altamente complexa e potencialmente


"sensível" aos estímulos táteis:
40

Algumas Características da Estrutura da Pele:

a. O sentido do tato é o primeiro a ser desenvolvido no feto, podendo ser


observado ainda no período embrionário, a partir da 6ª. semana de vida intra-
uterina.
b. Média de Corpúsculos de Meissmer presentes na epiderme por milímetro
quadrado:
- Cerca de 80 em crianças
- Cerca de 20 em adultos
- Cerca de 4 em idosos
c. Média de receptores nervosos presentes a cada 100mm2. de pele: Cerca de
640.000.
d. Pontos táteis por cm2 de pele: Cerca de 7 a 135.
e. Número de fibras nervosas oriundas da pele que entram na medula espinal,
conduzindo estímulos aferentes: Superior a meio milhão
f. Outras estruturas presentes em um pedaço de pele com 3 cm de diâmetro:
- 3 milhões de células.
- Entre 100 e 340 glândulas sudoríparas.
- 50 terminações nervosas.
- 90 cm de vasos sanguíneos.

Podemos encontrar em vários autores o reconhecimento da importância do


contato físico no desenvolvimento da criança atingindo assim um equilíbrio na fase
adulta. O que se torna interessante é que Jung já dizia, em 1935, que desde a
época de nossos ancestrais a "consciência" humana era formada a partir do
contato físico da nossa pele com o mundo exterior.

A psicologia infantil coloca o desenvolvimento da mente e do pensamento já


no primeiro ano de vida, e a pele é o órgão principal para que este
desenvolvimento aconteça.
41

O toque pode ser uma simples sensação tátil? Para respondermos esta
pergunta necessitamos diferenciar o toque de Toque em primeiro lugar. O toque,
com letra minúscula está ligado ao simples fato de encostar uma parte do corpo
em qualquer outra parte do próprio corpo ou do corpo do outro ou até mesmo de
algum objeto. Esse ato pertence ao homem, apesar desta ação ser muito comum,
não existe o hábito de se falar sobre o toque. Para muitos, tocar o outro é um
processo de intimidade, ou até mesmo de sexualidade.

Mas, o Toque, com letra maiúscula, é o ato de ternura. Infelizmente, muitos


pais e educadores pensam que se aprofundarem seu contato a partir do toque
possam vir a serem interpretados de maneira errada, caminhando para o assédio
sexual. Assim, com este medo tocam seu filho ou aluno de uma forma rápida com
pouco envolvimento e compromisso. Este Toque com ternura, não significa
melosidade.

Entretanto, as pessoas não sabem que é por meio do contato corporal que
o ser humano sobrevive enquanto espécie. A criança que não é cuidada
corporalmente está condenada em muitos casos à infelicidade e até mesmo a não
sobrevivência. Quando esta criança cresce deixa somente aparecer o toque
necessário na sua vida social (aperto de mãos soltas, abraços com tapinhas, beijo
sem encostar no rosto do outro e outras atitudes). A sociedade não permite uma
carícia, sem culpa ou que não esteja implicado um jogo sexual.

O tato é o sentido mais antigo e o mais urgente. Quando tocamos algo


colocamos em ação nossa rede de receptores táteis, tendo várias sensações. Os
receptores táteis podem ficar em branco simplesmente pela tristeza. O tato nos
possibilita que nossa memória registre nossa própria forma.

O Toque é um comportamento que pode trazer benefícios para o


desenvolvimento da criança, desde a vida intra-uterina. Porém, dependendo do
toque poderá proporcionar reações positivas ou negativas.
42

O contato físico positivo dos pais faz com que as crianças se sintam
seguras em sua vida. A qualidade deste toque ajudará positivamente à criança a
formar uma personalidade terna e amorosa. O segurar, cuidar, amamentar, irá
contribuir substancialmente para a construção do Eu.

A criança que se desenvolve em um ambiente com carinho e atenção,


torna-se um adulto capaz de lidar com as próprias emoções e se sintam seguras
em sua vida.

Algumas crianças que não recebem o carinho por meio do toque podem se
tornar pessoas tão independentes que em alguns casos se isolam completamente,
mesmo quando estão passando por dificuldades.

Alguns pesquisadores ao estudarem o desenvolvimento infantil,


expressam uma idéia semelhante, ao afirmar que no recém nascido a "noção de
eu" forma-se gradativamente, a partir do contato que se estabelece entre a criança
e sua mãe.

3.3 - A IMPORTÂNCIA DO TOQUE PARA A CRIANÇA

O oriente descobriu há milênios que o toque é essencial para o


desenvolvimento integral do ser humano. Pouco a pouco, nossa civilização vai
descobrindo que carícias fazem bem ao corpo e a alma e que quanto mais cedo
iniciamos com toques melhor.

O toque é de grande importância para o desenvolvimento do bebê. Hoje em


dia sabemos que é através do toque que recebe da mãe (durante o banho, nas
trocas das fraldas, no embalar do sono) que o bebê irá formar sua imagem
corporal, reconhecendo-se como amado ou não.
43

O toque é importante desde a gestação. É sabido, que já no início do


segundo mês de vida, o bebê recebe todas as informações emocionais (tristeza,
medo, ansiedade) transmitidas pela mãe. É muito importante conversar
calmamente com o bebê e fazer muito carinho na barriga. Pois, serão transmitidas
sensações agradáveis e registradas no seu inconsciente.

