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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 750316-2, DE FORO CENTRAL

DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA -


16ª VARA CÍVEL
AGRAVANTE: BRASIL TELECOM S.A.
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
PARANÁ
RELATOR: DES. RUY MUGGIATI

AÇÃO CIVIL PÚBLICA − DEFEITOS EM TELEFONES DE USO


PÚBLICO (TUP), VULGO ‘ORELHÕES’ − INSTAURAÇÃO DE
INQUÉRITO CIVIL − RELATÓRIO DA ANATEL − VERIFICAÇÃO
POR AMOSTRAGEM − 1/3 DOS APARELHOS INSPECIONADOS
COM DEFEITO − PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA − SERVIÇO
ESSENCIAL − CONCESSÃO PARCIAL DA TUTELA
ANTECIPADA − INCONFORMISMO − AGRAVO DE
INSTRUMENTO − PRAZO PARA MONITORAMENTO, INSPEÇÃO
E VERIFICAÇÃO DE TODOS OS APARELHOS EM CURITIBA E
PARA REPARAÇÃO DOS DEFEITOS ENCONTRADOS −
DILAÇÃO − PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE − APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIO DAS
ATIVIDADES AO JUÍZO E À ANATEL − DECISÃO REFORMADA
− RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de


Instrumento nº 750316-2, de Foro Central da Comarca da Região

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Metropolitana de Curitiba - 16ª Vara Cível, em que é Agravante BRASIL


TELECOM SA e Agravado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
PARANÁ.

I - Trata-se de agravo de instrumento interposto por BRASIL


TELECOM SA, impugnando decisão de fls. 166/172 (TJ) que, nos autos de
ação civil pública, sob nº 2206/2010, ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DO PARANÁ, deferiu parcialmente a antecipação de tutela
para: a) em prazo não superior a cinco dias monitore, inspecione e verifique
todos os telefones de uso público (TUP) instalados em Curitiba/PR,
detectando problemas que impeçam a plena e adequada fruição do serviço e,
em até vinte e quatro horas, repare os defeitos constatados em, no mínimo,
98% dos casos; b) seja enviada à ANATEL, diariamente, o resultado dos
trabalhos realizados pelo Sistema de Supervisão, indicando os telefones que
apresentaram defeitos, bem como os prazos em que foram reparados, até a
confirmação pela Agência de que os problemas apontados nos autos foram
resolvidos; c) fixou em R$25.000,00 a multa diária pelo excedente do
qüinqüídio fixado, somado às 24 horas referidas, para que 98% dos terminais
de uso público de Curitiba estejam em pleno funcionamento.

Sustenta o agravante, em síntese, que: a) o Ministério Público


motivado por e-mail de um suposto advogado, que informava que cerca de
70% dos telefones públicos de Curitiba não funcionavam, bem como por
matéria publicada no Jornal Gazeta do Povo, instaurou inquérito civil e, depois
de obter informações junto à Anatel, ajuizou a presente ação coletiva; b) o
MM Juiz singular deferiu parcialmente a tutela pretendida, admitindo como
prova inequívoca capaz de justificar a verossimilhança das alegações o citado

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e-mail, a notícia jornalística e as informações prestadas pela Anatel; c) o e-


