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CIDADE_DA_ESPERAN%C3%87A

O ENSINO DE MÚSICA NA IEADERN1 - CIDADE DA ESPERANÇA

Marcos Aragão Fontoura


aragaofontoura@hotmail.com
Cleide Alves da Silva
cleydealves@yahoo.com.br

Resumo: O ensino da Música nas igrejas evangélicas do Brasil tem sido de grande
importância na formação inicial de músicos. Esse cenário é notado em todas as regiões do
Brasil. Na região nordeste, mais especificamente na cidade do Natal, é uma prática das Igrejas
Assembléia de Deus dispor do ensino da música a seus membros. Este artigo busca descrever
os principais processos de ensino e aprendizagem de música no contexto da IEADERN,
localizada no Bairro da Cidade da Esperança, na Cidade do Natal/RN. Nosso universo de
pesquisa foi constituído por músicos iniciados pela escola da igreja, que formam a Orquestra
Êxodo. Tivemos como instrumento de coleta de dados a observação participante das
atividades da orquestra e entrevistas semi-estruturadas com seus integrantes. A partir da
organização e análise dos dados, pudemos observar que o crescente interesse pelo fazer
musical, levou a muitos dos alunos a se especializarem em escolas formais nos cursos de
Licenciatura e Bacharelado em Música, bem como a profissionalização no campo musical.
Concluímos, portanto, que esse cenário constitui-se como importante centro de iniciação
musical e como suporte indispensável para as atividades musicais vinculadas à liturgia.

Palavras-chave: Contexto não-formal. Ensino de Música. Igreja Evangélica Assembléia de


Deus. Orquestra Êxodo.

Na Educação Musical em décadas anteriores era comum acreditar que o ensino-


aprendizagem só era possível em escolas regulares. Com o avanço das pesquisas constatou-se
um enorme interesse no ensino de música nos diversos contextos, como nos atesta a pesquisa
do Prof. Dr. José Nunes Fernandes2, na qual através de dados coletados em bancos de teses e
dissertações, ele nos afirma que até 2001 houveram aproximadamente 102 trabalhos na área, e
surpreendentemente em três anos compreendidos entre 2002-2005, chega-se a 99 trabalhos
publicados, denotando assim uma maior preocupação em se estudar e analisar os diversos
espaços de educação musical, como comenta o prof. Dr. Luis Ricardo “O reconhecimento da
diversidade nos fez perceber que não existe uma única música e/ou sistema musical, e que,

1
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
2
Fonte: FERNANDES, José Nunes. Pesquisa em educação musical: situação do campo nas dissertações e teses
dos cursos de pós-graduação stricto sensu brasileiros (II). Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 16, 95-111, mar.
2007.
portanto, não podemos ter uma educação musical restritiva e unilateral.” (QUEIROZ, 2005,
p.60)
Narrar a trajetória do ensino da música nas igrejas evangélicas é contar um pouco da
nossa própria formação, que através da transmissão da música nas igrejas, pudemos ter
contato com ela desde a infância, uma vez que a escola básica não ofertava tal disciplina. O
Objetivo deste trabalho é descrever o processo de ensino e práticas musicais na IEADERN em
Natal - RN, no Bairro da Cidade da Esperança; através da manutenção de uma orquestra
montada por alunos provenientes deste ensino. Para alcançar este objetivo realizamos
observação participante e aplicamos entrevistas semi-estruturadas junto aos componentes do
grupo.

A música na igreja evangélica

A igreja evangélica brasileira tem demonstrado ser um dos espaços não-formais de


ensino da música, pois muitas delas tem propiciado a seus fiéis a acessibilidade ao ensino de
música, como nos afirma Profª. Drª Elizabeth Travassos:

“Um grupo numericamente expressivo de estudantes teve iniciação musical


nas igrejas protestantes e encontra nessas igrejas o principal estímulo aos
estudos. diferentemente dos ateus e membros de outras religiões, cuja
vocação musical não tem relação necessária com a religião, os protestantes
geralmente adquiriram as primeiras competências musicais nos círculos de
sociabilidade e escolas ligados às igrejas que freqüentam.” (TRAVASSOS,
1999, p. 132)