Pesquisas apontam que, as crianças que recebem toque carinhoso têm o


seu desenvolvimento mais pleno que os outros bebês privados desse contato
afetuoso. O toque, propriamente dito, deve ser suave e agradável significando
assim carinho e amor.

Sabemos que, existem em certas culturas formas especiais de se


massagear os bebês. Entre muitas conhecidas, há um tipo de massagem
realizada com óleos que lubrificam o corpo do bebê, que é massageado
lentamente pela mãe em seu colo, sentindo o calor materno e toda a sua entrega
nesse momento de carinho.

O toque ou a massagem deve ser um momento ímpar na comunicação e


expressão entre mãe e filho. Durante todo esse carinho é importante olhar,
conversar e cantar para o bebê.

A massagem pode aliviar alguns sintomas que o bebê possa vir a


apresentar. É muito interessante notar sua reação, ele rapidamente se tranqüiliza
e relaxa quando a massagem é realizada com carinho.

O toque é prazeroso não só para a criança como também para os pais que
se tornam mais seguros, afetuosos e felizes. Todos temos o desejo de amar e ser
amados.

Deve ser evitada qualquer interrupção abrupta nos carinhos dispensados ao


bebê e se recomenda aos pais que manifestem seu afeto um pelo outro e pelos
44

filhos de modo mais expansivo do que até agora. As sensações táteis tornam-se
percepções táteis segundo os significados dos quais foram investidas pela
experiência. Experiências táteis inadequadas resultarão numa conseqüente
incapacidade de criar relacionamentos fundamentais com outras pessoas.

Quando o afeto e o envolvimento são transmitidos pelo tato, são com estes
significados, além de segurança através de satisfações, que o tato passar a estar
associado.

“Este é, portanto, o significado humano de tocar.” (Montagu,1988, p.379.)

3.4 - MÃE CANGURU

O Toque se torna tão importante para o desenvolvimento da criança que


em 1978 foi criado pelo dr. Edgar Rey Sanabria, no Instituto Materno-Infantil (IMI)
de Bogotá, na Colômbia, o Método Mãe - Canguru (MMC) (ANEXO 3) que
consiste em colocar o bebê entre os seios maternos, em contato pele a pele, na
posição supina (postura preventiva para refluxo gastroesofágico e aspiração
pulmonar).

Nesta posição, mantendo-se aquecidos com o calor do corpo de sua mãe,


os bebês poderiam sair mais cedo da incubadora e, conseqüentemente, ir mais
cedo para casa, minimizando o grave problema que se encontrava na época nas
maternidades colombianas que era a superlotação e infecção.

Além dessas vantagens, observou-se, desde o início, que o contato pele a


pele precoce e duradouro entre a mãe e seu bebê também favorecia a formação
de vínculos afetivos e um melhor desenvolvimento do bebê, o que despertou
interesse do Unicef por pesquisas e observações desta nova prática.
45

O trabalho inicial teve continuidade com o dr. Hector Martinez Gómez e,


posteriormente, com o dr. Luis Navarrete Pérez, médicos pediatras da mesma
instituição colombiana.

A partir dessa experiência, os estudos posteriores apontam que a presença


contínua da mãe junto do bebê, além de garantir calor e leite materno, trazia
inúmeras outras vantagens dentre as quais a promoção do vínculo mãe-bebê,
condição indispensável para a qualidade de vida e sobrevivência do recém-
nascido após a alta da Unidade Neonatal.

Ao longo das três últimas décadas o Método Canguru vem despertando


grande interesse dentre os profissionais envolvidos na assistência neonatal em
todo o mundo

3.5 - TOQUE / CARINHO / ABRAÇO

Receber um abraço é tão vital para a criança quanto ter o que comer e
beber. O que até agora era puramente instintivo, a ciência através de pesquisas
conseguiu dar mais uma colaboração para provar que há uma razão biológica
para justificar os benefícios do Toque/amor.

Uma pesquisa realizada pela neurobiologista Mary Carlson, da Harvard


Medical School, revelou que a falta de afeto - e contato físico - atrapalha o
crescimento infantil.

A ausência de um afetuoso abraço, por exemplo, é capaz de desequilibrar


os níveis de cortisol, hormônio que, entre outras funções, interfere na liberação do
HGH, o hormônio de crescimento.
46

O trabalho foi feito a partir de experiências em cobaias e seres humanos.


Ratos afastados do convívio materno mostraram desequilíbrio na secreção de
cortisol com degeneração cerebral e perda de memória. Da mesma forma, 60
crianças romenas de até três anos que viviam em orfanatos e creches, onde
recebiam comida, agasalho e abrigo, mas não tinham toque e carinho, também
apresentaram alterações nos níveis de cortisol.

As medições foram feitas a partir de amostras de saliva das crianças. De


manhã, os níveis do hormônio estavam mais baixos do que em crianças normais.
As taxas atingiram o pico ao meio-dia na maioria das crianças, quando,
normalmente, devem chegar ao nível máximo antes do acordar. À tarde, essa
secreção ficava alta, quando deveria abaixar. Ou seja, a falta de abraço provoca
um descontrole na produção do cortisol. Esse desequilíbrio, além de interferir na
liberação do hormônio de crescimento, também tem outras conseqüências
bastante sérias.

