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CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

PORTUGUÊS
DISCIPLINA: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL CH: 40h.
CRITÉRIOS E ORIENTAÇÕES PARA DISTRIBUIÇÃO DE
CRÉDITOS DA ETAPA (dividida em dois bimestres) PARA
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM E APROVEITAMENTO:

1º Bimestre
CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS Valor

Atividades/exercícios avaliativos diversos, em 10


grupo, dupla e/ou individual.

Práticas de Correspondências Técnicas (Apresentações 10


e Portfólio) a critério do professor.

Avaliação do 1º Bimestre/ cf. calendário acadêmico. 20

Total de pontos 40

2º Bimestre Valor

Atividades/exercícios avaliativos diversos, em 15


grupo, dupla ou individual a critério do professor.

Continuação e conclusão das apresentações 15


e Portfólio das correspondências técnicas.

Avaliação do 2º Bimestre/ cf. calendário acadêmico. 30


30

Total de Pontos 60
60

*SOMATÓRIA DA ETAPA: 100 PONTOS

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Proposta de Recuperação de créditos: Regime de suplementar

Regime de Prova suplementar: Se o aluno não obtiver 60% do total do


bimestre. Conforme orientações do regimento escolar e estatuto regulamentar.

*A frequência mínima é de 75% do total da carga horária da etapa.

Objetivos gerais e competências:

 Desenvolver competências e habilidades sociocomunicativas referentes


à sua área de profissionalização;
 Conhecer normas do código escrito, aplicando-as na legibilidade,
coerência e pertinência da mensagem escrita;
 Produzir mensagem com eficácia objetiva, clara e adequada, usando a
concordância correta e as normas ortográficas;

 Conhecer normas e especificações que compõem o conjunto: redação


técnica/correspondência oficial e empresarial;

 Reconhecer/elaborar o texto técnico (correspondência oficial e


empresarial);

PORTUGUÊS
 Perceber o texto em seus múltiplos significados e intenções;

 Conscientizar-se da importância da leitura;

 Realizar o hábito da leitura, reconhecendo-a como meio de aquisição e


fonte de prazer.

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


TEXTO DE AULA INAUGURAL
PARA ENTENDER O MERCADO DE TRABALHO

...Para quem não entende o que está acontecendo no mundo do


trabalho ou experimenta seus piores efeitos (o que ainda é a grande maioria),
tudo isso pode parecer apenas mais uma crise. Porém, a coisa não é tão
simples assim. O que presenciamos neste momento no grande “aquário” não
significa um simples modismo ou coisa passageira. É algo que veio para ficar e
mudar definitivamente a maneira como todos nós trabalhamos e vivemos. É a
consequência de uma transformação histórica, fundamental, de raiz e que já
dura algumas décadas. A introdução da tecnologia eletrônica tem determinado
uma aceleração nos meios de comunicação e nos processos produtivos,
rompendo definitivamente com todos os procedimentos e relações que
marcaram a vida de corporações e trabalhadores nos últimos trezentos anos. E
não é um movimento localizado, parcial. É global, ou seja, envolve todo o
planeta e ninguém vai ficar de fora dessa grande transformação. Tudo isso tem
criado um conjunto inesperado de circunstâncias: novas tecnologias, novos
produtos e serviços, novos consumidores, novas plataformas de negócio e
novas configurações de mercado, impactando o quotidiano de todos nós. São
mudanças profundas, capazes de desconstruir ideias, carreiras e empresas
que até então, eram consideradas sólidas.

É bem o que o visionário professor Peter Drucker previu ao afirmar


algumas décadas atrás: “Aquilo que chamamos de Revolução da Informação é
na realidade, uma revolução do conhecimento. A Revolução da Informação vai
ser semelhante à Revolução Industrial do final do século 18 e início do século
19.”.

Para entender melhor o que está acontecendo, é preciso recolher muitas


informações e depois avaliá-las com calma. Para mim, que já vivi mais de meio
século, fica um pouco mais fácil fazer as comparações necessárias e juntar as
peças desse quebra-cabeças, para ir formando uma imagem mais clara da
realidade que nos envolve atualmente. Sou do tempo do mimeógrafo a álcool e
da máquina de datilografar. Agora tenho que lidar com a impressão a laser, a
internet e o tablet. Mais que isso, curiosamente agora tenho que explicar o
resumo desta ópera e suas implicações no mercado para auditórios de
profissionais e meus alunos na faculdade. Bem, esta é talvez a missão mais
nobre para quem viu o tempo passar e não ficou apenas assistindo como
espectador passivo. Mesmo para não envelhecer por dentro, é preciso
acompanhar e analisar as transformações que vão acontecendo e não
simplesmente amoldar-se a elas.

6
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Em rápidas pinceladas, eis aqui então, algumas das características que
melhor definem a realidade atual do mundo do trabalho.

 Evolução tecnológica acelerada.


 Novos procedimentos de trabalho.
 Substituição do homem pela máquina.
 Surgimento de novas áreas de trabalho.
 Crescimento horizontal nas organizações.
 Maior produtividade com menores custos.
 Globalização do mercado.
 Extinção do modelo pirâmide nas organizações.
 Redução de emprego e crescimento do trabalho.
 Ganhos compatíveis com resultados.
 Forte tendência para a terceirização.
 Maior demanda de capacitação, qualidade e ética.

PORTUGUÊS
 Clientes mais informados e exigentes.
 Aumento da participação feminina no mercado.

NEGROMONTE, Ronaldo. Estratégias de


sobrevivência no mundo do trabalho: 10
dicas para você vender seu peixe.Belo
Horizonte: Editora Artesã, 2012.

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


COMO SER CRIATIVO

20 Maneiras de ser mais criativo:

1. Saiba que há um tesouro em sua cabeça - uma mina de ouro entre suas
orelhas. Construir um computador com as mesmas características do seu
cérebro custaria mais do que 3 bilhões de bilhões de dólares. Sabe como U$$
3.000.000.000.000.000.000,00.

2. Todos os dias escreva pelo menos uma ideia sobre estes assuntos:
como eu posso fazer meu trabalho melhor; como eu poderia ajudar outras
pessoas; como eu posso ajudar minha empresa; como posso ajudar o meu
país.

3. Escreva seus objetivos específicos de vida. Agora, carregue esta relação


no bolso, sempre.

4. Faça anotações. Não saiba sem papel e lápis ou algo para escrever. Anote
tudo, não confie na memória.

5. Armazene ideias. Coloque em cada pasta um assunto. Ideias para a casa,


para aumentar a sua eficiência no trabalho, para ganhar mais dinheiro. Vá
aumentando este banco de dados com leitura, viagens, conhecimento com
novas pessoas, filmes, competições esportivas, etc.

6. Observe e absorva. Observe tudo cuidadosamente. Aproveite o que você


observa. E principalmente, observe tudo como se fosse a última vez que você
fosse ver.

7. Desenvolva uma forte curiosidade sobre pessoas, coisas, lugares. Ao


falar e com outras pessoas faça com que elas se sintam importante. Olhe no
olho.

8. Aprenda a escutar e ouvir, tanto com os olhos quanto com os ouvidos.


Perceba o que não foi dito.

9. Descubra novas fontes de ideias. Utilize-se de novas amizades de novos


livros, de assuntos diversos e até de artigos como este que você está lendo.

10. Compreenda primeiro. Depois julgue.

11. Mantenha o sinal verde de sua mente sempre ligado, sempre aberto.

12. Procure ter uma atitude positiva e otimista. Isso ajuda você a realizar
seus objetivos.

13. Pense todos os dias. Escolha uma hora e um lugar para pensar alguns
minutos, todos os dias.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
14. Descubra o problema. Ataque seus problemas com maneiras ordenadas.
Uma delas é descobrir qual é realmente o problema, senão você não vai achar
a solução. Faça seu subconsciente trabalhar.Ele pode e precisa.Dia e
noite.Fale com alguém sobre a ideia, não a deixe morrer.

15. Construa GRANDES ideias, a partir de pequenas ideias. Associe ideias,


combine, adapte, modifique, aumente, diminua, substitua, reorganize-as. E,
finalmente, inverta as ideias que você tem.

16. Evite coisas que enfraqueçam o cérebro: barulho, fadiga, negativismos,


dietas desequilibradas, excessos em geral.

17. Crie grandes metas. Grandes Objetivos.

18. Aprenda a fazer perguntas que desenvolvam o seu cérebro: Quem?


Quando? Onde? O quê? Por quê? Qual? Como?

19. Coloque as ideias em ação. Lembre de que uma ideia razoável colocada
em ação é muito melhor que um a grande ideia arquivada.

20. Use o seu tempo ocioso com sabedoria. Lembre-se de que a maior parte
das grandes ideias, os grandes livros as grandes composições musicais, as

PORTUGUÊS
grandes invenções foram criadas no tempo ocioso dos criadores.

Apenas para confirmar que a criatividade não é um dom, mas um potencial a


ser explorado a sua volta e dentro de você, vamos ver o que grandes
inventores e pensadores escreveram sobre CRIAR:

“As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias
de que precisam e quando não as encontram, as criam.’’
(Bernard Show- Filósofo)

“Minhas invenções são fruto de 1% de inspiração e 99% de transpiração.”


(Thomas Edison - Inventor)

“As mentes são como os paraquedas; Só funcionam se estiverem abertas. ’’


(Ruth Noller - Pesquisadora da Universidade de Buffalo).

‘’As boas ideias vêm do inconsciente. Para que uma ideia seja relevante o
inconsciente precisa estar bem informado.
(David Ogilvy - Publicitário)

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Compreenda o processo criativo.

Catherine Patrick descreve as fases do processo criativo em seu livro “O que é


o pensamento criativo.”

1. Preparação: É a fase de coisa e manipulação do maior número de dado


e elementos pertinentes a um problema. Ler, anotar, colecionar,
consultar, rabiscar, cultivar sua concentração no assunto.
2. Incubação: É quando o inconsciente entra em ação e, desimpedido pelo
intelecto, elabora as inesperadas conexões que constituem a essência
da criação.
3. Iluminação: O momento da gênese da ideia, a iluminação ou a síntese
ocorre para o homem criativo em incubação nos momentos mais
inesperados.
4. Verificação: Nesta fase, o intelecto termina a obra que a imaginação
iniciou. O criador analisa, julga e testa sua ideia para avaliar sua
adequação.

PROPOSTA DE PRODUÇÃO (INTERPESSOAL)

AUTORRETRATO

Nasceu em 1892, em Quebrangulo, Alagoas.

Casado duas vezes, tem sete filhos.

Altura 1,75 m.

Sapato nº 41.

Colarinho nº 39.

Prefere não andar.

Não gosta de vizinhos.

Detesta rádio, telefone e campainhas.

Tem horror às pessoas que falam alto.

Usa óculos.

Meio calvo.

Não tem preferência por nenhuma comida.

Não gosta de frutas nem de doces.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Indiferente à música.

Sua leitura predileta: a Bíblia

Escreveu Caetés com 34 anos de idade.

Não dá preferência por nenhum dos seus livros publicados.

Gosta de beber aguardente.

É ateu. Indiferente à Academia.

Odeia a burguesia.

Adora crianças.

Romancistas brasileiros que mais lhe agradam: Manoel Antônio de


Almeida, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de
Queiroz.

Gosta de palavrões escritos e falados.

Deseja a morte do capitalismo.

PORTUGUÊS
Escreveu seus livros pela manhã.

Fuma cigarros “Selma” (três maços por dia).

É inspetor de ensino, trabalha no Correio da Manhã.

Apesar de o acharem pessimista, discorda de tudo.

Só tem cinco ternos de roupa, estragados.

Refez seus romances várias vezes.

Esteve preso duas vezes.

É-lhe indiferente estar preso ou solto.

Escreve à mão.

Seus maiores amigos: Capitão Lobo, Cubano, José Lins do Rego e José
Olympio.

Tem poucas dívidas.

Quando prefeito de uma cidade do interior soltava os presos para


construírem estradas.

Espera morrer com 57 anos.

(Disponível em: http: //www.graciliano.com.br. Acesso em 10 out. 2006).

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A Importância da leitura para o melhoramento do conhecimento da
língua portuguesa

Ler é a melhor solução

Você é o que você lê. Afinal, se tem uma fome que é insaciável é a minha
fome de ler, fome de livro. Que, aliás, tem uma vantagem sobre as outras
fomes, já que o livro não engorda. Este artigo é sobre ler. Porque para mim as
pessoas são como estantes que vão se completando a medida que empilham
na memória os livros que vão lendo. E é por isso que eu digo que quando uma
velha pessoa morre, o mundo perde uma biblioteca. Ler um livro é como ler
uma mente, é saber o que o outro pensa. O que o autor pensa. Ler é poder.
Poder construir você mesmo tijolo a tijolo. Ou livro a livro, para ser mais exato.

Você Lê? Quanto? O quê? Eu leio o que pinta. Livros, revistas, pichações,
frases de banheiro público, poesia, placa de estrada, jornal, leio Capricho. Leio
até errata. É claro que ler não é substituto para viver. Viver é uma experiência
que não se substitui com livro. Mas pode ser enriquecida com vidas que estão
neles. Também não estou dizendo que você tem medo de se colocar em
prática. Eu estou falando de praticar o lido para ficar melhor. Em tudo. Na vida,
não profissão, no papo, nas festas. Até no namoro.

Ás vezes, a gente não lê tanto quanto deveria porque não sabe o que ler.
Mas se esse é o seu caso, peça dicas. Eu sempre peço e dou. Para mim,
indicar um livro é como contar a alguém de um lugar que só eu sei onde fica.
Por exemplo, quando eu era pequeno li Sítio do Pica Pau Amarelo. Que
imaginação tinha Monteiro Lobato! Eu viajei nas histórias. Outro Livro que me
marcou foi um sobre a vida de Mayakovski, um poeta russo que viveu talvez a
época mais energética da era moderna: a revolução soviética. Ele fazia dos
cartazes de propaganda comunista uma forma de poesia. Viveu tão
intensamente quanto a poesia que escrevia. Existe, ainda, Jorge Luís Borges,
que era um gênio (dizia que publicava livros para se libertar deles), e Júlio
Cortázar. Existe Fernando Pessoa, um homem que tinha a capacidade de
escrever assumindo personalidades diferentes, chamadas de heterônimos (o
contrário de homônimos). O poeta é um fingidor. Finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente’’. Isto é Fernando
Pessoa. Caetano já cantou a pessoa de Pessoa em sua música.

12
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Outra descoberta: Ler é o melhor remédio. Exemplo: em 1990, eu e minha
namorada nos separamos. Foi o momento mais duro de minha vida. E para
não afundar, as minhas boias foram dois livros, um de Krishnamurti, um
pensador indiano, e outro chamado Alegria e Triunfo. Estou sempre comprando
livros e adoro os de frases. São frases de pessoas conhecidas, artistas,
escritores, atores. Tem coisas maravilhosas. “Se a sua vida é livre de erros,
você não está correndo riscos suficientes’’, “Amigo é um presente que
você dá a você mesmo!”, “Se você está querendo uma grande
oportunidade, procure um grande problema’’.

Existe Drummond, João Cabral de Mello Neto, Nelson Rodrigues, James


Joyce, Paul Valéry, Thomas Mann, Sartre, Shakespeare, Ítalo Calvino. Existe
romance, novela, conto, ensaio, poesia, humor, biografia. Existe livro e autor
para tudo quanto é leitor. E é por isso que para mim o analfabetismo é coisa
imoral, triste e vergonhosa. Porque ‘’se o livro é o alimento do espírito, o
analfabetismo é a fome da alma”. Uma fome que mata a possibilidade das
pessoas serem tudo que podem. “Ler ás vezes enche o saco”, ás vezes dá
sono, ás vezes dá bode. Mas resista, lute contra essa preguiça dos olhos.O
seu cérebro vai agradecer. Afinal, as respostas estão todas ali. Você só precisa
achar as perguntas.

PORTUGUÊS
Alexandre Gama

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


1) No texto, Alexandre Gama trata diretamente com seu interlocutor.

a) Qual é o pronome de tratamento usado pelo autor para se dirigir a ele?

b) Quem é esse interlocutor?

2) A linguagem usada por Alexandre Gama é adequada. Por quê?

3) Tal linguagem é adequada também ao objetivo do texto e ao interlocutor?

4) A frase inicial é: Você é o que você lê. O predicativo o que você lê é


bastante definido. Responda: Você é aquilo que você lê? Justifique.

5) O publicitário cita vários autores que considera importante.Relacione quais,


dentre os citados, você conhece ou de qual você gosta.

6) Retire do texto e copie em seu caderno a frase que você considera mais
interessante. Explique o porquê de sua escolha.

7) O autor diz que: Lê o que pinta.

a) O que ele quer dizer com essa gíria?

b) Qual é sua opinião sobre essa atitude do autor?

8) Você gosta de ler?

9) Qual é (ou quais são) seu tipo de leitura predileta?

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
LER DEVIA SER PROIBIDO

Guiomar de Grammont

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para
realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e
ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde
lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os
exemplos de Don Quixote e Madamme Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler
aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a
crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao
pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para
fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto
perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo
pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder
incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria

PORTUGUÊS
feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais
afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar
enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria


nunca o sumo bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na
maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que
deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos
para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a
invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do
que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia.


Transportam-nos a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis
e palácios de cristal. Fazem-nos acreditar que a vida é mais do que um
punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para
além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais
percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede
de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não deem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos,
podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que
fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer
guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem
estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a
repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos
seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de
uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e
organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam.
Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no
mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas leem por
razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio,
projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da
civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem
magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse
o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem
que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais
subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se


divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que
desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no
silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de
contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem do submisso.


Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros


sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e
público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz
identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e
aceitar o mundo do outro. Sim, a leitura devia ser proibida. Ler pode tornar o
homem perigosamente humano.

Referência bibliográfica : PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do


leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro. Argus, 1999. pp.71-3.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A linguagem humana

PORTUGUÊS
A nossa civilização é marcada pela linguagem gráfica.
A escrita domina nossa vida: É uma instituição social tão forte
quanto a Nação e o Estado. Nossa cultura é basicamente uma cultura
de livros. Pela escrita acumulamos conhecimentos, transmitimos ideias,
fixamos nossa cultura. Nossas religiões derivam de livros: O Islamismo
do Alcorão, escrito por Maomé, os Dez Mandamentos de Moisés foi um
livro escrito em pedra. O Cristianismo está contido em um livro: A Bíblia
é a cartilha, nosso primeiro livro escolar.
Mesmo a televisão e o cinema lançam mão dos recursos da
linguagem escrita (legenda) para facilitar a comunicação.
Na engrenagem da sociedade moderna, a comunicação escrita
senta-se em trono. São as certidões, os atestados, os relatórios, os
diplomas. O “documento é basicamente um documento gráfico, e a
simples expressão gráfica vale mais que todas as evidências. Numa
quase caricatura, podemos dizer que o atestado de óbito é mais
importante que o cadáver, o diploma mais que a habilitação.
Sem a linguagem escrita é praticamente impossível a existência no
seio da civilização. O analfabeto é uma pátria que não se comunica
com o mundo, não influi e não é influenciado.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Ao lado da linguagem escrita, mais ainda comunicação gráfica, a
linguagem dos símbolos, conduzindo o tráfico, indicando a direção dos
elevadores, prevenindo perigos, interditando praias. Em muitos casos a
própria palavra vira um signo: WC, “STOP UP”, romperam com os
limites do vernáculo e se transformaram em mensagens universais a
exemplo da seta e da flecha, das cores dos semáforos e dos sinas de
trânsito.
Depois do rádio, a primeira ameaça a esse império foi
representada pelo aparecimento das revistas e quadrinhos. A
linguagem dos quadrinhos criou uma comunicação que, muitas vezes,
para a compreensão, dispensa o próprio texto. As crianças de todas as
línguas traduzem “o zzzzzzzzzz” como uma indicação de sono, o
crasch e crack como indicadores de ruídos representado objetos
sendo quebrados, o click é o desligar do interruptor, o buum uma
explosão, o rat-tatatat uma raja de metralhadoras” . Mas o quadrinho,
ou os “comics”, são comunicação escrita, ainda que um estágio
superior ao lado da prosa linear. O quadrinho não abalou o livro, levou-
o mais cedo ao homem oferecendo às crianças e aos semiletrados a
possibilidade de letramento.

Referência: R. A. Amaral Vieira. O futuro da Comunicação. 2ª edição.


Rio de Janeiro. Edições Achiamé.

Nota: WC= water closet= banheiro, “stop up” = pare, “comics”= histórias
em quadrinhos.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Propostas de atividades :
l) Assinale as alternativas, que estão no sentido denotativo (real):
A. ( ) “O livro escolar é necessário.”
B. ( ) “...a comunicação escrita senta-se no trono”.
C. ( ) “Para qualquer documento, usa-se a linguagem escrita.”
2) A frase que está no sentido conotativo(figurado) é:
A. ( ) “As crianças gostam de ler revista em quadrinhos.”
B. ( ) “O quadrinho não abalou o livro”.
C. ( ) “As mensagens de texto via celular são muito utilizadas
atualmente.”
3)”Nossa cultura é basicamente uma cultura de livros.” Assinale a opção
que melhor explica essa afirmativa.
A. ( ) A escrita domina nossa vida.
B. ( )Várias religiões derivam de livros.
C. ( )Pela escrita acumulamos conhecimentos e transmitimos ideias.
D. ( ) O Cristianismo está contido em um livro chamado Bíblia.
4) “O atestado de óbito é mais importante que o cadáver”. Essa
crítica se explica em :

PORTUGUÊS
A) ( ) A comunicação escrita goza de privilégios especiais.
B) ( )Em nossa sociedade, os documentos valem mais que os fatos.
5) Você concorda que “sem a linguagem escrita é praticamente
impossível a existência no seio da civilização?” Justifique sua resposta.
6) Todos percebem o valor da linguagem que utilizam? Pode-se comparar
linguagem à roupas? É aceitável descuidar-se na linguagem?

Prática de oralidade
O manifesto “Amazônia para sempre” cita o nome de Chico
Mendes, que foi morto pela causa que defendia. Leiam sua declaração
postada no site do Instituto que leva seu nome:
“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras,
depois pensei que estava lutando para salvar a floresta Amazônica.
Agora percebi que estava lutando pela humanidade”.

Disponível em: <http://www.chicomendes.org.br/1> .

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Reflexão
 Anote os problemas que acontecem perto de você e que
poderiam ser amenizados pelas suas ações
 Veja o que seus amigos anotaram. Discutam sobre os
problemas que são mais urgentes e que mereceriam uma
atitude imediata
 Elejam um problema, votando naquele que julgarem importante
para escrever um manifesto.
 Anotem suas conclusões para a posterior atividade de produção
de texto.

ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR – 2014

O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014 visa a


aumentar a visibilidade da agricultura familiar e dos pequenos agricultores,
focalizando a atenção mundial em seu importante papel na erradicação da
fome e pobreza, provisão de segurança alimentar e nutricional, melhora dos
meios de subsistência, gestão dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e para o
desenvolvimento sustentável, particularmente
nas áreas rurais.
O objetivo do AIAF 2014 é reposicionar a
agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas
agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma
mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado. O AIAF
2014 vai promover uma ampla discussão e cooperação no âmbito nacional,
regional e global para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios
que os pequenos agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras
eficientes de apoiar os agricultores familiares.

O QUE É AGRICULTURA FAMILIAR?


A agricultura familiar inclui todas as atividades agrícolas de base familiar
e está ligada a diversas áreas do desenvolvimento rural. A agricultura familiar
consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal,
pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família
e predominantemente dependente de mão de obra familiar, tanto de mulheres
quanto de homens.
Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento,
a agricultura familiar é a forma predominante de agricultura no setor de
produção de alimentos.

20
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Em nível nacional, existe uma série de fatores que são fundamentais
para o bom desenvolvimento da agricultura familiar, tais como: condições agro
ecológicas e as características territoriais; ambiente político; acesso aos
mercados; o acesso à terra e aos recursos naturais; acesso à tecnologia e
serviços de extensão; o acesso ao financiamento; condições demográficas,
econômicas e socioculturais; disponibilidade de educação especializada; entre
outros.
A agricultura familiar tem um importante papel socioeconômico,
ambiental e cultural.

POR QUE A AGRICULTURA FAMILIAR É IMPORTANTE?


 A agricultura familiar e de pequena escala estão intimamente vinculados
à segurança alimentar mundial.
 A agricultura familiar preserva os alimentos tradicionais, além de
contribuir para uma alimentação balanceada, para a proteção da agro
biodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais.
 A agricultura familiar representa uma oportunidade para impulsionar as
economias locais, especialmente quando combinada com políticas
específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar das

PORTUGUÊS
comunidades.

Disponível em:
<http://www.gestaoconcurso.com.br/documentos/copasa_aux_serv_sanea
mento_cod1.pdf>
Proposta interdisciplinar: Responsabilidade social

21

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Conceituando linguagem e discurso:

A fala do personagem revela um discurso


a) Capitalista
b) Idealista
c) Otimista
d) Legalista

Outras linguagens: Charge


Outro modo de sensibilizar a opinião pública são as imagens. A charge é
um gênero quê, por meio de imagens, pode criticar fatos ou situações,
provocar o leitor a partir de crítica contundente ou expor uma atitude de
protesto, como é o caso da charge a seguir.

Observe:

ANGELI. Folha de S. Paulo 27 nov. 2011,p. A2

22
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a) Na imagem
 As ilustrações retorcidas, contundente das árvores,
personificar com expressões humanas;
 A cor de fundo escura e sombria;
 O efeito provocado pela imagem de desespero, como se as
“bocas” das árvores emitissem sons.

b) No texto verbal
“A mata urge.”
 A palavra urge parece ser um jogo com a inversão das letras
da palavra ruge que significa , emitir ruídos, voz de grandes felinos,
como o leão e o tigre.
 O verbo urgir, em sentido literal, significa ‘ser urgente’, não
admitir demora, solicitar com insistência , reclamar, exigir.

TEXTO: O TRAJE

PORTUGUÊS
Nunca nos lembramos desse nosso traje cotidiano que é a
linguagem. Muitos a usam como trapos, mas, se tomassem
consciência disso, ligeiro tentariam melhorar, caprichar, conseguir uma
vestimenta mais adequada.
Por que será que somos tão displicentes com esse instrumento tão
nosso, o que mais empregamos, aquele que até crianças e analfabetos
manejam a vida inteira?
Talvez nos tenhamos acostumado demais com ele. É
demasiadamente nosso como um braço, um olho, e nunca chegamos a
nos dar realmente conta de que esse braço é meio curto, o olho é meio
vesgo, ou míope...
Não falo na linguagem oral, nessa comunicação espontânea que
obedece a leis próprias, que vão do menor esforço à coerção social.
Falo na linguagem escrita, essa que os analfabetos não manejam, mas
que muito doutor esgrime como se não soubesse além da cartilha.
Nem precisamos procurar nos mais ignorantes. Abre-se jornal,
abre-se revista (de cultura também, sim, senhores! ) e os monstrinhos
nos saltam aos olhos.
Pontuação? Ninguém sabe. Vírgulas parecem derramadas pela
página por algum duende maluco, que quisesse brincar de fazer frases
ambíguas, pensamentos tortos, expressões esmolambadas.
Verbos? “Detei-vos”, “intervido”. “mantesse” são mimos constantes.
Não há sujeito que concorde com o verbo numa página de fio a pavio.

23

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Lá pelas tantas um ouvido deseducado, um escriba relaxado solta as
maiores heresias.
E a ortografia? Acreditem ou não, ainda agora ouço universitários e
professores afirmando que “acento, para mim não existe mais”!
Pobres alunos tão desanimados ou iludidos mestres: Lá vêm as
crianças para casa trocando acentos como os bêbados trocam as
pernas.
Todas essas pessoas: estudantes, professores, jornalistas,
intelectuais, morreriam de vergonha se fossem apanhados em público
de cuecas ou trapos. Mas, olhe lá, a linguagem escrita de muita gente
boa por aí não vai além de uma tanguinha de Adão, e muito mal
colocada ...deixa de fora à mostra um bom pedaço de vergonha.

Referência: Lya Lufty. Matéria do Cotidiano. Porto Alegre.


Grafosu/IELRS, 1978.

ESTUDO DO TEXTO:
1) Entre parênteses há dois sinônimos para cada palavra do texto.
Sublinhe-os:
cotidiano (linha 12) : (diário, eventual, habitual)
displicente(6): (desleixados, negligentes, cuidadosos)
manejam(8): (empregam, utilizam, envolvem)
espontânea(16): artificial,comum, natural)
coerção(17): ( liberdade, coação, controle)
esgrime(19): (maneja, briga, utiliza)
duende(26): ( fantasma, assombração, professor)
ambíguas(27): (precisas, dúbias, confusas)
esmolambadas(28): (diferentes, esfarrapadas, rotas)
mimos(30) : (primores, oferendas, erros)
escriba(32): ( escrevinhado, aluno, mau escritor)
heresias(33): (disparates, contrassenso, verdades)

2) O que significa a expressão “de fio a pavio”?

3) O que é utilizar a linguagem como trapos?

24
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PESQUISA
INIMIGOS DA NORMA CULTA

PRINCIPAIS VÍCIOS DE LINGUAGEM:

PORTUGUÊS
AMBIGUIDADE ou ANFIBOLOGIA : É a possibilidade de uma
mensagem admitir mais de um sentido. Acontece com a má
organização dos termos na frase.

Anedotinhas

De manhã, o pai bate na porta do quarto do filho:


— Acorda, meu filho. Acorda, que está na hora de você ir para o
colégio.
Lá de dentro, estremunhando, o filho respondeu:
— Ai, eu hoje não vou ao colégio. E não vou por três razões: primeiro,
porque eu estou morto de sono; segundo, porque eu detesto aquele
colégio; terceiro, porque eu não aguento mais aqueles meninos.
E o pai responde lá de fora:
— Você tem que ir. E tem que ir, exatamente, por três razões: primeiro,
por que você tem um dever a cumprir; segundo, porque você já tem 45
anos; terceiro, porque você é o diretor do colégio.
(Anedotinhas do Pasquim. Rio de Janeiro: Codecri, 1981. p. 8.)

Ex: Como vai a cachorra de sua mãe? (Que cachorra? A mãe ou a


cadela criada pela mãe).

25

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


BARBARISMO, PEREGRINISMO OU ESTRANGEIRISMO: É o uso
de palavras, expressão ou construção estrangeira no lugar de
equivalente vernácula.
Ex: “Comeu um roast-beef.” (anglicanismo) , o mais adequado seria
“comeu um rosbife.”

Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=36024>

PROLIXIDADE: É a comunicação com o excesso de palavras,


sinônimo da concisão.
Ex.: “Gostaria de dizer, antes de mais nada, que estarei firme no meu
propósito.”
PLEBEÍSMO: Geralmente utiliza-se palavras de baixo nível como
gírias . É tido como um vício exacerbado e inaceitável.
Ex: “Tá ligado nas quebradas, meu chapa.”
CACOFONIA OU CACÓFATO: È um som desagradável ou obsceno,
formado pela articulação ou união de palavras contíguas.
Ex: “Vou- me já, pois estou em cima da hora.”
SOLECISMO: É uma inadequação na estrutura sintática na frase com
relação à gramática normativa do idioma.
Tipo1) Quanto à concordância:
Ex.: “Fazem três anos que não vou ao médico.” ( O correto é dizer:
“Faz três anos que não vou ao médico.”).
Tipo 2) Quanto à regência:
Ex.: “Eu namoro com Fernanda.” ( O correto é dizer: “Eu namoro
Fernanda.”).
Tipo 3) Quanto á colocação:
Ex.: “Me parece que ela ficou contente”. (O correto é dizer: “Parece-me
que ela ficou contente.”).

26
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PLEONASMO: Geralmente é considerado uma figura de linguagem.
Mas uma repetição inútil ou desnecessária de termos em uma frase é
considerado um vício de linguagem.
Ex.: “Ele vai ser o protagonista principal da peça”.

PORTUGUÊS
Disponível em: <http://let006.blogspot.com.br/2011/09/figuras-de-
linguagem.html>

GERUNDISMO:
Uso excessivo do gerúndio (forma nominal terminada em ando, endo
indo), prejudicam a clareza da mensagem como “falam mal” de quem
usa.
Ex.: “Senhor, vou estar transferindo sua ligação.”

NUNCA DIGA ...


Á nível de: Porque está ligado a parâmetros de comparação de
atitude entre mar e terra. O correto é dizer “ Em nível de”.
Ir de encontro a: Não implica uma concordância, mas uma colisão. Ir
de encontro significa chocar, bater, trombar.

27

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


*Pesquisa e estudo da Publicação Pampulha de abril /2007.
*Gabriela Cabral da Equipe Brasil Escola.

Disponível em: <http://luiz33.wordpress.com/2007/10/07/sobre-o-


gerundismo/>

Sobre a REFORMA ORTOGRÁFICA

UM PEQUENO HISTÓRICO SOBRE A REFORMA

Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola,


São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e
posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o acordo foi aprovado pelo Decreto
Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995. Mas a gramática é diferente. Iniciou-
se em 1990, passando a valer no Brasil somente agora a partir de 2009.
Acordo ortográfico assinado em Lisboa entre países lusófonos. Estima-se que
apenas 0,5% das palavras do português sofreram o Acordo Ortográfico.

Conhecendo Nova Ortografia

*Alfabeto composto de 26 letras: abcdefghijklmnopqrstuvwxyz

1) Não existe trema em língua portuguesa. Escrevemos:


agüentar,conseqüência,cinqüenta,qüinqüênio,freqüência,freqüente,elequência,
elequente, arguição,pinguim,tranquilo, linguiça.

2) Toda palavra paroxítona terminado em ditongo aberto ( ei,oi,) não são


mais acentuadas: Assembléia, platéia, idéia, colméia, bóia, paranóia, jibóia,
apoio, heróico.

28
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3) Não acentuemos os hiatos: (“ ee ,oo”):

Crêem,dêem,lêem,vêem. (credeleve) e enjôo,vôo,corôo, perdôo.

4) Não existe mais o acento diferencial para palavras homógrafas.

Para (verbo), pela (verbo ou substantivo)

Pelo (substantivo), pera (substantivo)

Observe que o único a manter o acento será “pôde” (na 3ª pessoa do pret.
perf. do indicativo) e no verbo “por”para diferenciar da preposição ‘por’.

Não acentua mais a letra “u” nas formas verbais rizotônicas,quando precedido
de ‘g’ ou ‘q’ e antes de ‘e’ ou ‘i’ (gue,que,gui, qui) . Observemos: argui,
apazigúe, averigúe, enxágüe, enxagüemos, obliqúe.

Não se acentua mais ‘i’ e ‘u’ tônicos em paroxítonas quando precedidos de


ditongo. Veja: baiúca,boiúna, feiura

PORTUGUÊS
Emprego do hífen: hifenização

Compostos como Cor de vinho, a vontade, abaixo de, fim de semana, café com
leite, sala de jantar, cartão de visita, pão de mel, cão de guarda,

Agora observe as exceções (consagradas pelo uso): água-de-colônia, pé-de-


meia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, ao-Deus-dará, queima-roupa, cor-de-
rosa.

Qual a regra se segue? Antessala, autorretrato, antirrevolucionário, antirrugas,


arquiromântico, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento,
minirrádio, ultrassom, minirrestaurante.

Agora observe bem: hiper-requitando, hiper-requisitado, inter-racial, inter-


relação, inter-regional, super-racional, super-realista, super-resistente.

Descubra a regra para: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem,


autoescola, autoinstrução, autoestrada, contraexemplo, contraindicação,
contraordem, extraescolar, extraordinário, extraoficial, infraestrutura, antiaéreo,
antiamericano, socioeconômico, semiaberto, semiembriagado.

Observe o porquê do hífen. Anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-


herbáceo.

29

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Assim se escreve: ex-marido , ex-senador, vice-presidente, vice-governador,
ex-namorado, circum-navegador, pan-americano, pré-natal, pro-
desarmamento, pós-graduação, pró-afro, pré-história, pré-escolar, além-mar,
além-fronteiras, aquém-oceano,recém-nascidos,recém-casados, sem–número,
sem-teto, anti-inflamatório, anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-
infeccioso,semi-integral, arqui-inimigo, micro-ondas, micro-orgânico, micro-
ônibus.

Agora observe bem... hiper-requitando, hiper-requisitado, inter-racial, inter-


relação,inter-regional, super-racional, super-realista, super-resistente, mal-
estar, mal-humorado, mal-entendido,mal-educado, bem - quisto, bem-estar,
bem – casados , bem-nascido.

Bem-vindos! Bien vindos! Welcome.

Objetivamos aproximar culturas, colocar fim nas diferenças de grafias entre os


países que tem Português como língua oficial. Fim de diferenças entre o
português lusitano do brasileiro, por exemplo. Assim, podemos ler autores de
Moçambique sem dificuldades com a grafia.

Língua, uma convenção social, com regras e leis combinatórias para se


respeitar. Mais de 80%dos falantes de português do mundo moram no Brasil.

Países que falam língua portuguesa além do Brasil: (São Tomé e Príncipe,
Cabo verde, Moçambique, Portugal,Guiné-Bissau, Angola). Na Ásia está em
Goa e Timor-Leste.

OBS.: DISPONIBILIZAMOS PARA VOCÊ UM ENCARTE ESPECIAL


e DESTACÁVEL PARA CONSULTAS NO FINAL DA APOSTILA.
SUGERIMOS PLASTIFICAÇÃO.

30
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Releituras de Carlos Drummond de Andrade

Aula de português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada

PORTUGUÊS
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

ESTUDO DE PALAVRAS:

1) Dê o sinônimo para as palavras ou expressões destacadas ou tente


explicar seu significado:
2)
a) Ai mordi a ponta da língua! Que dor!
b) Naquela época eu sabia as capitais da Europa na ponta da língua.
c) Nós, brasileiros, falamos a língua portuguesa.
d) O motorista irresponsável atropelou a criança e fugiu.
e) Ele estava tão nervoso que as palavras se atropelavam em sua fala.
f) Os juízes determinaram o sequestro dos bens do ex-presidente.
g) Terroristas fanáticos planejaram o sequestro do avião.

2)Observe:
O Rio Amazonas é um dos maiores do mundo.
Sentido próprio ou denotativo aquele em que a palavra aparece apenas com
um sentido.

31

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O garoto desmatava o amazonas da sua ignorância.
Sentido figurado ou conotativo aquele em que a palavra aparece com um
sentido diferente do que lhe é próprio, usual.

Identifique os trechos de linguagem denotativa ou conotativa:


a) “Você é o meu caminho, /Meu vinho, meu vício, /Desde o início estava
você. /Meu bálsamo benigno, /Meu signo, meu guru...” (Caetano Veloso)
b) No jogo de ontem, Biro-Biro comeu a bola.
c) “Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa, murmurou de
cima de si que não era feio que os meninos de quinze anos andassem
nos cantos com as meninas de quatorze”. (Machado de Assis)
d) O escritor Rubem Braga nasceu em 1913.
e) “Buscou no amor o bálsamo da vida”.
f) Não encontrou senão veneno e morte”. (Manuel Bandeira)
g) Até hoje não me conformo com sua morte.

3) Empregue as palavras abaixo em frases dando a elas sentido denotativo


e conotativo.Veja:
Os cachorros uivavam a noite / O vento uivava na noite.

a) Caminho:
b) Trevas:
c) Nuvem:
d) Colheita:
e) Asas:
f) Suavidade:

Proposta de redação:

Você vai preparar um texto dissertativo sobre o atual ensino brasileiro. Procure
ler sobre o assunto e ouvir a opinião de algumas pessoas. Realize uma
entrevista com alguém da área.
Antes de escrever, procure responder às seguintes questões:
1) Que importância tem o sistema de ensino dentro de um país?
2) Quais são os aspectos positivos do ensino atual?
3) Quais são os aspectos negativos do ensino atual?
4) No Brasil, há escolas oficiais e particulares. Comente esse fato. Não
esqueça: Cite a rede particular e a pública.
5) Quais seriam as causas da atual situação do ensino?
6) Quais serão as consequências da atual situação?
7) Seria possível melhorar a situação do atual sistema de ensino? Como?
8) Qual sua ideia final, sua conclusão sobre o assunto?

32
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
9) Transforme suas respostas em um texto dissertativo, organizando suas
ideias da seguinte maneira:
 Introdução: respostas à questão 1.
 Desenvolvimento: respostas às questões 2, 3, 4, 5 e 6.
 Conclusão : respostas às questões 7 e 8.

OS PLURAL? ONDE ESTÃO OS PLURAL?

Você caminha por uma rua tranquila da cidade e, ao passar pela porta do
restaurante de aparência simpática, não pode deixar de reparar na placa que
anuncia “refeições caseira”. Um pouco adiante, sua aula prática de concordância
ganha um novo colorido: um vendedor anuncia, pelo alto falante do velho caminhão,
“frutas fresquinha”, “morangos maduro” e “quatro caixa de caqui por oito real”.

Se uma associação de ideias o remeter imediatamente ao grande palco da


temporada da política em Brasília, não será mera coincidência: também na CPI dos
Correios o s final sucumbiu ao que se pode considerar a nova moda de tornar as
palavras absolutamente invariáveis, sem levar em conta se designam uma, duas,
cinco ou 10 unidades.

Poupemos os nomes, já que este comentário, nem de longe, pretende engrossar as

PORTUGUÊS
fileiras do denuncismo. Mas, como ficar insensível diante de joias linguistas como
“pessoas vinculada ao partido”, “nas últimas campanha”, “as regiões mais carente,
mais distante dos grandes centro” “os militante”, “os partido de base aliada”, “nos
escritório dos Correio”, “esses detalhe”?

No começo, você pensa que ouviu mal, que não estava prestando a atenção devida.
Por isso, apura os sentidos. Aí vem a surpresa: a linguagem não se altera.
Intimamente, você pergunta-se, a exemplo do que ocorreu com muitas outras
pessoas: como é possível? Afinal, nas 10 ou 15 horas de depoimentos e perguntas
de cada sessão da CPI, cruzam-se as vozes de deputados, senadores, dirigentes de
partidos, secretárias de altos empresários.

Para dizer o menos, trata-se de pessoas para que a linguagem constitui importante
forma de comunicação, de expressão ou de convencimento. Em maior ou menor
grau, frequentaram boas escolas (presume-se), tiveram acesso aos diversos níveis
de ensino formal, muitas até exibem um anel universitário. Como admitir, então,
tamanho descaso com o idioma?

Engana-se quem pensa que tudo se limitou a enunciar ou não um s no fim das
palavras. A concordância também não escapou incólume desse escapamento
verbal: “Indiquei x nomes. Esses nomes foi pra cá ou pra lá.”/ “A Senhora tem tudo
pra fazer que seja reparado os danos cometidos.”/ “O que me traz à CPI é alguns
assuntos como...”. E os casos clássicos do gênero, claro, dificilmente ficariam
ausentes: “Haviam muitos problemas a resolver”, “houveram casos que eu não
gostaria de mencionar”, “faziam dois anos que eu vinha alertando os dirigentes”, “já
fazem 10 horas que estamos reunidos e nada se resolver até agora”.

33

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O nervosismo do momento pode justificar um ou outro erro ocasional, é evidente,
mas não, depois de horas de depoimento, pronúncias como “probrema”, “craro”,
“Pranarto”, “recramações”, “habeas corpio”, “seje”, “esteje”, “areoporto”, etc. Como
se vê, infelizmente, não é apenas de honestidade e lisura no trato dos recursos
públicos que o país está precisando.

ATIVIDADE

1) Compare estas duas orações abaixo:


(1) Os políticos cometem graves erros de concordância .
(2) O poeta transgrediu as regras de concordância .

Nesse contexto, qual a diferença entre o uso das palavras erros e transgrediu?

2) Porque o autor transgrediu as regras de concordância nominal no título do


texto?
3) Como você observou, em nossa sociedade, as pessoas estão
constantemente sendo avaliadas pela sua forma de falar. Por uma questão de
preconceito, costuma-se chamar de erro a variedade da língua falada por
pessoas de baixo nível social, econômico e cultural. Quando uma pessoa
pertence a uma classe social mais elevada usa uma variedade diferente da
culta, geralmente se diz que ela cometeu um “deslize”. De que forma o autor
revela essa visão preconceituosa de nossa sociedade?
4) Ao dizer que “a linguagem constitui importante forma de comunicação,
de expressão ou de convencimento” para os que frequentaram boas
escolas, o autor não atribui aos pequenos comerciantes a mesma função da
linguagem. Você concorda com ele? Justifique sua resposta.
5) De que forma o autor constatou que não se tratava de “um ou outro erro
ocasional”?
6) Como você pôde perceber, todos os exemplos, os quais o autor ironicamente
chama de “joias linguísticas”, são da linguagem oral. Em sua opinião, se
essas pessoas estivessem dando um depoimento por escrito, usariam o
mesmo nível de linguagem? Explique.
7) Identifique no texto os exemplos de “erros” de concordância NOMINAL e
reescreva-os corrigindo:
8) Identifique no texto os exemplos de “erros” de concordância VERBAL e
reescreva-os corrigindo .
9) Você se considera uma pessoa que comete “erros” ou que já sabe como
transgredir as regras de língua portuguesa? Explique.

34
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O VALOR DO BOM PORTUGUÊS

Falar e escrever bem ajuda na hora que arrumar emprego, conseguir promoção e
até para conquistar namorado ou namorada. Mas não vá exagerar na dose e virar
um patrulheiro da língua, porque geralmente “pega mal”.

É BOM FALAR O BOM PORTUGUÊS


Falar e escrever bem é importante na hora de conquistar um namorado ou
namorada.Mas sem exagerar!
“Eu gosto de escrever e sempre me correspondo com meus amigos, através de e-
mail. Assim, conheço muitas pessoas por esse meio de comunicação. Uma vez,
conversei por escrito com um rapaz que escrevia bem, tinha um texto inteligente,
irônico mas correto, sedutor. Fiquei muito impressionada. Pena que “ao vivo”.
Não correspondia à boa conversa. O namoro foi um desastre; sem graça! Já
namorei também um garoto que escrevia muito mal, um texto desorganizado, com
muitos erros. Não aguentei e corrigi seus erros pela internet.

Resultado: Ele se ofendeu e o namoro acabou. Saber escrever demonstra cultura,


conhecimento, mostra que a pessoa quer evoluir. “ Sou chata, não gosto de ouvir ou
ler verbos mal conjugados e palavras empregadas errado.”
( Luana, recepcionista)

PORTUGUÊS
“DISPENSEI UM FUNCIONÁRIO QUE ESCREVIA MAL”
“Há um mês atrás, mandei embora um funcionário da área administrativa porque ele
escrevia e falava muito mal. Ele tinha sérias dificuldades com a língua portuguesa.
Errava ortografia, concordância, não percebia que os documentos eram formais e
exigiam textos organizados e corretos. Sua função era escrever relatórios a clientes
e, para isso, a clareza e a correção gramatical são imprescindíveis.
Eu observo que conhecer bem a língua, atualmente, é uma necessidade, e por isso,
exijo isso de meus funcionários. Não adianta querer fazer um cursinho rápido para
aprender a escrever bem. A formação e o ensino se alicerçam em muitos anos de
estudo. Quem não dá importância a uma boa formação e não cultiva o hábito de
leitura vai enfrentar sérias dificuldades para trabalhar. Um dos requisitos para admitir
uma pessoa como funcionária da minha empresa é apresentar uma boa redação.”
( Pedro Luís, empresário)

a) Quais são as semelhanças e as diferenças entre os depoimentos de Luana e Pedro?


b) Escreva no caderno um argumento a favor e uma crítica aos dois depoimentos.
c) Qual a sua opinião sobre o assunto?

Você observou que, em determinadas situações, é necessário utilizar a linguagem


culta, a norma padrão. É o que as pessoas costumam chamar de “português
correto”. Não é adequado chamar a “língua padrão” de “português correto”, porque
todas as linguagens, todos os falares são corretos, dependendo da situação em que
estão inseridos.

35

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A língua culta ou norma padrão é aquela usada, geralmente, em textos escritos,
documentos, jornais, televisão, revistas e nas situações de comunicação entre
pessoas cultas. É valorizada porque saber usá-la dá certo poder ao falante em
determinadas situações: arrumar um emprego, escrever uma dissertação científica,
etc.

Os períodos a seguir foram retirados de produções de alunos. Identifique os


problemas de ortografia, concordância, ou significado e redija uma proposta de
correção.
a) “O nosso ambiente ele estava muito estragado e muito poluído por causa que os
outros não zela o ar puro.”
b) “O serumano no mesmo tempo no mesmo tempo que constrói também destrói, pois
nóis temos que nos unir para realizar parcerias”.
c) “Vamos mostrar que somos semelhantemente iguais”.
d) “Morrem queimados e asfiquiciados”.
e) “Hoje endia a natureza..”.
f) “O maios problema da floresta Amazonas é o desmatamento dos
peixes”.

Manifesto 2.0 - por uma sociedade mais colaborativa

Estamos descobrindo maneiras melhores de organizar a sociedade em todas as


suas instâncias, através da colaboração, utilizando as ferramentas interativas que a
Internet proporciona. É preciso reunir pessoas, através de uma mesma visão, que
pensam, a partir de um novo paradigma para acelerar a implantação desse novo
ponto de vista. Através desta visão queremos valorizar e desenvolver:

 O uso criativo da rede digital para ajudar a resolver problemas complexos;


 A ampliação da participação de todos os cidadãos, como condição para a
efetiva democratização institucional, informacional, econômica e cultural.

36
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 A aproximação entre as pessoas para promover diálogos, utilizando os meios
mais adequados a cada contexto, sejam eles presenciais ou digitais.

Princípios do Manifesto 2.0

1. Disseminar e debater que a Internet faz parte de uma revolução informacional e


comunicacional.
2. Disseminar e promover diálogos a partir do entendimento que esta mudança não
é tecnológica, mas informacional, pedra fundamental de uma nova civilização mais
compatível com uma superpopulação mundial e a complexidade que tal cenário
impõem à nossa espécie;
3. Disseminar e debater que tal revolução do ambiente informacional trará mudanças
significativas e profundas na gestão da sociedade e que é preciso agir com
sabedoria, rapidez e eficiência para a ampliação dos benefícios coletivos para
reduzir os possíveis sofrimentos que tais mudanças radicais trarão ao mundo;
4. Que as mudanças significam democratização paulatina institucional, econômica e
informacional de todas as sociedades, através de uma nova forma de gerar valor
para a humanidade mais colaborativa, dinâmica e inovadora;
5. Buscar um novo modelo de compartilhamento dos lucros, em novas empresas
que gerem valor para a sociedade, respeitando os seres vivos, incluindo seus

PORTUGUÊS
clientes e colaboradores;
6. Sugere-se uma nova plataforma aberta de governo, onde os dados serão de
acesso público e a sociedade poderá usá-los de forma a acompanhar o que está
sendo feito e a customizar o uso, gerando aplicativos que possam beneficiar tanto o
próprio povo, quanto o governo, aproximando assim os dois lados interessados nas
políticas aplicadas àquele contexto;
7. Defesa de escolas que adotem o uso das ferramentas digitais de informação e
comunicação dentre outras estratégias educacionais para desenvolver competências
e habilidades de leitura e escutas críticas, do diálogo, da capacidade de lidar com a
diversidade sem preconceitos, da construção coletiva de conhecimentos e criação
de soluções colaborativas para os desafios complexos do mundo no qual vivem;
8. Tais alterações significam compreender a necessidade do compartilhamento
aberto e livre de ideias, através de novas formas criativas de remuneração, seja a
distância ou no presencial;
9. Sugere-se a todos que assinem esse manifesto que sejam estimulados a se
aprofundar cada vez mais em ferramental teórico e prático sobre esse novo
ambiente, a fim de promover tais alterações, procurando, o máximo possível,
coerência entre discurso e ações, em direção a um mundo mais colaborativo,
estimulados por Gandhi "Seja a mudança que você quer ver no mundo";
10. Sugere-se ainda promover ações que minimizem a compulsão informacional que
gera ansiedade, alienação, pouco significado e, portanto, repetição de modelos e
não mudanças;

37

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


11. Sugere-se a formação de iniciativas na rede ou fora dela, para promoção de
ações de todo tipo baseados nesse manifesto, que deve ser aprimorado, a partir da
discussão e da prática;
12. Que este manifesto sofra melhorias permanentes por aqueles que o apoiam.

Proposta interdisciplinar: Responsabilidade social

38
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
TEXTO : DE OLHO NO LIXO

Você já reparou na quantidade de lixo que produz todo dia? Por mais cuidado
que a gente tenha, sempre surgindo migalhas de pão, potes vazios, cascas de
banana, papéis, restos de borracha, e outros .... Fabricamos lixo o tempo todo.

Até hoje não conseguimos um jeito de evitar que isso aconteça. E o curioso é
que, quanto mais industrializado é um pais, maior é a quantidade de lixo que ele
produz.A história do lixo é tão antiga quanto a humanidade. Só que havia menos
gente e eram jogados fora basicamente restos de comida e materiais orgânicos.

As pessoas moravam em cavernas e, quando a caça diminuía, simplesmente


se mudavam. O lixo, formado de sobras de alimentos ia se decompondo com o
passar do tempo. O problema da sujeira foi aumentando com a civilização e também
com o surgimento das grandes cidades.

Pelo que se sabe, a Roma antiga foi uma das primeiras a enfrentar o
problema, pois tinha muitos habitantes. Os romanos despejavam o lixo e o esgoto
nos rios, onde os resíduos eram dissolvidos pela correnteza e carregados para o
mar.

Depois, na Idade Média, nos povoados que existiam na região que hoje é a

PORTUGUÊS
Europa, o lixo se acumulava nas ruas e facilitava a transmissão de doenças. Mais
tarde, as cidades cresceram e ganharam sistemas de esgoto e novos reservatórios
de água, o que ajudava a manter a higiene e a limpeza. Mas a população e a
produção de lixo foram aumentando.

PROBLEMA SÉRIO

No século 20, a quantidade de lixo aumentou muito e o assunto virou


preocupação mundial. Com o avanço da tecnologia, todo mundo passou a usar
materiais como plástico, isopor, lâmpadas, e pilhas, que começaram a fazer parte do
lixo e a poluir a natureza. Além disso, há toneladas de detritos produzidos pelas
fábricas, que jogam toneladas de sujeira nos rios e mares todos os dias.

Segundo os estudiosos só no Brasil cada um de nós fabrica mais de 300


quilos de lixo por ano. São 25 mil quilos de lixo durante a vida toda!

E a gente começa cedo, pois desde bebês usamos fraldas descartáveis e


produtos em potinhos que depois serão jogados fora. Resultado: com apenas uma
semana de vida, já produzimos uma pilha de lixo equivalente a quatro vezes nosso
tamanho.

39

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Uma das saídas para dar fim à sujeira é fazer coleta seletiva, ou seja, recolher os
materiais separadamente, o que facilita o seu reaproveitamento. Através da
reciclagem. Além disso, é importante reciclar papel, plástico e vidro e construir
usinas geradoras de energia elétrica que usam o lixo como combustível. O legal é
que todos podem e devem ajudar! Esse papel participativo é para todo cidadão
responsável.

Texto Publicitário do Circuito Cultural da Praça


Liberdade

Documentário indicado: Lixo Extraordinário

TEXTO E INTERPRETAÇÃO

SUPERMERCADOS: AS CATEDRAIS DO CONSUMO

Numa sociedade onde ninguém quer engordar, o crescimento dos supermercados é


um tanto contraditório. A febre de emagrecimento deveria beneficiar o
desenvolvimento de pequenas quitandas e não desses monstruosos templos de
consumo. Acontece que o esforço para manter-se magro nasceu exatamente na
esteira dos supermercados. O homem atual vive imprensado entre os dietéticos e os
supermercados. Mais um pouco, e será impossível reviver a dupla do Gordo e o
Magro. Quando muito, conseguiremos uma dupla formada pelo Gordo e o Menos
Gordo.

É difícil fugir ao irresistível apelo dos supermercados. É nele que o homem satisfaz a
todas as necessidades de consumidor. A primeira intenção de quem entra num
supermercado é comprar tudo. Um conhecido meu, consumidor consagrado, já
confessou que seu maior desejo é poder se atirar sobre as prateleiras, abrir pacotes,
latas e caixas de biscoitos, queijo, compotas, doces e ficar ali esparramado,
comendo até sair pelos ouvidos.

Os proprietários têm consciência dessa compulsão e arrumam suas mercadorias de


forma a poder deixar o consumidor como eles, proprietários, quando chegaram ao
Brasil, ou seja, de tanga. Curiosamente, a alimentação deixou de ser uma simples
necessidade para tornar-se um complicado sistema de “marketing” e pesquisa. Hoje,
a gente nem sempre compra o que quer. Compra-se o que eles querem vender.
Vocês sabem, por exemplo, por que o açúcar é colocado no fundo dos
supermercados? Porque o açúcar é um artigo comum a todos, e ficando no fundo
obriga o consumidor a passar por várias outras seções antes de encontrá-lo. E
nessa passagem pode comprar mais alguma coisa. Para escapar a esse risco, há
uma solução: entrar pela porta dos fundos.

40
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A colocação dos artigos nas prateleiras é matematicamente calculada. Os que têm
saída certa ficam embaixo. Os de venda difícil são colocados à altura dos olhos. Dos
olhos e principalmente das mãos. E há ainda as embalagens, feitas de forma a atrair
o consumidor. Tem muita gente que só compra pela embalagem, tem gente que
ainda faz pior. Só come a embalagem.

As últimas pesquisas demonstram que os homens já estão se equiparando às


mulheres na frequência aos supermercados. Revelam ainda que eles vêm
mostrando um talento incrível para donas-de-casa. Os homens são os melhores
fregueses nas chamadas compras de impulso - termo que surgiu com o
supermercado - que são aquelas que não se coloca na lista. Você chega lá, olha
para a mercadoria, verifica quanto tem no bolso e depois se justifica: “Vou comprar
só desta vez para experimentar”. As pesquisas assinalam ainda que nas compras o
impulso ocorre da classe média para cima. Abaixo da classe média, diminui
sensivelmente. Até mesmo porque, se houvesse impulso, não haveria dinheiro.

Na zona Sul o que mais se vende é o enlatado. Os artigos de toucador não saem
muito. O cidadão da zona sul não dorme de touca. Na zona norte, em primeiro lugar
vem os artigos de primeira necessidade, em segundo os de segunda necessidade e
em terceiro os de quarta necessidade. Os supermercados ainda não vendem os de
terceira necessidade.

PORTUGUÊS
Ao todo, os supermercados cariocas vendem 80 por cento dos artigos
comercializados. E eu fico aqui pensando como sobreviviam nossos antecessores
sem supermercados. Aliás, por que não instalam mais supermercados no nordeste
para que o pessoal também possa comer melhor? Em São Paulo a proporção é
menor que no Rio. Ainda assim, o Jumbo, da cadeia do Pão de Açúcar, oferece
quase 70.000 tipos de produtos. Os supermercados praticamente têm de tudo.
Alguns tem até desabamento.

Os supermercados transformaram os hábitos de venda. Terminaram com os


vendedores. O que foi melhor pra eles. Com menos gente vendendo, sobra mais
gente pra comprar. E como se compra! Positivamente, isto aqui não é uma
sociedade de lazer. Por enquanto, é do comer. Sem os vendedores, acabaram as
conversas e as pechinchas. O supermercado é um dos poucos lugares onde não se
pode dizer não à inflação. Não tem a quem.

A única figura disponível para uma conversinha é a caixa. Mas seu trabalho diário
batendo alucinadamente naquelas teclas da registradora, já as transformou em
verdadeiros autômatos. As caixas falam por números. Alguns sociólogos explicam
que a presença de toda a família é a forma de exercitar a conversa. Outros admitem
que a família se reúne para ir a um supermercado porque a família que compra
unida continua unida. A grande maioria dos estudiosos, porém, prefere acreditar que
o supermercado seja um programa tão atraente quanto um circo ou um parque de
diversões. É também no supermercado que os garotos tiram as frustrações do
automóvel, dirigindo os carrinhos de compras.
41

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Os garotos gostam tanto de dar trombadas no alheio que, no ano passado, quando
minha irmã perguntou ao filho o que ele queria de Natal, ele respondeu : um carrinho
de supermercado.

Há horários em que os carrinhos – com ou sem garotos - congestionam


completamente os corredores. Já era tempo de colocar guardas de trânsito pelas
esquinas dos supermercados para evitar batidas, engarrafamentos e principalmente
que as madames larguem os carrinhos no meio do corredor para ir buscar seu feijão
do outro lado. (Carlos Eduardo Novaes)

1- “Alguns sociólogos explicam que a presença de toda a família é a forma de


exercitar a conversa” De acordo com os sociólogos:
a) A comunicação em família, no lar, esta cada vez mais difícil.
b) O supermercado oferece maiores condições para as amizades.
c) O supermercado facilita a conversa, porque evita as discussões.
d) O silencio dos supermercados favorece o entendimento dos homens.
e) A troca de ideias quanto às compras no supermercado, estabelece maior
compreensão ente os familiares.

2- A única afirmativa CORRETA, de acordo com o texto é:


a) As compras de impulso são mais comuns entre as mulheres.
b) Os supermercados são verdadeiros circos e parques.
c) As compras de impulso estão sujeitas à disponibilidade de dinheiro.
d) Os nossos antepassados não se alimentavam bem pois não dispunham
de supermercados.
e) A instalação de supermercados no nordeste resolveria os problemas de
fome naquela região.

3- De acordo com texto a única alternativa FALSA é:


a)Os supermercados não favorecem o combate a inflação.
b)A classe média sempre se beneficia com as compras de impulso.
c)A família reunida nos supermercados dá expansão as suas conversas.
d) A ausência de vendedores nos supermercados evita o decréscimo no
preço das mercadorias.
e) As compras de impulso raramente ocorrem abaixo da classe média, por se
tratar de pessoas de minguado poder aquisitivo.

4- A única passagem que não denota ironia é:


a) “ ( ) Alguns tem até desabamento.”
b) “ ( ) ... comendo até sair pelos ouvidos.”
c) “ ( ) ... ele respondeu: um carrinho de supermercado
d) “ ( ) E os de venda difícil são colocados à altura dos olhos”
e) “ ( ) ... a família que compra unida continua comendo unida”

42
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5- De acordo com o texto lido, compras de impulso são uma particularidade de :

a) Donas de casa sem lista de compras;


b) b) Maridos tentando colaborar com a prática do supermercado;
c) c) Crianças desmioladas e sem controle dos pais;
d) d) Donas de casa consumistas;
e) e) Irmãos mais velhos e sem juízo.

6- A assertiva abaixo que confirma o poder de oferta em 100% é:


a) Os supermercados praticamente têm de tudo. Alguns têm até
desabamentos.
b) A única figura disponível para uma conversinha é o caixa.
c) O Jumbo, da cadeia do Pão de Açúcar, oferece quase 70.000 tipos de
produtos.
d) Na zona sul o que mais vende é enlatados.
e) O Nordeste carece de supermercados.

Suporte: Jornal

PORTUGUÊS
Propaganda a ser limitada

É grande a força do lobby de cervejarias, TVs e agências de propaganda.


Mais uma vez, conseguiu evitar que a publicidade de cervejas fosse equiparada à
das demais bebidas alcoólicas e proibida das 6h às 22h.

O projeto de lei do Executivo restituindo um pouco de lógica à legislação que


regula a propaganda de álcool estava pronto para ser votado. Mas um acordo entre
parlamentares e governo conseguiu retirar a urgência da proposta, que agora fica
sem prazo para ir ao plenário. A julgar pelos precedentes, isso dificilmente ocorrerá
antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, ou quem sabe da Copa de 2014.

Em termos de saúde pública e ciência, não há justificativa para tratar a


publicidade de bebidas alcoólicas de qualquer gradação de forma diversa da do
tabaco, que é vedada quase totalmente.

O álcool é uma droga psicoativa com elevado potencial para provocar


dependência. Estudo da Organização Mundial da Saúde atribui ao abuso etílico
3,25% das mortes ocorridas no planeta (cerca de 1,8 milhão de óbitos anuais).
Metade delas tem como causa doenças, e a outra metade, ferimentos. No Brasil,
dados da Secretaria Nacional Antidrogas (2005) apontam que 12,3% da população
entre 12 e 65 anos pode ser considerada dependente.

Não se trata de proibir o consumo de álcool, mas esses números deixam claro, por
outro lado , que ninguém deveria ser estimulado a beber. A propaganda é uma
atividade legítima para a esmagadora maioria dos produtos e serviços existentes. O
caso das drogas lícitas é uma exceção. A Constituição Federal, em seu artigo 220,
prevê restrições a esse tipo de publicidade. 43

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Não faz, portanto, sentido a campanha que a Associação Brasileira de Publicidade
mantém desde o final de abril afirmando que a restrição à publicidade de cervejas
teria o mesmo efeito que proibir “a fabricação de abridores de garrafa”.

Louvar as virtudes reais ou imaginárias de abridores de garrafa não costuma


levar jovens a consumir quantidades crescentes de drogas psicotrópicas. Já a
propaganda de cerveja o faz.

(Folha de São Paulo, 11/05/2008.Licenciado por Folhapress.)

1) Qual é o tema abordado pelo editorial?

2)Por que esse tema estava sendo debatido no Brasil naquele momento?

3) Segundo o texto qual é o motivo de esse projeto não ter sido votado e entrado
em acordo?

4) Coloque (F) para falso e (V) para verdadeiro:

( ) O editorial tem uma estrutura geralmente simples. Apresenta a tese (que


apresenta o ponto de vista do jornal), o desenvolvimento do tema através de
argumentações e conclusão .

( ) Um editorial precisa necessariamente apresentar argumentos consistentes.

( ) Esse gênero privilegia a impessoalidade.

( ) A conclusão geralmente apresenta uma síntese das ideias expostas para a


solução do problema abordado.

5) Segundo o editorial, a votação do Projeto de lei não ocorrerá antes dos Jogos
Olímpicos de Pequim ou da Copa de 2.014. Por que o jornalista deduz isso?

6) Cite quais são as principais características do editorial? Considere a finalidade


do gênero, perfil dos interlocutores, suporte ou veículo, tema, estrutura e
linguagem.
44
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
7) Quais são os principais interessados em manter na mídia a publicidade das
cervejarias?

8) Explique o último parágrafo do texto.

9) Comente o trecho sublinhado no texto.

10) O texto nos remete a uma realidade combatida todos os dias. O que
recentemente foi proposta de redação do ENEM./2013. Comente sobre a Lei Seca

PORTUGUÊS
no Brasil. (Parágrafo dissertativo).

TEXTO I

PAPOS

_ Me disseram...

_Disseram-me.

_Hein?

_O correto é “disseram-me”. Não, “me disseram”.

_Eu falo como quero. E te digo mais ... ou é “digo-te?”- O quê?

_Digo-te que você ...

_O “te” e o “você” não combinam.

_ Lhe digo?

_Também não. O que você ia me dizer?(...)

_Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.

_Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?


45

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


_Pois esqueça-o e para-te.Pronome no lugar certo é elitismo!

_Se você prefere falar errado...

_Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?

_No caso. Não sei.

_Ah! Não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?

_Esquece.

_Não. Com “esquece” ? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou


“esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.

_Depende.

_Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesse. Mas não sabes-


o.

_Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.

_Agradeço-lhe a permisão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais
dizer-lo-te o que dizer-te-ia.

_Por quê?

_Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

VERÍSSIMO.Luís Fernando, Comédias para se ler na escola. RJ. 2001.

Questões

1) Uma das estratégias do narrador, no desenvolvimento da história, é explorar a


contradição de um dos personagens. Retire do texto um exemplo dessa estratégia.

2) No texto de Luís Fernando Veríssimo, um dos personagens critica o uso dos


pronomes oblíquos falados por outro personagem. Sobre o texto, pode-se afirmar
que: (0.5)

A) O autor quis criticar a gramática normativa sobre o uso dos pronomes.

B) Os dois personagens do texto são intransigentes quanto ao uso da norma padrão


da língua.

C) Um dos personagens acha inaceitável o uso da mesóclise durante um papo.

D) O dois personagens conhecem bem as regras de uso de colocação pronominal.

46
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
E) O autor, em forma de zombaria, critica o uso da norma padrão em situação de
oralidade.

3) “... Pronome no lugar certo é elitismo!”. RELACIONE norma padrão e elitismo.


(1.0)

4) As construções “Matar-lhe-ei-te” , “sabes-lo”, “ Ensines-lo-me” e “esqueci-


lo” não existem em português, nem na norma culta e muito menos na norma
popular. No texto, portanto, elas têm uma função especial, que é: (0.5)

A) Demonstrar que as regras de colocação pronominal são irrelevantes.

B) Identificar as características do personagem: ele é chato e gosta de parecer


elitista.

C) Ironizar o falso conhecimento que o outro personagem tem das regras de


colocação pronominal.

D) Satirizar as pessoas que falam errado.

PORTUGUÊS
E) Provocar um efeito de humor com as dificuldades do personagem.

5) O texto de Luís Fernando Veríssimo é uma crônica ficcional que tem como
finalidade demonstrar que: (0.5)

A) A boa comunicação depende da colocação pronominal.

B) Cada pessoa tem o direito de usar a língua como bem entender.

C) A preocupação excessiva com a gramática pode prejudicar a comunicação.

D) As regras de colocação pronominal são muito difíceis.

E) O aprendizado das regras gramaticais é muito importante.

47

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Http://cargocollective.com/ricardosantiago/jamoto

TEXTO II: “As motos Flex da Honda emitem menos gás carbônico e são mais
econômicas na hora de abastecer. A natureza agradece. O seu bolso também.”

Disponível em: <http://cargocollective.com/ricardosantiago/jamoto>

6) RELACIONE o símbolo “CO” com a palavra “ECONOMIZE” no plano da


divulgação.

7) Para anunciar a marca a uma postura ecológica, o anunciante se vale de


certas estratégias.

I. Associação do símbolo do dióxido de carbono ao principal apelo da mensagem


Economize.
II. Argumentação a favor da diminuição da emissão de gás carbônico.
III.Utilização da frase: “A natureza agradece” , que enaltece o anunciante.
IV.Emprego do enunciado. “No trânsito, somos todos pedestres”.
Estão corretas, apenas a alternativa...

A) I , III, IV
B) I, II, III
C) I, II, IV
D) II, III, IV
48
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A era da falta d'água

Uma previsão catastrófica marca o colapso da água no mundo para o ano 2025. Foi
dada a largada para a corrida em busca de soluções. Veja o que se pode fazer para
não entrarmos pelo cano.

Por Claudio Angelo, Mariana Mello e Maria Fernanda Vomero colaboraram Mônica
Rentschler, de Tóquio, e Daniel Blumenthal, de Jerusalém Se você se comove
quando vê imagens como esta, melhor recolher as lágrimas e guardá-las. Vai piorar.
O velho pesadelo dos ambientalistas de que as reservas mundiais de água doce vão
entrar em colapso em algum momento do século XXI nunca esteve tão próximo de
virar realidade. Um estudo das Nações Unidas divulgado este ano prevê que 2,7
bilhões de seres humanos - 45% da população mundial - vão ficar sem água no ano
2025. O problema já afeta 1 bilhão de indivíduos, principalmente no Oriente Médio e
norte da África.

Daqui a 25 anos, Índia, China e África do Sul deverão entrar na estatística.

"Nesses lugares, as reservas deverão se esgotar completamente", alerta o autor do


estudo, o geólogo Igor Shiklomanov, do Instituto Hidrológico Estatal de São
Petersburgo, Rússia.

PORTUGUÊS
O precário abastecimento d'água desses lugares vai falir por vários motivos. "Nos
últimos cinquenta anos, a população mundial triplicou e o consumo de água
aumentou seis vezes", sintetiza o ecólogo paulista José Galizia Tundisi, do Instituto
Internacional de Ecologia. Com a população cresce também a agricultura, a
atividade humana que mais consome o líquido. "Os países em desenvolvimento vão
aumentar seu uso de água em até 200% em 25 anos", disse Shiklomanov à SUPER.

Gente demais já basta para tornar a situação aflitiva em um terço do planeta. Para
piorar, a saúde dos rios - as principais fontes de água doce da Terra - está piorando.
Metade dos mananciais do planeta está ameaçada pela poluição e pelo
assoreamento. Só a Ásia despeja anualmente em seus cursos d'água 850 bilhões de
litros de esgoto. E cada litro de sujeira num rio inutiliza 10 litros da sua água. "A
humanidade sempre tratou a água como um recurso inesgotável", explica o
hidrogeólogo Aldo Rebouças, da Universidade de São Paulo (USP). "Estamos
descobrindo, da pior forma possível, que não é bem assim."

As previsões são turvas, é verdade. Só que não estamos inexoravelmente


condenados a entrar pelo cano. Os mananciais degradados podem ser despoluídos.
Novas técnicas de tratamento cada vez mais reutilizam a água do esgoto em países
desenvolvidos. Melhoraram, bastante, as condições técnicas e econômicas para a
exploração de fontes alternativas, como a dessalinização da água do mar.

E nem só processos caros e sofisticados oferecem soluções para a crise.

49

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


É o caso da remota vila de Baontha-Koyala, no noroeste da Índia. Seus habitantes
não tinham uma gota d'água para beber até meados da década de 80. No final dos
anos 90, recuperaram seus lençóis subterrâneos e o principal rio da região voltou a
ter água. O que fizeram? Simples. Cavaram poços no quintal das casas para
recolher água de chuva. É o óbvio. Mas ninguém havia feito antes. O exemplo serve
para o Nordeste brasileiro. É só usar a cabeça.

A propósito do texto:

1- Copie as principais informações de cada parágrafo. Lembre-se de que nem todos


os períodos que formam os parágrafos apresentam informações essenciais. Agora,
responda:

a. Qual é o principal fato transmitido pelo texto?


b. Qual é a sua causa?
c. Quais são as consequências desse fato?

2 - Sabendo que eco – significa “causa, meio ambiente”, hidro- significa “água”,
geo – terra, e logo “ o que estuda”, tente explicar o que fazem um hidrogeólogo e
um ecólogo. Há, no quarto parágrafo, algumas expressões que jornalistas usam
com objetivo de aproximar-se do leitor. Transcreva-as e explique por que elas foram
estrategicamente escolhidas para falar do assunto em questão.

3- Substitua as palavras em destaque por sinônimos:


a. “... as reservas mundiais de água doce vão entrar em colapso em algum
momento do século XXI ...”
b.“O precário abastecimento d’água desses lugares vai falir”
c. “ A humanidade sempre tratou a água como um recurso inesgotáveis...”
d.“Só que não estamos inexoravelmente condenados a entrar pelo cano.”

50
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4- Com base na tirinha, qual das ações apresentadas é avaliada NEGATIVAMENTE
PORTUGUÊS
pelo personagem, em decorrência da seca?
a. Cutucar o nariz
b. Olhar o céu azulão
c. Ver ipês floridos
d. Usar umidificador

51

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5- A tirinha abaixo foi dividida em três quadros:

Qual das alternativas apresenta um trecho de uma musica que corresponde


CORRETAMENTE ao quadro indicado entre colchetes?

a) “A vida aqui só é ruim / Quando não chove no chão / Mas se chover, dá de


tudo / Fartura tem de porção”. (Luiz Gonzaga) – [Correspondente ao quadro
2]
b) “Fogo, fogo de artifício / Quero ser sempre o menino / As estrelas deste
mundo , Xangô / Ai, São João, Xangô menino” (Caetano Veloso)–
[Correspondente ao quadro 3]
c) “Olha pro céu, meu amor! / Veja como ele esta lindo ! / Olha para aquele
balão multicor /Que La no céu vai sumindo!” (Luiz Gonzaga) – [Corresponde
ao quadro 2]
d) “Ver a terra rachada, amolecendo / A terra antes pobre, enriquecendo / O
milho pro céu apontando / O feijão pelo céu enramando!” (Gonzaga Jr)
[ Corresponde ao quadro 1]

52
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
DETALHES

O velho porteiro do palácio chega em casa, trêmulo. Como sempre que tem baile no
palácio, sua mulher o espera com café da manhã reforçado. Mas desta vez ele nem
olha para a xícara fumegante, o bolo, a manteiga, as geleias. Vai direto à
aguardente. Atira-se na sua poltrona perto do fogão e toma um longo gole de
bebida, pelo gargalo.
___ Helmuth, o que foi?
___ Espera, Helga. Deixa eu me controlar primeiro.
Toma outro gole de aguardente.
___ Conta, homem! O que houve com você? Aconteceu alguma coisa no baile?
___ Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos com
convite, tudo direitinho. Sempre tem, é claro, o filhinho de papai sem convite que
quer levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não tem conversa. De
repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda de ouro. Puxada
por três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! De dentro da carruagem,
salta uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparo para barrar a entrada dela
porque mulher desacompanhada não entra no baile do palácio. Mas essa dona tão
bonita, tão sei lá, radiante, que eu não digo nada e deixo ela entrar.
___ Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos com

PORTUGUÊS
convite, tudo direitinho. Sempre tem, é claro, o filhinho de papai sem convite que
quer levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não tem conversa. De
repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda de ouro. Puxada
por três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! De dentro da carruagem,
salta uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparo para barrar a entrada dela
porque mulher desacompanhada não entra no baile do palácio. Mas essa dona tão
bonita, tão sei lá, radiante, que eu não digo nada e deixo ela entrar.
___ Bom, Helmuth. Até aí...
___ Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pela
escadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço na porta do
palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que desce pela escadaria,
correndo. Ela perde uma sapato. E o príncipe atrás dela.
___ Bom, Helmuth. Até aí...
___ Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pela
escadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço na porta do
palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que desce pela escadaria,
correndo. Ela perde uma sapato. E o príncipe atrás dela.
___ O príncipe?
___ Ele mesmo. E gritando para mim segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!” Me
preparo para segura-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhado de um
clarão. Me viro e...
___ E o quê, meu Deus?
O porteiro esvazia a garrafa com um último gole.
___ Você não vai acreditar.
___ O príncipe?

53

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


___ Ele mesmo. E gritando para mim segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!” Me
preparo para segura-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhado de um
clarão. Me viro e...
___ E o quê, meu Deus? 186
O A tal carruagem. A de ouro. Tinha se transformado numa abóbora.
___ Numa o quê?
___ porteiro esvazia a garrafa com um último gole.
___ Você não vai acreditar.
___ Conta!
___ Eu disse que você não ia acreditar.
___ Uma abóbora?
___ E os cavalos em ratos.
___ Helmuth...
___ Não tem mais aguardente?
___ Acho que você já bebeu demais por hoje.
___ Juro que não bebi nada!
___ Esse trabalho no palácio está acabando com você, Helmuth. Pede para ser
transferido para o almoxarifado.

VERÍSSIMO, L. F. O analista de Bagé. 100. ed. Porto Alegre: L&P Editora.

Pronomes de Tratamento para serem observados em correspondência técnica


observando abreviaturas

54
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Observando abreviaturas

PARTE II

CORRESPONDÊNCIA TÉCNICA.(Proposta do portfólio)

Correspondência é uma forma de comunicação escrita estabelecida ente


pessoas para tratar de assunto particulares , empresariais ou oficiais.

PORTUGUÊS
As correspondências oficiais e empresariais obedecem a certos parâmetros
técnicos e por isso recebem o nome de correspondências técnicas, sendo objeto
deste estudo.

Nota: A correspondência técnica exige: objetividade, concisão, clareza, elegância ,


coerência,cortesia, tudo isso amparado pela correção linguística e pela simplicidade
de estilo.

ORIENTAÇÕES PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS:

1.CAPA

2.FOLHA DE ROSTO

3.DEDICATÓRIA

4.AGRADECIMENTOS.

5.SUMÁRIO

6.INTRODUÇÃO

7.DESENVOLVIMENTO

8.CONCLUSÃO

9.BIBLIOGRAFIA

55

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


1.CAPA : É a primeira folha do trabalho e tem como objetivo protegê-lo. Deve conter
dados do(s) autores e título. Pode trazer ilustrações.

2.FOLHA DE ROSTO: Apresenta o(s) nome(s) do(s) autor(es), o título, local e ano.
Deve conter informações sobre a apresentação do trabalho (nome da disciplina, do
professor orientador e da escola).

3.DEDICATÓRIA OU AGRADECIMENTO: São partes opcionais do trabalho. O


agradecimento é feito a pessoas que ajudaram diretamente na execução do
trabalho. A dedicatória é livre.

4.SUMÁRIO/SUMARIZAÇÃO: Enumeração dos capítulos e subdivisões,


apresentados na mesma ordem e grafia com que aparecem no texto. O sumário
corresponde ao esquema elaborado para desenvolvimento do trabalho.

5.INTRODUÇÃO: É a apresentação ou exposição do trabalho. É a parte na qual se


situa o leitor diante do assunto que irá ler, mencionando os principais itens e
traçando os objetivos.

6.DESENVOLVIMENTO: É a parte na qual se desenvolve o assunto a ser tratado . É


onde expomos os itens inicialmente destacados, analisando-os detalhadamente.

7.CONCLUSÃO: É a síntese do trabalho, onde expomos uma opinião crítica do


assunto tratado.

8. BIBLIOGRAFIA: Registro dos documentos consultados escrito em ordem


alfabética por sobrenome do autor.

PROPOSTA PRÁTICA: Elaboração de uma capa / folha de rosto e dedicatória


acerca de um assunto da escolha do aluno.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS

Para a apresentação de todos os trabalhos acadêmicos são adotadas as


recomendações de padronização e formatação contidas na NBR 14724 (ABNT,
2005).

1. Papel

A digitação deverá ser em papel branco, formato A4 (21,0 cm X 29,7 cm), sempre no
anteverso (frente) das folhas, tendo como única exceção a folha de rosto, onde,
opcionalmente, deve ser colocada no verso a ficha catalográfica do trabalho.

56
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2. Capa

PORTUGUÊS

57

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Elemento obrigatório: A capa deve conter centralizada na folha:
 Nome da Instituição (fonte 14)
 Autoria (fonte 14)
 Título do trabalho (fonte 16)
 Subtítulo se houver (fonte 14)
 Cidade da publicação (fonte 14)
 Ano (fonte 14)

3. Folha de rosto

3.1.2 Folha de rosto


Elemento obrigatório
Autor: Nome do autor completo, centrado no alto da folha de rosto,
margem vertical de 3,0 cm (fonte 14).
Título: Centro da página (fonte tamanho 16), quando houver subtítulo
separar por dois pontos e usar ( fonte 14) para o subtítulo.
Notas de apresentação: Tabulação: 7 tab – tamanho da fonte: 10
Local:Cidade da instituição onde deve ser apresentado: (fonte 14)
Ano de depósito: Entrega ( fonte 14)

4. Sumário

Elemento obrigatório identificado pela palavra “sumário”, escrita em letras


maiúsculas e centrado. Obedece à margem mínima de 3,0 cm.

Os títulos de partes ou capítulos são indicados em letras maiúsculas e


apenas a inicial maiúscula para os títulos das subdivisões dos capítulos e
partes.

Os itens ou elementos pré-textuais (anteriores ao texto) não devem fazer


parte do sumário. Deve ser colocado como último elemento pré-textual
(antes do texto da pesquisa)

58
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os indicativos das seções devem ser alinhados à esquerda.

5. Texto
5.1. Fonte

PORTUGUÊS
Arial ou Times New Roman
Escolhidas a fonte, ela deverá ser utilizada para todo o trabalho, incluindo
notas de rodapé, citações e titulações.
Tamanho: 12
Cor: Automática
O tamanho da fonte deverá ser 12 para o desenvolvimento do texto, 10
para citações longas (mais de três linhas), paginação, notas de
ilustração, rodapé e outras notas e 14 para títulos. A impressão do trabalho
deverá ser em cor preta. Somente poderão ser utilizadas cores para as
ilustrações.

5.2. Parágrafo
Parágrafo – o texto inicia-se a 2,0 cm da margem esquerda e não deve dar
espaço entre um parágrafo e outro.
Menu formatar – Parágrafo – Recuo – Especial de primeira linha – 2,0
cm

59

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5.3. Espaçamento entre linhas

O texto de todo o trabalho deve ser digitado com espaçamento entrelinhas 1,5 (um e
meio). As citações longas e as notas de rodapé deverão ser digitadas com
espaçamento simples nas entrelinhas, dentro do corpo do trabalho.

Fora do corpo do trabalho, as referências bibliográficas, a ficha catalográfica, as


legendas de ilustrações, as tabelas e a nota de apresentação da folha de rosto
deverão ser digitadas com espaço simples.

Menu formatar – Parágrafo - Espaçamento – entre linhas – 1,5

5.4 Paginação e margem

Menu arquivo - configurar página

Superior e esquerda = 3 cm

Inferior e direita = 2 cm

Numeração da página

Para o trabalho acadêmico, todas as folhas a partir da folha de rosto devem ser
contadas. A numeração deve ser feita com algarismos arábicos, sempre no canto
superior à direita da folha, a 2,0 cm da borda superior e da borda direita. Em
trabalhos com mais volumes, deve ser mantida a numeração sequencial das
páginas.

60
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.5 Títulos das seções e subseções
Os títulos das seções e subseções devem ser separados do texto por dois
espaços de 1,5 cm de entrelinhas, tanto do texto anterior quanto do texto posterior.
Não se pode usar pontuação no final do título da seção ou subseção.

PORTUGUÊS
6. Ilustrações ( Figuras ou fotos), gráficos e tabelas
Deverão ser inseridos sempre em uma caixa de texto

7. Referências
Elemento obrigatório. É um conjunto de elementos que permitem a
identificação de publicações, no todo ou em parte. Esses elementos podem
ser essenciais ou complementares e são extraídos do documento que
estiver sendo referenciado. Os elementos essenciais são informações
indispensáveis à identificação do documento e, quando necessário, vêm
acrescidos de elementos complementares (informações acrescentadas para
melhor caracterizar os documentos).
Ao final do trabalho, as identificações de todas as fontes efetivamente
utilizadas na realização do trabalho serão organizadas em uma lista
alfabética denominada “referências”.

61

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Dica
O embasamento teórico é muito importante para realizar o trabalho
acadêmico e ser considerado científico. Assim, as obras consultadas devem
fazer parte das referências bibliográficas, pois, sem elas, o trabalho perde o
caráter científico.

Bibliografias para internet


Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Glicemia. Acesso em 20/08/2013
ás 15:03h.

62
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 Martins, D. Silveira, ZilberKnop, L. Scliar.Português Instrumental São Paulo:


Atlas, 2009

 Cegalla, Domingos Paschoal .Novíssima Gramática da Língua Portuguesa -


Novo Acordo Ortográfico - 48ª Nacional Ed. 2009

 Ferreira,Mauro.Aprender e Praticar Gramática/Mauro Ferreira. Ed.Renovada São


Paulo:FTD.2007

 NEGROMONTE, Ronaldo. Estratégias de sobrevivência no mundo do


trabalho: 10 dicas para você vender seu peixe. Belo Horizonte: Artesã, 2012. 208 p.

 GRAMÁTICA: texto, reflexão e uso/ Willian Roberto Cereja, Thereza Cochar

PORTUGUÊS
Magalhães. - 3.ed. reform -São Paulo : Atual ,2008

 MARCUSHI, L. A. Gêneros textuais; constituição e práticas sociais. São Paulo;


Cortez, (no prelo)

 SCHNEUWLY, B. E DOLZ, J. Os gêneros escolares – das práticas escolares


aos objetos de ensino. Revista Brasileira de Educação 11:5-6,1999.

 ABAURRE, Maria Luiza M .Português: contexto,interlocução e sentido/Maria


Luiza Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre, Marcela Pontara_São Paulo:Moderna,
2008

63

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


64
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PORTUGUÊS

65

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Imagem publicada no periódico do Colégio Edna Roriz

66
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

MATEMÁTICA
APLICADA
Sumário
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 70

2 CONJUNTOS..................................................................................................................71
2.1 Conceitos de conjuntos.......................................................................................................................................... 71
2.1.1 Conjunto vazio:............................................................................................................................................. 71
2.1.2 Subconjuntos:............................................................................................................................................... 71
2.1.3 Pertinência:.................................................................................................................................................. 72
2.1.4 Igualdade:.................................................................................................................................................... 72
2.1.5 Desigualdade:.............................................................................................................................................. 72
2.1.6 Complementar:............................................................................................................................................ 72
2.2 Operações entre conjuntos:.................................................................................................................................. 73
2.2.1 Diferença de conjuntos :............................................................................................................................... 73
2.2.2 União de Conjuntos:..................................................................................................................................... 74
2.2.3 Intersecção de Conjuntos:........................................................................................................................... 74

3 CONJUNTOS NUMÉRICOS............................................................................................. 75
3.1 Conjunto dos números naturais (IN).....................................................................................................................75
3.2 Conjunto dos números inteiros (Z)....................................................................................................................... 76
3.3 Conjunto dos números racionais (Q).................................................................................................................... 76
3.4 Conjunto dos números irracionais....................................................................................................................... 77
3.5 Conjunto dos números reais (IR).......................................................................................................................... 77
LISTA DE EXERCÍCIOS - CONJUNTOS........................................................................................................................ 78

4 NÚMEROS DECIMAIS...................................................................................................... 81
4.1 Frações Decimais................................................................................................................................................... 81
4.2 Numeração decimal..............................................................................................................................................82
4.2.1 Números Decimais.......................................................................................................................................82
4.2.2 Leitura dos números decimais....................................................................................................................83
4.2.3 Transformação de números decimais em frações decimais.......................................................................86
4.2.5 Decimais equivalentes.................................................................................................................................86
4.2.6 Comparação de números decimais............................................................................................................. 87
4.3 Operações com números racionais decimais.......................................................................................................88
4.3.2 Subtração.....................................................................................................................................................88
4.3.3 Multiplicação..............................................................................................................................................89
4.3.4 Divisão.........................................................................................................................................................90
4.3.6 Raiz Quadrada.............................................................................................................................................95
4.3.7 Expressões Numéricas................................................................................................................................96
LISTA DE EXERCÍCIOS – NÚMERO DECIMAL.............................................................................................................. 97

5 MEDIDAS: COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, CAPACIDADE E MASSA................................. 99


5.1 Sistema Métrico Decimal......................................................................................................................................99
5.1.1 Medida de Comprimento..............................................................................................................................99
5.1.2 Medida de Superfície ou Área.................................................................................................................... 102
5.1.3 Medida de Volume...................................................................................................................................... 103
68
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.1.4 Medida de capacidade................................................................................................................................ 104
5.1.5 Medida de Massa........................................................................................................................................ 105
LISTA DE EXERCÍCIOS - MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, CAPACIDADE E MASSA......................... 106

6 REGRA DE TRÊS............................................................................................................109
6.1 Regra de três simples.......................................................................................................................................... 109
6.2 Regra de três composta.......................................................................................................................................113
LISTA DE EXERCÍCIOS REGRA DE TRÊS.....................................................................................................................115

7 PORCENTAGEM.............................................................................................................. 117
7.1 Razão centesimal..................................................................................................................................................117
LISTA DE EXERCICÍOS - PORCENTAGEM.................................................................................................................. 119

8 JUROS SIMPLES.............................................................................................................122
LISTA DE EXERCÍCIOS – JUROS SIMPLES................................................................................................................. 124

9 PROGRESSÃO................................................................................................................125
9.1 Progressão Aritmética........................................................................................................................................ 125
9.2 Progressão Geométrica...................................................................................................................................... 127

MATEMÁTICA APLICADA
9.2.1 Cálculos do termo geral............................................................................................................................ 127
9.2.2 Soma dos n primeiros termos de uma PG................................................................................................. 128
9.2.3 Soma dos termos de uma PG decrescente e ilimitada.............................................................................. 128
LISTA DE EXERCÍCIOS – PROGRESSÃO.................................................................................................................... 129

10 INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA........................................................................................130
10.1 População e amostra..........................................................................................................................................131
10.2 Médias de tendência central............................................................................................................................. 132
10. 2.1 Média aritmética simples....................................................................................................................... 132
10.2.2 Média ponderada..................................................................................................................................... 132
10.2.3 Moda......................................................................................................................................................... 133
10.2.4 Mediana.................................................................................................................................................... 133
10.3 Medidas de dispersão........................................................................................................................................ 134
10.3.1 Variância................................................................................................................................................... 134
10.3.2 Desvio-padrão......................................................................................................................................... 134
LISTA DE EXERCÍCIOS – INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA........................................................................................... 135

Salário 69
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................................... 140

ANEXOS 1.........................................................................................................................141

69

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


1 INTRODUÇÃO

“A educação é um ato de amor e, portanto, um


ato de coragem. Não pode temer o debate, a
análise da realidade; não pode fugir à discussão
criadora, sob pena de ser uma farsa.” Paulo
Freire

Este material serve como introdução aos conceitos matemáticos,


adequando-se às necessidades dos alunos da UTRAMIG.
Nele estão conteúdos dos níveis básico e intermediário da matemática,
dos ensinos fundamental e médio. Os pontos, aqui abordados, fazem parte de
um grupo de requisitos necessários à ascensão nos cursos oferecidos pela
unidade.
Este material tem por objetivo oferecer subsídios e conhecimento
básicos aos alunos que deles necessitam, a modo de proporcionar aos
discentes a base matemática para prosseguir em seus estudos. Estes
conteúdos auxiliarão no manuseio e dosagem de substâncias, além de,
proporcionar uma visão crítica na interpretação de exames e diagnósticos.
O material contém as definições matemáticas de uma maneira clara e
objetiva, exemplos e uma série de exercícios de fixação.

