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CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

QUIMICA
AMBIENTAL
Sumário
CAPITULO 1.
Água ................................................................................................................................................................7

CAPITULO 2.
Agrotóxicos ..................................................................................................................................................... 27

CAPITULO 3.
Efeito estufa .................................................................................................................................................... 39

CAPITULO 4.
Chuva ácida..................................................................................................................................................... 48

CAPITULO 5.
A camada de ozônio ........................................................................................................................................ 58

CAPITULO 6.
Poluição .......................................................................................................................................................... 69

CAPITULO 7.
Elementos químicos e físicos ..........................................................................................................................81

CAPITULO 8.
Química ambiental do solo ...........................................................................................................................107

CAPITULO 9.
Propriedades físico-químicas dos elementos .............................................................................................. 117

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TECNICO MEIO AMBIENTAL
ETAPA: 3º
DISCIPLINA: QUIMICA AMBIENTAL
CARGA HORARIA TOTAL: 80 HORAS
CARGA HORARIA SEMANAL: 04 AULAS
HABILIDADES:
• Compreender os impactos ambientais causados pela intervenção
humana e o desafio da sustentabilidade.
• Preparar equipamentos, vidrarias e substancias necessária a realização
de experimentos programados.
• Conhecer princípios da química orgânica e inorgânica aplicados ao
controle dos processos ambientais.
• Conhecer as atividades laboratoriais do sistema de tratamento de água e
dos poluentes dos solos, água e ar;
• Interpretar e executar analise volumétrica.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS:

QUÍMICA AMBIENTAL
1º NOTA DATA 2º NOTA DATA
BIMESTRE BIMESTRE

BIMESTRAL 20,0 SEMESTRAL 30,0

TRABALHO 10,0 MOSTRA 10,0

ATIV. 1 5,0 ATIV. 1 10,0

ATIV. 2 5,0 ATIV. 2 10,0

REFERENCIAS:
MEDEIROS, Sófocles Borba. Química Ambiental. 3 ed. Revista e ampliada.
Recife, 2005.
Caires; Anália Christina Pereira. Química Ambiental,Curso – Técnico em Meio
Ambiente/ colégio Ateneu Santista acessado: 20/12/2014
http://www.infoescola.com/quimica/propriedades-periodicas-dos-elementos/
Propriedades Químicas / Álvaro Montebelo Barcelos acessado: 20/12/1013 as
09:20

Objetivo: Fornecer informações sobre os fundamentos e importância da


química ambiental, assim como demonstrar suas aplicações por meio de
exemplos práticos.

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


PROGRAMAÇÃO
1º MÓDULO
• A importância da Química ambiental
• Propriedades físico-químicas dos elementos
• Soluções aquosas: concentração e expressão de unidades
• Atividade iônica
• Equilíbrio químico
• Interação de produtos químicos no ambiente
• Conceitos de acido e bases
• Equilíbrio acido base no ambiente
• pH de soluções aquosas de acordo com bronsted-Lowry

2º MÓDULO
• A importância de reações de alcalinização e acidificação no ambiente
• Equilíbrio de solubilidade e precipitação no ambiente
• Equilíbrio de oxi-redução no ambiente
• Praticas de laboratório em química: apresentação e manuseio de
materiais
• Parâmetros indicativos da poluição das águas: cor, turbidez, sabor, odor,
solids, temperatura, condutividade.
• Parâmetros indicativos da poluição dos solos: textura, cor, composição e
qualidade.
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
• Demanda Química de Oxigênio (DQO)
• Carbono Orgânico total (COT)

INTRODUÇÃO
A Química Ambiental é a ciência que estuda os aspectos e fenômenos
químicos relacionados ao meio ambiente, como a poluição da água, do ar, do
solo e as interações destes com os diferentes ecossistemas e organismos
vivos. A pesquisa científica, assim como a gestão e transferência de
conhecimentos técnicos na área ambiental, é determinante para fornecer uma
sólida formação de profissionais. Estes poderão contribuir para o
desenvolvimento social, científico e econômico do país, de modo a preservar a
qualidade do meio ambiente. Especialmente as pesquisas na área de química
ambiental são fundamentais para subsidiar ações públicas e governamentais
em prol da conservação ambiental.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CAPITULO 1

ÁGUA

OS DIVERSOS TIPOS DE ÁGUA

I- Água Pura (H2O): não existe na natureza. Devido à enorme capacidade de


dissolução da água ela sempre contém várias substâncias dissolvidas. Mesmo
a água da chuva e a água destilada nos laboratórios apresentam gases que
são absorvidos da atmosfera (oxigênio, nitrogênio, gás carbônico, etc.).
II- Água Desmineralizada: é a água obtida através de um processo de
purificação que retira os sais. Os sistemas mais usados chamam-se: resinas
de troca iônica e osmose reversa.
III- Água Deionizada: é uma água purificada onde são retirados os
componentes orgânicos e inorgânicos, inclusive metais pesados. O processo
de deionização é feito a partir de um purificador onde a água da torneira passa

QUÍMICA AMBIENTAL
por um pré-filtro para remover as partículas em suspensão e sedimentos
seguindo para uma câmara declorinadora e removedora de materiais
orgânicos. Logo em seguida os íons inorgânicos como cálcio, sulfato,
carbonato, magnésio, sódio, amônio, nitrito, fosfato, chumbo, cobre e zinco são
removidos na câmara de deionização.
IV- Água Pesada (D2O): seu nome químico é óxido de deutério. Usada nos
reatores nucleares.
V - Água Potável: é a água que se pode beber. É limpa, não possuindo
micróbios ou substâncias que possam nos prejudicar. Contém substâncias
dissolvidas que nos são importantes.
VI - Água Mineral: água natural, potável, com apreciável teor de sais minerais.
Não confundir com água purificada adicionada de sais ou água mineralizada,
onde os sais são adicionados artificialmente.
VII - Água Dura: água rica em sais de cálcio e magnésio, que dificultam a
reação de saponificação.
VIII - Água Poluída: é a água que não se presta para beber, para a higiene
pessoal, para a irrigação do solo ou para outros fins. É caracterizada pela
existência de produtos tóxicos, radioativos, organismos patogênicos ou, até,
pelas altas condições de temperatura.

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Por isso, devem ser realizados regularmente os exames de qualidade
da água - são testes químicos e microbiológicos que visam observar vários
parâmetros de qualidade.
Uma das formas de reduzir a poluição é o uso de produtos
biodegradáveis (podem ser degradados pelos organismos decompositores).

PROPRIEDADES DA ÁGUA
A água é o composto químico mais abundante na Terra. Pode ser
encontrada na natureza em três estados físicos: sólido (gelo), líquido (água
líquida) e gasoso (vapor). Algumas de suas propriedades estão listadas na
tabela abaixo:

PROPRIEDADES EFEITOS E IMPORTÂNCIA


- Excelente solvente
- Transporta nutriente e outros produtos, possibilitando processos biológicos
em meio aquoso.
- Maior constante dielétrica do que qualquer líquido comum.
- Alta solubilidade de substâncias iônicas e suas ionizações em solução.
- Maior tensão superficial do que qualquer outro líquido.
- Controla toda fisiologia aquática, governa os fenômenos do fundo até a
superfície.
- Transparente ao visível e a maior fração do comprimento de onda da luz
ultravioleta Incolor, permitindo que a luz requerida para a fotossíntese alcance
profundidades consideráveis nos corpos d'água.
- Densidade máxima como líquido a 4ºC
- O gelo flutua; circulação vertical restringida nas diversas camadas dos corpos
d'água.
- Mais elevado calor de evaporação
- Determina a transferência de calor e de moléculas entre a atmosfera e os
corpos d'água.
- Maior calor latente de fusão do que qualquer outro líquido, exceto a amônia.
- A temperatura é estabilizada no ponto de congelamento da água.
- Maior capacidade calorífica do que qualquer outro líquido, exceto a amônia.
- Estabilização da temperatura de organismos e regiões geográficas

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Legislação e padrões para águas
As normas e os padrões de potabilidade são definidos pelo Ministério da
Saúde para a certificação de que a água não apresenta nenhum risco para a
saúde humana. Esses padrões representam em geral os valores máximos
permitidos (VMP) de concentração de uma série de substâncias e
componentes presentes na água destinada ao consumo humano. É importante
ressaltar que os padrões não se restringem às substâncias que podem causar
danos à saúde, eles incluem também as substâncias que alteram o aspecto e o
gosto da água, ou causar algum tipo de odor.
A norma atual em vigor é a Portaria 518 de 25/03/2004, que substituiu a
portaria 1469. Ela indica os padrões obtidos por estudos epidemiológicos e
toxicológicos realizados por entidades e pesquisadores em todo mundo.
No Brasil o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio
da resolução nº 357, de 17/03/2005, estabelece os padrões de qualidade de

QUÍMICA AMBIENTAL
corpos aquáticos, bem como os lançamentos de efluentes. As águas residuais,
após tratamento, devem atender aos limites máximos e mínimos estabelecidos
pela referida resolução, e os corpos d'água receptores não devem ter sua
qualidade alterada. O padrão de lançamento de efluentes pode ser excedido
desde que os padrões de qualidade dos corpos d'água sejam mantidos e
desde que haja autorização do órgão fiscalizador, resultante de estudos de
impacto ambiental. A origem da água residual a ser tratada pode ser
doméstica, industrial ou uma mistura de ambas. O nível de tratamento
desejado ou exigido por lei depende das características do próprio esgoto e do
padrão de lançamento ou mesmo se a água residual tratada for reutilizada. De
um modo geral o que se deseja remover das águas residuais é matéria
orgânica, sólidos em suspensão, compostos tóxicos, recalcitrantes, nutrientes
(nitrogênio e fósforo) e organismos patogênicos.

Ciclo das águas


O planeta Terra poderia se chamar "planeta água", já que cerca de ¾ de
sua superfície terrestre é constituído por água. Deste total 97,50% é água
salgada, contida nos oceanos e mares. É importante ressaltar que apenas
0,77% dessa água são imediatamente aproveitáveis para as atividades

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humanas (a maior parte, águas subterrâneas). Cerca de 1,70% da água doce
se encontra nas Calotas polares e nas geleiras e 0,017% distribuídas entre o
solo, rios e lagos e na atmosfera.
O Brasil detém 8% do potencial de água potável do mundo, sendo que
80% estão concentrados na Amazônia e 20% no restante do país.
A reposição natural da água no planeta é constante em virtude de um
ciclo dinâmico que envolve as várias mudanças de estado físico da água. A
água evapora da superfície da Terra, o vapor de água se condensa e formam
as nuvens, o vapor de água volta para a terra como chuva, uma parte para
mares, rios e lagos e outra penetra no solo.
O ciclo hidrológico, através da evaporação das águas oceânicas e da
precipitação, é o principal responsável pela reposição da água doce encontrada
no planeta.
A água pura (H2O) é um líquido formado por dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio e os cientistas acreditam que apareceu no planeta a cerca de
4,5 bilhões de anos atrás. O ciclo da água, também denominado ciclo
hidrológico, é responsável pela renovação da água no planeta. O ciclo da água
inicia-se com a energia solar, incidente no planeta Terra, que é responsável
pela evaporação e transpiração das águas dos rios, reservatórios e mares, bem
como pela transpiração das plantas. As forças da natureza são responsáveis
pelo ciclo da água. A água é fator decisivo para que a vida surgisse e se
desenvolvesse na Terra. O vapor d'água forma as nuvens, cuja movimentação
sofre influência do movimento de rotação da Terra e das correntes
atmosféricas. A condensação do vapor d'água forma as chuvas. Quando a
água das chuvas atinge a terra, ocorrem dois fenômenos: um deles consiste no
seu escoamento superficial em direção dos canais de menor declividade,
alimentando diretamente os rios e o outro, a infiltração no solo, alimentando os
lençóis subterrâneos. A água dos rios tem como destino final os mares e,
assim, fechando o ciclo das águas.

Variáveis para controle da qualidade das águas


O volume total da água permanece constante no planeta, sendo
estimado em torno de 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Os oceanos
constituem cerca de 97,5% de toda a água do planeta. Dos 2,5 % restantes,

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“Fundação de Educação para
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aproximadamente 1,9% estão localizados nas calotas polares e nas geleiras,
enquanto apenas 0,6 % é encontrado na forma de água subterrânea, em lagos,
rios e também na atmosfera, como vapor d'água.

VARIÁVEIS QUÍMICAS

DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)


A Demanda Bioquímica de Oxigênio corresponde à quantidade de
oxigênio necessária para ocorrer à oxidação da matéria orgânica biodegradável
sob condições aeróbicas. É a quantidade de oxigênio utilizada na oxidação
bioquímica da matéria orgânica, num deter-minado período de tempo e é
expressa geralmente em miligramas de oxigênio por litro. A Demanda
Bioquímica de Oxigênio é importante para verificar-se a quantidade de oxigênio
necessária para estabilizar a matéria orgânica. Esta medida da quantidade de

QUÍMICA AMBIENTAL
oxigênio consumido no processo biológico de oxidação da matéria orgânica
permite chegar à conclusão de que grandes quantidades de matéria orgânica
utilizam grandes quantidades de oxigênio, assim, quanto maior o grau de
poluição, maior será pó valor da DBO. A presença de um alto teor de matéria
orgânica pode induzir ao completo esgotamento do oxigênio na água,
provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática.
Um elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e
interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores
desagradáveis e, ainda, pode obstruir os filtros de areia utilizados nas estações
de tratamento de água.
No campo do tratamento de esgotos, a DBO é um parâmetro importante
no controle das eficiências das estações, tanto de tratamentos biológicos
aeróbios e anaeróbios, bem como físico-químicos (embora de fato ocorra
demanda de oxigênio apenas nos processos aeróbios, a demanda “potencial”
pode ser medida à entrada e à saída de qualquer tipo de tratamento). Na
legislação a DBO de cinco dias é padrão de emissão de esgotos direta-mente
nos corpos d’água, sendo exigidos ou uma DBO5, 20 máxima de 60 mg/L ou
uma eficiência global mínima do processo de tratamento na remoção de DBO
igual a 80%. Este último critério favorece aos efluentes industriais
concentrados, que podem ser lançados com valores de DBO ainda altos.

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A carga de DBO, expressa em Kg/dia, é um parâmetro fundamental no
projeto das estações de tratamento biológico. Dela resultam as principais
características do sistema de tratamento como áreas e volumes de tanques,
potências de aeradores, etc.

DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)


A Demanda Química de Oxigênio, identificada pela sigla DQO, é um
parâmetro indispensável nos estudos de caracterização de esgotos sanitários e
de efluentes industriais, ela avalia a quantidade de oxigênio dissolvido (OD)
consumido em meio ácido que leva à degradação de matéria orgânica. A
análise dos valores de DQO em efluentes e em águas de superfície é uma das
mais expressivas para determinação do grau de poluição da água, esta análise
reflete a quantidade total de componentes oxidáveis, seja carbono ou
hidrogênio de hidrocarbonetos, nitrogênio (de proteínas, por exemplo), ou
enxofre e fósforo de detergentes. A DQO pode ser considerada como um
processo de oxidação química, onde se emprega o dicromato de potássio
(K2Cr2O7). Neste processo, o carbono orgânico de um carboidrato, por
exemplo, é convertido em gás carbônico e água. Sabe-se que o poder de
oxidação do dicromato de potássio é maior do que o que resulta mediante a
ação de microrganismos. A resistência de substâncias aos ataques biológicos
levou à necessidade de fazer uso de produtos químicos, sendo a matéria
orgânica neste caso oxidada mediante um oxidante químico. É justamente aí
que a DQO se diferencia da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), onde é
medida a quantidade de oxigênio necessária para ocorrer à oxidação da
matéria orgânica biodegradável, ou seja, na DBO não é necessário fazer uso
de produtos químicos. A DQO é muito útil quando utilizada juntamente com a
DBO para observar a biodegradabilidade de despejos. O método químico é
mais rápido que o da DBO, tem duração de 2 a 3 horas enquanto que o outro
equivale ao tempo de cinco dias.

Óleos e Graxas
Os óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal
ou animal. Estas substâncias geralmente são hidrocarbonetos, gorduras,
ésteres, entre outros. São rara-mente encontradas em águas naturais,

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normalmente oriundas de despejos e resíduos industriais, esgotos domésticos,
efluentes de oficinas mecânicas, postos de gasolina, estradas e vias públicas,
óleos e graxas, de acordo com o procedimento analítico empregado, consistem
no conjunto de substâncias que em determinado solvente consegue-se extrair
da amostra e que não se volatiliza durante a evaporação do solvente a 100ºC.
Essas substâncias, solúveis em n-hexano, compreendem ácidos graxos,
gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, óleos minerais, etc.
Os despejos de origem industrial são os que mais contribuem para o
aumento de matérias graxas nos corpos d’água, entre eles os de refinarias,
frigoríficos, saboarias, etc. A pequena solubilidade dos óleos e graxas constitui
um fator negativo no que se refere à sua degradação em unidades de
tratamento de despejos por processos biológicos e, causam problemas no
tratamento d’água quando presentes em mananciais utilizados para
abastecimento público. A presença de material graxo nos corpos hídricos, além
de acarretar problemas de origem estética, diminui a área de contato entre a

QUÍMICA AMBIENTAL
superfície da água e o ar atmosférico, impedindo, dessa maneira, a
transferência do oxigênio da atmosfera para a água.
Os óleos e graxas em seu processo de decomposição reduzem o
oxigênio dissolvido elevando a DBO5, 20 e a DQO, causando alteração no
ecossistema aquático. Na legislação brasileira não existe limite estabelecido
para esse parâmetro.

Oxigênio Dissolvido (OD)


O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se nas águas naturais,
devido à diferença de pressão parcial. A concentração de saturação de
oxigênio em uma água superficial é igual a 9,2 mg/L. A taxa de reintrodução de
oxigênio dissolvido em águas naturais através da superfície depende das
características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo que a taxa de
reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de
velocidade normal, que por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa,
coma velocidade normalmente bastante baixa.
Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas.
Este fenômeno ocorre em maior proporção em águas eutrofizadas, ou seja,
aquelas em que a decomposição dos compostos orgânicos lançados levou à

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


liberação de sais minerais no meio, especialmente os de nitrogênio e fósforo,
que são utilizados como nutrientes pelas algas.
Esta fonte não é muito significativa nos trechos de rios à jusante de
fortes lançamentos de esgotos. A turbidez e a cor elevadas dificultam a
penetração dos raios solares e apenas poucas espécies resistentes às
condições severas de poluição conseguem sobreviver. A contribuição
fotossintética de oxigênio só é expressiva após grande parte da atividade
bacteriana na decomposição de matéria orgânica ter ocorrido, bem como após
terem se desenvolvido também os protozoários que, além de decompositores,
consomem bactérias clarificando as águas e permitindo a penetração de luz.
Este efeito pode “mascarar” a avaliação do grau de poluição de uma
água, quando se toma por base apenas a concentração de oxigênio dissolvido,
sob este aspecto, águas poluídas são aquelas que apresentam baixa
concentração de oxigênio dissolvido (devido ao seu consumo na decomposição
de compostos orgânicos), enquanto que as águas limpas apresentam
concentrações de oxigênio dissolvido elevadas, chegando até a um pouco
abaixo da concentração de saturação. No entanto, uma água eutrofizada pode
apresentar, durante o período diurno, concentrações de oxigênio bem
superiores a 10 mg/L, mesmo em temperaturas superiores a 20°C,
caracterizando uma situação de supersaturação. Isto ocorre principalmente em
lagos de baixa velocidade aonde chegam a se for-mar crostas verdes de algas
à superfície.
Nas lagoas de estabilização fotossintéticas, usadas para o tratamento de
esgotos, recorre-se a esta fonte natural de oxigênio para a decomposição da
matéria orgânica pelos microrganismos heterotróficos que, por sua vez,
produzem gás carbônico, matéria-prima para o processo fotossintético.
Existem outros processos de tratamento de esgotos em que a aeração
do meio é feita artificialmente, empregando-se aeradores superficiais eletro-
mecânico ou máquinas sopradoras de ar em tubulações, contendo difusores
para a redução dos tamanhos das bolhas. Novo sistema de aeração vem
sendo continuamente desenvolvidos. São utilizados também processos nos
quais, ao invés de aeração, introduz-se oxigênio puro diretamente no reator
biológico.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma adequada provisão de oxigênio dissolvido é essencial para a
manutenção de processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e
estações de tratamento de esgotos. Através de medição do teor de oxigênio
dissolvido, os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a
eficiência do tratamento dos esgotos, durante a oxidação bioquímica, podem
ser avaliados. Os níveis de oxigênio dissolvido também indicam a capacidade
de um corpo d’água natural manter a vida aquática.

TRATAMENTO DA ÁGUA
Etapas
1) Mistura rápida: a água que vem do manancial é misturada sob
agitação a algumas substâncias (cal, sulfato de alumínio e cloro).
2) Floculação e decantação: ao entrar nos floculadores, a água é
agitada lentamente por pás. Uma cortina de madeira reduz a velocidade
da água para que os flocos decantem. A água demora aproximadamente

QUÍMICA AMBIENTAL
uma hora e meia para percorrer o decantador.
3) Remoção da água dos decantadores: a água superficial, mais
limpa, flui atingindo os filtros.
4) Filtração: a água atravessa as camadas existentes no filtro, de onde
sai limpa.
5) Desinfecção e controle do pH: a água limpa é clorada, fluoretada e
tratada por cal, ficando em condições de ser distribuída.
6) Limpeza de filtros, floculadores e decantadores: aproximadamente
a cada trinta horas os filtros são limpos por jatos de água, lançados em
sentido contrário ao do processo de tratamento. Em média, a cada
sessenta dias, os floculadores e decantadores são esvaziados para que
a sujeira acumulada seja removida.

TRATAMENTO DA ÁGUA DOS POÇOS MANUAIS


1 - Perfurar o poço a uma distância de, no mínimo, 15 metros da fossa.
2- Consultar um especialista que seja capaz de identificar o local onde a água é
de melhor qualidade.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3- Tratar a água com equipamento adequado. Se estiver com cheiro de
ferrugem não pode ser consumida. Se estiver com sal, utilizar um
dessalinizador.
4- Analisar a água em laboratórios especializados, pelo menos uma vez por
mês.
5- Aplicar cloro com bomba dosadora. Não se pode deixar o poço ficar nenhum
dia sem o cloro. Antes de beber a água com cloro tem que fervê-la e filtrá-la.
Fonte: Associação Brasileira das Águas Subterrâneas (Abas)

ÁGUA DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL E ÁGUA SUBTERRÂNEA.


Do total das chuvas que chegam à superfície terrestre apenas cerca de
30% escoa diretamente para os rios, constituindo a água de escoamento
superficial.
O restante infiltra-se no solo formando os depósitos de água
subterrânea. Os solos argilosos, geralmente, absorvem menos água do que os
arenosos.
O lençol freático é constituído pela parte da água infiltrada localizada à
pequena profundidade, encharcando as areias ou argilas de superfície. Os
poços rasos captam esse tipo de água, que na maioria das vezes é
inadequada, pois fica próxima às atividades poluidoras e são, particularmente,
sensíveis às longas estiagens.

POLUIÇÃO DA ÁGUA E EUTROFIZAÇÃO


A poluição pode ser entendida como qualquer alteração das
características do ambiente que afete as diversas formas de vida da biosfera.
Ela pode ser de natureza física, química e biológica e é conseqüência da
introdução ou do aumento de algum elemento ou material que leve a tais
modificações.
Podemos dividir a poluição em dois tipos: POLUIÇÃO NATURAL -
causada por fenômenos naturais, como a erupção de um vulcão, e POLUIÇÃO
ANTROPOGÊNICA - causada pela interferência do homem, desequilibrando
um ecossistema, normalmente em nome do progresso, como a emissão de
gases na atmosfera.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A poluição antropogênica pode ser observada tanto no ar, como na terra
e na água.
A água pode ser poluída de variadas formas: desde o esgoto das
grandes concentrações urbanas, que terminará atingindo mares, lagos e lagoas
até a aplicação excessiva e, muitas vezes desnecessária, de agrotóxicos ou
fertilizantes inorgânicos, que podem comprometer as reservas subterrâneas de
água, como os lençóis freáticos. Destacamos ainda a contribuição dos resíduos
de usinas de açúcar (vinhoto) matadouros, serrarias e indústrias de papel.
Isto, sem esquecer-se dos frequentes derramamentos de petróleo, um
dos principais poluentes dos oceanos e mares e de outros produtos lançados
pelas indústrias, principalmente os indesejáveis metais pesados. Além disso,
as indústrias contribuem para a poluição térmica, causada pelo aquecimento
e resfriamento das águas residuais. As águas aquecidas provocam a queda de
oxigênio, elevando o crescimento de algas. Um aumento de temperatura de 5º
C para 20º C reduz a quantidade de oxigênio dissolvida de 9 para 6 mL3 por L

QUÍMICA AMBIENTAL
de água. Simultaneamente, o consumo de O2 dos microorganismos, devido ao
aumento do metabolismo, será 4 vezes maior.
Quando o homem introduz em ambientes aquáticos naturais uma
quantidade de matéria orgânica que não pode ser assimilada e reciclada,
provocando assim o seu acúmulo, dizemos que houve uma eutrofização, que
poderá até comprometer definitivamente o ecossistema.

A SITUAÇÃO DA ÁGUA
No 3º Fórum Mundial da Água, realizado em março de 2003, em Kyoto,
no Japão, cerca de 10 mil representantes de governos e ONG. s discutiram
soluções para revitalizar o suprimento mundial de água doce, um tema muito
preocupante. Hoje, consumimos cerca de 54% de toda a água doce disponível
no planeta.
Continuando a usá-la da forma irresponsável como fazemos hoje e
levando em conta o crescimento populacional nos moldes atuais, dentro de 25
anos, segundo a UNESCO, já estaremos usando 90% de toda a água doce, e
dois terços da humanidade estarão passando sede e, em 2053, os suprimentos
estarão esgotados. Esta perspectiva sombria só mudará com o fim do
desperdício, da poluição e do descaso com as populações menos favorecidas.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


SITUAÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL:
O Brasil detém 11,6% da água doce superficial do Mundo, 70% da à-
gua disponível para o uso estão localizados na região amazônica.
Os 30% restantes distribuem-se desigualmente pelo País, para atender
a 93% da população.

SITUAÇÃO DA ÁGUA NO NORDESTE:


No Nordeste, temos apenas 3,3% dos recursos hídricos do Brasil para
atender 28,91% da sua população.
As 24 maiores represas da região têm condições de acumular 12,7
bilhões de metros cúbicos de água.
Apenas 30% desse volume são usados para irrigação e abastecimento,
os outros 70% estão em constante evaporação, atualmente.
As soluções mais viáveis são as construções de adutoras e de cisternas
domésticas.
Com a criação dos comitês de bacias, previstos na Lei das Águas de
1997, reunindo representantes de governo, indústria, agricultura e sociedade,
estão avançando as avaliações sobre a transposição do rio São Francisco. As
concorrências da irrigação e da geração de energia são obstáculos a serem
superados para tornar o projeto viável.

RANKING DE SAÚDE HÍDRICA


Em dezembro de 2002, o Conselho Mundial da Água divulgou o ranking de
saúde hídrica, do qual a pontuação é a soma de notas em cinco.
• Quantidade de água doce por habitante
• Parcela da população com água limpa e esgoto tratado
• Renda, saúde, educação e desigualdade social.
• Desperdício de água doméstico, industrial e agrícola.
• Poluição da água e preservação ambiental
O Brasil está em 50º lugar na lista, mesmo detendo cerca de 12% de
toda a água doce superficial do mundo. Caso o critério fosse apenas o índice
de água disponível, subiria para a 18ª posição.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
DESPERDÍCIOS
- As Companhias de Águas do Brasil têm uma perda de 40 a 60% da água
tratada devido a vazamentos e ligações clandestinas.
- Na agricultura, predominam métodos ultrapassados e ineficientes: o
espalhamento superficial - a água escorre por sulcos -, inventado pelos
egípcios em 3500 a.C. (com até 60% de perda); o canhão aspersor (perda de
25% a 50%) e o pivô central (perda de 15% a 25%). - O método mais eficaz, o
gotejamento (perda de 5% a 15%), é empregado em uma parcela
insignificante das plantações irrigadas do Brasil, justificando-se isso pelo seu
alto custo, mas é uma das técnicas usadas em Israel, que não pode
desperdiçar água. - Os vasos sanitários representam cerca de um terço do
consumo de água em uma casa.
O Brasil tem hoje 100 milhões de bacias sanitárias antigas, que gastam
de 30 a 40 litros por descarga. Como em uma residência com 4 pessoas se
aciona a descarga sanitária em média 16 vezes por dia, pode-se consumir

QUÍMICA AMBIENTAL
14.400 litros por mês. As bacias novas no mercado consomem quase todas de
6 a 9 litros de água. Quem trocar a bacia velha por uma nova reduz a conta da
água e pode ter o retorno do investimento em dois ou três meses, dependendo
do custo da mão-de-obra. Após isso, cada casa poupa 11.520 litros por mês,
na soma nacional, o total economizado sobe para 575 bilhões de litros, volume
igual ao do Rio São Francisco. Em um ano seria possível encher uma Lagoa de
Itaipu com a água poupada.
Fonte: Instituto Brasileiro de Serviços Terceirizados na Habitação

A COBRANÇA PELA ÁGUA


A Lei das Águas (1997), apesar de ainda não estar totalmente
implementada, é uma das esperanças para tentar reduzir o desperdício. Ela
prevê a cobrança para empresas que captam água diretamente nos rios e
represas, o que não acontecia antes, tornando o desperdício mais caro que o
custo do tratamento de efluentes industriais.

ÁGUA E SAÚDE: DADOS PARA REFLEXÃO


OMS: 5 milhões de pessoas morrem por ano de doenças transmitidas pela
água.

19

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


IBGE: 58,4% dos distritos do País não coletam esgotos.
IBGE: 27,5% dos distritos têm rede coletora de esgotos, mas não os tratam.
OMS: cada US$ 1 investido em saneamento básico representa uma economia
de US$ 4,5 em despesas médicas.

Curiosidades
- Na água do mar o cátion presente em maior concentração (mol/L) é o Na+
enquanto nas águas dos rios geralmente é o Ca2+.
- Já o Cl- é o ânion com maior concentração (mol/L) na água do mar, enquanto
na água doce geralmente é o HCO3.
- O teor de sais dissolvidos nos lagos é muito variável. Em alguns observam-se
pequeníssimas quantidades; em outros, chega-se a observar valores
superiores à própria água do mar.
- A água fervida torna-se insípida, por perder gases durante o aquecimento,
podemos recuperar o seu gosto peculiar se a agitarmos em um liquidificador
depois de fria.
- Os peixes não poderiam viver em água pura, pois a presença de gases, de
sais e outras substâncias é que tornam a água apta a sustentar a vida
aquática.
- Os peixes não sobrevivem muito tempo quando colocados diretamente na
água que serve para o nosso abastecimento, pois ela não atende aos padrões
exigidos para manutenção dos peixes. A presença de cloro e certos metais
pesados tornam a mesma inadequada para esse fim.
- A água turva ou colorida não é necessariamente prejudicial à saúde. Outros
animais não rejeitam água nessas condições. A nossa rejeição é puramente
psíquica.
- É possível um "rio morto" ressuscitar. Se não receber novas cargas de
poluição orgânica, ele será progressivamente depurado, graças à ação
ininterrupta dos próprios decompositores (autodepuração).
Você já pensou nisso?

Por que a água é inodora e insípida?


O odor e o sabor das substâncias decorrem da ação das suas moléculas
nas células receptoras da língua, laringe e fossas nasais. A ação entre essas

20
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
células e as substâncias é transmitida por nervos especiais para o nosso
cérebro. Porém, como a água é um constituinte abundante e normal dessas
células receptoras, a sua presença não estimula a transmissão do estímulo.

Por que a água é incolor?


As moléculas de água não absorvem radiações eletromagnéticas nas
freqüências da luz visível. Porém, absorvem radiação ultravioleta.

TEXTO: Reflita!
A disputa por água doce
Se as guerras deste século foram travadas pelo petróleo, as guerras do
próximo século serão travadas por causa da água". Em tom de profecia, em
1995, o vice-presidente do Banco Mundial, Ismail Serageldin, já vislumbrava a
disputa por água doce no século XXI.
Em algumas regiões do mundo a competição pela água pode levar a um

QUÍMICA AMBIENTAL
conflito. Uma delas é por onde passa o rio Okavango. Ele nasce em Angola, no
continente africano, acompanha a fronteira da Namíbia e vai até o deserto de
Kalahari, em Botsuana. Ao contrário da maioria dos rios existentes, este rio
acaba em um delta no deserto e não no mar. Um milhão de pessoas
dependem, de forma direta ou indireta, de suas águas, e a seca e a construção
de barragens ameaçam o equilíbrio regional.
No rio Grande, que percorre 1.600 quilômetros na fronteira do México
com os Estados Unidos, existe uma disputa entre os agricultores dos dois
países. Do lado dos EUA, há acusações de que os vizinhos estão tirando água
demais e isso tem afetado a indústria cítrica e açucareira.
Já na Cisjordânia, a disputa é entre judeus e palestinos. Os israelenses
usam a força para destruir reservatórios de água da chuva dos palestinos e
tentam expulsá-los da região. E enquanto isso recebe muito mais água em
suas terras.
Fonte:www.tvcultura.com.br/imprensanews/boletim0345/aguaparatodos-
dois.htm

Água, bem social ou econômico?


(Sófocles Medeiros, 2003)

21

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


ANO INTERNACIONAL DA ÁGUA DOCE
Proclamado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, a partir da
resolução 55/196, adotada em 20 de dezembro de 2000, com base em uma
iniciativa do Governo do Tajikistão e referendada por outros 148 países. Na
realidade, as atividades desenvolvidas, principalmente o 3º Fórum Mundial
das Águas, em março, de 2003, na cidade de Kyoto/Japão, são tidas como
conseqüências dos Acordos realizados quando da Cúpula Mundial de
Desenvolvimento Sustentável, realizada em setembro de 2002, em
Johannesburgo/África do Sul - As Metas do Milênio. Dentre as questões
levantadas, destaca-se a redução à metade,até 2015, do total de pessoas
sem acesso à água potável (mais de 1 bilhão) e não atendidas por serviços de
saneamento (mais de 2 bilhões). O Fórum, no entanto, caracterizou-se pelas
pressões do Conselho Mundial de Água, numa atitude claramente em defesa
do sistema capitalista liberal, forçando os governos a abrirem mercados,
serviços e investimentos públicos do setor a empresas privadas. Mais uma vez
não se conseguiu que a água fosse declarada um direito fundamental da
humanidade.
Em 22 de março de 1992, a ONU redigiu um documento - intitulado
Declaração Universal dos Direitos da Água, cujo primeiro item menciona:
• A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo,
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente
responsável aos olhos de todos.
• A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é,
sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção
constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do
homem para com as gerações presentes e futuras.
• O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade
e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Ao que parece, as boas intenções demonstradas anteriormente estão
seriamente ameaçadas.
Se não houver uma conscientização, seguida de uma grande
mobilização daqueles que realmente se interessam pela causa ambiental,
corremos o risco de ver, muito mais cedo do que imaginamos grandes
corporações loteando os mercados mundiais de água. E o pior é saber que

22
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
experiências desse tipo já aconteceram, trazendo muitas vezes resultados
calamitosos.
Em Atlanta/EUA, a empresa Suez ganhou um contrato de 20 anos, que
foi cancelado em apenas 3, porque aumentava o preço de seus serviços, sem
realizar os investimentos prometidos.
Esta mesma empresa, pelos mesmos motivos, também teve que se
retirar de Manila/Filipinas e Buenos Aires/Argentina.
O Governo do Canadá está sendo processado pela companhia Sunbelt ,
que pediu indenização de 600 milhões de dólares por supostos prejuízos com a
suspensão da exportação de água dos Grandes Lagos, uma das principais
fontes de água potável em toda América do Norte . É bom saber que o governo
canadense proibiu a exportação maciça de água através de caminhões, navios
ou canais de derivação a partir da constatação da Comissão Internacional
sobre Águas Limítrofes de que somente 1% das águas dos Grandes Lagos é

QUÍMICA AMBIENTAL
renovável.
Em Cochabamba/Bolívia, em janeiro de 2000, as tarifas de água potável
triplicaram, após uma lei de privatização de todo o saneamento e provocou a
chamada. Guerra da Água. , uma das piores crises sociais que o país já viveu.
Em Limeira/SP, a companhia Lyonnaise des Eaux tem a concessão para
o saneamento básico desde 1995. Aumento de tarifas, baixa qualidade dos
serviços oferecidos e denúncia de corrupção ao Ministério Público é o triste
saldo apresentado. Só que essa mesma empresa ganhou, em 2000, a
concorrência para oferecer esses serviços em Manaus/AM.
Em São Lourenço/MG, a Nestlé é acusada de secar fontes de águas
minerais magnesianas no Parque das Águas, utilizando bombas de sucção de
grande potência que excediam a capacidade das fontes.
Algumas pseudo verdades contribuem para facilitar esta tendência
manifestada em Kyoto. As soluções de economia de mercado para quaisquer
empreendimentos que gerem custos e a crença de que o poder público não
deve investir em bens comuns, como a água, são apenas alguns argumentos
que costumam ser utilizados por aqueles que defendem o investimento privado
em todos os níveis.

23

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Experiências recentes, nas áreas de telefonia e energia elétrica,
demonstram, no entanto, que a privatização só baixa os preços no início e não
é a melhor solução, como se apregoa constantemente.
Em 2004, a água foi tema da Campanha da Fraternidade e a sua
discussão como bem econômico ou social. Afinal, de acordo com a própria
ONU, no último meio século, a disponibilidade de água por pessoa diminuiu
60%, enquanto que a população aumentou 50%.
Artigo publicado na Coluna Vida e Ciência, do Jornal do Commercio, em
01/08/03.

Declaração Universal dos Direitos da Água


Em 22 de março de 1992 a ONU (Organização das Nações Unidas)
instituiu o "Dia Mundial da Água", publicando um documento intitulado
"Declaração Universal dos Direitos da Água".
1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo,
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente
responsável aos olhos de todos.
2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de
todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como
são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos,
frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com
racionalidade, precaução e parcimônia.
4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água
e de seus ciclos.
Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para
garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em
particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo,
um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma
necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as
gerações presentes e futuras.

24
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor
econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e
que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
7- A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De
maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento
para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da
qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma
obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão
não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção
e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e
o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

QUÍMICA AMBIENTAL
ATIVIDADES
01. Quem mais sofre com a poluição são os recursos hídricos. Embora dois
terços do planeta sejam água, apenas uma fração dela se mantém potável.
Como resultado, a falta aguda de água já atinge 1,3 bilhão de pessoas em todo
o mundo... Revista Veja 18/04/01
A água potável caracteriza-se:
a) pelas altas condições de temperatura.
b) por ser rica em sais de cálcio e magnésio que dificultam a reação de
saponificação.
c) por apresentar elevado teor de sais minerais.
d) por não possuir agentes que possam nos prejudicar.
e) por ser totalmente pura.

02. ÁGUA DOCE ESTÁ CADA VEZ MAIS ESCASSA NA TERRA. Exploração
do solo é maior do que a natureza permite. Segundo previsões do Programa
Ambiental das Nações Unidas (Unep), a não ser que sejam modificadas as
atuais práticas de desperdício e degradação dos recursos hídricos, dois terços

25

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


da população mundial estará vivendo em condições de escassez de água até
2025... Diário de Pernambuco, 01/10/00.

Sobre a água é INCORRETO afirmar:


a) O seu reaproveitamento é ainda pouco usado, exigindo altos investimentos.
b) O crescimento acelerado das populações intensifica o seu nível de consumo
c) Devido à sua enorme capacidade de dissolução, ela sempre contém várias
substâncias dissolvidas.
d) Como a maioria das substâncias, ela diminui de volume ao passar para o
estado sólido.
e) Devido ao seu elevado calor específico, ela impede grandes variações de
temperatura na Terra.

03. Uma das propriedades fundamentais da água é manter íons separados em


solução e permitir a mobilidade iônica na fase aquosa. Esta propriedade está
relacionada com:
a) a sua elevada tensão superficial. d) o seu elevado calor específico.
b) a sua elevada constante dielétrica.
c) o seu elevado calor de vaporização. e) a sua elevada capacidade de
dissolução

04. A relativa estabilidade da temperatura na Terra está relacionada com


uma propriedade da água. Qual é ela?
a) elevado calor específico
b) grande capacidade de dissolver substâncias
c) ocorrência principal no estado líquido e) pH estável
d) alta densidade

05. Em nosso planeta a quantidade de água está estimada em 1,36×106


trilhões de toneladas. Desse total, calcula-se que cerca de 95% são de água
salgada e dos 5% restantes, quase a metade está retida nos pólos e geleiras.
O uso de água do mar para obtenção de água potável ainda não é realidade
em larga escala. Isso porque, entre outras razões,
a) o custo dos processos tecnológicos de dessalinização é muito alto.

26
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
b) não se sabe como separar adequadamente os sais nela dissolvidos.
c) comprometeria muito a vida aquática dos oceanos.
d) a água do mar possui materiais irremovíveis.
e) a água salgada do mar tem temperatura de ebulição alta.

06. O ânion e o cátion mais comuns nas águas oceânicas são:


a) Cálcio e magnésio
b) Sódio e sulfato
c) Sulfato e cloreto
d) Cloreto e sódio
e) Magnésio e sulfato

CAPITULO 2.

QUÍMICA AMBIENTAL
AGROTÓXICOS

Nas últimas décadas, a agricultura tem realizado um enorme esforço no


sentido de aumentar a produção de alimentos.
A desinformação, aliada à ambição de alguns, vem no entanto, trazendo
sérios prejuízos para as pessoas e para o meio ambiente.
As estatísticas relativas a doenças causadas por intoxicações originadas
de agrotóxicos vêm trazendo um crescimento preocupante. Atribui-se tal fato
ao despreparo do produtor agrícola que, em geral, desconhece os efeitos
nocivos dos materiais que aplica Não usa os EPI. s (equipamentos de proteção
individual) e desrespeita os períodos de carência(intervalos de segurança)
previstos na legislação vigente.

CONCEITO/HISTÓRICO
De acordo com a Lei Federal nº 7.802, de 11/07/1989, regulamentada
pelo Decreto nº 4.074, de 04/01/2002 são denominados genericamente de
agrotóxicos e afins os produtos e agentes de processos físicos, químicos e
biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas,
nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos,

27

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da
fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados
nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes,
estimuladores e inibidores de crescimento.
Neste capítulo, vamos nos ater basicamente às substâncias, geralmente
utilizadas na agricultura tradicional, para eliminar seres vivos que trazem danos
aos cultivos, visando aumentar a produtividade.
A produção maciça da indústria agroquímica ocorreu após a 2a guerra
Mundial, a partir das pesquisas sobre gases venenosos.
As primeiras recomendações para o combate de pragas de grãos
armazenados apareceram por volta de 1947, com o uso do organoclorado
DDT, em pó (mais detalhes sobre este produto são mencionados no item
classificação). Posteriormente, em 1965, surgiu o organofosforado Malathion
em pó, que foi intensamente usado durante os últimos 30 anos. O DDT teve
seu uso não recomendado por tratar-se de um produto estável, de difícil
degradação pelo meio-ambiente, aumentando os riscos de contaminação de
rios e lagos - ver item Biomagnificação. Por outro lado, o Malathion, mais
seguro para o meio ambiente e menos tóxicos para mamíferos, perdeu a
eficiência, devido ao desenvolvimento de insetos a ele resistentes.
Em 1962 Rachel Carson, no seu livro Primavera Silenciosa, chamou a
atenção sobre os riscos dos pesticidas e agrotóxicos sintéticos (ver trecho na
seção Reflita, no final do Capítulo).
Antigamente, eram chamados de defensivos agrícolas, porém a
conscientização dos seus efeitos por um grupo cada vez maior de pessoas
promoveu uma mobilização para que a denominação fosse alterada.

CLASSIFICAÇÃO
Existem cerca de 300 princípios ativos e 2 mil produtos comerciais
diferentes no Brasil. Por isso, é importante, conhecer a classificação dos
agrotóxicos, quanto à sua ação e aos grupos químicos a que pertencem.
1) INSETICIDAS: combatem a insetos, larvas e formigas. Pertencem a 4
grupos químicos distintos.
A) Organoclorados: compostos à base de carbono com radicais de cloro. São
pouco hidrossolúveis e muito lipossolúveis. Foram muito usados na agricultura,

28
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
porém seu emprego tem sido cada vez mais restrito ou até proibido. Ex:
aldrin,BHC, DDT(*).
(*) DDT (diclorodifeniltricloroeatano). Sintetizado em 1874, só teve o
seu poder inseticida descoberto em 1939. Em 1943 foi usado no combate aos
piolhos que infestavam as tropas norte americanas na Europa, transmitindo o
tifo exantemático. Após a 2a Guerra Mundial foi largamente utilizado em todo o
mundo, tanto no combate aos insetos domésticos como no combate às pragas
da lavoura e aos mosquitos transmissores de doenças epidêmicas. Seu uso
agrícola foi proibido nos EUA, em 1973, e no Brasil, em 1985. Apesar disso,
continua sendo usado em alguns países do 3º mundo, como a Índia, no
combate à malária, contaminando homens, animais e o meio ambiente, mesmo
sabendo-se que, das 60 espécies de mosquitos transmissores da malária, 50 já
são resistentes ao DDT. Como é praticamente insolúvel em água e possui
baixa pressão de vapor, termina sendo um dos produtos mais persistentes que
se tem conhecimento.

QUÍMICA AMBIENTAL
B) Organofosforados: compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico
H3PO4. Embora biodegradáveis, são geralmente muito tóxicos para o ser
humano e os vertebrados. São derivados de gases venenosos usados na 2a
Guerra, conhecidos como gases de nervos (sarin, tabun, etc.). Ex : malathion,
parathion.
C) Carbamatos: são derivados do ácido carbâmico. H2NCOOH. São
lipossolúveis e têm ação semelhante aos organofosforados ,mas são menos
tóxicos para os mamíferos. Alguns deles, no entanto, são muito tóxicos para
insetos benéficos, como vespas e abelhas. Ex; carbaril, carbofuran, aldicarb.
D) Piretróides: são compostos sintéticos com estruturas semelhantes à
piretrina, substância existente nas flores do Chrysantemum cinenarialfolium sua
elevada atividade inseticida permite seu emprego em pequenas dosagens. São
pouco tóxicos do ponto de vista agudo, mas podem provocar irritação dos olhos
e mucosas, assim como manifestações alérgicas e crises asmáticas. Deve-se
evitar o seu uso abusivo em ambientes domésticos, principalmente onde
existem crianças. Ex: decis, SBP.

2) FUNGICIDAS: controlam as doenças fúngicas. Os principais grupos são:


captan, hexaclorobenzeno, etileno-bis-ditiocarbamatos e trifenil estânico.

29

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Constituem um grande perigo ao meio ambiente, por serem produzidos a partir
de princípios ativos à base de cobre e mercúrio.

3) HERBICIDAS: combatem ervas daninhas. Os principais são: paraquat,


glifosato, pentaclorofenol, dinitrofenóis e os derivados do ácido fenoxiacético.
Os derivados do ácido fenoxiacético constituem o principal componente do
agente laranja. (nome comercial . Tordon), usado como desfolhante na
Guerra do Vietnã.

4) OUTROS:
Denominação Usada no combate a:
Raticidas roedores Molusquicidas moluscos
Acaricidas ácaros diversos Fumigantes (*) Insetos e bactérias
Nematicidas nematóides
(*) No capítulo A Camada de Ozônio enfocaremos um fumigante muito usado:
o brometo de metila.
Riscos Toxicológicos
Os agrotóxicos podem ainda ser classificados de acordo com a dose letal 50
(DL50) (*). Por força de lei todos os produtos devem ter nos rótulos uma faixa
colorida, conforme sua classe toxicológica.

Efeitos
Atualmente, podemos dizer que os efeitos dos agrotóxicos sobre a
saúde, não dizem respeito apenas aos trabalhadores expostos, mas à
população em geral.
Os agrotóxicos podem levar a 3 tipos de intoxicação: aguda (os
sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por
curto período, a produtos extremamente ou altamente tóxicos), subaguda
(sintomas como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e
sonolência, entre outros, se manifestam após exposição moderada ou pequena
a produtos altamente ou medianamente tóxicos, com aparecimento mais lento)
e crônica ((surgimento lento. em meses ou anos-, por exposição pequena ou
moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos
irreversíveis, do tipo paralisias ou neoplasias).

30
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Cada classe de agrotóxico atua de uma maneira. Os inseticidas atacam
primeiramente no sistema nervoso central, nos glóbulos vermelhos e no
plasma. Nos fungicidas as intoxicações ocorrem através das vias oral e
respiratória, podendo ocorrer absorção cutânea; em caso de exposição intensa,
provocam dermatite, faringite, bronquite e conjuntivite. Os herbicidas provocam
lesões hepáticas, renais e fibrose pulmonar irreversível.
Devemos ressaltar ainda que alguns sintomas não específicos presentes
em diversas patologias (dor de cabeça, vertigens, falta de apetite, fraqueza,
nervosismo, insônia, etc.) mascaram possíveis intoxicações por agrotóxicos,
razão pela qual raramente se estabelece essa suspeita diagnóstica.

Fertilizantes e Eutrofização
O uso de fertilizantes, em excesso, provoca uma elevação, no solo, das
concentrações de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio. Quando estes
nutrientes atingem as águas, superficiais ou subterrâneas, estão favorecidas as

QUÍMICA AMBIENTAL
condições, para que ocorra o processo de eutrofização, explicado no capítulo
anterior.
Segundo o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, de 33 a
50% dos fertilizantes à base de nitrogênio aplicados em solo americano são
desperdiçados. Conforme os dados disponibilizados pelo EMBRAPA, a
situação no Brasil é ainda pior (algo em torno de 60%).

Perspectivas
Nas últimas décadas, o controle de pragas na agricultura tem sido feito
basicamente através de inseticidas sintéticos, que além de gerarem altos
custos e riscos ambientais, vem apresentando sinais de resistência em
determinadas espécies de pragas. A busca de sucedâneos para esses
inseticidas tem nos agentes biológicos de controle. Organismos vivos de
ocorrência natural ou obtidos por manipulação genética através da
biotecnologia - uma alternativa de interesse econômico e ecológico para o
controle integrado de pragas, num momento em que se busca no país meios
de implementação de uma agricultura sustentável.
Entre os produtos naturais que têm se mostrado úteis ao controle de
pragas pode-se citar: a nicotina, extraída das folhas do fumo (Nicotiana

31

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


tabacum), que é utilizada no combate de pulgões de árvores frutíferas; a
rotenona, extraída das raízes do timbó (Derris elliptica), que foi muito utilizada
pelos índios brasileiros na pesca, por causa do seu efeito paralisante sobre os
peixes, e na agricultura é utilizada no combate a pulgões, lagartas e alguns
tipos de ácaros.

MÉTODOS ALTERNATIVOS
1. PLASTICULTURA: o produto que está sendo cultivado é protegido por um
plástico, que atua como capa protetora contra elementos estranhos à lavoura.
2. CONTROLE BIOLÓGICO: regula o número de plantas e animais por seus
inimigos naturais.
3. MÉTODO DA LUA: usa as fases minguante (para alho, cenoura e cebola,
por exemplo) e crescente (para tomate e milho, por exemplo), pois elas influem
no desenvolvimento dos vegetais na agricultura. A gravidade e a luminosidade
colaboram em conjunto nesse processo.

Biomagnificação
Como vimos , na década de 1940, alguns inseticidas do grupo dos
organoclorados, em especial o DDT, passou a ser bastante utilizados na
lavoura devido à sua enorme eficiência contra as pragas provocadas por
insetos. Absorvido pela pele ou impregnado nos alimentos, o acúmulo de DDT
no organismo humano provoca doenças no fígado, como cirrose e câncer. O
uso indiscriminado e descontrolado do DDT fez com que o leite humano, em
algumas regiões norte-americanas, atingisse uma concentração superior à
permitida por lei no leite de vaca.
O DDT, além de outros inseticidas poluentes, é muito difícil de ser
digerido pelos seres vivos. À medida que estas substâncias avançam pela
cadeia alimentar, sua concentração no tecido dos animais pode ser ampliada
até milhões de vezes (biomagnificação).

O PERIGO DAS EMBALAGENS


Outro sério problema reside no destino das embalagens vazias dos
agrotóxicos, que podem contaminar os homens, os animais e o ambiente.

32
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Estima-se que o Brasil produza hoje cerca de 115 milhões de embalagens para
armazenamento de 250 mil toneladas de agrotóxicos.
Em 2000 foi aprovada a legislação que regulamenta o destino das
embalagens. As embalagens laváveis (rígidas, feitas de plástico, metal ou
vidro) devem ser recolhidas e, depois, submetidas à tríplice lavagem,
procedimento que consiste na lavagem do vasilhame com água limpa por 3
vezes, diminuindo a quantidade de restos de agrotóxico. Esta mesma água
será usada na diluição do agrotóxico a ser aplicado.
Após a tríplice lavagem, os teores residuais, tornam os riscos de
contaminação desprezíveis, além de proporcionar um aproveitamento
praticamente total do conteúdo da embalagem.
Posteriormente, o material deve ser devolvido ao estabelecimento onde
foi adquirido o produto, sendo encaminhado para ter um destino final, onde
sejam atendidas as recomendações técnicas de órgãos especializados, como o
IBAMA.

QUÍMICA AMBIENTAL
Ressaltamos que as diversas alternativas de destino final têm vantagens
e desvantagens que devem ser levadas em consideração.
A incineração, por exemplo, é uma prática técnica e ambientalmente
viável para embalagens contaminadas, porém apresenta um elevado custo e
pouca oferta de incineradores para a sua realização.
O uso do material das embalagens como fonte de energia,
principalmente na fabricação de cimento, tem como vantagem o uso de
matéria-prima com alto poder calorífico, principalmente o plástico. O custo do
transporte das embalagens constitui a sua grande desvantagem.
A reciclagem controlada é provavelmente a solução mais viável, já que
as matérias-primas usadas são potencialmente recicláveis. O contato do
produto tóxico com a embalagem, no entanto, torna necessária uma análise
detalhada de cada caso. Para o vidro e o metal não parece haver problemas,
uma vez que as temperaturas a que eles serão submetidos (mais de 1000ºC)
no processo de reciclagem, asseguram a total degradação das moléculas do
princípio ativo. Os plásticos, por sua vez, são submetidos a temperaturas de
150 a 170ºC, insuficientes para a inativação dos princípios ativos. Portanto, não
devem ser usados na confecção de produtos que possam comprometer a
saúde de pessoas e animais.

33

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


TEXTO: HORMÔNIOS AMBIENTAIS: UM NOVO TIPO DE POLUIÇÃO?

Sófocles Medeiros
Durante muito tempo, o homem acreditou que a natureza teria uma
capacidade infinita de recuperação apesar das constantes agressões
praticadas contra ela.
Hoje, temos consciência de que a conta está sendo apresentada e
estamos pagando um elevado preço pela postura inconseqüente, para não
dizer irresponsável, da exploração desordenada que se praticou,
principalmente no século passado.
E, como se já não bastassem os diversos tipos já conhecidos, eis que
surge uma nova modalidade de poluição ambiental: a dos hormônios
ambientais.
Hormônios ambientais, ou disruptores endócrinos, são produtos
químicos industriais que interferem no sistema endócrino, distorcendo os seus
níveis de atividade e provocando um maufuncionamento dos mecanismos
hormonais. Entre as substâncias que foram assim classificadas estão
o bifenol-A, os nonilfenóis, os PCB. s e o DDT.
Essas substâncias seriam confundidas pelo organismo do homem com
hormônios femininos, reduzindo a produção de espermatozóides.
Pesquisas realizadas sugerem que os fetos estão sendo prejudicados
por esse novo tipo de poluição ambiental, o que indicaria que estamos sendo
poluídos pelos hormônios ambientais até mesmo antes do nascimento.
A ocorrência desse problema foi sugerida quando se percebeu a
dificuldade de reprodução entre animais de várias partes do mundo. Na Flórida,
por exemplo, percebeu-se uma redução preocupante na população de uma
espécie de jacaré, tendo sido observada, em um lago, a sua diminuição em
90%, no período de apenas 7 anos. Verificou-se que muitos jacarés
apresentavam pênis bastante pequenos, sendo que nesses animais o tamanho
do órgão influi diretamente na fertilidade.Análises feitas nos ovos dos animais
acusaram a presença de traços de DDT e de DDE, um subproduto.O antigo
pesticida estava atuando como um interferente hormonal, contaminando os
jacarés ainda dentro do ovo.

34
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Há indícios de que essa invasão silenciosa está começando a afetar
seriamente a reprodução humana. Pesquisas realizadas em países como
Japão e Dinamarca indicam que a produção de espermatozóides nos jovens de
hoje foi reduzida à metade do que era normal em gerações anteriores. A
diminuição no tamanho das populações de alguns locais da Europa e dos EUA
começa a ser relacionada com os prejuízos trazidos pelos hormônios
ambientais.
Na Universidade de Kyoto, no Japão, estão sendo pesquisados cordões
umbilicais de recém-nascidos, enviados pelas maternidades, à procura de
poluentes. Análises realizadas indicaram uma quantidade apreciável de bifenol-
A, um dos produtos classificados como hormônio ambiental. Existem
evidências de que a vitalidade dos espermatozóides, entre os jovens
japoneses, encontra-se em declínio. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), o risco de infertilidade aumenta quando o índice de mobilidade é
inferior a 50%; pesquisas mostram que o sêmen dos japoneses, que há 10

QUÍMICA AMBIENTAL
anos apresentava a média de 64%, está se aproximando cada vez mais do
nível crítico.
Em 1992, o mundo ficou chocado, quando pesquisadores
dinamarqueses publicaram um artigo revelando que a taxa de espermatozóides
tinha caído quase pela metade ,em relação aos 50 anos anteriores. Os dados
refletiam estudos realizados em 21 países do mundo, incluindo o Brasil.
Por enquanto, existem apenas sinais da existência desse novo tipo de
poluição ambiental, mas os cientistas já começam a se preocupar com seus
efeitos sobre a vida humana, o que recomenda muito cuidado com a criação e
utilização de novas substâncias, para que elas não se tornem futuramente
outros disruptores endócrinos.
Se a leitura deste artigo despertou a sua atenção, recomendamos a
leitura da obra O Futuro Roubado (L&PM), dos cientistas Theo Colborn e John
Peterson Myers, prefaciado por Al Gore, o ex-vice presidente dos EUA que foi
derrotado nas últimas eleições americanas.
Artigo publicado na coluna Vida&Ciência, do Jornal do Commercio, em
16/03/2001.

35

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O INÍCIO DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA MODERNO
"... nós permitimos que esses produtos químicos fossem utilizados com pouca
ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, animais
selvagens e sobre o próprio homem".
Publicado em 1962, Primavera Silenciosa (Silent Spring), de Rachel
Carson (1907-1964), bióloga marinha, escritora e ecologista, foi à primeira obra
a detalhar os efeitos adversos da utilização dos pesticidas e inseticidas
químicos sintéticos, iniciando o debate acerca das implicações da atividade
humana sobre o ambiente e o custo ambiental dessa contaminação para a
sociedade humana. A autora advertia para o fato de que a utilização de
produtos químicos para controlar pragas e doenças estava interferindo com as
defesas naturais do próprio ambiente natural.
A mensagem era diretamente dirigida para o uso indiscriminado do DDT,
barato e fácil de fazer, foi aclamado como o pesticida universal e tornou-se o
mais amplamente utilizado dos novos pesticidas sintéticos antes que seus
efeitos ambientais tivessem sido intensivamente estudados. Com a publicação
de "Primavera Silenciosa" o debate público sobre agrotóxicos continuou
através dos anos 60 e algumas das substâncias listadas pela autora foram
proibidas ou sofreram restrições.
Cabe ressaltar que o deslocamento da questão dos agrotóxicos, antes
restrita aos círculos acadêmicos e publicações técnicas para o centro da arena
pública, foi, sem dúvida, o maior mérito de Rachel Carson, como pioneira na
denúncia dos danos ambientais causados por tais produtos.
A partir dos resultados de seu trabalho, o presidente John F. Kennedy
formou um comitê consultivo e científico para analisá-lo, sendo as denúncias
logo confirmadas.

OS DOZE SUJOS
A partir de 1985, foram proibidas a comercialização e a utilização de
alguns agrotóxicos. Eles ficaram conhecidos como. os doze sujos. .
1 - DDT 7-Os monocrótofos: Azodrin, Nuvacron.
2 - Os "Drins": Eldrin, Aldrin, Dieldrin 8-Aldicarb (Temik).
3 - Clordane e Lindane 9-Clordimeform Gelecron, Fundal.
4 - Heptacloro 10-O 2-4-3T ("Agente Laranja"), o EDB, o DBCP.

36
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5 - Gama BHC 11-Paraquat.
6 - Parathion 12-Fungicidas à base de mercúrio.

A ÚLTIMA COLHEITA
Pesquisa aponta relação entre uso de agrotóxico e alto número de
suicídios:
... Só no Ano de 2003 suicidaram-se 21 pessoas, na maioria
agricultores. Em Santa Cruz do Sul, cidade gaúcha com cerca de 100 mil
habitantes, conhecida como capital do fumo.
Para especialistas em saúde, o número é alarmante: a média brasileira é
de 3,8 suicídios por 100 mil pessoas. O recorde de 2001 é da Rússia, após dez
anos de crise social e econômica, com 34 por 100 mil, segundo a Organização
Mundial da Saúde. Ainda não se sabe se o uso de agrotóxicos está
diretamente ligado à depressão que conduz aos suicídios.
Também constatados entre agricultores de batata e morango em Minas

QUÍMICA AMBIENTAL
Gerais.
Uma pesquisa recente mostra que essa dúvida não pode ser
desprezada, como fez o Ministério da Saúde ao não apurar, como prometeu a
seis anos, várias mortes em circunstâncias idênticas.
Em 1996, o assunto ganhou as páginas da imprensa brasileira e
internacional quando uma epidemia de suicídios atingiu a cidade de Venâncio
Aires, vizinha de Santa Cruz. Na época o índice local chegou a 37,22 casos por
100 mil habitantes...
Fonte: revista Galileu, edição 133 - Ago/2002.

ATIVIDADES
01. Após ser utilizado o inseticida diclorodifeniltricloroetano (DDT) em um
ecossistema, foi avaliada a porcentagem dessa substância acumulada na
cadeia alimentar abaixo; plantas herbívoras carnívoros Espera-se encontrar:
a) a maior concentração de DDT nas plantas.
b) a maior concentração de DDT nos herbívoros.
c) a maior concentração de DDT nos carnívoros.
d) a menor concentração de DDT nos herbívoros.
e) a menor concentração de DDT nos carnívoros.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


02. Em uma lagoa foram lançados produtos organoclorados e, após dez anos,
fez-se uma análise da concentração dessas substâncias nos organismos que
aí ocorrem. Os resultados, em partes por milhão, foram os seguintes:
Garças: 13,80. fitoplâncton: 0,04.
Peixes herbívoros: 0,23. Peixes carnívoros: 2,08.
Plantas submersas: 0,08.
Esses resultados comprovam que os produtos organoclorados são:
a) decompostos por bactérias.
b) destruídos naturalmente com o tempo.
c) estáveis, concentrando-se mais nos organismos produtores.
d) estáveis, acumulando-se ao longo das cadeias alimentares.
e) biodegradáveis e totalmente consumidos pelos organismos autótrofos.

03. ORGANOCLORADOS Defensivos agrícolas para as indústrias. Agrotóxicos


para os defensores da natureza. Pontos de vista diferentes sobre substâncias
usadas para controlar ou matar determinadas pragas. Sua utilização pode
oferecer ou não perigo para o homem, dependendo da toxicidade do composto,
do tempo de contato com ele e do grau de contaminação que pode ocorrer,
insolúveis em água possuem efeito cumulativo, chegando a permanecer por
mais de 30 anos no solo. Um dos mais tóxicos e já há algum tempo proibido, o
DDT, virou verbo: dedetizar.
Do texto, depreende-se que os defensivos agrícolas:
a) nunca oferecem perigo para o homem.
b) não contaminam o solo, pois são insolúveis em água.
c) são substâncias totalmente diferentes daquelas chamadas de
agrotóxicos.
d) se usados corretamente, trazem benefícios.
e) têm vida residual curta.

04. Numa lagoa são lançadas substâncias não biodegradáveis que se


acumulam nos tecidos dos organismos que aí vivem. Espera-se encontrar
maior concentração dessas substâncias:
a) no fitoplâncton e nas plantas submersas.

38
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
b) nos moluscos filtradores.
c) nos peixes herbívoros.
d) nos peixes carnívoros
e) nas aves piscívoras.