"Essa liberação excessiva pode levar à morte de neurônios,


limitando até a capacidade intelectual", explica o
neurofisiologista Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, da
Universidade Federal de São Paulo.(Revista IstoÉ - 15/07/98)

Embora possa ser difícil entendermos como um simples abraço, ou mesmo


um toque de carinho, podem mexer com um sistema tão complexo quanto o
hormonal, até mesmo a ciência está tentando entender e acabar com o mistério.

O abraço é interpretado no cérebro como uma emoção positiva, que


desencadeia uma enorme descarga hormonal que resultando no aumento da
produção do hormônio de crescimento. Uma linha da psicanálise, diz que, essa
corrente começa antes, na pele, o órgão que serve de porta de entrada para
várias sensações do organismo.
47

Segundo a psicóloga paulista Rosa Maria Farah, (1998):

“A pele é uma rede infinita de terminações


nervosas conectadas diretamente ao sistema
nervoso central, do qual o cérebro faz parte e é o
grande responsável pela coordenação de tudo o
que acontece dentro do corpo. Todo estímulo tátil,
portanto, repercute no cérebro". (A origem da
Calatonia - Revista IstoÉ - 15/07/98) (Anexo 4)

Na verdade, já se tinha uma idéia de quanto o Toque e a demonstração de


amor são importantes para o crescimento das crianças. Nos Estados Unidos,
existe a descrição da Síndrome de Hiposecreção do HGH por carência afetiva.

"O problema foi verificado em crianças que,


geneticamente, apresentavam todas as
condições para crescer normalmente. Tinham
pais altos, faziam esporte, mas não cresciam o
esperado porque suas taxas de HGH eram
muito baixas" (Dr. Alaor Zaroni, Revista IstoÉ -
15/07/98)

A razão é que elas viviam em orfanatos, sem carinho, sem colo, sem
atenção. Transportadas para um outro ambiente mais acolhedor e familiar, quando
iam passar um mês em casas de família, elas passavam a crescer melhor e
registravam um aumento dos níveis de HGH. Amor, como se vê, não faz bem
somente para um desenvolvimento emocional mais tranqüilo. Serve, também,
como um poderoso combustível do crescimento físico.
48

3.6 - A MASSAGEM NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A comunicação visual e oral é predominante na nossa sociedade. E os pais


com a ânsia de ouvir a primeiras palavras de seus filhos, dedicam menor atenção
à comunicação tátil, isto é, ao contato físico. E sabemos que o toque pode
enriquecer muito a relação afetiva entre um pai ou uma mãe e seu filho. O toque
carinhoso cria um vínculo único, que faz com o bebê se sinta amado e protegido e
este tipo de contato desenvolve a auto-estima da criança.

3.6.1 - MASSAGEM

Às vezes, para os pais é difícil entender que a massagem é uma


oportunidade de conhecer melhor seu filho e que também fará com que entenda
melhor a “linguagem” de seu bebê.

Um benefício muito importante que a massagem proporciona para o


desenvolvimento do bebê, diz respeito à saúde. Pois, melhora a circulação
sanguínea, tonifica os músculos, alonga as articulações, reforça as defesas
imunológicas ativando o sistema linfático e diminui os hormônios do estresse.

O "Touch Research Instituite", nos Estados Unidos, já conduziu em torno


de 78 estudos sobre os efeitos positivos da terapia da massagem e dentre as
descobertas significativas estão a melhora no crescimento (no caso de crianças),
redução de dores (como a fibromialgia), redução nos problemas com a auto-
imunidade (aumento das funções pulmonares na asma e diminuição dos níveis de
glicose em diabéticos), melhoria da função imunológica e melhoria da performance
e agilidade. Muitos destes efeitos se mostraram devido ao relaxamento e a
diminuição dos hormônios do estresse.

E em relação ao bebê, ajuda na respiração, facilita a digestão e alivia


determinadas dores e assim, fica mais tranqüilo e consegue dormir mais
facilmente.
49

É importante que a massagem seja um prazer para a criança de forma


relaxante ou uma brincadeira. Por isso, é muito importante observar as reações da
criança pois, a massagem só deve ser feita quando o bebê desejar. A mãe ou pai
percebe com as atitudes de seu filho o quanto ele está gostando de ser
massageado, pois ele ri, brinca, seu rosto e seu corpo ficam relaxados e
totalmente prontos para receber o carinho.

Dra. Field (2000) do Touch Research Instituite observou que os pais que
fizeram massagem durante um mês em seus bebês diariamente por 15 minutos
antes de colocá-los na cama mostraram melhor interação no comportamento de
suas crianças, quando comparados com outro grupo que não tinha esta prática,.

E também concluiu em suas pesquisas, que as crianças na pré-escola com


problemas de comportamento se mostraram mais envolvidas com as atividades
escolares quando começaram a receber massagem apresentando menos
brincadeiras solitárias e menos agressivas.