CARGA HORÁRIA TOTAL DA DISCIPLINA: 40 AULAS


DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 1º BIMESTRE

ATIVIDADES PONTUAÇÃO

Critério do Professor 20 pts

PROVA BIMESTRAL 20 pts

2º BIMESTRE

ATIVIDADES PONTUAÇÃO

Critério do Professor 20 pts

Feira da Matemática 10 pts

PROVA BIMESTRAL 30 pts

70
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2 CONJUNTOS

A noção de conjunto e bastante simples e fundamental na matemática,


pois a partir dela podem ser expressos todos os conceitos matemáticos.

Um conjunto é uma coleção qualquer de objetos. Por exemplo:

 Conjunto dos estados da região sudeste do Brasil:

S= {São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo}

 Conjuntos dos números primos:

B= {2,3,5,7,11,13...}

2.1 Conceitos de conjuntos

2.1.1 Conjunto vazio:

MATEMÁTICA APLICADA
É um conjunto que não possui elementos. O conjunto vazio é
representado por { } ou . Uma propriedade contraditória qualquer pode ser
usada para definir o conjunto vazio.

Exemplos: {x/ x é um número natural ímpar menor do que 1} =

Pois não há número natural ímpar menor do que 1.

2.1.2 Subconjuntos:

Quando todos os elementos de um conjunto A qualquer pertencem a


outro conjunto B, diz-se, então, que A é um subconjunto de B, ou seja A B.
Observações: O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer
conjunto, ou seja
Exemplos : A= { 1,2,3,4,5,6,7} B= {1,2,3,4,5,6,7,8,9,10}
Podemos dizer que o conjunto A e um subconjunto do conjunto B.
Pois o conjunto A B.

71

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2.1.3 Pertinência:
a A ( lê-se: a pertence ao conjunto A)
a B ( lê-se: a não pertence ao conjunto B)

Exemplos: A={0,1,2,3,4,5,6,7,...} temos,

3 A e -3 A

2.1.4 Igualdade:

Dois conjuntos são iguais quando possuem os mesmos elementos.

A=B ( lê-se: conjunto A igual ao conjunto B)

Exemplos: A={1,3,5} e B= {x/x é ímpar, positivo, menor que 7}

Então temos A=B.

2.1.5 Desigualdade:

Dois conjuntos são diferentes quando existe pelo menos um elemento


que pertence a um dos conjuntos e não pertence ao outro.

A≠B ( lê-se: conjunto A diferente do conjunto B)

Exemplos: A={9,11,13,...} e B= {x/x é ímpar, positivo, maior ou igual a 7}

Então temos A ≠B.

2.1.6 Complementar:

O conjunto complementação de B em relação a A é dado por, CAB= A-B


(condição B A).

CAB ( lê-se: complementar de B em relação a A)

Exemplo: A= {-4,-3,-2,-1,0} e B={-2,-1,0}, temos

CAB= {-4,-3}

72
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
SÍMBOLOS

: pertence : implica que

: não pertence : se, e somente se

: está contido : existe

: não está contido : não existe

: para todo (ou qualquer que


: contém
seja)

: não contém : conjunto vazio

/ : tal que

MATEMÁTICA APLICADA
2.2 Operações entre conjuntos:

2.2.1 Diferença de conjuntos :

Dados os conjuntos A e B , define-se como diferença de conjunto ou


conjunto representado por A-B, nesta ordem, formado por todos os elementos
pertencentes ao conjunto A e que não pertence ao conjunto B, ou seja,

Exemplos: A= {4,5,6,7,8,9,} B= {6,7,8,9} , então A-B= {4,5}

73

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2.2.2 União de Conjuntos:

Dados os conjuntos A e B, define-se como união dos conjuntos A e B ao


conjunto representado por , formado por todos os elementos

pertencentes a A ou B, ou seja:

Exemplos : A= {3,6} B={5,6} , então = {3,5,6}

2.2.3 Intersecção de Conjuntos:

Dados os conjuntos A e B, define-se como intersecção dos conjuntos A


e B ao conjunto representado por , formado por todos os elementos
pertencentes a A e B, simultaneamente, ou seja:

Exemplos : A= {3,6,9} B={3,4,5,6} , então = {3,6}

74
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
SÍMBOLOS DAS OPERAÇÕES

: A intersecção B

: A união B

A - b: diferença de A com B

a < b: a menor que b

: a menor ou igual a b

a > b: a maior que b

: a maior ou igual a b

MATEMÁTICA APLICADA
:aeb

: a ou b

3 CONJUNTOS NUMÉRICOS

3.1 Conjunto dos números naturais (IN)

IN={0, 1, 2, 3, 4, 5,...}

Um subconjunto importante de IN é o conjunto IN*:


IN*={1, 2, 3, 4, 5,...}  o zero foi excluído do conjunto IN.
Podemos considerar o conjunto dos números naturais ordenados sobre
uma reta, como mostra o gráfico abaixo:

75

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


3.2 Conjunto dos números inteiros (Z)

Z={..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,...}

O conjunto IN é subconjunto de Z.
Temos também outros subconjuntos de Z:
Z* = Z-{0}
Z+ = conjunto dos inteiros não negativos = {0,1,2,3,4,5,...}
Z_ = conjunto dos inteiros não positivos = {0,-1,-2,-3,-4,-5,...}

Observe que Z+=IN.


Podemos considerar os números inteiros ordenados sobre uma reta,
conforme mostra o gráfico abaixo:

3.3 Conjunto dos números racionais (Q)

Os números racionais são todos aqueles que podem ser colocados na


forma de fração (com o numerador ∈ Z e denominador ∈ Z*). Ou seja, o
conjunto dos números racionais é a união do conjunto dos números inteiros
com as frações positivas e negativas.

5 3 3
Então : -2, − , − 1, , 1, , por exemplo, são números racionais.
4 5 2

Exemplos:

−3 −6 −9
a) − 3 = = =
1 2 3
1 2 3
b) 1 = = =
1 2 3

76
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Assim, podemos escrever:

a
Q = {x | x = , com a ∈ Z , b ∈ Z e b ≠ 0}
b

É interessante considerar a representação decimal de um número


racional , a que se obtém dividindo a por b.
b
 Exemplos referentes às decimais exatas ou finitas:

1 5 75
= 0,5 − = −1,25 = 3,75
2 4 20
1 6 7
= 0,333... = 0,857142857142... = 1,1666...
3 7 6

 Exemplos referentes às decimais periódicas ou infinitas:

MATEMÁTICA APLICADA
Toda decimal exata ou periódica pode ser representada na forma de
número racional.

3.4 Conjunto dos números irracionais

Os números irracionais são decimais infinitas não periódicas, ou seja, os


números que não podem ser escrito na forma de fração (divisão de dois
inteiros). Como exemplo de números irracionais, temos a raiz quadrada dos
números primos :

2 = 1,4142135...
3 = 1,7320508...

Um número irracional bastante conhecido é o número


π=3,1415926535...

3.5 Conjunto dos números reais (IR)

Dados os conjuntos dos números racionais (Q) e dos irracionais,


definimos o conjunto dos números reais como:

IR=Q ∪ {irracionais} = {x|x é racional ou x é


irracional}
77

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O diagrama abaixo mostra a relação entre os conjuntos numéricos:

Portanto, os números naturais, inteiros, racionais e irracionais são todos


números reais. Como subconjuntos importantes de IR temos:
IR* = IR-{0}
IR+ = conjunto dos números reais não negativos.
IR_ = conjunto dos números reais não positivos.

Obs.: Entre dois números inteiros existem infinitos números reais. Por
exemplo:
 Entre os números 1 e 2 existem infinitos números reais:
1,01 ; 1,001 ; 1,0001 ; 1,1 ; 1,2 ; 1,5 ; 1,99 ; 1,999 ; 1,9999 ...
 Entre os números 5 e 6 existem infinitos números reais:
5,01 ; 5,02 ; 5,05 ; 5,1 ; 5,2 ; 5,5 ; 5,99 ; 5,999 ; 5,9999 ...

LISTA DE EXERCÍCIOS - CONJUNTOS

1- Utilizar os símbolos ∈ ou ∉ , relacionando os elementos com os conjuntos A= {a,


e, i, o, u} e B= {b, c, d, f, g}.
a) a ......A
b) u.......B
c) c.......B
d) d.......A

2- Sendo A = {3, 4, 5, 6, 7} e B = {5, 6, 7, 8, 9 ...}, determine:


a) A ∪ B
b) A ∩ B
c) A – B

3- São dados os conjuntos:


A = {x ∈ N / x é ímpar},
B = {x ∈ Z / – 3 ≤ x < 4},
C = {x ∈ Ζ / x < 6}.

78
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Calcule:
a) (A∩B) ∪ (B∩C) =
b) (A∩C) ∪ B =
4- Em uma escola, 100 alunos praticam vôlei, 150 futebol, 20 os dois esportes e
110 alunos, nenhum esporte. O número total de alunos é.
5- Em uma classe 30 alunos acertaram a primeira questão de uma prova e 25
alunos acertaram a segunda questão dessa prova. A prova continha apenas
duas questões e todos os alunos da classe acertaram pelo menos uma
questão.
a) Qual é o máximo de alunos que essa classe pode ter? Em qual
situação?

b) Qual é o mínimo de alunos que essa classe pode ter? Em qual


situação?

6- Numa prova constituída de dois problemas, 300 alunos acertaram somente um


deles, 260 o segundo, 100 alunos acertaram os dois e 210 erraram o primeiro,
quantos alunos fizeram a prova?

MATEMÁTICA APLICADA
7- Um banco de sangue catalogou 60 doadores assim distribuídos:
. 29 com sangue tipo O;

. 30 com fator Rh negativo;

. 14 com fator Rh positivo e tipo sanguíneo diferente de O.

Determine quantos doadores possuem tipo sanguíneo diferente de O e fator Rh


negativo.

8- (Retirado do Livro Luiz Roberto Dante – Matemática Contexto & Aplicações –


vol. 1, Ed. Ática, São Paulo, 2008). Dado os conjuntos: A={0; 1; 2}, B={1; 2; 5} e
C={0; 1; 2; 3; 4; 5}, determinar:

a) A ∪ B ∪ C
b) A ∩ B ∩ C
c) (A – B) ∩ C
d) A ∪ (B – C)

9- Um conjunto A tem 13 elementos, A ∩ B tem 8 elementos e A ∪ B tem 15


elementos. Qual o número de elementos do conjunto B?

79

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


10- No diagrama, a parte hachurada representa:

a) (E ∩ F) ∩ G
b) (E ∩ G)
c) G ∩ (E ∪ F)
d) (E ∩ F) ∪ (F ∩ G)
e) (E ∪ F) ∪ G

11- A diferença A - B, sendo A= é


igual a:

12- Analise as afirmativas a seguir:

a) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.


b) Se somente a afirmativa II estiver correta.
c) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) Se somente a afirmativa I estiver correta.
e) Se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

13- Classifique as afirmações a seguir em verdadeira (V) ou falsa (F), Justificando


as falsas com um exemplo numérico:
a) Todo número inteiro é racional. (___)
b) (NUZ)∩(Q U R) = Z (___)
c) ( Q U I ) = R (___)
d) ( N U I ) = Q (___)
e) Z∩(Q U R) = N (___)
f) Entre dois números racionais existe sempre outro número racional. (___)
g) Todo número racional é natural. (___)

80
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4 NÚMEROS DECIMAIS

A figura nos mostra um paralelepípedo com suas principais dimensões


em centímetros.

Essas dimensões são apresentadas sob a forma de notação decimal,


que corresponde à outra forma de representação dos números racionais
fracionários.
A representação dos números fracionária já era conhecida há quase
3.000 anos, enquanto a forma decimal surgiu no século XVI com o matemático

MATEMÁTICA APLICADA
francês François Viéte.
O uso dos números decimais é bem superior ao dos números
fracionários. Observe que nos computadores e nas máquinas calculadoras
utilizamos unicamente a forma decimal.

4.1 Frações Decimais

Observe as frações:

Os denominadores são potências de 10.


Assim:
Denominam-se frações decimais, todas as frações que apresentam
potências de 10 no denominador.

81

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4.2 Numeração decimal

4.2.1 Números Decimais

O francês Viète (1540 - 1603) desenvolveu um método para escrever as


frações decimais; no lugar de frações, Viète escreveria números com vírgula.
Esse método, modernizado, é utilizado até hoje.
Observe no quando a representação de frações decimais através de
números decimais:

Fração Decimal = Números Decimais

= 0,1

= 0,01

= 0,001

= 0,0001

Fração Decimal = Números Decimais

= 0,5

= 0,05

= 0,005

= 0,0005

82
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Fração Decimal = Números Decimais

= 11,7

= 1,17

= 0,117

= 0,0117

Os números 0,1, 0,01, 0,001; 11,7, por exemplo, são números decimais.
Nessa representação, verificamos que a vírgula separa a parte
inteira da parte decimal.

MATEMÁTICA APLICADA
4.2.2 Leitura dos números decimais
No sistema de numeração decimal, cada algarismo, da parte inteira ou
decimal, ocupa uma posição ou ordem com as seguintes denominações:

83

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Nomenclatura da parte decimal:

* Décimo = 0,1
* Centésimo = 0,01
* Milésimo = 0,001
* Décimo Milésimo = 0,0001
* Centésimo Milésimo = 0,00001
* Milionésimo = 0,000001
* Décimo Milionésimo = 0,0000001
* Centésimo Milionésimo = 0,00000001
* Bilionésimo = 0,000000001
* Décimo Bilionésimo = 0,0000000001
* Centésimo Bilionésimo = 0,00000000001
* Trilionésimo = 0,000000000001
* Décimo Trilionésimo = 0,0000000000001
* Centésimo Trilionésimo = 0,00000000000001

Exemplos:

1,2: um inteiro e dois décimos;


2,34: dois inteiros e trinta e quatro centésimos

Quando a parte inteira do número decimal é zero, lemos apenas a parte


decimal.

Exemplos:

0,1 : um décimo;
0,79 : setenta e nove centésimos

Observação:

 Existem outras formas de efetuar a leitura de um número decimal.


Observe a leitura do número 5, 53:
Leitura convencional: cinco inteiros e cinquenta e três centésimos;
Outras formas: quinhentos e cinquenta e três centésimos;
cinco inteiros, cinco décimos e três centésimos.

84
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Todo números natural pode ser escrito na forma decimal, bastando
colocar a vírgula após o último algarismo e acrescentar zero(s).
Exemplos:

4 = 4,0 = 4,00 75 = 75,0 = 75,00

4.2.3 Transformação de números decimais em frações decimais

Observe os seguintes números decimais:

 0,8 (lê-se "oito décimos"), ou seja, .

 0,65 (lê-se "sessenta e cinco centésimos"), ou seja, .

 5,36 (lê-se "quinhentos e trinta e seis centésimos"), ou seja, .

 0,047 (lê-se "quarenta e sete milésimos"), ou seja,

MATEMÁTICA APLICADA
Verifique então que:

Assim: um número decimal é igual à fração que se obtém escrevendo


para numerador o número sem vírgula e dando para denominador a unidade
seguida de tantos zeros quantas forem às casas decimais.

85

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4.2.4 Transformação de fração decimal em número decimal

Observe as igualdades entre frações decimais e números decimais a


seguir:

Podemos concluir, então, que: para se transformar uma fração decimal


em número decimal, basta dar ao numerador tantas casas decimais quantas
forem os zeros do denominador.

4.2.5 Decimais equivalentes

As figuras foram divididas em 10 e 100 pares, respectivamente. A seguir


foram coloridas de verde escuro 4 e 40 destas parte, respectivamente.
Observe:

86
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Verificamos que 0,4 representa o mesmo que 0,40, ou seja,
são decimais equivalentes.
Logo, decimais equivalentes são aqueles que representam a mesma
quantidade.
Exemplos:

0,4 = 0,40 = 0,400 = 0,4000 8 = 8,0 = 8,00 = 8,000

2,5 = 2,50 = 2,500 = 2,5000 95,4 = 95,40 = 95,400 = 95,4000

Dos exemplos acima, podemos concluir que: um número não se altera


quando se acrescenta ou se suprime um ou mais zeros à direita de sua parte
decimal.
Lembrando que o zero a direita de um número inteiro tem valor, o zero
só não apresenta valor à esquerda de um número inteiro.

MATEMÁTICA APLICADA
4.2.6 Comparação de números decimais

Comparar dois números decimais significa estabelecer uma relação de


igualdade ou de desigualdade entre eles. Consideremos dois casos:

1º Caso: As partes inteiras


O maior é aquele que tem a maior parte inteira.

Exemplos:
3,4 > 2,943, pois 3 >2. 10,6 > 9,2342, pois 10 > 9.

2º Caso: As partes inteiras são iguais


O maior é aquele que tem a maior parte decimal. É necessário igualar
inicialmente o número de casas decimais acrescentando zeros.

Exemplos:
0,75 > 0,7 ou 0,75 > 0,70 (igualando as casas decimais), pois 75 > 70.
8,3 > 8,03 ou 8,30 > 8,03 (igualando as casas decimais ), pois 30 > 3.

87

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4.3 Operações com números racionais decimais
4.3.1 Adição

Considere a seguinte adição:


1,28 + 2,6 + 0,038
Transformando em frações decimais, temos:

Método prático

1º) Igualamos o números de casas decimais, com o acréscimo de zeros;


2º) Colocamos vírgula debaixo de vírgula;
3º) Efetuamos a adição, colocando a vírgula na soma, alinhada com as
demais.

Exemplos:
1,28 + 2,6 + 0,038 35,4 + 0,75 + 47 6,14 + 1,8 + 0,007

 



4.3.2 Subtração
Considere a seguinte subtração:
3,97 - 2,013

Transformando em fração decimais, temos:

88
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Método prático
1º) Igualamos o números de casas decimais, com o acréscimo
de zeros;
2º) Colocamos vírgula debaixo de vírgula;
3º) Efetuamos a subtração, colocando a vírgula na diferença,
alinhada com as demais.
Exemplos:
3,97 - 2,013 17,2 - 5,146 9 - 0,987


 

4.3.3 Multiplicação
Considere a seguinte multiplicação: 3,49 · 2,5

MATEMÁTICA APLICADA
Transformando em fração decimais, temos:

Método prático
Multiplicamos os dois números decimais como se fossem naturais.
Colocamos a vírgula no resultado de modo que o número de casas decimais do
produto seja igual à soma dos números de casas decimais do fatores.

Exemplos:

3,49 · 2,5

1,842 · 0,013

89

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Observação:
1. Na multiplicação de um número natural por um número decimal,
utilizamos o método prático da multiplicação. Nesse caso o número de
casas decimais do produto é igual ao número de casas decimais do fator
decimal.

Exemplo:
5 · 0,423 = 2,115
2. Para se multiplicar um número decimal por 10, 100, 1.000, ..., basta
deslocar a vírgula para a direita uma, duas, três, ..., casas decimais.
Exemplos:

3. Os números decimais podem ser transformados em porcentagens.


Exemplos:

0,05 = = 5% 1,17 = = 117% 5,8 = 5,80 = = 580%

4.3.4 Divisão

1º: Divisão exata

Considere a seguinte divisão: 1,4 : 0,05

Transformando em frações decimais, temos:

90
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Método prático

1º) Igualamos o números de casas decimais, com o acréscimo de zeros;


2º) Suprimimos as vírgulas;
3º) Efetuamos a divisão.

Exemplos:
• 1,4 : 0,05 Efetuado a divisão

Igualamos as casa decimais: 1,40 : 0,05


Suprimindo as vírgulas: 140 : 5
Logo, o quociente de 1,4 por 0,05 é 28.

• 6 : 0,015
Efetuando a divisão
Igualamos as casas decimais 6,000 : 0,015

MATEMÁTICA APLICADA
Suprimindo as vírgulas 6.000 : 15
Logo, o quociente de 6 por 0,015 é 400.

Efetuando a divisão
• 4,096 : 1,6

Igualamos as casas decimais 4,096 : 1,600


Suprimindo as vírgulas 4.096 : 1.600

Observe que na divisão acima o quociente inteiro é 2 e o resto


corresponde a 896 unidades. Podemos prosseguir a divisão determinando a
parte decimal do quociente. Para a determinação dos décimos, colocamos
uma vírgula no quociente e acrescentamos um zero resto, uma vez que 896
unidades corresponde a 8.960 décimos.

91

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Continuamos a divisão para determinar os centésimos acrescentando
outro zero ao novo resto, uma vez que 960 décimos correspondem a
9600 centésimos.

O quociente 2,56 é exato, pois o resto é nulo.

Logo, o quociente de 4,096 por 1,6 é 2,56.


0,73 : 5

- Igualamos o número de casas decimais;

- Suprimos a vírgula;

- Efetuamos a divisão.

Podemos prosseguir a divisão, colocando uma vírgula no quociente e


acrescentamos um zero à direita do três. Assim:

Continuamos a divisão, obtemos:

Logo, o quociente de 0,73 por 5 é 0,146.

92
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Em algumas divisões, o acréscimo de um zero ao resto ainda não torna
possível a divisão. Nesse caso, devemos colocar um zero no quociente e
acrescentar mais um zero ao resto.

Exemplos:
• 2,346 : 2,3 Verifique 460 (décimos) é inferior ao
divisor (2.300). Colocamos, então, um
zero no quociente e acrescentamos
mais um zero ao resto.

MATEMÁTICA APLICADA
Logo, o quociente de 2,346 por 2,3 é 1,02.

Observação:
Para se dividir um número decimal por 10, 100, 1.000, ..., basta deslocar a
vírgula para a esquerda uma, duas, três, ..., casas decimais.

Exemplos:

93

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2º : Divisão não exata

No caso de uma divisão não exata determinamos o quociente aproximado


por falta ou por excesso.
Seja, por exemplo, a divisão de 66 por 21:

Tomando o quociente 3 (por falta), ou 4 (por excesso), estamos cometendo


um erro que uma unidade, pois o quociente real encontra-se entre 3 e 4.
Logo:

Assim, na divisão de 66 por 21, temos a afirmar que:


- 3 é o quociente aproximado por falta, a menos de uma unidade.
- 4 é o quociente aproximado por excesso, a menos de uma unidade.
Prosseguindo a divisão de 66 por 21, temos:

Podemos afirmar que:


- 3,1 é o quociente aproximado por falta, a menos de um décimo.
- 3,2 é o quociente aproximado por excesso, a menos de um décimo.
Dando mais um passo, nessa mesma divisão, podemos afirmar que:
- 3,14 é o quociente aproximado por falta, a menos de um centésimo.
- 3,15 é o quociente aproximado por excesso, a menos de um
centésimo.
Observação:
1. As expressões têm o mesmo significado:
- Aproximação por falta com erro menor que 0,1 ou aproximação de
décimos.
- Aproximação por falta com erro menor que 0,01 ou aproximação de
centésimos e, assim, sucessivamente.
2. Determinar um quociente com aproximação de décimos, centésimos ou
milésimos significa interromper a divisão ao atingir a primeira, segunda
ou terceira casa decimal do quociente, respectivamente.

94
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exemplos:
13 : 7 = 1,8 (aproximação de décimos)
13 : 7 = 1,85 (aproximação de centésimos)
13 : 7 = 1,857 (aproximação de milésimo)

Cuidado!
No caso de ser pedido um quociente com aproximação de uma divisão exata,
devemos completar com zero(s), se preciso, a(s) casa(s) do quociente
necessária(s) para atingir tal aproximação.
Exemplo:
O quociente com aproximação de milésimos de 8 de 3,2 é :

MATEMÁTICA APLICADA
4.3.5 Potenciação

As potências nas quais a base é um número decimal e o expoente um


número natural seguem as mesma regras desta operação, já definidas. Assim:
(3,5)2 = 3,5 · 3,5 = 12,25 (0,64)1 = 0,64
(0,4)3 = 0,4 · 0,4 · 0,4 =
(0,18)0 = 1
0,064

4.3.6 Raiz Quadrada

A raiz quadrada de um número decimal pode ser determinada com facilidade,


transformando o mesmo numa fração decimal. Assim:

95

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4.3.7 Expressões Numéricas

No cálculo de expressões numérico envolvendo números decimais seguimos


as mesmas regras aplicadas às expressões com números fracionários.
Em expressões contendo frações e números decimais, devemos trabalhar
transformando todos os termos em um só tipo de número racional.
Exemplo:

= 0,05 + 0,2 · 0,16 : 0,4 + 0,25


= 0,05 + 0,032 : 0,4 + 0,25
= 0,05 + 0,08 + 0,25 = 0,38

Em expressões contendo dízimas, devemos determinar imediatamente suas


geratrizes.
Exemplos:

96
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
LISTA DE EXERCÍCIOS – NÚMERO DECIMAL

1- Converta cada número decimal em fração decimal.


a) 0,2 =
b) 1,3 =
c) 0,08 =
d) 0,201
e) 0,485 =
f) 34,72 =
g) 7,345 =
h) 764,34 =

2- Converta cada fração decimal em número decimal.


3
a) 10 =
5
b) 100 =
7

MATEMÁTICA APLICADA
c) 1000 =
56
d) 10 =
43
e) 1000 =
1234
f) 10 =
51005
g) 100 =
57803
h) 100 =

3- Determine as somas e as subtrações:

a) 6,52 + 4,58 = j) 16,4 – 3,2 =


a) 7,318 + 3,002 = k) 17 - 4,8 =
b) 10,94 – 6,328 = l) 14 – 6,22 =
c) 12,345 – 9,12 = m) 0,6 – 0,43 =
d) 2,4 + 3,5 = n) 17 – 6,08 =
e) 7 + 3,5 = o) 17,8 – 9,4 =
f) 3,3 + 0,77 = p) 21 – 3,6 =
g) 6,6 +0,66 = q) 16 – 3,55 =
h) 3,98 + 0,02 = r) 0,8 – 0,66 =
i) 5,7 + 4,1 = s) 14,1 – 3,044 =

97

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4- Efetue os produtos:

a) 4 x 0,6 = h) 5,85 x 0,36 =


b) 8 x 3,5 = i) 6,89 x 0,31 =
c) 3,2 x 5,4 = j) 5 x 4,7 =
d) 3,2 x 9,9 = k) 6 x 3,85 =
e) 3,81 x 0,44 = l) 3,7 x 8,5 =
f) 4 x 2,15 = m) 3,33 x 0,22 =
g) 4,8 x 5,5 = n) 0,44 x 0,4 =

5- Calcule os quocientes dos números decimais:

a) 1,5 : 0,5 = h) 40,7 : 5,5 =


b) 0,08 : 0,04 = i) 15,54 : 0,7 =
c) 3,4 : 0,17 = j) 3,4 : 0,04 =
d) 10 : 0,25 = k) 5,55 : 1,5 =
e) 34,5 : 10 = l) 48 : 7,5 =
f) 21,8 : 4,36 = m) 26,4 : 4,8 =
g) 77 : 0,7 = n) 0,88 : 8 =

6- Efetue as divisões :
a) 4,38: 10
b) 59,61:10
c) 381,7:10
d) 674,9:100
e) 85,35:100
f) 6312,4:100
g) 7814,9:10000

7- Efetue as divisões :
h) 5,38: 0,1
i) 85,61:0,01
j) 0,012:0,01
k) 5,9:0,001
l) 0,00084:0,0001
m) 0,45:0,001
n) 0,8: 0,1

98
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
8- Calcular o valor das expressões:

a) 6,9 : 3 - 0,71 = e) √ 0,04 =

b) 8,36 : 2 - 1,03 = f) (0,35)2 =

3
c) √0,027 = g) (5,97)4 =

d) √ 6,25 = h) (0,57)3 =

5 MEDIDAS: COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, CAPACIDADE E MASSA

5.1 Sistema Métrico Decimal

MATEMÁTICA APLICADA
Na França, em 1793, foi adotado um sistema de medidas mais prático e
eficiente. É o sistema métrico decimal dividido das seguintes medidas:
comprimento, superfície ou área, volume, capacidade e massa. Brasil aderiu
este sistema em 1862.

5.1.1 Medida de Comprimento


Serve para medir distância. A unidade padrão é o metro, obtendo
múltiplos e seus submúltiplos.

Múltiplos: km (quilômetro), hm(hectômetro), dam(decâmetro),

Submúltiplos: dm(decímetro), cm(centímetro) e mm(milímetro).

Quadro da medida de comprimento:

Km Hm Dam m dm cm Mm

1000 m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

As sucessivas unidades variam de 10 em 10, isto é, de uma unidade para outra


se multiplica ou se divide 10 unidades.

99

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Transformar unidades

Para transformar hm (hectômetro) em m (metro) - observe que são duas


casas à direita - multiplicamos por 100, ou seja, (10 x 10).

Ex.: a) 17,475 x 100 = 1747,50

Ou seja:

17,475 hm = 1747,50m

b) Transforme 186,8m em dam.

Para transformar m (metro) em dam (decâmetro) – observe que é uma


casa à esquerda – dividimos por 10.

186,8 ÷ 10 = 18,68

Ou seja:

186,8m = 18,68dam

) Transforme 2,462 dam em cm.

Para transformar dam (decâmetro) em cm (centímetro) – observe que


são três casas à direita – multiplicamos por 1000, ou seja, (10 x 10 x 10).

2,462 x 1000 = 2462

Ou seja:

2,462dam = 2462cm

Equivalências:

1 polegada = 1" = 25,4 mm = 0,0254 m

1 pé = 1' = 30,4799 cm = 0,304799 m

1 jarda = 1 yd = 0,914399 m

1 milha terrestre = 1.609,3 m

1 milha marítima = 1852 m



100
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Múltiplo Nome Símbolo Múltiplo Nome Símbolo

100 Metro M 100 metro m

101 decâmetro Dam 10–1 decímetro dm

hectômetro /
102 Hm 10–2 centímetro cm
/ hectómetro

quilômetro /
103 Km 10–3 milímetro mm
/ quilómetro

MATEMÁTICA APLICADA
106 megametro Mm 10–6 micrômetro µm

109 gigametro Gm 10–9 nanômetro nm

1012 terametro Tm 10–12 picômetro pm

1015 petametro Pm 10–15 fentômetro fm

1018 exametro Em 10–18 attômetro am

1021 zettametro Zm 10–21 zeptômetro zm

1024 yottametro Ym 10–24 yoctômetro ym



101

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5.1.2 Medida de Superfície ou Área

Serve para medir área. A unidade padrão é o metro ao quadrado

Múltiplos: km² , hm² e dam².

Submúltiplos: dm², cm² e mm².

Quadro da medida de superfície ou área:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²

1 000 000 10 000 100 1 m² 0,01 0,0001 0,000001


m² m² m² m² m² m²

As sucessivas unidades variam de 100 em 100, isto é, de uma unidade para


outra se multiplica ou se divide 100 unidades.

Transformar unidades

Para transformar hm² (hectômetro ao quadrado) em m² (metro ao


quadrado) - observe que são duas casas à direita - multiplicamos por 10000,
ou seja, (100 x 100).

Ex.: a) 23,275 x 10000 = 232 750

Ou seja:

23,275 hm² = 232 750 m²

b) Transforme 186,8m² em dam².

Para transformar m² (metro ao quadrado) em dam² (decâmetro ao


quadrado) – observe que é uma casa à esquerda – dividimos por 100.

186,8 ÷ 00 = 1,868

Ou seja:

186,8m² = 1,868 dam²

Obs.: Para se medir fazendas, sítios, etc., usa-se as medidas agrárias.

102
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Centiare(ca) = m²

are (a) = dam²

hectare (há) = hm²

5.1.3 Medida de Volume


Serve para medir sólidos. A unidade padrão é o metro cúbico, obtendo
múltiplos e seus submúltiplos.

Múltiplos: km³ (quilômetro cúbico), hm³ (hectômetro cúbico), dam³ (decâmetro


cúbico);

Submúltiplos: dm³ (decímetro cúbico), cm³ (centímetro cúbico) e mm³


(milímetro cúbico).

Quadro da medida de volume:

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³

MATEMÁTICA APLICADA
1000 000 000 1000 000 m³ 1 000 m 1 m³ 0,001 m³ 0,000001m³ 0,000000001
m³ m³

As sucessivas unidades variam de 1000 em 1000, isto é, de uma unidade para


outra se multiplica ou se divide 1000 unidades.

Transformar unidades

Para transformar m³ (metro cúbico) em dm³ (decímetro cúbico) -


observe que é uma casa à direita - multiplicamos por 1000.

Ex.:a) 6 x 1000 = 6 000

Ou seja:

6 m³ = 6 000 dm³

b) Transforme 8,2 m³ em dam³.

Para transformar m³ (metro cúbico ) em dam³ (decâmetro cúbico) –


observe que é uma casa à esquerda – dividimos por 1000

8,2 ÷ 1000 = 0,0082

103

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Ou seja:

8,2 m³ = 0,0082 dam³

5.1.4 Medida de capacidade

Serve para medir líquidos. A unidade fundamental é o litro (ℓ).obtendo


múltiplos e seus submúltiplos.

Litro é a capacidade de um cubo que tem 1dm de aresta.

Múltiplos: kl (quilolitro), hl(hectolitro), dal(decalitro),

Submúltiplos: dl(decilitro), cl(centilitro) e ml(mililitro).

Quadro da medida de capacidade:

kilolitro hectolitro decalitro litro decilitro centilitro mililitro

kℓ hℓ daℓ ℓ dℓ cℓ mℓ

1000 ℓ 100 ℓ 10 ℓ 1ℓ 0,1 ℓ 0,01 ℓ 0,001 ℓ

As sucessivas unidades variam de 10 em 10, isto é, de uma unidade para outra


se multiplica ou se divide 10 unidades.

Transformar unidades

Para transformar kl (quilolitro) em ℓ (litro) - observe que são três casas à


direita - multiplicamos por 1000 ou seja, (10 x 10 x 10).

Ex.: a) 18,4275 x 1000 = 18427,5

Ou seja 18, 4275 kℓ = 18427,5 ℓ

b) Transforme 3,2 mℓ em ℓ.

Para transformar mℓ (mililitro) em ℓ (litro) – observe que são três casas


à esquerda – dividimos por 1000.

3,2 ÷ 1000 = 0,0032

Ou seja 3,2 mℓ = 0,0032 ℓ

104
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Relação entre as medidas de capacidade e as medidas de volume

1 ℓ = 1dm³

1 mℓ = 1cm³

Ex. a) Transformar 2 m³ em ℓ

2 m³ = ( 2 x 1 000) dm³ = 2 000 dm³ = 2 000 ℓ

b) Transformar 6 ℓ em cm³

MATEMÁTICA APLICADA
6 ℓ = 6 dm³ = ( 6 x 1 000) cm³ = 6 000 cm³

5.1.5 Medida de Massa

Serve para medir peso. A unidade fundamental e legal é o quilograma


(kg) e a unidade principal é o grama (g).

Múltiplos : kg (quilograma), hg (hectograma), dag (decagrama)

Submúltiplos: dg (decigrama), cg (centigrama), mg (miligrama)

Quadro da medida de massa:

quilograma hectograma decagrama Grama decigrama centigrama miligrama

kg Hg dag G dg cg mg

1 000 g 100 g 10 g 1 0,1 g 0,01 g 0,001 g

As sucessivas unidades variam de 10 em 10, isto é, de uma unidade para outra


se multiplica ou se divide 10 unidades.

105

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Transformar unidades

Para transformar kg (quilograma) em g (grama) - observe que são três casas


à direita - multiplicamos por 1000 , ou seja, (10 x 10 x 10).

Ex.: a) 1,9475 x 1000 = 1947,5

Ou seja, 1,9475 kg = 1947,5 g

b) Transforme 186,8 dg em g

Para transformar dg (decigrama) em g (grama) – observe que é uma


casa à esquerda – dividimos por 10.

186,8 ÷ 10 = 18,68

Ou seja 186,8dg = 18,68 g

LISTA DE EXERCÍCIOS - MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME,


CAPACIDADE E MASSA.

1) Faça as transformações:
a) 2 m = cm
b) 25 cm = mm
c) 0,05 dm = km
d) 68 mm = cm
e) 8,3 cm = dm
f) 3,45 km = m
g) 0,003 cm = mm
h) 1 mm = km
i) 0,34 dm= dam
j) 5,33 hm= cm
k) 54,32 km= m
l) 845,78 mm= dam
m) 3,3 mm = hm
n) 87,45 dam = mm
o) 543,2 cm= km

106
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2) Dê o resultado em cm:

34,3 km + 0,05 hm + 0,001 mm + 78,63 dam

3) Responda:

a) Uma aeronave voa a uma altura d 9 400 m,Qual é a altura da aeronave em


km?

b) A rua de uma cidade X tem 4,25 km de extensão. Qual é o comprimento da


rua, em m?

4) Determinar o perímetro de um quadrado cujo lado mede 3,2 cm. Dê o


resultado em metros.

5) Faça as transformações:

a) 3 m2= cm2
b) 5 cm2 = mm2

MATEMÁTICA APLICADA
c) 405 dm2 = km 2
d) 77m 2= cm2
e) 93 cm2 = dm2
f) 245 km 2= hm2
g) 1,2 dam2 = cm2
h) 1 mm2 = km2
i) 0,34 dm2= dam2
j) 5,33 hm 2 = cm2
k) 54,32 km2 = m2
l) 845,78 mm2 = dam 2
m) 3,3 mm2 = hm2
n) 87,45 dam2 = mm2
o) 543,2 cm2 = km2

6) O lado de um quadrado mede 5 cm, calcule sua área.

107

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


7) Faça as transformações:

a) 78,5 m³ = mm³
b) 0,003 cm³ = km³
c) 2 mm³ = hm³
d) 0,34 cm³= km³
e) 22,7 dm³ = dam³
f) 887,3 km³ = dm³
g) 3,3 cm³ = mm³
h) 0,0001 mm³= km³
i) 54,32 hm³ = dm³
j) 5 km³ = cm³
k) 67,98 km³ = dam³
l) 9 cm³ = dm³
m) 7,6 dam³ = hm³
n) 8 km³ = dam³

o) 0,00043 mm³ = dm³


8) Determine o volume de um paralelepípedo retângulo de dimensões 40cm,
30 cm e 15 cm.
9) Um peso de um fio de prumo tem a forma cônica com 2 cm de diâmetro e 6
cm de altura. Calcule seu volume.
10) Transforme as medidas abaixo:

a) 10 m³ = ℓ

b) 9,3 daℓ = cl

c) 4 k ℓ = mℓ

d) 33,72 hℓ = ℓ

e) 0,987 cm³ = mℓ

f) 8 kℓ = m³

g) 23,8 daℓ = mm³

h) 6,32 hℓ = km³

i) 56,87 cℓ = dam³

108
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
j) 200 µℓ= nℓ

l) 0,58 µℓ= pℓ

m) 590µℓ= mℓ

n) 98nℓ= pℓ

o) 9013pℓ= mℓ

p) 10 µℓ= mℓ

q) 219 nℓ= µℓ

r) 0,30 mℓ= nℓ

s) 55 mℓ= pℓ

11) Transforme as medidas abaixo:

a) 10 g = kg

MATEMÁTICA APLICADA
b) 9,3 kg = g

c) 4 mg = cg

d) 33,72 hg = mg

e) 0,987 dg = dag

f) 8 hg = mg

g) 23,8 dag = g

h) 6,32 kg = mg

i) 56,87 mg = kg

6 REGRA DE TRÊS

6.1 Regra de três simples

Regra de três simples é um processo prático para resolver problemas


que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três deles. Devemos,
portanto, determinar um valor a partir dos três já conhecidos.

109

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Passos utilizados numa regra de três simples:

1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma espécie em


colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de espécies diferentes em
correspondência.
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamente
proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.

Exemplos:

1) Com uma área de absorção de raios solares de 1,2m2, uma lancha com
motor movido à energia solar consegue produzir 400 watts por hora de energia.
Aumentando-se essa área para 1,5m2, qual será a energia produzida?

Solução: montando a tabela:

Área (m2) Energia (Wh)


1,2 400
1,5 x

Identificação do tipo de relação:

Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x


(2ª coluna).
Observe que: Aumentando a área de absorção, a energia solar aumenta.
Como as palavras correspondem (aumentando - aumenta), podemos
afirmar que as grandezas são diretamente proporcionais. Assim sendo,
colocamos outra seta no mesmo sentido (para baixo) na 1ª coluna. Montando a
proporção e resolvendo a equação temos:

110
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Logo, a energia produzida será de 500 watts por hora.

2) Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h, faz um


determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria esse mesmo
percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h?

Solução: montando a tabela:


Velocidade
Tempo (h)
(Km/h)
400 3
480 x
Identificação do tipo de relação:

MATEMÁTICA APLICADA
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x (2ª
coluna).
Observe que aumentando a velocidade, o tempo do percurso diminui.
Como as palavras são contrárias (aumentando - diminui), podemos
afirmar que as grandezas são inversamente proporcionais. Assim sendo,
colocamos outra seta no sentido contrário (para cima) na 1ª coluna. Montando
a proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, o tempo desse percurso seria de 2,5 horas ou 2 horas e 30 minutos.

3) Bianca comprou 3 camisetas e pagou R$120,00. Quanto ela pagaria se


comprasse 5 camisetas do mesmo tipo e preço?

Solução: montando a tabela:


Camisetas Preço (R$)
3 120
5 x

111

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Observe que aumentando o número de camisetas, o preço aumenta.
Como as palavras correspondem (aumentando - aumenta), podemos
afirmar que as grandezas são diretamente proporcionais. Montando a
proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, a Bianca pagaria R$200,00 pelas 5 camisetas.

4) Uma equipe de operários, trabalhando 8 horas por dia, realizou determinada


obra em 20 dias. Se o número de horas de serviço for reduzido para 5 horas,
em que prazo essa equipe fará o mesmo trabalho?

Solução: montando a tabela:

Prazo para término


Horas por dia
(dias)
8 20
5 X

Observe que diminuindo o número de horas trabalhadas por dia, o prazo


para término aumenta.
Como as palavras são contrárias (diminuindo - aumenta), podemos
afirmar que as grandezas são inversamente proporcionais. Montando a
proporção e resolvendo a equação temos:

112
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6.2 Regra de três composta

A regra de três composta é utilizada em problemas com mais de duas


grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
Exemplos:
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m3 de areia. Em 5 horas,
quantos caminhões serão necessários para descarregar 125m3?

Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as grandezas de


mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem:

Horas Caminhões Volume


8 20 160
5 X 125

MATEMÁTICA APLICADA
Identificação dos tipos de relação:

Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x (2ª
coluna).

A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde está o x.


Observe que:
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos diminuir o número
de caminhões. Portanto a relação é inversamente proporcional (seta para cima
na 1ª coluna).
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número de
caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta para baixo na
3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o termo x com o produto das
outras razões de acordo com o sentido das setas.

113

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, serão necessários 25 caminhões.

2) Numa fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20 carrinhos em 5 dias.


Quantos carrinhos serão montados por 4 homens em 16 dias?

Solução: montando a tabela:

Homens Carrinhos Dias


8 20 5
4 X 16

Observe que:
Aumentando o número de homens, a produção de carrinhos aumenta.
Portanto a relação é diretamente proporcional (não precisamos inverter a
razão).
Aumentando o número de dias, a produção de carrinhos aumenta.
Portanto a relação também é diretamente proporcional (não precisamos
inverter a razão). Devemos igualar a razão que contém o termo x com
o produto das outras razões.
Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, serão montados 32 carrinhos.

114
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3) Dois pedreiros levam 9 dias para construir um muro com 2m de altura.
Trabalhando 3 pedreiros e aumentando a altura para 4m, qual será o tempo
necessário para completar esse muro?
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x.
Depois se colocam flechas concordantes para as grandezas diretamente
proporcionais com a incógnita e discordantes para as inversamente
proporcionais, como mostra a figura abaixo:

Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, para completar o muro serão necessários 12 dias.

MATEMÁTICA APLICADA
LISTA DE EXERCÍCIOS REGRA DE TRÊS

1) Três torneiras enchem uma piscina em 10 horas. Quantas horas levarão 10


torneiras para encher 2 piscinas?
2) Uma equipe composta de 15 homens extrai, em 30 dias, 3,6 toneladas de
carvão. Se for aumentada para 20 homens, em quantos dias conseguirão
extrair 5,6 toneladas de carvão?
3) Vinte operários, trabalhando 8 horas por dia, gastam 18 dias para construir
um muro de 300m. Quanto tempo levará uma turma de 16 operários,
trabalhando 9 horas por dia, para construir um muro de 225m?
4) Um caminhoneiro entrega uma carga em um mês, viajando 8 horas por dia,
a uma velocidade média de 50 km/h. Quantas horas por dia ele deveria viajar
para entregar essa carga em 20 dias, a uma velocidade média de 60 km/h?
5) Com certa quantidade de fio, uma fábrica produz 5400m de tecido com 90cm
de largura em 50 minutos. Quantos metros de tecido, com 1 metro e 20
centímetros de largura, seriam produzidos em 25 minutos?
6) Para esvaziar um compartimento com 700m3 de capacidade, 3 ralos levaram
7 horas para fazê-lo. Se o compartimento tivesse 500m3 de capacidade, ao
utilizarmos 5 ralos quantas horas seriam necessárias para esvaziá-lo?

115

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


7) Duas costureiras trabalhando 3 dias, 8 horas por dia, produzem 10 vestidos.
Se 3 costureiras trabalharem por 5 dias, quantas horas ela precisarão trabalhar
por dia para produzirem 25 vestidos?
8) Seis galinhas botam 30 ovos em 5 dias. 20 galinhas botarão quantos ovos
em 10 dias?
9) Uma família com 2 duas pessoas consome 12m3 de água a cada 30 dias. Se
mais uma pessoa com os mesmos hábitos de consumo se juntar a ela, quantos
metros cúbicos de água eles consumirão em uma semana?
10) Um grupo de 10 trabalhadores descarregam 210 caixas de mercadoria em
3 horas. Quantas horas 25 trabalhadores precisarão para descarregar 350
caixas?
11) Três caminhões transportam 200m³ de areia. Para transportar 1600m³ de
areia, quantos caminhões iguais a esse seriam necessários?
12) A comida que restou para 3 náufragos seria suficiente para alimentá-los por
12 dias. Um deles resolveu saltar e tentar chegar a terra nadando. Com um
náufrago a menos, qual será a duração dos alimentos?
13) Para atender todas as ligações feitas a uma empresa são utilizadas 3
telefonistas, atendendo cada uma delas, em média, a 125 ligações diárias.
Aumentando-se para 5 o número de telefonistas, quantas ligações atenderá
diariamente cada uma delas em média?
14) Um pintor, trabalhando 8 horas por dia, durante 10 dias, pinta 7.500 telhas.
Quantas horas por dia deve trabalhar esse pintor para que ele possa pintar
6.000 telhas em 4 dias?
15) Em uma disputa de tiro, uma catapulta, operando durante 6 baterias de 15
minutos cada, lança 300 pedras. Quantas pedras lançará em 10 baterias de 12
minutos cada?
16) Dez guindastes móveis carregam 200 caixas num navio em 18 dias de 8
horas de trabalho. Quantas caixas serão carregadas em 15 dias, por 6
guindastes, trabalhando 6 horas por dia?
17) Com a velocidade de 75 Km/h, um ônibus faz um trajeto em 40 min. Devido
a um congestionamento, esse ônibus fez o percurso de volta em 50 min. Qual a
velocidade média desse ônibus?
18) Sabendo que os números a, 12 e 15 são diretamente proporcionais aos
números 28, b e 20, determine os números a e b.
19) Uma tábua com 1,5 m de comprimento foi colocada na vertical em relação
ao chão e projetou uma sombra de 53 cm. Qual seria a sombra projetada no
mesmo instante por um poste que tem 10,5 m de altura?
20) Certa quantidade de suco foi colocado em latas de 2 litros cada uma,
obtendo-se assim 60 latas. Se fossem usadas latas de 3 litros, quantas latas
seriam necessárias para colocar a mesma quantidade de suco?

116
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
7 PORCENTAGEM

É frequente o uso de expressões que refletem acréscimos ou reduções


em preços, números ou quantidades, sempre tomando por base 100 unidades.
Alguns exemplos:

A gasolina teve um aumento de 15%.


Significa que em cada R$100 houve um acréscimo de R$15,00.

O cliente recebeu um desconto de 10% em todas as mercadorias.


Significa que em cada R$100 foi dado um desconto de R$10,00.

Dos jogadores que jogam no Grêmio, 90% são craques.


Significa que em cada 100 jogadores que jogam no Grêmio, 90 são craques.

7.1 Razão centesimal

Toda a razão que tem para consequente o número 100 denomina-

MATEMÁTICA APLICADA
se razão centesimal.
Alguns exemplos:

Podemos representar uma razão centesimal de outras formas:

As expressões 7%, 16% e 125% são chamadas taxas


centesimais ou taxas percentuais.
Considere o seguinte problema:

João vendeu 50% dos seus 50 cavalos. Quantos cavalos ele vendeu?
Para solucionar esse problema devemos aplicar a taxa percentual (50%)
sobre o total de cavalos.

117

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Logo, ele vendeu 25 cavalos, que representa a porcentagem procurada.
Portanto, chegamos a seguinte definição:

Porcentagem é o valor obtido ao aplicarmos uma taxa percentual a um


determinado valor.

Exemplos:
Calcular 10% de 300.

Calcular 25% de 200kg.

Logo, 50kg é o valor correspondente à porcentagem procurada.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS:

1) Um jogador de futebol, ao longo de um campeonato, cobrou 75 faltas,


transformando em gols 8% dessas faltas. Quantos gols de falta esse jogador
fez?

Portanto o jogador fez 6 gols de falta.

2) Se eu comprei uma ação de um clube por R$250,00 e a revendi por


R$300,00, qual a taxa percentual de lucro obtida?

118
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Montamos uma equação, onde somando os R$250,00 iniciais com a
porcentagem que aumentou em relação a esses R$250,00, resulte nos
R$300,00.

Portanto, a taxa percentual de lucro foi de 20%.

LISTA DE EXERCICÍOS - PORCENTAGEM

1) 30% da população de uma cidade litorânea mora na área insular e os


demais 337.799 habitantes moram na área continental. Quantas pessoas

MATEMÁTICA APLICADA
moram na ilha?

2) Em uma cesta eu possuía certa quantidade de ovos. As galinhas no meu


quintal botaram 10% da quantidade dos ovos que eu tinha na cesta e nela os
coloquei, mas por um azar meu, um objeto caiu sobre a dita cuja e 10% dos
ovos foram quebrados. Eu tenho mais ovos agora ou inicialmente?

3) O aumento salarial de certa categoria de trabalhadores seria de apenas 6%,


mas devido à intervenção do seu sindicato, esta mesma categoria conseguiu
mais 120% de aumento sobre o percentual original de 6%. Qual foi o
percentual de reajuste conseguido?

4) Comprei um frango congelado que pesava 2,4kg. Após o descongelamento


e de ter escorrido toda a água, o frango passou a pesar apenas 1,44kg. Fui
lesado em quantos por cento do peso, por ter levado gelo a preço de frango?

5) Tempos atrás o rolo de papel higiênico que possuiu por décadas 40 metros
de papel, passou a possuir apenas 30 metros. Como o preço do rolo não sofreu
alteração, tal artimanha provocou de fato um aumento de quantos por cento no
preço do metro do papel?

6) Um guarda-roupa foi comprado a prazo, pagando-se R$ 2.204,00 pelo


mesmo. Sabe-se que foi obtido um desconto de 5% sobre o preço de etiqueta.
Se a compra tivesse sido à vista, o guarda-roupa teria saído por R$ 1.972,00.
Neste caso, qual teria sido o desconto obtido?

7) No intuito de reduzir o consumo de energia elétrica mensal das residências


de um determinado país, o governo baixou uma medida provisória decretando

119

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


que todos reduzam o consumo de energia em até 15%. Essa medida foi criada
para que não haja riscos de ocorrerem apagões, em razão da escassez de
chuvas que deixaram os reservatórios das hidrelétricas abaixo do nível de
segurança. Salvo que a água é utilizada na movimentação das turbinas
geradoras de energia elétrica. De acordo com a medida provisória, uma
residência com consumo médio de 652 quilowatts–hora mensais, terá que
reduzir o consumo em quantos quilowatts–hora mensal?

8) Em uma escola há 800 alunos matriculados, dos quais 60% praticam


esportes. Desses 60% temos que: 70% praticam futebol, 20% praticam vôlei e
10% fazem natação. Determine o número de alunos que praticam futebol, vôlei
e natação.

9) (Enem) – A taxa anual de desmatamento na Amazônia é calculada com


dados de satélite, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de 1º
de agosto de um ano a 31 de julho do ano seguinte. No mês de julho de 2009,
foi registrado que o desmatamento acumulado nos últimos 12 meses havia sido
64% maior do que no ano anterior, quando o INPE registrou 4.974 km² de
floresta desmatada. Nesses mesmos 12 meses acumulados, somente o estado
de Mato Grosso foi responsável por, aproximadamente, 56% da área total
desmatada na Amazônia. De acordo com os dados, determine a área
desmatada sob a responsabilidade do estado do Mato Grosso, em julho de
2008.

10) Um clube está fazendo uma campanha, entre seus associados, para
arrecadar fundos destinados a uma nova pintura na sede social. Contatados
60% dos associados, necessária para a pintura, e que a contribuição média
correspondia a R$ 60,00 por associado contatado. Então, para completar
exatamente a quantia necessária para a pintura, a contribuição média por
associados, entre os restantes associados ainda não contatados, deve ser
igual a:

a) R$ 25,00.

b) R$ 30,00.

c) R$ 40,00.

d) R$ 50,00.

e) R$ 60,00.

11) Um supermercado está fazendo a seguinte promoção: “leve 4 e pague 3”.


Isso equivale a conceder a quem leva 4, um desconto de:

a) 40%

b) 35%

120
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
c) 33,33%

d) 30%

e) 25%

12) Uma máquina copiadora que, trabalhando sem interrupção, fazia 90


fotocópias por minuto, foi substituída por uma nova com 50% mais veloz.
Suponha que a nova máquina tenha de fazer o mesmo número de cópias que a
antiga, em uma hora de trabalho ininterrupto, fazia. O tempo mínimo, em
minutos, que essa nova máquina gastará para realizar o trabalho é igual a:

a) 25

b) 30

c) 35

d) 40

13) Em uma promoção numa revenda da carros, está sendo dado um

MATEMÁTICA APLICADA
desconto de 18% para pagamento à vista. Se um carro é anunciado por R$
16.000.00, então o preço para pagamento à vista desse carro será:

a) R$ 13.120,00

b) R$ 13.220,00

c) R$ 13.320,00

d) R$ 13.420,00

e) R$ 13.520,00

14) O custo de produção de uma peça é composta por: 30% para mão de obra,
50% para matéria prima e 20% para energia elétrica . Admitindo que haja um
reajuste de 20% no preço de mão de obra , 35% no preço de matéria prima e
5% no preço da energia elétrica, o custo de produção sofrerá um reajuste de:

a) 60%

b) 160%

c) 24,5%

d) 35%

e) 4,5%

121

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


15) Numa certa população 18% das pessoas são gordas , 30% dos homens
são gordos e 10% das mulheres são gordas . Qual a porcentagem de homens
na população ?

a) 30%

b) 35%

c) 40%

d) 45%

e) 50%

8 JUROS SIMPLES

Juros simples é uma compensação em dinheiro que se recebe ou que se


paga.
Vamos supor que uma pessoa aplique certa quantia (capital ) em uma
caderneta de poupança por um determinado período (tempo). A aplicação é
como se ela estivesse fazendo um empréstimo ao banco. Então, no fim desse
período, essa pessoa recebe uma quantia (juros) como compensação. O valor
dessa quantia é estabelecido por uma porcentagem ( taxa de juros).
Ao final da aplicação, a pessoa terá em sua conta a quantia
correspondente a capital + juros = Montante.

c.i.t
J=
100

Onde: J = juros
C = capital ou principal
i = taxa de juros
t = tempo

M=C+J

ou seja: Montante = capital + juros

Obs. Taxa e tempo devem referir à mesma unidade de tempo.

122
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exemplo:

1) Temos uma dívida de R$ 1000,00 que deve ser paga com juros de 8%
a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 2 meses. Os
juros que pagarei serão:
J = 1000 x 8 x 2/100 = 160 ou J = 1000 x 0,08 x 2.

Cálculo do montante:

M = C + J → 1000 + 160 = 1160

2) Calcule o montante resultante da aplicação de R$70.000,00 à taxa de


10,5% a.a. durante 145 dias.

c.i.t
J= ,
100

70000 x10 ,5 x 0 , 402777


J= =2960,42

MATEMÁTICA APLICADA
100

M=C+J→M=70000+2960,42=72960,42

Observe que expressamos a taxa i e o período t, na mesma unidade de


tempo, ou seja, anos. Daí ter dividido 145 dias por 360, para obter o valor
equivalente em anos, já que um ano comercial possui 360 dias.

Exercícios resolvidos:

1) Calcular os juros simples de R$ 1200,00 a 13 % a.t. por 4 meses e 15 dias.

0.13 / 6 = 0.02167

Logo, 4m 15 d = 0.02167 x 9 = 0.195

j = 1200 x 0.195 = 234

2) Calcular os juros simples produzidos por R$40.000,00, aplicados à taxa


de 36% a.a., durante 125 dias.
Temos: J = c.i.t

123

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A taxa de 36% a.a. equivale a 0,36/360 dias = 0,001 a.d.
Agora, como a taxa e o período estão referidos à mesma unidade de tempo,
ou seja, dias, poderemos calcular diretamente:

J = 40000.0,001.125 = R$5000,00

3) Qual o capital que aplicado a juros simples de 1,2% a.m. rende


R$3.500,00 de juros em 75 dias?

Temos imediatamente: J = c.i.t ou seja: 3500 = c.(1,2/100).(75/30)

Observe que expressamos a taxa i e o período t em relação à mesma unidade


de tempo, ou seja, meses. Logo,44444

3500 = c. 0,012 . 2,5 = c . 0,030; Daí, vem:


c = 3500 / 0,030 = R$116.666,67

4) A que taxa mensal um capital produz, em 4 anos e 2 meses, juros


iguais ao dobro de si mesmo?
i=?
t = 4 anos e 2 meses = 50 meses
c=c
j=2c
j = c.i.t/100→ 2 c = c. i. 50/100 → i = 4

LISTA DE EXERCÍCIOS – JUROS SIMPLES

1- Uma pessoa aplicou o capital de R$ 1.200,00 a uma taxa de 2% ao mês


durante 14 meses. Determine os juros e o montante dessa aplicação.
2- Um capital aplicado a juros simples durante 2 anos, sob taxa de juros de
5% ao mês, gerou um montante de R$ 26.950,00. Determine o valor do
capital aplicado.
3- Um investidor aplicou a quantia de R$ 500,00 em um fundo de
investimento que opera no regime de juros simples. Após 6 meses o
investidor verificou que o montante era de R$ 560,00. Qual a taxa de
juros desse fundo de investimento?
4- Uma quantia foi aplicada a juros simples de 6% ao mês, durante 5
meses e, em seguida, o montante foi aplicado durante mais 5 meses, a
juros simples de 4% ao mês. No final dos 10 meses, o novo montante foi
de R$ 234,00. Qual o valor da quantia aplicada inicialmente?

124
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5- Uma pessoa tem R$ 20.000,00 para aplicar a juros simples. Se aplica
R$ 5.000,00 a taxa mensal de 2,5% e R$ 7.000 a taxa de 1,8% mensal,
então para obter um juro anual de R$ 4.932,00 deve aplicar o restante
por uma taxa mensal de:
6- Uma pessoa tomou um empréstimo de R$ 1.200,00 no sistema
de capitalização simples, quitando-o em uma única parcela, após 4
meses, no valor de R$ 1.260,00. A que taxa anual de correção este
empréstimo foi concedido?
7- Uma quantia de R$ 8.000,00 aplicada durante um ano e meio, a uma
taxa de juros simples de 2,5% a.m. renderá no final da aplicação um
montante de?
8- Qual é o juros produzido pelo capital de R$ 5.600,00 quando
empregados à taxa de 12% a.a durante 5 anos.
9- Fernando fez um empréstimo de R$ 19.200,00 em um banco pelo prazo
fixo de 7 meses, a taxa de 24% ao ano. Quanto Fernando vai devolver
para o banco no fim do prazo?
10- Arthur aplica em um determinado banco R$ 23.000,00 a juros simples.
Após 5 meses resgata totalmente o montante de R$ 25.300,00 referente

MATEMÁTICA APLICADA
a esta operação o aplica em outro banco, durante 4 meses a uma taxa
correspondente ao dobro da 1º. O montante no final do segundo período
é igual a?
11- Julia aplicou R$ 20.000,00 em um determinado banco, por um período
de 10 meses, passados os dez meses Jú retirou o montante de R$
22.000,00 e reaplicou em outra financeira por mais 10 meses, com a
taxa correspondente a metade do da primeira aplicação. Assim o
montante da segunda aplicação foi de?

9 PROGRESSÃO

9.1 Progressão Aritmética

Progressão aritmética é uma sequência numérica na qual, a partir do


segundo, cada termo é igual à soma de seu antecessor com uma constante,
denominada razão.

Fórmula do termo geral de uma P.A. : a n = a1 + (n − 1).r

(a1 + a n ).n
Soma de termos de uma P.A. finita : S n =
2

125

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


EXEMPLOS:

1) Dada a P.A. ((-19,-15,


15,-11,...)
11,...) calcule o seu enésimo termo.

Primeiramente encontramos a razão : r = a2 − a1 ⇒ r = −15 − (−19) ⇒ r = 4.


Logo, o termo geral é :
an = a1 + (n − 1).r ⇒ an = −19 + (n − 1).4 ⇒ an = −19 + 4n − 4 ⇒ an = 4n − 23

2) A soma dos 5 primeiros termos de uma P.A. é igual a -35


35 e a soma dos 10
primeiros termos é igual a 5. Qual é a soma dos 15 primeiros termos desta
P.A.?

Sabemos que através da fórmula abaixo podemos calcular a soma


dos n primeiro termos
termos de uma progressão aritmética. Com o auxílio dela iremos
solucionar o problema.

Para a soma dos 5 primeiros termos temos:

Para a soma dos 10 primeiros termos temos:

Expressando estas duas equações em função de a1 temos:

Multiplicando 2a1 + 4r = -14


- por -1 e somando com 2a1 + 9r = 1,, temos:

Tendo conhecimento do valor da razão, podemos identificar o valor de a1 na


expressão 2a1 + 9r = 1:

Finalmente conhecendo
conhecendo--sese o valor de a1 e da razão, podemos calcular a soma
dos 15 primeiros termos:

Assim sendo:
A soma dos 15 primeiros termos desta P.A. é igual a 120.

126
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
9.2 Progressão Geométrica

Podemos definir progressão geométrica, ou simplesmente P.G., como


uma sucessão de números reais obtida, com exceção do primeiro,
multiplicando o número anterior por uma quantidade fixa q, chamada razão.
Podemos calcular a razão da progressão, caso ela não esteja
suficientemente evidente, dividindo entre si dois termos consecutivos. Por
exemplo, na sucessão (1, 2, 4, 8,...), q = 2.

9.2.1 Cálculos do termo geral

Numa progressão geométrica de razão q, os termos são obtidos, por


definição, a partir do primeiro, da seguinte maneira:

a1 a2 a3 ... a20 ... an ...


a1 a1xq a1xq2 ... a1xq19 a1xqn-1 ...

MATEMÁTICA APLICADA
Assim, podemos deduzir a seguinte expressão do termo geral, também
chamado enésimo termo, para qualquer progressão geométrica.

an = a1 x qn-1

Portanto, se por exemplo, a1 = 2 e q = 1/2, então:

an = 2 x (1/2)n-1

Se quisermos calcular o valor do termo para n = 5, substituindo-o na fórmula,


obtemos:
a5 = 2 x (1/2)5-1 = 2 x (1/2)4 = 1/8

A semelhança entre as progressões aritméticas e as geométricas é


aparentemente grande. Porém, encontramos a primeira diferença substancial
no momento de sua definição. Enquanto as progressões aritméticas formam-se
somando-se uma mesma quantidade de forma repetida, nas progressões
geométricas os termos são gerados pela multiplicação, também repetida, por
um mesmo número. As diferenças não param aí.

127

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Observe que, quando uma progressão aritmética tem a razão positiva,
isto
to é, r > 0, cada termo seu é maior que o anterior. Portanto, trata
trata-se
se de uma
progressão crescente. Ao contrário, se tivermos uma progressão aritmética
com razão negativa, r < 0, 0, seu comportamento será decrescente. Observe,
também, a rapidez com que a prog progressão
ressão cresce ou diminui. Isto é
consequ ência direta do valor absoluto da razão, |r|.. Assim, quanto maior for r,
nsequência
em valor absoluto, maior será a velocidade de crescimento e vicevice-versa.

9.2.2 Soma dos n primeiros termos de uma PG

Seja a PG (a1, a2, a3, a4, ... , a n , ...) . Para o cálculo da soma dos n
primeiros termos Sn, vamos considerar o que segue:

Se substituirmos an = a1 . qn-1
qn 1 , obteremos uma nova apresentação para a
fórmula da soma, ou seja:

Exemplo:
1) Calcule a soma dos 10 primeiros termos
termo s da PG (1,2,4,8,...)
Temos:

Observe que neste caso a1 = 1.

9.2.3 Soma dos termos de uma PG decrescente e ilimitada

Considere uma PG ILIMITADA ((infinitos


infinitos termos) e decrescente. Nestas
condições, podemos considerar que no limite teremos an = 0. Substi
Substituindo
tuindo na
fórmula anterior, encontraremos:

128
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exemplo:

1) Resolva a equação: x + x/2 + x/4 + x/8 + x/16 + ... =100


O primeiro membro é uma PG de primeiro termo x e razão 1/2. Logo,
substituindo na fórmula, vem:

Dessa equação encontramos como


como resposta x = 50.

LISTA DE EXERCÍCIOS – PROGRESSÃO

1) Encontre o valor de x para que a sequência (2x, x+1, 3x) seja uma
progressão aritmética.
2) Numa progressão aritmética em que a 2+a7=a4+ak, o valor de k é:

MATEMÁTICA APLICADA
3) Se Sn é a soma dos n primeiros termos da progressão
prog ressão aritmética ((-90,-
86,-82,...)
82,...) então o menor valor de n para que se tenha Sn>0 é:
4) A soma dos n primeiros números pares positivos é 132. Encontre o valor
de n.
5) O número 15 possui quantos múltiplos com 2 dígitos?

6) Qual é o trigésimo múltiplo do número natural 21?

7) Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é igual a


176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?

8) A soma dos dez termos de uma P.A. é igual a -35.


35. O último termo é igual
ao número de termos. Qual é o primeiro termo?

9) A soma dos 3 termos de uma P.A. decrescente finita é igual a 21 e o seu


produto é igual a 231. Qual é o valor do último termo?

10) Represente os termos a7 , a2, a3 e a4, de uma P.G., em função


dos a9, a5, a1 e a3 respectivamente.

11) O produto dos 7 termos de uma P.G. é igual a 4586471424. Qual é o


quarto termo?

12) O sexto termo de uma P.G. é igual a 12500. Se a razão é igual a 5, qual
é o terceiro termo?

129

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


13) Se somarmos os 7 primeiros termos da P.G. ( 7, 21, ... ) qual será o
valor obtido?

14) Ao somarmos o segundo, o quinto e o sexto termo de uma P.G.


obtemos 400. Ao somarmos o terceiro, o sexto e o sétimo termo,
obtemos o dobro disto. Quanto obteremos se somarmos os três
primeiros termos desta progressão?


10 INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA

Estatística é uma ciência exata que visa fornecer subsídios ao analista
para coletar, organizar, resumir, analisar e apresentar dados. Trata de
parâmetros extraídos da população, tais como média ou desvio padrão.
A estatística fornece-nos as técnicas para extrair informação de dados,
os quais são muitas vezes incompletos, na medida em que nos dão informação
útil sobre o problema em estudo, sendo assim, é objetivo da Estatística extrair
informação dos dados para obter uma melhor compreensão das situações que
representam.
Quando se aborda uma problemática envolvendo métodos estatísticos,
estes devem ser utilizados mesmo antes de se recolher a amostra, isto é, deve-
se planejar a experiência que nos vai permitir recolher os dados, de modo que,
posteriormente, se possa extrair o máximo de informação relevante para o
problema em estudo, ou seja para a população de onde os dados provêm.
Quando de posse dos dados, procura-se agrupa-los e reduzi-los, sob
forma de amostra, deixando de lado a aleatoriedade presente.
Seguidamente o objetivo do estudo estatístico pode ser o de estimar uma
quantidade ou testar uma hipótese, utilizando-se técnicas estatísticas
convenientes, as quais realçam toda a potencialidade da Estatística, na medida
em que vão permitir tirar conclusões acerca de uma população, baseando-se
numa pequena amostra, dando-nos ainda uma medida do erro cometido.

Exemplo:

Ao chegarmos a uma churrascaria, não precisamos comer todos os tipos


de saladas, de sobremesas e de carnes disponíveis, para conseguirmos chegar
à conclusão de que a comida é de boa qualidade. Basta que seja provado um
tipo de cada opção para concluirmos que estamos sendo bem servidos e que a
comida está dentro dos padrões

130
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 

10.1 População e amostra

Qualquer estudo científico enfrenta o dilema de estudo da população ou


da amostra. Obviamente ter-se-ia uma precisão muito superior se fosse
analisado o grupo inteiro, a população, do que uma pequena parcela
representativa, denominada amostra. Observa-se que é impraticável na grande
maioria dos casos, estudar-se a população em virtude de distâncias, custo,
tempo, logística, entre outros motivos.
A alternativa praticada nestes casos é o trabalho com uma amostra
confiável. Se a amostra é confiável e proporciona inferir sobre a população,
chamamos de inferência estatística. Para que a inferência seja válida, é
necessária uma boa amostragem, livre de erros, tais como falta de
determinação correta da população, falta de aleatoriedade e erro no
dimensionamento da amostra.
Quando não é possível estudar, exaustivamente, todos os elementos da
população, estudam-se só alguns elementos, a que damos o nome de

MATEMÁTICA APLICADA
Amostra.

EXEMPLO:

Se o objetivo for estudar o desempenho escolar de um colégio, é


indicado estudar as notas dos alunos ao final do ano letivo. A partir daí
poderemos facilmente obter a percentagem de aprovações e reprovações.

Agora, se entretanto o interesse for aprofundar o estudo, saber se por


exemplo o sucesso no estudo pode ser atribuído para as alunas ou alunos,
deveremos recolher não somente a informação relativa à nota do aluno que
aprovou ou não, mas também para cada um, o sexo.

Aprovados

Masculino 28%

Feminino 13%

Total 41%

Quando a amostra não representa corretamente a população diz-se enviesada


e a sua utilização pode dar origem a interpretações erradas.

131

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


10.2 Médias de tendência central

10. 2.1 Média aritmética simples

A média aritmética simples também é conhecida apenas por média. É a


medida de posição mais utilizada e a mais intuitiva de todas. Ela está tão
presente em nosso dia-a-dia que qualquer pessoa entende seu significado e a
utiliza com frequência. A média de um conjunto de valores numéricos é
calculada somando-se todos estes valores e dividindo-se o resultado
pelo número de elementos somados, que é igual ao número de elementos do
conjunto, ou seja, a média de n números é sua soma dividida por n.

Exemplo: Três cidades resolveram construir um aterro sanitário, para isto eles
precisam saber qual a media de lixo gerado pelas cidades diariamente. Sabe-
se que a cidade A gera 10 t, a cidade B 3,3 t e a cidade C 1,7 t. Qual a
capacidade media de lixo diária, será depositado neste aterro?

 = 
 = 33
 = 
   33  
 = =
 3
 =5t

10.2.2 Média ponderada

Nos cálculos envolvendo média aritmética simples, todas as ocorrências


têm exatamente a mesma importância ou o mesmo peso. Dizemos então que
elas têm o mesmo peso relativo. No entanto, existem casos onde as
ocorrências têm importância relativa diferente. Nestes casos, o cálculo da
média deve levar em conta esta importância relativa ou peso relativo. Este tipo
de média chama-se média aritmética ponderada.
Ponderar é sinônimo de pesar. No cálculo da média ponderada,
multiplicamos cada valor do conjunto por seu "peso", isto é, sua importância
relativa.

132
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
DEFINIÇÃO DE MÉDIA ARITMÉTICA PONDERADA:
A média aritmética ponderada p de um conjunto de números x 1, x2, x3,
..., xn cuja importância relativa ("peso") é respectivamente p1, p 2, p3, ..., pn é
calculada da segui
seguinte
nte maneira:

p =

EXEMPLO: Alcebíades participou de um concurso, onde foram realizadas


provas de Português, Matemática, Biologia e História.
História. Essas provas tinham
peso 3, 3, 2 e 2,
2, respectivamente. Sabendo que Alcebíades tirou 8,0 em
Português, 7,5 em Matemática,
temática, 5,0 em Biologia e 4,0 em História, qual foi a
média que ele obteve?

MATEMÁTICA APLICADA
p =

Portanto a média de Alcebíades foi de 6,45.

10.2.3 Moda

Define-se
se moda como sendo: o valor que surge com mais frequência se
os dados são discretos, ou, o interval
intervalo
o de classe com maior frequência se os
dados são contínuos.
Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se
obtém se imediatamente o
valor que representa a moda ou a classe modal
modal.
Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação de um
conjunto de dad
dados
os qualitativos, apresentados sob a forma de nomes ou
categorias, para os quais não se pode calcular a média e por vezes a mediana.
mediana.

10.2.4 Mediana
A mediana, é uma medida de localização do centro da distribuição dos
dados, definida do seguinte modo:

Ordenados
nados os elementos da amostra, a mediana é o valor (pertencente
ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50% dos elementos da amostra
são menores ou iguais à mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à
mediana.

133

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois de ordenada
a amostra de n elementos:

Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio.

Se n é par, a mediana é a semissoma dos dois elementos médios.

10.3 Medidas de dispersão

Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto de dados,


é o da determinação da variabilidade ou dispersão desses dados, relativamente
à medida de localização do centro da amostra.
Supondo ser a média, a medida de localização mais importante, será
relativamente a ela que se define a principal medida de dispersão - a variância,
apresentada a seguir.

10.3.1 Variância

Define-se a variância, como sendo a medida que se obtém somando


os quadrados dos desvios das observações da amostra, relativamente à sua
média, e dividindo pelo número de observações da amostra menos um.

10.3.2 Desvio-padrão

Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, a unidade


em que se exprime não é a mesma que a dos dados. Assim, para obter uma
medida da variabilidade ou dispersão com as mesmas unidades que os dados,
tomamos a raiz quadrada da variância e obtemos o desvio padrão:
O desvio padrão é uma medida que só pode assumir valores não
negativos e quanto maior for, maior será a dispersão dos dados.

Algumas propriedades do desvio padrão, que resultam imediatamente da


definição, são:

o desvio padrão será maior, quanta mais variabilidade houver entre os dados.

134
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
LISTA DE EXERCÍCIOS – INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA

1.Numa empresa com 20 funcionários, a distribuição dos salários está


representada no quadro abaixo. Qual é o salário médio dos empregados dessa
empresa?

Nº de
Salário
empregados

12 R$ 800,00

5 R$ 1 200,00

3 R$ 2 000,00

2. Certo comerciante mistura 20, 30 e 50 sacas de arroz, cujos preços são

MATEMÁTICA APLICADA
R$ 30,00, R$ 40,00 e R$ 50,00 por saca, respectivamente. Quanto vale uma
saca dessa mistura?

3. Em um grupo de pessoas as idades são 10, 12, 14 e 15 anos. Se uma


pessoa de 19 anos se juntar ao grupo, a média de idade do grupo:

a) permanece a mesma.

b) diminui de um ano.

c) aumenta menos de um ano.

d) aumenta mais de um ano.

4. Um litro de vinho tipo A custa R$ 8,00 e um litro de vinho tipo B custa


R$15,00. Misturando 5 litros de vinho tipo A com 2 litros de vinho tipo B,
obtemos um terceiro tipo de vinho. Quanto vale o litro de vinho dessa mistura?

5. Júlio fará 4 avaliações entre trabalhos e provas neste semestre, precisa


garantir média 8,0 para ser aprovado. Ele já fez um trabalho cuja nota foi 9,5 e
duas provas cujas notas também foram 8,0 e 7,5. Falta apenas um
trabalho para ser feito, mas as provas têm peso 3 e os trabalhos peso 2, qual
deve ser a nota mínima que deverá tirar neste trabalho para garantir a média?

135

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


6. (Fuvest
Fuvest-SP)
SP) A distribuição dos salários de uma em
empresa
presa é dada na tabela a
seguir. Determinar a média salarial
salarial.

7. (UnB)
UnB) Numa turma, com igual número de moças e rapazes, foi aplicada uma
prova de Matemática. A média aritmética das notas das moças foi e a dos
rapazes foi . Qual a média aritméti
aritmética
ca de toda a turma
turma nessa prova?

a) .
b) .
c) .
d) .
e) .

8. (Fuvest
(Fuvest-1999)
1999) A distribuição das idades dos alunos de uma classe é dada
pelo seguinte gráfico:

136
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Qual das alternativas representa melhor a média de idades dos alunos?

a) 16 anos e 10 meses.

b) 17 anos e 1 mês.

c) 17 anos e 5 meses.

d) 18 anos e 6 meses.

e) 19 anos e 2 meses.

9. (Vunesp-SP) Num concurso vestibular para dois cursos A e B,


compareceram 500 candidatos para o curso A e 100 candidatos para o curso
B. Na prova de matemática, a média geral, considerando os dois cursos, foi
4,0. Mas, considerando apenas os candidatos ao curso A, a média cai para 3,8.
A média dos candidatos ao curso B, na prova de matemática, foi:

MATEMÁTICA APLICADA
a) 4,2

b) 5,0

c) 5,2

d) 6,0

e) 6,2

10. O histograma apresenta a distribuição de frequência das faixas salariais


numa pequena empresa.

137

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Com os dados disponíveis, pode-se concluir que a média desses salários é,
aproximadamente:
a) R$ 420,00

b) R$ 536,00

c) R$ 562,00

d) R$ 640,00

e) R$ 708,00

11. (Fuvest-SP) Uma prova continha cinco questões, cada uma delas valendo 2
pontos. Em sua correção, foram atribuídas a cada questão apenas as notas 0
ou 2, caso a resposta estivesse, respectivamente, errada ou certa. A soma dos
pontos obtidos em cada questão forneceu a nota da prova de cada aluno. Ao
final da correção, produziu-se a seguinte tabela, contendo a porcentagem de
acertos em cada questão:

Logo, a média das notas da prova foi:

a) 3,8 b) 4,0 c) 4,2 d) 4,4 e) 4,6

12. (Faap-SP) Nas eleições realizadas no 1o turno em todo o país no dia 3 de


outubro de 1996, inaugurou-se o voto eletrônico. Numa determinada seção
eleitoral, cinco eleitores demoraram a votar, respectivamente: 1min04s,
1min32s, 1min12s, 1min52s e 1min40s. A média aritmética do tempo de
votação (em minutos e segundos) desses eleitores foi:

a) 1min28s b) 1min58s c) 1min d) 1min04s e) 2min04s

13. As idades dos jogadores de uma equipa de futebol são: 22, 24, 27, 27, 25,
25, 25, 23, 24, 32, 28

a) Determine a média das idades.

b) Indique a moda.

c) Indique a mediana.

138
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
14. Determinar a media, mediana, moda dos seguintes conjuntos de valores:
a) 2,3 2,1 1,5 1,9 3,0 1,7 1,2 2,1 2,5 1,3 2,0 2,7
0,8 2,3 2,1 1,7

b) 37 38 33 42 35 44 36 28 37 35 33 40 36 35 37
15.Responda a questão abaixo: Média, Mediana e Moda são medidas de:
a) ( ) dispersão

b) ( ) posição

d) ( ) curtose

16. Demonstre através de cálculos a posição da mediana nos dados


informados:

a) 54, 74, 21, 01,12, 33, 03, 76, 40, 56, 89, 102, 04
b) 87, 45, 12, 120, 107, 05, 34, 02, 09, 01, 19, 29, 22, 17
c) 25, 74, 65, 12, 33, 03, 76, 40, 56

17. O Desvio Padrão de um conjunto de dados é 9. A variância é:

MATEMÁTICA APLICADA
a) ( ) 3 c) ( ) 81

b) ( ) 36 d) ( ) 18

18.O calculo da variância supõe o conhecimento da:


a) ( ) Fac. c) ( ) mediana

b) ( ) média d) ( ) moda

19. Qual é a variância de uma população da qual se tira a seguinte amostra:


a) 16, 17, 18, 20, 22

139

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO FILHO, Benigto; Silva C. X. Matemática: Aula por aula. Vol. único.
São Paulo: FTD, 2000.

DANTE, Luiz Roberto. Matemática contexto e aplicações. Vol. único. São


Paulo: Editora ática, 2010.

Filho, B. B e SILVA, C. X. Matemática. Vol. único. São Paulo: Editora FTD S.A.

GUIMARÂES, Ângelo de Moura. Introdução á ciência da computação. Rio de


Janeiro: Editora L.T.C S .A, 1998.

Matemática. Disponível em: http://www.somatematica.com.br/. Acesso em: 5 de


dezembro, 2013.

Probabilidade. Disponível em:

http://www.somatematica.com.br/emedio/probabilidade.php. Acesso em: 20 de


dezembro, 2013.

Probabilidade. Disponível em:

http://www.matematicadidatica.com.br/ProbabilidadeConceitos.aspx. Acesso
em: 20 de dezembro, 2013.

Média Aritmética. Disponível em:


http://www.brasilescola.com/matematica/media-aritmetica.htm. Acesso em 02
de janeiro, 2014.

140
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ANEXOS 1

EXERCÍCIOS DE MATEMÁTICA POR ÁREA DE CONHECIMENTO

1. No reticulado abaixo temos o traçado das chamadas coordenadas


geográficas em um planisfério. Essas, que são fundamentais para a
localização de qualquer pont
ponto
o na superfície terrestre. Sendo assim, o
eixo X corresponde à Linha do Equador e o eixo Y corresponde ao
Meridiano de Greenwich, responda a questão a seguir.

MATEMÁTICA APLICADA
2. Considerando que no ponto A são 14 horas, calcule o horário local do
Ponto B a partir dos conceitos
conceitos e estudos sobre fuso horário. Em sua
resposta, desconsidere a possibilidade da existência de horário de verão
e de horas cifradas:

a) 20 horas
b) 18 horas
c) 17 horas
d) 8 horas

3. A localização de cada região em diferentes latitudes nos ajuda a


compreender a existência da variação climática na superfície terrestre.
Além disso, é importante ressaltar que o comportamento atmosférico é
influenciado pelos fatores geográficos regionais e locais.

141

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4. Com base nas informações do texto, na análise do mapa e nos
conhecimentos
imentos sobre os elementos e fatores geográficos do clima
clima,
calcule a amplitude térmicas anual das cidades de Amiens (França),
Praga (República Tcheca) e Kiev (Ucrânia), situadas em latitudes
próximas, respectivamente:

a) Amiens 15 oC, Praga 21 oC e Kiev 27 oC.


b) Amiens 18 oC, Praga 20 oC e Kiev 21 oC.
c) Amiens 3 oC, Praga --1 oC e Kiev - 6 oC.
d) Amiens 21 oC, Praga 19 oC e Kiev 21 oC.

5. Sabendo
Sabendo-sese que o Brasil foi o país que anunciou a exploração de pré
pré-sal
para o mundo e que esse combustível fóssil o mais consumido do
mundo. O gráfico abaixo apresenta o desenvolvimento do refino de
petróleo no Brasil, de 2003 a 2009.

142
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6. Considerando que o aumento observado de 2007 a 2009 seja linear e
que assim se mantenha pelos próximos anos, quantos milhões de barris
diários serão refinados em 2015?

a) 1.978
b) 1.994
c) 2.058
d) 2.070

7. Ação global contra petróleo caro.

A Agência Internacional de Energia (AIE), formada por 28 países,


anunciou ontem a liberação de 60 milhões de barris de petróleo de
reservas estratégicas [...]. Os EUA vão entrar com metade do volume,

[...] a Europa irá colaborar com (três décimos), e o restante virá de


Austrália, Japão, Coreia e Nova Zelândia.
O Globo, Rio de Janeiro, p. 17. 24 jun. 2011. Adaptado

MATEMÁTICA APLICADA
8. Desse modo quantos milhões de barris serão disponibilizados pelos
países asiáticos e da Oceania? (Adaptado)

a) 2 milhões
b) 10 milhões
c) 15 milhões
d) 20 milhões

9. O Médico da Família, observou, em uma comunidade, expressivas


ocorrências de cólera, verminoses, danos gastrointestinais, crianças
com defeitos de nascença e com falência do sistema nervoso central.
Tendo em vista a atipicidade desses eventos de forma conjunta, solicitou
a um agente municipal de saneamento que promovesse análise da água
consumida por essa comunidade, na qual há uma indústria siderúrgica.
Os dados obtidos nessa análise foram os constantes no quadro abaixo.
(Enade 2011).

143

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


10. Considerando os valores apresentados no quadro acima, analise as
informações que se seguem:

I. O valor 32,0 mg/L indica poluição por esgoto sanitário.


II. O valor 1,2mg/L indica forte presença de efluente da indústria
existente no local.
III. O valor 0,3 mg/L indica contaminação por mercúrio-cromo oriundo
de resíduos hospitalares.
IV. O valor 0,8 mg/L é tranquilizador, do ponto de vista dos efeitos na
saúde humana.
É correto apenas o que se afirma em:

11. I e II.
12. I e IV.
13. III e IV.
14. I, II e III.

11. Em uma população de 350, indivíduos, nascem 70, morrem 60, imigram
50 e emigram 30 indivíduos. Quantos indivíduos foram acrescentados a
essa população?

12. Um biólogo anotou as taxas de natalidade, mortalidade, imigração e


emigração de quatro populações nos anos de 2004, 2005 e 2006. Com
os dados obtidos, montou os gráficos a seguir, que representam as taxas
de crescimento dessas populações. Numere a coluna da direita,
indicando a que população está correlacionado cada um dos gráficos.

144
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
MATEMÁTICA APLICADA
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da
direita, de cima para baixo.
a) 2 - 1 - 3 - 4. b) 1 - 2 - 3 - 4.
c) 4 - 2 - 1 - 3. d) 1 - 4 - 2 - 3.

13. Analise estas curvas resultantes da análise dos dados obtidos em um


experimento desenvolvido para se avaliar a taxa de sobrevivência dos
indivíduos de três diferentes populações:

A partir dessa análise, suponha de que modo esse experimento foi


planejado, bem como os tipos de dados que, obtidos ao longo das
observações, possibilitaram a construção dessas curvas de
sobrevivência.


145

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Considerando essas informações e outros conhecimentos sobre o
assunto, INDIQUE

a. as características iniciais das populações estudadas.
b. os tipos de dados coletados ao longo do experimento.

14. Num determinado conselho do nosso país, nasceram em 1988, 260


crianças vivas e verificaram-se 210 óbitos.

a) Calcule a taxa de mortalidade, sabendo que a população era, nesse


ano, de 20 600 habitantes.
b) Considere as informações relativas a dados de populações de duas
localidades (A e B).
· Localidade A: nasceram 136 crianças e faleceram 114 pessoas.
· Localidade B: nasceram 17 crianças e morreram 24 pessoas.
Calcule o crescimento natural em cada uma das localidades.

Compare os resultados obtidos.

15. Numa localidade residiam 2020 pessoas. Nasceram 14 bebês e


morreram 10 pessoas, 2 das quais eram bebês com menos de um ano
de idade. Calcular:
a) Taxa de natalidade;
b) Taxa de mortalidade,
c) Taxa de Mortalidade Infantil;
d) Crescimento Natural;
e) Crescimento efetivo, sabendo que emigraram 5 pessoas e imigraram
9.
f) Taxa de crescimento Efetivo.

16. Sabendo-se que a frequência do gene autossômico A é igual a 0,8,


numa população constituída de 8.000 indivíduos, indique a alternativa
que mostra o número de indivíduos para cada genótipo, se essa
população estiver em equilíbrio genético.
a) AA – 6.400; Aa – 1.440; aa – 160.
b) AA – 6.400; Aa – 1.280; aa – 320.
c) AA – 5.120; Aa – 1.280; aa – 1.600.
d) AA – 6.560; Aa – 1.280; aa – 160.
e) AA – 5.120; Aa – 2.560; aa – 320.

17. Tamanho …(I)…, cruzamentos …(2)… e fatores evolutivos …(3)… são


condições para que, numa população, as frequências gênicas e
genotípicas se mantenham constantes ao longo das gerações, de acordo
com Hardy e Weinberg.
Preenchem correta e respectivamente as lacunas (1), (2) e (3):

146
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a) Infinitamente grande, ao acaso, atuantes.
b) Infinitamente grande, direcionados, atuantes.
c) Infinitamente grande, ao acaso, ausentes.
d) Pequena, direcionados, ausentes.

18. Um par de genes determina resistência a um fungo que ataca a cana-de-


açúcar e os indivíduos suscetíveis (aa) apresentam frequência de 0,25.
Em uma população que está em equilíbrio de Hardy-Weinberg, a
frequência de heterozigotos será:
a) 15%
b) 25%
c) 50%
d) 75%
e) 100%

19. Em uma determinação de DBO, foram misturados 6,0 mL de um despejo


e 294,0 mL de água de diluição contendo 8,6 mg/L de OD. Após em
período de incubação de 5 dias à 20°C, a concentração de OD na

MATEMÁTICA APLICADA
mistura foi de 5,4 mg/L. Calcular a DBO do despejo.

20. A DBO5 a 20°C de um despejo é igual a 210 mg/L. Qual será a DBO
final? Qual será a DBO10? Se o frasco tivesse sido incubado a 30°C, qual
seria a DBO5? Dado: k’ = 0,23 d-1

21. Determinar a demanda de oxigênio carbonácea e nitrogenada para um


esgoto representado pela fórmula C9N2H6O2 (N é convertido em NH3 no
1° estágio).

22. De acordo com o que aprendemos em sala; imagine um projeto de


implantação de 10 anos de um aterro sanitário que tenha uma coleta de
0,250 Kg\ hab.\dia.
a) Qual a concentração coletada em 1 mês?
b) Entendendo, que 1ano, contem 12 meses, qual foi a massa coletada
no meio do projeto?
c) E qual o volume coletado no 1º trimestre do ano?

23. Entendendo que o peso aparente de um resíduo é 2\3 do peso real qual
o peso de:
a) papelão a 0,200kg
b) ferro a 2 kg

147

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


24. Calcule qual é a geração per capta das populações, entendendo que a
soma de resíduos recolhidos é de 5.200 toneladas dia :
a) 3.500 pessoas
b) 56.000 pessoas
c) 22.500 pessoas

148
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Disciplina: Educação Ambiental

Carga Horária: 60 horas/ aula

Objetivos Gerais: Estabelecer uma visão holística da educação; promover a


interdisciplinaridade nas áreas técnico cientificas; Dar enfoque democrático e participativo
individual e social; Descentralizar o poder gerando uma estrutura participativa; Promover
a integração e estabelecimento de parcerias; Estabelecer o respeito e a tolerância étnica;
Respeitar a pluralidade e a diversidade cultural; Promover a construção social de novos
valores étnicos, sociais e educacionais; Perceber impactos ambientais e suas influencias
na sociedade.

