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Schopenhauer Os PensadoréS Schopenhauer “O homem comum, este produto industrial da netureza, tal come esta o apresenta dianiamenie aos milhares, & incapaz, ao menos de mode persisten- Je, de uma observagie em todo senti- do inteiramente desinteressada: ele po- de dirigir sua atencaa 3s coisas somen- fe enguanio estas apresentam uma rela 30 qualquer, mesmo que apenas mui mediatizada, com sua vontade.’” SCHOPENHAUER: O Mundo. come Vontade » Ropresentagio. “Se 0 munds todo, como represen- 7a¢30, 6 apenas a visibilidade da vonta- de, a arte € 0 exclarecimento dessa yisi- bilidate, a Camara obscure a mostrar objets com mais pweza ¢ permitr uma melhor visio de conjunto.e combi- nagdo das mesmus, o teatre no teatra, 2 palca sobre o paleo no Hamlet.” SCHOPENHAUER: © Munda como Vontade © Representagt0 “C estilo de Kant traz sempre @ marca de um espirite superior, de ums genvina © sha onginalidade e de uma fora de pensamento inteiramen- te fora do comum; pode-se talver de- signar 9 caréter desse estilo; bem a p70- Pésito, como de uma Balhae secura, que the permite langar mio dos con- ‘ceitos com firmeza e¢ escothétos com grande sequrancs, para depois poder joné-las de [4 para c4, com a maior li- berdade, para assombro do leitor.” SCHOPENHALER: Critica da Hiosafia Rantiana Os Pensadoré3 5394, Zod. 84-1634 CIP. Brasil. Catalogagao-na-Publicagao ‘Cimara Brusileira do Livro, SP Schopenhauer, Arthur, 1788-1860, © mando como vontade ¢ representayao, LIN pt, ; Critiea da filosatia antianat ; Parerga e puraligomena, cup, V, VIlI, XIL, XIV / Artur Schope- hauer ; traduyées de Wolfrang Leo Maar ¢ Maria Liicia Mello e Oliveira Cacciola, — 2, ed. — Sio Paulo : Abell Cultural, 1985, (Os pensadores) Inclui vida e obra de Schopenhauer, Bibliografia. 1. Conhecimento - Teoria 2, Filvsofis alemé 3. Kant, Immanuel, 1724-1804 ~ Ontologia 4. Pessimism 5, Vontade 1, Maar. Wolfgang Leo. IL, Cacciola, Maria Melo ¢ Oliveira. I11. Titulo, TV. Titulo: Critica da filosofia kantiana, V. Titulo: Parerga ¢ paralipamena, VI. Série, DD-193 fndices para catélogo sistematico: 1. Conhgcinmento : Teoria : Filosofia 121 2. Filosofia ulemé 193 3. Kantismo ; Filosofia eritica 142.3 4. Pessimismn : Filosofia 149.6 5. Teoria do conhecimento : Filosofia 121 6. Vontade ; Motafisica : Filosofia 123 ARTHUR SCHOPENHAUER O MUNDO COMO. _- VONTADE E REPRESENTACAO (II PARTE) CRITICA DA FILOSOFIA KANTIANA PARERGA E PARALIPOMENA (CAPITULOS V, VIII, XII, XIV) pees iene Velfgang Leo Maar © Maria Liicia Mello ¢ Oliveira Cacciola ‘de Rubens Rodeigues Torres Flo icricee de any of Karan) 1985 EDITOR: VICTOR CIVITA ig ee Die Sete ale Wille und Vorstefieiy Prurerge: net Poratipesmena © Copyright desta edigio, Abril $.A. Cultural, ‘Sou Paulo, 180 2.*edicun, 14S. Direitos exclisivs subre as tradugdes deste volume, Abril S.A. Culm, $30 Paul Ditcitos exclusiva sobre “*Schopenfiauer — Vida ¢ Obra”, Abril 8.4. Cultural, Sin Paste, SCHOPENHAUER VIDA E OBRA ‘Consultoria: Rubens Rodrigues Torres Fitho " Fite de Heinrich Floris Schopenhauer, comerciante da cidade de Dantzig, na Prussia, 0 filésofo Arthur Schopenhauer estava destina- do a seguir a profissso de seu pai. Por isso, a familia nunca se preocu- pou muito com sua educagao intelectual e, quando contava apenas doze anos de idade, em 1800, induziu-o a empreender uma série de- viagens importantes para um futuro comerciante, Schopenhauer per Correu a Alemanha, a Franca, a Inglaterra, a Holanda, a Suica, a Silé- sia’ © a Austria, Mas seu interesse nao foi desperiado por aquila que seu pai mais desejava: @ que fez de mais importante, durante ¢ssas viagens, foi redigit uma série de considleragdes metancdlicas e pessi- mistas sobre a miséria da condigo humana, Em 1805, a familia fi- xou-se om Hamburgo e 0 obrigou a cursar ume escola comercial. A morte do pai (possivelmente voluntiria) permitiudhe, contudo, aban- donar para sempre os estudos comerciais ¢ voltar-se para uma carrei- ra universitéria, como era seu desejo. Assim, Schopenhauer passou a dedicarse aos estudos humanisticos, ingressando no Liceu de Wei- mar em 1807; dois anos depois, encontrava-se na faculdade de medi- cina de Gottingen, onde adquiriu vastos conhecimentos cientificos, Em 1811, na Universidade de Berlim, assistiu aos cursos dos filésofos Schleiermachor (1768-1834) e Fichte (1762-1814). Este dltimo seria, mais tarde, acusado por Schopenhauer de ter deliberadamente carica- turado a filosofia de Kant (1724-1804), tentando “envalver o peva ale- mio com a neblina filosdfica’. Em 1813, Schopenhauer doutourou- se pela Universidade de Berlim com a tese Sobre a Quddrupla Raiz do Principio de Razdo Suficiente. Nessa poca, sua mie, Johanna Schopenhauer, estabeleceu-se em Weimar, onde comegou a obter progressivo sucesso como novelista e passou a freqientar os circulas mundanos que Schapenhauer detesta- va_e se esforgava por ridicularizar ao maximo. As relagdes entre os dois deterioraram-se a ponto de Johanna deciarar publicamente que a tese de seu filha nado passava de um tratado de farmacia; em contra partida, Schopenhauer afirmava ser incerto © futuro de sua me como romancista © que ela sumente seria lembrada no futuro pelo fato de ser sua progenitora Apesar dessas brigas, Schopenhauer freqentou durante alum tempo o saldo de sua mée. Ali tornau-se amigo de Goethe (1749-1832), quo reconhecia seu génio filosdfico @ sugeriu-lhe que tra- balhasse numa teoria antinewtoniana da visio. A partir dessa sugestéc, Schopenhauer escreveu Sobre a Visdo e as Cores, publicado em 1816, will SCHOPENHAUER Um filésefo sem publico Em 1814, Schopenhauer rompeu definitivamente com a familia & quatro anos depois concluiu sua principal obra, O Murdo canta Von- tade ¢ Representagdo. Em 1819, 9 livra foi publicade, mas um ana e meio apés haviam sido vendidos apenas cerca de 100 exemplares, A critica também nao foi favoravel § obra. Durante os anos de 1818 € 1819, Schopenhauer passou uma tem porada na Itdlia: 20 voltar, sua situacao ecanémica nao era das me- thores, Solicitou entio um posto. de monitor na Universidade de Ber- lim, valendo-se de seu titulo de doutor © passande por uma prova gqie sores umn conferéncia. Admitido em 1820. encarregou-se um curso intitulada A Filesofia Inteira, ev O Ensino do Mundo ¢ do Espirita Humana. © titulo do curso deviassc,, provavelmente, a He- gel (1770-1831), que na época era um dos mais reputados professo- tes da Universidade de Berlim, Tentando competir com Hegel, Scho- penhauer escolheu © mesmo hordrio utilizado pelo rival, mas a tenta- liva redundau em fracasso completo: apenas quatro ouvintes assis- tiam a suas aulas. Ao fim de um semestre, renunciou 3 universidad fm 1821, envolveu-se em um acidente que teve desagradayeis nsequéncias econdmicas e, sobretudo, viria causar-lhe periddica de depressio psicolégica, Nessa-Gpoca, o filésafo residia numa pensao, Cujas principais locatérios, em sua grande maioria, eram se- nhoritas de idade avancada. Essas pensionistas tinham © desagradavel habito de espionar a chegada de supostas amantes, recebidas por Schopenhauer em seus aposentas, Certa noite, quando urna costuret- ra chamada Catoline-Louise Marquet dedicava-se a esse mister, Scho- penbauer, perdende a paciéncia, atirouea cscada