Vivenciando a prática como educadora, durante o acompanhamento de


grávidas e no crescimento/desenvolvimento de seus bebês, observei que as
crianças em muitos casos eram cuidadas por diferentes membros da família,
principalmente tias, avós e babás. Isso se dá porque o cuidado com os filhos
pequenos é dividido entre as mães e outras pessoas, pois como muitas dessas
mães trabalham ou estudam, precisam da parceria familiar para cuidar de seus
filhos.

Independentemente de qual membro da família desempenhe o papel de


cuidador, as dúvidas e queixas quanto ao cuidado com as crianças menores eram
mais intensas e sempre praticamente as mesmas: sono intranqüilo, choro
constante e alimentação.
50

Diante desse fato, buscamos identificar estratégias que facilitassem o


cuidado dessas crianças, sendo que uma alternativa encontrada foi favorecer o
conhecimento das técnicas de massagem como Shantala e Toque da Borboleta
para bebês pois, tanto para as mães como para os outros cuidadores que
participavam do dia a dia dessas crianças.

3.6.2 - SHANTALLA

O médico francês Frédérick Leboyer foi o responsável por introduzir no dia-


a-dia de muitas mães, a arte hindu de massagear as crianças denominada
Shantalla. A técnica consiste em massagear por todo o corpo do bebê, com óleos
à base de ervas, visando equilibrar as partes física, emocional, mental e
energética.

Leboyer, mais poeta que médico, descobriu a magia de Shantalla durante


uma viagem à Índia. Encontrou uma mulher camada Shantalla no meio de uma
enorme favela, em Calcutá, onde trabalhavam dois amigos seus.

Por vários dias, fotografou a moça, que era paralítica, massageando seu
bebê todas as manhãs, aproveitando o sol. Encantado com o vigor e a beleza dos
movimentos, batizou a seqüência da massagem com o nome da mulher que a
realizava,ou seja, Shantala.

Ensinou a muitas outras mães, através de seus livros (Shantalla, uma


antiga arte de massagem - 1995) os segredos e a forma da massagem como lhe
foram transmitidos.

A idéia é fornecer o que é fundamental para as crianças: contato, amor e


carinho. Através da comunicação entre a mão e a pele (mão da mãe e pele do
filho), surgi um enlace cheio de amor e alegria, onde o carinho é fundamental. A
51

massagem alivia cólicas intestinais, acalma, ajuda a criança a dormir melhor e


favorece o desenvolvimento psicomotor. A massagem aproxima mãe e filho e a
criança se sente protegida.

Esta técnica é apenas um instrumento para a criança se sentir amada


através do toque.

A Shantala deve ser feita em bebês depois de três meses, pois já estão
com maior tônus muscular, já que os movimentos desta técnica são vigorosos
como se uma pessoa estivesse torcendo uma roupa. Porém, pode se estender a
crianças de até cinco anos de idade. Isto é, a técnica pode ser feita em todas as
crianças com desenvolvimento no padrão normal, mas também pode ser aplicado
em bebês que tenham tido traumas de nascimento, crianças com carência afetiva
e problemas neurológicos, fazendo com que, em muitos casos, a criança melhore
o seu desenvolvimento.

Existem livros, cursos e muitas informações sobre Shantalla, mas o pouco


que se consegue explicar são os princípios básicos da massagem. A Shantalla é
um conjunto onde tudo interage e que a pessoa irá aperfeiçoar de acordo com sua
sensibilidade. O importante é o contato da mão da mãe (ou cuidadora) com a pele
do bebê .

A melhor hora para fazer a massagem é antes da soneca matinal do bebê.


Logo depois da massagem, o bebê tomará banho. No verão, pode fazê-la ao ar
livre, deixando a criança ao sol.

Um aviso importante: a Shantalla deve ser evitada se o bebê estiver com


febre, resfriado, com disenteria ou infecções.
52

3.6.3 - TOQUE DA BORBOLETA

Foi pensado na importância da estimulação tátil desde os primeiros dias de


vida, Eva Reich criou a massagem para os recém-nascidos, o Toque da
Borboleta, também chamado de Toques Energéticos.

A estimulação doce da massagem de Eva Reich, que deriva da


vegetoterapia, (a vegetoterapia é uma psicoterapia corporal assim chamada por
W.Reich porque incide sobre sistema nervoso vegetativo), faz fluir a energia
através dos blocos musculares em direção à periferia (em direção ao mundo). A
pulsação energética - plasmática através da comunicação mãe e criança se
harmoniza de tal modo que muitas mulheres, com profundos problemas
emocionais, podem ser tratadas da depressão pós – parto recebendo uma
quantidade suficiente de massagens, antes, durante e após o nascimento do
bebê.

O prazer funcional que se renova com a massagem irá harmonizar a ação


do sistema neurovegetativo, simpático – parassimpático e tem um efeito positivo
sobre todas as funções do organismo, promovendo saúde. Basta pensar que os
animais "fazem massagem" nos recém-nascidos, eles são lambidos e aqueles que
não são lambidos, morrem. Os recém-nascidos não acariciados, terão sua
qualidade de sobrevivência gravemente comprometida.