Avaliações- 1º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos


Data Atividades Valor
Trabalho Bimestral 10,0
Atividades Bimestrais 10,0
Avaliação Bimestral 20,0
Total de Pontos 40,00

Avaliações- 2º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos


Data Atividades Valor
Mostra Tecnológica 10,0
Trabalho Segundo Bimestre 10,0
Atividades Bimestrais 10.0
Avaliação Bimestral 30,00
Total de Pontos 60,00

150
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Educação Ambiental

Histórico e Antecedentes da Educação Ambiental

S e g u n d o Patrícia Mousinho, (2003), Educação Ambiental é:

"Processo em que se busca despertar a


preocupação individual e coletiva para a questão
ambiental, garantindo o acesso à informaçã o em
linguagem adequada, contribuindo para o
desenvolvimento de uma consciência crítica e
estimulando o enfrentamento das questões
ambientais e sociais. Desenvolve -se num contexto de
complexidade, procurando trabalhar não apenas a
mudança cultural, mas também a transformação
social, assumindo a crise ambiental como uma

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
questão ética e política."

Pós- Segunda Guerra Mundial foi dada ênfase a estudos relacionados ao meio
ambiente; na década de 1960, o termo “Educação Ambiental” foi mencionado como forma
de buscar a conscientização ambiental. Esse assunto foi tratado na Conferência das
Nações Unidas (Estocolmo em 1972) e foi a primeira atitude mundial a tentar preservar o
meio ambiente. Em um âmbito Internacional, foi criado pela ONU em 1975, o PIEA
Programa internacional de Educação Ambiental, no Brasil, em 1973 houve a
Institucionalização da EA no governo federal através da Criação da Secretaria Especial de
Meio Ambiente onde declaravam que “o esclarecimento e a educação do povo brasileiro
para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio
ambiente”. Em 1984 foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea) e
em 1988 a Educação Ambiental foi dada como direito de todos e dever do Estado no
capítulo de meio ambiente da Constituição, em suma a educação ambiental se resume
em:

 1992 - Criação dos Núcleos de Educação Ambiental pelo IBAMA e dos Centros de
Educação Ambiental pelo MEC;

 1994 - Criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea) pelo MEC


e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA);

 1997 - Elaboração dos Parâmetros Curriculares pela Secretaria de Ensino


Fundamental do MEC, onde “meio ambiente” é incluído como um dos temas
transversais;

151

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


 1999 - Aprovação da Política Nacional de EA pela Lei n. 9.795

 2001 - Implementação do Programa Parâmetros em Ação: Meio Ambiente na


Escola, pelo MEC.

 2002 - Regulamentação da Política Nacional de EA (Lei n. 9.795) pelo Decreto n.


4.281.

 2003 - Criação do Órgão Gestor da Política Nacional de EA reunindo MEC e MMA.

No Brasil, a partir da década de 1970 aconteceu a evolução dos movimento


ambientais, onde eventos como Movimento Arte e Pensamento Ecológico e a Comissão
de defesa da Billings, em São Paulo; Associação Democrática Feminina Gaúcha (ADFG),
que atuava na luta ambiental, e a Associação Gaúcha de Proteção à Natureza (AGAPAN),
a luta contra a construção do aeroporto metropolitano de São Paulo em Caucaia do Alto,
no município de Cotia, sobre áreas remanescentes de Mata Atlântica, apontava a
reconquista dos direitos civis e políticos e no avanço dos direitos sociais (Diretas Já
1984), essa construção de uma ordem democrática buscou uma maior representatividade
às ações ecológicas, seja pela via da expansão e da valorização dos movimentos
ecológicos, seja pela via da organização de entidades ambientais do tipo ONG.

Desenvolvimento Sustentável
Fatores como o crescimento intenso urbano na década de 1960, a crise do
petróleo na década de 1970, colocaram como questão a ser tratada o Desenvolvimento
Sustentável, então, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada
pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, elaborando um conceito para
Desenvolvimento Sustentável: “Atender às necessidades da atual geração, sem
comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias demandas.”.

Porém em 1987 foi criado a partir da Conferência de Estocolmo o Relatório


Brundtland: O Nosso Futuro Comum, onde dava maior ênfase à gestão do ambiente e dos
recursos conciliando o desenvolvimento econômico com a valorização ambiental,
apresentando também os princípios de sustentabilidade, ampliando assim o conceito
envolvendo a dimensão social e econômica. Então, desde a Eco-92, a sustentabilidade
não significa apenas usar d forma consciente e eficiente os recursos naturais, segundo
Lúcia Ferreira (Unicamp), “sustentabilidade é também redução dos níveis de pobreza,
criação de emprego e renda, redução das desigualdades e da violência e democratização
das informações e decisões”.

152
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Imagem 1:

Imagem1: Critérios de decisão para um desenvolvimento sustentável. Fonte: Salder, 1990.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Portanto, sustentabilidade não trata apenas de gestão ambiental e conservação
da natureza, crescimento e lucro e ação social, mas sim, de criar capacidades, saber
integrar valorizar, além de proteger e conservar, dialogar, conciliar objetivos e
perspectivas, comunicar.

Sustentabilidade em grandes cidades

A opção do homem por áreas urbanas teve como consequência o crescimento


desordenado, e para a urbanista e professora da UNB Marta Romero, “Na construção de
cidades sustentáveis, colocamos centralmente o resgate de melhores condições de vida
prejudicadas pelo crescimento desordenado”.

Voltando às discussões ambientais na década de 1970, buscava-se também


qualidade de vida, com isso o governo adotou políticas que buscavam impedir o
crescimento das cidades, ou seja, tentativas de manter as pessoas no campo, por razões
econômicas e culturais, tentativas frustradas.

Os atuais problemas ambientais nas cidades que prejudicam a qualidade de


vida das mesmas são: temperaturas elevadas; adensamento de edificações; lançamento
de gases por veículos automotores e pelas indústrias, lixo; diversos tipos de poluição
(sonora, do ar, dos solos, das águas); lançamento de esgotos em cursos de águas; morte
de fauna e flora urbana. O adensamento populacional também traz má qualidade da água
para abastecimento e a precariedade ou ausência de saneamento básico decorrentes da
falta de equipamentos urbanos, como rede de abastecimento de água, rede de esgoto e
calçamento, falta ou ineficácia de serviços públicos, tais como: escolas, creches, posto de
saúde e áreas de lazer.

153

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Como as cidades não conseguiram absorver com infraestrutura adequada o
grande contingente populacional que migrou do campo e/ou de outras cidades em direção
a elas, dão origens aos aglomerados.

Para se ter uma cidade com certa qualidade de vida para seus moradores é
necessário planejar todas as decisões, balancear os interesses econômicos com a
preservação ambiental e a questão social. A sustentabilidade torna se impossível de ser
colocada em prática com a adoção de um modelo de crescimento. Marcos Esdras Leite,
Iara Soares de França,

“Quanto se escolhe um modelo de desenvolvimento, a


perspectiva é mais otimista, pois para se desenvolver é necessário
controlar o crescimento e assim, há uma melhoria na qualidade de
vida que passa primeiro por um desenvolvimento educacional de
extrema valorização do exercício do pensar. Sendo assim,
mudanças profundas ocorreram na escala de valores do ser humano
que se tornará mais racional e sensível às questões ambientais.
Pois o ser humano com um maior grau de conhecimento terá uma
escala de valores diferenciada, onde há uma preocupação com a
qualidade de vida das gerações futuras.”

Belo Horizonte

Belo Horizonte foi a primeira cidade planejada do país no período entre 1894 e
1897, foi imaginada para ser cidade de fácil locomoção, com quadras junto a longas
avenidas, quando foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897, Belo Horizonte contava
com 25.000 habitantes, iniciada sua construção, os idealizadores do projeto previram que
a cidade alcançaria a marca de 100 mil habitantes apenas quando completasse 100 anos,
porém, em 1997, ano do centenário, a cidade possuía mais de 2 milhões de pessoas.

Rio 92
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMA), também chamada de Rio 92, ocorreu em 3 e 14 de junho de 1992, com
representantes de 172 países, na cidade do Rio de Janeiro, para discutir novos modelos
de desenvolvimento baseados na interação entre as dimensões social, ambiental e
econômica.

Introduziu a ideia de desenvolvimento sustentável, segundo a qual o


crescimento econômico pode ser compatível com a proteção ambiental e com inclusão
social.

154
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Tinha como principais objetivos:

 Examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas


depois da Conferência de Estocolmo – 1972;

 Identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas


referentes às principais questões ambientais.

 Recomendar medidas a serem tomadas nacional e internacionalmente


quanto à proteção ambiental;

 Prover o aperfeiçoamento da legislação ambiental internacional;

 Examinar estratégias de promoção do desenvolvimento sustentável e


eliminação da pobreza em países em desenvolvimento.

A Eco-92 consagrou princípios (Princípios do Rio) que atualmente orientam os


debates em torno da Rio+20, como um dos mais importantes, o princípio das
responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que reconhece que todos os países
devem se comprometer com a proteção do meio ambiente. Os resultados da Rio 92 se

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
materializaram em forma de acordos:

Convenção de Clima: Trata de um documento que propunha a volta das


emissões de gás carbônico ao nível dos anos de 199, sem prazo estipulado, o objetivo
era reduzir os gases causadores do Efeito Estufa na Terra.

Convenção da Biodiversidade: Buscava a proteção da biodiversidade do


planeta, estabelecendo mecanismos para que países desenvolvidos tivessem acesso
pago às florestas e fontes da biodiversidade, previa transferência de tecnologia e
reconhecimento de patentes e produtos que fossem descobertos a partir destas espécies.

Declaração do rio: Propôs uma parceria global a partir da colaboração entre


Estados e integrantes da sociedade em que fossem respeitados os interesses de todos e
a integridade do meio ambiente.
Documento bastante simbólico da Eco-92 para o meio ambiente, equivalendo à
Declaração Universal dos direitos Humanos.

Agenda 21: O documento pontuou a necessidade do comprometimento de


cada país em cooperar com soluções para estabelecer um novo padrão de
desenvolvimento no planeta. É um instrumento de planejamento para a construção de
sociedades sustentáveis, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e
eficiência econômica.

155

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Uma característica da Agenda 21 é o seu dinamismo, ou seja, ela respeita as
diferentes situações, capacidades e prioridades dos países e regiões, sempre levando em
consideração todos os princípios estabelecidos na Declaração do Rio sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento.

Foi criada por decreto presidencial a Comissão de Políticas de


Desenvolvimento Sustentável da Agenda 21 – CPDS, tendo como função coordenar o
processo de elaboração e implementação da Agenda 21 Brasileira.

Rio + 5
Em Julho de 1997, aconteceu o primeiro ciclo de avaliação dos resultados da
Conferência Rio-92, onde obteve o documento final: “Declaração de Compromisso”,
repetindo os acordos da Rio-92, garantindo a continuidade da implementação das
determinações. Segundo Dias (2004), o resultochegado foi que não foi destinado um
décimo dos recursos prometidos.

Rio + 10
Em 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, aconteceu a Rio+10 na cidade de
Johanesburgo – África do Sul e teve como ponto em destaque: a busca por medidas para
reduzir em 50%, o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza (com menos
de 1 dólar por dia) até 2015.

Rio + 20

Realizada entre os dias 13 a 22 de junho de 2012 teve como principais resultados:


Documento O Futuro que Queremos, apontando a pobreza como o maior desafio para
que os países atinjam a excelência nos pilares econômico, social e ambiental
ereconhecimento que a riqueza e progresso devem ser medidos com índices além do
Produto Interno Bruto (PIB) e que a economia verde pode desempenhar papel importante
na redução da pobreza, na preservação ambiental e no crescimento econômico.

Sistema de Gestão Ambiental

A tendência nas empresas atualmente, é que façam do seu desempenho


ambiental um fator diferencial no mercado, o SGA fornece a ordem e a consistência
necessária para uma organização trabalhar suas preocupações ambientais, através da
alocação de recursos, atribuição deresponsabilidade, e avaliação contínua de suas
práticas, procedimentos e processos.

A formulação de um SGA é um processo interativo e contínuo envolvendo,


processos e recursos para a implementação de políticas, objetivos e metas ambientais
podem ser coordenados em conjunto com outros esforços de outras áreas
administrativas.

156
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Regulamentação é o diferencial na adoção de um Sistema de Gestão
Ambiental de acordo com a NBR ISO 14001, porém, uma melhora da qualidade ambiental
pode representar aumento nos custos iniciais ao processo de implantação. Com a
continuidade dos processos há uma economia futura e competitividade em mercados
globalizados.

ISO

International Standardization Organization /Organização Internacional para a


padronização. Criada em 23 de fevereiro de 1947 e é uma organização não
governamental, sediada em Genebra, na Suíça, responsável pela elaboração e aplicação
dos padrões internacionais para a qualidade.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Segundo Osvaldo Alencar Billig e Sérgio Paulo Camilato

“Possui o objetivo de facilitar a coordenação internacional


e a unificação de padrões técnicos, porém atualmente está ligada
também à normalização de padrões de gestão, com alta
repercussão econômica e social, tendo impacto não somente no
setor de produção de bens tangíveis, mas também na área de
serviços, contribuindo para a sociedade como um todo,
principalmente nos aspectos de segurança e atendimento às
exigências legais.”

A ISO 9000 é uma série de cinco normas internacionais sobre o gerenciamento


e a garantia da qualidade, que compreende a ISO 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e
ISO 9004.

ISO 9001 é utilizada pelas companhias para controlar seus sistemas de


qualidade durante todo o ciclo de desenvolvimento dos produtos, desde o projeto até o
serviço. Ela inclui o projeto do produto, que se torna mais crítico para os clientes que se
valem em produtos isentos de erros.

ISO 9002 é usada por companhias para as quais a ênfase está na produção.
Esta norma da qualidade pode ser utilizada por uma empresa cujos produtos já foram
comercializados, testados, melhorados e aprovados. Desta forma, existe a possibilidade
de que a qualidade do produto seja considerada bastante alta.

ISO 9003 é dirigida para companhias nas quais os sistemas abrangentes da


qualidade podem não ser importantes ou necessários, como, por exemplo, as empresas

157

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


que são fornecedoras de mercadorias; nestes casos, a inspeção e o ensaio final do
produto seriam suficientes.

ISO 14000 diretrizes para a implementação de sistema de gestão ambiental.


Refere-se a vários aspectos, como sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais,
rotulagem ambiental, avaliação do desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida e
terminologia.

ISO 14001: tem por objetivo prover às organizações os elementos de um SGA


eficaz.

ISO 14004: Especifica os princípios e os elementos integrantes de um SGA.

Mudanças Climáticas

Efeito Estufa
O efeito estufa acontece quando parte da radiação solar é absorvida por gases
da atmosfera, como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, CFC's, entre outros. Essa
radiação fica preso na Terra, em forma de calor.

O efeito estufa é necessário, o excesso de gases poluidores que é o grande


problema. Alguns gases prejudiciais são de origens naturais: erupções vulcânicas,
decomposição de matéria orgânica, fumaça de incêndios naturais e flatulência de ovinos e
bovinos. Mas a quantidade desses gases emitidos, não se comparam a todos que a
ações humanas emitem.

Gases responsáveis pelo aumento do Efeito Estufa:

 Dióxido de Carbono - CO2: é gerado a partir da combustão de combustíveis


fósseis como petróleo, gás natural, carvão, e desflorestação.
 Clorofluorcarbono (CFC): presente em sprays, motores de aviões, plásticos e
solventes.
 Metano: produzido pelo lixo e flatulência de ovinos e bovinos.
 Ácido Nítrico: produzido a partir da combustão da madeira e também de
combustíveis fósseis, através da decomposição de fertilizantes químicos e
micróbios.
 Ozônio: provocado pelas indústrias, fábricas, refinarias de petróleo, veículos e
também através da poluição dos solos, etc.

Aquecimento Global

É o aumento da temperatura média da Terra, possuindo como evidência


estudos que comprovam a elevação da temperatura nos últimos anos. A base para os
estudos sobre as mudanças climáticas é no IPCC (Painel Intergovernamental sobre

158
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Mudanças Climáticas), um órgão que possui delegações de 130 governos para fazer
avaliações regulares sobre a mudança climática.

Consequências do Aquecimento Global


 Derretimento das calotas e das camadas de gelo das montanhas;

 Cidades litorâneas correm o risco de ficarem submersas;

 Desequilíbrio em ecossistemas;

 Extinção de espécies;

 Mudança de habitat forçadamente;

 Aumento do volume de evaporação das águas aumenta a


vulnerabilidade à catástrofes climáticas como furacões, tufões,
ciclones, tsunamis, etc.;

 A alteração do clima também influencia fortemente na produção


agrícola;

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
 Desaceleração da circulação termohalina;

 Difusão de doenças como a dengue;

Protocolo de Kyoto

Tem o objetivo de firmar acordos e discussões internacionais para estabelecer


metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, sobretudo por parte dos
países industrializados, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos
impactante aqueles países em desenvolvimento.

Foi implantado de forma ativa em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, onde, 84


países se dispuseram a aderir ao protocolo e o assinaram, dessa
forma, comprometeram-se a implantar medidas com intuito de diminuir a emissão de
gases do efeito estufa.

O Protocolo de Kyoto não apenas discute e implanta medidas de redução de


gases, mas também incentiva e estabelece medidas com intuito de substituir produtos
vindos do petróleo por outros que provocam menos impacto. Diante das metas
estabelecidas, os Estados Unidos, desligou-se em 2001 do protocolo, alegando que a
redução iria comprometer o desenvolvimento econômico do país.

Crédito de carbono

O crédito de carbono é certificação dada a empresas e indústrias que


conseguem reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. Usado como moeda de

159

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


troca por diversos setores da economia através da adoção de medidas como
reflorestamento, uso de energias renováveis, controle de poluição, projetos de produção
sustentável, etc.

Cada tonelada de CO2 que é absorvida (sequestro de carbono) ou a quantidade


de gases poluentes que deixam de ser é convertida em uma unidade de crédito de
carbono, é negociada em dólar no mercado mundial.

Modelos de Sustentabilidade
Sustentabilidade: o que é e o que não é. Leonardo Boff

 O modelo do capitalismo natural: a sustentabilidade enganosa

O terceiro modelo se apresenta sob nome questionável de capitalismo natural. A


primeira vista parece contraditório, pois o capitalismo, por sua lógica, coloca-se numa
posição de domínio sobre a natureza, interfere em seus ciclos e explora seus recursos
sem se preocupar com as condições de sua regeneração e reposição, considerada como
externalidades que não entram no cômputo das perdas e lucros. Mesmo sendo hostil à
natureza, pretende incorporar em seu processo econômico os fluxos biológicos.
Sugere as seguintes estratégias que visam conferir-lhe alguma sustentabilidade:
aumentar a produtividade da natureza com melhor utilização dos espaços e com insumos
químicos; os processos produtivos são mais eficazes e sustentáveis se imitarem os
modelos biológicos; buscar produtos biodegradáveis ou que possam ser reutilizados;
vender mais serviços e inovações tecnológicas que produtos; buscar em tudo eco
eficiência que implica em monitorar permanentemente os recursos utilizados como
energia, água, madeira, metais e fazendo o reuso dos dejetos.
Este modelo é tentador, pois dá impressão de estar em consonância com a
natureza, quando, na verdade, a considera como mero repositório de recurso para fins
econômicos, sem entendê-la como uma realidade viva, subsistente, com valor intrínseco,
que exige respeitar seus limites e, por isso, o ser humano deve sentir-se parte dela e ser
responsável por sua vitalidade e integridade.

 O modelo da economia verde: a sustentabilidade fraca

O quarto modelo vem sob o nome de economia verde. Ela foi, oficialmente
apresentada em 22 de fevereiro de 2009, pelo secretário da ONU Ban Ki Moon em
parceria com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Albert Arnold Gore Jr. (Al Gore),
conhecido pelo seu documentário acerca da situação de caos da Terra Uma verdade
incomoda (Folha de São Paulo 22/02/09, p. 3).
A economia verde possui uma pré-história sinistra. Aquelas indústrias que durante
a Segunda Guerra Mundial produziam produtos químicos para matar pessoas, acabada a

160
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
guerra, para não perder seus negócios, redirecionaram os produtos químicos para a
agricultura. Elas adaptaram as plantas para que se “viciassem” naqueles venenos e assim
eliminassem as pragas e produzissem mais.
Efetivamente produziram mais, mas a custa do envenenamento dos solos, da
contaminação dos níveis freáticos das águas e do emprobecimento da biodiversidade.
Esquecida dessas origens criticas a economia verde, se autoproclama como uma
nova via que enlaça a economia e ecologia de forma harmoniosa, portanto, uma
economia que atende nossas necessidades (sustentável) e que preserva o mais possível
o capital natural. Ela propõem um objetivo audacioso, apoiado em dois pés: um que visa a
beneficiar os pobre e os pequenos agricultores, oferecendo-lhes meio tecnológicos
modernos, sementes e crédito. O segundo pé é constituído por uma produção de baixo
carbono, com os produtos orgânicos, energia solar e eólica; cria parques nacionais
remotos, pousadas eco turísticas no meio da selva e procura diminuir o mais possível a
intervenção dos ritmos da natureza; busca a reposição dos bens utilizados e a reciclagem
de todos os rejeitos.
Não obstante todos o fatores positivos que a economia verde encerra, não
devemos perder de vista seu momento ideológico. Fala-se da economia verde para no
fundo, evitar a questão principal que é a da sustentabilidade, incompatível com atual
modelo de produção e consumo que, como consideramos, é altamente insustentável. Na

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
economia verde não se explica sob que modo de produção alternativo ele se realiza.
Pretende substituir a economia marrom (suja: energia fóssil) pela verde (limpa: energia
solar, eólica), contando que sejam mantidos os padrões de consumo.

Nós diríamos que para os países desenvolvidos deve-se superar o fetiche do


desenvolvimento sustentável a todo custo, e em seu lugar implementar uma visão
ecológico-social: a prosperidade sem crescer (melhorar a qualidade de vida, a educação,
os bens intangíveis) e estabilizar o crescimento para permitir que os países pobres (80%)
possam ter prosperidade com crescimento para satisfazer as necessidades de suas
populações empobrecidas sem cair na cultura do consumismo, o que exige todo um
processo de educação social.

A outra questão intocada pela economia verde é aquela da desigualdade. Esta não
deve ser reduzida apenas a seu aspecto econômico (má distribuição dos benefícios
monetários); mas desigualdade num sentido mais amplo: no acesso aos bens
fundamentais como saneamento básico, saúde, educação, equilíbrio de gênero e
ausência de descriminações. Pode-se acabar com a pobreza dentro de um país, e,
apesar disso, manter os níveis de desigualdade, como é o caso do Brasil. A América
Latina é mais rica que a África, mas a África é menos desigual que a América Latina.

Sem a superação da desigualdade e sem um controle no crescimento (para poupar


a Terra e para que todos possam ter prosperidade) não se poderá chegar nunca à
sustentabilidade, mesmo na versão verde. Ela ficará sempre ilusória (veja a entrevista dos
Prof. José Eli da Veiga, do Instituto de Pesquisa Ecológica da USP, 05/01/ 11, p.2 •
SAWER, D. “Economia verde / ou desenvolvimento sustentável” Eco-21, n 177, 2011, 14-
17).

161

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Ademais, não existe o verde e o não verde, todos os produtos contêm, nas várias
fases de sua produção, inúmeros elementos tóxicos, danosos á saúde da Terra e da
sociedade.

Hoje, pelo método da Análise do Ciclo de Vida (ACV), podemos exibir e monitorar
as complexar inter-relações entre as varias etapas: da extração, do transporte, da
produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Aí fica claro
que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de
todo um processo. A produção em si nunca é eco amigável.

Tomemos com exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia
fóssil e suja como o petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento.
Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo,
as queimadas o transporte com grandes caminhões quem emitem gases, as emissões
das fabricas, os efluentes líquidos e os bagaços. Os pesticidas eliminam bactérias e
expulsam as minhocas, que são fundamentais para regeneração dos solos, elas só
voltam depois de cinco anos. A economia verde só em sentido no contexto de uma
sustentabilidade substantiva que respeita os ciclos da natureza reduz a pobreza.

O verde pode servir de elemento despistador, colocando o foco, por exemplo, na


Amazônia verde, em detrimento de outros biomas e das zonas urbanas, onde vive grande
parte da população com problemas graves de poluição, de segurança e de transporte.

Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a
natureza, precisamos mais do que a busca do verde. Como já vimos e iremos aprofundar
ainda, a crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar,
e manter desiguais. Somos parte da sociedade parte de Gaia, e por nossa atuação
cuidadosa a tornamos mãos consciente e com mais chance de assegurar a sua própria
vitalidade.

 O modelo do ecossocialismo: a sustentabilidade insuficiente

Esse modelo, o ecossocialismo, apresenta-se como uma alternativa radical e


pratica ao sistema do capital. Mas há que distinguir o ecossocialismo do socialismo real
que afundou com a queda do Muro de Berlim. Temos a ver com um socialismo novo que
critica tanto a economia capitalista de marcado quanto o socialismo produtivista, pois
ambos possuem em comum o fato de desconsiderarem os limites da Terra (veja II
Manifesto Internacional. Declaração de Belém, 27/02/09. • LOWY, M. Ecologia e
socialismo, 2005).

A alternativa ecossocialista que ainda se apresenta na qualidade de proposta, não


sendo ainda implementada em nenhum país, visa uma produção respeitosa dos ritmos da
natureza e favorece uma economia humanística, fundada em valores não monetários
como a justiça social, a equidade, o resgate da dignidade do trabalho, degradado a
mercadoria-salario, no valor de uso ao invés de valor de troca, na mudança de credito
político-econômicos quantitativos para qualitativos. Os ecossocialistas afirmam que o ar
puro, a água, o solo fértil, bem como o acesso universal a alimentos sem agrotóxicos o

162
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
solo fértil, bem como ao cesso universal a alimentos sem agrotóxicos e às fontes de
energias renováveis, não poluidoras, pertencem aos direitos naturais e básicos de todo
ser humano, no quadro de uma real democracia social na qual o povo conscientizado e
organizado participa na tomada de decisões que interessam a todos.

Inegavelmente, a proposta ecossocialista é generosa e atenta à sustentabilidade


ambiental e social. É portadora das melhores esperanças de milhões de pessoas.
Lamentavelmente não possui ainda uma base social suficientemente forte para triunfar
sobre o mundo de produção industrialista e sobre a cultura capitalista. Talvez, ao se
agravar a crise civilizacional, o ecossocialismo se apresente como uma alternativa
político-humanitária das mais viáveis porque sensível à natureza e à vida de todos os
seres humanos, chamados a serem coiguais e sócios da mesma aventura planetária.

Mas esta proposta ao, nosso ver, situa-se ainda dentro do antigo paradigma que
não percebe a unidade ser humano-Terra-universo, nem a ver como um superorganismo
vivo Gaia, geradora de toda a corrente da vida da qual nós somos um elo decisivo, ético e
espiritual.

 O modelo do eco desenvolvimento ou da bioeconomia: sustentabilidade


possível

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Um dos primeiros a ver a relação intrínseca entre economia e biologia foi o
matemático e economista romeno Nicholas Geogescu Roegen (1906-1994). Contra o
pensamento dominante, este autor, já nos anos 60 do século passado, chamava atenção
da insustentabilidade do crescimento devido os limites dos recursos da Terra. Começou-
se a falar de “decrescimento econômico para a sustentabilidade ambiental e a equidade
social” (www.degrowth.net). Esse decrescimento, melhor seria chamá-lo de
“acrescimento”, significa reduzir o crescimento quantitativo para dar mais importância ao
qualitativo e no sentido de preservar recursos que serão necessários às futuras gerações.
A bioeconomia é, na verdade, um subsistema do sistema da natureza, sempre limitada, e,
por isso, objeto do permanente cuidado do ser humano. A economia deve acompanhar e
atender os níveis de preservação e regeneração da natureza (veja um bom resumo das
teses de Roegen na entrevista de Andrei Cechimdada á IHU (28/10/11)).

Modelo semelhante, chamado de eco desenvolvimento, vem sendo proposto entre


outros, mas especialmente por Ignacy Sachs, um polonês, naturalizado francês e
brasileiro por amor. Veio ao Brasil em 1941, trabalhou vários anos aqui e mantêm
atualmente um centro de estudos brasileiros na Universidade em Paris. É um economista
que a partir de 1980 despertou para a questão ecológica e, possivelmente, o primeiro que
reflete a partir do contexto criado pelo Antropocento. Vale dizer, no contexto da pressão
muito forte que as atividades humanas fazem sobre os ecossistemas e sobre o Planeta
Terra, a ponto de levá-lo a perder seu equilíbrio sistêmico que se revela pelo aquecimento
global. O Antropeceno inaugura, então, uma nova era geológica que teria o humano como
centro e fator de risco global, um perigoso meteoro rasante e avassalador. Sachs leva em
conta esse dado novo discurso ecológico-social.

163

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Suas análises combinam economia, ecologia, democracia, democracia, justiça e
inclusão social. Daí nasce um conceito de sustentabilidade possível, ainda dentro dos
constrangimentos impostos pela predominância do modo de produção industrialista,
consumista, individualista, predador e poluidor.

Sachs está convencido de que não se alcançará uma sustentabilidade aceitável se


não houver uma sensível diminuição das desigualdades sociais, a incorporação da
cidadania como participação popular no jogo democrático, respeito a toda vida e um
cuidado permanente do meio ambiente. Preenchidos estes quesitos, criar-se-ia más
condições de um eco desenvolvimento sustentável.

A sustentabilidade exige certa equidade social, isto é, “nivelamento médio entre


países ricos e pobres”, e uma distribuição mais ou menos homogêneas dos custos e dos
benefícios do desenvolvimento. Assim, por exemplo, os países mais pobres tem direito de
expandir mais sua pegada ecológica (quanto de terra, água, nutrientes, energia precisam)
para atender sua demandas, enquanto os mais ricos devem reduzi-la ou controlá-la. Não
se trata de assumir a tese discutível do decrescimento, mas de conferir outro rumo ao
desenvolvimento, descarbonizado a produção, reduzindo o impacto ambiental e
propiciando a vigência de valores intangíveis como a generosidade, a cooperação, a
solidariedade e a compaixão. Enfaticamente repete Sachs que a solidariedade é um dado
essencial ao fenômeno humano. O individualismo cruel que estamos assistindo nos dias
de hoje é expressão da consciência que destrói os laços da convivência e assim torna a
sociedade fatalmente insustentável.

É dele a bela expressão de uma “biocivilização”, uma civilização que dá


centralidade á vida, à Terra, aos ecossistemas e a cada pessoa. Daí se alimenta o
esperançoso sonho de uma “Terra da Boa Esperança” (veja: Ecodesenvolvimento: crescer
sem destruir, 1986, e a entrevista em Carta Maior, 29/08/11).

No Brasil é o Prof. Landislau Dowbor da PUC de São Paulo que apresenta


reflexões na linha de Sachs, postulando uma democracia econômica (Democracia
economia: alternativa de gestão social, 2008) na qual, o crescimento deve ser sustentável
(o que o planeta pode aguentar em longo prazo), suficiente (atender as necessidade sem
destruir as bases da reprodução da vida), eficiente (usar os recursos minimizando os
impactos e os desperdícios) equânime que distribua entre todos os ônus e os benefícios).

Estas propostas nos parecem das mais exequíveis e responsáveis face aos riscos
que corre o planeta e o futuro da espécie humana. Apenas observamos que em Sachs,
mas menos em Dowbor, não se percebe ainda claramente a força argumentativa que vem
da nova cosmologia e da ecologia da transformação como iremos, mais à frente expor.
Mas suas propostas merecem consideração dada a sua viabilidade.

164
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 O Modelo da economia solidaria: a microsssustentabilidade viável

A economia solidária, é o que melhor realiza o conceito de sustentabilidade em


direta oposição ao sistema mundialmente imperante. Na verdade, ela sempre existiu na
humanidade, pois a solidariedade constitui uma das bases que sustentam as sociedades
humanas. Mas já na primeira Revolução Industrial na Inglaterra ela surgiu como reação à
superexploração capitalista. Apareceu no final do século XVIII e inícios do XIX sob o nome
de cooperativismo.

Nesse tipo de economia o centro fulcral é ocupado pelo ser humano e não pelo
capital, pelo trabalho como ação criadora e não como mercadoria paga pelo salário, pela
solidariedade e não pela competição, pela autogestão democrática e não pela
centralização de poder dos patrões, pela melhoria da qualidade de vida e do trabalho e
não pela maximização do lucro, pelo desenvolvimento local em primeiro lugar e, em
seguida, o global.

A economia solidária se apresenta como alternativa à economia capitalista, mais


ainda, como uma economia pós-capitalista (veja MANCE, E. A revolução das redes –
colaboração solidária como alternativa pós-capitalista, 1999), porque se inscreve dentro
da Era do Ecozóico e não apenas no Tecnozoico; é movida pelos ideais éticos de

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
preservação de preservação de todo tipo de vida e de criação das condições para o bem-
viver de todos. Ela pode ser entendida, como o faz um de seus teóricos e presidente
nacional da Secretaria Para Desenvolvimento Solidário, Paul Singer, “como um jeito de
produzir, vender, comprar, consumir e trocarsem explorar, sem querer vantagens e sem
destruir a natureza” (Introdução à economia solidária, 2002 • Economia solidária no Brasil,
2003).

Esse modelo se concretiza mediante as cooperativas de produção e consumo,


pelos fundos rotativos de credito, pelas eco vilas, pelo banco de sementes creola, pelas
redes de lojas de comércios justo e solidário, pela criação de incubadoras de novas
tecnologias em articulação com as universidade ou até pela recuperação de empresas
falidas e gestionadas pelos próprios trabalhadores. Este modelo não é nem de longe,
hegemônico, mas ele carrega a semente do futuro. A sociedade mundial, na medida em
que mais e mais se sente os limites do planeta e percebe a impossibilidade de levar
avante o atual projeto planetário de molde capitalista e até o risco da extinção de espécie,
verá neste modelo holístico de economia solidária que integra o humano, o social, o ético,
o espiritual e o ambiental, como uma saída salvadora para a história humana.

Uma variante dessa economia solidária encontramos na assim chamada


democracia econômica (1996, com um prefácio de minha autoria), também conhecida
como sistema econômico, Prout (abreviação inglesa para a Teoria da Utilização
Progressiva), fundado pelo guru indiano Sarkar. A proposta básica é criar cooperativas
cujo escopo é gerar um desenvolvimento integral do ser humano na sua dimensão física,
mental e espiritual, apresentando-se conscientemente contra o excessivo materialismo da
ordem do capital, produtora de desigualdades e injustiças. Seus propósitos se alinham a
economia solidária o que nos dispensa de entrar em maiores detalhes.

165

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Novos conceitos para velhos paradigmas
Buscando fortalecer o debate socioambiental e apresentar uma base para
discutir assuntos cotidianos de forma mais aberta, vamos trabalhar as ideias prontas em
cima de quatro campos: tecnologia, energia, alimentos e governança global.

Efeito Cilada
POR EDUARDO GERAQUE # EM 55, REVISTA.

Com impactos maiores do que se supunha, o chamado efeito ricochete é uma ducha fria
no combate às emissões de carbono. A lição que se obtém disso é que a eficiência não
pode tirar o consumo do centro do debate.

Uma visita às seções de iluminação das grandes lojas de construção do País é suficiente
para detectar um paradoxo. As lâmpadas LED, que prometem uma grande eficiência –
menos consumo e mais vida útil –, desembarcam em várias formas, cores, tamanhos e
modelos. Os produtos, que em sua maioria vêm da China, são ideais, por exemplo, para
deixar funcionando durante toda a noite e iluminar discretamente o quarto do bebê. No
final do mês, provavelmente a conta de luz pode chegar com um valor menor. Mas o que
a família fará com o dinheiro economizado pela substituição da lâmpada incandescente?
Investir? Ou gastar no fim de semana em uma atividade de lazer? Nem sempre, na
contabilidade de uma casa, economia significa menos consumo – e menos emissões de
carbono.
O paradoxo que acaba de ser descrito é conhecido desde o século XIX pelos estudiosos
do assunto. Um economista britânico, William Jevons, em 1865, publicou a obra O
Problema do Carvão, em que discutia exatamente o aumento do consumo de carvão
como principal fonte de energia da época, no momento em que as máquinas a vapor
ganhavam cada vez mais importância. Sua eficiência não tinha precedentes.
Em última análise, a Revolução Industrial gerou um grande paradoxo do consumo. O uso
da energia ficou mais eficiente, o que disparou o gatilho da produção. Todo o processo, no
final da cadeia, estava sustentado por uma forte demanda. No século retrasado, não
havia preocupação alguma com a poluição das indústrias, nem se conhecia a relação
entre queima de fontes fósseis e mudanças climáticas.

Mas, agora, em um salto histórico, o Paradoxo de Jevons volta a preocupar especialistas


em eficiência energética e em mudança climática, dado que os grandes países do mundo
precisam mais do que nunca buscar formas de reduzir suas emissões.

A figura de linguagem representada pela Revolução Industrial, diz Donald Sawyer,


pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), tem tudo a ver com o dilema atual. “Não é
preciso ser especialista em energia para perceber que foi justamente naquele tempo de
engenhos a vapor, eletricidade e veículos de combustão interna, com grande aumento na
eficiência energética, que se geraram impactos inéditos no planeta.”

166
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
De acordo com Sawyer, hoje o número de consumidores também cresce e, ao mesmo
tempo, a tal da desmaterialização da economia [1] não é atingida. “Estados Unidos e
Europa, onde isso supostamente ocorreria, continuam sendo campeões de produção
industrial e agropecuária”, diz.

[1] Pela qual seria possível produzir, obter crescimento econômico e, ao


mesmo tempo, baixar o consumo energético e gerar a menor quantidade
de resíduos possível.

O problema atual, também chamado de efeito ricochete, ou efeito rebote, tem dois
desdobramentos. O primeiro é direto. O motorista que compra um carro mais eficiente,
capaz de rodar mais quilômetros com um litro de combustível, em grande parte das vezes
não vai guardar aquele dinheiro que deixou de gastar com gasolina. O mais natural é que
ele passe a rodar mais com o carro, o que pode deixar nulo seu balanço de consumo de
energia.

O segundo é indireto, bem mais difícil de medir e, segundo especialistas, está longe de
ser desprezível. É, por exemplo, o dinheiro gasto a mais na viagem de férias,
economizado durante o ano porque o aparelho de aquecimento da casa, em locais onde o
inverno é mais rigoroso, ficou mais eficiente. Ou, no exemplo que abriu este texto, é a

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
explosão do consumo com lazer sustentada pelos recursos que deixaram de ser gastos
com a conta de luz.

Medir os impactos do efeito ricochete, como dissemos, não é tarefa fácil. Mas alguns
esforços têm sido feitos. O United Kingdom Energy Research Center (Ukerc) analisou, no
fim de 2007, mais de 500 artigos científicos e relatórios técnicos sobre o efeito ricochete.
Os pesquisadores concluíram que o impacto direto, no caso do consumo das casas, pode
ser de no máximo 30% – considerado relativamente pequeno pelos autores, mas o
impacto indireto é grande, e praticamente imensurável.

Necessária, mas insuficiente.

A busca pela eficiência em quaisquer processos é essencial em modelos de produção e


consumo, daí sistemas de gestão se basearem em melhoria contínua e regulamentações
ambientais fazerem menção à “melhor tecnologia disponível” (ou BAT, na sigla em inglês),
conforme aponta André Carvalho, pesquisador do Gvces e professor da FGV-EAESP.
Embora importantíssima, pondera ele, a eficiência não tira o consumo do centro do
debate, uma vez que as inovações não têm dado conta de reduzir o impacto do consumo
humano – estão longe disso quando se analisam os conceitos
de decoupling (descasamento) relativo e absoluto [2]. “O discurso não deve ser contra a
eficiência, mas, sim, contra a compreensão de que o ganho em eficiência garantirá que o
consumo humano possa manter-se crescente”, afirma Carvalho. A cilada imposta pelo
aumento de eficiência versus estímulo ao consumo tem mesmo de ser levada a sério,
corrobora Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de São Paulo.

167

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


[2] Em Prosperity Without Growth, o autor Tim Jackson explica que há um
descasamento relativo entre ganho de eficiência e uso de energia, mas
não absoluto, pois a poupança obtida com a redução é empregada no
aumento de consumo de outros produtos ou atividades.

O pano de fundo da discussão, segundo o pesquisador, é a relação indesejável, para o


clima do planeta, entre produção e consumo. “No horizonte 2002/2020, o aumento na
produtividade por unidade de produto será feito com um consumo quase 50% maior de
materiais. O ideal seria promover um descasamento entre esses dois fatores”, diz.

Assim, é inevitável repensar os padrões de consumo, os estilos de vida e o próprio lugar


do crescimento econômico, como objetivo autônomo, nas sociedades contemporâneas.
Em termos práticos, Abramovay também não titubeia quando questionado sobre a
importância da taxação do uso intensivo de carbono. “Já estamos atrasados. Isso já
deveria estar ocorrendo.” A ação defendida pelo pesquisador é considerada polêmica
tanto no Brasil como em outros países do mundo.

O debate sobre taxar ou não as emissões está quente, neste momento, na Austrália. O
governo federal anunciou, em meados de julho, a criação de um imposto para os maiores
poluidores (mais em “A esperança em um imposto”). Os 500 grupos que entrarem nesta
lista deverão pagar por volta de US$ 25 por tonelada de carbono jogada na atmosfera. A
cobrança deve ser iniciada em julho de 2012, se o Parlamento aprovar o projeto. Grandes
empresas de aviação que atuam no país já emitiram seus pareceres sobre a taxação,
afirmando que a ação vai encarecer o preço dos bilhetes aéreos que serão
comercializados aos australianos.

Visão integrada

A quebra do paradoxo, para Carlos Rittl, coordenador do Programa Mudanças Climáticas


e Energia da ONG WWF-Brasil, não se dará sem uma visão integrada do problema, que
atinja no final do processo, a redução efetiva no gasto com energia como um todo. Não é
o caso de abandonar a busca por equipamentos mais eficientes só porque eles podem,
de forma paradoxal, deixar o balanço do uso de carbono nulo ou até mesmo positivo. Ao
contrário. “Seria necessário até se pensar em dar incentivos de IPI para equipamentos
que sejam mais eficientes.” Mesmo que isso, de forma isolada, pudesse até aumentar o
efeito ricochete. Fato que seria neutralizado caso a visão mais global do problema,
proposta pelo ambientalista, fosse realmente implantada.
Por isso, outra parte importante da saída, diz o ambientalista, é incentivar quem não
apenas procura eficiência, mas também consome menos em seu dia a dia de forma geral.
“Pode haver um escalonamento, por exemplo. Quem consumir mais deveria pagar mais
pela mesma unidade de energia. E vice-versa, para quem baixar sua demanda.” O mote
seria “usar menos a energia, e de uma forma melhor”.

168
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A seu ver, antes de impor uma taxação no Brasil, é importante definir melhor as regras do
jogo, ou seja, o papel que cada setor tem realmente que desempenhar para cortar suas
emissões. “Hoje, o que temos, são apenas metas voluntárias. Algo bastante genérico. O
ideal é que os mecanismos fiquem mais claros”, diz. Para ele, no futuro, a questão do uso
intensivo de carbono será uma barreira não tarifária importante e o Brasil ainda não se
preparou para isso.

Com tantos obstáculos a serem transpostos, ainda potencializados pelo efeito ricochete,
Abramovay admite que tem, para as próximas décadas, uma visão pessimista. “Não no
sentido catastrófico, de fim do mundo, mas de que a opção de desenvolvimento escolhida
pelos países corre o risco de continuar atrelada ao uso intensivo do carbono. “Temos
outra opção (a do desenvolvimento econômico desvinculado do carbono) que pode ser
escolhida sem prejuízo dos países que ainda precisam de escolas, hospitais e de mais
inclusão social.”
Que a ducha fria do efeito ricochete sirva para refletir sobre a relação entre consumo,
inovação tecnológica e mudança do clima de maneira mais integrada e sistêmica.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Vá limpar carvão
POR FÁBIO RODRIGUES # EM 55, REVISTA

Avô da indústria energética atual, esta fonte fóssil recusa a aposentadoria. Para arrepio
dos ambientalistas, não falta quem diga que continua indispensável para o mundo e seja
ponte fundamental para a energia do futuro.

Junto com “vá enxugar gelo”, a expressão “vá limpar carvão” foi consagrada como uma
fórmula gaiata para se ver livre dos chatos de plantão. A ideia do gracejo é que, entretido
com uma tarefa trabalhosa e hilariamente impraticável, o chato nos dará várias horas de
paz. Talvez por isso chegue a ser um pouco difícil levar a sério que os empresários do
ramo de energia estejam dispostos a investir bilhões em complicadas tecnologias para,
nada mais nada menos, conseguir limpar o carvão mineral. Mesmo vistos com
desconfiança e deboche por boa parte dos ambientalistas, os defensores do carvão limpo
não desanimam. Eles estão convencidos de que essa é a única maneira viável de manter
o mundo suprido de energia e minimizar o aquecimento global ao mesmo tempo.

No Brasil, o carvão ocupa a sexta colocação entre as fontes energéticas mais importantes
– atrás de petróleo, eletricidade, bagaço de cana, gás natural, lenha e etanol. Ele
representa módicos 4,7% da oferta total e diminutos 1,3% da matriz elétrica. No resto do
planeta, contudo, ele é gigante. Dados de 2008 da Agência Internacional de Energia (IEA,
na sigla em inglês) revelam que o carvão é a segunda fonte primária de energia do
mundo, com 27% de participação – perdendo, por pouco, do petróleo.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Mas o que realmente surpreende é o quanto a geração de eletricidade depende dele.
Pouco menos de 40,8% de toda a energia elétrica que o mundo consumiu em 2008 –
cerca de 20,2 milhões de giga watt hora (gWh) – foram produzidos com carvão mineral.

Problema ambiental

Sua queima é a maior fonte individual de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Ele
foi culpado por nada menos que 42,9% das emissões mundiais de 2008, o que dá 12,6
bilhões de toneladas de CO2. Isso, e nem estamos contando todo o missal de problemas
ambientais provocados pela atividade, da terra arrasada pelas minas de carvão à sopa de
poluentes que as usinas despejam no ar.

Com uma performance ambiental dessas, o consenso entre os ativistas é que o mundo
deveria estar correndo para apagar as fornalhas. Lúcia Ortiz, geóloga e coordenadora-
geral da Amigos da Terra Brasil, vem militando há anos contra o avanço das usinas de
carvão no Brasil. “A gente acha que esse deveria ser o primeiro combustível fóssil a ser
eliminado. O carvão deveria ficar debaixo da terra”, resume.
E este é o tom geral. No fim de 2008, o Greenpeace publicou o relatório The True Costof
Coal, que, além de colecionar uma porção de histórias trágicas ligadas à indústria
carbonífera, também contratou o instituto de pesquisas holandês CE Delft para calcular os
prejuízos socioambientais. A fatura ficou em 360 bilhões de euros por ano.

Em ascensão

Apesar de toda a oposição – e para desespero dela –, o carvão não só persiste, como
vive um momento de crescimento acelerado. Um estudo do Massachusetts Institute of
Technology (MIT) menciona que a China está construindo o equivalente a duas usinas de
500 megawatts movidas a carvão por semana. Coisas parecidas estão acontecendo no
mundo inteiro. Os países em desenvolvimento estão aumentando seu consumo de carvão
em um ritmo impressionante. Em 1990, os países da OCDE e os de fora do bloco
consumiam quase a mesma quantidade – 2,3 bilhões e 2,4 bilhões de toneladas,
respectivamente. Em 2010, os países de fora da OCDE chegaram a 3,9 bilhões, enquanto
nos do bloco o consumo permaneceu estável. A previsão é de que, em 2030, os países
não OCDE consumam mais do que o dobro que o outro grupo (veja tabela na versão
digital desta reportagem).

O que torna o carvão irresistível é o seu preço. Trata-se de uma substância comum, com
reservas estimadas em 1 trilhão de toneladas – o bastante para 190 anos de consumo –,
que se encontram mais bem distribuídas pelo mundo do que o petróleo. Nas contas do
MIT, 1 milhão de BTUs [1] de carvão mineral sai por menos de US$ 2. Para gerar a
mesma quantidade de energia usando petróleo ou gás natural, o custo ficaria entre US$ 6
e US$ 12. É por isso que os países em desenvolvimento estão se voltando para o carvão
com tanta gana. Ele também está reconquistando os ricos.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A recente decisão da Alemanha de desativar suas usinas nucleares até 2022 deve dar
impulso ainda maior ao combustível, que já responde por 45,6% da eletricidade alemã.

[1] Uma BTU (British Thermal Unit) é a quantidade de energia necessária para elevar a
temperatura de 1 libra de água em 1 grau Fahrenheit. Equivale a 252,2 calorias.

Para o bem e para o mal, o carvão mineral está transformando a vida de bilhões de
pessoas. O milagre econômico chinês é movido a carvão: ele supre 79% de sua demanda
energética. E o mesmo acontece na Índia. “Qual é hoje o combustível que está tirando
milhões de pessoas da miséria? É o carvão”, pontifica o presidente da Associação
Brasileira do Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan.

Ele não é o único a olhar para o combustível sob esse prisma mais favorável. O professor
da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Trabalho 3 do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), Amaro Pereira, concorda que a fonte mineral
tem seu lado positivo. “O carvão apresenta grande potencial de contribuir para o aumento
das taxas de eletrificação nos países em desenvolvimento, auxiliando na redução dos
níveis de pobreza e melhoria da qualidade de vida”, assegura.

Começando a limpeza

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Que se trata de uma fonte suja é difícil contestar. Mas também é preciso reconhecer que
já foi bem pior. Desde os anos 1980, a indústria vem investindo em um conjunto de
tecnologias coletivamente conhecidas como clean coal (carvão limpo, em tradução literal),
que têm obtido razoável sucesso em cortar as emissões de diversos tipos de poluentes.
Os resultados obviamente variam, mas é possível praticamente zerar as emissões de
particulados, diminuir em 99% as de óxido de enxofre (SOx) e em mais de 90% as de
óxido de nitrogênio (NOx). O grande desafio de hoje é encontrar uma saída para o CO2.

Para Zancan, a resposta pode ser investir ainda mais nas usinas a carvão. Em sua
opinião, os chineses não só estão no caminho correto, ao perseverar em investir em
carvão, como, de quebra, estão até “esverdeando” sua matriz energética ao fazê-lo. “Eles
estão derrubando 112 gW de térmicas antigas ineficientes e construindo o dobro disso em
térmicas eficientes, que emitem muito menos, porque queimam menos carvão”, defende.

Segundo ele, investir na eficiência é a estratégia mais imediata para derrubar as


emissões – para cada ponto percentual ganho em eficiência, as emissões baixam em
2,5%. E há um espaço enorme para melhorias. “A eficiência média das usinas a carvão é
de 28,4%, o que dá uma emissão de 1.110 gramas de CO2 por quilowatt-hora. A média
européia está em 36%, com 880 gramas de CO2 pelo mesmo quilowatt. O estado da arte
da tecnologia já chega a 43% de eficiência”, enumera Zancan, acrescentando que já
existem usinas ultrassupercríticas [2], que chegam a 48%.

[2] As usinas a carvão dividem-se em três tipos. Nas subcríticas, a água sai da caldeira na
forma de vapor.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Em uma usina supercrítica, a água é retirada da caldeira com temperatura acima do ponto
crítico – no qual deveria virar vapor -, e tal transformação é adiada com o uso de pressões
elevadas para que ela só aconteça na turbina, o que permite uma transferência de
energia mais eficaz. As ultrassupercríticas operam com pressões e temperaturas ainda
maiores.

“Como ainda não existe tecnologia para a captura de CO2, uma saída é adotar
tecnologias mais eficientes”, diz Francisco Porto, coordenador de gestão ambiental no
projeto Candiota III – inaugurado em janeiro e que acrescentou mais 355 megawatts aos
446 já instalados no complexo da Usina Termelétrica Presidente Médici, no Rio Grande
do Sul. De acordo com o técnico, a usina gaúcha aumentou sua eficiência de 38% para
41%, o que permitiu diminuir o consumo de carvão por unidade de energia. “Antes
precisávamos de 1 a 1,1 tonelada para gerar 1 megawatt, agora estamos fazendo o
mesmo com 0,8 tonelada”, comemora.

Ainda que todas as usinas do planeta magicamente chegassem ao topo da eficiência,


suas emissões continuariam a ser um problemão. Os representantes do setor sabem
disso. A tábua de salvação são as chamadas tecnologias de captura e sequestro de CO2
[3] (CCS, na sigla em inglês). “Esse hoje é o grande desafio tecnológico, e a indústria está
trabalhando pesado para chegar a uma forma econômica de armazenamento de carbono.
Quando isso funcionar, está acabado o problema”, garante Zancan.

[3] O CCS propõe a filtragem das emissões de CO2 e seu armazenamento permanente
em reservatórios naturais na crosta terrestre. Existem vários esquemas de CCS em
estudo e alguns deles estão sendo testados em escala-piloto

Embora os entrevistados pareçam razoavelmente seguros de que o esquema é


tecnicamente possível, ninguém tem ideia de quanto tempo vai demorar até que se torne
comercialmente viável. Zancan, por exemplo, diz que ainda “deve demorar uns 10 anos”,
enquanto Porto não acha que “leve menos de 20 anos”. Estamos falando de década, o
que, vindo de gente que tem quase o dever de ser otimista, não é exatamente bom sinal.

Lúcia Ortiz, da Amigos da Terra, alerta que isso pode ser só um golpe de marketing. “Eles
(a indústria de carvão) vendem a ideia de que as novas usinas estão prontas para o
sequestro de carbono, só que essa tecnologia ainda não existe. Então, como é possível
elas estarem prontas?”, questiona, acrescentando que um dos destinos para o gás
carbônico capturado é a injeção nos poços de petróleo, com o objetivo de aumentar a
produtividade de outro combustível fóssil. “O CCS não é uma técnica carbono-negativa,
pelo contrário”, critica.

Renováveis?

E por que não trocar o carvão mineral por renováveis? Quem é da área de energia
também tem um argumento na ponta da língua. Por melhores que a energia solar e eólica
sejam, elas são fontes intermitentes. Isso quer dizer que sua disponibilidade varia
conforme a quantidade de vento e de dias ensolarados.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Não é possível, por exemplo, ligar um hospital em uma turbina eólica e ir dormir
despreocupado. Já as térmicas têm a vantagem de gerar uma quantidade constante de
energia ao toque de um botão. É o que se chama de energia firme.

Além disso, tem o tamanho da operação. Somados, os combustíveis renováveis, a


energia eólica e a solar não chegam a 11% do consumo mundial de energia primária.
Seria preciso quase o triplo para que pudéssemos abrir mão do carvão mineral. Isso está
acontecendo, mas leva tempo. “A perspectiva é que ocorra uma redução significativa na
utilização de fontes de origem fóssil. O último relatório especial do IPCC afirma que as
fontes renováveis suprirão 80% da energia em 2050”, garante a secretária-executiva do
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andrea Santos.

Precisamos de uma solução intermediária e os representantes da indústria garantem que


ela é o carvão. “O carvão não é para sempre, mas ele é a ponte entre a energia do
presente e a do futuro. Sem ele, não vamos conseguir chegar lá”, conclui Francisco Porto.

Variáveis do cardápio

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
POR JULIANA ARINI # EM 55, REVISTA

Barreiras tarifárias, educação, insumos, distribuição. Estes e outros fatores permanecem


decisivos na crise dos alimentos e não desaparecem com o mero aumento da produção.

As mudanças climáticas e o crescimento gradual da população, que este ano ultrapassará


7 bilhões de habitantes, reviveram um temor que parecia coisa do passado: a falta de
alimentos. A insegurança cresceu a partir de 2008, quando o aumento no preço dos
alimentos, por causa da crise financeira mundial, fez crescer o número de desnutridos –
definidos como aqueles que consomem menos comida do que seria necessário para
manter um ser humano vivo. O índice chegou a saltar de 950 milhões para 1,023 bilhão
de pessoas, estabilizando-se, em 2010, nos 925 milhões.
Governantes, grandes corporações do mercado de alimentos e a Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertaram que a solução para o
problema exigiria o aumento da produção agropecuária em 70%. Apenas isso poderia
garantir alimento para os 9,2 bilhões de habitantes que compartilharão terra, água e
comida em 2050.

O clamor pelo aumento da produção de comida inclui outro componente, a reivindicação


de “democratização” nos padrões alimentares. Este é o anseio de uma emergente classe
média chinesa, africana e latino-americana, que aspira adquirir hábitos de consumo
similares aos dos americanos, ou seja, ingerir 3.900 calorias diárias, algo ainda 30%
acima da realidade média de um chinês.

Além do aumento nos preços e dos anseios de consumo, as mudanças climáticas são a
terceira razão para o ressurgimento do fantasma da falta de comida.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Estudos do International Food Police Research Institute (IFPRI) mostram que as regiões
tropicais serão muito mais afetadas pelas mudanças climáticas que as temperadas, o que
faz o problema da desnutrição ganhar um peso maior nas áreas rurais de países em
desenvolvimento, como sul da China, Índia e na região dos fruticultores do Brasil, nas
quais a agricultura é uma das poucas atividades capazes de gerar renda e subsistência.

Mas é apenas comida o problema? Questões como uma melhor distribuição das
produções e a superação de carências sociais, como o acesso à saúde e à educação,
também não estariam embutidas no impasse da insegurança alimentar?
O mapa da fome no mundo traz alguns dados de interesse para a discussão. Cerca de
817 milhões de famintos vivem na Ásia, na região do Pacífico e na África Subsaariana,
(territórios notórios por serem grandes importadoras de alimentos). No Brasil são cerca de
16,3 milhões de famintos, concentrados – segundo o IBGE – no Nordeste e no Norte. O
Maranhão é o estado onde a situação é mais grave.

No entanto, apesar de todas essas questões, é justamente nas regiões do planeta


mencionadas acima que a produção de alimentos tem aumentado. “As lavouras crescem
em um ritmo superior ao da população, mesmo na África, onde a fome é um problema
crônico em muitas regiões, como o chamado ‘Chifre’: Etiópia, Somália e Eritréia”, diz
Walter Belik, coordenador do Núcleo de Pesquisas em Alimentação da Unicamp.
O Brasil segue a mesma tendência mundial, e o Maranhão – onde os índices de
desnutrição estão entre os maiores do país – virou um dos grandes produtores de grãos
como a soja. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, até
maio de 2011, foram colhidos 1,6 milhão de toneladas de grãos no estado.

O fator comércio

Mas por que o aumento da produção de alimentos não acompanha a redução da


desnutrição nessas regiões, tal qual sugerem os políticos que clamam pela intensificação
da produção de grãos no mundo?

A questão comercial pode ser a resposta. Com a alta das commodities e a especulação
no mercado financeiro, o que regula o preço da comida nem sempre é apenas a lei da
oferta e da procura. Nesse ambiente há pouco controle sobre o preço mínimo para a
comida, pois países mais industrializados – e com maior força de mercado – impõem
fortes barreiras comerciais para impedir a entrada de produtores de mercados
emergentes. Assim, a comida ganha um valor de mercado que não reflete
necessariamente o interesse do consumidor final, que depende dela para sobreviver.

Esse problema afeta diretamente a agricultura do Brasil, como alerta o ex-ministro


brasileiro José Graziano, recém-eleito para o cargo de diretor-geral da FAO: “O alto preço
dos alimentos não é um desequilíbrio temporário. Enquanto não alcançarmos uma
situação financeira global mais estável, os preços das commodities refletirão isso”, disse
numa entrevista recente, em Roma.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os insumos são um exemplo de como a questão comercial impacta os alimentos. Em
2008, um dos grandes responsáveis pelo aumento dos preços na comida foi a alta do
petróleo. Dele deriva grande parte dos fertilizantes e defensivos contra pragas – os
famosos NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), que trouxeram o milagre das grandes
lavouras onde antes era impossível plantar, como no Cerrado brasileiro. “Em uma
agricultura de larga escala, é fundamental o uso de defensivos, que representam até 30%
do preço final do alimento”, diz Belik, da Unicamp. “E, no caso do Brasil, grande parte
desses defensivos são importados, o que influencia diretamente o preço dos alimentos.
Toda vez que os insumos sobem, o preço é repassado ao consumidor final da comida.”

Tentando minimizar esse problema, empresas brasileiras, como a Vale, estão investindo
na extração e produção de insumos. No entanto, a iniciativa ainda é insuficiente para
abastecer o mercado nacional. Ou seja, o Brasil produz alimentos em proporção para ter
sua soberania alimentar garantida – mas depende dos defensivos estrangeiros para
plantar.

A mudança nos hábitos alimentares gerada pela agricultura de exportação é outro


problema. Até 1950, o brasileiro tinha o milho e a mandioca como base de sua
alimentação. Ou seja: comia-se broa e farinha. São culturas viáveis no fundo de um

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
quintal. Com a entrada do trigo americano, passamos a consumir pão. Porém, o Brasil
não produz trigo suficiente, e hoje depende de sua importação da Argentina. E o preço do
pãozinho, produto da cesta básica brasileira, está sujeito às negociações do Mercosul.

A doação de alimentos é outro ponto crítico quando o assunto é fome. Em muitos países
africanos, a dependência da comida doada gerou o abandono total das lavouras, e até
serviu de estímulo para guerras, pois as doações acabavam como mercadoria de troca
para guerrilhas e ditadores. “A doação é uma falsa forma de combater a fome, pois serve
apenas para manter o preço dos alimentos estáveis em certos países. Uma política
comum tanto nos Estados Unidos quanto na França”, diz Belik. A questão é tão grave que
a Organização das Nações Unidas chegou a recomendar que os países não doem
alimentos, e que vendam os seus estoques e façam doações em dinheiro a programas
que ajudem na soberania alimentar dos países que sofrem com a desnutrição.

Ajudar os países vulneráveis às consequências das mudanças climáticas também vai


além da doação de alimentos em situações de catástrofe. Entre as medidas possíveis
encontram-se a instalação de sistema de alerta a secas e enchentes e a criação de “redes
de segurança social”. Eric Wood, professor da Universidade de Princeton, nos Estados
Unidos, vem desenvolvendo com a Unesco justamente esse tipo de sistema. O projeto vai
fazer a previsão meteorológica para secas no continente africano. A ideia é que exista um
sistema de alerta mais rápido, que possa ajudar os países que sofrem com o problema a
se preparar antes que as catástrofes saiam do controle. Infelizmente essas iniciativas
ainda não contam com grandes investimentos.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Para John Hoddinott, do IFPRI, especialista da Rede de Sistemas de Alerta contra a
Fome, é preciso, além disso, criar uma rede permanente que facilite o acesso dessas
populações a empregos, em setores públicos que atuem junto com esses sistemas, como
uma forma de troca por alimentos ou dinheiro que possa ajudar durante os períodos de
seca.

Emancipação social

Estudos do Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen apontam que esse pode ser um dos
caminhos. Segundo Sen, embora a produção agrícola seja possivelmente capaz de
prover de alimentos todos os habitantes do planeta, para superar o problema da fome é
imprescindível que ela passe por novos caminhos, como o aumento da democracia, e por
políticas públicas que permitam que os alimentos cheguem aos que não podem produzi-
los, ou comprá-los. Para isso é fundamental que os subnutridos possam fazer do aumento
da produção agropecuária um sistema de emancipação social. Além do acesso à terra,
eles também precisariam de crédito, de assistência técnica e de uma inserção adequada
nos mercados.

Outro dado importante é a relação apontada pelo IBGE entre desnutrição e educação.
Quanto maior o nível de escolaridade, menor a insegurança alimentar. Não é a toa que,
dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), erradicar a extrema pobreza e a fome é a
primeira das metas para reduzir as desigualdades sociais do mundo.

O Brasil é um dos países que parecem caminhar na direção mais próxima da solução do
problema. Programas como o Bolsa Família, de transferência direta de renda em
beneficio de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza, contribuíram para a
queda da pobreza extrema de 12%, em 2003, para 4,8% em 2008.

O microcrédito, ideia difundida pelo bengali Muhammad Yunus – ganhador do Nobel da


Paz em 2006 –, é um exemplo de programa que ajuda a combater a fome por meio de
outras abordagens, como o acesso ao crédito e à educação. Com três décadas de
sucesso e 7,5 milhões de clientes, em Bangladesh, que tiveram acesso a US$ 7 bilhões
por meio do Grammeen Bank, Yunus mostrou que o combate ao fantasma da fome vai
muito além do mero aumento da produção de alimentos.

Pragmatismo global
POR FLAVIO GUT # EM 55, REVISTA

A cada dia, mais vozes se levantam contra a ineficácia das grandes conferências da ONU
e propõem caminhos mais eficientes na busca de um maior equilíbrio climático.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Há um senso comum de que o modelo das convenções das Nações Unidas é ineficaz,
lento e de que muitas vezes mais serve como um grande encontro de networking do que
exatamente uma reunião voltada para a solução de questões ambientais que pedem
celeridade – mas “é o que tem pra hoje”, e ainda não existe alternativa melhor. Já não é
bem assim. Hoje se pode dizer que as alternativas não apenas existem, como se
tornaram fundamentais, especialmente depois do fracasso da COP 15, em Copenhague.
A cada dia, mais e mais vozes se levantam contra a ineficácia do modelo das COPs e
propõem novos caminhos na busca de um maior equilíbrio climático.

“Copenhague mostrou os limites do que pode ser obtido em relação às mudanças


climáticas por meio do centralismo e do hiperbólico multilateralismo das convenções da
ONU”, anotou o grupo de cientistas responsável pelo Hartwell Paper, divulgado no ano
passado. O mesmo grupo voltou à carga este ano com o documento Pragmatismo
Climático, divulgado em 26 de julho, nos Estados Unidos.

Para o Grupo Hartwell, que tem como um de seus mais ilustres integrantes o geógrafo
britânico Mike Hulme, autor do livro Why We Disagree About Climate Change, os futuros
historiadores dos esforços mundiais para enfrentar a mudança climática provavelmente
olharão para 2010 como o fim de uma era. Era iniciada com a criação da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), no Rio de Janeiro, em

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1992, e terminada na negociação do Acordo de Copenhague, em dezembro de 2009.

Tanto que, como ressalta em Pragmatismo Climático, a partir das conversações de


Cancun, no fim de 2010 (COP 16), a ênfase de negociações internacionais já tinha
mudado de foco. Os esforços para estabelecer limites globais às emissões deram lugar a
objetivos mais modestos, como acordos de investimentos em novas tecnologias de
produção de energia, transferência tecnológica entre as nações e apoio a medidas
capazes de trazer mais resiliência à mudança climática no mundo em desenvolvimento.

Segundo Hulme, é preciso repensar e reestruturar os objetivos políticos das discussões


no âmbito das Nações Unidas. “Não negamos que a mudança climática causada pelo
homem existe e é importante. Apenas mostramos que a forma como estamos fazendo a
política climática não está funcionando.” No relatório, o grupo mostra três pontos a ser
enfocados de forma prática: inovação na produção de energia renovável, resiliência às
condições climáticas extremas e um total comprometimento com a redução da poluição.

Eduardo Viola, professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de


Brasília, concorda com Hulme e o Grupo Hartwell. “O modelo das COPs não funciona
mais. É um caminho de baixa eficiência.” Todos os sinais em 2011, segundo ele, levam a
concluir que o Protocolo de Kyoto se extinguirá como mecanismo de contenção de
emissões em 2012, colocando ainda mais dúvidas sobre a capacidade do sistema ONU
de responder ao problema climático.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Em seu trabalho mais recente, A Mudança Climática em 2011: Governança Global
Estagnada e o Novo Perfil do Brasil, lançado em julho, Viola propõe que as negociações
sigam um modelo semelhante ao do G20, em que sentam à mesa apenas os maiores
responsáveis pelo problema e que têm capacidade de resolvê-lo – o que ele chama de
“grandes e médias potências climáticas”.

Segundo o modelo proposto por Viola, apenas um grupo formado por 13 a 17 países (e
não mais os 193 estados-membros das Nações Unidas que hoje estão envolvidos nas
COPs) seria responsável por uma política climática centrada no pragmatismo. “Temos de
deixar de focar no pecado para prestar atenção nas virtudes”, diz. Na visão do professor,
às COPs restaria o papel de garantir a estrutura jurídica internacional capaz de permitir a
implementação das políticas acordadas pelo grupo.

Vítima do sucesso

O cientista Luiz Gylvan Meira Filho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira e


representante do governo nas negociações climáticas que levaram ao Mandato de Berlim,
em 1995, e posteriormente ao Protocolo de Kyoto, também acredita que as discussões
sobre política climática devam ser feitas em grupos menores. Mas lembra que, em alguns
casos, é preciso haver um consenso global. Além disso, segundo ele, as COPs têm o
mandato da Assembleia-Geral das Nações Unidas. “Não é uma questão de gostar ou não
das COPs. E, goste-se ou não, é atualmente o único fórum capaz de reunir os 193
países”, ressalta.

Osvaldo Stella, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do Instituto de


Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), concorda com Meira Filho, pois acredita que o
processo de negociação internacional é fundamental para o estabelecimento de uma
política global que sirva de base para implementação de ações locais. Mas pondera que
as COPs hoje são vítimas do próprio sucesso. Se, de um lado, tiveram papel fundamental
na inserção do tema mudanças climáticas na agenda global, de outro sofrem as pressões
de uma sociedade que quer ver mais prática e menos intermináveis discussões. “O
assunto se tornou presente na vida das pessoas. Mas isso gerou uma expectativa de
mudança que não vem acontecendo.”

Na opinião de Stella, no entanto, é preciso avançar no modelo e não deixá-lo de lado. Isso
já vem acontecendo desde a COP 15, em Copenhague, onde foi rompido o modelo da
aprovação por unanimidade. “Não é possível que tudo tenha de ser aprovado por
unanimidade”, afirma. “Temos de encontrar formas de avançar na agenda de maneira
mais rápida e prática.”

Para o consultor ambiental Fabio Feldmann, ex-candidato a governador do Estado de São


Paulo pelo Partido Verde, as críticas ao modelo COP muitas vezes não levam em conta
as dificuldades políticas para implementação das chamadas ações mais práticas.

“É muito comum falar mal da lentidão das COPs, mas a mudança para uma economia de
baixo carbono implica obviamente uma mudança política.” E cada cidade, estado ou país

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
que decide investir em mecanismos de redução de emissões defronta-se com as
dificuldades inerentes da escolha.

“O que (Barack) Obama enfrenta no Congresso para aprovação da legislação sobre


mudança do clima nós enfrentamos aqui com nosso Código Florestal. Cada país tem a
sua dificuldade. E essas são dificuldades essencialmente políticas”, diz. Feldmann lembra
que, mesmo em tempo de pressão total sobre os combustíveis fósseis, os Estados Unidos
ainda mantêm fortes subsídios para a indústria petrolífera. “Isso é dificuldade política.”

O sociólogo e cientista político Sérgio Abranches, autor do livro Copenhague, Antes e


Depois, concorda com Feldmann. Para ele, a ideia de deixar a regulação da política
climática apenas para o mercado não funciona. “O mercado só faz aquilo que tem
interesse econômico.” Por outro lado, afirma que o atual modelo das COPs precisa de
uma revisão. “Nas atuais condições é praticamente impossível ter um acordo suficiente”,
diz. “Ficamos entre o mínimo que um topa e o máximo que o outro aceita.

Âmbito do G20

No entanto, o buraco é bem mais embaixo, alerta José Eli da Veiga, professor titular da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(FEA-USP), Segundo ele, o Protocolo de Kyoto (mais do que a própria COP) criou uma
inércia institucional extremamente negativa, além de não favorecer a inovação política.
“Essa é uma estrada sem saída. Por isso, venho martelando (desde 2008) que um firme
compromisso obtido no âmbito do G20 já representaria 90% da solução. E, com essa
base acordada no G20, não seria difícil ganhar os demais países emissores em mais
alguma dessas COPs”.

Rachel Biderman doutora em Gestão Pública pela FGV-EAESP e consultora-sênior do


World Resources Institute no Brasil, explica que, justamente porque as negociações
internacionais são lentas, envolvem diversos setores e múltiplos interesses e a regra de
aprovação por consenso do sistema das Nações Unidas, isso torna as normas muito
genéricas e de difícil aplicação prática. Na opinião dela, é fundamental, portanto, que se
encontre uma nova maneira de agilizar as tomadas de decisão, o que Rachel chama de
uma “narrativa”.

“Essa nova narrativa no nível mundial dependerá de uma mudança de visão e


comportamento dos negociadores internacionais. E também de novas regras do jogo, pois
as atuais vigentes nas Nações Unidas não permitem tomada de decisão em tempo hábil
para dar conta do problema das mudanças climáticas”, diz. A nova narrativa deverá ser
construída pela pressão de grupos de interesse conscientes da gravidade da questão
climática ou, ainda, pelas oportunidades que surgem dessa situação.

É o que de certa forma vêm fazendo alguns países, como a Austrália, que criou um
imposto sobre as emissões de CO2 como parte do plano de combate às alterações
climáticas. Se aprovado no Parlamento, o plano prevê o corte de 5% das emissões de
carbono até 2020 e 80% até 2050 (com base nos níveis de 2000) e a cobrança de quase

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


US$ 25 por tonelada de carbono a partir de julho de 2012. A tarifa aumentará em 2,5% ao
ano até 2015, quando o país pretende adotar um plano de comércio de emissões (cap &
trade), cujos preços passarão a ser fixados pelo mercado internacional.

O que a Austrália fez foi estabelecer um preço mínimo para o carbono, criando um
parâmetro para o mercado, analisa Sérgio Abranches. Um exemplo de que novas ideias
podem começar a fazer parte das soluções nessa era de pragmatismo climático. “Tal
solução tem a vantagem de punir quem emite mais e de dar vantagens a quem produz de
forma limpa. É o caminho mais inteligente que já apareceu nessa área”, afirma.

O texto da Carta da Terra

PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a


humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais
interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande
esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica
diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade
terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade
sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na
justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que
nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com
a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como
uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma
aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a
evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da
humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus
sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras
e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum
de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever
sagrado.

180
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental,


esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão
sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos
eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a
pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande
sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado
os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas
tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou
arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças
fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que,
quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será
primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia
necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O
surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos,
sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de


responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo,
bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de
nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas.
Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família
humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de
parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da
existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser
humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para


proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na
esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de
vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os
indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e
avaliada.

181

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem
valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial
intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o
dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das
pessoas.
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis


e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos


e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de
realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma
condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras


gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas


necessidades das gerações futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a
prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra em longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com


especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a
vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento


sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam
parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

182
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras
selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da
Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução
desses organismos prejudiciais.
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e
vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam
a saúde dos ecossistemas.
f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e
combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano
ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e,


quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo


quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam
responsabilizadas pelo dano ambiental.
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas,
a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento
de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as


capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar
comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo


e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com
fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa de tecnologias
ambientais seguras.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de
venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais
altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva
e a reprodução responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material
num mundo finito.

183

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto
e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à


sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em
desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em
todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar
humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a
proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao
domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não
contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e
internacionais demandados.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de
vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não
são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e
habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis


promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.


b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em
desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos
sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
consequências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o


desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação,
assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda
violência contra elas.

184
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida
econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias,
tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente


natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-
estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça,


cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras
e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida
sustentáveis.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover


transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva
na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna


sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que
possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação
significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de
decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de
associação e de oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e
independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela
ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios
ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais
onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

185

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os
conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida
sustentável.

a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que


lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na
educação para sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da
conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de
vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los


de sofrimento.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem
sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não
visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre


todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a
colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos
ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura
defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos
pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a
paz.
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo,
com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade
maior da qual somos parte.

186
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo
começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir
esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos
da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de


interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar
com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional,
regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas
encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar
e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender
a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar
escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a
diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de
curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade
tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-
governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A
parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade
efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar
seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os
acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da
Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e
o desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida,
pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela
justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

187

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O pronunciamento do cacique Seattle

(Discurso pronunciado após a fala do encarregado de negócios indígenas do governo


norte-americano haver dado a entender que desejava adquirir as terras de sua tribo
Duwamish).

“O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o
grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua
parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem
branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar
no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem
confiar na alteração das estações do ano.

Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.


Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não
somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los?

Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada
praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são
sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores
carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por
entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a
mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores
perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As
cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o
homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa
terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um
lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus
filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser
fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue
de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e
terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida
dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é
a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede.
Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa
terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e
terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

188
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote
de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega à calada da noite e tira da
terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de
conquistá-la, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se
importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a
sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e
seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como
ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas
um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos
olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um
selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se
possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto.
Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece
apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz
solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a
sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma
chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum -


os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em


prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás
de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida
que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também
recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada,
feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento,
adoçado com a fragrância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar,
farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem
seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de
bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros
disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um
fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios)
matamos apenas para o sustento de nossa vida.

189

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria
de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo
acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos
antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da
terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos
nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os
homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra,
disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma
família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da
terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma.
Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem
sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu
corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde
passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos
uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm
vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de
um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo,
pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver,
de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus
é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como
desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual
sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por
ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão
acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e
hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os
trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e
sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos
imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios
domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das
velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá
acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será
o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

190
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se
soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de
inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar
desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco
são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se
consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos
viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho
tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das
pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a
amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a como nós a
protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse: E com
toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a
como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus,
esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino
comum.”

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Revolução Verde

As inovações tecnológicas na agricultura para a obtenção de maior produtividade através


do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo, utilização de
agrotóxicos e mecanização no campo que aumentassem a produtividade, ficou
denominada de Revolução Verde. Esse processo ocorreu através do desenvolvimento de
sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o
plantio e desenvolvimento de máquinas.

A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington,


por William Gown, que disse a um pequeno grupo de pessoas interessadas no
desenvolvimento dos países com déficit de alimentos “é a Revolução Verde, feita à base
de tecnologia, e não do sofrimento do povo”.

A implantação de novas técnicas agrícolas iniciou-se no fim da década de 1940, porém os


resultados expressivos foram obtidos durante as décadas de 1960 e 1970, onde países
em desenvolvimento aumentaram significativamente sua produção agrícola.

Esse programa foi financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando
um discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no
mundo, o grupo Rockefeller expandiu seu mercado consumidor, fortalecendo a
corporação com vendas de pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em
desenvolvimento como Índia, Brasil e México.

191

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O grupo patrocinou projetos em determinados países criteriosamente selecionados, as
nações escolhidas foram: México, Filipinas, Estados Unidos, e, em menores proporções,
o Brasil.

As sementes modificadas e desenvolvidas nos laboratórios possuem alta resistência a


diferentes tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos,
fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção
agrícola.

Constatou-se um aumento extraordinário na produção de alimentos. No México, as


experiências iniciais e mais significativas foram realizadas com o trigo, que em sete anos
quadruplicou sua produção. Nas Filipinas, as pesquisas foram realizadas com o arroz, o
resultado foi satisfatório, havendo um grande aumento na produção e colheita.

Porém, a fome no mundo não reduziu, pois a produção dos alimentos nos países em
desenvolvimento é destinada, principalmente, a países ricos industrializados, como
Estados Unidos, Japão e Países da União Europeia.

A modernização no campo alterou a estrutura agrária. Pequenos produtores que não


conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção, não atingiram produtividade
suficiente para competir com grandes empresas agrícolas e se endividaram com
empréstimos bancários solicitados para a mecanização das atividades, tendo como única
forma de pagamento a venda da propriedade para outros produtores.

A Revolução Verde proporcionou tecnologias que atingem maior eficiência na produção


agrícola, aumentando significativamente a produção de alimentos, entretanto, a
fomemundial não foi solucionada, desbancando o discurso humanitário de aumentar a
produção de alimentos para acabar com a fome nos países em desenvolvimento.

192
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exercícios:

1) O que é Educação Ambiental?


2) Faça uma breve contextualização histórica sobre a Educação Ambiental.
3) O que representa os movimentos ambientais para a Educação Ambiental?
4) Qual a importância do Programa de Educação Ambiental para as empresas?
5) O que é:
a) Desenvolvimento Sustentável.
b) Relatório de Brundtland.
c) Pegada Ecológica.
6) Explique os critérios de decisão para um desenvolvimento sustentável.
7) Fale brevemente sobre sustentabilidade nas cidades levando em consideração a
diferencia entre crescimento e desenvolvimento.
8) Explique:
a) Rio 92
b) Agenda 21
c) Rio +5, Rio +10 e Rio + 20
9) Qual a importância social, ambiental e econômica das conferências e relatórios
estudados acima?

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
10) O que é ISO?
11) Diferencie: ISO 9000, 9001, 9002, 9003 e 9004.
12) Diferencie: ISO 14000, 14001 e 14004.
13) Resuma o processo de certificação.

14) Qual relação entre Efeito Estufa, Aquecimento global e Protocolo de Quioto?
15) Como funciona o Crédito de Carbono?
16) Alguns autores acreditam que o crédito de carbono é uma ferramenta financeira e não
ambiental. Qual a sua opinião á respeito do mercado de carbono.
17) Qual a posição do Brasil no Mercado de Carbono?
18) A queima dos combustíveis fósseis (carvão e petróleo), assim como dos combustíveis
renováveis (etanol, por exemplo), produz CO‚ que é lançado na atmosfera,
contribuindo para o efeito estufa e possível aquecimento global. Por qual motivo o uso
do etanol é preferível ao da gasolina?
19) Cite as principais diferenças entre os modelos de Sustentabilidade apresentados:

a) Modelo do capitalismo natural: a sustentabilidade enganosa.

b) Modelo da economia verde: a sustentabilidade fraca.

c) Modelo do ecossocialismo: a sustentabilidade insuficiente.

d) Modelo do eco desenvolvimento ou da bioeconomia: sustentabilidade possível.

e) Modelo da economia solidária: a microssustentabilidade viável.

193

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


20) O que é a Revolução Verde?
21) Quando ela ocorreu?
22) De forma ela aconteceu em países com diferentes graus de desenvolvimento
econômico?
23) O que é um pacote tecnológico? Qual a relação desses pacotes com a Revolução
Verde?
24) Quais as principais empresas interessadas na continuidade dessa Revolução?
25) Como foi a entrada da Revolução Verde no Brasil?
26) Quais as principais consequências da Revolução para a terra e para o homem?
27) Quais as relações entre a Revolução Verde e a diminuição da fome no mundo? Essa
diminuição de fato ocorreu? O problema da fome está na produção de alimentos?

194
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Bibliografia
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: O que é e o que não é. 1 ª Edição. Vozes,
2012, 254 p.

BRÜGGER, Paula. Educação ou Adestramento Ambiental? Florianópolis: Letras


Contemporâneas, 1999, 159 p.

Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA. 3ª edição. Ministério do


Meio Ambiente – MMA. Edições MMA. Brasília, 2005.

SOUZA, Marcelo Lopes de; RODRIGUES, Glauco Bruce. Planejamento


Urbano e ativismos sociais. São Paulo: UNESP, 2004.

Desenvolvimento Sustentável. 6ª aula, Prof. Doutora Maria do Rosário


Partidário. Licenciatura em Engenharia do Ambiente 1º Ano / 1º Semestre -
2007-08.

LEITE, Marcos Esdras; FRANÇA, Iara Soares de; Reflexões sobre a


sustentabilidade urbana: novo modelo de gestão ambiental da cidade caminhos

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
de geografia. Uberlândia v. 8, n. 22 set/2007 p. 137 - 142.

Osvaldo Alencar Billig; Sérgio Paulo Camilato; Sistema de


gestão integrada de qualidade, segurança,meio -ambiente e
saúde. PPG – Engenharia de Produção e Sistemas –
UNISINOS.

Protocolo de Kyoto. Brasil Escola. Disponível em:


http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm Acesso em:
07/09/2013.

Créditos de Carbono. Créditos de carbono: uma possível solução para os


problemas ambientais causados pela emissão de gases poluentes na
atmosfera. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/creditos-
carbono.htm . Acesso em: 07/09/2013.

O Protocolo de Kyoto. Greenpeace. Disponível em:


http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf Acesso em:
07/09/2013.

Protocolo de Kyoto. Disponível em: http://protocolo-de-


kyoto.info/mos/view/Efeito_Estufa/. Acesso em: 07/09/2013.

195

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


196
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

ECOLOGIA
AMBIENTAL
Disciplina: Ecologia Ambiental
Carga horária: 40 horas
Objetivos gerais: Desenvolver o sentido de ecologia e Meio Ambiente;
Compreender os processos ecológicos e ambientais; Proporcionar o estudo analítico
dos ciclos ambientais; Estruturar os conceitos básicos da ecologia geral e ambiental;
Compreender o sentido de energia no ambiente e suas derivações; Criar atitudes e
valores sobre as questões ambientais; Desenvolver a percepção analítica da
sustentabilidade; Criar o processo gerencial ecológico sustentável.

Avaliações - 1º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos


Data Atividades Valor
Trabalho Bimestral 10,0

Atividades Bimestral 10,0

Avaliação bimestral 20,0

Total de Pontos 40,00

Avaliações - 2º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos


Data Atividades Valor

Mostra Tecnológica 10,0

Trabalho Segundo Bimestre 10,0

Atividades Bimestrais 10.0

Avaliação bimestral
30,00

–Total de Pontos 60,00

198
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
1- Fundamentos de Ecologia

O que é ecologia
- A palavra “Ecologia” foi usada pela primeira vez por Ernest Haeckel e,
1869. Ecologia (do grego. Oikos=casa; grego. Logos= palavra, estudo).
- Há várias definições para Ecologia: Odum (1963); Krebs (1972); Rickefs
(2003), Dajoz (2005) e de acordo com Pinto-Coelho (2000), a Ecologia procura
responder três tipos de perguntas:
1- Onde estão os organismos?
2- Quantos são os organismos?
3- Porque eles estão lá? (ou não estão?).

Algumas definições:
É ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o meio
ambiente...
É o estudo da “vida doméstica” dos organismos... (Townsend, 2008)
É a ciência pela qual estudamos como os organismos (animais, plantas e
micróbios) interagem entre si e com o mundo natural (Ricklefs).

ECOLOGIA AMBIENTAL
Portanto, por Ecologia, entendemos que é a investigação das relações
totais dos animais tanto com seu ambiente orgânico quanto com seu ambiente
inorgânico; incluindo acima de tudo, suas relações amigáveis e não amigáveis
com aqueles animais e plantas com os quais vêm direta ou indiretamente a entrar
em contato (Ricklefs).
Divisões da Ecologia
 Autoecologia: foca no estudo dos organismos, também conhecida como
Ecologia de Organismos (Dajoz);
 Demo-ecologia: foca no estudo das populações, também conhecida como
Ecologia de Populações;
 Sinecologia: foca no estudo das comunidades biológicas, também
conhecida como Ecologia de comunidades (ACIESP, Dajoz, Krebs).
 Ecossistêmica: foca no estudo da estrutura e dinâmica dos ecossistemas,
também conhecida como Ecologia de Ecossistemas;

Ecologia Aplicada: aplicação dos conhecimentos derivados de estudos e


pesquisas ecológicas, na busca de solução de problemas ambientais tais
como recuperação de áreas degradadas, avalição de impacto ambiental
controle biológico de pragas, controle da poluição ambiental, implantação
de manejo de unidades de conservação; administração e manejo de
recursos naturais.

Outras divisões enfatizam os tipos de ambientes: Ecologia de Ambientes


Aquáticos Continentais, Ecologia Marinha, Ecologia Terrestre, Ecologia Florestal,
Ecologia de Estuários, entre outras.

199

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Ecologia e outras áreas de conhecimento

O estudo da Ecologia enquadra-se nas Ciências Biológicas, amparado nas


Ciências exatas (matemática, física, química e bioestatística), mantendo fortes
conexões com áreas de conhecimento das Ciências da Terra: edafologia,
pedologia, geologia, geomorfologia, geoquímica, geofísica, limnologia entre
outras...
A Ecologia relaciona-se também com as ciências sociais e considerando
que o HOMEM é o principal agente transformador do ambiente na atualidade,
cresce um ramo do conhecimento designado Ecologia Humana.
Componentes bióticos: Todos os seres vivos. Os seres vivos podem
ser autótrofos ou heterótrofos.
Autótrofos (produzem o próprio alimento ou
literalmente autoalimentadores): os seres
autótrofos são aqueles que fazem a fotossíntese
(algas, plantas e certas bactérias), captando a
energia luminosa do Sol e reduzindo (ganhando
para as células) carbono. Esses seres produzem
praticamente todo o alimento consumido pelos
heterótrofos, liberam gás oxigênio (O2) no
ambiente que é utilizado na respiração pelos Algas marinhas- autotróficos. Disponível
em:
animais, plantas e por microrganismo. http://meioambiente.culturamix.com/natur
Heterótrofos: os seres heterótrofos são aqueles eza/o-valor-das-algas-marinhas-na-
saude-humana/0. Acesso em dez 2013.
que obtêm sua energia ao consumir (daí “tróficos”)
outros (daí “hetero”) organismos;

Seres heterotróficos. Disponível em:


http://cienciasfisicasebiologicas.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html. Acesso em dez. de 2013.

200
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Componentes abióticos: Fatores físicos e químicos
Fatores físicos: o clima – luminosidade, temperatura, pressão, vento, umidade e
regime de chuvas.
Fatores químicos: nutrientes minerais (fósforo, nitrogênio, etc...).

Principais termos ecológicos


Organismo: indivíduo, animal.
População: Conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocupa uma
determinada área, mantendo intercâmbio de informação genética.
Comunidade: Conjunto de populações.
Ambiente: Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos no
interior da Biosfera.
Vegetação: Conjunto de vegetais que existe em determinado local.
Flora: Conjunto de plantas de uma determinada região ou período geológico,
listadas por espécies e famílias e consideradas como um todo;
Fauna: Conjunto de animais que ocorre em uma área, hábitat ou estrato geológico,
num tempo determinado, listado por espécies, com limites espacial e temporal
arbitrários.

ECOLOGIA AMBIENTAL
Nicho ecológico: papel funcional ou papel ecológico de uma espécie em uma
comunidade.
Biota ou biocenose: Conjunto de plantas, animais e microrganismos de uma
determinada região. Ex: Biota amazônica, Biota fluvial...
Biótopo: Espaço (área ou volume) ocupado por uma comunidade biológica; lugar.
Hábitat: Ambiente que oferece um conjunto de condições favoráveis para o
desenvolvimento, sobrevivência e reprodução de determinados organismos. (Local
onde vive determinada espécie).
Ecossistema: uma unidade discreta que consiste de partes vivas e não vivas
interagindo para formar um sistema biológico; uma comunidade biótica (parte viva) e
seu ambiente abiótico (parte não viva: água, luz, temperatura...) funcionando como
um sistema (usado pela primeira vez por A.G. Tansley em 1935). Os conjuntos de
organismos e seus ambientes físicos e químicos formam um ecossistema.
Bioma: Amplos conjuntos de ecossistemas terrestres, aquáticos (continentais e
marítimos) caracterizados por tipo semelhante de vegetação ou de mesma
fisionomia ambiental. Ex: Florestas pluviais tropicais, savanas, desertos.
Biosfera: Inclui todos os ambientes e organismos da Terra; a biosfera abrange
desde as mais profundas fossas oceânicas até a atmosfera acima dos mais altos
picos da Terra.

201

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2- Organismos e o ambiente físico

Água
A água tem muitas propriedades favoráveis à manutenção da vida:
 É abundante na maior parte da superfície terrestre;
 A maior parte encontrada é líquida;
 Poderoso solvente universal;
 Excelente meio para os processos
químicos dos seres vivos; a fluidez da
água permite os movimentos dos
organismos vivos.

As propriedades térmicas da água


 Permanece líquida ao longo de um
amplo intervalo de variação de temperatura;
Água. Disponível em :  Resiste à mudança de estado entre as
http://blogs.diariodonordeste.com.br/gestaoambie
ntal/ category/gestao-das-aguas/ .Acesso em
fases sólida (gelo), líquida e gasosa. É -
dez. 2013. preciso acrescentar muita energia (500 vezes
mais) para evaporar uma quantidade de água
do que para elevar sua temperatura em 10C. E para o congelamento é necessário
remover oitenta vezes mais calor do que é necessário para reduzir a temperatura da
mesma quantidade de água em 10C, isso impede que grandes corpos de agua
congelem durante o inverno;
 Enquanto a maioria das substâncias se tornam mais densa em temperaturas
mais baixas, a agua se torna menos densa à medida que resfria abaixo de 40C,
assim, menos densa sob congelamento, o gelo flutua e impede que o fundo dos
mares e oceanos congelem.