05. "PRODUTO ORGÂNICO TERÁ CERTIFICADO"... Pernambuco e os


demais Estados do Brasil terão que instalar comitês para a certificação de
produtos orgânicos... . Jornal do Commercio, 30/11/00.
Os alimentos orgânicos são alimentos cultivados sem fazer uso de
qualquer agrotóxico, tornando. os bem mais saudáveis .Portanto, todas as
substâncias minerais a seguir devem estar presentes em maior teor nos
alimentos orgânicos, EXCETO :
a) cálcio b) potássio c) ferro d) mercúrio e) zinco

06. Pesticidas organoclorados:

QUÍMICA AMBIENTAL
a) Degradam rápido no meio ambiente
b) Bio-acumulam
c) Não prejudicam o meio ambiente
d) Desde sua introdução só tiveram efeitos benéficos
e) Contribuem para uma agricultura sustentável.

CAPITULO 3.
EFEITO ESTUFA

ESTUFA
Recipiente fechado com paredes e teto, normalmente de vidro, deixando
passar a radiação solar (ondas curtas, de grande penetração) e retendo a
radiação infravermelha (ondas longas, de baixa penetração), refletida pela
terra. É utilizada pelos jardineiros no cultivo de plantas exóticas. Este efeito
pode ser observado nos carros expostos ao sol com as janelas fechadas.

39

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


EFEITO ESTUFA NATURAL
Certos gases, especificados no próximo item, atuam como as paredes
de vidro de uma estufa, retendo o calor e provocando o aquecimento da
superfície terrestre. Ver figura na abertura do Capítulo. Esse efeito estufa
natural é vital: sem ele a temperatura média da Terra que é de 15ºC seria de
18ºC. Os constituintes mais abundantes da atmosfera (nitrogênio, oxigênio e
argônio) não participam do processo, pois não absorvem a radiação
infravermelha.. Apenas os chamados gases traço (existem em quantidades tão
pequenas na atmosfera que normalmente são assim representados) são
considerados responsáveis pelo fenômeno.

GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE)


Os principais e as suas fontes são:
- CO2 (dióxido de carbono): queima de combustíveis fósseis,
desflorestamento.
- CFC. s (clorofluorcarbonetos) : vazamento em aparelhos de refrigeração,
evaporação na indústria de solventes,produção de espumas plásticas e
aerossóis.
- CH4 (metano): decomposição em manguezais e arrozais, digestão dos
ruminantes (como subproduto da digestão da celulose), decomposição
anaeróbica da matéria orgânica presente no lixo depositado em aterros
sanitários.
- Derivados do nitrogênio, especialmente o N2O (óxido nitroso): degradação
de fertilizantes nitrogenados no solo; dejetos animais; queima de biomassa.
- Derivados do enxofre, especialmente o SO2 (dióxido de enxofre):
erupções vulcânicas, queima de combustíveis fósseis.
- H2O(v) (vapor d’água): produz bastante aquecimento, porém devido à sua
abundância na atmosfera, não é habitualmente incluído como GEE.

Observações:
a) Somente o CO2 é responsável por, aproximadamente, 50 % da composição
atual dos GEE.
b) Desses gases o CO2 é e o que tem o maior tempo de permanência (ver
quadro a seguir).

40
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
c) Com o aumento da população, acredita-se que deverá ocorrer um
considerável aumento nos teores de metano atmosférico nos próximos anos.
Cerca de 70% do metano atmosférico provém de atividades antropogênicas
(agrícolas pastoris ou industriais).
d) Na Austrália, está sendo aplicada uma vacina que age no tubo digestivo do
gado, procurando reduzir em 20% as emissões de metano por parte desses
animais.
Tempo de permanência na atmosfera (anos).
Eficiência de aquecimento por molécula (atualmente).
(*) depende dos diversos processos de absorção (sumidouros).

EFEITO ESTUFA AGRAVADO (OU INTENSIFICADO).


É um fenômeno que provoca um aumento de temperatura na biosfera,
causada pelo acúmulo dos GEE.

QUÍMICA AMBIENTAL
Desde o início da revolução industrial (há cerca de 300 anos) a
concentração de CO2 aumentou cerca de 25%. Isto se deve, principalmente, à
utilização de petróleo, gás e carvão como combustíveis.
Cerca de ¾ das emissões anuais de CO2 de origem antropogênica vêm
da queima de combustíveis fósseis. O restante tem origem no extermínio de
florestas, uma vez que elas regulam a temperatura e os regimes de ventos e
chuvas, afetando diretamente o clima do planeta.
Outra fonte vem ganhando importância: é a produção de cimento,
quando rochas de carbonato de cálcio (calcário) são aquecidas para a
obtenção de cal viva CaCO3=CaO + CO2 (reação de pirólise ou calcinação)
calcário cal viva.

CONSEQÜÊNCIAS
A duplicação da concentração de CO2 aumentaria a temperatura média
global entre 1,5 e 5,5ºC, provocando:
a) derretimento das calotas polares;
b) aumento do nível dos oceanos;
c) inundação de regiões baixas e litorâneas.
Também provocaria alterações significativas nas estruturas de diversos
ecossistemas. Como exemplos, citamos o fato de que algumas espécies

41

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


animais não se adaptam a temperaturas elevadas e a particular sensibilidade
dos manguezais a alterações no nível do mar.

PREVENÇÃO / PROTOCOLO DE KYOTO


A única forma de prevenir o problema é a redução na emissão dos GEE.
Durante a Rio-92, 155 países, inclusive o Brasil, assinaram a Convenção
Climática, que entrou em vigor em 1994.
A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em
dezembro de 1997, na cidade de Kyoto (Japão), conseguiu da maior parte dos
160 países participantes o compromisso da redução das emissões.
Em novembro de 2000 outra Conferência, realizada em Haia (Holanda),
com a participação de 180 países, não conseguiu a adesão formal dos Estados
Unidos, responsáveis por 24% das emissões de CO2 no mundo.
Em relatório divulgado em 2002, pela própria Agência de Proteção
Ambiental (EPA), órgão do governo americano, os EUA, estimam que as taxas
de emissão vão aumentar em até 43% até 2020, e o governo Bush já
reconheceu que os Estados Unidos sofrerão danos ambientais generalizados -
e em alguns casos, devastadores - em decorrência do aquecimento global,
mares deverão surgir, o que causará uma nova perda de regiões costeiras,
tempestades representarão uma grave ameaça às comunidades litorâneas.
No Capítulo 6 do relatório há uma interessante projeção para o
aquecimento global dos Estados Unidos ao longo das próximas décadas.
Citando cenários "plausíveis", o relatório afirma que várias regiões do
país poderiam passar por alterações comparáveis a uma "virada rumo ao
norte" dos sistemas e das condições climáticas. "O conjunto de estados da
região central experimentariam condições climáticas bastante semelhantes às
condições atuais dos estados do sul, e os estados do norte experimentariam
condições muito semelhantes às atuais condições de estados centrais". Esta
alteração já está a caminho.
São mudanças que nos obrigam a imaginar qual o meio ambiente que
nos aguarda para daqui a duas ou três gerações. E mesmo assim
continuamos, com pouquíssimas restrições, a emitir os chamados gases do
efeito estufa.

42
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Em junho de 2002, o Japão ratificou o Protocolo de Kyoto e 15 países da
União Européia apresentaram conjuntamente sua ratificação à ONU
recentemente.
A Rússia, no final de 2004, ratificou o Protocolo de Kyoto.

OS CRÉDITOS DE CARBONO.
A emissão per capita de CO2 nos países desenvolvidos é cerca de 10
vezes maior que a observada nos países em desenvolvimento.
Como é necessária a aprovação de países responsáveis por 55% das
emissões totais de CO2 , em 1990, a não ratificação dos EUA e da Rússia vem
inviabilizando a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto.
Com isso surgiu no mundo um novo mercado, o de créditos de
carbono, que pode gerar oportunidades de ganhos ambiental, social,
econômico e institucional em países como o Brasil.
Reduzir a emissão de gases poluentes, ou criar mecanismos que os

QUÍMICA AMBIENTAL
absorvam, pode ser muito mais fácil e barato em países emergentes e tropicais
(como o nosso) do que nas próprias nações desenvolvidas E o benefício é o
mesmo, uma vez que a atmosfera do planeta é uma só. O processo utilizado é
o seqüestro de carbono (captura de dióxido de carbono da atmosfera pela
fotossíntese) e vem ocupando lugar de destaque na pauta das discussões
ambientais.
Créditos de Carbono, de uma maneira simplista, são certificados que
autorizam o direito de poluir. As agências de proteção ambiental reguladoras
emitem certificados, autorizando que empresas possam emitir toneladas de
dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes, que serão
negociados posteriormente (o Point Carbon, um dos principais centros de
estudos sobre o tema, estima que só o mercado anual de carbono da União
Européia cresça de 1 bilhão de euros em 2005 para 7,4 bilhões de euros em
2007, sem contar o americano, o canadense e o japonês).
O negócio funciona assim:
1) São selecionadas as indústrias que mais poluem no País e a partir daí são
estabelecidas metas para a redução de suas emissões.

43

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2) As empresas recebem bônus, negociáveis na proporção de suas
responsabilidades. Cada bônus, quotado em US$, equivale a uma tonelada de
poluentes.
3) Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei,
tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas.
O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça
seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Estes certificados podem
ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias
É preciso saber, porém, que os projetos são arriscados, precisam ter
escala e sua implantação e manutenção são dispendiosas. Além disso, são os
países desenvolvidos, na condição de compradores dos créditos, que ditam os
preços é de US$ 5 por tonelada de carbono equivalente o preço médio
praticado hoje.

UM EXEMPLO CONCRETO
A Inglaterra adoraria trocar sua matriz energética poluidora, à base de
carvão mineral (combustível fóssil que, uma vez queimado, fica na atmosfera
na forma de CO2) pelo carvão vegetal, que é renovável (uma nova árvore
pode ser plantada no lugar daquela que deu origem ao carvão, absorvendo o
CO2 pela fotossíntese).
A Inglaterra, assim como outros países com histórico poluidor,
pertencente ao grupo chamado de Anexo 1 precisa cumprir metas para a
redução da emissão de gases. Se não cumpri-las, terá penalidades a pagar.
Em seu território, entretanto, não há florestas suficientes de onde retirar
carvão vegetal.
E trocar sua matriz por alternativas solares e eólicas seria inviável
economicamente.
O Brasil tem florestas de eucalipto e pinus, é capaz de gerar energia a
partir do bagaço de cana, dos ventos, do sol e do gás metano que sai dos
aterros sanitários. Então, os países Anexo 1 podem cumprir metas de redução
de carbono ao financiar, no Brasil, projetos de produção alimentados por
energia limpa. Esse financiamento se dá pela compra de créditos de carbono
gerados em países em desenvolvimento como o nosso.

44
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Esse processo é chamado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), ou Clean Development Mechanism (CDM), proposto pela representação
brasileira, em conjunto com os Estados Unidos, ao Comitê Executivo das
Nações Unidas que cuida da questão de mudanças climáticas. O MDL foi
criado para ser adotado em países em desenvolvimento e menos poluidores,
pertencentes ao grupo chamado de Não-Anexo 1. Os maiores representantes
desse grupo são Brasil, China, Índia e México.
O primeiro programa brasileiro, com resultados concretos, é o que está
sendo implementado no Centro de Pesquisa Canguçu na Ilha do Bananal,
outras experiências em andamento são o da Central & South West Corporation
(CSW), segunda maior concessionária de energia elétrica americana e o da
montadora francesa Peugeot, que desenvolvem programas no Paraná e no
Mato Grosso, respectivamente.

QUÍMICA AMBIENTAL
TEXTO: Previsões para o Ano de 2032
Indicadores Hoje 2032 otimista (*) 2032 pessimista (**)
A onda de calor que devasta a Europa desde o início do verão provocou
um estrago sem precedentes. Pelo menos três mil franceses, principalmente
idosos, sucumbiram às temperaturas superiores a 40ºC. A situação caótica
levou à demissão do diretor da saúde na França, Lucien Abenhaim, depois da
enxurrada de críticas e da hipótese de que o saldo real de mortos esteja perto
dos cinco mil. O calor alterou o dia-a-dia dos europeus. Houve quem se
despisse do pudor e apelasse aos banhos públicos. Foi assim em Paris, a
capital da elegância, na Espanha, na Itália e na Alemanha...
... A tendência é um aumento gradativo da temperatura no mundo,
calcula-se que a cada cem anos, o termômetro suba cerca de 1,5ºC. Mesmo
com a baixa temperatura das últimas semanas em algumas cidades brasileiras,
como São Paulo e Rio de Janeiro, o inverno brasileiro está mais quente do que
o de outras décadas. Tudo indica que o ano de 2003 baterá o recorde de1998,
2001 e 2002, considerados os anos mais quentes da história. Embora não seja
possível prever os próximos verões e invernos, são evidentes os sinais de que
a bagunça se instalou. Será cada vez mais normal a ocorrência de
temperaturas extremas. Ora faz muito calor, ora muito frio...
Fonte: Revista Istoé, edição 1769 (27/08/2003).

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


ATIVIDADE

01. "BRASIL QUER AJUDAR A REDUZIR O EFEITO ESTUFA NO MUNDO"


O Brasil quer adotar medidas para cumprir o acordo de redução de
gases causadores do efeito estufa, o Protocolo de Kyoto, mesmo que ele não
seja amplamente referendado por outros Governos...
Jornal do Comércio, 10/11/00.
O principal causador do efeito estufa tem a fórmula:
a) CO b) CO2 c) SO2 d) NO2 e) O3

02. A queima de combustíveis fósseis nos veículos automotores e nas


indústrias e as grandes queimadas nas regiões de florestas tropicais são duas
das principais causas do aumento da concentração de dióxido de carbono na
atmosfera. Esse aumento cerca de 11% nos últimos trinta anos – contribui para
a elevação da temperatura média do globo terrestre, através do efeito estufa.
Desse ponto de vista, o uso do álcool como combustível em automóveis
é interessante, porque não contribui, de forma permanente, para o aumento da
concentração atmosférica de dióxido de carbono. A alternativa que melhor
explica essa vantagem do uso do álcool etílico é:
a) A queima do etanol é completa.
b) A queima do etanol não produz CO2.
c) O catalisador usado nos carros a etanol impede a formação de CO2.
d) O replantio da cana-de-açúcar consome CO2.

03. MAR AVANÇARÁ 100 METROS NO RECIFE EM UM SÉCULO.


Geólogo alemão... Diz que, em um século, o mar vai avançar 100 metros
no Recife. A previsão de Karl Stattegger se baseia na estimativa de que, até
2100, o nível do mar em toda a Terra sofrerá um aumento anual de 0,5
centímetro. Com o avanço, praças como a do Marco Zero ou ainda a Avenida
Boa Viagem seriam engolidas pelas águas. Segundo o pesquisador, professor
titular da Universidade de Kiel, a principal causa do avanço do mar é o
aumento da temperatura global, que provoca o degelo das calotas polares...
Jornal do Commercio,01/08/01
Com base no mencionado, analise as afirmativas:

46
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
I - O fenômeno, chamado de efeito estufa, ocorre naturalmente na Terra,
mas tem sido agravado pela ação humana.
II - A liberação de gás carbônico e metano na atmosfera é o que mais
tem contribuído para o aquecimento do planeta.
III. O problema aumentou após a revolução industrial (há cerca de 300
anos), com a queima exagerada de combustíveis fósseis.
Está (ão) correta (s):
a) Apenas I b) Apenas I e II c) Apenas I e III d) Apenas II e III e) Todas

04. O CO2 tem sido considerado o principal responsável pelo efeito estufa, que
tem contribuído para aumentar significativamente a temperatura média da
Terra. Qual dos processos a seguir NÃO produz CO2?
a) queimadas na Amazônia
b) respiração dos animais
c) decomposição da matéria orgânica

QUÍMICA AMBIENTAL
d) queima de combustíveis fósseis
e) fotossíntese dos vegetais

05. Somos o maior poluidor do mundo, mas se for preciso, vamos poluir ainda
mais para evitar uma recessão na economia americana .. George Bush,
presidente dos EUA, que se recusou a assinar o Protocolo de Kyoto... Os EUA
são responsáveis por 25% do CO2 despejado na atmosfera e teriam que cortar
7% das emissões...
Revista ISTOÉ, 11/04/01.

O acúmulo de CO2 na atmosfera produz um fenômeno conhecido como


efeito estufa, sobre o qual é INCORRETO afirmar:
a) A temperatura média da Terra - em torno de 15ºC - pode ser
explicada através de um efeito estufa natural.
b) O uso de combustíveis como o gás natural e o etanol, no lugar de
gasolina e óleo diesel, contribuiria para reduzir o acúmulo de CO2 na
atmosfera.
c) As queimadas e desmatamentos agravam o efeito estufa.

47

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


d) Os projetos chamados de seqüestro de carbono, processo de
fotossíntese de absorção de carbono e a emissão de oxigênio pelas
árvores podem agravar o efeito estufa.
e) O agravamento do efeito estufa natural se deu após a Revolução
Industrial, no século XVIII.

06. O agravamento do efeito estufa pode estar sendo provocado pelo aumento
da concentração de certos gases na atmosfera, principalmente do gás
carbônico. Dentre as seguintes reações químicas:
I) queima de combustíveis fósseis;
II) fotossíntese;
III) fermentação alcoólica;
IV) saponificação de gorduras produz gás carbônico, contribuindo para o
agravamento do efeito estufa:
a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) II e IV

07. Qual dos seguintes compostos não contribui com a tendência de


aquecimento global do planeta Terra?
a) SO2 b) CO2 c) Clorofluorocarbonos d) CH4 e) N2O

CAPITULO 4.
CHUVA ÁCIDA

Esta é uma forma de contaminação atmosférica que ainda causa


grandes controvérsias devido aos extensos danos ao meio ambiente que lhe
são atribuídos. Embora haja evidências que, no século XVII, cientistas notaram
os efeitos que a indústria e a poluição ácida já estavam causando, a sua
imensa capacidade destrutiva só se tornou evidente nas últimas décadas,
principalmente após estudos realizados no norte da Europa. Forma-se quando
óxidos de enxofre e nitrogênio se combinam com o vapor d’água da
atmosfera gerando os ácidos sulfúrico e nítrico, que podem ser conduzidos
pelas correntes de ar a grandes distâncias, antes de se depositarem em forma
de chuva.

48
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O uso original da expressão chuva ácida é atribuído a um químico e
climatologista inglês, Robert Angus Smith, que, em 1872, publicou o livro Rain
Acid, descrevendo a poluição em Manchester, Inglaterra. A nível mundial,
porém, o despertar do problema só aconteceu a partir da década de 1950,
quando diversos ecossistemas (lagos e florestas, principalmente) já estavam
seriamente comprometidos. Esta percepção tardia deve-se ao fato de que os
ambientes naturais possuem um longo tempo de resposta a agressões como a
acidificação.
A água e o solo possuem a capacidade de neutralizar adições de ácidos
e bases, e só depois de esgotada esta capacidade é que o pH destes
ambientes sofre mudanças bruscas e acentuadas.

A ESCALA DE PH
A escala de pH foi criada pelo químico dinamarquês Peter Lauritz
Sörensen em 1909 e se constitui na forma mais usada para indicar o grau de

QUÍMICA AMBIENTAL
acidez ou alcalinidade de uma solução. Ela varia de 0 (muito ácida) a 14 (muito
alcalina), sendo 7 o ponto neutro (água pura e soluções neutras); isto definido
para a temperatura ambiente (25ºC).
A forma mais usual de se medir o pH de uma solução é através do
Papel Indicador Universal. pH 0 7 14 ácido neutro básico (alcalino) acidez
alcalinidade
Como a escala de pH é logarítmica:
Variação na escala de pH variação da acidez (alcalinidade) uma
unidade 10 vezes duas unidades 102 (100) vezes três unidades 103 (1000)
vezes, etc.

Potencial Hidrogeniônico (pH)


Por influir em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou
em processos unitários de tratamento de águas, o pH é um parâmetro
importante em muitos estudos no campo do saneamento ambiental.
A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se
diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies,
também o efeito indireto é muito importante podendo, em determinadas
condições de pH, contribuírem para a precipitação de elementos químicos

49

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


tóxicos como metais pesados; outras condições podem exercer efeitos sobre
as solubilidades de nutrientes. Desta forma, as restrições de faixas de pH são
estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de acordo com
a legislação federal, quanto pela legislação estadual. Os critérios de proteção à
vida aquática fixam o pH entre 6 e 9.
Nos sistemas biológicos formados nos tratamentos de esgotos, o pH é
também uma condição que influi decisivamente no processo. Normalmente, a
condição de pH que corresponde à formação de um ecossistema mais
diversificado e a um tratamento mais estável é a de neutralidade, tanto em
meios aeróbios como nos anaeróbios. Nos reatores anaeróbios, a acidificação
do meio é acusada pelo decréscimo do pH do lodo, indicando situação de
desequilíbrio. A produção de ácidos orgânicos voláteis pelas bactérias
acidificadoras e a não utilização destes últimos pelas metanobactérias, é uma
situação de desequilíbrio que pode ser devido a diversas causas. O decréscimo
no valor do pH que a princípio funciona como indicador do desequilíbrio passa
a ser causa se não for corrigido a tempo. É possível que alguns efluentes
industriais possam ser tratados biologicamente em seus valores naturais de
pH, por exemplo, em torno de 5,0. Nesta condição, o meio talvez não permita
uma grande diversificação hidrobiológica, mas pode acontecer que os grupos
mais resistentes, algumas bactérias e fungos, principalmente, tornem possível
a manutenção de um tratamento eficiente e estável. Mas, em geral, procede-se
à neutralização prévia do pH dos efluentes industriais antes de serem
submetidos ao tratamento biológico.
Nas estações de tratamento de águas, são várias as unidades cujo
controle envolve as determinações de pH. A coagulação e a floculação que a
água sofre inicialmente é um processo unitário dependente do pH; existe uma
condição denominada “pH ótimo” de floculação que corresponde à situação em
que as partículas coloidais apresentam menor quantidade de carga
eletrostática superficial. A desinfecção pelo cloro é um outro processo
dependente do pH. Em meio ácido, a dissociação do ácido hipocloroso
formando hipoclorito é menor, sendo o processo mais eficiente, conforme será
visto. A própria distribuição da água final é afetada pelo pH. Sabe-se que as
águas ácidas são corrosivas, ao passo que as alcalinas são incrustantes. Por
isso, o pH da água final deve ser controlado, para que os carbonatos presentes

50
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
sejam equilibrados e não ocorra nenhum dos dois efeitos indesejados
mencionados. O pH é padrão de potabilidade, devendo as águas para
abastecimento público apresentar valores entre 6,5 e 8,5, de acordo com a
Portaria 1469 do Ministério da Saúde. Outros processos físico-químicos de
tratamento, como o abrandamento pela cal, são dependentes do pH.
No tratamento físico-químico de efluentes industriais muitos são os
exemplos de reações dependentes do pH: a precipitação química de metais
pesados ocorre em pH elevado, à oxidação química de cianeto ocorre em pH
elevado, à redução do cromo hexavalente à forma trivalente ocorre em pH
baixo; a oxidação química de fenóis em pH baixo; a quebra de emulsões
oleosas mediante acidificação; o arraste de amônia convertida à forma gasosa
dá-se mediante elevação de pH, etc. Desta forma, o pH é um parâmetro
importante no controle dos processos físico-químicos de tratamento de
efluentes industriais.

QUÍMICA AMBIENTAL
Condutividade
A condutividade é a expressão numérica da capacidade de uma água
conduzir a corrente elétrica. Depende das concentrações iônicas e da
temperatura e indica a quantidade de sais existentes na coluna d’água e,
portanto, representa uma medida indireta da concentração de poluentes. Em
geral, níveis superiores a 100 S/cm indicam ambientes impactados.
A condutividade também fornece uma boa indicação das modificações
na composição de uma água, especialmente na sua concentração mineral, mas
não fornece nenhuma indicação das quantidades relativas dos vários
componentes. A condutividade da água aumenta à medida que mais sólidos
dissolvidos são adicionados. Altos valores podem indicar características
corrosivas da água.

CHUVA ÁCIDA NATURAL


A água da chuva não é completamente pura. Em geral, estão presentes
espécies (nas suas formas iônicas), tais como : sódio, cálcio, magnésio,
potássio , cloreto, sulfato, amônio e nitrato , que provocam alteração no seu
pH.

51

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Além disso, o gás carbônico (CO2) atmosférico dissolve-se nas nuvens
e na chuva para formar um ácido fraco: o ácido carbônico (H2CO3).
Convencionalmente, é considerada como chuva ácida natural aquela
que apresenta valores de pH maiores que 5,6, ou seja, a água de chuva pode
ser classificada como ligeiramente ácida.
Fenômenos naturais, como as erupções de vulcões e processos
biológicos produzidos por alguns tipos de microorganismos podem aumentar
a acidez das chuvas. Os oceanos e os litorais formados de pântanos salgados
e manguezais são fontes significativas de liberação de compostos ácidos para
a atmosfera.

Chuva Ácida Agravada (ou Intensificada)


Valores de pH inferiores a 5,6 indicam freqüentemente que a chuva
encontra-se poluída com ácidos fortes como o ácido sulfúrico (H2SO4) e o
ácido nítrico (HNO3) e, eventualmente, com outros tipos de ácidos como o
clorídrico (HCl) e os ácidos orgânicos.
Da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo provém
a maior parte da poluição do ar.
Os dois mais importantes subprodutos da queima desses combustíveis
são enxofre e nitrogênio, que gerarão dióxido de enxofre e óxidos de
nitrogênio.
Os motores de veículos produzem óxidos de nitrogênio e,
consequentemente, também contribuem para a formação de chuvas ácidas.
As reações podem ser representadas, de forma simplificada, pelas
equações abaixo:

2 SO2 + O2 2 SO3 2 NO + O2 2 NO2


Poluente ar

2 SO3 + 2H2O 2 H2SO4 2 NO2 + H2O HNO3 + HNO2


Ácido forte
Numa visão mais complexa, podemos dizer que os ácidos sulfúrico e
nítrico são formados na atmosfera através da oxidação fotoquímica dos
gases SO2, NO e NO2 com radicais livres (principalmente o radical hidroxila -

52
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
OH·) ou através da oxidação destes gases ácidos com o peróxido de
hidrogênio (H2O2), com o ozônio (O3) ou com o oxigênio dissolvido no interior
das nuvens, neblinas e na chuva, neste último caso, uma reação catalisada por
espécies como Mn2+ , Fe2+ e Fe3+.
A água e o solo têm capacidade de neutralizar adições de ácidos e
bases até certo limite. Só depois que ele é ultrapassado, o pH destes
ambientes sofre mudanças bruscas e acentuadas.

PRECIPITAÇÃO OU DEPOSIÇÃO SECA (ÁCIDA)


Apesar de o termo chuva ácida ter-se generalizado, a tendência atual é
usá-lo apenas para as deposições úmidas dos compostos ácidos.
A deposição de poluentes ácidos gasosos e particulados é chamada de
“precipitação / (deposição) seca (ácida)" e inclui a parte da poluição que se
precipita ao solo antes de ser absorvida pela umidade do ar.
Depositam-se nas árvores, edifícios e lagos, geralmente na área onde foi

QUÍMICA AMBIENTAL
produzida.
A parte da poluição que não sofre precipitação seca pode permanecer
no ar por mais de uma semana, sendo transportada pelo vento a longas
distâncias (o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio podem ser
transportados até cerca de 3.000 km), dependendo da altura das chaminés das
fábricas, da freqüência das chuvas, das condições da atmosfera, da presença
de catalisadores e outros fatores que afetam a eficiência das reações. A
exportação das chuvas ácidas para regiões não produtoras de poluição foi à
causa imediata para que o problema fosse avaliado a nível internacional.
Durante esse período as substâncias químicas (dos subprodutos)
reagem com o vapor d’água na atmosfera transformando-os nos ácidos
sulfúrico e nítrico diluídos.

CONSEQUÊNCIAS:
1) Nos ambientes aquáticos, principalmente os lagos: a) destrói a vegetação
aquática; b) provoca o desaparecimento dos peixes (a rápida mudança do pH
leva a uma alta taxa de mortalidade e a permanência da acidez por um longo
tempo conduz à esterilidade).
2) Nas florestas: destrói células respiratórias das folhas das árvores.

53

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3) No solo: diminui o pH.
4) Nos prédios: concreto, cimento e ferro são corroídos.
5) Nos monumentos: os de mármore e pedra calcária são os mais atingidos
6) Na saúde humana: partículas ácidas vão se acumulando no organismo. Um
pH baixo favorece a mobilidade de espécies metálicas, o que pode aumentar o
nível de metais tóxicos, como alumínio, manganês, cádmio e mercúrio. Regiões
onde foram relatados aumentos nas concentrações de dióxido de enxofre e
óxidos de nitrogênio registraram elevações de enfermidades respiratórias,
especialmente em crianças.

CALAGEM: SOLUÇÃO OU PALIATIVO?


Calagem é a adição de calcário moído - o CaCO3 possui ação antiácida
- e é capaz de reduzir a acidez quando aplicado em lagos, rios ou solos.
É usada com mais freqüência na diminuição da acidez de lagos. O pH
considerado ideal para um lago é em torno de 6,5. A quantidade necessária
para corrigir a acidez varia de acordo com o tamanho e o grau de acidez do
lago. Estima-se que são necessárias cerca de 4 toneladas por hectare para
elevar o pH de 5,5 para 6,5.
Plantas e animais podem retornar imediatamente ao lago, após a
aplicação. Os peixes podem se reproduzir com êxito, pois os metais tóxicos
ficam depositados no fundo do lago, afetando, porém as espécies que aí vivem.
Manter lagos em condições favoráveis, principalmente em regiões
remotas, leva tempo e é muito dispendioso. Além do que, não se ataca o
problema na sua origem.
A calagem deve ser repetida em intervalos de dois a cinco anos.

PREVENÇÃO
O conhecimento das causas e efeitos da chuva ácida já foi alcançado há
algum tempo, porém as providências tomadas pelos governos são recentes e
só agora controles mais rígidos da poluição de dióxido de enxofre estão sendo
realizados. Já a poluição de óxidos de nitrogênio tem previsão de aumento nos
próximos anos.
1) Purificação do carvão mineral
2) Caldeiras com sistema de absorção de SO2

54
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3) Purificação do petróleo e derivados, reduzindo a presença do enxofre.
4) Uso de transportes coletivos
5) Veículos com motores mais eficientes, dotados de catalisadores, etc.

COMO A CHUVA ÁCIDA ATUA SOBRE OS SERES VIVOS:


Como já foi dito, a solubilidade de metais potencialmente tóxicos para os
seres vivos, entre eles o alumínio, o manganês e o cádmio depende do pH,
aumentando rapidamente com a diminuição do pH do solo.
O alumínio, por exemplo, é fitotóxico: causa prejuízos ao sistema de
raízes, diminuindo a capacidade das plantas para absorver os nutrientes e a
água do solo, afetando o crescimento das sementes e a decomposição do
folhedo, além de interagir com os ácidos, aumentando o prejuízo às plantas e
aos ecossistemas aquáticos.
Ocorre também o desmatamento: duas ou três árvores morrem
atingidas pela chuva (na realidade, a chuva ácida provocará o

QUÍMICA AMBIENTAL
enfraquecimento da árvore, matando as suas folhas, limitando os nutrientes
necessários ou envenenando o solo com substâncias tóxicas), e como elas
fazem parte de um sistema de utilização mútua, outras árvores terminam sendo
atingidas, terminando por formar uma clareira. Essas reações podem destruir
florestas.
Na agricultura a chuva ácida afeta as plantações de maneira similar, só
que bem mais rapidamente, uma vez que as plantas são do mesmo tamanho,
tendo assim mais áreas atingidas.
Na água, a chuva ácida tem efeitos devastadores: um lago ou uma
represa acidificados parecem limpos e cristalinos, mas praticamente não
contém vida. A acidez da água e sua influência na solubilização e na
mobilização de metais tóxicos comprometem toda a vida aquática.
Normalmente, quando o pH da água se aproxima de 6,0 algumas
espécies de crustáceos, insetos e plânctons começam a desaparecer. Num pH
perto de 5,0, acontecem variações mais significativas na comunidade
planctônica: algumas espécies de musgos e plânctons começam a proliferar,
iniciando-se uma crescente perda de algumas populações de peixes com
menor tolerância à acidez. Quando o pH fica abaixo de 5,0, a água já está
praticamente desprovida de peixes e o fundo do lago fica recoberto com

55

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


detritos orgânicos, uma vez que as bactérias, em ambientes ácidos, têm suas
funções prejudicadas, provocando uma redução na taxa de decomposição de
matéria orgânica e um conseqüente aumento de detritos na água.
As substâncias tóxicas, conduzidas ou produzidas, contribuirão para o
envenenamento dos peixes.

TEXTO: POLUIÇÃO EXPORTADA


Em Juiz de Fora-MG, de 1983 a 1985, foi realizada uma pesquisa que
mostrava que, já naquela época, o Campus Universitário da UFJF
(Universidade Federal de Juiz de Fora) estava recebendo precipitações ácidas,
Juiz de Fora fica a 125 km do Rio de Janeiro, a 215 km de Belo Horizonte e a
378 km de São Paulo, grandes centros industriais que devem ter, exportado
seus poluentes.
Quase metade da precipitação ácida que cai no sudeste do Canadá está
relacionada à atividade industrial de 7 estados americanos.
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, em torno de 35% dos
ecossistemas europeus já se encontram seriamente alterados, o mesmo
acontecendo com cerca de 50% das florestas alemãs e holandesas.
No Brasil, as chuvas ácidas afetam principalmente Cubatão (São Paulo),
a Mata Atlântica e Candiota, município situado ao sul do Rio Grande do Sul, a
400 km de Porto Alegre.

ATIVIDADE
01. Despejos de resíduos gasosos nas áreas industriais, as queimadas, a
combustão de carvão e derivados do petróleo, liberam fumaça contendo
poluentes como óxidos de nitrogênio e de enxofre que sob a ação da água
formam ácidos, caracterizando:
a) chuvas ácidas d) fotossíntese
b) inversões térmicas
c) efeito estufa e) camada de ozônio

02. Discutem-se ultimamente os distúrbios ecológicos causados pelos


poluentes ambientais. A chamada "chuva ácida" constitui-se num exemplo das

56
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
conseqüências da poluição na atmosfera, onde a formação de ácidos pode ser
obtida a partir da dissolução de certas substâncias na água da chuva. Dentre
as substâncias passíveis de formar ácidos quando adicionadas à água,
podemos citar:
a) Na2O b) SO2 c) Al2O3 d) CaO e) BaO

03. A chuva ácida, grave problema ecológico, principalmente em regiões


industrializadas, é o resultado de reações de gases liberados na atmosfera,
produzindo ácidos. O óxido que pode estar relacionado com a formação da
chuva ácida é:
a) CaO b) SO2 c) CuO d) Na2O e) Fe2O3

04. Quando os gases NO2 e SO3 entram em contato com a umidade do ar,
originam um efeito de poluição conhecido como "chuva ácida". Isto ocorre
porque se formam:

QUÍMICA AMBIENTAL
a) monóxido de nitrogênio (NO) e ácido sulfídrico (H2S) em água.
b) água oxigenada e monóxido de carbono, ambos tóxicos.
c) gás carbônico e fuligem (carvão finamente dividido).
d) ácido carbônico, nitratos e sulfatos metálicos solúveis.
e) ácido nítrico (HNO3) e ácido sulfúrico (H2SO4).

05. Numa área industrial, as chaminés das fábricas soltam para a atmosfera
diversos gases e fumaças. Das misturas a seguir, a mais nociva é:
a) mistura incolor contendo dióxido de enxofre e vapor d’água
b) mistura contendo gás carbônico, nitrogênio, vapor d’água.
c) densas nuvens de vapor d'água
d) mistura incolor de gás carbônico e nitrogênio
e) nuvens de vapor d'água contendo gás carbônico

06. Em qual das regiões a seguir discriminadas existe maior possibilidade de


ocorrência de chuvas ácidas?
a) Deserto do Saara
b) Região onde se usa muito carvão fóssil como combustível
c) Região onde só se usa etanol como combustível

57

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


d) Floresta Amazônica
e) Oceano Atlântico no Hemisfério Sul.

CAPITULO 5.
A CAMADA DE OZÕNIO

O Ozônio
O ozônio, também chamado de ozone ou ozona, é um gás atmosférico
azul que, como vimos, quando presente na troposfera constitui um sério
poluente.
É uma forma alotrópica do elemento químico oxigênio: enquanto uma
molécula de gás oxigênio possui dois átomos (O2), uma molécula de gás
ozônio possui três (O3). Na estratosfera, origina a camada de ozônio, que
protege o planeta, impedindo a passagem de grande parte da radiação
ultravioleta emitida pelo Sol. Sem essa proteção a vida na terra seria extinta.
Como já foi dito, o ozônio é uma substância com alta reatividade, tendo
a função de um agente oxidante eficiente, em meio ácido (o único gás com
caráter oxidante superior a ele é o flúor).
Esse elevado caráter oxidante explica o uso do ozônio como bactericida,
podendo ser usado para:
• Desinfetar o ar e os gases emanados do esgoto;
• Purificar a água, tanto em estações de tratamento quanto em aparelhos
de uso doméstico;
• Tornar incolores certos compostos de origem vegetal;
• Quebrar as duplas ligações de compostos orgânicos, adicionando a elas
oxigênio, pelo processo chamado.

OZONÓLISE.
É também empregado na produção de hormônios esteróides, incluindo
cortisona e hormônios sexuais sintéticos femininos e masculinos, nos
processos em que ligações duplas têm que ser partidas.

58
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Industrialmente, grandes quantidades de ozônio são empregadas para
transformar ácido oléico em ácido pelargônico, que é um intermediário na
manufatura de plásticos e lubrificantes sintéticos.
Sua alta reatividade, porém, o torna capaz de atacar proteínas, destruir
microorganismos e prejudicar o crescimento dos vegetais.

AS RADIAÇÕES ULTRAVIOLETA
Só 40% da energia emitida pelo Sol é luz visível. Entre o restante, temos
7% de raios ultravioleta. Conforme o comprimento de onda, os raios ultravioleta
são classificados como A, B ou C (ordem decrescente). Quanto mais curta uma
radiação, mais nociva ela é para o organismo, gerando mutações no DNA:
1) Raios Ultravioleta A (UV-A: de 320 a 400 nm): atingem até a
segunda camada da pele (derme), estimulando o bronzeado. Constitui a
imensa maioria desse tipo de radiação que chega à superfície da Terra,
já que praticamente não é absorvida pela atmosfera. Danificam as

QUÍMICA AMBIENTAL
membranas celulares e o DNA, provocando envelhecimento precoce da
pele (devido à formação de radicais livres) e uma possível influência
favorável ao desenvolvimento do câncer de pele (devido à diminuição do
sistema de defesa natural). Seus danos são
cumulativos.
2) Raios Ultravioleta B(UV-B: de 280 a 320 nm): param na superfície
da pele, deixando-a ressecada. É quase totalmente absorvida pela
atmosfera - menos de 1% atingem a superfície do planeta. Responsável
pelas queimaduras, câncer de pele e outros possíveis problemas
decorrente da superexposição. Seus efeitos são imediatos.
3) Raios Ultravioleta C (UV-C: de 200 a 280 nm): seriam os mais
nocivos, penetrando mais profundamente e causando tumores. Como é
totalmente absorvido pela camada de ozônio, não tem maior interesse
para medidas feitas na superfície da Terra e seus efeitos normalmente
não se manifestam sobre os habitantes do planeta.

Fatores que influem na intensidade dos raios UV-B:


1) Altitude do local (quanto maior, mais intensos são os raios).
2) Época do ano (na primavera e no verão os raios são mais intensos).

59

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3) Horário do dia (de 10 da manhã às 3 da tarde temos o famoso horário
de pico).
4) Proximidade da linha do equador (a inclinação dos raios solares sobre
a Terra difere de um ponto a outro do globo conforme a latitude).

A CAMADA DE OZÔNIO
Situada na estratosfera, entre os quilômetros 20 a 35 km de altitude, a
camada de ozônio tem cerca de 20 km de espessura. Como a composição da
atmosfera nessa altitude é bastante estável, a camada de ozônio manteve-se
inalterada por milhões de anos e sua constituição permitiu o desenvolvimento
de vida na Terra admite-se que foi constituída há cerca de 400 milhões de
anos.
A máxima concentração de ozônio corresponde a aproximadamente
28km de altitude. Nela existem cinco moléculas de ozônio para cada milhão de
moléculas de oxigênio. . O ozônio é mais concentrado nos pólos do que no
Equador, e nos pólos ele também se situa numa altitude mais baixa.
Nas últimas décadas, entretanto, vem ocorrendo uma diminuição na
concentração de ozônio, causada pela emissão de poluentes na atmosfera.
Ozônio: formação e destruição não catalítica (Ciclo de Chapman)
O ozônio é formado naturalmente na estratosfera através da ação
fotoquímica dos raios UV (h) sobre as moléculas de O2, originando inicialmente
o oxigênio monoatômico (O).
O2 + h = O + O
O oxigênio monoatômico (O) reage rapidamente com o O2, na presença
de uma terceira molécula M (pode ser outro O2 ou mesmo N2), para formar o
ozônio.
O + O2 + M = O3 + M
O ozônio também é consumido naturalmente na estratosfera pela ação
dos raios UV (h) sobre as suas moléculas.
O3 + h = O2 + O
Adicionalmente, o ozônio reage com o oxigênio atômico regenerando
duas moléculas de O2.
O3 + O = O2 + O2

60
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A concentração de ozônio é, portanto, produto de um equilíbrio entre a
sua formação e o seu consumo.

As SDO. s (Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio)


Certas substâncias podem afetar a camada de ozônio. Entre as menos
conhecidas estão os halons, que eram encontrados nos extintores de incêndio,
e o brometo de metila, um agrotóxico, usado na preparação do solo para o
cultivo de fumo, tomates, morangos, etc.
A responsabilidade maior , no entanto, é atribuída a produtos,
genericamente chamados de CFC.s (clorofluorcarbonetos), comercialmente
conhecidos como freons (marca registrada da empresa americana Dupont)
antigamente eram usados em sprays domésticos, tendo sido substituídos por
uma mistura de propano e butano. Até hoje, são utilizados como gases de
refrigeração, como agentes expansores na fabricação de espumas e na
composição de vários solventes. Na medicina, são empregados como

QUÍMICA AMBIENTAL
propelentes e esterilizantes. Os possíveis substitutos dos CFC. s são os HFC.s
(hidrofluorcarbonetos) e os HCFC.s (hidroclorofluorcarbonetos) : devido à
presença de átomos de hidrogênio suas são menos estáveis e podem se
decompor na estratosfera. Nos aparelhos de refrigeração, o CCl2F2 (CFC-12)
vem sendo substituído pelo.
1, 1, 1,2-tetrafluoretano, apelidado como gás ecológico e conhecido
como SUVA (codificado como 134a).
Os CFC. s permanecem estáveis na troposfera até serem levados à
estratosfera, num prazo de 10 a 20 anos . Na estratosfera, devido às radiações
UV (ultravioleta), são decompostos, liberando átomos livres de cloro, que
agiriam como catalisadores da reação de decomposição do ozônio. Como o
átomo de cloro é integralmente recuperado no final, ele pode decompor outras
moléculas de ozônio: estima-se que cada átomo de cloro pode decompor cerca
de 100 mil moléculas de ozônio da estratosfera.
C (g) + O3 (g) = C O (g) + O2 (g)
C O (g) + O (g) = C (g) + O2 (g)
Reação final: O3 + O = O2 + O2
Vale a pena citar ainda que, como os CFC. s apresentam uma vida útil
de pelo menos 75 anos, já houve descarga suficiente desses gases na

61

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


atmosfera para reagir com o ozônio por quase 100 anos. Assim, mesmo que
toda a produção de CFC parasse hoje, o fenômeno ainda poderá ser
observado por muito tempo.

CONSEQÜÊNCIAS
A redução da camada de ozônio causa maior incidência dos raios
ultravioleta, o que diminui a capacidade de fotossíntese nos vegetais e afeta as
espécies animais. Nos seres humanos compromete a resistência do sistema
imunológico e causa câncer de pele e doenças oculares, como a catarata.
A agência norte-americana de proteção ambiental estima que 1% de
redução da camada de ozônio provocaria um aumento de 5% no número de
pessoas que contraem o câncer de pele. Em setembro de 1994 foi divulgado
um estudo realizado por médicos brasileiros e norte-americanos, onde se
demonstrava que cada 1% de redução da camada de ozônio, desencadeava
um crescimento específico de 2,5% na incidência de melanomas. A incidência
de melanomas, aliás, já está aumentando de forma bastante acelerada. Entre
1980 e 1989, o número dobrou: em 1930 a probabilidade de uma criança
americana ter melanoma era de 1 para 1.500; em 1988 essa chance era de 1
para 135. Em 1995 já se observava um aumento nos casos de câncer de pele
e catarata em regiões do hemisfério sul, como a Austrália, Nova Zelândia,
África do Sul e Patagônia.

PREVENÇÃO
Redução das SDO. s. Em 1987, através do Protocolo de Montreal, 46
governos acordaram uma redução de 50% na produção e consumo de CFCs
até o ano 2000 e congelamento da produção e consumo de halons até 1992.
Mesmo não havendo um cumprimento total do protocolo, que recebeu
várias emendas, houve uma redução significativa: em 1986, o total de consumo
de CFC. s no mundo era de aproximadamente 1.1 milhões de toneladas; em
1997 esse consumo baixou para 146.000 toneladas.
Apesar das emissões de CFC. s terem declinado, as concentrações
estratosféricas estão crescendo (apesar de estarem declinando na parte
inferior da atmosfera) porque os CFC.s emitidos anos atrás (de longa duração)
continuam a aumentar na estratosfera. Os especialistas prevêem que a
destruição da Camada de Ozônio alcançará o seu pior ponto durante os

62
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
próximos anos, e então, gradualmente começará a sua recuperação,
retornando ao normal perto do ano 2050; isto se forem cumpridas as metas do
Protocolo de Montreal.
No Brasil, a Resolução nº 267 (14/09/2000) do CONAMA estabelece
prazos, limites e restrições para as SDO. s,de acordo com o Protocolo de
Montreal.

O BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO


Como já foi dito, o ozônio fica concentrado nos pólos, onde também se
situa em altitude mais baixa. Por isso, as regiões do pólo sempre foram
consideradas as ideais para se medir os níveis de ozônio.
Acima da Antártida são realizadas medições desde 1957: os valores
normais são de 300 a 500 unidades dobson (UD) (*). Em 1991, foi registrado o
nível mais baixo até então (110 unidades dobson).
O único buraco na camada de ozônio situa-se sobre a Antártida (ver

QUÍMICA AMBIENTAL
figura na abertura do Capítulo). Em qualquer outro local do planeta o que
ocorre é uma DIMINUIÇÃO LENTA E GRADUAL DA CAMADA DE OZÔNIO.
A explicação para esse fenômeno pode ser dada pelas condições
especiais do pólo Sul, que aumentam a eficácia das reações químicas,
responsáveis pela destruição do ozônio estratosférico.
Sabe-se que as massas de ar circulam continuamente devido às
correntes de convecção. Na Antártida, por conta do rigoroso inverno de 6
meses, esta circulação do ar não se manifesta. Formam-se círculos de
convecção exclusivos da área, chamados de vórtice polar ou vórtex que
atuam como uma espécie de redemoinho, produzindo o isolamento da região e
deixando as reações químicas destruírem o ozônio disponível.
A situação só se normaliza após novembro, quando a circulação de ar
se modifica, com a entrada do ar proveniente de outras regiões.
Como no pólo Norte a circulação é bipolar sempre haverá renovação do
ar estratosférico: por isso, o buraco não se forma no Ártico.
Deve-se ressaltar, ainda, que a concentração dos CFC. s
(clorofluorcarbonetos) é quase a mesma em qualquer ponto do planeta uma
vez que, como já foi abordado, esses gases têm vida muito longa e podem
viajar no espaço durante muito tempo. Como conseqüência, haverá uma

63

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


distribuição mais equilibrada dos gases poluentes, mesmo sabendo-se que as
principais fontes emissoras estão no hemisfério Norte. (*) unidade dobson (UD)
é uma medida de comprimento: indica a altura que teria a camada de ozônio se
fosse trazida para baixo, considerando-se a pressão ao nível do mar, sob
temperatura de 0ºC.

A ELIMINAÇÃO DAS SDO. S


- A produção legal de CFC. s nos países desenvolvidos encerrou-se em 1995.
Os países em desenvolvimento têm um prazo até 2010. Existem registros, no
entanto, de entrada clandestina de CFC. s nos países desenvolvidos.
- A produção de halons foi interrompida em 1994, mas ainda estão sendo
usados os estoques existentes.
- O brometo de metila está no rol das SDO. s que serão suprimidas
gradualmente.
- Os países desenvolvidos deixarão de usá-lo em 2005 e os países em
desenvolvimento em 2015, exceto onde não sejam encontrados substitutos
para usos essênciais. Vale a pena informar ainda que uma quantidade
considerável de brometo de metila é emitida por fontes naturais (oceanos, por
exemplo) e por combustão da biomassa. Além disso, o bromo é mais eficiente
do que o cloro na destruição do ozônio.
- Os países desenvolvidos têm entrado em acordo no sentido de finalizarem a
produção de HCFC. s em 2030. Os países em desenvolvimento deverão fazer
o mesmo até 2040.

UM PONTO POLÊMICO
Para alguns pesquisadores, as reações fotoquímicas da estratosfera
ainda escondem muito segredos.
Devido às peculiaridades da Antártida, já mencionadas, foi relativamente
fácil para os cientistas compreenderem as causas da destruição da camada de
ozônio nesta região.
No restante do planeta, no entanto, a circulação constante do ar dificulta
a compreensão da redução dos níveis de ozônio estratosféricos. Até hoje, não
se sabe se esta redução provém de alterações dinâmicas ou de destruição

64
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
química. Sabe-se, porém, que as quantidades de CFC. s liberadas por fontes
naturais são bem maiores que as originadas por ações antropogênicas.
Em 1991, a produção mundial de CFC. s foi estimada em 1,1 milhão de
toneladas, correspondendo a 750 mil toneladas de cloro, com cerca de 7,5 mil
toneladas (1%) alcançando a estratosfera.
Estima-se que a baixa troposfera receba anualmente 600 milhões de
toneladas de cloro originadas dos oceanos e, pelo menos, mais 36 milhões de
toneladas na forma de HCl pelos vulcões difusivos (aqueles que fumegam
continuamente, impactando apenas o meio ambiente local). Já os vulcões
explosivos (aqueles que entram em erupções repentinas e violentas,
impactando o meio ambiente de maneira global), liberam milhões de toneladas
de cloro, de uma só vez, diretamente na estratosfera.
Em junho de 1991 a erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, lançou,
em poucos dias, uma quantidade estimada em 2 milhões de toneladas de cloro
na estratosfera, provocando reduções temporárias de 9 a 14% da camada de

QUÍMICA AMBIENTAL
ozônio.
Em 1982, a erupção do vulcão mexicano El Chinchón já tinha servido de
alerta para os possíveis abalos que as erupções vulcânicas poderiam
representar sobre a camada de ozônio, pois diminuições significativas foram
percebidas durante vários anos.
Em 1815, houve a erupção do vulcão Tambora, na Indonésia, que foi
200 vezes mais poderosa que a do Pinatubo, o que teria destruído a camada
de ozônio antes mesmo da invenção dos CFC. s , o que só ocorreu na década
de 20 do século passado.
Os que são contra esta teoria argumentam que as fontes naturais
emitem quase todo seu cloro na troposfera, e não na estratosfera. Segundo
eles, o cloreto de sódio liberado no ar ao nível da superfície, sobre os oceanos
e o HCl emitido na troposfera e na baixa estratosfera - pelos vulcões -, por
serem solúveis em água, seriam dissolvidos pela água da chuva antes que
atingissem níveis estratosféricos em que pudessem destruir o ozônio.

TEXTO: Reflita!
A Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, entidade ligada à
OMS, alerta que há evidências de que as pessoas que usam o filtro solar têm

65

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


um maior risco de desenvolverem o melanoma. Provavelmente julgam-se
protegidas e desconhecem alguns fatos, como o mencionado a seguir.
Os fabricantes de filtros solares, em todo mundo, testam seus produtos
para determinar os níveis de FPS usando como referência a aplicação de 2 mg
por cm2 de pele. Porém, normalmente as pessoas aplicam entre 0,5 mg e 1,5
mg por cm2. Portanto ou abuse do protetor ou dê um desconto em relação ao
FPS utilizado de acordo com a sua. economia..
Revista Seleções, Novembro/2001.

TIPOS DE PELE
Tipo Queimadura Bronzeamento Cabelos Olhos Cor da pele sem
exposição
I Sempre Nunca loiro/ruivos claros brancos
II Às vezes Dificilmente loiro claros branco-morena clara
III Dificilmente Às vezes castanhos escuros morenos
IV Nunca Raramente castanho/pretos escuros mulatos / negro

Dicas e Precauções
1) Procure evitar os raios do sol entre 10 e 15 horas.
2) O FPS só se refere ao UVB. Veja se o filtro também barra os raios UVA.
3) Para o dia-a-dia, use no mínimo, o FPS 15. Use em abundância.
4) Os protetores devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e
reaplicados a cada hora (no máximo, duas horas).
5) Cuidado com os produtos importados europeus: o FPS 30 de um filtro
europeu equivale a um FPS 15 de um protetor solar brasileiro ou importado dos
EUA.
6) Nos dias nublados, 80% dos raios chegam a Terra. Por isso, o protetor
continua indispensável.
7) A roupas deixam 30% da radiação penetrar.
8) Prefira um hidratante com filtro solar ou passe-o antes do protetor.
9) Poupe os olhos usando óculos escuros com proteção UV.
10) As crianças merecem uma atenção especial, pois os efeitos do sol são
cumulativos.
11) Use chapéu ou boné, que protegem o rosto e os cabelos.

66
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
12) As pessoas que têm facilidade de manifestar reações alérgicas devem usar
produtos que possuam ação hidratante e sejam livres de óleos e fragrâncias.

BRONZEADORES, MODERADORES, PROTETORES E BLOQUEADORES.


Os BRONZEADORES são materiais que contém substâncias que
estimulam a pigmentação, ativando o melanócito, mesmo que a pessoa não se
exponha ao sol. Exemplo: urucum, cenoura, etc. Em geral, apresentam.
FPS entre 2 e 4.
Embora os fabricantes não sigam com rigidez a classificação sugerida
pelo Ministério da Saúde, podemos classificar os produtos de proteção solar
em três categorias:
1) MODERADORES, geralmente têm FPS maior que 6 e menor que 15;
2) PROTETORES, normalmente apresentam FPS entre 15 e 20;
3) BLOQUEADORES, geralmente com FPS maior que 20.
Geralmente o filtro solar contém ingredientes químicos que filtram parte

QUÍMICA AMBIENTAL
das radiações ultravioleta, transformando-as em ondas de energia não danosa
à pele. Já o bloqueador solar é comumente composto por filtros físicos,
substâncias que funcionam como uma barreira, refletindo e espalhando os
raios UV na pele. Essas substâncias, por obstruírem as glândulas sebáceas,
deixa a pele mais oleosa: a pessoa não se motiva para usar, facilitando as
manifestações de alergia e as espinhas.

ÍNDICE DE ULTRAVIOLETA (IUV)


O IUV define quantitativamente o teor de raios UV-B de um determinado
local. Na linguagem usual, serviria para indicar se o Sol está forte ou fraco.
Antes de ir à praia, o interessado pode conferir o IUV na sua cidade,
www.master.iag.usp.br Instituto Astronômico e Geofísico da USP.
O índice IUV é calculado para o meio-dia.

ATIVIDADE
01. "Causa envelhecimento precoce e reduz a capacidade de resistência às
infecções respiratórias. Afeta as plantas, inibindo a fotossíntese. Danifica

67

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


objetos de borracha, como pneus, e corantes de tintas " NOVAIS, Vera Lúcia
Duarte de. Química 2. São Paulo: Atual, 2000.
Esta substância, aqui citada como um sério poluente é um gás
naturalmente presente na estratosfera onde tem uma importante função para o
ambiente terrestre, protegendo os seres vivos das radiações ultravioleta.
Sua fórmula é:
a) NO b) CO c) SO2 d) O3 e) SiO2

02.A erupção do monte Pinatubo(Filipinas), em 15 e 16 de junho de 1991, é


considerada pelos especialistas a mais importante do século. Durou 15 horas,
lançou cinzas até 30 km de altitude, emitiu lavas, pedaços de rocha e lodo. Foi
necessário organizar uma operação de remoção de amplitude sem
precedentes: 200 mil pessoas, inclusive o pessoal da base aérea norte-
americana de Clark.
O Correio da UNESCO, dezembro/1997.
Com base no exposto, podemos dizer que as cinzas lançadas pelo
Pinatubo chegaram até a camada da atmosfera terrestre onde está a camada
de ozônio. Esta camada tem o nome de:
a) Troposfera b) Termosfera c) Estratosfera d) Mesosfera e) Exosfera.

03. Assinale a alternativa INCORRETA:


a) O ozônio é mais concentrado nos pólos.
b) Quando o ozônio é formado próximo à superfície terrestre (nas
tempestades, por exemplo) ele é um gás poluente.
c) Sem a camada de ozônio, a vida na Terra seria extinta.
d) Existem apenas dois tipos de raios ultravioleta, conhecidos como UV-
A e UV-B.
e) Todas as formas de vida, inclusive as plantas, podem ser debilitadas
pela redução da camada de ozônio,

04. NÃO faz parte das SDO. s (Substâncias Destruidoras da Camada de


Ozônio):
a) Halons
b) Brometo de metila

68
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
c) CFC.s (clorofluorcarbono)
d) Butano
e) Óxidos de nitrogênio

05. São conseqüências da redução da camada de ozônio, EXCETO:


a) aumento dos casos de câncer de pele.
b) aumento dos casos de catarata.
c) comprometimento do sistema imunológico.
d) diminuição da produção do fito plâncton, base da cadeia alimentar
marinha.
e) elevação na capacidade de fotossíntese dos vegetais.

06. Assinale a afirmativa correta sobre ozônio:


a) Porque pode absorver radiação de ultravioleta, o ozônio é utilizado
para a desinfecção da água potável.

QUÍMICA AMBIENTAL
b) Porque pode matar bactérias, a presença do ozônio no ar que
respiramos é benéfica à saúde humana.
c) Os efeitos benéficos do ozônio à saúde humana se devem a sua
propriedade de absorver radiação infravermelha
d) Como o ozônio reage com a radiação de ultravioleta ao nível do solo,
ele protege os humanos contra o câncer de pulmão.
e) A diminuição dos níveis estratosféricos de ozônio é uma preocupação
mundial no que diz respeito ao meio ambiente.

CAPITULO 6.
POLUIÇÃO

A Química Ambiental originou-se da Química clássica e hoje é uma


ciência interdisciplinar por envolver não só as áreas básicas da Química como
também a Biologia, a Geologia, a Ecologia e a Engenharia Sanitária. A Química
Ambiental estuda os processos químicos (mudanças) que ocorrem no meio
ambiente. Essas mudanças podem ser naturais ou causadas pelo homem e em
alguns casos podem trazer sérios danos à humanidade.

69

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Atualmente há uma grande preocupação em entender a química do meio
ambiente, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida em nosso planeta.

NOÇÃO DE POLUIÇÃO E POLUENTES


Poluição
Considera-se poluição das águas, a presença, o lançamento ou a
liberação, nas mesmas, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com
intensidade em quantidade, de concentração ou características em desacordo
com as que foram legalmente estabelecidas, ou que tornem ou possam tornar
as águas:
• impróprias, nocivas ou ofensivas à saúde;
• inconvenientes ao bem-estar público;
• danosas aos materiais, à fauna e à flora;
• prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades
normais da comunidade,
Poluente
Considera-se poluente das águas toda e qualquer forma de matéria ou
energia que, direta ou indiretamente, causa poluição das águas.

Contaminação
Considera-se contaminação a água que contiver organismos
patogênicos, substâncias tóxicas ou resíduos radioativos e outros
contaminantes (agentes contaminantes) que constituam perigo para a saúde
pública. Nessas condições toda água contaminada é urna água poluída, mas
nem toda água poluída é contaminada.

TIPOS DE POLUIÇÃO
a) Sólida – areia, areia grossa, terra, cinzas, varreduras de qualquer
fábrica, mina, pedreira ou casa; qualquer lama ou matéria sólida de /esgoto i
qualquer vegetal ou outro lixo, sobras ou partes da carcaça de qualquer animal,
borracha, madeira palha, papel ou polpa de papel, e mesmo pão e manteiga.
b) Líquido - material dissolvido, materiais em suspensão, gases
dissolvidos.

70
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Causas da poluição do ar
A poluição do ar pode ser definida como o resultado da alteração das
características físicas e/ou química e/ou biológica da atmosfera de forma a
causar danos ao homem e/ou fauna e/ou flora, e/ou aos materiais ou de forma
a restringir o pleno uso e gozo da propriedade.
É caracterizada pela presença de gases tóxicos e partículas líquidas ou
sólidas no ar. Os escapamentos dos veículos, as chaminés das fábricas, as
queimadas estão constante-mente lançando no ar grandes quantidades de
substâncias prejudiciais à saúde.
A poluição do ar não é um problema recente. A própria natureza tem na
sua constituição fenômenos geológicos e reações químicas que são fontes de
poluição. São exemplos disso às erupções vulcânicas que lançam gases e
poeira na atmosfera (material particulado e gases) e os incêndios florestais que
produzem muito gás carbônico.
Nos grandes centros urbanos e industriais tornam-se frequentes os dias

QUÍMICA AMBIENTAL
em que a poluição atinge níveis críticos. Os escapamentos dos veículos
automotores emitem gases como o monóxido (CO) e o dióxido de carbono
(CO2), o óxido de nitrogênio (NO), o dióxido de enxofre (SO2) e os
hidrocarbonetos. As fábricas de papel e cimento, indústrias químicas, refinarias
e as siderúrgicas emitem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, enxofre,
partículas metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias usadas na
fabricação de inseticidas.
Produtos como os aerossóis, espumas plásticas, alguns tipos de
extintores de incêndio, materiais de isolamento de construção, buzinas de
barcos, espumas para embalagem de alimentos, entre vários outros liberam
clorofluorcarbonos (CFCs). Todos esses poluentes são resultantes das
atividades humanas e são lançados na atmosfera.
Denomina-se por fonte de poluição, toda e qualquer atividade, sistema,
processo, operação, maquinaria, equipamento ou dispositivo, móvel ou não,
que direta ou indiretamente, gerar produzir, lançar ou liberar poluente, ou
induzir a poluição do meio ambiente.
As fontes de poluição do ar são classificadas como:

71

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


• Naturais - erupções vulcânicas (partículas e compostos de enxofre),
evaporação natural, tempestades de areia e poeiras em geral, decomposição
de vegetais, decomposição de animais e incêndios florestais.
• Artificiais - estão subdivididas em:
a) Estacionárias: queima de combustível na indústria e emissão por
processos e operações industriais; queima de lixo ao ar livre, incineração
de lixo, limpeza a seco, poeiras fugitivas em geral, comercialização e
armazenamento de produtos voláteis.
b) Móveis: veículos automotores (gasolina, álcool e diesel).

Defini-se poluente como toda a forma de matéria ou energia que causar


direta ou indiretamente a poluição do meio ambiente.
Os poluentes podem ser classificados também conforme:

Forma física
• Partículas (ou material particulado) – matéria sólida ou líquida pequena e
discreta, como exemplo temos; poeiras, fumos e névoas. Chama-se de
partículas respiráveis, as que possuem diâmetro aerodinâmico menor que 10
m.
• Gases e vapores- moléculas muito separadas com grande mobilidade. Não
tem forma ou volume, como exemplo temos: monóxido de carbono (CO),
dióxido de enxofre (SO2), vapores de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio.

Origem
• Primários – são emitidos diretamente de fontes identificáveis e permanece na
atmosfera na forma em que foram emitidos, pelo menos por certo tempo.
• Secundários – são formados na atmosfera como resultado de reações entre
dois ou mais poluentes. Como exemplo clássico tem os oxidantes fotoquímicos,
principalmente o ozônio, formado nas reações durante a ocorrência de “smog”
fotoquímico, pela reação entre óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos
voláteis.