No Brasil, primeira divulgadora da técnica é a pedagoga Maria Aparecida


Alves Giannotti, autora do livro “Massagem para bebê – Toque da Borboleta”.
Desde 1981, ela adotou esta massagem pensando na vantagem sobre a Shantalla
de não exigir o uso de óleos e de poder ser feita desde os primeiros dias de vida
devido ao fato de ser muito suave.
53

No Toque da Borboleta, os movimentos, são sempre suaves, começam na


cabeça e vão descendo até os pés. São simétricos e feitos primeiro na frente e
depois nas costas. No final, o bebê é embalado durante um minuto. O balanço é
super importante. Nos berçários dos hospitais americanos há uma cadeira de
balanço para a enfermeira, principalmente em berçários de alto risco.

No Toque da borboleta, o olhar é tão fundamental quanto a carícia.

"Já vi belas fotos de recém-nascidos olhando atentamente


para o olhar da mãe. Há um estudo comparando bebês
prematuros em que a mãe ficava um longo período
olhando para a criança e bebês que não recebiam esse
tipo de atenção. Os primeiros desenvolveram um QI bem
maior do que os demais" (Gianotti,1981, p.10)

3.6.4 - BENEFÍCIOS DA MASSAGEM

Quem não gosta de receber uma massagem?

Quem não gosta de receber carinho?

Quem não gosta de ser tocado?

É muito agradável e gostoso ser massageado. Além disso, a massagem faz


com que haja uma troca de energia entre quem massageia e quem é
massageado.

Benefícios da massagem:

X Ajuda fortalecer o vínculo mãe/ pai/ bebê.

X Ajuda a acalmar as cólicas.

X Faz com que o bebê tenha um sono tranqüilo.

X Tonifica os músculos do bebê.


54

X Favorece uma auto-imagem corporal saudável.

X Aumenta a percepção do bebê.

X Ajuda no crescimento de relacionamentos emocionais saudáveis.

X Melhora a digestão, circulação e aumenta a resistência às doenças.

X Acelera o desenvolvimento cognitivo e o motor.

X Melhora o desenvolvimento neurológico.

X Aumenta do ganho de peso (principalmente no caso dos prematuros),

fazendo com que haja escore mais alto no funcionamento mental.


X Quando feito entre crianças maiores, orientado pelo adulto, melhora o

relacionamento entre elas e diminui a agressividade.

A massagem é particularmente importante:

X Para bebês adotados para aumentar o vínculo com os pais.


X Para os bebês que não puderam ser amamentados pois, através da
massagem se sentirão acolhidos.
X Para os bebês que as mães têm que trabalhar assim que termina a licença
maternidade. Pois, com o encontro diário através da massagem o vínculo
mãe/filho não se perderá.
X Para os bebês prematuros; o carinho/afeto que é transmitido pela
massagem faz com que o desenvolvimento destes recém nascidos seja
admirável.

O toque humano é como se fosse o alimento vital para um bebê, se não for
alimentado de maneira correta, o seu desenvolvimento será prejudicado. O
mesmo acontece com o toque carinhoso pois, com a falta desse, o
desenvolvimento emocional e também o físico será prejudicado. Podemos
também usar outras formas de construir vínculos com o bebê, como abraçar,
segurar, embalar, olhar e logicamente a massagem que pode ser aplicada não só
com bebês mas, em qualquer idade e por toda a vida.
55

Maria Aparecida Gianotti narra em seu livro “O Toque da Borboleta” (2001),


que foi feito um teste com crianças pequenas em um Hospital americano em que o
pediatra dividiu os seus pequenos pacientes em dois grupos. Parte das mães foi
orientada a tocar as costas do filho diariamente enquanto as demais não.

Resultado: as crianças que haviam sido tocadas apresentavam menor


incidência de doenças infantis. A enfermeira Ruth Rice, que trabalha com
prematuros nos EUA, e a própria Eva Reich constataram que os recém-nascidos
estimulados através do Toque da Borboleta apresentavam melhoria no
desenvolvimento neurológico, maior ganho de peso e também apresentaram
melhorias em seu desenvolvimento mental em relação aos que recebiam
atendimento de rotina.

Em minha experiência, pude constatar que bebês que desde cedo foram
massageados por suas mães apresentaram o desenvolvimento na fala e escrita
mais rápido e maior desenvoltura que outros que não obtiveram este tratamento.
Tornando crianças afetuosas e seguras diante da resolução de problemas, tendo
raciocínio lógico e rápido.

Todo o processo de aprendizagem ocorrerá de forma segura pois, a criança


foi desenvolvida com muito afeto/toque e através das técnicas de massagem. Por
exemplo, a motricidade foi desenvolvida precocemente por ter sido trabalhada
desde a tenra idade para que a criança conheça os limites de seu corpo. Então,
através do desenvolvimento das noções de lateralidade, espaço e tempo, não terá
dificuldades no aprendizado da escrita e leitura, pois, todas estarão bem
alicerçadas em seu cérebro.

A criança desnutrida também sai ganhando por que muitas vezes, a


desnutrição é também de afeto e carinho. A partir do estabelecimento de vínculos
afetivos, ela começa a comer. Conseqüentemente, desenvolve-se fisicamente e
aceita melhor o carinho.
56

CAPÍTULO IV

AUTO-ESTIMA E AUTOCONFIANÇA DAS CRIANÇAS

Toda e qualquer aprendizagem exige não apenas esforço intelectual, mas


também um estado de prazer para que desiniba a inteligência e a capacidade de
aprender. Sabe-se, que as perturbações emocionais como a ansiedade, o medo e
a insegurança inibem o intelecto inibindo todas as funções cognitivas que são
chamadas a intervir na elaboração do raciocínio (lógico, analítico, criativo e outros)
e nas atividades da memória.