O empuxo e a viscosidade da água


Possui viscosidade, ou seja, ela resiste ao fluxo ou ao movimento de um
corpo através dela;
A alta densidade e a viscosidade tendem a retardar o movimento, isso
permite a vida, mas ao mesmo tempo, estabelece limites para o seu
desenvolvimento;
Mecanismos como bexiga natatória nos peixes, gotas de óleo nas algas são
algumas das estratégias que proporcionam esses seres a flutuar.

Todas as águas naturais contêm substâncias dissolvidas


Como propriedade de solvente universal, a água tem uma capacidade
impressionante de dissolver várias substâncias, tornando-as acessíveis aos
sistemas vivos e proporcionando um meio no qual podem reagir para formar novos
compostos;

202
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A vida aquática exige muitos elementos minerais, nitrogênio e fosforo mais
importantes, porque formam aminoácidos, ácidos nucleicos e outras importantes
moléculas biológicas.

Principais nutrientes
Hidrogênio
A concentração de íons hidrogênio afeta profundamente os sistemas ecológicos
Os íons Hidrogênio (H+) são extremamente reativos, afetando as atividades das
enzimas em altas concentrações. Esses íons são capazes de tornar
determinados nutrientes disponíveis para os processos da vida e essa mesma
capacidade ajuda a dissolver metais pesados como arsênio, cádmio e mercúrio,
que são prejudiciais à vida.
Desempenham um papel crucial na dissolução dos minerais das rochas e
solos;
A concentração de íons em uma solução é chamada de ACIDEZ.
A água em um dado momento é dissociada em seus íons hidrogênio e
hidróxido (OH-).
O pH, que mede a concentração desses íons, varia numa escala, onde 7 é

ECOLOGIA AMBIENTAL
pH neutro e abaixo e ácido, e acima de 7 é básico;
Exemplos: pH 1 ácido estomacal (extremamente ácido), pH 4 chuva ácida,
pH 7 maioria dos riachos, pH entre 7 e 8 sangue humano e oceanos, pH 15
(extremamente alcalino).

Escala de pH. Disponível em:


http://pequenoscientistassanjoanenses.files.wordpress.com/2009/11/escala-do-ph.png).
Acesso em dez. 2013.
203

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


 Os íons Hidrogênio dissolvem os minerais das rochas e solos, por causa
da alta reatividade desse íon, assim o carbonato de cálcio que compõe as rochas
calcárias se dissolve rapidamente, tornando a água “dura”, devido ao excesso de
íons cálcio;
A disponibilidade de nutrientes inorgânicos influencia a abundância de vida
 Os organismos são compostos por diversos elementos químicos;
 Depois do Hidrogênio, carbono e do oxigênio, que são os elementos dos
carboidratos, os necessários em maior quantidade são o nitrogênio, o enxofre, o
potássio, o cálcio, o magnésio e o ferro.

Sol
 É a fonte primária de energia para a manutenção da vida;
 Determina o clima terrestre;
 A posição do Sol proporciona um aquecimento diferencial da superfície
terrestre, consequentemente, há uma constante variação da temperatura,
umidade relativa e pressão atmosférica;
 Influenciando no ciclo hidrológico (vamos ver adiante);

Ventos: os ventos agem como um importante agente transportador da natureza,


transportando tanto materiais não biológicos (areia, sal, poeira e detritos) como
materiais biológicos (pólen, esporos de fungos, algas, sementes, pequenos
animais, micro-organismos benéficos e patogênicos);
Os ventos podem ser frios, secos, quentes, gelados, influenciando em
paisagens, plantações, rios e mares.
Solo: Formação do solo: o solo é formado pelo
intemperismo físico, químico e biológico da
rocha-matriz, com as chuvas ocorre à
dissolução e solubilização de minerais, alem
disso, micro-organismos e pequenos
organismos pioneiros, como os liquens ajudam
na transformação das rochas em solo;

Temperatura: a temperatura ambiental é uma


Tipos de solo. Disponível em: condição ecológica decisiva na distribuição dos
http://www.plantasonya.com.br/category/vegeta seres vivos do planeta. Lugares muito quentes ou
cao-e-solos. Acesso em dez. 2013.
muito frios somente podem ser habitados por
espécies altamente adaptadas a essas condições;
- afeta os fatores climáticos como os ventos, a umidade relativa do ar e a
pluviosidade de uma região;

204
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Tolerâ ncia ao calor
Temperaturas mais altas significam que os organismos podem se
desenvolver mais rapidamente, nadar, correr e voar mais rápido, e digerir e assimilar
mais alimento, sendo nesse caso, um o aumento da temperatura um efeito positivo
na produtividade biológica, no entanto em temperaturas mais altas há um efeito
depressor nos processos biológicos. As proteínas e outras moléculas biológicas se
tornam menos estáveis em temperaturas mais altas e podem não funcionar
apropriadamente ou manter suas estruturas;

Tolerâ ncia ao congelamento


Quando as células vivas congelam, a estrutura cristalina do gelo irrompe a
maior parte dos processos de vida e pode danificar estruturas celulares delicadas,
finalmente causando a morte; muitos organismos para que isso não aconteça,
mantém suas temperaturas corpóreas acima do ponto de congelamento da água,
seja ativando mecanismos químicos que permitem que resistam ao congelamento
ou tolerem seus efeitos; animais como alguns invertebrados terrestres e peixes
antárticos, se utilizam de compostos anticongelantes que reduzem a temperatura de
congelamento.

ECOLOGIA AMBIENTAL
Fotossíntese e respiração

Esquema da Fotossíntese. Disponível em http://www.essaseoutras.xpg.com.br/fotossintese-como-funciona-


e-etapas-resumo-para-estudo-com-esquemas/. Acesso em dez. 2013.

205

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


 A fonte de carbono utilizado pelas moléculas é o (CO2), dióxido de carbono,
que esta presente na atmosfera e dissolvido na água;
 Durante a fotossíntese as plantas reduzem o átomo de carbono em dióxido de
carbono utilizando a energia da luz, o processo inverso (transformação do carbono
orgânico de volta a dióxido de carbono) é conhecido como respiração, e é feito por
plantas e todos os organismos;

Os organismos e os sentidos: os sentidos dos organismos dependem da


disponibilidade de informação no ambiente físico. A natureza dessa informação
consista ela em ondas de luz, ondas de som, ou moléculas voláteis ou dissolvidas
determina como e quão bem o organismo pode detectar e localizar as fontes de
informação.

3- Relações ecológicas

Em um ecossistema, os seres vivos relacionam-se com o ambiente físico e


também entre si, formando o que chamamos de relações ecológicas.
As relações ecológicas ocorrem dentro da mesma população (isto é, entre
indivíduos da mesma espécie), ou entre populações diferentes (entre indivíduos de
espécies diferentes).
Essas relações estabelecem-se na busca por alimento, água, espaço, abrigo,
luz ou parceiros para reprodução.
Relações intraespecíficas: indivíduos da mesma espécie.
Relações interespecíficas: indivíduos de espécies diferentes.
Relações Harmônicas (+): benefício e não há prejuízo para nenhuma das partes.
Relações Desarmônicas (-): há prejuízo para um ou para ambos os participantes
da relação.

Relações intraespecíficas harmônicas: sociedade e colônias

Sociedade: União permanente entre


indivíduos em que há divisão de trabalho.
Ex.: insetos sociais (abelhas, formigas e
cupins); são super organizados; numa
colmeia, todo o trabalho é feito por
abelhas que não se reproduzem, as
operárias. Elas colhem o néctar das flores,
limpam e defendem a colmeia e
alimentam as rainhas e as larvas (as
futuras abelhas) com mel, que é
produzido a partir do néctar.
Sociedade- Formigas. Disponível em:
http://formigasbrasil.blogspot.com.br. Acesso em dez.
2013.

206
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A rainha é a única fêmea fértil da colmeia que coloca os ovos que irão originar
outras operárias e também os zangões (machos), cuja única função é fecundar a
rainha.
Uma sociedade é composta por um grupo de indivíduos da mesma espécie
que vivem juntos de forma a permanente e cooperando entre si;
Entre os mamíferos encontramos: os castores, gorilas, os babuínos e a da própria
espécie humana (não tão rigorosa como das abelhas).

Colônia: Tipo de relação harmônica intraespecífica em


que os indivíduos procuram obter vantagens através de
união anatômica. Associação anatômica formando uma
unidade estrutural e funcional. Ex.: coral-cérebro,
caravela.
Colônia é um grupo de organismos da mesma
espécie que formam uma entidade diferente dos
organismos individuais. Por vezes, alguns destes
indivíduos especializam-se em determinadas funções

ECOLOGIA AMBIENTAL
necessárias à colônia. Um recife de coral, por exemplo,
é construído por milhões de pequenos animais (pólipos)
que secretam à sua volta um esqueleto rígido. A
garrafa-azul (Physalia) é formada por centenas de

Physalia- Colônia formada por pólipos seguros a um flutuador, especializados nas


centenas de pólipos. Disponível
em: http://www.novinky.cz/veda-
diferentes funções, como a alimentação e a defesa;
skoly/238317-meduzy-mohou-byt- cada um deles não sobrevive isolado da colônia.
nezne-ale-i-zivotu-nebezpecne.html.
Acesso em dez. 2013.
As bactérias e outros organismos unicelulares
também se agrupam muitas vezes dentro de um
invólucro mucoso.
As abelhas e formigas, por outro lado, diferenciam-se em rainha, zangão com
funções reprodutivas e as obreiras (ou operárias) com outras funções, mas cada
indivíduo pode sobreviver separadamente. Por isso, estas espécies são chamadas
eusociais, ou seja, formam uma sociedade e não uma colônia.

Relações Harmônicas Interespecíficas


Mutualismo: Associação obrigatória entre indivíduos, em que ambos se
beneficiam;
Abelhas, beija-flores e borboletas são alguns animais que se alimentam do
néctar das flores.
O néctar é produzido na base das pétalas das flores e é um produto rico em
açúcares, que é usado como alimento para abelhas, borboletas e beija-flores,
quando isso acontece grãos de pólen se depositam em seu corpo. O pólen contém
células reprodutoras masculina da planta.
Os animais polinizadores obtêm alimento (néctar) e a planta se reproduz
assim ambos se beneficiam;

207

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Nos liquens (associação mutualística entre
algas e fungos). Os fungos protegem as algas e
fornecem-lhes água, sais minerais e gás carbônico,
que retiram do ambiente. As algas, por sua vez,
fazem a fotossíntese e, assim, produzem parte do
alimento consumido pelos fungos;

Comensalismo: Associação em que um


indivíduo aproveita restos de alimentares Líquens- Associação mutualista
entre fungo e alga. Disponível em:
do outro, sem prejudicá-lo. http://www.flickr.com/photos/fturmog/21
Leão e a Hiena – 23195866/. Acesso em dez. 2013.
Quando os leões estão
caçando, as hienas escondem-se esperando que todo o
grupo de felinos se alimente. As hienas aguardam
apenas o momento em que os leões abandonam as
carcaças das presas para só assim se alimentarem.
Urubu e o Homem - O urubu ou abutre é um comensal
Leão e hiena- Comensalismo.
Disponível em:
do homem, pois se alimenta dos restos dos alimentos
http://www.legendalibras.com.br/es deixados pelo homem.
cola/ciencias/meioambiente-
segunda-ate.html. Acesso em dez. O peixe-rêmora vive associado ao tubarão, preso por
2013. ventosas. A rêmora limita-se a comer o que o tubarão
não quis. Para a rêmora a relação é benéfica, já para o tubarão é totalmente neutra.

Protocooperação: Associação facultativa entre indivíduos, em que ambos se


beneficiam.
Durante a sesta os gigantescos crocodilos
abrem sua boca permitindo que um pequeno pássaro
(o pássaro-palito) fique recolhendo restos alimentares
e pequenos vermes dentre suas poderosas e fortes
presas.
A relação (Boi/Anum) é benéfica para ambos (o Boi
se livra do parasita e o Anum se alimenta). O
Bernardo-eremita consegue proteção e a anêmona
beneficia-se tendo seu “cardápio” alimentar.
Inquilinismo: quando uma espécie usa a outra como
abrigo; Protocooperação- Bernardo-
eremita e anêmona. Disponível em:
http://cfbnanet.blogspot.com.br/2010/
04/relacoes-ecologicas.html. Acesso
em dez. 2013.

208
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Relações Desarmônicas (-): Intraespecífica: Competição e Canibalismo
Competição: Indivíduos concorrem pelos mesmos recursos do meio. Esse tipo de
relação existe em praticamente todas as espécies;

Canibalismo: Relação desarmônica em que um


indivíduo mata outro da mesma espécie para se
alimentar. Ex.: Louva-a-deus, aracnídeos, filhotes
de tubarão no ventre materno.

Relações Desarmônicas (-): Interespecífica


Competição: Disputa por recursos escassos no
Canibalismo- louva-a-deus. ambiente entre indivíduos de espécies diferentes.
Disponível em:
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por
Tanto o Peixe-Piloto quanto a Rêmora comem os restos
-dentro-das-celulas/jogo-mortal/. Acesso deixados pelos tubarões por tanto possuem o mesmo
em dez. 2013.
nicho ecológico e acabam disputando por espaço nele.

Amensalismo: Relação em que indivíduos de uma espécie produzem toxinas


que inibem ou impedem o desenvolvimento de outras.

ECOLOGIA AMBIENTAL
A Maré vermelha é a proliferação de algumas espécies de algas tóxicas,
presentes nos mares. Em situações como
mudanças de temperatura, alteração na
salinidade e despejo de esgoto nas águas
do mar, elas se multiplicam e sobem à
superfície, onde liberam toxinas que
matam um grande número de peixes,
mariscos e outros seres da fauna marinha.
A Penicilina foi descoberta em 1928
quando Alexander Fleming, ele
demonstrou que o fungo produzia uma
substância responsável pelo efeito Amensalismo- Descoberta da Penicilina.
Disponível em :
bactericida, à penicilina. http://www.infoescola.com/farmacologia/penicilina/.
Acesso em dez. 2013.
Predação
Os Predadores capturam indivíduos e os consomem, removendo-os da
população de presas, já o Parasita consome partes de uma presa viva, ou
hospedeiro. os parasitas se anexam aos corpos dos hospedeiros e se alimentam de
seus tecidos, etc.
Os Herbívoros comem plantas inteiras ou partes de plantas. Os herbívoros
agem como predadores quando consomem plantas inteiras e como parasitas
quando consomem tecidos vivos sem matar suas vítimas;

209

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Os predadores tem adaptações para explorar suas presas

• São bem adaptados para perseguir, capturar e comer determinados tipos de


presas.

• Os carnívoros e os mamíferos herbívoros, por exemplo, diferem na


conformação de seus dentes e na constituição de seu sistema digestivo;

Predação. Disponível em: http://pt.best- Herbívoros. Disponível em:


wallpaper.net/Cheetah-predation-rapid- http://www.animalesyanimales.com/animales-
jumping_1280x800.html. Acesso em dez. 2013. herbivoros/. Acesso em dez. 2013.

210
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4- Cadeia Alimentar

Cadeia Alimentar ou Trófica

Cadeia Alimentar. Disponível em: http://crv.educacao.mg.gov.br/. Acesso em dez. 2013.

ECOLOGIA AMBIENTAL
A matéria está constantemente ciclando dentro de um ecossistema, ou dito de
outra forma, o que os seres vivos retiram do ambiente, eles devolvem. Tem sido
assim desde início da existência da vida da terra, até os dias de hoje. Trata-se de
um ciclo eterno.
A cadeia alimentar ou trófica é a maneira de expressar as relações de
alimentação entre os organismos de uma comunidade/ecossistema, iniciando-se
nos produtores e passando pelos herbívoros, predadores e decompositores, por
esta ordem.
Ao longo da cadeia alimentar há uma transferência de energia e de nutrientes (a
energia diminui ao longo da cadeia alimentar), sempre no sentido dos produtores
para os decompositores.
Componentes de uma cadeia alimentar: Obrigatoriamente, para existir
uma cadeia alimentar devem estar presentes os produtores e os decompositores.
Entretanto não é isso o que acontece na realidade, pois outros componentes estão
presentes.
Componentes de uma cadeia alimentar
Produtores: O primeiro nível trófico é constituído pelos seres autotróficos, também
conhecidos por produtores, capazes de sintetizar matéria orgânica a partir de
substâncias minerais e fixar a energia luminosa sob a forma de energia química. Os
organismos deste nível são as plantas verdes, as cianofíceas (algas azuis) e
algumas bactérias que, devido à presença de clorofila (pigmento verde), podem
realizar a Fotossíntese.
Consumidores e Decompositores: Os níveis seguintes são compostos por
organismos Heterotróficos, ou seja, aqueles que obtêm a energia de que precisam
de substâncias orgânicas produzidas por outros organismos.

211

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Todos os animais e fungos são seres heterotróficos, e este grupo inclui
os Herbívoros, os carnívoros e os decompositores.
1. Consumidores primários são os animais que se alimentam dos produtores,
(espécies herbívoras). Estes animais podem ser desde microscópicas larvas
planctônicas (no mar) até grandes mamíferos terrestres como o elefante, são
considerados herbívoros.
2. Consumidores secundários são animais que se alimentam dos herbívoros,
denominados carnívoros. O carnívoro, que come o herbívoro, é chamado
de consumidor secundário.
3. Consumidores terciários são os grandes predadores como os tubarões,
orcas, leões, etc, os quais capturam grandes presas, sendo considerados os
predadores de topo de cadeia. Tem como característica, normalmente, o
grande tamanho e menores densidades populacionais. Obs: podem se tornar
secundários dependendo da situação.
4. Decompositores- são os organismos responsáveis pela decomposição da
matéria orgânica, transformando-a em nutrientes minerais que se tornam
novamente disponíveis no ambiente. Os decompositores, representados
pelas bactérias e fungos, são o último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo.
Porque frequentemente cada organismo se alimenta de mais de um tipo de animais
ou plantas, as relações alimentares (também conhecidas por relações tróficas)
tornam-se mais complexas, dando origem a redes ou Teias Alimentares, em que as
diferentes cadeias alimentares se inter-relacionam.

Teias Tróficas. Fonte: Hickman, 2009 p.189.

212
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Teias ou redes alimentares
Os principais atributos de uma dada teia alimentar são os seguintes:
A) Número de espécies na rede (S): é o número total de espécies presente numa
dada rede.
B) Densidade de ligações (D): número de ligações tróficas associado a cada
espécie presente na rede.
C) Espécie trófica: conjunto de espécies que compartilham o mesmo conjunto de
presas ou são atacadas pelo mesmo predador.
D) Predador de topo: espécie que não é predada por nenhum predador na rede
onde se alimenta.
E) Espécies basais: organismos que não se alimentam de nenhuma outra espécie.
Usualmente eles são produtores primários.
F) Ciclos: Ocorre quando um organismo A se alimenta do organismo B que por sua
vez se alimenta do organismo C que se alimenta de A.
G) Conectância: número de interações tróficas realizadas dividido pelo número de
interações tróficas possíveis. Na realidade, existem várias formulas na literatura para
a conectância.
H) Nível trófico: número de ligações tróficas entre uma dada espécie na rede e a

ECOLOGIA AMBIENTAL
espécie basal a ele associada. Pode haver uma espécie que ocupe
simultaneamente mais de um nível trófico.
J) Onívoro: organismo que se alimenta em dois ou mais níveis tróficos diferentes.
K) Compartimentos: ocorre quando existe um grupo com fortes interações tróficas.
Em uma dada rede pode haver certo paralelismo trófico, ou seja, a existência de
vários compartimentos relativamente independentes entre si.

213

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5- Fluxo de Energia nos Sistemas Ecológicos

Conceitos fundamentais relacionados à energia


A energia é definida como a capacidade de executar trabalho; (primeira lei da
termodinâmica, ou lei da conservação da energia, e a Segunda Lei da
Termodinâmica, ou lei da entropia).
Conceitos fundamentais relacionados à energia
Alfred Lotka foi o primeiro a considerar populações e comunidades como
sistemas transformadores de energia; Lotka acreditava que o tamanho de um
sistema e as taxas de transformações de energia e matéria dentro dele obedeciam a
certos Princípios Termodinâmicos que governam todas as transformações de
energia; As ideias de Lotka não foram muito apreciadas pelos ecólogos de sua
época; Suas representações matemáticas eram difíceis e pouco familiares, e ele fez
pouco para promover suas ideias; O conceito de ecossistema transformador de
energia foi trazido à atenção pelo Ecólogo Lindeman; A cadeia alimentar possui
muitos elos – plantas, herbívoros e carnívoros, exemplo – os quais Lindeman
chamou de níveis tróficos; Além disso, Lindeman visualizou uma pirâmide de
energia nos ecossistemas; Lindeman visualizou que uma pirâmide de energia tinha
menos energia conforme alcançava o nível trófico superior; argumentava que
energia é perdida em cada nível por causa do trabalho realizado pelos
organismos naquele nível e pela ineficiência das transformações biológicas de
energia; Com essa nova estrutura conceitual, os ecólogos começaram a medir o
Fluxo de energia e Reciclagem de Nutrientes;
Odum, 1953: Um dos mais fortes proponentes desta abordagem foi Eugene
Odum, cujo texto publicado pela primeira vez em 1953, influenciou toda uma
geração de ecólogos; retratou os ecossistemas como diagramas de fluxo de energia.
A energia passa de um elo para o outro na cadeia alimentar, diminuindo por
causa da respiração e do desvio de estoques alimentares não utilizados para as
cadeias alimentares de base detritívora;
A produção primária é a assimilação de energia e produção de matéria
orgânica pela fotossíntese
A produção primária tem sua taxa quantificada como Produtividade
Primária; Como vimos, a fotossíntese une quimicamente dois compostos
inorgânicos comuns, o dióxido de carbono e a água para formar o açúcar glicose,
com a liberação de oxigênio; A energia total assimilada pela fotossíntese é chamada
de produção primária bruta; A energia total assimilada menos a energia que foi
utilizada pelas plantas para sustentar a síntese dos compostos biológicos é
chamada de produção primária líquida;
PPB – PPL = RESPIRAÇAO* (*usada para manutenção e biossíntese)

214
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A luz e a temperatura influenciam as taxas de fotossíntese
A produção primária é sensível a
variações na luz e na temperatura; A
Eficiência Fotossintética é a
percentagem de energia da luz do Sol que
é convertida para produção primaria
durante a estação de crescimento; Essa
medida proporciona um índice útil das
taxas de produção primária sob condições
naturais; Quando a água e os nutrientes
Produtividade. Disponível em: não limitam severamente a produção
http://uleinpa.blogspot.com.br/2009/02/as-florestas- vegetal, a eficiência fotossintética de um
da-amazonia-funcionam-como.html. Acesso em Dez.
de 2013.
ecossistema como um todo varia entre 1%
e 2%;

A água limita a produção primária em muitos habitats terrestres


A abertura dos estômatos, nas folhas, também permitem que a água deixe a

ECOLOGIA AMBIENTAL
folha por transpiração; Quando a umidade do solo se aproxima do ponto de
murchamento de uma planta, os estômatos se fecham para reduzir a perda de água;
Isto impede a assimilação de CO2 e a fotossíntese se torna mais lenta ate o ponto
em que cessa; Assim, a taxa de fotossíntese depende: Da disponibilidade de
umidade do solo, Da capacidade de uma planta de tolerar a perda de água; Da
influência da temperatura do ar; Da radiação solar sobre a taxa de transpiração;

Os nutrientes estimulam a produção vegetal tanto nos ecossistemas terrestres


como nos aquáticos
A produção primária varia entre os ecossistemas
Terrestres: Floresta Tropical> F. temperada> F. boreal> Savana> Terra cultivada>
Arbustos> Campo temperado> Tundra e Alpino> Subarbustiva desértica.
Aquáticas: Leitos Algais> Estuários> Lagos e curso de água> Plataforma
continental> Oceano aberto.

Apenas 5% a 20 % da energia passam de um nível trófico para outro: A cada


etapa da cadeia alimentar, 80-95% da energia são perdidos; Os herbívoros e
carnívoros são mais ativos do que as plantas e gastam correspondentemente mais
de sua energia assimilada para manutenção, como resultado, a produção de cada
nível trófico é tipicamente apenas de 5% a 20% daquela do nível inferior.

215

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Nível energético ao longo da cadeia- Disponível em
http://lucianecantalicebiologia.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html Acesso em
Dez de 2013

6-Estudo de populações

Populações. Disponível em: http://www.publico.pt/ciencia/noticia/populacao-mundial-ganhou-mais-de-dez-anos-de-


esperanca-de-vida-desde-1970-1577345. Acesso em Dez. de 2013.

216
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O que é uma população?
Uma população é formada por indivíduos de uma espécie numa dada área;
Cada população vive principalmente em manchas de habitat adequado;
Em termos genéticos e evolutivos: “Uma população é formada por grupos de
organismos dentro dos quais as chances de cruzamento são maiores do que com
organismos de outra população”. Populações assim definidas são separadas pela
distância ou algum grau de isolamento espacial; Cada espécie possui,
frequentemente, várias populações distribuídas em toda a sua distribuição
geográfica.

Estrutura populacional e comportamento dinâmico


Refere-se à densidade e à distribuição de indivíduos no habitat adequado e
às proporções de indivíduos em cada classe etária; os sistemas de acasalamento e
a variação genética são também partes da estrutura de uma população; As
populações apresentam um comportamento dinâmico, continuamente mudando no
tempo por causa dos nascimentos, mortes e movimentos de indivíduos. Estes
processos são influenciados pelas interações entre os indivíduos e seus ambientes
uns com os outros;

ECOLOGIA AMBIENTAL
Comportamento dinâmico
Entender a dinâmica populacional também esclarece a estrutura da
comunidade e a função ecossistêmica, nos permitindo responder a perguntas como:
Uma população persistirá num hábitat? Como ela afeta o fluxo de energia e contribui
para a reciclagem de alimentos num ecossistema?
Assim, muito da Ecologia se focaliza nos processos no nível da população.

Distribuição geográfica
A distribuição de uma população é a sua abrangência geográfica; A presença
ou ausência de habitat adequados frequentemente determina a extensão da
distribuição de uma população, embora outros fatores, como competidores,
organismos patogênicos e barreiras à dispersão, também tem influência;
Frequentemente os limites de uma população são difíceis de definir.
Usa-se então uma definição prática: “Uma população é um grupo de organismos de
uma mesma espécies dentro de uma área (ou volume) determinado”.

217

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Parâmetros Populacionais
Abordagens no estudo das relações dos organismos entre si e com o meio
ambiente em geral: Ecossistemas, Comunidades, Populações e Indivíduos.

O que determina o tamanho da população?

Taxa de natalidade: É a relação entre o número de


nascimentos ocorridos em um ano e o número de
habitantes. Ou também, é a capacidade de uma
população de crescer por meio da reprodução;
Obtemos essa taxa tomando os nascimentos ocorridos
Taxa de natalidade. Disponível em:
durante um ano, multiplicando-se por 1000 e dividindo http://msgdeluz.blogspot.com.br/2012/1
o resultado pela população absoluta, ou seja: 1/o-milagre-dos-bebes.html. Acesso em
Taxa de mortalidade: É a relação entre o número de Dez. de 2013.
óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes; Mortalidade quantifica as
mortes dos indivíduos na população; Obtemos essa taxa tomando os óbitos
ocorridos durante um ano, multiplicando-os por 1000 e dividindo o resultado pela
população absoluta, ou seja: Imigração e Emigração.
Os biólogos de população se referem aos movimentos dentro das populações como
dispersão; Eles se referem aos movimentos entre subpopulações: Emigração,
quando os indivíduos estão saindo e Imigração, quando os indivíduos estão
chegando, ou mais geralmente como migração.
Riqueza: número de espécies diferentes de um local, área ou volume;
Abundância: Quantidade de exemplares de uma mesma espécie em uma área ou
volume;
Densidade: Quantidade de indivíduos por área ou volume.

218
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Metapopulação

Metapopulação é definida como um conjunto de populações conectadas por


indivíduos que se movem entre elas. A formação de metapopulações tem
aumentado por conta da fragmentação de habitat. Ou seja, um hábitat que era
contíguo, como por exemplo, uma grande floresta, ao sofrer desmatamento em
algumas áreas, faz com que uma determinada espécie que antes vivia em uma
população por toda área da floresta torne-se distribuída de forma esparsa entre
estas manchas ou fragmentos de habitat.
População-Fonte: São populações nas quais a reprodução excede a
mortalidade;
População-Poço: Populações em que a reprodução local não pode manter
uma população sem migração;
Os indivíduos da população-fonte se dispersam para populações-poço;
Os tipos de habitat circundando manchas de habitat adequados constituem a
paisagem, que influencia a qualidade de manchas de habitat adequados e o
movimento de indivíduos entre elas;

ECOLOGIA AMBIENTAL

População fonte e poço. Disponível em: http://ecologiaparatodos.org/2013/02/26/a-fragmentacao-de-habitat-e-


a-abordagem-da-dinamica-de-metapopulacoes-para-conservacao-da-biodiversidade/. Acesso em Dez. de 2013.

219

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Consequências da fragmentação de um habitat
A fragmentação de habitat é uma das mais importantes e difundidas
consequências da atual dinâmica de uso da terra pelo homem. A taxa com que o
homem está alterando as paisagens naturais é milhares de vezes maior do que a da
dinâmica de perturbação natural dos ecossistemas (Tabarelli & Gascon, 2005).
Devido a esta elevada taxa de alteração, a capacidade das populações de se ajustar
a estas perturbações fica reduzida, o que pode trazer consequências gravíssimas às
espécies, como a extinção de grandes populações, o que promoverá perda da
diversidade genética dentro da espécie e reduzirá suas chances de sucesso
evolutivo.
De acordo com Tabarelli e Gascon (2005) espera-se que a perda de habitat
durante o processo de fragmentação reduza drasticamente o tamanho das
populações de espécies raras de plantas. As populações remanescentes, restritas a
poucos fragmentos, podem enfrentar declínios adicionais devido às elevadas taxas
de mortalidade dos adultos, extração de madeira, competição com espécies de
plantas exóticas e invasoras e incêndios florestais. Outros declínios populacionais
são esperados em consequência de alterações no processo de dispersão de
sementes e de recrutamento de plântulas, pois a perda de habitat e a caça resultam
na eliminação dos vertebrados dispersores. Todas estas consequências
supracitadas podem contribuir potencialmente para a perda de biodiversidade de
grandes áreas.
Atualmente, a perda e a fragmentação de habitat são as maiores ameaças
para a biodiversidade do planeta. Esses dois processos representam o estágio inicial
de degradação dos ecossistemas naturais em direção às paisagens dominadas pela
espécie humana, nas quais a natureza permanece na forma de pedaços sitiados
(Corlett, 2000). Neste contexto o entendimento da dinâmica das metapopulações,
que se tornam mais frequentes com a fragmentação de habitat, é fundamental para
possibilitar a criação de medidas mitigadoras dos efeitos que levam à redução da
biodiversidade nestas áreas.

220
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
7- Sucessão Ecológica

ECOLOGIA AMBIENTAL
Sucessão Ecológica. Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-sucessao-
ecologica/meio-ambiente-sucessao-ecologica.php. Acesso em Dez. de 2013.

CLEMENTS (1916): sequência de comunidades de plantas marcadas por


mudanças de formas de vida de simples a complexas.
BEGON (1996): Padrão de colonização e extinção promovido por populações de
espécies em uma determinada área.

O que é Sucessão Ecológica


Processo ordenado da instalação e desenvolvimento de uma comunidade.
Ocorre com o tempo e termina quando se estabelece na área uma comunidade
estável.
As etapas da sucessão: alterações graduais, ordenadas e progressivas no
ecossistema resultante da ação contínua dos fatores ambientais sobre os
organismos e da reação destes últimos sobre o ambiente.
Mudança Gradual – Substituição – equilíbrio; Comunidade Pioneira ou
ecese; Comunidade Secundária/intermédias ou séries; Comunidade Clímax.
Ao observarmos o processo de sucessão ecológica podemos identificar um
progressivo aumento na biodiversidade e espécies e na biomassa total. As teias e
cadeias alimentares se tornam cada vez mais complexas e ocorre a constante
formação de novos nichos.

221

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Algumas definições
Sere: séries sucessionais de um determinado bioma.
Comunidade clímax ou clímax – associação última de espécies atingida por
uma série sucessional.
Perturbação – evento pontual (não continuado) que retarda ou regride o
processo sucessional.

Etapas da Sucessão Ecológica

1- Comunidade pioneira ou ecese: Os liquens por serem os primeiros


seres a se instalarem são chamados de "organismos pioneiros". A atividade
metabólica dos liquens vai lentamente modificando as condições iniciais da
região. Os liquens produzem ácidos orgânicos que corroem gradativamente a
rocha, formando através da erosão as primeiras camadas de solo. A chuva e o
vento desintegram a rocha; Espécies pioneiras como liquens, instalam-se e
modificam a rocha, iniciando a formação do solo; Outras plantas começam a
instalar-se e a espessura do solo aumenta; Gramíneas e arbustos conseguem
instalar-se; Esta estabelecida uma comunidade clímax em equilíbrio com o meio;
Camada sobre camada de líquen, vão formando um tapete orgânico, que
enriquece o solo, deixando o mesmo úmido e rico em sais minerais. A partir de
então as condições, já não tão desfavoráveis, permitem o aparecimento de
plantas de pequeno porte, como briófitas (musgos), que necessitam de pequena
quantidade de nutrientes para se desenvolverem e atingirem o estágio de
reprodução. Sucessão primária - ocorre onde previamente o solo não existia.
(Dobson et al., 1997, Science);
2- Sucessão Ecológica secundária: Novas e constantes modificações se
sucedem permitindo o aparecimento de plantas de maior porte como
samambaias e arbustos. Também começam a aparecer os pequenos animais
como insetos e moluscos. Dessa forma etapa após etapa a comunidade pioneira
evolui, até que a velocidade do processo começa a diminuir gradativamente,
chegando a um ponto de equilíbrio, no qual a sucessão ecológica atinge seu
desenvolvimento máximo compatível com as condições físicas do local (solo,
clima, etc.). Sucessão secundária - Ocorre onde já existiam espécies;
3- Comunidade Clímax: Essa comunidade é a etapa final do processo de
sucessão, conhecida como comunidade clímax. Cada etapa intermediária entre a
comunidade pioneira e o clímax e chamada de sere.
Sucessão degradativa – o substrato é degradado em um período de
tempo relativamente curto; estabelecidas ou onde o solo original foi mantido após
um distúrbio (Dobson et al., 1997, Science).

222
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Alterações no processo de sucessão. Disponível em:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia23.php. Acesso em Dez. de 2013.

Sucessão numa lagoa


Na lagoa, o plâncton é o

ECOLOGIA AMBIENTAL
primeiro sistema de produtores que
se desenvolve. Quando os seus
cadáveres começam a enriquecer o
fundo das margens com material
orgânico, a vegetação aquática
pode aí se estabelecer. As folhas e
caules mortos aumentam o húmus
do fundo, e de ano para ano a
vegetação avança das margens
para o centro.
Na borda, onde estavam as plantas
pioneiras, começam a aparecer
arbustos lenhosos e, depois de
certo tempo, as árvores. O terreno
eleva-se graças à sedimentação de
restos vegetais e, finalmente, onde
estavam de início, as plantas
Sucessão Ecológica em uma lagoa. Disponível aquáticas fixam-se arbustos e
em :http://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/sucessao-
ecologica. Acesso em Dez. de 2013.
árvores, e o que era de início, o
charco marginal se transforma
em terra firme. Através deste processo de sucessão, todos os lagos e lagoas
tendem a desaparecer.

223

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


8-Ciclos biogeoquímicos

Ciclo do Oxigênio
O Oxigênio livre é encontrado na forma molecular (O2) na atmosfera e na
hidrosfera, como produto da fotossíntese de vegetais. Esse oxigênio é utilizado
na respiração de plantas e animais, como produto final junto com o hidrogênio
forma água. 
 Essa água pode ser utilizada no metabolismo e eliminada através
da respiração, transpiração e excreção, voltando a atmosfera.Nos vegetais a
água é utilizada na síntese de carboidratos, através da fotossíntese. Assim o
oxigênio fica livre do hidrogênio e volta à atmosfera.
As três principais fontes não vivas de átomos de oxigênio para os seres
vivos são, portanto, gás oxigênio (O2), gás carbônico (CO2) e água (H2O).

Ciclo do oxigênio. Disponível em: http://www.pauloferraz.com.br/trab_ciclo_biogeo.htm Acesso em Dez de


2013.

Ciclo do Carbono

O ciclo do carbono consiste na passagem de átomos de carbono (C)


presentes nas moléculas de gás carbônico (CO2) disponíveis no ecossistema para
moléculas que constituem as substâncias orgânicas dos seres vivos.
O gás carbônico é captado pelos seres autotróficos e seus átomos são
utilizados na síntese de moléculas orgânicas, cujo constituinte fundamental é o
carbono.
O carbono constituinte da biomassa pode ter dois destinos: ser transferido
aos animais herbívoros ou ser restituído ao ambiente na forma de CO2, com a morte
do organismo produtor e a degradação de sua matéria orgânica pelos
decompositores.

224
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Das substâncias orgânicas incorporadas pelas células do herbívoro, grande
parte é degradada na respiração celular para fornecer energia, nessa degradação, o
carbono é liberado na forma de CO2.
O carbono captado na fotossíntese vai passando de um nível trófico para
outro e, ao mesmo tempo, retornando aos poucos à atmosfera, como resultado da
respiração dos próprios organismos e da ação dos decompositores, que atuam em
todos os níveis tróficos.

ECOLOGIA AMBIENTAL
Ciclo do Carbono. Disponível em: http://aulasdebiologiamilton.blogspot.com.br. Acesso em Dez. de 2013.

Ciclo da água- Pequeno e Grande ciclo

Pequeno Ciclo da Água


Em seu pequeno ciclo, a água líquida – presente em rios, lagos, geleiras,
oceanos e até mesmo no solo – graças à energia solar, sofre evaporação, formando
vapor de água. Nas regiões mais altas e frias da atmosfera, o vapor de água se
condensa, dando origem a nuvens; e em alguns casos, ele se resfria tanto que se
solidifica, formando pedras de gelo ou neve.
Após este processo, as nuvens se precipitam, devolvendo à superfície do
planeta a água na forma líquida, chuva de granizo ou neve.

225

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Grande Ciclo da Água
Entretanto, sabemos que os seres vivos também participam deste processo.
Neste caso, falamos em grande ciclo da água. Neste, consideramos, além das
etapas citadas anteriormente, o fato de que os seres vivos liberam água por meio da
transpiração, respiração, e também nas fezes, urina e em processos de
decomposição; e a consomem, seja por intermédio de raízes, pela absorção
cutânea, ou ingestão.
No organismo dos seres vivos, a água é utilizada em processos de síntese de
substâncias orgânicas e atua como solvente e reagente de uma gama de reações
químicas que ocorrem em nível celular.
Considerando este fato, podemos perceber que a água é extremamente
importante para a manutenção da vida na Terra, sendo válido nos lembrar de que
somente 1% desta se encontra em estado líquido e disponível para todos estes
processos.

Ciclo da Água. Disponível em: http://www.infoescola.com/geografia/ciclo-hidrologico-ciclo-da-


agua/. Acesso em Dez. de 2013.

Ciclo do Fósforo
A decomposição devolve o fósforo que fazia parte da matéria orgânica ao
solo ou à água. Daí, parte dele é arrastada pelas chuvas para os lagos e mares,
onde acaba se incorporando às rochas. Nesse caso, o fósforo só retornará aos
ecossistemas bem mais tarde, quando essas rochas se elevarem em
consequência de processos geológicos e, na superfície, forem decompostas e
transformadas em solo. Assim, existem dois ciclos do fósforo que acontecem em
escalas de tempo bem diferentes. Uma parte do elemento recicla-se localmente
entre o solo, as plantas, consumidores e decompositores, em uma escala de
tempo relativamente curta que podemos chamar “ciclo de tempo ecológico”.

226
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Outra parte do fósforo ambiental sedimenta-se e é incorporada às rochas;
seu ciclo envolve uma escala de tempo muito mais longa, que pode ser chamada
“ciclo de tempo geológico”.

ECOLOGIA AMBIENTAL
Ciclo do Fósforo. Disponível em: http://profjairohenrique.blogspot.com.br/2009/03/ciclos-
biogeoquimicos-ciclo-do-fosforo.html. Acesso em Dez. de 2013.

Ciclo do Nitrogênio
O nitrogênio é usado pelos seres vivos na síntese de diversas moléculas
orgânicas, tais como os Ácidos Nucleicos e as Proteínas. Todos os organismos
conhecidos são altamente dependentes destas substâncias.
O maior reservatório de nitrogênio no planeta é a atmosfera, onde este se
encontra, principalmente, na forma de N2. O nitrogênio também pode ser encontrado
no solo na forma de substâncias inorgânicas, nos organismos vivos e em depósitos
de substâncias orgânicas.
Fixação: A fixação é a conversão do nitrogênio gasoso da atmosfera em substâncias
sólidas, líquidas ou íons solúveis no solo. As principais formas do nitrogênio no solo
são os íons Amônia (NH4), Nitrato (NO2) e Nitrito (NO3).
A fixação é um processo de elevada importância ecológica porque a maioria
dos seres vivos não é capaz de absorver o nitrogênio na forma gasosa,
dependendo, portanto desses íons dissolvidos no solo para a síntese de suas
moléculas.

227

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Fixação Biológica: Algumas bactérias possuem a capacidade de absorver o
nitrogênio na forma gasosa e convertê-lo em íons no solo. Estas bactérias são
chamadas “fixadoras” e possuem importante papel no ecossistema, pois
disponibilizam estes nutrientes para posterior absorção pelas plantas. As bactérias
fixadoras podem estar livres no solo, liberando amônia, ou na raízes das plantas,
realizando uma interação de mutualismo com estas.
Nitrificação: Este processo é realizado pelas bactérias nitrificantes e ocorre em dois
passos. Primeiramente, a Amônia é convertida em Nitrito, e posteriormente, o Nitrito
é convertido em Nitrato. A importância desse processo se dá no fato de que as
plantas não são capazes de absorver Amônia, somente o Nitrato. Dessa forma, a
nitrificação é essencial para a disponibilização do nitrogênio para as plantas.
Assimilação: A assimilação é realizada pelas plantas, que absorvem os o nitrogênio
principalmente na forma de nitrato e o utiliza na síntese de substâncias orgânicas. A
assimilação é o único meio de entrada do nitrogênio na cadeia alimentar.
Consumo: O consumo provoca o fluxo de nitrogênio na cadeia alimentar. O
nitrogênio assimilado pelas plantas e utilizado na síntese de substâncias orgânicas é
transferido para outro ser vivo através do consumo e assim consecutivamente.
Decomposição: O processo de decomposição da matéria orgânica resulta em
liberação de íons nitrogenados no solo, principalmente Amônia. O nitrogênio retorna
assim ao ciclo, podendo ser convertido pelas bactérias em Nitrito e Nitrato e
assimilado pelas plantas posteriormente.
Desnitrificação: É um processo que pode ocorrer por meios abióticos ou por ação
de bactérias e que resulta na conversão dos íons Nitrato em nitrogênio gasoso (N2).

Ciclo do Nitrogênio. Disponível em: http://bionoem.blogspot.com.br/2012/01/ciclo-do-nitrogenio-n-oxigenio-


o.html. Acesso em Dez de 2013.

228
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O excesso de nitrogênio e fósforo nos corpos aquáticos podem levar ao
processo conhecido como Eutrofização (provocada pelo homem).

9-Ambientes Aquáticos
Oceanos: A cadeia alimentar do
oceano começa com o menor
autótrofo conhecido e termina com
os maiores dos animais (peixes
gigantes e baleias); Os minúsculos
flagelados verdes, algas e bactérias
(picoplâncton), são capturados por
redes de plâncton e é a base da

Teia alimentar dos oceanos; Parte da Oceanos. Disponível em:


produção primária esta na matéria http://brunobmeira.blogspot.com.br/2012/09/o-nosso-
orgânica dissolvida ou particulada oceano-e-o-mundo.html. Acesso em Dez. de 2013.
(MOD ou MOP); A surpreendente adaptação e diversidade evolutiva da fauna do
mar profundo foi observada por numerosos investigadores.

ECOLOGIA AMBIENTAL
No mar profundo alguns peixes produzem sua própria luz (peixe lanterna); outros
tem apêndice móvel luminoso que é usado como isca para atrair presas (peixe
pescador); muitos têm bocas enormes e podem engolir presas maiores que eles
mesmos;

Plataforma Continental
A vida marinha se concentra perto do
litoral, onde as condições de nutrientes são
favoráveis; Nenhuma outra tem variedade de
vida como a Plataforma Continental; As
maiores pescas comerciais do mundo estão
quase todas localizadas nas regiões de
Ressurgências; No entanto, a pesca está
vulnerável e muitos peixes correm risco de
desaparecer devido a uma demanda
acentuada por frutos do mar aliada à expansão Fontes hidrotermais. Disponível em:
da frota global de barcos eficientes no aspecto http://profundoazulprofundo.blogspot.co
m.br/2011/08/chamines-hidrotermais-
tecnológico.
descobertas-norte.html . Acesso em
Dez de 2013.
Regiões de Ressurgência:
Alta concentração de nutrientes e organismos; dominam peixes pelágicos;
Cadeias alimentares curtas; Sedimentos depositados no fundo do mar tem alto
conteúdo orgânico e alto teor de fosfato;

229

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Fontes Hidrotermais das Profundezas Marinhas: Ao longo das Cordilheiras
mesoceânicas, formadas durante a deriva continental (Segundo a Teoria da
Deriva Continental), as placas tectônicas espalhadas criam saídas, fontes de
água sulfurosas e quentes e infiltrações; Tais fontes hidrotermais sustentam
comunidades únicas geotermicamente ativas, diferentes de qualquer coisa já
descoberta no oceano, Ao redor dessas fontes, a teia alimentar se inicia com
bactérias quimiossintetizantes em vez de organismos fotossintéticos. As
bactérias quimiossintetizantes obtêm energia para fixar o carbono e produzir
matéria orgânica por meio da oxidação do sulfato de hidrogênio (H2S) e outros
produtos químicos; Os animais que se alimentam por filtração e de material em
suspensão consomem essas bactérias nas espumas da água quente; os caracóis
e outros pastejadores se alimentam das camadas bacterianas nas estruturas das
fontes, também há predadores como peixes e caranguejos;

Estuários: Essas áreas tem características ecológicas próprias; Estuário (do


latim aestus, “mare”) se refere a um corpo semifechado de água, como uma foz
de rio ou baia costeira, em que a salinidade é intermediária entre água salgada e
doce, e a ação da maré é um regulador físico importante e um subsídio de
energia; Os estuários e as águas marinhas estão entre os ecossistemas mais
férteis do mundo; Locais para juvenis se desenvolvam rapidamente; Crustáceos
e peixes;

Manguezais: Os mangues estão


entre as poucas plantas lenhosas
que toleram a salinidade do mar
aberto; Raízes aéreas extensas
penetram fundo na lama anaeróbica,
trazendo oxigênio para suas
profundezas e fornecendo superfície
para a fixação de moluscos, ostras,
cracas e outros animais marinhos;
Servem como criadouros para
Estuários e Manguezal-. Disponível em:
http://www.projetotoninhas.org.br/index.php/ecossistemas/ peixes e camarões; São verdadeiros
estuarios-e-baia-da-babitonga/. Acesso em Dez. de 2013. berçários marinhos!

230
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Ecossistemas de água doce:
1- Ecossistemas de águas paradas ou lênticos: lagoas e lagos:

ECOLOGIA AMBIENTAL
Ambiente Lêntico: Lagos e Lagoas. Disponível em: http://www.osmais.com/. Acesso em Dez. de 2013.

Lagos e Lagoas: Esses ecossistemas podem ser temporários, de poucas


semanas e meses ou estar presente até varias centenas de anos, como o Baikal,
na Rússia, tão antigo que data a era do gelo; Os lagos e lagoas possuem uma
estratificação dependendo do tamanho, com essa estratificação podemos definir
certas zonas:

Zonas de um lago. Disponível em http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/bioticos.htm. Acesso em Dez de


2013.

231

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2- Ecossistemas de água corrente ou lóticos: fonte, riachos e rios:

Ambiente Lótico: Rios e Riachos. Disponível em: http://amazoniaword.blogspot.com.br/p/hidrografia-da-


amazonia.html. Acesso em Dez de 2013.

Ecossistemas Lóticas:(Córregos e Rios) A diferença entre água parada e água


corrente contemplam uma tríade de condições:
1. Corrente é muito mais um fator controlador e limitante em córrego;
2. Troca terra-água é relativamente mais extensa em córregos, resultando
em um ecossistema mais abertos e um tipo heterotrófico de metabolismo de
comunidade quando o tamanho do córrego é pequeno;
3. A tensão do oxigênio costuma ser alta e mais uniforme em córregos, e já
pouca ou nenhuma estratificação térmica ou química, exceto em rios grandes e
lentos.
Os rios em partes mais altas costumam ser erosivos, eles cortam o substrato,
portanto, predomina um fundo duro; Em termos de composição química da água,
os sistemas lóticos podem ser divididos em dois tipos: Rios de água dura ou rios
carbonados, com sólidos inorgânicos dissolvidos.

232
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Comunidade Biológica
O plâncton é geralmente subdividido em:
Fitoplâncton - formado principalmente por algas microscópicas;
Bacterioplâncton - formado por bactérias; e
Zooplâncton - formado por animais.
Em biologia pesqueira chama-se ictioplâncton ao conjunto dos ovos e
larvas de organismos aquáticos que apresentam um comportamento planctônico.

10- Biomas e Biomas Hotspot


Biomas: São grandes ecossistemas constituídos por comunidades que
atingiram o estágio clímax. Um bioma tem aspecto homogêneo e condições
climáticas semelhantes em toda a sua extensão territorial. Lagos e mares são
biomas aquáticos, desertos e campos são biomas terrestres. Sistema regional ou
subcontinental grande, caracterizado por um tipo de vegetação particular (como
uma floresta temperada decídua); os biomas são diferenciados pelas plantas
predominantes associadas a um clima particular (especialmente temperatura e
precipitação).

ECOLOGIA AMBIENTAL
Biomas Brasileiros

Mapa de Biomas do Brasil- Fonte: IBGE, 2004

233

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O Brasil, em razão de sua grande extensão territorial, apresenta um complexo
mostruário das principais paisagens e ecologias do planeta. Conforme o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui nove biomas
diferentes: Caatinga, Campos, Cerrado, Floresta Amazônica, Mata Atlântica,
Mata de Araucária, Mata de Cocais, Pantanal, Zonas Litorâneas.

Caatinga Com extensão territorial de 800


mil quilômetros quadrados, presente nos
estados do Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas,
Bahia, Piauí e no norte de Minas Gerais,
esse é o único bioma exclusivamente
brasileiro. A caatinga tem uma vegetação
típica de regiões semiáridas, formada por
plantas xerófilas, adaptadas ao clima seco e
à pouca quantidade de água. A fauna é
representada por répteis, roedores, insetos, Caatinga. Disponível
em :http://www.mundoeducacao.com/. Acesso em
aracnídeos, arara-azul, sapo-cururu, asa- Dez de 2013.
branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro,
entre tantos outros.

Campos Os campos são caracterizados


por vegetação composta de herbáceas,
gramíneas e pequenos arbustos esparsos.
Esse bioma está distribuído em áreas
descontínuas do Brasil, sendo encontrado na
Região Norte (Amazonas, Roraima e Pará) em
forma de savanas de gramíneas baixas; e na
Região Sul, com as pradarias mistas
subtropicais.

Campos. Disponível em:


http://www.mundoeducacao.com/ . Acesso
em Dez de 2013.

Cerrado Segundo maior bioma brasileiro, o


cerrado está presente em diferentes
Regiões brasileiras, entretanto é na Região
Centro-Oeste que ele predomina.
Apresenta clima quente e períodos
alternados (6 meses) de chuva e seca. Sua
Cerrado. Disponível em: vegetação é composta por árvores esparsas,
http://www.mundoeducacao.com/. Acesso em Dez arbustos e gramíneas.
de 2013.

234
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma das principais características do cerrado são as árvores com caules tortuosos
e folhas coriáceas, além do solo com poucos nutrientes e com grande concentração
de alumínio. A diversidade de espécies da fauna é grande: tamanduá-bandeira, tatu-
bola, veado-campeiro, capivara, lobo-guará, onça-pintada, etc.

Floresta Amazônica Essa é a maior


floresta tropical do mundo, compreendendo cerca
de 42% do território nacional. A floresta
Amazônica está presente nos estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso,
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de
outros países sul-americanos. Esse é o bioma
que possui a maior biodiversidade do planeta.
Entre as espécies animais estão: jabuti, paca,
anta, jacaré, sucuri, macacos, entre outros.
Floresta Amazônica- Disponível em:
http://www.mundoeducacao.com/.
Acesso em Dez de 2013.

ECOLOGIA AMBIENTAL
Mata Atlântica A Mata Atlântica
estende-se do Piauí ao Rio Grande do
Sul. Esse bioma é um dos mais ricos do
mundo em espécies da flora e da fauna.
Sua vegetação é bem diversificada e é
representada pela peroba, ipê,
quaresmeira, cedro, jequitibá-rosa,
jacarandá, pau-brasil, entre outras. A
fauna possui várias espécies distintas:
Mata Atlântica. Disponível em: tatu-canastra, onça-pintada, lontra, mico-
http://www.mundoeducacao.com. Acesso em leão, macaco-muriqui, anta, veado, quati,
Dez de 2013.
cutia, bicho-preguiça, jacu, macuco, etc.

Pantanal: O Pantanal está localizado no


sudoeste de Mato Grosso e oeste de Mato
Grosso do Sul, estando presente também no
Paraguai e na Bolívia. Esse bioma é
considerado uma das maiores planícies
inundáveis do planeta. Apresenta grande
biodiversidade: mais de 3.500 espécies de
plantas, cerca 650 espécies de aves, 262 Pantanal. Disponível em:
espécies de peixe, 1.100 espécies de http://www.mundoeducacao.com. Acesso
em Dez de 2013.
borboletas. Entre os representantes da fauna
estão: jacaré, veado, serpentes, capivara, papagaio, tucano, tuiuiú, onça,
macaco, entre outros.

235

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Biomas do mundo

Floresta Tropical Floresta Tropical ou Floresta Pluvial ou Floresta


Latifoliada: A floresta tropical situa-se na região intertropical.
A maior área é a Amazônia, a segunda nas Índias Orientais e a menor na
Bacia do Congo (África). O suprimento de energia é abundante e as chuvas são
regulares e abundantes, podendo ultrapassar 3.000 mm anuais. A principal
característica da floresta tropical é a sua estratificação. A parte superior é
formada por árvores que atingem 40 m de altura, formando um dossel espesso
de ramos e folhas. No topo a temperatura é alta e seca; Debaixo desta cobertura,
árvores chegam a 20 m de altura, outras a 10 m e 5 m de altura. Este estrato
médio é quente, mais escuro e mais úmido, apresentando pequena vegetação. O
estrato médio caracteriza-se pela presença de cipós e epífitas. A diversificação
de espécies vegetais e animais é muito grande.

Floresta Temperada: Predomina no hemisfério norte, leste dos Estados


Unidos, oeste da Europa, leste da Ásia, Coréia, Japão e partes da China. A
Floresta Temperada pode ser decídua ou caducifólia; Neste Bioma, a maioria dos
arbustos e árvores perde as suas folhas no outono e os animais migram,
hibernam ou apresentam adaptações especiais para suportar o frio intenso. Os
solos são podolizados (muita chuva solos lavados) e ligeiramente ácidos, e
moderadamente lixiviados, cor marrom devido ao abundante húmus orgânico;
Flora: nogueira, carvalhos, faias e fauna: veado, esquilos, insetos, ursos e lobos;
Quatro estações bem definidas; Europa e America do Norte; Invernos amenos,
com chuvas fortes de inverno e neblina é o que sustentam florestas perenes
extremamente altas; Vegetação estão presentes as Sequoias (60-70 m) de altura,
podendo passar de 100m;

Floresta Boreal – Taiga: Conhecidas também como florestas de coníferas,


esta no norte do Alasca, Canadá, sul da Groelândia, parte da Noruega, Suécia,
Finlândia e Sibéria; Clima frio, com invernos tão rigorosos quanto os da tundra,
estação quente mais longa e amena; Flora: coníferas, pinheiros e abetos, musgos
e liquens; Na Taiga os abetos e os pinheiros formam uma densa cobertura,
impedindo o solo de receber luz intensa. A vegetação rasteira é pouco
representada. O período de crescimento dura 3 meses e as chuvas são poucas.
Fauna: Raposas, alces, lobos, esquilos.

Desertos: Solos rasos, pH neutro, sem matéria orgânica; Algumas plantas


aproveitam a rápida chuva de verão para reproduzirem antes que o solo seque
novamente, estas se encontravam dormentes; Animais e plantas adaptados a
pouca água; Flora: cactos que possuem raízes adaptadas para absorver as
águas das chuvas passageiras; folhas são transformadas em espinhos e o caule
passa a realizar fotossíntese. Fauna: cobras, roedores, obtendo água do próprio
alimento que ingerem ou do orvalho.

236
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Tundra: Próximas ao Polo Ártico, onde a neve é constante; Temperatura
no verão máxima de 10 graus; Durante o verão uma fina camada se descongela,
constituindo o Permafrost, e o restante continua congelado, o que impede a
drenagem da água do degelo, levando a formação de vastos pântanos; Ocorre a
seca fisiológica (mesmo o solo sendo encharcado); Rena, caribu, boi
almiscarado;

Savana: Savana é nome dado a um tipo de cobertura vegetal constituída,


em geral, por gramíneas e árvores esparsas. A topografia geralmente é plana
com clima tropical, apresentando duas estações bem definidas, sendo uma
chuvosa e uma seca. Recebe uma enorme quantidade de luz solar. O tipo de
savana mais conhecida é a africana, no entanto, há outras: savanas tropicais
(africana), savanas subtropicais, savanas temperadas, savanas mediterrâneas,
savanas pantanosas e savanas montanhosas.

ECOLOGIA AMBIENTAL

237

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Biomas Hotspots
O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers
para resolver um dos maiores dilemas dos conservacionistas: quais as áreas
mais importantes para preservar a biodiversidade na Terra? Ao observar que a
biodiversidade não está igualmente distribuída no planeta, Myers procurou
identificar quais as regiões que concentravam os mais altos níveis de
biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais urgentes. Ele
chamou essas regiões de Hotspots. Hotspot é, portanto, toda área prioritária para
conservação, isto é, de alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau.

É considerada Hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies


endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação
original.

Mapa dos hotspots mundiais. Disponível em:


http://www.conservation.org.br/arquivos/Mapa%20Hotspots%202005.p. Acesso em Dez de 2013.

238
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exercícios de Ecologia Aplicada

1- Fundamentos de Ecologia
1. O que é Ecologia?
2. O que significa e dê exemplos de componentes bióticos e abióticos.
3. O que são seres autótrofos e heterótrofos, dê exemplos.
4. Defina: Organismo, População, Comunidade, Ecossistema, Biosfera, Flora e
Fauna;
5. O que é nicho ecológico?

2- Organismos e ambiente físico


1. Cite três propriedades importante da água.
2. O que faz o pH? Qual sua escala? De um a 10 o que é acido, neutro e
básico?
3. Cite 3 nutrientes exigidos pelo organismo e suas principais funções (está
numa tabela);
4. Por que o Sol é fundamental para nossa sobrevivência?
5. Qual a função dos ventos?

ECOLOGIA AMBIENTAL
6. Como o solo é formado? Qual o nome do processo de formação do solo?
7. Explique de forma simplificada o que ocorre na fotossíntese.

3- Relações ecológicas
1. Qual a diferença entre sociedade e colônia?
2. Escolha uma relação harmônica interespecífica, explique qual a característica
da relação harmônica escolhida e cite exemplos da mesma.
3. Qual a diferença entre Predação e Parasitismo?

4- Cadeias alimentares
1. Qual os componentes de uma cadeia alimentar?
2. Por que os produtores são tão importantes?
3. Faça o esquema de uma cadeia alimentar ate o nível de consumidor terciário
de um ambiente aquático e terrestre.
4. Quais os principais atributos analisados em uma teia alimentar?

5- Fluxo energético
1-Por que Lotka e Lindeman foram tão importantes no estudo do fluxo de
energia?
2-O que é produção primaria bruta e produção primária líquida?
3-Qual a relação entre o aumento na temperatura e a baixa taxa de fotossíntese?
4-Qual a função dos estômatos?
5- Qual ambiente terrestre que tem a maior produção primária?
6-Caracterize um estuário e o oceano quanto a produtividade.

239

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


6- Estudo de populações
1. O que são manchas?
2. O que a dinâmica populacional nos permite entender?
3. Como uma população pode estar distribuída?
4. O que determina o tamanho de uma população?
5. O que é natalidade, mortalidade, emigração e imigração?
6. Qual a consequência da fragmentação de habitats?
7. O que é capacidade de suporte?

7- Sucessão Ecológica
1-Quais são as etapas de um processo de sucessão ecológica?
2-Qual a importância desse processo (sucessão) para a natureza?
3- O que é uma sucessão autogênica e uma sucessão alogênica?
4- O que acontece com a complexidade estrutural e funcional do ecossistema
conforme a sucessão acontece?

8- Ciclos Biogeoquímicos
1- Descreva o pequeno e grande ciclo da água;
2- Qual o caminho que o átomo de carbono percorre durante o seu ciclo?
3- A poluição prende o gás carbônico e outros gases na atmosfera causando um
efeito conhecido como _____________________________;
4-O despejo inadequado de esgotos, ricos principalmente em fósforo e nitrogênio
é a principal causa da _________________________, também conhecido como
fertilização das águas;
5-Sabemos que para o Fósforo existem dois ciclos que acontecem em escala de
tempo bem diferentes, um chamado de Ciclo de Tempo Ecológico e outro
Ciclo de Tempo geológico, explique os dois ciclos;
6- Nas raízes de plantas leguminosas, encontramos as Micorrizas. O que é
micorriza e qual sua função no ciclo do Nitrogênio?
7- Complete nas caixinhas o nome dado aos processos que ocorrem no ciclo do
Nitrogênio:

NH3 (Amônia) NO2-(Nitrito) NO3-(Nitrato)

240
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
9- Ambientes Aquáticos

1) Como é um estuário? Onde fica? E qual sua importância?


2) Como é um manguezal?
3) O que são e quais são os ecossistemas Lóticos e Lênticos conhecidos?
4) Quanto a zona de luz disponível:
a) Zona ______________ (com luz) ou zona ____________ (sem luz);
b) As regiões de um lago ou lagoa compreende desde a zona que compreende a
rocha e vegetação próxima a lagoa: ______________________, a região que
compreende a primeira parte rasa da lagoa _______________, a região do
fundo _________________ e ainda uma região que fica entre o ar e a superfície
da água conhecida como interface _____________________.
5) Defina e dê exemplos de Fitoplâncton, Plâncton e Bentos;

10- Biomas terrestres


01- Complete:
a) Qual bioma brasileiro que é conhecido por ter fósseis e
cavernas____________

ECOLOGIA AMBIENTAL
b) Qual bioma brasileiro que guarda a maior diversidade biológica do planeta
__________________;
c) Qual Bioma brasileiro que possui hoje menos de 5% da sua área original
__________________;
d) Qual bioma brasileiro é devastado pela agricultura ________________
e) A maior planície inundável do mundo é o _____________________
f) Em qual bioma ocorre o Permafrost___________

02) Porque nesse ambiente ocorre a “seca fisiológica”?


03) Como o rato do deserto faz para obter água?
04) Quais as características que um bioma deve ter para ser considerado
Hotspot? Quantos são no mundo? Quantos são no Brasil? E quais são os biomas
hotspots brasileiros?

241

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Bibliografia

AMABIS & MARTHO. Biologia das Populações: Genética, Evolução e


Ecologia. São Paulo: Moderna, 1999.

HICKMAN, CLEVELAND P. Princípios integrados de zoologia. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2009 p.189.

PINTO-COELHO, Ricardo Motta. Fundamentos em ecologia. Porto Alegre:


Artmed, 2000. 252p., il. ISBN 978-85-7307-629-5.

PRIMACK & RODRIGUES. Biologia da Conservação. Londrina: E.


Rodrigues, 2001.

RICKLEFS, R. A Economia da Natureza. 5.ª edição. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2003.

TOWNSEND, C.R; BEGON, M. E HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a


ecossistemas, 40 edição, Porto Alegre: Artmed, 2007.

http://www.mundoeducacao.com/biologia/ciclo-agua.htm
http://www.conservation.org.br/como/index.php?id=8
http://ecologiaparatodos.org/2013/02/26/a-fragmentacao-de-habitat-e-a-
abordagem-da-dinamica-de-metapopulacoes-para-conservacao-da-
biodiversidade/

242
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

HIGIENE E SAÚDE
AMBIENTAL
Disciplina: HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL
Curso: Meio Ambiente
Carga Horária total: 40 horas/ aula

1 RISCOS AMBIENTAIS

1.1 Classificação dos riscos ambientais

Boa parte dos processos de produção pelos quais o homem modifica os


materiais extraídos da natureza, para transformá-los em produtos úteis, segundo as
necessidades tecnológicas atuais, é capaz de dispersar no ambiente dos locais de
trabalho substancias que, ao entrar em contato com o organismo dos trabalhadores
podem acarretar moléstias ou danos à sua saúde. Estes processos poderão
originar condições físicas de intensidade inadequada para o organismo humano,
sendo que ambos os riscos (Físicos e Químicos) são geralmente de caráter
acumulativo e chegam às vezes a produzir graves danos aos trabalhadores.
O ser humano é composto por um organismo complexo e seu bem estar não
esta ligado somente às condições físicas ambientais e ou presença de agentes
agressivos, deve-se compreender a importância da influencia da organização do
trabalho sobre o trabalhador, sendo também um fator muitas vezes não facilmente
quantificável, mas de grande importância.
Para facilitar o estudo dos riscos ambientais podemos classificá-los em cinco
grupos:
 Riscos Químicos
 Riscos Físicos
 Riscos Biológicos
 Riscos ergonômicos
 Riscos de acidentes ou mecânicos existentes
Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se quer em função das
formas em que se apresentam, ou devido às características físico-químicas dos
agentes, de acordo com as consequências fisiológicas que estes podem provocar,
segundo sua ação sobre o organismo, etc.

1.1.1 Riscos Químicos


As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente
de trabalho classificam-se, segundo as suas características físico-químicas em:
 Aerodispersóides
 Gases e Vapores
Ambos os grupos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz
respeito ao período de permanência no ar, quanto as possibilidade de ingresso no
organismo.

244
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Por sua vez, os aerodispersóides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo
ao seguinte esquema geral de classificação:

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 1: Fluxograma de ricos químicos

Os aerodispersóides sólidos e líquidos são classificados em relação ao


tamanho da partícula e à sua forma de origem. São poeiras e névoas os
aerodispersóides originados por ruptura mecânica de sólidos e líquidos
respectivamente, e fumos e neblinas aqueles formados por condensação ou
oxidação de vapores, provenientes, respectivamente, de substâncias sólidas ou
líquidas a temperatura e pressão normal (20º C e 1 atmosfera de pressão).

1.1.2 Riscos Físicos


Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de
energia entre o organismo e o ambiente, em quantidade maior de que o organismo
é capaz de suportar, podendo acarretar uma doença profissional. Entre os mais
importantes podemos citar:

 Temperaturas extremas:
 Calor
 Frio
 Ruído
 Vibrações
 Pressões anormais
 Radiações: Ionizantes e Não ionizantes

245

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


1.1.3 Riscos Biológicos
Neste grupo, estão classificados os riscos que representam os organismos
vivos, tais como:
 Vírus Bactérias
 Fungos
 Protozoários
 Parasitas

1.1.4 Riscos Ergonômicos


São os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do
trabalhador devido a sua interação com o seu ambiente de trabalho, podendo
ocasionar desconforto ou doença. São considerados riscos ergonômicos:
 Esforço físico intenso
 Levantamento e transporte manual de peso
 Exigência de postura inadequada
 Controle rígido de produtividade
 Imposição de ritmos excessivos
 Trabalho em turno e noturno
 Fornadas de trabalho prolongadas
 Monotonia e repetitividade
 Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico

1.1.5 Riscos de Acidentes


São todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua
integridade física. São considerados como riscos geradores de acidentes:
 Arranjo físico inadequado
 Máquinas e equipamentos sem proteção
 Ferramentas inadequadas ou defeituosas
 Iluminação inadequada
 Eletricidade
 Probabilidade de incêndio ou explosão
 Animais peçonhentos
 Armazenamento inadequado
 Outras situações que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes

246
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
1.2 Caracterizações dos riscos

De tudo quanto se tem exposto, podemos concluir que a presença de


poluentes e agentes agressivos nos locais de trabalho representa um risco, mas
isto não quer dizer que todos os trabalhadores expostos venham a adquirir uma
doença. Para que isto aconteça devem concorrer vários fatores, que são:

1.2.1 Tempo de exposição

Quanto maior o tempo de exposição, maiores as possibilidades de se


produzir uma doença ocupacional.

1.2.2 Concentração ou Intensidade dos agentes ambientais (―Quantidade)


Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos
presentes no ambiente de trabalho, tanto maior será a possibilidade de danos à
saúde dos trabalhadores expostos.

1.2.3 Características dos agentes ambientais (―Qualidade)

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


As características específicas de cada agente também contribuem para a
definição do seu potencial de agressividade. O estudo do ambiente de trabalho
visando a estabelecer qualquer relação entre esse ambiente e possíveis danos à
saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços normais nesses locais,
constitui o que chamamos, um levantamento de condições ambientais de trabalho.

1.3 Levantamento dos Riscos Ambientais: Normas gerais de procedimento

Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho,


preferencialmente, fazendo um estudo minucioso de uma planta baixa atualizada
do assim como um fluxograma dos processos, a fim de estabelecer a forma
alterações que exijam a adoção de novas medidas de controle ou a adequação das
já existentes.
Os critérios de avaliação e controle de cada agente serão estudados dentro
dos itens específicos.

1.3.1 Susceptibilidade Individual


A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do
organismo a um determinado agente pode variar de individuo para individuo.
Sendo, portanto, a susceptibilidade individual um fator importante a ser
considerado.
Todos estes fatores devem ser estudados, quando se apresenta um risco
potencial de doença do trabalho e, na medida em que este seja claramente
estabelecido, poderemos planejar a implantação de medidas de controle que
levarão à eliminação ou minimização do risco em estudo.

247

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da
tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como:
 Tipo de serviço;
 Movimentos do trabalhador ao efetuar o seu serviço;
 Períodos de trabalho e descanso, considerando todas as variações desses
durante a jornada de trabalho.
A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos
devem ser avaliadas mediante amostragem nos locais de trabalho, de tal maneira
que essas amostragens sejam as mais representativas possíveis da exposição do
trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as
características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias que
distinguem o tipo de risco físico.
Junto a este estudo ambiental terá que ser feito o estudo médico do
trabalhador exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo
provocadas pelos agentes agressivos ou que permitirão a instalação de danos mais
importantes, se a exposição continuar.

2 MAPAS DE RISCO
O Mapa de Risco foi criado através da Portaria no 5 de 17/08/92 tratando da
obrigatoriedade, por parte de todas as empresas, da “representação gráfica dos
riscos existentes nos diversos locais de trabalho”.
O Mapa de Riscos apresenta-se como uma expressão subjetiva de risco,
proveniente da percepção individual e coletiva dos trabalhadores e da CIPA –
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, o que lhe garante um caráter mais
educativo do que técnico.
Este documento não possui o compromisso com a constatação dos riscos
ambientais através da avaliação quantitativa porque nem todos os riscos
caracterizados são passiveis de quantificação.

Figura 2: Formulário de identificação e localização dos riscos ambientais

248
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2.1 Identificações das condições de risco nos locais de trabalho

Conforme prevê a legislação, deve-se buscar a cooperação dos


trabalhadores de todos os setores. A forma como os trabalhadores participarão,
dependera de cada empresa. Pode-se, por exemplo, constituir grupos compostos
de trabalhadores e membros da CIPA, que de acordo com o cronograma
estabelecido, realizam inspeções para a identificação dos riscos. Os dados das
inspeções são lançados em um roteiro conforme proposta de formulário abaixo.
Ainda podem-se reunir grupos representativos dos trabalhadores e discutir
com estes a existência dos riscos ambientais de acordo com a sua experiência e
vivencia no local de trabalho.
No preenchimento do formulário, deve-se observar o correto preenchimento
dos campos disponíveis considerando:
 A localização do risco
 A descrição da atividade que implica em risco
 O grupo de risco a que pertence o risco

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


 Identificar dentro do campo “Grupo de Risco”
A gravidade dos riscos é classificada através de:
Risco Grande - E aquele que possui potencial para causar uma incapacidade
permanente, perda devida ou partes do corpo.
Risco Médio – E aquele que possui potencial para causar uma lesão ou doença
grave.
Risco Pequeno – E aquele que possui potencial para causar uma lesão ou doença
leve, não incapacitante.
OBS.: Vale lembrar que as referências acima são utilizadas para determinar um
parâmetro geral, tendo em vista que a classificação dos riscos em três níveis
depende da sensibilidade do trabalhador em relação a eles.
A população envolvida no risco, observando a inclusão do efetivo de todos
os turnos de trabalho, a descrição do tipo e característica do risco.
O grupo de trabalho encarregado de executar o levantamento de riscos
ambientais analisa as distintas fases do processo produtivo, procurando identificar
os fatores presentes no ambiente de trabalho, que podem causar doenças ou
acidentes ao trabalhador, com base nos grupos de riscos ambientais (riscos físicos,
químicos, biológicos e de acidentes).

249

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2.2 Elaboração do mapa
Consiste em transpassar os dados lançados no Quadro I, para uma planta
ou desenho que identifique o local de trabalho avaliado, utilizando a simbologia.

Figura 3: legenda do mapa de risco

A cor do circulo indica a que grupo pertence o risco Intensidade do risco (P,
M, G).
 Número de funcionários
 Utiliza-se quando o risco
 Afeta toda a extensão do local avaliado
 Tipo / característica do risco
Os mapas devem ser construídos de forma a facilitar a visualização e
identificação dos riscos pelos funcionários e demais pessoas que transitam pelo
local.
Nos ambientes de trabalho, conforme os tipos de atividades desenvolvidas,
as pessoas estão expostas ao contato com diferentes agentes que poderão
provocar danos a integridade física, psicológica e social.
Estes agentes são classificados em Riscos Físicos, Químicos, Biológicos,
Ergonômicos e de Acidentes.

250
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EP I

Em muitos serviços, o trabalhador precisa usar proteção especial, a fim de


se proteger contra a agressividade dos elementos ou dos materiais com que esta
lidando.
Esses equipamentos, que podem ir desde o simples avental ate a complexa
mascara protetora do aparelho respiratório, estão sujeitos a métodos de ensaios
especificados em normas, que testam a sua eficiência com o objetivo de evitar a
utilização de material de qualidade inferior, que venha a arriscar a integridade física
do trabalhador, sua saúde, e mesmo em certos casos, sua morte.

3.1 Aspectos Legais

3.1.1 CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) - Cap. V.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Seção I - Disposições Gerais.

Art. 158 - Cumpre aos empregados usar obrigatoriamente equipamentos de


proteção individual e demais meios destinados à sua segurança.
Seção IV - Do Equipamento de Proteção Individual

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,


equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de origem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de acidente e danos à saúde dos
empregados.

Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas


Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Art.191-A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:


I - com a adoção de medida que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II- com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

251

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


3.2 Portaria 3.214/78 - Normas Regulamentadoras

3.2.1 NR - 1 - Disposições Gerais


Item 1.8 - Cabe ao empregado:
b) usar o EPI fornecido pelo empregador;
Item 1.8.1-Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao
cumprimento das disposições do item anterior.

Item 1.9 - O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre


segurança e medicina do trabalho acarretara ao empregador a aplicação das
penalidades previstas na legislação pertinente.

3.3 Definições de EPI

“Equipamento de Proteção Individual pode ser definido como: todo


dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade física do
trabalhador” (NR-6).

3.3.1 Aquisição do EPI


O EPI deve ser utilizado em lugares onde exista risco no serviço, que não
possa ser removido por outros meios, ou em situações emergências:
 Onde houver fumos;
 Nevoas e vapores tóxicos ou irritantes;
 Manuseio de cáusticos, corrosivos, ácidos, materiais inflamáveis;
 Onde houver calor excessivo;
 Onde houver perigo de impacto de partículas ou estilhaços que voam;
 Perigo de queda de objetos sobre os pés;
 Perigo de queimaduras;
 Onde houver ruído, etc.
Em geral, ha resistência por parte do trabalhador em usar EPI's. Esta
resistência pode ser superada, se, por ocasião da compra e distribuição do
equipamento, forem levadas em conta as seguintes condições:
 O EPI deve ser confortável;
 Deve ajustar-se comodamente a quem vai usá-lo;
 Os trabalhadores devem ser treinados no uso e conservação dos
equipamentos.

252
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3.3.2 Qualidade do EPI
O EPI deve oferecer proteção efetiva contra os riscos para os quais foi
fabricado. Sua eficiência deve ser realizada por órgãos credenciados pela SSST
(Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho). Deve ser durável, levando-se em
conta a agressividade das condições em que e empregado.

3.3.3 Considerações ao uso do EPI’s

 Aspecto técnico: Consiste em determinar a necessidade do uso do EPI e


selecionar o tipo adequado a cada situação.

 Aspecto educacional: Consiste em preparar e ministrar instruções para que


EPI's sejam usados corretamente.

 Aspecto psicológico: Consiste em preparar as pessoas para que os EPI's


sejam aceitos espontaneamente e não como imposição.

3.3.4 Critérios para indicação de EPI’s


 Identificação do risco: Constatar a existência ou não de elementos da

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


operação, de produtos, das condições do ambiente, etc., que sejam, ou que
possam vir a ser, agressivo ao trabalhador.
 Avaliação do risco constatado: Determinar a intensidade ou extensão do
risco, com que frequência ele se expõe ao risco e quando estão sujeitos aos
mesmos perigos.
 Indicação do EPI apropriado: Escolher entre vários, o EPI mais adequado
para solucionar o problema.

3.4 Exemplos de EPI’s

3.4.1 Proteção ao crânio e rosto


Os EPI’s mais adequados para a proteção da cabeça são os capacetes, o
óculo de segurança as mascara faciais, os protetores respiratórios e os protetores
auditivos.
Os capacetes estão divididos em três classes conforme o tipo de risco a que
o trabalhador esta exposto. A Figura 3 mostra os tipos de capacetes mais utilizados
para a proteção do trabalhador.

253

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


3.4.1.1 Capacetes de Segurança
Classe A: capacete para uso geral, exceto em trabalhos com energia elétrica.
Classe B: capacete para uso geral, inclusive para trabalhos com energia elétrica.

Figura 4: Capacetes de segurança

 Tipos de Riscos:
 Agentes meteorológicos - trabalho a céu aberto;
 Impacto proveniente de queda ou projeção de objetos;
 Queimadura ou choque elétrico.
Obs.: Trabalhadores com cabelos compridos que trabalham próximo a
pontos rotativos de máquinas devem usar redes de prender cabelo ou touca.
 Características dos capacetes de segurança:
 Construção solida- casco em plástico rígido, resinas prensadas com
tecido, fibra de vidro reforçada com poliéster e ligas de alumínio;
 Alta resistência ao impacto e penetração;
 Propriedades dielétricas- para a classe B- nas condições de ensaios
de rigidez dielétrica não devem apresentar descarga elétrica na
tensão de 20.000 volts durante 3 minutos, não devendo a corrente de
fuga neste intervalo de tempo exceder a 9 mA.
 Outras - peso máximo - classe A = 425 gramas e classe B = 439
gramas

254
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3.4.1.2 Óculos de segurança
Os óculos de segurança são considerados equipamentos de proteção
individual de grande importância nas atividades laborais, pois evitam acidentes de
trabalho envolvendo operações de riscos que possam afetar o globo ocular do
trabalhador.
São inúmeros os tipos de acidentes de trabalho pelo não uso adequado de
óculos de proteção.
 Tipos de Riscos
 Impactos de estilhaços e cavacos de operações de rebarbação e
usinagem;
 Poeiras provenientes de operações industriais ou impelidas pelo
vento;
 Borrifos de líquidos e de metal em fusão;
 Brilho excessivo e irradiações ultravioletas e infravermelhas.

a) óculos de segurança contra partículas: Para trabalhos que possam causar


ferimentos nos olhos, provenientes do impacto de partículas;

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 5: Óculos de proteção

Características:
 Lentes - cristal ótico, sem distorções, riscos, com grau correto e temperado
para resistir a impactos;
 Armação - composta de: aros, hastes, plaquetas, proteção lateral,
dobradiças.

255

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


b) óculos de segurança contra gases/vapores e respingos: Para trabalhos que
possam causar irritações nos olhos e outras lesões decorrentes da ação delíquidos
agressivos e metais em fusão.

Figura 6: Óculos de proteção contra gases/vapores, respingos e poeiras

Características:
 Lente - mesma do anterior;
 Armação - borracha de boa qualidade, resistente e flexível a ponto de
permitir perfeito ajuste aos mais diferentes tipos de rosto;
 Devem possuir dispositivo para ventilação - aplicação – trabalhos em
laboratório, galvanoplastia, operações com ácidos e demais líquidos
agressivos.

c) óculos de segurança contra poeiras: trabalhos que possam causar irritação


nos olhos provenientes de poeiras.
Características:
 Mesmas que a anterior.

256
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
d) óculos de segurança contra radiações perigosas: Trabalhos que possam
causar irritação nos olhos e outras lesões devido às ações de radiação.

Figura 7: Óculos para radiações perigosas

Características:

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 Lentes internas - com tonalidade que funcione como filtro de lux.
 Lentes externas-vidro ou resina incolor para proteger a lente filtrante.

e) máscara para soldador: Para uso nas operações de solda.

Figura 8: Mascara para soldador

257

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


f) protetores faciais e para os olhos: Para proteção de partículas, respingos
químicos, contra impacto e calor radiante.

Figura 9: Proteção facial

3.4.1.3 Protetor auricular


O protetor auricular e um equipamento de proteção individual e deve ser
usado quando da orientação de um profissional da área de segurança do trabalho,
baseado no Laudo Ambiental e no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
Porem, antes do uso o medico do trabalho devera fazer os exames clínicos
necessários para indicar o tamanho do protetor.

258
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a) protetores circum-auriculares: São os protetores do tipo fone ou concha.

Figura 10: Protetor do tipo concha

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b) protetores de inserção: São os protetores do tipo plug ou tampão.

Figura 11: Protetor do tipo plug

3.4.1.4 Proteção respiratória


A proteção respiratória esta classificada basicamente em dois tipos:
a) Proteção dependente
b) Proteção independente
As proteções dependentes são utilizadas de acordo com as condições do ambiente
onde o trabalhador vai executar suas tarefas e as independentes não importam as
condições em que os equipamentos serão utilizados, pois as condições ambientais
não vão interferir no seu funcionamento.

259

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


3.4.2 Proteção para membros superiores
As lesões podem ser causadas por:
 Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes, etc.
 Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, etc.
 Materiais e objetos aquecidos.
 Equipamentos energizados.
 Radiações perigosas, etc.

Elementos de proteção:
 Luvas;
 Protetores da palma da mão;
 Protetores de punho;
 Mangas;
 Pomadas protetoras.

Figura 12: Elementos de proteção

260
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

Nenhuma proteção será eficiente se não forem adotadas medidas de ordem


geral. O ambiente de trabalho quer sejam fechados como salas, salões, galpões,
galerias, ou abertos como pátios, campos, ruas, estradas, deveriam sempre possuir
um mínimo satisfatório de segurança por intermédio de recursos convencionais,
que abrangessem desde simples dispositivos de proteção ate os mais complexos
meios de segurança.

4.1 Aspectos legais

CLT - Capitulo V - (Segurança e Higiene do trabalho)

Seção X contém:
Disposições minuciosas que devem ser atendidas especialmente pelas

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


empresas, pois a elas cabe a responsabilidade das instalações e a disciplina das
atividades de seus trabalhadores.

LEI 6.514/77 - Capítulo V, Seção XI, Art. 184/185/186.


Todas as máquinas e equipamentos manuseados por empregados deverão
ser dotados de dispositivos de partida e de parada e outros necessários para a
prevenção de acidentes.

4.2 Regras de segurança relativas às instalações, máquinas e equipamentos.

Em nenhum local de trabalho, poderá haver acumulo de máquinas, materiais


ou produtos acabados, de tal forma que constitua riscos de acidentes para os
empregados. Deixar espaço suficiente para a circulação em torno das máquinas, a
fim de permitir seu livre funcionamento, ajuste, reparos e manuseio dos materiais
acabados;
Entre as máquinas de qualquer local de trabalho, instalações de pilhas de
materiais, devera haver passagem livre de pelo menos 0,80 metros. Esta distância
deverá ser de 1,30 metros quando entre as partes moveis de máquinas;
As máquinas, equipamentos e instalações mecânicas devem ser mantidos
em perfeitas condições de segurança. As partes móveis de quaisquer máquinas ou
seus acessórios, inclusive polias, correias e eixos de transmissão, quando ao
alcance dos empregados, deverão estar guarnecidos por dispositivos de
segurança. As transmissões de forca, quando estiverem a uma altura superior a 2,5
metros, poderão estar expostas.
As máquinas deverão possuir, ao alcance dos operadores, dispositivos de
partida e parada que evitem acidentes.

261

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A limpeza, ajuste e reparação de máquinas só poderão ser executados
quando elas não estiverem em movimento, salvo quando este for essencial à
realização do ajuste.
As ferramentas manuais devem ser apropriadas ao uso a que se destinam e
mantidas em perfeito estado de conservação, devendo ser proibidas as que não
atenderem a essa exigência.
Os recipientes que trabalham sob pressão (caldeiras, vasos sob pressão,
autoclaves, etc.) devem ser inspecionados periodicamente. As máquinas ou
equipamentos que lançarem partículas de material deverão ter proteção suficiente
afim de que tais partículas não constituam em riscos.
E proibida à instalação de motores estacionários de combustão interna em
lugares fechados ou insuficientemente ventilados.
Não será permitido à fabricação, venda locação e o uso de máquinas e
equipamentos que não atenderem aos princípios gerais de segurança.

OBS.: É PROIBIDO POR LEI, A ENTRADA NO PAÍS DE MÁQUINAS SEM OS


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA CLT.

4.3 Instalação, adoção de dispositivos de segurança e operação.

4.3.1 Transmissão de força


Entende-se como todo aparelhamento que transmite movimento, a partir de
um motor ou outra fonte primaria de movimento ate o ponto de operação (eixos,
polias, correias, engrenagens, volantes, correntes, etc...).

4.3.2 Ponto de operação


É o local onde se processa o trabalho para o qual a máquina foi construída
(corte prensagem, dobra moagem, etc...). Alguns pontos são perigosíssimos,
principalmente para as mãos, quando desprovidos de meios de segurança. Os
dispositivos visam impedir que as mãos fossem colocadas na zona perigosa.

4.3.3 Partes móveis


São as que não pertencem diretamente nem a transmissão nem ao ponto de
operação. Em geral são os alimentadores de rolo, de correntes e outros.

262
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4.4 Finalidade dos dispositivos

Proteger a integridade física das pessoas e não prejudicar a eficiência do


trabalho. Os dispositivos devem ser:
 Do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;
 Depender o menos possível da atuação do homem para preencherem suas
finalidades, serem suficientemente resistentes às agressividades de
impactos, corrosão, desgastes, etc.. A que estiverem sujeitos;
 Permitir acessos para a limpeza, lubrificação, etc...;
 Não criar outros tipos de perigo como: obstrução de passagem, cantos
cortantes, etc...

4.4.1 Protetores de transmissão de força


E do tipo anteparo, que isola os pontos perigosos de maneira a impedir que
pessoas tenham contato com elas (telas, perfis metálicos na construção de
guardas protetores, etc...). Guardas para a transmissão de força devem ser isolar
todos os pontos perigosos até no mínimo 2,10m de altura.

Figura 13: Protetor de tela HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL

263

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4.4.2 Protetores para pontos de operação
São os do tipo anteparo que isola a zona perigosa do ponto de operação:
 Guardas estacionárias: Obedecem aos princípios gerais das guardas para
transmissão. São aplicáveis onde não requerem constantes remoções.
Chama-se de estacionaria porque não se movimenta para proporcionar a
segurança que ela espera.

Figura 14: Guarda estacionaria

 Guardas mecânicas: São as que se movimentam sincronizadas com as


máquinas para proporcionar a segurança a elas designadas. Muito usadas
em prensas excêntricas, que quando acionado o pedal, a grade desce em
frente ao estampo e se apoia a mesa impedindo que o operador coloque as
mãos na zona perigosa.

Figura 15: Guarda mecânica

264
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Dispositivo Arrastador: Consiste de um bastão mecanicamente ligado ao
movimento do embolo da prensa. Ao ser acionada a prensa o bastão entra
em movimento juntamente com o embolo e passa em frente ao estampo
antes de se fechar, arrastando as mãos do operador para fora da área de
perigo.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 16: Dispositivo arrastador

 Dispositivo Afastador: Dois cabos de aço são ligados ao embolo da prensa


e, através de roldanas instaladas em estruturas previamente preparadas,
chegam ate a mesa da prensa. As extremidades são providas de pulseiras
que o operador coloca nos pulsos. Assim, quando o embolo começa a
descer, os cabos são puxados e, se as mãos estiverem em área perigosa
serão afastadas por um puxão.

Figura 17: Dispositivo afastador

265

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


 Célula Fotoelétrica: Corta o fornecimento de energia elétrica aos dispositivos
de acionamento da máquina quando a mão ou outro corpo estranho estiver
na zona perigosa. É um dispositivo geralmente dispendioso, mas que da
bons resultados se mantidos em bom funcionamento.

Figura 18: Célula fotoelétrica

 Parada de Emergência: Consiste de cabo de aço, barra ou alavanca, que os


operadores de certas máquinas devem acionar para interromper a operação
ou frear a máquina.

Figura 19: Parada de emergência

266
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Cabos de Segurança: E um cabo, ou às vezes corrente, com o qual se
prendem certos equipamentos suspensos que podem vir a cair devido aos
desgastes ou fadiga dos meios de sustentação.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 20: Cabo de segurança

4.5 Detalhes estruturais das proteções

 Ser projetada para uma determinada máquina e para o trabalho específico


que a mesma efetua;
 Tanto a proteção como a sua fixação à estrutura da máquina, ao piso ou
qualquer parte fixa, deve ser de material resistente, ter vida media longa
com o mínimo de manutenção;
 Ser considerada parte permanente da máquina;
 Oferecer proteção efetiva não só ao operador, mas as pessoas próximas à
máquina;
 Não deve prejudicar a lubrificação normal da máquina;
 Não deve prejudicar o ritmo normal de produção, causar desconforto ao
operador ou complicar o trabalho de limpeza ao redor da máquina;
 Ser resistente a choques, ao calor ou corrosão;
 Não deve enfraquecer a estrutura da máquina;
 Não deve criar novos riscos;
 Proteger, não somente contra riscos possíveis de serem previstos, mas
contra todas as contingencias inerentes ao trabalho.

267

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5. SINALIZAÇÃO

A sinalização de segurança consiste num procedimento padronizado


destinado a orientar, alertar, avisar e advertir as pessoas quanto aos riscos ou
condições de perigo existentes, proibições de ingresso ou acesso e cuidados e
identificação dos circuitos ou parte dele.
Fornece indicação relativa à segurança por meio de uma cor e/ou símbolo; a
sinalização de segurança deve ser aplicada em todos os locais de trabalho.

Tem como objetivo chamar a atenção, de uma forma rápida e eficaz, para
objetos e situações susceptíveis de provocar determinados perigos; fornece
indicação relativa à segurança por meio de uma cor e/ou símbolo; a sinalização de
segurança deve ser aplicada em todos os locais de trabalho.

5.1 Requisitos mínimos a ter em contar para que a informação chegue ao


destinatário.
Ser colocado em local bem visível; ter as dimensões e proporções
adequadas, em função das distâncias a que vão ser observadas; transmitir a
mensagem chave sobre os principais riscos devendo, pois, ser facilmente
perceptível compreensível, e inequívoca/ objetivo.

Figura 21: Dimensões das distâncias de observação

268
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.2 Sinalizações de atenção
Sinalização encontrada no local, utilizada para chamar atenção de forma
rápida e eficaz.