72
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Toxicidade e freqüência de ocorrência
• Poluentes padrões – são os que ocorrem com grande freqüência sendo
danosos à saúde e ao bem estar geral da população além de comumente
causar danos a outros receptores. São controlados através de padrões de
qualidade do ar. No Brasil temos os seguintes poluentes como padrão:
monóxido de carbono, dióxido de enxofre, ozônio e material particulado.
• Poluentes perigosos – são os que podem causar ou contribuir para o aumento
da mortalidade ou para o aumento da ocorrência de doenças irreversíveis ou
reversíveis, mas incapacitantes. Usualmente causam problemas localizados e
são controlados através de padrões de emissão. Como exemplos têm:
asbestos (amianto), benzeno, cloreto de vinila, berílio, mercúrio e arsênio.
• Poluentes incômodos – são os que apresentam odores como exemplos têm:
mercaptanas, gás sulfídrico, etc.

Efeitos da poluição do ar

QUÍMICA AMBIENTAL
A emissão excessiva de poluentes tem provocado sérios danos à saúde
como problemas respiratórios (bronquite crônica e asma), alergias, lesões
degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até câncer. Esses
distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e no inverno com o fenômeno
da inversão térmica (ocorre quando uma camada de ar frio forma uma parede
na atmosfera que impede a passagem do ar quente e a dispersão dos
poluentes). Morreram em decorrência desse fenômeno cerca de 4.000 pessoas
em Londres no ano de 1952.
Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a natureza é
afetada. A toxidez do ar ocasiona a destruição de florestas, forte chuvas que
provocam a erosão do solo e o entupimento dos rios. Os principais impactos ao
meio ambiente são a redução da camada de ozônio, o efeito estufa e a
precipitação de chuva ácida.

Medidas para controlar a poluição do ar:


• A existência de uma rigorosa legislação antipoluição, que obrigue as fábricas
a instalarem filtros nas suas chaminés, a tratar os seus resíduos e a usar
processos menos poluentes. Penalizações para as indústrias que não

73

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


estiverem de acordo com as Leis; Controle rigoroso dos combustíveis e sobre
seu grau de pureza;
a) Criação de dispositivos de controle de poluição;
b) Vistoria nos veículos automotores para retirar de circulação os
desregulados. Nos modelos mais antigos a exigência de instalação de
filtros especiais nos escapamentos;
c) Aplicação de rodízio de carros diariamente;
d) Incentivar as pessoas a deixarem seus carros em casa pelo menos
dois dias, organizando assim, um sistema de caronas e a utilizarem mais
os transportes coletivos;
e) Melhoria e segurança no sistema de transporte coletivo;
f) Recolhimento de condicionadores de ar, geladeiras e outros produtos
que usam CFC;
g) Incentivo às pesquisas para a elaboração de substitutos do CFC;
h) Investimentos nas fontes alternativas de energia e na elaboração de
novos tipos de combustíveis como o álcool vegetal (carros), extraído da
cana-de-açúcar e do eucalipto, e do óleo vegetal (substitui o óleo diesel
e o combustível para a aviação), extraído da mamona, do babaçu, da
soja, do algodão, do dendê e do amendoim;
i) Melhor planejamento das cidades, buscando a harmonia entre a
natureza e a urbanização;
j) Maior controle e fiscalização sobre desmatamentos e incêndios nas
matas e florestas;
k) Proteção e conservação dos parques ecológicos;
l) Incentivo à população para plantar árvores;
m) Campanhas de conscientização da população para os riscos da
poluição;
n) Cooperação com as entidades de proteção ambiental.

Padrões de Qualidade do ar
Os padrões de qualidade do ar definem legalmente o limite máximo para
a concentração de um poluente na atmosfera, que garanta a proteção da saúde
e do meio ambiente. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos
científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em

74
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada. Os padrões
nacionais foram estabelecidos pelo IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e aprovados pelo CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente,
por meio da Resolução CONAMA 03/90.
São estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os
primários e os secundários. São padrões primários de qualidade do ar as
concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da
população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de
concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e
médio prazo. São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações
de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso
sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora,
aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis
desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo
prazo. O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base

QUÍMICA AMBIENTAL
para uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Devem ser
aplicados às áreas de preservação (por exemplo: parques nacionais, áreas de
proteção ambiental, estâncias turísticas, etc.). Não se aplicam, pelo menos em
curto prazo, a áreas de desenvolvimento, onde devem ser aplicados os
padrões primários. Como prevê a própria Resolução CONAMA n.º 03/90, a
aplicação diferenciada de padrões primários e secundários requer que o
território nacional seja dividido em classes I, II e III conforme o uso pretendido.
A mesma resolução prevê ainda que enquanto não for estabelecida a
classificação das áreas os padrões aplicáveis serão os primários. Os
parâmetros regulamentados são os seguintes: partículas totais em suspensão,
fumaça, partículas inalavam dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e
dióxido de nitrogênio.
Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA nº 03 de
28/06/90)
A mesma resolução estabelece ainda os critérios para episódios agudos
de poluição do ar. A declaração dos estados de Atenção, Alerta e Emergência
requer, além dos níveis de concentração atingidos, a previsão de condições
meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.

75

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A Legislação Estadual (DE 8468 de 08/09/76) também estabelece
padrões de qualidade do ar e critérios para episódios agudos de poluição do ar,
mas abrange um número menor de parâmetros. Os parâmetros comuns às
legislações federais e estaduais têm os mesmos padrões e critérios, com
exceção dos critérios de episódio para ozônio. Neste caso a Legislação
Estadual é mais rigorosa para o nível de atenção (200g/m3). Além dos
poluentes para os quais foram estabelecidos Padrões de Qualidade do Ar, a
CETESB monitora outros parâmetros, como por exemplo, os Compostos de
Enxofre Reduzido Total (ERT).

Significado dos principais poluente encontrados no ar


A interação entre as fontes de poluição e a atmosfera vai definir o nível
de qualidade do ar, que determina por sua vez o surgimento de efeitos
adversos da poluição do ar sobre os receptores, que podem ser o homem, os
animais, as plantas e os materiais. A medição sistemática da qualidade do ar é
restrita a um número de poluentes, definidos em função de sua importância e
dos recursos disponíveis para seu acompanhamento. O grupo de poluentes
que servem como indicadores de qualidade do ar, adotados universalmente e
que foram escolhidos em razão da freqüência de ocorrência e de seus efeitos
adversos, são:

Material particulado
Material Particulado (MP), Partículas Totais em Suspensão (PTS),
Partículas Inaláveis (MP10) e Fumaça (FMC).
Sob a denominação geral de Material Particulado se encontra um
conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material
sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu
pequeno tamanho. As principais fontes de emissão de particulado para a
atmosfera são: veículos automotores, processos industriais, queima de
biomassa, ressuspensão de poeira do solo, entre outros. O material particulado
pode também se formar na atmosfera a partir de gases como dióxido de
enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis
(COVs), que são emitidos principalmente em atividades de combustão,
transformando-se em partículas como resultado de reações químicas no ar.

76
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial
para causar problemas à saúde, sendo que quanto menores maiores os efeitos
provocados.
O particulado pode também reduzir a visibilidade na atmosfera.

O material particulado pode ser classificado como:


a) Partículas Totais em Suspensão (PTS) – Podem ser definidas de
maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor
que 50 m. Uma parte destas partículas são inaláveis e pode causar
problemas à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a
qualidade de vida da população, interferindo nas condições estéticas do
ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade.
b) Partículas Inaláveis (MP10) – Podem ser definidas de maneira
simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10
m. As partículas inaláveis podem ainda ser classificadas como

QUÍMICA AMBIENTAL
partículas inaláveis finas – MP2, 5 (<2,5m) e partículas inaláveis
grossas (2,5 a 10m). As partículas finas, devido ao seu tamanho
diminuto, podem atingir os alvéolos pulmonares, já as grossas ficam
retidas na parte superior do sistema respiratório.
c) Fumaça (FMC) - Está associada ao material particulado suspenso na
atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de
determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que
incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro
a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na
atmosfera.

Monóxido de Carbono (CO)


É um gás incolor e inodoro que resulta da queima incompleta de
combustíveis de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa, etc.). Em
geral é encontrado em maiores concentrações nas cidades, emitido
principalmente por veículos automotores. Altas concentrações de CO são
encontradas em áreas de intensa circulação de veículos.
Pertencente ao grupo de poluentes gasosos, o monóxido de carbono
(CO) é um gás inodoro, incolor e insípido. Tal poluente é produzido tanto por

77

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


processos naturais quanto por processos provocados pelo ser humano. Têm-se
como exemplos de fontes de emissão naturais, as queimadas florestais
espontâneas, as erupções vulcânicas e a decomposição de clorofila.

Hidrocarbonetos: C- H
É uma classe de composto formado por hidrogênio e carbono. Não são
necessariamente perigosos, mas na presença da luz solar formam óxidos de
nitrogênio e daí sim produzem compostos secundários que são nocivos à
saúde humana.
São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de
combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos
hidrocarbonetos como o benzeno são cancerígenos e mutagênicos, não
havendo uma concentração ambiente totalmente segura. Participam
ativamente das reações de formação da “névoa fotoquímica”.

Poderíamos perguntar qual é o combustível que mais polui a atmosfera:


O álcool, a gasolina ou o óleo diesel?
A gasolina, além de ser derivada do petróleo, lança na atmosfera gases
que prejudicam a saúde humana e o meio ambiente, pois não há um motor que
faz a combustão de forma correta. Mas os hidrocarbonetos que compõem a
gasolina são mais leves do que aqueles que compõem o óleo diesel, pois são
formados por moléculas de menor cadeia carbônica (normalmente cadeias de 4
a 12 átomos de carbono), com isso a gasolina se torna menos poluente do que
o diesel.
O álcool, juntamente com a gasolina, polui consideravelmente menos do
que o diesel, graças ao catalisador que é uma peça vital para reduzir a emissão
de gases poluentes. Esse importante equipamento faz com que gases mais
prejudiciais, como os monóxidos de carbono, sejam transformados em
substâncias menos perigosas. Mas ambos, tanto o álcool como a gasolina, são
responsáveis pela emissão do perigoso dióxido de carbono, que contribui para
o efeito estufa e o aquecimento global. A queima do álcool emite menos gases
poluentes na atmosfera, pelo fato de ser derivado da fermentação da cana-de-
açúcar, a queima do álcool produz em média 25% menos monóxido de carbono
e 35% menos óxido de nitrogênio (NO) que a gasolina. Mas o álcool também

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
polui, é verdade que em menos proporção que a gasolina, mas não pode ser
classificado como não poluente.
O diesel, ele se tornou o grande vilão no trânsito, e para agravar a
situação, os veículos movidos a diesel, como ônibus e caminhões, não são
equipados com bons catalisadores. Metais pesados altamente nocivos fazem
parte da composição do diesel, eles se acumulam no organismo humano e,
depois de alguns anos, chegam a causar até mesmo males neurológicos,
estudos revelaram que as dioxinas presentes no diesel são responsáveis por
provocar as fortes dores de cabeça, distúrbios hormonais e câncer no aparelho
respiratório. A própria fuligem desse combustível serve como um facilitador
para as alergias nas vias aéreas.
Sem dúvidas o combustível que mais polui é o diesel.

Poluição do solo
A poluição do solo é causada pelo contato com ar ou águas poluídas

QUÍMICA AMBIENTAL
com resíduos industriais ou agrícolas e principalmente por lixo e substâncias
tóxicas jogadas diretamente sobre ele, transportados pelo ar, pela chuva e pelo
homem. O uso indevido do solo e de técnicas ultrapassadas na agricultura, os
desmatamentos, as queimadas, o lixo, os esgotos, a chuva ácida, a mineração
são agentes causadores do desgaste de nossa litosfera.
Até pequenos desmatamentos podem causar sérios problemas de
erosão. A Mata Atlântica já perdeu 93% de sua área original, e essa destruição
agora avança sobre o Cerrado e a Amazônia.
O uso inadequado da terra e práticas de agricultura impróprias
(queimadas, desmatamentos, etc.) causa a desertificação, ausência de
vegetação pelo empobrecimento dos solos.

Prevenção e Tratamento da Poluição do Solo


Dentre os agentes poluentes do solo o uso de substâncias químicas na
agricultura e o lixo urbano são os mais comuns. Como prevenção/tratamento
do uso de substâncias na agricultura a única saída é a Agricultura Sustentável
que permite a utilização das terras sem degradação. O lixo influencia bastante
na poluição do solo quando não rejeitado de maneira correta. Algumas

79

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


medidas quanto ao destino do lixo são primordiais para evitar a poluição do
solo e dos outros compartimentos.
O lixão é apenas a disposição do lixo a céu aberto em terrenos baldios
onde fica exposto sem nenhum tratamento e sem nenhum critério sanitário de
proteção ao ambiente, provocando intensa proliferação de moscas, mosquitos,
baratas e ratos, e ainda é aproveitado pelos "catadores de lixo" que correm o
risco de contrair doenças.
Outro inconveniente é o "chorume", líquido que resulta da decomposição
do lixo que possui alta taxa de compostos orgânicos de difícil degradação e
que polui o solo e os lençóis d'água.
Os gases também produzidos pela decomposição do lixo poluem o ar e
são vetores de doenças através de germes patológicos.

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS


Urna classificação dos tipos de poluição encontrados nos esgotos e
águas residuárias industriais e comerciais é dada na tabela abaixo.
Química
Física
Fisiológica
Biológica
Orgânica – compostos de carbono
Inorgânica – compostos minerais
Cor
Turbidez
Temperatura
Materiais em Suspensão
Espuma
Radioatividade
Gosto
Odor
Bactérias (patogênicas)
Vírus
Animais
Vegetais

80
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CAPITULO 7.
ELEMENTOS QUÍMICOS E FISICOS

FENÓIS
Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das
descargas de efluentes industriais. Indústrias de processamento da borracha,
colas e adesivos, resinas impregnantes, componentes elétricos (plásticos) e as
siderúrgicas, entre outras, são responsáveis pela presença de fenóis nas águas
naturais.
Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e
microrganismos que tomam parte dos sistemas de tratamento de esgotos
sanitários e de efluentes industriais. Em sis-temas de lodos ativados,
concentrações de fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L trazem inibição, sendo que
40 mg/L são suficientes para a inibição da nitrificação. Na digestão anaeróbia,
100 a 200 mg/L de fenóis também provocam inibição. Estudos recentes têm

QUÍMICA AMBIENTAL
demonstrado que, sob processo de aclimatação, concentrações de fenol
superiores a 1000 mg/L podem ser admitidas em sistemas de lodos ativados,
em pesquisas em que o reator biológico foi alimentado com cargas
decrescentes de esgoto sanitário e com carga constante de efluente sintético
em que o único tipo de substrato orgânico era o fenol puro, conseguiu-se ao
final a estabilidade do reator alimentado somente com o efluente sintético
contendo 1000 mg/L de fenol.
Nas águas naturais, os padrões para os compostos fenólicos são
bastante restritivos, tanto na legislação federal quanto na do Estado de São
Paulo. Nas águas tratadas, os fenóis reagem com o cloro livre formando os
clorofenóis que produzem sabor e odor na água.

METAIS
Alumínio (Al)
O alumínio e seus sais são usados no tratamento da água, como aditivo
alimentar, na fabricação de latas, telhas, papel alumínio, na indústria
farmacêutica, etc. O alumínio atinge a atmosfera como particulado, derivado de
poeiras dos solos e por erosão originada da combustão do carvão. Na água, o
metal pode ocorrer em diferentes formas e é influenciado pelo pH, temperatura

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


e presença de fluoretos, sulfatos, matéria orgânica e outros ligantes. A
solubilidade é baixa em pH entre 5,5 e 6,0. As concentrações de alumínio
dissolvido em águas com pH neutro variam de 0,001 a 0,05 mg/L, mas
aumentam para 0,5-1 mg/L em águas mais ácidas ou ricas em matéria
orgânica. Em águas com extrema acidez, afetadas por descargas de
mineração, as concentrações de alumínio dissolvido podem ser maiores que 90
mg/L. Na água potável, os níveis do metal variam de acordo com a fonte de
água e com os coagulantes à base de alumínio que são usados no tratamento
da água. Estudos americanos mostraram que as concentrações de alumínio,
na água tratada com coagulante, variaram de 0,01 a 1,3 mg/L, com uma
concentração média de 0,16 mg/L. O alumínio deve apresentar maiores
concentrações em profundidade, onde o pH é menor e pode ocorrer
anaerobiose. Se a estratificação e conseqüente anaerobiose não forem muito
fortes, o teor de alumínio diminui no corpo de água como um todo, à medida
que se distancia a estação das chuvas. O aumento da concentração de
alumínio está associado com o período de chuvas e, portanto, com a alta
turbidez. Outro aspecto da química do alumínio é sua dissolução no solo para
neutralizar a entrada de ácidos com as chuvas ácidas. Nesta forma, ele é
extremamente tóxico à vegetação e pode ser escoado para os corpos d’água.
A principal via de exposição humana não ocupacional é pela ingestão de
alimentos e água. Não há indicações de que o alumínio apresente toxicidade
aguda por via oral, apesar de ampla ocorrência em alimentos, água potável e
medicamentos. Não há indicação que o alumínio seja carcinogênico.

Bário (Ba)
Os compostos de bário são usados na indústria da borracha, têxtil,
cerâmica, farmacêutica, entre outras. Ocorre naturalmente na água, na forma
de carbonatos em algumas fontes minerais, geralmente em concentrações
entre 0,7 e 900 g/L. Não é um elemento essencial ao homem e em elevadas
concentrações causa efeitos no coração, no sistema nervoso, constrição dos
vasos sangüíneos, elevando a pressão arterial. A morte pode ocorrer em
poucas horas ou dias dependendo da dose e da solubilidade do sal de bário.

82
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Cádmio (Cd)
O cádmio é liberado ao ambiente por efluentes industriais,
principalmente, de galvanoplastias, produção de pigmentos, soldas,
equipamentos eletrônicos, lubrificantes e acessórios fotográficos, bem como
por poluição difusa causada por fertilizantes e poluição do ar local.
Normalmente a concentração de cádmio em águas não poluídas é inferior a 1
g/L. A água potável apresenta baixas concentrações, geralmente entre 0,01 e
1 g/L, entretanto pode ocorrer contaminação devido à presença de cádmio
como impureza no zinco de tubulações galvanizadas, soldas e alguns
acessórios metálicos.
A principal via de exposição para a população não exposta
ocupacionalmente ao cádmio e não fumante é a oral. A ingestão de alimentos
ou água contendo altas concentrações de cádmio causa irritação no estômago,
levando ao vômito, diarréia e, às vezes, morte. Na exposição crônica o cádmio
pode danificar os rins. No Japão, na década de 60, a contaminação da água

QUÍMICA AMBIENTAL
que irrigava as plantações de arroz causou a doença conhecida como “Itai-Itai”,
caracterizada por extrema dor generalizada, dano renal e fragilidade óssea,
experimentos com animais demonstram que o metal produz efeitos tóxicos em
vários órgãos, como fígado, rins, pulmão e pâncreas. É um metal que se
acumula em organismos aquáticos, possibilitando sua entrada na cadeia
alimentar.

Chumbo (Pb)
O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos.
Nestes, o chumbo tem ampla aplicação industrial, como na fabricação de
baterias, tintas, esmaltes, inseticidas, vidros, ligas metálicas etc. A presença do
metal na água ocorre por deposição atmosférica ou lixiviação do solo. O
chumbo raramente é encontrado na água de torneira, exceto quando os
encanamentos são à base de chumbo, ou soldas, acessórios ou outras
conexões. A exposição da população em geral ocorre principalmente por
ingestão de ali-mentos e bebidas contaminados. O chumbo pode afetar quase
todos os órgãos e sistemas do corpo, mas o mais sensível é o sistema
nervoso, tanto em adultos como em crianças. A exposição aguda causa sede
intensa, sabor metálico, inflamação gastrintestinal, vômitos e diarréias. Na

83

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


exposição prolongada são observados efeitos renais, cardiovasculares,
neurológicos e nos músculos e ossos, entre outros. É um composto cumulativo
provocando um envenenamento crônico denominado saturnismo. As doses
letais para peixes variam de 0,1 a 0,4 mg/L, embora alguns resistam até 10
mg/L em condições experimentais.

Cobre (Cu)
O cobre tem vários usos, como na fabricação de tubos, válvulas,
acessórios para banheiro e está presente em ligas e revestimentos. Na forma
de sulfato (CuSO4. 5H2O) é usado como algicida. As fontes de cobre para o
meio ambiente incluem minas de cobre ou de outros metais, corrosão de
tubulações de latão por águas ácidas, efluentes de estações de tratamento de
esgotos, usa de compostos de cobre como algicidas aquáticos, escoa-mento
superficial e contaminação da água subterrânea a partir do uso agrícola do
cobre e precipitação atmosférica de fontes industriais. O cobre ocorre
naturalmente em todas as plantas e animais e é um nutriente essencial em
baixas doses. Estudos indicam que uma concentração de 20 mg/L de cobre ou
um teor total de 100 mg/L por dia na água é capaz de produzir intoxicações no
homem, com lesões no fígado. Concentrações acima de 2,5 mg/L transmitem
sabor amargo à água; acima de 1 mg/L produz coloração em louças e
sanitários. Para peixes, muito mais que para o homem, as doses elevadas de
cobre são extremamente nocivas. Concentrações de 0,5 mg/L são letais para
trutas, carpas, bagres, peixes vermelhos de aquários ornamentais e outros. Os
micro-organismos morrem em concentrações acima de 1,0 mg/L.

Cromo
O cromo é utilizado na produção de ligas metálicas, estruturas da
construção civil, fertilizantes, tintas, pigmentos, curtumes, preservativos para
madeira, entre outros usos. A maioria das águas superficiais contem entre 1 e
10 g/L de cromo. A concentração do metal na água subterrânea geralmente é
baixa (< 1 g/L). Na forma trivalente, o cromo é essencial ao metabolismo
humano e sua carência causa doenças. Na forma hexavalente, é tóxico e
cancerígeno. Os limites máximos são estabelecidos basicamente em função do
cromo hexavalente.

84
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Ferro
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à
dissolução do minério pelo gás carbônico da água, conforme a reação:
Fe + CO2 + ½ O2 à FeCO3
O carbonato ferroso é solúvel e freqüentemente encontrado em águas
de poços contendo elevados níveis de concentração de ferro. Nas águas
superficiais, o nível de ferro aumenta nas estações chuvosas devido ao
carreamento de solos e a ocorrência de processos de erosão das margens,
também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes industriais,
pois muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem atividades de remoção da
camada oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido
por decapagem, que normalmente é procedida através da passagem da peça
em banho ácido.
Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de
coagulantes a base de ferro provoca elevação em seu teor.

QUÍMICA AMBIENTAL
O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos
problemas para o abaste-cimento público de água. Confere cor e sabor à água,
provocando manchas em roupas e utensílios sanitários. Também traz o
problema do desenvolvimento de depósitos em canalizações e de ferro-
bactéria, provocando a contaminação biológica da água na própria rede de
distribuição.
No tratamento de águas para abastecimento, deve-se destacar a
influência da presença de ferro na etapa de coagulação e floculação. As águas
que contêm ferro caracterizam-se por apresentar cor elevada e turbidez baixa,
os flocos formados geralmente são peque-nos, ditos “pontuais”, com
velocidades de sedimentação muito baixa. Em muitas estações de tratamento
de água, este problema só é resolvido mediante a aplicação de cloro,
denominada de pré-cloração. Através da oxidação do ferro pelo cloro, os flocos
tornam-se maiores e a estação passa a apresentar um funcionamento
aceitável. No entanto, é conceito clássico que, por outro lado, a pré-cloração de
águas deve ser evitada, pois em caso da existência de certos compostos
orgânicos chamados precursores, o cloro reage com eles formando
trihalometanos, associados ao desenvolvimento do câncer.

85

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Manganês
O manganês e seus compostos são usados na indústria do aço, ligas
metálicas, baterias, vidros, oxidantes para limpeza, fertilizantes, vernizes,
suplementos veterinários, entre outros usos. Ocorre naturalmente na água
superficial e subterrânea, no entanto, as atividades antropogênicas são
também responsáveis pela contaminação da água. Raramente atinge
concentrações de 1,0 mg/L em águas superficiais naturais e, normalmente,
está presente em quantidades de 0,2 mg/L ou menos. Desenvolve coloração
negra na água, podendo se apresentar nos estados de oxidação Mn+2 (mais
solúvel) e Mn+4 (menos solúvel). Concentração menor que 0,05 mg/L
geralmente é aceita por consumidores, devido ao fato de não ocorrerem, nesta
faixa de concentração, manchas negras ou depósitos de seu óxido nos
sistemas de abastecimento de água. É muito usado na indústria do aço. O
manganês é um elemento essencial para muitos organismos, incluindo o ser
humano. A principal exposição humana ao manganês é por consumo de
alimentos, entretanto devido ao controle homeostático que o homem sobre o
metal, geralmente o manganês não é considerado muito tóxico quando ingerido
com a dieta.

Mercúrio
O mercúrio é usado na produção eletrolítica do cloro, em equipamentos
elétricos, amalgamas e como matéria prima para compostos de mercúrio. No
Brasil é largamente utilizado em garimpos para extração do ouro. Casos de
contaminação já foram identificados no Pantanal, no norte brasileiro e em
outras regiões. Está presente na forma inorgânica na água superficial e
subterrânea. As concentrações geralmente estão abaixo de 0,5 g/L, embora
depósitos de minérios possam elevar a concentração do metal na água
subterrânea. Entre as fontes antropogênicas de mercúrio no meio aquático
destacam-se as indústrias cloro-álcali de células de mercúrio, vários processos
de mineração e fundição, efluentes de estações de tratamento de esgotos,
indústrias de tintas, etc.
A principal via de exposição humana ao mercúrio é por ingestão de
alimentos. O metal é altamente tóxico ao homem, sendo que doses de 3 a 30
gramas são letais. Apresenta efeito cumulativo e provoca lesões cerebrais. A

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
intoxicação aguda é caracterizada por náuseas, vômitos, dores abdominais,
diarréia, danos nos ossos e morte. Esta intoxicação pode ser fatal em 10 dias,
a intoxicação crônica afeta glândulas salivares, rins e altera as funções
psicológicas e psicomotoras. Em Minamata (Japão), o lançamento de grande
quantidade de mercúrio orgânico - metil mercúrio - contaminou peixes e
moradores da região, provocando graves lesões neurológicas e mortes. O
pescado é um dos maiores contribuintes para a transferência de mercúrio para
o homem, sendo que este se mostra mais tóxico na forma de compostos
organometálicos.

Níquel
O níquel e seus compostos são utilizados em galvanoplastia, na
fabricação de aço inoxidável, manufatura de baterias Ni-Cd, moedas,
pigmentos, entre outros usos. Concentrações de níquel em águas superficiais
naturais podem chegar a 0,1 mg/L; valores elevados podem ser encontrados

QUÍMICA AMBIENTAL
em áreas de mineração. Na água potável, a concentração do metal
normalmente é menor que 0,02 mg/L, embora a liberação de níquel de
torneiras e acessórios possa contribuir para valores acima de 1 mg/L. A maior
contribuição antropogênica para o meio ambiente é a queima de combustíveis,
além da mineração e fundição do metal, fusão e modelagem de ligas, indústrias
de eletrodeposição, fabricação de alimentos, artigos de panificadoras,
refrigerantes e sorvetes aromatizados. Doses elevadas de níquel podem
causar dermatites nos indivíduos mais sensíveis. A principal via de exposição
para a população não exposta ocupacionalmente ao níquel e não fumante é o
consumo de alimentos. A ingestão de elevadas doses de sais causa irritação
gástrica. O efeito adverso mais comum da exposição ao níquel é uma reação
alérgica; cerca de 10 a 20% da população é sensível ao metal.

Potássio
Potássio é encontrado em baixas concentrações nas águas naturais, já
que rochas que contenham potássio são relativamente resistentes às ações do
tempo. Entretanto, sais de potássio são largamente usados na indústria e em
fertilizantes para agricultura, entrando nas águas doces através das descargas
industriais e lixiviação das terras agrícolas.

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O potássio é usualmente encontrado na forma iônica e os sais são
altamente solúveis. Ele é pronto para ser incorporado em estruturas minerais e
acumulado pela biota aquática, pois é um elemento nutricional essencial. As
concentrações em águas naturais são usualmente menores que 10 mg/L
valores da ordem de grandeza de 100 e 25.000 mg/L, podem indicar a
ocorrência de fontes quentes e salmouras, respectivamente.

Sódio
Todas as águas naturais contêm algum sódio já que é um dos elementos
mais abundantes na Terra e seus sais são altamente solúveis em água,
encontrando-o na forma iônica (Na+), e nas plantas e animais, já que é um
elemento ativo para os organismos vivos. O aumento dos níveis na superfície
da água pode provir de esgotos, efluentes industriais e uso de sais em rodovias
para controlar neve e gelo. A última fonte citada também contribui para
aumentar os níveis de sódio nas águas subterrâneas. Nas áreas litorâneas, a
intrusão de águas marinhas pode também resultar em níveis mais elevados.
Concentração de sódio na superfície natural das águas varia
consideravelmente, dependendo das condições geológicas do local, descargas
de efluentes e uso sazonal de sais em rodovias. Valores podem estender-se de
1 mg/L ou menos até 10 mg/L ou mais em salmoura natural. Muitas águas
superficiais, incluindo aquelas que recebem efluentes, têm níveis bem abaixo
de 50 mg/L. As concentrações nas águas subterrâneas freqüente-mente
excedem 50 mg/L. Embora a concentração de sódio na água potável
geralmente seja menor que 20 mg/L, esse valor pode ser excedido em alguns
países, porém concentração acima de 200 mg/L pode dar à água um gosto não
aceitável.
O sódio é comumente medido onde a água é utilizada para
dessedentação de animais ou para agricultura, particularmente na irrigação
quando o teor de sódio em certos tipos de solo é elevado, sua estrutura pode
degradar-se pelo restrito movimento da água, afetando o crescimento das
plantas.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Zinco
O zinco e seus compostos são muito usados na fabricação de ligas e
latão, galvanização do aço, na borracha como pigmento branco, suplementos
vitamínicos, protetores solares, desodorantes, xampus, etc. A presença de
zinco é comum nas águas superficiais naturais, em concentrações geralmente
abaixo de 10 g/L; em águas subterrâneas ocorre entre 10-40 g/L. Na água
de torneira, a concentração do metal pode ser elevada devido à dissolução do
zinco das tubulações. O zinco é um elemento essencial ao corpo humano em
pequenas quantidades. A atividade da insulina e diversos compostos
enzimáticos dependem da sua presença. O zinco só se torna prejudicial à
saúde quando ingerido em concentrações muito elevadas, o que é
extremamente raro, e, neste caso, pode acumular-se em outros tecidos do
organismo humano. Nos animais, a deficiência em zinco pode conduzir ao
atraso no crescimento. A água com elevada concentração de zinco tem
aparência leitosa e produz um sabor metálico ou adstringente quando

QUÍMICA AMBIENTAL
aquecida.

Cloreto (Cl)
O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas,
oriundo da percolação da água através de solos e rochas. Nas águas
superficiais são fontes importantes as descargas de esgotos sanitários, sendo
que cada pessoa expele através da urina cerca 6 g de cloreto por dia, o que faz
com que os esgotos apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam a
15 mg/L. Diversos são os efluentes industriais que apresentam concentrações
de cloreto elevadas como os da indústria do petróleo, algumas indústrias
farmacêuticas, curtumes, etc. Nas regiões costeiras, através da chamada
intrusão da cunha salina, são encontradas águas com níveis altos de cloreto
nas águas tratadas, a adição de cloro puro ou em solução leva a uma elevação
do nível de cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na água.
Para as águas de abastecimento público, a concentração de cloreto
constitui-se em padrão de potabilidade, segundo a Portaria 1469 do Ministério
da Saúde. O cloreto provoca sabor “salgado” na água, sendo o cloreto de sódio
o mais restritivo por provocar sabor em concentrações da ordem de 250 mg/L,
valor este que é tomado como padrão de potabilidade. No caso do cloreto de

89

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


cálcio, o sabor só é perceptível em concentrações de cloreto superior a 1000
mg/L. Embora haja populações árabes adaptadas no uso de águas contendo
2.000 mg/L de cloreto, são conhecidos também seus efeitos laxativos.
Da mesma forma que o sulfato, sabe-se que o cloreto também interfere
no tratamento anaeróbio de efluentes industriais, constituindo-se igualmente
em interessante campo de investigação científica. O cloreto provoca corrosão
em estruturas hidráulicas, como por exemplo, em emissários submarinos para
a disposição oceânica de esgotos sanitários, que por isso têm sido construídos
com polietileno de alta densidade (PEAD). Interferem na determinação da DQO
e embora esta interferência seja atenuada pela adição de sulfato de mercúrio,
as análises de DQO da água do mar não apresentam resultados confiáveis.
Interfere também na determinação de nitratos.
Também eram utilizados como indicadores da contaminação por esgotos
sanitários, podendo-se associar a elevação do nível de cloreto em um rio com o
lançamento de esgotos sanitários. Hoje, porém, o teste de coliformes fecais é
mais preciso para esta função. O cloreto apresenta também influência nas
características dos ecossistemas aquáticos naturais, por provocarem
alterações na pressão osmótica em células de microrganismos.

Fluoreto
O flúor é o mais eletronegativo de todos os elementos químico, tão
reativo que nunca é encontrado em sua forma elementar na natureza, sendo
normalmente encontrado na sua forma combinada como fluoreto. O flúor é o
17º elemento em abundância na crosta terrestre representando de 0,06 a 0,9%
e ocorrendo principalmente na forma de fluorita (CaF2), Fluoroapatita
(C10(PO4)6) e criolita (Na3AlF6). Porém, para que haja disponibilidade de
fluoreto livre, ou seja, disponível biologicamente, são necessárias condições
ideais de solo, presença de outros minerais ou outros componentes químicos e
água. Traços de fluoreto são normalmente encontrados em águas naturais e
concentrações elevadas geralmente estão associadas com fontes
subterrâneas. Em locais onde existem minerais ricos em flúor, tais como
próximos a montanhas altas ou áreas com depósitos geológicos de origem
marinha, concentrações de até 10 mg/L ou mais são encontradas. A maior

90
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
concentração de flúor registrada em águas naturais é de 2.800 mg/L, no
Quênia.
O fluossilicato de sódio era o composto mais utilizado, tendo sido
substituído pelo ácido fluossilícico em diversas estações de tratamento de
água. Apesar da corrosividade do ácido, o fato de se apresentar na forma
líquida facilita sua aplicação e o controle seguro das dosagens, condição
fundamental para a fluoretação. O fluoreto de sódio é muito caro e o fluoreto de
cálcio, pouco solúvel.
Alguns efluentes industriais também descarregam fluoreto nas águas
naturais, tais como as indústrias de vidro e de fios condutores de eletricidade.
No ar, a presença de fluoreto deve-se principalmente a emissões
industriais e sua concentração varia com o tipo de atividade. Estima-se um
valor de exposição abaixo de 1g/L, pouco significativo em relação à
quantidade ingerida através da água e de alimentos. Todos os alimentos
possuem ao menos traços de fluoreto. Os vegetais possuem concentrações

QUÍMICA AMBIENTAL
maiores principalmente devido à absorção da água e do solo. Alguns alimentos
tais como peixes, certos vegetais e chá, possuem altas concentrações de
fluoreto. O uso da água fluoretada na preparação de alimentos pode dobrar a
quantidade de fluoreto presente. Estima-se uma quantidade diária ingerida de
0,2 a 3,1 mg para adultos e 0,5 mg para crianças de 1 a 3 anos.
Outras fontes de fluoreto são pasta de dente, gomas de mascar,
vitaminas e remédios. O uso tópico de fluoreto contribui para uma absorção
maior. O fluoreto ingerido através da água é quase completamente absorvido
pelo corpo humano, enquanto que o flúor presente nos alimentos não é
totalmente absorvido; em alguns casos como através de peixes e outras
carnes, chega apenas a 25%. Uma vez absorvido, o fluoreto é distribuído
rapidamente pelo corpo humano, grande parte é retida nos ossos, enquanto
que uma pequena parte nos dentes. O fluoreto pode ser excretado pela urina e
sua eliminação é influenciada por uma série de fatores tais como o estado de
saúde da pessoa e seu grau de exposição a esta substância. O fluoreto é
adicionado às águas de abastecimento público para conferir-lhes proteção à
cárie dentária. O fluoreto reduz a solubilidade da parte mineralizada do dente,
tornando mais resistente à ação de bactérias e inibe processos enzimáticos
que dissolvem a substância orgânica protéica e o material calcificante do dente,

91

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


constitui-se também em meio impróprio ao desenvolvimento de Lactobacilus
acidophilus.
Nesse sentido, a fluoretação das águas deve ser executada sob controle
rigoroso, utilizando-se bons equipamentos de dosagem e implantando-se
programas efetivos de controle de residual de fluoreto na rede de
abastecimento de água, o que nem sempre tem acontecido.
Os benefícios da aplicação de fluoreto em águas para a prevenção da
cárie dentária são reconhecidos. Estudos desenvolvidos nos Estados Unidos
demonstram que, para as condições lá existentes, os seguintes resultados
podem ser esperados: o índice utilizado é o número de dentes cariados,
perdidos e obturados por cem crianças. Os estudos são conclusivos de que
para concentrações de fluoreto acima de 1,5 mg/L, ocorre aumento na
incidência da fluorose dentária; para concentrações de fluoreto da ordem de
1,0 mg/L, ocorre redução do c.p.o. da ordem de 60% sem ocorrer fluorose;
para concentrações de fluoreto menores que 1,0 mg/L, ocorrem menores
reduções percentuais na redução da cárie. Na verdade, o que é necessária é a
ingestão de 1,5 mg/dia de fluoreto, o que para um consumo de água de 1,2 a
1,6 litros por dia, resulta em concentrações da ordem de 1,0 mg/L. A Portaria
518 estabelece um valor máximo permitido para fluoreto de 1,5 mg/L na água
potável.

Fósforo Total
O fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às
descargas de esgotos sanitários. Nestes, os detergentes superfosfatados
empregados em larga escala domesticamente constituem a principal fonte,
Alguns efluentes industriais, como os de indústrias de fertilizantes, pesticidas,
químicas em geral, conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios,
apresentam fósforo em quantidades excessivas. As águas drenadas em áreas
agrícolas e urbanas também podem provocar a presença excessiva de fósforo
em águas naturais.
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os
fosfatos orgânicos são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas,
como a de um detergente, por exemplo. Os ortofosfatos são representados
pelos radicais, que se combinam com cátions formando sais inorgânicos nas

92
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
águas e os polifosfatos, ou fosfatos condensados, polímeros de ortofosfatos,
esta terceira forma não é muito importante nos estudos de controle de
qualidade das águas, porque sofre hidrólise, convertendo-se rapidamente em
orto-fosfatos nas águas naturais.
Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em um dos principais
nutrientes para os processos biológicos, ou seja, é um dos chamados macro-
nutrientes, por ser exigido também em grandes quantidades pelas células
nesta qualidade, torna-se parâmetro imprescindível em programas de
caracterização de efluentes industriais que se pretende tratar por processo
biológico. Em processos aeróbios, como informado anteriormente, exige-se
uma relação DBO: N:P mínima de 100:5:1, enquanto que em processos
anaeróbios tem-se exigido a relação DQO:N:P mínima de 350:7:1. Os esgotos
sanitários no Brasil apresentam, tipicamente, concentração de fósforo total na
faixa de 6 a 10 mgP/L, não exercendo efeito limitante sobre o tratamento
biológico. Alguns efluentes industriais, porém, não possuem fósforo em suas

QUÍMICA AMBIENTAL
composições, ou apresentam concentrações muito baixas.
Neste caso, devem-se adicionar artificialmente compostos contendo
fósforo como o mono-amônio-fosfato (MAP) que, por ser usado em larga escala
como fertilizante, apresenta custo relativamente baixo. Ainda por ser nutriente
para processos biológicos, o excesso de fósforo em esgotos sanitários e
efluentes industriais conduz a processos de eutrofização das águas naturais.

Ortofosfato Solúvel
Os ortofosfatos são biodisponíveis e uma vez assimilados, são
convertidos em fosfato orgânico e em fosfatos condensados. Após a morte de
um organismo, os fosfatos condensados são liberados na água; entretanto, não
estão disponíveis para absorção biológica até que sejam hidrolizados por
bactérias para ortofosfatos.

Série de Nitrogênio - (amônia, nitrato, nitrito e nitrogênio orgânico).


As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. Os esgotos
sanitários constituem em geral a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio
orgânico devido à presença de proteínas e nitrogênio amoniacal, pela hidrólise
da uréia na água, etc. Alguns efluentes industriais também concorrem para as

93

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


descargas de nitrogênio orgânico e amoniacal nas águas, como algumas
indústrias químicas, petroquímicas, siderúrgicas, farmacêuticas, conservas
alimentícias, matadouros, frigoríficos e curtumes. A atmosfera é outra fonte
importante devido a diversos mecanismos como a biofixação desempenhada
por bactérias e algas, que incorporam o nitrogênio atmosférico em seus
tecidos, contribuindo para a presença de nitrogênio orgânico nas águas; a
fixação química, reação que depende da presença de luz, concorre para as
presenças de amônia e nitratos nas águas e as lavagens da atmosfera poluída
pelas águas pluviais concorrem para as presenças de partículas contendo
nitrogênio orgânico bem como para a dissolução de amônia e nitratos. Nas
áreas agrícolas, o escoamento das águas pluviais pelos solos fertilizados
também contribui para a presença de diversas formas de nitrogênio. Também
nas áreas urbanas, a drenagem das águas pluviais, associadas às deficiências
do sistema de limpeza pública, constitui fonte difusa de difícil caracterização.
Como visto, o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de
nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras chamam-se
formas reduzidas e as duas últimas, oxidadas. Pode-se associar a idade da
poluição com relação entre as formas de nitrogênio. Ou seja, se for coletada
uma amostra de água de um rio poluído e as análises demonstrarem
predominância das formas reduzidas significa que o foco de poluição se
encontra próximo; se prevalecer nitrito e nitrato denota que as descargas de
esgotos se encontram distantes. Nas zonas de autodepuração natural em rios,
distinguem-se as presenças de nitrogênio orgânico na zona de degradação,
amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação e
nitrato na zona de águas limpas. Os compostos de nitrogênio são nutrientes
para processos biológicos são caracterizados como macronutrientes, pois,
depois do carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior quantidade
pelas células vivas. Quando descarregados nas águas naturais, conjuntamente
com o fósforo e outros nutrientes presentes nos despejos, provocam o
enriquecimento do meio, tornando-o mais fértil e possibilita o crescimento em
maior extensão dos seres vivos que os utilizam, especialmente as algas, o que
é chamado de eutrofização. Quando as descargas de nutrientes são muito
fortes, dá-se o florescimento muito in-tenso de gêneros que predominam em
cada situação em particular. Estas grandes concentrações de algas podem

94
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
trazer prejuízos aos múltiplos usos dessas águas, prejudicando seriamente o
abastecimento público ou causando poluição por morte e decomposição. O
controle da eutrofização, através da redução do aporte de nitrogênio é
comprometido pela multiplicidade de fontes, algumas muito difíceis de serem
controladas como a fixação do nitrogênio atmosférico, por parte de alguns
gêneros de algas. Por isso, deve-se investir preferencialmente no controle das
fontes de fósforo.
Deve ser lembrado também que os processos de tratamento de esgotos
empregados atualmente no Brasil, não são otimizados para a remoção de
nutrientes e os efluentes finais tratados liberam grandes quantidades destes
que também podem dar margem à ocorrência do processo de eutrofização.
Nos reatores biológicos das estações de tratamento de esgotos, o
carbono, o nitrogênio e o fósforo, têm que se apresentar em proporções
adequadas para possibilitar o crescimento celular sem limitações nutricionais
com base na composição das células dos microrganismos que formam parte

QUÍMICA AMBIENTAL
dos tratamentos, costuma-se exigir uma relação DBO5,20:N:P mínima de
100:5:1 em processos aeróbios e uma relação DQO:N:P de pelo menos
350:7:1 em reatores anaeróbios. Deve ser notado que estas exigências
nutricionais podem variar de um sistema para outro, principalmente em função
do tipo de substrato. Os esgotos sanitários são bastante diversificados em
compostos orgânicos; já alguns efluentes industriais possuem composição bem
mais restrita, com efeito sobre o ecossistema a ser formado nos reatores
biológicos para o tratamento e sobre a relação C/N/P. No tratamento de
esgotos sanitários, estes nutrientes encontram-se em excesso, não havendo
necessidade de adicioná-los artificialmente, ao contrário, o problema está em
removê-los. Alguns efluentes industriais, como é o caso dos produtores de
celulose, que são compostos basicamente de carboidratos, não possuindo
praticamente nitrogênio e fósforo, estes devem ser adicionados de forma a
perfazer as relações recomendadas, utilizando-se para isto uréia granulada,
rica em nitrogênio e fosfato de amônia que possui nitrogênio e fósforo, dentre
outros produtos comerciais.
Pela legislação federal em vigor, o nitrogênio amoniacal é padrão de
classificação das águas naturais e padrão de emissão de esgotos. A amônia é
um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que muitas espécies não

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


suportam concentrações acima de 5 mg/L. Além disso, como visto
anteriormente, a amônia provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas
naturais ao ser oxidado biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio
por estes motivos, a concentração de nitrogênio amoniacal é importante
parâmetro de classificação das águas naturais e normalmente utilizado na
constituição de índices de qualidade das águas.
Os nitratos são tóxicos, causando uma doença chamada
metahemoglobinemia infantil, que é letal para crianças (o nitrato reduz-se a
nitrito na corrente sangüínea, competindo com o oxigênio livre, tornando o
sangue azul).

Série de Enxofre (Sulfeto e Sulfato)


O sulfeto de hidrogênio (H2S) é um composto liberado em vários
processos industriais, tais como o de produção de celulose e papel, curtumes,
petroquímicas e cervejarias.
Ele é altamente tóxico para a vida aquática, mesmo em baixas
concentrações. Também o é para a vida humana, podendo causar até a morte.
Além disso, suas propriedades corrosivas quando em contato com metais e
seu forte odor o tornam um subproduto indesejável.
Atualmente, para o tratamento dessas “águas ácidas”, pode-se optar
pelos processos físico-químicos, nos quais são adicionados oxidantes a água
residuária, resultando na for-mação de sulfatos (SO4)2-.
Pode-se também incinerar o H2S em concentrações de 200 a 500 ppm,
oxidando-o a dióxido de enxofre (SO2), que é um poluente atmosférico. Esses
processos possuem um alto custo operacional, bem como os gastos para o
tratamento de sulfato e do solvente ácido usado nesse processo. Alternativas
são a precipitação química e a aeração.
O processo biológico é um processo alternativo para a remoção do
sulfeto, e pode deixar o efluente com uma concentração menor que 1ppm.
Esse processo utiliza bactérias sulfurosas, que podem ser aeróbias ou
anaeróbias. O processo anaeróbio é bastante vantajoso, pois não há odor, tem-
se simplicidade operacional, baixo custo e ainda o produto final é o enxofre
elementar, que possui um maior valor agregado que qualquer outra forma de

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
enxofre e é utilizado como matéria prima em indústrias de fertilizantes e de
materiais manufaturados, por exemplo.
O sulfato é um dos íons mais abundantes na natureza. Em águas
naturais, a fonte de sulfato ocorre através da dissolução de solos e rochas e
pela oxidação de sulfeto.
As principais fontes antrópicas de sulfato nas águas superficiais são as
descargas de esgotos domésticos e efluentes industriais. Nas águas tratadas é
proveniente do uso de coagulantes.
É importante o controle do sulfato na água tratada, pois a sua ingestão
provoca efeito laxativo. Já no abastecimento industrial, o sulfato pode provocar
incrustações nas caldeiras e trocadores de calor. E na rede de esgoto, em
trechos de baixa declividade onde ocorre o depósito da matéria orgânica, o
sulfato pode ser transformado em sulfeto, ocorrendo à exalação do gás
sulfídrico, que resulta em problemas de corrosão em coletores de esgoto de
concreto e odor, além de ser tóxico.

QUÍMICA AMBIENTAL
Carbono Orgânico Dissolvido e Absorbância no Ultravioleta
Estas duas variáveis não estão sujeitas à legislação, mas é importante
que sejam rotineiramente avaliadas durante um determinado período, para que
seja possível obter-se uma correlação entre estas e a concentração de
compostos precursores de trihalometanos, o que poderá facilitar a detecção
quando de possíveis alterações na qualidade da água com relação à presença
desse tipo de compostos.

Carbono Orgânico Total (TOC)


O carbono orgânico total é composto pelo carbono orgânico dissolvido e
particulado. A análise de COT independe do estado de oxidação da matéria
orgânica e não sofre a interferência de outros átomos que estejam ligados à
estrutura orgânica, quantificando apenas o carbono presente na amostra. O
carbono orgânico em água doce origina-se da matéria viva e também como
componente de vários efluentes e resíduos. Dessa maneira, o carbono
orgânico total na água é um indicador útil do grau de poluição do corpo hídrico.
Dureza em depósitos subterrâneos, a água pode entrar em contato com
certos materiais como o calcário (CaCO3) ou a dolomita (CaCO3. MgCO3).

97

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Dessa forma, passa a existir em sua composição uma quantidade excessiva de
íons Ca2+ e Mg2+, na forma de bicarbonatos (HCO3-), nitratos (NO3-), cloretos
(Cl-) e sulfatos (SO42-) o que a torna imprópria para consumo humano. A esse
tipo de água chamamos água dura (com teores acima de 150 mg/L), mole (com
teores abaixo de 75 mg/L) ou moderada (com teores entre 75 e 150 mg/L)
então podemos dizer que a dureza na água está relacionada à quantidade de
cálcio e magnésio existente na mesma.
Quando em contato com sabão, a água dura não faz espuma, pois os
íons Ca2+ e Mg2+ reagem com o sabão e formam um precipitado.
O tratamento da água dura para a retirada de Ca2+ e Mg2+ é conhecido
por abrandamento ou amolecimento e consiste em fazer a água atravessar
uma resina que captura os íons Ca2+ e Mg2+, substituindo-os por íons não
prejudiciais ao homem, tais como o Na+ e o H+. Esse procedimento é chamado
de método da troca iônica. A remoção da dureza pode também ser efetuada
por fervura ou pela adição de algumas substâncias amolecedoras, tais como:
Hidróxido de Sódio (NaOH), Carbonato de Sódio (Na2CO3), Fosfato de Sódio
(Na3PO4) e Sulfato de Alumínio (Al2(SO4)3).

Surfactantes
Analiticamente, isto é, de acordo com a metodologia analítica
recomendada, detergentes ou surfactantes são definidos como compostos que
reagem com o azul de metileno sob certas condições especificadas. Estes
compostos são designados “substâncias ativas ao azul de metileno” (MBAS –
Metilene Blue Active Substances) e suas concentrações são relativas ao
sulfonato de alquil benzeno linear (LAS) que é utilizado como padrão na
análise.
Os esgotos sanitários possuem de 3 a 6 mg/L de detergentes. As
indústrias de detergentes descarregam efluentes líquidos com cerca de 2000
mg/L do princípio ativo. Outras indústrias, incluindo as que processam peças
metálicas, empregam detergentes especiais com a função de desengraxante,
como o percloretileno.
As descargas indiscriminadas de detergentes nas águas naturais levam
a prejuízos de ordem estética provocados pela formação de espumas. Um dos
casos mais críticos de for-mação de espumas ocorre no Município de Pirapora

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
do Bom Jesus, no Estado de São Paulo. Localiza-se às margens do Rio Tietê,
a jusante da Região Metropolitana de São Paulo, recebendo seus esgotos, em
grande parte, sem tratamento.
A existência de corredeiras leva ao desprendimento de espumas que
formam continua-mente camadas de pelo menos 50 cm sobre o leito do rio, sob
a ação dos ventos, a espuma espalha-se sobre a cidade, contaminada
biologicamente e impregnando-se na superfície do solo e dos materiais,
tornando-os oleosos.
Além disso, os detergentes podem exercer efeitos tóxicos sobre os
ecossistemas aquáticos. Os sulfonatos de alquil benzeno de cadeia linear
(LAS) têm substituído progressiva-mente os sulfonatos de aquil benzeno de
cadeia ramificada (ABS), por serem considerados biodegradáveis. No Brasil
esta substituição ocorreu a partir do início da década de 80 e embora tenham
sido desenvolvidos testes padrão de biodegradabilidade, este efeito não é
ainda conhecido de forma segura. Os testes de toxicidade têm sido mais bem

QUÍMICA AMBIENTAL
desenvolvidos e há certa tendência a serem mais utilizados nos programas de
controle de poluição.
Os detergentes têm sido responsabilizados também pela aceleração da
eutrofização. Além de a maioria dos detergentes comerciais empregados
serem rica em fósforo, sabe-se que exercem efeito tóxico sobre o zooplâncton,
predador natural das algas. Segundo este conceito, não bastaria apenas à
substituição dos detergentes superfosfatados para o controle da eutrofização.
Os detergentes em geral são feitos a partir da mistura de alquil-benzeno-
sulfonatos. A diferença nos biodegradáveis começa na cadeia carbônica que os
constitui. Repare que a cadeia não possui nenhuma ramificação, é classificada
como linear. Um detergente é considerado não biodegradável se em sua
cadeia de hidrocarbonetos houver ramificações. Como vemos, a estrutura
acima está isenta de ramificação, a parte à esquerda da molécula é
considerada linear. Mas veja abaixo: A estrutura dos detergentes não
biodegradáveis possui ramificações na cadeia carbônica, observe à esquerda
da molécula. A maioria destes detergentes vai parar em rios através da rede de
esgoto, eles são responsáveis pela poluição conhecida como cisnes de deter-
gentes: espumas esbranquiçadas e densas que impedem a entrada de gás
oxigênio na água, o que afeta as formas aeróbicas aquáticas. Por que as

99

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


ramificações da cadeia carbônica tornam o detergente não biodegradável? Os
micro-organismos existentes na água produzem enzimas capazes de quebrar
as moléculas de cadeias lineares presentes nos detergentes biodegradáveis
mas essas mesmas enzimas não reconhecem as cadeias ramificadas
presentes nos detergentes não biodegradáveis, por esse motivo eles
permanecem na água sem sofrer decomposição. Quando for fazer compras,
opte por levar o produto com o selinho de biodegradável. Quem se preocupa
com o Meio ambiente fará com certeza esta opção.
Como os detergentes atuam para promover a limpeza de superfícies
gordurosas? Você já percebeu como o detergente é eficiente para limpar
recipientes de frituras, mas o mais curioso é que o segredo para essa ação
está nas moléculas de água, sabão e gorduras. Sobre os detergentes: são
compostos orgânicos sintéticos que possuem longas cadeias de
hidrocarbonetos. A parte ativa da molécula de detergente é a catiônica (NH3+),
este cátion é denominado de sal de amônio quaternário. O nome detergente
não podia ser mais apropriado, do grego detergere = limpar. Como a intenção
desse produto sintético é limpar, vejamos como é possível. A estrutura do
sabão possui uma parte polar e outra apolar, veja: A extremidade apolar é
hidrófoba e a polar é hidrófila, ou seja, a cadeia de hidrocarbonetos não tem
afinidade pela água, mas o grupo polar sim, considerando que a água também
é polar. Lembre-se da regra: “semelhante dissolve semelhante”. Até aqui temos
uma explicação da atração do detergente pela água, mas o que isso tem a ver
com limpeza? A parte apolar do sabão interage com a gordura (sujeira) ao
mesmo tempo em que a parte polar reage com a água, neste momento são
formadas partículas (micelas) de detergente que ficam espalhadas na água,
agilizando o processo de limpeza.
Micela de detergente:
As cargas positivas representam a polaridade do cátion NH3+ em meio
aquoso.
A limpeza que você realiza dentro de casa pode gerar graves
conseqüências fora dela. Mas como assim? A maioria dos produtos usados
para higiene doméstica é responsável por poluir rios, lagos e mares, salvo os
biodegradáveis que não se acumulam na natureza. Tudo começa quando você
abre a torneira da pia e começa a lavar a louça, toda aquela espuma

100
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
característica de detergentes pode parecer bonita naquele momento, mas se
torna “horripilante” quando depositada em rios. Como exemplo temos o Rio
Tietê, localizado na cidade de São Paulo, você já reparou naquelas densas
espumas escuras? Elas são provenientes de detergentes e materiais
orgânicos. Mas qual a explicação química para este acúmulo na natureza? Os
resíduos de sabão sofrem decomposição pelos microorganismos existentes na
água dos rios, sendo assim se tornam biodegradáveis, ou seja, não poluem o
meio ambiente. Os detergentes por sua vez se acumulam nos rios formando
uma camada de espuma. Na água existem microorganismos produzindo
enzimas capazes de quebrar as moléculas de cadeia carbônica linear que
caracterizam os sabões. Essas enzimas não reconhecem as cadeias
ramificadas presentes nos detergentes, e por isso eles permanecem na água
sem sofrer decomposição, o que ocasiona a poluição. As espumas de poluição
são conhecidas como "cisnes de detergentes", elas impedem a entrada de gás
oxigênio na água, o que afeta as formas aeróbicas aquáticas. Além disso, as

QUÍMICA AMBIENTAL
penas das aves cujo habitat natural é nas beiras de rio, passam por uma triste
conseqüência: em contato com os detergentes elas perdem a secreção oleosa
que as impermeabiliza impedindo-as de molhar, se as penas se molham ao
entrar em contato com a água, as aves tendem a se afundar e
conseqüentemente morrerem afogadas.

VARIÁVEIS FÍSICAS
Cor
A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de
intensidade que a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção
de parte da radiação eletromagnética), devido à presença de sólidos
dissolvidos, principalmente material em estado coloidal orgânico e inorgânico
dentre os coloides orgânicos, podem-se mencionar os ácidos húmico e fúlvico,
substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de compostos
orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos. Também os esgotos
sanitários se caracterizam por apresentarem predominantemente matéria em
estado coloidal, além de diversos efluentes industriais contendo taninos
(efluentes de curtumes, por exemplo), anilinas (efluentes de indústrias têxteis,

101

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


indústrias de pigmentos etc.), lignina e celulose (efluentes de indústrias de
celulose e papel, da madeira etc.).
Há também compostos inorgânicos capazes de possuir as propriedades
e provocar os efeitos de matéria em estado coloidal. Os principais são os
óxidos de ferro e manganês, que são abundantes em diversos tipos de solo
alguns outros metais presentes em efluentes industriais conferem-lhes cor,
mas, em geral, íons dissolvidos pouco ou quase nada interferem na passagem
da luz. O problema maior de cor na água, em geral, é o estético, já que causa
um efeito repulsivo aos consumidores.
É importante ressaltar que a coloração, realizada na rede de
monitoramento, consiste basicamente na observação visual do técnico de
coleta no instante da amostragem.

Série de Sólidos
Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que
permanece como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da
amostra a uma temperatura pré-estabelecida durante um tempo fixado. Em
linhas gerais, as operações de secagem, calcinação e filtração são as que
definem as diversas frações de sólidos presentes na água (sólidos totais, em
suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os métodos empregados para
a determinação de sólidos são gravimétricos (utilizando-se balança analítica ou
de precisão).
Nos estudos de controle de poluição das águas naturais, principalmente
nos estudos de caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais,
as determinações dos níveis de concentração das diversas frações de sólidos
resultam em um quadro geral da distribuição das partículas com relação ao
tamanho (sólidos em suspensão e dissolvidos) e com relação à natureza (fixos
ou minerais e voláteis ou orgânicos).
Este quadro não é definitivo para se entender o comportamento da água
em questão, mas constitui-se em uma informação preliminar importante. Deve
ser destacado que, embora a concentração de sólidos voláteis seja associada
à presença de compostos orgânicos na água, não propicia qualquer informação
sobre a natureza específica das diferentes moléculas orgânicas eventualmente
presentes que, inclusive, iniciam o processo de volatilização em temperaturas

102
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
diferentes, sendo a faixa compreendida entre 550-600ºC uma faixa de
referência. Alguns compostos orgânicos volatilizam-se a partir de 250ºC,
enquanto que outros exigem, por exemplo, temperaturas superiores a 1000ºC.
No controle operacional de sistemas de tratamento de esgotos, algumas
frações de sólidos assumem grande importância. Em processos biológicos
aeróbios, como os sistemas de lodos ativados e de lagoas aeradas
mecanicamente, bem como em processos anaeróbios, as concentrações de
sólidos em suspensão voláteis nos lodos dos reatores tem sido utilizadas para
se estimar a concentração de microrganismos decompositores da matéria
orgânica. Isto por que as células vivas são, em última análise, compostos
orgânicos e estão presentes formando flocos em grandes quantidades
relativamente à matéria orgânica “morta” nos tanques de tratamento biológico
de esgotos. Embora não representem exatamente a fração ativa da biomassa
presente, os sólidos voláteis têm sido utilizados de forma a atender as
necessidades práticas do controle de rotina. Imagine-se as dificuldades que se

QUÍMICA AMBIENTAL
teria se fosse utilizada, por exemplo, a concentração de DNA para a identifica-
ção da biomassa ativa nos reatores biológicos.
Algumas frações de sólidos podem ser inter-relacionadas produzindo
informações importantes. É o caso da relação SSV/SST que representa o grau
de mineralização de lodos. Por exemplo, determinado lodo biológico pode ter
relação SSV/SST = 0,8 e, depois de sofrer processo de digestão bioquímica,
ter esse valor reduzido abaixo de 0,4.
Para o recurso hídrico, os sólidos podem causar danos aos peixes e à
vida aquática. Eles podem se sedimentar no leito dos rios destruindo
organismos que fornecem alimentos, ou também danificar os leitos de desova
de peixes. Os sólidos podem reter bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos
rios, promovendo decomposição anaeróbia. Altos teores de sais minerais,
particularmente sulfato e cloreto, estão associados à tendência de corrosão em
sistemas de distribuição, além de conferir sabor às águas.

Temperatura
Variações de temperatura é parte do regime climático normal e, corpos
de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como
estratificação vertical. A temperatura superficial é influenciada por fatores tais

103

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


como latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e
profundidade. A elevação da temperatura em um corpo d’água geralmente é
provocada por despejos industriais (indústrias canavieiras, por exemplo) e
usinas termoelétricas.
A temperatura desempenha um papel principal de controle no meio
aquático, condicionando as influências de uma série de variáveis físico-
químicas. Em geral, à medida que a temperatura aumenta, de 0 a 30°C, a
viscosidade, tensão superficial, compressibilidade, calor específico, constante
de ionização e calor latente de vaporização diminuem, enquanto a
condutividade térmica e a pressão de vapor aumentam. Organismos aquáticos
possuem limites de tolerância térmica superior e inferior, temperaturas ótimas
para crescimento, temperatura preferida em gradientes térmicos e limitações
de temperatura para migração, desova e incubação do ovo.

Transparência
Essa variável pode ser medida facilmente no campo utilizando-se o
disco de Secchi, um disco circular branco ou com setores branco e preto e um
cabo graduado, que é mergulhado na água até a profundidade em que não
seja mais possível visualizar o disco. Essa profundidade a qual o disco
desaparece, e logo reaparece, é a profundidade de transparência. A partir da
medida do disco de Secchi, é possível estimar a profundidade da zona fótica,
ou seja, mede a profundidade de penetração vertical da luz solar na coluna
d’água. Na zona fótica ocorre a fotossíntese, indicando o nível da atividade
biológica de lagos ou reservatórios.

Turbidez
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de
intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la (esta redução dá-se por
absorção e espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbidez
nas águas são maiores que o comprimento de onda da luz branca), devido à
presença de sólidos em suspensão, tais como partículas inorgânicas (areia,
silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e bactérias, plâncton em geral, etc. A
erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo de
fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas e que exigem

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
manobras operacionais, como alterações nas dosagens de coagulantes e
auxiliares, nas estações de tratamento de águas. A erosão pode decorrer do
mau uso do solo em que se impede a fixação da vegetação. Este exemplo
mostra também o caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-relações ou
transferência de problemas de um ambiente (água, ar ou solo) para outro.
Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais também provocam
elevações na turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em
conseqüência das atividades de mineração, onde os aumentos excessivos de
turbidez têm provocado formação de grandes bancos de lodo em rios e
alterações no ecossistema aquático.
Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e
algas. Esse desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a
produtividade de peixes. Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades
biológicas aquáticas. Além disso, afeta adversamente os usos doméstico,
industrial e recreacional de uma água.

QUÍMICA AMBIENTAL
Inversão térmica
A concentração de poluentes está fortemente relacionada às condições
meteorológicas. Alguns dos parâmetros que favorecem altos índices de
poluição são: alta porcentagem de calmaria, ventos fracos e inversões térmicas
a baixa altitude. Este fenômeno é particular-mente comum no inverno paulista,
quando as noites são frias e a temperatura tende a se elevar rapidamente
durante o dia, provocando alteração no resfriamento natural do ar.
A inversão térmica se caracteriza por uma camada de ar quente que se
forma sobre a cidade, “aprisionando” o ar e impedindo a dispersão dos
poluentes.
Nos primeiros 10 km da atmosfera, normalmente, o ar vai se resfriando à
medida que nos distanciamos da superfície da terra. Assim o ar mais próximo à
superfície, que é mais quente, portanto mais leve, pode ascender, favorecendo
a dispersão dos poluentes emitidos pelas fontes.
A inversão térmica é uma condição meteorológica que ocorre quando uma
camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o
movimento ascendente do ar, uma vez que, o ar abaixo dessa camada fica

105

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


mais frio, portanto, mais pesado, fazendo com os poluentes se mantenham
próximos da superfície.