Estimular auto-estima e autoconfiança nas crianças em idade escolar deve


ser uma das principais preocupações dos pais e dos educadores para que o
aprendizado possa ser desenvolvido com fatores emocionais positivos.

Podemos então seguir algumas das sugestões abaixo:

1. Incentivar a empatia e o afeto


Embora a linguagem seja importante para ensinar valores às crianças, não molda
o comportamento delas como as emoções e os sentimentos. Promova sempre
bem-estar emocional, as emoções são poderosas.

2. Honestidade e integridade
A honestidade e a ética podem ser assunto de permanentes conversas desde
tenra idade, escolhendo livros e vídeos para compartilhar com a criança, utilizando
jogos que desenvolvam a confiança nele próprio.

3.Vergonha e culpa
A vergonha e a culpa não são vilãs emocionais. Quando utilizadas de forma
apropriada, são recursos importantes para os pais ensinarem valores morais aos
filhos. Use, mas não abuse.
57

4. Pensamento realista
Livros ou histórias contadas pelos pais podem modelar este tipo de pensamento.
As crianças aprenderão a pensar de forma realista sobre os seus problemas ou
preocupações se os pais fizerem o mesmo. A verdade, mesmo dolorosa, não deve
ser escondida.

5. Otimismo (fundamental para uma personalidade sadia)


Aprende-se o otimismo com os pais e com os educadores também. É mais do que
um simples pensamento positivo. É um hábito de pensar positivamente, é uma
tendência de olhar para o lado mais favorável dos acontecimentos ou condições e
esperar pelo resultado positivo.

6. Humor (decisivo para uma personalidade sociável)


As crianças bem-humoradas apresentam um quociente de inteligência
intrapessoal superior às outras. O seu sucesso social é geralmente muito grande e
fácil de obter. Podemos desenvolver o humor desde tenra idade. O clima em casa
ajuda a desenvolver um indivíduo bem-humorado. As brincadeiras divertidas
favorecem os alicerces do humor.

7. Amizades
Devem ser incentivadas pelos pais e na escola. Participar em festas e em grupos
é um bom meio de fortalecer a inteligência social.

8. Boas maneiras
Desde muito nova, a criança deve aprender a comportar-se bem mas sem
constrangimentos. A melhor forma de educar boa maneiras é mostrar como é. As
crianças aprendem muito bem por imitação.

9. Persistência e esforço
Na adolescência, muitas crianças perdem interesse em lutar pelas coisas quando
começam a enfrentar a realidade das coisas. Já nem tudo é fácil como era na
58

infância. Assim, é necessário ensinar as crianças a perceber o que é a


perseverança e a persistência. As biografias de gente de sucesso é um bom meio.
É também muito importante ajudá-los a administrar o tempo.

10. Enfrentar e superar fracassos


As crianças são particularmente vulneráveis aos problemas ligados à motivação. É
útil ensinar-lhes que as ameaças e os problemas da vida são desafios a serem
estudados e vencidos. Deve-se ensiná-los a saber tirar partido das suas
habilidades e pontos fortes.

11. Consciência emocional


Incentivar as crianças a verbalizarem os seus sentimentos como maneira de
lidarem com conflitos e preocupações. Ajudar a ouvir e estudar soluções para os
problemas emocionais.

12. Controle emocional


As crianças devem aprender a gerir as suas emoções, conversando, dialogando,
ouvindo, dando opiniões, pesquisando soluções para os seus problemas
emocionais e sentimentais.

13. Relacionamentos
Os pais e educadores devem ter relações de respeito mútuo com as crianças, e
não autoritárias. Os pais podem encorajar as crianças a resolverem problemas por
si mesmas e a desenvolverem a autonomia. Pais e professores precisam respeitar
as crianças.

14. Moral
É possível envolver a criança em discussões de ordem moral. À medida que ela
ouve os argumentos de seus colegas pode experimentar a desequilibração
cognitiva, que pode conduzir à reorganização de seus conceitos. O conflito
59

cognitivo é necessário para a reestruturação do raciocínio e para o


desenvolvimento mental.

A criança com autoconceito positivo, oferece contribuições significativas e


valiosas para a própria formação.
60

CAPÍTULO V

COGNIÇÃO E AFETO

É o próprio Piaget (1958) que defende não haver mecanismo cognitivo sem
interferência de elementos afetivos. Para esclarecimento melhor, vejamos o que
Dolle (1993), menciona em duas teses defendidas por Piaget:

“a afetividade desempenharia o papel de uma fonte


energética da qual dependeria o funcionamento da
inteligência” ...
“a afetividade pode ser a causa de acelerações ou
retardos no desenvolvimento intelectual” e que “ela própria
não engendra estruturas cognitivas, nem modifica as
estruturas do funcionamento nas quais intervém”
(Dolle,1993, p.101)

Podemos concluir que a afetividade propicia de forma positiva ou negativa a


aquisição de novos conhecimentos.