5.3 Sinalizações e combate a incêndio


Estabelece cuidados e procedimentos para evitar e combater as situações
de emergência causadas por incêndios.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 22: Sinalização representativa de combate a incêndio

5.4 Sinalizações de advertência

Figura 23: Sinalização representativa de combate a incêndio

269

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5.5 Sinalizações de Segurança
Destinada a alertar quanto à obrigatoriedade do uso de determinado
equipamento de proteção individual.

Figura 24: Representação de algumas placas de sinalização de segurança

5.6 Cores
As cores devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de
acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas,
identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de
líquidos e gases e advertindo contra riscos.

Deverão ser adotadas cores para segurança em estabelecimentos ou locais


de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes.

A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de


prevenção de acidentes.

O uso de cores deverá ser o mais reduzido possível, a fim de não ocasionar
distração, confusão e fadiga ao trabalhador.

As cores aqui adotadas serão as seguintes:

A indicação em cor, sempre que necessária, especialmente quando em área


de trânsito para pessoas estranhas ao trabalho, será acompanhada dos sinais
convencionais ou da identificação por palavras.

As cores aqui adotadas serão as seguintes:

Vermelho

O vermelho deverá ser usado para distinguir e indicar equipamentos e


aparelhos de proteção e combate a incêndio. Não deverá ser usado na indústria
para assinalar perigo, por ser de pouca visibilidade em comparação com o amarelo
(de alta visibilidade) e o alaranjado (que significa Alerta).

270
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
É empregado para identificar:

Caixa de alarme de incêndio; hidrantes; bombas de incêndio; sirenes de alarme de


incêndio; caixas com cobertores para abafar chamas; extintores e sua localização;
indicações de extintores (visível à distância, dentro da área de uso do extintor);
localização de mangueiras de incêndio (a cor deve ser usada no carretel, suporte,
moldura da caixa ou nicho); baldes de areia ou água, para extinção de incêndio;
tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água; transporte com
equipamentos de combate a incêndio; portas de saídas de emergência; rede de
água para incêndio (sprinklers); mangueira de acetileno (solda oxiacetilénica).

Amarelo

Em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar gases não


liquefeitos. O amarelo deverá ser empregado para indicar "Cuidado!", assinalando:

Partes baixas de escadas portáteis; corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


de escadas que apresentem risco; espelhos de degraus de escadas; bordas
desguarnecidas de aberturas no solo (poços, entradas subterrâneas, etc.) e de
plataformas que não possam ter corrimões;

Bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente; faixas no


piso da entrada de elevadores e plataformas de carregamento; meios-fios, onde
haja necessidade de chamar atenção; paredes de fundo de corredores sem saída;
vigas colocadas à baixa altura; cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes,
guindastes, escavadeiras, etc.; equipamentos de transporte e manipulação de
material, tais como empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagonetes,
reboques, etc. Fundos de letreiros e avisos de advertência; pilastras, vigas, postes,
colunas e partes salientes de estruturas e equipamentos em que se possa
esbarrar; cavaletes, porteiras e lanças de cancelas; bandeiras como sinal de
advertência (combinado ao preto); comandos e equipamentos suspensos que
ofereçam risco;

Para-choques para veículos de transporte pesados, com listras pretas.

Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o amarelo


quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização.

Branco

O branco será empregado em:

Passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largura);


direção e circulação, por meio de sinais; localização e coletores de resíduos;
localização de bebedouros;

271

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incêndio
ou outros equipamentos de emergência; áreas destinadas à armazenagem; zonas
de segurança.

Preto

O preto será empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e


combustíveis de alta viscosidade (ex: óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível,
alcatrão, piche, etc.).

O preto poderá ser usado em substituição ao branco, ou combinado a este,


quando condições especiais o exigirem.

Azul

O azul será utilizado para indicar "Cuidado!", ficando o seu emprego limitado
a avisos contra uso e movimentação de equipamentos, que deverão permanecer
fora de serviço.

Empregado em barreiras e bandeirolas de advertência a serem localizadas nos


pontos de comando, de partida, ou fontes de energia dos equipamentos.

Será também empregado em:

Canalizações de ar comprimido; prevenção contra movimento acidental de


qualquer equipamento em manutenção; avisos colocados no ponto de arranque ou
fontes de potência.

Verde

O verde é a cor que caracteriza "segurança".

Deverá ser empregado para identificar:

Canalizações de água; caixas de equipamento de socorro de urgência; caixas


contendo máscaras contra gases; macas; fontes lavadoras de olhos; quadros para
exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança, etc.; porta de entrada de
salas de curativos de urgência; localização de EPI; caixas contendo EPI; emblemas
de segurança; dispositivos de segurança;

Mangueiras de oxigênio (solda oxiacetilênica).

272
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Laranja

O laranja deverá ser empregado para identificar: canalizações contendo


ácidos; partes móveis de máquinas e equipamentos; partes internas das guardas
de máquinas que possam ser removidas ou abertas; faces internas de caixas
protetoras de dispositivos elétricos; faces externas de polias e engrenagens; botões
de arranque de segurança; dispositivo de corte borda de serras, prensas.

Púrpura

A púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das


radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares.

Deverá ser empregada a púrpura em:

Portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam


materiais radioativos ou materiais contaminados pela radioatividade; locais onde

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados; recipientes de
materiais radioativos ou de refugos de materiais e equipamentos contaminados;
sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações
eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares.

Lilás

O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham álcalis.
As refinarias de petróleo poderão utilizar o lilás para a identificação de lubrificantes.

Cinza

Cinza claro - deverá ser usado para identificar canalizações em vácuo;

Cinza escuro - deverá ser usado para identificar eletrodutos.

Alumínio

O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos,


inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (ex. óleo diesel, gasolina,
querosene, óleo lubrificante, etc.).

273

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Marrom

O marrom pode ser adotado, a critério da empresa, para identificar qualquer


fluído não identificável pelas demais cores. O corpo das máquinas deverá ser
pintado em branco, preto ou verde.

As canalizações industriais, para condução de líquidos e gases, deverão


receber a aplicação de cores, em toda sua extensão, a fim de facilitar a
identificação do produto e evitar acidentes.

Obrigatoriamente, a canalização de água potável deverá ser diferenciada


das demais.

Quando houver a necessidade de uma identificação mais detalhada


(concentração, temperatura, pressões, pureza, etc.), a diferenciação far-se-á
através de faixas de cores diferentes, aplicadas sobre a cor básica.

A identificação por meio de faixas deverá ser feita de modo que possibilite
facilmente a sua visualização em qualquer parte da canalização.

Todos os acessórios das tubulações serão pintados nas cores básicas de


acordo com a natureza do produto a ser transportado.

O sentido de transporte do fluído, quando necessário, será indicado por meio


de seta pintada em cor de contraste sobre a cor básica da tubulação.

Para fins de segurança, os depósitos ou tanques fixos que armazenem


fluidos deverão ser identificados pelo mesmo sistema de cores que as
canalizações.

Sinalização para armazenamento de substâncias perigosas.

5.7 Rotulagem

A rotulagem dos produtos perigosos ou nocivos à saúde deverá ser feita


segundo as normas constantes deste item.

Todas as instruções dos rótulos deverão ser breves, precisas, redigidas em


termos simples e de fácil compreensão.

A linguagem deverá ser prática, não se baseando somente nas propriedades


inerentes a um produto, mas dirigida de modo a evitar os riscos resultantes do uso,
manipulação e armazenagem do produto.

274
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Onde possam ocorrer misturas de 2 (duas) ou mais substâncias químicas,
com propriedades que variem em tipo ou grau daquelas dos componentes
considerados isoladamente, o rótulo deverá destacar as propriedades perigosas do
produto final.

Do rótulo deverão constar os seguintes tópicos:

Nome técnico do produto; palavra de advertência, designando o grau de risco;


indicações de risco; medidas preventivas, abrangendo aquelas a serem tomadas;
primeiros socorros; informações para médicos, em casos de acidentes; e
instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamento, quando for o caso.

No cumprimento do disposto no item anterior, dever-se-á adotar o seguinte


procedimento:

Nome técnico completo, o rótulo especificando a natureza do produto químico.


Exemplo: "Ácido Corrosivo", "Composto de Chumbo", etc. Em qualquer situação, a
identificação deverá ser adequada, para permitir a escolha do tratamento médico

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


correto, no caso de acidente.

Palavra de Advertência - as palavras de advertência que devem ser usadas são:

"PERIGO", para indicar substâncias que apresentem alto risco;

"CUIDADO", para substâncias que apresentem risco médio;

"ATENÇÃO", para substâncias que apresentem risco leve.

Indicações de Risco - As indicações deverão informar sobre os riscos


relacionados ao manuseio de uso habitual ou razoavelmente previsível do produto.
Exemplos: "EXTREMAMENTE INFLAMÁVEIS", "NOCIVO SE ABSORVIDO
ATRAVÉS DA PELE", etc.

Medidas Preventivas - Têm por finalidade estabelecer outras medidas a serem


tomadas para evitar lesões ou danos decorrentes dos riscos indicados. Exemplos:
"MANTENHA AFASTADO DO CALOR, FAÍSCAS E CHAMAS ABERTAS" "EVITE
INALAR A POEIRA".

Primeiros Socorros - medidas específicas que podem ser tomadas antes da


chegada do médico.

275

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


6 TIPOS DE INCÊNDIOS E PRODUTOS UTILIZADOS PARA COMBATE

Nenhum sistema de prevenção de incêndio será eficaz se não houver o


elemento humano preparado para operá-lo. Esse elemento humano, para combater
eficazmente um incêndio, deverá estar perfeitamente treinado. É um erro pensar
que sem treinamento, alguém, por mais hábil que seja, por mais coragem que
tenha, por mais valor que possua, seja capaz de atuar de maneira eficiente quando
do aparecimento do fogo.

6.1 Teoria do Fogo

FOGO - É uma reação química de oxidação com o desprendimento de luz e calor,


esta reação é denominada de combustão.
INCÊNDIO - É todo o fogo não controlado pelo homem que tenha a tendência de
se alastrar e de destruir.

Para que haja uma combustão ou incêndio devem estar presentes três elementos:
 Combustível
 Comburente
 Fonte de calor

6.1.1 Combustível
É todo o material ou substância que possui a propriedade de queimar, ou
seja, entrar em combustão. Podem ser:
 Sólidos: para entrarem em combustão tem que passar do estado sólido para
gasoso. Ex.. Papel, madeira, tecidos, etc..
 Gasosos: são os diversos gases inflamáveis. O perigo deste está na
possibilidade de vazamento podendo formar com o ar atmosférico, misturas
explosivas. Ex.. GLP, acetileno, hidrogênio, etc..
 Líquido: são os álcoois, éter, gasolina, thinner, acetona, tintas, etc..

6.1.2 Comburente
É o gás que serve para manter a combustão. O comburente mais conhecido
é o oxigênio, do ar atmosférico. O oxigênio encontra-se na atmosfera a uma
concentração de 21%. Em concentração abaixo de 13% á 16% de oxigênio no ar
não existe combustão.

6.1.3 Fonte de Calor


São todas as fontes de energia caloríficas capazes de inflamar ou provocar o
aumento de temperatura dos combustíveis, podem ser originadas pelos seguintes
processos:
 Chama: fósforo, tocha de balão, velas, etc.
 Brasa: fagulhas de chaminé, fogueiras, etc.

276
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Eletricidade: centelhas elétricas, aquecimento, etc.
 Mecânica: atrito, fricção, compressão, etc.
 Química: água na cal, no potássio, no magnésio, etc.
Para que haja fogo é necessário que estes três elementos estejam presentes em
quantidades proporcionais e equilibradas. Faltando um deles não haverá fogo.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 25: Triângulo do fogo

6.2 Elementos essenciais do fogo

6.2.1 Ponto de fulgor


É a temperatura mínima na qual os corpos combustíveis começam a
desprender vapores que se inflamam em contato com uma fonte externa de calor,
entretanto a combustão não se mantém devido à insuficiência na quantidade de
vapores emanados dos combustíveis.

6.2.2 Ponto de combustão


É a temperatura mínima na qual os vapores desprendidos dos corpos
combustíveis, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor se inflama,
continuando a queima quando retirada a fonte calorífica externa.

6.2.3 Ponto de ignição:


É a temperatura mínima na qual os vapores desprendidos dos corpos
combustíveis, entram em combustão, apenas pelo contato com o oxigênio do ar
independente de qualquer fonte externa de calor.

277

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


6.3 A Combustão

É uma reação química entre corpos, muito frequente na natureza. Ex. Fogo.
Durante esta reação química entre os combustíveis e os comburentes, ocorrerá à
combinação dos elementos químicos, originando outros produtos diferentes que
são:

6.3.1 Fumaça
É uma mescla de gases, partículas sólidas e vapores de água. A cor da
fumaça serve de orientação prática, indica o tipo do material que está sendo
decomposto na combustão.
 Fumaça branca ou cinza clara: indica-nos que é uma queima de
combustível comum. Ex.madeira, tecido, papel, capim, etc.
 Fumaça negra ou cinza escura: são originários de combustão incompletos,
geralmente produtos derivados de petróleo, tais como, graxas, óleos, pneus,
plásticos, etc.
 Fumaça amarela ou vermelha: indica-nos que está queimando um
combustível em que seus gases são altamente tóxicos. Ex. produtos
químicos, etc.

6.3.2 Calor
É uma forma de energia que serve como uma constante desde o início de
uma combustão, que a mantém e incentiva sua propagação. A busca das possíveis
fontes de calor que possam dar início a um incêndio constituiu uma das colunas
mestras da prevenção, pois se conhecemos a fonte de calor poderemos tomar as
medidas para o seu controle e/ou eliminação, evitando-se com isso o incêndio.

6.3.3 Gases
Os gases são encontrados na fumaça e variam de acordo com o material
que queima. Um dos elementos constituinte dos combustíveis mais comuns é o
carbono “C”. O átomo de carbono combina com dois átomos de oxigênio do ar
resultando em um gás, que é o gás carbônico “CO²”. É um gás imperceptível,
inodoro, mas é ligeiramente picante. Não é combustível ou tóxico, porém não serve
para respiração. Em determinadas condições esta combinação se dá com somente
um átomo de oxigênio, formando-se o gás monóxido de carbono. Este gás é
incolor, inodoro e insípido. É explosivo e altamente tóxico. Se respirado mesmo a
baixa concentração, leva à pessoa a morte.

278
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6.4 Transmissão do calor:

6.4.1 Condução
É o caso de uma barra metálica que é aquecida em uma extremidade por
uma chama. Passando algum tempo, a outra extremidade também estará quente.

6.4.2 Convecção
É o que acontece com gases e com líquidos. Nessas substâncias, as partes
frias tendem a descer. Assim, formam-se correntes que sobem (ascendentes) e
correntes que descem (descendentes). É por isso que, em construções altas, às
vezes, o fogo (incêndio) se propaga, passa de um andar para o de cima, por
convecção.

6.4.2 Radiação
É a transmissão do calor por meio de ondas. Todo o corpo quente emite
radiações que vão atingir os corpos frios. O calor do sol é transmitido por esse
processo, bem como o calor de um forno, etc.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


6.5 Classe dos Incêndios:

CLASSE A – Fogo em materiais sólidos. Caracteriza-se por queimar em superfície


e profundidade. Após a queima deixam resíduos. Ex. tecido, madeira, papel, capim,
etc.
CLASSE B – Fogo em líquidos inflamáveis. Caracteriza por queimar-se na
superfície, não deixando resíduos. Ex. graxas, vernizes, tintas, gasolina, álcool,
éter, etc.
CLASSE C – Fogo em equipamentos elétricos energizados. Ex. motores, quadros
de distribuição, fios sobtensão, computadores, etc.
CLASSE D – Fogo em elemento pirofóricos. Ex. Magnésio, zircônio, titânio, etc.

6.5.1 Métodos de extinção de incêndios

 Isolamento: Este método consiste na retirada do combustível inflamado,


impedindo deste modo que o campo de propagação do fogo aumente.
 Abafamento: Este método consiste em se impedir que o comburente –
oxigênio – permaneça em contato com o combustível, numa porcentagem
ideal para a alimentação da combustão. Como já foi visto, no momento em
que a quantidade de oxigênio do ar se encontra abaixo da proporção de
13% a 16%, a combustão deixará de existir.
 Resfriamento: É o método pelo qual, através de agentes extintores
próprios, se faz a absorção do calor do corpo em combustão, baixando a
temperatura a um ponto de insatisfação à energia de ignição.

279

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


É evidente que nos incêndios que deixam resíduos como brasas ou calor,
devemos prestar muita atenção no resfriamento, pois do contrário, uma vez extinto
o fogo, as brasas remanescentes ou o calor concentrado, reiniciam o incêndio ao
entrarem em contato com o comburente fornecido pelo ar.
O resfriamento deve atingir toda a massa incendiada que se encontra na
profundidade. Um serviço operado superficialmente não atingirá a parte interna do
material incendiado, o qual continuará lentamente em combustão.
 Rescaldo: É a operação final de um serviço de extinção de incêndio. Esta
operação consiste na movimentação de todo o material sólido envolvido
pelas chamas, a fim de se ter certeza da não existência de resíduos e a
facilidade de um melhor resfriamento, cuja complementação poderá ser feita
com água, de forma moderada.

Por mais insignificante que seja um incêndio, nunca dê as costas de


imediato para o local do sinistro, pois além do perigo da reignição, você poderá ser
envolvido pelas chamas.

6.6 Equipamento para Combate a Incêndio

6.6.1 Extintor de água:


O agente extintor é água. É um cilindro com água sob pressão. O gás que
dá a pressão que impulsiona a água, geralmente é o gás carbônico ou o nitrogênio.
O extintor de água pressurizada deve ser operado da seguinte forma:
 Retire a trava ou o pino de segurança;
 Empunhe a mangueira;
 Teste;
 Leve o extintor ao local do fogo:
 Ataque o fogo (classe A), dirigindo o jato de água para sua base.

6.6.2 Extintor de gás carbônico – CO2:


O gás carbônico é encerrado num cilindro com uma pressão de 61
atmosferas. Ao ser acionada a válvula de descarga, o gás passa por um tubo sifão,
indo até o difusor, onde é expelido na forma de nuvem. O extintor de gás carbônico
(CO²) deve ser operado da seguinte forma:
 Retire o pino de segurança; Empunhe a mangueira;
 Teste; Leve o extintor ao local do fogo;
 Ataque o fogo procurando abafar toda a área atingida.
Obs.: Este tipo de extintor não tem manômetro, logo a verificação deverá ser feita
por pesagem.

6.6.3 Extintor de Pó Químico Seco - PQS


Utiliza bicarbonato de sódio, que não absorve umidade e um agente
propulsor que fornece a pressão, que pode ser o gás carbônico ou o nitrogênio. É
fornecido para uso manual sob pressão permanente.

280
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Estes extintores são mais eficientes que os de gás carbônico, tendo seu
controle feito pelo manômetro e, quando a pressão baixa, devem ser recarregados.
Os extintores de pó químico seco devem ser operados da seguinte forma:
 Retire a trava ou pino de segurança;
 Empunhe a mangueira;
 Teste:
 Leve o extintor ao local do fogo;
 Ataque o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área
atingida.

6.6.4 Hidrante:
Os abrigos dos hidrantes geralmente alojam mangueiras de 15 ou 30 metros
e bicos que possibilitam a utilização da água em jato ou sob a
Forma de neblina, tipo Universal.
As mangueiras devem permanecer desconectadas-conexão tipo engate
rápido - devem estar enroladas convenientemente e sofrer manutenção constante.
Deve ser proibida a utilização indevida das instalações de hidrantes. Ex:

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Lavar pisos

7 NORMAS DE TRANSPORTE PRODUTOS PERIGOSOS

A ANTT define produtos perigosos como +àqueles que representam riscos à


segurança pública, à saúde das pessoas ou ao meio ambiente, de acordo com os
critérios de classificação da ONU.
Para prevenir os acidentes e minimizar os riscos que eles trazem ao meio
ambiente, à saúde da população e ao patrimônio público, o Brasil vem adotando ao
longo dos anos uma legislação específica e rigorosa em relação ao transporte de
produtos químicos por via rodoviária. São decretos, leis, resoluções, portarias e
normas editadas por órgãos como a ANTT, Conselho Nacional de Trânsito,
Denatran, Ministério dos Transportes, Inmetro e ABNT. A legislação detalha como
deve ser feita a identificação e o transporte dos produtos perigosos, sua
classificação, os tipos de embalagem, a sinalização externa dos veículos de carga,
a documentação necessária para o transporte, os equipamentos de segurança e
quem são os responsáveis em caso de acidentes, entre outros aspectos.
A Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química – mantém o Pró-
Química, um serviço de informações via telefone para auxiliar as autoridades
rodoviárias, o corpo de bombeiros, os produtores e os transportadores a lidar com
as ocorrências envolvendo substâncias químicas nas estradas brasileiras. No
âmbito do Estado de São Paulo, o DER mantém o Sistema de Informações de
Produtos Perigosos (SIIPP). A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo – também mantém equipes em plantão permanente todos os dias do ano em
um Centro de Controle de Desastres e Emergências Químicas.
281

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


7.1 Segurança

Para poderem trafegar pelas estradas brasileiras, os caminhões que


transportam produtos ou resíduos químicos perigosos são obrigados a adotar uma
série de medidas de segurança.
Primeiramente, o motorista precisa ser treinado para conduzir produtos
perigosos. Na viagem ele tem que levar a documentação com dados sobre a
classificação da carga, o fabricante ou importador do produto, as autorizações para
circulação e informações de segurança para o caso de acontecer um acidente,
além de um kit de emergência pronto para ser usado em caso de acidente.
O caminhão tem que estar em boas condições de manutenção e
externamente precisa estar sinalizado com placas indicativas para mostrar o
produto (ou produtos) que carrega e seus riscos. A indicação dos perigos é feita
por painéis de segurança e rótulos de risco, que trazem números e símbolos
indicando a classificação dos produtos transportados e seu enquadramento em
uma das classes ou subclasses especificadas na Resolução da ANTT. Existem
cerca de 3.500 números ONU relacionando os produtos perigosos. A ONU possui
um comitê específico para legislar sobre o assunto.
Os produtos químicos perigosos são divididos em 9 classes: 1-explosivos, 2-
gases, 3-líquidos inflamáveis, 4-sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à
combustão espontânea; substâncias que em contato com água emitem gases
inflamáveis, 5-substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos, 6-substâncias tóxicas
e substâncias infectantes, 7-materiais radioativos, 8-substâncias corrosivas, 9-
substâncias e artigos perigosos diversos. As classes podem ter subclasses como,
por exemplo, os gases, subdivididos em três grupos: gases inflamáveis, gases não
inflamáveis e não tóxicos e gases tóxicos.

Figura 26: Painel de segurança para transporte de


cargas perigosas

282
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O painel de segurança é retangular (30x40 cm) com uma borda de 1 cm, tem
fundo na cor laranja e duas linhas com números em preto. A linha superior indica
o número de risco, com exceção dos explosivos, que não têm número de risco. Os
algarismos devem ser lidos separadamente. No exemplo ao lado, a tabela deve ser
lida como 3-3, que corresponde a líquido altamente inflamável. A linha inferior traz
o número ONU, ou seja, o número que identifica o produto de acordo com a
listagem de produtos perigosos utilizada internacionalmente. Aqui, 1203 significa
que este caminhão está transportando combustível automotor ou gasolina.
O rótulo de risco informa a classe e a subclasse a que o produto pertence, e
indica o risco principal e o risco subsidiário. Trazem símbolos, textos (opcionais,
exceto para os radioativos), um número e pode ter cores diversas no fundo. Indica
se o produto é explosivo, inflamável, corrosivo, oxidante ou radioativo, por exemplo.
O rótulo de risco ao lado indica um produto da subclasse 4.2, ou seja, uma
substância sujeita a combustão espontânea.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


Figura 27: Exemplos de rótulos de risco indicam o que um veículo leva

7.2 Profissionais da química

O trabalho dos profissionais da química está presente em toda a cadeia de


produção, distribuição, transporte e descarte de produtos químicos e resíduos
classificados como perigosos, nas empresas de atendimento a emergências, nos
órgãos públicos, nas universidades, nos laboratórios e nos transportadores.
Na área de transporte, por conhecer as propriedades e características dos
produtos químicos, o profissional da química atua na orientação quanto à
estocagem e quanto ao transporte propriamente dito, além de atuar na
descontaminação dos tanques de carga e no tratamento de resíduos.
Os profissionais da química também atuam em campo, no trabalho de
atendimento a emergências ocorridas durante o transporte de produtos perigosos.

283

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Eles são responsáveis pela identificação, neutralização e remoção de produtos
derramados em consequência de acidentes, definindo quais as ações a serem
tomadas para evitar danos à saúde da população e ao meio ambiente. Em alguns
casos, eles podem determinar a construção de diques, para evitar que poluentes
atinjam cursos d’água e a canalização de água potável, evitando assim acidentes
ambientais que poderiam adquirir grandes proporções.

7.3 Documentação
A segurança do transporte de produtos perigosos depende de vários fatores:
o expedidor deve providenciar a embalagem adequada, o motorista precisa
ser treinado, a documentação precisa estar em ordem e o caminhão deve estar
em boas condições operacionais e, quando for o caso, devidamente marcado e
sinalizado e com os equipamentos de segurança.
A embalagem do produto varia de acordo com o grau de risco, numa escala
de I a III, dos produtos mais perigosos aos que apresentam menor risco. A
embalagem deve trazer dados importantes que serão indispensáveis em caso de
acidente, como números de telefones para atendimento de emergência
e precauções no manuseio do produto, e outras informações.
Vários documentos são exigidos para que produtos perigosos possam ser
transportados por via terrestre:
 O condutor deve apresentar o documento original de que foi aprovado
no curso Mopp, Movimentação e Operação de Produtos Perigosos em casos
específicos.
 O veículo e os equipamentos destinados ao transporte a granel devem ter
o CIPP, Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos a
granel, expedido pelo Inmetro ou entidades credenciadas.
 É preciso levar um documento fiscal, acompanhado de uma declaração de
que o produto está adequadamente acondicionado para o transporte.
 É preciso levar a ficha de emergência e o envelope para o transporte, com
instruções sobre como proceder em caso de acidente, também em casos
específicos.

284
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Figura 28: envelope para o transporte

Figura 29: ficha de emergência

 É necessária licença ambiental emitida pelo órgão de meio ambiente

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


responsável pelo trecho a ser percorrido.
 Dependendo da carga, o condutor deve levar equipamentos de segurança,
que serão fundamentais em caso de acidente. Os equipamentos são: fita
para isolar a área, suportes ou cavaletes para apoiar a fita, cones para
sinalização, calços, extintor de incêndio compatível com a carga, lanterna,
placas com suportes com os dizeres Perigo-Afaste-se.

 É necessário identificar as unidades de transporte com rótulos de


risco e painéis de segurança, de acordo com o tipo de carga.

8 NR 11- TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO


DE MATERIAIS.

A Norma Regulamentadora 11, cujo titulo é Transporte, Movimentação,


Armazenamento e Manuseio de Materiais, estabelecem os requisitos de segurança
a serem observados nos locais de trabalho, no que se refere ao transporte, à
movimentação, à armazenagem e ao manuseio de materiais, tanto de forma
mecânica, quanto manual, de modo a evitar acidentes no local de trabalho.

Essa NR foi redigida devido ao grande número de acidentes, causados pelos


equipamentos de içamento e transporte de materiais, ocorridos com a crescente
mecanização das atividades que motivaram um aumento da quantidade de
materiais movimentados no ambiente de trabalho. A NR 11tem a sai existência
jurídica assegurada no nível de legislação ordinária, nos artigos 182 e 183 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

285

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


“A movimentação mecânica de cargas pode ser definida como o conjunto de
ações, de materiais e de meios que permitem, de um modo planejado e seguro,
movimentar cargas de um determinado local para outro,”.

Esta operação compreende as seguintes fases:

 Elevação (ou carga)


 Manobra livre (ou movimentação)
 Assentamento (ou descarga)

8.1 Planejamento

Os equipamentos de movimentação serão bem selecionados se obtivermos,


relativamente às diversas fases de operação (elevação, manobra livre e
assentamento), para isso você deverá ter como ponto de partida as respostas das
perguntas abaixo:

O QUÊ?

A carga a movimentar é estudada com todas as suas características que devem


incluir o nome do material constituinte, a sua composição química, o estado físico,
a forma, a compacidade, o tipo de contextura, o tipo de embalagem, os dados de
segurança, as etiquetas de aviso e de perigo, número de embalagens e a massa
total.

ONDE?

É necessário saber de onde sai à carga ou é carregada, para onde vai ou é


descarregada, por onde vai passarem termos de trajeto, e que ambiente e pessoas
vai afetar.

QUANDO?

Os dias e as horas de carga e descarga previstas e as condições


meteorológicas previstas.

286
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
COMO?

É necessário que durante a operação se tenham em conta os documentos


oficiais necessários, tais como, licenças para o transporte ou eventual necessidade
de acompanhamento de autoridades oficiais. Estes para atuações em portos,
aeroportos, transportadoras e similares.

Para atuação interna nas empresas (indústrias) deverá está possuir um bom
cronograma de tarefas diárias e equipamentos adequados para a movimentação,
além de operador devidamente treinado para aquele equipamento.

DURANTE?

Qual o tempo previsto de utilização dos meios de apoio e dos meios logísticos a
disponibilizar bem como dos recursos humanos necessários. Os principais fatores
a ter em consideração são os seguintes:

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


 Tipo e características da carga;
 Tipo e importância da intervenção humana;
 Nível da inclusão de meios auxiliares elementares;
 Tipo e importância da participação de meios mecânicos;
 Tipos de energia associados ao sistema de movimentação de cargas;
 Tipo e importância da inclusão de meios de comando;
 Tipo e importância da inclusão de sistemas inteligentes;
 Ritmos e cadências do sistema de movimentação de cargas;

8. 2 Poços de elevadores

A movimentação de carga sobre locais onde circulam pessoas implica em


riscos adicionais, que devem ser evitados isolando-se a área onde esteja
ocorrendo à operação. Desta forma, não deve ser permitida a movimentação onde
pessoas executem outras atividades, sendo esta uma condição de grave risco de
acidentes fatais.
As exigências da NR 11, que estão explicitadas nos itens 11.1.1 e 11.1.2, se
referem aos poços de elevadores e monta-cargas, que deverão ser cercados e
isolados com material resistente; as suas portas de acesso deverão conter sistema
de bloqueio de abertura nos vários pavimentos a fim de evitar que algum
funcionário abra a mesma quando na ausência deste elevador no pavimento em
questão, evitando assim a ocorrência de acidentes.

287

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


8.3 Equipamentos de movimentação
O item 11.1.3 da NR 11 deixa definido que os equipamentos utilizados na
movimentação de materiais serão calculados e construídos de maneira que
ofereçam as necessárias garantias de resistência e segurança e conservados em
perfeitas condições de trabalho. No que diz respeito a cálculos (dimensionamento)
e construção é importante que o SESMT busque conhecer e, se possível, ter cópia
dos memoriais ou processos de cálculo e aquisição. Uma única talha mal instalada
pode causar danos imensos e acidentes fatais o mesmo podendo ocorrer devido a
improvisações – estas tão comuns nas empresas brasileiras. Vale lembrar aqui que
a responsabilidade técnica pela orientação quanto ao cumprimento do disposto na
NR é do SESMT (NR 4 – 12.d). Ainda com relação a este item chamamos a
atenção para a última frase que menciona a conservação e perfeitas condições
para o trabalho. Mesmo que o assunto esteja restrito a uma linha de palavras, sua
abrangência é muito grande.
A garantia de bom funcionamento e imunidade a acidentes só pode ser
obtido pela inserção de todos os veículos industriais em um plano de manutenção
preventiva que deve ser auditado periodicamente pelo SESMT e os possíveis
desvios evidenciados através de documentos. Importante ainda que este plano de
manutenção esteja baseado em procedimentos (escritos) básicos de verificação
garantindo assim que todos os itens de segurança sejam sistematicamente
verificados. Isso em suma quer dizer que os critérios não devem ser deixados em
aberto ou a escolha do executor e não podem deixar de conter os itens
mencionados em 11.1.3.1 (cabos de aço, cordas, correntes, roldanas, ganchos,
etc.).
Os equipamentos de içamento podem ser classificados como: talhas
manuais e elétricas, pontes-rolantes, guindaste de cavalete, de torre, de cabeça de
martelo, lança horizontal e móvel sobre rodas ou esteiras. Em relação aos
transportadores, os principais são: de rolete, de correia, de rosca sem fim e de
caneca. As operações envolvendo estes equipamentos representam um risco
adicional no local de trabalho. É importante que a operação de içamento seja
coordenada com o restante do trabalho e que seja dada especial atenção à
possibilidade de queda de objetos.
Os cabos, correntes e outros meios de suspensão ou tração e suas
conexões devem ser previamente certificados por organismo credenciado pelo
Inmetro ou por instituição certificadora internacional.

8.3.1 Segurança em Equipamento de Içamento


As inspeções periódicas devem ser executadas com especial atenção à
verificação da sustentação da estrutura da grua, testes para determinar a rigidez
das correntes ou cordas, lubrificação e ajuste dos freios. Os pontos críticos para
inspeção e controle são:
 Sensor de sobrecarga para guinchos grandes;
 Dispositivos para evitar que a carga entre em contato com o equipamento,
saia do lugar ou se choque com outro equipamento;
 Freios para os controles dos acessórios de içar;

288
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Ganchos com travas para que o olhal ou laço do cabo não escorregue
(ganchos abertos devem ser proibidos).

8.3.1.1 Roldanas
As superfícies das roldanas devem ser lisas e livres de defeitos que possam causar
danos aos cabos. Roldanas que levam cabos que podem ser temporariamente
descarregados devem ser providas de protetores, guias ou outros dispositivos
apropriados para guiar o cabo de volta para a ranhura quando a carga for aplicada
novamente.

8.3.1.2. Cabos
Ao usar cabos de içamento, devem ser seguidas as recomendações do
fabricante. A carga nominal dividida pelo número de pernas de cabo não deverá
exceder 20% da resistência de ruptura do cabo nominal. O sistema de soquetes
(fixação do cabo à manilha) deverá ser realizado da maneira especificada pelo
fabricante do equipamento.
A revisão da NR 22 trouxe grande contribuição para estabelecer os

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


requisitos técnicos para o uso e inspeção de cabos, correntes e outros meios de
suspensão ou tração e suas conexões conforme estabelece o item 11.1.3.1 da NR
11. Os cabos de aço devem ser projetados, especificados, instalados e mantidos
em poços e planos inclinados, conforme as instruções dos fabricantes e o
estabelecido nas normas da ABNT, em especial:
 ABNT NBR 6327 - Cabo de aço para uso geral: requisitos mínimos;
 ABNT NBR 11900 - Extremidades de laços de cabos de aço;
 ABNT NBR 13541 - Movimentação de carga: laço de cabo de aço:
especificação;
 ABNT NBR 13542 - Movimentação de carga: anel de carga;
 ABNT NBR 13543 - Movimentação de carga: laços de cabo de aço:
utilização e inspeção;
 ABNT NBR 13544 - Movimentação de carga: sapatilha para cabo de aço;
 ABNT NBR 13545 - Movimentação de carga: manilhas.
As inspeções frequentes consistem na avaliação visual por pessoa
qualificada e familiarizada antes do início de cada trabalho de modo a detectar
possíveis danos no cabo de aço que possam causar riscos durante o uso, como
seguem abaixo:
 Distorções no cabo, tais como: dobras, amassamentos, alongamento do
passo, gaiola de passarinho, perna fora de posição ou alma saltada;
 Corrosão em geral;
 Pernas rompidas ou cortadas;
 Número, distribuição e tipo de ruptura dos arames visíveis.
As inspeções frequentes e periódicas não precisam ser realizadas em
intervalos iguais e devem ser mais frequentes quando se aproxima o final da vida
útil do cabo de aço.

289

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


As inspeções periódicas devem ser realizadas por pessoa qualificada.
Recomenda-se que sejam feitas inspeções diárias, realizadas pelo operador, antes
do início de cada turno. Os operadores serão treinados para identificar visualmente
os defeitos, devendo existir uma lista de verificação para que seja possível registrá-
los.
Esta inspeção abrangerá o comprimento total do cabo. Os arames externos
das pernas devem estar visíveis ao inspetor durante a inspeção. Qualquer dano no
cabo que resulte em perda significativa da resistência original deverá ser registrado
e considerado o risco implicado na continuidade do uso deste cabo, tais como:
Todos os itens listados na inspeção frequente;
 Redução do diâmetro do cabo abaixo do seu diâmetro nominal, devido à
deterioração da alma, corrosão interna / externa ou desgaste dos arames
externos;
 Corrosão acentuada ou arames rompidos junto aos terminais;
 Terminais mal instalados, desgastados, tortos, trincados ou com corrosão.
Devem ser tomados cuidados especiais para se inspecionar trechos do cabo
que possam sofrer deterioração muito rápida, conforme segue:
 Trechos em contato com selas de apoio, polias equalizadoras ou outras
polias nas quais o percurso do cabo é limitado;
 Trechos do cabo junto ou próximo aos terminais onde possam aparecer
arames oxidados ou rompidos;
 Trechos sujeitos a flexões alternadas;
 Trechos do cabo que fiquem apoiados nos beirais das platibandas dos
edifícios, ou ainda, trechos torcidos como "parafusos";
 Trechos do cabo que normalmente ficam escondidos durante a inspeção
visual, tais como as partes que ficam sobre as polias.
Para que se possam ter dados para decidir o momento adequado da
substituição de um cabo de aço, deve ser mantido um registro de toda inspeção
realizada. Neste registro, deverão constar os pontos de deterioração listados
anteriormente e as substituições realizadas.
Não existe uma regra precisa para se determinar o momento exato da
substituição de um cabo de aço, uma vez que diversos fatores estão envolvidos. A
possibilidade de um cabo permanecer em uso dependerá do julgamento de uma
pessoa qualificada. Deverá ser avaliada a resistência remanescente do cabo
usado, em função da deterioração detectada pela inspeção. A continuidade da
operação do cabo dependerá da sua resistência remanescente.

8.3.1.3 Ganchos
Os ganchos devem possuir trava de segurança e não poderão ser
sobrecarregados, observando sempre as recomendações do fabricante.

8.3.2 Capacidade de Carga


As capacidades de carga são baseadas na competência estrutural do
equipamento e sua margem de estabilidade, e estão relacionadas em tabela de
capacidade do fabricante.

290
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma outra exigência da NR 11 – esta no item 11.1.3.2 – diz respeito à
obrigatoriedade de indicar em local visível em todos os equipamentos deste tipo a
carga máxima de trabalho permitida. Para muitos tal exigência trata-se apenas de
uma mera burocracia e estes certamente desconhecem a quantidade de acidentes
que ocorrem devido ao uso de equipamentos deste tipo em condições acima de
sua capacidade de carga. Desconhecem também as consequências advindas da
inobservância de algo tão simples que vão desde a morte de pessoas, passando
pelo esmagamento de membros e passando invariavelmente por perdas do
patrimônio e danos a produção. Todos os equipamentos devem ser sinalizados
quanto a sua capacidade, tal sinalização deve ser como diz o próprio texto na NR –
VISIVEL.
Infelizmente ainda encontramos em muitos locais de trabalho talhas cuja
identificação de carga inexiste ou quando não é tão pequena que quando
perguntados aos usuários o quanto aquele equipamento pode levantar ouvimos
diversos números totalmente diversos e na sequência diversas histórias que nos
deixam assustados. Como complemento deste assunto, devemos também estar
atentos para as possíveis reduções de capacidade – que ocorrem em alguns

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


equipamentos depois de possíveis alterações ou anos de uso. No caso especifico
das empilhadeiras existem testes padronizados pelos fabricantes para verificação
da capacidade e estes são recomendados para um bom programa de segurança
relativo ao assunto. Detectadas as reduções de capacidade estas devem ser
alteradas e os usuários amplamente informados visto que é comum operadores
que identifiquem as máquinas por seu tamanho. Importante também lembrar e
orientar a todos os usuários de equipamentos deste tipo quanto às alterações
devido ao uso de extensores (capas de paleta), correntes, etc.

8.3.3 Equipamentos Destinados à Movimentação Pessoal


Para o item 11.1.3.3 da NR em questão e, tomando como referência a NR
22, item 22.7.13, recomenda-se que o transporte de pessoas em máquinas ou
equipamentos somente será permitido se estes estiverem projetados para tal fim,
por profissional legalmente habilitado.
O item 22.7.14, da NR 22 determina que o transporte vertical de pessoas só
será permitido em cabines ou gaiolas que possuam as seguintes características:
a) Altura mínima de 2 metros;
b) Portas com trancas que impeçam sua abertura acidental;
c) Mantiveram-se fechadas durante a operação de transporte;
d) Teto resistente, com corrimão e saída de emergência;
e) Proteção lateral que impeça o acesso acidental à área externa;
f) Iluminação;
g) Acesso conveniente protegido;
h) Distância inferior a quinze centímetros entre a plataforma de acesso e a gaiola;
i) Fixação em local visível do limite máximo de capacidade de carga e de
velocidade;

291

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


j) Sistema de comunicação com o operador do guincho nos pontos de embarque e
desembarque.

7.3.4 Carros Manuais para Transporte


Os carros manuais para transporte devem ser projetados, construídos e utilizados
com especial atenção à segurança para evitar danos às mãos do condutor com o
impacto contra cantos vivos de portas, colunas, paredes ou outros obstáculos,
instalando-se protetores para as mãos nas alças de manipulação.

8.4 Treinamento e habilitação

Toda e qualquer empresa, do ponto de vista de logística tem como


necessidade básica o transporte e o içamento de cargas. Para isto é preciso
profissionais muito bem treinados, que conheçam as técnicas relativas a este
processo e que trabalhem com o máximo de eficiência e segurança. A
movimentação de máquinas e o içamento de cargas não permitem erros.
A eficiência e a segurança operacional só são alcançadas quando os
responsáveis por este setor, dentro de uma empresa, perceberem a importância de
qualificar seus profissionais, adequadamente, na área de movimentação e
içamento de cargas.
O investimento em treinamento especializado é fator determinante para
evitar prejuízos e graves acidentes.
Operador é definido como uma pessoa habilitada e treinada, com
conhecimento técnico e funcional de um equipamento. Ele é o responsável direto
pela segurança da operação, pelas pessoas e pelos demais bens que estejam
interligados.
A NR 11 descreve as condições relativas ao Operador, iniciando no item
11.1.5, quando menciona que o operador deverá receber um treinamento
específico que o habilitará nesta função. Neste ponto é importante estarmos
atentos para alguns detalhes que podem fazer muita diferença, seja na prevenção
de acidentes, seja diante de possíveis problemas causados por um acidente. O
primeiro diz respeito à pré-seleção do operador, o que passa obrigatoriamente por
conhecimentos e requisitos próprios da NR-7 - Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional. Portanto, antes de tudo, o operador de veículo industrial deve
ser uma pessoa apta do ponto de vista médico para exercer e realizar este tipo de
trabalho. Isso pode dizer muita coisa, por exemplo, necessidade de acuidade
visual.
Logo em seguida nos deparamos com a citação "treinamento dado pela
empresa". É importante saber se há na empresa profissional capaz de desenvolver
este tipo de treinamento e ainda se diante de um acidente teremos como evidenciar
tal capacidade. Deve-se entender que a situação não é tão simples como parece e
tal entendimento pode ser obtido analisando o que ocorreria no caso de um
acidente com a morte de alguém. Recomenda-se que tais treinamentos fiquem a

292
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
cargo de escolas especializadas e que estas emitam certificados e estes sejam
mantidos junto ao prontuário do empregado.
Mais do que isso se recomenda que periodicamente seja feita uma
reciclagem pelo menos quanto aos princípios básico da operação e sempre
quantos as normas de segurança na operação.
Com relação ainda ao treinamento chama-se a atenção neste ponto para a
variedade de veículos industriais hoje em uso. O que antigamente era restrito a
uma ou duas variedades passou a ser na atualidade muito diferente. Há por todas
as partes paleteiras, rebocadores, guindastes, pontes rolantes com operação no
próprio equipamento ou à distância, etc. Obviamente, cada um destes
equipamentos tem características bastante diversas, embora muitos sejam
similares em suas bases. Portanto, há necessidade de treinamentos específicos.
Fica claro que entre uma empilhadeira e uma paleteira há grandes diferenças no
modo de operação e riscos de acidentes.
Uma dúvida ainda existe quanto à obrigatoriedade de Carteira Nacional de
Habilitação para os operadores de veículos como empilhadeiras, rebocadores e
paleteiras. O Código Nacional de Transito em momento algum é claro quanto à

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


obrigatoriedade para de CNH para estes veículos, e realmente seria muito estranho
se o fosse. Que proveito teria para a prevenção e operação habilitarmos
operadores treinados e aprovados em aprendizados e exames com veículos de
passeio, ônibus ou caminhões? Estes são veículos de características e operação
totalmente distintos dos veículos industriais citados. Portanto, no caso dos veículos
industriais, por algum motivo, precisem fazer o uso de vias públicas, o mesmo
precisa estar dentro das exigências junto ao órgão regulamentador de trânsito. No
mais, para operações dentro das empresas – conforme a própria NR – é citado um
curso que habilita o operador, e é a esta habilitação que o item 11.1.6 se refere.
Em termos de cuidados preventivos parece desejável que o candidato tenha
CNH (independente da categoria desta) e assim conhecedor das regras básicas de
transito e sinalização.
No que diz respeito ainda ao operador, os itens 11.1.6 e 11.1.6.1 citam a
obrigatoriedade do cartão de identificação com nome e fotografia utilizados em
local visível durante toda a operação. Tal cartão tem a validade de um ano – salvo
imprevistos – e está associada à realização de exame de saúde completo. No que
diz respeito ao uso de cartões de identificação conhecemos as dificuldades para o
cumprimento visto que muitas vezes eles acabam implicando em risco para o
operador que necessita, por exemplo, se movimentar entre as cargas e o cartão
acaba se enroscando. Portanto, formas devem ser encontradas para que o uso não
implique em riscos.
O uso do cartão facilita em muito a coibição de práticas inseguras, ou seja,
operação por pessoas não habilitadas. Para facilitar mais ainda a verificação
recomenda-se que no próprio cartão exista o campo relativo ao exame médico
(com espaço para que o médico assine e coloque o número do seu CRM).

293

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


8.5 Procedimentos gerais de segurança

O gerenciamento da prevenção de acidentes com equipamentos industriais


deve estar entre as preocupações básicas de qualquer programa de segurança do
trabalho. Tal cuidado deve ser planejado e mantido de forma integrada, observando
não apenas cuidados com os equipamentos, mas também com o operador, os
meios a serem movimentadas as cargas, e as vias a serem utilizadas.
Dirigir transportando cargas é uma atividade por si merecedora de atenção.
A variedade de cargas e tipos de embalagens – mesmo que sobre estrados – exige
bastante treinamento e habilidade. A isso, somamos a questão de problemas de
layout – seja pela falta de espaço compatível com a necessidade de manobras ou
que possibilite a realização das mesmas com certa margem de segurança, ou
ainda – pela falta de organização que acaba implicando ainda em maior redução do
espaço criando uma situação evidente de risco de acidente. Portanto, logo de início
devemos ter em mente que prevenir acidentes nas operações com veículos
industriais é assunto que para ser bem cuidado deve envolver muito mais do que
apenas preocupações com o veículo em si.
A norma Regulamentadora 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem
e Manuseio de Materiais devem ser tomados como referência para a elaboração de
qualquer atividade preventiva ao uso de veículos industriais, mas tal como todas as
demais normas regulamentadoras não esgota de forma alguma o assunto havendo
necessidade da atuação do profissional especializado para o desenvolvimento e
detalhamento de um programa especifico. Obviamente isso irá variar conforme o
tamanho da empresa, sua atividade e especialmente quantidade e variedade de
veículos em uso.
Interessante aqui lembrar que parte do assunto também deve ter como
referência a NORMA REGULAMENTADORA 26 – Sinalização de Segurança, na
qual fica claro que os equipamentos de transporte e manipulação de materiais, tais
como empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, reboques, etc., devem –
para a prevenção de acidentes – estar pintados na cor amarela (NR 26 – 1.5.3).
Embora isso seja legislação e no item 1.1 da mesma norma fique claro que
está "fixa as cores a serem usadas" – muitos equipamentos disponíveis para venda
e locação no mercado estão pintados em outras cores. Cumpre aqui lembrar que a
inobservância deste item implica em multa por parte do Órgão Fiscalizador – MTE.
O item 11.1.7 - NR 11 - define que os equipamentos de transporte
motorizados devem possuir sinal de advertência sonora (buzina). Obviamente
como em todo meio que se locomove tal equipamento é de importância.

No entanto, preocupa-nos a crescente tendência de veículos industriais – em


especial empilhadeiras, paleteiras e rebocadores - que vem equipados com tipos
de sinais sonoros que permanecem acionados por todo tempo do deslocamento ou

294
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ainda aqueles equipados com "sirenes" ou equivalentes. Sem dúvida alguma, em
prol da prevenção de acidentes os dispositivos que sinalizam a marcha ré são
muito úteis. No entanto, quando a sinalização tanto visual como sonora vai, além
disso, há necessidade de analisarmos o quanto isso pode contribuir para a
dispersão da atenção das pessoas envolvidas nas operações e mesmo para o
estresse dos empregados. Se de fato, devido aos riscos de acidentes (bem
avaliados) há necessidade de definirmos algum tipo de sinalização para os
movimentos em veículos que seja preferencialmente o uso de pisca alerta em
lanternas fixas e sem parte sonora. De forma alguma, algum meio definido para a
prevenção de acidentes deve colateralmente ser a causa de incômodos ou danos
aos empregados.
Atenção especial deve ser dada ao item 11.1.8 que define a substituição
imediata de peças defeituosas. Toda manutenção deve ser feita sempre a apenas
por profissionais capacitados para esta finalidade e devem gerar evidências
documentais nas quais entre outras coisas seja possível em caso de necessidade
identificar o responsável pela verificação e reparos; Por fim, recomenda-se ainda
que seja definida uma sistemática de verificação a ser feita pelo próprio operador –

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


ou seja, algo como um check list básico a ser observado antes das operações pelo
usuário do veículo.
Uma dúvida muito comum com relação ao assunto tratado no parágrafo
acima diz respeito à frequência ou periodicidade das manutenções. A decisão
quanto à frequência terá como base o rigor do uso e a atividade executada.
Veículos industriais utilizados em áreas com ambiente agressivo serão submetidos
à preventiva com maior frequência, o mesmo devendo ocorrer com veículos cuja
possível falha durante utilização implique em possibilidade de danos maiores
(locais mais populosos locais com equipamentos suscetíveis a danos e/ou que
comprometam a continuidade das operações, etc.).
Nos locais fechados onde exista a circulação de equipamentos com motores
a combustão, deverão ser realizadas avaliações ambientais periódicas de acordo
com o planejamento do PPRA. Os operadores serão informados sobre os riscos da
exposição aos gases e sobre a forma de prevenção e controle.
Nos ambientes fechados ou pouco ventilados, conforme o item 11.1.9 o
índice de monóxido de carbono não deve ultrapassar 39 ppm ou 43 mg/m³. Caso
isso aconteça, as empilhadeiras com motores a combustão deverão possuir um
dispositivo catalisador acoplado ao sistema de descarga de gases.
Mesmo em locais fechados e sem ventilação onde são usadas máquinas
com dispositivos neutralizadores de emissões gasosas conforme cita o item
11.1.10, o ambiente deve ser monitorado de forma a verificar a eficácia dos
mesmos. Estas atividades devem ser mencionadas no PPRA.

De acordo com a NR 22, no item 2.11.11, fica vedado à utilização de


equipamentos de movimentação elétricos em áreas classificadas onde exista a
probabilidade de formação de atmosferas explosivas, devendo ser dada a
preferência por motores movidos a GLP ou gás natural.

295

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Encerrando a parte de segurança desta NR que diz respeito aos veículos
industriais, abordamos a questão da concentração de poluentes no ambiente do
trabalho. Dentro desta preocupação devemos dar atenção especial à questão do
ruído, o que faz parte de um estudo mais amplo de engenharia já na fase de
antecipação – quando possível.

8.5.1. Cuidados Adicionais


Na prática, outras preocupações que não são mencionadas na legislação
devem ser objeto de atenção de quem tenciona realizar um bom trabalho quanto
aos veículos industriais.
Jamais devemos esquecer de que veículos industriais – em especial os
movidos a óleo – com passar do tempo começam a apresentar vazamentos e que
estes são formadores de poças no piso que por sua vez acabam sendo a causa de
quedas. Por esta e outras razões todos os veículos devem ter previamente
definidos os locais onde serão estacionados quando não estiverem em uso (fora
dos locais de passagem) e caso ocorram vazamentos devem ser mantidas sobre
caixas de areia.
Outra situação importante é o uso por pessoas não habilitadas. Para que
isso não ocorra também devemos ter definido um local para a guarda da chave do
veículo quando não estiver em uso. Este local deve ser fechado e estar sob o
controle de um responsável.
De forma geral, os equipamentos industriais motorizados devem atender a
alguns requisitos de segurança, dependendo do tipo utilizado:
a) Freios de pé e mão eficientes;
b) Assento confortável e bom campo de visão;
c) Controles de fácil alcance e entendimento;
d) Fácil acesso ao assento do operador;
e) Tampão ou lacre sob o topo da plataforma de carga;
f) Carga bem equilibrada e fixada;
g) Descarga do sistema de exaustão distante da posição do operador;
h) Extintor de incêndio;
i) Alarme de movimentação e/ou ré;
j) Cinto de segurança;
k) Identificação do limite de carga a ser transportada.

9 CIPA
Todas as empresas regidas pela CLT deverão possuir dois órgãos de
Segurança e Medicina do Trabalho:
 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – NR-5
 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho – SESMT.

296
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
9.1 Objetivos da CIPA

 Reconhecer os riscos a segurança e saúde relacionadas ao trabalho;


 Sugerir medidas de controle desses riscos;
 Obter a implementação dessas medidas,
 Prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho.
O reconhecimento dos riscos e feito através do Laudo de Técnico das
Condições do Ambiente do Trabalho, que fornecera os dados necessários para a
execução do Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional e do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais chamado de PPRA e que, através destes será
elaborado o Mapa de Riscos.

9.2 Composição e organização da CIPA

A CIPA será composta por representantes do empregador e dos


empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro 1 ressalvado

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


as alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos
específicos.
Quadro 1: NR-5 DIMENSIONAMENTO DA CIPA

Depois de eleita e organizada, a CIPA devera ser protocolada em ate dez


dias, na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho com copias das atas de
eleições e de posse e o calendário anual das reuniões ordinárias.
A composição da CIPA devera obedecer a critérios que permitam estar
representada a maior parte dos setores do estabelecimento, não devendo faltar em
qualquer hipótese, à representação dos setores que ofereçam maior risco ou
apresentem maior número de acidentes.
Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em
escrutínio secreto e assumirão a condição de membros titulares os candidatos mais
votados. Em caso de empate, assumira o candidato que tiver maior tempo de
297

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


serviço no estabelecimento. Os demais candidatos votados assumirão a condição
de suplentes, obedecendo à ordem decrescente de votos recebidos. O mandato
dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma eleição.
E vedada à dispensa arbitraria ou sem justa causa do empregado eleito para
cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o
registro de sua candidatura ate um ano apos o final de seu mandato.

9.3 Atribuições da CIPA

A CIPA terá as seguintes atribuições:


 Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos,
com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do
SESMT, onde houver;
 Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de
problemas de segurança e saúde no trabalho;
 Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de
prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação
nos locais de trabalho;
 Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de
trabalho visando a trazer riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores;
 Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em
seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram
identificadas;
 Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no
trabalho;
 Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo
de trabalho relacionado à segurança e saúde dos trabalhadores;
 Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de
máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente a segurança
e saúde dos trabalhadores; colaborar no desenvolvimento e implementação
do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e
saúde no trabalho;
 Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem
como clausulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à
segurança e saúde no trabalho;
 Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador
da analise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor
medidas de solução dos problemas identificados;
 Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que
tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores:
 Requisitar a empresa as copia das CAT emitidas;
 Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;

298
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de
Prevenção da AIDS.

10 FUNDAMENTOS DA TOXICOLOGIA
Toxicologia é o estudo dos efeitos adversos das substâncias nos organismos
vivos. Toxicologia industrial está relacionada com os efeitos adversos nos
trabalhadores das substâncias manuseadas no local de trabalho, embora o
interesse geralmente se estenda aos efeitos adversos dos produtos nos
consumidores e efluentes do local de trabalho sobre o público em geral.
Historicamente a toxicologia era a arte e ciência do envenenamento. Hoje é
a disciplina que utiliza as informações desenvolvidas por uma variedade de
ciências químicas, físicas, biológicas e médicas para prever os efeitos adversos
prováveis no homem de uma crescente variedade de substâncias às quais ele é
exposto.

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


10.1 Termos

 Toxicidade é a habilidade inata das substâncias de causar lesões aos seres


vivos.
 Avaliação de perigo é a previsão dos efeitos tóxicos que serão evidentes
sob condições definidas de exposição.
 Avaliação de risco é a previsão da probabilidade de que efeitos tóxicos
definidos ocorram sob condições definidas de exposição em uma única
pessoa ou população definida.
 Substância cobre uma ampla variedade de materiais incluindo compostos
químicos únicos ou misturas destes, substâncias ou micro-organismos
simples ou complexos, ocorrendo naturalmente ou sinteticamente
produzidos. Substâncias podem ser quimicamente puras ou conter aditivos
ou impurezas e podem ser na forma de sólidos, líquidos, gases, pós, fibras,
vapores ou aerossóis. Alguns (por exemplo, vapores, pós e aerossóis)
podem ser difíceis de identificar.

Substâncias às quais o homem pode ser exposto no local de trabalho


incluem materiais usados, embalados, coletados, armazenados,
manuseados, descartados ou de outra forma encontrados. Eles podem ser
produtos finais, formulações, intermediários, componentes, produtos 'off
spec', subprodutos, rejeitos e resíduos. Eles podem ser materiais usados ou
que surjam durante a manutenção ou reparo de plantas ou edifícios ou que
possam ser formados ou usados durante pesquisa, desenvolvimento ou
teste.

NB. Os termos acima são usados livremente por muitas pessoas. Por exemplo, o
termo toxicidade é frequentemente usado em vez de perigo tóxico e risco tóxico em
299

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


vez de perigo tóxico. Isto é particularmente verdade em relação ao que as pessoas
podem chamar de “avaliação de risco”.

10.2 Conceitos básicos


"Todas as substâncias são venenos, não há nenhuma que não seja um veneno. A
dose correta diferencia um veneno de um remédio" – Paracelso (1525).
Toda substância é tóxica, isto é, capaz de produzir efeitos adversos sob
determinadas condições de exposição. É possível matar pessoas ao administrar
grandes volumes de água (especialmente se a pessoa sofrer de certas doenças) e
altos níveis de oxigênio no ar podem causar cegueira em prematuros e danos
pulmonares em adultos. A ocorrência de efeitos tóxicos depende da dosagem. Em
geral altas doses/exposições durante longos períodos produzem uma maior
variedade de efeitos tóxicos mais intensos do que baixas doses/exposições durante
curtos períodos.
Há geralmente um nível de exposição abaixo do qual os efeitos tóxicos não
ocorrem. Uma dose de 10g de cafeína causa convulsões e vômito. A ingestão
média de cafeína no Reino Unido (incluindo no chá) é de 315mg e muitas pessoas
consomem ainda mais todos os dias de suas vidas sem ocorrência de efeitos
adversos. A dose fatal de sal é provavelmente em torno de 250g, mas doses muito
mais baixas causam vômito; a ingestão média de sal no Reino Unido é entre 8 e 11
g/dia. A UK Food Standards Agency recomenda uma ingestão máxima de 6g/dia,
mas uma ingestão mínima de 0,5 g/dia é essencial para a vida.
Diferentes formas de exposição a uma substância não necessariamente
possuem os mesmos efeitos. A exposição a altas concentrações atmosféricas de
vapor de cloreto de metileno deprime o sistema nervoso (narcose), causa arritmias
cardíacas e danos no fígado e rins. Exposição mais prolongada permite o acúmulo
de um de seus metabólitos – monóxido de carbono – no sangue, reduzindo a
habilidade de transporte de oxigênio do sangue. A exposição prolongada produz
câncer do fígado e pulmão em camundongos (mas não em ratos ou hamsters e
provavelmente não no homem).
Diferentes espécies podem reagir de forma diferente às substâncias.
Dioxinas causam danos hepáticos e morte em cobaias, mas doença de pele
(cloracne) em macacos e no homem. Arsênico produz câncer no homem, mas não
em cobaias. Pequenas doses de atropina matam humanos, mas não coelhos.
Diferentes indivíduos podem reagir de forma diferente às substâncias:
Algumas pessoas que fumam desenvolvem câncer no pulmão; outras não. A
penicilina é inofensiva para a maioria das pessoas, mas produz reações alérgicas
graves em outras.
Os efeitos tóxicos de uma substância dependem de:
 Sua forma física.
 Dose.
 Rota de entrada.
 Sua absorção, distribuição, metabolismo e excreção.

300
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
10.2.1 Forma física
Tabela 1: Forma física

9.2.2 Dose
Dose é o produto da concentração da substância e duração da exposição a

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


ela. Em termos simples pode ser descrita como:
Dose = Exposição x Tempo
No entanto, em circunstâncias industriais, a exposição e tempo podem variar
amplamente. Por exemplo, uma concentração muito alta por um curto período pode
ser letal (por exemplo, álcool) enquanto exposição prolongada a doses menores
causa poucos danos. A dose pode ser a mesma em ambos os casos.

10.2.3 Rota de entrada / absorção


As três rotas principais de entrada das toxinas no corpo são vias inalação, a
pele e ingestão.
Ingestão: Ingestão é a rota de entrada menos significativa na indústria enquanto
na toxicologia é a mais significativa. Durante a evolução, mecanismos foram
desenvolvidos no aparelho digestivo para regular a ingestão de elementos
essenciais. Elementos tóxicos podem ter que competir, de forma que, em geral,
apenas uma fração da dose ingerida seja absorvida no corpo (com frequência 10%
ou menos).
Possíveis causas de ingestão na indústria são pipetar com a boca em
laboratórios, engolir pó que foi inalado e liberado pelo escalador mucociliar, fumar e
comer na estação de trabalho ou simplesmente ter as mãos sujas e colocá-las na
boca.
Inalação: No pulmão não há mecanismos semelhantes para a ingestão seletiva.
Partículas menores que 10 mícron de diâmetro pode chegar até os alvéolos. Se
solúveis, aproximadamente 40% são absorvidas. Químicos insolúveis são
relativamente mais seguros, por exemplo, sulfeto de chumbo, enquanto o
carbonato de chumbo é altamente solúvel e causa envenenamento rapidamente.
Partículas maiores inaladas representam menor risco, pois a absorção pelo trato
respiratório é menos eficiente.

301

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


É importante lembrar que não apenas o pulmão é responsável pela absorção
de substâncias no corpo, ele também age como um órgão alvo. Materiais que não
são absorvidos no corpo podem permanecer nos pulmões e causar danos físicos
e/ou químicos a eles. A inalação é responsável por aproximadamente 90% do
envenenamento industrial.
A pele: Na pele também não há absorção seletiva. Compostos solúveis em
gordura são prontamente absorvidos como solventes orgânicos. Absorção
percutânea por meio da pele saudável intacta ocorre com nitrobenzeno, fenol,
mercúrio e anilina. A absorção de fenol por meio de apenas alguns centímetros
quadrados de pele intacta pode ser letal. Roupas de proteção impermeáveis como
luvas aumentam a taxa de absorção se ocorrer contaminação acidental no interior.
A pele danificada também facilita a absorção de toxinas.
Distribuição: Uma vez que as substâncias entraram no corpo, elas podem ser
distribuídas por meio da corrente sanguínea, ligando-se às proteínas do plasma ou
glóbulos vermelhos. Elas podem se concentrar de forma diferente nos órgãos.
Outros materiais tóxicos podem estar em solução ou se ligar aos lipídeos. Somente
substâncias solúveis em gordura podem passar pela barreira hematoencefálica.

10.2.4 Metabolismo
Substâncias que são distribuídas pelo corpo tendem, então, a ser
metabolizadas. O principal local do metabolismo é o fígado, embora os rins,
pulmões e pele possam metabolizar alguns químicos.
O metabolismo pode converter uma substância tóxica em uma não tóxica e
vice versa, por exemplo, n-hexano é metabolizado no fígado para outro composto
que causa danos para o sistema nervoso. Na maioria das vezes, no entanto, a
desintoxicação é benéfica.
Um processo de desintoxicação típico envolve estágios de oxigenação
seguidos por conjugação com ácido glucurônico. A taxa de metabolismo depende
da taxa de absorção (compostos solúveis em água têm menor absorção do que os
solúveis em gordura) e a extensão da ligação à proteína (isto reduz a concentração
nos locais do metabolismo).
Sistemas de enzimas são pobremente desenvolvidos nas pessoas muito
jovens que, portanto, têm um metabolismo mais lento.
O fígado transforma substâncias hidrofóbicas (isto é, não solúveis em água)
em formas hidrofílicas (solúveis em água) para que possam ser excretadas pelos
rins ou na bile.

10.2.5 Excreção
Ocorre principalmente por meio dos rins via urina, mas também via bile
(compostos de alto peso molecular), pulmões (hidrocarbonetos voláteis excretados
sem alteração), sucos gástricos (nicotina), leite da mama (pesticidas) e pele (ferro).
Quanto mais rapidamente à excreção ocorre menor é a probabilidade de
uma toxina danificar o corpo. Os produtos da excreção são frequentemente usados
para monitorar a exposição no trabalho.

302
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
10.3 Estágios da avaliação toxicológica
Ao avaliar os riscos para a saúde provenientes da exposição a substâncias,
buscam-se respostas para as seguintes perguntas:

10.3.1 Que efeitos adversos um químico pode causar?


Qual a toxicidade e quais são os perigos tóxicos sob uma variedade de
condições de exposição? Isto é determinado por:
 Estudos teóricos com base nas propriedades físicas e químicas já
conhecidas de uma substância.
 Experimentação com animais (usados como modelos do homem) e outros
organismos vivos ou partes de organismos vivos (bactérias, órgãos, tecidos,
células em cultura).

10.3.2 Os efeitos vistos em animais são relevantes para o homem?


Responder a esta pergunta requer conhecimento de como o químico é
absorvido, distribuído no corpo e excretado (farmacocinética) e como é quebrado
no corpo em outras substâncias (metabolismo).
Uma indicação do mecanismo de ação tóxica que é necessário – isto pode

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL


exigir investigações especiais incluindo estudos no homem. Estudos
epidemiológicos nos grupos expostos podem ser necessários para provar a
relevância.

303

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Defina Saúde, Saúde ocupacional?
2. Qual a diferença de acidente de trabalho e doença ocupacional?
3. Tendo em vista: ACIDENTE TÍPICO e aquele que ocorre com um
empregado a serviço da companhia, nos limites de suas propriedades ou
fora desta, quando autorizado pela mesma, provocando lesões corporais
ou perturbação funcional. ACIDENTE DE TRAJETO é aquele que ocorre
quando em percurso da residência para o trabalho ou vice-versa.
ACIDENTE NO HORÁRIO DE DESCANSO quando ocorrido com o
empregado a serviço da companhia, durante o seu horário de descanso,
que tenha sido decorrente do processo de trabalho. Neste contexto, cite
pelo menos dois exemplos de cada tipo de acidente.
4. O que são OIT/OMS e para que servem e quais os principais conceitos
estabelecidos por elas?
5. Qualquer pessoa está exposta as mais diversas condições que podem
ocasionar eventos ou danos indesejados, seja dentro do ambiente de
trabalho ou fora dele, e que poderão afetar sua qualidade de vida, como
doenças, acidentes, perda do patrimônio, etc. Podemos definir risco
como?
6. O que Segurança Ocupacional e quais cuidados devemos tomar para
que ela exista?
7. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
em quais circunstâncias:
8. Cite exemplos de EPI?
9. O são EPC, e para que servem?
10. Cite exemplos e seu uso de EPC?
11. Qual a diferença entre EPI e EPC?
12. Qual a grande importância da sinalização de segurança?
13. Qual objetivo de cores padronizadas na sinalização de segurança?
14. Qual é a importância da rotulagem preventiva?
15. Em caso de transporte ou armazenagem de produtos perigosos ou
nocivos à saúde, quais itens devem ser observados nos rótulos?
16. Em uma empresa houve um pequeno acidente, onde uma faxineira
molhou o chão, em um determinado momento veio um funcionário
despercebido e escorregou. Como ela poderia prevenir este e outros
acidentes?
17. Ao identificar os equipamentos e produtos de uma indústria, quais as
medidas preventivas devem ser tomadas para evitar acidente?
18. Como se forma o fogo? Defino fogo e incêndio?

304
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
19. Para que acha fogo e precisa três elementos. Quais e o que são?
20. O que é ponto de fulgor, combustão e ignição?
21. Cite exemplos de combustíveis para o fogo?
22. O que significa a fumaça branca, negra e amarela? Qual a mais
prejudicial à saúde?
23. O calor é uma espécie de energia e por isso se transmite, isto é, passa
de um corpo para outro. Esta passagem do calor pode ocorrer de três
formas diferentes. Quais são e como acontecem?
24. Quais os métodos de extinção de incêndio? Explique cada um deles.
25. Cite uma técnica de prevenção de incêndio que no seu conceito seja a
mais eficaz?

HIGIENE E SAÚDE AMBIENTAL

305

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_Peixoto, W.R. Prevenção de Acidentes nas Indústrias. Ediouro, 1980.


Santos, R.R., Canetti, M.D., Junior, C.R., Alvarez, F.S. Manual de Socorro.
De Emergência. Ed. Atheneu, 400p. 2001.

_Segurança e Medicina do Trabalho. Lei nº 6.514, de dezembro de 1977,


Portaria nº 3.214 do Ministério do Trabalho, 08 de junho de 1978.
Editora Atlas. 29a Edição.

_ TUFFI, M.S. Curso básico de segurança e higiene ocupacional introdução à


higiene ocupacional – FUNDACENTRO / TEM. Sabará 2007 / 2009.

_SILVEIRA, C.H; GARRETT, R.O.S. Equipe técnica do setor especializado em


segurança do trabalho da UNIFEI. Setor Especializado em Segurança do
Trabalho. Campus Universitário da UNIFEI – Itajubá

306
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

GEOLOGIA GERAL
E CARTOGRAFIA
Disciplina: Geologia Geral e Cartografia
Carga Horária: 40 horas/ aula
Objetivos Gerais: Caracterizar os processos e a evolução biótica e abiota, perceber as
causas e efeitos dos fenômenos tectônicos global, compreender o tempo geológico e sua
abrangência e aplicabilidade no meio ambiente. Desenvolver capacidade critica dos
aspectos relacionados com a evolução da litosfera além de compreender os temas
polêmicos de importância ambiental relacionada às aguas, solo e ar. Propor modelos de
sustentabilidade relacionados à geologia.

Identificar o uso dos mapas; Identificar o sistema de coordenadas geográficas e obter


noções do uso de GPS; Interpretar sistema de curvas de nível.

Avaliações- 1º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

Trabalho Bimestral 10,0

Atividades Bimestral 10,0

Avaliação bimestral 20,0

Total de Pontos 40,00

Avaliações- 2º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

Mostra Tecnológica 10,0

Trabalho Segundo Bimestre 10,0

Atividades Bimestrais 10.0

Avaliação bimestral 30,00

–Total de Pontos 60,00

308
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Geologia Geral
• A estrutura interna da Terra

Sabe-se que a Terra, uma esfera ligeiramente achatada, não é homogênea. O furo
de sondagem mais profundo que já se fez na crosta terrestre atingiu 12 km de
profundidade, um valor insignificante para um planeta que tem mais de 6.000 km de raio.
Mas, dispomos de informações obtidas por medições indiretas, através do estudo de
ondas sísmicas, medidas na superfície. Elas mostram que nosso planeta é formado por
três camadas de composição e propriedades diferentes, a crosta, o manto e o núcleo.
Essas camadas, por sua vez, possuem algumas variações e são, por isso, subdivididas
em outras, como mostra a figura 1.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Fig. 1 - A estrutura interna da Terra

A crosta terrestre
A crosta é porção externa da Terra, a mais delgada de suas camadas e a que
conhecemos melhor. Ela é tão fina em relação ao restante do planeta que pode ser
comparada à casca de uma maçã em relação à maçã inteira.

Embora seja composta de material rochoso, portanto sólido e aparentemente de


grande resistência, é, na verdade, muito frágil.

309

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Sua espessura é variável, sendo maior onde há grandes montanhas e menor nas
fossas oceânicas. Sob os oceanos, a crosta costuma ter cerca de 7 km de espessura; sob
os continentes, ela chega a 40 km em média. As espessuras extremas estão em 5 e 70
quilômetros.

Está dividida em crosta continental e crosta oceânica, com composições diversas e


espessuras diferentes.

A crosta continental é formada essencialmente de silicatos aluminosos (por isso era


antigamente chamada de SIAL) e tem uma composição global semelhante à do granito.
Mede 25 a 50 km de espessura e as ondas sísmicas primárias nela propagam-se a 5,5
km/s.

A crosta oceânica é composta essencialmente de basalto, formada por silicatos


magnesianos (por isso antigamente chamada de sima). Tem 5 a 10 km de espessura e é
mais densa que a crosta continental por conter mais ferro. As ondas sísmicas têm nela
velocidade de 7 km/s.

Quase metade (47%) deste envoltório da Terra é composta de oxigênio. A crosta é


formada basicamente de óxidos de silício, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, potássio e
sódio. A sílica (óxido de silício) é o principal componente, e o quartzo, o mineral mais
comum nela.

A crosta está dividida em muitos fragmentos, as placas tectônicas (Fig. 2). Há 250
milhões de anos, todos os contentes estavam unidos, formando uma só massa
continental, a Pangea. Essa massa começou a se fragmentar e ao longo de algumas
centenas de milhões de anos deu origem aos continentes e oceanos atuais. As placas
flutuam sobre o manto, mais precisamente sobre a astenosfera, uma camada plástica
situada abaixo da crosta. Movimentam-se continuamente, alguns centímetros por ano. Em
algumas regiões do globo, duas placas se afastam uma de outra e em outros, elas se
chocam.

310
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Fig. 2 - As placas tectônicas (Baumann, 2008).

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


O manto
Logo abaixo da crosta, está o manto, que é a camada mais espessa da Terra. Ele
possui uma espessura de 2.950 quilômetros e formou-se há 3,8 bilhões de anos.

Na passagem da crosta para o manto, a velocidade das ondas sísmicas primárias


sofre brusca elevação. Essa característica é usada para marcar o limite entre uma
camada e a outra, e a zona onde ocorre a mudança é chamada de Descontinuidade de
Mohorovicic (ou simplesmente Moho), em homenagem ao cientista que a descobriu, em
1910.

O manto divide-se em manto superior e manto inferior. O superior tem, logo abaixo
da crosta, uma temperatura relativamente baixa (100 °C) e uma consistência similar à da
camada acima, com velocidade de ondas sísmicas de 8,0 km/s. No manto inferior, porém,
esta velocidade aumenta para 13,5 km/s, com temperatura bem mais alta, chegando a
2.200 ºC (3.500 °C segundo outros autores) perto do núcleo.

Essa diferença na velocidade sísmica traduz uma mudança na composição química


das rochas. De fato, os minerais que compõem o manto são muito ricos em ferro e
magnésio, destacando-se os piroxênios e as olivinas. As rochas dessa porção da Terra
são principalmente peridotitos, dunitos e eclogitos, pobres em silício e alumínio quando
comparadas com as rochas da crosta.

Abaixo de 100 km de profundidade, o manto mostra sensível redução na


velocidade das ondas sísmicas.

311

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Como não há grande variação na composição química das rochas, essa redução
da velocidade significa que abaixo de 100 km as rochas estão parcialmente fundidas, o
que diminui bastante sua rigidez.

A crosta, juntamente com a porção rígida do manto, é chamada de litosfera (esfera


rochosa). Já a parte do manto de baixa velocidade e bem mais quente (até 870º C) é
chamada de astenosfera (esfera sem força). É ela quem permite às placas tectônicas se
movimentarem. Essas placas são, portanto, pedaços de litosfera, não de crosta apenas.

Ao contrário do contato crosta/manto, que é bem definido, o contato


litosfera/astenosfera e gradual e não tem limites muito exatos.

A astenosfera é a responsável pelo equilíbrio isostático, que leva os blocos da


crosta que recebem mais material na superfície a afundarem e os que, ao contrário, são
erodidos a subirem. Sua densidade varia de 3, 2 (perto da litosfera) a 3,7 (a 400 km de
profundidade).

Há, no manto terrestre, alguns pontos mais quentes que o restante, chamados de
hot spots (pontos quentes). Nesses locais, o material do manto tende sempre a subir e
atravessar a crosta. Quando ele consegue isso, forma-se na superfície da Terra um
vulcão. Como a crosta é formada de placas em movimento, esse vulcão, com o tempo, sai
de cima do ponto quente e, ao ocorrer nova erupção, forma-se outro vulcão. Isso pode
repetir-se várias vezes, e o resultado é uma fileira de vulcões, dos quais só o último (e
mais jovem) está em atividade.

O Núcleo
Esta é a mais profunda e menos conhecida das camadas que compõem o globo
terrestre. Assim como o manto e a crosta estão separados pela Descontinuidade de
Mohorovicic, o manto e o núcleo estão separados por outra, a Descontinuidade de
Gutenberg, que fica a 2.700-2.890 km de profundidade.

Acredita-se que o núcleo terrestre seja formado de duas porções, uma externa, de
consistência líquida e outra interna, sólida e muito densa, composta principalmente de
ferro (80%) e níquel (por isso, era antigamente chamada de nife).

O núcleo externo tem 2.200 quilômetros de espessura e velocidade sísmica um


pouco menor que o núcleo interno. Deve estar no estado líquido, porque nele não se
propagam as ondas S, e as ondas P têm velocidade bem menor que no manto sólido.

O núcleo interno deve ter a mesma composição que o externo, mas, devido à
altíssima pressão, deve ser sólido, embora com uma temperatura de até 5.000 °C (um
pouco inferior à temperatura da superfície do Sol). Tem 1.250 km de espessura.

312
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O núcleo da Terra gira, como todo o planeta, e os cientistas acreditam que isso
gere uma corrente elétrica. Como uma corrente elétrica gera sempre um campo
magnético, estaria aí à explicação para o magnetismo terrestre, que faz nosso planeta
comportar-se como um gigantesco ímã. Estudos recentes mostram que o núcleo interno
gira um pouco mais depressa que o resto

• Placas tectônicas
Placas Tectônicas são porções da crosta terrestre (litosfera) limitadas por zonas de
convergência ou divergência.

Segundo a Teoria da “Tectônica das Placas”, a litosfera é constituída de placas que


se movimentam interagindo entre si, o que ocasiona uma intensa atividade geológica,
resultando em terremotos e vulcões nos limites das placas.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Atualmente considera-se a existência de 12 placas principais que podem se
subdividir em placas menores. Elas são: Placa Eurasiática, Placa Indo-Australiana, Placa
Filipina, Placa dos Cocos, Placa do Pacífico, Placa Norte-Americana, Placa Arábica,
Placa de Nazca, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártica e Placa Caribeana.

Os movimentos das placas são devidos às “correntes de convecção” que ocorrem


na astenosfera (camada logo abaixo da litosfera): as correntes de convecção são
causadas pelo movimento ascendente dos materiais mais quentes do manto (magma) em
direção à litosfera, que, ao chegar à base da litosfera, tende a se movimentar lateralmente
e perder calor por causa da resistência desta e depois descer novamente dando lugar o
mais material aquecido.

No meio dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico existem cordilheiras que chegam
a atingir até 4000 mil metros acima do assoalho oceânico chamadas de Cordilheiras
“Meso-oceânicas”. Estas cordilheiras se originam do afastamento das placas tectônicas
nas chamadas “zonas de divergência”. São locais onde as correntes de convecção atuam
em direções contrárias originando rupturas no assoalho oceânico pelas quais é expelido o
magma da astenosfera. Dessa forma, ao esfriar, o magma (ou lava basáltica) causa a
renovação do assoalho oceânico.

Outro tipo de movimento das placas tectônicas acontece nas chamadas “zonas de
convergência” onde as placas se movimentam uma em direção à outra. Nesse caso, pode
acontecer de uma placa afundar por sob a outra nas “zonas de subducção”.

313

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Isso acontece entre uma placa oceânica e uma placa continental porque a placa
oceânica tende a ser mais densa que a placa continental o que faz com que ela seja
“engolida” por esta última. Um exemplo é a zona de subducção da Placa de Nazca em
colisão com a Placa continental Sul-Americana e responsável pela formação da
Cordilheira Andina.

Quando o movimento de convergência ocorre entre duas placas continentais, ou


seja, de igual densidade, ocorre o soerguimento de cadeias montanhosas como o
Himalaia, por exemplo, que está na zona de convergência das placas continentais
Euroasiática e Arábica.

• Escala Geológica da Terra


Para facilitar o estudo do nosso planeta, o tempo é algo fundamental. Por isso, da
mesma maneira que a História do Homem se encontra dividida em séculos, os séculos
em anos, os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas e por aí fora, também
a História da Terra está dividida em períodos que, como deves imaginar, é muito maior do
que os séculos em que se divide a nossa história.

As maiores divisões são os Éons. São considerados 3 Éons:

Arcaico (que significa antigo) – Dá-se o aparecimento da vida. No entanto, os seres vivos
são ainda pequenas células muito simples, procarióticas.
Proterozóico (= vida escondida) – Os seres vivos tornam-se um pouco mais complexos.
Aparecem as primeiras células eucarióticas (isto é, com um núcleo bem definido) e os
primeiros seres pluricelulares, mas ainda muito simples.
Fanerozóico (= vida visível) – A vida evolui significativamente. Os seres vivos tornam-se
cada vez mais complexos até aquilo que são hoje.
Os dois primeiros Éons (Arcaico e Proterozóico) ocupam uma grande parte da
história do nosso planeta, contudo as formas de vida são muito simples e praticamente
não há registo fóssil que nos mostre como seria a vida nesta altura. É do Fanerozóico que
temos mais informação, e por isso a partir de agora vamos apenas concentrar-nos neste
Éon.

A tabela que se segue representa a escala do tempo geológico, que se encontra


organizada desta forma. Também se chama tabela estratigráfica, ou tabela
cronoestratigráfica ou geocronológica, e indica as principais secções em que se divide o
tempo geológico.

314
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O Fanerozóico divide-se em 3 eras, que (estas sim) tens de conhecer muito bem:

- Paleozóico (paleo= antigo + zóico=vida)


- Mesozóico (meso=meio + zóico)
- Cenozóico (cenos=novo + zóico)
Cada uma das eras subdivide-se ainda em períodos e cada período ainda pode ser
subdividido em épocas. Mas este nome não precisa memorizar. Para já, deves
concentrar-te apenas no nome das Eras.

O período de tempo que antecede o Paleozóico denomina-se de Pré-Câmbrico,


pois o Câmbrico é o primeiro período da era Paleozóica. O termo Pré-Câmbrico designa
tudo o que está para trás.
A tabela seguinte resume os principais acontecimentos que marcaram cada uma das
Eras.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA

Tabela 1: Escala geocronológica Fonte: http://espacociencias.com

315

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Contudo, se reparares bem, a duração das Eras não é a mesma.

Há Eras que são mais longas do que outras. Por exemplo, o Paleozóico durou
cerca de 297M. a., o Mesozóico durou 183M.a. e o Cenozóico (a era em que vivemos)
dura há 65M.a.

Se transformássemos os 4,6 mil milhões de anos da História da Terra num ano só,
verificávamos que o Fanerozóico só teria começado em meados de Novembro, e o ser
humano só teria aparecido nos últimos segundos do último dia de Dezembro. Se clicares
na miniatura que se segue poderás ver com maior pormenor.

Tabela 2: Escala Geológica: Fonte: http://espacociencias.com

316
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Transição entre Eras

A transição entre Eras é marcada por acontecimentos muito importantes que


sucederam na Terra e afetaram a vida de uma forma global. Como as extinções em
massa, por exemplo. Alguns fatores que podem provocar extinções são as alterações
climáticas e a alteração do nível das águas do mar.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Figura 3: Regressão e Transgressão. Fonte: http://espacociencias.com

Uma regressão marinha (A) é o nome que se dá quando o mar recua. Quando o
mar avança sobre a costa, chama-se transgressão (B). Grandes alterações no nível das
águas do mar afetam os habitats dos seres que vivem junto à costa, que podem
desaparecer quando o mar avança, ou desenvolver-se quando o mar recua.

317

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Figura 4: As glaciações podem afetar em muito os seres vivos. Por exemplo, apesar de hoje não existirem
glaciares na Serra da Estrela como o que está representado na figura A, é lá que temos o maior vale glaciar
da Europa (B), o que significa que no passado esta zona já foi muito fria e praticamente desprovida de seres
vivos. Fonte: http://espacociencias.com

Glaciações à escala global e grandes transgressões marinhas são fatores que


podem levar à extinção de um grande número de espécies.

De facto, o que marca a passagem da era Paleozóica para a Mesozóica é uma


grande extinção em massa que levou à morte de muitas espécies marinhas, entre elas as
Trilobites, que dominavam os mares nessa altura.
A passagem do Mesozóico para o Cenozóico (a Era em que vivemos hoje) é
também uma extinção em massa, que levou à morte dos dinossauros.

No entanto, o início do Paleozóico já é marcado por um acontecimento


completamente diferente: o aparecimento de seres vivos com concha. Este acontecimento
foi muito importante porque permitiu que a vida se diversificasse muito, pois pela primeira
vez o corpo dos organismos estava protegido e tornou-se mais resistente. Assim, isso
permitiu também aos organismos crescer mais, pois com um esqueleto (mesmo que seja
só externo) o corpo passa a ter mais suporte.

318
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURIOSIDADE:

A FORMAÇÃO DA TERRA EM 24H

Como é muito difícil raciocinar com intervalos de tempo da ordem de milhões de anos
(veja a coluna 3), convertemos a nossa Escala Geológica em um período de apenas 24
horas (coluna 4)... Na coluna 5 vemos a duração de cada período geológico na mesma
escala de 24 horas.

Agora, vamos nos imaginar em uma máquina do tempo que pode deslocar-se a uma
absurda velocidade de 52.083 anos por segundo... dessa forma, a cada 19,2
segundo percorrerá um milhão de anos.

Iniciaremos, assim, a nossa viagem às 00 h, quando a Terra foi formada (há 4,5
bilhões de anos), e vamos nos deslocar para o presente, de baixo para cima na Escala,

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


até o fim do Quaternário, sabendo de antemão que levaremos exatas 24 horas nessa
viagem virtual...

As primeiras 03h44min horas de nossa viagem serão, certamente, as mais


monótonas de todas.

Veremos o planeta ser formada a partir de poeira e gás, resultando em uma massa
disforme em ebulição - uma verdadeira visão do inferno (Hadeano), sendo bombardeada
por uma incessante chuva de meteoros e cometas. Um importante evento, contudo,
justificará a nossa espera, quando uma grande colisão com um planetoide errante
arrancará milhões de pedaços do planeta. Parte desses destroços ficará em sua órbita e
acabarão por juntar-se, formando a nossa Lua.

Gradativamente o planeta perderá calor, permitindo que o vapor de água exalado


dos vulcões e oriundos dos cometas forme as primeiras chuvas, de modo que por volta
das 4:00 horas já veremos um imenso oceano cobrindo toda a Terra, ainda bastante
quente (Arqueano)...

Fique atento agora, pois em algum momento entre as 5 e 6 horas da manhã,


acontecerá um milagre: surgirão as primeiras formas de vida (as bactérias)... e que
dominarão sozinhas o planeta até as 21:00 horas (fim doProterozóico).

Até agora estivemos visitando o chamado Pré-Cambriano, que cobriu quase 90% da
história da Terra(veja a Distribuição Percentual das Eras Geológicas).

319

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A partir das 21:06 hs não poderemos nem piscar os olhos, pois tudo começará a
acontecer de forma muito rápida. Entramos no Paleozoico (paleo = antigo + zoico =
vida), que se estenderá até as 22:28 hs e que, por ter sido tão rico em eventos, teve que
ser dividido em 6 períodos bem distintos (veja a Escala à esquerda)...

A atividade vulcânica, no Paleozóico, está bem mais amena, alternando-se períodos


de calmaria com grandes explosões em todo o planeta.

Os primeiros peixes, esponjas, corais e moluscos surgirão ainda no Cambriano, mas


teremos que esperar pelo menos 12 minutos (até o Ordoviciano) para vermos as
primeiras plantas terrestres.

O clima irá mudar com tanta frequência que provocará sucessivas extinções em
massa de espécies recém-surgidas. Como agora as espécies passam a apresentar partes
duras (conchas, dentes, etc.), algumas delas poderão ser preservadas como fósseis,
possibilitando a sua descoberta e estudo por outra espécie ainda muito distante.

Finalmente os continentes serão invadidos por insetos... milhões e milhões de


diferentes espécies de insetos, alguns dos quais sobreviverão até o fim da nossa viagem.

Fique atento ao período Devoniano (por volta das21:50 hs) pois uma grande
catástrofe ecológica irá dizimar quase 97% de todas as espécies existentes. Passados
mais 10 minutos, no Carbonífero, grandes florestas e pântanos serão formados e
destruídos sucessivamente, formando os depósitos de carvão explorados até hoje.

Às 22h41min entraremos na Era Mesozoica (a era dos repteis) que durará pouco
menos que uma hora (180 milhões de anos).

No início do Mesozoico iremos assistir à formação de um supercontinente, chamado


hoje de Pangea, que será depois dividido em dois grandes continentes que passarão a
ser conhecidos como Laurásia, ao norte, e Gonduana, ao sul.

Assistiremos, também, ao surgimento de uma imensa variedade de dinossauros,


herbívoros em sua maioria, que reinarão no planeta durante mais de 160 milhões de
anos.

Por volta das 23:39 hs, porém, um meteoro de pelo menos 15 km de diâmetro irá
atingir a atual península de Yukatan (México) jogando bilhões de toneladas de poeira na
atmosfera.

320
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma grande noite irá abater-se sobre o planeta, impedindo a fotossíntese das
plantas, que não poderão alimentar os herbívoros, que por sua vez não poderão servir de
alimento aos carnívoros...

Pelo menos a metade das espécies existentes irá ser extinta nessa grande catástrofe,
inclusive todos os grandes dinossauros, abrindo espaço para que os mamíferos iniciem o
seu reinado, que perdurará até os dias atuais...

Faltando pouco mais que 20 minutos para o fim da nossa viagem entraremos na Era
Cenozóica, e assistiremos à fragmentação dos grandes continentes até a conformação
atual.

A América do Sul irá separar-se da África, surgindo o Oceano Atlântico Sul; a


Austrália será separada da Antártica e a América do Norte irá separar-se da Europa.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Grandes cadeias de montanhas serão formadas nessa deriva continental e novos
ecossistemas serão formados e isolados dos demais, permitindo a especialização de
algumas espécies...

Por volta das 23:59:57 (150.000 anos atrás), faltando apenas 3 segundos para o
término de nossa exaustiva viagem, veremos os primeiros grupos de Homo
Sapiens caçando no continente africano. Essa nova espécie sobreviverá à
última glaciação e migrará apressadamente para os demais continentes, sem se
incomodar com as características particulares de cada ambiente nem com o delicado
equilíbrio conseguido ao longo do tempo.

Dominará todas as outras espécies e até mesmo provocará o desaparecimento de


algumas delas, e começará a usar a escrita e, portanto, a fazer História, no último
décimo do último segundo...

Se for possível desacelerar a nossa máquina do tempo nesse décimo de segundo


final, talvez até consigamos ver o mais jovem dos mamíferos criar artefatos capazes de
destruir tudo e, milagrosamente, lançar-se em direção ao espaço para deixar as suas
primeiras pegadas na Lua...

321

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Minerais e Rochas: Definições e Conceitos

Minerais

Definição: substâncias sólidas, cristalinas, inorgânicas, com composição química definida.

• Alguns minerais ocorrem como elementos puros (elementos nativos): Ex: cobre
ouro
• Maioria dos minerais conhecidos é resultado da combinação dos principais
elementos químicos existentes na crosta – O, Si, Al, Fe, Mg, Ca, K, Na.