abaixe, Como resul- lado, foi processada e acabou senda condenado a pagar trezentos tha- Jers de despesas médicas, Além disso, ficava obrigade a pagar sessen- ta thalers anuais, até a morte de Caroline, que somente veia a falecer vinte anos depois. Durante todo esse tempo, Schopenhauer entrava em depressao nervosa, uma vex por avo, todas as vezes que era obri- gado @ pagar a pensdo. Sua revolta dizia respeita menos a quantia de~ sembolsada do que aquilo que sentia como injustica cometida pelas autoridades. Entre 1826 © 1833, Schopenhauer empreendeu freqdentes via- Bens, adoeceu por diversas vezes e tentau uma segunda expe i como professor da Universidade de Berlim, Foi mais uma tentaliva fra- cassada, somente contrabalancada pela critica elogiosa a seu O Mun- 9 como Vontade e Representag.io, publicada no periddico Kleine Bi- chersehau, A solidao ea gloria Em 1633, depois de muitas hesitaydes, 0 filésofe resolveu fixar- se em Frankfurl-sobre-o-Meno, onde permaneceria até sua marte em 1860. Durante os vinie © sete anos gue passou em Frankfurt, levou uma vida solitéria, acompanhado por seu cio. Sua predileeao por ani- mals era filosoficamente justificada; segundo Schopenhauer, entre os cSes, contrariamento a6 que ocorre entre os homens, a voniade nao 6 dissimulada pela mascara do pensamento. VIDA E OBRA x Dedicado exclusivamente 4 reflexao filoséfica, Schopenhauer tre- balhou intensamente em Frankfurt, redigindo e publicande diversas li- vros. Em 1836, vein a lume o ensaio Sobre a Vantade na Natureza, que deveria completar o segundo livro de © Mundo como Voniade & Representacdo. Na mesma Gpoca, redigiu também dois ensaios sobre moral. O primeiro, escrito para concorrer a um concurso da Acade- mia de Ciéncias de Drontheim (Norucgal, intitulase Sobre a Liberda- de da Voniade. O segundo, O Fundamenta da Moral, concorret. ao concurso da Academia de Copenhague @ continha verdadeiros insul- tos a Hegel © a Fichte, que provacaram uscndalo; embora fosse 0 nico conrorrente, o livra nao fai premiado. Posteriormente, os dois ‘ensaiog seriam teunidos cob 0 titule de Os Dais Problemas Fundamen- lats da Flica © publicades em 1841, Trés anos depois, surgiv a segut da edigao de O Munde como Vontade e Representacao, enriquec com alguns suplementos. Apesar disso, nao teve sucesso. O mesmo nao ocorreu com a tltima obra escrita ¢ publicada por Schopenhauer, Intitulava-se Parerg2 e Paralipomena e continha pe- saios sobre os mais diversos temas: politica, moral, literatu- estilo e metafisica, entre outros, A abra alcangou inespe- rado sucesso, logo depois de ser publicada em 1851. A partir dai, a notariedade do autor espalhousse pela Alemanha e depois pela Euro- pa. Um artigo de |. Oxenford, publicado na Inglaterra, deu inicio a grande difusio de sua filosofia. Na Franga, muitos filésofos ¢ escrito Fes Viajaram até Frankfurt para visiti-lo, Na Alemanha, 2 filosofia de Hegel entrou em dectinin ¢ Schopenhauer surgiu como idolo das no- vas geragies. Assim, 05 dltimos anos da vida de Schopenhauer proporciona- ram-lhe um reconbecimento que ele sempre buscou, Artigos ceiticos surgiram em grande quantidade nos principais periddicos da época. A Universidade de Breslau dedicou cursos 4 andlise de sua obra ¢ 0 Academia Real de Ciencias de Berlim propas-the o titulo de membro, om 1858, que ele recusou: Dois anos depois, a 21 de setembro de 1860, Arthur Scho nhauer, que Nietzsche (1844-1900) chamaria “o cavaleiro. solitario’ faleceu, vitima de pneumonia. Contava, entao, 72 anos de idade. O mundo cego ¢ irracional O ponto de partida do pensamento de Schopenhauer encontra: se na filosofia kantiana. Immanuel