NOx - Óxido de Nitrogênio (NO) e Dióxido de Nitrogênio (NO2)


São formados durante processos de combustão. Em grandes cidades,
os veículos geral-mente são os principais responsáveis pela emissão dos
óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar se transforma em NO2 e
tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos como o ozônio
dependendo das concentrações, o NO2 causa prejuízos à saúde.
Formam-se quando o N2 do ar reage com o O2 no processo de queima
de combustível fóssil a altas temperaturas. São chamadas de NOx. São
produzidos também pela atividade das bactérias que existem no solo. No meio
rural sua concentração é baixa e nas zonas urbanas sua concentração é de 10
a 100 vezes maior. Provoca chuva ácida quando no NO2 oxida e reage coma
umidade do ar formando o HNO3 (acido nítrico) que provoca chuva ácida.

Smog
O Smog é proveniente da queima incompleta dos combustíveis fósseis
(à base de petróleo). Os gases lançados pelos carburadores dos carros não se
acumulam somente ao nível do solo, eles tendem a subir e formar uma densa
neblina. Com certeza a paisagem fica prejudicada com a presença da fumaça
escura, e o pior é que não é só por uma questão de beleza. O Smog causa
sérios danos à saúde do homem, mais precisamente ao aparelho respiratório
problemas como irritação constante na garganta e narinas, são problemas
comuns aos moradores de capitais onde o tráfego de automóveis se intensifica
a cada dia. Veja agora quais os tipos de Smog existem:
a) Smog urbana: a mais comum é uma mistura de poluentes gasosos,
neblina e partículas sólidas (poeira). A coloração escura se deve à
junção destes materiais.
b) Smog Industrial: presença de compostos mais nocivos à saúde,
como H2SO4 (ácido sulfúrico), SO2 (dióxido de enxofre), cinzas, fuligem,
entre outros. É por isso que a poluição industrial é considerada um risco
à humanidade.

106
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
c) Smog fotoquímica: o próprio nome já define, ela ocorre em presença
de luz. Esta neblina é comum nos dias muito quentes e secos, em sua
composição encontramos dióxido de nitrogênio (NO2) provindo de
escapamentos de automóveis.

Os locais de intenso tráfego de veículos e luz solar incidente, com altas


temperaturas e ventos calmos, são os pontos mais comuns onde aparecem
Smogs fotoquímicos. O grau de umidade da atmosfera também é um fator
favorável devem razão da presença de gotículas de água suspensas no ar
neste caso uma mistura de névoa com partículas de fumaça se acumula nas
proximidades do solo em vez de subir.

CAPITULO 8.
QUÍMICA AMBIENTAL DO SOLO

QUÍMICA AMBIENTAL
O solo é uma camada finamente dividida de minerais resistentes e
materiais orgânicos que favorecem o crescimento das plantas. Para os seres
humanos e a maioria dos organismos terrestres, o solo é a parte mais
importante da geosfera. Embora o solo corresponda a uma faixa muito estreita
quando comparado com o diâmetro total da Terra, é dele que provém à maioria
dos alimentos requeridos pelos organismos terrestres. Um solo fértil e um clima
que contribui para sua produtividade são valiosos recursos que uma nação
pode ter.
Além de ser o local da maior parte da produção de alimentos, o solo é o
receptor de grandes quantidades de poluentes. Fertilizantes, pesticidas, e
resíduos sólidos depositados no solo freqüentemente contribuem para poluição
da água e do ar.
O solo é formado pelo desgaste de rochas como resultado da interação
dos processos geológico, hidrológico, e biológico. Solos são porosos e
verticalmente estratificados em linhas horizontais, como o resultado da filtração
de água e de processos biológicos. São sistemas abertos que sofrem
constantes trocas de substâncias e energia com a atmosfera, hidrosfera e
biosfera.

107

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O solo, como recurso natural básico, disponibiliza múltiplas funções ou
serviços aos seres vivos em geral e ao Homem em particular, constituindo:
O homem possui a tendência natural de utilizar o solo como receptáculo
de seus resíduos. Deste modo, grande quantidade de resíduos é disposta no
solo, ocasionando assim a contaminação e a poluição do mesmo.
Lixo é todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades diárias do
homem em sociedade. Pode encontrar-se nos estados sólido, líquido e gasoso.
Como exemplo de lixo tem as sobras de alimentos, embalagens, papéis,
plásticos e outros.
A definição de lixo como material inservível e não aproveitável é, na
atualidade, com o crescimento da indústria da reciclagem, considerada relativa,
pois um resíduo poderá ser inútil para algumas pessoas e, ao mesmo tempo,
considerado como aproveitável para outras.
O solo é uma mistura de vários minerais, matéria orgânica e água capaz
de manter a vida das plantas na superfície terrestre. É o produto final das
ações dos processos físicos, químicos e biológicos que degradam as rochas e
em grande parte produzem minerais. A porção orgânica do solo consiste em
biomassa de plantas em várias fases de apodrecimento. No solo podem ser
encontradas muitas populações de bactérias, fungos, e animais como minhoca.
Por exemplo:
A fração sólida do solo possui aproximadamente 5% de matéria orgânica
e 95% de matéria inorgânica. Alguns solos podem conter até 95% de material
orgânico ou menos de 1% desse material.
Os solos típicos mostram camadas características com o aumento da
profundidade. Estas camadas são chamadas horizontes; os horizontes formam-
se como o resultado de interações complexas que ocorrem devido ao desgaste
do solo provocado pelas mudanças ao longo do tempo.
A água da chuva que atravessa o solo carrega sólidos dissolvidos e
coloidais para horizontes inferiores, onde eles são depositados. Processos
biológicos, tais como o apodrecimento bacteriano da biomassa das plantas,
produzem CO2 ligeiramente ácido, ácidos orgânicos, e combinações de
complexos que são levados através da água da chuva para horizontes
inferiores, onde eles interagem com areia e minerais, alterando as
propriedades dos mesmos.

108
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A camada do topo do solo, de vários centímetros de espessura, é
conhecida como o horizonte A, ou camada da superfície do solo. Esta é a
camada de máxima atividade biológica no solo e contém a maior parte de
material orgânico.
A camada seguinte é o horizonte B, ou subsolo. Recebe materiais tais
como matéria orgânica, sais e partículas de areia que são carreadas do
horizonte A. O horizonte C é composto de rochas desgastadas a partir das
quais se originou o solo.
Os solos exibem uma grande variedade de características que são
usadas para a sua classificação para vários propósitos, inclusive produção
agrícola, construção de estrada e etc. Outras características do solo incluem
resistência, viabilidade, tamanho de partícula, permeabilidade, e grau de
desenvolvimento.

QUÍMICA AMBIENTAL
Compostos químicos existentes no solo
Água no solo
São requeridas grandes quantidades de água para produção da maioria
das substâncias da planta. A água é o meio de transporte básico para levar
nutrientes essenciais de partículas sólidas do solo à planta através de suas
raízes para as partes mais distantes de sua estrutura.
Normalmente, devido ao pequeno tamanho de partículas do solo e a
presença de peque-nos vasos capilares e poros, a fase de água não é
totalmente independente da parte sólida do solo. A disponibilidade de água
para plantas é governada por inclinações do vaso capilar e forças
gravitacionais. Os nutrientes dissolvidos em água dependem da variação da
concentração e dos potenciais elétricos. A presença de água em espaços
maiores no solo é relativamente disponível às plantas e facilmente escoa. A
água contida em poros menores ou entre as partículas de areia é retida mais
fortemente.
Um dos efeitos químicos mais marcantes do encharcamento é a redução
do potencial de oxidação (pE) pela ação de agentes redutores orgânicos que
agem através de bactérias catalisadoras. Assim, a condição de oxi-redução do
solo torna-se muito mais redutora, e o pE do solo pode diminuir o pH da água
em equilíbrio com o ar (pE= +13.6 a pH 7) para 1 ou menos. Um dos resultados

109

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


mais significativos desta mudança é a transformação de ferro e manganês em
ferro solúvel (II) e manganês (II) por redução dos seus óxidos insolúveis com
maiores graus de oxidação:
MnO2 + 4H+ + 2e- -------> Mn2+ + 3H2O
Fe2O3 + 6H+ + 2e- -------> 2Fe2+ + 3H2O
Alguns íons de metais solúveis como Fe2+ e Mn2+ são tóxicos às
plantas a níveis muito altos. Por outro lado, a oxidação para óxidos insolúveis
pode causar formação de depósitos de Fe2O3 e MnO2 que dificultam o
escoamento da água no solo.

A solução solo
A solução solo é a porção aquosa do solo que contém materiais
dissolvidos provenientes dos processos químicos e bioquímicos do solo e
provenientes da troca com a hidrosfera e biosfera. Este meio transporta
espécies químicas para as partículas do solo, mantendo um contato íntimo
entre os solutos e as partículas do solo. Além de fornecer água para
crescimento de planta, é um meio essencial para a troca de nutrientes da
planta entre as raízes e terra sólida.
Obter uma amostra de solução de solo é freqüentemente muito difícil
porque a parte mais significante está confinada em vasos capilares e filmes de
superfície. O meio mais direto é a coleta da água de drenagem. A solução do
solo pode ser isolada do solo através da separação mecânica por
centrifugação, pressão ou tratamento no vácuo.
O material mineral dissolvido no solo está presente na forma de íons
proeminentes entre os cátions estão H+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+, e normalmente
quantidades menores de Fe2+, Mn2+, e Al3+. Os últimos três cátions podem
estar presentes parcialmente hidrolisados como FeOH, ou complexados
através de substâncias ligantes de húmicos orgânicos. Os â-nions que podem
estar presentes são HCO3-, CO32-, HSO4-, SO42-, Cl-, e F-. Além de ser
ligado a H+ em espécies como bicarbonatos (ajuste de acidez), os ânions
podem ser complexados com íons de metal, como em AlF2+. Cátions e ânions
de multivalência for-mam íons emparelhados entre si, por exemplo, CaSO4 e
FeSO4.

110
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Ajuste de acidez no solo
A maioria das plantas comuns cresce melhor em solos com pH próximo
da neutralidade. Para um solo muito ácido, o ótimo desenvolvimento da planta
é alcançado restituindo o solo com carbonato de cálcio.
Solo} (H+)2 + CaCO3 -------> Solo} Ca2+ + CO2 + H2O
Em áreas de pouca chuva, os solos podem ficar muito básicos
(alcalinos) devido à presença de sais básicos como Na2CO3. Os solos
alcalinos podem ser tratados com alumínio ou sulfato de ferro que formam
ácido hidrólises:
2Fe3+ + 3SO42- + 6H2O -------> 2Fe(OH)3 + 6H+ + 3 SO42-
O enxofre é usado para acidificar terras alcalinas, sendo oxidado através
de reações com bactérias, produzindo ácido sulfúrico. Altas taxas de enxofre
que são eliminadas dos combustíveis fósseis poluindo o ar, através do dióxido
de enxofre, podem fazer o trata-mento de terras alcalinas, o que é
economicamente muito atraente.

QUÍMICA AMBIENTAL
Água no solo:
São requeridas grandes quantidades de água para produção da maioria
das substâncias da planta. A água é o meio de transporte básico para levar
nutrientes essenciais de partículas sólidas do solo à planta através de suas
raízes para as partes mais distantes de sua estrutura.
Normalmente, devido ao pequeno tamanho de partículas do solo e a
presença de peque-nos vasos capilares e poros, a fase de água não é
totalmente independente da parte sólida do solo. A disponibilidade de água
para plantas é governada por inclinações do vaso capilar e forças
gravitacionais. Os nutrientes dissolvidos em água dependem da variação da
concentração e dos potenciais elétricos. A presença de água em espaços
maiores no solo é relativamente disponível às plantas e facilmente escoa. A
água contida em poros menores ou entre as partículas de areia é retida mais
fortemente.
Um dos efeitos químicos mais marcantes do encharcamento é a redução
do potencial de oxidação (pE) pela ação de agentes redutores orgânicos que
agem através de bactérias catalisadoras. Assim, a condição de oxi-redução do
solo torna-se muito mais redutora, e o pE do solo pode diminuir o pH da água
em equilíbrio com o ar (pE= +13.6 a pH 7) para 1 ou menos. Um dos resultados

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CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


mais significativos desta mudança é a transformação de ferro e manganês em
ferro solúvel (II) e manganês (II) por redução dos seus óxidos insolúveis com
maiores graus de oxidação:
MnO2 + 4H+ + 2e- ------->Mn2++ 3H2O
Fe2O3 + 6H+ + 2e- -------> 2Fe2+ + 3H2O
Alguns íons de metais solúveis como Fe2+ e Mn2+ são tóxicos às
plantas a níveis muito altos. Por outro lado, a oxidação para óxidos insolúveis
pode causar formação de depósitos de Fe2O3 e MnO2 que dificultam o
escoamento da água no solo.

A solução solo:
A solução solo é a porção aquosa do solo que contém materiais
dissolvidos provenientes dos processos químicos e bioquímicos do solo e
provenientes da troca com a hidrosfera e biosfera. Este meio transporta
espécies químicas para as partículas do solo, mantendo um contato íntimo
entre os solutos e as partículas do solo. Além de fornecer água para
crescimento de planta, é um meio essencial para a troca de nutrientes da
planta entre as raízes e terra sólida.
Obter uma amostra de solução de solo é freqüentemente muito difícil
porque a parte mais significante está confinada em vasos capilares e filmes de
superfície. O meio mais direto é a coleta da água de drenagem. A solução do
solo pode ser isolada do solo através da separação mecânica por
centrifugação, pressão ou tratamento no vácuo.
O material mineral dissolvido no solo está presente na forma de íons
proeminentes entre os cátions estão H+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+, e normalmente
quantidades menores de Fe2+, Mn2+, e Al3+. Os últimos três cátions podem
estar presentes parcialmente hidrolisados como FeOH+, ou complexados
através de substâncias ligantes de húmicos orgânicos. Os ânions que podem
estar presentes são HCO3-, CO32-, HSO4-, SO42-, Cl-, e F-. Além de ser
ligado a H+ em espécies como bicarbonatos (ajuste de acidez), os ânions
podem ser complexados com íons de metal, como em AlF2+. Cátions e ânions
de multivalência for-mam íons emparelhados entre si, por exemplo, CaSO4 e
FeSO4.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Ajuste de acidez no solo
A maioria das plantas comuns cresce melhor em solos com pH próximo
da neutralidade. Para um solo muito ácido, o ótimo desenvolvimento da planta
é alcançado restituindo o solo com carbonato de cálcio.
Solo} (H+)2 + CaCO3 -------> Solo} Ca2+ + CO2 + H2O
Em áreas de pouca chuva, os solos podem ficar muito básicos
(alcalinos) devido à presença de sais básicos como Na2CO3. Os solos
alcalinos podem ser tratados com alumínio ou sulfato de ferro que formam
ácido hidrólises:
2Fe3+ + 3SO42- + 6H2O -------> 2Fe(OH)3 + 6H+ + 3 SO42-
O enxofre é usado para acidificar terras alcalinas, sendo oxidado através
de reações com bactérias, produzindo ácido sulfúrico. Altas taxas de enxofre
que são eliminadas dos combustíveis fósseis poluindo o ar, através do dióxido
de enxofre, podem fazer o trata-mento de terras alcalinas, o que é

QUÍMICA AMBIENTAL
economicamente muito atraente.

Ar no solo
Aproximadamente 35% do volume de solo é composto de ar nos poros
considerando que a atmosfera seca ao nível do mar contém 21% O2 e 0,03%
CO2 de volume, estas porcentagens podem ser bastantes diferentes devido à
decomposição de matéria orgânica:
{CH2O} + O2 ---------> CO2 + H2O
Este processo consome oxigênio (O2) e produz gás carbônico (CO2)
como resultado, a quantidade de oxigênio do ar no solo pode ser muito menor
que 15%, e a quantidade de gás carbônico pode ser de um percentual muito
maior. Assim, a diminuição de material orgânico no solo aumenta o nível de
equilíbrio de CO2 dissolvido na água presente no solo. Este processo diminui o
pH e contribui para formação de minerais de carbonato, particularmente
carbonato de cálcio. O CO2 também dificulta o equilíbrio do processo pelo qual
as raízes absorvem íons metálicos do solo.
Os componentes inorgânicos do solo:
O desgaste das rochas e minerais inorgânicos que compõem o solo
contribui na formação de colóides inorgânicos. Estes colóides são repositórios

113

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


de água e nutrientes da planta que estão disponíveis de acordo com suas
necessidades. Colóides inorgânicos absorvem freqüentemente substâncias
tóxicas do solo, fazendo um papel de desintoxicação de substâncias que, caso
contrário, prejudicariam as plantas. A abundância e o tipo de material coloidal
inorgânico no solo são fatores importantes na determinação da produtividade
do solo. A absorção dos nutrientes da planta através das raízes envolve
freqüentemente interações complexas entre a água e as fases inorgânicas,
este processo é influenciado forte-mente pela estrutura iônica do material
inorgânico do solo. Os elementos mais comuns na crosta terrestre são
oxigênio, sílica, alumínio, ferro, cálcio, sódio, potássio, e magnésio. Assim, os
minerais compostos destes elementos - particularmente sílica e oxigênio -
constituem a maior fração mineral da terra.

Nitrogênio
Na maioria dos solos, mais de 90% do nitrogênio contido é orgânico.
Este nitrogênio orgânico é, principalmente, o produto da biodegradação de
plantas e animais mortos. Ele é eventualmente hidrolisado à NH4+ (nitrogênio
inorgânico), o qual pode ser oxidado à NO3- (nitrogênio inorgânico) pela ação
das bactérias presentes no solo.
O nitrogênio confinado no solo é especialmente importante para manter
a fertilidade do solo. Ao contrário do potássio ou fosfato, o nitrogênio não é um
significante produto do desgaste mineral. Uma das fontes de nitrogênio no solo
é a atmosfera, o qual é transformado por bactérias fixadoras de nitrogênio
através de um processo bioquímico:
3{CH2O} + 2N2 + 3H2O + 4H+  3CO2 + 4NH4+
No entanto, as bactérias fixadoras de nitrogênio não fornecem nitrogênio
suficiente para manter a fertilidade do solo. O nitrogênio inorgânico,
proveniente de fertilizantes ou da água da chuva, é freqüentemente perdido,
em grande parte, pela lixiviação. O húmus do solo, porém, serve como um
reservatório do nitrogênio que as plantas necessitam.
O nitrogênio é um dos principais componentes das proteínas e da
matéria viva. Plantas e cereais cultivados em solos ricos em nitrogênio não
somente rendem mais, como também são freqüentemente ricas em proteínas
e, conseqüentemente, mais nutritivas.

114
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Fósforo
Embora o percentual de fósforo nas plantas seja relativamente baixo, ele
é um componente essencial às plantas. O fósforo como o nitrogênio, deve estar
presente em uma forma inorgânica simples para que possa ser assimilado
pelas plantas. Dentro de uma faixa de pH, as espécies presentes na maioria
dos solos são ortofosfatos, H2PO4- e HPO42-.
O ortofosfato é mais disponível para as plantas em valores de pH perto
da neutralidade. Acredita-se que em solos relativamente ácidos, os íons
ortofosfatos são precipitados ou absorvidos por espécies de Al3+ e Fe3+. Em
solos alcalinos, o ortofosfato pode reagir com carbonato de cálcio para formar
um composto relativamente insolúvel:
3 HPO42- + 5CaCO3(s) + 2H2O -------> Ca5(PO4)3(OH)  + 5HCO3- + OH-

Potássio
O potássio é essencial para o crescimento das plantas. O potássio ativa

QUÍMICA AMBIENTAL
algumas enzimas e desempenha um papel importante no equilíbrio de água
nas plantas. É também essencial para algumas transformações de
carboidratos. O rendimento de uma colheita está diretamente relacionado com
a quantidade de potássio presente no solo. Quando fertilizantes de nitrogênio
são adicionados ao solo para aumentar a produtividade, aumenta a remoção
do potássio. Sendo assim, o potássio pode se tornar um nutriente limitante em
solos fertilizados com grande quantidade de outros nutrientes.
O potássio é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre,
cerca de 2,6%; porém, muito desse potássio não está disponível para as
plantas, pois geralmente se apresenta sob a forma de minerais (silicatos que
contém o potássio, por exemplo - K2O. Al2O3. 4SiO2).

Matéria orgânica no solo


Embora um solo produtivo seja composto de menos que 5% de matéria
orgânica esta determina em grande parte a produtividade do solo. Serve como
uma fonte de alimento para microrganismos através de reações químicas,
influenciando nas propriedades físicas do solo. Algumas combinações de
compostos orgânicos contribuem até mesmo no desgaste de matéria mineral, o
processo pelo qual o solo é formado. Por exemplo, C2O22-, (íon de oxalato),

115

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


produzido através do metabolismo de fungos do solo, quando presente na água
do solo, dissolve minerais, enquanto acelera o processo de desgaste,
aumentando assim a disponibilidade de espécies de íons nutrientes. Este
processo de desgaste envolve complexação de oxalato de ferro ou alumínio em
minerais, representados pela reação abaixo na qual M é Al ou Fe.
3H+ + M(OH)3(s) + M(C2O4)2-(aq) + 2Ca2+ (aq) + 3H2O
Componentes biologicamente ativos da fração orgânica do solo incluem
polissacarídeos, aminoácidos, nucleotídeos, enxofre orgânico e combinações
de fósforo. Húmus, um material insolúvel em água que biodegrada muito
lentamente, compõe a maior parte da matéria orgânica do solo.

Fertilizantes
Fertilizante é um produto destinado para melhorar as condições
nutritivas das plantas e a produtividade do solo. As plantas necessitam de
nutrientes como o nitrogênio, potássio e fósforo, e uma das formas de obter
esses nutrientes é através dos fertilizantes quando depositados no solo. O
nitrogênio mantém a fertilidade do solo, portanto, alimentos e plantas cultivados
em solos com nitrogênio são ricos em proteínas; o potássio é essencial para o
crescimento das plantas e o fósforo é um elemento essencial para todo tipo de
plantas porque é um macronutriente importante, que a planta precisa para
poder completar seu ciclo produtivo.
Os fertilizantes a base de fósforo são obtidos a partir de rochas
fosfáticas, principalmente as apatitas-hidroxiapatita, Ca5(PO4)3OH, e
fluoroapatita, Ca5(PO4)3F, pelo tratamento com ácido sulfúrico. Assim, o
fósforo está presente nestes fertilizantes na forma de superfosfatos simples e
triplos e contém basicamente fosfato monocálcico monohidratado [Ca
(H2PO4)2. H2O], e os fosfatos mono [NH4H2PO4] e diamônico [(NH4)2HPO4].

Componentes Orgânicos do solo.


Húmus é o resíduo da degradação do apodrecimento de plantas, em
grande parte C, H e O. É o componente orgânico mais abundante no solo e
melhora propriedades físicas do solo, troca de nutrientes, reservatório de N
fixo. Dos componentes orgânicos listados, o húmus do solo é o mais
significante. Húmus é composto de frações solúveis chamadas ácidos húmicos

116
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
e fúlvicos, e uma fração insolúvel chamada humina. É o resíduo originado
quando bactérias e fungos biodegradam o material das plantas. A maior parte
da biomassa da planta consiste em celulose relativamente degradável e lignina
resistente à degradação. Entre os principais componentes químicos da lignina
estão os anéis aromáticos conectados por cadeias de alquilas, grupos metilas,
e grupos hidroxilas. Estes artefatos estruturais acontecem no húmus do solo e
dão a ele muitas de suas propriedades características.
Gorduras, resinas e ceras extraídos de lipídios através de solventes
orgânicos. Pequena parte da matéria orgânica do solo pode afetar as
propriedades físicas do solo repelindo água, pode ser fitotóxico.
Sacarídeos Celulose, amido, hemicelulose, gomas - Principal fonte de
alimento para microrganismos do solo, ajuda na estabilização de agregados do
solo.
Nitrogênio orgânico Nitrogênio ligado ao húmus, aminoácidos e outras
composições. Fornece nitrogênio para fertilidade do solo.

QUÍMICA AMBIENTAL
Compostos de fósforo Éster fosfatos, inositol fosfatos (ácido fítico),
fosfolipídios. Fonte de fosfato para a planta.
O acúmulo de matéria orgânica no solo é influenciado fortemente pela
temperatura e pela disponibilidade de oxigênio. Como a taxa de biodegradação
diminui com o declínio da temperatura, a matéria orgânica não degrada
rapidamente em climas mais frios e tende a formar o solo. Em água e em solos
com grandes quantidades de água, a vegetação que se deteriora não tem
acesso fácil a oxigênio, acumulando matéria orgânica. O conteúdo orgânico
pode alcançar 90% em áreas onde plantas crescem e se deterioram em solos
saturados com água.

CAPITULO 9.

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMA DOS ELEMENTOS

As propriedades periódicas dos elementos químicos são as características


inerentes a esses elementos que variam de acordo com sua posição na tabela
periódica, ou seja, com o número atômico.
As propriedades periódicas são:
eletronegatividade, eletropositividade, raio atômico, afinidade

117

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


eletrônica, potencial de ionização, densidade atômica, volume
atômico, temperatura de fusão e temperatura de ebulição. As quatro últimas
propriedades muitas vezes são consideradas aperiódicas por apresentarem
certo desordenamento: o volume atômico cresce, no período, do centro para as
extremidades; as temperaturas de fusão e ebulição crescem com o raio
atômico nas famílias da esquerda (1A e 2A), e decrescem nas da direita (gases
nobres e halogênios).

As propriedades mais estudadas são:

ELETRONEGATIVIDADE
A eletronegatividade é a tendência que um átomo tem em receber
elétrons em uma ligação química, logo, não pode ser calculada a
eletronegatividade de um átomo isolado.

A escala de Pauling, a mais utilizada, define que a eletronegatividade


cresce na família de baixo para cima, devido à diminuição do raio atômico e do
aumento das interações do núcleo com a eletrosfera; e no período da esquerda
pela direita, acompanhando o aumento do número atômico.

O flúor é o elemento mais eletronegativo da tabela periódica.


Eletropositividade

A forma da medição da eletropositividade é a mesma da


eletronegatividade: através de uma ligação química. Entretanto, o sentido é o

118
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
contrário, pois mede a tendência de um átomo em perder elétrons:
os metais são os mais eletropositivos.

A eletropositividade cresce no sentido oposto da eletronegatividade: de


cima para baixo nas famílias e da direita para a esquerda nos períodos.

O frâncio é o elemento mais eletropositivo, logo, tem tendência máxima


à oxidação.

QUÍMICA AMBIENTAL


Obs.: Como os gases nobres são muito inertes, os valores de


eletronegatividade e eletropositividade não são objetos de estudo pela
dificuldade da obtenção desses dados.

Raio Atômico
Raio atômico é, basicamente, a distância do núcleo de um átomo à sua
eletrosfera na camada mais externa. Porém, como o átomo não é rígido,
calcula-se o raio atômico médio definido pela metade da distância entre os
centros dos núcleos de dois átomos de mesmo elemento numa ligação química
em estado sólido.

O raio atômico cresce na família de cima para baixo, acompanhando o


número de camadas dos átomos de cada elemento; e, nos períodos, da direita
para a esquerda.

119

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Quanto maior o número atômico de um elemento no período, maiores
são as forças exercidas entre o núcleo e a eletrosfera, o que resulta num
menor raio atômico.

O elemento de maior raio atômico conhecido é o Césio, entretanto, é


muito provável que o Frâncio tenha um maior raio atômico, porém isto ainda
não foi confirmado, em razão da raridade deste elemento na natureza.

Afinidade Eletrônica
A afinidade eletrônica mede a energia liberada por um átomo em estado
fundamental e no estado gasoso ao receber um elétron. Ou ainda, a energia
mínima necessária para a retirada de um elétron de um ânion de um
determinado elemento.

Nos gases nobres, novamente, a afinidade eletrônica não é significativa.


Entretanto, não é igual a zero: já que a adição de um elétron em qualquer
elemento causa liberação de energia. A afinidade eletrônica não tem uma
forma muito definida no seu crescimento na tabela periódica, mas seu
comportamento é parecido com a eletronegatividade: cresce de baixo para
cima e da esquerda para a direita. O Cloro possui maior afinidade eletrônica:
cerca de 350 KJ/mol (em módulo).

Potencial de Ionização
O potencial de ionização mede o contrário da afinidade eletrônica: a
energia necessária para retirar um elétron de um átomo neutro, em estado
fundamental e no estado gasoso. Sendo que, para a primeira retirada de
elétron a quantidade de energia requerida é menor que a segunda retirada, que
por sua vez é menor que a terceira retirada, e assim sucessivamente.

Apresenta mesmo comportamento da afinidade eletrônica e da


eletronegatividade. Logo, pode-se afirmar que o Flúor e o Cloro são os átomos
com os maiores potenciais de ionização da tabela periódica, já que são os
elementos com os maiores valores de afinidade eletrônica da tabela periódica.

120
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

GESTÃO E
PLANEJAMENTO
AMBIENTAL
Sumário
I – INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE GESTÃO ................................................................................. 123
I.1 – Conceitos a serem observados no decorrer do curso ...........................................................................124
I.2 – Importância dos sistemas de gestão ambiental...................................................................................127

II – A SÉRIE DE NORMAS ISO 14000 ............................................................................................... 130


Ii.1 – As normas de implantação de sistemas de gestão ambiental ............................................................134
Ii.2 – Implantação de SGA conforme a NBR ABNT ISO 14001 ......................................................................136

III – ETAPA DE PLANEJAMENTO DE UM SGA .................................................................................. 139


Iii.1 – Diagnóstico ambiental ........................................................................................................................139
Iii.2 – Levantamento de aspectos e impactos ambientais ............................................................................ 141
Iii.3 – Atribuição do grau de significância aos aspectos/impactos ambientais...........................................143
Iii.4 – Definição da política ambiental .......................................................................................................... 147
Iii.5 – Levantamento dos requisitos legais relacionados aos aspectos ambientais
e outros requisitos aplicáveis .......................................................................................................................149
Iii.6 – Estabelecimento dos objetivos e metas do SGA ................................................................................. 151

IV – ETAPA DE IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO DE UM SGA ............................................................ 154


Iv.1 – Recursos, funções, responsabilidades e autoridades .........................................................................154
Iv.2 – Treinamento, conscientização e competência ....................................................................................155
Iv.3 – A comunicação no SGA ........................................................................................................................156
Iv.4 – A documentação do SGA...................................................................................................................... 157
Iv.5 – Controle de documentos .....................................................................................................................160
Iv.6 - Controle operacional............................................................................................................................ 161
Iv.7 - Preparação e resposta a emergências .................................................................................................162

V – ETAPA DE VERIFICAÇÃO DE UM SGA .........................................................................................163


V.1 - Monitoramento e medição ....................................................................................................................163
V.2 - Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros........................................................................165
V.3 - Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva .........................................................................166
V.4 – Controle de registros ............................................................................................................................ 167
V.5 - Auditoria interna ...................................................................................................................................168
V.6 – Análise pela administração ................................................................................................................. 170

LISTA DE VERIFICAÇÃO.................................................................................................................171

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 203

122
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
I – INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE GESTÃO

O termo Gestão, segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, quer


dizer, “ato de gerir; gerência, administração”.

Sistema de Gestão, sob o ponto de vista empresarial, significa um modelo


operacional que uma determinada organização adota para geri-la, não
importando neste caso o seu porte ou seguimento. Toda e qualquer empresa
deve possuir um sistema de gestão, pois, do contrário, teria a sua própria
existência comprometida.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Acontece que alguns modelos foram desenvolvidos e adotados por várias
empresas com o intuito de haver uma padronização de metodologia seguindo
diretrizes traçadas por normas. Daí os modelos normativos hoje existentes e
muito difundidos e que, para empresas que se apresentam de alguma forma
pouco estruturadas são excelentes para a sua correção de rotina e rumo,
elevando-a a patamares de alto grau de excelência. Mas é muito importante
salientar que, para o devido sucesso do modelo, é necessário o correto
empenho e o comprometimento de seus dirigentes e que o modelo adotado seja
de fato usado como ferramenta de gestão e não apenas um mero artifício de
demonstração.

É evidente que é do interesse da empresa organizar-se quanto à gestão de


diferentes disciplinas, como gestão da qualidade, gestão do meio ambiente,
gestão da responsabilidade social, gestão da segurança e da saúde ocupacional,
etc.

Em nosso curso, nosso foco será a Gestão do Meio Ambiente, mas,


muitas serão às vezes em que buscaremos a integração conceitual com o
gerenciamento de outras disciplinas.

É importante para o administrador estar bastante consciente da necessidade


da implementação de um sistema de gestão uma vez que é comum o

123

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


questionamento sobre o que se ganha em termos de valor agregado com o
investimento de recursos na implantação e desenvolvimento de um sistema de
gestão.

Ora, empresas produtoras de bens e serviços desenvolvem seus negócios


por meio de processos e atividades que apresentam variabilidade natural e
estão expostos a falhas potenciais relacionadas aos recursos disponibilizados e
aos métodos de trabalho empregados. É fácil concluir que, quanto maior for o
impacto advindo de uma dessas falhas nos resultados dos negócios, de maior
significância essa falha se tornará.

Dentre esses impactos, deve-se concluir não apenas os prejuízos financeiros


e humanos imediatos, mas também as consequências de médio e longo prazo
que podem advir da perda de imagem no mercado, requerendo gestão
específica sobre as atividades envolvidas, visando a prevenir a ocorrência de
eventos indesejados.

Como, no entanto, assegurar-se de que os modos potenciais de falha estão


devidamente identificados e analisados e que as atividades relacionadas com
eles estão sobre controle sem que existam padrões capazes de prover a
previsibilidade requerida?

A organização desses padrões em sistemas de gestão que assegurem a


previsibilidade desejada é sempre vantajosa para qualquer negócio. Sua
ausência pode acarretar o aparecimento de efeitos indesejáveis que trazem
fortes impactos adversos aos resultados do negócio.

I. 1 – CONCEITOS A SEREM OBSERVADOS NO DECORRER DO CURSO

Organização – empresa, corporação, firma, empreendimento, autoridade


ou instituição, ou parte ou uma combinação desses, incorporada ou não, pública
ou privada, que tenha funções e administração próprias. Para organizações que

124
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
tenham mais de uma unidade operacional, uma única unidade operacional pode
ser definida como uma organização.
Sistema – conjunto de elementos que estão inter-relacionados ou em
interação.
Sistema de Gestão – sistema para estabelecer políticas e objetivos e
para atingir esses objetivos.
Gestão – atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização.
Documento – informação e o meio físico no qual ela está contida. O meio
físico pode ser papel, magnético, disco de computador de leitura ótica ou
eletrônica, fotografia ou amostra padrão, ou uma combinação destes.
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – a parte de um sistema da gestão
de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais. Um sistema da gestão
inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos.
Aspecto ambiental – elemento das atividades ou produtos ou serviços de
uma organização que pode interagir com o meio ambiente.
Meio ambiente – circunvizinhança em que uma organização opera,
incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos
e suas inter- relações. Neste contexto, circunvizinhança estende-se do interior
de uma organização para o sistema global.
Impacto ambiental – qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou
benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da
organização.
Objetivo ambiental – propósito ambiental geral, decorrente da política
ambiental, que uma organização se propõe a atingir.
Política ambiental – intenções e princípios gerais de uma organização em
relação ao seu desempenho ambiental, conforme formalmente expresso pela
Alta Administração da organização. A política ambiental provê uma estrutura
para ação e definição de seus objetivos ambientais e metas ambientais.
Meta ambiental – requisito de desempenho detalhado, aplicável à
organização ou a parte dela, resultante dos objetivos ambientais e que
necessita ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam atingidos.

125

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Parte interessada – indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo
desempenho ambiental de uma organização.
Desempenho ambiental – resultados mensuráveis da gestão de uma
organização sobre seus aspectos ambientais. No contexto de sistemas de
gestão ambiental, os resultados podem ser medidos com base na política
ambiental, objetivos ambientais e metas ambientais da organização e outros
requisitos de desempenho ambiental.
Melhoria contínua – processo recorrente de se avançar com o sistema da
gestão ambiental com o propósito de atingir o aprimoramento do desempenho
ambiental geral, coerente com a política ambiental da organização. Não
conformidade – não atendimento de um requisito de uma norma com a qual o
sistema pretenda ser coerente.
Ação corretiva – ação para eliminar a causa de uma não conformidade
identificada e prevenir a recorrência.
Ação preventiva – ação para eliminar a causa de uma potencial não
conformidade.
Prevenção de poluição – uso de processos, práticas, técnicas, materiais,
produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma
separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de
poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos. A prevenção
da poluição pode incluir redução ou eliminação de fontes de poluição, alterações
de processo, produto ou serviço, uso eficiente de recursos, materiais e
substituição de energia, reutilização, recuperação, reciclagem, regeneração
e tratamento.
Procedimento – forma especificada de executar uma atividade ou um
processo.
Os procedimentos podem ser documentados ou não.
Registro – documento especial que apresenta resultados obtidos ou fornece
evidências de atividades realizadas.

126
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
I. 2 – IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

O ambiente de negócios a partir da década de 90 tem-se mostrado bastante


instável e turbulento, verificando-se a existência de mudanças bastante
drásticas no processo econômico e produtivo mundial, com implicações diretas
para as empresas industriais.

Fatos como transformações na economia internacional e globalização da


produção e do consumo têm sido acompanhados de outras mudanças como, por
exemplo, um crescente grau de exigência dos consumidores, que, por meio
de seu poder de compra, estão buscando variedade de produtos,

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


demonstrando a sua preocupação pela qualidade e manifestando uma
constante exigência para melhorar o binômio preço-desempenho.

A emergência desse consumidor mais agressivo e exigente reflete em


grande parte as mudanças que a própria sociedade vem sofrendo quanto a
valores e ideologias e que envolvem suas expectativas em relação às
empresas e aos negócios. Esses novos valores e ideologias incluem a
democracia, a igualdade de oportunidades, a saúde e a segurança no trabalho,
a proteção ao consumidor, um meio ambiente mais limpo, entre outras
questões. Seja como consumidores, ou como trabalhadores, ou ainda por
meio do governo ou da mídia, a sociedade tem pressionado para que as
empresas incorporem esses valores em seus procedimentos operacionais.
Como consequência, as empresas estão se deparando com um ambiente
externo em que cada vez mais as questões sociais, políticas e legais
inexistentes ou apenas latentes em períodos anteriores, adquirem uma nova
perspectiva administrativa.

As empresas industriais que procuram manter-se competitivas ou mesmo


sobreviver e se ajustar a esse novo ambiente de negócios, que já se mostra
bastante concorrido, marcado por incertezas, instabilidades e rápidas
mudanças, percebem cada vez mais que, diante das questões ambientais, são
exigidas novas posturas, seja na maneira de operar seus negócios, seja em

127

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


suas organizações. Essa renovação implica contínuas mudanças, que podem
ser dolorosas e custosas também em termos financeiros, especialmente se
forem impostas, como por meio de regulamentações ambientais, ou se
provierem de uma imagem pública negativa, como por atritos com comunidades
locais ou um desastre ambiental.

A importância dos recursos naturais é fundamental para a sobrevivência


humana, principalmente ao considerar que, apesar de todo o
desenvolvimento tecnológico até aqui alcançado, ainda não existem condições
que possibilitem a substituição dos elementos fornecidos pela natureza.

Após a década de 70, o homem passou a tomar consciência do fato de que as


raízes dos problemas ambientais deveriam ser buscadas nas modalidades de
desenvolvimento econômico e tecnológico e de que não seria possível confrontá-
los sem uma reflexão sobre o padrão de desenvolvimento adotado.
Isso levou a humanidade a repensar a sua forma de desenvolvimento, essencial-
mente calcada na degradação ambiental, e fez surgir uma abordagem de des-
envolvimento sob uma nova ótica, conciliatória com a preservação ambiental.
Assim, surge o desenvolvimento sustentável.

Um dos últimos grupos a integrar a luta pela preservação do meio ambiente


e, talvez, o que traga resultados mais diretos em menos tempo, é o setor
empresarial. Movidos pela exigência de seus consumidores, inicialmente os
europeus, as empresas começaram a perceber que seus clientes estavam
dispostos a pagar mais por produtos ambientalmente corretos, e mais, deixar
de comprar aqueles que contribuíam para degradação do Planeta. Além
disto, a pressão popular atingiu também governos, que passaram a
estabelecer legislações ambientais cada vez mais rígidas, ao fazer com que
empresas tenham que adequar seus processos industriais, com o uso de
tecnologias mais limpas.

A norma brasileira NBR ISO 14001 - Requisitos com orientações para uso de
Sistemas da gestão ambiental é idêntica às normas propostas pela ISSO para

128
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
serem adotadas em todos os países membros e tem um efeito sistêmico
interessante: ao enfocar a necessidade de adotar fornecedores certificados, cria-
se um enlace de reforço positivo. Quanto mais empresas estiverem certificadas,
mais empresas se verão obrigadas a se certificar, pois a exigência se replica a
montante na rede de valor.

Empresas existentes no mercado, como produtoras de bens e de serviços


estão, hoje, em grande evidência em relação à questão ambiental. As pressões
exercidas pelas comunidades, ONGs e governos, têm forçado uma postura
pró-ativa na melhoria de seus processos produtivos, com geração de menor
quantidade de resíduos e poluentes, e menor consumo de matérias-primas e
energia.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


O crescimento da atividade industrial, com a consequente geração de maior
quantidade de resíduos e poluentes e o crescimento da demanda por
produtos e serviços, tem forçado ao desenvolvimento de novas tecnologias
para os processos produtivos, simultaneamente à necessidade de novas
técnicas administrativas voltadas ao gerenciamento dessas atividades, com
preocupação ambiental.
Ao implementar um Sistema de Gestão Ambiental - SGA como
forma de gerenciamento das atividade organizacionais, deve-se lembrar que o
compromisso passa a ser permanente, pois exige uma mudança definitiva da
antiga cultura e das velhas práticas. Para tanto, é imprescindível a busca da
melhoria contínua, princípio fundamental de um SGA.

Contudo, o gerenciamento de um processo, por meio das ferramentas de um


SGA possibilita ganhos de produtividade e qualidade, além da satisfação das
pessoas envolvidas diretamente no processo, pois esses aprendem que sempre
é possível fazer melhor e percebem a evolução da qualidade de seus serviços.
Atuar de maneira ambientalmente responsável é ainda, hoje, um diferencial
entre empresas, que as destacam no competitivo mercado, quanto antes as
empresas perceberem esta nova realidade maior será a chance de se
manterem.

129

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


II – A SÉRIE DE NORMAS ISSO 14000

A discussão da problemática ambiental encontra-se, à nível das empresas,


em fases diferentes nos diversos países do mundo. Percebe-se a convivência
de extremos: de um lado, é o imperativo econômico (objetivando lucro) que
comanda as decisões, enquanto que em outras, a questão social, incluindo a de
ordem ambiental, passa a ter maior peso nas decisões organizacionais. Diante
da globalização e da abertura econômica dos mercados, contudo, a variável
ambiental passa a ser uma das condições de “se estar” inserido na aldeia global
dos negócios. As empresas passam a adotar práticas ambientais sustentáveis
como vantagem competitiva.

Segundo DONAIRE (DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São


Paulo: Atlas, 1995), as empresas passam por três fases:
- Primeira Fase: controle ambiental nas saídas – constitui-se na instalação
de equipamentos de controle da poluição nas saídas, como chaminés e redes
de esgoto. Nesta fase mantém-se a estrutura produtiva existente.
- Segunda Fase: integração do controle ambiental nas práticas e
processos. O princípio básico passa a ser o da prevenção da poluição,
envolvendo a seleção das matérias-primas, o desenvolvimento de novos
processos e produtos, o reaproveitamento da energia, a reciclagem de resíduos
e a integração com o meio ambiente.
- Terceira Fase: integração do controle ambiental na gestão
administrativa. A questão ambiental passa a ser contemplada na estrutura
organizacional, interferindo no planejamento estratégico.

Esta terceira fase é denominada por D’AVIGNON (D’AVIGNON, Alexandre.


Normas ambientais ISO 14000: como podem influenciar sua empresa. Rio
de Janeiro: CNI, DAMPI, 1996, p.16) como “Gestão Ambiental”, onde “os
parâmetros relacionados ao meio ambiente passam a ser levados em
conta no planejamento estratégico, no processo produtivo, na distribuição
e disposição final do produto”.

130
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As empresas, portanto, encontram-se em diferentes estágios no processo de
envolvimento com as questões ambientais.

Voltada ao estabelecimento de gestões normatizadas, a International


Organization for Standardization (ISO), que, em português significa
“Organização Internacional para Normalização”, é uma organização não
governamental que foi criada depois da II Guerra Mundial (1946) e encontra-se
situada em Genebra com o objetivo de facilitar as trocas internacionais de bens
e serviços e criar normativas para o comércio mundial.

O Brasil participa do ISO através da Associação Brasileira de Normas

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Técnicas (ABTN) uma associação privada sem fins lucrativos.

Os trabalhos na ISO se através de desenvolvem através de


aproximadamente 212 Comitês Técnicos (TC’s) constituídos por membros de
diversos países-membros, sendo que o TC 207 é responsável pela Gestão
Ambiental. Cada Comitê Técnico é formados por Sub Comitês (SC’s) e estes,
por sua vez, desenvolvem suas atividades através dos Grupos de Trabalho
(WG’s). Este processo já permitiu a eloboração de mais de 12 mil Normas
Técnicas.

O Trabalho da ISO
,(& 6HFUHWDULD
TC-176
3DtVHV0HPEURV &RPLWrV 9000

'HOHJDGRV  7pFQLFRV 7&  14000



7&
Votação
6XEFRPLWrV
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*UXSRV
7UDEDOKR :* 

© 2005 HGB Consultoria e Gestão LTDA., Todos os Direitos Reservados.

131

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A série ISO 14000 é um conjunto de 28 normas relacionadas a Sistemas
de Gestão Ambiental, elas abrangem seis áreas bem definidas:

1. Sistema de Gestão Ambiental (SC 001);


2. Auditorias Ambientais (SC 002);
3. Avaliação de Desempenho Ambiental (SC 004);
4. Rotulagem Ambiental (SC 003);
5. Aspectos Ambientais nas Normas de Produtos e
6. Análise do Ciclo de Vida do Produto (SC 005).

Em um primeiro momento, foram aprovadas cinco normas: ISO 14001,


14004, 14010,14011 (parte 1 e 2) e 14012.

Série:
ISO 14000 – Guia de orientação do conjunto de normas a série:
ISO 14001 (17 requisitos) – Sistema de gestão ambiental apresenta as
especificações.
ISO 14004 – Sistema de gestão ambiental, apresenta diretrizes para
princípios, sistemas e técnicas de suporte.
ISO 14010 – Diretrizes para auditoria ambiental, princípios gerais.
ISO 14011 (parte 1 e 2) – Diretrizes para auditoria ambiental,
procedimento de auditoria.
ISO 14012 – Diretrizes para auditoria ambiental, critérios para
qualificação de auditores.

Hoje, apenas as duas primeiras persistem, enquanto que as três últimas


foram sintetizadas, em 2002, na Norma NBR ABNT ISO 19011 - Diretrizes para
Auditorias em Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental.

132
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As normas ISO 14000 não estabelecem níveis de desempenho ambiental,
especificam somente os requisitos que um sistema de gestão ambiental deverá
cumprir. De uma forma geral, estabelecem o que deverá ser feito por uma
organização para diminuir o impacto das suas atividades no meio ambiente, mas
não prescrevem como o fazer.

A preocupação com a conservação do meio ambiente está se tornando uma


constante nos últimos tempos. Vários movimentos estão pressionando as
organizações e os governantes para tornarem as regulamentações cada vez mais
rígidas, exigindo das empresas uma postura ambiental correta. Com isso o
produto que possui o ISO 14000 (ou qualquer outro de sua família) é visto de
uma outra maneira, pois ele possui um diferencial competitivo, e isso mostra à

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


sociedade que a empresa é comprometida com a preservação ambiental. A ISO
14000 já se tornou um passaporte para a exportação de produtos para a Europa.

Alguns motivos para implantação de um sistema de gestão ambiental (ISO 14000)

a) Motivos Externos:
- Pressão do cliente;
- Alta concorrência do mercado e
- Restrição de comércio através de regulamentações
de mercado (ex.: CEE).

b) Motivos Internos:
- Convicção, acreditar nos benefícios que o sistema proporciona;
- Política corporativa e estratégia de competitividade.

Alguns benefícios para a empresa

a) Proporciona uma ferramenta gerencial adicional para aumentar


cada vez mais a eficiência e eficácia dos serviços;
b) Proporciona a definição clara de Organização, com responsabilidades
e autoridades de cada função bem estabelecidas;

133

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


c) Promove a capacidade dos colaboradores para o exercício de suas
funções, estruturadas a partir de seleções, treinamentos sistemáticos e
avaliação de desempenho;
d) Reduz custos através de uma maior eficiência e redução do
desperdício, o que aumenta a competitividade e participação no
mercado;
e) Aumenta a probabilidade de identificar os problemas antes que
eles causem maiores consequências.

II. 1 – AS NORMAS DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO


AMBIENTAL

Existem duas normas bastante difundidas para orientação da implantação de


um Sistema de Gestão Ambiental: a primeira é a 14001 – “Sistemas da gestão
ambiental - Requisitos com orientações para uso”, norma da série ISO criada
em 1996 e revisada em 2004. A outra é a BS 7750, norma inglesa muito mais
restrita que a primeira.
Desta forma se uma empresa implementar um SGA de acordo com o
estabelecido na norma BS 7750 estará excedendo o necessário para obter a
certificação ISO 14001, podendo, através de poucos ajustes, ser certificada pela
ISO também.

No entanto, sob a égide do mercado atual, é mais compensador para as


organizações buscarem estabelecer sistemas com foco na 14001, uma vez que
está se tornando rapidamente reconhecida como um fundamento básico para
um Sistema de Gerenciamento Ambiental. Muitas empresas líderes na indústria
estão sendo certificadas por esta norma.
A ISO 14000 contém 6 requisitos (obrigações de atendimento). Embutidos
nestes requisitos estão vários conceitos da ISO 9000 - Sistemas de gestão da
qualidade – Requisitos, norma estabelecida para garantir a qualidade de
produtos e serviços. Por causa desta inter-relação, a ISO 14000 pode ser
facilmente integrada ao sistema ISO 9000. Mesmo se uma empresa estiver

134
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
buscando a certificação ISO 14000 isoladamente, ainda assim é prudente
consultar a ISSO 9000 sobre vários dos seus requisitos.

Requisitos ISO 14001 e Correlação ISO 9001

Requisitos ISO 14000 Requisitos ISO 9000


4.1 Estabelecer a Política Ambiental 4.1.1 Estabelecer a Política da Qualidade
4.2 Planejamento Ambiental 4.2 Planejamento da Qualidade
4.3 Definir e documentar responsabilidades 4.1 Definir responsabilidade e autoridade
4.3 Treinar o pessoal relacionado 4.18 Treinar o pessoal relacionado
4.3 Estabelecer e manter Controle da 4.5 Estabelecer e manter o Controle da
Documentação Documentação
4.3 Documentar políticas e procedimentos Todo o 4.0 Documentar políticas e

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


relacionados ao Sistema de procedimentos relacionados ao Sistema da
Gerenciamento Ambiental Qualidade
4.4 Estabelecer controles de 4.10, 4.11, 4.20 Desenvolver procedimentos
monitoramento, medição e controle de teste, procedimentos de Calibragem e
controles de Processos Estatísticos
4.4 Estabelecer controles dos registros 4.16 Estabelecer controles sobre os
Registros da Qualidade
4.5 Estabelecer procedimentos para a Não 4.13 Estabelecer Procedimentos
Conformidade para Material Não Conforme
4.5 Estabelecer procedimentos de Ação 4.14 Estabelecer procedimentos de Ação
Corretivas e Preventivas Corretivas e Preventivas
4.5 Realizar Auditorias EMS 4.17 Realizar Auditorias Internas da
Qualidade

4.5 Estabelecer Processo de Revisão 4.1 Estabelecer Processo Revisão Gerencial


Gerencial

135

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A ISO 14001 é a ISO "Verde". Baseado no ideal de aperfeiçoamento
constante, a ISO 14001 exige que as empresas criem um Sistema de Gestão
Ambiental que constantemente avalia e reduz o dano provocado
potencialmente ao meio ambiente pelas atividades da empresa. Isto pode
incluir a definição de matérias primas, todos os processos de fabricação, o uso
dos produtos e o descarte dos mesmos.

II.2 – IMPLANTAÇÃO DE SGA CONFORME A NBR ABNT ISO 14001

Como já vimos um sistema de gestão é um conjunto de elementos


interdependentes, cujo resultado final é maior do que a soma dos resultados que
esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada.

O conceito de sistema aberto é perfeitamente aplicável à organização


empresarial. Sua dinâmica pode ser visualizada na figura abaixo, onde são
descritas as interações entre o meio ambiente, no início e no final do processo, e
a organização.

136
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A Organização como um sistema aberto

Um sistema de gestão pode ser conceituado como o conjunto de pessoal,


recursos e procedimentos, dentro de qualquer nível de complexidade, cujos
componentes associados interagem de uma maneira organizada para realizar
uma tarefa específica e atingem ou mantém um dado resultado.

Sob o ponto de vista empresarial, os objetivos de um sistema de gestão


visam a aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos
ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado (através
da melhoria contínua dos resultados operacionais) a satisfação dos
funcionários com a organização e da própria sociedade com a contribuição

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


social da empresa e o respeito ao meio ambiente. Para que tais objetivos
sejam alcançados, é importante a adoção de um método de análise e
solução de problemas, para estabelecer um controle de cada ação. Existem
diversos métodos com esse propósito sendo utilizados atualmente. A maioria
deles está baseada no método PDCA – Plan, Do, Check, Act, que constitui-se
em um referencial teórico básico para diversos sistemas de gestão.

Os sistemas de gestão ambiental normatizados segundo a Norma NBR


ABNT ISO 14.001 referenciam-se neste modelo cíclico onde:

• Plan (Planejar): significa estabelecer os objetivos e processos necessários


para fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e políticas
da organização;

• Do (Fazer): significa implementar os processos;

• Check (checar): significa monitorar e medir processos e produtos em


relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os
resultados;

• Act (agir): significa executar ações para promover continuamente a


melhoria do desempenho do processo.

137

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A gestão ambiental não deve ser encarada isoladamente e sim incluída no
ambiente da gestão dos negócios, pois ela convive com a Gestão pela
Qualidade Total (QGT), adotada pela maioria das organizações que já deram
um passo além da certificação ISO 9000. Para diversos autores, a “gestão
ambiental é parte da gestão pela qualidade total”.

Devido ao fato de ter sido fortemente influenciada pelas normas de qualidade


da série ISO 9001, a ISO 14001 compartilha de princípios comuns, conforme
ilustrado na figura abaixo, que mostra os elementos básicos de um SGA:

As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de


elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser
integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos
ambientais e econômicos.

Não se pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam
utilizadas para criar barreiras comerciais não tarifárias, nem para ampliar ou
alterar as obrigações legais de uma organização.

138
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Muitas organizações gerenciam suas operações através da aplicação de um
sistema de processos e suas interações, que podem ser referenciados como
“abordagem de processo”. A ABNT NBR ISO 14001 promove a utilização da
abordagem de processo. Como o PDCA pode ser aplicado a todos os
processos, as duas metodologias são consideradas compatíveis.

III – ETAPA DE PLANEJAMENTO DE UM SGA

III.1 – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


A expressão “diagnóstico ambiental” tem sido muito usada em órgãos
ambientais, universidades, associações profissionais, etc. com conotações as
mais variadas. O substantivo diagnóstico do grego "diagnostikós",significa o
conhecimento ou a determinação de uma doença pelos seus sintomas ou
conjunto de dados em que se baseia essa determinação. Daí, o diagnóstico
ambiental poder se definir como o conhecimento de todos os componentes
ambientais de uma determinada área (país, estado, bacia hidrográfica,
município) para a caracterização da sua qualidade ambiental.

Portanto, elaborar um diagnóstico ambiental é interpretar a situação


ambiental problemática dessa área, a partir da interação e da dinâmica de seus
componentes, quer relacionados aos elementos físicos e biológicos, quer aos
fatores socioculturais.

A caracterização da situação ou da qualidade ambiental (diagnóstico


ambiental) pode ser realizada com objetivos diferentes. Um deles é, a exemplo
do que preconizam as metodologias de planejamento, servir de base para o
conhecimento e o exame da situação ambiental, visando a traçar linhas de
ação ou tomar decisões para prevenir, controlar e corrigir os problemas
ambientais (políticas ambientais e programas de gestão ambiental).

139

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Para se iniciar a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental é preciso
identificar a atual situação da organização em relação as suas atividades e o
meio ambiente, sendo prioritário promover o Diagnóstico Ambiental da
mesma de modo a ser capaz de perceber a existência de uma Política de
Gestão Ambiental do empreendimento e a influência no meio ambiente dos
processos implantados; identificar o nível de consciência e preocupação dos
colaboradores quanto às etapas modificadoras da qualidade ambiental
(geração/emissão de poluentes); colher informações sobre a geração e
destinação de resíduos, com especial atenção à aplicação do conceito dos 3R's
(Redução, Reutilização, Reciclagem); atestar a eficiência no consumo de água e
energia.

Um método bastante adequado para atingir este objetivo é a elaboração de


uma lista de verificação ou "check-list". A grande vantagem desta ferramenta é
permitir o emprego imediato na avaliação qualitativa e quantitativa de impactos
mais relevantes. Para tanto, o modelo a ser utilizado deve se ater a nove áreas
fundamentais relacionadas aos fluxos de entrada e saída da organização:
energia, água, matéria prima, resíduos gerados (líquidos, sólidos e gasosos,
domésticos e industriais), recursos humanos, legislação aplicável, saúde e
segurança no trabalho, gestão e comunidade a que pertence. Esta ferramenta
instrumenta a organização ter a possibilidade de visualizar de forma ampla as
condições gerais da empresa em relação aos aspectos ambientais a serem
considerados e as suas não conformidades com os objetivos da organização.
Tal conhecimento permitirá o levantamento dos aspectos e impactos ambientais
significativos da empresa, auxiliando a identificação de fraquezas que
posteriormente necessitam ser tratadas e solucionadas pelo futuro sistema de
Gestão Ambiental, após a definição de objetivos e metas ambientais.

Após o diagnóstico ambiental se pode ter uma ideia bem clara da


influência do(s) processo(s) que se deseja gerenciar através do Sistema de
Gestão Ambiental.

140
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A resposta para este novo papel pode ser caracterizada em três níveis
de atuação:

- Controle da Saída: a instalação de equipamento para o controle de


poluição nas saídas, como as estações de tratamento de efluentes e os filtros
para as emissões atmosféricas, é a tônica neste nível de resposta.

- Integração do Controle Ambiental nas Práticas e nos Processos


Ambientais: o planejamento ambiental passa a envolver a função de produção
através da prevenção da poluição pela seleção de matérias primas, novos
processos e produtos, reaproveitamento e racionalização de energia.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


- Integração do Controle Ambiental na Gestão Administrativa: projetando-
a para as mais altas esferas de decisão da organização, proporcionando a
formação de um corpo técnico e um sistema gerencial específico, fazendo com
que essa preocupação ambiental passe a ser parte dos valores da mesma.

III. 2 – LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

A avaliação das consequências ou interações das atividades de determinada


empresa ou indústria sobre o meio ambiente é uma forma de evitar que
acidentes ambientais ocorram e de se buscar a melhoria do processo de forma
a minimizar os impactos sobre o meio ambiente, além de constituir um item
fundamental para as empresas que buscam a certificação da série ISO14001
para seu sistema de gestão ambiental.

Para que tal avaliação ocorra é necessário fazer um levantamento do que


chamamos de “aspectos” e “impactos” ambientais das atividades da
empresa/indústria.

O “aspecto” é definido pela NBR ISO14001 como “... elementos das


atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o
meio ambiente”. O aspecto tanto pode ser uma máquina ou equipamento como

141

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


uma atividade executada por ela ou por alguém que produzam (ou possam
produzir) algum efeito sobre o meio ambiente. Chamamos de “aspecto
ambiental significativo” aquele aspecto que tem um impacto ambiental
significativo.

Segundo a definição trazida pela Resolução n.º 001/86 do CONAMA


(Conselho Nacional de Meio Ambiente), Artigo 1º, o impacto ambiental é:
“...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a
qualidade dos recursos ambientais.” Ou seja, “impactos ambientais” podem ser
definidos como qualquer alteração (efeito) causada (ou que pode ser causada)
no meio ambiente pelas atividades da empresa quer seja esta alteração
benéfica ou não.

Esta definição também é trazida na NBR ISO14001 (requisito 3.4.1), onde o


impacto ambiental é definido como: “qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte, das atividades, produtos
ou serviços de uma organização”.

Desta forma, podemos classificar os impactos ambientais em: adversos,


quando trazem alguma alteração negativa para o meio; e benéficos, quando
trazem alterações positivas para o meio (aqui, entenda-se “meio” como a
circunvizinhança da empresa/indústria, incluindo o meio físico, biótico e social).

São considerados impactos ambientais significativos àqueles que por algum


motivo são considerados graves pela empresa de acordo com sua possibilidade
de ocorrência, visibilidade, abrangência e/ou outros critérios que a
empresa/indústria pode definir.

142
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Na NBR ABNT ISO 14001, o tema é objeto do requisito 4.3.1. Segundo esse
requisito da Norma:
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para:

a) identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e


serviços, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, que a
organização possa controlar e aqueles que ela possa influenciar, levando em
consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades,
produtos e serviços novos ou modificados.

b) determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos


significativos sobre o meio ambiente (isto é, aspectos ambientais significativos).

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


A organização deve documentar essas informações e mantê-las
atualizadas.

A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos


sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e
manutenção de seu sistema da gestão ambiental.

III. 3 – ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE SIGNIFICÂNCIA AOS


ASPECTOS/IMPACTOS AMBIENTAIS

Como vimos, chamamos de “aspecto ambiental significativo” aquele


aspecto que tem um impacto ambiental significativo. É preciso, portanto, que
após levantarmos todos os aspectos ambientais e seus impactos associados
possamos ser capazes de avaliarmos a relevância destes. Parece lógico,
acreditamos que os recursos que serão aplicados na implantação do SGA sejam
fundamentalmente vinculados ao controle daqueles que nós considerarmos
significativos.
Compete a cada organização definir como “aspecto ambiental significativo”
aquele que ela considere que tem um impacto ambiental significativo, ou seja,
que tenha uma relevante importância ambiental, que seja expressivo, que tenha

143

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


ou provavelmente possa a vir a ter consequências sensíveis à qualidade
ambiental.

Existem diversos métodos para avaliar significância de aspectos/impactos


ambientais. Um simples, expedito e prático de se realizar é aquele em que se é
proposto selecionar uma combinação de critérios de avaliação apropriados para
as operações e atividades.

Muitos critérios de avaliação do impacto podem ser usados neste método,


tais como: severidade, probabilidade da ocorrência, frequência da ocorrência,
área atingida, capacidade da empresa em controlar o impacto, etc... Esses
critérios podem ser combinados entre si de diversas formas na busca do grau de
significância.

Nestas notas de aula, utilizaremos três desses critérios que sabemos ser
independentes entre si: a severidade, a probabilidade e a área de influência.

Para cada critério, vamos atribuir graus variando de 1 a 5, segundo as


tabelas a seguir:

CRITÉRIO SEVERIDADE (indica o grau de influência com que o impacto


afeta a vizinhança do empreendimento)

Grau Avaliação

1 É inofensivo, sem grandes potenciais de danos e facilmente


corrigível.
Consequências leves, de pequeno potencial de dano e é
2 facilmente corrigível.

As consequências são moderadas, pouco danosas, mas exige


3 poucos recursos para ser corrigido.

As consequências são sérias, mas potencialmente não


4 fatais; exige recursos razoável alocação de recursos para
ser corrigido, mas é recuperável.

As consequências são muito danosas, é potencialmente


5 passível de fatalidades e exige grande esforço e recursos para
sua correção.

144
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CRITÉRIO PROBABILIDADE (indica a probabilidade da ocorrência de um
impacto)
Grau Avaliação

É muito pouco provável que esse impacto venha a ser percebido


1 (menos de 10% de chances).

A probabilidade desse impacto ser detectado é baixa (entre 10 e


2 33% de chances).