Propriedades Físicas

Resultam da estrutura cristalina e da composição química dos minerais. As


diferenças entre minerais podem ser determinadas a partir das propriedades físicas.

a. Dureza: medida da resistência do mineral à abrasão;


b. Clivagem: tendência do cristal em quebrar-se ao longo de superfícies
c. Brilho: resultante da reflexão da luz pela superfície do mineral: vítreo, metálico,
sedoso.
d. Cor: deve-se à luz transmitida através do mineral ou refletida
Traço: cor do delgado depósito deixado pelo mineral sobre uma superfície abrasiva
e. Densidade: massa / unidade de volume (g/cm3)
É medida pelo peso específico = peso do mineral no ar ÷ pelo peso de um volume
igual de água pura a 4oC
f. Hábito do cristal: forma de crescimento do cristal. Reflexo da estrutura cristalina e
da velocidade de crescimento E: laminar, prismático, piramidal, acicular (agulhas),
fibroso.
g. Textura: Refere-se ao tamanho, à forma e ao arranjo dos cristais ou grãos numa
rocha.
Tamanho / granulometria: fino /médio /grosso
Forma: acicular, achatado, alongado, equigranular, etc.
Arranjo: organização segundo estruturas

322
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As Rochas

Definição – as rochas são aglomerações ou agregados naturais de minerais.

Classificação – as rochas podem ser classificadas de acordo com a maneira como se


formaram na natureza, sendo assim, elas podem ser classificadas em:

• Rochas magmáticas – são aquelas que se formam a partir da solidificação do magma.

• Rochas sedimentares – são aquelas que são formadas com grãos de outras rochas que
se depositam em camadas e se solidificam.

• Rochas metamórficas – são aquelas que se originam da transformação (metamorfose)


de outras rochas.

Rochas Magmáticas (ou Ígneas)

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Rochas magmáticas são aquelas que se formam através da solidificação do
magma. Pode ser de dois tipos:

• Rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas – são aquelas que se formam pela


solidificação da lava lançada pelos vulcões. Ex: basalto e a pedra-pomes.

• Rochas magmáticas intrusivas – são formadas quando o magma se resfria lentamente


no interior do vulcão. Ex: granito

Rochas Sedimentares

As rochas sedimentares são formadas com grãos de outras rochas que se


depositam em camadas e se solidificam. Ex: arenito, argilito, calcário, evaporito.

As rochas sedimentares sofrem a ação constante de chuvas, vento, água dos rios,
ondas do mar; todos esses fatores vão, aos poucos, desgastando as rochas e quebrando-
as em pequenos grãos. Esse processo é chamado de intemperismo. Os ventos ou a água
da chuva transportam os sedimentos (pequenos grãos) até o fundo de rios, lagos ou
oceanos. Esses grãos se depositam em camadas e se acumulam ao longo do tempo. O
peso da camada de cima comprime as camadas de baixo, que vão ficando cada vez mais
compactadas e acabam endurecendo. Surge, assim, uma rocha sedimentar. Nas rochas
sedimentares encontramos uma grande quantidade de fósseis (restos ou marcas de
animais e vegetais mortos), já que o corpo de animal e planta depois de mortos pode ser
coberto por milhares de grãos de minerais. Assim, suas formas são preservadas.
Estudando os fósseis, os cientistas podem estudar como era a vida em nosso planeta no
passado.

323

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Rochas Metamórficas

As rochas metamórficas são formadas pela transformação (metamorfose) de outras


rochas. Ex: mármore (se forma pela transformação do calcário), gnaisse (se forma pela
transformação do granito) e a ardósia (se forma pela transformação do argilito).

Ciclo das Rochas

Muitas mudanças podem ocorrer, ao longo dos tempos, sobre uma rocha formando
um ciclo, no qual uma rocha pode se transformar em outra rocha, formando um ciclo.

Figura 5: Ciclo das rochas

• Intemperismo e formação do solo

Solos

Produtos friáveis e móveis formados na superfície da Terra como resultado da


desagregação e decomposição das rochas pela ação do intemperismo podem não ser
imediatamente erodidos e transportados pelos agentes da dinâmica externa (vento, gelo e
água) para bacias sedimentares continentais ou marinhas.

324
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Pedogênese

Formação do solo por modificações causadas nas rochas pelo intemperismo, com
importante reorganização e transferências dos minerais formadores dos solos.
Perfil de solo típico

Sendo dependentes do clima e do relevo, o intemperismo e a pedogênese ocorrem


de maneira distinta nos diferentes compartimentos morfo-climáticos do globo, levando à
formação de perfis de alteração compostos de horizontes de diferentes espessuras e
composição.

Intemperismo

Mecanismo modificador das propriedades físicas dos minerais e rochas e suas


características químicas;

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


• Ordem física (degradação)
• Ordem química (decomposição)
• Ordem fico-biológico (M.O. participa do processo)

Intemperismo físico
Processos que fraturam ou fragmentam as rochas e desagregam os minerais das
rochas.

Variação da temperatura
Aos longos dos dias e das noites e das estações do ano, a temperatura varia,
causando a expansão e contração térmica nos materiais rochosos levando à
fragmentação dos grãos minerais.

Umidade
A mudança cíclica de umidade pode causar expansão e contração e, em
associação coma variação térmica, provoca um enfraquecimento e fragmentação das
rochas.

Congelamento e degelo
A água ao congelar-se, cristaliza-se e aumenta em 9% seu volume;
A repetição periódica do congelamento e degelo das águas intersticiais, que
ocupam parcialmente ou totalmente os poros e as fendas, acaba por fragmentar a rocha,
mesmo as mais resistentes.

325

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Cristalização de sais
A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração;
O crescimento desses minerais também causa expansão das fissuras e
fragmentação das rochas

Alívio de pressão
Profunda dos corpos rochosos ascendem a níveis crustais mais superficiais;
Com o alivio da pressão, os corpos rochosos se expandem, causando a abertura
de fraturas grosseiramente paralelas à superfície ao longo do qual a pressão foi aliviada.

Intemperismo químico

A água de infiltração, proveniente da chuva, que chega até as rochas, é levemente


ácida, porque incorpora:
CO2, oxigênio e nitrogênio ao atravessar a atmosfera;
Ácidos orgânicos e CO2 provenientes da transpiração e putrefação dos
organismos, em geral microorganismos, que existem em abundância nos poros da parte
superior dos solos sobre as rochas.

O ambiente da superfície da Terra, caracterizado por pressões e temperaturas


baixas e riquezas de água e oxigênio, é muito diferente daquele onde a maioria das
rochas se formou.

O intemperismo químico depende exclusivamente da água, predominando nos


climas úmidos e sendo mínimo nos climas desérticos.

As reações de intemperismo químico podem ser divididas em:


• Hidratação: moléculas de água entram na estrutura mineral, formando um novo
mineral.
• Dissolução: minerais que são completamente solubilizados.
• Hidrólise: alteração mineral através da interação entre o mineral e a água
(ocorre na faixa de pH de 5 a 9).

Hidrólise total ou alitização ou fertilização:


100% da Si e K são eliminados.
Ocorre em regiões com alta precipitação (>1500 m) e temperatura (>15ºC).
Hidrólise parcial ou sialitização:
O K pode ser total ou parcialmente eliminado e somente parte da Si é eliminada.
Ocorre em regiões com alta precipitação (<1500 m) e temperatura (>15ºC).
Intemperismo Químico

326
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Acetólise:
Ambientes frios, não há grande decomposição de matéria orgânica e, com isso, o solo
tem ph menor 5.

Acidólise total:
pH < 3 todos os elementos entram em solução e restam apenas os minerais primários
mais insolúveis como o quartzo.

Acidólise parcial:
- pH entre 3 e 5 todos os elementos entram em solução e somente parte do Al
permanece no perfil.

Oxidação
Alguns elementos podem estar presentes nos minerais em mais de um estado de
oxidação, como exemplo, o ferro.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Liberado em solução, oxida e precipita como um novo mineral.

• Geomorfologia Geral

Agentes transformadores do relevo

O relevo terrestre, apesar de aparentemente estático, é dinâmico e está em


constante transformação. Tal dinâmica deve-se aos processos internos e externos que
contribuem para que essa dinâmica aconteça, são os agentes transformadores do relevo.

Os agentes transformadores do relevo são classificados conforme a origem de


suas ações, aqueles que atuam abaixo dos solos são chamados de agentes endógenos
ou internos e aqueles que atuam sobre a superfície são chamados de agentes exógenos
ou externos.

Agentes Internos
Os agentes internos ou endógenos também são chamados de modeladores e
costumam ser subdivididos em três grupos: o tectonismo, os abalos sísmicos e o
vulcanismo.

• Tectonismo: Também chamado de diastrofismo, é todo e qualquer movimento


realizado a partir de pressões advindas da região localizada sobre o magma da Terra.
Aqueles processos de duração longa (sob o ponto de vista do tempo geológico) são
chamados de epirogênese e aqueles de curta duração são chamados de orogênese.

327

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Quando as pressões dos movimentos das placas tectônicas ocorrem no sentido
vertical, os blocos terrestres sofrem levantamentos, abaixamentos ou fraturas e falhas.
Quando as pressões internas ocorrem no sentido vertical, formam-se os dobramentos e
os enrugamentos (formando as cadeias de montanhas). Na formação dos levantamentos
e abaixamentos, ocorrem os terremotos; nas fraturas e falhas, ocorre a ação do
vulcanismo.
Dentre as paisagens formadas pelo tectonismo, temos as montanhas, os platôs, os
continentes e as cordilheiras.

• Abalos sísmicos: estão diretamente ligados à dinâmica tectônica. São gerados


pelo movimento agressivo das massas da crosta interior da Terra ou do manto
terrestre, resultante de abruptas acomodações das camadas rochosas. Podem ser
resultantes do choque entre duas placas que se encontram (movimentos
convergentes), do afastamento entre elas (movimentos divergentes) ou quando
placas vizinhas movimentam-se lateralmente, raspando uma na outra (movimentos
transformantes).

• Vulcanismo: são atividades de erupção do magma localizado no interior da Terra


em direção à superfície. Esse material quente e pastoso costuma encontrar
brechas para a sua ascensão nas zonas de encontro entre duas placas tectônicas,
onde existem falhas e fraturas que permitem a sua passagem.

Dos agentes endógenos de transformação do relevo, o vulcanismo é o que provoca


mudanças na superfície de forma mais rápida, através da ação do magma sobre os solos,
mas também atua de forma lenta, durante a formação dos próprios vulcões, o que leva
milhares de anos para acontecer.

Geralmente, os solos localizados em regiões vulcânicas, ou cuja origem remonta a


atividades vulcânicas em tempos pretéritos, costumam ser extremamente férteis, em
virtude da quantidade de minerais que são liberados durante as erupções.

328
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Agentes externos
Os Agentes externos ou exógenos, também chamados de esculpidores, são
responsáveis pela erosão (desgaste) e sedimentação (deposição) do solo. Eles são
ocasionados pela ação de elementos que se encontram sobre a superfície, como os
ventos, as águas e os seres vivos.
O agente externo mais atuante sobre a transformação dos solos é a água, seja de
origem pluvial (chuvas), seja de origem fluvial (rios e lagos), ou até de origem nível
(derretimento do gelo). A ação das águas também pode ser dividida em fluvial, marinha e
glacial. A água provoca transformação e modelagem dos solos e contribui para a
formação de processos erosivos.

A erosão pluvial ocorre pela ação das águas da chuva, que contribuem para o
processo de lixiviação (lavagem da camada superficial) dos solos. Forma também alguns
“caminhos” ocasionados pela força das enxurradas. Quando mais profundos esses
caminhos podem contribuir para a formação de ravinas (erosões mais profundas) e

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


voçorocas (quando a erosão é muito grande ou quando ela atinge o lençol freático).

A erosão fluvial acontece pela ação dos cursos d’água sobre a superfície,
modelando a paisagem e transportando sedimentos. Podemos dizer que são os próprios
rios que constroem os seus cursos, pois ao longo dos anos, as correntes de água vão
desgastando o solo e formando os seus próprios caminhos, que vão se aprofundando
conforme a força dos cursos dos rios vai erodindo o solo.

A erosão fluvial é causada, também, quando a retirada da mata ciliar provoca


danos sobre as encostas dos rios, que ficam mais frágeis e cedem à pressão das águas.

A erosão marinha é aquela provocada pela ação das águas do mar sobre a
superfície, provocando o desgaste das formações rochosas litorâneas. Tal processo é
lento e gradual, contribuindo para a erosão das costas altas (abrasão marinha) e pela
deposição de sedimentos nas costas mais baixas. Contribui também para a modelagem
do relevo litorâneo, com as falésias, restingas, tômbolos e praias.

A erosão glacial é provocada pelo derretimento de geleiras localizadas em regiões


montanhosas e de elevadas altitudes, que formam cursos d’água que modelam a
superfície por onde passam. Outra forma de ação é o congelamento dos solos, que se
rompe com a “quebra” das geleiras.

Outro importante agente externo são os ventos, que atuam no relevo também em
um processo lento e gradual, esculpindo as formações rochosas e transportando os
sedimentos presentes no solo em forma de poeira. A ação dos ventos sobre o relevo é
também chamada de erosão eólica.

329

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Além dos processos erosivos, há também o intemperismo, que é resultante da
ação de transformações físicas, químicas e biológicas sobre os solos. Esse processo
também é conhecido como meteorizarão e é responsável pela desintegração e
decomposição dos solos e das rochas.

O intemperismo físico é causado pelas variações climáticas, que podem provocar a


desintegração das rochas, algo comum em regiões extremamente secas ou desérticas. Já
o intemperismo químico ocorre em função da ação das águas e da umidade sobre a
superfície, ocasionando a destruição da base original dos solos.

• Falhas e dobramentos

Os variados tipos de relevos existentes no planeta são resultados de uma série de


agentes modeladores que podem ser internos ou externos. No caso das dobras e falhas,
são agentes internos ou endógenos, provenientes de movimentos ocorridos nas placas
litosferas. As dobras, chamadas também de dobramentos, se constituem a partir de
gigantescas pressões que acontecem de maneira horizontal, exercendo uma grande força
sobre rochas de composições mais frágeis, como por exemplo, as sedimentares, esse
fenômeno propicia o enrugamento do relevo. Temos vários exemplos no mundo de
cadeias de montanhas que emergiram em decorrência das dobras e dobramentos, das
quais podemos citar: a cordilheira do Himalaia, na Ásia; os Alpes, na Europa, e a
cordilheira dos Andes, na América do Sul.·.
Já as falhas, ou falhamentos, são formadas a partir de movimentos provocados por
enormes pressões que sucedem de maneira vertical e horizontal, exercendo uma grande
força sobre rochas mais sólidas e rígidas, como por exemplo, as cristalinas. Na execução
do fenômeno, formam rupturas ou fendas nas extensões das rochas. Com isso, acontece
o deslizamento entre as rochas. Tais movimentos são responsáveis pelo surgimento de
escarpas e vales. As falhas podem surgir também em locais onde acontecem encontros
de placas litosféricas.

330
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Formas de relevo
A superfície terrestre é composta por irregularidades e por isso apresenta-se de
forma diferente em todo o planeta. Essas modificações são causadas especialmente
pelos agentes modeladores do relevo que agem internamente (interior da Terra) ou
externamente (fora do interior da Terra).
O relevo pode ser definido como o conjunto de formas apresentadas na superfície
terrestre. No mundo, existem diversos tipos de relevo, porém os principais são: as
planícies, os planaltos, as depressões e as montanhas.

As planícies correspondem às superfícies relativamente planas. Ocorrem


fundamentalmente por meio de acumulação de sedimentos, sendo lugares desprovidos
de grandes processos erosivos. Podem ser formadas quando há o acumulo de
sedimentos, transportados por rios; nesse caso a planície é do tipo aluvial. Quando a
planície é formada por sedimentos oriundos do transporte de águas marítimas, é

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


denominada de planície do tipo costeira. Quando um lago é soterrado, a planície é
denominada de lacustres. E, por fim, no caso de transporte de sedimentos por meio dos
ventos, a planície é do tipo eólica.

Os planaltos apresentam configuração de superfície ondulada ou topografia


acidentada. Em áreas de relevo do tipo planalto, as altitudes não ultrapassam os 300
metros acima do nível do mar. A formação dos planaltos possui duas origens: sedimentar
ou cristalina. Esse tipo de relevo passa por constantes processos erosivos.

As depressões correspondem a um tipo de relevo que possui superfície localizada


abaixo das áreas vizinhas ou ao redor. Existem dois tipos de depressão: absoluta ou
relativa. As depressões do tipo absolutas são aquelas que estão abaixo do nível do mar, e
as planícies relativas são aquelas que estão acima do nível do mar.

331

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Geologia Ambiental
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais / Serviço Geológico do Brasil -
CPRM/SGB tem disponibilizado seus recursos humanos, tecnológicos e operacionais
para atender às demandas da sociedade brasileira relativas ao conhecimento do meio
físico, participando de projetos e estudos sobre geologia ambiental, em parcerias com
órgãos de planejamento federais, estaduais e municipais; entidades públicas e privadas;
organizações não governamentais e instituições acadêmicas.
Os estudos sobre geologia ambiental têm por objetivo incentivar a aplicação do
conhecimento das ciências geológicas no desenvolvimento de estudos, novos métodos e
tecnologias a serviço da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida da
população. Nesse sentido, vêm sendo desenvolvidas, de forma sistemática, linhas de
ação com enfoque na análise e redução de danos e perdas provocados por desastres
naturais (em especial desertificação, escorregamentos e inundações); na avaliação de
anomalias geoquímicas em sedimento de fundo, água e solo e possíveis associações
com problemas de saúde pública; e na análise e remediação de impactos ambientais
promovidos pela atividade mineral por meio de subsídios à execução de planos de
recuperação de áreas degradadas pela mineração.

Dentre os estudos geológico-ambientais destacam-se os seguintes projetos:

• APA Carste Lagoa Santa


• Atlas Geoambiental: Subsídios ao Planejamento Territorial e à Gestão Ambiental
da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape
• Atlas Geoquímico do Vale do Ribeira
• Informações do Meio Físico da Região Metropolitana do Recife
• Mapas Geoambientais
• Plano Diretor de Mineração da Região Metropolitana de Porto Alegre - RS
• Programa de Interação com Municípios da Amazônia - PRIMAZ - Monte Alegre
• Programa de Interação com Municípios da Amazônia - PRIMAZ - Presidente
Figueiredo
• Projeto APA SUL RMBH - Estudos do Meio Físico
• Projeto Porto Seguro - Santa Cruz Cabrália
• Projeto Rio de Janeiro
• Sistema de Informações Geoambientais da Região Metropolitana do Recife

332
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exercícios:

1) Foi na mesma era, a ________________, que ocorreu o surgimento dos atuais


continentes e da espécie humana, porém em períodos diferentes. A fragmentação das
terras emersas, tais quais nós as conhecemos agora, formaram-se no período
_______________, há 71 milhões de anos, enquanto os primeiros humanos surgiram
somente no ______________, há cerca de 1 milhão de anos.

2) Leia o texto abaixo e assinale o que for correto.


Já em 1620, o inglês Sir Francis Bacon registrava a similaridade entre o contorno
litorâneo da África ocidental e o do leste da América do Sul. Mas apenas em 1912, o
geólogo alemão Alfred Wegener formulou a hipótese da deriva continental, baseando-se
em algumas evidências fósseis e semelhanças entre as estruturas de relevo.
(MAGNOLI, D. Geografia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.p.30.).
O texto refere-se à hipótese, mais tarde comprovada, da deriva continental, que consiste:

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


a) na transformação dos continentes a partir da ação erosiva das águas dos mares e dos
oceanos.
b) na teoria de que um dia os continentes formaram um único conjunto de terras emersas,
denominado “Pangeia”.
c) na teoria de que a Terra é um sistema estático e que a posição atual dos continentes
evidencia esse fato.
d) no postulado de que as placas tectônicas encontra-se em constante movimento, que
será responsável por unir todos os continentes daqui a alguns milhões de anos.
e) na junção de ilhas oceânicas que, após milhões de anos, deu origem aos continentes.

3) (UEM) Sobre o planeta Terra, sua idade e evolução assinalem V ou F.


a) ( ) A Terra se originou há, aproximadamente, 9,6 bilhões de anos, juntamente ao início
da formação do universo. As primeiras formas de vida na Terra surgiram na Era
Mesozoica. Atualmente, encontramo-nos na Era Paleozóica, no período Cretáceo. .
b) ( ) O tempo geológico é dividido em Íons, Eras, Períodos e Épocas. A sua
sistematização cronológica é conhecida como escala de tempo geológico. A partir dessa
sistematização, foi possível estabelecer uma sucessão de eventos desde o presente até a
formação da Terra. .
c) ( ) A deriva dos continentes iniciou-se na Era Cenozóica, por volta de 100 mil anos
atrás, quando só existia um único continente chamado de Gondwana. Posteriormente, no
Holoceno, esse continente se dividiu em cinco outros continentes, chegando à
configuração atual.

4) O movimento ocasionado pelo choque entre as Placas Tectônicas de Nazca e Sul-


Americana ocasionou o surgimento?

333

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


5) Assinale a alternativa que apresenta somente consequências dos movimentos das
Placas Tectônicas:
a) dobramentos modernos, falhas geológicas, vulcanismo, cadeias montanhosas.
b) escudos cristalinos, bacias sedimentares, terremotos, planaltos.
c) planaltos, falhas geológicas, bacias sedimentares, cadeias montanhosas.
d) falhas geológicas, vulcanismo, sedimentação, dobramentos modernos.
e) vulcanismo, cadeias montanhosas, escudos cristalinos, bacias sedimentares.

6) O que são agentes transformadores do relevo?

7) Explique os que são agentes internos e dê exemplos.

8) Quais são os principais agentes externos e como ocorre o processo de cada um.

9)Como são formadas as dobras? Qual é o tipo de agente transformador que ela é
classificada?

10) Como são formadas as falhas e quais os tipos?

11) O que é relevo?

12) Diferencie: Planalto, Planície e Depressão.

334
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Cartografia Básica

• Elementos de Representação Cartográfica

Para o IBGE, a representação, numa simples folha de papel, da superfície


terrestre, em dimensões reduzidas, é preciso associar os elementos representáveis a
símbolos e convenções.
As convenções cartográficas abrangem símbolos que, atendendo às exigências da
técnica, do desenho e da reprodução fotográfica, representam de modo mais expressivo,
os diversos acidentes do terreno e objetos topográficos em geral. Elas permitem ressaltar
esses acidentes do terreno, de maneira proporcional à sua importância, principalmente
sob o ponto de vista das aplicações da carta.
Outro aspecto importante é que, se o símbolo é indispensável é determinada em

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


qualquer tipo de representação cartográfica, a sua variedade ou a sua quantidade acha-
se, sempre, em função da escala do mapa.
É necessário observar, com o máximo rigor, as dimensões e a forma característica
de cada símbolo, a fim de se manter, sobretudo, a homogeneidade que deve predominar
em todos os trabalhos da mesma categoria.

Então, se uma carta ou mapa é a representação dos aspectos naturais e artificiais


da superfície da Terra, toda essa representação só pode ser convencional, isto é, através
de pontos, círculos, traços, polígonos, cores, etc.
Deve-se considerar também outro fator, de caráter associativo, ou seja, relacionar
os elementos a símbolos que sugiram a aparência do assunto como este é visto pelo
observador, no terreno.
A posição de uma legenda é escolhida de modo a não causar dúvidas quanto ao
objeto a que se refere. Tratando-se de localidades, regiões, construções, obras públicas e
objetos congêneres, bem como acidentes orográficos isolados, o nome deve ser lançado,
sem cobrir outros detalhes importantes. As inscrições marginais são lançadas
paralelamente à borda sul da moldura da folha, exceto as saídas de estradas laterais.
A carta ou mapa tem por objetivo a representação de duas dimensões, a primeira
referente ao plano e a segunda à altitude. Desta forma, os símbolos e cores
convencionais são de duas ordens: planimétricos e altimétricos.

335

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Planimetria

De acordo com CORDINI (2004), a planimetria é a parte da topografia que estuda


os métodos e procedimentos que serão utilizados para a representação do terreno.
Adotando-se uma escala adequada, todos os pontos de interesse são projetados
ortogonalmente sobre um plano, sem a preocupação com o relevo.
Para o IBGE, a representação planimétrica pode ser dividida em duas partes, de
acordo com os elementos que cobrem a superfície do solo, ou seja, físicos ou naturais e
culturais ou artificiais.
Os primeiros correspondem principalmente à hidrografia e vegetação, os segundos
decorrem da ocupação humana, sistema viário, construções, limites político ou
administrativo, etc.

• Hidrografia

Conforme o IBGE, a representação dos elementos hidrográficos é feita, sempre


que possível, associando-se esses elementos a símbolos que caracterizem a água, tendo
sido o azul a cor escolhida para representar a hidrografia, alagados (mangue, brejo e área
sujeita a inundação), etc.

Curso d’água Intermitente

Lago ou Lagoa Intermitente

Terreno Sujeito a Inundação

Brejo ou Pântano

Poço ou Nascente

Cataratas Grandes

Cataratas

Rocha Submersa e a Descoberto

Molha e represa

Ancoradouro Rio Seco

Recife Rochoso

336
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Vegetação

Como não poderia deixar de ser, a cor verde é universalmente usada para
representar a cobertura vegetal do solo. Na folha 1:50.000, por exemplo, as matas e
florestas são representadas pelo verde claro. O cerrado e caatinga, o verde reticulado, e
as culturas permanentes e temporárias, outro tipo de simbologia, com toque Figurativo.

Mata Floresta, Cerrado, Caatinga.

Culturas: Permanente, Temporária.

Mangue

Arrozal: terreno Seco, Úmido.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


• Limites Políticos/Administrativos/Áreas Especiais

O território brasileiro é subdividido em Unidades Político-Administrativas


abrangendo os diversos níveis de administração: Federal, Estadual e Municipal. A esta
divisão denomina-se Divisão Político- Administrativa.
Essas unidades são criadas através de legislação própria (lei federais, estaduais e
municipais), na qual estão discriminadas sua denominação e informações que definem o
perímetro da unidade.
A Divisão Político-Administrativa é representada nas cartas e mapas por meio de
linhas convencionais (limites) correspondentes a situação das Unidades da Federação e
Municípios no ano da edição do documento cartográfico
Área especial é a área legalmente definida subordinada a um órgão público ou
privado, responsável pela sua manutenção, onde se objetiva a conservação ou
preservação da fauna, flora ou de monumentos culturais, a preservação do meio ambiente
e das comunidades indígenas. Principais tipos de Áreas Especiais:

- Parques Nacional, Estadual e Municipal


- Reservas Ecológicas e Biológicas
- Estações Ecológicas
- Reservas Florestais ou Reservas de Recursos
- Áreas de Relevante Interesse Ecológico
- Áreas de Proteção Ambiental
- Áreas de Preservação Permanente

337

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


- Monumentos Naturais e Culturais
- Áreas, Colônias, Reservas, Parques e Terras Indígenas.

Internacional

Estadual

Municipal

Áreas Especiais

• Sistema Viário

No caso particular das rodovias, sua representação em carta não traduz sua
largura real uma vez que a mesma rodovia deverá ser representada em todas as cartas
topográficas desde a escala 1:250.000 até 1:25.000 com a utilização de uma convenção.
Assim sendo, a rodovia será representada por símbolos que traduzem o seu tipo,
independente de sua largura física. As rodovias são representadas por traços e/ou cores
e são classificadas de acordo com o tráfego e a pavimentação. Essa classificação é
fornecida pelo DNER e DERs, seguindo o Plano Nacional de Viação (PNV).
Uma ferrovia é definida como sendo qualquer tipo de estrada permanente, provida
de trilhos, destinada ao transporte de passageiros ou carga. Devem ser representadas
tantas informações ferroviárias quanto o permita a escala do mapa, devendo ser
classificadas todas as linhas férreas principais. São representadas na cor preta e a
distinção entre elas é feita quanto à bitola. São representados ainda, os caminhos e
trilhas.

338
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As rodovias e ferrovias são classificadas da seguinte forma:

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Figura 1: Legenda sistema viário

• Infraestrutura

As redes de infraestrutura são representadas por símbolos característicos que as


identificam. Nesta categoria, estão inseridas as redes de energia, tubulações, telefonia,
campos, equipamentos de serviços públicos, equipamentos industriais, de transportes,
etc.

Figura 2: Legenda Infraestrutura

339

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Edificações

Compreende os equipamentos e as construções urbanas e rurais, como: áreas de


lazer, campos, cemitérios e edificações residenciais, comerciais e industriais.

Figura 3: Legenda Edificações

• Altimetria

É a parte da topografia que estuda a representação do relevo. A altimetria


descreve a altitude de um ponto com relação à origem do sistema de coordenadas
utilizado no mapa.

Figura 4: Representação altimétrica (Garcia 1984)

340
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Representação do Terreno

Existem vários procedimentos para se representar o terreno em planta; não


mencionaremos aqui aqueles destinados à representação planimétrica. Neste momento o
interesse está centrado na representação altimétrica do terreno que, usualmente pode ser
levada a efeito usando-se dois procedimentos consagrados: através dos pontos cotados e
das curvas de nível.
A cor da representação da altimetria do terreno na carta é, em geral, o sépia. A
própria simbologia que representa o modelado terrestre (as curvas de nível) é impressa
nessa cor. Os areais representados por meio de um pontilhado irregular também são
impressos, em geral, na cor sépia. À medida que a escala diminui, acontece o mesmo
com os detalhes, mas a correspondente simbologia tende a ser tornar mais complexa. Por
exemplo, na Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo (CIM), o relevo, além das

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


curvas de nível, é representado por cores hipsométricas, as quais caracterizam as
diversas faixas de altitudes.

• Representação por Pontos Cotados

Este é o procedimento mais simples; após o cálculo das alturas de todos os pontos
de interesse do terreno, os mesmos são lançados em planta através de suas
coordenadas topográficas (X;Y) ou UTM (N;E) registrando-se ao lado do ponto, o número
correspondente a sua altura relativa (cota) ou absoluta (altitude) (figura 1).
No sistema de pontos cotados, os diversos pontos do terreno são projetados
ortogonalmente sobre um plano de referência (cotas) ou sobre a superfície de referência.
(altitudes). O conjunto de pontos projetados constitui a projeção horizontal que,
reduzida a uma escala adequada, se distribuem sobre o papel, substituindo a situação 3D
(espaço) por uma 2D (projeção).

Figura 5: Ponto Cotado

341

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Representação por Curvas de Nível

Para o IBGE, o método, por excelência, para representar o relevo terrestre, é o das
curvas de nível, permitindo ao usuário, ter um valor aproximado da altitude em qualquer
parte da carta.
A curva de nível constitui uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos
de referida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície
da referência, geralmente o nível médio do mar.
Com a finalidade de ter a leitura facilitada, adota-se o sistema de apresentar dentro
de um mesmo intervalo altimétrico, determinadas curvas, mediante um traço mais grosso.
Tais curvas são chamadas "mestras", assim como as outras, denominam-se
"intermediárias".

Figura 6 : Representação por curvas de nível

Os planos horizontais de interseção são sempre paralelos e equidistantes e a


distância entre um plano e outro se denomina Equidistância Vertical.

342
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Segundo DOMINGUES (1979), a equidistância vertical das curvas de nível varia
com a escala da planta e recomendam-se os valores da tabela abaixo.

Escala Equidistância Escala Equidistância

1:500 0,5m 1:100000 50,0m

1:1000 1,0m 1:200000 100,0m

1:2000 2,0m 1:250000 100,0m

1:10000 10,0m 1:500000 200,0m

1:25000 10,0m 1:1000000 200,0m

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


1:50000 25,0m 1:10000000 500,0m

Principais Características das Curvas de Nível


a) As curvas de nível tendem a ser quase que paralelas entre si.
b) Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma elevação.
c) Cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma.
d) As curvas de nível nunca se cruzam, podendo se tocar em saltos d'água ou
despenhadeiros.
e) Em regra geral, as curvas de nível cruzam os cursos d'água em forma de "V",
com o vértice apontando para a nascente.
f) A maior declividade (d%) do terreno ocorre no local onde as curvas de nível são
mais próximas e vice-versa.

343

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Figura 7: Representação por curva de nível

• Representação por Cores hipsométricas

Nos mapas em escalas pequenas,


além das curvas de nível, adotam-se para
facilitar o conhecimento geral do relevo,
faixas de determinadas altitudes em
diferentes cores.

Figura 8: Mapa Hipsométrico

344
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Relevo Sombreado

O sombreado executado diretamente em função das curvas de nível é uma


modalidade de representação do relevo.
É executada, geralmente, à pistola e nanquim e é constituída de sombras
contínuas sobre certas vertentes dando a impressão de saliências iluminadas e
reentrâncias não iluminadas.
Para executar-se o relevo sombreado, imagina-se uma fonte luminosa a noroeste,
fazendo um ângulo de 45º com o plano da carta, de forma que as sombras sobre as
vertentes fiquem voltadas para sudeste.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Figura 9: Representação por relevo sombreado

345

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Classificação do Relevo

De posse da planta planialtimétrica de um terreno ou região é possível, segundo


GARCIA e PIEDADE (1984), analisar e classificar o relevo da seguinte forma:

Classificação Relevo

Plano Com desníveis próximos de zero

Ondulado Com desníveis 20m

Movimentado Com elevações entre 20 e 50m

Acidentado Com elevações entre 50 e 100m

Montuoso Com elevações entre 100 e 1000m

Montanhoso Com elevações superiores a 1000m

• Toponímias

De acordo com a CULT, topônimo é um nome próprio de um lugar ou objeto incluindo


os relativos ao relevo, hidrografia, centros populacionais e divisões políticas e
administrativas (também é conhecido por nome geográfico).

Figura 10: Topônimo

346
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Cartografia Temática

Os produtos da cartografia temática são as cartas, mapas ou plantas em qualquer


escala, destinadas a um tema específico.
A representação temática, distintamente da geral, exprime conhecimentos
particulares específicos de um tema (geologia, solos, vegetação, etc.), para uso geral.

A cartografia temática ilustra o fato de que não se podem expressar todos os


fenômenos num mesmo mapa e que a solução é, portanto, multiplicá-los, diversificando-
os. O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com o auxílio de símbolos
qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência, geralmente
extraída dos mapas e cartas topográficas, as informações referentes a um determinado
tema ou fenômeno que está presente ou age no território mapeado.
Os mapas e cartas geológicas, geomorfológicas, de uso da terra e outras,

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


constituem exemplos de representação temática em que a linguagem cartográfica
privilegia a forma e a cor dos símbolos como expressão qualitativa.

Semiologia Gráfica

A Semiologia Gráfica descreve o aspecto visual da dos elementos representados


em um mapa.
De acordo com CASTRO (2004), a tarefa essencial da representação gráfica é
transcrever as três relações fundamentais: de diversidade (), de ordem (O) e de
proporcionalidade (Q), entre objetos.

347

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Métodos de Representação da Cartografia Temática

348
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Representação Seletiva (Qualitativa)

Empregadas para mostrar a presença, a localização e as extensões das


ocorrências dos fenômenos que se diferenciam pela sua natureza.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA

349

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Os fenômenos podem se manifestar em pontos, linhas ou áreas que terão uma
variação com propriedade de perspectiva compatível com a diversidade: a seletividade
visual.

Representação Ordenada

São indicadas quando os fenômenos admitem uma classificação segundo uma


ordem. Os fenômenos podem se manifestar em pontos, linhas ou áreas. No mapa,
utilizamos pontos, linhas ou áreas que terão uma variação visual com propriedade de
perspectiva compatível com a diversidade: a ordem visual.

350
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Representação Quantitativa
Empregadas para evidenciar a relação de proporcionalidade entre os objetos (B é
quatro vezes maior que A). A única variável visual que transcreve corretamente esta
noção é a de tamanho.
Conforme os fenômenos se manifestam em forma de pontos, linhas ou áreas, no
mapa, utilizamos respectivamente, pontos, linhas ou áreas que terão uma variação visual
com propriedade de perspectiva compatível com a diversidade: proporcionalidade visual.
Cartografia Temática X Cartografia Sistemática

Mapeamento Básico Ou Sistemático - Conjunto de operações de mapeamento regular,


e que se destina à edição de cartas para a cobertura sistemáticas de um país ou região, e
ads quais outras cartas ou mapas podem derivar-se.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


Cartografia sistemática Cartografia temática

Mapas topográficos com a representação do terreno Mapas temáticos que representam qualquer tema

Atendem a uma ampla diversidade de propósitos Atendem usuários específicos

Podem ser utilizados por muito tempo Geralmente os dados são superados com rapidez

Não requerem conhecimento específico para sua Requerem conhecimento específico para sua
compreensão. Leitura simples compreensão. Interpretação complexa.

Elaborados por pessoas especializadas em Geralmente elaborados por pessoas não


cartografia especializadas em cartografia.

Utilizam cores de acordo com a convenção Utiliza cores de acordo com as relações entre os
estabelecida para mapas topográficos dados que apresenta

Uso generalizado de palavras e números para Uso de símbolos gráficos, especialmente planejados
mostrar os fatos para facilitar a compreensão de diferenças
quantitativas e qualitativas.

Sempre servem de base para outras Raramente servem de base para outras
representações. representações

Exercicios:

1) Quaissãooselementosprimordiais para a correta leitura dos mapas?

351

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


2) Explique a relação do tamanho de uma escala com a área representada e o nível de
detalhamento dos mapas.
3) Sobre a posição geográfica do Brasil, responda:
a) Quais os paralelos especiais que cortam o território nacional? Quais os Estados
por eles atravessados?
b) Quais as consequências geográficas desse fato?
4) Caracteriza mapa sistemático e dê exemplos do seu uso.
5) Caracterize mapa temático e dê exemplos do seu uso.
6) Qual a diferença entre mapa, carta e planta?
7) Sobre curvas de nível, responda:
a) O que são curvas de nível?
b) Qual o seu uso?
c) Quais os erros que não podem existem em uma representação em curvas de
nível?
8) Trace o perfil topográfico, do corte AB abaixo:

9) Esclareça o quesãogeotecnologias e comosãoutilizadas no estudo do espaço


geográfico.

352
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Bibliografia

ASSUMPÇÃO, Marcelo & DIAS NETO, Coriolano M. Sismicidade e estrutura


interna da Terra. In: TEIXEIRA, Wilson et al. org. Decifrando a Terra. São
Paulo: Oficina de Textos, 2000. 568p. il. p. 47-50.

BAUMAN, Ammy. Núcleo e crosta terrestres. Trad. Carolina Caíres Coelho.


Barueri (SP): Girassol, 2008. 29 p. il. (Planeta Terra)

DICIONÁRIO Livre de Geociências. www.dicionario.pro.br. Acessado em


29.07.2009
www.igc.usp.br
OLIVEIRA, Cêuriode. Dicionário Cartográfico. IBGE, Rio de Janeiro, 1993. 645
p.

GEOLOGIA GERAL E CARTOGRAFIA


OLIVEIRA, Cêuriode. Curso de Cartografia Moderna. IBGE, Rio de Janeiro,
1993.

ROBINSON, A. et al. ElementsofCartography. : JOHN WILEY & SONS ING,


1978.

RAISZ, E. Cartografia geral. Rio de Janeiro, Ed. Científica, 1964.

353

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


354
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

MANEJO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
E USO DO SOLO
CURSO TÉCNICO MEIO AMBIENTE

DISCIPLINA: MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO

ETAPA: PRIMEIRA

CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 AULAS

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 04 AULAS

HABILIDADES:
 Sistematizar o processo de destinação dos resíduos sólidos;
 Classificar os resíduos segundo as normas da ABNT;
 Elaborar fluxogramas de processos de sistemas para identificação de pontos de
geração de resíduos;
 Compreender as etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos;
 Mostrar a importância do gerenciamento de resíduos do setor publico e privado;
contribuir para analise critica quanto aos diversos tipos de resíduos;
 Compreender as consequências do uso e manejo inadequado do solo sobre a
capacidade do mesmo em cumprir com suas funções agroecológicas;
 Conhecer técnicas de controle da degradação e de recuperação de solos
degradados;
 Conhecer a legislação Brasileira referente ao uso e manejo de solos.

DISTRITUIÇÃO DE PONTOS:

1º NOTA DATA 2º NOTA DATA


BIMESTRE BIMESTRE

BIMESTRAL 20,0 SEMESTRAL 30,0

TRABALHO 10,0 MOSTRA 10,0

ATIV. 1 5,0 ATIV. 1 10,0

ATIV. 2 5,0 ATIV. 2 10,0

Objetivo: Conhecer as principais fontes de resíduos, identificando os sistemas de


mitigação e geração de resíduos assim como correlacionar custoX beneficio conhecendo
os processos de gerenciamento e destinação final, relacionar tecnologias de tratamento
que atendem adequadamente os requisitos legais quanto à gestão.
Planejar o uso e manejo do solo estudando a degradação física, química e biológica do
solo e sua conservação, desenvolvendo sistemas de manejo do solo.

356
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PROGRAMAÇÃO
1ºMÓDULO
 Cenário dos Resíduos Sólidos no Brasi;l
 A mudança de paradigma na gestão dos resíduos sólidos urbanos;
 Legislação brasileira de resíduos sólidos e utilização do solo;
 Gestão e manejo integrados de resíduos sólidos;
 Degradação física, química e biológica do sol;
 Erosão do solo;
 Praticas de controle de erosão;
 Praticas de controle de erosão;

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


 Histórico e conceitos: rotação e sucessão de culturas;

2º MÓDULO
 Plano de gerenciamento integrado dos serviços de limpeza urbana;
 Tratamento de resíduos- classificação;
 Caracterização e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos;
 Coleta seletiva- compostagem e reciclagem;
 Processo de destinação do lixo;
 Aterros sanitários do licenciamento a operação;
 Aterro controlado como solução paliativa;
 Resíduos de saúde;
 Resíduos tóxicos;

357

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


INTRODUÇÃO
DENIFIÇÃO DE SANEAMENTO
As diversas atividades realizadas pelo homem nas cidades, seja no comércio, em
suas casas ou na indústria, geram esgoto e lixo, e devido à falta de controle ambiental, há
poluição do solo, dos rios e do ar.
Sendo assim, conforme a definição de saneamento, o seu objetivo é proteger a
saúde pública e o meio ambiente das ações realizadas pelo homem no seu dia a dia.
Modernamente, saneamento não é somente os sistemas de infraestrutura física (obras de
saneamento) como as canalizações de abastecimento de água ou as canalizações de
coleta de esgotos sanitários.

Trata-se também das leis e normas técnicas relacionadas, acrescentando a


educação ambiental.
Veja os tópicos que abrangem o saneamento (modificado de HELLER et al., 1995):
• Abastecimento de água e tratamento de água;
• coleta e transporte de esgotos sanitários e tratamento;
• drenagem urbana: coleta de águas da chuva e obras para contenção das inundações;
• sistema de limpeza urbana: gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;
• controle de vetores (insetos, roedores) de doenças.
Nesta apostila, estudaremos uma parte do saneamento que trata do sistema de limpeza
urbana, ou seja, as questões relacionadas ao “lixo” urbano.

POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE


O termo poluição vem do verbo latino polluere, que significa sujar; um conceito
moderno e mais abrangente sobre poluição se refere a tudo que ocorre com o meio e que
altera suas características originais (VON SPERLING, E. & MÖLLER, 1995).
A poluição está ligada à limpeza urbana quando não há controle da gestão do
“lixo”, ou seja, lançamento de lixo nas ruas, no solo, nos rios, havendo modificações do
meio.
Para o controle da poluição, existem algumas leis e normas que estabelecem
alguns padrões a serem obedecidos pela indústria e pelo município, sobre o lançamento
de poluentes na natureza. Quando esses padrões estabelecidos na legislação são
ultrapassados, são dadas penalidades a quem poluiu o meio ambiente.

GERAÇÃO DE RESÍDUOS
Um dos maiores problemas enfrentados atualmente pela sociedade é a destinação
dos resíduos gerados pela população, devido a vários fatores, tais como o aumento do
consumo, o surgimento de novas tecnologias e ainda um relevante descaso em relação
às questões ambientais, a geração crescente e diversificada de resíduos sólidos e a
necessidade de disposição final.
O “lixo” tornou-se um dos mais sérios problemas ambientais enfrentados
indistintamente por países ricos e industrializados e pelas sociedades em
desenvolvimento.

358
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
LIXO E SAÚDE PÚBLICA
A saúde pública objetiva o estudo e o levantamento dos problemas que levam aos
agravos da saúde e da qualidade de vida da população, considerando os sistemas
socioeconômico, cultural e ambiental (PHILIPPI JR. & MALHEIROS, 2005).
O Brasil é um país onde a saúde da população é agravada pelas doenças
transmitidas ao homem pela falta de saneamento: água imprópria para o consumo
humano devido à contaminação por esgotos sanitários ou lixo.
A população, ao beber esta água contaminada, adquire algumas doenças. Logo, a
falta de saneamento afeta a saúde do homem.
Segundo a Agenda 21 “aproximadamente 5,2 milhões – incluindo 4 milhões de
crianças – morrem por ano de doenças relacionadas com o lixo [...] Globalmente, o
volume do lixo municipal produzido deve dobrar até o final do século XX e dobrar
novamente antes do ano de 2025” (RIBEIRO & MORELLI, 2009, p. 5).

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Uma das doenças mais conhecidas pela falta de saneamento é a diarréia, que é
provocada pela ingestão de água e alimentos contaminados.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “a cada 20 segundos uma
criança morre vítima de doenças diarreicas. O que resulta, anualmente, na morte de 1,8
milhões de crianças com menos de cinco anos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Figura 1: Lixo jogado na rua.


Fonte: <http://oglobo.globo.com/fotos/2010/03/25/25_MHG_lixo_angelicabarbosa2.jpg>. Acesso em 24 fev.
2011.

359

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


CAPITULO 1
GESTÃO DE RESIDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25


de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do
Império. Nesse dia, o imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o
contrato de "limpeza e irrigação" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais
tarde, por Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje
denomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.
Dos tempos imperiais aos dias atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram
momentos bons e ruins.
Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em cada cidade
brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada alentadora.
Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos sólidos
não tem merecido a atenção necessária por parte do poder público.
Com isso, compromete-se cada vez mais a já combalida saúde da população, bem
como degradam-se os recursos naturais, especialmente o solo e os recursos hídricos.
A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento é hoje
bastante evidente, o que reforça a necessidade de integração das ações desses setores
em prol da melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Como um retrato desse universo de ação, há de se considerar que mais de 70%


dos municípios brasileiros possuem menos de 20 mil habitantes, e que a concentração
urbana da população no país ultrapassa a casa dos 80%. Isso reforça as preocupações
com os problemas ambientais urbanos e, entre estes, o gerenciamento dos resíduos
sólidos, cuja atribuição pertence à esfera da administração pública local.
As instituições responsáveis pelos resíduos sólidos municipais e perigosos, no
âmbito nacional, estadual e municipal, são determinadas através dos seguintes artigos da
Constituição Federal, quais sejam:
• Incisos VI e IX do art. 23, que estabelecem ser competência comum da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer das suas formas, bem como promover programas de construção de
moradias e a melhoria do saneamento básico;
• Já os incisos I e V do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar sobre
assuntos de interesse local, especialmente quanto à organização dos seus serviços
públicos, como é o caso da limpeza urbana.

Tradicionalmente, o que ocorre no Brasil é a competência do Município sobre a


gestão dos resíduos sólidos produzidos em seu território, com exceção dos de natureza
industrial, mas incluindo-se os provenientes dos serviços de saúde.
No que se refere à competência para o licenciamento de atividades poluidoras e ao
controle ambiental, o art. 30, I, já mencionado, estabelece a principal competência
legislativa municipal, qual seja: "legislar sobre assuntos de interesse local", e dá, assim, o
caminho para dirimir aparentes conflitos entre a legislação municipal, a federal e a
estadual.

360
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O Município tem competência para estabelecer o uso do solo em seu território.
Assim, é ele quem emite as licenças para qualquer construção e o alvará de localização
para o funcionamento de qualquer atividade, que são indispensáveis para a localização,
construção, instalação, ampliação e operação de qualquer empreendimento em seu
território.
Portanto, o Município pode perfeitamente estabelecer parâmetros ambientais para
a concessão ou não destas licenças e alvará. A lei federal que criou o licenciamento
ambiental, quando menciona que a licença ambiental é exigível "sem prejuízo de outras
licenças exigíveis", já prevê a possibilidade de que os municípios exijam licenças
municipais.
A geração de resíduos sólidos domiciliares no Brasil é de cerca de 0,6kg/hab./dia e
mais 0,3kg/hab./dia de resíduos de varrição, limpeza de logradouros e entulhos.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


CAPITULO 2
RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

 Aqueles no estado sólido e semissólido, determinados líquidos *** e lodos


provenientes das estações de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição.

*** cujas peculiaridades tornam inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em
face a melhor tecnologia disponível (ABNT/NBR 10004:2004).
Classificação quanto a origem:
 Doméstico ou Residencial \ Comercial \ Público \ Domiciliar Especial \ Fontes
Especiais

 Resíduos domiciliares especiais: Entulho de Obras\ Pilhas e Baterias\ Lâmpadas


Fluorescentes\ Pneus\ Medicamentos vencidos \ Tintas
 Resíduos de Fontes especiais: Industrial\ Radioativo\ Proveniente de portos,
aeroportos e terminais rodoferroviários \ Agrícola\ Resíduos do Serviço de Saúde

Fatores que influenciam nas características dos resíduos:


 Climáticos\ Épocas Especiais\ Demográficos\ Socioeconômicos

Características dos Resíduos sólidos

Químicas:
 Poder Calorífico: Esta característica química indica a capacidade potencial de um
material desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima.
O poder calorífico médio do lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000kcal/kg.

 Potencial Hidrogeniônico (pH):O potencial hidrogeniônico indica o teor de acidez ou


alcalinidade dos resíduos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.

361

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


 Composição Química: A composição química consiste na determinação dos teores
de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo
mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras.

 Relação Carbono/Nitrogênio(C:N):A relação carbono/nitrogênio indica o grau de


decomposição da matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição
final. Em geral, essa relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.

Biológicas:
 População microbiana

 Agentes Patogênicos

Físicas:
 Geração per Capta: relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada
diariamente e o número de habitantes de determinada região. Muitos técnicos
consideram de 0,5 a 0,8kg/hab./dia como a faixa de variação média para o Brasil.

 Composição Gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em relação ao


peso total da amostra de lixo analisada. Entretanto, muitos técnicos tendem a
simplificar, considerando apenas alguns componentes, tais como papel/papelão;
plásticos; vidros; metais; matéria orgânica e outros.

 Peso específico aparente: é o peso do lixo solto em função do volume ocupado


livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua determinação é
fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações. Na ausência
de dados mais precisos, podem-se utilizar os valores de 230kg/m3 para o peso
específico do lixo domiciliar, de 280kg/m3 para o peso específico dos resíduos de
serviços de saúde e de 1.300kg/m3 para o peso específico de entulho de obras.

 Compressividade: é o grau de compactação ou a redução do volume que uma


massa de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de
4kg/cm², o volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do
seu volume original.

 Teor de umidade: Teor de umidade representa a quantidade de água presente no


lixo, medida em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das
estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de
umidade variando em torno de 40a 60%.

362
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO

363

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Processos de determinação das principais características físicas:
Dos grupos de características apresentados, o mais importante é o das
características físicas, uma vez que, sem o seu conhecimento, é praticamente impossível
se efetuar a gestão adequada dos serviços de limpeza urbana.
Além disso, não são todas as prefeituras que podem dispor de laboratórios (ou de
verbas para contratar laboratórios particulares) para a determinação das características
químicas ou biológicas dos resíduos, enquanto as características físicas podem ser
facilmente determinadas através de processos expeditos de campo, com o auxílio apenas
364
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
de latões de 200 litros, de uma balança com capacidade de pesar até 150kg, de uma
estufa e do ferramental básico utilizado na limpeza urbana.
Os procedimentos práticos apresentados a seguir servem para a determinação do
peso específico, composição gravimétrica, teor de umidade e geração per capita do lixo
urbano.
• Preparo da amostra;
• Determinação do peso específico aparente;
• Determinação da composição gravimétrica;
• Determinação do teor de umidade;
• Cálculo da geração per capita;
• Coletar as amostras iniciais, com cerca de 3m3 de volume, a partir de lixo não
compactado (lixo solto). Preferencialmente, as amostras devem ser coletadas de segunda
a quinta-feira e selecionadas de diferentes setores de coleta, a fim de se conseguir

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


resultados que se aproximem o máximo possível da realidade;
• Colocar as amostras iniciais sobre uma lona, em área plana, e misturá-las com o auxílio
de pás e enxadas, até se obter um único lote homogêneo, rasgando-se os sacos
plásticos, caixas de papelão, caixotes e outros materiais utilizados no acondicionamento
dos resíduos;
• Dividir a fração de resíduos homogeneizada em quatro partes, selecionando dois dos
quartos resultantes (sempre quarto opostos) que serão novamente misturados e
homogeneizados;
• Repetir o procedimento anterior até que o volume de cada um dos quartos seja de pouco
mais de 1 m3;
• Separar um dos quartos e encher até a borda, aleatoriamente, cinco latões de 200 litros,
previamente pesados;
• Retalhar com facões, após o enchimento dos latões, a porção do quarto selecionado que
sobrar, ao abrigo do tempo (evitar sol, chuva, vento e temperaturas elevadas). Encher um
recipiente de dois litros com o material picado e fechar o mais hermeticamente possível;
• Levar para o aterro todo o lixo que sobrar desta operação;
• Pesar cada um dos latões cheios e determinar o peso do lixo, descontando o peso do
latão;
• Somar os pesos obtidos;
• Determinar o peso específico aparente através do valor da soma obtida, expresso em
kg/m³.

DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO APARENTE


• Escolher, de acordo com o objetivo que se pretende alcançar, a lista dos componentes
que se quer determinar;
• Espalhar o material dos latões sobre uma lona, sobre uma área plana;
• Separar o lixo por cada um dos componentes desejados;
• Classificar como "outros" qualquer material encontrado que não se enquadre na listagem
de componentes pré-selecionada;
• Pesar cada componente separadamente;
• Dividir o peso de cada componente pelo peso total da amostra e calcular a composição
gravimétrica em termos percentuais.

365

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE
UMIDADE
• Pesar a amostra de dois litros;
• Colocar seu conteúdo em um forno (preferencialmente uma estufa) a 105ºC por um dia
ou a 75ºC por dois dias consecutivos;
• Pesar o material seco até que os resíduos apresentem peso constante;
• Subtrair o peso da amostra úmida do peso do material seco e determinar o teor de
umidade em termos percentuais.

CÁLCULO DA GERAÇÃO PER CAPITA


• Medir o volume de lixo encaminhado ao aterro, ao longo de um dia inteiro de trabalho;
• Calcular o peso total do lixo aterrado, aplicando o valor do peso específico determinado
anteriormente;
• Avaliar o percentual da população atendida pelo serviço de coleta;
• Calcular a população atendida, aplicando o percentual avaliado sobre o valor da
população urbana do Município (incluir núcleos urbanos da zona rural, se for o caso);
• Calcular a taxa de geração per capita dividindo-se o peso do lixo pela população
atendida.
Para se avaliar corretamente a projeção da geração de lixo per capita é necessário
conhecer o tamanho da população residente, bem como o da flutuante, principalmente
nas cidades turísticas, quando esta última gera cerca de 70% a mais de lixo do que a
população local.
Na inexistência de dados demográficos detalhados podem-se utilizar as projeções
populacionais disponíveis para determinação da produção do lixo com o auxílio da Tabela
10, na qual é estimada uma geração per capita em função do tamanho da população.
O exemplo a seguir esclarece os procedimentos a serem adotados.
Suponha-se que se quer projetar um sistema de limpeza urbana para uma cidade
sem vocação turística, com uma população urbana atual de 50 mil habitantes, que cresce
a uma taxa de 3% ao ano, na qual foi medida uma geração per capita de 530g/hab./dia.

CAPITULO 3
O GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos é, em síntese, o


envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o
propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo,
elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade,
levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos
de resíduos – para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e
ambientalmente corretas –, as características sociais, culturais e econômicas dos
cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.

366
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Para tanto, as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que
envolvem a questão devem se processar de modo articulado, segundo a visão de que
todas as ações e operações envolvidas encontram-se interligadas, comprometidas entre
si.
Para além das atividades operacionais, o gerenciamento integrado de resíduos
sólidos destaca a importância de se considerar as questões econômicas e sociais
envolvidas no cenário da limpeza urbana e, para tanto, as políticas públicas – locais ou
não – que possam estar associadas ao gerenciamento do lixo, sejam elas na área de
saúde, trabalho e renda, planejamento urbano etc.
Em geral, diferentemente do conceito de gerenciamento integrado, os municípios
costumam tratar o lixo produzido na cidade apenas como um material não desejado, a ser
recolhido, transportado, podendo, no máximo, receber algum tratamento manual ou
mecânico para ser finalmente disposto em aterros.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Trata-se de uma visão distorcida em relação ao foco da questão social, encarando
o lixo mais como um desafio técnico no qual se deseja receita política que aponte
eficiência operacional e equipamentos especializados.

O gerenciamento integrado focaliza com mais nitidez os objetivos importantes da


questão, que é a elevação da urbanidade em um contexto mais nobre para a vivência da
população, onde haja manifestações de afeto à cidade e participação efetiva da
comunidade no sistema, sensibilizada a não sujar as ruas, a reduzir o descarte, a
reaproveitar os materiais e reciclá-los antes de encaminhá-los ao lixo.
Por conta desse conceito, no gerenciamento integrado são preconizados
programas da limpeza urbana, enfocando meios para que sejam obtidos a máxima
redução da produção de lixo, o máximo reaproveitamento e reciclagem de materiais e,
ainda, a disposição dos resíduos de forma mais sanitária e universalidade dos serviços.
Essas atitudes contribuem significativamente para a redução dos custos do
sistema, além de proteger e melhorar o ambiente.
O gerenciamento integrado, portanto, implica a busca contínua de parceiros,
especialmente junto às lideranças da sociedade e das entidades importantes na
comunidade, para comporem o sistema.
Também é preciso identificar as alternativas tecnológicas necessárias a reduzir os
impactos ambientais decorrentes da geração de resíduos, ao atendimento das aspirações
sociais e aos aportes econômicos que possam sustentá-lo.
Finalmente, o gerenciamento integrado revela-se com a atuação de subsistemas
específicos que demandam instalações, equipamentos, pessoal e tecnologia, não
somente disponíveis na prefeitura, mas oferecidos pelos demais agentes envolvidos na
gestão, entre os quais se enquadram:
• A própria população, empenhada na separação e acondicionamento diferenciado dos
materiais recicláveis em casa;
• Os grandes geradores, responsáveis pelos próprio rejeitos;
• Os catadores, organizados em cooperativas, capazes de atender à coleta de recicláveis
oferecidos pela população e comercializá-los junto às fontes de beneficiamento;
• Os estabelecimentos que tratam da saúde, tornando-os inertes ou oferecidos à coleta
diferenciada, quando isso for imprescindível;
367

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• A prefeitura, através de seus agentes, instituições e empresas contratadas, que por meio
de acordos, convênios e parcerias exerce, é claro, papel protagonista no gerenciamento
integrado de todo o sistema.
Modelos Institucionais
O sistema de limpeza urbana da cidade deve ser institucionalizado segundo um
modelo de gestão que, tanto quanto possível, seja capaz de:
• Promover a sustentabilidade econômica das operações;
• Preservar o meio ambiente;
• Preservar a qualidade de vida da população;
• Contribuir para a solução dos aspectos sociais envolvidos com a questão.
Em todos os segmentos operacionais do sistema deverão ser escolhidas
alternativas que atendam simultaneamente a duas condições fundamentais:
• Sejam as mais econômicas;
• Sejam tecnicamente corretas para o ambiente e para a saúde da população.

O modelo de gestão deverá não somente permitir, mas sobre tudo facilitar a
participação da população na questão da limpeza urbana da cidade, para que esta se
conscientize das várias atividades que compõem o sistema e dos custos requeridos para
sua realização, bem como se conscientize de seu papel como agente consumidor e, por
consequência, gerador de lixo.
A consequência direta dessa participação traduz-se na redução da geração de lixo,
na manutenção dos logradouros limpos, no acondicionamento e disposição para a coleta
adequados, e, como resultado final, em operações dos serviços menos onerosas.
É importante que a população saiba que é ela quem remunera o sistema, através
do pagamento de impostos, taxas ou tarifas. Em última análise, está na própria população
a chave para a sustentação do sistema, implicando por parte do Município a montagem
de uma gestão integrada que inclua, necessariamente, um programa de sensibilização
dos cidadãos e que tenha uma nítida predisposição política voltada para a defesa das
prioridades inerentes ao sistema de limpeza urbana.
Essas defesas deverão estar presentes na definição da política fiscal do Município,
técnica e socialmente justa, e, consequentemente, nas dotações orçamentárias
necessárias à sustentação econômica do sistema, na educação ambiental e no
desenvolvimento de programas geradores de emprego e renda.
A base para a ação política está na satisfação da população com os serviços de
limpeza urbana, cuja qualidade se manifesta na universalidade, regularidade e
pontualidade dos serviços de coleta e limpeza de logradouros, dentro de um padrão de
produtividade que denota preocupação com custos e eficiência operacional.
A ação política situa-se no envolvimento das lideranças sociais da cidade, de
empresas particulares e de instituições estaduais e federais atuantes no Município com
responsabilidades ambientais importantes.
A instrumentação política concretiza-se na aprovação do regulamento de limpeza
urbana da cidade que legitima o modelo de gestão adotado e as posturas de
comportamento social obrigatórias, assim como as definições de infrações e multas.
O regulamento deverá espelhar com nitidez os objetivos do poder público na
conscientização da população para a questão da limpeza urbana e ambiental.
368
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Formas de administração
A Constituição Federal, em seu art. 30, inciso V, dispõe sobre a competência dos
municípios em "organizar e prestar, diretamente ou sob-regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o transporte coletivo, que tem
caráter essencial".
O que define e caracteriza o "interesse local" é a predominância do interesse do
Município sobre os interesses do Estado ou da União. No que tange aos municípios,
portanto, encontram-se sob a competência dos mesmos os serviços públicos essenciais,
de interesse predominantemente local e, entre esses, os serviços de limpeza urbana.
O sistema de limpeza urbana da cidade pode ser administrado das seguintes
formas:
• Diretamente pelo Município;
• Através de uma empresa pública específica;

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


• Através de uma empresa de economia mista criada para desempenhar especificamente
essa função.

Independentemente disso, os serviços podem ser ainda objeto de concessão ou


terceirizados junto à iniciativa privada.
As concessões e terceirizações podem ser globais ou parciais, envolvendo um ou
mais segmentos das operações de limpeza urbana.
Existe ainda a possibilidade de consórcio com outros municípios, especialmente
nas soluções para a destinação final dos resíduos.

Na concessão, a concessionária planeja, organiza, executa e coordena o serviço,


podendo inclusive terceirizar operações e arrecadar os pagamentos referentes à sua
remuneração, diretamente junto ao usuário/beneficiário dos serviços. As concessões em
geral são objeto de contratos a longo termo que possam garantir o retorno dos
investimentos aplicados no sistema. Mas a grande dificuldade está nas poucas garantias
que as concessionárias recebem quanto à arrecadação e o pagamento dos seus serviços
e na fragilidade dos municípios em preparar os editais de concessão, conhecer custos e
fiscalizar serviços.
A terceirização consolida o conceito próprio da administração pública, qual seja, de
exercer as funções prioritárias de planejamento, coordenação e fiscalização, podendo
deixar às empresas privadas a operação propriamente dita.
É importante lembrar que a terceirização de serviços pode ser manifestada em
diversas escalas, desde a contratação de empresas bem estruturadas com especialidade
em determinado segmento operacional – tais como as operações nos aterros sanitários –,
até a contratação de microempresas ou trabalhadores autônomos, que possam promover,
por exemplo, coleta com transporte de tração animal ou a operação manual de aterros de
pequeno porte.
O consórcio caracteriza-se como um acordo entre municípios com o objetivo de
alcançar metas comuns previamente estabelecidas. Para tanto, recursos – sejam
humanos ou financeiros – dos municípios integrantes são reunidos sob a forma de um
consórcio a fim de viabilizar a implantação de ação, programa ou projeto desejado.
Quaisquer dessas alternativas, ou de suas numerosas combinações possíveis,
devem ser escolhidas com base no binômio baixo custo-técnica correta para o meio
369

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


ambiente, sempre visando a um sistema autossustentável, resistente às mudanças de
governo.
No serviço público delegado a terceiros, através de concessão, o poder
concedente detém a titularidade do serviço e o poder de fiscalização. Isso pressupõe uma
capacitação técnica e administrativa, para executar todos os atos atinentes ao processo,
desde decisões técnicas, elaboração de termos de referência, elaboração de edital e
contrato, até a fiscalização e o controle dos serviços prestados.

CAPITULO 4
RESÍDUOS SÓLIDOS: ORIGEM, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

Definição de lixo e resíduos sólidos

De acordo com o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, "lixo é tudo aquilo que
não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor."
Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os
"restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis
ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido1 ou líquido2, desde
que não seja passível de tratamento convencional."
Normalmente os autores de publicações sobre resíduos sólidos se utilizam
indistintamente dos termos "lixo" e "resíduos sólidos". Neste Manual, resíduo sólido ou
simplesmente "lixo" é todo material sólido ou semissólido indesejável e que necessita ser
removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta em qualquer recipiente
destinado a este ato.
Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do lixo,
pois aquilo que já não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta, para outro
pode se tornar matéria-prima para um novo produto ou processo.
Nesse sentido, a ideia do reaproveitamento do lixo é um convite à reflexão do próprio
conceito clássico de resíduos sólidos.
É como se o lixo pudesse ser conceituado como tal somente quando da
inexistência de mais alguém para reivindicar uma nova utilização dos elementos então
descartados.

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são


quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou
origem.
De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:

CLASSE I OU PERIGOSOS
São aqueles que, em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade,
370
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde
pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos
adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

CLASSE II OU NÃO-INERTES
São os resíduos que podem apresentar características de combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao
meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos
– ou Classe III – Inertes.

CLASSE III OU INERTES


São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde
e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


norma NBR 10.007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada
ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma
NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade da água, da NBR 10.004, excetuando-se os
padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

QUANTO À NATUREZA OU ORIGEM

A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos.


Segundo este critério, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes,
a saber:
• Lixo doméstico ou residencial
• Lixo comercial
• Lixo público
• Lixo domiciliar especial:
- Entulho de obras
- Pilhas e baterias
- Lâmpadas fluorescentes
- Pneus
• Lixo de fontes especiais
- Lixo industrial
- Lixo radioativo
- Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários
- Lixo agrícola
- Resíduos de serviços de saúde

LIXO DOMÉSTICO OU RESIDENCIAL


São os resíduos gerados nas atividades diárias em casas, apartamentos,
condomínios e demais edificações residenciais.

LIXO COMERCIAL
São os resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas características
371

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


dependem da atividade ali desenvolvida.
Nas atividades de limpeza urbana, os tipos "doméstico" e "comercial" constituem o
chamado "lixo domiciliar", que, junto com o lixo público, representam a maior parcela dos
resíduos sólidos produzidos nas cidades.
O grupo de lixo comercial, assim como os entulhos de obras, pode ser dividido em
subgrupos chamados de "pequenos geradores" e "grandes geradores".
O regulamento de limpeza urbana do município poderá definir precisamente os
subgrupos de pequenos e grandes geradores.
Pode-se adotar como parâmetro:
Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120
litros de lixo por dia.
Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um volume
de resíduos superior a esse limite.
Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a pessoa física ou jurídica
que gera até 1.000kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto grande gerador de
entulho é aquele que gera um volume diário de resíduos acima disso.

LIXO DE FONTES ESPECIAIS


São resíduos que, em função de suas características peculiares, passam a
merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte
ou disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais, merecem destaque:

LIXO INDUSTRIAL
São os resíduos gerados pelas atividades industriais. São resíduos muito variados
que apresentam características diversificadas, pois estas dependem do tipo de produto
manufaturado. Devem, portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR 10.004 da
ABNT para se classificar os resíduos industriais: Classe I (Perigosos), Classe II (Não-
Inertes) e Classe III (Inertes).

LIXO RADIOATIVO
Assim considerados os resíduos que emitem radiações acima dos limites
permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o manuseio, acondicionamento e
disposição final do lixo radioativo está a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear
– CNEN.

LIXO DE PORTOS, AEROPORTOS E TERMINAIS RODOFERROVIÁRIOS


Resíduos gerados tanto nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos
de transporte. Os resíduos dos portos e aeroportos são decorrentes do consumo de
passageiros em veículos e aeronaves e sua periculosidade está no risco de transmissão
de doenças já erradicadas no país. A transmissão também pode se dar através de cargas
eventualmente contaminadas, tais como animais, carnes e plantas.

LIXO AGRÍCOLA
Formado basicamente pelos restos de embalagens impregnados com pesticidas e
fertilizantes químicos, utilizados na agricultura, que são perigosos. Portanto o manuseio
destes resíduos segue as mesmas rotinas e se utiliza dos mesmos recipientes e
372
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
processos e pregados para os resíduos industriais Classe I. A falta de fiscalização e de
penalidades mais rigorosas para o manuseio inadequado destes resíduos faz com que
sejam misturados aos resíduos comuns e dispostos nos vazadouros das municipalidades,
ou – o que é pior – sejam queimados nas fazendas e sítios mais afastados, gerando
gases tóxicos.

LIXO PÚBLICO
São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da
natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados
irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis,
papéis, restos de embalagens e alimentos.

LIXO DOMICILIAR ESPECIAL

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias, lâmpadas
fluorescentes e pneus. Observe que os entulhos de obra, também conhecidos como
resíduos da construção civil, só estão enquadrados nesta categoria por causa da grande
quantidade de sua geração e pela importância que sua recuperação e reciclagem vem
assumindo no cenário nacional.
O lixo público está diretamente associado ao aspecto estético da cidade. Portanto,
merecerá especial atenção o planejamento das atividades de limpeza de logradouros em
cidades turísticas.

ENTULHO DE OBRAS
A indústria da construção civil é a que mais explora recursos naturais. Além disso,
a construção civil também é a indústria que mais gera resíduos. No Brasil, a tecnologia
construtiva normalmente aplicada favorece o desperdício na execução das novas
edificações.
Enquanto em países desenvolvidos a média de resíduos proveniente de novas
edificações encontra-se abaixo de 100kg/m2, no Brasil este índice gira em torno de
300kg/m2 edificado.
Em termos quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da
quantidade em peso de resíduos sólidos urbanos coletada em cidades com mais de 500
mil habitantes de diferentes países, inclusive o Brasil.
Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de
materiais inertes, tais como concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros,
metais, cerâmica e terra.

PILHAS E BATERIAS
As pilhas e baterias têm como princípio básico converter energia química em
energia elétrica utilizando um metal como combustível. Apresentando-se sob várias
formas (cilíndricas, retangulares, botões), podem conter um ou mais dos seguintes
metais: chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco
(Zn), manganês (Mn) e seus compostos.
As substâncias das pilhas que contêm esses metais possuem características de
corrosividade, reatividade e toxicidade e são classificadas como "Resíduos Perigosos –
Classe I".
373

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


As substâncias contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata e níquel causam
impactos negativos sobre o meio ambiente e, em especial, sobre o homem. Outras
substâncias presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o manganês e o lítio, embora
não estejam limitadas pela NBR 10.004, também causam problemas ao meio ambiente.

LÂMPADAS FLUORESCENTES
O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes
contém mercúrio. Isso não está restrito apenas às lâmpadas fluorescentes comuns de
forma tubular, mas encontra-se também nas lâmpadas fluorescentes compactas.
As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou
enterradas em aterros sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I,
uma vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou
ingerido, pode causar uma enorme variedade de problemas fisiológicos.
Uma vez lançado ao meio ambiente, o mercúrio sofre uma "bioacumulação", isto é,
ele tem suas concentrações aumentadas nos tecidos dos peixes, tornando-os menos
saudáveis, ou mesmo perigosos se forem comidos freqüentemente. As mulheres grávidas
que se alimentam de peixe contaminado transferem o mercúrio para os fetos, que são
particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos.
A acumulação do mercúrio nos tecidos também pode contaminar outras espécies
selvagens, como marrecos, aves aquáticas e outros animais.

CAPITULO 5
RESIDIOS TOXICOS

PLANO DE GESTÃO INTEGRADO DOS RESÍDUOS DE PILHAS, BATERIAS E


LÂMPADAS.

DEFINIÇÃO DE PILHAS E BATERIAS


PILHAS E BATERIAS
Resolução CONAMA nº 257, de 30-6-1999, Aborda os impactos negativos devido
ao descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e trata de sua disposição final.

No mesmo ano foi aprovada a edição de uma resolução complementar pelo


mesmo órgão nº 263\99, publicada no diário oficial da união a qual incluiu a pilha
miniatura e botão no artigo 6 da resolução nº 257\99.

CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA
 Primarias (descartáveis): Zinco, Alcalina, Lítio, Óxido de mercúrio e Óxido de prata.

 Secundarias (Recarregáveis): Niquel cádmio,Chumbo ácido.

374
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As pilhas recarregáveis são capazes de receber recarga, porém não de maneira
infinita. A validade padrão dessas pilhas depende de seu tipo e do seu bom uso.

As baterias de Níquel Cádmio podem sofrer de um problema chamado "efeito


memória". Quando isso ocorre, a pilha deixa de ser carregada totalmente por sua
composição química dar sinal de que a carga está completa.

EFEITO MEMÓRIA
O efeito memória acontece quando resíduos de carga na pilha induzem a formação
de pequenos blocos de cádmio. A melhor maneira de evitar o problema é não fazer
recargas quando a bateria está parcialmente descarregada. É melhor esperar até a pilha
"ficar fraca" e você não conseguir mais utilizá-la em seu aparelho para então recarregá-la.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Uma pilha descartável, também chamada pilha primária, é uma célula que fornece
corrente elétrica para uma única utilização.

A energia de uma célula primária é guardada eletroquimicamente e uma reação


química provoca a corrente.

As pilhas primárias gastas devem ser eliminadas como lixo especial. Não podem
ser misturadas com o lixo doméstico, mas sim depositadas em recipientes próprios para o
efeito (normalmente existentes em lojas onde se podem comprar pilhas) para serem
eliminadas.

RISCOS ASSOCIADOS:
Uma pilha comum contém, geralmente, três metais pesados: zinco, chumbo e
manganês, além de substâncias perigosas como o cádmio, o cloreto de amônia e o negro
de acetileno. A pilha de tipo alcalina contém também o mercúrio, uma das substâncias
mais tóxicas que se conhece.

DEFINIÇÃO DE LÂMPADAS FLUORESCENTE


LÂMPADAS DE MERCÚRIO
No Brasil não existe legislação federal que abarca os diversos aspectos para o
descarte e disposição de lâmpadas usadas contendo mercúrio.

A lei nº 13.766 de 2000, aborda sobre a disposição final de lâmpadas fluorescentes


emitem luz brilhante sem esquentarem como uma lâmpada comum.
As lâmpadas fluorescentes têm um dos sistemas mais elaborados para excitar os
átomos. Elas produzem muita luz e consomem muito pouca energia. A vida útil média das
lâmpadas pode chegar até 90.000 horas.
COMO FUNCIONA:
Quando você acende a lâmpada, a corrente flui pelo circuito elétrico até os
eletrodos.
Existe uma voltagem considerável através dos eletrodos, então os elétrons migram
através do gás de uma extremidade para a outra.
Esta energia modifica parte do mercúrio dentro do tubo de líquido para gás.

375

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Como os elétrons e os átomos carregados se movem dentro do tubo, alguns deles
irão colidir com os átomos dos gases de mercúrio.

Estas colisões excitam os átomos, jogando-os para níveis de energia mais altos.

Quando os elétrons retornam para seus níveis de energia originais, eles liberam fótons de
luz.

COMO FUNCIONA UMA INCANDESCENTE


Em uma fonte de luz incandescente, como uma lâmpada elétrica comum ou uma
lâmpada a gás (um lampião), os átomos são excitados pelo calor; em um bastão de luz,
os átomos são excitados por uma reação química.

INTERIOR DO TUBO
O elemento principal de uma lâmpada fluorescente é o tubo selado de vidro. Este
tubo contém uma pequena porção de mercúrio e um gás inerte, tipicamente o argônio,
mantidos sob pressão muito baixa.
O tubo também contém um revestimento de pó de fósforo na parte interna do vidro
e dois eletrodos, um em cada extremidade, conectados a um circuito elétrico.
O circuito elétrico, que examinaremos mais tarde, é ligado a uma alimentação de
corrente alternada (CA).

ELEMENTOS E EFEITOS SOBRE O HOMEM


Pb
Chumbo*
• Dores abdominais (cólica, espasmo e rigidez);
• Disfunção renal;
• Anemia, problemas pulmonares;
• Neurite periférica (paralisia);
• Encefalopatia (sonolência, manias, delírio, convulsões e coma);

Hg
Mercúrio
• Gengivite, salivação, diarréia (com sangramento);
• Dores abdominais (especialmente epigástrio, vômitos, gosto metálico)
• Congestão, inapetência, indigestão
• Dermatite e elevação da pressão arterial
• Estomatites (inflamação da mucosa da boca), ulceração da faringe e do esôfago, lesões
renais e no tubo digestivo
• Insônia, dores de cabeça, colapso, delírio, convulsões
• Lesões cerebrais e neurológicas provocando desordens psicológicas afetando o cérebro

Li
Lítio
• Inalação – ocorrerá lesão mesmo com pronto atendimento
• Ingestão – mínima lesão residual, se nenhum tratamento for aplicado

376
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Ag
Prata
• Distúrbios digestivos e impregnação da boca pelo metal
• Argiria (intoxicação crônica) provocando coloração azulada da pele

Cd
Cádmio*
• Manifestações digestivas (náusea, vômito, diarréia)
• Disfunção renal
• Problemas pulmonares
• Envenenamento (quando ingerido)
• Pneumonite (quando inalado)
• Câncer (o cádmio é carcinogênico)

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Ni
Níquel
• Câncer (o níquel é carcinogênico)
• Dermatite
• Intoxicação em geral

Mn
Manganês
• Disfunção do sistema neurológico
• Afeta o cérebro
• Gagueira e insônia

Zn
Zinco
• Problemas pulmonares
• Pode causar lesão residual, a menos que seja dado atendimento imediato
• Contato com os olhos – lesão grave mesmo com pronto atendimento
* Mesmo em pequenas quantidades.

Já existe no mercado pilhas e baterias fabricadas com elementos não tóxicos, que
podem ser descartadas, sem problemas, juntamente com o lixo domiciliar

OS PRINCIPAIS USOS DAS PILHAS E BATERIAS SÃO:


• Funcionamento de aparelhos eletroeletrônicos;
• Partida de veículos automotores e máquinas em geral;
• Telecomunicações;
• Telefones celulares;
• Usinas elétricas;
• Sistemas ininterruptos de fornecimento de energia, alarme e segurança (no break);
• Movimentação de carros elétricos;
• Aplicações específicas de caráter científico, médico ou militar.

377

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


PRINCIPAIS VANTAGENS
 Eficiência luminosa alta,
 Vida útil longa,
 Excelente confiabilidade,
 Consumo de energia baixo.

CLASSIFICAÇÃO DAS LÂMPADAS


Lâmpadas não potencialmente perigosas para o meio ambiente “as
Incandescentes”.
Lâmpadas potencialmente perigosas para o meio ambiente “as Lâmpadas
contendo mercúrio”.
Aplicações dos metais pesados na saúde e no meio ambiente.
A definição encontrada nos dicionários técnicos para metais pesados é a de
elementos químicos com densidade acima de 4 ou 5 g/cm³.
Entre os ecotoxicologistas o termo metal pesado e usado para os metais capazes
de causar danos ao meio ambiente.
A divergência no que se refere aos metais não reside apenas na definição mas na
escolha dos elementos que farão parte desse grupo.
A absorção de metais pesados no organismo humano se dá prioritariamente por
inalação, seguida de ingestão e mais raramente através da pele.
Pelo aparelho respiratório os materiais penetram o organismo através de poeiras e
fumos.
A distribuição, deposição, retenção e absorção dependem das propriedades físico-
químicas.

PROCEDIMENTOS DE ACONDICIONAMENTO
As caixas de deposito, devem ser materiais não condutores de eletricidade
adverte-se para a não utilização de tambores ou contêineres metálicos, de modo a evitar
a formação de curto circuitos e vazamentos precoces da pasta eletrolítica, o que tornará a
manipulação do material mais difícil.
Deverá ser utilizado papelão, papel ou jornal e fitas colantes resistentes para
envolver as lâmpadas, Protegendo-as contra choques.
As lâmpadas quebradas ou danificadas devem ser armazenadas separadamente
das demais, em recipientes fechados, revestidos internamente com sacos plásticos. O
manuseio de lâmpadas quebradas (casquilho) deve ser realizado com uso de
equipamentos de proteção individual.

ARMAZENAMENTO
O armazenamento consiste na contenção temporária de resíduos, em áreas
autorizadas pelas instituições governamentais, enquanto se aguarda o alcance do volume
mínimo viável a disposição final.
O local deve ser coberto e bem ventilado e protegido do sol e das chuvas afim de
manter o material seco.

378
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
NORMA DE ARMAZENAMENTO
De acordo com a NB 1183 – Armazenamento de Resíduos sólidos Perigosos- ABNT
Atualmente existem soluções de sistemas portáteis para o descarte adequado das
lâmpadas fluorescentes queimadas.
O sistema de armazenamento é composto por tambor de 200 litros, sistema interno
de aspiração e filtragem de gases.
O acondicionamento correto deve ser em recipientes que as proteja contra
impactos acidentais.

DESTINAÇÃO FINAL DE LÂMPADAS


A lei Estadual n° 13.766/2000, no seu Art° 4, paragrafo 2°, preceitua o seguinte: Os
resíduos de que trata este artigo serão entregues pelo usuário aos estabelecimentos que
comercializam os produtos que lhes deram origem ou a rede de assistência técnica

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


autorizada pelas respectivas indústrias para repasse aos fabricantes ou importadores;
afim de que adote diretamente ou por meio de terceiros, procedimentos de reutilização,
reciclagem e tratamento ou disposição final ambiental adequada.

CAPITULO 6
RESÍDUOS DE SAÚDE

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu regras nacionais


sobre acondicionamento e tratamento do lixo hospitalar gerado, da origem ao destino
(aterramento, radiação e incineração) atingindo hospitais, clínicas, consultórios,
laboratórios, necrotérios e outros estabelecimentos de saúde.
O objetivo da medida é evitar danos ao meio ambiente e prevenir acidentes que
atinjam profissionais que trabalham diretamente nos processos de coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e destinação desses resíduos.
Os resíduos perigosos são tema da Resolução RDC nº 33/03, que, antes de
aprovada, foi discutida com representantes de todos os setores envolvidos, como meio
ambiente, limpeza urbana, indústria farmacêutica, associações e sociedades de
especialidades médicas, dentre outros.
características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.
Os resíduos constituintes do Grupo A podem ser subdivididos em:

• A1 - 1 .Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos


biológicos;

2. Resíduos resultantes de contaminação biológica por cujo mecanismo de transmissão


seja desconhecido;
3. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por
contaminação ou por má conservação;

379

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
4. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, ou líquidos
corpóreos na forma livre;
• A2 -1. Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos que foram
submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica;

• A3 -1. Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem


sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25
centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor
científico ou legal e não tenha havido requisição pelos pacientes ou familiares;

• A4 -1. Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;


2. Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada, entre outros similares;
3. Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e
secreções,

4. Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro


procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo;
5. Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;
6. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de
procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos;
7. Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de
animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microrganismos, bem como suas forrações; e
8. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
 A5 1. Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfuro cortantes ou
escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou
animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons

GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à


saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
1. Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; anti-neoplásicos;
imunossupressores;

2. Resíduos de saneantes, desinfetantes,; resíduos contendo metais pesados;

3. Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

4. Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas;

5. Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004


da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham


radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista.
380
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
1. Enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de
pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços
de medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade
superior aos limites de eliminação.

GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à


saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
1. Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis
de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e
hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não
classificados como A1;
2. Sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
3. Resto alimentar de refeitório;

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


4. Resíduos provenientes das áreas administrativas;
5. Resíduos de varrição, flores, podas e jardins;
6. Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de


barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas
diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e
lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas,
tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

NORMAS E LEGISLAÇÕES REFERENTES AOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE


SAÚDE
Segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, normalização é a
atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições
destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem
em um dado contexto. A ABNT possui algumas normas relativas ao controle dos resíduos
dos serviços de saúde.
De acordo com a RDC n° 306 da ANVISA, o gerenciamento dos serviços de saúde
pode ser assim definido:
“Constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e
implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados,
um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio
ambiente.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Torna-se indispensável o conhecimento sobre as características, bem como os
riscos que envolvem os resíduos de serviço de saúde – RSS, haja vista que a
minimização dos impactos, decorrentes da má gestão destes, só virá através do
conhecimento, principalmente daqueles que manipulam estes materiais diariamente, fato
que resultará em uma melhor qualidade ambiental e, por conseguinte, numa melhor
qualidade de vida, haja vista que ambas estão inter-relacionadas.
381

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


CAPITULO 7
PROJEÇÃO DAS QUANTIDADES DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Para se avaliar corretamente a projeção da geração de lixo per capita é necessário


conhecer o tamanho da população residente, bem como o da flutuante, principalmente
nas cidades turísticas, quando esta última gera cerca de 70% a mais de lixo do que a
população local.
Na inexistência de dados demográficos detalhados podem-se utilizar as projeções
populacionais disponíveis para determinação da produção do lixo com o auxílio da Tabela
10, na qual é estimada uma geração per capita em função do tamanho da população.
O exemplo a seguir esclarece os procedimentos a serem adotados.
Suponha-se que se quer projetar um sistema de limpeza urbana para uma cidade
sem vocação turística, com uma população urbana atual de 50 mil habitantes, que cresce
a uma taxa de 3% ao ano, na qual foi medida uma geração per capita de 530g/hab./dia.

CAPITULO 8
ACONDICIONAMENTO

Acondicionar os resíduos sólidos domiciliares significa prepará-los para a coleta de


forma sanitariamente adequada, como ainda compatível com o tipo e a quantidade de
resíduos. CONCEITUAÇÃO.
A qualidade da operação de coleta e transporte de lixo depende da forma
adequada do seu acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no
local, dia e horários estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. A
população tem, portanto, participação decisiva nesta operação.

A IMPORTÂNCIA DO ACONDICIONAMENTO ADEQUADO ESTÁ EM:


• Evitar acidentes;
• Evitar a proliferação de vetores;
• Minimizar o impacto visual e olfativo;
• Reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva);
• Facilitar a realização da etapa da coleta.
Infelizmente, o que se verifica em muitas cidades é o surgimento espontâneo de
pontos de acumulação de lixo domiciliar a céu aberto, expostos indevidamente ou
espalhados nos logradouros, prejudicando o ambiente e arriscando a saúde pública.
Nas cidades brasileiras a população utiliza os mais diversos tipos de recipientes para
acondicionamento do lixo domiciliar:
• Vasilhames metálicos (latas) ou plásticos (baldes);
• Sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo;
• Caixotes de madeira ou papelão;
• Latões de óleo, algumas vezes cortados ao meio;
• Contêineres metálicos ou plásticos, estacionários ou sobre rodas;
• Embalagens feitas de pneus velhos.

382
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A ESCOLHA DO TIPO DE RECIPIENTE MAIS ADEQUADO DEVE SER ORIENTADA EM
FUNÇÃO:
• Das características do lixo;
• Da geração do lixo;
• Da freqüência da coleta;
• Do tipo de edificação;
• Do preço do recipiente.

CARACTERÍSTICAS DOS RECIPIENTES PARA ACONDICIONAMENTO


Os recipientes adequados para acondicionar o lixo domiciliar devem ter as
seguintes características:
• Peso máximo de 30kg, incluindo a carga, se a coleta for manual;
Recipientes que permitem maior carga devem ser padronizados para que possam ser

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


manuseadas por dispositivos mecânicos disponíveis nos próprios veículos coletores,
reduzindo assim o esforço humano.
• Dispositivos que facilitem seu deslocamento no imóvel até o local de coleta;
• Serem herméticos, para evitar derramamento ou exposição dos resíduos;

As embalagens flexíveis (sacos plásticos) devem permitir fechamento adequado


das "bocas". As rígidas e semirrígidas (vasilhames, latões, contêineres) devem possuir
tampas e estabilidade para não tombar com facilidade.
• Serem seguros, para evitar que lixo cortante ou perfurante possa acidentar os usuários
ou os trabalhadores da coleta;
• Serem econômicos, de maneira que possam ser adquiridos pela população;
• Não produzir ruídos excessivos ao serem manejados;
• Possam ser esvaziados facilmente sem deixar resíduos no fundo.

Há ainda outra característica a ser levada em conta: se os recipientes são com ou


sem retorno. Neste último caso, a coleta será mais produtiva e não haverá exposição de
recipientes no logradouro após o recolhimento do lixo, tampouco a necessidade de seu
asseio por parte da população.
Analisando-se o anteriormente exposto, pode-se concluir que os sacos plásticos
são as embalagens mais adequadas para acondicionar o lixo quando a coleta for manual,
pó que:
• São facilmente amarrados nas "bocas", garantindo o fechamento;
• São leves, sem retorno (resultando em coleta mais produtiva) e permitem recolhimento
silencioso, útil para a coleta noturna;

ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUO DOMICILIAR


Entre os recipientes mencionados e considerando a adequação para
acondicionamento do lixo domiciliar, merecem destaque:
• Sacos plásticos
• Contêineres de plástico
• Contêineres metálicos

383

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUO PÚBLICO
• Papeleiras de rua
• Cesta coletora plástica para pilhas e baterias
• Sacos plásticos e contêineres

ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS EM IMÓVEIS DE BAIXA RENDA


Nas favelas e conjuntos habitacionais de baixa renda é usual existir reduzido
espaço para armazenamento do lixo. Em consequência, os resíduos, logo que
produzidos, são quase sempre atirados nos logradouros, causando problemas sanitários
e ambientais já conhecidos.
Nesses casos é recomendável abordagem especial, providenciando-se a
colocação de contêineres plásticos padronizados (com rodas e tampas) em locais
externos previamente determinados e a coleta diária.
Não é conveniente a colocação de caixas estacionárias do tipo "Brooks", por não
possuírem tampas (e se as tiver, não costumam ser acionadas pela população).

ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS DE GRANDES GERADORES


Uma vez disposto em legislação específica que os imóveis comerciais e industriais
com geração diária de resíduos sólidos superior a 120 litros são considerados "grandes
geradores", é necessário estabelecer padronização dos recipientes para
acondicionamento desses resíduos.
Esse limite está baseado na capacidade do menor contêiner de plástico com tampa
e rodízios disponível no mercado.

ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS DOMICILIARES ESPECIAIS


• Resíduos da construção civil;
• Pilhas e baterias;
• Lâmpadas fluorescentes;
• Pneus;

ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS DE FONTES ESPECIAIS


• Resíduos sólidos industriais;
• Resíduos radioativos;
• Resíduos de portos e aeroportos;
• Resíduos de serviços de saúde;

384
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CAPITULO 9
COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

CONCEITUAÇÃO
Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para
encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a
um eventual tratamento e à disposição final. Coleta-se o lixo para evitar problemas de
saúde que ele possa propiciar.
A coleta e o transporte do lixo domiciliar produzido em imóveis residenciais, em
estabelecimentos públicos e no pequeno comércio são, em geral, efetuados pelo órgão
municipal encarregado da limpeza urbana. Para esses serviços, podem ser usados
recursos próprios da prefeitura, de empresas sob contrato de terceirização ou sistemas
mistos, como o aluguel de viaturas e a utilização de mão-de-obra da prefeitura.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


O lixo dos "grandes geradores" (estabelecimentos que produzem mais que 120
litros de lixo por dia) deve ser coletado por empresas particulares, cadastradas e
autorizadas pela prefeitura.
Pode-se então conceituar como coleta domiciliar comum ou ordinária o
recolhimento dos resíduos produzidos nas edificações residenciais, públicas e comerciais,
desde que não sejam, estas últimas, grandes geradoras.