Kam (1724-1804) estabelecera dis- tingdo entre os fendmenas e a coisa-emesi (que chamou noumenon), isto €, entre 0 Gue nos aparece € O que existiria em si mesmo. A coi- sa-em-si (noumenan) na poderia, segundo Kant, ser abjeto de conhe- cimenta cientifics, como até enti pretendera a metafisica classica. A ciéncia restringir-se-la, assim, aa mundo dos fendmenos, e seria constituida pelas formas a priori da sensibilidade (espago ¢ tempo) © pelas categorias do entendimento, Dessas distingdcs, Schopenhauer concluiu que o mundo nao seria mais do que representacdes, entendi- das por ele, num primeiro mamento, camo sintese entre 0 subjetivo e 9 objetiva, entre @ realidade exterior ¢ a consciéncia humana, Como afirma em O Mundo coma Vontade e Representacdo, "par mais maci- G0 © imenso que seja este mundo; sua existéncia depende, om qual- % SCHOPENHAUER quer momento, apenas de um fio Gnico ¢ delgadissimo: a conscién- cia em que aparece”. Em outra passapem de sua principal obra, Scho. penhauer deixa mais clara essa idéia; “O mundo como representa- §40, isto & unicamente do ponte de vista de que 0 consideramos aqui, tem duas metades essenciais, necassarias e insepardveis, Uma & © objet; suas formas sd0 0 espaco eo tempo, donde @ pluralidade. A outra metade € O sujeto; n4o se encontra colocada no tempo © no es Pago, porque existe inleira c indivisa em todo ser que percebe: dai re- sulla que um 36 desses seres junto a0 abjeto completa © mundo como representacdo, tao perleitamente quanto todas as milhoes de seres so melhantes que existem: mas, também, se esse ser desaparece, 0 mun- do come representagao nao mais existe” Nac se pode dizer que essas idéias expressem exalamente o pen- Samento Kantiano, mas. seja como for, Schopenhauer chagou a esas sonclusées, partindo da mestre que tanto admirava. Schopenhauer, contudo, separa-se, explicitamente, de Kant em um ponto essencial © a partir dai, constréi uma filosofia original. Para Kant, a coisa-em- $1 € inacessivel ao conhecimento humano, pois encontra-se aléin dos limites das estruturas do proprio ato cognitivo, entendide coma sinte- se dos dados da intuicio sensivel, sintose essa realizada polas catego- rias @ priori do entendimento. Schopenhauer, ao contrario, pretendeu abordar a propria coisa-em-si. Essa coisa-em-si, raiz metafisica de to- da a realidade, seria a Vontade, Segundo 0 autor de O Mundo como Vantacle e Representacso, a experiéncia interna do individuo assegura-lhe mais do que o simples fato de ele ser “um objeto entre outros”. A experiéncia interna tam- bém tevela ao individuo que ele é um ser que se move a si mesmo, um ser ative Cujo Comporlamento manifesta expressa diretamente sua vontade. Essa consciéneia interior que cada um possui de si mesmo como vontade seria primitiva e iredutivel; A vontade revelar-se-ia imediatamente a todas as pessoas como 9 em-si ea Percepgao que as pessoas tém de si mesmas como vontades seria distinta da percepgao que as mesmas ttm como corpo. Mas isso nao significa que Schope- nhauer tenha esposado a tese de que as agdes corporais © as agdes da vontade constituem duas séries de fatos, entendidas as primeitas co mo causadoras das segundas. Para Schopenhauer. © corpo humano & apenas objetivagao da vontade, tal como aparece sob as condigoes da percepcdo externa, Em outros termos, 0 que se quer e © que se faz io. uma ea mesma Coiba, vistos, porém, de perspectivas diferentes, Da mesma forma como nos homens, a vontade seria o principi fundamental da natureza. Para Schopenhauer, na queda de uma pe- dra, no crescimento de uma planta ou no puro comportamenta instin- tive deur animal afirmam-se