Existe uma probabilidade razoável (34-67%) de se detectar a


3 ocorrência desse impacto.

As chances são significativas (entre 68-89%) de se perceber a


4 ocorrência desse impacto.

Tem probabilidade igual ou maior que 90% do impacto acontecer


5

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


e ser percebido.

CRITÉRIO ÁREA DE INFLUÊNCIA (indica a área onde o impacto é influente,


isto é, traz consequências)

Grau Avaliação

As consequências do impacto ficam restritas ao ambiente


1 interno (perímetro) da empresa.

Os efeitos do impacto influenciam fora dos limites da empresa,


2 mas ficam restrito a uma pequena área adjacente.

3 Os efeitos do impacto podem ser sentidos nas comunidades


vizinhas.
O impacto pode ser percebido distante da comunidade local na
4 qual a empresa está localizada (efeito regional).

Os efeitos do impacto ultrapassam a região na qual a


5 empresa está localizada (efeito global).

A todo impacto se deve, pois, ser atribuído um valor que reflita sua posição
em relação a cada um dos três critérios.

Sejam, por exemplo, dez impactos levantados em um processo de


produção para os quais queremos atribuir grau de significância:

145

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Impacto Severidade Probabilidade Área de
influência
A 3 4 1

B 4 3 2

C 1 2 5

D 3 4 4

E 5 2 2

F 3 4 5

G 1 1 1

H 2 3 2

I 2 1 3

J 2 3 4

Para atribuirmos a escala de significância dos impactos, devemos multiplicar


os graus atribuídos a cada impacto. Assim:

Impacto Produto

A 3 x 4 x 1 = 12

B 4 x 3 x 2 = 24

C 1 x 2 x 5 = 10

D 3 x 4 x 4 = 48

E 5 x 2 x 2 = 20

F 3 x 4 x 5 = 60

G 1x1x1=1

H 2 x 3 x 2 = 12

I 2x1x3=6

J 2 x 3 x 4 = 24

146
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Esse artifício nos permite estabelecer que o impacto F é o mais significativo,
enquanto o impacto G é pouco significativo.

Com base no algoritmo, a organização pode estabelecer fruto da sua


disponibilidade de recursos para controlar os impactos, o que se costuma
chamar de linha de corte, isto é, o valor do produto dos graus dos critérios de
avaliação acima do qual serão considerados significativos os impactos.
Suponhamos que nossa organização estabeleceu ser possível alocar recursos
para controlar todos os impactos cujo produto excede-se o valor 12. Essa é a
linha de corte para o nosso caso e assim, os impactos a serem considerados
significativos serão: B, D, E, F e J.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Por princípio, todos os impactos cujo controle é exigido por legislação
específica serão automaticamente assumidos como significativos independentes
de sua classificação no método acima.

Todo o processo de planejamento do SGA, a partir de então, deverá ser


sempre relacionado aos aspectos/impactos identificados como significativos.

III. 4 – DEFINIÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL

Como vimos, Política Ambiental é o conjunto das intenções e princípios


gerais de uma organização em relação ao seu desempenho ambiental,
conforme formalmente expresso pela Alta Administração da organização. A
política ambiental provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos
ambientais e metas ambientais.

A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação para as


organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos
assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente.

Tendo como base o diagnóstico ambiental que permita saber como a


organização se encontra em relação às questões ambientais, é promovido o

147

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


levantamento dos seus aspectos/impactos ambientais e estabelecido quais
devem ser considerados significativos.

Dessa forma, a empresa já pode definir claramente aonde ela quer chegar
em termos do seu Sistema de Gestão Ambiental. Assim, através de sua alta
administração, a organização discute, define e fixa o seu comprometimento com
o SGA e a respectiva política ambiental.

Em sua cláusula 4.1 - Requisitos gerais, a NBR ABNT ISO 14001 estabelece
que a organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e
continuamente melhorar um sistema da gestão ambiental em conformidade com
os requisitos desta Norma e determinar como ela irá atender a esses requisitos.

Mais ainda, a Norma estabelece que a organização deve definir e


documentar o escopo de seu sistema da gestão ambiental.

O objetivo maior é obter um comprometimento e uma política ambiental


definida para a organização. Ela não deve simplesmente conter declarações
vagas; ela precisa ter um posicionamento definido e forte.

A política ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada


por toda a empresa, ou seja, em todas as áreas administrativas e operativas e
também deve estar incorporada em todos os níveis e funções existentes, da
alta administração até a produção.

Ao adotar a política ambiental, a organização deve levar em consideração as


atividades onde foram levantados os aspectos ambientais significativos.

A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente genérica


afirmando por exemplo: comprometemos-nos a cumprir a legislação ambiental.
É óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental declarada, deve
obedecer à legislação vigente.

O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital importância


para a organização, pois, em termos de gestão ambiental, inclusive nos moldes

148
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
das normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA é voluntária, portanto
nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentos
ambientais espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidos por lei, como,
por exemplo: licenciamento ambiental, controle de emissões, tratamento de
resíduos, etc.

Segundo a cláusula 4.2, a Norma NBR ABNT ISO 14001 deixa claro que, na
definição de sua política ambiental, a Alta Administração da organização deve
definir a política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo
definido de seu sistema da gestão ambiental, a política:

a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


atividades, produtos e serviços,

b) inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção


de poluição,

c) inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e


outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus aspectos
ambientais,

d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e


metas ambientais,

e) seja documentada, implementada e mantida,

f) seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em


seu nome, g) esteja disponível para o público.

III. 5 – LEVANTAMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS RELACIONADOS AOS


ASPECTOS AMBIENTAIS E OUTROS REQUISITOS APLICÁVEIS

Como, obrigatoriamente, a Organização deve buscar o atendimento à


legislação, é fundamental que ela estabeleça, logo no início, a metodologia para

149

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


identificar, controlar e registrar os regulamentos de origem legal ou de outras
origens. Isto implica que a Organização deve estar preparada para avaliar, em
toda a legislação e outros regulamentos que tenha relação com o meio
ambiente e com as suas atividades, as obrigações ou proibições que
precisam ser cumpridas. Para que se possa acompanhar e garantir o
atendimento aos requisitos ambientais, os mesmos devem ser mantidos
atualizados e disponíveis para consulta.

Para melhor compreender o processo de levantamento dos requisitos de


origem legal e de outras origens pode-se compará-lo a um processo de
garimpo, no qual se tem que separar, com uma peneira as pedras que serão
úteis às nossas atividades a partir de um monte de terra. A terra equivale aos
regulamentos de origem legal ou de outras origens existentes, a peneira
equivale a leitura e interpretação, as pedras equivalem aos regulamentos
aplicáveis que depois de lapidadas equivalem aos requisitos ambientais que
devem ser cumpridos.

Desta forma, é necessário estar de posse de toda a regulamentação


existente para que, durante a leitura, sejam separadas aquelas que têm
relação com o empreendimento. Cabe ressaltar que, sempre existe o risco de
algum regulamento aplicável não ser separado, principalmente no primeiro
levantamento.

Assim, é fundamental que o processo de levantamento de requisitos


ambientais interaja com o levantamento de aspectos e impactos ambientais,
pois ao se ler os regulamentos, vai-se percebendo a existência de alguns
aspectos ambientais que deveriam estar presentes na planilha de aspectos e
impactos e precisam ser incluídos. Quanto mais criterioso for o levantamento
de aspectos e impactos, melhor será a qualidade do levantamento dos
requisitos ambientais.

Para se estabelecer a conformidade com o requisito 4.3.2 - Requisitos legais


e outros – da Norma ABNT ISO 14001, a organização deve estabelecer,
implementar e manter procedimento(s) para:

150
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a) identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos
subscritos pela organização, relacionados aos seus aspectos ambientais, e

b) determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos


ambientais.

A organização deve, ainda, assegurar que esses requisitos legais aplicáveis e


outros requisitos subscritos pela organização sejam levados em consideração
no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema da gestão
ambiental.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


III. 6 – ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS E METAS DO SGA

Chamamos de objetivos gerais de desempenho as intenções que são


refletidas nas declarações contidas na Política Ambiental. São estabelecidos
pela organização.

As metas são requisitos de desempenho detalhados e quantificados, incluindo


calendarização, desenvolvidos para cumprir os objetivos estabelecidos.

151

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Os objetivos e metas devem suportar a política ambiental e o compromisso
com uma abordagem preventiva e de melhoria contínua.

Para a norma ISO 14001, objetivo é o propósito ambiental global e meta é o


requisito de desempenho detalhado. Um objetivo pode ser composto por várias
metas, complementares ou não. São requisitos do SGA estabelecer e manter
objetivos e metas sempre documentados e atualizados.

Os objetivos e metas devem ser condizentes e compatíveis com a política


ambiental.
O requisito 4.4.3 da NBR ABNT ISO 14001- Objetivos, metas e
programa(s) - estabelece que a organização deve estabelecer, implementar
e manter objetivos e metas ambientais documentados, nas funções e níveis
relevantes na organização.

Os objetivos e metas devem ser mensuráveis, quando exequível, e coerentes


com a política ambiental, incluindo-se os comprometimentos com a prevenção
de poluição, com o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos
subscritos pela organização e com a melhoria contínua.

Ao estabelecer e analisar seus objetivos e metas, uma organização deve


considerar os requisitos legais e outros requisitos por ela subscritos, e seus

152
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
aspectos ambientais significativos. Deve também considerar suas opções
tecnológicas, seus requisitos financeiros, operacionais, comerciais e a visão das
partes interessadas.

A organização deve estabelecer, implementar e manter programa(s) para


atingir seus objetivos e metas.

O(s) programa(s) deve(m) incluir a atribuição de responsabilidade para atingir


os objetivos e metas em cada função e nível pertinente da organização e os
meios e o prazo no qual eles devem ser atingidos.

O Programa de gestão ambiental é o planejamento que contém as diretrizes


GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL
para alcançar os objetivos e metas que foram estabelecidos para cumprir a
Política Ambiental.
A organização deve atribuir responsabilidades para alcançar objetivos e
metas. Os recursos disponíveis e calendários para os alcançar devem também
ser estabelecidos. Os programas ambientais são um elemento chave para
melhorar o desempenho ambiental da empresas.

153

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


IV – ETAPA DE IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO DE UM SGA

Em prosseguimento aos nossos estudos sobre Sistemas de Gestão


Ambiental, a próxima etapa é implementar o que foi planejado na etapa anterior.
Para isso, é necessário estabelecer recursos físicos, financeiros e humanos
para alcançar os objetivos e metas definidos pela organização. Faz parte desta
etapa: estrutura e responsabilidade, conscientização e treinamento,
comunicação interna e externa, documentação, controle operacional e prontidão
e resposta à emergências.

IV. 1 – RECURSOS, FUNÇÕES, RESPONSABILIDADES E


AUTORIDADES

É o estabelecido na cláusula 4.4.1 da Norma NBR ABNT ISO 14001. A


administração deve assegurar a disponibilidade de recursos essenciais para
estabelecer, implementar, manter e melhorar o sistema da gestão ambiental.
Esses recursos incluem recursos humanos e habilidades especializadas,
infraestrutura organizacional, tecnologia e recursos financeiros.

Funções, responsabilidades e autoridades devem ser definidas,


documentadas e comunicadas visando facilitar uma gestão ambiental eficaz.

154
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A alta administração da organização deve indicar representante(s)
específico(s) da administração, o(s) qual(is), independentemente de outras
responsabilidades, deve(m) ter função, responsabilidade e autoridade definidas
para assegurar que um sistema da gestão ambiental seja estabelecido,
implementado e mantido em conformidade com os requisitos desta Norma e
relatar à alta administração sobre o desempenho do sistema da gestão
ambiental para análise, incluindo recomendações para melhoria.

Para a consecução do requisito, é preciso que a organização:

• Defina, documente e comunique claramente os papéis, as

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


responsabilidades e as autoridades a implementarem o SGA.
• Nomeie gerente específico, que defina papéis, responsabilidades e
autoridade para: assegurar cumprimento dos requisitos da norma; relatar a
performance do SGA para a alta direção da empresa para que esta tenha as
bases para melhoria do SGA.
• Forneça os recursos humanos, financeiros e técnicos essenciais para a
realização do sistema.

A norma ISO 14004 enfatiza que o representante da gerência deve ter


autoridade, responsabilidade e recursos suficientes para assegurar que o SGA
seja implementado de modo eficaz.

IV. 2 – TREINAMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

Para atender ao requisito 4.4.2 - Competência, treinamento e conscientização


- da norma NBR ISO 14001, é necessário que a organização estabeleça um
procedimento para identificar necessidades de treinamento e assegurar que
todas as pessoas cujo trabalho possa criar um impacto significativo no meio
ambiente recebam o treinamento apropriado. Assim, esta cláusula requer que
todos os empregados ou membros organizacionais se conscientizem que:

155

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


o possuem papéis e responsabilidades no contexto do SGA.
o conhecem os impactos ambientais significativos, reais ou
potenciais, de suas atividades de trabalho.
o assumam a importância do cumprimento das políticas
ambientais, dos procedimentos e dos requisitos do SGA.
o saibam dos benefícios ambientais advindos de um melhor
desempenho pessoal.
o Sejam capazes de avaliar as consequências da
violação aos procedimentos.

A organização deve exigir que, também, seus subcontratados demostrem


que seus empregados preenchem os requisitos de treinamento. Isso significa
que o subcontratado deve apresentar alguma evidência disso à organização.

IV. 3 – A COMUNICAÇÃO NO SGA

Reza a Norma 14001 que, com relação aos seus aspectos ambientais e ao
sistema da gestão ambiental, a organização deve estabelecer, implementar e
manter procedimento(s) para:

a) comunicação interna entre os vários níveis e funções da


organização,

b) recebimento, documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas


de partes interessadas externas.

A organização deve decidir se realizará comunicação externa sobre seus


aspectos ambientais significativos, devendo documentar sua decisão. Se a
decisão for comunicar, a organização deve estabelecer e implementar
método(s) para esta comunicação externa.

A comunicação no SGA (Sistema de Gestão Ambiental) é um fator


estratégico importante para uma organização principalmente quando se trata de

156
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
atividades industriais, que são automaticamente associadas à ideia de
poluição efetiva e degradação do meio ambiente pela comunidade
desinformada.
É importantíssimo, então, que as organizações passem a adotar a estratégia
de comunicar periodicamente ao seu pessoal, às comunidades onde se acham
inseridas e ao público em geral todas as suas ações na área ambiental, por
mínimas que sejam, buscando informar e cativar a opinião pública.
No caso específico dos colaboradores, a organização deve reconhecer que
são um de seus principais instrumentos de marketing e, mais do que isso, que
só através deles poderá ter uma gestão ambiental eficiente e voltada para a
melhoria contínua. Assim, a comunicação interna sobre a gestão ambiental da
organização reveste-se de particular importância, considerando sua função

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


de incutir em cada empregado o senso da responsabilidade ambiental e
torná-lo corresponsável tanto pelo desempenho ambiental da organização como
pela manutenção / melhoria de sua imagem.
A estratégia de comunicação e informação pode e deve ser executada
através de todos os meios disponíveis - institucionais, mídia, informativos para
sindicatos e associações comunitárias, palestras em outras organizações,
associações e instituições de ensino, marketing, divulgação em seminários e
workshops, organização de visitas de familiares de empregados, de instituições
de ensino, da imprensa.
Um último ponto a ser considerado sobre a importância da comunicação para
o SGA é o relacionamento interempresarial. As organizações,
independentemente de seus ramos de atividades, sempre têm muito a aprender
umas com as outras.

IV. 4 – A DOCUMENTAÇÃO DO SGA

É o estabelecido na cláusula 4.4.4 da Norma NBR ABNT ISO 14001. Trata-se


de informação, em papel ou meio eletrônico para descrever os elementos
principais e sua interação e fornecer orientação sobre documentação
relacionada.

157

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A do
documentaçção do siste
ema da ge
estão ambie
ental deve incluir:

a) po
política, obje
etivos e me
etas ambie
entais

escrição do escopo do
b) de d sistema
a da gestão
o ambienta
al

escrição dos princip


c) de pais eleme
entos do sistema
s da gestão am
ambiental e sua
intera
eração e referência
ref aos
os docume
entos assoc
ciados

d) do
documentos,
os, incluindo
ndo registros,
os, requeridos
dos pela orm
ma

e) do
documentos,
os, incluindo
ndo registrros, deter
erminados pela orgaanização como
c
sendo
ndo n
necessárrios para assegurar
a r o planejam
mento, ope
eração e con
ontrole efic
cazes
dos processos
ssos que es
stejam asso
ssociados com seus
us aspecttos ambie
entais
signifficativos.

Fun
unções, re
responsab
bilidadess e autorridades devem
d sser defin
nidas,
docum
mentadas e comunica
cadas visando
ndo facilita
ar uma ges
stão ambien
ental eficaz
z.

Pirâ
râmide d
da document
docu tação

Manual
do SGA

Proce dimentos em
Nível de Sistema

struções
Ins

Registros, Fo rmulários e Relatórios

21
21/4/2009 11:59

158
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Embora sua produção não seja obrigatória pela NBR ABNT ISO 14001, até
a versão atual (2004), a melhor forma de se descrever um SGA é através de
um Manual do Sistema.

Neste documento, em linhas gerais, se deve incluir a política ambiental,


objetivos e metas, descrever o escopo do SGA, descrever os principais
elementos do SGA, descrever a interação entre esses elementos e fazer
referências à documentação relacionada.

Os documentos mais comuns são:

• Procedimentos documentados: Procedimento é a descrição de como se

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


desenvolve uma determinada atividade relacionada ao processo. Se
essa informação estiver contida em uma mídia qualquer, teremos um
procedimento documentado. Na verdade, em SGA, um procedimento
documentado mostra como o sistema é implementado, isto é, o que
acontece passo-a-passo em um processo e as responsabilidades por
cada passo.

• Instruções de trabalho: São documentos que fornecem informações


detalhadas para os empregados sobre como desempenhar tarefas
específicas, preparar formulários, enfim executar atividades de rotina cujo
desempenho está relacionado aos aspectos ambientais significativos.

• Registros: São definidos como documentos especiais, contendo


resultados alcançados ou fornecendo evidências do desempenho de
atividades. Logo, todo registro é um documento, mas nem todo
documento constitui-se em um registro. Um sistema documentado é
constituído pelo Manual do SGA, procedimentos em nível de sistema e
instruções de trabalho, devendo estes estar apoiados em registros
ambientais que mostrem evidências da implantação e eficácia do SGA.

Exemplo: Para evidenciar a existência de treinamentos específicos em uma


organização que os prevê através de um ou mais procedimentos que se

159

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


encontram referenciados no seu Manual do SGA, podemos verificar, por
exemplo, as listas de freqüência a treinamentos (registros).

IV. 5 – CONTROLE DE DOCUMENTOS

Os documentos requeridos pelo sistema da gestão ambiental e pela Norma


14001 devem ser controlados na forma definida na cláusula 4.4.5.

Os Registros são um tipo especial de documento e devem ser controlados


de acordo com os requisitos estabelecidos em cláusula a parte (4.5.4).

De acordo com a Norma, a organização deve estabelecer, implementar e


manter procedimento(s) para:
a) aprovar documentos quanto à sua adequação antes
de seu uso,
b) analisar e atualizar, conforme necessário, e reaprovar
documentos,
c) assegurar que as alterações e a situação atual da revisão de
documentos sejam identificadas,
d) assegurar que as versões relevantes de documentos aplicáveis estejam
disponíveis em seu ponto de uso;
e) assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente
identificáveis,
f) assegurar que os documentos de origem externa determinados pela
organização como sendo necessários ao planejamento e operação do sistema
da gestão ambiental sejam identificados e que sua distribuição seja controlada, e
g) prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar
identificação adequada nestes, se forem retidos para quaisquer fins.

Em resumo, a organização deve manter um sistema bem parecido com o


controle de documentos da ISO 9000, ou seja, procedimentos para que todos os
documentos sejam controlados e assinados pelos responsáveis, com acesso
fácil aos interessados, para manter atualizados, identificados, legíveis e

160
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
armazenados adequadamente. Os documentos obsoletos também devem ser
retirados do local para evitar uso indevido.

IV. 6 - CONTROLE OPERACIONAL

Segundo o requisito 4.4.6 da ISO 14001, a organização deve identificar e


planejar aquelas operações que estejam associadas aos aspectos ambientais
significativos identificados de acordo com sua política, objetivos e metas
ambientais para assegurar que elas sejam realizadas sob condições
especificadas por meio de:
a) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s)

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


documentado (s) para controlar situações onde sua ausência possa acarretar
desvios em relação à sua política e aos objetivos e metas ambientais,
b) determinação de critérios operacionais no(s) procedimento(s); e
c) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s)
associado(s) aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e
serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e
requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço.

A organização precisa ter procedimentos para fazer inspeções e o controle


dos aspectos ambientais, inclusive procedimentos para a manutenção e
calibração dos equipamentos que fazem esses controles.

O controle operacional consiste em desenvolver ações planejadas para


atender os compromissos da Política Ambiental, tais como:
• Técnicas de Controle;
• Similar a qualidade, pode ser estabelecido e mantido de várias
maneiras:
• monitoramento de processo;
• controle de materiais;
• treinamento de operador;

161

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


• pontos de verificação;
• manutenção de equipamentos; etc.,

IV. 7 - PREPARAÇÃO E RESPOSTA A EMERGÊNCIAS

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para


identificar potenciais situações de emergência e potenciais acidentes que
possam ter impacto(s) sobre o meio ambiente, e como a organização responderá
a estes.

A organização deve responder às situações reais de emergência e aos


acidentes, e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos associados.

A organização deve também periodicamente testar tais procedimentos,


quando exequível.

É importante ressaltar que a empresa deve possuir procedimentos para


prevenir, investigar e responder a situações de emergência.

Também deve ter planos e funcionários treinados para atuar em situações de


emergência.

A preparação e o atendimento a emergências consistem em prever possíveis


acidentes ambientais e organizar-se para atuar em caso de seu acontecimento.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar o
potencial e atender acidentes e situações de emergência, bem como para
prevenir e mitigar impactos ambientais que possam estar associados a eles.

A organização deve analisar e revisar, onde necessário, seus procedimentos


de preparação e atendimento a emergências, em particular após ocorrência de
acidentes ou situações de emergência. Deve, também, testar periodicamente
tais procedimentos, onde exequível. Os planos de emergência podem incluir:
organização e responsabilidade perante emergências; uma lista de pessoas-

162
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
chave; detalhes sobre serviços de emergência (por exemplo, corpo de
bombeiros e serviço de limpeza pública, Secretaria do Meio Ambiente, Polícia
Florestal e Defesa Civil); planos de comunicação interna e externa; ações a
serem adotadas para diferentes tipos de emergência; informações sobre
materiais perigosos, incluindo o impacto potencial de cada material sobre o
meio ambiente, e medidas a serem tomadas na eventualidade de lançamentos
acidentais; e planos de treinamento e simulações para verificar a eficácia das
medidas).

V – ETAPA DE VERIFICAÇÃO DE UM SGA

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Após o SGA ser posto em prática, tem que ser submetido a verificações e, se
for o caso, merecer correções através de ações que assegurem a sua
conformidade com a Norma e com a melhoria contínua.

O SGA tem que ser mantido e avaliado de forma contínua através da


monitorização e medição dos impactos ambientais, da realização de auditorias
ambientais, correção dos desvios encontrados ou não conformidades por meio
de ações preventivas e corretivas e registro dos elementos essenciais do
sistema.

V.1 - MONITORAMENTO E MEDIÇÃO

Podemos encontrar na cláusula 4.5.1 da NBR ISO 14001:

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s)


para monitorar e medir regularmente as características principais de suas
operações que possam ter um impacto ambiental significativo.

163

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O(s) procedimento(s) deve(m) incluir a documentação de informações
para monitorar o desempenho, os controles operacionais pertinentes e a
conformidade com os objetivos e metas ambientais da organização.

A organização deve assegurar que equipamentos de monitoramento e


medição calibrados ou verificados sejam utilizados e mantidos, devendo-
se reter os registros associados.

As operações de uma organização podem ter uma variedade de


características. Por exemplo, as características relativas ao monitoramento e
medição de descarga de esgoto podem incluir demanda biológica e química por
oxigênio, temperatura e acidez.

Os dados coletados a partir do monitoramento e medição podem ser


analisados para identificar padrões e obter informações. O conhecimento
adquirido com essas informações pode ser utilizado para implementar ações
corretivas e preventivas.

As características principais são aquelas que a organização necessita


considerar para determinar como ela está gerenciando seus aspectos
ambientais significativos, atingindo seus objetivos e metas e aprimorando seu
desempenho ambiental. Quando for necessário assegurar resultados válidos,
recomenda-se que os equipamentos de medição sejam calibrados ou
verificados a intervalos especificados ou antes do uso, contra padrões de
medição rastreáveis, a padrões de medição internacionais ou nacionais. Se
não existirem tais padrões, recomenda-se que a base utilizada para calibração
seja registrada.

O requisito para monitorar a eficácia do controle operacional é lógico e serve


para medir e comparar o controle alcançado com os requisitos legais e
outros requisitos, demonstrando a realização dos compromissos de acordo com
a política da empresa. Através da trajetória da qualificação de desempenho da

164
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
conquista de melhoria contínua é possível definir os objetivos e metas da
organização.

As organizações são novamente lembradas da importância da


conformidade legal, que deve ser avaliada periodicamente.

A norma não define a frequência de monitoramento e medição e, a menos


que seja especificada por um requisito legal, ela seria determinada pela eficácia
do controle operacional implementado.

V.2 - AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO A REQUISITOS LEGAIS E OUTROS

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Diz a Norma:
Cláusula 4.5.2.1: De maneira coerente com o seu comprometimento de
atendimento a requisitos, a organização deve estabelecer, implementar e
manter procedimento(s) para avaliar periodicamente o atendimento aos
requisitos legais aplicáveis.

A organização deve manter registros dos resultados das avaliações


periódicas

Cláusula 4.5.2.2: A organização deve avaliar o atendimento a outros


requisitos por ela subscritos. A organização pode combinar esta avaliação com
a avaliação referida em 4.5.2.1 ou estabelecer um procedimento em separado.

A organização deve manter registros dos resultados das avaliações


periódicas.

Recomenda-se que a organização seja capaz de demonstrar que ela tenha


avaliado o atendimento aos requisitos legais identificados, incluindo autorizações
ou licenças aplicáveis.

165

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Recomenda-se que a organização seja capaz de demonstrar que ela tenha
avaliado o atendimento a outros requisitos subscritos identificados.

V.3 - NÃO CONFORMIDADE, AÇÃO CORRETIVA E AÇÃO PREVENTIVA

Lemos na Cláusula 4.5.3:


A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para
tratar as não-conformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas
e preventivas.
O(s) procedimento(s) deve(m) definir requisitos para:
a) identificar e corrigir não-conformidade(s) e executar ações para
mitigar seus impactos ambientais,
b) investigar não-conformidade(s), determinar sua(s) causa(s) e executar
ações para evitar sua repetição,
c) avaliar a necessidade de ação(ões) para prevenir não-
conformidades e implementar ações apropriadas para evitar sua ocorrência,

Dependendo da natureza da não conformidade, ao se estabelecerem


procedimentos para lidar com esses requisitos, as organizações podem elaborá-
los com um mínimo de planejamento formal ou por meio de uma atividade mais
complexa e de longo prazo. É recomendado que a documentação associada
seja apropriada ao nível da ação.

O termo não conformidade carrega a inferência infeliz de identificação de


culpa. É na verdade o reconhecimento de que o controle foi perdido ou de que
não foi eficaz.

A identificação da não conformidade pode surgir do monitoramento e


medição ou da auditoria e identifica os pontos fracos que devem ser analisados
e tratados no sistema.

166
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A norma enfatiza a importância de se identificar, através da investigação, a
causa da não conformidade para que se possam tomar medidas corretivas e
preventivas.

V.4 – CONTROLE DE REGISTROS

Como já sabemos registro é um tipo especial de documento que apresenta


resultados obtidos ou fornece evidências de atividades realizadas e não são
passíveis de revisão.

Conforme está descrito na Norma 14001, “a organização deve estabelecer e


manter registros, conforme necessário, para demonstrar conformidade com os

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


requisitos de seu sistema da gestão ambiental e desta Norma, bem como os
resultados obtidos”.

Como em outros requisitos, a organização deve estabelecer, implementar e


manter procedimento(s), neste caso, para a identificação, armazenamento,
proteção, recuperação, retenção e descarte de registros. Isso significa que o
procedimento de controle de registros, deve definir o tempo de retenção de
cada registro e a forma como deverão ser descartados.

É exigência da Norma que os registros devam ser e permanecer legíveis,


identificáveis e rastreáveis.

Os registros ambientais podem incluir:

- Relatórios de incidentes
- Registros de reclamações
- Informações pertinentes a empreiteiros e fornecedores
- Inspeção, manutenção, e registros de calibração
- Informações processuais
- Informações do produto
- Registros de treinamento
- Resultados das auditorias

167

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


- Registros de aspectos ambientais significativos
- Informações sobre leis ambientais e outros requisitos aplicáveis
- Resultados de simulados
- Análises críticas pela alta administração

V.5 - AUDITORIA INTERNA

Existem diferentes formas de auditorias ambientais, que são definidas em


função dos diversos objetivos a que elas se propõem.

Uma divisão simples classifica as auditorias em quatro classes:


- Auditoria dos impactos ambientais: onde é feita uma avaliação dos
impactos ambientais no ar, água,solo e comunidade de uma determinada
unidade industrial ou de um determinado processo com objetivo de fornecer
subsídios para ações de controle da poluição, visando a minimização destes
impactos.
- Auditoria dos riscos ambientais: onde é feita uma avaliação dos riscos
ambientais reais ou potenciais de uma fábrica ou de um processo industrial
especifico.
- Auditoria da legislação ambiental: onde é feita uma avaliação da situação
ambiental de uma determinada fábrica ou organização em relação ao
cumprimento da legislação vigente.
- Auditoria de sistemas de gestão ambiental: é uma avaliação sistemática
para determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho ambiental
de uma empresa estão de acordo com sua política ambiental, e se o sistema
está efetivamente implantado e adequado para atender aos objetivos ambientais
da organização.

A auditoria de sistema de gestão é uma ferramenta de gestão,


compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva
sobre como os equipamentos, gestão e organização ambiental estão
desempenhando o objetivo de ajudar a proteger o meio ambiente.

168
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A maioria das auditorias ambientais é uma combinação de uma e outra forma
de auditoria. Contudo, o objetivo principal de qualquer auditoria ambiental é a
realização de um diagnóstico da situação atual para verificar o que está
faltando e promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho
ambiental da empresa.

É exigência da Norma 14001 que a organização assegure que as auditorias


internas do sistema da gestão ambiental sejam conduzidas em intervalos
planejados para determinar se o sistema da gestão ambiental está em
conformidade com os arranjos planejados para a gestão ambiental, incluindo-se
os requisitos da Norma, e se foi adequadamente implementado e é mantido.
Programa(s) de auditoria deve(m) ser planejado(s), estabelecido(s),

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


implementado(s) e mantido(s) pela organização, levando-se em consideração a
importância ambiental da(s) operação(ões) pertinente(s) e os resultados das
auditorias anteriores.

Procedimento(s) de auditoria deve(m) ser estabelecido(s), implementado(s) e


mantido(s) para tratar:
• das responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir as
auditorias, para relatar os resultados e manter registros associados.
• da determinação dos critérios de auditoria, escopo, frequência e métodos.

A seleção de auditores e a condução das auditorias devem assegurar


objetividade e imparcialidade do processo de auditoria.

Os procedimentos da auditoria devem esclarecer:


– O escopo da auditoria
– A frequência de sua realização
– As metodologias empregadas
– Atribuição de responsabilidades
– Os requisitos para condução de uma auditoria
– Os relatórios de resultados

169

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


V.6 – ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO

Também conhecida como Análise Crítica, é o fórum onde a alta


administração da organização tem a oportunidade de analisar o sistema de
gestão ambiental para assegurar que o mesmo continue adequado e eficaz.
O processo de análise pela alta administração deve assegurar que sejam
coletadas todas as informações necessárias para permitir que a administração
faça sua avaliação. Essa análise deve ser devidamente documentada.

A análise da administração possibilita abordar a possível necessidade de


mudar a política, os objetivos e outros elementos do sistema de gestão de
saúde e segurança, com base nos resultados de auditorias realizadas no
sistema de gestão, mudanças e o comprometimento com a melhoria contínua.

Conduzidas a intervalos planejados, as reuniões de análise pela alta


administração do Sistema de Gestão Ambiental são, pois, realizadas com o
objetivo de assegurar sua continuada adequação, pertinência e eficácia.

As análises devem incluir a avaliação de oportunidades de melhorias e a


necessidade de alteração no SGA, inclusive na política ambiental da
organização e dos seus objetivos e metas ambientais. Os resultados das
análises são registrados de modo conveniente, para assegurar que as ações
necessárias sejam empreendidas.

Levadas à apreciação da Alta Administração da organização pelo


Representante, as entradas para análise devem incluir:

a) resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento


aos requisitos legais e outros subscritos pela organização,
b) comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas,
incluindo reclamações,
c) o desempenho ambiental da organização,
d) extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas,

170
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
e) situação das ações corretivas e preventivas,
f) ações de acompanhamento das análises anteriores,
g) mudança de circunstâncias, incluindo desenvolvimentos em requisitos
legais e outros relacionados aos aspectos ambientais, e
h) recomendações para melhoria.

Como resultado da análise, as respostas (saídas) da administração devem


incluir quaisquer decisões e ações relacionadas a possíveis mudanças na
política ambiental, nos objetivos, metas e em outros elementos do sistema da
gestão ambiental, consistentes com o comprometimento com a melhoria
contínua.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


LISTA DE VERIFICAÇÃO

O objetivo desta lista é proporcionar uma ferramenta de auditoria para


verificar se um SGA foi corretamente implantado e está em conformidade com a
Norma NBR ABNT ISO 14001.

1 - REQUISITOS GERAIS

Determinar se:
A organização auditada define e documenta o escopo do seu Sistema de
Gestão Ambiental (SGA).

2 - POLÍTICA AMBIENTAL

Determinar se:
A organização auditada define a sua política ambiental e assegura que,
dentro do escopo definido pelo seu SGA, essa política:
a) é apropriada à natureza, escala e impacto ambiental de suas
atividades, produtos e serviços;

171

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


b) inclui comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção
de poluição;
c) inclui um comprometimento em atender aos requisitos legais
aplicáveis e outros requisitos por ela subscritos, que se relacionem a
seus aspectos ambientais;
d) fornece uma estrutura para o estabelecimento e análise dos
objetivos e metas ambientais;
e) está documentada, é implementada e é mantida;
f) é divulgada para todos aqueles que trabalham na organização
auditada, ou que atuem em seu nome; e
g) está disponível para o público.

3 - PLANEJAMENTO

3.1- Aspectos Ambientais

Determinar se:
1 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém
procedimentos, para:
a) identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e
serviços, dentro do escopo do seu SGA, que ela possa controlar e
aqueles que ela possa influenciar, levando-se em conta
desenvolvimentos, novos ou planejados, bem atividades, produtos e
serviços, novos ou modificados;
b) identificar os aspectos que tenham ou possam vir a ter impactos
significativos sobre o meio ambiente; e
c) documentar as informações acima e mantê-las atualizadas.

2 - A organização auditada assegura que os aspectos ambientais


significativos são levados em consideração quando do estabelecimento,
implementação e manutenção do seu SGA.

172
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3.2 - Requisitos Legais e Outros

Determinar se:
1 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém
procedimentos, para:
a ) identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis;
b) identificar e ter acesso a outros requisitos subscritos pela
organização auditada, relacionados aos seus aspectos ambientais; e
c) determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos
ambientais.

2 - A organização auditada assegura que os requisitos legais aplicáveis e os

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


outros requisitos, por ela subscritos, são levados em consideração no
estabelecimento, implementação e manutenção do seu SGA.

3.3 - Objetivos, Metas e Programas

Determinar se:
1 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém objetivos e
metas ambientais documentadas, nas funções e níveis relevantes de sua
estrutura;

2 - Os objetivos e metas, da organização auditada, são mensuráveis, quando


exequível e coerentes com a sua política ambiental, incluindo-se os
comprometimentos com a prevenção da poluição, com o atendimento aos
requisitos legais aplicáveis e aos demais requisitos subscritos pela organização
auditada, bem como com o conceito da melhoria contínua;

3 - A organização auditada, no estabelecimento e análise dos seus objetivos


e metas, considera:
a) os requisitos legais e demais requisitos, por ela subscritos, bem como
os seus aspectos ambientais significativos; e.

173

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


b) as opções tecnológicas, seus requisitos financeiros, operacionais,
comerciais e a visão das partes interessadas.
4 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém programas
para atingir seus objetivos e metas, que incluam:
a) a atribuição de responsabilidades para atingir os objetivos e metas,
em cada função e nível pertinente de sua estrutura; e
b) os meios e os prazo no qual esses objetivos e metas devem ser
atingidos.

4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

4.1 - Recursos, Funções, Responsabilidades e Autoridades

Determinar se:
1 - A administração da organização auditada assegura a disponibilidade dos
recursos essenciais para o estabelecimento, implementação, manutenção e
melhoria do sistema de gestão ambiental, incluindo recursos humanos (com
habilidades especializadas, quando necessário), infraestrutura organizacional,
tecnologia apropriada e recursos financeiros;

2 - As funções, responsabilidades e autoridades, em relação ao SGA, estão


definidas, documentadas e foram adequadamente comunicadas a todas as
partes envolvidas com o SGA;

3 - A alta administração da organização auditada indicou representantes


específicos, que, independentemente de outras responsabilidades, tenham
função, responsabilidade e autoridade para:
a) assegurar que o sistema de gestão ambiental seja estabelecido,
implementado e mantido em conformidade com os requisitos da Norma
ABNT NBR ISSO 14001, e
b) relatar à alta administração o desempenho do SGA para análise,
incluindo recomendações para melhoria, conforme aplicável.

174
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4.2 - Competência, Treinamento e Conscientização.

Determinar se:
1 - A organização auditada assegura que qualquer pessoa que, em nome da
organização auditada, ou para a organização auditada, realize tarefas que
tenham o potencial de causar impactos ambientais significativos, que tenham
sido identificados pela organização auditada:
a) seja competente, com base em formação apropriada, treinamento ou
experiência; e
b) que os registros associados a essa competência sejam mantidos;

2 - A organização auditada:

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


a) identifica as necessidades de treinamento associadas aos aspectos
ambientais de suas atividades e do seu SGA;
b) provê o treinamento ou toma alguma ação apropriada que atenda às
necessidades de treinamento; e
c) mantém os registros associados a essas necessidades de treinamento

3 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém


procedimentos, para fazer com que as pessoas, que trabalhem para ela, ou em
seu nome, tenham consciência:
a) da importância de se estar em conformidade com a política
ambiental e com os requisitos do SGA;
b) dos aspectos ambientais significativos e respectivos impactos
ambientais, reais, ou potenciais, associados ao seu trabalho, bem como
dos benefícios ambientais provenientes da melhoria do seu desempenho
pessoal;
c) de suas funções e responsabilidades para se atingir a conformidade
com os requisitos do SGA; e
d) das consequências que podem resultar da inobservância (ou não
cumprimento) dos procedimentos especificados.

175

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


4.3 - Comunicação

Determinar se:
1 - A organização auditada, em relação aos seus aspectos ambientais e
ao SGA, estabelece, implementa e mantém procedimentos para:
a) a comunicação interna entre os vários níveis e funções
organizacionais; e
b) o recebimento e à resposta de comunicações pertinentes,
oriundas de partes interessadas externas, bem como à documentação
dessas ações.

2 - A organização auditada:
a) documenta as bases de eventual decisão da comunicação externa
de seus aspectos ambientais significativos; e
b) estabelece e documenta os métodos para a comunicação
externas desses seus aspectos ambientais significativos.

4.4 - Documentação

Determinar se a documentação do SGA inclui:


a) a política, objetivo e metas ambientais;
b) a descrição do escopo do SGA;
c) a descrição dos principais elementos do SGA, incluindo a
interação entre eles e incluindo, também, referência a documentos
associados;
d) os documentos necessários, incluindo os registros requeridos pela
NBR ISO 14001; e
e) os documentos, incluindo registros determinados pela organização
auditada, como necessários para garantir o planejamento, operação e
controle eficazes dos processos que estejam associados com os
aspectos ambientais significativos do SGA.

176
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4.5 - Controle de Documentos

Determinar se, em relação aos documentos requeridos pelo SGA e pela


Norma ABNT NBR ISO 14001, a organização auditada estabelece, implementa
e mantém procedimentos para:
a) aprovar documentos, quanto à sua adequação, antes
de sua utilização;
b) analisar e atualizar, conforme necessário, bem como
reaprovar documentos;
c) assegurar que alterações e a situação atual dos documentos sejam
claramente identificadas;
d) assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


estejam disponíveis em seu ponto de uso e que as versões
ultrapassadas não sejam utilizadas;
e) assegurar que os documentos permaneçam legíveis
prontamente identificáveis;
f) assegurar que os documentos de origem externa, determinados
pela organização auditada, como sendo necessários ao planejamento e
operação do SGA, sejam identificados como tal e que sua distribuição
seja controlada; e
g) prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e, no
caso de sua manutenção, para quaisquer fins, que os mesmos estejam
adequadamente identificados.

4.6 - Controle Operacional

1 - Determinar se a organização auditada identifica e planeja as operações


associadas aos seus aspectos ambientais significativos, identificados de
acordo com a sua política, objetivos e metas ambientais, para assegurar que
tais operações sejam realizadas sob as condições especificadas, por meio de:
a) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos
documentados, para controlar situações onde, a sua ausência, possa

177

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


acarretar desvios em relação à sua política e aos objetivos e metas
ambientais;
b) determinação de critérios operacionais, descritos nos
procedimentos; e
c) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos
associados aos aspectos ambientais significativos que tenham sido
identificados, em relação a produtos e serviços utilizados pela
organização auditada, bem como pela comunicação dos procedimentos
e dos requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se,, aqui, os
prestadores de serviços.

4.7 - Preparação e Resposta à Emergências:

Determinar:
1 - Se a organização auditada implementa e mantém procedimentos para:
a) identificar situações potenciais de acidentes e de emergência, que
possam ter impacto sobre o meio ambiente; e
b) como a organização auditada responderá àquelas situações.

2 - Como a organização auditada:


a) respondeu, se aplicável, às situações reais de acidentes e de
emergências; e
b) preveniu ou mitigou os impactos ambientais adversos, associados.

3 - Se a organização auditada analisa periodicamente e revisa, quando


necessário, os seus procedimentos de preparação e resposta às emergências,
em particular após a ocorrência de acidentes ou de situações de emergências.

4 - Se a organização auditada, quando exeqüível, testa, periodicamente, os


seus procedimentos de resposta às emergências decorrentes de acidentes
potenciais.

178
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5 - VERIFICAÇÃO

5.1 - Monitoramento e Medição.


Determinar:
1 - Se a organização auditada estabelece, implementa e mantém
procedimentos:
a) para monitorar e medir, regularmente, as características principais de
suas operações, que possam ter um impacto ambiental significativo;
b) que incluam a documentação de informações para monitorar o
desempenho, os controles operacionais pertinentes às suas operações e
a conformidade com os objetivos e metas ambientais da organização
auditada.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


2 - Se a organização auditada assegura, em relação aos seus equipamentos
de monitoração e medição:
a) que os mesmos estejam calibrados ou verificados, conforme
aplicáveis;
b) que os mesmos sejam devidamente utilizados e
mantidos; e
c) que os registros associados à sua calibração, verificação e utilização
sejam mantidos.

5.2 - Avaliação do Atendimento a Requisitos Legais e Outros.

Determinar:
1 - Se a organização auditada estabelece, implementa e mantém
procedimentos para avaliar, periodicamente, o atendimento aos requisitos
legais aplicáveis e se são mantidos registros dos resultados dessas avaliações
periódicas;
2 - Se a organização auditada avalia, periodicamente, o atendimento a outros
requisitos por ela subscritos e se são mantidos registros dos resultados dessas
avaliações periódicas.

179

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


5.3 - Não Conformidades, Ação Corretiva e Ação Preventiva.

Determinar se:
1 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém procedimentos
para tratar as não-conformidades, reais e potenciais e para executar ações
corretivas e preventivas, definindo requisitos para:
a) identificação e correção de não conformidades e execução de ações
para mitigar os seus impactos ambientais;
b) investigação de não conformidades, incluindo a determinação de
suas causas a execução de medidas e ações que evitem a sua
repetição;
c) a avaliação da necessidade de ações para prevenir a ocorrência de
não conformidades e a implementação dessas ações;
d) o registro dos resultados das ações corretivas e
preventivas executadas; e.
e) a análise da eficácia das ações corretivas e preventivas
executadas.

2 - Na execução das ações, corretivas ou preventivas, as mesmas são


adequadas à magnitude dos problemas e dos impactos ambientais ocorridos;

3 - A organização auditada assegura que, como consequência de ações


corretivas ou preventivas, tomadas, são feitas as mudanças necessárias na
documentação do SGA.

5.4 - Controles de Registros

Determinar se:
1 - A organização auditada estabelece e mantém registros (incluindo os
resultados obtidos), conforme necessário, que demonstrem a conformidade
com os requisitos do seu SGA e com a Norma ABNT NBR ISO 14001:2004;

180
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2 - A organização auditada estabelece, implementa e mantém
procedimentos para a identificação, guarda, proteção, recuperação, retenção e
descarte dos registros;

3 - Os registros são legíveis, identificáveis e rastreáveis aos itens ou serviços


a que se referem.

5.5 - Auditoria Interna.

Determinar se:
1 - A organização auditada assegura que as auditorias internas do SGA são

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


conduzidas em intervalos planejados, a fim de:
a) determinar se o sistema de gestão ambiental:
i) está em conformidade com os arranjos planejados para a gestão
ambiental, incluindo- se os requisitos da Norma ABNT NBR ISO
14001:2004; e
ii) foi adequadamente implementado e está sendo
mantido, e
b) fornecer informações à administração sobre os resultados da
auditoria;

2 - Os programas de auditorias foram planejados, estabelecidos,


implementados e mantidos pela organização auditada, levando-se em conta a
importância ambiental das operações pertinentes, bem como os resultados das
auditorias anteriores;

3 - Procedimentos de auditorias foram estabelecidos, implementados e


mantidos para tratar:
a) das responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir as
auditorias, para relatar os resultados e para a guarda e manutenção dos
registros associados;
b) da determinação dos critérios de auditoria, escopo,
frequência e métodos.

181

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


4 - A seleção de auditores e a condução das auditorias são efetuadas de
forma a se assegurar a objetividade e a imparcialidade do processo de auditoria.

5.6 - Análise pela Administração.

Determinar se:
1 - A alta administração da organização auditada analisa, em intervalos
planejados, o SGA, para assegurar a sua contínua adequação, pertinência e
eficácia;

2 - A análise, pela alta administração, inclui a avaliação de oportunidades de


melhorias, ou a necessidade de alterações no SGA, inclusive da Política
Ambiental e dos objetivos e metas ambientais; e

3 - Os registros das análises da alta administração, são mantidos.

4 - As entradas do processo de análise pela alta administração,


incluem:
a) os resultados das auditorias internas e as avaliações do
atendimento aos requisitos legais e demais requisitos subscritos pela
organização auditada;
b) as comunicações provenientes de partes interessadas externas,
incluindo-se as reclamações;
c) o desempenho ambiental da organização auditada;
d) a extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas;
e) a situação das ações corretivas e das ações preventivas;
f) a situação das ações de acompanhamento das análises anteriores;
g) a mudança de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em
requisitos legais e outros, relacionados aos aspectos ambientais; e
h) recomendações para melhoria do SGA.

5 - As saídas do processo de análise pela administração, incluem, quando


pertinente, decisões e ações relacionadas com possíveis mudanças na política

182
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ambiental, nos objetivos, metas e em outros elementos do SGA, consistentes
com o comprometimento com a melhoria contínua.

4. AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA – ISO 14.040

Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos
ambientais e dos impactos ambientais associados a um produto,
compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza de matérias-
primas elementares que entram no sistema produtivo (berço) a disposição do
produto final (túmulo) (CHEHEBE 1998).
A ACV trata-se de uma ferramenta relativamente nova no mundo e,

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


atualmente, está sendo introduzida no Brasil, embora o país ainda não possua
um banco de dados público disponível as consultas para estudos de ACV.
A maneira como é definida a Análise do Ciclo de Vida (ACV) nos dias atuais
demonstram cada vez mais a sua importância nas avaliações de impactos
ambientais, sendo normalizadas pelas:

ISO 14040 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Princípios e


Estruturas.
ISO 14041 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Definição de
objetivo, análise do inventário e escopo.
ISO 14042 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Análise de impostos
associados ao ciclo de vida.
ISO 14043 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Interpretação.

A Avaliação do Ciclo de Vida tem se mostrado uma ferramenta importante nas


questões de economia, qualidade e preservação do meio ambiente, pois
concede informações importantes na elaboração de novos produtos bem como
melhoramentos significativos nos processos atuais de funcionamento das
empresas que a empregam como ferramenta gerencial (CHEHEBE 1998).

183

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


FASES DA ACV

Com base na ABNT NBR ISO 14040 (ABNT 2004) a metodologia com técnica
de ACV inclui quatro fases principais, inter-relacionadas entre si, como estão
mencionadas abaixo:
1. Definição do objetivo e escopo da análise;
2. Inventário dos processos envolvidos, com enumeração das entradas e
saídas do sistema;
3. Avaliação dos impactos ambientais associados às entradas e saídas do
sistema (cálculos);
4. Interpretação dos resultados das fases de inventário e avaliação, levando-se
em conta os objetivos do estudo.

A ISO 14.040 estabelece que a Análise do Ciclo de Vida de Produtos deve


incluir a definição do objetivo e do escopo do trabalho, uma análise do
inventário, uma avaliação e impacto e a interpretação dos resultados

Fonte: Google.com

Objetivo e Escopo
Na ACV, o primeiro passo a ser seguido é a definição do objetivo do estudo,
e segundo Ferrão (1998), deve considerar as seguintes questões:

184
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Quais razões levam à realização do estudo?
Qual objetivo do estudo?
Que produto ou função pretende-se estudar?
A quem se destina os resultados?

O segundo passo em um estudo de ACV constitui o escopo da análise, o qual


definirá o sistema, os limites do sistema, os requisitos de dados, as
pressuposições e as limitações (quando conhecidos).
De acordo com Reis (1996) o objetivo de um estudo deve ser definido,
incluindo-se uma declaração clara e inequívoca do motivo pelo qual a ACV será
conduzida, o(s) uso(s) pretendido(s) para os resultados, o público-alvo, as metas
iniciais de qualidade dos dados e o tipo de processo de revisão critica a ser

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


utilizado.
Segundo Reis (1996) o escopo de um estudo definirá o sistema, os limites do
sistema, os requisitos de dados, as pressuposições e as limitações (quando
conhecidas).
Na prática, de acordo com Chehebe (1998) é recomendado que inicialmente
seja gasto relativamente pouco tempo formulando o escopo quando se inicia
uma ACV A experiência adquirida na busca de informações fará com que sejam
necessários a reformulação e o ajustamento do escopo do estudo.
Na definição do objetivo e do escopo do estudo de ACV devem ser
considerados:
O sistema a ser estudado.
O sistema a ser estudado pode ser qualquer produto ou processo industrial
desde que se defina qual tipo de informações se deseja conhecer. Ex: indústria
têxtil de um modo geral ou apenas o processo de coloração do tecido.
A definição dos limites do sistema.
Os limites do sistema serão determinados de acordo com a confiabilidade dos
dados e a sua respectiva utilização. Ex: processo total ou parte dele, como
acima descrito.
A definição das unidades de processo.
Determinação de cada parte do processo de produção. Ex: transporte,
moagem de material.

185

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O estabelecimento da função e da unidade funcional do sistema.
A unidade funcional é uma das etapas mais importantes, sendo que serve de
comparação para cada parte do processo. Ex: kg de sabão por kg de roupa
limpa, ou kg de sabão por litros de água.

Os procedimentos de alocação.
Quando se estuda a reutilização de subprodutos no processo. Ex: água de
moagem para resfriamento dos fornos ou para remoção de particulados na
chaminé.
Os requisitos dos dados.
Verifica-se a validade dos dados bem como sua origem e ano de estudo.
As hipóteses e limitações.
Os estudos de ACV são amplos, pode-se estender o estudo ao local ou até ao
âmbito global o que se torna inviável.
Se for realizadas Avaliação de Impacto e a metodologia a ser adotada.
A avaliação de impacto deve ser quantificada e qualificada.
Se for realizadas a fase de Interpretação e a metodologia a ser adotada.
Avaliar qual impacto no meio ambiente merece priorização.
O tipo e o formato do relatório necessário ao estudo.
O relatório deve ser de fácil interpretação e utilização conforme onde os
resultados serão aplicados. Ex: laboratório de análises, para o governo.
A definição dos critérios para a revisão crítica, se necessária.
Deve-se rever todo o estudo para poder avaliar sua validade e utilização. A
Figura 9 mostra o sistema relacionado ao produto e sua vizinhança. Onde os
fluxos elementares são as entradas ou passagens de matérias primas e outros
materiais no processo, ou saídas de materiais para outras indústrias, no caso de
subprodutos.

186
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Análise do Inventário

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Segundo Chehebe (1998) uma vez que o objetivo e o escopo do estudo foram
estabelecidos, a próxima fase da ACV é o Inventário. A definição do objetivo e
do escopo do estudo fornece um planejamento inicial sobre a forma como o
estudo será conduzido, O Inventário do Ciclo de Vida de um produto refere-se à
coleta de dados e aos procedimentos de cálculos.

Em tese, o inventário é semelhante a um balanço contábil-fínanceiro, só que


medido em termos energéticos ou de massa. O total do que entra no sistema em
estudo deve ser igual ao que sai. De uma forma geral deve-se organizar a fase
de análise do inventário de acordo com as seguintes atividades: preparação para
a coleta de dados, coleta de dados, refinamento dos limites do sistema,
determinação dos procedimentos de cálculo e procedimentos de alocação.

Como essas atividades devem ser realizadas em acordo com o objetivo e o


escopo do estudo e devem obedecer a uma série de parâmetros estabelecidos
na norma ISO 14041 estabelece alguns princípios que devem ser seguidos
durante a fase de inventário. A figura 10 mostra as etapas operacionais que
devem ser feitas durante esta fase.

187

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Avaliação de Impactos

O resultado da etapa anterior é uma tabela de inventário para o sistema


estudado: uma longa lista de dados com intervenções ambientais que podem ser
de difícil interpretação, especialmente quando se comparam produtos.

O texto ISO CD 14042, aprovado em Kioto (Japão), em maio de 1997, propõe


que o processo de avaliação de impacto seja composto, no mínimo, dos
seguintes elementos:

a) Seleção e definição das categorias — onde são identificados os grandes


focos de preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que o estudo
utilizará.
b) Classificação — onde os dados do inventário são classificados e grupados
nas diversas categorias selecionadas (relacionadas a efeitos ou impactos
ambientais conhecidos aquecimento global, acidificação, saúde humana,
exaustão dos recursos naturais, etc).
c) Caracterização — onde os dados do inventário atribuídos a uma
determinada categoria são modelados de forma a que os resultados possam ser
expressos na forma de um indicador numérico para cada categoria

188
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os dados são classificados e agrupados nas diversas categorias
selecionadas como o aquecimento global, acidificação, etc. Pode-se classificar
em:
Meios receptores; Problemas Ambientais.

Atribuição de pesos — Alguns técnicos poderão desejar atribuir pesos aos


resultados da avaliação de impacta. Como a ponderação é um processo
baseado em valores e pode envolver critérios subjetivos, essa etapa e
considerada por grande parte dos especialistas como não científica, altamente
subjetiva e sujeita a distorções de caráter político-ideológico.

Segundo Soares (2006), o desempenho ambiental de um produto ou processo

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


passa primeiramente pela definição de um conjunto de critérios que possam
descrevê-lo, segundo a justificativa dos implicados no processo, como por
exemplo, consumo de matérias-primas, contribuição à produção de chuvas
ácidas, etc.. Seguindo os termos anteriormente citados, os fatores de impacto
(fluxo de matéria) levantados durante o inventário devem ser classificados ou
agrupados em categorias, que são os grandes focos de preocupação ambiental.

Esta classificação pode considerar dois enfoques, utilizada


independentemente ou de forma complementar:
I ) Em função dos meios receptores nos quais os poluentes são rejeitados;
II) Em função dos problemas ambientais : nesta caso cada fator de impacto
vai ser analisado com relação às consequências que ele tem sobre o
ambiente.

Para caracterizar os impactos ambientais segundo a abordagem dos meios


receptores, será apresentada uma proposição que considera as emissões no ar
e na água pela utilização de volumes críticos e uma proposição que considera os
volumes de diferentes resíduos sólidos produzidos e destinados a aterro
sanitário (SOARES, 2006).

189

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


I - Meios Receptores

Volume crítico do ar e da água.

Este procedimento suíço se apoia sobre os valores regulamentares de


concentração de rejeitos no ar e na água: atribui-se a cada fator de impacto
regulamentado (poeiras, cloro, chumbo, compostos orgânicos, etc.) a quantidade
de água ou de ar que seria necessária para "diluir" e atingir o limite de
concentração limite (volume crítico = emissão/valor limite) (SOARES, 2006).

Por exemplo, se uma regulamentação autoriza um rejeito no ar de 8 mg/m3


de CO, o ciclo de vida de 1 kg de vidro produz 78 mg de CO. Isto produz um
volume crítico de 9,75 m3 de ar (78/8) para o monóxido de carbono. O mesmo
cálculo é repetido para os demais poluentes.
O volume crítico para um determinado sistema é dado pela equação a seguir:
Volume crítico = S (rejeitado mi/Norma mi)
O volume crítico é um artifício matemático que permite simplesmente a
comparação entre os impactos dos diferentes materiais na água e no ar, e
mesmo assim, o usuário deve considerar os seguintes aspectos:
• As normas não são necessariamente científicas;
• As normas são variáveis de uma região a outra;
• Aplicável para rejeitos regulamentados;
• Não considera efeitos de sinergia e antagonismo.

Produção de resíduos sólidos


Pode-se considerar, por exemplo, o volume de resíduos de Classe I, Classe II A
e II B, a necessidade de tratamentos específicos, etc. No caso de volume, pode-
se recorrer à equação a seguir:

190
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Onde,
mi: massa do resíduo i
Fi: fator de compactação do resíduo
?i: massa específica do resíduo i

II - Problemas ambientais

i) Esgotamento de matérias-primas Consumo de matéria-prima


m = Smi (6)
Onde:
mi: massa da matéria-prima i utilizada
ii) Potencial de aquecimento global : (PAG ou GWP de Global Warming

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Potential) Faz a medida em relação ao efeito de 1 kg de CO2.

Potencial de aquecimento global em um horizonte de 100 anos

iii) Potencial de acidificação equivalente (PAE)

É a unidade escolhida para a medida da contribuição de uma substância


gasosa à acidificação.
O PAE (potential acid equivalent) que é igual a massa molar da substância x/
número de moles de H+ liberáveis por mol de S(enxofre). A tabela 3 apresenta
alguns valores de PAE.
Potencial de acidificação equivalente (PAE)

191

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


iv) Potencial de redução da camada de ozônio (PRCO ou ODP de Ozone
Depletion Potential)
É a medida em relação ao efeito de 1 kg de CFC-11.

Estes índices significam que, por exemplo, no caso do aquecimento global


deve-se converter a contribuição de todos os gases que causam o aquecimento
do planeta tomando-se o CO2 como substância de referência (SOARES, 2006).

Em outras palavras, o efeito de aquecimento do metano é expresso em


termos da quantidade equivalente de CO2 que causaria o mesmo efeito de
aquecimento global.

v) Potencial de eutrofização:
É a medido em relação a 1 kg de fosfato
- Neste enfoque, uma mesma substância pode contribuir em mais de uma
classe de impacto, participando da pontuação final.
- Os critérios aqui apresentados, como já mencionados, não constituem uma
lista exaustiva.

Outros podem fazer parte da avaliação como, por exemplo, ruído, odor,
toxicologia, eco toxicologia, etc..

Interpretação dos Resultados

Hipóteses estabelecidas durante a Análise do Ciclo de Vida de um Produto


afetam seu resultado final. Necessita-se, portanto, realizar, ao término do

192
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
trabalho, antes do relatório final, uma avaliação dos resultados alcançados e dos
critérios adotados durante sua realização.
Os resultados da ACV devem ser relatados à audiência pretendida de forma
justa, completa e precisa. O tipo e o formato do relatório devem ser definidos na
fase de escopo do estuda.
Dois conceitos básicos são importantes na apresentação dos resultados de
um estudo de ACV.

TRANSPARÊNCIA — Os resultados, dados, métodos, hipóteses e limitações


devem ser apresentados de forma transparente e com um grau de detalhamento
suficiente para permitir ao leitor uma completa compreensão das complexidades
e trocas inerentes a um estudo de ACV.

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


DESAGREGAÇÃO — A desagregação dos dados é necessária a fim de
facilitar a interpretação dos resultados.
Deve-se apresentar a ACV como uma ferramenta de avaliação ambiental, para
assegurar uma maior eficácia da solução proposta, identificar e responsabilizar
os diferentes atores envolvidos.

A ACV é uma ferramenta de avaliação do impacto ambiental que tem como meta
(SOARES, 2005):
· Melhorar a compreensão dos aspectos ambientais associados aos
processos produtivos;
· Avaliar a seleção de diferentes materiais e processos;
· Permitir a seleção de indicadores ambientais e avaliação do perfil ambiental;
· Auxiliar o processo de tomada de decisões;
· Avaliar os impactos para a implantação de SGA - ISO 14001.

ANÁLISE MULTICRITÉRIO: FERRAMENTA DE APOIO NA ACV

A Análise de multicritério será uma ferramenta usada para auxiliar na tomada


de decisão na avaliação do ciclo de vida.

193

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


As Metodologias Multicritério de Apoio à Decisão (Multicriteria Decision Aid –
MCDA) objetivam auxiliar analistas e decisores em situações nas quais há a
necessidade de identificação de prioridades sob a ótica de múltiplos critérios, o
que ocorre normalmente quando coexistem interesses em conflito (Gomes,
1999).

Conceitos Elementares

Em um problema multicritério vários agentes são atuantes. É preciso notar


que sua definição é meramente didática, muitas vezes confundindo-se entre si.
Os componentes básicos de um problema de decisão multicritério são:

Decisores – São os indivíduos que fazem escolhas e assumem preferências,


como uma entidade única, chamada de decisor, agente ou tomador de decisão.

Analista – É a pessoa encarregada de interpretar e quantificar as opiniões dos


decisores, estruturar o problema, elaborar o modelo matemático e apresentar os
resultados para a decisão. Deve atuar em constante diálogo e interação com os
decisores, em um processo de aprendizagem constante. Embora não seja
recomendável, é comum que o analista seja um dos decisores.

Modelo – É o conjunto de regras e operações matemáticas que permitem


transformar as preferências e opiniões dos decisores em um resultado
quantitativo.

Alternativas – Alternativas são ações globais, ou seja, ações que podem ser
avaliadas isoladamente. Podem representar diferentes cursos de ação,
diferentes hipóteses sobre a natureza de uma característica, diferentes
conjuntos de características etc.

Critérios – Os critérios são as ferramentas que permitem a comparação das


ações em relação a pontos de vista particulares (Roy, 1985). Bouyssou (1990)
define um critério mais precisamente como uma função de valor real no conjunto

194
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A das alternativas, de modo que seja significativo comparar duas alternativas a e
b de acordo com um particular ponto de vista, ou seja, é a expressão qualitativa
ou quantitativa de um ponto de vista utilizado na avaliação das alternativas.
Cada alternativa possui um valor segundo cada critério.

A cada critério está associado um sentido de preferência (indica se o valor é


tanto melhor quanto mais elevado – maximização – ou se o valor é tanto melhor
quanto mais baixo – minimização); uma escala (por exemplo, ótimo = 3; bom =
2; ruim = 1); uma estrutura de preferências.

Princípios básicos de análise multicritério

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


O apoio à decisão caracteriza-se por ser um processo desenvolvido em
etapas. Quando este processo apresenta um grande número de decisores com
posições divergentes, este passa a ser uma negociação, exigindo certo
formalismo, a fim de manter a estrutura do processo (Maystre e col, 1994).

De um modo geral, os processos de apoio à decisão baseados em análise


multicritério passampelas seguintes etapas (SOARES, 2006):

Formulação do problema.

De um modo bastante simplista, corresponde, a saber, sobre o que se quer


decidir.

Determinação de um conjunto de ações potenciais.