É notória a presença da música como fenômeno sonoro em quase todos os ritos


religiosos. No Brasil existem diferentes formas de cultos com heranças de nossos
colonizadores e povos de diferentes etnias. A música está presente nas liturgias desses
diversos cultos sob a forma de canto, dança e instrumentos musicais; executados
individualmente, ou em formações instrumentais e vocais diversas.
Nas igrejas evangélicas no Brasil a música faz parte da liturgia como elemento
indispensável para o culto. A formação musical dentro das igrejas evangélicas tem
impulsionado a formação de diversas orquestras, bandas diversas, coros que são responsáveis
pelo serviço dentro das próprias igrejas, e tem alimentado o mercado musical – acadêmico.
No universo de centenas de denominações evangélicas a Igreja Assembléia de Deus
tem-se destacado no cenário evangélico brasileiro notadamente pelas suas grandes formações
instrumentais, e por suas aulas de música mantidas dentro de seus templos.
No Rio Grande do Norte a Igreja Assembléia de Deus possui características similares
às práticas musicais de outras regiões do país: o ensino de música dentro das igrejas. Mais
especificamente em Natal vemos em seu templo Central no Bairro do Alecrim, a Orquestra
Filarmônica Gênesis que conta com mais de 100 componentes, tornando-se uma das maiores
orquestras evangélicas do Nordeste; onde seus componentes em sua grande maioria provém
das aulas ministradas em suas dependências. Essas práticas também se evidenciam em
algumas igrejas do Estado3.
Na cidade da Esperança, que é um Bairro localizado na Zona Oeste da Cidade do
Natal, é o primeiro conjunto habitacional do plano de construção da habitação popular da
década de 60 do governo Aluízio Alves. [...] destaca-se pela sua diversidade em movimentos
culturais 4, (C.f SILVA, 2009). Neste bairro há uma Igreja Assembléia de Deus, com
aproximadamente 600 membros. A música se faz presente na liturgia através do canto coral,
grupos instrumentais e vocais, e grupo de coreografia. Desde 1993 o ensino da Música faz
parte das atividades regulares da Igreja.

A banda de música

Por volta do ano de 1993, o pastor da referida igreja convida o mestre de banda
Edson Garcia para iniciar as atividades musicais, tendo este convidado outros dois músicos
para auxiliá-lo.
De início os alunos estudavam por cinco meses a estruturação da música, já visando
o aprendizado no instrumento musical, tendo como laboratório a banda de música que ia se
formando na medida em que os alunos iam se aprimorando na prática instrumental. Os
materiais didáticos utilizados nas aulas eram desenvolvidos pelos próprios professores, se
adequando à realidade encontrada neste contexto.

O ensino da música

A oferta de iniciação musical na igreja se fez notoriamente importante, pois na escola


básica, os alunos não puderam ter contato com esta linguagem. O que poderá ser modificado

3
Cidade de Mossoró, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Natal, entre outras.
4
Destacam-se: bandas marciais, quadrilhas juninas, grupos de capoeira, entre outros.
com o tempo com a implantação da Lei 11.769/20085, que versa sobre a obrigatoriedade do
ensino de música na escola básica.
O principal intuito em se ofertar o ensino da música, desde o início, era a formação
de um grupo musical instrumental que pudesse atender às necessidades da liturgia. Tão logo o
aluno pudesse executar seu instrumento, já era encaminhado para a prática de conjunto que
culminou na formação da banda de música.
As aulas e ensaios aconteciam no templo da igreja, ministradas pelo mestre da banda,
nos finais de semana. Os materiais usados nas aulas teóricas e práticas eram adquiridos com
recursos da igreja e por vezes do dinheiro arrecadado entre os próprios alunos, em forma de
pequena taxa mensal, prática que se estende até hoje.
Com o crescente interesse nas aulas de música e participação na banda, o número de
componentes tendeu a aumentar, e com isso, novas turmas começaram a ser formadas. Muitos
dos alunos concluintes passaram a ajudar diretamente o mestre da banda, que começa a
delegar tarefas no intuito de dirigir melhor musical e administrativamente.
Os novos monitores tornaram-se multiplicadores do conhecimento adquirido, muitos
deles começam a se especializar no Instituto de Música Waldemar de Almeida6; na Escola de
Música da UFRN, nos cursos básico, técnico, licenciatura em Música e Bacharelado. Assim
repetindo um comportamento observado pela Profª. Drª Elizabeth Travassos:

“Dentre os estudantes de música pela UNIRIO, pelo menos 21% declaram-se


protestantes de várias denominações [...]. O percentual é elevado, comparado
a outros obtidos na mesma cidade. Suspeito que para além das diferenças na
produção das diversas amostragens, o percentual que obtive em um
questionário aplicado a 157 alunos da UNIRIO, expressa a quantidade de
‘vocações’ musicais ligadas a confissão religiosa evangélica e a importância
do ministério da música nessas igrejas.” (TRAVASSOS, 2001, p. 80-81)

As aulas de instrumento, assim como a teórica eram coletivas. Os alunos tinham a


possibilidade de praticar juntos o que eles aprendiam, conforme o Prof. José Coelho comenta
“tocar junto desde o início do aprendizado proporciona a todos o desenvolvimento da
capacidade crítica de cada um de avaliar a qualidade de seu som em relação aos seus
companheiros de conjunto.” (ALMEIDA, 2004, p.24)
Nesse sentido a forma cooperativa de aprendizagem tem sido importante para a
transmissão do conhecimento musical entre os participantes, haja vista a igreja hoje ter dois
laboratórios de ensaio, a orquestra de iniciantes funciona como prática de conjunto aos alunos