REGULARIDADE DA COLETA DOMICILIAR


A coleta do lixo domiciliar deve ser efetuada em cada imóvel, sempre nos mesmos
dias e horários, regularmente. Somente assim os cidadãos habitua se-ão e serão
condicionados a colocar os recipientes ou embalagens do lixo nas calçadas, em frente
aos imóveis, sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá passar.
Em consequência, o lixo domiciliar não ficará exposto, a não ser pelo tempo
necessário à execução da coleta. A população não jogará lixo em qualquer local, evitando
prejuízos ao aspecto estético dos logradouros e o espalhamento por animais ou pessoas.
Regularidade da coleta é, portanto, um dos mais importantes atributos do serviço.
Em qualquer cidade que disponha de controle do peso de lixo coletado, é possível
verificar matematicamente se a coleta é, de fato, regular, comparando-se os pesos de lixo
em duas ou mais semanas consecutivas. Nos mesmos dias da semana (uma segunda-
feira comparada com outra segunda-feira, e assim por diante) os pesos de lixo não devem
variar mais que 10%. Da mesma forma, as quilometragens percorridas pelas viaturas de
coleta devem ser semelhantes, pois os itinerários a serem seguidos serão os mesmos
(para um mesmo número de viagens ao destino).
Além disso, a ocorrência de pontos de acumulação de lixo domiciliar nos
logradouros e um número elevado de reclamações apontam claramente qualquer
irregularidade da coleta.
O ideal, portanto, em um sistema de coleta de lixo domiciliar, é estabelecer um
recolhimento com dias e horários determinados, de pleno conhecimento da população,
através de comunicações individuais a cada responsável pelo imóvel e de placas
indicativas nas ruas. A população deve adquirir confiança de que a coleta não vai falhar e
assim irá prestar sua colaboração, não atirando lixo em locais impróprios, acondicionando
e posicionando embalagens adequadas, nos dias e horários marcados, com grandes

385

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


benefícios para a higiene ambiental, a saúde pública, a limpeza e o bom aspecto dos
logradouros públicos.

FREQÜÊNCIA DE COLETA
Por razões climáticas, no Brasil, o tempo decorrido entre a geração do lixo
domiciliar e seu destino final não deve exceder uma semana para evitar proliferação de
moscas, aumento do mau cheiro e a atratividade que o lixo exerce sobre roedores,
insetos e outros animais.
Há que se considerar ainda a capacidade de armazenamento dos resíduos nos
domicílios. Nas favelas e em comunidades carentes, as edificações não têm capacidade
para armazená-lo por mais de um dia, o mesmo ocorrendo nos centros das cidades, onde
os estabelecimentos comerciais e de serviços, além da falta de local apropriado para o
armazenamento, produzem lixo em quantidade considerável. Em ambas as situações é
conveniente estabelecer a coleta domiciliar com frequência diária.

HORÁRIOS DE COLETA
Para redução significativa dos custos e otimização da frota a coleta deve ser
realizada em dois turnos. Dessa forma tem-se, normalmente:

DIAS DE COLETA PRIMEIRO TURNO


Segundas, quartas e sextas
Terças, quintas e sábados ¼ dos itinerários
¼ dos itinerários

SEGUNDO TURNO
¼ dos itinerários
¼ dos itinerários

Se, por exemplo, forem projetados 24 itinerários de coleta, efetuados com


frequência de três vezes por semana, deve ser utilizada uma frota de 24/4 = 6 veículos de
coleta (além de reserva de pelo menos 10% da frota).
É conveniente estabelecer turnos de 12 horas (dividindo-se o dia ao meio, mas
trabalhando efetivamente cerca de oito horas por turno). Tem-se então, por exemplo, o
primeiro turno iniciando às sete horas e o segundo turno às 19 horas, "sobrando" algum
tempo para manutenção e reparos.
Em vias que possuem varrição pouco frequente, é muito importante a LIMPEZA DA
COLETA, ou seja, o recolhimento sem deixar resíduos.
Sempre que possível, a varrição deve ser efetuada após a coleta, para recolher os
eventuais resíduos derramados na operação.
Nos bairros estritamente residenciais, a coleta deve preferencialmente ser
realizada durante o dia. Deve-se, entretanto, evitar fazer coleta em horários de grande
movimento de veículos nas vias principais.
A coleta noturna deve ser cercada de cuidados em relação ao controle dos ruídos.
As guarnições devem ser instruídas para não altear as vozes. O comando de anda/pára
do veículo, por parte do líder da guarnição, deve ser efetuado através de interruptor
luminoso, acionado na traseira do veículo, e o silenciador deve estar em perfeito estado.
386
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O motor não deve ser levado a alta rotação para apressar o ciclo de compactação,
devendo existir um dispositivo automático de aceleração, sempre operante. Veículos mais
modernos e silenciosos, talvez até elétricos, serão necessários no futuro, para atender às
crescentes reclamações da população, especialmente nos grandes centros urbanos.

REDIMENSIONAMENTO DE ITINERÁRIOS DE COLETA DOMICILIAR


O aumento ou diminuição da população, as mudanças de características de bairros
e a existência do recolhimento irregular dos resíduos são alguns fatores que indicam a
necessidade de redimensionamento dos roteiros de coleta. Vários elementos devem ser
considerados:
• Guarnições de coleta;
• Equilíbrio dos roteiros;
• Local de início da coleta;

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


• Verificação da geração do lixo domiciliar;
• Cidades que não dispõem de balança para pesagem do lixo;
• Traçado dos roteiros de coleta;

CAPITULO 10
VEÍCULOS PARA COLETA DE LIXO DOMICILIAR

As viaturas de coleta e transporte de lixo domiciliar podem ser de dois tipos:


COMPACTADORAS: no Brasil são utilizados equipamentos compactadores de
carregamento traseiro ou lateral;
SEM COMPACTAÇÃO: conhecidas como Baú ou Prefeitura, com fechamento na
carroceria por meio de portas corrediças.
Um bom veículo de coleta de lixo domiciliar deve possuir as seguintes
características:
• Não permitir derramamento do lixo ou do chorume na via pública;
• Apresentar taxa de compactação de pelo menos 3:1, ou seja, cada 3m3 de resíduos
ficarão reduzidos, por compactação, a 1m3;
• Apresentar altura de carregamento na linha de cintura dos garis, ou seja, no máximo a
1,20m de altura em relação ao solo;
• Possibilitar esvaziamento simultâneo de pelo menos dois recipientes por vez;
• Possuir carregamento traseiro, de preferência;
A coleta do lixo é uma operação perigosa para os garis. Quando o veículo pára, a
guarnição fica sujeita a eventuais batidas de outras viaturas contra a traseira do
compactador.
Pior ainda são as viaturas de carregamento lateral – os trabalhadores ficam
sujeitos a atropelamentos.
Muito cuidado deve ser adotado com os mecanismos de compactação e com o
transporte dos garis no caminhão.
• Dispor de local adequado para transporte dos trabalhadores;
• Apresentar descarga rápida do lixo no destino (no máximo em três minutos);

387

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Possuir compartimento de carregamento (vestíbulo) com capacidade para no mínimo
1,5m3;
• Possuir capacidade adequada de manobra e de vencer aclives;
• Possibilitar basculamento de contêineres de diversos tipos;
• Distribuir adequadamente a carga no chassi do caminhão;
• Apresentar capacidade adequada para o menor número de viagens ao destino, nas
condições de cada área.
Deve-se escolher um tipo de veículo/equipamento de coleta que apresente o
melhor custo/benefício. Em geral esta relação ótima é atingida utilizando-se a viatura que
preencha o maior número de características de um bom veículo de coleta, listadas no
início deste item.

ALGUNS EXEMPLOS:
BAÚ
O Baú é um veículo coletor de lixo, sem compactação, também denominado
"Prefeitura". É utilizado em comunidades pequenas, com baixa densidade demográfica.
Também é empregado em locais íngremes. O volume de sua caçamba pode variar de 4m³
a 12m³. Ela é montada sobre chassi de veículo capaz de transportar respectivamente de 7
a 12t de peso bruto total (PBT). A carga é vazada por meio do basculamento hidráulico da
caçamba. Trata-se de um equipamento de baixo custo de aquisição e manutenção, mas
sua produtividade é reduzida e exige muito esforço dos trabalhadores da coleta, que
devem erguer o lixo até a borda da caçamba, com mais de dois metros de altura,
relativamente alta se comparada com a altura da borda da boca de um coletor
compactador, que é de cerca de um metro.
Peso bruto total (PBT) = peso próprio do chassi + peso próprio da caçamba + peso
da carga.

COLETORES COMPACTADORES
Coletor compactador de lixo, de carregamento traseiro, fabricado em aço, com
capacidade volumétrica útil de 6, 10, 12, 15 e 19m³, montado em chassi com PBT
compatível (9, 12, 14, 16 e 23t), podendo possuir dispositivo hidráulico para basculamento
automático e independente de contêineres plásticos padronizados.
Esses tipos de equipamentos destinam-se à coleta de lixo domiciliar, público e
comercial e a descarga deve ocorrer nas estações de transferência, usinas de reciclagem
ou nos aterros sanitários. Esses veículos transitam pelas áreas urbanas, suburbanas e
rurais da cidade e nos seus municípios limítrofes.
Rodam por vias e terrenos de piso irregular, acidentado e não pavimentado, como
em geral ocorre nos aterros sanitários.
Coletor compactador – 10 a 15m3
Coletor compactador – 19m3
Coletor compactador – 6m3

POLIGUINDASTES DUPLOS PARA CAIXAS ESTACIONÁRIAS DE 5M²


Esse tipo de poliguindaste tem capacidade para transportar duas caixas
estacionárias cheias, são mais econômicos do que os simples, que transportam apenas
uma caixa.
388
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Para grandes volumes de lixo domiciliar, podem ser utilizadas várias caixas
compactadoras, com capacidade de 10m³ a 30m³ de lixo solto.

FERRAMENTAS E UTENSÍLIOS UTILIZADOS NA COLETA DO LIXO DOMICILIAR


É importante que a guarnição de trabalhadores realize a coleta sem deixar
resíduos após a operação. Por isso é necessário o uso de uma vassoura de tamanho
médio e de uma pá quadrada.
Uma vassoura média possui 22 orifícios, onde se prende cada um dos conjuntos
de cerda da piaçava, chamados de tafulhos.

COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS PÚBLICOS


Os resíduos de varrição podem ser transportados em carrinhos revestidos

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


internamente com sacos plásticos ou em contêineres intercambiáveis. Em logradouros
íngremes podem ser empregados carrinhos de mão.
Lutocar com recipiente intercambiável, carrinho de mão para vias íngremes e
contêineres revestidos com sacos plásticos.
Os resíduos públicos acondicionados em sacos plásticos podem ser removidos por
caminhões coletores compactadores, com carregamento traseiro ou lateral.
Já os contêineres podem permanecer estacionados em terrenos ou nos
estabelecimentos comerciais, aguardando sua descarga nos caminhões coletores
compactadores, providos ou não de dispositivos de basculamento mecânico, para reduzir
o esforço humano para içá-los até a boca de alimentação de lixo do carro.
"LUTOCAR"
Carrinho transportador manual de lixo, construído em tubos de aço, com recipiente
aberto na parte superior para conter saco plástico. Destina-se ao recebimento de resíduos
sólidos coletados nos serviços de varredura das ruas, logradouros públicos, limpeza de
ralos etc.

POLIGUINDASTE (PARA OPERAÇÃO COM CAÇAMBAS DE 7t E 5m³)


Caminhão coletor tipo poliguindaste
Guindaste de acionamento hidráulico, com capacidade mínima de 7t, montado em
chassi de peso bruto total mínimo de 13,5t para içamento e transporte de caixas tipo
"Brooks" que acumulam resíduos sólidos. O equipamento assim constituído poderá ser do
tipo simples, para transporte de uma caixa de cada vez, ou duplo, para transporte de duas
caixas de cada vez.
O conjunto assim constituído, apelidado de "canguru", destina-se à coleta,
transporte, basculamento e deposição de caçambas ou contêineres de até 5m³ de
capacidade volumétrica, para acondicionamento de lixo público, lixo de favelas, entulhos
etc.
Para ser produtivo, esse equipamento deve operar pequenas distâncias, entre o
local onde as caixas ficam estacionadas e o local de descarga.

389

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


CAMINHÃO BASCULANTE "TOCO"
Veículo curto, com apenas dois eixos (daí seu apelido de toco), para remoção de
lixo público, entulho e terra, com caçamba de 5 a 8m³ de capacidade. O equipamento
deve ser montado em chassi que possua capacidade para transportar de 12 a 16t de PBT.

CAMINHÃO BASCULANTE TRUCADO


Veículo longo, com três eixos, para remoção de lixo público, entulho e terra. Sua
caçamba deve ter 12m³ de capacidade e ser montada sobre chassi com capacidade para
transpo tar 23t de PBT.
Em geral, o carregamento desse equipamento é realizado com uma pá
carregadeira, para reduzir o esforço humano e aumentar a produtividade.
Caminhão basculante trucado

ROLL-ON/ROLL-OFF
Caminhão coletor de lixo público, domiciliar ou industrial, operando com
contêineres estacionários de 10 a 30m³, sem compactação (dependendo do peso
específico) ou de 15m³, com compactação. Esse equipamento é dotado de dois
elevadores para basculamento de contêineres plásticos de 120, 240 e 360 litros.
Cada veículo pode operar com seis contêineres estacionários para obter boa
produtividade.
O equipamento deve ser montado em chassi trucado (três eixos) com capacidade
para transportar 23t de PBT.

CARRETA
Semirreboque basculante com capacidade de 25m³, tracionada por cavalo
mecânico (4x2) com força de tração de 45t. É utilizada para transporte de entulho. Seu
carregamento é feito por pá carregadeira e a descarga, no destino, pelo basculamento da
caçamba.
A denominação "semirreboque" identifica um equipamento cuja frente precisa ser
apoiada em um outro veículo rebocador, chamado cavalo mecânico, constituindo ambos
um sistema. O reboque comum não precisa ser apoiado na frente para ser rebocado.
Uma tela ou lona plástica é disposta na parte superior da caçamba para evitar que detritos
sejam dispersos nas vias públicas pela ação do vento durante a locomoção do veículo.

PÁ CARREGADEIRA
Trator escavo-carregador com rodas usadas para amontoar terra, entulho, lama,
lixo e encher os caminhões e carretas em operação nas vias públicas e nos aterros
sanitários.
Para a operação em vias públicas, são usadas máquinas com caçamba de 1,5m³.
Já para o carregamento de carretas, são necessárias máquinas com caçambas de 3m³
para dar maior produtividade e por terem maior altura de carregamento.

COLETA DE LIXO EM CIDADES TURÍSTICAS


A quantidade de lixo a ser coletada varia com a sazonalidade, seja ela turística ou
de hábitos.

390
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma vez que a variação devida à sazonalidade de hábitos (semanal ou mensal)
praticamente não interfere com o dimensionamento da frota, este tópico restringir-se-á a
procedimentos que devem ser adotados em cidades turísticas com o objetivo de manter a
qualidade da coleta domiciliar nas épocas em que ocorre o afluxo das pessoas.
Basicamente as medidas a serem adotadas são:
• Efetuar a coleta em horas extras, atentando para os limites da legislação trabalhista;
• Aumentar o número de turnos de coleta, criando o segundo turno de trabalho ou até
mesmo o terceiro turno;
• Colocar a frota reserva em operação;
• Contratar veículos extras.
Observe-se que essas medidas devem ser implementadas sequencialmente, de
modo a não onerar desnecessariamente a coleta.
Outros pontos importantes a serem levados em consideração são:

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


• O trânsito nessas cidades, em épocas de férias, tende a ficar congestionado, dificultando
o descolamento dos veículos e aumentando o tempo de coleta.
Por essa razão, a coleta de lixo nas cidades turísticas durante as férias e feriados
prolongados deve ser realizada, preferencialmente, no período noturno, quando o tráfego
é menos intenso;
• Sempre que possível, a contratação de veículos extras deve ser realizada de forma
programada, com antecedência, evitando-se assim a especulação de preços;
• Em cidades praianas, onde os turistas se concentram numa região específica da cidade,
como Praia do Forte (Bahia), Búzios (Rio de Janeiro) e Torres (Rio Grande do Sul), os
roteiros de coleta das ruas da orla devem ser revisados e redimensionados, de modo a
otimizar a utilização da frota.
Convém ressaltar que a redução da frequência de coleta, ainda que seja uma
medida econômica, jamais deve ser considerada, pois, quanto maior o tempo entre
coletas sucessivas, maior a probabilidade de se criar pontos de lançamento inadequado
de lixo nas ruas, prejudicando o aspecto sanitário e ambiental da cidade e afugentando os
turistas.

COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM FAVELAS


As favelas existem em muitas cidades brasileiras e, em relação à coleta do lixo
domiciliar, se caracterizam por:
• Dificuldade de acesso para caminhão;
• Acondicionamento do lixo precário ou inexistente;
• Tendência dos moradores a livrar-se dos resíduos logo que gerados.
Esses fatores devem ser levados em conta para que não ocorra acumulação de
lixo a céu aberto, com graves consequências para a saúde pública, para o meio ambiente
e para o aspecto estético da comunidade.
Para contornar as dificuldades de acesso nas vielas, em geral estreitas ou
íngremes, devem-se utilizar veículos especiais, de pequena largura, boa capacidade de
manobra e capacidade de vencer aclives: micro tratores ou tratores agrícolas rebocando
carretas ou pequenos veículos coletores, com ou sem compactação.
Micro trator com tração 4x2 para operação com carreta basculante de 2,5m³,
constituída de aço ou madeira de lei, para a coleta de lixo domiciliar gerado em favelas.
Essa composição destina-se ao apoio à coleta de lixo no interior de favelas e
391

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


comunidades carentes, em locais íngremes, estreitos e não pavimentados, onde os
veículos coletores compactadores não conseguem chegar.
Devem também ser providenciados recipientes para acondicionar o lixo, como
contêineres plásticos, dotados de rodas e tampas.
A frequência da coleta também deve ser alterada – é conveniente o recolhimento
diário dos resíduos.
Em várias cidades brasileiras (e de outros países) verificou-se que a contratação
de garis comunitários, especialmente nas favelas com maiores problemas de coleta, tem
apresentado bons resultados.
Neste sistema, a prefeitura contrata a associação de moradores, que seleciona os
trabalhadores que irão compor a equipe de coleta, capina, limpeza de canais. A coleta é
realizada de modo manual nos locais onde, devido às características do sítio, os veículos
têm acesso.

Existe, ainda, na contratação de garis comunitários, um aspecto importante a se


destacar que diz respeito ao envolvimento do trabalhador na manutenção de seu local de
moradia. Da mesma forma, os demais moradores da área sentem-se inibidos em sujar a
área pública, uma vez que têm um vizinho a zelar pela sua limpeza.
Não se deve colocar caixas Brooks em favelas: elas não possuem tampas e
deixam o lixo exposto. Atraem animais e insetos nocivos e a população, em legítima
defesa, ateia fogo no lixo.

COLETA DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE


A higiene ambiental dos estabelecimentos assistenciais à saúde – EAS –, ou
simplesmente serviços de saúde (hospitais, clínicas, postos de saúde, clínicas
veterinárias etc.), é fundamental para a redução de infecções, pois remove a poeira, os
fluidos corporais e qualquer resíduo dos diversos equipamentos, dos pisos, paredes, tetos
e mobiliário, por ação mecânica e com soluções germicidas. O transporte interno dos
resíduos, o correto armazenamento e a posterior coleta e transporte completam as
providências para a redução das infecções.
As taxas de geração de resíduos de serviços de saúde são vinculadas ao número
de leitos.
Os resíduos de serviços de saúde classificam-se em infectantes, especiais e
comuns.
As áreas hospitalares são classificadas em três categorias:
• áreas críticas: que apresentam maior risco de infecção, como salas de operação e
parto, isolamento de doenças transmissíveis, laboratórios etc.;
• áreas semicríticas: que apresentam menor risco de contaminação, como áreas
ocupadas por pacientes de doenças não-infecciosas ou não-transmissíveis, enfermarias,
lavanderias, copa, cozinha etc.;
• áreas não-críticas: que teoricamente não apresentam riscos de transmissão de
infecções, como salas de administração, depósitos etc.

392
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Existem regras a seguir em relação à segregação (separação) de resíduos
infectantes do lixo comum, nas unidades de serviços de saúde, quais sejam:
• Todo resíduo infectante, no momento de sua geração, tem que ser disposto em
recipiente próximo ao local de sua geração;
• Os resíduos infectantes devem ser acondicionados em sacos plásticos brancos leitosos,
em conformidade com as normas técnicas da ABNT, devidamente fechados;
• Os resíduos perfuro cortantes (agulhas, vidros etc.) devem ser acondicionados em
recipientes especiais para este fim;
• Os resíduos procedentes de análises clínicas, hemoterapia e pesquisa microbiológica
têm que ser submetidos à esterilização no próprio local de geração;

COLETA SEPARADA DE RESÍDUOS COMUNS, INFECTANTES E ESPECIAIS

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Os resíduos infectantes e especiais devem ser coletados separadamente dos
resíduos comuns. Os resíduos radioativos devem ser gerenciados em concordância com
resoluções da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.
Os resíduos infectantes e parte dos resíduos especiais devem ser acondicionados
em sacos plásticos brancos leitosos e colocados em contêineres basculháveis
mecanicamente em caminhões especiais para coleta de resíduos de serviços de saúde.
Tais resíduos representam no máximo 30% do total gerado.
Caso não exista segregação do lixo infectante e especial, os resíduos produzidos
devem ser acondicionados, armazenados, coletados e dispostos como infectantes e
especiais.

VIATURAS PARA COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE


SAÚDE
Para que os sacos plásticos contendo resíduos infectantes (ou não segregados)
não venham a se romper, liberando líquidos ou ar contaminados, é necessário utilizar
equipamentos de coleta que não possuam compactação e que, por medida de precaução
adicional, sejam herméticos ou possuam dispositivos de captação de líquidos. Devem ser
providos de dispositivos mecânicos de basculamento de contêineres.

COLETOR COMPACTADOR
Trata-se de equipamento destinado à coleta de resíduos infectantes de serviços de
saúde (hospitais, clínicas, postos de saúde). É equipado com carroceria basculante, de
formato retangular ou cilíndrico, dotado de dispositivo de basculamento de contêineres na
boca de carga, com a característica de ser totalmente estanque, possuir reservatório de
chorume e ser menos ruidoso.
O equipamento deve operar com baixa taxa de compactação, para evitar o
rompimento dos sacos plásticos que estão acondicionando os resíduos infectantes.
O descarregamento só deverá ser feito nas unidades de tratamento e disposição
final desse tipo de resíduo.

393

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


FURGONETA OU FURGÃO
Veículo leve, tipo furgão, com a cabine para passageiros independente do
compartimento de carga, com capacidade para 500 quilos. O compartimento de carga é
revestido com fibra de vidro para evitar o acúmulo de resíduos infectantes nos cantos e
nas frestas, facilitando a lavagem e higienização.

Coleta de materiais perfuro cortantes


Para o recolhimento de objetos cortantes ou perfurantes de farmácias, drogarias,
laboratórios de análises, consultórios dentários e similares, é conveniente a utilização de
furgões leves, com carroceria hermética e capacidade para cerca de 2m3 de resíduos.
Poderão descarregar no vestíbulo de carga dos equipamentos maiores de coleta de
resíduos de serviços de saúde. ência de Resíduos Sólidos Urbanos.
Nas cidades de médio e grande portes que sofrem forte expansão urbana,
aumentam também as exigências ambientais e a resistência da população em aceitar a
implantação, próximo as suas residências, de qualquer empreendimento ligado à
disposição final de resíduos sólidos. Além do mais, os terrenos urbanos ficam muito caros
para localização de aterro, que demanda áreas de grandes extensões, e assim os aterros
sanitários estão sendo implantados cada vez mais distantes dos centros da massa de
geração de resíduos.
O aumento na distância entre o ponto de coleta dos resíduos e o aterro sanitário
causa os seguintes problemas:
• Atraso nos roteiros de coleta, alongando a exposição do lixo nas ruas;
• Aumento do tempo improdutivo da guarnição de trabalhadores parados à espera do
retorno do veículo que foi vazar sua carga no aterro;
• Aumento do custo de transporte;
• Redução da produtividade dos caminhões de coleta, que são veículos especiais e caros.
Para solução desses problemas, algumas municipalidades vêm optando pela
implantação de estações de transferência ou de transbordo.
O transporte para o aterro sanitário dos resíduos descarregados nas estações de
transferência é feito por veículos ou equipamento de maior porte e de menor custo
unitário de transporte.
Normalmente as estações de transferência são implantadas quando a distância
entre o centro de massa de coleta e o aterro sanitário é superior a 25km. Em grandes
cidades, onde as condições de tráfego rodoviário tornam extremamente lento os
deslocamentos, é possível encontrar estações implantadas em locais cuja distância do
aterro sanitário é inferior a 20Km.

394
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CAPITULO 11
TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a
quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo
em ambiente ou local inadequado, seja transformando-o em material inerte ou
biologicamente estável.

CONSIDERAÇÕES SOBRE TECNOLOGIA DE TRATAMENTO


Na segunda metade da década de 1980 e início da de 1990, as usinas de
reciclagem e compostagem foram apresentadas como a solução definitiva para
tratamento dos resíduos sólidos urbanos.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Fabricantes prometiam o fim dos "lixões" e chegavam a afirmar que a operação da
usina geraria receitas para os municípios com a comercialização de recicláveis e
composto.
Otimistas com a hipótese de resultados econômicos positivos com a tecnologia
apresentada, diversos municípios no Brasil implantaram usinas de reciclagem e
compostagem sem qualquer estudo prévio e o resultado foi muito ruim, pois a maioria das
unidades foi desativada logo após a inauguração e outras sequer iniciaram a operação.
Não resta dúvida de que usina de reciclagem e compostagem é uma alternativa
para tratamento de resíduos a ser considerada.
Todavia antes de sua implantação devem ser verificados os seguintes pontos:
• Existência de mercado consumidor de recicláveis e composto orgânico na região;
• Existência de um serviço de coleta com razoável eficiência e regularidade;
• Existência de coleta diferenciada para lixo domiciliar, público e hospitalar;
• Disponibilidade de área suficiente para instalar a usina de reciclagem e o pátio de
compostagem;
• Disponibilidade de recursos para fazer frente aos investimentos iniciais, ou então de
grupos privados interessados em arcar com os investimentos e operação da usina em
regime de concessão;
• Disponibilidade de pessoal com nível técnico suficiente para selecionar a tecnologia a
ser adotada, fiscalizar a implantação da unidade e finalmente operar, manter e controlar a
operação dos equipamentos;
• A economia do processo, que deve ser avaliada por meio de um cuidadoso estudo de
viabilidade econômica, tendo em vista, de um lado, as vantagens que uma usina pode
trazer: redução do lixo a ser transportado e aterrado, venda de compostos e recicláveis,
geração de emprego e renda, benefícios ambientais; e, de outro, os custos de
implantação, operação e manutenção do sistema.
• Seleção da tecnologia
• Estudos de viabilidade econômica
•Mercado de recicláveis

395

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


SELEÇÃO DA TECNOLOGIA
Com relação à escolha da tecnologia a ser adotada, deve ser considerada a
disponibilidade orçamentária do Município, levando-se sempre em conta que, quanto
maior for o nível de automatização e sofisticação dos equipamentos, maiores serão o
investimento inicial e as despesas com a manutenção da unidade.
Num país como o Brasil, com escassez de emprego, são recomendáveis
tecnologias com mão-de-obra intensiva, como nas usinas que adotam a separação
manual dos materiais. As máquinas eletromagnéticas que separam os metais ferrosos e
os equipamentos necessários ao reviramento das leiras e manejo do lixo no pátio e silos
devem ser previstos, mesmo nas usinas mais simples.

ESTUDOS DE VIABILIDADE ECONÔMICA


A implantação de uma usina de reciclagem e compostagem pressupõe a
elaboração prévia de um estudo de viabilidade econômica no qual devem ser analisados
os seguintes aspectos:
• Investimento;
• Licenciamentos ambientais;
• Aquisição de terreno e legalizações fundiárias;
• Projetos de arquitetura e engenharia;
• Obras de engenharia;
• Aquisição de máquinas e equipamentos;
• Despesas de capital (juros e amortizações) e depreciação dos equipamentos.
Custeio
• Pessoal (mão-de-obra, corpo técnico, gerencial e administrativo);
• Despesas operacionais e de manutenção;
• Despesas de energia e tarifas das concessionárias do serviço público;
• Despesas de reposição de peças e equipamentos;
• Despesas com gerenciamento e administração.
Receitas Diretas:
• Comercialização de recicláveis e composto orgânico.
Receitas Indiretas:
• Economia referente à redução de custos de transporte ao aterro;
• Economia referente à redução do volume de lixo vazado no aterro.
Ambientais
• Economia de consumo de energia;
• Economia no consumo de recursos naturais;
• Redução da carga de resíduos poluentes no ambiente.

Sociais
• Oferta de emprego digno e formal para os catadores de lixo;
• Geração de renda;
• Conscientização ambiental da população.

396
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
TRATAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A forma de tratamento dos resíduos da construção civil mais difundida é a
segregação (ou "limpeza"), seguida de trituração e reutilização na própria indústria da
construção civil. O entulho reciclado pode ser usado como base e sub-base de rodovias,
agregado graúdo na execução de estruturas de edifícios, em obras de arte de concreto
armado e em peças pré-moldadas.
No Brasil, existem em operação cerca de nove unidades de beneficiamento de
resíduos de construção, implantadas a partir de 1991, sendo a experiência mais
significativa a da Prefeitura de Belo Horizonte, que dispõe de duas usinas de reciclagem
de entulho com capacidade para processar até 400 toneladas diárias.
A reciclagem dos resíduos da construção civil apresenta as seguintes vantagens:
• Redução de volume de extração de matérias-primas;
• Conservação de matérias-primas não-renováveis;

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


• Correção dos problemas ambientais urbanos gerados pela deposição indiscriminada de
resíduos de construção na malha urbana;
• Colocação no mercado de materiais de construção de custo mais baixo;
• Criação de novos postos de trabalho para mão-de-obra com baixa qualificação.
Por essas razões, a implantação de novas usinas de reciclagem para esses
materiais deve ser incentivada, mesmo que sua viabilidade econômica seja alcançada
através da cobrança de taxas específicas.
Três fatores devem ser considerados quando se está avaliando a implantação de
um processo de reciclagem de entulho em uma determinada região. Em ordem de
importância, os três fatores são:
• Densidade populacional: é necessária uma alta densidade populacional de forma a
assegurar um constante suprimento de resíduos que servirão de matéria-prima para a
indústria de reciclagem.
•Obtenção de agregados naturais: escassez ou dificuldade de acesso a jazidas naturais
favorecem a reciclagem de entulho, desde que um alto nível de tecnologia seja
empregado. Abundância e fácil acesso a jazidas não inviabilizam a reciclagem do entulho
de obra por si só, mas, por razões econômicas, normalmente induzem à aplicação de
baixos níveis de tecnologia ao processo.
• Nível de industrialização: afeta diretamente a necessidade e a conscientização de uma
sociedade em reciclar o entulho. Em áreas densamente povoadas, razões de ordem
social e sanitária estimulam a redução do volume de resíduos que devam ser levados aos
aterros.
É fundamental a instalação da estação de reciclagem em uma posição central do
perímetro urbano com vistas à redução do custo final do produto reciclado. Além destes
fatores, devem ser observadas as condições a seguir:
•Com relação ao recebimento:
• Características dos resíduos sólidos: a quantidade, o lugar de origem, o responsável, a
legislação existente, tipos e qualidade;
• Demolição e reformas: técnicas aplicadas, transporte do entulho, equipamentos para
reciclagem;
• Possibilidades de remoção e disposição final: preços, distâncias, áreas já regularizadas;
• Desenvolvimento do processo: possibilidade efetiva, corpo técnico, organização e
equipamentos.
397

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Com relação à comercialização:
• Matéria-prima natural (qualidade, preços, reservas);
• Comercialização (tipos, consumo atual, padrões);
• Matéria-prima reciclada (qualidade técnica, quantidades, preços).
Existem duas formas de processamento: a automática e a semiautomática. A
forma totalmente automática consiste num equipamento robusto, de grande potência,
capaz de receber e triturar o entulho de obras sem uma separação prévia das ferragens
que ficam retidas nos blocos de concreto. Posteriormente, o material triturado passa por
um separador magnético que retira o material ferroso, deixando somente o material inerte
triturado. O material ferroso vai para uma prensa e posterior comercialização dos fardos,
enquanto o material inerte cai numa peneira giratória que efetua a segregação do material
nas suas várias porções granulométricas.
No modo semiautomático, o mais utilizado no Brasil, o material a ser processado
deve sofrer uma segregação prévia das ferragens, não sendo recomendável a trituração
conjunta dos materiais.
A central deve receber somente resíduos inertes, não existindo, portanto, a
possibilidade de este material liberar poluentes. O alimentador do britador deve estar
equipado com aspersores de água, visando a minimizar a emissão de poeira, e
revestimento de borracha, de forma a reduzir o nível de ruído, respeitando assim os
limites estabelecidos pelos órgãos de controle ambiental.
Sequência de operação:
• O entulho trazido pelos caminhões de coleta é pesado na balança da usina de
reciclagem, de onde é encaminhado para o pátio de recepção;
• No pátio de recepção ele é vistoriado superficialmente por um encarregado para verificar
se a carga é compatível com o equipamento de trituração. Caso esteja fora dos padrões,
não se permite a descarga do veículo, que é encaminhado para um aterro;
• Caso seja compatível com o equipamento, o veículo faz a descarga no pátio, onde
também se processa a separação manual dos materiais inservíveis, como plásticos,
metais e pequenas quantidades de matéria orgânica;
• A separação, apesar de manual, é feita com o auxílio de uma pá carregadeira que revira
o material descarregado de modo a facilitar a segregação dos inservíveis pela equipe de
serventes;
• Os materiais segregados são classificados em comercializáveis (sucata ferrosa) e
inservíveis (material restante), sendo depositados em locais separados para
armazenamento e destinação futura;
• Não são aceitos materiais de grande porte, com dimensões maiores que a boca do
alimentador, assim como blocos de concreto com ferragem embutida que podem
prejudicar a operação do moinho e quebrar os martelos. Eventualmente, se a quantidade
de blocos for pequena, os serventes alocados no pátio de recepção podem efetuar a
quebra e separação dos mesmos;
• Em nenhuma hipótese devem ser admitidos materiais contaminados por grande
quantidade de plásticos, que podem danificar os equipamentos;
• Entulho de pequenas obras, que normalmente vem ensacado, é desensacado
manualmente, prosseguindo-se com a operação de alimentação e trituração;
• Livre dos inservíveis, o entulho é levemente umedecido através de um sistema de
aspersão, de forma a minimizar a quantidade de poeira gerada pela trituração. Em
398
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
seguida, é colocado pela pá carregadeira no alimentador, que faz a dosagem correta do
material;
• Passando pelo alimentador, o material segue para o moinho, onde é triturado. Do
triturador o material segue numa pequena esteira rolante equipada com separador
magnético, onde é feita a separação de resíduos de ferro que escaparam da triagem e
foram introduzidos no moinho de impacto;
• Após esta separação inicial, o material é encaminhado à peneira vibratória, que faz a
separação do material nas granulometrias selecionadas;
• Da peneira, cada uma das frações é transportada para o seu respectivo pátio de
estocagem por meio de uma esteira transportadora, convencional, de velocidade
constante.
As esteiras transportadoras são montadas sobre rodízios, de forma a permitir o seu
deslocamento lateral em semicírculo no pátio de estocagem. Essa providência evita que

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


se tenha que efetuar a remoção das pilhas de material triturado com pámecânica,
permitindo a estocagem contínua de material, sem paralisar a operação.
O deslocamento dos rodízios se faz sobre piso cimentado, dimensionado para
suportar os esforços da correia. A operação de deslocamento da correia é feita
manualmente pelos serventes alocados no pátio de estocagem e realizada toda vez que a
pilha de entulho triturado atinge a altura máxima permitida pela declividade da esteira.
O material estocado deve ser mantido permanentemente úmido para evitar a
dispersão de poeiras e para impedir seu carreamento pelo vento.
A carga dos veículos que levam o entulho triturado para aproveitamento é feita por
uma pá carregadeira similar à do pátio de recepção.

TRATAMENTO DE PILHAS E BATERIAS


Uma vez que as pilhas e baterias são resíduos perigosos Classe I, seu tratamento
e destinação final são os mesmos descritos para os resíduos industriais Classe I.

TRATAMENTO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES


Por causa de sua elevada toxicidade e da dificuldade em se proceder ao seu
controle ambiental, as lâmpadas fluorescentes devem ser recicladas ou gerenciadas
como se Fo sem lixo tóxico.

TRATAMENTO DE PNEUS
Nos Estados Unidos, onde o consumo de pneus é um pouco superior a um pneu
por habitante/ano (300 milhões de pneus/ano), o destino mais utilizado é a queima dos
pneus em usinas termelétricas. Mesmo assim, pelas dificuldades de processo, limita-se a
não mais que 5% dos pneus usados.
No Brasil os dados apontaram uma produção de 35 milhões de pneus em 1995.
Após a publicação da Resolução CONAMA nº 258 (1999), as indústrias passaram a
destinar seus rejeitos de produção em fornos de clinker das indústrias cimenteiras.
Entretanto, nem todos os fornos foram adaptados para processar pneus, provocando
alterações na qualidade do cimento produzido e emitindo efluentes gasosos fora dos
limites dos órgãos ambientais.

399

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Na década de 1990 surgiu uma tecnologia nova, nacional, que utiliza solventes
orgânicos para separar a borracha do arame e do nylon dos pneus, permitindo sua
recuperação e reciclagem.
A queima de 4,5 milhões de pneus/ano na Usina de Modesto – Califórnia–, que
gera 15 megawatts usados em 14 mil residências, e também na Usina de Sterling –
Connecticut –, que queima 10 milhões de pneus/ano, com geração de 30 megawatts, tem
um custo operacional igual ao dobro do custo das usinas movidas a carvão e cujo
investimento alcançou US$100 milhões.
Caso venha a se confirmar a viabilidade econômica desse novo processo, sua
utilização permitiria recuperar, de acordo com dados de 1995, as seguintes quantidades
de matéria-prima:
• 250 mil toneladas de borracha;
• 77.300 toneladas de arame de aço;
• 54.900 toneladas de cordonéis de nylon
12.4. Tratamento de resíduos de fontes especiais
12.4.1. Tratamento de resíduos sólidos industriais
É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua
reutilização ou, pelo menos, torná-los inertes.
Contudo, dada a diversidade dos mesmos, não existe um processo
preestabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar uma pesquisa e o
desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

RECICLAGEM/ RECUPERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS


Em geral, trata-se de transformar os resíduos em matéria-prima, gerando
economias no processo industrial. Isto exige vultosos investimentos com retorno
imprevisível, já que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas
esse risco reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos
mais seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais.
Para incentivar a reciclagem e a recuperação dos resíduos, alguns estados
possuem bolsas de resíduos, que são publicações periódicas, gratuitas, onde a indústria
coloca os seus resíduos à venda ou para doação.

OUTROS PROCESSOS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS


Em termos práticos, os processos de tratamento mais comum são:
• Neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas;
• Secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de umidade com outros
resíduos secos ou com materiais inertes, como serragem;
• Encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada de resina
sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação;
• Incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de cerâmica em
uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente, ou ainda que possam ser
acrescentados a materiais combustíveis sem gerar gases prejudiciais ao meio ambiente
após a queima;
• Processos de destruição térmica, como incineração e pirólise.

400
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
TRATAMENTO DE RESÍDUOS RADIOATIVOS
Ainda não existem processos de tratamento economicamente viáveis para o lixo
radioativo. Os processos pesquisados, envolvendo a estabilização atômica dos materiais
radioativos, ainda não podem ser utilizados em escala industrial.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE PORTOS E AEROPORTOS


Não são empregados métodos de tratamento para esse tipo de resíduos.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE


São muitas as tecnologias para tratamento de resíduos de serviços de saúde. Até
pouco tempo, a disputa no mercado de tratamento de resíduos de serviços de saúde era
entre a incineração e a autoclavagem, já que, em muitos países, a disposição em valas
sépticas não é aceita.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Recentemente, com os avanços da pesquisa no campo ambiental e a maior
conscientização das pessoas, os riscos de poluição atmosférica advindos do processo de
incineração fizeram com que este processo tivesse sérias restrições técnicas e
econômicas de aplicação, devido à exigência de tratamentos muito caros para os gases e
efluentes líquidos gerados, acarretando uma sensível perda na sua parcela de mercado.
Todavia, novas tecnologias foram desenvolvidas, dando origem a diferentes
processos já comercialmente disponíveis.
Qualquer que seja a tecnologia de tratamento a ser adotada, ela terá que atender
às seguintes premissas:
• Promover a redução da carga biológica dos resíduos, de acordo com os padrões
exigidos, ou seja, eliminação do bacillus stearothermophilus no caso de esterilização, e do
bacillus subtyllis, no caso de desinfecção;
• Atender aos padrões estabelecidos pelo órgão de controle ambiental do estado para
emissões dos efluentes líquidos e gasosos;
• Descaracterizar os resíduos, no mínimo impedindo o seu reconhecimento como lixo
hospitalar;
• Processar volumes significativos em relação aos custos de capital e de operação do
sistema, ou seja, ser economicamente viável em termos da economia local.
Os processos comerciais disponíveis que atendem a estas premissas
fundamentais estão descritos a seguir.

INCINERAÇÃO
A incineração é um processo de queima, na presença de excesso de oxigênio, no
qual os materiais à base de carbono são decompostos, desprendendo calor e gerando um
resíduo de cinzas. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de
10 a 25% acima das necessidades de queima dos resíduos.
Em grandes linhas, um incinerador é um equipamento composto por duas câmaras
de combustão onde, na primeira câmara, os resíduos, sólidos e líquidos, são queimados a
temperatura variando entre 800 e 1.000°C, com excesso de oxigênio, e transformados em
gases, cinzas e escória. Na segunda câmara, os gases provenientes da combustão inicial
são queimados a temperaturas da ordem de 1.200 a 1.400°C.
Os gases da combustão secundária são rapidamente resfriados para evitar a
recompôsição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e, em seguida, tratados em
401

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos, antes de serem lançados na
atmosfera através de uma chaminé.
Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para fundir e
volatilizar os metais, estes se misturam às cinzas, podendo ser separados destas e
recuperados para comercialização.
Para os resíduos tóxicos contendo cloro, fósforo ou enxofre, além de necessitar
maior permanência dos gases na câmara (da ordem de dois segundos), são precisos
sofisticados sistemas de tratamento para que estes possam ser lançados na atmosfera.
Já os resíduos compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio
necessitam somente de um eficiente sistema de remoção do material particulado que é
expelido juntamente com os gases da combustão.
Existem diversos tipos de fornos de incineração. Os mais comuns são os de grelha
fixa, de leito móvel e o rotativo.

INCINERADORES DE GRELHA FIXA


Nesse processo, os resíduos são lançados sobre uma grelha fixa, onde são
queimados. O ar é introduzido sobre a grelha de modo a minimizar o arraste das cinzas.
As cinzas e a escória resultantes da queima caem através dos orifícios da grelha num
cinzeiro, de onde são removidas mecanicamente ou por via úmida. Para garantir o
excesso de oxigênio necessário à completa combustão dos resíduos e dos gases, o fluxo
de ar é feito por meio de um exaustor colocado antes da chaminé.

INCINERADORES DE LEITO MÓVEL


São formados por peças de ferro fundido posicionadas em degraus e ligadas a um
sistema hidráulico que proporciona ao leito um movimento de vaivém, conduzindo o lixo
desde a porta de acesso até o fosso de remoção de cinzas e escórias.
O leito de combustão é dividido em três seções, com a finalidade de secar os
resíduos (primeira seção) e efetuar a completa queima dos mesmos (segunda e terceira
seções).
O ar de combustão do forno é suprido por dois sopradores de ar, sendo um para
forçar a admissão do ar por sob os resíduos (ar sob fogo) e outro que força a introdução
do ar por sobre os resíduos (ar sobre fogo).
As cinzas e escórias oriundas da queima do lixo são descarregadas continuamente
dentro de um fosso situado debaixo do forno. No fosso, as cinzas e escórias escaldadas
são removidas mecanicamente ou por via úmida.

FORNOS ROTATIVOS
Apesar de servirem para destruir termicamente os resíduos infectantes, os fornos
rotativos são mais utilizados para resíduos industriais Classe I. São incineradores
cilíndricos, com diâmetro da ordem de quatro metros e comprimento de até quatro vezes
o diâmetro, montados com uma pequena inclinação em relação ao plano horizontal.
A entrada é feita na extremidade mais elevada, pelo lado oposto ao dos
queimadores, obrigando os resíduos a se moverem lentamente para baixo devido à
rotação do cilindro.
Os gases gerados passam para uma câmara secundária de queima onde estão
instalados os queimadores de líquidos e gases.
402
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O fluxo dos gases resultantes da queima é então dirigido aos trocadores de calor e
aos equipamentos de lavagem.

PIRÓLISE
A pirólise também é um processo de destruição térmica, como a incineração, com a
diferença de absorver calor e se processar na ausência de oxigênio. Nesse processo, os
materiais à base de carbono são decompostos em combustíveis gasosos ou líquidos e
carvão. Existem modelos de câmara simples, onde a temperatura gira na faixa dos
1.000°C, e de câmaras múltiplas, com temperaturas entre 600 e 800°C na câmara
primária, e entre 1.000 e 1.200°C na câmara secundária.
Podem ser dotados de sistema de alimentação automática (contínua) ou
semiautomática (em bateladas) e possuem queimadores auxiliares que podem operar
com óleo combustível ou a gás.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Suas grandes vantagens são:
• Garantia da eficiência de tratamento, quando em perfeitas condições de funcionamento;
• Redução substancial do volume de resíduos a ser disposto (cerca de 95%).
Suas principais desvantagens são:
• Custo operacional e de manutenção elevado;
• Manutenção difícil, exigindo trabalho constante de limpeza no sistema de alimentação de
combustível auxiliar, exceto se for utilizado gás natural;
• Elevado risco de contaminação do ar, com geração de dioxinas a partir da queima de
materiais clorados existentes nos sacos de PVC e desinfetantes;
• Risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados;
• Elevado custo de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos.
Observe-se que nem a incineração, nem a pirólise resolve integralmente o
problema da destinação dos resíduos de serviços de saúde, havendo a necessidade de
se providenciar uma disposição final adequada para as cinzas e para o lodo resultante do
tratamento dos gases.

AUTOCLAVAGEM
Originalmente utilizado na esterilização de material cirúrgico, este processo foi
adaptado e desenvolvido para a esterilização de resíduos.
Em linhas gerais, consiste em um sistema de alimentação que conduz os resíduos
até uma câmara estanque onde é feito vácuo e injetado vapor d'água (entre 105 e 150°C)
sob determinadas condições de pressão.
Os resíduos permanecem nesta câmara durante um determinado tempo até se
tornarem estéreis, havendo o descarte da água por um lado e dos resíduos pelo outro.
Esse processo apresenta as seguintes vantagens:
• Custo operacional relativamente baixo;
• Não emite efluentes gasosos e o efluente líquido é estéril;
• Manutenção relativamente fácil e barata.
Em contrapartida, apresenta as seguintes desvantagens:
• Não há garantia de que o vapor d'água atinja todos os pontos da massa de resíduos,
salvo se houver uma adequada trituração prévia à fase de desinfecção;
• Não reduz o volume dos resíduos, a não ser que haja trituração prévia;
• Processo em batelada, não permitindo um serviço continuado de tratamento.
403

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


MICROONDAS
Nesse processo os resíduos são triturados, umedecidos com vapor a 150ºC e
colocados continuamente num forno de micro-ondas onde há um dispositivo para revolver
e transportar a massa, assegurando que todo o material receba uniformemente a radiação
de micro-ondas.
As vantagens desse processo são:
• Ausência de emissão de efluentes de qualquer natureza;
• Processo contínuo.
As principais desvantagens são representadas pelos seguintes aspectos:
• Custo operacional relativamente alto;
• Redução do volume de resíduos a ser aterrado obtida somente na trituração.

RADIAÇÃO IONIZANTE
Nesse processo, os resíduos, na sua forma natural são expostos à ação de raios
gama gerados por uma fonte enriquecida de cobalto que torna inativo os micro-
organismos.
Esse processo apresenta as seguintes desvantagens em relação aos processos
anteriores:
• Eficiência de tratamento questionável, uma vez que há possibilidades de nem toda a
massa de resíduos ficar exposta aos raios eletromagnéticos;
• Necessidade de se dispor adequadamente a fonte exaurida de cobalto 60 (radioativa).
Suas vantagens referem-se à ausência de emissão de efluentes de qualquer
natureza, assim como pelo fato de ser um processo contínuo.

DESATIVAÇÃO ELETROTÉRMICA
Este processo consiste numa dupla trituração prévia ao tratamento, seguida pela
exposição da massa triturada a um campo elétrico de alta potência gerado por ondas
eletromagnéticas de baixa frequência, atingindo uma temperatura final entre 95 e 98°C.
Neste processo não há a emissão de efluentes líquidos, nem gasosos, e a redução
de volume só é obtida pelo sistema de trituração.
As vantagens e desvantagens deste processo são as mesmas do processo de
micro-ondas, agravadas pela dificuldade de manutenção do equipamento e ausência de
redução do volume, a não ser que se instale um sistema de trituração posterior ao
tratamento.

TRATAMENTO QUÍMICO
Neste processo os resíduos são triturados e logo após mergulhados numa solução
desinfetante que pode ser hipoclorito de sódio, dióxido de cloro ou gás formaldeído. A
massa de resíduos permanece nesta solução por alguns minutos e o tratamento ocorre
por contato direto.
Antes de serem dispostos no contêiner de saída, os resíduos passam por um
sistema de secagem, gerando um efluente líquido nocivo ao meio ambiente que necessita
ser neutralizado.
As vantagens deste processo são a economia operacional e de manutenção, assim
como a eficiência do tratamento dos resíduos.

404
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
E as desvantagens são a necessidade de neutralizar os efluentes líquidos e a não-
redução do volume do lixo, a não ser por meio de trituração feita à parte.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES


O tratamento mais eficaz é o prestado pela própria população quando está
empenhada em reduzir a quantidade de lixo, evitando o desperdício, reaproveitando os
materiais, separando os recicláveis em casa ou na própria fonte e se desfazendo do lixo
que produz de maneira correta.
Além desses procedimentos, existem processos físicos e biológicos que objetivam
estimular a atividade dos micro-organismos que atacam o lixo, decompondo a matéria
orgânica e causando poluição.
As usinas de incineração ou de reciclagem e compostagem interferem sobre essa
atividade biológica até que ela cesse, tornando o resíduo inerte e não mais poluidor.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


A incineração do lixo é também um tratamento eficaz para reduzir o seu volume,
torna do o resíduo absolutamente inerte em pouco tempo, se realizada de forma
adequada. Mas sua instalação e funcionamento são geralmente dispendiosos,
principalmente em razão da necessidade de filtros e implementos tecnológicos
sofisticados para diminuir ou eliminar a poluição do ar provocada por gases produzidos
durante a queima do lixo.
As usinas de reciclagem e compostagem geram emprego e renda e podem
reduzir a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, em aterros
sanitários.
A economia da energia que seria gasta na transformação da matéria-prima, já
contida no reciclado, e a transformação do material orgânico do lixo em composto
orgânico adequado para nutrir o solo destinado à agricultura representam vantagens
ambientais e econômicas importantes proporcionadas pelas usinas de reciclagem e
compostagem.
Essas vantagens devem ser ponderadas na escolha da alternativa de tratamento
do lixo.
É preciso lembrar que a operação de uma usina de reciclagem só é viável na
condição de o sistema de limpeza urbana da cidade contar com coletas seletivas de
resíduos perigosos, tais como os provenientes dos serviços de saúde. É importante evitar
que esse material chegue na usina, levando riscos aos operadores que o manipulam.
Também o lixo proveniente da limpeza de logradouros ou da remoção de entulhos deve
ser evitado na usina porque é composto por materiais, tais como entulhos, galhadas e
terra, que podem danificar as máquinas.
Uma instalação de reciclagem só deve ser construída se não for possível implantar
na cidade um sistema amplo de coleta seletiva, com os recicláveis separados já nas
reside cias e coletados por catadores.
Uma instalação de compostagem só deve ser implantada se estudos técnicos e
econômicos assim o indicarem, levando em conta a disponibilidade de área para aterros,
mercado para o composto, custo da instalação etc.

405

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


RECICLAGEM
O material reciclável que se encontra misturado no lixo domiciliar pode ser
separado em uma usina de reciclagem através de processos manuais e eletromecânicos,
conseguindo-se em geral uma eficiência de apenas 3 a 6% em peso, dependendo do
tamanho e do grau de sofisticação tecnológica da usina.
De qualquer forma, o material separado em geral é sujo, com terra, gordura e
vários outros tipos de contaminantes. Por isso o beneficiamento correto desse material
pelas indústrias é muito oneroso.
O material reciclável misturado no lixo fica sujo e contaminado, tornando seu
beneficiamento mais complicado.
A reciclagem propicia as seguintes vantagens:
• Preservação de recursos naturais;
• Economia de energia;
• Economia de transporte (pela redução de material que demanda o aterro);
• Geração de emprego e renda;
• Conscientização da população para as questões ambientais.
A reciclagem ideal é aquela proporcionada pela população que separa os resíduos
recicláveis em casa, jogando no lixo apenas o material orgânico.
Uma usina de reciclagem apresenta três fases de operação, quais sejam:

RECEPÇÃO
• Aferição do peso ou volume por meio de balança ou cálculo estimativo;
•Armazenamento em silos ou depósitos adequados com capacidade para o
processamento de, pelo menos, um dia.

ALIMENTAÇÃO
Carregamento na linha de processamento, por meio de máquinas, tais como pás
carregadeiras, pontes rolantes, pólipos e braço hidráulico.
É possível adotar dispositivos que permitem a descarga do lixo dos caminhões
diretamente nas linhas de processamento, tornando independente os equipamentos de
alimentação daqueles que processam o lixo; assim, em caso de quebra dos primeiros, o
processamento não será afetado.

TRIAGEM
• Dosagem do fluxo de lixo nas linhas de triagem e processos de separação de recicláveis
por tipo.
Os equipamentos de dosagem de fluxo mais utilizados são as esteiras
transportadoras metálicas, conhecidas também como chão movediço, e os tambores
revolvedores. Os tambores são mais apropriados para usinas de pequeno porte com
capacidade, por linha, de até 10t/h.
As esteiras de triagem devem ter velocidade entre 10m/min a 12m/min, de forma a
permitir um bom desempenho dos trabalhadores que fazem a catação manual.
Os catadores devem ser posicionados ao longo da esteira de catação, ao lado de
dutos ou contêineres, separando no início da esteira os materiais mais volumosos como
papel, papelão e plástico filme para que os materiais de menor dimensão (latas de
alumínio, vidro etc.) possam ser visualizados e separados pelos catadores no final da
406
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
linha. Geralmente a primeira posição é ocupada por um "rasga-sacos", a quem também
cabe a tarefa de espalhar os resíduos na esteira de modo a facilitar o trabalho dos outros
catadores.
Quando houver mais de uma esteira de triagem, elas deverão ser projetadas com
elevação suficiente para permitir em sua parte de baixo a instalação de prensas
enfardadeiras e espaço suficiente para movimentação dos materiais triados.
Com relação aos processos de seleção, estes podem ser instalados de forma isolada ou
associados entre si.
As usinas simplificadas geralmente contam apenas com as esteiras de catação,
enquanto usinas mais sofisticadas possuem outros equipamentos que separam
diretamente os materiais recicláveis ou facilitam a catação manual. Entre estes se podem
citar as peneiras, os separadores balísticos, os separadores magnéticos e os separadores
pneumáticos.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Há ainda a possibilidade, em unidades de até 5t/h, de se substituir a esteira de
catação por uma mesa de concreto, com pequena declividade e abas laterais que
impedem o vazamento dos resíduos; estes são empurrados manualmente pelos
catadores até o final da mesa, com auxílio de pequenas tábuas, ao mesmo tempo em que
separam os recicláveis. Nessas unidades, o lixo que chega da coleta é armazenado em
uma pequena depressão no solo, junto à cabeceira da mesa de catação, e é nela
colocado, também manualmente, por um trabalhador munido de gadanho (Peixinhos)

A escolha do material reciclável a ser separado nas unidades de reciclagem


depende sobretudo da demanda da indústria. Todavia, na grande maioria das unidades
são separados os seguintes materiais:
• Papel e papelão;
• Plástico duro (PVC, polietileno de alta densidade, PET);
• Plástico filme (polietileno de baixa densidade);
• Garrafas inteiras;
• Vidro claro, escuro e misto;
• Metal ferroso (latas, chaparia etc.);
• Metal não-ferroso (alumínio, cobre, chumbo, antimônio etc.).

COMPOSTAGEM
Define-se compostagem como o processo natural de decomposição biológica de
materiais orgânicos (aqueles que possuem carbono em sua estrutura), de origem animal e
vegetal, pela ação de micro-organismos. Para que ele ocorra não é necessária a adição
de qualquer componente físico ou químico à massa do lixo.
A compostagem pode ser aeróbia ou anaeróbia, em função da presença ou não de
oxigênio no processo. Na compostagem anaeróbia a decomposição é realizada por micro-
organismos que podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em baixa
temperatura, com exalação de fortes odores, e leva mais tempo até que a matéria
orgânica se estabilize.
Na compostagem aeróbia, processo mais adequado ao tratamento do lixo
domiciliar, a decomposição é realizada por micro-organismos que só vivem na presença
de oxigênio. A temperatura pode chegar a até 70ºC, os odores emanados não são
agressivos e a decomposição é mais veloz.
407

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O processo de compostagem aeróbio de resíduos orgânicos tem como produto
final o composto orgânico, um material rico em húmus e nutrientes minerais que pode ser
utilizado na agricultura como recondicionador de solos, com algum potencial fertilizante.
Húmus é a matéria orgânica homogênea, totalmente bioestabilizada, de cor escura
e rica em partículas coloidais que, quando aplicada ao solo, melhora suas características
físicas para uso agrícola.

FASES DA COMPOSTAGEM
O processo de compostagem aeróbia pode ser dividido em duas fases.
A primeira, chamada de "bioestabilização", caracteriza-se pela redução da
temperatura da massa orgânica que, após ter atingido temperaturas de até 65°C,
estabiliza-se na temperatura ambiente.
Esta fase dura cerca de 45 dias em sistemas de compostagem acelerada e 60 dias
nos sistemas de compostagem natural.
A segunda fase, chamada de "maturação", dura mais 30 dias. Nesta fase ocorre a
humificação e a mineralização da matéria orgânica.
O composto pode ser aplicado ao solo logo após encerrada a primeira fase, sem
prejuízo da maturação nem do plantio.

FATORES QUE INFLUENCIAM A COMPOSTAGEM


O lixo domiciliar conta naturalmente com os micoorganismos necessários para
decomposição da matéria orgânica em quantidade suficiente. E havendo controle
adequado da umidade e da aeração, esses micro-organismos se proliferam rápida e
homogeneamente em toda massa.
Existem também presentes no lixo micro-organismos patogênicos, como
salmonelas e estreptococos. Esses micro-organismos são eliminados pelo calor gerado
no próprio processo biológico, porque não sobrevivem a temperaturas acima de 55ºC por
mais de 24 horas.
A estrutura dos micro-organismos que atuam na compostagem é formada por
aproximadamente 90% de água, por isso o teor de umidade deve ser controlado durante o
processo.
No processo de compostagem aeróbia os micro-organismos necessitam de
oxigênio para seu metabolismo.
Fatores como umidade, temperatura e granulometria influenciam na disponibilidade
de oxigênio, e a sua falta resulta na emanação de odores desagradáveis.
O processo de aeração do composto pode ser feito revolvendo-se o material com
pás carregadeiras ou máquinas especiais. Em pequenas unidades, este reviramento pode
ser feito à mão (Peixinhos).
Na fase aeróbia, quanto maior for a exposição ao oxigênio da matéria orgânica,
maior será a sua velocidade de decomposição.
Dessa forma, quanto menor for o tamanho da partícula maior será a superfície de
exposição ao oxigênio e consequentemente menor o tempo de compostagem.
Partículas muito pequenas podem tornar a massa muito compacta, dificultando a
aeração adequada.

408
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
USINAS SIMPLIFICADAS DE COMPOSTAGEM
As usinas simplificadas realizam a compostagem natural onde todo processo
ocorre ao ar livre. Nessas unidades, após ser fragmentado em moinho de martelos, o lixo
é colocado em montes, denominados leiras, onde permanece até a bioestabilização da
massa orgânica, obtida através do seu reviramento, com frequência predeterminada (por
exemplo, no terceiro dia de formação da leira e daí em diante, a cada 10 dias, até
completar 60 dias). Uma vez biologicamente estável, o material é peneirado e fica pronto
para ser aplicado no solo agrícola.
O pátio de leiras de uma usina deve ser plano e bem compactado, se possível,
pavimentado, de preferência com asfalto, e possuir declividade suficiente (2%) para
escoamento das águas pluviais e do chorume produzido durante a compostagem. Esses
efluentes, que em leiras bem manejadas são produzidos em pequena quantidade, devem
receber tratamento sanitário, como, por exemplo, em lagoa de estabilização.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


No dimensionamento do pátio, deve-se prever espaço entre as leiras para
circulação de caminhões, pás carregadeiras ou máquinas de revolvimento. E também
áreas para estocagem do composto orgânico pronto.
As leiras para compostagem devem ter forma piramidal ou cônica, com base de
cerca de 3m de largura ou diâmetro de 2m e altura variando entre 1,50 a 2m.
Alturas maiores que 2m dificultam a aeração da massa e a operação de
revolvimento. A forma cônica facilita o escoamento da água pluvial evitando o
encharcamento das leiras.

CARACTERÍSTICAS DO COMPOSTO ORGÂNICO


O composto orgânico produzido pela compostagem do lixo domiciliar tem como
principais características a presença de húmus e nutrientes minerais e sua qualidade é
função da maior ou menor quantidade destes elementos.
O húmus torna o solo poroso, permitindo a aeração das raízes, retenção de água e
dos nutrientes.
Os nutrientes minerais podem chegar a 6% em peso do composto e incluem o
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e ferro, que são absorvidos pelas raízes
das plantas.
O composto orgânico pode ser utilizado em qualquer tipo de cultura associado ou
não a fertilizantes químicos. Pode ser utilizado para corrigir a acidez do solo e recuperar
áreas erodidas.

QUALIDADE DO COMPOSTO
No Brasil o composto orgânico produzido em usinas de compostagem de lixo
domiciliar deve atender a valores estabelecidos pelo Ministério da Agricultura para que
possa ser comercializado.

409

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


CAPITULO 12
O CRESCIMENTO POPULACIONAL/ ATERROS/ DISPOSIÇÃO FINAL
13. Disposição Final de Resíduos Sólidos
Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste apenas
em remover o lixo de logradouros e edificações, mas, principalmente, em dar um destino
final adequado aos resíduos coletados.
Essa questão merece atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma
ineficiente, a prefeitura é pressionada pela população para melhorar a qualidade do
serviço, pois se trata de uma operação totalmente visível aos olhos da população.
Contudo, ao se dar uma destinação final inadequada aos resíduos, poucas pessoas serão
diretamente incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte da população.
Assim, diante de um orçamento restrito, como ocorre em grande número das
municipalidades brasileiras, o sistema de limpeza urbana não hesitará em relegar a
disposição final para o segundo plano, dando prioridade à coleta e à limpeza pública.
Por essa razão, é comum observar nos municípios de menor porte a presença de
"lixões", ou seja, locais onde o lixo coletado é lançado diretamente sobre o solo sem
qualquer controle e sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o
ar e as águas subterrâneas e superficiais das vizinhanças.
Os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de
doenças, também se constituem em sério problema social, porque acaba atraindo os
"catadores", indivíduos que fazem da catação do lixo um meio de sobrevivência, muitas
vezes permanecendo na área do aterro, em abrigos e casebres, criando famílias e até
mesmo formando comunidades.
Diante desse quadro, a única forma de se dar destino final adequado aos resíduos
sólidos é através de aterros, sejam eles sanitários, controlados, com lixo triturado ou com
lixo compactado. Todos os demais processos ditos como de destinação final (usinas de
reciclagem, de compostagem e de incineração) são, na realidade, processos de
tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem de um aterro para a disposição
de seus rejeitos.
Nunca é demais lembrar as dificuldades de se implantar um aterro sanitário, não
somente porque requer a contratação de um projeto específico de engenharia sanitária e
ambiental e exige um investimento inicial relativamente elevado, mas também pela
rejeição natural que qualquer pessoa tem ao saber que irá morar próximo a um local de
acumulação de lixo.

DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS DOMICILIARES


O processo recomendado para a disposição adequada do lixo domiciliar é o aterro,
existindo dois tipos: os aterros sanitários e os aterros controlados.
A diferença básica entre um aterro sanitário e um aterro controlado é que este
último prescinde da coleta e tratamento do chorume, assim como da drenagem e queima
do biogás.
A seguir será apresentado, de forma detalhada, o processo para se selecionar uma
área de destino final, assim como será descrita, passo a passo, a metodologia para se
projetar, licenciar, implantar e operar um aterro.
Um enfoque mais detido será dado ao aterro sanitário, já que esta solução é a
tecnicamente mais indicada para a disposição final dos resíduos sólidos.
410
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O aterro sanitário é um método para disposição final dos resíduos sólidos urbanos,
sobre terreno natural, através do seu confinamento em camadas cobertas com material
inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar
danos ao meio ambiente.
O aterro controlado também é uma forma de se confinar tecnicamente o lixo
coletado sem poluir o ambiente externo, porém, sem promover a coleta e o tratamento do
chorume e a coleta e a queima do biogás.

ATERRO SANITÁRIO
Um aterro sanitário conta necessariamente com as seguintes unidades:
• Unidades operacionais:
• Células de lixo domiciliar;
• Células de lixo hospitalar (caso o Município não disponha de processo mais efetivo para

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


dar destino final a esse tipo de lixo);
• Impermeabilização de fundo (obrigatória) e superior (opcional);
• Sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume);
• Sistema de coleta e queima (ou beneficiamento) do biogás;
• Sistema de drenagem e afastamento das águas pluviais;
• Sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;
• Pátio de estocagem de materiais.
• Unidades de apoio:
• Cerca e barreira vegetal;
• Estradas de acesso e de serviço;
• Balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;
• Guarita de entrada e prédio administrativo;
• Oficina e borracharia.
A operação de um aterro deve ser precedida do processo de seleção de áreas,
licenciamento, projeto executivo e implantação.

SELEÇÃO DE ÁREAS PARA A IMPLANTAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS


A escolha de um local para a implantação de um aterro sanitário não é tarefa
simples. O alto grau de urbanização das cidades, associado a uma ocupação intensiva do
solo, restringe a disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração de lixo e com as
dimensões requeridas para se implantar um aterro sanitário que atenda às necessidades
dos municípios.
Além desse aspecto, há que se levar em consideração outros fatores, como os
parâmetros técnicos das normas e diretrizes federais, estaduais e municipais, os aspectos
legais das três instâncias governamentais, planos diretores dos municípios envolvidos,
polos de desenvolvimento locais e regionais, distâncias de transporte, vias de acesso e os
aspectos político-sociais relacionados com a aceitação do empreendimento pelos
políticos, pela mídia e pela comunidade.
Por outro lado, os fatores econômico-financeiros não podem ser relegados a um
plano secundário, uma vez que os recursos municipais devem ser sempre usados com
muito equilíbrio.

411

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Por isso, os critérios para se implantar adequadamente um aterro sanitário são
muito severos, havendo a necessidade de se estabelecer uma cuidadosa priorização dos
mesmos.
A estratégia a ser adotada para a seleção da área do novo aterro consiste nos
seguintes passos:
• Seleção preliminar das áreas disponíveis no Município;
• Estabelecimento do conjunto de critérios de seleção;
• Definição de prioridades para o atendimento aos critérios estabelecidos;
• Análise crítica de cada uma das áreas levantadas frente aos critérios estabelecidos e
priorizados, selecionando-se aquela que atenda à maior parte das restrições através de
seus atributos naturais.
Com a adoção dessa estratégia, minimiza-se a quantidade de medidas corretivas a
serem implementadas para adequar a área às exigências da legislação ambiental vigente,
reduzindo-se ao máximo os gastos com o investimento inicial.

SELEÇÃO PRELIMINAR DAS ÁREAS DISPONÍVEIS


A seleção preliminar das áreas disponíveis no Município deve ser feita da seguinte
forma:
• Estimativa preliminar da área total do aterro;
Para se estimar a área total necessária a um aterro, em metros quadrados, basta
multiplicar a quantidade de lixo coletada diariamente, em toneladas, pelo fator 560 (este
fator se baseia nos seguintes parâmetros, usualmente utilizados em projetos de aterros:
vida útil = 20 anos; altura do aterro = 20m; taludes de 1:3 e ocupação de 80% do terreno
com a área operacional).
A situação fundiária dos imóveis é de extrema importância para se evitar futuros
problemas para a prefeitura.
• Delimitação dos perímetros das regiões rurais e industriais e das unidades de
conservação existentes no Município;
• Levantamento das áreas disponíveis, dentro dos perímetros delimitados anteriormente,
com dimensões compatíveis com a estimativa realizada, com prioridade para as áreas
que já pertencem ao Município;
• Levantamento dos proprietários das áreas levantadas;
• Levantamento da documentação das áreas levantadas, com exclusão daquelas que se
encontram com documentação irregular.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
Os critérios utilizados foram divididos em três grandes grupos: técnicos,
econômico-financeiros e político-sociais.

CRITÉRIOS TÉCNICOS
A seleção de uma área para servir de aterro sanitário à disposição final de resíduos
sólidos domiciliares deve atender, no mínimo, aos critérios técnicos impostos pelas
normas da ABNT (NBR 10.157) e pela legislação federal, estadual e municipal (quando
houver).
Todos os condicionantes e restrições relativos às normas da ABNT, assim como os
aspectos técnicos da legislação atualmente em vigor.
412
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PROXIMIDADE A CURSOS D'ÁGUA RELEVANTES
As áreas não podem se situar a menos de 200 metros de corpos d'água relevantes,
tais como, rios, lagos, lagoas e oceano. Também não poderão estar a menos de 50
metros de qualquer corpo d'água, inclusive valas de drenagem que pertençam ao sistema
de drenagem municipal ou estadual.

PROXIMIDADE A NÚCLEOS RESIDENCIAIS URBANOS


As áreas não devem se situar a menos de mil metros de núcleos residenciais
urbanos que abriguem 200 ou mais habitantes.

PROXIMIDADE A AEROPORTO
As áreas não podem se situar próximas a aeroportos ou aeródromos e devem
respeitar a legislação em vigor.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


DISTÂNCIA DO LENÇOL FREÁTICO
As distâncias mínimas recomendadas pelas normas federais e estaduais são as
seguintes:
• Para aterros com impermeabilização inferior através de manta plástica sintética, a
distância do lençol freático à manta não poderá ser inferior a 1,5 metro.
• Para aterros com impermeabilização inferior através de camada de argila, a distância do
lençol freático à camada impermeabilizante não poderá ser inferior a 2,5 metros e a
camada impermeabilizante deverá ter um coeficiente de permeabilidade menor que 10-
6cm/s.

VIDA ÚTIL MÍNIMA


É desejável que as novas áreas de aterro sanitário tenham, no mínimo, cinco anos
de vida útil.

PERMEABILIDADE DO SOLO NATURAL


É desejável que o solo do terreno selecionado tenha certa impermeabilidade
natural, com vistas a reduzir as possibilidades de contaminação do aquífero. As áreas
selecionadas devem ter características argilosas e jamais deverão ser arenosas.

EXTENSÃO DA BACIA DE DRENAGEM


A bacia de drenagem das águas pluviais deve ser pequena, de modo a evitar o
ingresso de grandes volumes de água de chuva na área do aterro.

FACILIDADE DE ACESSO A VEÍCULOS PESADOS


O acesso ao terreno deve ter pavimentação de boa qualidade, sem rampas
íngremes e sem curvas acentuadas, de forma a minimizar o desgaste dos veículos
coletores e permitir seu livre acesso ao local de vazamento mesmo na época de chuvas
muito intensas.

413

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


DISPONIBILIDADE DE MATERIAL DE COBERTURA
Preferencialmente, o terreno deve possuir ou se situar próximo a jazidas de
material de cobertura, de modo a assegurar a permanente cobertura do lixo a baixo custo.

USO DO SOLOTÉRIOS
É importante que se frise o aspecto de vida útil do aterro, uma vez que é grande a
dificuldade de se encontrar novos locais, próximos às áreas de coleta, para receber o
volume de lixo urbano gerado no Município, em face da rejeição natural que a população
tem de morar perto de um local de disposição de lixo.
As áreas têm que se localizar numa região onde o uso do solo seja rural (agrícola)
ou industrial e fora de qualquer Unidade de conservação ambiental.

LICENCIAMENTO
Os trâmites para licenciamento da área do aterro devem iniciar-se tão logo seja
assinado o contrato para execução dos serviços e compreendem as seguintes tarefas:

ELABORAÇÃO DO EIA/RIMA
Estudo de Impacto Ambiental – EIA – é um estudo técnico, contratado junto a
firmas especializadas, com vistas a levantar os pontos positivos e negativos do aterro
sanitário a ser implantado com relação aos meios físico, biótico (flora e fauna) e antrópico
(aspectos relacionados ao homem), e que estabelece uma série de medidas e ações que
visam a diminuir os impactos negativos registrados. O EIA é aprovado pelo órgão de
controle ambiental do Estado.
Com o objetivo de se ganhar tempo, o desenvolvimento do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA – deve iniciar-se na mesma data da entrada do pedido da licença prévia,
para que, tão logo se receba a Instrução Técnica, se faça apenas uma complementação
do estudo, de forma a atender a todas as exigências estabelecidas nesse documento.
É conveniente frisar que o desenvolvimento dos estudos ambientais deve ser feito
em consonância com as equipes técnicas da empresa de limpeza pública e do órgão de
controle ambiental, de modo que as metodologias, diretrizes técnicas e conclusões do EIA
estejam conciliadas, na medida do possível, com as políticas destas entidades.
Os estudos, quando concluídos, devem ser encaminhados imediatamente ao órgão
de controle ambiental, para análise e aprovação.
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – é um relatório que apresenta o resumo
dos principais pontos do EIA, redigido em linguagem acessível ao público leigo.
A empresa responsável pelo EIA/RIMA não pode ser a mesma que elabora os
projetos básico e executivo.
Cuidados especiais devem ser tomados quando da redação do RIMA, para que
não se use uma linguagem técnica demais, fora do alcance da população leiga.

.
414
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ACOMPANHAMENTO DA ANÁLISE E APROVAÇÃO DO EIA
Independentemente do desenvolvimento do EIA em "sintonia" com a equipe técnica
do órgão de controle ambiental, os autores do projeto básico devem ficar à sua
disposição, durante todo o período de análise, com o objetivo de esclarecer eventuais
dúvidas e de executar as revisões necessárias.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Com o EIA aprovado, procede-se à publicação exigida por lei. A critério do órgão de
controle ambiental, a população poderá ser convocada a participar da audiência pública
de sua apresentação, marcada, em geral, para um prazo de 30 dias a partir da data da
publicação em jornal de grande circulação no Município.
A apresentação do EIA na audiência pública deve utilizar todos os recursos
audiovisuais disponíveis, uma vez que, no Brasil, a plateia que participa dessas

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


audiências é constituída principalmente de leigos, que necessitam visualizar as soluções
para melhor compreendê-las.

OBTENÇÃO DA LICENÇA PRÉVIA – LP


Uma vez aprovados os estudos de impacto ambiental e respectivas medidas
mitigadoras, a firma projetista deve acompanhar a liberação da licença prévia junto ao
órgão de controle ambiental.

ELABORAÇÃO DO PROJETO EXECUTIVO


Para se ganhar tempo, o projeto executivo pode ser desenvolvido em três etapas:
• Complementação dos serviços básicos de campo;
• Elaboração do projeto técnico;
• Elaboração de projetos complementares.
A primeira etapa deve ser simultânea à elaboração do EIA e consiste na
complementação dos dados de campo, envolvendo levantamentos topográficos
detalhados, novos furos de sondagem e ensaios geotécnicos.
Na segunda etapa, que se inicia antes mesmo da concessão da LP, detalham-se
os projetos de interesse ambiental, como os projetos geométrico, de drenagem de águas
pluviais, de coleta e tratamento do chorume, de coleta e tratamento dos esgotos
domésticos, de coleta e queima do biogás, das estradas e vias de serviço, o projeto
arquitetônico das unidades de apoio e o projeto paisagístico.
O projeto técnico também deve contemplar o detalhamento do plano operacional,
abrangendo a operação do aterro sanitário, o monitoramento geotécnico e topográfico, o
monitoramento ambiental, o sistema de controle de pesagem (se houver) e a manutenção
de máquinas, veículos e equipamentos.
É importante que a empresa projetista incorpore ao projeto técnico todas as
medidas mitigadoras preconizadas no EIA/RIMA.
Na última etapa detalham-se os projetos cuja apresentação não é exigida pelo
órgão ambiental, como os projetos de fundação, superestruturas, hidráulico-sanitários,
energia elétrica, telefonia e outros.

.
415

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


ENTRADA DE PEDIDO DE LICENÇA DE INSTALAÇÃO – LI
Concluída a primeira parte do projeto executivo, este deve ser encaminhado ao
órgão de controle ambiental, juntamente com o pedido de licença de instalação.
Licença de instalação é a licença concedida pelo órgão de controle ambiental
liberando o empreendedor para executar as obras de implantação do aterro conforme
detalhadas no projeto executivo.

ACOMPANHAMENTO DA CONCESSÃO DA LICENÇA DE INSTALAÇÃO


De forma similar ao acompanhamento da licença prévia, a equipe da projetista
deve ficar à disposição do órgão ambiental durante todo o período de análise, com o
objetivo de esclarecer eventuais dúvidas e de fazer as revisões necessárias à aprovação
integral do projeto e à concessão da licença de instalação.
IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO
Uma vez de posse da licença de instalação, iniciam-se as obras de implantação do
aterro, dando prioridade àquelas indispensáveis ao início da operação. Observe-se,
também, que algumas atividades, como construção de cercas, limpeza e raspagem do
terreno, podem ser deflagradas antes mesmo do recebimento formal da licença de
instalação.

PEDIDO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO – LO


Concluídas as obras mínimas necessárias, deve-se convidar a equipe técnica do
órgão de controle ambiental para inspecionar o aterro.
Se houver exigências, procede-se às adequações solicitadas pelo órgão ambiental,
cuja equipe técnica será novamente convidada a inspecionar as obras revisadas e/ou
refeitas, até a obtenção da licença de operação.
Licença de operação é a licença concedida pelo órgão de controle ambiental
liberando o empreendedor para operar o aterro sanitário.

CRONOGRAMA DO LICENCIAMENTO
O cronograma é a assinatura do contrato com as empresas responsáveis pelos
projetos básico e executivo do aterro e pelos estudos ambientais.

IMPLANTAÇÃO DO ATERRO
De posse do projeto aprovado e da licença de instalação, iniciam se as obras de
implantação do aterro, através do cercamento, limpeza e raspagem do terreno e da
fundação da balança (se existir controle de pesagem).
Os serviços devem ser executados observando-se as especificações técnicas e
demais condições contidas no projeto executivo, bem como as orientações das normas
técnicas da ABNT, do Ministério do Trabalho, do órgão de controle ambiental e da
legislação ambiental em vigor, assim como as normas e padrões estabelecidos pelas
concessionárias de serviços públicos (água, energia elétrica, telefonia, combate a
incêndio e outros).

416
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Para aterros de porte médio ou grande, a sequência de construção deve ser a que
se segue:

CERCAMENTO DA ÁREA
O cercamento da área deve ser executado para dificultar o ingresso de pessoas
não autorizadas na área do aterro. Uma boa medida é construir a cerca, com
aproximadamente dois metros de altura, com moirões de concreto nos quais são
passados cinco fios de arame galvanizado, igualmente espaçados.
Acompanhando a cerca de arame, deve ser implantada uma barreira vegetal, com
uma espessura mínima de 20 metros, que terá como objetivos impedir a visão da área
operacional e auxiliar na dispersão do cheiro característico do lixo.

SERVIÇOS DE LIMPEZA DA ÁREA

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Compreendem a remoção da vegetação natural (desmatamento e destocamento)
através de capina, roçada e raspagem da camada de solo vegetal nas áreas
operacionais, tais como a área do aterro de lixo domiciliar e a da ETE, preservando-se, na
medida do possível, os elementos de composição paisagística, mesmo que não
assinalados no projeto.

SERVIÇOS DE TERRAPLANAGEM
Os serviços de terraplanagem deverão seguir rigorosamente o projeto, sendo que o
material de corte excedente deve ser armazenado em local adequado para servir,
futuramente, como material de cobertura das células de lixo.
As camadas a serem compactadas devem ser umedecidas até atingir o grau de
"umidade ótima".
A conclusão dos serviços de terraplanagem se dá com a execução do pátio de
estocagem de materiais, localizado, preferencialmente, próximo à área operacional do
aterro.

SERVIÇOS DE MONTAGEM ELETROMECÂNICA


A montagem da balança deve seguir rigorosamente as instruções do fabricante,
tomando-se os cuidados necessários para o perfeito nivelamento das plataformas de
pesagem. Concluída a montagem, deve-se proceder à sua aferição oficial com o auxílio
da equipe de fiscalização.
A balança rodoviária deve ser obrigatoriamente estaqueada, de forma a assegurar
que suas plataformas de pesagem não sofram recalques e percam o nivelamento
desejado.

ESTRADAS DE ACESSO E DE SERVIÇO


As estradas de acesso e de serviço devem ser executadas em pavimento primário,
com acabamento em "bica corrida" ou entulho de obra selecionado. A pista de rolamento
deve ter caimento uniforme para um dos lados, encaminhando toda a água de chuva para
o sistema de drenagem que margeia a estrada.
Nos aterros de pequeno porte, os acessos internos podem ser construídos com
vários materiais: saibro, rocha em decomposição, material de demolição e produtos de
pedreira.
417

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A espessura recomendada para as vias internas do aterro é de 30 a 50cm,
compactadas em camadas de 15 a 25cm.

SERVIÇOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO
Os serviços de impermeabilização inferior do aterro de lixo domiciliar devem ser
iniciados logo após a conclusão da remoção da camada de solo superficial da área
operacional e consistem, basicamente, na instalação da manta de polietileno de alta
densidade (PEAD) ou na execução de uma camada de argila com coeficiente de
permeabilidade inferior a 10-6cm/s e espessura superior a 80cm, que pode ser substituída
pelo terreno natural, desde que com as mesmas características.
Concluída a implantação da camada de impermeabilização, passasse à execução
dos canais de drenagem da tubulação de coleta de chorume.

SERVIÇOS DE DRENAGEM
Sempre que possível, a drenagem das águas pluviais deve ser feita através de
valas escavadas no terreno, evitando-se o uso de tubulações enterradas.
Preferencialmente, o sistema de drenagem deve acompanhar as estradas de
serviço.
Os serviços de soldagem dos panos da manta de PEAD devem ser executados por
equipe especializada, sendo desejável que o próprio fornecedor da manta se encarregue
destes serviços.
A passagem da tubulação de coleta de chorume pela manta plástica deve ser feita
com o auxílio de uma peça especial de PVC que já traz a manta soldada ao corpo do
tubo.

DRENAGEM DE CHORUME
A coleta do chorume será feita por drenos implantados sobre a camada de
impermeabilização inferior e projetados em forma de espinha de peixe, com drenos
secundários conduzindo o chorume coletado para um dreno principal que irá levá-lo até
um poço de reunião, de onde será bombeado para a estação de tratamento.

OPERAÇÃO DE ATERROS MÉDIOS E GRANDES

Uma vez concluídas as obras de implantação e obtida a licença de operação,


pode-se dar início efetivo ao recebimento das cargas de lixo no aterro, que deverá
obedecer a um plano operacional previamente elaborado.
O plano operacional deve ser simples, contemplando todas as atividades
operacionais rotineiras em um aterro e garantindo uma operação segura.
Operar o aterro através de ferramentas manuais de fácil aquisição pode ser uma
boa opção na redução dos custos para municípios de pequeno porte.
A escolha do terreno é o fator fundamental para o sucesso deste tipo de operação.
O id al é usar uma pequena depressão natural (seca) para vazamento dos resíduos.

418
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Com o auxílio de enxadas, pilões, ancinhos, gadanhos e/ou forcados, pode-se ir
espalhando o lixo e nivelando as superfícies superior e lateral em taludes de 1:1.
O recobrimento do lixo deve ser efetuado diariamente, ao término da jornada de
trabalho.
A compactação do lixo pode ser efetuada por apiloamento.
A operação é viável apenas para volumes diários de lixo não superiores a 40m3 –
aproximadamente 10t/dia.
Outra forma de operação manual seria a utilização de uma trincheira, escavada
previamente por meio de equipamento mecânico (retroescavadeira, por exemplo),
pertencente a outro órgão da prefeitura. O material proveniente da escavação será
depositado em local próximo para depois servir como cobertura. O espalhamento e o
nivelamento dos resíduos deverão ser efetuados manualmente, conforme o caso anterior.
A compactação pode ser feita pelo próprio tráfego dos veículos coletores sobre a

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


área aterrada.
Para operar um aterro manualmente, é fundamental que os trabalhadores
encarregados de espalhar e recobrir o lixo porte, além de ferramentas adequadas,
vestimentas e luvas que lhes deem proteção e segurança. As capas plásticas são
necessárias para dias chuvosos.

CONTROLE DOS RESÍDUOS


Ao ingressar no aterro, o veículo de coleta vai diretamente para a balança
rodoviária, onde é pesado e onde são anotadas todas as informações a respeito da sua
carga. Caso não haja balança, o veículo deve ir até a guarita de entrada, onde o
encarregado fará as anotações que o identifiquem e à sua carga de resíduos, incluindo a
estimativa do peso (ou volume) de lixo que está entrando.
Em seguida, o veículo se dirige à área operacional para descarregar o lixo.

OPERAÇÕES DE ATERRO DE LIXO DOMICILIAR E PÚBLICO


O aterro normalmente é dividido em níveis, cada um dos quais com lotes de
dimensões variadas, que se acham subdivididos em células dimensionadas para
aproximadamente 20 dias de operação.
Na escolha do método construtivo do aterro há três fatores a considerar:
• Topografia;
• Tipo de solo;
• Profundidade do lençol freático.

Existem três métodos construtivos usuais, quais sejam:


Método da Trincheira – É a técnica mais apropriada para terrenos que sejam planos ou
pouco inclinados, e onde o lençol freático esteja situado a uma profundidade maior em
relação à superfície.
Método da Rampa – Indicado quando a área a ser aterrada é plana, seca e com um tipo
de solo adequado para servir de cobertura. A permeabilidade do solo e a profundidade do
lençol freático confirmarão ou não o uso desta técnica.
Método da Área – É uma técnica adequada para zonas baixas, onde dificilmente o solo
local pode ser utilizado como cobertura. Será necessário retirar o material de jazidas que,

419

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


para economia de transporte, devem estar localizadas o mais próximas possível do local a
ser aterrado. No mais, os procedimentos são idênticos ao método da rampa.
Os procedimentos para a execução da obra são quase os mesmos,
independentemente do método seguido. As regras básicas para a execução de um aterro
sanitário são:
• O espalhamento e a compactação do lixo deverão ser efetuados, sempre que possível,
de baixo para cima, a fim de se obter um melhor resultado;
• Para uma boa compactação, o espalhamento do lixo deverá ser feito em camadas não
muito espessas de cada vez (máximo de 50cm), com o trator dando de três a seis
passadas sobre a massa de resíduos;
• A altura da célula deve ser de quatro a seis metros para que a decomposição do lixo
aterrado ocorra em melhores condições;
• A inclinação dos taludes operacionais mais utilizada é de um metro de base para cada
metro de altura nas células em atividade e de três metros de base para cada metro de
altura nas células já encerradas;
• A camada de solo de cobertura ideal é de 20 a 30cm para os recobrimentos diários de
lixo;
• Uma nova célula será instalada no dia seguinte em continuidade à que foi concluída no
dia anterior;
• A execução de uma célula em sobreposição à outra ou o recobrimento final do lixo só
deverá acontecer após um período de cerca de 60 dias;
• A camada final de material de cobertura deverá ter a espessura mínima de 50cm;
• A largura da célula deverá ser a menor possível (em geral, suficiente para descarga de
três a cinco caminhões coletores).

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Os procedimentos operacionais a serem adotados são os seguintes:
• Preparo da frente de trabalho que se compõe de uma praça de manobras em pavimento
primário, com dimensões suficientes para o veículo descarregar o lixo e fazer a manobra
de volta;
• Enchimento da Célula 1, que consiste no espalhamento do lixo por um trator de esteiras,
em camadas de 50cm, seguido da sua compactação por, pelo menos, três passadas
consecutivas do trator;
• Cobrimento do topo da célula, com caimento de 2% na direção das bordas, e dos
taludes internos com a capa provisória de solo, na espessura de 20cm;
• Cobrimento dos taludes externos com a capa definitiva de argila, na espessura de 50cm;
• Alguns dias antes do encerramento da Célula 1, prolongar a frente de trabalho, com as
mesmas dimensões da anterior para atender à Célula 2;
• Após o encerramento da Célula 1, executar o dreno de gás;
• Repetir as mesmas operações de enchimento da célula anterior e preparo da célula
seguinte até que todo o lote 1 seja preenchido;
• Repetir as mesmas operações para o enchimento dos lotes 2, 3 e assim sucessivamente
até completar todo o nível inferior;
• Proceder ao enchimento da Célula 1 do nível superior seguindo a mesma sequência de
operações utilizada para o nível inferior;

420
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Quando se estiver aterrando as células do último nível, proceder à cobertura final da
célula encerrada com uma capa de argila compactada de 50cm de espessura, dando um
caimento de 2% no sentido das bordas;
• Repetir a sequência de operações até o enchimento completo de todos os lotes em
todos os níveis.

TRATAMENTO DO CHORUME
A principal característica do chorume é a variabilidade de sua composição em
decorrência do esgotamento progressivo da matéria orgânica biodegradável. Por essa
razão, o elevado potencial poluidor do "chorume novo" vai se reduzindo paulatinamente
até atingir níveis que dispensam seu tratamento, ao final de 10 anos ("chorume velho").
Também o volume de chorume produzido num aterro varia sazonalmente em
função das condições climáticas da região e do sistema de drenagem local, sofrendo a

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


influência da temperatura, do índice de precipitação pluviométrica, da evapotranspiração,
da existência de material de cobertura para as células, da permeabilidade do material de
cobertura utilizado, da cobertura vegetal da área do aterro e ainda de muitos outros
fatores.
A melhor forma de se determinar a vazão de chorume gerada em um aterro é
através da medição direta.
Uma outra forma para se estimar as vazões de aterros sanitários é através de uma
correlação direta com a geração de chorume em aterros conhecidos, embora, para isso,
tenha que se admitir uma série de simplificações.
Uma forma expedita de se calcular a vazão de chorume, em m3/dia, num aterro
sanitário é multiplicar a extensão da área operacional, em m2, pelos índices:
• 0,0004 para lixo coberto com solo argiloso;
• 0,0006 para lixo coberto com solo arenoso;
• 0,0008 para lixo descoberto.
A forma de tratamento mais empregada é através de lagoas aeróbias precedidas
de um gradeamento manual ou peneiramento mecânico e de um tanque de equalização
onde o chorume deve ficar retido, pelo menos 24 horas, para homogeneizar ao máximo a
sua composição (ver Figura 41).
É conveniente que no tanque de equalização seja instalado um conjunto de
aeração superficial, para efetuar uma melhor homogeneização da massa líquida e
também para melhorar as condições aeróbias do chorume.
As lagoas de estabilização do tipo aeróbia possuem as seguintes características
básicas:
• Formato: tronco-piramidal;
• Profundidade: 1,5 metro;
• Tempo de detenção: 25 dias, no mínimo.
A entrada nessas lagoas deve ser através de uma tubulação dupla para melhorar o
fluxo hidráulico do chorume dentro da lagoa, evitando cantos mortos e curtos-circuitos. A
saída do efluente deve ser por meio de vertedores de altura variável, assegurando o
tempo mínimo de permanência do chorume no interior das lagoas para qualquer vazão
afluente.