O problema estando formulado, os atores envolvidos na tomada de decisão


deve constituir um conjunto de ações (alternativas) que atendam ao problema
colocado. Por exemplo, áreas para implantação de um aterro sanitário, materiais
para produção de uma embalagem, processos para eliminação de resíduos, etc.

195

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Elaboração da uma família coerente de critérios.

Definição de um conjunto de critérios que permita avaliar os efeitos causados


pela ação ao meio ambiente. Esta etapa passa por um processo de definição do
sistema e quantificação dos elementos intervenientes no mesmo, em geral,
baseados em uma unidade funcional A quantificação/medição desta função
identificada e realizada é chamada unidade funcional.
Ela é a referência a qual são relacionadas às quantidades mencionadas no
inventário (balanço de massa). Ela considera simultaneamente uma unidade de
produto e uma unidade de função.
Determinação de pesos dos critérios e limites de discriminação. Os pesos
exprimem de alguma maneira, através de números, a importância relativa de
cada critério. A ponderação de critérios pode ser realizada por meio de diversas
técnicas (hierarquização de critérios, notação, distribuição de pesos, taxa de
substituição, regressão múltipla, jogos de cartas, etc.).
Os valores dos critérios podem ser expressos basicamente em escalas
ordinais e cardinais. A escala ordinal é caracterizada por permitir apenas a
aplicação das relações: maior que (>), menor que (<) ou igual a (=) sobre seus
valores. As classificações, escores, rankings, notas escolares, são exemplos de
escalas ordinais, mesmo que sejam expressas através de números.

A experiência tem demonstrado (Maystre e Bollinger, 1999) que a construção


de uma família coerente de critérios, caracteriza-se por ser uma tarefa longa
com sucessivas aproximações, entre os objetivos desejados e a possibilidade de
atendimento com os recursos financeiros, tempo e conhecimentos disponíveis.
Neste sentido, a construção de uma família coerente de critérios exige que
sejam respeitados três princípios:

Não Redundância: Obriga a excluir critérios que estejam avaliando


características já avaliadas por outro critério. Requer que não se possa retirar
nenhum critério da família de critérios sem afetar as duas primeiras condições.
Bouyssou (1990) cita ainda duas importantes qualidades de uma família de
critérios: legibilidade, isto é, uma família deve conter um número suficientemente

196
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
pequeno de critérios de modo que o acesso a informações inter critérios seja
facilitado na implementação de um procedimento de agregação;
operacionalidade, isto é, a família deve ser considerada por todos os atores com
uma base para a continuidade do processo de apoio à decisão.

Exaustividade: Impõe a necessidade de descrever o problema levando em


conta todos os aspectos relevantes. Segundo Roy e Bouyssou (1993), o axioma
da exaustividade implica em considerar como indiferentes duas alternativas que
apresentam desempenhos iguais em todos os critérios. Na exaustividade todos
os pontos de vista devem ser levados em consideração;

Coerência: Obriga à correta análise de quais são os critérios de maximização

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


e quais os de minimização. Supõe que se a alternativa a apresenta
desempenhos igual aos da alternativa b, excetuando-se o desempenho em um
critério j em que a é melhor que b, então a não poderá ser considerada pior que
a alternativa b, para todos os critérios.

Agregação dos critérios.

Consiste em associar, após o preenchimento da matriz de avaliação e


segundo um modelo matemático definido, as avaliações dos diferentes critérios
para cada ação. As ações serão em seguida comparadas entre si por um
julgamento relativo do valor de cada ação. Com relação à maneira de proceder
à agregação dos critérios, dois métodos podem ser utilizados: a agregação total
e a agregação parcial. Na agregação total as ações são comparadas em
conjunto, através de uma operação única, enquanto que a agregação parcial
permite a comparação par a par das ações estabelecendo relações de
superação entre as mesmas.

A seguir são apresentados alguns métodos utilizados para a realização de


análise multicritério (sem intenção de serem referências). São eles a soma
ponderada, o produto ponderado e a média ponderada modificada.

197

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Métodos Multicritério – Abordagem Multi Atributo

Pode ser dividido em: Métodos de Eliminação Sequencial ou Métodos


Elementares e em Métodos de Ponderação. Os Métodos de Eliminação
Sequencial estão decididos em Métodos Conjuntivos e Disjuntivos, Método de
Dominância e Método Lexicográfico.

Os métodos de ponderação estão divididos em Método de Tradeoffs, Método


AHP (AnalyticHierarchy Process), Método UTA (Utilité Additive) e O método
MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation
Technique).

Os métodos mais utilizados são aqueles nos quais as preferências são


agregadas de maneira aditiva e podem ser classificados como Métodos de
Agregação por uma Função de Síntese.

Neste contexto será estudado apenas o método de ponderação: soma


ponderada.

Soma Ponderada:

Após a elaboração da matriz de avaliação, a soma ponderada consiste em


atribuir pesos para cada critério e em seguida, para cada ação, realizar um
somatório do produto do peso pela avaliação do critério. O somatório obtido é
divido pela soma dos pesos atribuídos equação. A seguir é mostrado um
exemplo conforme Soares (2006):

198
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Matriz de Avaliação de Multicritérios

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA SUCRO ALCOOLEIRA

O setor SUCRO ALCOOLEIRO apresenta características que podem ser


divididas em sistema ambiental e em relação às atividades. O sistema ambiental
apresenta um subsistema ambiental dividido em atmosférico, terrestre, aquático
e socioeconômico/cultural.
Apresenta ainda o componente ambiental e o fator ambiental. Com relação às
atividades, pode-se dividir em preliminares, agrícolas e pós industriais.

199

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Fonte: Google.com

No Quadro 1 o sinal (–) e (+) representam respectivamente o efeito negativo e


positivo do setor sucro alcooleiro. Baseado no Quadro 1, pode-se fazer um
estudo do setor em termos de impacto ambiental causado. Neste caso,
considere hipoteticamente que: Uma indústria SUCRO ALCOOLEIRA produz
etanol e apresenta o seguinte perfil:
1. DBO5 : 2350 mg.L-1 (Rio)
2. DQO: 7250 mg.L-1
3. Vazão(Qin) : 27 m 3 .s-1
4. Resíduos Sólidos: 8,8 t
5. Poluição atmosférica: 525 mg.m-3 de SO3 55.000 mg.m-3 de CO
6. Não há reciclagem de água

200
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Para avaliar o impacto causado pela usina que produz álcool e adotar um
sistema de gestão ambiental, deve-se fazer a avaliação do perfil da usina, do
perfil do produto e o plano de gestão ambiental.

Avaliação do Perfil: 1ª Etapa

Sabendo-se que a indústria lança seus efluentes num RIO Classe III de água
doce com vazão (Qrio) = a 1000 m3. s-1.
Avalie o potencial poluidor desta indústria para futuras ações corretivas e/ou
até mesmo a implantação de um SGA.
a) Qual a concentração de matéria orgânica (DBO) no Rio Classe III, quando
misturado com o efluente lançado pela indústria SUCRO ALCOOLEIRA?

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


b) Com base no resultado da concentração na mistura, o rio está poluído pela
indústria?
Considere o limite máximo permissível para a Classe deste Rio igual a 10 mg.L-1.
c) Qual a sugestão para o tipo de tratamento na indústria SUCRO
ALCOOLEIRA, com base nos valores de DBO e DQO?

Primeiramente, deve-se calcular a concentração de matéria orgânica (DBO)


no Rio Classe III, quando misturado com o efluente lançado pela indústria sucro
alcooleiro da seguinte forma:

O Sistema é conservativo, logo deve-se usar a equação abaixo:

Taxa de entrada = Taxa de saída


Qin x DBO5(in ) = Qrio x CDBO(rio)

Onde:
Qin: Vazão da indústria
DBO5(ind): Demanda Bioquímica de Oxigênio da indústria
Qrio: Vazão do Rio
CDBO(rio): Demanda Bioquímica de Oxigênio do Rio

201

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


CDBO5 (Rio)= Qin x DBO5(in)/ Qrio
CDBO5 = 27 x 2345/1000
CDBO5 = 63,45 mg. L-1

Com base no resultado da concentração na mistura (CDBO5 = 63,45 mg. L-1),


concluí-se que orio está sendo poluído pela usina, já que o limite máximo
permissível para a Classe deste Rio é igual a 10 mg. L-1
Neste caso, será necessário implantar um SGA para obtenção de melhoria
contínua dos produtos e serviços.
A sugestão para o tipo de tratamento na usina de álcool é dada a partir da
razão do valor da DBO pelo valor da DQO. Assim, temos:

DBO/DQO = 2350/7250 = 0,32


Como DBO/DQO < 0,5, ou seja, a DBO/DQO = 0,32 < 0,5. Neste perfil a
matéria orgânica predomina.
Logo o tratamento a ser adotado na usina( se não houver problema com a
parcela refratária ), o uso da decantação simples seguida de tratamento
biológico convencional poderá ser empregada.

Avaliação do Produto: 2ª Etapa

A avaliação ambiental será efetuada utilizando a Avaliação do Impacto do Ciclo


de Vida para a produção de 70 L de álcool.
Consideramos que para produzir 70 litros de álcool (70 L) é consumido 1 T de
cana-de-açúcar que um automóvel percorre em média 560 km com 70 Litros.

As categorias de impactos adotadas serão: volume crítico da água; volume


crítico de emissões gasosas; aquecimento global; acidificação e energia. Para
isso, utilizam-se os seguintes dados:

- Limites máximos permissíveis para efluentes líquidos:


i. Materiais sólidos inorgânicos: 1g/L
ii. Fenol: 2 x 10-4g/L

202
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
iii. MES: 8 x 10-3g/L
iv. Fluoreto (F-): 0,01 g/L
v. Hg: 5 x 10-6g/L
vi. DBO: 0,06 g/L

- Limites máximos permissíveis para efluentes gasosos:


i. Poeira: 240 µg/m3
ii. CO: 40 000 µg/m3
iii. NOx: 320 µg/m3
iv. SO2: 365 µg/m3
v. Hg (material particulado): 150 µg/m3

GESTÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL


- Fatores de Caracterização: PAG, PAE, RCO.

203

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


REFERENCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – ABNT ISO 14.000 -


Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso. 2004.
24p.

BOUYSSOU, B. Building criteria: a prerequisite for MCDA. In: BANA E COSTA


C.A. (Org.). Readings in Multiple Criteria Decision Aid, 1990, p. 58-80.

CHEHEBE, J. R. B. Análise do Ciclo de Vida de Produtos – ferramenta


gerencial da ISO14000. Ed. Qualitymark, Rio de Janeiro, 1998.

COIMBRA, J. A. O outro lado do meio ambiente. São Paulo : Cetesb, 1985.

FERRÃO, P.C. Introdução à Gestão Ambiental – a avaliação do ciclo de


vidados produtos. IST Press. Lisboa, Portugal 1998.

GOMES, E.G. Integração entre Sistemas de Informação Geográfica e Métodos


Multicritério no Apoio à Decisão Espacial. 1999. Tese (Mestrado em Engenharia
de Produção), COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.

BAPTISTELLA, ET AL, 2005. POPULAÇÃO TRABALHADORA NO RURAL


PAULISTA EM 2004. IEA, PUBLICADO EM 29/05/2005. DISPONÍVEL EM:
http://www.iea.sp.gov.br/out/vertexto.php?codtexto=2187macedo, isaias de c.
impacts on the atmosfhere, in hassuami, suleiman, j. et al.

BIOMASS POWER GENERATION: SUGAR CANE BAGASSE AND TRASH.


SÉRIE CAMINHOS PARA ASUSTENTABILIDADE. PIRACICABA.CTC,CD-
ROM, 2005.

MAYSTRE, L. Y.; PICTET, J.; SIMOS, J. Méthodes multicritères ELECTRE. 1.


ed. Lausanne: Presses polytechniques et universitaires romandes, 1994.

204
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

BIOLOGIA
SANITÁRIA
Sumário
Saúde e as questões ambientais ..................................................................................................................208

Histórico da saúde ambiental ......................................................................................................................210

Noções de vigilância e epidemiologia..........................................................................................................218

Criação e atuação da ANVISA ......................................................................................................................227

Criação do SUS .............................................................................................................................................232

Saneamento Básico ......................................................................................................................................237

Água ..........................................................................................................................................................240

Ar ...........................................................................................................................................................246

Solo ........................................................................................................................................................... 247

Indicadores de saúde ambiental .................................................................................................................249

O que é a INFLAMAÇÃO? .............................................................................................................................264

Resíduos Agroquímicos ...............................................................................................................................265

Contaminação ambiental e intoxicação .....................................................................................................266

206
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE
DISCIPLINA: BIOLOGIA SANITÁRIA
ETAPA: 3º

OBJETIVOS:
Debater as políticas de saúde no Brasil, enfatizando a reforma sanitária e a
constituição do Sistema Único de Saúde;
Discutir temas relativos a organização, gestão e operacionalização do SUS;
Possibilitar conhecimento frente às doenças transmissíveis, agravos de saúde
relacionado a saúde da criança e adulto, enfatizando as temáticas que
contemplam temas transversais na educação.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS
BIMESTRE ATIVIDADE VALOR
1º BIMESTRE Prova mensal I 6,0 pontos

BIOLOGIA SANITÁRIA
Prova mensal II 6,0 pontos

Trabalho 4,0 pontos

Atividades em sala 4,0 pontos

Prova Bimestral 20,0 pontos

TOTAL 40,0 pontos


2º BIMESTRE Prova mensal I 6,0 pontos

Prova mensal II 6,0 pontos

Trabalho 4,0 pontos

Atividades em sala 4,0 pontos

Prova Bimestral 30,0 pontos

Mostra Tecnológica 10,0 pontos


TOTAL 40,0 pontos
TOTAL 1º e 2º BIMESTRES 100,0 pontos

207

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Saúde e as questões ambientais;
Fatores de risco da poluição para saúde (poluição para saúde (poluição
do solo, água, ar, sonoro e visual);
Resíduos agroquímicos;
Gerenciamento de resíduos da saúde;

Saúde ambiental compreende a área da saúde pública afeta ao


conhecimento científico e a formulação de políticas públicas relacionadas à
interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural e
antrópico que a determinam, condicionam e influenciam, com vistas a melhorar
a qualidade de vida do ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade.

Dentro de alguns poucos anos, nosso planeta contará com mais


habitantes em áreas urbanas do que em áreas rurais. A urbanização
desenfreada, sem mecanismos regulatórios e de controle, típica dos países
periféricos, trouxe consigo enormes repercussões na saúde da população.
Problemas como a insuficiência dos serviços básicos de saneamento, coleta e
destinação adequada do lixo e condições precárias de moradia,
tradicionalmente relacionados com a pobreza e o subdesenvolvimento, somam-
se agora à poluição química e física do ar, da água e da terra, problemas
ambientais antes considerados "modernos".
Novamente, é sobre as populações mais carentes que recai a maior
parte dos efeitos negativos da urbanização, gerando uma situação de extrema
desigualdade e iniqüidade ambiental e em saúde.
• Campo de estudo das condições ambientais que possam afetar a saúde
e o bem-estar humano.

Preocupa-se com questões referentes a:


- Saneamento básico;
- Poluição ambiental;
- Desenvolvimento Sustentável.

Fotos: Google

208
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Meio Ambiente
Segundo Odum: Engloba as comunidades, os ecossistemas e a biosfera.

Espaço Dinâmico
Mundo Muda
Ambiente Atividades do homem

Mudanças Provocadas no Ambiente


9 Nômade - sedentários (10000 a.C.);
9 Romanos - aquedutos (400 ou 500 a.C.)
9 Industrialização (séc. XVIII);
9 Mundo Atual.

Preocupações Ambientalistas
9 A partir dos anos 50;

BIOLOGIA SANITÁRIA
9 Mais intensas a partir da década de 70;
9 1970 - Europa - Ano de Conservação da Natureza;
9 1972 - Estocolmo - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente;
9 Novo entendimento político-jurídico e social do ambiente e da co-
responsabilidade mundial na sua proteção;
9 Criação do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA),
como sede em Nairobi.

Meio Ambiente, Trabalho e Saúde


Trabalhador sofre intensamente as consequências negativas da deterioração
do meio ambiente, sofrendo tripla agressão:
9 como trabalhador;
9 como cidadão;
9 como consumidor.

Agricultura e Saúde
Agrotoxicos-agroquimicos-biocidas: Carcinogênicos (câncer); Mutagênicos
(mutações); Teratogênicos (anomalias fetais)

209

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Casos de epidemias por polutentes ambientais

HISTÓRICO DA SAÚDE AMBIENTAL


As práticas sanitárias surgiram quando se
estabeleceram as primeiras relações entre meio ambiente
e saúde humana; os efeitos da Revolução Industrial foram
percebidos de maneira mais intensa a partir da metade do
século XIX. Descobertas no século XIX, como a teoria
dos organismos causadores de doenças infecciosas,
postulada por Henle, em 1840, a teoria dos Germes de
Pasteur, em 1861, a partir do desenvolvimento do processo de pasteurização,
o descobrimento do bacilo da tuberculose por Koch, em 1882 e, do vibrião da

210
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
cólera em 1883. Essas descobertas estabeleceram dois conceitos centrais da
bacteriologia: o da etiologia específica, na qual cada doença tem uma única
causa identificável, e o da “bala mágica” ao destacar que cada doença pode
ser curada por um agente específico, ratificado por Pasteur ao desenvolver
vacinas (RIBEIRO, 2004, p.74).
Com os conhecimentos adquiridos o ambiente doméstico limpo, purificado
e areado, era vital para a saúde dos seus ocupantes;
Em meados do século XX retomaram-se as pesquisas referentes à
relação da saúde com a descoberta da resistência de Staphylococcus à
penicilina em 1959;
Em 1980, três quartos dos microrganismos nos Estados Unidos já eram
resistentes à penicilina. Na década de 70 desenvolveram-se importantes
programas de combate à poluição do ar e da água nos países industrializados;
A Carta de Ottawa, em 1986, elaborada na I Conferência Internacional
sobre Promoção da Saúde, estabeleceu em uma de suas abordagens de ação,

BIOLOGIA SANITÁRIA
a criação de ambientes favoráveis à saúde. Sugeriu, ainda, a proteção do meio
ambiente, a conservação dos recursos naturais

HISTÓRICO DA SAÚDE AMBIENTAL


Em 1988, o Sistema Único de Saúde é criado;
Em 1999 o Ministério da Saúde criou o Sistema Nacional de Vigilância
Ambiental,
Para Ministério da Saúde, Saúde Ambiental deve ser trabalhada
[...] de forma ampliada e pensada a partir da Reforma Sanitária, sendo
entendido como um processo de transformação da norma legal e do aparelho
institucional em um contexto de democratização. [...] Se dá em prol da
promoção e da proteção à saúde dos cidadãos, cuja expressão material
concretiza-se na busca do direito universal à saúde e de um ambiente
ecologicamente equilibrado em consonância com os princípios e as diretrizes
do Sistema Único de Saúde. (BRASIL, 2007b).

Segundo a OMS:
“Saúde Ambiental é o campo de atuação da saúde pública que se ocupa das
formas de vida, das substâncias e das condições em torno do ser humano, que

211

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


podem exercer alguma influência sobre a sua saúde e o seu bem-estar” (Brasil-
MS, 1999).

OMS
A Organização Mundial de Saúde divulgou as principais causas de morte no
mundo. Estas informações podem ajudar a avaliar a eficácia do sistema de
saúde de um país, promover melhorias nas ações de saúde pública e colaborar
para a redução das mortes evitáveis.
As tabelas abaixo mostram as principais causas de morte:

OMS divulga as dez principais causas de morte no mundo

NEWS.MED.BR, 2011. OMS divulga as dez principais causas de morte no mundo.


Disponível em: <http://www.news.med.br/p/saude/222530/oms-divulga-as-dez-principais-
causas-de-morte-no-mundo.htm>. Acesso em: 5 jul. 2012.

212
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
NEWS.MED.BR, 2011. OMS divulga as dez principais causas de morte no mundo. Disponível em:

BIOLOGIA SANITÁRIA
<http://www.news.med.br/p/saude/222530/oms-divulga-as-dez-principais-causas-de-morte-no-mundo.htm>. Acesso
em: 5 jul. 2012.

Os modelos econômicos adotados no Brasil têm provocado fortes


concentrações de renda e riqueza, com a exclusão de expressivos segmentos
sociais. Nesse contexto de desigualdades, enfrentamos problemas estruturais
e sanitários, com a ocorrência de doenças infecciosas, e, ao mesmo tempo,
convivemos com o aumento de doenças crônicas degenerativas, problemas
dos países centrais.
Vemos ressurgir epidemias de malária, cólera, febre amarela, leptospirose,
dengue, filariose e esquistossomose, urbanizadas, relacionadas com as
alterações provocadas no meio ambiente

Dados do Ministério da Saúde indicam o crescimento dos óbitos e


lesões vinculados a causas externas, como os acidentes e a violência,
particularmente entre os jovens. Entre as causas de morte, as de maior
prevalência no Brasil são as doenças do aparelho circulatório (34%), causas
externas de lesões e envenenamentos (14,8%) neoplasias (13%) –
destacando-se as de estômago, pulmão e mama – e doenças transmissíveis
(11%).

213

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Em relação aos dados de morbidade, do 1,2 milhão de internações
hospitalares realizadas mensalmente no SUS , as principais causas foram as
doenç as respiratórias (15,9%), as circulatórias (10,6%) e as infecciosas e
parasitárias (9,4%) SAÚDE REV., Piracicaba, 5(11): 67-77, 2003.
O brasileiro sofre com uma das mais altas cargas tributárias do planeta.
Em tese, isso lhe garantiria um atendimento de saúde universal e decente. Mas
não. Só em sete capitais, mais de 170.000 pessoas terão de esperar até cinco
anos por uma cirurgia não emergencial. Nos hospitais e pronto-socorros, mais
filas e queixas quanto à qualidade do atendimento. O desafio do futuro
presidente é tornar este sistema mais saudável.
Revista Veja

Por que o Setor Saúde está atuando na área ambiental?

Fotos: Google

Muitos problemas ambientais como a contaminação do ar, água e solo,


resultam da estrutura social, econômica, política e cultural que se estabeleceu
ao longo dos anos como parte dos processos de produção, distribuição e
consumo de riquezas.
Os impactos dos problemas ambientais sobre a saúde humana podem se
manifestar sob a forma de eventos agudos (causando mortes, lesões corporais
e intoxicações), como no caso dos acidentes industriais ampliados, e também
efeitos crônicos, por exposição prolongada a concentrações variadas de
diferentes poluentes, particularmente sobre os aparelhos respiratório,
neurológico, endócrino, imunológico, cânceres e malformações congênitas.

214
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A OMS estima que 30% dos danos a saúde estão relacionados aos
fatores ambientais:
ƒ inadequação do saneamento básico (água, lixo, esgoto)
ƒ poluição atmosférica
ƒ exposição a substâncias químicas e físicas
ƒ desastres naturais
ƒ fatores biológicos (vetores, hospedeiros e reservatórios)
ƒ Urbanização rápida e desordenada;
ƒ Concentração de renda;
ƒ Degradação ambiental;
ƒ Degradação qualidade de vida.
ƒ Gênese dos problemas de meio ambiente e saúde – processo de
produção e consumo.
ƒ OMS - promovido estudos para um melhor entendimento da relação
ambiente – saúde, de forma a subsidiar a definição de políticas e

BIOLOGIA SANITÁRIA
estratégias para estes setores.

Problemas ambientais locais


• Contaminação atmosférica (industrial e doméstica)
• Contaminação acústica
• Contaminação dos mananciais
• Abastecimento de água potável
• Destino final dos dejetos e dos resíduos sólidos
• Falta de áreas verdes – secas, desertificação
• Uso de agrotóxicos
• Proliferaçao de vetores transmissores de doenças
• Uso indevido do solo
• Segurança e qualidade dos alimentos
• Desmatamentos e Queimadas não autorizadas
• Desastres naturais e provocados e emergências químicas
• Erosão; Alterações climáticas; Radiações; Efeito estufa; Chuva ácida

215

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Situação ambiental no Brasil - Saneamento básico:
Desenvolvimento de grandes núcleos urbanos com assentamentos
periféricos de alta densidade populacional e condições deficientes de: higiene,
abastecimento de agua, esgotamento sanitario, de residuos solidos e
drenagem;

SANEAMENTO BÁSICO:
6 – 60 milhões de brasileiros (9,6 milhões de domicílios) não contam com
coleta de esgoto,
6 – 15 milhões (3,4 milhões de domicílios) não tem acesso à água
encanada. E uma parcela da população que têm ligação domiciliar não
conta com abastecimento diário e nem de água potável com qualidade.
6 Quase 75% de todo o esgoto sanitário coletado nas cidades é
despejado "in natura", o que contribui decisivamente para a poluição dos
cursos d'água urbanos e das praias.

MORADIAS:
– 41,5% da população vive em condições inadequadas de habitação;
adensamento excessivo, carência de serviços de água e esgoto, direitos de
propriedade mal definidos, não conformidade com os padrões de edificação ou
moradias construídas com materiais não duráveis.
– 6,6 milhões de pessoas ou 3,9% da população brasileira em favelas
– 78,5% das quais localizadas nas 9 principais Regiões Metropolitanas do país
- Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre. (IBGE, censo 2000)

CONTAMINAÇÃO DO AR:
- Contínuo crescimento urbano e expansão industrial;
- Episódios cada vez mais frequentes de Contaminação Atmosférica
- Urbanização desordenada e desastres naturais
- Compactação e falta de drenagem da água

Transformação e destruição do ambiente natural, com maior presença de


animais, Queimadas e desmatamentos, destruindo o habitat natural.

216
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Falta de coleta e destino adequado dos resíduos sólidos

BIOLOGIA SANITÁRIA
Fotos: Google

O Brasil é o país que mais produz químicos na América Latina, oscila


entre a segunda e a terceira posição no consumo global de agrotóxicos. A
interação dessas pressões exerce fortíssima influência na exposição de nossa
população a riscos a elas relacionados. Es- tudo recente da Organização
Mundial da Saúde, a OMS, evidencia que cerca de 18% da carga de doenças
em nosso país são explicados por alguns desses fatores. Entretanto, para
conhecer melhor as relações entre saúde, ambiente e desenvolvimento, é
necessária a construção de modelos que investiguem como as três vertentes
de que falei, abordadas na resposta à primeira pergunta, manifestam-se na
saúde dos brasileiros.
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 17(4):305-307, out-dez 2008

Pragas e Vetores
O povo brasileiro não tem a noção e a dimensão exatas do que as
pragas e vetores custam à nação brasileira, refletindo de maneira negativa na
reputação do Brasil no exterior, no custo Brasil e em diversas áreas, como: na
exportação, no custo do SUS e do INSS, no turismo, nos agronegócios, na

217

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


produção industrial entre outros. Veja alguns exemplos e dados: Perde-se
cerca de 25% da produção nacional de alimentos por causa das pragas e
vetores; Estima-se que 50% das contaminações alimentares são causadas por
pragas e vetores; Calcula-se que 28% dos atendimentos do SUS, em todo
Brasil, são causados por problemas gastrointestinais, diarréias, úlceras,
problemas alérgicos e dermatológicos.

Você sabia???
- 35% da poluição dos rios é causada por lixo urbano; 40% da água tratada no
Brasil é desperdiçada;
- Um banho demorado gasta mais de 180L de água;
- Uma descarga gasta 20L de água, cada vez que é acionada;
- Escovar os dentes com a torneira aberta representa o desperdício de 100L de
água;
- Uma torneira pingando gasta 47L de água por dia.
- Cerca de 50% da população mundial não possui saneamento básico;
- Mais de 15% da população mundial não tem acesso à água potável;
- Apenas 2,5% da água do planeta é doce.
- A população tem acesso a apenas 0,08%;
- Água é vital e insubstituível.
- Qualidade da água é vida

Noções de vigilância e epidemiologia


Epidemiologia, segundo sua formação etimológica, significa: Epi = sobre,
Demos = povo, população (humana, animal ou vegetal), e Logos = estudo.
Seria, portanto o estudo sobre populações.
Entretanto, ela deve ser entendida como a ciência, que estuda a ocorrência de
doenças em populações, suas causas determinantes, medidas profiláticas para
o seu controle, e até sua erradicação.

Noções básicas de Epidemiologia


John Snow, considerado o “pai da epidemiologia”, por ocasião de uma
epidemia de cólera em Londres, em 1849, concluiu que havia relação entre a
doença e o consumo de água contaminada por fezes de pessoas doentes.

218
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Alguns anos após, seus estudos foram confirmados em laboratório pelo
isolamento e identificação da bactéria Vibrio cholerae, nas fezes de doentes de
cólera.

Noções de Epidemiologia
CORTÊS (1993), revendo o conceito de cadeia epidemiológica e de seus
componentes, caracterizou os mecanismos de propagação das doenças. A
identificação destes mecanismos que se relacionam com o processo de
propagação da doença, torna possível a adoção de medidas sanitárias,
capazes de prevenir e impedir a sua disseminação. Segundo este autor, as
seguintes questões poderiam ser formuladas e respondidas:

Quem hospeda e elimina o agente?


Fonte de infecção (FI).
Como o agente deixa o hospedeiro?

BIOLOGIA SANITÁRIA
Via de eliminação (VE).
Que recurso o agente utiliza para alcançar um novo hospedeiro?
Via de transmissão (VT).
Como o agente se hospeda no novo hospedeiro?
Porta de entrada (PE).
Quem pode adquirir a doença?
Susceptível.

Se estes conceitos forem colocados seqüencialmente tem-se, a


caracterização da cadeia epidemiológica, que nada mais é que uma série de
eventos, necessários para que uma doença ocorra em um indivíduo ou em um
rebanho, ou como o conjunto de componentes do meio ou do animal, que
favorecem a disseminação.
Se estes elos da cadeia forem combatidos conjuntamente, é possível o
controle de enfermidades que ocorrem nas populações animais, especialmente
as transmissíveis. O saneamento procura atuar em todos os elos desta cadeia,
principalmente na via de transmissão e fontes de infecção.

219

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Objetivos da Epidemiologia
Pode-se então citar alguns dos objetivos da epidemiologia: estudar o
meio no qual se desenvolve a doença, os mecanismos de transmissão, o risco
de que surjam novos casos e as medidas preventivas, necessárias para se
controlar os fatores que contribuem para o desenvolvimento das doenças.
Conclui-se que a epidemiologia é o fulcro da saúde animal e da saúde pública,
representando o lastro principal, para avaliação das medidas de prevenção,
fornecendo orientação para o diagnóstico de doenças, sejam elas
transmissíveis ou não

Alguns termos da epidemiologia


Agente etiológico: é o causador ou responsável pela doença. Este pode
ser: bactéria, vírus, fungo, protozoário, rickéttsia, chlamydia, ectoparasito
e endoparasito.
Foco: Trata-se de um ou mais animais doentes, numa área ou
concentração pequena. Exemplo de um foco de febre aftosa,
Surto epidêmico: Neste caso, trata-se de vários animais doentes em
regiões diferentes.
Vetor: são animais, geralmente artrópodes, que transmitem o agente
infeccioso ao hospedeiro susceptível.

Alguns termos da epidemiologia


Surto epidêmico: Neste caso, trata-se de vários animais doentes em
regiões diferentes. Como exemplo ainda, um surto de febre aftosa que
atinge várias propriedades podendo ser de diferentes regiões. O termo
surto epidêmico é utilizado como sinônimo de epidemia ou epizootia, com
a finalidade de evitar alarme, que o termo epidemia, pode causar
especialmente na população humana. O surto na realidade é o grupo de
focos originários de uma mesma fonte de infecção, em espaço e tempo
determinados, por transmissão direta ou indireta por focos sucessivos.

Usos da epidemiologia
Por algum tempo prevaleceu a idéia de que a epidemiologia restringia-se
ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis. Hoje, é reconhecido que a

220
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
epidemiologia trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou doença) da
população.
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da
população, da investigação dos fatores determinantes de doenças, da
avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a
avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência.
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendimento da
saúde da população - partindo do conhecimento dos fatores que a determinam
e provendo, conseqüentemente, subsídios para a prevenção das doenças.
Saúde e doença
A saúde e doença são idéias relativas e convencionais, e representam
estados absolutamente opostos. O limite entre o estado de saúde e doença é
difícil de ser estabelecido. O indivíduo pode se manter entre eles, durante toda
sua vida. A saúde é um estado de relativo equilíbrio da forma e da função do
organismo, resultante de seu sucesso em ajustar-se às forças que tendem a

BIOLOGIA SANITÁRIA
perturbá-lo. Não se trata de uma aceitação passiva, dessas, por parte do
organismo, mas de sua resposta ativa, para o seu reajustamento.

Um desequilíbrio ou conseqüência deste provocam um jogo de


influências mútuas entre diversas variáveis ecológicas, que poderão resultar no
estabelecimento do estado de doença. É importante, entretanto, considerar que
a doença não é determinada única e exclusivamente pela presença de um
agente infeccioso, mas sim pela interação entre o agente, hospedeiro e meio
ambiente, que pode ser representada graficamente por um triângulo eqüilátero,
onde a ocorrência de qualquer modificação em um lado, necessariamente
implicará na modificação dos demais.
Nenhum dos fatores poderá atuar de maneira isolada, ocorrendo,
portanto, uma interação constante e dinâmica entre eles (MARTINS, 1975).

Agentes causais
Os agentes causais podem ser biológicos, químicos e físicos. Os
hospedeiros apresentam variáveis que se relacionam com o estado fisiológico,
nutricional, defesas orgânicas, espécie, idade, sexo e raça. O meio ambiente
apresenta fatores que influenciam e estão relacionados com o clima, água, solo,

221

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


topografia, presença de insetos, densidade populacional e manejo.

Características do agente
9 Infecciosidade:
9 Patogenicidade:
9 Virulência:
9 Variabilidade:
9 Antigenicidade- imunogenicidade;
9 Resistência:

Características do hospedeiro
Em um sentido amplo, o hospedeiro pode ser considerado como todo e
qualquer ser vivo que albergue um agente em seu organismo, ou ainda o
organismo que propicia alimento ou abrigo a organismo de outra espécie.
São conhecidos dois tipos de hospedeiros:
Hospedeiro definitivo: é aquele onde o parasito atinge a maturidade,
reproduzindo-se sexuadamente.
Hospedeiro intermediário: é o hospedeiro, no qual o parasito desenvolve
suas formas imaturas ou, para alguns, se reproduz assexuadamente.
Os fatores relativos ao hospedeiro, dentro do sistema ecológico, se
relacionam às suas características, como a espécie, raça, sexo, idade,
estado fisiológico, entre outros, e aquelas que dependem do agente e do
meio ambiente, como a densidade populacional, manejo e
susceptibilidade.
Características do ambiente
O meio ambiente pode favorecer a evolução ou declínio de uma
determinada doença na população animal. Consideram-se três fatores ou
elementos do meio ambiente, que são, os fatores físicos, biológicos e sócio-
econômicos.

Características do ambiente
Físicos: Temperatura, Calor e umidade, Topografia;
Bioógicos, Artrópodes, Roedores, Reservatórios, Animais susceptíveis,
Hospedeiros intermediários;

222
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Socio-econômicos: O nível cultural e econômico do criador ou da comunidade.
- As condições higiênico-sanitárias da propriedade.͒- O tamanho e distribuição
das propriedades.͒- O manejo e tipo de sistema de produção.
- O nível de tecnificação agropecuária.͒

Componentes da cadeia epidemiológica


Fontes de infecção;
Doentes: Doentes Típicos (sintomas típicos da doença) e Doentes
atípicos(sintomas atípicos);
Animais portadores: portador sadio, portador em incubação (nao tem
sintomas mas ja eliminou o agente etiolófico do ambiente; portadores
convalescentes (tem sintomas, curados, mas ainda podem eleiminar agentes,
ex. Leptospirose..)
Vias de eliminação;

BIOLOGIA SANITÁRIA
Vias de transmissão: direta imediata (contato físico entre a fonte de infecção),
direta mediata (qdo não há contato físico,ex. Doenças respiratórias); indireta
(infecção ocorre por outros meios, água)
Porta de entrada: via respiratória.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
A interação do homem com o meio ambiente é muito complexa e
dinâmica, denvolvendo fatores conhecidos ou não, que podem sofrer
alterações ao longo do tempo, ou se modificarem no momento em que se
desencadeia a ação.
Como o controle das doenças transmissíveis se baseia em intervenções
que, atuando sobre um ou mais elos conhecidos da cadeia epidemiológica, são
capazes de interrompê-la, as estratégias de intervenção tendem a ser
aprimoradas ou substituídas, na medida em que novos conhecimentos são
aportados, seja por descobertas científicas (terapêuticas, fisiopatogênicas ou
epidemiológicas), seja pela observação sistemática do comportamento dos
procedimentos de prevenção e controle estabelecidos.
A evolução desses conhecimentos contribui, também, para a
modificação de conceitos e de formas organizacionais dos serviços de saúde,

223

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


na contínua busca do seu aprimoramento.
Originalmente, a vigilância epidemiológica significava a “observação
sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças
transmissíveis e de seus contatos”.
Tratava-se, portanto, da vigilância de pessoas, através de medidas de
isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente, e não de forma
coletiva. Posteriormente, na vigência de campanhas de erradicação de
doenças - como a malária e a varíola, a vigilância epidemiológica passou a ser
referida como uma das etapas desses programas, na qual se buscava detectar,
ativamente, a existência de casos da doença alvo, com vistas ao
desencadeamento de medidas urgentes, destinadas a bloquear a transmissão.
A estrutura operacional de vigilância, organizada para esse fim
específico, deveria sempre ser desativada, após a comprovação de que o risco
de transmissão da doença havia sido eliminado.
A partir da primeira metade da dec. de 60, Vigilância epidemiológica
passou, então, a ser definida como “o conjunto de atividades que permite reunir
a informação indispensável para conhecer, a qualquer momento, o
comportamento ou história natural das doenças, bem como detectar ou prever
alterações de seus fatores condicionantes, com a finalidade de recomendar
oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e eficientes que
levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças”.
No Brasil, esse conceito foi, inicialmente, utilizado em alguns programas
de controle de doenças transmissíveis, coordenados pelo Ministério da Saúde.
A experiência da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV) motivou a
aplicação dos princípios de vigilância epidemiológica a outras doenças
evitáveis por imunização, de forma que, em 1969, foi organizado um sistema
de notificação semanal de doenças, baseado na rede de unidades
permanentes de saúde e sob a coordenação das secretarias estaduais de
saúde. Com a promulgação da lei 8.080, de 1990, que instituiu o Sistema Único
de Saúde- SUS, ocorreram importantes desdobramentos na área de vigilância
epidemiológica.
A vigilância epidemiológica tem, como propósito, fornecer orientação
técnica permanente para os responsáveis pela decisão e execução de ações
de controle de doenças e agravos.

224
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PROPÓSITOS E FUNÇÕES
Para subsidiar esta atividade, deve tornar disponíveis informações
atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças ou agravos, bem como dos
seus fatores condicionantes, em uma área geográfica ou população
determinada.
A vigilância epidemiológica constitui-se, ainda, em importante
instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos
serviços de saúde, como também para a normatização de atividades técnicas
correlatas.
Medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com
oportunidade e eficácia:

TIPOS DE DADOS
Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica

BIOLOGIA SANITÁRIA
são os seguintes:
• Dados demográficos, socioeconômicos e ambientais: permitem
quantificara população e gerar informações sobre suas condições de vida.
• Dados de mortalidade: são obtidos através das declarações de óbitos,
processadas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade.
• Notificação de surtos e epidemias: a detecção precoce de surtos e
epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local
está bem estruturado.

Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença


ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde
ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção
pertinentes
Critérios aplicados no processo de seleção para notificação de doenças.
Magnitude: doenças com elevada freqü.ncia, que afetam grandes
contingentes populacionais, que se traduzem pela incidência, prevalência,
mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.
Potencial de disseminação: expresso pela transmissibilidade da
doença, possibilidade de sua disseminação por vetores e demais fontes de

225

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


infecção, colocando sob risco outros indivíduos ou coletividades.

Transcendência: definido por um conjunto de características


apresentadas por doenças e agravos, de acordo com sua apresentação clínica
e epidemiológica, sendo as mais importantes: a severidade, medida por taxas
de letalidade, hospitalizações e seqüelas; a relevância social, que
subjetivamente significa o valor que a sociedade imputa à ocorrência do evento,
em termos de estigmatização dos doentes, medo, a indignação, quando incide
em determinadas classes sociais; e a relevância econômica, ou capacidade
potencial de afetar o desenvolvimento, o que as caracteriza como de, mediante
as restrições comerciais, perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de
diagnóstico e tratamento, etc.
Vulnerabilidade: referente à disponibilidade de instrumentos específicos
de prevenção e controle, permitindo a atuação concreta e efetiva dos serviços
de saúde com relação a indivíduos ou coletividades.
Compromissos internacionais: firmados pelo governo brasileiro, no
âmbito de organismos internacionais como a OPAS/OMS, que visam
empreender esforços conjuntos para o alcance de metas continentais ou até
mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças.
Exemplo típico é o da erradicação da poliomielite, que vem alcançando a meta
de erradicação em vários países das Américas, em 1994.
Tal feito poderia justificar, em tese, a exclusão da poliomielite da lista de
doenças de notificação. Ao contrário, porém, os países membros da OPAS
firmaram o compromisso de aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância
da poliomielite, acrescentando a notificação das paralisias flácidas agudas, em
face da possibilidade de reintrodução do poliovírus selvagem nas Américas, a
partir de outros continentes onde continua circulante.
Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas
como de notificação compulsória internacional, são incluídas, obrigatoriamente,
nas listas nacionais de todos os países membros da OPAS/OMS. Atualmente,
apenas três doenças são mantidas nessa condição.
Epidemias, surtos e agravos inusitados: todas as suspeitas de epidemia ou de
ocorrência de agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamente
notificadas aos níveis hierárquicos superiores, pelo meio mais rápido de

226
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
comunicação disponível. Mecanismos próprios de notificação devem ser
instituídos, definidos de acordo com a apresentação clínica e epidemiológica
do evento

Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares é a observação


ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e de sua distribuição entre
pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o
risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de
prevenção e controle.
Portaria no 2.616/MS/GM, de 12 de maio de 1998

“Os registros rotineiros que são incorporados aos sistemas de


informação, os censos e os inquéritos de base populacional são valiosas
fontes de dados que devem ser utilizadas para conhecer e acompanhar a
situação da saúde.”

BIOLOGIA SANITÁRIA
(Viacava, F. Informações em saúde: a importância dos inquéritos
populacionais. Ciências & Saúde Coletiva, 2002; 7(4):607-21.)

Criação e atuação da Anvisa


Do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
Foi criada atraves da lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990;
Exercem atividades de REGULAÇÃO, NORMATIZAÇÃO, CONTROLE E
FISCALIZAÇÃO na área de vigilância sanitária

Compete a União no âmbito do Sistema Nacional de vigilância sanitária


I - definir a política nacional de vigilância sanitária;
II - definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária;
III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de
interesse para a saúde;
IV - exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras,
podendo essa atribuição ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios;

227

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Compete a União no âmbito do Sistema Nacional de vigilância sanitária
V - acompanhar e coordenar as ações estaduais, distrital e municipais de
vigilância sanitária;
VI - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios;
VII - atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e
VIII - manter sistema de informações em vigilância sanitária, em
cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Art. 3o Fica criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA,


autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com
sede e foro no Distrito Federal, prazo de duração indeterminado e atuação
em todo território nacional

Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma
agência reguladora caracterizada pela independência administrativa,
estabilidade de seus dirigentes durante o período de mandato e autonomia
financeira.
A Agência tem como campo de atuação não um setor específico da
economia, mas todos os setores relacionados a produtos e serviços que
possam afetar a saúde da população brasileira.

Sua competência abrange tanto a regulação sanitária quanto a


regulação econômica do mercado.
Além da atribuição regulatória, também é responsável pela coordenação
do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), de forma integrada com
outros órgãos públicos relacionados direta ou indiretamente ao setor saúde.
Na estrutura da administração pública federal, a Anvisa encontra-se
vinculada ao Ministério da Saúde e integra o Sistema Único de Saúde (SUS),
absorvendo seus princípios e diretrizes.

Missão
Promover e proteger a saúde da população e intervir nos riscos

228
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância
sanitária, em ação coordenada com os estados,municípios e o Distrito Federal,
de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde, para a melhoria da
qualidade de vida da população brasileira.
É de garantir a segurança sanitária de produtos e serviços - é na
verdade, um desafio para a sociedade. A vigilância sanitária regulamenta e
controla o mercado quanto aos riscos, mas uma parcela dessa tarefa cabe a
quem efetivamente faz as opções, ao adquirir produtos e serviços em situação
regular e de qualidade.

Objetivo
Ao disseminar subsídios técnicos para tais escolhas, é oferecer apoio
aos responsáveis do setor público para que identifiquem com maior
tranqüilidade a situação dos candidatos a fornecedores quanto à regularidade
junto aos órgãos que se ocupam da avaliação do risco e da qualidade.

BIOLOGIA SANITÁRIA
No caso da prestação de serviços de saúde e de todos os insumos
necessários à atividade, não basta que não haja riscos, que sejam inócuos,
mas é preciso haver eficácia. Medicamentos, materiais, equipamentos e
instalações devem propiciar condições ótimas para que os procedimentos
adotados….
…pelos profissionais de saúde produzam o efeito desejado. Nesse campo, a
ineficácia corresponde à exposição desnecessária a riscos e a deixar de tomar
medidas profiláticas, de diagnóstico ou tera- pêutica que são indicadas.

Visão
Ser legitimada pela sociedade como uma instituição integrante do Sistema
Único de Saúde, ágil, moderna e transparente, de referência nacional e
internacional na regulação e no controle sanitário.

Valores
• Ética e responsabilidade como agente público;
• Capacidade de articulação e integração;
• Excelência na gestão;
• Conhecimento para fonte da ação;

229

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


• Transparência;
• Responsabilização

Anvisa e políticas de governo/estado


- Mais Saúde – Destaque para o Complexo Industrial da Saúde;
- Política Nacional de Direitos Humanos:
- Controle sanitário de agrotóxicos/ alimentação segura;
- Oportunidades a portadores de necessidades especiais;
- Serviços de saúde (legislação com olhar para as questões de acessibilidade,
idoso, crianças/creches, presídios).
- Acesso – Criação de Coordenação específica para tratar dos processos de
registro de medicamentos que fazem parte de programas do governo;
- Regulação econômica de mercado.

Desafios da Anvisa no SUS:


- Coordenar um Sistema autônomo e com especificidades (SNVS).
- Financiamento
- Recursos humanos – Número, qualificação, forma de contratação;
- Conciliar tecnologia com assimetria de ação e participação;
- Interesses conflitantes (publicidade de ações da Anvisa);

No caminho dos avanços... ͒


• Aprimoramento do processo de gestão – Contrato de Gestão, Auto-avaliação,
Planejamento Estratégico, redesenho de processos de trabalho;
• Fortalecimento do processo regulatório - Agenda Regulatória (previsibilidade);
• Qualificação e aperfeiçoamento dos espaços de participação social da Anvisa
– Câmaras Setoriais, Consultas de Audiências Públicas, Conselho Consultivo
(Indice de transparência e participação social);
Avanços:͒• Trabalho com consumidores;͒• Ações com trabalhadores (centrais
sindicais);
Elevação do número de participações em Consultas Públicas da Anvisa;
Publicação da Carta de Serviços;
Criação de espaços ampliados de relacionamento entre diferentes profissionais,

230
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
instituições e até países.

Abrangência e âmbito de atuação


Articulação Interinstitucional e intersetorial, no campo do direito à saúde, em
REDE, voltada para o desenvolvimento do direito sanitário como instrumento
de democratização do Estado e de fortalecimento da cidadania, com
estratégica atuação nos campos doutrinário, jurisprudencial, legislativo e
político - social.

5 EIXOS:
- Defesa do Direito à Saúde
- Fortalecimento do SUS
- Cidadania
- Produção e Difusão de Conhecimentos DS
- Mobilização Política e Social

BIOLOGIA SANITÁRIA
Atuação da ANVISA
Criada em 1999, a ANVISA é responsável pelo controle sanitário e
legislação de todos os produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária,
tais como medicamentos (possui um bulário eletrônico) e alimentos, além de
participar do controle dos portos, aeroportos e fronteiras nos assuntos
relacionados à vigilância sanitária.

Atuação da Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu no dia 14 de
novembro de 2011 a venda de bebidas e de alimentos à base de Aloe vera,
conhecida popularmente como babosa, no Brasil.
Segundo a agência não há comprovação científica suficiente de que os
produtos alimentares à base de Aloe vera sejam seguros à longo prazo.
A determinação deverá ser cumprida até que os fabricantes do suco de
Aloe vera tenham o registro da Anvisa para que o produto possa ser
novamente comercializado, o que só deve ser conseguido após comprovação
científica suficientemente credível.
Contudo, a decisão não afeta o comércio de produtos à base de Aloe

231

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


vera, de uso externo como cosméticos e os que contém apenas o aroma da
planta.
Informe Técnico nº. 47, de 16 de novembro de 2011 – Anvisa.

Outros casos
Anvisa proibiu a venda de CLA (ácido linoléico conjugado)
Anvisa suspende a venda da pílula do dia seguinte (problemas
burocraticos de algumas marcas)
Lipostabil é Proibido pela Anvisa (falta de pesquisas sobre o produto)
Dietmax é proibido pela Anvisa (suplemento alimentar- nao funciona e
nao se sabe o efeito)
Vigilância sanitária impõe limites ao uso de adoçantes

Criação do SUS

HISTÓRICO͒
1920: Criação da Lei Eloy Chaves – primeiro modelo de previdência social , as
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPS), que asseguram somente
funcionários ferroviários marítimos.
1930: Unificação das CAPS em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS),
que asseguravam outras categorias profissionais, mediante registro em carteira
de trabalho.
Contexto da Saúde no Brasil entre 1930 e 1940: dividida em dois campos de
ação (saúde pública X medicina previdenciária).
1966: Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), a partir da
unificação dos IAPS.
1974 a 1979: pressões populares e reivindicações.
1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde, que aprovou um relatório, cujas
bases constituíram o projeto de Reforma Sanitária Brasileira.
Fim da Década de 1980: O Inamps (O Inamps FOI SUBSTITUÍDO PELO
INPS-INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM 1974.) a partir
da 8ª Conferência de Saúde, direciona-se para uma cobertura mais universal

232
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
dos serviços de saúde (ex.: fim da exigência de carteira do Inamps para se ter
atendimento nos hospitais conveniados a rede pública).
1987: Criado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), ainda
gerido pelo Inamps.
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social
Inamps – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
1988: Criação definitiva do SUS

Artigo 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Constituição da República Federativa do Brasil, 05/10/1988

1990: efetivação e regulação do SUS, com promulgação das Leis 8080 e 8142,

BIOLOGIA SANITÁRIA
com a primeira referindo-se a promoção da saúde e a organização dos serviços
e a segunda, à participação da comunidade e o repasse de recursos do
governo federal para as demais instâncias.
1991: Processo de descentralização do atendimento à saúde. Organização dos
Conselhos de Saúde.
1992: Acontece a 9ª Conferência Nacional de Saúde, cujos objetivos eram a
descentralização, municipalização e participação popular através dos
Conselhos de Saúde
1996: A 10ª Conferência Nacional de Saúde preconiza o aprofundamento e o
fortalecimento do controle social para democratização do SUS

EVOLUÇÃO͒
Na década de 1990 foram editadas, pelo Governo Federal, sucessivas Normas
Operacionais Básicas (NOBs) visando concretizar os princípios estabelecidos
para o SUS.
NOB 01/91 – nova política de financiamento do SUS.
NOB 01/93 – Dispõe sobre procedimentos reguladores do processo de
descentralização das ações e dos serviços, dando maior autonomia municipal

233

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


e estadual. Assim, as verbas seriam repassadas fundo a fundo de saúde;
A NOB 93 assinala, claramente, que a descentralização “deve ser entendida
como um processo de redistribuição do poder, redefinição de papéis e
estabelecimento de novas relações entre as três esferas de governo,
reorganização institucional, reformulação de práticas e controle social” (Brasil,
1993b:6962).
NOB 01/96 – Fortalecer o papel dos municípios, definindo estratégias para
atenção básica, estabelecendo política de incentivos. Priorizou como modelo
de atenção o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e
Programa de Saúde da Família (PSF), além de outros programas para a área
da saúde.
A NOB 96 recomendou a adoção do Cartão-SUS municipal, de forma a
agregá-lo ao sistema nacional, à época em discussão para regulamentação.

Cartão-SUS
Conhecido como Cartão-SUS, como forma de identificar a
clientela do Sistema Único de Saúde, explicita ao mesmo
tempo sua vinculação à gestão e a um conjunto bem
definido de serviços, cujas atividades devem cobrir,
integralmente, todo a atenção à saúde do cidadão,
conforme os princípios constitucionais

NOAS/SUS 01/2001 e 01/2002


Ampliar as responsabilidades dos municípios na garantia de acesso aos
serviços de atenção básica, a regionalização e a organização funcional do
sistema. ͒
2000: 11ª Conferência Nacional de Saúde, cujo tema foi “Efetivando o SUS:
acesso, qualidade e humanização na atenção a saúde, com controle social”;
12ª Conferência Nacional de Saúde: “Saúde: um direito de todos e dever do
Estado – A Saúde que temos o SUS que queremos”, trouxe a abordagem do
processo de intersetorialidade na gestão política.
2006: É instituído, pela portaria 399/GM de 22 de fevereiro, o Pacto pela Saúde

234
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
que, assim como as Normas Operacionais anteriores, vem orientando a
implantação do SUS, dando ênfase às necessidades de saúde da população e
à busca pela equidade social.
Pactuado entre as três esferas de governo (Federal, Estadual e
Municipal), o Pacto pela Saúde redefine as responsabilidades de cada uma
dessas esferas, articulando estratégias dos três componentes: Pacto pela Vida,
Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão.
A saúde é considerada na sua complexidade, colocando-se como um
bem econômico não restrito ao mercado, como forma de vida da sociedade, e
direito que se afirma enquanto política, com as dimensões de garantias de
acesso universal, qualidade, hierarquização, conforme estabelece a
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro
de 1988.

BIOLOGIA SANITÁRIA
O direito à saúde implica o reconhecimento de que todas as cidadãs e
todos os cidadãos, sem exceção, têm as garantias universais da saúde. Os
movimentos sociais dos anos pré-constituição, na área da saúde, visavam a
um novo paradigma e a uma nova forma de considerar a questão da saúde da
população, coletiva e individualmente, como direito e como questão de todos,
sobre a qual os sujeitos implicados tomam decisões.
A questão da saúde deixa de ser “um negócio da doença” para se trans
formar em garantia da vida, rompendo-se com o modelo flexneriano (proposto
pelo relatório Flexner, nos Estados Unidos, no início do século XX), que
restringia a saúde ao diagnóstico das doenças, feito por especialistas
designados por um saber academicamente reconhecido em lei.
No contexto histórico da segunda metade do século XX, significou um

235

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


aprofundamento da democracia representativa, limitada, às vezes, ao ritual das
eleições, para se tornar uma mediação, ao mesmo tempo, de revolta e de
proposta no seio dos conselhos paritários,com melhor explicitação dos conflitos
como base para a construção de consensos.
Novos direitos foram emergindo e se configurando, como os direitos
humanos das mulheres, dos negros, das pessoas portadoras de necessidades
especiais das crianças, dos idosos, com a articulação de relações de poder
que não se restringem mais à eleição de representantes que falam pelo povo,
em nome do povo, mas que, não raramente, o esquecem.

A democracia participativa traz as “ruas” para dentro do Estado, para os


espaços do próprio poder executivo, e, no início do século XXI, timidamente
para o poder judiciário, com o Conselho Nacional de Justiça;
A descentralização da gestão de programas sociais, como é o caso do
SUS na experiência brasileira, é conceituada e formulada em estreita
associação com um Estado federal;

Descentralização e Pacto Federativo


A Federação foi construída, historicamente, como uma forma de
estruturação jurídico-política do poder em sua territorialidade, isto é, a
distribuição desse poder pelo território que constitui um Estado e se expressa
em instâncias de governo, com suas respectivas atribuições:
a União, exercendo competência sobre todo o território que constitui o Estado
federal; e os estados-membros, cada qual com competência sobre a respectiva
parte no território federal
Embora o Sistema Único de Saúde não estivesse consignado, o que só
viria acontecer com a Constituição Federal de 1988, já no início da Nova
República, em 1985, a unificação do setor saúde já era apontada,
especialmente com a passagem do Inamps para o Ministério da Saúde.
Sua operacionalização, em tempo e movimento, gerou um acirrado
debate com dupla face: por um lado mostrou contradições no movimento
sanitário; por outro, evidenciou a sua capacidade de superação e competência
para chegar, no fim, ao mesmo objetivo
A 8ª Conferência Nacional de Saúde é um marco histórico da

236
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
mobilização instituinte da área de saúde, de reafirmação do princípio de
participação e controle social, na direção da democratização do Estado.
As propostas aí forjadas são constitucionalizadas em 1988, com a
conquista do direito à saúde com controle social. O grande desafio colocado ao
movimento passava a ser, então, a consolidação e a implementação do
paradigma instituinte e formalmente instituído na Constituição Federal/88

Lei nº 8.142/90
“dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos fi nanceiros na área da saúde” e garante o sistema participativo de
baixo para cima com duas instâncias colegiadas:
I – a conferência de saúde e
II– o conselho de saúde.

BIOLOGIA SANITÁRIA
Lei nº 8.080/90
Fica definido que o SUS é constituído pelas ações e serviços prestados
por órgãos e instituições federais, estaduais e municipais, da administração
direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público (art. 4).
O parágrafo 2º do artigo 4º diz expressamente que “a iniciativa privada
poderá participar do SUS, em caráter complementar”, conforme disposto no
artigo 199 da Constituição Federal, configurando-se a preeminência do setor
público e a inclusão apenas complementar do setor privado
No campo de atuação do SUS, estão ainda incluídas as vigilâncias
sanitária e epidemiológica, a saúde do trabalhador e a assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica;

SANEAMENTO BÁSICO
Saneamento Ambiental: É o conjunto de ações sócio-econômicas que têm
por objetivo alcançar níveis de Salubridade Ambiental, por meio de
abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos
sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo,
drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e
obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de

237

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


vida urbana e rural.

Salubridade Ambiental: É o estado de higidez em que vive a população


urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou
impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente,
como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de
condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem estar.

Os Sistemas Ambientais: Considerações gerais


A poluição do meio ambiente é assunto de interesse público em todas
as partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo afetados
pelos problemas ambientais, como também os países em desenvolvimento.
Isso decorre de um rápido crescimento econômico associado à exploração de
recursos naturais. Questões como: aquecimento da temperatura da terra; perda
da biodiversidade; destruição da camada de ozônio; contaminação ou
exploração excessiva dos recursos dos oceanos; a escassez e poluição das
águas;
A superpopulação mundial; a baixa qualidade da moradia e ausência de
saneamento básico; a degradação dos solos agricultáveis e a destinação dos
resíduos (lixo), são de suma importância para a Humanidade.
Ao lado de todos esses problemas estão, ainda, os processos de
produção utilizados para extrair matérias-primas e para transforma-las numa
multiplicidade de produtos para fins de consumo em escala internacional.
Embora se registrem progressos no setor das técnicas de controle da
poluição, para diversos campos da indústria de extração e de transformação, é
preciso reconhecer que não há métodos que propiciem um controle absoluto
da poluição industrial.

Precariedade…
Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação
segura e serviços básicos de saneamento como: abastecimento de água, rede
de esgotamento sanitário e coleta de lixo. A falta de todos esses serviços, além
de altos riscos para a saúde, são fatores que contribuem para a degradação do
meio ambiente.

238
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A situação exposta se verifica especialmente nos cinturões de miséria
das grandes cidades, onde se aglomeram multidões em espaços mínimos de
precária higiene. Estudos do Banco Mundial (1993) estimam que o ambiente
doméstico inadequado é responsável por quase 30% da ocorrência de doenças
nos países em desenvolvimento. O quadro a seguir ilustra a situação.

BIOLOGIA SANITÁRIA
Consequências….
- à poluição do mar causada pelos despejos de rejeitos tóxicos e materiais
assemelhados;
- escoamento de águas poluídas dos continentes
- pesca excessiva;

A extinção de espécies vivas e de ecossistemas, conhecida como


biodiversidade, também é um grave e irreversível problema global.
Entre cinco a dez milhões de espécies de organismos no mundo; mas
há quem calcule até 30 milhões. Dessas, somente 1,7 milhão foram
identificadas pelo homem.
De 74% a 86% das espécies vivem em florestas tropicais úmidas como
a Amazônia.
Acredita-se que entre 20% a 50% das espécies estarão extintas até o
final do século em razão da destruição das florestas e dos santuários
ecológicos situados nas ilhas.

239

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Como podemos verificar a atividade humana gera impactos ambientais
que repercutem nos meios físicos, biológicos e sócio-econômicos afetando os
recursos naturais e a saúde humana. Esses impactos se fazem sentir nas
águas, ar e solo e na própria atividade humana.
O controle das substâncias químicas perigosas, o manejo adequado dos
recursos hídricos e dos resíduos sólidos, o controle de ruídos, das vibrações e
das radiações são essenciais à proteção do meio ambiente natural e do
ambiente modificado onde vive e trabalha o homem.

Água
As águas na natureza circulam e se transformam no interior das três
unidades componentes do nosso planeta: a atmosfera, o solo e a hidrosfera -
rios, lagos e mares.
Para estudarmos o ciclo hidrológico, podemos partir do momento em
que a água se evapora dos oceanos e da superfície da terra e passa a integrar
a atmosfera na forma de vapor d’água. Em determinadas condições surgem
gotículas que, pela ação da gravidade, formam a precipitação pluviométrica, ou
seja, a chuva. Desse ponto em diante, a água pode seguir basicamente por
dois caminhos: parte infiltra através dos vazios do solo, abastecendo os
reservatórios subterrâneos - lençol freático e aqüíferos - e outra parte forma o
escoamento superficial. Saliente-se que, quanto maior for a retenção e a
infiltração das águas de chuva, menor será o escoamento superficial e,
conseqüentemente, menor a chance de ocorrer inundações.
As águas armazenadas nos reservatórios subterrâneos fluem
lentamente na chamada descarga base para os corpos d’água e, por meio da
evaporação, fecha-se o ciclo hidrológico.

240
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A Utilização da Água e as Exigências de Qualidade

BIOLOGIA SANITÁRIA
Esse processo de captação e devolução por sucessivas cidades em
uma bacia resulta numa reutilização indireta da água. Durante as estiagens, a
manutenção da vazão mínima em muitos rios pequenos dependem,
fundamentalmente, do retorno destas descargas de esgotos efetuadas a
montante.
Assim, o ciclo artificial da água integrado ao ciclo hidrológico natural é:
- captação de água superficial, tratamento e distribuição;
- coleta, tratamento e disposição em corpos receptores dos esgotos gerados;
- purificação natural do corpo receptor; e
- repetição deste esquema por cidades a jusante.

Nas Américas segundo a Organização Pan-Americana de Saúde os


principais problemas encontrados no setor de abastecimento de água são:

- instalações de abastecimento público ou abastecimento individual em mau


estado, com deficiências nos projetos ou sem a adequada manutenção;

- deficiência nos sistemas de desinfecção de água destinada ao consumo


humano com especial incidência em pequenos povoados;

241

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


- contaminação crescente das águas superficiais e subterrâneos por causa de
deficiente infra-estrutura de sistema de esgotamento sanitário, ausência de
sistema de depuração de águas residuárias, urbanas e industriais e
inadequado

- tratamento dos resíduos sólidos com possível repercussão no abastecimento


de água, em área para banhos e recreativas, na irrigação e outros usos da
água que interfira na saúde da população.

Com relação à agentes poluidores de origem industrial o problema mais


importante parece estar centralizado nos seguintes aspectos:
- providenciar um controle ambiental seguro, sem prejuízos dos investimentos
econômicos;
- obtenção de informação técnica referente aos melhores meios de que se
dispõe para controlar a poluição; obtenção e emprego de técnicas de combate
à poluição ambiental e de pessoal especializado na aplicação das mesmas;
selecionar e adaptar as soluções de controle importadas ao conjunto de
técnicas desenvolvidas no país.

242
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Bacia hidrográfica
A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras
drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica
inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores d’água,
cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias
hidrográficas deve existir uma hierarquização na rede hídrica. O conceito de
bacia hidrográfica inclui, também, noção de dinamismo, devido às modificações
que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes corrosivos,
alargando ou diminuindo a área da bacia.