tendénctas, em cuja abjetivacan se cons: tituem o> corpos. Essas diversas tendéncias nao passariam de disfar- es sob os quais se oculta uma vontade Unica, superior, de cardtor metalisico © presente igualmente na planta que nasce © cresce, @ nas complexas ages humanas. Fssa vontade, para Schopenhauer, @ inde- pendente da ‘epresentacao e, portanto, nao se submete a5 leis da ra- Z40_ Ao contrério de Hegel, para quem 0 real € racional, a filosofia de Schopenhauer sustenta que o real 6 em si mesmo cego © irracio: nal, enquanto vontade. As formas racianais-da consciéncia nao passa- riam de ilusérias aparéncias © a esséncia de todas as coisas seria VIDA E OBRA xl alheia 3 razdo: “A conseigncia é a mera superficie de nessa mente, da qual, como da terra, nao conhecemos 0 interior, mas apenas a crosta”. O inconsciente representa, assim, papel fundamental na filo- sofia de Schopenhauer. Sob esse aspecto, o autor de O Mundo como Vontade e Representacdo antecipou-se a alguns dos conceitos mais importantes da psicandlise fundada por Sigmund Freud (1856-1939). © préprio Freud reconheceu a importdncia das idéias de Schope- nhauer, em um de seus escritos afirma que certas consideracdes so- bre a foucura, encontradas no Mundo como Ventade e Represe Gao, poderiam “rigorosamente, sobrepor-se 2 dautrina da repressdo’ Viver é sofrer No sistema de Schopenhauer, a vontade 6 a raiz_metafisica do mundo e da conduta humana; ao mesmo tempo, ¢ a fonte de todas 05 sofrimentos, Sua filosofia 6, assim, profundamente pessimista, pois a vontade é concebida em seu sistema como algo sem nenhuma meta ou finalidade, um querer frracional e inconsciente. Sendo um mal ine- rente 4 existéncia do homem, ela gera a dor, necessdria e inevitavel- mente, aquilo que se conhece como felicidade seria apenas a inter- rupee temporaria de um processo de infelicidade e somente a lem- branca de um softimento passado criarta a ilusao de um bem presen- te, Para Schopenhauer, 0 prazer é momento fugaz de auséncia de dor © ndo existe satisfacdo durdvel. Todo prazer ¢ ponto de partida de no- vas aspiracées, sempre cbstadas @ sempre em |uta por sua realizacao: *Viver é safrer”’. Mas, apesar de todo seu profundo pessimismo, a filosofia de Schopenhauer aponta aigumas vias para a suspensio da dor. Num pri- meiro momento, @ caminhe para a supressio da dor encontra-se na contemplagao artistica. A contemplagao desinteressada das idéias se- ria um ato de intuicdo artistica @ permitiria a contemplacio da vonta- de em si mesma, o que, por sua vez, conduziria ae daminio da pré- Pria vontade. Na arte, a relacdo entre a vontade e a representacdo in- verte-se, a inteligéncia passa a uma posigdo superior e assiste a hist6- tla de sua prépria vontade; em outros termas, a inteligéncia deixa de ser atriz para ser espectadiora, A atividade anistica revelaria as idéias eternas através de diversos graus, passando sucessivamente pie tetra, escultura, pintura, poesia lirica, poesia trdgica, «; final pela musica, Em Schopenhauer, pela primeira vez na historia da “filo. sofia, a mésica ocupa o primeiro lugar entre todas as artes. Liberta de toda referéncia especttica aos diversos objetos da vontade, a mUsica poderia exprimir a Vontade em sua esséncia geral e indiferenciada, constituindo um meio capaz de propor a libertag3o do hemem, em fa- ce dos diferentes aspects assumidos pela Vontade. No Nada, a salvagao A libertagio propercionada pela arte, segundo Schopenhauer, nao 6, contudo, total e completa. A arte significa apenas um distancia- mento relativamente passageiro e nao a supressao da Vontade. Para

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