421

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Dessa série de lagoas, o efluente sofre um polimento final numa pequena lagoa,
também aeróbia e com as mesmas características físicas das duas anteriores, mas com
capacidade para reter o chorume tratado por sete dias.
As margens das lagoas devem ser tratadas de modo a não permitir o crescimento
de vegetação na interface ar-efluente, uma vez que esta vegetação serve de abrigo para
mosquitos e outros vetores.
A remoção do lodo deve ser feita periodicamente para não interferir na eficiência do
sistema de tratamento.
O lodo removido deve ser seco em um leito de secagem e removido de volta para o
interior do aterro sanitário, enquanto a fração líquida pode ser descartada diretamente no
corpo receptor.
A forma mais correta de se definir o tipo de tratamento a ser utilizado é através da
realização de um estudo de tratabilidade do chorume conduzido em bancada de
laboratório, sendo desaconselhável o uso de dados bibliográficos no dimensionamento
das unidades para o seu tratamento.
A medição da vazão de chorume deve ser feita em pelo menos dois pontos do
sistema de tratamento:
• Logo após o poço de coleta de chorume ou imediatamente antes do tanque de
equalização;
• Imediatamente antes do lançamento no corpo receptor.
O efluente bruto e o efluente tratado devem ser monitorados periodicamente.
Outra forma usual de se tratar o chorume é através de sua recirculação para o
interior da massa de lixo com a utilização de aspersores, caminhão-pipa ou de leitos de
infiltração.
Nesse processo, o chorume vai perdendo sua toxicidade (basicamente carga
orgânica), pelo fato de estar sendo aerado e também pela ação biológica dos micro-
organismos presentes na massa de lixo.
Além disso, parte do chorume recirculado sofre evaporação, sendo importante que
os bicos dos aspersores sejam regulados para atuar como vaporizadores, aumentando a
taxa de evaporação.
Visto que a evaporação é um fator importante para a recirculação do chorume, este
processo só deve ser adotado em regiões onde o balanço hídrico seja negativo, isto é, em
regiões onde a taxa de evaporação é maior do que a precipitação pluviométrica.
Outro ponto importante que deve ser ressaltado são as dimensões do poço de
reunião do chorume, que devem ser suficientes para armazenar uma grande quantidade
deste líquido, evitando que a bomba de recirculação entre em funcionamento em
intervalos muito curtos.

O ideal é que ele seja projetado para armazenar um dia da geração de chorume na
época das chuvas, permitindo que a recirculação seja feita apenas uma vez por dia e,
preferencialmente, ao longo das oito horas em que o operador está presente na área do
aterro.
As desvantagens desse processo estão ligadas ao grande consumo de energia
elétrica e à sua dependência de um bom suprimento de energia e de um bom
funcionamento do conjunto moto bomba, uma vez que, caso haja falta de energia ou uma

422
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
pane na bomba de recirculação, o chorume bruto seja inevitavelmente lançado em algum
corpo d'água, podendo causar danos ao meio ambiente.
A situação ideal é que a recirculação seja realizada de forma complementar a um
dos processos de tratamento convencional de chorume, como lagoas de estabilização ou
lodos ativados.
No sistema de lodos ativados, o chorume passa por um tratamento preliminar que,
em geral, consiste em um gradeamento grosseiro, sendo posteriormente encaminhado a
um decantador primário, onde há a retenção dos sólidos sedimentáveis primários. Em
seguida, é encaminhado a um tanque de aeração, onde aeradores, normalmente
superficiais, injetam ar na massa líquida, permitindo que as bactérias aeróbias realizem a
estabilização da matéria orgânica, gerando um lodo secundário que permanece em
suspensão.
O efluente do tanque de aeração vai para um decantador secundário, onde o lodo

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


gerado anteriormente é precipitado.
Parte desse lodo retorna ao tanque de aeração, enquanto o restante do lodo
depositado se junta ao lodo do decantador primário, indo ter a um leito de secagem. O
lodo seco é encaminhado de volta ao aterro.
Após o decantador secundário, a fração líquida segue para uma lagoa de
polimento, similar à do processo de lagoas aeróbias, de onde é lançado no corpo
receptor.
Já no processo de evaporação, o chorume é enviado para um tanque metálico, o
evaporador, onde é aquecido a uma temperatura entre 80 e 90°C, o que faz com que
parte da fração líquida se evapore, concentrando o teor de sólidos do chorume.
O vapor quente, quando sai do evaporador, passa por um filtro retentor de umidade
e vai para uma câmara de aquecimento final, de onde é lançado, seco, na atmosfera.
O lodo adensado, com cerca de 30% de material sólido, sai pela parte inferior do
evaporador e é vazado no aterro.
A grande vantagem deste processo é seu baixo custo operacional, pois o
combustível utilizado para evaporar o chorume é o biogás captado no próprio aterro.
Entretanto, qualquer que seja a alternativa de tratamento escolhida, o efluente
deve atender aos padrões de lançamento impostos pelo órgão de controle ambiental.

SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS


O sistema de drenagem deve ser mantido limpo e desobstruído, principalmente as
travessias enterradas.

DRENAGEM DE GASES
O sistema de drenagem de gases é composto por poços verticais de 50cm de
diâmetro, espaçados de 50 a 60m entre si, e executados em brita ou rachão.
Existem dois métodos de se executar os drenos de gás: subindo o dreno à medida
que o aterro vai evoluindo ou escavar a célula encerrada para implantar o dreno, deixando
uma guia para quando se aterrar em um nível mais acima.
Uma vez aberto o poço, o solo ao seu redor, num raio de aproximadamente dois
metros, deve ser aterrado com uma camada de argila de cerca de 50cm de espessura,
para evitar que o gás se disperse na atmosfera.

423

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O topo do poço deve ser encimado por um queimador, normalmente constituído por
uma manilha de concreto ou de barro vidrado colocada na posição vertical.
O sistema de drenagem de gases deve ser vistoriado permanentemente, de forma
a manter os queimadores sempre acesos, principalmente em dias de vento forte.

MONITORAMENTO AMBIENTAL
O monitoramento das massas d'água do entorno do aterro deve começar antes do
início da operação, com a coleta e análise de amostras dos corpos d'água próximos,
inclusive do lençol freático, para se avaliar a qualidade atual dos mesmos e poder efetuar
comparações futuras.
O segundo instante do monitoramento ambiental se dá a partir do momento em
que se começa a coletar o chorume para tratamento.
A frequência de amostragem, assim como os parâmetros a serem analisados
devem ser estabelecidos em comum acordo com o órgão de controle ambiental.
Exemplo de um Programa de Monitoramento Ambiental:
• Mensalmente, análises físico-químicas e bacteriológicas do sistema de tratamento, nos
efluentes bruto e tratado, envolvendo ensaios de pH, DBO, DQO, resíduos sedimentáveis,
totais e fixos e colimetria.
• Trimestralmente, análises dos poços de monitoramento construídos e dos locais de
coleta nos corpos d'água de superfície, a montante e jusante do aterro, ensaiando os
mesmos parâmetros.

MONITORAMENTO GEOTÉCNICO E TOPOGRÁFICO


Todo o trabalho de enchimento das células do aterro deve ser acompanhado
topograficamente, até a execução da declividade do platô final acabado. Também deve
ser realizado um cuidadoso acompanhamento topográfico da execução da declividade de
fundo dos drenos secundários e do coletor principal, de modo a assegurar o perfeito
escoamento do chorume coletado.
Além desses acompanhamentos executivos, devem ser implantados alguns
marcos de concreto nas frentes de trabalho, com vistas a se poder calcular o recalque
diferencial das camadas aterradas. Esses marcos devem ser lidos mensalmente,
acentuando-se a frequência de leitura no caso de recalques expressivos.
A leitura desses marcos também servirá para se fazer a verificação da estabilidade
geotécnica do aterro, através da medição dos deslocamentos horizontais dos mesmos.
Equipamentos utilizados
Os equipamentos normalmente empregados nas operações em um aterro sanitário são:
• Trator de esteiras – provido de lâmina para espalhamento, compactação e recobrimento
do lixo;
• Caminhão basculante – para transporte de material de cobertura e de material para a
execução dos acessos internos;
• Pá mecânica – para carregamento dos caminhões;
• Retroescavadeira – para abertura e manutenção das valas de drenagem;
• Caminhão-pipa – para abastecimento d'água, para redução da poeira nas vias internas e
umedecimento dos resíduos mais leves (papéis, plásticos etc.) evitando seu
espalhamento.

424
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A escassez de recursos financeiros, a dificuldade de mão-de-obra especializada
para manutenção e a inexistência de um sistema de pronta reposição de peças
sobressalentes são fatores que não podem deixar de ser considerados na seleção dos
equipamentos. O método de operação do aterro será o principal fator determinante.
Para municípios de pequeno porte, que não dispõem de equipamentos específicos
para operação no aterro, uma solução pode ser a utilização periódica de máquinas
pertencentes a outros setores da prefeitura, como, por exemplo, as usadas para
conservação das estradas.

ATERROS CONTROLADOS
Como já mencionado no início deste capítulo, a diferença básica entre um aterro
sanitário e um aterro controlado é que este último prescinde da coleta e tratamento do

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


chorume, assim como da drenagem e queima do biogás. No mais, o aterro controlado
deve ser construído e operado exatamente como um aterro sanitário.
Por não possuir sistema de coleta de chorume, esse líquido fica retido no interior
do aterro.
Assim, é conveniente que o volume de água de chuva que entre no aterro seja o
menor possível, para minimizar a quantidade de chorume gerado. Isso pode ser
conseguido empregando-se material argiloso para efetuar a camada de cobertura
provisória e executando-se uma camada de impermeabilização superior quando o aterro
atinge sua cota máxima operacional.
Também é conveniente que a área de implantação do aterro controlado tenha um
lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno.
Normalmente, um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até
50t/dia de resíduos urbanos, sendo desaconselhável para cidades maiores.

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DE LIXÕES


O "lixão" é uma forma inadequada de se dispor os resíduos sólidos urbanos porque
provoca uma série de impactos ambientais negativos. Portanto, os lixões ou vazadouros
devem ser recuperados para que tais impactos sejam minimizados.
Teoricamente, a maneira correta de se recuperar uma área degradada por um lixão
seria proceder à remoção completa de todo o lixo depositado, colocando-o num aterro
sanitário e recuperando a área escavada com solo natural da região.
Entretanto, os custos envolvidos com tais procedimentos são muito elevados,
inviabilizando economicamente este processo.
Uma forma mais simples e econômica de se recuperar uma área degradada por
um lixão baseia-se nos seguintes procedimentos:
• Entrar em contato com funcionários antigos da empresa de limpeza urbana para se
definir, com a precisão possível, a extensão da área que recebeu lixo;
• Delimitar a área, no campo, cercando-a completamente;
• Efetuar sondagens a trado para definir a espessura da camada de lixo ao longo da área
degradada;
• Remover o lixo com espessura menor que um metro, empilhando-o sobre a zona mais
espessa;
425

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


• Conformar os taludes laterais com a declividade de 1:3 (V:H);
• Conformar o platô superior com declividade mínima de 2%, na direção das bordas;
• Proceder à cobertura da pilha de lixo exposto com uma camada mínima de 50cm de
argila de boa qualidade, inclusive nos taludes laterais;
• Recuperar a área escavada com solo natural da região;
• Executar valetas retangulares de pé de talude, escavadas no solo, ao longo de todo o
perímetro da pilha de lixo;
• Executar um ou mais poços de reunião para acumulação do chorume coletado pelas
valetas;
• Construir poços verticais para drenagem de gás;
• Espalhar uma camada de solo vegetal, com 60cm de espessura, sobre a camada de
argila;
• Promover o plantio de espécies nativas de raízes curtas, preferencialmente gramíneas;
• Aproveitar três furos da sondagem realizada e implantar poços de monitoramento, sendo
um a montante do lixão recuperado e dois a jusante.
Porém, a recuperação do lixão não se encerra com a execução dessas obras. O
chorume acumulado nos poços de reunião deve ser recirculado para dentro da massa de
lixo periodicamente, através do uso de aspersores (similares aos utilizados para irrigar
gramados) ou de leitos de infiltração; os poços de gás devem ser vistoriados
periodicamente, acendendo-se aqueles que foram apagados pelo vento ou pelas chuvas;
e a qualidade da água subterrânea deve ser controlada através dos poços de
monitoramento implantados, assim como as águas superficiais dos corpos hídricos
próximos.
Devido às dificuldades em se encontrar locais adequados para a implantação de
aterros sanitários, é conveniente que se continue a utilizar a área recuperada como aterro.
Nesse caso, a sequência de procedimentos se modificará a partir do sétimo passo,
assumindo a seguinte configuração:
• Proceder à cobertura da pilha de lixo exposto com uma camada mínima de 50cm de
argila de boa qualidade, inclusive nos taludes laterais, com exceção do talude lateral que
será usado como futura frente de trabalho;
• Preparar a área escavada para receber mais lixo, procedendo à sua impermeabilização
com argila de boa qualidade (e > 50cm) e executando drenos subterrâneos para a coleta
de chorume;
• Executar valetas retangulares de pé de talude, escavadas no solo, ao longo da pilha de
lixo, com exceção do lado que será usado como futura frente de trabalho;
• Executar um ou mais poços de reunião para acumulação do chorume coletado pelas
valetas;
• Construir poços verticais para drenagem de gás;
• Passar a operar o lixão recuperado como aterro sanitário;
• Implantar poços de monitoramento, sendo um a montante do lixão recuperado e dois a
jusante da futura área operacional.

426
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A SITUAÇÃO DOS CATADORES
Numa economia em retração, com redução da oferta de empregos, concentração
de atividades econômicas no setor terciário e desativação de frentes de trabalho na
construção civil, ocorre o desemprego de grande quantidade de pessoas de baixa
qualificação profissional, que passam a apelar para qualquer tipo de trabalho que garanta,
pelo menos, sua sobrevivência e a da sua família.
A catação do lixo em aterros e nas ruas das cidades, embora seja uma atividade
insalubre, é um trabalho alternativo que vem sendo cada vez mais difundido no Brasil.
Segundo dados levantados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana –
COMLURB/RJ –, em 1993, 87% dos catadores declararam a catação de lixo como sua
principal fonte de renda/trabalho, sendo que 13% declararam não ter tido nunca outra
ocupação, ou seja, as pessoas de baixo nível de escolaridade encaram a catação de lixo
em aterros municipais como uma profissão.

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


Assim, caso não se ofereça nenhuma alternativa de renda àqueles que se dedicam
a esta atividade, pode-se ter como certa a presença de catadores no interior do aterro,
movimentando-se livremente pela área operacional, junto com os caminhões dos
sucateiros, dificultando as operações de espalhamento, compactação e cobertura do lixo,
e com altos riscos de sofrerem acidentes causados pelas máquinas que operam no
aterro.
Em qualquer hipótese, não deve ser permitida a presença de crianças na área do
aterro, devendo o poder público criar, para elas, programas de permanência integral em
escolas ou centros de esportes ou lazer, além de um sistema de compensação de renda
aos pais pela não participação dos filhos no trabalho de catação.

LANDFARMING
Landfarming é um tratamento biológico no qual a parte orgânica do resíduo é
decomposta pelos micro-organismos presentes na camada superficial do próprio solo. É
um tratamento muito utilizado na disposição final de derivados de petróleo e compostos
orgânicos.
O tratamento consiste na mistura e homogeneização do resíduo com a camada
superficial do solo (zona arável – 15 a 20cm).
Concluído o trabalho de degradação pelos micro-organismos, nova camada de
resíduo pode ser aplicada sobre o mesmo solo, repetindo-se os mesmos procedimentos
sucessivamente.
Porém o processo de landfarming demanda áreas extensas na medida em que as
camadas, ainda que sucessivas, são pouco espessas.

ATERROS INDUSTRIAIS
Os aterros industriais podem ser classificados nas classes I, II ou III, conforme a
periculosidade dos resíduos a serem dispostos, ou seja, os aterros Classe I podem
receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não-inertes; e os Classe III,
somente resíduos inertes.
Qualquer que seja o aterro destinado a resíduos industriais, são fundamentais os
sistemas de drenagem pluvial e a impermeabilização do seu leito para evitar a
contaminação do solo e do lençol freático com as águas da chuva que percolam através
dos resíduos, como se evidencia através da Figura 48.
427

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O primeiro passo é evitar, através de barreiras e valas de drenagem, que as águas
da chuva que precipitam além dos limites do aterro contribuam com o volume que percola
no interior do aterro, reduzindo assim a quantidade de líquido a ser tratado.
O segundo passo é impermeabilizar o leito do aterro, preferencialmente com o
auxílio de uma manta plástica, impedindo que o percolado venha a contaminar o solo e o
lençol d'água subterrâneo.
A maior restrição quanto aos aterros, como solução para disposição final de lixo, é
sua demanda por grandes extensões de área para sua viabilização operacional e
econômica, lembrando que os resíduos permanecem potencialmente perigosos no solo
até que possam ser incorporados naturalmente ao meio ambiente.

ATERROS CLASSE II
O aterro Classe II é como um aterro sanitário para lixo domiciliar mas,
normalmente, sem o sistema de drenagem de gases.
A 1,5m do nível máximo do lençol freático, a partir de baixo para cima, o aterro
Classe II é constituído das seguintes camadas:
• Camada de impermeabilização de fundo, com manta plástica
(0,8 a 1,2mm de espessura) ou com argila de boa qualidade
(k = 10-6cm/s; e > 80cm);
• Camada de proteção mecânica (somente se a impermeabilização for feita com manta
sintética);
• Sistema de drenagem de percolado;
• Camadas de resíduos (de 4,0 a 6,0m de altura) entremeadas com camadas de solo de
25cm de espessura;
• Camada de impermeabilização superior4, com manta plástica
(0,8 a 1,2mm de espessura) ou com argila de boa qualidade
(k = 10-6cm/s; e > 50cm);
• Camada drenante de areia com 25cm de espessura (necessária somente se houver
impermeabilização superior);
• Camada de solo orgânico (e > 60cm);
• Cobertura vegetal com espécies de raízes curtas.
O líquido percolado, coletado através de um sistema de drenagem, deve ser
conduzido para tratamento. O tipo de tratamento a ser adotado depende das
características dos resíduos aterrados, sendo usual a adoção de um processo físico-
químico completo seguido de um processo biológico convencional (lagoas de
estabilização ou lodos ativados).
ATERROS CLASSE I
As condições de impermeabilização dos aterros Classe I são mais severas que as
da classe anterior.
A distância mínima do lençol d'água é de três metros e as seguintes camadas são
obrigatórias:
• Dupla camada de impermeabilização inferior com manta sintética ou camada de argila (e
> 80cm; k < 10-7cm/s);
• Camada de detecção de vazamento entre as camadas de impermeabilização inferior;
• Camada de impermeabilização superior;
• Camada drenante acima da camada de impermeabilização superior (e = 25cm).
428
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
BARRAGENS DE REJEITO
As barragens de rejeito são usadas para resíduos líquidos e pastosos, com teor de
umidade acima de 80%. Esses aterros possuem pequena profundidade e necessitam
muita área. São dotados de um sistema de filtração e drenagem de fundo (flauta) para
captar e tratar a parte líquida, deixando a matéria sólida no interior da barragem.
Após o encerramento, quando a capa superior do rejeito já se encontra solidificada,
procede-se a uma impermeabilização superior com uma camada de argila para reduzir a
infiltração de líquidos a serem tratados.

OUTRAS FORMAS DE DISPOSIÇÃO


Além dos tipos de disposição apresentados nos itens anteriores, resíduos
considerados de alta periculosidade ainda podem ser dispostos em cavernas

MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E USO DO SOLO


subterrâneas salinas ou calcárias, ou ainda injetados em poços de petróleo esgotados.

Disposição de resíduos radioativos


São três os processos de disposição final do lixo nuclear, todos eles extremamente
caros e sofisticados:
• Construção de abrigos especiais, com paredes duplas de concreto de alta resistência e
preferencialmente enterrados;
• Encapsulamento em invólucros impermeáveis de concreto seguido de lançamento em
alto-mar. Esse processo é muito criticado por ambientalistas e proibido em alguns países;
• Disposição final em cavernas subterrâneas salinas, seladas para não contaminar a
biosfera.

Disposição de resíduos de portos e aeroportos


O destino final obrigatório, por lei, para os resíduos de portos e aeroportos é a
incineração. Entretanto, no Brasil, somente alguns aeroportos atendem às exigências da
legislação ambiental, não havendo o menor cuidado na disposição dos resíduos gerados
em terminais marítimos e rodoferroviários.
Atualmente, o medo da febre aftosa e da doença da vaca louca tem levado as
autoridades federais e estaduais a ter maiores precauções com os resíduos de portos e
aeroportos.

Disposição de resíduos de serviços de saúde


O único processo de disposição final para esse tipo de resíduo é a vala séptica,
método muito questionado por grande número de técnicos, mas que, pelo seu baixo custo
de investimento e de operação, é o mais utilizado no Brasil.
A rigor, uma vala séptica é um aterro industrial Classe II, com cobertura diária dos
resíduos e impermeabilização superior obrigatória, onde não se processa a coleta do
percolado.
Existem duas variantes de valas sépticas: as valas sépticas individuais, utilizadas
por hospitais de grande porte, e as valas sépticas acopladas ao aterro sanitário municipal.
No primeiro caso, devem-se executar as valas em trincheiras escavadas no solo,
com a largura igual à da lâmina do trator, altura entre 3,00 e 4,50 metros e dimensionadas
para atender a uma geração periódica de resíduos (mensal, semestral ou anual). Em
429

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


seguida procede-se à impermeabilização do fundo e das laterais da trincheira escavada e
dá-se início à deposição dos resíduos, que devem ser cobertos diariamente tanto na
superfície superior, quanto no talude lateral.

A impermeabilização superior deve ser iniciada tão logo o volume de resíduos


atinja a altura final da trincheira e deve evoluir com a disposição dos resíduos.
Quando a vala séptica está acoplada ao aterro municipal, deve-se separar um lote,
próximo à entrada, onde se fará a disposição de resíduos de serviços de saúde. Esse lote
deve ser cercado e isolado do resto do aterro.
Conservação Ambiental.

REFERENCIAS:
- Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos / José Henrique Penido
Monteiro... [et al.];
coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
200 p.; 21,0 x 29,7cm
Patrocínio: Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República
– SEDU/PR.
1 - Resíduos sólidos. I - Monteiro, José Henrique Penido, II - Zveibil, Victor Zular (coord.).
III - Instituto Brasileiro de Administração Municipal.

430
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 1

ESTUDOS DE
IMPACTOS
AMBIENTIAS
Disciplina: Estudos de Impacto Ambiental

Carga Horária: 60 horas

Objetivos gerais: Desenvolver a capacidade gerencial e administrativa na


eliminação e ou redução de Impactos Ambientais; Desenvolver habilidades pessoais
e atividades em grupo, Conhecer e interpretar a legislação ambiental brasileira de
maior interesse; Ter domínio sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), Desenvolver um EIA/RIMA:

Avaliações- 1º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

Trabalho Bimestral 10,0

Atividades Bimestral 10,0

Avaliação bimestral 20,0

Total de Pontos 40,00

Avaliações- 2º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

Mostra Tecnológica 10,0

Trabalho Segundo Bimestre 10,0

Atividades Bimestrais 10.0

Avaliação bimestral 30,00

–Total de Pontos 60,00

432
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
1- Conceito de Ambiente e Impacto Ambiental

“Só uma sociedade bem informada a respeito da riqueza, do valor e da


importância da biodiversidade é capaz de preservá-la. Informada, a sociedade
saberá o que fazer e o que não fazer. Saberá impedir que aconteçam coisas que
ameacem a biodiversidade. Saberá transformá-la em um tema decisivo na política”
Washington Novaes, jornalista.
Disponível em http://www.oeco.org.br/frases-do-meio-
ambiente/27064-as-melhores-frases-do-meio-ambiente-em-2012
Acesso em Dez de 2013

O que é Ambiente?
Meio ambiente: Segundo o Dicionário Aurélio, Meio Ambiente é o conjunto de
condições e influências naturais que cercam um ser vivo ou uma comunidade, e que
agem sobre ele(s);

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Segundo o engenheiro sanitarista José de Ávila, no livro “O outro lado do
Meio Ambiente”, Meio Ambiente é o conj. dos elementos físico-químicos,
ecossistemas naturais e sociais em que insere o Homem, individual e socialmente,
num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas,
à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno,
dentro de padrões de qualidade definidos.

Alguns autores definem o ambiente como uma ‘visão’ das relações complexas
e sinérgicas gerada pela articulação dos processos de ordem física, biológica,
termodinâmica, econômica, política e cultural. Este conceito resinifica o sentido do
habitat como suporte ecológico e do habitar como forma de inscrição da cultura no
espaço geográfico.
ela ei n , define em seu artigo “Meio ambiente e o conjunto
de condições, influencias e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Outro Conceito de Meio Ambiente mais abrangente foi dado por Jose Afonso
da Silva: “A interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que
propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas’”.
Segundo Sachs (1986), meio ambiente inclui o natural, as tecnoestruturas
criadas pelo homem (ambiente artificial) e o ambiente social (ou cultural). Inclui
todas as interações entre os elementos naturais e a sociedade humana. Assim, meio
ambiente inclui os domínios: ecológico, social, econômico e politico.

433

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


onceito de meio ambiente e muito abrangente, pois o meio ambiente
engloba tudo que ha na superfície terrestre. Assim sendo, surge a divisão deste
conceito em quatro meios diferentes:

Meio Ambiente Artificial: O espaço


urbano construído, tanto fechado, como
aberto. Ex.: praças, edifícios, ruas, etc.

Ambiente Artificial Disponível em


http://corpoemimagem.blogspot.com.br/2012/08/w-
ruas-edificios-e-pracas.html- ambiente artificial
Acesso em Dez de 2013

Meio Ambiente Natural: A natureza.


Ex.: o solo, a agua, o ar, a flora, a fauna, etc.

Ambiente natural Disponível


http://padornelo.blogs.sapo.pt/141024.html
Acesso em Dez de 2013

Meio Ambiente Cultural: Obra do homem e do seu


intelecto, ex.: o patrimônio histórico, artístico, arqueológico,
paisagístico, turístico.

Meio Ambiente Trabalho: Relacionado com os aspectos


sanitários ou de Saúde Publica do meio em que as
pessoas trabalham. Ex: escritórios, construções civis,
órgãos públicos, etc.

No Art. 225 da Constituição Federal há a seguinte frase:


“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
Ambiente Cultural Disponível em
qualidade de vida impondo-se ao Poder público e à http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as do_Brasil Acesso em Dez de 2013
presentes e futuras gerações”.

434
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Conceito de Impacto Ambiental
“Diferença entre a situação do meio ambiente futuro, modificado pela
realização de um projeto, e a situação do meio ambiente futuro tal como teria
evoluído sem o projeto”.
Segundo o CONAMA 01/86: “Qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem:
I. A saúde, a segurança e o bem estar da população.
II. As atividades sociais e econômicas.
III. A biota.
IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.
V. “A qualidade dos recursos ambientais”.
Impacto (negativo), poluição e dano ambiental são fenômenos muito próximos,
todos relacionados a alterações adversas do ambiente em decorrência de atividades

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


com potencial degradador.
Para o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, impacto é “ato ou efeito de
impactar; impacção’”. Que pode significar “choque de um projétil ou de qualquer
outro objeto com algo contra o qual foi lançado”, “colisão de dois ou vários corpos,
com existência de forças relativamente grandes durante um intervalo de tempo muito
pequeno”…
Qualificando-se o vocábulo IMPACTO com o termo AMBIENTAL, teremos
outra significação: um choque forte, que causa uma alteração no meio ambiente ou,
como prefere Paulo de Bessa Antunes, “uma modificação brusca no meio ambiente”.

ATIVIDADE PRÁTICA

A presente atividade de sensibilização deve ser


realizada antes de se iniciar a discussão sobre o conceito de
meio ambiente:
OBJETIVOS:
 Verificar qual a concepção que os participantes têm de
“meio ambiente”; contribuir para a compreensão das
transformações do meio ambiente ao longo da história
da humanidade.
 Ampliar o debate sobre a problemática ambiental atual.
MATERIAL: duas folhas de cartolina branca e canetas coloridas.

435

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


PROCEDIMENTO:
A turma deve separar-se em dois grupos;
Cada grupo tem uma meta a cumprir. De posse de uma folha de cartolina e
de canetinhas coloridas, um grupo deve discutir e fazer um desenho do “meio
ambiente “na época do descobrimento do Brasil (século XV) e outro grupo, do “meio
ambiente” nos dias de hoje (século XXI).”.
Os desenhos devem apresentar os elementos que integram o meio ambiente,
bem como os principais problemas ambientais existentes em cada época;
Após o término, cada grupo deverá apresentar à turma seu desenho,
descrevendo os elementos e os problemas do meio ambiente representados na
cartolina;
Sob mediação do professor, será realizada uma discussão sobre as
representações que os participantes têm do meio ambiente, dos problemas
ambientais e das origens e soluções para eles;
Questões para debater e refletir:
 Todo ser humano faz parte do meio ambiente?
 Todas as pessoas têm ideias semelhantes sobre o que é o meio ambiente?
 Quais fatores determinaram as transformações do meio ambiente ao longo da
história?
 Para compreender o meio ambiente é importante ter conhecimento de quais
áreas de conhecimento?

436
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2-Surgimento dos Estudos de Impactos Ambiental no Brasil e no mundo

No Brasil, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento de atividades


efetivam ou potencialmente poluidoras constituem instrumentos para a execução da
Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6938, editada em 31 de agosto de 1981.
A avaliação de impacto ambiental é ainda matéria constitucional, prevista no Art. 225,
§ 1º, Inciso IV da Constituição Federal de 1988, que determina a realização de
estudo prévia de impacto ambiental para a instalação no país de obras ou atividades
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.
Avaliação de Impactos Ambientais foi idealizada no Direito Ambiental
Estadunidense, pela National Environmental Policy Act – NEPA. No Direito
Brasileiro, a AIA foi inicialmente introduzida de forma tímida e embrionária pela Lei
6803 de 1980, a qual dispõe sobre as diretrizes e premissas básicas ao Zoneamento
Industrial nas áreas críticas de poluição.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é uma avaliação dos impactos
potenciais positivos ou negativos, que podem ser causados por uma atividade ou
operação proposta no meio ambiente natural.
A finalidade da avaliação é garantir que os gestores florestais considerem
estes impactos ambientais e utilizem os resultados dessa avaliação para tomar
decisões e amenizar os impactos
negativos. Para a Política Nacional do
Meio Ambiente, a Avaliação de Impacto
Ambiental deve prever os possíveis
impactos de um projeto sobre o meio físico
e humano, buscar meios para reduzir ou
eliminar os impactos indesejáveis e
apresentar essas previsões e opções aos
órgãos decisórios.

Avaliação de impacto ambiental- Disponível em


http://www.mgamineracao.com.br/areas/ambiente/
impactos/index.html Acesso em Dez de 2013

A Avaliação de Impacto Ambiental é basicamente um estudo das


mudanças prováveis nas várias características socioeconômicas e biofísicas
do meio ambiente que podem resultar de uma ação proposta ou iminente.

Questões como estas, a seguir, devem ser respondidas para qualquer projeto
importante:
- O projeto pode ser operado de modo seguro, sem riscos de acidentes
perigosos ou efeitos de longo prazo sobre a saúde?
- O ambiente local pode conviver com a poluição e o resíduo adicional
que serão produzidos?

437

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


- A localização proposta irá conflitar com o uso das terras próximas ou
inviabilizar o desenvolvimento posterior das áreas circunvizinhas?
- A pesca local, as fazendas ou as indústrias, como serão afetadas?

Segundo lar ( ) e o estudo de um ciclo de eventos, interligados numa


cadeia de causas e feitos que decorrem das necessidades humanas. Se esses
efeitos degradam o ecossistema, eles causam um impacto ambiental.
De maneira geral os impactos ambientais são ocasionados pela continua
agressão do homem ao meio ambiente, através de ações de irresponsabilidade e
condutas que fogem as regras de sustentabilidade natural das riquezas.
Atitudes assim reduzem a capacidade de regeneração natural devido
intensidade, velocidade e frequência com que ocorrem.
Rohde (1989) classificou os impactos quanto aos seus aspectos de
desencadeamento como dimensão, procedência, durabilidade, temporalidade,
grandeza e extensão, dentre outros aspectos relacionados.

- FATOS HISTÓRICOS RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE


- Liga das Nações – 1919 (nova ordem mundial)
- ONU – FMI – BIRD (195 países) - 1945
- NEPA (National Environmental Policy Act) - 1969
- ONU - 1° Conferência sobre Meio Ambiente – 1972
- UHE – Sobrabinho - BA e Tucuruí - PA; Terminal Porto Ferroviário
Ponta da Madeira - MA.
- ONU - 2° Conferência sobre Meio Ambiente – 1992
-
Em 1969 foi aprovada pelos Estados Unidos, a lei federal “National
Environmental olicy of Act” também conhecida por NEPA. Adotada por vários
países, este documento consiste em uma política nacional ambiental que tem como
instrumento a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA).
Exigida inicialmente apenas para ações no âmbito do governo federal
americano, a AIA avançou também para as
tomadas de decisões, programas, licenças,
autorizações e empréstimos.
Segundo Queiroz (1990), a força exercida
da NEPA juntamente com as legislações
pertinentes de cada Estado, em afinidade com a
aplicação da AIA, a impulsionou pelos Estados
Unidos e demais países desenvolvidos.

Homem e o Meio Ambiente Disponivel em


http://meioambiente.culturamix.com/noticias/conferencia-
de-estocolmo-encontro-mundial-sobre-o-homem-e-o-meio-
ambiente Acesso em Dez de 2013
438
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Posteriormente alcançando os países em desenvolvimento, devido à constatação
que os problemas ambientais não se restringiam apenas ao território americano.
Com a realização da Conferencia das Nações Unidas em Estocolmo, no ano
de 1972, a percepção da problemática ambiental passou a ter maior atenção, devido
aos requisitos estabelecidos na AIA para a concessão de empréstimos
internacionais.
As primeiras reações quanto importância da proteção do meio ambiente,
surgiram nos anos 70, por parte do Governo brasileiro, em resposta a conferência de
Estocolmo (1972), com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA.
Durante mais de uma década, esse órgão federal, juntamente com outras agencias
de controle ambiental pioneiras da esfera estadual, encarregaram-se de atividades
ligadas ao controle da poluição e a proteção da vida selvagem.
No Brasil, a necessidade destes estudos de AIA só foram reconhecidos e

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


inseridos de maneira legal, após a formulação da ei ederal n mero , de
que se refere a Politica Nacional do Meio Ambiente, conforme consta em
seu Art. 2o:
“A olitica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental, propicia a vida, visando assegurar,
no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e a proteção da dignidade, da vida humana atendidos aos
seguintes princípios...” ( EI EDERA n mero , Art. 2o).

Todavia, somente com a definicao das diretrizes, bem como dos criterios
tecnicos para a elaboracao do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e tambem do
Relatorio de Impacto ao Meio Ambiental (RIMA) e que a AIA foi regulamentada nos
Estados da ederacao Brasileira atraves da Resolucao do CONAMA 001/86.
om a regulamentacao ocorrida em de junho de , atraves do Decreto
Federal no 99.274, foi instituído que a AIA e um procedimento integrante do
licenciamento ambiental de quaisquer atividades capazes de causarem impactos
socioambientais.

Lei 6.938/81 da Política Nacional Do Meio Ambiente


Art. 2o. A olitica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental, propicia a vida visando assegurar,
no aís, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana.

439

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


3- DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE e SISTEMA ESTADUAL DO
MEIO AMBIENTE (SISEMA)

Criado pela Lei nº 6.938/81, o Sistema Nacional do Meio Ambiente


(SISNAMA) é formado pelos órgãos e entidades da União, do Distrito Federal, dos
estados e dos municípios responsáveis pela proteção, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental no Brasil.
Assim, o SISNAMA é composto pela seguinte estrutura:
I – Órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
residente da Republica na formulacao da politica nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;
II – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, diretrizes de politicas governamentais para o meio ambiente e os recursos
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial a sadia
qualidade de vida;
III - Órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da residência da Republica,
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como o rgao
federal, a politica nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente;
IV - Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), com a finalidade de executar e fazer executar, como
órgão federal, a politica e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle
e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
As Supram são estruturas organizadas para planejar, supervisionar, orientar e
executar as atividades relativas às politicas estaduais de protecao ambiental e de
gerenciamento dos recursos hidricos dentro de suas areas de abrangência territorial.
Foram instituídas em 2 a partir do “ hoque de Gestão”, que implantou a politica
de desconcentração das funções administrativas. São subordinadas a Semad, para
questões administrativas, e tecnicamente a eam, ao IE e ao Igam. Hoje o Estado
e dividido em 10 regiões, cada uma com sua respectiva superintendência.

440
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS
Organograma SISEMA Disponivel em www.semad.mg.gov.br Acesso em Dez de 2013

FEAM: De acordo com o Decreto 44.819, de 28 de maio de 2008, tem por


finalidade executar a política de proteção, conservação e melhoria da qualidade
ambiental, no que concerne à gestão do ar, do solo e dos resíduos sólidos, bem
como a prevenção e a correção da poluição ou da degradação ambiental provoca-
da pelas atividades industriais, minerárias e de infraestrutura, promover e realizar
ações, projetos e programas de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias
ambientais, e apoiar tecnicamente as instituições do SISEMA, visando à
preservação e a melhoria da qualidade ambiental do Estado; É responsável pela
Agenda Marrom.

IEF: O Instituto Estadual de Florestas (IEF) foi criado em 1962, pela Lei nº
2.606. Autarquia inicialmente ligada à Secretaria de Estado da Agricultura passa a
vincular-se, a partir de 1995, à recém-criada SEMAD - Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável sua missão, cumprir a “agenda verde” do
Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA, atuando no desenvolvimento e na
execução das políticas florestal, de pesca, de recursos naturais renováveis e de
biodiversidade em Minas Gerais.

441

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Em 2010, a Lei Delegada nº180 – complementada pelo Decreto
regulamentador nº 4.5834/2011 - reformula e redistribuem as atividades do Sistema
Estadual do Meio Ambiente, repassando à própria SEMAD as ações ligadas à
fiscalização e controle, bem como os processos de regularização ambiental, antes
competências do IEF; o Instituto passa a concentrar sua atuação nas atividades
ligadas ao desenvolvimento e à conservação florestal, ao estímulo às pesquisas
científicas relacionadas à conservação da biodiversidade e à gestão de áreas
protegidas e das unidades de conservação estaduais.

IGAM: O IGAM foi criado em 17 de julho de 1997, sendo vinculado à


Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD).
No âmbito federal, a entidade integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(Sisnama) e o Sistema Nacional de Recursos Hídricos (SNGRH). Na esfera
estadual, o IGAM integra o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Sisema) e o Sistema Estadual de Recursos Hídricos (SEGRH).

Lei delegada 180/11

Que ela dispõe?


Dispôs sobre a nova estrutura orgânica da (Semad) e seus órgãos vinculados
(IEF, Feam e Igam) - que juntos à Secretaria compõem o Sistema Estadual de Meio
Ambiente = Sisema.

Por quê?
Foi necessário promover mudanças em relação ao atendimento às demandas
de serviços solicitados pela população, que foram transferidos de um órgão para
outro.

O que mudou?
Igam passa a ter uma estrutura nas Superintendências Regionais de
Regularização Ambiental (Supram), exceto na Supram Norte de Minas, onde conta
com sede própria, para atendimento no Estado, mantendo-se responsável pela
preservação da quantidade e da qualidade das águas de Minas Gerais.
A maior novidade está na estrutura da Semad. A Secretaria passa a ter
Núcleos Regionais de Regularização Ambiental que desenvolvem as atividades de
captação e análise técnica das solicitações de regularização ambiental e de
autorizações, anteriormente sob a responsabilidade do Igam e do IEF. Os Núcleos
estão ligados diretamente às Suprams e a Subsecretaria de Gestão e Regularização
Ambiental. Oferecem apoio, por meio de análises técnicas, à tomada de decisão dos
integrantes das Unidades Regionais Colegiadas (URC's), do Conselho Estadual de
Política.

442
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4-Estudo de Impacto Ambiental e suas Etapas

Estudo de Impactos Ambientais


Conceito e fundamentos
Instrumento preventivo de proteção ao meio ambiente, o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) destina-se a analisar, prévia e
sistematicamente, os efeitos danosos que
possam resultar da implantação, ampliação ou
funcionamento de atividades com potencial de
causar significativa degradação ambiental e,
caso seja necessário, propor medidas
mitigadoras para adequá-las aos pressupostos
de proteção ambiental. O EIA tem como objeto o
diagnóstico das potencialidades naturais e

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


socioeconômicas, os impactos do
empreendimento e as medidas destinadas a
mitigação, compensação e controle desses
impactos.
O Estudo de Impacto Ambiental deve
contemplar seguintes diretrizes gerais estabelecidas no art. 5º da Resolução
Conama 001/86, quais sejam, observação de todas as alternativas tecnológicas e de
localização do projeto; identificação e avaliação sistemática dos impactos ambientais
gerados nas fases de implantação e operação da atividade; definição dos limites da
área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada (área de influência do projeto),
considerando a bacia hidrográfica na qual se localiza e os eventuais planos e/ou os
programas governamentais propostos e em implantação na área de influência do
projeto, analisando a compatibilidade entre os dois.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA):


O Rima oferece informações essenciais para que a população tenha
conhecimento das vantagens e desvantagens do projeto e as consequências
ambientais de sua implementação. É considerado um relatório gerencial. Tem como
finalidade esclarecer à população interessada qual o conteúdo do estudo de impacto
ambiental, uma vez que este documento é elaborado em termos técnicos. Este
relatório é praticamente um dever, tendo em vista o princípio da informação
ambiental. Uma vez elaborado, o EIA/RIMA deverão ser dirigidos ao órgão ambiental
para que se proceda ao deferimento da licença ambiental ou não.

443

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Projetos sujeitos a elaboração de EIA/RIMA:

A Resolução Conama 001/86, em seu art. 2º, estabelece um rol de obras e


atividades modificadoras do meio ambiente que exigem a realização do Estudo de
Impacto Ambiental.
São elas: qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a
dez toneladas por dia.

• Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


• errovias;
• ortos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
• Aeroportos;
• Oleoduto, gasodutos, minera dutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
• inhas de transmissão de energia elétrica, acima de 2 KV;
• Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
• Extração de combustível fóssil;
• Extração de minério, inclusive os de classe II;
• Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
• Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte da energia primária,
acima de 10MW;
Medidas mitigadoras: são medidas utilizadas para compensar, evitar, minimizar
danos causados por uma atividade que degrada o meio ambiente.

Termo de Referência
O conteúdo de um EIA/RIMA é estipulado por TERMO DE REFERÊNCIA dos
órgãos ambientais competentes e pela legislação pertinente, como demonstra o
extrato abaixo da Resolução CONAMA n° 001 de 1986.

444
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5- Etapas do Estudo de Impacto Ambiental

1-Diagnóstico Ambiental;
2-Avaliação de Impacto Ambiental;
3- Medidas Mitigadoras;
4- Programas de Monitoramento.

1- Diagnóstico ambiental
Diagnostico ambiental da área de influencia do projeto: completa descrição e
analise dos recursos ambientais e suas interacoes, tal como existem, de modo a
caracterizar a situacao ambiental da area, antes da implantacao do projeto,
considerando:
a) o meio físico – subsolo, as aguas, o ar e o clima, destacando os recursos

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d agua, o regime
hidrologico, as correntes atmosfericas;
b) o meio biologico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as
especies indicadoras da qualidade ambiental, de valor cientifico e econômico, raras
e ameacadas de extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da agua e a
socioeconômica, destacando os sitios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade, as realizações de dependência entre a sociedade local, os
recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

Implantação de Loteamento acarretando em alterações no Meio Físico Disponível em


http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/estudos_ambientais/ea08.html Acesso em dez 2013

445

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


DIAGNOSTICO AMBIENTAL SIMPLES

Figure Estrutura, em termos de distribuição do conteúdo, de um Diagnostico Ambiental Simples,


Gontijo.

DIAGNOSTICO AMBIENTAL UNIFORMIZADO

Estrutura geral de um Diagnóstico Ambiental uniformizado, no qual esta inserido o “elo metodologico
geografico”, Gontijo.

446
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2- Avaliação de Impacto Ambiental
A Avaliação de Impacto Ambiental é um Instrumento de política ambiental,
formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início do
processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação
proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e cujos
resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis
pela tomada da decisão, e por eles considerados.
Análise dos Impactos Ambientais do projeto e de suas alternativas, através de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminado: os impactos positivos e negativos (benéficos e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Objetivos da AIA:
 Identificar os impactos potenciais e verificar se eles podem ser significativos;
 Avaliar e qualificar os níveis de impacto aceitáveis;
 Buscar soluções para manter os impactos negativos em níveis aceitáveis;
 Garantir a saúde, a segurança e a produtividade do meio-ambiente, assim
como seus aspectos estéticos e culturais;
 Garantir a maior amplitude possível de usos, benefícios dos ambientes não
degradados, sem riscos ou outras consequências indesejáveis;
 Preservar importantes aspectos históricos, culturais e naturais de nossa
herança nacional; manter a diversidade ambiental;
 Garantir a qualidade dos recursos renováveis; introduzir a reciclagem dos
recursos não renováveis;
 Permitir uma ponderação entre os benefícios de um projeto e seus custos
ambientais, normalmente não computados nos seus custos econômicos.

Prognóstico Ambiental: O prognóstico ambiental procura prever e


caracterizar os potenciais impactos sobre seus diversos ângulos, analisando suas
magnitudes através de técnicas especifica, com o objetivo de interpretar,
estabelecendo a importância de cada um dos potenciais impactos em relação aos
fatores ambientais afetados e, avaliar, por meio da importância relativa de cada
impacto quando comparado aos demais, propondo medidas mitigadoras,
compensatórias e programas de monitoramento ambiental.
Para a interpretação/classificação/valoração dos impactos ambientais, e
desenvolvida uma analise criteriosa que permite estabelecer previamente um
prognostico sobre eles, adotando-se os seguintes criterios para cada atributo.

447

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Os impactos ambientais são categorizados segundo aos seguintes critérios:

•Ordem diretos ou indiretos;


•Valor positivo (benéfico) ou
negativo (adverso);
•Dinâmica temporário, cíclico ou
permanente;
•Espaço local, regional e, ou,
estratégico;
•Horizonte Temporal curto, médio
ou longo prazo; e
• lástica reversível ou irreversível.

Prognóstico Ambiental Disponível em


http://www.geocorrambiental.com.br/eco/?p=227 Acesso
em Dez 2013

Tipo de impacto: Este atributo para classificacao do impacto considera a


consequência do impacto ou de seus efeitos em relacao ao empreendimento,
podendo ser classificado como direto ou indireto. De modo geral, os impactos
indiretos sao decorrentes de desdobramentos consequentes dos impactos diretos
(CEPEMAR, 2010).

Categoria do impacto: Na metodologia utilizada pela epemar (2 ), o


atributo categoria do impacto considera a sua classificacao em negativo (adverso)
ou positivo (benefico).
ea de a a encia: A definicao criteriosa e bem delimitada das areas de
influência de um determinado empreendimento permite a classificacao da
abrangência de um impacto em local, regional ou estrategico, conforme estabelecido
a seguir;
Local: quando o impacto, ou seus efeitos, ocorrem ou se manifestam na area
diretamente afetada pelo empreendimento (ADA) ou na area de influência direta
(AID) definida para o empreendimento.
 Regional: quando o impacto, ou seus efeitos, ocorrem ou se manifestam na a rea
de influência indireta (AII) definida para o empreendimento.
 a égico: quando o impacto, ou seus efeitos, se manifestam em a reas que
extrapolam as Areas de Influência definidas para o empreendimento, sem contudo
se apresentar como condicionante para ampliar tais areas.

448
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a ao ou temporalidade: Este atributo de classificacao valoracao de um
impacto corresponde ao tempo de duracao do impacto na area em que se manifesta,
variando como temporario ou permanente. Adotam-se os seguintes criterios para
classificacao em temporario ou permanente:
 e o ário: Quando um impacto cessa a manifestacao de seus efeitos em um
horizonte temporal definido ou conhecido.
 Permanente: Quando um impacto apresenta seus efeitos estendendo-se alem de
um horizonte temporal definido ou conhecido.

Reversibilidade: Segundo metodologia empregada pela epemar (2 ), a
classificacao de um impacto segundo este atributo considera as possibilidades de
ele ser reversivel ou irreversivel, para o que sao utilizados os seguintes criterios:
 e e ível: Quando e possivel reverter a tendência do impacto ou os efeitos
decorrentes das atividades do empreendimento, levando-se em conta a aplicacao

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


de medidas para sua reparacao (no caso de impacto negativo) ou com a
suspensao da atividade geradora do impacto.
 e e ível: Quando mesmo com a suspensao da atividade geradora do impacto
nao e possivel reverter a sua tendência.

P a o a a a a i e a ao de um Impacto: Este atributo de um impacto


considera o tempo para que ele, ou seus efeitos, se manifestem independentemente
de sua area de abrangência, podendo ser classificado como imediato, medio prazo
ou longo prazo, procurando atribuir um aspecto quantitativo de tempo para este
atributo, de forma a permitir uma classificacao geral segundo um unico criterio de
tempo, como se segue:
 Imediato: ocorre imediatamente ao inicio das ações que lhe deram origem (ate 1
ano).
 édio Prazo ocorre apos um periodo medio contado do inicio das açoes que o
causaram (de 1 a 10 anos).
 Longo Prazo: ocorre apos um longo periodo contado do inicio das açoes que o
causaram (acima de 10 anos).
Magnitude ou intensidade: Este atributo, na metodologia utilizada,
considera a intensidade com que o impacto pode se manifestar isto e, a intensidade
com que as caracteristicas ambientais podem ser alteradas, adotando-se uma
escala nominal de fraco, medio, forte ou variavel.
Sempre que possivel, a valoracao da intensidade de um impacto deve ser
realizada segundo um criterio nao subjetivo, o que permite uma classificacao
quantitativa, portanto, mais precisa.

449

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Todavia, observa-se que a maior parte dos impactos potenciais previstos na
Analise dos Impactos nao e passivel de ser mensurada quantitativamente,
dificultando a comparacao entre os efeitos decorrentes do empreendimento com a
situacao anterior a sua instalacao, nao permitindo assim uma valoracao objetiva com
relacao a magnitude dos impactos.
Neste sentido, conforme metodologia aplicada pela epemar (2 ), e
fundamental que o diagnostico ambiental realizado na area de influência do
empreendimento tenha a profundidade e a abordagem condizente com a
necessidade de formular um prognostico para a regiao considerada, no qual as
alterações decorrentes do empreendimento possam ser mais bem avaliadas, mesmo
que somente de forma qualitativa, e, consequentemente, valoradas de forma mais
precisa. Da mesma forma, e imprescindível o conhecimento das atividades a serem
desenvolvidas pelo empreendimento, de forma a permitir um perfeito entendimento
da relacao de causa e efeito entre as atividades previstas (aspectos ambientais) e os
componentes ambientais considerados.

Resumo
Classificação dos impactos:
Impacto positivo ou benéfico: quando a ação resulta na melhoria da qualidade de
um fator ou parâmetro ambiental.
• Impacto negativo ou adverso quando a ação resulta em um dano qualidade de
um fator ou parâmetro ambiental.
• Impacto direto resultado da simples ação causa e efeito.
• Impacto indireto resultante de uma reação secundária, ou quando é parte de uma
cadeia de reações.
• Impacto local quando a ação afeta o próprio sítio e suas imediações.
• Impacto regional quando a ação se faz sentir além das imediações do sítio.
• Impacto estratégico quando a ação tem relevância no âmbito regional e nacional.
• Impacto a médio e longo prazo quando os efeitos da ação são verificados
posteriormente.
• Impacto temporário quando o feito da ação tem duração determinada.
• Impacto permanente quando o impacto não tem tempo para acabar;
• Impacto cíclico quando os efeitos se manifestam em intervalos de tempo
determinados.
• Impacto reversível quando cessada a ação, o ambiente volta sua forma original.

450
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Relação Aspectos e Impactos
A avaliação dos aspectos e impactos ambientais gerados por determinada
atividade e um instrumento da gestão ambiental.
A análise dos aspectos e consequentes impactos ambientais e extremamente
importante para o desenvolvimento sustentável de qualquer organização. Menos
dramáticos no curto prazo, mas talvez com consequências mais importantes a longo
prazo, e o impacto ambiental de produtos que nao podem ser reciclados e processos
que consomem grandes quantidades de energia, sendo parte das responsabilidades
mais amplas da administração da produção.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS

Aspectos e Impactos ambientais de pedreira em área urbana. Fonte: Bacci et al, 2006.

451

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental
Os métodos de avaliação de impactos ambientais são instrumentos utilizados
para coletar, analisar, comparar e organizar informações qualitativas e quantitativas
originadas de uma determinada atividade modificadora do meio ambiente, em que
são consideradas, também, as técnicas que definirão a foram e o conteúdo das
informações a serem repassadas aos setores envolvidos.

São metodologias de Avaliação de Impacto Ambiental:


a. Método "Ad Hoc"; Método da listagem de controle ("check-list");
b. Método da sobreposição de cartas ("overlay mapping");
c. Método dos modelos matemáticos;
d. Método das matrizes de interação;
e. Método das redes de interação.

Método das matrizes de interação


As matrizes tiveram início como uma tentativa de suprir as deficiências das
listagens (Check List). Uma das mais difundidas, nacional e internacionalmente, é a
Matriz de Leopold (Leopold, 1971).
Completa, uma matriz considera 100 ações que podem causar impacto,
representadas por colunas e 88 características e condições ambientais que podem
ser impactadas, representadas por linhas. Nas quadriculas assim formadas (8.800),
os analistas devem inscrever universos que representam a magnitude e intensidade
dos impactos identificados resultando em 17.600 números. O problema é que, deste
modo, apenas algumas ações, características e condições ambientais serão
consideradas para cada projeto. Será necessário preparar uma matriz para cada
alternativa a ser analisada e para cada período de tempo a ser considerado.
Baseados na matriz de Leopold, as matrizes atuais correspondem a uma listagem
bidimensional para identificação de impactos, permitindo ainda, a atribuição de
valores de magnitude e importância para cada tipo de impacto.
Resumindo, é um cruzamento entre fatores ambientais e ações
potencialmente alteradoras do ambiente em uma matriz. Desvantagem:
• Excessivo n mero de quadrículas.
• Subjetividade.
• Aplicação caso a caso.

452
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS
São princípios relacionados com as atividades dentro do processo de
avaliação de impactos ambientais:
Predição: impactos diretos, indiretos; Cumulativos; Avaliação de risco e
periculosidade; Monitoramento; Avaliação; Comunicação.
Previsão: Os impactos identificados na AIA não são reais, no sentido de que
não podemos os ver acontecendo.

453

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


A predição do impacto deve falar sobre a probabilidade de que estes
impactos venham ocorrer e deve indicar a severidade o magnitude em termos
espaciais e temporais.

Uma importante componente da predição é a incerteza


Uma forma de enfrentar a incerteza é o monitoramento.

Comunicação: A AIA é um importante processo de comunicação.


As informações geradas tem que ser efetivamente comunicadas aos
tomadores de decisões, aos proponentes e ao público.
Deve ter linguagem entendível; resumir grande quantidade de informações
em informações chaves relacionadas aos impactos mais importantes;
Auditoria: A auditoria é um mecanismo para a revisão das previsões feitas na AIA
com o propósito de:
• Avaliar o grau de precisão das predições;
• Identificar impactos imprevistos;
• Avaliar os efeitos das medidas de mitigação.
Existe uma relação estreita com o monitoramento, mas auditoria
especificamente questiona o sucesso do estudo em prever os impactos visando
melhorar a capacidade predicativa em AIAs futuras.
Muitas vezes não é feita porque os custos não são levados em conta pelo
empreendedor.

Participação Pública
A participação pública, principalmente dos grupos direta ou indiretamente
afetados pelo empreendimento deve se dar desde o início dos trabalhos, para que o
EIA se transforme em um instrumento efetivo de pacto social. De acordo com a
legislação brasileira, a audiência pública é o único mecanismo de participação da
sociedade civil no processo de AIA.

454
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3- Medidas Mitigadoras

O diagnóstico é a base inicial de dados a partir dos quais serão desenvolvidas


as fases seguintes, abrangendo o prognóstico dos prováveis impactos positivos ou
negativos. Uma vez estabelecidos, os negativos são alvo de medidas mitigadoras,
que visam a diminuir os seus efeitos; no caso dos positivos, as medidas visam a
amplificá-los.
As medidas mitigadoras são aquelas que objetivam minimizar os impactos
previstos pela implantação do empreendimento, sejam originadas por ações direta
ou indiretamente praticadas ou provocadas pelo empreendedor.
Encontram-se englobadas neste item, as medidas maximizadoras que tem
por função potencializar os efeitos positivos provocados ou induzidos pelo
empreendimento.
As medidas compensatórias, por sua vez, são aquelas que buscam dar ao ambiente

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


afetado compensações por impactos não mitigados parcial ou totalmente.
1. EVITAR: a mitigação que ocorre quando não se leva a ação proposta;
2. MINIMIZAR: a mitigação que ocorre quando se reduz a magnitude de um
projeto, quando se reorienta o plano do projeto, ou quando se emprega
tecnologia que reduza os fatores geradores de impacto ambiental não
desejado;
3. RETIFICAR: a mitigação que ocorre através da restauração do meio ambiente
afetado pela ação;
4. Rio Paraguai -> Ahipar aguarda licenciamento para retificar canal na hidrovia;
5. REDUZIR: a mitigação que ocorre através da tomada de medidas de
manutenção durante o curso da ação;
6. COMPENSAR: a mitigação que ocorre através da criação de ambientes
similares afetados por uma ação;

455

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


4- Programas de Monitoramento
Monitoramento Ambiental consiste na realização de medições e/ou
observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores e parâmetros, com a
finalidade de verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo,
podendo ser dimensionada sua magnitude e avaliada a eficiência de eventuais
medidas preventivas adotadas.

A elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é de


fundamental importância para o acompanhamento da situação, tanto para a
empresa e para o Poder Público, como também para a realização de auditoria, tema
que veremos no próximo tópico.

Hoje em dia temos dois grandes grupos de problemas ambientais:


1- Problemas causados pelo que a sociedade retira da natureza: pelo uso
excessivo e inadequado dos recursos naturais
Causa de tremores, extração de gás provoca dilema na Holanda- 20/05/2013.
O governo da Holanda está sendo pressionado a reduzir a extração de gás no norte
da Holanda por causa dos terremotos na região, cada vez mais fortes e frequentes.
Existe um consenso entre todas as partes envolvidas no problema --incluindo as
empresas de gás-- de que o processo de extração do gás está por trás dos
terremotos, mas o país está enriquecendo com a exploração. (Jornal Folha de São
Paulo, 2013).

2- Problemas causados pelo que a sociedade coloca na natureza: produtos


químicos dos mais diversos tipos e utilidades
A tragédia de Bhopal foi um desastre industrial que ocorreu na madrugada
de 3 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas de gases tóxicos vazaram na
fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide. É considerado o
pior desastre industrial ocorrido até hoje, quando mais de 500 mil pessoas, a sua
maioria trabalhadores, foram expostas aos gases.
O número total de mortes é controverso: houve num primeiro momento cerca
de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras 10 mil ocorreram devido a
doenças relacionadas à inalação do gás.

456
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Avaliação de riscos e periculosidade
A avaliação de riscos geralmente se refere aos riscos para a saúde humana e
ambiental de uma proposta de desenvolvimento, e as consequências de um possível
acidente e seus efeitos para os organismos vivos de forma geral, os empregados e a
população local.
Quando um projeto é realizado em regiões com perigos ambientais
(inundações, terremotos, atividade vulcânica) devemos planejar a proteção contra
estes perigos.
Risco é a probabilidade de dano, doença ou morte sob circunstâncias
específicas.
Pode ser expresso em termos quantitativos, com valores que variam entre 0 e
1. Pode ser descrito em termos qualitativos: alto, baixo, muito baixo.
Toda atividade humana acarreta algum grau de risco que pode ser conhecido
com um elevado grau de precisão, pois se possuem series históricas de sua

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


ocorrência.

O que é Avaliação de Risco?


Especificamente falando de substâncias tóxicas: É o processo científico de
avaliar as propriedades tóxicas de uma substância química e as condições de
exposição humana e ambiental para determinar a probabilidade que esta exposição
afete adversamente as pessoas e demais organismos vivos, além de caracterizar a
natureza dos efeitos produzidos.

Identificação da periculosidade
É a procura por evidências da toxicidade de uma substância;
As informações sobre a toxicidade são obtidas a partir de: Análise da estrutura
molecular da substância; Estudos com animais (dos quais se inferem os efeitos em
humanos); Investigação epidemiológica da exposição humana; Estudos clínicos;
Casos reportados de exposição humana; Monitoramento.
Em muitos países acredita-se que a AIA termina com a entrega do Relatório e
a tomada de decisão sobre o empreendimento.
Deve ser parte da AIA durante as fases de implementação e operação do
empreendimento.
Possui um importante aspecto retroalimentador que permite correções e
ajustamentos na previsão de impactos realizadas e nas medida mitigadoras.
Provê um grau de segurança porque permite detectar mudanças imprevisíveis.
Base para julgar a efetividade da AIA. Gera informações para o manejo dos
impactos.

457

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Em muitos países o monitoramento é pouco desenvolvido, pelos seguintes motivos:
Pouca consciência do valor do monitoramento;
Resistência por parte dos empreendedores de terem suas atividades em
longo prazo;
Custos de coleta e análise de dados;

Monitoramento pré-desenvolvimento: planejamento do levantamento continuo dos


problemas e dados.
Filtragem: revisão preliminar para decidir se deve ser feita a AIA completa ou
simplificada.
Alcance: definição dos parâmetro, metas, limites, equipe, custos.
Coleta de dados: a partir do estabelecido no alcance do estudo.
Identificação dos impactos: através da observação, previsão, pesquisa, etc. para
determinar se haverá impactos.
Avaliação: interpretação e determinação da significância dos impactos (escala e
importância, consideração de alternativas, incluindo o não desenvolvimento).
Comunicação: liberação dos resultados para consulta pública.
Auditoria: Avaliação da precisão e valores, técnicas, procedimentos.
Monitoramento: continuo olhar por novos impactos

458
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5- Licenciamento Ambiental

O Licenciamento Ambiental é um instrumento da Política Nacional de Meio


Ambiente, que tem como objetivo a regularização das atividades perante os padrões
e as normas ambientais. Uma empresa licenciada tem diversos benefícios, dentre os
quais se citam:
Benefícios estratégicos
 Diferenciação no mercado;
 Demonstração do compromisso da empresa com o meio ambiente e com o
futuro;
 Confiança oferecida às partes interessadas;
 Melhoria na imagem perante órgãos regulamentadores;
 Facilidade na obtenção de licenças e autorizações;
 Simpatia de clientes e usuários;

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


 Facilidade no acesso ao mercado internacional;
 Atração de parceiros;
 Antecipação à tendência de caráter mandatário e às exigências de clientes.

Benefícios operacionais:
 Melhoria na gestão de riscos ambientais atuais e futuros;
 Melhoria dos procedimentos operacionais;
 Melhoria da produtividade; melhoria nas condições de saúde e segurança no
trabalho;
 Redução de acidentes que impliquem responsabilidade civil;
 Estabelecimento de rotina para análise das áreas do negócio que possam
afetar o meio ambiente;
 Estímulo ao desenvolvimento e compartilhamento de soluções ambientais;
 Facilidade na transferência de tecnologia; melhoria do desempenho dos
funcionários;
 Formação dos funcionários facilitada.

Benefícios Financeiros
 Diminuição dos riscos de incorrer em infrações legais e regulamentares;
 Redução potencial nas despesas com seguros;
 Produtos e serviços adquiridos;
 Possibilidade de redução de custos;
 Possibilidade de economia de despesas no consumo de água e energia.

459

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O processo de regularização das atividades da empresa deve ser realizado
da forma mais adequada, buscando-se: o melhor desempenho em conjunção com o
menor custo; a celeridade na obtenção das licenças e autorizações; A qualidade dos
equipamentos e medidas de controle adotadas; a observância total dos preceitos
normativos e padrões estipulados pela legislação ambiental, dentre outros.

Licenciamento Ambiental em Minas Gerais


Em Minas Gerais, a matéria é regulamentada principalmente pela lei nº
7772/06 e Decreto 44309/06 e pelas Deliberações Normativas do COPAM, em
especial a DN nº 74/2004, que revogou a DN nº 01/90, que subsistiu até então.
São inovações da DN 74/04:
 Definição de nova classificação de empreendimentos;
 Inclusão de novos parâmetros para enquadramento de porte do
empreendimento; Possibilidade de requerimento da Autorização de
Funcionamento (AAF) para empreendimentos das Classes 1 e 2, que são
aqueles considerados de impacto ambiental não significativo;
 Possibilidade de requerimento das Licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI),
concomitantemente, para empreendimentos enquadrados nas Classes 3 e 4;
Ampliação do número de parcelas dos custos de análise.

ai ao o i o de li e a ambiental?
ara cada etapa do processo de licenciamento ambiental, e necessaria a licenca
adequada.
- Li e a P évia (LP): deve ser solicitada na fase preliminar do
planejamento do empreendimento. E ela que atestara a viabilidade ambiental,
aprovara localizacao e concepcao do projeto e estabelecera os requisitos
basicos e condicionantes a serem atendidos nas proximas fases de sua
implementacao. Validade de até 4 anos.
- Li e a de ala ao (LI): autoriza a instalacao do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas
e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes e exigências técnicas necessárias. Validade de até 6 anos.
III - Li e a de e a ao (LO): autoriza o inicio das atividades do
empreendimento mediante a verificacao do efetivo cumprimento do que
constam das licencas anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinadas para a operacao. Sua concessão e por tempo
finito e, portanto, sujeita o empreendedor a renovação, com possíveis
condicionantes supervenientes. Validade de 4 a 6 anos, sujeita a revalidação
periódica. (Mínimo 4, máximo 10)
Li e a de ala ao Corretiva (LIC): icenca direcionada para
empreendimentos instalados ou em instalacao e que ainda nao procederam
ao licenciamento ambiental.

460
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Li e a de e a ao Corretiva (LOC): icenca direcionada para
empreendimentos em operacao e que ainda nao procederam ao
licenciamento ambiental.
Licença Sumária: Modalidade de licença, onde o processo é simplificado,
realizado em uma única etapa é aplicável aos empreendimentos e atividades
de pequeno porte e potencial poluidor, constantes da DN COMAC 08/04, ou
aquelas enquadradas nas classes 1 e 2 da DN COPAM 74/04.

E importante destacar tambem:

Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF): Trata-se de um processo mais


simples e rápido para a regularização, destinado a empreendimentos ou atividades
considerados de impacto ambiental nao significativo e que estejam dispensados do
licenciamento ambiental.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Relatório de Controle Ambiental (RCA): exigido em caso de dispensa do
EIA/Rima. É por meio do RCA que o empreendedor identifica as não conformidades
efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e da operação do empreendimento
para o qual está sendo requerida a licença.
Relatório de controle ambiental – RCA
 Caracterização do Empreendimento (memorial descritivo do empreendimento,
com os fluxogramas;
 Processos de produção e alternativas tecnológicas utilizadas;
 Descrição do Processo Industrial. - Avaliação/ descrição dos impactos
ambientais;
 Avaliação / descrição de ocorrência de acidentes;
 Programa de monitoramento ambiental;
 Caracterização das áreas de entorno do empreendimento.
Plano de Controle Ambiental (PCA): documento por meio do qual o empreendedor
apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e/ou controlar os impactos
ambientais decorrentes da instalação e da operação do empreendimento para o qual
está sendo requerida a licença, bem como para corrigir as não conformidades
identificadas.
O PCA é sempre necessário, independente da exigência ou não de EIA/Rima,
sendo solicitado durante a LI.
Plano de controle ambiental – PCA:
 Caracterização do Empreendimento.
 Caraterização e descrição das fontes de geração dos impactos ambientais.
 Descrição de medidas mitigadoras dos impactos ambientais.
 Detalhamento do programa de monitoramento ambiental.
 Anotação de Responsabilidade Técnica – CREA/MG.

461

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Quem é competente para realizar o licenciamento?
A competência para concessao da icenca ou Autorizacao Ambiental de
uncionamento (AA ) podera ser de orgao federal, estadual ou mesmo municipal. A
definicao do orgao competente tera como fundamento a natureza da atividade ou a
abrangência dos impactos do empreendimento em questao.
Caso se trate de empreendimento cujas atividades sejam desenvolvidas em
mais de um estado do Brasil, ou cujos impactos ambientais extrapolem os limites
estaduais ou mesmo nacionais, a competência sera federal, cabendo ao IBAMA o
licenciamento. Algumas atividades especificas, como energia nuclear, material
genetico etc. tambem sao de competência do IBAMA.

O que pode ser feito pela SUBSECRETARIA DE GESTÃO E REGULARIZAÇÃO


AMBIENTAL INTEGRADA de Minas Gerais?
 Emissão de Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF);
 Licença Ambiental e Outorga; Demarcação de Reserva Legal;
 Emissão de Documentos Autorizativos para Intervenção Ambiental (Daia);
 Emissão de Autorização para queima controlada no campo;
 Emissão de Carteira de Pesca (Pode ser solicitada em todas as unidades
regionais do Sisema);
 Emissão de Autorização para pesca subaquática;
 Elaboração de normas, estudos e projetos voltados á regularização
ambiental;
 Definição de diretrizes para Educação Ambiental;
 Articulação Institucional, Intersetorial e Intergovernamental para a prática da
Política Ambiental no Estado.

Quem é competente para realizar o licenciamento?


ara atividades que causem impactos apenas dentro do estado de minas
Gerais e que nao sejam de competência federal, o licenciamento cabe ao O AM,
que julga e concede as licencas por intermedio das unidades regionais colegiadas
(URCs).

Quando devo proceder ao licenciamento municipal?


Nos termos do art. 9o da Lei complementar no 140/2011 e atribuicao dos
municipios promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos
que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme
tipologia definida pelos respectivos conselhos estaduais de meio Ambiente,
considerados os criterios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade, ou
localizados em unidades de conservacao instituidas pelo municipio, exceto em Areas
de rotecao Ambiental (APAs).

462
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ai e ee di e o e i a da e la i a ao ambiental Estadual?
Estao sujeitas ao licenciamento ambiental às atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva e ou potencialmente poluidoras, bem
como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradacao ambiental.

ai e ee di e o e i a da e la i a ao ambiental Estadual?
A Deliberacao normativa O AM no. 2 , de de Setembro de 2
do O AM (conselho de olitica Ambiental) e a norma que regulamenta o
licenciamento ambiental em minas Gerais. em seu Anexo Unico a deliberacao
estabelece a Listagem das Atividades e classifica os empreendimentos em classes
de acordo com o porte e potencial poluidor.

Classificação dos empreendimentos

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Classe 1: pequeno porte e pequeno ou medio potencial poluidor;
Classe 2: medio porte e pequeno potencial poluidor;
Classe 3: pequeno porte e grande potencial poluidor ou medio porte e medio
potencial poluidor;
Classe 4: grande porte e pequeno potencial poluidor;
Classe 5: grande porte e medio potencial poluidor ou medio Porte e grande potencial
poluidor;
Classe 6: grande porte e grande potencial poluidor.

eli e a ao normativa COPAM no. 74/2004, de 09 de Setembro de 2004 do


COPAM.

Listagem A- atividades minerárias;


Listagem B- atividades industriais: indústria metalúrgica e outras;
Listagem C - atividades industriais: indústria química;
istagem D - atividades industriais industria alimenticia /
Listagem E – atividades de infraestrutura /Listagem - servicos e comércio
atacadista Listagem G – atividades agrossilvipastoris.

463

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Empreendimentos classe 1 e 2: AAF
Autorização ambiental de funcionamento
Empreendimentos classe 3 e 4:
RCA – Relatório de controle ambiental/ PCA – Plano de controle ambiental
Empreendimentos classe 5 e 6:
EIA – Estudo de impacto Ambiental/RIMA – Relatório de impacto ambiental

Procedimentos do Licenciamento Ambiental


Ao protocolar o FCEI (Formulário de Caracterização do Empreendimento) no
órgão ambiental competente, o mesmo é analisado e gera o FOBI (Formulário de
Orientação Básica).
O FOBI contém todos os documentos necessários ao início do processo de
análise para a concessão da Licença Ambiental ou Autorização Ambiental de
Funcionamento.
Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF), da Licença Ambiental e da
Outorga Primeiro é preciso preencher o Formulário de Caracterização do
Empreendimento (FCE), disponível nos sites da Semad, IEF, Feam e Igam.
Depois de preenchido, ele deve ser protocolado em qualquer unidade
descentralizada do Sisema (Suprams, Núcleos Regionais de Regularização, Núcleos
Regionais de Fiscalização, Escritórios e Agências do IEF).
FOB- Uma vez analisado o FCE, o órgão licenciador gerará o FOB
(Formulário de Orientações Básicas), onde estarão indicados todos os documentos
que deverão ser apresentados em prazo de 30 dias para início do processo de
análise para concessão da AAF.
ART- Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, emitida pelo Conselho
de Classe Profissional pertinente, que atenda aos requisitos do órgão ambiental
competente (no caso de Autorização de Funcionamento).

464
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS

Fluxograma do Processo de Licenciamento Ambiental, Cartilha FIEMG, 2006.

465

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


6- Monitoramento e avaliação de impactos sociais e na saúde

“Deixamos que a chuva química letal caia sobre nós como se nao houvessem
alternativas, quando na verdade existem muitas e nossa engenhosidade poderia
descobrir muito mais, se lhe dessemos a oportunidade. Sera que caimos em um
estado de entorpecimento que faz com que aceitemos como inevita vel aquilo que e
inferior, prejudicial, como se houvessemos perdido a vontade ou a visao para exigir
o que e bom?”
Rachel Carson, Primavera Silenciosa, 1962.

Estudo de Caso
“Nos, moradores, pescadores, donas de casa, operários, estudantes,
desempregados, jovens, crianças e idosos, homens e mulheres de Santa ruz no
município do Rio de Janeiro estamos sofrendo com os impactos negativos da
Thyssen rupp ompanhia Siderurgica do Atlântico desde 2 , inicio da instalacao
da TK- SA. Desde entao varios grupos e organizacoes veem denunciando, dentro e
fora do Brasil, crimes socioambientais, violacoes de direitos humanos e danos a
saude da populacao, cometidos pela TK-CSA.
O Ministerio ublico ja denunciou a TK SA por gerar poluicao atmosferica em
niveis capazes de provocar danos a saude humana, reconheceu que houve
falsificacao de assinaturas da populacao para audiência publica sobre a instalacao
da TK- SA e ajuizou uma acao penal responsabilizando a empresa e dois de seus
diretores por crimes ambientais.
ontra fatos, estao sendo construidos discursos que nao sao verdadeiros
mas, vamos a eles e seus contra-argumentos:
A) A TK- SA ira trazer empregos e desenvolvimento.
A SA gerou emprego para mil pessoas na sua fase de construc ao e
serao apenas , mil apos seu pleno funcionamento. A mao-de-obra usada na
construcao nao sera absorvida pela industria. Um dos criterios internacionais do
programa de desenvolvimento das Nacoes Unidas, aponta para 1 emprego gerado a
cada 200 mil reais investidos, ou menos. Ora, se considerarmos o investimento de
bilhoes de reais, deixando de lado todas as isencoes fiscais concedidas pelos
governos e, dividirmos pelos 10 mil trabalhadores da fase de construcao, mais os
, mil apos seu pleno funcionamento; cada emprego estara sendo gerado a um
custo de mais de 500 mil reais. Quase vezes mais do que a referência de geracao
de empregos. E, se considerarmos apenas os 3, mil empregos o custo chega a 2
milhoes de reais para cada emprego.
B) Aconteceram dois acidentes na TK-CSA que emitiram uma fuligem pesada no ar
de Santa Cruz.

466
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Para este argumento convidamos os interessados a passarem um dia e uma
noite em nossas casas quando poderao constatar que a emissao de poluentes
continua de forma sistematica.
C) O material emitido no ar da regiao de Santa ruz, e grafite. Mesmo que fosse
grafite e reconhecido os efeitos negativos no ambiente e a saude, alem disso o
instituto de geociências da UFRJ detectou que houve um aumento de 600% na
emissao de ferro na regiao.
D) Uma empresa independente esta fazendo a auditoria da TK-CSA
O empreendimento TK-CSA tem a empresa Vale como uma de suas
acionistas e A Usiminas, escolhida para fazer a auditoria tem como parte de suas
ações a REVI que e um dos maiores controladores da Vale que em 2008 detinha
Açoes da Usiminas. O que comprova o conflito de interesses e descaracteriza a
independência exigida pelo ministerio publico.
E) A TK- SA tem legitimidade tecnico-ambiental para funcionar.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


( ) O ministerio publico e o IBAMA reconhecem irregularidades na licenca de
operacao provisoria concedida pela FEEMA;
(2) Técnicos da Fiocruz alertam que a matriz energética e o modelo de producao e
altamente poluente;
( ) as isencoes fiscais concedidas pela lei municipal 2 de de junho 2 estao
atreladas a cuidados ambientais, mas, a destruicao do mangue local e o desvio do
canal Sao Fernando ocasionando enchentes sao apenas dois exemplos que nao
deveriam garantir os benefícios da lei.
Temos motivos para a preocupacao, pois a TK- SA esta funcionando com
apenas dois fornos em um total previsto de oito fornos, mais a fabricac ao de cimento
para breve.
Nossa preocupacao e icenca de Operacao ermanente a ser concedida no
proximo mês sera um crime socioambiental colocando em risco a vida de mais de
mil familias.
Ainda acreditamos nas instituicoes brasileiras, apesar de nao encontrarmos
assistência medica satisfatoria na regiao para problemas respiratorios e de pele,
ainda mais, depois do acidente no hospital edro II, quando a partir de enta o, todo o
seu atendimento foi suspenso. Ainda acreditamos, apesar do medo de alguns em
falar sobre determinados assuntos. Ainda acreditamos, apesar do descaso dos
poderes legislativo e executivo.
Nos, moradores, pescadores, donas de casa, operarios, estudantes,
desempregados, jovens, criancas e idosos, homens e mulheres de Santa Cruz,
ainda acreditamos que o lagelo TK- SA nao conseguira reduzir a vantagem tenaz
da vida sobre a morte.”.
Carta de Santa Cruz- RJ
O FLAGELO THYSSENKRUPP-CSA

467

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


ATIVIDADE
Discuta com seus colegas o que poderia ter sido feito no
estudo de caso acima para que a população não tivesse
prejuízos com a saúde. Discuta também outros casos
conhecidos e atuais de indústrias quede alguma forma
trouxeram durante o seu funcionamento ou depois, algum
prejuízo à saúde humana.

7-Impactos ambientais nos Biomas Brasileiros

A natureza no Brasil tem sido agredida desde o início da colonização, sendo a


faixa litorânea onde encontramos a Mata Atlântica a primeira a ser atingida, tendo
90% de sua área original derrubada devido à ocupação no período colonial por
causa da fundação de cidades, o desenvolvimento de atividades agropecuária e
posteriormente a instalação do parque industrial brasileiro.
Os mangues e a vegetação litorânea (restingas) também foram muito
afetadas pela ocupação humana, principalmente devido à construção de portos,
casa de veraneios, hotéis e resorts, a exploração turísticas, a extração de sal e a
pesca predatória que completaram o estrago em ecossistemas litorâneos.
À medida que a ocupação do território nacional se expandiu para o interior,
outros ecossistemas tiveram seu equilíbrio ecológico rompido pelas atividades que
ali se desenvolveram com o ciclo do ouro através da mineração em Minas Gerais,
Mato Grosso, Goiás e a criação de gado no sertão nordestino atingindo a Caatinga,
na Região Sul os Campos ou Pradarias e mais tarde na Região Centro-Oeste do
país o Cerrado e a Vegetação Complexa do Pantanal. Na década de 1960 até os
dias de hoje, com a construção de Brasília, de rodovias e de usinas hidrelétricas,
bem como, a implantação de projetos agropecuários e de mineração causou fortes
impactos ambientais nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.
Com a aceleração da urbanização nas últimas décadas, uma nova forma de
impacto ambiental tem aumentado no Brasil: trata-se dos impactos causados em
ambientes urbanos.
Os países desenvolvidos, como os europeus, os Estados Unidos e o Japão,
alteraram profundamente seu meio ambiente, mas, depois de certo tempo, adotaram
medidas para atenuar esses impactos através de severas leis ambientais. Na
verdade, esses países foram também responsáveis pela devastação dos recursos
naturais de suas antigas colônias, hoje nações independentes. As metrópoles,
através das políticas do mercantilismo (colonialismo) e do capitalismo (imperialismo),
utilizaram esses recursos em beneficio próprio.

468
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Depois da Segunda Guerra Mundial, em sua expansão, as empresas
transnacionais não tinham o meio ambiente como principal preocupação ao instalar
suas unidades de produção nos novos países industrializados.
NA AMAZÔNIA
Atualmente, o desmatamento é o principal responsável pela avançada
destruição desse bioma, onde as queimadas preparam os terrenos para os grandes
projetos agropecuários.
Construção de usinas hidrelétricas (Tucuraí, Balbina, Samuel e outras);
Extração de madeira para exportação para o Japão e a Europa; Crescimento
demográfico; Garimpos de ouro; Extrativismo mineral; Construção de rodovias e
ferrovias.

CERRADO
A agricultura do cerrado talvez seja a principal responsável por impactos

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


ambientais neste bioma. No Brasil, foi á partir da década de 70 que as atividades
agropecuárias começaram a se intensificar, uma vez que neste momento, ocorreu à
modernização agrícola, que trouxe consigo a expulsão de comunidades locais e o
extenso desmatamento. A cultura da soja se intensificou a partir da década de 1980,
a fim de abastecer o mercado externorios contaminados por mercurio, proveniente
dos garimpos os quais, tambem, provocam o assoreamento dos cursos d’agua.

IMPACTOS AMBIENTAIS NA MATA ATLÂNTICA


Quinhentos anos de destruição ininterrupta, os poucos remanescentes da
Mata Atlântica continuam e continuarão sofrendo impactos até quase sua extinção.
Dentre os principais motivos que contribuíram para a perda de grandes áreas de
mata, além da sua fragilização e fragmentação, destacam-se:
A política desenvolvimentista da década de 1970;
O crescimento desordenado de quatro das principais capitais brasileiras: São
Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte;
A política de reforma agrária praticada na década de 1980; a contínua
poluição ambiental;
A falta de uma política florestal nacional;
A insistente prática de queimadas para a criação de novas áreas para
pastagem.
Construção de grandes usinas hidrelétricas, pontes, rodovias, barragens,
usinas nucleares, Outro fator é o crescimento desordenado das cidades, provocando
o esgotamento da floresta pela demanda de matéria-prima, energia e espaço.

469

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


IMPACTOS AMBIENTAIS NA CAATINGA
A ocupação do Sertão nordestino foi feita no período denominado ciclo do
gado, assim chamado por ter na pecuária sua principal atividade econômica.
Outro problema ambiental refere-se ao processo de desertificação de grandes áreas
da caatinga, provocado pelo desmatamento da vegetação nativa (agropecuária e
lenha) e pela degradação do solo. Além disso, vários tipos de indústria utilizam
espécies arbóreas nativas para a produção de energia.

IMPACTOS AMBIENTAIS PAMPAS


AGROPECUÁRIA: Dos seis biomas encontrados em território nacional, o que
mais sofre pressão dessa atividade é o Pampa, que tem 71% da sua área ocupada
com estabelecimentos agropecuários. O cultivo da soja e do trigo na Campanha
Gaúcha também provoca o desgaste do solo e sua erosão. Muitas vezes, as
queimadas antecipam o cultivo agrícola, diminuindo ainda mais a matéria orgânica
dos solos e as áreas ocupadas pelos campos.

IMPACTOS AMBIENTAIS NO PANTANAL


O crescimento desorganizado do turismo. Assim, podemos citar como
exemplo de contaminação dos rios e agressão ambiental: os dejetos (esgotos) das
cidades próximas aos rios; a contaminação gerada pelo mercúrio proveniente dos
garimpos; o assoreamento, também, gerado pela atividade dos garimpos de ouro.
Além do ecoturismo desordenado, outras atividades tradicionais na região, como a
agricultura e a pecuária extensiva alteram o meio ambiente ao provocar
desmatamento do leito dos rios. Garimpos e a pesca predatória nos rios do Pantanal
agravam ainda mais a destruição da natureza no bioma.

IMPACTOS AMBIENTAIS NOS MANGUEZAIS E NAS RESTINGAS


• A expansão urbana desordenada, que polui suas águas e solos;
• O derramamento de petróleo nas refinarias e nos terminais de embarque e
desembarque da Petrobras e dos polos petroquímicos localizados em suas áreas.
• A grande concentração de capitais estaduais pelo litoral, com o lançamento de
esgotos e a movimentação de importantes portos;
• A pesca predatória, a ocupação irregular do solo e a poluição causada por polos
indústrias instalados em áreas litorâneas;
• O crescimento da rede hoteleira em decorrência da atividade turística.

470
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Exercícios Estudos de impacto ambiental

Conceitue Ambiente e Impacto Ambiental:

Quando surgiu os Impactos Ambientais?

Caracterize um impacto positivo e um impacto negativo:

Cite 3 atividades com os aspectos e impactos:

Cite os aspectos e impactos positivos e negativos de uma hidroelétrica (pesquisar):

Qual órgão consultivo que instrui uma listagem detalhada de atividades ou


empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental?

Para fazer um processo de licenciamento ambiental existem duas fases principais,

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


um estudo e um relatório, ___________________e_____________________.

Faça um breve resumo de como era o licenciamento no Brasil o que estava


ocorrendo nos Estados Unidos;

Caracterize Avaliação de Impacto Ambiental e Estudos de Impacto Ambiental:

Classifique o impacto de um gasoduto e de uma construção civil:

Quais atividades abaixo precisam e quais não precisam de EIA/RIMA?

-Criação de peixes ornamentais;


-Ferrovia;
-Cultivo de plantas medicinais;
-Pequenos projetos agropecuários
-Construção de usinas hidroelétricas;
-Construção de portos;

Quais as principais etapas de um EIA/RIMA?


O que são medidas mitigadoras?

O que significa as siglas: PMMG, NGA, FEAM, IGAM, IEF, SUPRAM, COPAM,
CERH, SEMAD, SISEMA, e quem é subordinado a quem?

471

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


O licenciamento ambiental é:
a) um ato administrativo pelo qual o órgão judiciário competente licencia
empreendimentos que possam causar degradação ambiental.
b) um procedimento judicial pelo qual o Ministério Público competente licencia
empreendimentos que possam causar degradação ambiental.
c) um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
empreendimentos que possam causar degradação ambiental.
d) um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
empreendimentos que possam causar degradação ambiental.

Analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:


I- O EIA/RIMA deve ser elaborado por profissionais legalmente habilitados;
II- O custeio do EIA/RIMA deve ser efetuado pelo empreendedor;
III- É necessário a elaboração do EIA/RIMA para as atividades consideradas
potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental;
IV- O EIA/RIMA é um instrumento meramente compensatório ao dano causado por
uma atividade.
a) Apenas a I, II e III estão corretas.
b) Apenas a I, III e IV estão corretas.
c) Apenas a III e IV estão corretas.
d) Todas as afirmações estão corretas.

As siglas EIA/RIMA/CONAMA significam:


a) Etapa previa de impacto ambiental; resumo de impacto sobre o meio artificial;
Comissão Nacional do Meio Ambiente.
b) Estudo de impossibilidade ambiental; resumo de impacto ao meio ambiente;
Cooperação Nacional para preservação do Meio Ambiente.
c) Elaboração de impacto ambiental; relatório de impacto sobre o meio ambiente;
Consagração Natural do Meio Ambiente.
d) Estudo de impacto ambiental; relatório de impacto sobre o meio ambiente;
Conselho Nacional do Meio Ambiente.

É competente para propor a Audiência Pública, em matéria de licenciamento


ambiental:
a) O órgão ambiental licenciador, entidade civil, 50% ou mais cidadãos e o
Ministério Público.
b) Apenas o órgão ambiental competente para a concessão da licença.
c) Apenas o Ministério Público e a entidade civil ligada às questões
ambientais.
d) A secretaria do meio ambiente do estado onde a obra se realizará e o
Ministério Público estadual.

472
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A Audiência Pública tem por finalidade:
a) dar ciência aos interessados da instalação da obra.
b) garantir a participação dos demais órgãos públicos no procedimento de
licenciamento ambiental.
c) garantir a participação popular, expondo as informações do RIMA e recolhendo as
críticas e sugestões com relação à instalação da atividade no local.
d) expor o RIMA ao órgão licenciador competente.

É competente para promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e


atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional:
a) Secretaria do Meio Ambiente.
b) IBAMA.
c) O Município onde se encontre a maior parte da obra.
d) O governo federal, por meio da secretaria de licenciamento do ministério do meio

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


ambiente.

Havendo erro quanto às informações apresentadas nos estudos ambientais, é


correto afirmar, com relação às responsabilidades, que:
a) Tanto o empreendedor, quanto a equipe multidisciplinar que realizou os estudos,
são responsáveis objetivamente, porém aquele possui responsabilidade subsidiária
em relação a esta.
b) Tanto o empreendedor, quanto a equipe multidisciplinar que realizou os estudos,
são responsáveis solidária e objetivamente.
c) O empreendedor responderá pelos erros de informações apresentadas nos
estudos, pois somente a este é imputado à responsabilidade objetiva.
d) Somente a equipe multidisciplinar, que realizou os estudos com informações
incorretas, será a responsável.

Considera-se impacto ambiental:


a) a poluição nos rios, lagos e na atmosfera.
b) o desmatamento da mata e a extinção de algumas espécies de animais.
c) qualquer alteração na qualidade do solo, da atmosférica e da água.
d) qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente.

473

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Considerando todas as informações que você obteve ate esse ponto do curso
como: conceitos básicos, interação homem-ambiente e estudos ambientais,
relacione os principais impactos ambientais que podem estar ocorrendo nas áreas
das imagens abaixo:

474
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Bibliografia

MILARÉ, ÉDIS. Direito Ambiental: A Gestão Ambiental em foco: Doutrina,


Jusrisprudência, Glossário. Editora Revista dos Tribunais, 2009.

OLIVEIRA, Haydée de; RIBEIRO, Jacqueline Sales Vieira; CALIXTO, Marilene


Henrique de Miranda. Impactos ambientais na bacia do rio Piracicaba - MG. Belo
Horizonte: UTRAMIG - Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais,
2010. 181f, il.

SÁNCHEZ, Luis Henrique. Avaliação de Impacto Ambiental- Conceitos e Métodos.


Editora Oficina de Textos.

ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTIAS


Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do Conama: resoluções
vigentes publicadas entre julho de 1984 e novembro de 2008 – 2. ed. / Conselho
Nacional do Meio Ambiente. – Brasília: Conama, 2008. 928 p.

. ei no . , de de agosto de . Dispoe sobre a olitica Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulacao e aplicacao, e da outras
providências.

BACCI et al. Aspectos e Impactos ambientais de pedreira em área urbana.


REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 59 (1): 47-54, jan. mar. 2006.

E EMAR. EIA - Estudo de Impacto Ambiental da lanta de iltragem e Terminal


ortuario rivativo para Embarque de Minerio de Ferro Presidente Kennedy/ES.
CPM RT 127/10.

E EMAR. Informacoes omplementares do EIA - Estudo de Impacto Ambiental


da lanta de iltragem e Terminal ortuario rivativo para Embarque de Minerio de
Ferro Presidente Kennedy/ES. CPM RT 052/11.

GONTIJO, B. M. A biogeografia no contexto das avaliações de


impacto ambiental. Geonomos.

MOTA, S. Proposta de uma matriz para avaliação de impactos ambientais. VI


Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

SLACK, N.; CHAMBER, S.; HARDLAND, C.; HARRISON, A. e JOHNSTON, R.


d i i a ao da P od ao. Sao Paulo: Atlas, 2009.

475

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE ETAPA 1


Orientações ao empreendedor sobre o licenciamento ambiental em Minas Gerais.
Gerência de meio ambiente superintendência de desenvolvimento empresarial.
Belo horizonte, janeiro 2006.

Sites Relacionados:

• www.mma.gov.br;
• www.portalpbh.gov.br;
• www.meioambiente.mg.gov.br;
• www.planalto.gov.br;
• www.oeco.com.br

476
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”

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