O estudo da bacia contribuinte é realizado com a finalidade de se


conhecerem as características e diversas influências relativas a:
- forma geométrica, responsável pela individualização da bacia contribuinte;
- relevo, declividade do curso d’água, declividade da bacia;
- geomorfologia, fornecendo uma visão estrutural da região, a forma do relevo

BIOLOGIA SANITÁRIA
existente;
- geologia, com o objetivo principal de se conhecer a maior ou menor
permeabilidade e outras características do terreno.

Variaveis que influenciam


Outras variáveis que influenciam o comportamento das chuvas e da
bacia são:
cobertura vegetal - quando a cobertura é densa, como nas matas e
gramados, tende a favorecer a infiltração rápida, protegendo o solo contra as
erosões. O efeito da cobertura do solo pode ser até mais importante que o tipo
de solo;
uso da terra - o solo revestido de quadras habitadas, ruas, estradas –
Consequencia da urbanização - acarreta a impermeabilização progressiva do
terreno, reduzindo, sensivelmente, a capacidade de infiltração do solo. Desse
modo, deve-se estudar o efeito produzido pela impermeabilização no aumento
da parcela de escoamento superficial

BACIAS URBANAS COMPARTILHADAS


Muitas cidades possuem, entretanto, bacias hidrográficas em comum

243

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


com outros municípios, apresentando o seguinte cenário: um município a
montante de outro e o curso d’água dividindo-os.
Para implantar medidas de controle de inundações devem ser
consideradas três situações de ocupação:
- sub-bacia não urbanizada,
- sub-bacia parcialmente urbanizada e sub-bacia urbanizada.

estabelecer o zoneamento das áreas não ocupadas e adoção de medidas


para que não ocorram ocupações nas áreas de risco;
preservar a faixa non aedificandi ao longo dos cursos d’água;
dotar a legislação municipal com instrumento eficaz que promova retenção e a
percolação no solo das águas pluviais no perímetro urbano; tais como valos de
infiltração - sistemas de drenos implantados paralelos às ruas, estradas,
conjuntos habitacionais;

Abastecimento de Água
Um Sistema de Abastecimento de Água pode ser concebido e projetado
para atender a pequenos povoados ou a grandes cidades, variando nas
características e no porte de suas instalações. Caracteriza-se pela retirada da
água da natureza, adequação de sua qualidade, transporte até os aglomerados
humanos e fornecimento à população em quantidade compatível com suas
necessidades.

Sob o ponto de vista sanitário, a solução coletiva é a mais interessante por


diversos aspectos como:
· mais fácil proteger o manancial;
· mais fácil supervisionar o sistema do que fazer supervisão de grande número
de mananciais e sistemas;
· mais fácil controlar a qualidade da água consumida;
· redução de recursos humanos e financeiros (economia de escala).
Importância Sanitária e Social

244
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Sob o aspecto sanitário e social, o abastecimento de água visa,
fundamentalmente, a:
controlar e prevenir doenças;
implantar hábitos higiênicos na população como, por exemplo, a
lavagem das mãos, o banho e a limpeza de utensílios e higiene do
ambiente
facilitar a limpeza pública;
facilitar as práticas desportivas;
propiciar conforto, bem estar e segurança;
aumentar a esperança de vida da população

Importância Econômica
Sob o aspecto econômico, o abastecimento de água visa, em primeiro lugar, a:
aumentar a vida média pela redução da mortalidade;
aumentar a vida produtiva do indivíduo, quer pelo aumento da vida

BIOLOGIA SANITÁRIA
média quer pela redução do tempo perdido com doença;
facilitar a instalação de indústrias, inclusive a de turismo, e
consequentemente ao maior progresso das comunidades;
facilitar o combate a incêndios

Doenças Relacionadas com a Água


De várias maneiras a água pode afetar a saúde do homem: através da
ingestão direta, na preparação de alimentos; na higiene pessoal, na agricultura,
na higiene do ambiente, nos processos industriais ou nas atividades de lazer.
Os riscos para a saúde relacionados com a água podem ser distribuídos
em duas categorias:
- riscos relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes
biológicos (bactérias, vírus e parasitos), através de contato direto, ou por meio
de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico;
- riscos derivados de poluentes químicos e radioativos, geralmente efluentes de
esgotos industriais, ou causados por acidentes ambientais.

245

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Padrões de Potabilidade
A água própria para o consumo humano, ou água potável, deve obedecer a
certos requisitos de ordem:
organoléptica: não possuir sabor e odor objetáveis;
física: ser de aspecto agradável; não ter cor e turbidez acima dos limites
estabelecidos nos padrões de potabilidade;
química: não conter substâncias nocivas ou tóxicas acima dos limites de
tolerância para o homem;
biológica: não conter microorganismos patogênicos;

Padrões de Potabilidade
radioativa: não ultrapassar o valor de referência previsto na Portaria 036 do
Ministério da Saúde, de 19.01.90;
segundo recomendações da Portaria 036/90 do M.S, o pH deverá ficar situado
no intervalo de 6,5 a 8,5 e a concentração mínima de cloro residual livre em
qualquer ponto da rede de distribuição, deverá ser de 0,2mg/l.

Características Físicas e Organolépticas


- a água deve ter aspecto agradável. A medida é pessoal;
- deve ter sabor agradável ou ausência de sabor objetável. A medida do sabor
é pessoal;
- não deve ter odores desagradáveis ou não ter odor objetável. A medida do
odor é também pessoal;
- a cor é determinada pela presença de substâncias em dissolução na água e
não afeta sua transparência
- a turbidez é devida a matéria em suspensão na água (argila, silte, matéria
orgânica, etc.) e altera sua transparência.

Características Químicas
São fixados limites de concentração por motivos de ordens sanitária e
econômica.
Substâncias causadoras de dureza, como os cloretos, sulfatos e bicarbonatos
de cálcio e magnésio. As águas mais duras consomem mais sabão e, além
disso, são inconvenientes para a indústria, pois incrustam-se nas caldeiras e

246
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
podem causar danos e explosões.
A água de baixo pH, isto é, ácida, é corrosiva. Águas de pH elevado, isto é,
alcalinas, são incrustativas. Alcalinidade e dureza são expressas em mg/L de
CaCO3.

Ar
O ar leva em suspensão substâncias animadas ou não. Dentre as
substâncias inanimadas existem as poeiras, os fumos e os vapores; muitas são
naturais e outras resultam das atividades humanas. Algumas são inócuas;
outras, pela composição química ou pela ação física, podem tornar o ar
prejudicial ao homem.

Atmosfera
A atmosfera é o invólucro gasoso da Terra que se dispõe em camadas
que se diferenciam pela temperatura e por sua constituição.

BIOLOGIA SANITÁRIA
O ar atmosférico:
Oxigênio (20,95%),
Nitrogênio (78,08%),
Dióxido de carbono (0,03%)
e ainda ozônio, hidrogênio e gases nobres como o neônio, o hélio e o criptônio.
Contém ainda vapor d’água e partículas de matérias derivadas de fontes
naturais e de atividades humanas

Processos de Poluição do Ar
A poluição do ar é definida como sendo a alteração da qualidade do ar,
resultante de atividades que direta ou indiretamente:
- prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
- criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
- afetem desfavoravelmente a qualidade do ar;
- lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos por lei.

247

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


As causas da poluição atmosférica podem ser classificadas como:
- de origem natural (vulcões, queimadas, etc.);
- resultante das atividades humanas (indústrias, transporte, calefação,
destruição da vegetação, etc.);
- em consequência dos fenômenos de combustão.

Solo
Principais Processos Poluidores do Solo:
A poluição do solo é a alteração prejudicial de suas características
naturais, com eventuais mudanças na estrutura física, resultado de fenômenos
naturais: terremotos, vendavais e inundações ou de atividades humanas:
disposição de resíduos sólidos e líquidos urbanização e ocupação do solo,
atividades agropecuárias e extrativas e acidentes no transporte de cargas.

A contaminação do solo pode ser de origem orgânica ou inorgânica:


materiais contaminados ou em decomposição presentes no lixo; substâncias
químicas perigosas; pesticidas empregados na produção agropecuária.
O principal dano decorrente da utilização do solo é a erosão, que ocorre
na natureza causada pela ação das águas e do vento, com conseqüente
remoção das partículas do solo, tendo como efeitos:
alterações no relevo; - riscos as obras civis; - remoção da camada superficial e
fértil do solo; - assoreamento dos rios; - inundações e alterações dos cursos
d’água

Controle da Poluição do Solo


O controle da poluição do solo se dá através de técnicas preventivas e
corretivas, que visam à minimização dos riscos ambientais, e cuja aplicação
dependerá das circunstâncias locais. As técnicas de controle mais utilizadas
estão listadas abaixo:
- Seleção dos locais e das técnicas mais apropriadas para o desenvolvimento
das atividades humanas, considerando o uso e tipo de solo na região, o relevo,
a vegetação, a possibilidade de ocorrência de inundações e as características
do subsolo; execução de sistemas de prevenção da contaminação das águas
subterrâneas;

248
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
- Implantação de sistemas de prevenção e erosão, tais como alteração de
declividade, operação em curvas de nível, execução de dispositivos de
drenagem e manutenção da cobertura vegetal;
- Minimização de resíduos industriais, através da redução da geração na
fonte,segregação, reciclagem e alteração dos processos produtivos;
- Minimização de sistemas de disposição final de resíduos urbanos, através da
coleta seletiva, reciclagem e tratamento;
- Execução de sistemas de disposição final de resíduos, considerando critérios
de proteção do solo.

Esgotamento Sanitário
Importância Sanitária
Sob o aspecto sanitário, o destino adequado dos dejetos humanos visa,
fundamentalmente, o controle e à prevenção de doenças a eles relacionadas.

BIOLOGIA SANITÁRIA
As soluções a serem adotadas terão os seguintes objetivos:
evitar a poluição do solo e dos mananciais de abastecimento de água;
evitar o contato de vetores com as fezes;
propiciar a promoção de novos hábitos higiênicos na população;
promover o conforto e atender ao senso estético.

Doenças Relacionadas com os Esgotos


É grande o número de doenças cujo controle está relacionado com o destino
adequado dos dejetos humanos.
Citaremos entre as principais: ancilostomíase, ascaridíase, amebíase, cólera,
diarréia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose, estrongiloidíase, febre
tifóide, febre paratifóide, salmonelose, teníase e cisticercose.

INDICADORES DE SAÚDE AMBIENTAL


Construindo indicadores em saúde ambiental
Um dos grandes desafios atuais colocados para a Saúde Pública e,
particularmente, para a Saúde Ambiental é o de estruturar sistemas de
monitoramento e vigilância que permitam antecipar e, se possível, prevenir e
monitorar as consequências das mudanças ambientais para a saúde humana,

249

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


o que requer a sistemática coleta e análise de dados que permitam construir
indicadores que apontem esta inter-relação.

Construção de indicadores
No Brasil, o enfrentamento desse desafio por meio da estruturação de
um sistema de vigilância em saúde ambiental e da construção de indicadores
que apontem tal inter-relação teve início no final dos anos 1990, quando foram
esboçadas as primeiras propostas nesse sentido, tendo como referência o
modelo de organização e análise de indicadores Força Motriz-Pressões-
Situação Ambiental-Exposição Ambiental-Efeitos-Ações, que têm sido
empregados pela Organização Mundial da Saúde
(MACIEL FILHO, 1999; CORVALÁN, BRIGGS e KJELLSTRÖM,
1996; 2000).

Conjuntos de indicadores
O desenvolvimento desses conjuntos de indicadores que permitem cada
vez mais avançar na compreensão da inter-relação dos indicadores ambientais
e de saúde, construindo indicadores de saúde ambiental, integra um
movimento que ocorre no Brasil, assim como em outros países.
O público, de modo geral, além de jornalistas, organizações não
governamentais, líderes sociais e políticos, cada vez mais manifesta interesse
na utilização dos indicadores para a compreensão dos problemas e tomadas
de decisões para solucioná-los.

Todos esses diferentes atores sociais utilizam os indicadores para


avaliar os avanços ou retrocessos nas condições de vida da população e
indicar nas políticas públicas sua eficácia (cumprimento dos objetivos),
eficiência (os investimentos necessários para se alcançar os objetivos) e
efetividade (melhoria das condições sociais, ambientais e de saúde da
população)
(MORSE, 2004; JANNUZZI, 2004).

Diferentes atores sociais


Atualmente, integram o vocabulário corrente desses diferentes atores

250
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
sociais termos como taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo,
nível de desemprego, grau de indigência e pobreza, índice de
desenvolvimento humano, taxa de desmatamento, níveis de poluição e
tantos outros, que deixaram de figurar apenas nos diagnósticos e relatórios
governamentais e ganharam um papel relevante nas arenas de discussão das
políticas sociais, ambientais e de saúde, sobretudo na virada do século XX
para o XXI.

Dado
Um dado, para a construção de indicadores, pode ter como base “um
valor quantitativo referente a um fato ou circunstância”, um “número bruto que
ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico” (BRASIL, 2005),
ou ainda o registro de avaliações ou percepções de atores sociais sobre
determinadas questões
(MORSE, 2004).

BIOLOGIA SANITÁRIA
Por exemplo, quando se obtêm dados sobre internações por
envenenamento ou exposição a agrotóxicos, em determinado período e local, é
preciso examinar outro conjunto de dados para se obter melhores informações
sobre o impacto dessa exposição no perfil de morbidade de um grupo
populacional. Nesse caso, pode-se recorrer a dados demográficos, como o
número total da população residente no mesmo período e local.

A Tabela 1.1 traz um exemplo de operacionalização dos dados que


podem ser utilizados para a construção de um indicador aplicável no
monitoramento da poluição atmosférica em regiões metropolitanas.

251

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Dados
Dados Podem ser registrados de forma:
Contínua – óbitos, nascimentos, doenças de notificação obrigatória
Periódica – recenseamento da população e levantamento do índice CPO
(dentes cariados, perdidos e obturados)
Ocasional – pesquisas para conhecer a prevalência da hipertensão arterial ou
diabetes em uma comunidade, em determinado momento

Dados- importância
- Importância para a análise de situação de saúde: População – número de
habitantes, idade, sexo, raça
- Sócio-econômicos – renda, ocupação, classe social, tipo de trabalho,
condições de moradia e alimentação
- Dados ambientais – poluição, abastecimento de água, tratamento de esgoto,
coleta e disposição do lixo
- Serviços de saúde – hospitais, ambulatórios, unidades de saúde, acesso aos
serviços Morbidade – doenças que ocorrem na comunidade
- Eventos vitais – óbitos, nascidos vivos e mortos

Banco de dados no Brasil:


SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade SINASC – Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos
SINAN – Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação
SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde
SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde

É importante considerar que tanto a informação derivada de dados de


doenças (morbidade), como de mortalidade, apresentam vantagens e
limitações. É muito conhecido, no meio da saúde, o termo “ponta de iceberg”
para referir-se a uma característica desses dados, ou seja, ambos
(especialmente a mortalidade) representam apenas uma parcela da população
(a “ponta do iceberg”): a que morre ou a que chega ao serviço de saúde e tem
o seu diagnóstico feito e registrado corretamente.

252
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Indicador
As definições mais comuns para “indicador” e a terminologia a ele
associada são particularmente diversas, o que potencialmente acarreta
problemas de ordem metodológica quando se pretende construir ou utilizar um
conjunto de indicadores para qualquer tipo de avaliação ou monitoramento.
O termo “indicador” é originário do latim indicare, que significa descobrir,
apontar, anunciar, estimar. O indicador comunica ou informa sobre o progresso
em direção a uma determinada meta, e é utilizado como um recurso para
deixar mais perceptível uma tendência ou fenômeno não imediatamente
detectável por meio dos dados isolados
(BELLEN, 2005).

Indicadores na saúde
No setor Saúde, os indicadores tradicionalmente utilizados são demográficos
(grau de urbanização, proporção de menores de 5 anos de idade na população,

BIOLOGIA SANITÁRIA
mortalidade proporcional por idade, esperança de vida ao nascer);
- socioeconômicos (níveis de escolaridade, PIB, razão de renda, proporção de
pobres, taxa de desemprego);
- mortalidade (taxa de mortalidade infantil, mortalidade proporcional por grupos
de causas);
- morbidade (incidência e taxas de incidência por doenças específicas,
proporção de internações hospitalares por grupos de causas);
- recursos (número de profissionais de saúde por habitante, gasto público em
saúde como proporção do PIB) e cobertura (proporção de internações
hospitalares por especialidade, cobertura de redes de abastecimento de água,
esgotamento sanitário e coleta de lixo).

Indicadores ambientais
No setor ambiental, alguns indicadores são relativamente novos em
termos mundiais, ao contrário dos indicadores sociais e de saúde.
E por serem mais recentes, os temas ambientais não contam com uma
larga tradição de produção de indicadores e estatísticas.
Isso resulta em menor disponibilidade de informações para a construção
dos indicadores requeridos para uma abordagem mais completa dos problemas

253

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


concernentes ao setor (IBGE, 2008).
Além disso, há ainda questões relacionadas à necessidade de consenso
em torno de um marco conceitual e metodológico que permita a agregação de
informações e minimize a existência de dados incompatíveis e de baixa
qualidade.

Vêm sendo realizados esforços internacionais e no Brasil para a


produção de indicadores de desenvolvimento sustentável que permitam
monitorar a dimensão ambiental:
- Toneladas de consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de
ozônio,
- quilogramas de agrotóxicos por hectares,
- número de focos de calor,
- taxa estimada de desflorestamento bruto anual em relação à área de floresta
remanescente) em articulação com outras dimensões,
- como a social (exemplos: taxa de crescimento de população, índice de Gini
na distribuição do rendimento, taxa de internações relacionadas ao
saneamento ambiental inadequado por cem mil habitantes),
- a econômica (exemplos: consumo final de energia de Giga Joule per capita,
percentual da participação das fontes não renováveis de energia no total de
energia ofertada no País) e a institucional (exemplos: percentual dos gastos
com proteção ao meio ambiente em relação ao total das despesas públicas,
proporção de municípios que possuem pelo menos um conselho municipal
ativo nas dimensões da sustentabilidade – ambiental, econômica ou social).

Diferença de Indices e Indicadores

254
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Outro exemplo é o Índice de Performance Ambiental (Environmental
Performance Index – EPI, em inglês), desenvolvido pelas universidades
americanas de Yale (Yale Center for Environmental Law and Policy) e de
Columbia (Center for International Earth Science Information Network) em
colaboração com o Fórum Econômico Mundial e o Centro de Pesquisas
Conjuntas da Comissão Europeia.
Pretende-se que esse índice constitua uma ferramenta que concorra
para ampla proteção ambiental global mediante o estabelecimento de dois
objetivos de grande alcance:
1. redução do estresse ambiental sobre a saúde humana;
2. promoção da vitalidade dos ecossistemas e gestão racional dos
recursos naturais.

Esses dois amplos objetivos se expressam em saúde ambiental e


vitalidade dos ecossistemas, compostos por seis categorias relacionadas às

BIOLOGIA SANITÁRIA
políticas públicas (saúde ambiental, qualidade do ar, recursos aquáticos,
biodiversidade e habitat, produtividade dos recursos naturais e energia
sustentável), e tais categorias, por sua vez, são compostas por alguns dos 16
indicadores com base em dados de mais de cem países.

Os indicadores mortalidade infantil, poluição do ar interna, água para


consumo humano, saneamento adequado e materiais particulados compõem a
categoria saúde ambiental relacionada às políticas públicas e esta, por sua vez,
integra o objetivo amplo I, que é saúde ambiental.
Os indicadores materiais particulados, ozônio regional, descarga de
nitrogênio, consumo de água, proteção da vida selvagem, proteção de
ecorregiões, extração de madeira, subsídios agrícolas, sobre-exploração da
pesca, eficiência energética, energia renovável e emissões de dióxido de
carbono em relação ao PIB compõem as outras categorias relacionadas às
políticas públicas (qualidade do ar; recursos aquáticos; biodiversidade e
habitat; produtividade dos recursos naturais; e energia sustentável) que
integram o objetivo amplo II, vitalidade dos ecossistemas.

255

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Propriedades desejáveis dos indicadores
Algumas propriedades são importantes para que um indicador seja
aceito como medida de referência na tomada de decisões, ou seja, para sua
credibilidade no âmbito da sociedade
A primeira propriedade importante é a relevância social, que justifique a
produção do indicador e legitime o seu emprego no processo de análise,
formulação e implementação de políticas.
A segunda é a validade, que corresponde ao grau de proximidade entre
o conceito subjacente ao indicador e à medida, ou seja, à sua capacidade de
refletir o conceito abstrato que o indicador se propõe a operacionalizar.
A terceira é a confiabilidade, propriedade relacionada à qualidade dos
dados usados na construção de um indicador e à credibilidade da instituição
que produz as estatísticas;
A quarta propriedade é o grau de cobertura espacial e populacional do
indicador. Trata-se de propriedade fundamental, ainda que essa cobertura seja
parcial.
A quinta é a sensibilidade de um indicador, que se expressa na sua
capacidade de mostrar se ocorreram mudanças significativas nos fatores que
afetam as condições sociais, ambientais e de saúde ao longo do tempo.
A sexta é a especificidade, que diz respeito ao grau de associação
existente entre os dados utilizados para a construção de um indicador, ou seja,
deve refletir as alterações estritamente ligadas às mudanças relacionadas à
dimensão de interesse. Essa característica é particularmente importante no
caso dos índices ou indicadores compostos, como o Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH,
A sétima propriedade que um indicador deve ter, a inteligibilidade, está
relacionada à transparência da metodologia empregada na sua construção:
deve-se, tanto quanto possível, facilitar a divulgação de informações sobre o
indicador entre seus diversos usuários;
A oitava é a comunicabilidade, propriedade particularmente importante
no processo de decisão política sobre programas em áreas específicas ou
sobre as formas de alocação de recursos públicos
A nona é a periodicidade de atualização e a décima é a factibilidade de
sua obtenção a baixo custo.

256
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A décima primeira é a possibilidade que um indicador apresenta de,
tanto quanto possível, ser relacionado aos grupos populacionais de interesse,
espaços geográficos definidos, composições sociodemográficas (crianças,
idosos, homens, mulheres etc.) ou vulnerabilidades sociais específicas
(famílias pobres, desempregados, analfabetos etc.). Essa propriedade é a
desagregabilidade de um indicador.
Por fim, a décima segunda é a historicidade de um indicador, que diz
respeito à possibilidade de se dispor de séries históricas, o mais extensas
possível, e comparáveis, de modo a permitir contrapor valores do presente a
situações do passado, inferir tendências e avaliar os efeitos de políticas
eventualmente implantadas.

Indicadores ambientais
São indicadores que informam, principalmente, sobre a qualidade dos
compartimentos ambientais (ar, água e solo), do ponto de vista físico-químico,

BIOLOGIA SANITÁRIA
e sobre as condições da biodiversidade. Indicadores sobre concentração e
emissão de poluentes no ar, poluição orgânica e inorgânica na água e no solo,
gases do efeito estufa, recursos naturais, produção de dejetos, variabilidades
climáticas etc. não foram criados especificamente para apontar problemas de
saúde, embora estejam relacionados direta e indiretamente a estes.
(CORVALÁN; BRIGGS; KJELLSTRÖM, 2000; IBGE, 2008).

Indicadores de saúde
Indicadores de saúde, por sua vez, são utilizados para monitorar as
condições de saúde das populações e avaliar as políticas públicas e os
programas implementados; sua elaboração se iniciou com o registro
sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivência.

Indicador de saúde ambiental


Indicador de saúde ambiental como uma expressão da relação entre o
ambiente e a saúde, ou, mais especificamente, entre um indicador ambiental e
um indicador de saúde, acrescida do conhecimento sobre a inter-relação do
quadro da situação ambiental, da exposição ambiental e dos efeitos sobre a
saúde.

257

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Vigilância e controle de vetores e reservatórios
Antes de saber de como é a vigilância e o controle dos reservatórios e
vetores vamos nos lembrar de alguns conceitos epidemiológicos fundamentais:
Epidemiologia;
Agente Etioógico;
Infecção;
Infestação;
Reservatório;
Hospedeiro susceptível;
Vetor

Epidemiologia - Epi = sobre; Demos = povo, população; Logos = estudo


Estuda a ocorrência de doenças em populações, suas causas
determinantes, e as medidas profiláticas para o seu controle ou
erradicação.

Agente etiológico: causador ou responsável pela origem da doença.


Agentes etiológicos (microrganismos)

Doença de Chagas
A doença de Chagas (DC) é uma das consequências da infecção
humana pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi.

Na ocorrência da doença observam-se duas fases clínicas:


aguda, ou crônica.

No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos decorrentes de


infecção por via vetorial, com aproximadamente três milhões de indivíduos
infectados.
No entanto, nos últimos anos, a ocorrência de doença de Chagas aguda
(DCA) tem sido observada em diferentes estados (Bahia, Ceará, Piaui, Santa
Catarina, São Paulo), com maior frequência de casos e surtos registrados na
Região da Amazônia Legal (Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Amapa, Pará,
Tocantins).

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Doença de Chagas
Atualmente o risco de transmissão da DC depende:
1. Da existência de espécies de triatomíneos autóctones;
2. Da presença de mamíferos reservatórios de T. cruzi próximos às
populações humanas;
3. Da persistência de focos residuais de T. infestans, nos estados de
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.

Evidenciam-se duas áreas geográficas onde os padrões de transmissão são


diferenciados:
1. A região originalmente de risco para a transmissão vetorial, que inclui
os estados de Alagoas, Bahia, Ceara, Distrito Federal, Goiás, Maranhão,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco,
Piaui, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe, São
Paulo e Tocantins;

BIOLOGIA SANITÁRIA
2. A região da Amazônia Legal, incluindo os estados do Acre, Amazonas,
Amapa, Rondônia, Roraima, Pará, parte do Maranhão, do Mato Grosso e
do Tocantins.

AGENTE ETIOLÓGICO
A doença é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, caracterizado
pela presença de um flagelo. No sangue dos vertebrados, o T. cruzi se
apresenta sob a forma de tripomastigota, que é extremamente móvel e, nos
tecidos, como amastigotas. No tubo digestivo dos insetos vetores, ocorre um
ciclo com a transformação do parasito, dando origem às formas infectantes
presentes nas fezes do inseto.

VETORES E RESERVATÓRIOS
Com a interrupção da transmissão vetorial por Triatoma infestans no
País, quatro espécies de triatomíneos têm especial importância na transmissão
da doença ao homem: T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T.
pseudomaculata e T. sordida.

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RESERVATÓRIOS
Conceito antigo
Dentro dessa nova maneira de entender os parasitos e sua transmissão
para o homem, o conceito de reservatório como uma espécie animal que
mantém o parasita como “portador assintomático” passou a ser considerado
ultrapassado na medida em que não reflete a complexidade e temporalidade
do ciclo de transmissão. Assim sendo, a definição mais completa de
reservatório até o momento é:
Conceito atual
Portanto considera-se reservatório não mais uma espécie animal, mas
um sistema ecológico (formado por uma ou mais espécies) no qual o parasita
sobrevive. Esse sistema deve ser duradouro, abundante e incluir uma grande
proporção da biomassa de mamíferos locais.

Vários nichos ecológicos


O T. cruzi é encontrado nos mais diversos nichos ecológicos,
contribuindo cada tipo de ecótopo para formar modalidades distintas de focos
naturais da parasitose. Apresenta uma enorme competência em infectar
espécies de hospedeiros. Esse flagelado está amplamente distribuído em
todas as regiões do País, sendo reportado em infecções naturais em cerca de
uma centena de espécies de mamíferos silvestres e domésticos pertencentes a
oito diferentes ordens.

Por que e como estudar reservatórios


Quando se discute reservatórios do T. cruzi, é preciso ter em mente que
o simples fato de um indivíduo ser encontrado naturalmente infectado não quer
dizer necessariamente que ele venha a constituir um risco à saúde de sua
população, de outras espécies. Ainda, o papel que cada espécie de
hospedeiro desempenha na dispersão e/ou manutenção do parasito pode ser
extremamente inconstante devido à:
(a) complexidade dos processos e inter-relações ecológicas; e
(b) a espantosa velocidade com a qual o homem modifica cada vez mais
os ambientes.

260
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Objetivo da Vigilância nesse caso
- Detectar precocemente casos de doença de Chagas com vistas à aplicação
de medidas de prevenção secundária;
- Proceder à investigação epidemiológica de todos os casos agudos, por
transmissão vetorial, oral, transfusional, vertical e por transplante de órgãos,
visando à adoção de medidas adequadas de controle;
- Monitorar a infecção na população humana, por meio de inquéritos
sorológicos periódicos;
- Monitorar o perfil de morbimortalidade e a carga médico-social da doença em
todas as suas fases;
- Manter eliminada a transmissão vetorial por T. infestans e sob controle as
outras espécies importantes na transmissão humana considerando-se as
especificidades regionais;
- Incorporar ações de vigilância ambiental oportunas, incluindo os reservatórios,
na perspectiva da vigilância em saúde da doença de Chagas.

BIOLOGIA SANITÁRIA
Controle
Considerando a situação epidemiológica e os níveis de controle alcançados no
País, distinguem-se duas situações específicas, quanto às suas peculiaridades
na definição dos fatores de risco:
I. Áreas com transmissão domiciliar ainda mantida ou com evidências de
que possa estar ocorrendo, mesmo que focalmente;
II. Áreas com transmissão domiciliar interrompida, distinguindo-se para
essa situação:
a. Presença residual do vetor;
b. Sem detecção do vetor.

A colonização de vetores no domicílio é um fator de risco para a


ocorrência da infecção. No caso de espécie(s) já domiciliada(s), as condições
que favorecem a domiciliação ou a persistência da infestação são:
• As condições físicas do domicílio (intra e peri) que propiciem abrigo;
• A qualidade e quantidade de fontes alimentares presentes;
• O microclima da casa favorável à colonização;

261

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As características do extradomicílio que influenciam o processo de invasão e
colonização domiciliar são basicamente:
• A restrição de habitats e de fontes alimentares;
• O clima e as mudanças climáticas;
• A interferência do homem no meio silvestre.

AGENTE ETIOLÓGICO: A febre amarela é causada por um arbovírus da


família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O termo arbovírus é utilizado para
classificar os vírus que são transmitidos por artrópodes, como os mosquitos.

Vetores e reservatórios
A transmissão da febre amarela ocorre por meio da picada de mosquitos
hematófagos infectados. Os mosquitos que participam da transmissão de febre
amarela são, principalmente, aqueles da família Culicidae, dos gêneros Aedes,
Haemagogus e Sabethes. Na transmissão urbana, o Aedes aegypti é o
principal vetor e, em ambientes silvestres, os Haemagogus e Sabethes.
Os mosquitos, além de serem transmissores, são os reservatórios do
vírus, responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão, pois uma vez
infectados permanecem transmitindo o vírus por toda a vida. 47

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Tem por objetivos manter erradicada a febre amarela urbana e controlar
a forma silvestre. Todos os casos suspeitos da doença devem ser investigados,
visando o mapeamento das áreas de transmissão e identificação de
populações de risco para prevenção e controle.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE


A principal medida de prevenção e controle da febre amarela é a vacina.
Produzida no Brasil desde 1937, pelo Instituto de Tecnologia em
Imunobiológicos Bio-Manguinhos, é constituída por vírus vivos atenuados
derivados de uma amostra africana do vírus amarílico selvagem denominada
Asibi. Tem sido usada amplamente no Brasil desde o início de sua produção,
proporcionando a prevenção da doença, especialmente daqueles que vivem
nas áreas de risco.

262
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O uso da vacina em campanhas e na rotina do calendário básico em
grande parte do território brasileiro tem sido a opção mais eficiente para manter
sob controle a febre amarela de transmissão silvestre.

HOMEOSTASIA BIOLÓGICA E SEUS FATORES DE ALTERAÇÃO (FASES


DA DOENÇA, TIPOS DE DOENÇAS, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO)

Homeostase biológica͒
A homeostase é uma das características fundamentais dos seres vivos
que permite a manutenção do ambiente interno dentro de limites toleráveis. O
ambiente interno de um organismo vivo corresponde basicamente aos seus
fluidos corporais, onde se incluem o plasma sanguíneo, a linfa, e vários outros
fluidos inter- e intracelulares. A manutenção de condições estáveis nestes
fluidos é essencial para os seres vivos, uma vez que a ausência de tais
condições é prejudicial ao material genético.

BIOLOGIA SANITÁRIA
Diante de uma determinada variação do meio externo, um dado
organismo pode ser conformista ou regulador. Os organismos considerados
reguladores tentarão manter os parâmetros a um nível constante,
independentemente da variação no ambiente externo. Os conformistas
permitem que o ambiente externo determine um novo parâmetro.
Por exemplo, os animais endotérmicos (reguladores) mantêm uma
temperatura corporal constante, enquanto que os animais ectotérmicos
(conformistas) exibem uma grande variação deste parâmetro.

O que é patologia e patogenia?


Patologia: É definido como o estudo do sofrimento humano, estuda a origem,
os mecanismos e a natureza das doenças.
Patogenia: Estuda a origem e a seqüência dos processos que levam ao
desenvolvimento das doenças. É a sucessão de eventos desde a agressão
inicial e instalação de um quadro patológico, bem com como os mecanismos e
inter- relações orgânicas de resposta e defesa.

263

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Etiologia: Estuda a causa e a origem das doenças. Estas podem ser:
1- intrínsecas ou genéticas
2- adquiridas (infecciosa, nutricional, química, física)͒
Muitas vezes a causa de uma doença é resultado da interação de vários
fatores associados, por exemplo, o câncer, uma pessoa nasce com a
predisposição genética a desenvolver esta patologia e também sofre
influências o meio onde vive (Herança Multifatorial).͒Várias doenças não têm
suas causas conhecidas, estas são denominadas idiopáticas.

Agentes infecciosos: ͒
Vírus
Bactérias
Fungos
Parasitas

ATIVIDADE
Os alunos deverão apresentar em sala de aula as principais doenças
causadas por virus, bactérias, fungos e parasitas.

O que é a INFLAMAÇÃO? ͒
É uma resposta de proteção do organismo, que atua no sentido de
destruir ou bloquear o agente causador da lesão, desencadeando uma série de
eventos que cicatrizam e reconstituem o tecido lesado. Ocorre no tecido
conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma, nas células circulantes, nos
vasos sanguíneos e componentes extravasculares. Podem ser causadores da
inflamação agentes de natureza física (radiações), química (tóxicos), ou
biológica (vírus), tendo origem fora ou dentro do organismo (antígenos
estranhos e os próprios- processos auto-imunes).
“Conjunto de modificações que ocorrem nos organismos animais
multicelulares, desencadeadas por qualquer tipo de lesão ou distúrbio de seu
equilíbrio interno, e se traduz por alterações vasculares, histológicas e
humorais, segundo um padrão básico e uniforme para a generalidade das
espécies, e cuja evolução tende a reconstituir as estruturas lesadas, bem como

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
restabelecer a homeostasia do organismo.”

O que é INFECÇÃO?
“Contaminação ou invasão do corpo por um microrganismo parasito, que
pode ser um agente patogênico ou não, principalmente vírus, bactérias, fungos,
protozoários ou helmintos.”.
Uma infecção gera uma inflamação, porém, nem toda inflamação é
resultado de uma infecção. A partir do momento em que o organismo percebe
uma infecção, ocorre uma série de eventos que desencadeiam a inflamação:

Mediadores químicos
Exemplos de mediadores químicos:
HISTAMINA: Atua na microcirculação, possui ampla distribuição tecidual,
especialmente através dos mastócitos, presentes no tecido conjuntivo
adjacente aos vasos sangüíneos.

BIOLOGIA SANITÁRIA
HISTAMINA: Considerada o principal mediador da fase imediata, dilata
arteríolas e aumenta permeabilidade venosa. _ SEROTONINA: Propriedades
semelhantes à histamina, presente nas plaquetas. _ SISTEMA DO
COMPLEMENTO: Sistema composto de 20 proteínas, que tem importante
papel na resposta imune encontrado no plasma. Aumenta permeabilidade
vascular, realiza quimiotaxia e opsonização.

Resíduos Agroquímicos
Por que campeão em agrotóxicos?
Embora a agricultura seja praticada pela humaniidade há mais de dez
mil anos, o uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças
das lavouras existe há pouco mais de meio século. Ele teve ori- gem após as
grandes guerras mundiais, quando a indústria química fabricante de venenos
então usados como armas químicas encontraram na agricultura um novo
mercado para os seus produtos.

Em 1965, do Sistema Nacional de Crédito Rural, que vinculava a


obtenção de crédito agrícola à obrigatoriedade da compra de insumos químicos
pelos agricultores;

265

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Outro elemento chave foi criação, em 1975, do Programa Nacional de
Defensivos Agrícolas, no âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento
(PND), que proporcionou recursos financeiros para a criação de empresas
nacionais e a instalação no país de subsidiárias de empresas transnacionais de
insumos agrícolas marco regulatório defasado e pouco rigoroso que vigorou
até 1989 (quando foi aprovada a Lei 7.802), que facilitou o registro de centenas
de substâncias tóxicas, muitas das quais ja proibidas nos países desenvolvidos
(Pelaez et al, 2009; Silva, J.M. et al, 2005).

Mas foi na última década que o uso de agrotóxicos no Brasil assumiu as


proporções mais assustadoras. Entre 2001 e 2008 a venda de venenos
agrícolas no país saltou de pouco mais de US$ 2 bilhões para mais US$ 7
bilhões, quando alcançamos a triste posição de maior consumidor mundial de
venenos. Foram 986,5 mil toneladas de agrotóxicos aplicados. Em 2009
ampliamos ainda mais o consumo e ultrapassamos a marca de 1 milhão de
toneladas – o que representa nada menos que 5,2 kg de veneno por habitante!

Nos últimos anos o Brasil se tornou também o principal destino de pro-


dutos banidos no exterior. Segundo dados da Anvisa, são usados nas lavouras
brasileiras pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE),
Estados Unidos, China e outros países;
Vale lembrar ainda que este mercado tem características de oligopólio:
em 2007, as seis maiores empresas de venenos (Bayer, Syngenta, Basf, Mon-
santo, Dow e DuPont) concentravam 86% das vendas mundiais destes produ-
tos. Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior), no Brasil, em 2006, estas mesmas empresas controlavam
sozinhas 85% do mercado
(Pelaez et al, 2009).

Existem atualmente 366 ingredientes ativos registrados no Brasil para


uso agrícola, pertencentes a mais de 200 grupos químicos diferentes, que dão
origem a 1.458 produtos formulados para venda no mercado. São inseticidas,
fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, rodenticidas, moluscidas,
formicidas, reguladores e inibidores de crescimento. Os herbicidas sozinhos

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
representam 48% deste mercado, seguidos pelos inseticidas (25%) e pelos fun-
gicidas (22%)
(Pelaez et al, 2009).

Contaminação ambiental e intoxicação


Um dos maiores perigos representados pelos agrotóxicos diz respeito
aos efeitos que eles podem provocar na saúde das pessoas, principalmente
daquelas que, no campo ou na indústria, ficam expostas ao contato direto com
os venenos.
Há estudos que indicam que, nestes casos, muitas vezes apenas 30%
do veneno atingem o alvo
(Chaim, 2003).

O resto contamina solos, água, plantações de vizinhos, florestas e,


muitas vezes, áreas residenciais. Outros estudos indicam também que águas

BIOLOGIA SANITÁRIA
subterrâneas estão sendo contaminadas, colocando em risco a saúde de
populações que se abastecem de poços em regiões de grande produção
agrícola.
(Rigotto et al, 2010).

Os funcionários de indústrias que fabricam ou formulam agrotóxicos,


assim como pessoas que trabalham com transporte e com comércio destes
produtos, constituem outro grupo importante de risco.

Temos os consumidores que, ao longo de vários anos, se alimentam de


produtos com altas taxas de resíduos de agrotóxicos. Análises feitas pela
Anvisa têm anualmente demonstrado que diversos produtos de grande
importância na alimentação dos brasileiros têm apresentado resíduos de
agrotóxicos acima dos limites permitidos e também de agrotóxicos proibidos.

Intoxicação aguda: é aquela cujos sintomas surgem rapidamente, algumas


horas após a exposição ao veneno. Normalmente trata-se de exposição, por
curto período, a doses elevadas de produtos muito tóxicos (os casos de
intoxicação que chegam a ser notificados são, basicamente, deste tipo).

267

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Intoxicação subaguda ou sobreaguda: esta ocorre por exposição moderada
ou pequena a produtos alta ou medianamente tóxicos. Os efeitos podem
aparecer em alguns dias ou semanas. Os sintomas podem incluir dores de
cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago, sonolência, entre outros.
Intoxicação crônica (ou, mais precisamente, efeitos crônicos decorrentes
de intoxicação): caracterizam-se pelo surgimento tardio. Aparecem apenas
após meses ou anos da exposição pequena ou moderada a um ou vários
produtos tóxicos.

Sinan é um sistema que reúne dados sobre doenças e agravos de


“notificação compulsória”, ou seja, que por questões epidemiológicas os
profissionais de saúde são obrigados a registrar.
Em 2004, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 777, que incluiu as
intoxicações por agrotóxicos na Lista de Notificação Compulsória (LNC), mas
restringiu, em seu Art. 1o, a obrigatoriedade de notificação aos “acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho” (excluindo acidentes e intoxicações
ocorridos fora do ambiente de trabalho), determinando ainda que o registro
deveria ser feito “em rede de serviços sentinela específica”, e não em toda a
rede de saúde.

Somente em agosto de 2010 a obrigação quanto à notificação de


intoxicações por agrotóxicos passou a ser universal, com a publicação da
Portaria 2.472 do Ministério da Saúde que incluiu, sem restrições, as
intoxicações exógenas por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos e
metais pesados” na Lista de Notificação Compulsória.
Em janeiro de 2011 esta Portaria foi revogada e substituída pela Portaria
104, que manteve a intoxicação por agrotóxicos na Lista.

O Notivisa
O Notivisa (Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária), sistema
informatizado online, foi criado pela Anvisa em 2007 para receber tanto as
notificações de eventos adversos à saúde, como as queixas técnicas relaciona-
das aos diferentes produtos sob vigilância sanitária, inclusive os agrotóxicos.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
VENENOS DOMÉSTICOS E OS USADOS PARA O CONTROLE DE
VETORES DE DOENÇAS
A maioria das pessoas não sabe que os inseticidas disponíveis nos
supermercados e usados inocentemente por donas de casa em geral são
fabricados a partir dos mesmos princípios ativos dos agrotóxicos.
Trata-se, na verdade, de carbamatos, piretroides e organofosforados,
que provocam os mesmos efeitos negativos sobre a saúde que os agrotóxicos
usados no campo. E, no caso dos inseticidas domésticos, chamados no jargão
técnico de “domissanitários”, o problema se agrava em função do contato,
dentro de casa, com crianças, idosos, gestantes, alérgicos e pessoas com
outras doenças.

Trata-se, na verdade, de uma distorção da legislação, pois segundo a


definição contida na Lei 7.802/89, são considerados “agrotóxicos” todos “os

BIOLOGIA SANITÁRIA
produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados
ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de
produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou
implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos,
hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da
fauna, a fim de preserva-las da ação danosa de seres vivos considerados
nocivos.” Ou seja, a definição prevista em lei inclui os venenos de uso
doméstico.

A alternativa mais adequada para a reversão deste quadro seria o Esta-


do mudar seu foco de ação, investindo prioritariamente em saneamento am-
biental: destinação correta de embalagens, tratamento de lixo, melhoria dos
sistemas de drenagem, oferta regular de água e proteção de seus reservatórios.
Complementarmente, é de suma importância a ampliação do acesso ao
atendimento às pessoas doentes, bem como a realização da vigilância médica
sobre as pessoas com febre, de modo a evitar o agravamento do quadro
clínico das viroses – entre elas a dengue.

269

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Veneno na água de beber
Infelizmente, a contaminação da água dita potável por uma enorme
gama de substâncias tóxicas usadas na agricultura é uma realidade, e a
política adotada pelo Ministério da Saúde para controlar a qualidade da água a
ser consumida pela população esta baseada no estabelecimento de limites
“aceitáveis” de resíduos.
Vale a Portaria 518 do Ministério da Saúde1, publicada em março de
2004, que estabelece em seu Art. 14 uma lista de subs- tâncias químicas que
representam riscos para a saúde. O mesmo artigo estabelece para estas
substâncias os limites máximos de resíduos que podem estar presentes na
água potável.

Programa da Anvisa passara a procurar agrotóxicos na água


Um fato interessante é que, a partir de 2011, o PARA - Programa de
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, da Anvisa, vai começar a
analisar a água para verificar a presença de agrotóxicos. Esta talvez venha a
ser a primeira iniciativa de monitoramento sistemático sobre resíduos de
venenos agrícolas na água potável.
Espera-se que os resultados deste trabalho possam também ajudar a
embasar as discussões acerca da revisão da Portaria 518.

LABORATÓRIOS APTOS A DETECTAR PRESENÇA DE AGROTÓXICOS


NA ÁGUA
Segundo informações fornecidas pelo Vigiagua (Vigilância em Saúde
Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano), do Mi-
nistério da Saúde, existem somente seis laboratórios no Brasil habilitados para
detectar e quantificar a presença de agrotóxicos na água. O custo de cada aná-
lise varia em torno de R$ 550,004.

MAIS VENENO NA LAVOURA, MAIS RESÍDUO NOS ALIMENTOS


É importante observar que, além da maior quantidade de veneno usada
nas lavouras transgênicas em função do próprio sistema de manejo, há o fato
de que, ao contrário da maioria dos outros sistemas, o glifosato é pulverizado
em cima da soja, o que faz com que os grãos apresentem ao final níveis de

270
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
resí- duos também muito maiores.

Quanto custa a contaminação provocada pela agricultura com venenos?


No caso do Paraná, considerando que todos os estabelecimentos
possu- íssem características que aumentam os riscos à intoxicação, os
números apon- tam que o custo para o estado (tratamento no SUS mais o
período de ausência às atividades de trabalho) associado apenas à produção
de milho poderia che- gar a US$ 70 milhões. Na situação oposta, ou seja,
considerando a ausência dos fatores de risco, este custo cairia para US$ 9
milhões.

Devolução de embalagens vazias?


Mesmo depois de lavadas por três vezes (a chamada tríplice lavagem),
as embalagens de agrotóxicos guardam resíduos que são pe- rigosos para a
saúde e podem contaminar o solo e a água.

BIOLOGIA SANITÁRIA
Por este motivo, a Lei de Agrotóxicos determina que, no prazo de até um
ano a partir da compra, os usuários de agrotóxicos são obrigados a devolver as
embalagens vazias aos estabelecimentos comerciais onde foram comprados
ou, quando possível, a um posto ou central de recolhimento de embalagens de
agrotóxicos (incluído pela Lei no 9.974, de 2000).
- Descarte irregular de embalagens de agrotóxicos
Em parte também pelo fato de na maioria dos municípios brasileiros não
existirem postos ou centrais de recolhimento de embalagens de agrotóxi- cos, é
muito comum o descarte de embalagens no meio ambiente, em beiras de
estrada ou mesmo no lixo comum.
Casos como estes devem ser denunciados ao órgão estadual de meio
ambiente e ao Ministério Público Estadual.

Uso de agrotóxicos em margens de rios ou represas cujas águas são


usadas para o abastecimento da população
Neste caso, é preciso primeiro saber se o rio ou outro corpo d’água é
administrado pelo estado ou pela União (rios que correm só dentro do estado
são de responsabilidade estadual, rios que cruzam dois ou mais estados são
de responsabilidade do governo federal).

271

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Deve-se então realizar a denúncia junto ao órgão de meio ambiente
(secretaria estadual de meio ambiente ou Ibama) e também junto ao Ministério
Público (Estadual ou Federal).
Em caso de contaminação de águas, a Agência Nacional de Águas
(ANA) também deve ser informada.
Após a denúncia, os órgãos responsáveis deverão apurar a ocorrência
das irregularidades e iniciar um processo administrativo para autuar os
infratores.

Proibição específica a determinados agrotóxicos perigosos


Recentemente, através da Lei 5.622/2009, o estado do Rio de Janeiro
proibiu utilização, produção, distribuição e comercialização do agrotóxico
endossulfam. Este agrotóxico foi posto em reavaliação toxicológica pela Anvisa
em 2008. Em agosto de 2010, a Anvisa publicou a Resolução-RDC número 28,
que determinou a sua proibição gradativa – a proibição total só estara em vigor
em 2013. Mas cabe observar que o Rio de Janeiro se antecipou à Anvisa,
estabelecendo a proibição imediata e completa ao endossulfam mesmo antes
da conclusão do seu processo de reavaliação.
Outro exemplo importante é a lei que proíbe a comercialização e a
utilização de agrotóxicos organomercuriais e organoclorados no Distrito
Federal (Lei 1.728/97, Art. 1o.).
As leis do Ceara (12.228/93, Arts. 27 e 28) e da Bahia (6.455/93, Art.
7o.) também proíbem estes venenos – ambas, entretanto, estabelecem a
possibilidade de “casos de uso excepcional”, a serem definidos pelo órgão
estadual competente.

Exigências mais rigorosas para aplicação de agrotóxicos Classes I e II


Os agrotóxicos classificados pela Anvisa como Classe I (Extremamente
tóxico) e II (Altamente tóxico) são aqueles mais perigosos do ponto de vista dos
efeitos agudos para a saúde (aqueles que aparecem algumas horas após ex-
posição a doses elevadas do produto). A intoxicação por estes produtos pode,
em muitos casos, ser fatal.
Distrito Federal e Ceará: “somente poderão ser usados com a pre-
sença no local da aplicação, de profissional legalmente habilitado.”

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
São Paulo: “Produtos Classe I e II só podem ser aplicados por
profissionais treinados pela Secretaria de Agricultura, Saúde e Trabalho.” (nao
tao restritiva)

Sistema de monitoramento do comércio de agrotóxicos


SIAGRO - Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos /
Decreto 6.107 alterando Decreto no 3.876/84, Paraná

Transporte e treinamento para aplicadores


Mas a mais exigente das leis estaduais neste aspecto é a de
Pernambuco (Lei 12.753/05, Art. 7o.), que determina que a aplicação de
agrotóxicos só pode ser realizada por “pessoas alfabetizadas, maiores que 18
anos, utilizando EPI (Equipamento de Proteção Individual), submetidas a
treinamento, de acordo com as normas do órgão competente.”

BIOLOGIA SANITÁRIA
A Lei diz ainda (Art. 9o.) que somente veículos cadastrados e autoriza-
dos pelo órgão ambiental do estado podem transportar agrotóxicos, e que es-
tes veículos não podem transportar simultaneamente passageiros, alimentos,
medicamentos e rações
O que observar no rótulo de um agrotóxico:

273

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


REFERENCIAS

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2002, 2 ed.

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Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília : FUNASA, 2002. 842p. ISBN 85-
7346-032-6 Conteúdo:Volume I - Aids / Hepatites Virais Volume II - Influenza /
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doenças respiratórias

Domingues, P.F. Considerações sobre epidemiologia

SILVA, P.M.C. Educação Permanente como estratégia para humanização


na saúde de Guará/SP. 2005, 133 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Serviço Social) – Faculdade de História, Direito, Serviço Social
e Relações Internacionais, Universidade Estadual Paulista, Franca, 2005.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa.A


construção do SUS: histórias da Reforma Sanitária e do Processo Participativo
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 300 p. – (Série I. História da Saúde no
Brasil)

Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde /


Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2011. 291
p. (Coleção Para Entender a Gstão do SUS 2011, 1)

http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad22.pdf;
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v39n3/a10v39n3.pdf

274
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

PROCESSOS
INDUSTRIAIS E
TECNOLÓGICOS
Sumário
1. Conceitos elementares sobre processo industrial....................................................................................277

2. Gerenciamento de processos ....................................................................................................................278

3. Segurança do trabalho e gerenciamento de processo .............................................................................282

4. Fluxograma ...............................................................................................................................................285

5. Organograma ........................................................................................................................................... 286

6. Classificaçâo dos processos .................................................................................................................... 288

7. Processo de reciclagem e 7 rs .................................................................................................................. 290

8. Amostragem ............................................................................................................................................. 296

9. Peneiramento ............................................................................................................................................302

10. Classificação .......................................................................................................................................... 305

11. Cominuição .............................................................................................................................................. 308

12. Concentração gravítica ............................................................................................................................316

13. Filtragem .................................................................................................................................................319

14. Pelotização ..............................................................................................................................................322

276
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
1. CONCEITOS ELEMENTARES SOBRE PROCESSO INDUSTRIAL
No inicio do século XX duas formas de organização de produção
industrial provocaram mudanças significativas no ambiente fabril: o Taylorismo
e o Fordismo. Esses dois sistemas visaram à racionalização extrema da
produção e consequentemente, à maximização da produção e do lucro.
Frederick Winslow Taylor (1.856 – 1.915), engenheiro mecânico,
desenvolveu um conjunto de métodos para a produção industrial que ficou
conhecido como taylorismo. De acordo com Taylor, o funcionário deveria
apenas exercer sua função/tarefa em um menor tempo possível durante o
processo produtivo, não havendo necessidade de conhecimento da forma
como se chegava ao resultado final.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


Sendo assim, o Taylorismo aperfeiçoou o processo de divis]ao técnica
do trabalho, sendo que o conhecimento do processo produtivo era de
responsabilidade [única do gerente, que também fiscalizava o tempo destinado
a cada etapa da produção. Outra característica foi a padronização e a
realização de atividades simples e repetitivas. Taylor apre4sentava grande
rejeição aos sindicatos, fato que desencadeou diversos movimentos grevistas.
Henry Ford (1.893 – 1947), por sua vez, desenvolveu o sistema de organização
do trabalho industrial denominado fordismo. A principal característica do
fordismo foi a introdução da linha de montagem, na qual cada operário ficava
em um determinado local realizando uma tarefa específica, enquanto o
automóvel (produto fabricado) se deslocava pelo interior da fabrica em uma
espécie de esteira. Com isso, as maquinas ditavam o ritmo do trabalho.
O funcionário da fabrica se especializava em apenas uma etapa do
processo produtivo e repetia a mesma atividade durante toda a jornada de
trabalho, fato que provocava uma alienação física e psicológica nos operários,
que não tinham noção do processo produtivo do automóvel. Essa
racionalização da produção proporcionou a popularização do automóvel de tal
forma que os próprios operários puderam adquirir seus veículos.
Tanto o taylorismo quanto o fordismo tinham como objetivos a ampliação da
produção em um menos espaço de tempo e dos lucros dos detentores dos
meios de produção através da exploração da força de trabalho dos operários.

277

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas
adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas até
os dias atuais por algumas industrias.

2. GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
Neste item, busca-se demonstrar, através da bibliografia selecionada, os
aspectos teóricos pertinentes ao gerenciamento de processos, fundamentado
em princípios da qualidade. Este estudo foi orientado para as questões
especificas referentes ao estudo em tela.
Antes de se estabelecer conceitos teóricos sobre i Gerenciamento de
Processos, há a necessidade de se compreender o que é processo, como o
mesmo pode ser a fonte de possíveis melhorias.

2.1 Processos
Processos, estão relacionados com a maneira de agir, ou seja, é o
conjunto de atos pelos quais se realiza uma operação. Vários são os conceitos
de processo, porém observa-se que todos vão na mesma direção.
De acordo com Harrington (a993), “processo é qualquer atividade que
recebe uma entrada (imput), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para
um cliente interno ou externo”. Conhecer o processo de produção é, em ultima
analise, definir o que é feito para transformar entradas em saídas. Portanto, a
partir do uso de recursos da própria empresa, os processos geram os
resultados.
Cruz (1993), define processo como sendo um conjunto de atividades que
tem por finalidade transportar, montar, manipular e processar matéria prima
para produzir bens e serviços que serão disponibilizados para clientes”.
A norma brasileira NBR ISSO 8402-94,estabelece o conceito de
processo como “ o conjunto de recursos e atividades interrelacionadas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saída)” .
Neste trabalho será adotada a seguinte definição de processo: conjunto de
recursos e atividades empregados sob determinadas condições, e que passam
por transformações, gerando um determinado efeito final, com consequências
desejadas ou não.

278
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
As organizações, geralmente, apresentam estruturas organizacionais do
tipo funcional, onde são agrupadas numa mesma unidade administrativa,
aquelas atividades pertencentes a uma mesma área técnica e/ou de
conhecimento.
Esta forma de estrutura organizacional acaba criando “ilhas” de
especialidades dentro da organização, que não se comunicam suficientemente
entre si, causando distorções na forma como é visto fluxo de trabalho, suas
consequências e as interrelações envolvidas.
Isto acaba de uma forma ou de outra, trazendo sérios prejuízos a
qualquer atividade de gerenciamento, uma vez que perde-se a noção do todo.
A segurança do trabalho, também sofre as consequências desta forma

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


de estrutura organizacional, uma vez que, esta área de atuação, permeia varias
outras áreas e, sua inter-relação com as mesmas precisam ser conhecidas
para uma possível identificação, avaliação e controle dos riscos laborais.
Por outro lado, e de uma forma mais ampla, a visão processual de uma
organização, considera a mesma como um todo. Segundo dados (a999), “a
representação da organização como um conjunto de processos é uma maneira
de compreendê-la. Ao se orientar pelos processos, a organização estará
trabalhando com todas as dimensões complexas de seu negócio”.
A visão processual da organização, permite o entendimento de como o
trabalho é executado pelos processos que se interralacionam além das
fronteiras funcionais. Desta forma, o conceito de processo, passa a fazer de
toda a estrutura de analise deste estudo.
Hierarquicamente, os processos sofrem divisões que vão desde os
macro processos passando pelos processos propriamente ditos, subprocessos,
atividades, até o nível das tarefas. Os macro processos são aqueles processos
que envolvem mais de uma função dentro da organização, cuja operação tem
impacto nas demais funções.
Os processos propriamente ditos são as atividades que recebem uma
entrada, realiza uma transformação agregando-lhe valor, gerando uma saída.
Os subprocessos são divisões do macro processo quando os mesmos
possuem objetivos específicos, organizados seguindo linhas funcionais, ou seja
os subprocessos recebem entradas e geram suas saídas em único
departamento.

279

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Na sequência, os subprocessos podem ser divididos nas diversas
atividades que os compõem e, em um nível mais detalhado, em tarefas.
Segundo dados (1999), “um dos principais problemas para identificar a
estrutura hierárquica dos processos é que eles estão fragmentados pela
organização. Fica difícil determinar o inicio e o fim do macro processo”.
Partindo-se da premissa que só se gerencia aquilo que se conhece, e
em consequência só se gerencia bem, aquilo que se conhece profundamente,
há a necessidade de se orientar o estudo para as questões especificas,
referentes a execução das atividades laborais.
Uma das praticas correntes na maioria das organizações é a analise de
métodos de trabalho. A analise de métodos de trabalho realizada de forma
criteriosa, tem demonstrado que pode aumentar a produtividade, através da
definição e compreensão dos aspectos relativos a problemas e sua
consequente solução. De uma forma geral, pode-se iniciar a analise a partir de
uma visão mais ampla (macro) do trabalho e, em seguida, particularizar
detalhes específicos de interesse à produção e à segurança do trabalho.
Os fatores intervenientes que normalmente levam a uma analisem mais
profunda, são relacionados, principalmente, as mudanças de equipamentos
e/ou ferramentas, alteração de projetos, utilização de novos materiais,
tentativas de melhoria de produtividade, surgimento de problemas imprevistos,
entre outros.
Sempre serão candidatos potenciais a um estudo, quaisquer trabalhos
altamente repetitivos, ou que apresentam uma dependência muito grande do
elemento humano, ou ainda problemas de segurança do trabalho e condições
desagradáveis para o operador.
Ainda segundo o autor, qualquer que seja a forma pela qual nasceu o
estudo, existe uma sequencia fixa de passos pré determinados, que devem ser
seguidos, ao se empreender uma analise de métodos. A seguir, será
apresentado três etapas importantes para o inicio do estudo do processo:
a. Identificação da operação a ser estudada. Isso implica em conhecer o
local de trabalho, obter informações sobre os equipamentos e
ferramentas utilizados, discriminar as etapas em que o trabalho se
divide, identificar os materiais, a área de trabalho, o número de
trabalhadores envolvidos, as funções (tarefas ou atividades),o turno

280
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
de trabalho, a movimentação de material, a movimentação de
pessoal, o ritmo de trabalho, as condições ambientais etc., coletando
todas as informações necessárias para o entendimento da situação.
b. Discussão com os operadores, encarregados e supervisores sobre
particularidades importantes para analise.
c. Documentação da operação através do uso de fluxogramas
apropriados a analise.

A primeira etapa, conforme descrita nos itens anteriores, é aquela que


relacionará todas as informações básicas que servirão para o reconhecimento
do local onde as atividades são realizadas, porém sem juízo de valor em

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


relação aos possíveis problemas encontrados.
Uma das ferramentas de apoio para o melhor entendimento do processo
de trabalho, através de uma representação clara e precisa, é a representação
através do fluxo de processo. Este fluxo deverá mostrar as atividades do
processo, bem como a sequencia e a forma como as mesmas são realizadas.
A elaboração do fluxograma do processo de trabalho tem como principal
objetivo a visualização de funcionamento de todos os componentes do
processo de trabalho, de forma simples e objetiva. Pacheco Jr. et all (2000),
recomenda o uso de fluxogramas nas ações de controle, de forma a abordarem
as rotinas de funções, atividades e tarefas, mostrando o “cotidiano” do(s)
processo(s) de trabalho. Claro é, que o fluxograma deverá representar os
aspectos gerais do processo em estudo, sendo apenas base estratégica de
reconhecimento de perigos e/ou pontos críticos.
Os fluxogramas nada mais são do que a representação do fluxo de
atividades e informações de um processo, normalmente apresentado na forma
de diagrama de blocos. Em um diagrama de blocos as etapas de um processo
são mostradas de forma gráfica. Cada bloco representa a divisão do que se
quer analisar. Desta forma num diagrama de um processo, cada bloco
representa um subprocesso, e num diagrama de subprocesso do bloco
representa uma atividade, e assim por diante. Na confecção do diagrama, é
importante o dialogo com os trabalhadores dos mais diversos níveis
hierárquicos da organização, e que sejam conhecedores da realidade de como

281

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


os eventos ocorrem, possibilitando uma analise mais real da situação, a partir
de vários pontos de vista.

As etapas básicas da confecção de um diagrama de blocos é a


seguinte:
a. Definição do nível de detalhamento pretendido;
b. Definição do que se deseja analisar (processo, subprocesso,
atividade, tarefa);
c. Definição de quantos, e quais os blocos para a sequencia de eventos:
d. Montar o diagrama respeitando a sequencia dos acontecimentos dos
eventos.
Em verdade, na própria confecção de um fluxograma de processo,
muitas questões, pertinentes ao estudo em voga, surgem, incrementando em
muito a interrelação entre os setores de trabalho e os profissionais envolvidos,
aumentando a visão sistêmica de quem participa de sua elaboração.

3. SEGURANÇA DO TRABALHO E GERENCIAMENTO DE PROCESSO


Não raro, para muitas organizações, a segurança do trabalho é um
verdadeiro enigma. O discurso por parte de trabalhadores e empregadores são
voltados para a importância da segurança, porém, a prática, mostra o contrario.
A formatação das atividades de segurança do trabalho nas organizações, são
normalmente legalista e/ou fatalista.
São legalistas porque se preocupam apenas com as questões
normativas que, muitas vezes, não acompanham os avanços técnicos e
científicos, e que, inclusive, impossibilitam a visão sistêmica dos possíveis
processos envolvidos, dos problemas detectados e, em consequência, das
possíveis soluções. São fatalistas porquê a preocupação com o todo, quando
ocorre, motivado por um acidente do trabalho e/ou um distúrbio de produção
grave, vistos, normalmente, como algo repentino e violento com consequências
imprevisíveis.
Nestes termos, os efeitos acabam sendo mais importantes que as
causas. O enfoque preventivo é subestimado, sendo o enfoque corretivo o
centro das atenções.