mail e a notícia jornalística não podem ser admitidos como prova hábil, muito
menos a ensejar a antecipação da tutela pretendida; d) no referido e-mail não
há a indicação de fonte confiável dos problemas informados; e) em Curitiba
há aproximadamente 14.000 telefones de uso público (TUP) e na vistoria por
amostragem realizada pela Anatel o número de unidades que apresentaram
defeito não ultrapassou 1%; f) a matéria do jornal não tem compromisso com
a exatidão dos dados e normalmente esses são inflados para atrair a atenção
dos leitores; g) o ofício da Anatel foi encaminhado sem que estivesse
concluída a fiscalização; h) em consulta ao site da Anatel, verifica-se que a
agravante atende integralmente a todas as metas de qualidade para a
telefonia de uso público; i) os dados informados pelo Ministério Público são
genéricos e desprovidos de prova cabal, não podendo ser considerados prova
inequívoca; j) não existe o proclamado perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação, pois os aparelhos com defeito estariam localizados nas ruas do
centro e de bairros com alta concentração de telefones de uso público (TUP),
de sorte que a temporária inoperância desses aparelhos não justifica o perigo
de dano a ensejar o deferimento da tutela; k) houve nítida redução do uso dos
telefones públicos com a popularização dos telefones celulares; l) nos casos
de prestação de serviço público, a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor é subsidiária; m) o autor formulou pedido para o qual lhe falta
atribuição, sendo incompetente a Justiça Estadual para análise do caso; n) o
pedido de apresentação diária de relatórios para a Anatel afronta norma
regulamentar dessa Agência (Resolução nº 417/2005), que dispõe sobre os
prazos de entrega dos relatórios, devendo ser chamada para compor o polo
passivo da demanda; o) segundo a regulamentação do Sistema de
Supervisão dos TUPs, o resultado deve ser apresentado mensalmente e não
de forma diária, como esposado na decisão combatida, devendo ser dilatado

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os prazos consignados no decisum; p) deve ser concedida a liminar atribuindo


efeito suspensivo ao recurso.

Juntou documentos de fls. 25/177.

Pela decisão de fls. 181/186 foi concedido parcialmente o requerido


efeito ativo para: a) fixar o prazo de 10 (dez) dias para a verificação de todos
os aparelhos e mais 10 dias para a realização dos reparos necessários (com
o mínimo de 98% do total de aparelhos em perfeito funcionamento – art. 19),
incidindo a partir de então a multa diária estabelecida para o caso de
inadimplemento e; b) que findo o referido prazo vintenário (10 dias para
verificação + 10 dias para reparo), a agravante envie à Anatel e a este Juízo o
resultado dos trabalhos realizados, no prazo de 10 (dez) dias, e assim
sucessivamente, até que findem todos os reparos e a agência reguladora
informe que todos os problemas apontados nos presentes autos foram
solucionados.

A agravante colacionou nos autos (fls. 157 e 204) relatórios dos


serviços realizados.

O agravado apresentou contrarrazões às fls. 172/190, requerendo


a reconsideração da liminar, para a) monitorar em 24 horas todos os TPU’s
localizados em Curitiba e demais municípios do Paraná, para detectar
problemas de serviço, sob pena de multa de R$100.000,00 por período de 24
horas e b) reparar todos os TPU’s que não estejam em funcionamento, em
até 8 horas da constatação da falha, em no mínimo 98% dos casos, nunca
excedendo 24 horas, sob pena de multa não inferior a R$100.000,00. No
mérito, pede pelo não provimento do recurso.

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Nesta instância, o parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça (fls.


196/201) é pelo provimento parcial do recurso, para ampliar o prazo para
cumprimento da liminar deferida, nos termos da decisão de fls. 181/186.

II - VOTO

No presente caso, sustenta a agravante que não existem provas


das alegações do agravado suficientes para preenchimento dos requisitos
necessários ao deferimento da tutela antecipada, quais sejam, perigo de dano
irreparável ou de difícil reparação e verossimilhança das alegações.

Cumpre esclarecer que o Juiz é o destinatário da prova, cabendo-


lhe decidir sobre os rumos do processo ante a análise dos elementos fático-
probatórios juntados aos autos, sendo que o deferimento de liminar depende
do grau de cognição para formação de seu convencimento: “caberá ao juiz,
de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à
instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias” (art. 130, do CPC).

Assim, dada a matéria posta em discussão, o MM. Juiz singular


entendeu que no atual estágio processual existem elementos fático-
probatórios suficientes para seu convencimento a autorizar o deferimento
parcial da tutela pretendida, porquanto “aproximadamente 1/3 (um terço) dos
telefones de uso público vistoriados na capital não estão funcionando
adequadamente” (fl. 170).