Fernández (1990) diz que a inteligência é uma estrutura lógica, enquanto


que a afetividade apresenta uma dimensão desejante, simbólica, significante e
alógica. E isto passa, em muitos casos, desapercebido por alguns educadores
levando a uma aprendizagem não desejante com um efeito negativo na
aprendizagem das crianças.

Hoje em dia sabemos que, não podemos analisar os problemas de


aprendizagem somente pela parte cognitiva mas sim, como a união da cognição e
da afetividade. O afeto se organiza formando esquemas, da mesma forma que os
processos cognitivos.
61

É sabido, que o aprendizado esta relacionado a nossa cultura e


principalmente as relações afetivas/sociais. Pois, estas relações fazem parte do
processo de aprendizagem porque sabemos que as estruturas afetivas irão inibir
as estruturas cognitivas fazendo com que impeça a criança de aprender.

Da gestação ao parto, o nascimento de uma criança envolve muitas


pessoas, sua mãe, seu pai, seus outros familiares, os amigos e os profissionais de
saúde. O nascimento de uma criança é um acontecimento social. Por isso,
proteger, cuidar, acariciar, dar a cada criança o melhor possível não é uma tarefa
apenas de seus pais, mas também de sua família, médicos, educadores, enfim, de
muitas pessoas.

No desenvolvimento infantil a criança tem o papel principal no seu próprio


desenvolvimento, isto é, desde a vida intra-uterina ela não é propriedade de
ninguém. A criança é um sujeito, sujeito este que é único, com vontade própria e
que tem a capacidade de modificar os ambientes em que vive e principalmente
modificar as reações das pessoas que estão ao seu redor e que, portanto, precisa
ser respeitada e "ouvida" em suas manifestações, seja elas qual forem.

Sabemos então, que todo o desenvolvimento infantil vai muito além dos
cuidados de saúde. Desde a gestação e nos primeiros dias de vida, os bebês
precisam de estímulos para desenvolver suas capacidades sociais, cognitivas e
afetivas. Uma criança precisa ser tocada com carinho e interagir com outras
pessoas. Os pais e todas as pessoas que convivem com as crianças precisam ser
estimuladas a conversar com a criança e brincar com ela desde suas primeiras
horas de vida.

Estudos recentes demonstram que os bebês reconhecem vozes das


pessoas que convivem com elas principalmente, seu pai e sua mãe, e reagem
com alegria quando estas falam com eles, cantam para eles, tocam seu corpo com
afeição, estimulando seus primeiros movimentos.
62

Descobertas recentes têm demonstrado convincentemente que a primeira


infância, desde a gestação, é a fase mais crítica da pessoa no que diz respeito ao
seu desenvolvimento biológico, cognitivo, emocional e social.

O aprendizado e o desenvolvimento cognitivo começam muito antes da


educação formal, onde quer que essa educação aconteça – em casa, na creche,
na pré-escola ou no ensino fundamental.

O desenvolvimento do cérebro é extremamente suscetível às influências do


ambiente onde a criança vive. Inúmeros cientistas têm descoberto que, sem o
toque e outros estímulos, o cérebro de um bebê pode-se desenvolver
significativamente menos, isto é, menos sinapses realizadas.

O ambiente não afeta somente o número de células do cérebro, mas


também o caminho que essas conexões fazem em suas ligações. Quando a
criança completa 6 anos, seu cérebro já desenvolveu os amplos contornos de sua
auto-estima, de sua capacidade de aprendizado, de seus relacionamentos sociais,
e outros aspectos de sua personalidade.

A cada dia, o desenvolvimento da criança vem sendo mais bem


compreendido. Educadores e pais estão se conscientizando que os primeiros anos
de vida formam a base para a boa saúde física e mental no futuro, isto é, para o
crescimento emocional saudável, para o desenvolvimento intelectual e social.

Entendemos então, que é primordial oferecer à criança diversos estímulos


em sua primeira infância. As crianças, principalmente as mais novas, aprendem
principalmente com os toques, as sensações e os sentidos. Até mesmo engatinhar
é importante, porque desenvolve o tato e a percepção de alguns limites. Por isso,
negar às crianças as melhores oportunidades de participação e aprendizado é
negar a elas seus mais básicos direitos.
63

5.1 COGNIÇÃO E SENSAÇÃO / PERCEPÇÃO (TOQUE)

Veremos agora a importância do toque / sensação no processo de


aprendizagem pois, este se dá a partir de experiências que podem ser
organizadas em cinco níveis de crescentes graus de complexidade.

São eles: Sensação - Percepção - Formação de Imagens - Simbolização -


Conceituação. A vivência de cada uma está atrelada à vivência do nível anterior.

Conceituação

Simbolização

Formação de Imagens

Percepção

Sensação

Se fizermos uma análise de evolução das espécies animais, perceberemos


que, à medida que subimos na escala evolutiva, as experiências vão se tornando
bem mais complexas, sendo que somente o ser humano tem a capacidade de
simbolização e conceituação e podemos observar também as habilidades
relacionadas ao desenvolvimento da aprendizagem.