5
A lei foi sancionada no dia 18/08/2008.
6
Mantido pelo Governo do Estado do RN, através da Fundação José Augusto.
que acabaram de sair da aula teórica, assim, eles tem a possibilidade de estar em contato
direto com o fazer musical, e logo que demonstrarem desenvolvimento técnico satisfatório
para integrar a orquestra principal, o aluno poderá ter novas experiências com novos
instrumentistas
Geralmente o aluno quando chegava à banda, primeiro ele entrava em contato com a
parte teórica, aproximadamente cinco meses de aula. As aulas possuíam certa sistematização
do ponto de vista da organização dos conteúdos, uma vez que o mestre da banda
confeccionava apostilas e as distribuía. A apresentação de conteúdos tinha certa linearidade, e
sempre planejada para atender a prática instrumental7.
As aulas práticas, como citado acima eram coletivas, geralmente o aluno tinha um
encontro por semana. A escolha do repertório partia do universo musical partilhado por todos:
as músicas da Harpa Cristã8. Fator esse que acelerava o processo de aprendizagem no
instrumento9. Uma vez que o repertório escolhido já era do conhecimento de todos, os ensaios
giravam em torno da parte técnica e da afinação. Curioso notar que o naipe de percussão,
desde o início, executa as peças por imitação.

A orquestra

Passados alguns anos foi percebida a consolidação do laboratório das aulas de


música, através da especialização dos alunos e monitores, aprimoramento técnico do
repertório e da sonoridade obtida.
Com o desligamento do primeiro mestre da banda, um de seus alunos assume a
administração da mesma, trazendo consigo, não só os ensinamentos do seu mestre, mas
também o conhecimento adquirido nas escolas especializadas em música, em níveis de básico,
técnico e superior. Participando da vida acadêmica musical, o novo regente percebe que a
banda pode absorver novas possibilidades sonoras, ele convida um professor de violino10
inicialmente, onde as atividades com instrumentos de corda tende a se intensificar, chegando
as violas, violoncelos e contrabaixos - (nova aquisição).
A inserção de novos instrumentos musicais possibilitou uma aproximação real da
formação de uma orquestra, tendo naipes ainda pequenos, porém em expansão contínua; a

7
O mestre anterior da banda nos forneceu os materiais, que ele à sua época, trabalhava com os alunos. (apostilas
e provas)
8
Espécie de Livro de cânticos adotado em todas as Assembléias de Deus no Brasil.
9
Semelhante as escolhas por temáticas nacionalistas de Z. Kodály, e Villa-lobos.
10
Professor proveniente da orquestra da Igreja Assembléia de Deus Central de Natal.
formação atual não dispõe de instrumentos de palheta dupla, e alguns de percussão erudita. A
Orquestra Êxodo dispõe hoje de 44 componentes fixos.
Conclusão

É cada vez mais perceptível o interesse em se pesquisar os processos de ensino da


música em contextos não-formais (Cf. FERNANDES, 2007). Especificamente, neste trabalho,
propusemo-nos a investigar as práticas educativo-musicais da IEADERN - Cidade da
Esperança. Pudemos observar, a partir da organização e análise dos dados obtidos junto a
Orquestra Êxodo, que o crescente interesse dos seus integrantes pelo fazer musical tem lhes
possibilitado a oportunidade de se especializarem em escolas formais - como em cursos
Técnicos, Licenciatura e Bacharelado em Música, bem como a profissionalização no campo
musical. Concluímos que as atividades pesquisadas, além de constituírem-se como suporte
indispensável para as práticas musicais vinculadas à liturgia, configuram-se também como
uma importante oportunidade de iniciação musical aos membros da Igreja Evangélica
Assembléia de Deus do Natal - RN.

Referências

ALMEIDA, José Coelho de. O ensino coletivo de instrumentos musicais: Aspectos históricos,
políticos didáticos, econômicos e sócio culturais. Um relato. I Encontro de Ensino Coletivo de
Instrumento Musical. Goiânia-GO, 2004

FERNANDES, José Nunes. Pesquisa em educação musical: situação do campo nas


dissertações e teses dos cursos de pós-graduação stricto sensu brasileiros (II). Revista da
ABEM, Porto Alegre, n.16, p.95-111, 2007.

IEADERN - Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Disponível em:


<http://ieadern.org.br/historia.htm>. Acesso em 08 de Ago.2009

QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. A Música Como Fenômeno Sócio Cultural. In: MARINHO,
Vanildo Mousinho; QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. (Org.). Contexturas: o ensino das artes
em diferentes espaços. João Pessoa: Editora Universitária, 2005.

SILVA, Heronilza Nascimento Castro e. Educação e Cidadania: Relato de uma Experiência.


Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/seminarios/edh/br/seduc/relato.html>.
Acesso em: 06 de Agosto. 2009

TRAVASSOS, Elizabeth. Redesenhando as fronteiras do gosto: estudantes de música e


diversidade musical. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, n.11, p.119-144, 1999.
TRAVASSOS, E. Etnomusicologia, educação musical e o desafio do relativismo estético. In:
ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 10., 2001, Uberlândia. Anais… Porto Alegre: ABEM,
2001. p.75-84.

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