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Na reportagem realizada pelo jornal Gazeta do Povo em data de


18/06/2010 (fls. 72/73), informou-se que dos 458 aparelhos vistoriados no
centro da Capital paranaense, 220 estavam quebrados.

De acordo com o Ofício expedido pela Anatel, onde foi realizada


fiscalização quanto ao estado de conservação dos TUP de Curitiba (centro e
bairros de alta concentração de TUPs), dos 457 aparelhos vistoriados,
constatou-se que 156 estavam defeituosos (fls. 79/80).

Muito embora sustente a agravante que há maciça utilização de


telefones celulares, tal circunstância não permite seja o serviço de telefonia
pública prestado sem qualidade, muito menos serve de desculpa para a
existência de percentual tão elevado de aparelhos defeituosos.

Nesse sentido, o parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça (fl.


200):

“Não há como pressupor, como quer a agravante, que o celular substitui


o uso dos TPU’s (terminal de uso público), pois a manutenção dos
aparelhos é um dever obrigacional da concessionária em prol da
continuidade e eficiência do serviço público que lhe foi delegado, nos
termos dos artigos 22 do CDC, 6º, §1º da Lei nº 8987/95 e 2º, I, e 3º da
Lei nº 9472/97.”

Importante mencionar também que não há nos autos qualquer


prova de que esses elementos que serviram de prova para o Magistrado
singular deferir parcialmente a tutela pretendida não fossem verossímeis.
Portanto, considerando os argumentos e provas coligidas nos
autos, mantém-se a decisão quanto ao deferimento parcial da tutela
pretendida.

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No entanto, diante da elevada quantidade de telefones de uso


público (TUP) instalados na Capital (cerca de aproximadamente 14.000), faz-
se necessário conceder à agravante tempo razoável para vistoriar,
inspecionar e verificar todos os aparelhos telefônicos, bem como para efetuar
os necessários reparos.

Como bem destacou o d. Procurador de Justiça “diante do fato


excepcional de que, por amostragem, cerca de 1/3 dos orelhões estão com
defeitos (fls. 79/80 – TJ), faz-se necessário conceder um prazo razoável para
a constatação dos defeitos e consertos dos mesmos, evitando-se, assim que
o cumprimento da decisão cause danos desnecessários à agravante” (fl. 201).

1
Deste modo, com amparo no art. 20, parágrafo único , do Plano de
Metas de Qualidade para o Serviço Telefônico Fixo Comutado (fl. 149),
entendo ser prudente a fixação de prazo de 10 (dez) dias para a verificação
de todos os aparelhos e mais 10 dias para a realização dos reparos
necessários (com o mínimo de 98% do total de aparelhos em perfeito
funcionamento – art. 19), incidindo a partir de então a multa diária
estabelecida para o caso de inadimplemento.

Como restou estabelecido na liminar concedida nestes autos que


findo o prazo vintenário (10 dias para verificação + 10 dias para reparos), a
agravante deveria enviar à Anatel e a este Juízo o resultado dos trabalhos
realizados, no prazo de 10 (dez) dias − e assim sucessivamente, até que
findem todos os reparos e a agência informe que todos os problemas

1
“Em nenhum caso, o reparo pode se dar em mais de 10 dias, contados de sua detecção ou solicitação”.

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apontados nos presentes autos foram solucionados −, os relatórios já


colacionados nestes autos deverão ser remetidos ao Juízo de origem, ao qual
serão entregues os novos relatórios porventura existentes.

Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e dar parcial provimento


ao recurso, para confirmar a liminar deferida, e dilatar os prazos concedidos
na decisão agravada, nos termos acima especificados.

III - VOTO

ACORDAM os Senhores Magistrados integrantes da Décima


Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, a
unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento,
nos termos do voto do Relator.

Presidiu o julgamento o Senhor Desembargador FERNANDO


WOLFF BODZIAK (com voto), dele participando a Senhora Juíza Convocada
DILMARI HELENA KESSLER.

Curitiba, 11 de maio de 2011.

RUY MUGGIATI
Relator

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