Vamos entender cada uma delas:


64

SENSAÇÃO
Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete sensação
está: “(Do latim sensatione) S.f 1. Fisiol: Processo nervoso que se inicia num
órgão receptor quando este reage especificamente a um estímulo externo, e se
estende até ao cérebro. 2. Psicol: Processo sensorial consciente correlacionado
com um processo fisiológico, e que proporciona ao homem e aos animais
superiores o conhecimento do mundo externo. 3. Impressão física em geral:
sensação de dor, sensação de mal estar e etc.”
Podemos descrevê-lo como o primeiro nível do comportamento, ao qual se
refere unicamente à estruturas sensoriais. E é a partir das sensações que o sujeito
pode perceber o mundo que o cerca.

PERCEPÇÃO
Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete percepção
está: “(Do latim perceptione) S.f Ato, efeito ou faculdade de perceber
(apercepção)”.
A percepção irá depender se o sujeito é capaz neurologicamente de
converter, adequadamente, as sensações em impulsos elétricos.
Mas, se tratando de percepção podemos ter duas leituras, a nível
neurológico, que é um nível acima da sensação, porém a nível psicológico é,
ainda, extremamente rudimentar. Podemos concluir então, que é com base na
percepção que o indivíduo poderá formar imagens.

FORMAÇÃO DE IMAGENS
São as sensações ou informações já recebidas e percebidas. A formação
de imagens está relacionada aos processos de memória porque corresponde a um
registro das vivências mesmo ainda não associadas as palavras.
Portanto, as imagens não são apenas ao nível visual; são registros de
percepções de qualquer dos órgãos dos sentidos.
65

SIMBOLIZAÇÃO
Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete
simbolização está: “S.f Ato ou efeito de simbolizar – SIMBOLIZAR: 1. Representar
por meio de símbolos; exprimir ou representar simbolicamente. Falar ou escrever
simbolicamente ”
Esta é uma habilidade exclusiva da espécie humana e que corresponde à
capacidade de representar uma vivência de forma verbal ou não verbal.
As simbolizações não verbais verificam-se através de símbolos visuais ou
auditivos. As simbolizações verbais estão relacionadas as palavras.
O ser humano apresenta três sistemas verbais: falado, escrito e lido.

CONCEITUAÇÃO
Este é um processo mental mais complexo que irá envolver capacidades,
tais como, de abstração, classificação e categorização.
O desenvolvimento das habilidades do sujeito depende do desenvolvimento
físico, cognitivo e afetivo do sujeito.
Alicia Fernàndez (1991) afirma que os quatro níveis envolvidos na
aprendizagem são: organismo – corpo – inteligência – desejo e que o corpo
constitui-se pela inteligência e pelo desejo dando aí a capacidade de aprender.
Conclui então, afirmando que, para vivenciarmos cada um destes níveis de
experiência contamos com os desenvolvimentos físico, cognitivo e afetivo e assim
constituindo o sujeito que aprende.
66

CONCLUSÃO

Concluímos então que, não podemos esquecer que o processo de


construção dos esquemas cognitivos está vinculado a organização dos esquemas
afetivos.

Através da minha prática, vejo a grande ligação que existe no processo de


organização dos esquemas afetivos e cognitivos. Eles se organizam
independentemente, porém com uma interação e uma influência recíproca, os dois
processos se organizam através de uma construção.

Não pretendo com este trabalho concluir e sim continuar investigando pois,
acredito que o problema de aprendizagem não é determinado apenas por uma
carência cognitiva, nem social. Com a minha prática, acredito que as relações de
vínculos que venham a formar os esquemas afetivos do sujeito, interferem na
formação dos esquemas cognitivos, inibindo-os ou desenvolvendo-os.

Cury , em seu livro “Pais brilhante e Professores fascinantes” (2003) cita:

Normalmente as experiências com alta carga


emocional ficam disponíveis para serem lidas e
gerarem milhares de novos pensamentos e emoções.
Uma rejeição pode encarcerar uma vida. Uma criança
que fica presa num quarto escuro pode desenvolver
claustrofobia. Um vexame em público pode gera fobia
social. Algumas implicações da relação da emoção
que interferem no registro da memória:
• Ensinar a matéria estimulando a emoção dos
alunos desacelera o pensamento, melhora a
concentração e produz um registro privilegiado.
• Os professores e os pais que não provocam a
emoção dos jovens não educam, apenas informam.
67

• Dar conselhos e orientações sem emoção não


gera ‘momentos educacionais’ no mercado da
memória.
• Pequenos gestos que geram intensa emoção
podem influenciar mais a formação da personalidade
das crianças do que os gritos e pressões.
• As brincadeiras discriminatórias e os apelidos
pejorativos feitos em sala de aula podem gerar
experiências angustiantes capazes de produzir
graves conflitos.
• Proteger a emoção é fundamental para se ter
qualidade de vida”.Cury (2003, p.109):

Cury então nos mostra que dependendo do volume de ansiedade ou


sofrimento pode provocar um bloqueio no aprendizado.
Para concluir então, com o acima exposto em todo este trabalho. Podemos
dizer que, o afetivo está inteiramente ligado aos resultados no aprendizado
cognitivo.
Porém se este afetivo estiver intimamente ligado ao Toque, o sujeito ou
melhor dizendo, a criança, obterá resultados surpreendentes em seu
desenvolvimento cognitivo inclusive, com QI mais elevado

.
68

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