282
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Muito comum também, nas organizações, é a criação de verdadeiras
“ilhas” especializadas em segurança do trabalho, chamadas de Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT. Estes serviços
especializados, tomaram para sai responsabilidade pela segurança, ficando a
impressão que os demais setores produtivos da empresa, não mais
precisassem se preocupar com o tema segurança.
Este quase senso comum sobre a segurança do trabalho, que poderia
ser chamada de “volta para o próprio umbigo”, emperra o processo preventivo
(e porque não preditivo) que seria desejável, de forma que distancia, ainda
mais, esta área das demais áreas relacionadas à produção.
Os efeitos disso, é o que pode-se notar, ainda hoje na maioria das

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


empresas, onde a segurança do trabalho é vista como um apêndice em todo o
processo, e não raro causadora de “problemas” para a área produtiva,
propriamente dita.
Muito se tem feito em termos de segurança do trabalho no Brasil nos
últimos anos, porém, ainda, sem os efeitos desejados nos aspectos
relacionados aos processos produtivos e empresariais, pelo menos
suficientemente. Na verdade, esta ineficiência gerada por procedimentos
“solteiros” dos setores de segurança do trabalho, pode levar a situações em
que problemas desnecessários são gerados, onde todos saem perdendo.
Acidentes do trabalho e/ou doenças ocupacionais podem estar
presentes em qualquer processo. Em verdade em qualquer atividade, a toda
hora, como uma simples ida à padaria da esquina as pessoas se expõem à
algum perigo, que se não controlado podem resultar em consequências
desagradáveis .
Sem dúvida alguma que estes aspectos quando colocados frente a uma
situação de trabalho, são ampliados, gerando consequências ao homem, à
organização e, até a nação.
Não mais justificam-se ações isoladas por parte da área de segurança
do trabalho, sem a participação ativa de todos os setores da organização, e
que leve em consideração o conhecimento, necessário e suficiente, dos
aspectos relacionados com os processos envolvidos.
A segurança do trabalho tem a característica de estar presente em todos
os processos de qualquer tipo de organização. De acordo com Harrington

283

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


(993), “cevemos nos preocupar com todos os processos empresariais e não só
os produtivos”; Claro é, porém, que o processo produtivo é aquele que acarreta
maior interesse da segurança do trabalho, pois, na maioria das vezes é a partir
dos mesmos que os principais acidentes e/ou doenças ocupacionais ocorrem.
Concorda-se, porém, que o processo produtivo não pode ser visto como
um fim em si mesmo, uma vez que outros processos empresariais influem
diretamente sobre o mesmo.
Como visto anteriormente, a metodologia de Gerenciamento de
Processos é uma técnica que promove desdobramentos nos processos
atingindo até as atividades e tarefas, se necessário. O GP, permite, entre
outras coisas, uma observação profunda destes processos, facilitando o
reconhecimento de atividades criticas, que devem ser aproveitadas como
agente da melhoria contínua.
É uma metodologia aceita e reconhecida pelos seus efeitos benéficos
junto a várias organizações que a utilizam, como por exemplo: IBM, XEROX,
FORD MOTOR COMPANY, entre outras.
A segurança do trabalho, por sua vez, carece de métodos que atuem
sobre problemas específicos, que proporcione a melhoria sistemática, mas que
também esteja sintonizada com a participação efetiva de outros setores da
empresa. Chega-se a conclusão de que precisa-se dispor de métodos que
sejam aceitos e respeitados por todos, que sejam precisos e eficazes e, que
nos remeta para frente, tanto nas ações praticas quanto nas mudanças
culturais necessárias.
Dessa forma, ações e soluções conjuntas, onde a nomenclatura e o
simbolismo empregados sejam reconhecidos pelos mais diversos setores
empresariais da organização, se fazem necessários. portanto, o uso de
metodologia já testada e aceita pela ares da produção e da qualidade, vem ao
encontro, assim espera-se, aos anseios de possíveis mudanças nas relações
entre as áreas.
Assim, partindo-se da assertiva de Harrington (1993) de que “existe
sempre uma maneira melhor de se fazer qualquer coisa, e que é necessário
encontrar esta maneira”, propõe-se, neste trabalho, uma metodologia que se
destina {a implementação da melhoria contínua em organizações, com o
enfoque na segurança do trabalho, e tendo como base nos princípios do

284
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Gerenciamento de Processos}. Entende-se ser esta, também, uma maneira de
adequar e aplicar alguns conceitos de qualidade à segurança do trabalho.

4. FLUXOGRAMA
Fluxograma é um tipo de diagrama, e pode ser entendido como uma
representação esquemática de um processo, muitas vezes através de gráficos
que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os
elementos que o compõem.
Podemos entendê-lo, na pratica, como a documentação dos passos

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


necessários para a execução de um processo qualquer.
É uma das Sete ferramentas da qualidade. Muito utilizada em fabricas
e industrias para a organização de produtos e processos.
O fluxograma designa uma representação gráfica de um processo ou
fluxo de trabalho, efetuado geralmente com recurso a figuras geométricas
normalizadas e as setas unindo essas geometrias. Através desta
representação gráfica é possível compreender de forma rápida e fácil a
tramitação de informações ou documentos entre os elementos que participam
no processo em causa.
O fluxograma pode ser definido também como o gráfico em que se
representa o percurso ou caminho percorrido por certo elemento (por exemplo,
um determinado documento), através dos vários departamentos da
organização, bem como o tratamento que cada um vai lhe dando.
A existência de fluxograma para cada um dos processos é fundamental
para a simplificação e racionalização do trabalho, permitindo a compreensão e
posterior otimização dos processos desenvolvidos em cada departamento ou
área da organização.

285

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Figura 1: modelo de fluxograma

Figura 2: modelo de fluxograma

5 .ORGANOGRAMA
Organograma é um gráfico que representa a estrutura formal de uma
organização. Credita-se a criação dos primeiros organogramas ao norte-
americano Daniel C. McCallum, administrador de ferrovias, no ano de 1.856.

286
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os organogramas mostram como estão dispostas unidades funcionais, a
hierarquia e as relações de comunicação existentes entre estes.
Os órgãos ou departamentos são unidades administrativas com funções
bem definidas. Exemplos de órgãos: Tesouraria, Departamento de Compras,
Portaria, Biblioteca, Setor de Produção , Gerencia Administrativa, Diretoria
Técnica, Secretaria, etc. os órgãos possuem um responsável, cujo cargo pode
ser chefe, supervisor, gerente, coordenador, diretor, secretário, governador,
presidente, etc. Normalmente tem colaboradores (funcionários) e espaço físico
definido.
Em um organograma, os órgãos são dispostos em níveis que
representam a hierarquia existente entre eles, Em um organograma vertical,

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


quando mais alto estiver o órgão, maior a autoridade e a abrangência da
atividade.

5.1 Tipos de organogramas


 Clássicos :
 Não clássicos:
 Em barras;
 Em setores;
 radial;
 lambda Bandeira;
 organograma linear de responsabilidade;
 organogramas;
 informativo;
 dial de wyllie.

5.2 Cargo, tarefa ou função


O conceito de cargo é abrangente, baseando-se em diferentes noções
fundamentais, tais como tarefa, atribuição, função e cargo. A noção de tarefa
consiste nas atividades individuais executadas pelo titular do cargo e é
atribuída, normalmente, a cargos bastante simples.
A noção de atribuição caracteriza-se por ser uma atividade individual,
executada pelo titular respectivo, referindo-se a cargos que envolvem

287

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


atividades mais diferenciadas. A função já é um conceito de maior abrangência,
porquanto se refere ao conjunto de tarefas que são executadas, de uma forma
sistemática, pelo ocupante do cargo.
Por último, a definição de cargo, integra um conjunto de funções com
luma posição definida na estrutura organizativa, isto, no organograma da
empresa.

Figura 3: organograma

6. CLASSIFICAÇÂO DOS PROCESSOS

6.1 Baseado no procedimento de entrada e saída de matéria no volume de


controle:

 Batelada (batch): A alimentação é carregada no sistema no começo do


processo, e os produtos são retirados todos juntos depois de algum
tempo.
 Contínuos (continuous): As entrada e saídas fluem continuamente ao
longo do tempo total de duração do processo.
Exemplo: Bombear uma mistura de líquidos para uma coluna de
destilação com vazão constante e retirar de forma constante as
correntes de líquido e de vapor no fundo e no topo da coluna.

288
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6.2 Baseado na dependência das variáveis do processo com relação ao
tempo:

 Estado estacionário ou regime permanente:


Se os valores de todas as variáveis de um processo (todas as
temperaturas, pressões, composições, vazões, etc) não se alteram com o
tempo (excetuando pequenas flutuações) o processo é dito operar em estado
estacionário ou regime permanente.
Exemplo: O aquecimento de água num chuveiro elétrico. Numa dada
vazão de operação, embora as temperaturas na entrada e na saída sejam
diferentes, seus valores não alteram com o tempo.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


 Estado não estacionário ou regime transiente:
São aqueles processos onde ocorrem alterações dos valores das
variáveis de processo com o tempo.
Exemplo: Suponha uma reação: A + B = C.
•A e B são os reagentes e alimentados de uma só vez no reator em batelada;
•Ao longo do tempo haverá a formação e, portanto, um acúmulo do produto C;
•Com simultâneos consumos de A e B, ou seja, a composição no interior do
volume de controle varia com o tempo.

Notas importantes:
 Processos em bateladas e semicontínuos, pelas suas próprias
naturezas, ocorrem em estado não estacionário (ou regime transiente),
pois em ambos os casos há alteração das variáveis de processo ao
longo do tempo.
 Os processos contínuos são projetados para serem conduzidos em
regime permanente. No entanto, em algumas situações, no início do
processo (start-up) ou de mudanças de condições operacionais, os
processos contínuos ocorrem em regime transiente.
 Um processo pode ocorrer em regime permanente em relação a uma
dada variável e encontrar-se em regime transiente em relação a outra.

289

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


7. PROCESSO DE RECICLAGEM E 7 RS
Reciclar significa transformar objetos materiais usados em novos
produtos para o consumo. Esta necessidade foi despertada pelos seres
humanos, a partir do momento em que se verificou os benefícios que este
procedimento trás para o planeta Terra.

7.1 Importância e vantagens da reciclagem


A partir da década de 1980, a produção de embalagens e produtos
descartáveis aumentou significativamente, assim como a produção de lixo,
principalmente nos países desenvolvidos. Muitos governos e ONGs estão
cobrando de empresas posturas responsáveis: o crescimento econômico deve
estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas de
coleta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, já são comuns em
várias partes do mundo.
No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente
também gera riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o
papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa da
poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando materiais
como uma forma de reduzir os custos de produção.
Um outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela
tem gerado nas grandes cidades. Muitos desempregados estão buscando
trabalho neste setor e conseguindo renda para manterem suas famílias.
Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa realidade nos
centros urbanos do Brasil
Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio pode ser reciclado com
um nível de reaproveitamento de quase 100%. Derretido, ele retorna para as
linhas de produção das indústrias de embalagens, reduzindo os custos para as
empresas.
Muitas campanhas educativas têm despertado a atenção para o
problema do lixo nas grandes cidades. Cada vez mais, os centros urbanos,
com grande crescimento populacional, têm encontrado dificuldades em
conseguir locais para instalarem depósitos de lixo. Portanto, a reciclagem
apresenta-se como uma solução viável economicamente, além de ser

290
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ambientalmente correta. Nas escolas, muitos alunos são orientados pelos
professores a separarem o lixo em suas residências. Outro dado interessante é
que já é comum nos grandes condomínios a reciclagem do lixo.

Figura 4: Símbolos da reciclagem por material

Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem também acontece.


O lixo orgânico é utilizado na fabricação de adubo orgânico para ser utilizado

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


na agricultura.
Como podemos observar, se o homem souber utilizar os recursos da
natureza, poderemos ter, muito em breve, um mundo mais limpo e mais
desenvolvido. Desta forma, poderemos conquistar o tão sonhado
desenvolvimento sustentável do planeta.

Exemplos de Produtos Recicláveis


- Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc), garrafas, frascos
de medicamentos, cacos de vidro.
- Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel.
- Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos de pasta, cobre,
alumínio.
- Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, embalagens e
sacolas de supermercado.

7.2 Sete R's


Repensar; reduzir; reutilizar; reaproveitar; reciclar; recusar; recuperar.

I – Conceito de Repensar
Geralmente agimos na vida automaticamente, sem analisarmos o que
estamos fazendo, pois de antemão concluímos que todos fazem a sua parte.
Mas é necessário parar para pensar:

291

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


1. Realmente precisamos de determinados produtos que compramos ou
ganhamos?
2. Compramos produtos duráveis/resistentes, evitando comprar produtos
descartáveis?
3. Evitamos a compra de produtos que possuem elementos tóxicos ou
perigosos?
4. Enterramos o nosso lixo, se não houver coleta do mesmo no bairro?
5. Evitamos queimar o lixo?
6. Lemos os rótulos dos produtos para conhecer as suas recomendações
ou informações ambientais?
7. Usamos detergentes e produtos de limpeza biodegradáveis?
8. Utilizamos pilhas recarregáveis?
9. Não compramos produtos provenientes de trabalho escravo?
10. Não compramos produtos produzidos por crianças que são obrigadas a
trabalhar?
11. Não compramos produtos de origem duvidosa?
12. Evitamos a compra de caderno e papéis que usam cloro no processo de
branqueamento?
13. Pegamos emprestado ou alugamos aparelhos/equipamentos que não
usamos com freqüência, ao invés de comprá-lo?
14. Não jogamos no lixo remédios, injeções e curativos feitos em casa,
procurando uma farmácia ou um posto de saúde como uma alternativa
de descarte?
15. Consertamos produtos em vez de descartá-los, substituindo-os por
novos?
16. Deixamos os pneus velhos nas oficinas de trocas, pois elas são
responsáveis pelo seu destino adequado?
17. Deixamos a bateria usada do carro no local onde adquirimos a nova,
certificando que existe um sistema de retorno ao fabricante?
18. Evitamos as pilhas de alto teor de chumbo, cadmo e mercúrio ou então,
após o uso, devolvemos o produto para o revendedor?

292
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
19. Junto aos outros consumidores, exigimos produtos sem embalagens
desnecessárias, assim como vasilhames?
20. Damos preferência a produtos e serviços que não agridem ao ambiente,
tanto na produção, quanto na distribuição, no consumo e no descarte
final?
21. Escolhemos produtos de empresas certificadas, isto é, que desenvolvam
programas sócio-ambientais e/ou que sejam responsáveis pelo produto
após consumo?

II– Conceito de Reduzir

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


Portanto, devemos reduzir o consumo tomando as seguintes atitudes:
1. Comprar somente o necessário;
2. Comprar produtos duráveis;
3. Adotar um consumo mais racional;
4. Comprar produtos que tenham refil;
5. Diminuir a quantidade de pacotes e embalagens;
6. Evitar gastos desnecessários de papel para embrulhar presentes;
7. Levar sacolas ou carrinhos de feira para carregar compras, em
substituição as sacolas oferecidas pelas lojas e supermercados; e
8. Dividir com outras pessoas alguns materiais como: jornais, revistas e
livros.

III – Conceito de Reutilizar


Este conceito está relacionado com a utilização de um produto ou
embalagem mais de uma vez.
Portanto, estaremos reutilizando quando:
1. Compramos produtos cujas embalagens são reutilizáveis e/ou
recicláveis;
2. Quando usamos o verso da folha de papel para escrever;
3. Pintamos móveis antigos, fazendo-os parecer novos;
4. Trocamos a capa dos estofados;

293

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


5. Guardamos, para uso posterior, envelopes pardos que já foram usados,
mas que continuam perfeitos;
6. Fazemos a limpeza em objetos antigos, sem uso, para começar a
reutilizá-los;
7. Doamos produtos que possam servir as outras pessoas, como: revistas,
livros, roupas, móveis, utensílios domésticos, etc; e
8. Consertamos brinquedos.

IV – Conceito de Reaproveitar
Com o reaproveitamento, a quantidade de lixo diminui e ainda
economizamos. É o ambiente agradece. Vejam como reaproveitar materiais no
cotidiano:
1. Não comprem sacos de lixo. Utilizem as embalagens das compras para
jogá-lo fora;
2. Procurem comprar produtos que tenham embalagens que podem ter
outro uso;
3. Caixas de sapato são ótimas para porta –trecos;
4. Potes de plástico ou de vidro são boas opções para guardar pregos,
parafusos, chips, etc;
5. Envelopes podem ser usados para guardar documentos ou fotografias;
6. Roupas usadas poderão ser recortadas ou tingidas;
7. Caixas de papelão poderão ser utilizadas para colocar produtos de
limpeza; e
8. Procuramos dar um novo destino aos objetos que foram utilizados.

V – Conceito de Reciclar
Através da reciclagem, os produtos (= lixo) serão transformados em
matéria prima para se iniciar um novo ciclo de produção-consumo-descarte.
O ambiente também agradece a reciclagem, pois a economia de água e de
energia é muito grande. Podemos contribuir com a Reciclagem:
1. Comprando produtos reciclados;

294
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2. Comprando produtos cujas embalagens sejam feitas de materiais
reciclados;
3. Participando de campanhas para coleta seletiva de lixo;
4. Organizem-se em seu trabalho/escola/bairro/rua/comunidade/igreja/casa
um projeto de separação de materiais para coleta seletiva;
5. Entrando em contato com uma Associação de Catadores do seu bairro,
distrito ou município para juntos traçarem um plano de trabalho que
deverá ser desenvolvido no seu local de ação;
6. Só faça coleta seletiva de “lixo” que poderá ser encaminhado para local
de reciclagem ou de venda;

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


7. Os materiais que poderão ser coletados, de modo geral, são: jornais,
papéis, papelões, livros, vidros, plásticos, alumínio, outros materiais; e
8. Após a coleta encaminhar para a Associação de Catadores ou
diretamente para a Indústria de Reprocessamento.

VI – Conceito Recusar

É dizer NÃO aos produtos que agridam o meio ambiente.

VII – Conceito Recuperar

Temos de recuperar o que foi danificado; compensar o planeta pelos


desgastes e retiradas que temos realizado. Durante a explanação sobre os R’s
observamos a gama de ações que podemos fazer para diminuir a quantidade
de lixo produzida. Algumas ações são bem simples e dependem
exclusivamente de cada um de nós; outras são mais complexas, pois além de
nos levar a ter conhecimentos científicos e jurídicos, obriga-nos a uma
organização em grupos/equipes/associações de cidadãos. O uso do consumo
sustentável depende da participação de todos. Espero que se possa, em breve,
dizer: sou um Consumidor Ético, sou um Consumidor Consciente ou sou um
Consumidor Verde.

295

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Figura 5: Demonstração da evolução dos R’s

ESTUDOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO DA MINERAÇÃO

8. AMOSTRAGEM
O processo de amostragem consiste na retirada de quantidades
moduladas de material (incrementos) de um todo que se deseja amostrar, para
a composição da amostra primária ou global, de tal forma que esta seja
representativa do todo amostrado.
Em seguida, a amostra primária é submetida a uma série de etapas de
preparação que envolvem operações de cominuição, homogeneização e
quarteamento, até a obtenção da amostra final, com massa e granulometria
adequadas para a realização de ensaios (químicos, físicos, mineralógicos etc).
Cabe ressaltar que a representatividade referida é válida para a(s)
característica(s) de interesse (densidade, teor, umidade, distribuição
granulométrica, constituintes minerais etc) definida(s) a priori.
E, ainda, que todos os cuidados devem ser tomados para que essa
representatividade não se perca, quando da preparação da amostra primária.
Amostragem é, portanto, um processo de seleção e inferência, uma vez que a
partir do conhecimento de uma parte, procura-se tirar conclusões sobre o todo.
A diferença entre o valor de uma dada característica de interesse no lote
e a estimativa desta característica na amostra é chamada erro de amostragem.

296
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A importância da amostragem é ressaltada, principalmente, quando
entram em jogo a avaliação de depósitos minerais, o controle de processos e a
comercialização de produtos.
Ressalte-se que uma amostragem mal conduzida pode resultar em
prejuízos vultosos ou em distorções de resultados com conseqüências técnicas
imprevisíveis

8.1 Conceituação
É uma sequência de estágios de preparação (britagem, moagem,
secagem, homogeneização, transferência etc) e estágios de amostragem

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


propriamente dita (redução da massa de material), ambos suscetíveis a
alteração do teor da característica de interesse e, portanto, à geração de erros
de preparação e erros de amostragem.Amostra é uma quantidade
representativa do todo que se deseja amostrar.
O método de retirada da amostra deve garantir que ela seja
representativa deste todo, no que diz respeito à(s) característica(s) de
interesse.
Incremento: é uma quantidade modular de material retirada do todo que se
deseja amostrar, para composição de uma amostra.

Lote: é uma quantidade finita de material separada para uma utilização


específica.

Amostra Primária ou Global: é a quantidade de material resultante da etapa


de amostragem propriamente dita.

Amostra Final: é uma quantidade de material, resultante das estapas de


preparação da amostra primária, que possui massa e granulometria adequadas
para a realização de ensaios (químicos, físicos, mineralógicos etc).

8.2 Elaboração do plano de amostragem


Antes de um material ser amostrado, faz-se necessário definir as
características principais do plano de amostragem, tendo como base o objetivo
da amostragem e o conhecimento anterior sobre o assunto.

297

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Características Principais de um Plano de Amostragem

 A Precisão Requerida:

Em geral, quanto maior a precisão requerida, maior o custo envolvido.

Erros de amostragem e de análise sempre existem, devendo ser


balanceados entre si em relação ao valor intrínseco do material, bem
como em relação ao custo proveniente da consequência dos erros.

 O Método de Retirada da Amostra Primária:

A experiência normalmente determina a técnica de retirada de amostra.


Entretanto, algum trabalho experimental pode ser necessário para a
determinação do método de amostragem.

A maneira pela qual os incrementos são selecionados para a


composição da amostra primária depende principalmente do tipo de
material, de como ele é transportado e também do objetivo da
amostragem.

Cabe ressaltar que o método de amostragem deve ser definido antes de


se estabelecer a massa da amostra primária.

8.3 Amostragem Aleatória


É normalmente utilizada quando se dispõe de pouca informação sobre o
material a ser amostrado. Nela, os incrementos são escolhidos de maneira
fortuita, fazendo, dessa maneira, com que todas as partes do material possuam
a mesma probabilidade de serem selecionados.
Na realidade, a amostra verdadeiramente aleatória é de difícil obtenção,
dando vez, na prática, uma amostra sistemática, já que o operador, com o
propósito de cobrir todas as partes do material a ser amostrado, o subdivide
grosseiramente em áreas iguais, nas quais seleciona incrementos.

298
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
8.4 Amostragem Sistemática:
É aquela onde os incrementos são coletados a intervalos regulares,
definidos a priori. Deve-se ter em mente a possibilidade de existência de ciclos
de variação do parâmetro de interesse e desses ciclos coincidirem com os
períodos de retiradas dos incrementos; neste caso não se recomenda a
utilização da amostragem sistemática.
Por outro lado, se a ordem de retirada dos incrementos não tiver
qualquer relacionamento com os ciclos de variação do parâmetro de interesse,
então a amostragem sistemática terá efeitos equivalentes à amostragem
aleatória, podendo ser usada sem restrições.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


8.5 Amostragem Estratificada:
É uma extensão da amostragem sistemática, envolvendo a divisão do
material em grupos distinguíveis segundo características próprias. Esses são
normalmente amostrados proporcionalmente a seus pesos.

Podem ser citados como exemplos:

 Amostragem de material em vagões, caminhões ou containers;

 Material em polpa onde ocorra sedimentação e não seja possível a


homogeneização;

 Amostragem de minério vindo de diferentes frentes de lavra, etc

8.6 O Tamanho da Amostra Primária:


É função do tipo de material, granulometria, teor do elemento de
interesse e precisão desejada.

É determinado estabelecendo-se, inicialmente, a dimensão do


incremento e o número de incrementos a serem retirados. A dimensão do
incremento de amostragem é definida pelo tipo de equipamento utilizado para a
retirada da amostra primária e pela granulometria do material. O incremento

299

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


deve ser suficientemente grande para que uma porção representativa de
grossos e finos seja retirada em uma única operação.
Definida a técnica de amostragem, faz-se necessário estimar a
variabilidade do material; caso esta não seja conhecida faz-se através de
ensaios exploratórios. Nesse caso, n incrementos são retirados para ensaio,
sendo individualmente preparados e analisados quanto ao parâmetro de
interesse.
A amostra primária é submetida a uma série de etapas de preparação
que envolve operações de redução de tamanho, homogeneização e
quarteamento, até a obtenção da amostra final, com massa (maior ou igual a
massa mínima requerida para ser representativa) e granulometria adequadas à
realização de ensaios e/ou análises.

8.7 Técnicas de amostragem

8.7.1 Homogeneização e Quarteamento


Todas as etapas de preparação devem ser feitas observando-se
técnicas de homogeneização e quarteamento. Para isso, utilizam-se pilhas e/ou
equipamentos auxiliares. As pilhas mais empregadas são as dos tipos cônicas
e alongada (tronco de pirâmide).

Figura 6: forma das pilhas quarteadas

Na própria preparação de uma pilha cônica, obtém-se uma boa


homogeneização do material. A seguir, divide-se a mesma em quatro setores
iguais. O quarteamento é feito formando-se duas novas pilhas. Caso seja

300
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
necessário dividir ainda mais a amostra, toma-se uma destas pilhas e repete-se
a operação.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


8.7.2 Tipos de quarteadores

Quarteador Jones

Esse equipamento é constituído por uma série de calhas inclinadas, ora


para um lado ora para o outro. Quanto maior o número de calhas mais
confiáveis são as amostras obtidas.

Mesa Homogeneizadora/Divisora

Esse equipamento consiste de uma calha vibratória, de vazão e altura


de descarga variável, que descreve trajetória circular, sobre uma mesa, sendo
alimentada por um silo e acionada por um motovariador. A amostra alimentada
no silo deve estar seca. A mesa homogeneizadora e divisora proporciona a
formação de uma pilha circular de secção triangular cujo diâmetro e altura é
controlada por uma calha vibratória com seções articuladas.

301

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A seguir, a pilha é dividida por um dispositivo constituído de dois
interceptadores triangulares, articulados e reguláveis pelo deslizamento de seu
suporte em um aro graduado (menor divisão: 5º), limitado a um ângulo máximo
de 45º. Esse aro pode ser colocado em qualquer posição da mesa.

Mesa divisora

Na mesa divisora o quarteamento é efetivado através da distribuição do


material contido no silo ao longo de um conjunto de calhas coletoras. A
velocidade de rotação da calha vibratória e a quantidade de material no silo
devem ser determinadas de forma a assegurar que em todas as calhas
coletoras haja a mesma quantidade de amostra.

Quarteador de Polpa

O quarteador de polpa é constituído por duas partes principais: um


alimentador e um disco giratório contendo um número par de recipientes. O
alimentador deve possuir um agitador para manter o material homogeneizado e
uma válvula de descarga para manter a vazão de polpa constante aos
recipientes contidos no disco giratório. Cada recipiente constitui uma fração do
quarteamento. Caso se deseje maior massa, juntam-se as amostras dos
recipientes diametralmente opostos.

9. PENEIRAMENTO
Entende-se por peneiramento, a separação de um material em duas ou
mais classes, estando estas limitadas uma superior e outra inferiormente.

No peneiramento a úmido adiciona-se água ao material a ser peneirado


com o propósito de facilitar a passagem dos finos através da tela de
peneiramento.

O material retido na tela da peneira é denominado oversize e o


passante, undersize.

302
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os peneiramentos industriais a seco são realizados, normalmente, em
frações granulométricas de até 6 mm. Entretanto, é possível peneirar a seco
com eficiência razoável em frações de até 1,7 mm.

A úmido, o peneiramento industrial é normalmente aplicado para até 0,4


mm, mas recentemente tem sido possível peneirar partículas mais finas, da
ordem de 50 m.

Escalas granulométricas

A determinação das faixas de tamanho das partículas é feita por meio de

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


uma série de aberturas de peneiras que mantém entre si uma relação
constante.

an = a0 .r n

A primeira escala granulométrica foi proposta por Rittinger, na


Alemanha, e obedeceu à seguinte equação:

Onde: an = abertura de ordem n;

a0 = abertura de referência (a0 =1 mm);

r = razão de escala (r = 2 = 1,414).

Os equipamentos utilizados no peneiramento podem ser divididos em três


tipos:

 Grelhas - constituídas por barras metálicas dispostas paralelamente,


mantendo um espaçamento regular entre si;
 Crivos - formados por chapas metálicas planas ou curvas, perfuradas
por um sistema de furos de várias formas e dimensão determinada;
 Telas - constituídas por fios metálicos trançados geralmente em duas
direções ortogonais, de forma a deixarem entre si "malhas" ou
"aberturas" de dimensões determinadas, podendo estas serem
quadradas ou retangulares.

303

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


9.1 Peneira reciprocativas
Estas peneiras realizam um movimento alternado praticamente no
mesmo plano da tela, tendo como resultante uma força positiva que faz com
que as partículas movam-se para frente.

Devido a esse movimento natural, as peneiras reciprocativas trabalham


com uma pequena inclinação, entre 10° e 15°.

A amplitude de seu movimento varia entre 2 e 25 cm com uma


frequência de 60 a 800 movimentos por minuto, respectivamente.

São empregadas na classificação de carvões e de outros materiais


friáveis, porque reduzem a fragmentação eventual das partículas.

De um modo geral, as peneiras reciprocativas têm um campo de


aplicação restrito, diante das maiores vantagens apresentadas pelas peneiras
vibratórias.

9.2 Peneira vibratória


Princípio de funcionamento mais utilizado na classificação de materiais,
em virtude de sua simplicidade e versatilidade.

Este princípio consiste na utilização de um eixo desbalanceado e dois


mancais, gerando um movimento circular no equipamento, que está apoiado
livremente em molas helicoidais.

O movimento vibratório é caracterizado por impulsos rápidos, normais à


superfície, de pequena amplitude (1,5 a 25 mm) e de alta freqüência (600 a
3.600 movimentos por minuto), sendo produzidos por mecanismos mecânicos
ou elétricos.

As peneiras vibratórias podem ser divididas em duas categorias:

 peneiras vibratórias horizontais


 peneiras vibratórias inclinadas

304
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
9.3 Peneira de rejeito
Têm a função de retirar corpos estranhos de produtos, garantindo sua
qualidade antes da passagem para uma nova etapa do processo.

Uma utilização constante e fundamental destas peneiras se dá, por


exemplo, antes do ensacamento do cimento, protegendo, assim, as turbinas
das ensacadeiras.

9.4 Peneira escalpadora


Suas principais aplicações são a separação de finos contidos no material

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


proveniente da mina (ROM) antes da alimentação no britador primário (pré-
classificação) e a eliminação de argilas e outras impurezas para aliviar o
britador, obtendo, assim, um produto de melhor qualidade no processo.

10. CLASSIFICAÇÃO
A classificação e o peneiramento têm como objetivo comum, a
separação de um material em duas ou mais frações, com partículas de
tamanhos distintos.

No peneiramento, existe uma separação, segundo o tamanho


geométrico das partículas, enquanto que na classificação, a separação é
realizada tomando-se como base a velocidade que os grãos atravessam um
meio fluido.

A classificação é aplicada, em escala industrial, em faixas


granulométricas mais finas, para a separação por tamanhos, com base nas
diferenças de comportamento das partículas em um meio fluido.

No processamento mineral, o meio fluido mais utilizado é a água.

Equipamentos que utilizam a água como meio de separação são


denominados hidroseparadores.

305

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


No tratamento a seco é utilizado o ar e os equipamentos são
denominados de aeroseparadores.

A classificação a úmido é aplicada, habitualmente, para populações de


partículas com granulometria muito fina, onde o peneiramento não funciona de
forma eficiente.

Em termos de processo o classificador é um aparelho que recebe uma


alimentação composta de partículas de diferentes massas, separando-as em
duas frações ou produtos: o underflow, que contém maior proporção das
partículas mais grossas, e o overflow, que contém as partículas mais finas.

Os equipamentos de classificação são projetados para trabalhar o mais


próximo possível da classificação ideal.

Esta pode ser definida com sendo a separação da alimentação em dois


produtos característicos: um contendo somente as partículas menores que um
determinado tamanho e outro contendo somente as de maior tamanho.

10.1 Classificador espiral


Os classificadores espirais são os mais utilizados em instalações de
pequena capacidade, estando o seu campo de aplicação restrito a uma faixa
granulométrica entre 0,833 a 0,074 mm.

Constituem-se de uma calha, onde há um eixo envolvido por uma ou mais


hélices, as quais, girando, mantêm a polpa em suspensão.

Estas hélices têm a função de remover o material sedimentado do fundo da


calha.

O conjunto como um todo apresenta vários níveis de inclinação, sendo


essa sua variável de processo.

Apresenta, em relação ao classificador de rastelos, a vantagem de


remover o material de maneira mais eficiente, devido ao declive mais íngreme,
evitando o retorno do material.

306
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O classificador em espiral é normalmente caracterizado pelo diâmetro da
espiral.

A alimentação é feita abaixo do nível da polpa e o material mais pesado


afunda e é transportado pelas hélices ao longo do declive, sendo finalmente
descarregado na parte superior através de uma abertura na base da calha,
acima do nível de água.

O material mais fino transborda pela parte inferior da calha.

10.2 Hidrociclones

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


Os hidrociclones, como os classificadores mecânicos, têm sua maior
aplicação em circuitos fechados de moagem, diferindo desses últimos pela
maior capacidade.

O princípio básico de separação empregado nos hidrociclones é a


sedimentação centrífuga.

O hidrociclone consiste de uma câmara cilíndrico-cônica, com uma


entrada tangencial e duas saídas.

A polpa é injetada sob pressão no aparelho, através de um duto situado


na parte superior da câmara cilíndrica e, como resultado de sua entrada
tangencial, é criado no seu interior um redemoinho.

As partículas mais grossas e mais densas são arremessadas às paredes


e descarregadas na abertura inferior, o apex, consistindo o underflow.

As partículas mais finas, menos densas, são dirigidas para o centro do


hidrociclone, juntamente com a maior parte da fase líquida, e saem por um
cilindro na parte superior do aparelho, denominado vortex finder, consistindo o
overflow.

As principais aplicações para os hidrociclones são:

 Espessamento: elimina a maior parte da água de uma polpa;


 Deslamagem: elimina as partículas mais finas;

307

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


 Classificação: freqüentemente utilizado no fechamento do circuito de
moagem onde o underflow do hidrociclone retorna ao moinho;

As principais aplicações para os hidrociclones são:

 Classificação seletiva: por meio de uma configuração em série é


possível obter-se um conjunto de produtos com granulometria definida;
 Pré-concentração - utilizando hidrociclones de fundo chato, pode-se
realizar concentração por gravidade onde os minerais mais densos são
descartados pelo underflow.

11. COMINUIÇÃO
A cominuição (ou fragmentação) abrange o conjunto de operações
responsáveis pela redução do tamanho das partículas minerais.
Os objetivos principais desta são:
 Obtenção de uma parte ou de todo o minério dentro das
especificações granulométricas para seu uso posterior;
 Obtenção do grau de liberação necessário para se efetuar uma
operação de concentração subsequente;
 Aumentar a área superficial específica dos minerais de um minério
expondo-os mais facilmente ao ataque por reagentes químicos.

Tais objetivos podem ser atingidos simultaneamente, isto é, liberar para


concentrar e obter um produto dentro de especificações granulométricas de
mercado.

Esta operação realizada com rigoroso controle por ser uma operação
normalmente cara, sendo que a cominuição excessiva deve ser evitada.

Operações de concentração são mais eficientes se recebem o material


dentro de determinadas faixas granulométricas específicas para cada método
ou equipamento.

308
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Por este motivo estão sempre associadas à fragmentação operações de
separação por tamanho:

 Para evitar a entrada de partículas abaixo do tamanho desejado no


interior das máquinas de fragmentação;

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


Figura 7: fluxo grama de cominação

11.1 Mecanismos de fragmentação mineral


 Impacto (ou choque):

É o mais eficiente em termos de utilização da energia.

Ocorre quando as forças de fragmentação são aplicadas de forma rápida


e em intensidade muito superior à resistência das partículas.

Faz uso, em geral, da energia cinética de corpos em movimentos cadentes.

Figura 8: mecanismo de fragmentação de impacto

309

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Equipamentos usados: Britadores de impacto e nas áreas de impacto dos
corpos moedores cadentes no interior dos moinhos revolventes.

 Compressão:

É a mais comum, desde blocos da ordem de metros até partículas


micrométricas.

Ocorre quando forças de compressão são aplicadas de maneira lenta e


progressiva, permitindo-se que, com o aparecimento da fratura, o esforço seja
aliviado.

Figura 9: mecanismo de fragmentação de compressão

Equipamentos usados: Britadores de mandíbulas, britadores giratórios e


cônicos. Nos moinhos revolventes ele está associado à compressão das
partículas entre corpos moedores ou à compressão entre as partículas.

 Cisalhamento (ou atrito):

Leva a um consumo alto de energia e a uma alta produção de superfinos.

As forças aplicadas são insuficientes para provocar fraturas ao longo de


toda a partícula.

Figura 10: mecanismo de fragmentação de cisalhamento

310
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Partículas maiores são aprisionadas entre superfícies dotadas de
movimento. Na maioria das vezes, o movimento entre as superfícies é contrário
ao das próprias partículas. É observado frequentemente nos produtos de
moagem autógena.

11.2 Britagem
Divisão básica em primária e secundária.

 Britagem primária – a alimentação é o ROM, localização próxima ou


dentro da cava. Operação a seco e circuito aberto, com ou sem grelha

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


para escalpar a alimentação.
 Britagem secundária – a alimentação é o produto da britagem primária
(< 15 a 30 cm) operação, normalmente, via seco com circuito fechado ou
aberto.

11.2.1 Britadores de Mandíbulas:


É o equipamento utilizado para fazer a britagem primária em blocos de
elevadas dimensões/dureza e com grandes variações de tamanho na
alimentação.

Compõe-se basicamente de uma mandíbula fixa e um móvel que


fornece o movimento de aproximação e afastamento entre elas.

O fragmento de minério a ser britado é introduzido no espaço entre as


duas mandíbulas e, durante o movimento de aproximação, é esmagado.

Desta maneira, o bloco alimentado na boca do britador vai descendo


entre as mandíbulas enquanto recebe o impacto responsável pela
fragmentação.

Vantagens:

 Possuem uma grande capacidade de trabalho;


 Mecânica simples, facilitando a operação (não ocorre entupimento);

311

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


 Custo de manutenção baixo, devido à sua mecânica simplificada;
 Baixo consumo de energia.

Desvantagens:

 Produto, ao sair do britador, não possui grande uniformidade.

11.2.2 Britador giratório:


É o equipamento de britagem primária utilizada quando existe uma
grande quantidade de material a ser fragmentado, sendo mais operacional do
que o britador de mandíbula, pois pode ser alimentado de qualquer lado, além
de permitir uma pequena armazenagem em seu topo.

O princípio de funcionamento do britador giratório consta do movimento


de aproximação e distanciamento do cone central em relação à carcaça
invertida (bambolear).

Este movimento circular faz com que toda a área da carcaça seja
utilizada na britagem, o que fornece ao britador uma grande capacidade de
operação.

Possui baixo custo operacional e grande seção de alimentação.

Alimentação nominal = 1 a 1,6 m

Grau de redução = 8/1

11.2.3 Britador cônico:


Concepção semelhante aos giratórios diferenciando-se pela superfície
externa, alta capacidade.

São os mais usados em britagem secundária.

Alimentação nominal = 0,2 a 0,5 m

Grau de redução = 3/1 a 7/1

312
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
11.3 Moagem
A moagem é o último estágio do processo de cominuição. Neste estágio as
partículas são reduzidas, pela combinação de impacto, compressão, abrasão e
atrito, a um tamanho adequado à liberação do mineral, geralmente, a ser
concentrado nos processos subsequentes.

Cada minério tem uma malha ótima para ser moído, dependendo de muitos
fatores, como a porosidade, resistência mecânica, distribuição do mineral útil
na ganga e o processo de separação que vai ser usado em seguida.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


A moagem é a área da fragmentação que requer maiores investimentos,
maior gasto de energia e é considerada uma operação importante para o bom
desempenho de uma instalação de tratamento.

A submoagem do minério resulta num produto grosso com liberação parcial


de minério útil, inviabilizando o processo de concentração.

Neste caso, a recuperação parcial do mineral útil e a baixa razão de


enriquecimento respondem pela inviabilidade do processo.

A sobremoagem também não é desejada, pois reduz o tamanho das


partículas desnecessariamente, o que acarretará maior consumo de energia e
perdas no processo de concentração.

É conclusivo que a moagem deve ser muito bem estudada na etapa de


dimensionamento e escolha de equipamento e muita bem controlada na etapa
de operação da usina, pois o bom desempenho de uma instalação depende em
muito da operação de moagem.

Circuito de moagem

A moagem a seco é exigida por alguns materiais devido às


modificações químicas ou físicas que ocorrem quando se adiciona água,
causando menos desgaste no revestimento e no meio moedor, produzindo
grande proporção de finos, o que pode ser indesejável.

313

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Exige, entretanto, a instalação de equipamentos auxiliares para o
abatimento da poeira gerada no processo e para o transporte do material.
Provoca sérios problemas de aquecimento do moinho.

A moagem a úmido é a mais usada por ser a mais econômica e


adequada aos tratamentos posteriores do minério.

O material é misturado à entrada do moinho com água de modo a formar


uma polpa (normalmente com 55 a 75% de sólidos).

11.3.1 Moinhos cilíndricos:


No entanto, há um momento em que as duas forças se igualam e é o
inicio da queda dos corpos moedores.

Os moinhos cilíndricos têm o seu tamanho expresso pelas dimensões do


diâmetro e do comprimento da carcaça, sendo que geralmente se considera a
dimensão interna à carcaça e externa ao revestimento quando se refere ao
diâmetro, e a medida interna aos revestimentos das tampas quando se refere
ao comprimento.

Os corpos moedores acompanham o movimento da carcaça e impelidas


pela força centrífuga percorrem uma trajetória circular.

Enquanto a força centrifuga for maior que a força da gravidade, os


corpos permanecem nessa trajetória. No momento em que a força da
gravidade for maior do que essa, os corpos abandonam a trajetória circular e
passam a seguir uma trajetória parabólica.

As bolas de um moinho em operação apresentam quatro movimentos que


são:

 Rotação: as bolas giram em torno delas mesmas e produzem uma


fragmentação por compressão. Este efeito é pequeno dentro de um
moinho;
 Translação: é o movimento circular de acompanhamento da carcaça do
moinho até uma certa altura. Este movimento não promove nenhuma

314
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
fragmentação e é responsável pelo gasto excessivo de energia na
moagem;
 Deslizamento: é o movimento contrário ao movimento do moinho. As
várias camadas de bolas deslizam umas sobre as outras e a superfície
interna do moinho dando origem à fragmentação por atrito. Este efeito é
acentuado quando a velocidade do moinho é baixa;
 Queda: é o movimento resultante das bolas pela força da gravidade e
que vai dar origem à fragmentação por impacto. Este efeito com a
velocidade de rotação do moinho.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


11.3.2 Moinhos de seixos:
Moinhos de seixos, em lugar de bolas, como corpos moedores, são
aplicáveis nos casos especiais de materiais que apresentam seixos
competentes.

Dada a menor densidade dos seixos, apresentam capacidade menor de


moagem que os moinhos de bolas. São usados como moinhos secundários,
em cuja aplicação apresenta consumo energético específico (kWh/t)
sensivelmente igual aos de moinhos de bolas, tendo, porém, consumo de
metais (revestimento) muito menor que os moinhos de bolas (revestimento e
bolas).

A designação moinho de seixos (em inglês pebble mill) não é só


aplicada para a moagem autógena (ou semi-autógena) secundária, mas
também para outra aplicação completamente diferente, a moagem por via seca
de materiais que não podem ser contaminados por corpos moedores e/ou
revestimentos metálicos.

Neste último caso, os moinhos de seixos usam corpos moedores de


ágata, sílex, coríndon ou cerâmica, sendo os revestimentos de granito, sílex ou
cerâmica.

Normalmente são de descarga por diafragma, embora, no caso de


moagem muito fina, possam ser por overflow.

315

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


11.3.3 Moinho de martelos:
O moinho de martelos consiste de um eixo girando em lata rotação e no
qual ficam presos, de forma articulada, vários blocos de martelos.

O material é alimentado pela parte superior e as partículas sofrem o


impacto dos martelos e são projetadas contra a superfície interna da câmara,
fragmentando-se, para depois serem forçados a passar por tela inferior que vai
bitolar a granulometria da descarga.

11.2.4 Moinho de discos:


Este tipo de moinho possui dois discos com ressaltos internos, sendo um
fixo e outro móvel.

A alimentação vem ter ao centro dos discos através da abertura central


do disco fixo e aí sofre o impacto e o atrito do disco móvel que com seu
movimento excêntrico vai fragmentando e forçando o material pára a periferia,
caindo depois numa câmara coletora.

A granulometria da descarga é dada pelo ajuste da abertura entre os


discos na parte periférica, onde eles são lisos.

12.CONCENTRAÇÃO GRAVÍTICA
“A CONCENTRAÇÃO GRAVÍTICA pode ser definida como um processo
no qual partículas de diferentes densidades, tamanhos e formas são separadas
uma das outras por ação da força de gravidade ou por forças centrífugas.”

A história relata o uso de processos gravíticos para a recuperação de ouro


pelos egípcios 400 anos antes de Cristo. Os métodos gravíticos tiveram sua
importância diminuída na primeira metade do século passado, devido ao maio
ruso da flotação. Equipamentos Gravíticos: Jigue, calha simples, Mesa
Vibratória, Espiral de Humphreys, entre outros.···.

316
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Vantagens da concentração gravítica

 Baixo custo;
 Relativamente simples
 Não usa reagente (ausência de reagentes químicos)

A separação gravítica possui a vantagem de ocasionar pouco impacto


ambiental (pela inexistência de uso intensivo de reagentes), ser de simples de
operação, acarretar baixo custo operacional Geralmente o tratamento ou
beneficiamento físico é mais econômico que o químico, sendo o preferido,

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


desde que, naturalmente, mostre-se tecnicamente competitivo. Resíduos (em
geral) baixo valor agregado e árduos condicionantes de qualidade expressos
pelas especificações a ser atendidas para permitir seu reuso.

12.1 Calha simples


São utilizadas até os dias atuas sem concentração de aluviões auríferos.
Uma calha consiste de uma canaleta inclinada, feita normalmente de madeira e
de seção transversal retangular. No fundo da calha são instalados vários
septos: riffles, que têm a função de prover turbulência e possibilitara de posição
das partículas pesadas, enquanto as leves e grossas passam para o rejeito.
Atualmente, os obstáculos foram substituídos por carpete que são mais
eficientes para aprisionar as partículas de ouro. O minério alimenta a calha na
forma de polpa diluída. O pré concentrado é removido manualmente da calha
após interrupção ou desvio da alimentação, e alguns casos, requerendo um
tratamento adicional de limpeza em outro equipamento de menor capacidade.

12.2 Concentrador Reichert


Aplicação: minerais pesados de areias de praia, incluindo minérios de
ferro, estanho e ouro. Consiste de uma série de cones invertidos sobre postos
por distribuidores cônicos, arranjados verticalmente. São fabricados com
material leve (poliuretano, fibra de vidro).

317

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Seu diâmetro típico é de 2m;apresentam um ângulo de inclinação fixo de
17°. Sua capacidade é de 60 a 90 t/h.

12.3 Jigue

Nesse processo, a separação dos minerais de densidades diferentes é


realizada em um leito dilatado por uma corrente pulsante de água, produzindo
a estratificação dos minerais A abertura da tela do jigue deve ser entre duas e
três vezes o tamanho máximo das partículas do minério.
As condições do ciclo de jigagem devem será justadas para cada caso,
citando-se apenas como diretriz que ciclos curto será pidos são apropriados a
materiais finos, o contrário para os grossos.

12.4 Mesa oscilatória


Consiste de um deque de madeira revestido com material com alto
coeficiente de fricção (borracha ou plástico),parcialmente coberto com
ressaltos, inclinado e sujeito a um movimento assimétrico na direção dos
ressaltos. É um equipamento disseminado porto do o mundo para a
concentração gravítica de minérios e carvão.

12.5 Espiral
Consiste de um canal helicoidal de seção transversal semi circular. Água
de lavagem é alimentada, sob pressão, na parte central da espiral, através de
uma mangueira, com furos entre as aberturas que coletamos minerais
pesados. Essa água, ao sair sob pressão, centrifuga os minerais leves para a
parte periférica da espiral, favorecendo o processo de separação.

318
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
13. FILTRAGEM

“Operação unitária de separação de sólidos contidos numa suspensão


em um líquido mediante a passagem do líquido através de um meio poroso,
que retém as partículas sólidas.”

O material a desaguar (60% de sólidos) é colocado no filtro e o líquido


(filtrado) é succionado através da tela (meio filtrante).

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


O sólido fica retido (torta), sendo descarregado continuamente.

Figura 11: Formação da torta

13.1 Tipos de Filtragem

 Filtragem a vácuo: cria-se uma pressão negativa debaixo do meio


filtrante;
 Filtragem sob pressão: aplica-se uma pressão positiva do lado da torta;
 Filtragem centrífuga: utiliza-se a força centrífuga;
 Filtragem hiperbárica: combina-se vácuo e pressão;
 Filtragem capilar: utilizam-se capilares de meios cerâmicos porosos para
desaguar.

319

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A filtragem pode ser realizada através de três maneiras básicas:

 Com formação de torta;


 Sem formação de torta;
 Em leito profundo.

Filtragem com Formação de Torta

Caracteriza-se pela deposição de uma camada de sólido sobre a


superfície filtrante. Os poros do meio filtrante são menores ou iguais ao
tamanho da maioria das partículas.

Filtragem sem Formação de Torta

Ocorre quando o fluxo de suspensão é paralelo à superfície do meio filtrante


que retém as partículas. Não ocorre a formação de torta devido à grande
velocidade relativa entre a suspensão e o meio.

Filtragem em Leito Profundo

O fluido passa através do meio e o sólido é retido. É realizada em leitos


profundos. Se aplica a suspensões muito diluídas, com meios filtrantes cujos
poros são bem maiores que as partículas;

13.2 Ciclo de Filtragem

 Formação da torta: é o acúmulo de um volume de minério junto ao


meio filtrante.

 A torta pode ser formada pela deposição do material sobre a tela


(caso dos filtros horizontais) ou pela aspiração do material sólido
para junto da tela (caso dos filtros rotativos).

320
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Secagem: consiste na aspiração da água contida na torta através do
meio filtrante.

 Descarga: uma vez desaguada a torta, ela deve ser descarregada.

 O modo mais usual de descarga da torta é pela inversão do fluxo de


ar que passa, então, a soprar a tela.

 A torta é desprendida da tela, ao mesmo tempo em que os poros são


desobstruídos.

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


13.3 Tipos de Filtro

Filtro de Tambor

Representa um grande cilindro que gira em relação ao seu eixo


longitudinal. A alimentação é feita em uma bacia de polpa posicionada de
forma que a porção inferior desse cilindro fique submersa.
O meio filtrante pode ser um tecido preso. A descarga pode ser efetuada
através de diversos dispositivos: por raspador, por rolo e por fios.

Filtro de Disco

É composto por uma série de discos espaçados, ligados entre si por um


tubo que executa um movimento de rotação e que serve como ligação para
uma válvula (conectada a uma bomba de vácuo e a um compressor).
A formação de torta é realizada em uma bacia de polpa onde há o
recobrimento dos discos (até cerca da metade do seu diâmetro).A descarga da
torta é feita utilizando-se ar comprimido (sopro).

321

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


14. PELOTIZAÇÃO
A pelotização é um processo caracterizado pela formação de
aglomerados esféricos de partículas ultrafinas (ex.: min. de ferro < 0,15 mm),
devidos ao constante movimento circular do material dentro de aparelhos
adequados e através de um tratamento térmico. Por tratar-se de uma etapa de
pré-metalurgia, antes do uso pela indústria siderúrgica, a pelotização possibilita
corrigir e melhorar algumas propriedades dos minérios de ferro, através da
adição de outros minerais e do tratamento térmico das pelotas.

A pelotização foi um processo de aglomeração desenvolvido para


aproveitar a fração mais fina do minério de ferro e que não podia der utilizado
diretamente no Alto Forno.

14.1 Etapas de Processo de Pelotização


As etapas envolvidas no processo de pelotização podem, de forma
genérica, ser agrupadas em três estágios:

 Preparação das matérias-primas;


 Formação das pelotas cruas;
 Processamento térmico.

Preparação das matérias-primas

Adequar às características do minério de ferro às exigidas para a produção


de pelotas cruas. Geralmente, é necessário preparar as matérias primas, com
especial referência à:
 Aumento do teor de ferro, no caso de minérios de baixo teor;
 Separação de constituintes indesejados (contaminantes);
 Adequação da finura dos materiais às faixas de distribuição de
tamanhos e de superfícies específicas adequadas à pelotização.

322
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Neste estágio é preparada a mistura a pelotizar, que pode comportar
diferentes tipos de minérios e aditivos, estes utilizados para modificar a
composição química e as propriedades metalúrgicas das pelotas;

Em geral, incluem-se neste estágio as etapas:

 Concentração / Separação;
 Homogeneização das matérias primas;
 Moagem;
 Classificação;
 Espessamento;
 Homogeneização da polpa;

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


 Filtragem.

Formação das Pelotas Cruas

Também conhecida por pelotamento, tem por objetivo:

 Produzir pelotas numa faixa de tamanhos apropriada;


 Ter resistência mecânica suficiente para suportar as etapas de
transferência e transporte entre os equipamentos de pelotamento e o de
tratamento térmico.

Figura 12: Aglomeração de partículas

323

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


No pelotizador, uma partícula com um filme de água envolvendo sua
superfície pode servir de núcleo para o processo de pelotização.
Dessa forma, seja por uma colisão ou pelo contato com outra partícula
também coberta por um filme de água, ocorre uma coalescência entre as
partículas.
A repetição deste processo em um determinado grupo de partículas
pode produzir pelotas do tamanho desejado.

Secagem das Pelotas

A umidade contida nas pelotas verdes pode ser composta da água


contida no minério e/ou da água adicionada durante o pelotamento.

Durante a secagem a água contida nas pelotas cruas é evaporada pelos


gases quentes. Objetiva conferir às pelotas cruas alta resistência mecânica e
propriedades metalúrgicas adequadas ao uso nos reatores de redução.

O tratamento térmico se processa em dois estágios:

 Estágio de pré-queima: diretamente após a zona de secagem. De


acordo com o tipo de minério envolvido, a temperatura é elevada de 300
a 350º C para 1250 a 1340º C através de um contínuo e controlado
suprimento de calor.
 Estágio de queima: a carga de pelotas é aquecida a uma temperatura
ideal para cada tipo de minério, sendo que esta temperatura é mantida
por um período controlado. A referida temperatura deve estar abaixo da
temperatura de fusão, mas dentro de uma faixa de reatividade dos
componentes da ganga e dos aditivos.

324
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Qual a diferença entre processos contínuos e descontínuos?


2. Qual a diferença entre estado estacionário e não estacionário?
3. Defina amostragem.
4. Quais as três propriedades que se requerem de um sistema de
amostragem? Explique sua resposta.
5. Defina peneiramento?
6. Explique porque no peneiramento industrial deve-se especificar uma
abertura de peneira ligeiramente maior que o tamanho do produto desejado

PROCESSOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS


quando se utiliza uma peneira inclinada. Faça um desenho esquemático.
7. O que é um peneiramento a úmido? Quando este deve ser utilizado? Qual a
finalidade da água neste tipo de peneiramento?
8. Explique o funcionamento e faça um desenho esquemático das seguintes
peneiras industriais:
a. Grelha fixa;
b. Peneira rotativa;
c. Peneira vibratória;
9. Defina classificador espiral. Onde estes são mais utilizados, em se
tratando de porte da usina de processamento? Qual é a faixa
granulométrica de aplicação de um classificador espiral? Faça um desenho
esquemático de um classificador espiral.
10. Defina hidrociclone. Qual é o seu princípio de funcionamento? Faça um
desenho esquemático de um hidrociclone.
11. Quais são as principais vantagens e desvantagens apresentadas pelos
hidrociclones?
12. O que é cominuição? Quais são os principais objetivos desta? Explique a
sua resposta.
13. Cite dois motivos que levam à associação de etapas de separação por
tamanho à operações de cominuição.
14. O que é britagem? Qual sua faixa típica de atuação? O que é britagem
primária, secundária e terciária? Cite dois exemplos de britadores.

325

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


15. Explique o princípio de funcionamento de três britadores quaisquer, citando
o mecanismo de quebra usado nestes. Faça um desenho esquemático de
cada britador.
16. Em que consiste a moagem a seco e a úmido? Quando deve-se usar cada
uma das duas? Quais são as vantagens e desvantagens de cada dos dois
tipos de moagem?
17. Defina flotação?
18. Qual o ciclo de filtragem?
19. Cite três tipos de filtro e explique?
20. Defina pelotização?

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_ 7 R’s http://www.suapesquisa.com/reciclagem/ acesso disponível em 20 de


dezembro de 2013 as 16:40

_ Reciclagem https://sites.google.com/site/reambientar/Home/os-7-r-s-do-meio-
ambiente acesso disponível em 21 de dezembro de 2013 as 16:00

_Luz, Adão Benvindo da; Sampaio, João Alves; Almeida, Salvador Luiz Matos
de. Tratamento de minérios. CETEM-MCT. 4° Edição Revisada e Ampliada.
Rio de Janeiro.2004 .

_ ABRÃO, P. C., OLIVEIRA, S. L. Mineração. In: ___ Geologia de Engenharia.


4ª. Reimpressão. São Paulo: ABGE, 2004. p. 431-438.

326
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

ESTUDO DE
IMPACTO E
DESENVOLVIMENTO
URBANO
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................330
2. MOBILIDADE URBANA E O PLANEJAMENTO DAS CIDADES..................................................................332
2.1. Lei de mobilidade urbana .......................................................................................................................334
2.2. O planejamento urbano .........................................................................................................................337
2.3. O estudo das cidades, seus instrumentos e sua relação com a Mobilidade Urbana ............................338
2.3.1. Plano diretor ................................................................................................................................. 340
2.3.1.1. A importância do plano diretor efetivo .....................................................................................342
2.3.2. Zoneamento urbano ambiental ................................................................................................... 344
2.3.3. Estudo de impacto da vizinhança................................................................................................. 345
2.3.3.1. Estudo de impacto da vizinhança e sua influência no zoneamento Urbano e plano de
Mobilidade Urbana................................................................................................................................. 346
2.3.4. Contribuição para integrar as políticas de Mobilidade Urbana e o Desenvolvimento Urbano .347
2.3.4.1. Uso de ocupação do solo ........................................................................................................... 348
2.3.4.2. Lei do perímetro urbano ........................................................................................................... 350
2.3.4.3. Parcelamento do solo ................................................................................................................352
2.3.4.4. O código de obras ...................................................................................................................... 356
2.3.4.5. O código de postura ....................................................................................................................357

3. TRANSPORTE URBANO SUSTENTÁVEL ................................................................................................. 358


3.1. A mobilidade sustentável no contexto ambiental ................................................................................ 360
3.2. O transporte como um organismo vivo: um modelo de avaliação para Sustentabilidade ..................362
3.3. Modelos de transporte urbano sustentável ......................................................................................... 364
3.3.1. Ônibus movido a biocombustível ................................................................................................. 365
3.3.2. O metrô como uma solução .......................................................................................................... 365
3.3.3. BRT ................................................................................................................................................ 366
3.3.4. Monotrilho .....................................................................................................................................367

4. SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES E NO ESPAÇO URBANO ................................................. 369


4.1. Técnicas e práticas utilizadas nas edificações verde .............................................................................372

5. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL ................................................................................................................375


5.1. Estratégias a nível urbano ......................................................................................................................376
5.1.2. Minimização dos problemas de ilha de calor e impacto no Micro clima (área verde) ................376
5.1.3. Águas e resíduos ............................................................................................................................379
5.1.4. Eficiência energética..................................................................................................................... 380
5.1.5. Uso de vegetação como sombreamento ......................................................................................383
5.1.6. Uso da cor ......................................................................................................................................383
5.1.7. Ventilação...................................................................................................................................... 384
5.1.8. Tipo de vidro ................................................................................................................................. 385
5.1.9. Redução da transparência – técnica das paredes, janelas e coberturas .................................... 386
5.1.10. Uso racional da iluminação .........................................................................................................387
5.1.12. Aquecimento de água.................................................................................................................. 389
5.1.13. Utilização correta de sistemas propostos .................................................................................. 389
328
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.1.14. Uso de dispositivos de proteção solar ........................................................................................ 390
5.1.15. Uso de recursos renováveis .........................................................................................................391
5.1.16. Energia solar ................................................................................................................................395
5.1.17. Energia eólica .............................................................................................................................. 396
5.1.18. Biomassa ..................................................................................................................................... 396
5.1.19. Hidrelétrica ..................................................................................................................................397
5.1.20. Pequenas centrais hidrelétricas .................................................................................................397
5.1.21. Aproveitamento de águas pluviais ............................................................................................. 399
5.1.22. Utilização de equipamentos de baixo consumo de água ............................................................401
5.2. Gerenciamento de resíduos da construção .......................................................................................... 403
5.2.1. Medidas para redução da geração de RCD .................................................................................. 404

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


5.2.1.2. Outras medidas para minimização de resíduos da construção civil ....................................... 405
5.1.2.3. Plano integrado de gerenciamento dos resíduos da construção ............................................. 406
5.3. Sistema de classificação energética e certificação de edifícios ........................................................... 406

6. LEED ......................................................................................................................................................... 408

7. REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA PARA ETIQUETAGEM VOLUNTÁRIA DE NÍVEL


DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFÍCIOS COMERCIAIS.................................................................... 411

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 434

329

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


1. INTRODUÇÃO

FÁBIO FELDMANN
Consultor em sustentabilidade

Nas últimas décadas, observou-se uma veloz urbanização do planeta com


grande parte da população vivendo nas cidades, em um processo irreversível
para o bem ou para o mal. A China prevê uma grande migração do campo para
a cidade, o que significa uma escala de milhões de pessoas se concentrando
nos centros urbanos.O Brasil, por sua vez, assistiu a um processo rápido de
urbanização, sendo que as cidades brasileiras ainda carecem de uma
infraestrutura mínima para garantir aos seus cidadãos uma boa qualidade de
vida.

A geração de ambientalistas era portadora de uma ideia romântica do


campo, com sérias restrições a esta urbanização veloz. Hoje, muitos conceitos
praticados há poucas décadas estão superados, sendo cada vez mais evidente
que devemos debater o modelo das cidades, de modo a torná-las capazes de
oferecer boa qualidade de vida a seus habitantes.

Este tema foi um dos destaques do evento anual do CBCS - Conselho


Brasileiro de Construção Sustentável, o 6º Simpósio Brasileiro de Construção
Sustentável, com o tema: como tornar as cidades brasileiras melhores em
termos de oferta de serviços públicos e privados, combatendo a desigualdade
social. Nas palavras de Marcelo Takaoka, presidente do CBCS, "existe a
necessidade de se mudar a mentalidade daqueles atores públicos e privados
que operam nas cidades, estabelecendo um ponto de convergência no qual a
sustentabilidade é o pólo de atração".

Estão nas cidades as grandes oportunidades de mitigação no campo da


mudança do clima, o que exige políticas públicas efetivas e empresários com
visão de médio e longo prazo. Realmente há necessidade de se colocar na
agenda dos governantes um compromisso com políticas que não atendam
unicamente o calendário eleitoral.

330
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O melhor exemplo hoje, no Brasil, está no estímulo aos automóveis
concedido pelos governos com algumas consequências trágicas. As maiores
despesas de consumo das famílias brasileiras não estão na educação ou
mesmo na saúde e sim nos automóveis, de acordo com o programa Pyxis
Consumo do Ibope. E mais do que isso: de acordo com o Estadão Dados, "ter
carro próprio nunca esteve tão barato no Brasil, assim como andar de ônibus
nunca esteve tão caro".

Este é um retrato 3X4 da falta de sensibilidade dos nossos governantes e

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


desprezo absoluto pelos seus cidadãos. No caso do transporte público, nada
justifica a precariedade deste serviço, caro e de péssima qualidade, ainda que
haja um enorme espaço para inovação. Levando em consideração que os
ônibus urbanos são utilizados fundamentalmente no serviço público, quais
seriam as razões para que, nas concessões e aquisições, o poder público não
exigisse que os mesmos fossem eficientes no consumo de combustível? E por
que não promover isenções nos itens da planilha de custo que mais oneram as
tarifas?

É inegável que a sociedade brasileira está mais aberta a mudanças de


comportamento: a bicicleta já é vista como meio importante de transporte,
deixando de ser encarada apenas como lazer. Esta mudança simbólica reflete
claramente que boas políticas governamentais seriam bem recebidas pelo
eleitorado. E como assinalou Takaoka, "não podemos esquecer que as
manifestações de junho foram provocadas pelo aumento da tarifa e por maior
justiça social na mobilidade nas grandes cidades brasileiras".

331

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2. A MOBILIDADE URBANA E O PLANEJAMENTO DAS CIDADES

Promover a mobilidade urbana sustentável, significa: “permitir aos cidadãos


o direito de acesso seguro e eficiente, hoje e no futuro, aos espaços urbanos”,
o que certamente terá consequências direta a melhoria da qualidade de vida.

Fonte: Google.com

A mobilidade urbana é um atributo das cidades e se refere à facilidade de


deslocamentos de pessoas e bens no espaço urbano. Tais deslocamentos são
feitos através de veículos, vias e toda a infra-estrutura (vias, calçadas, etc.) que
possibilitam esse ir e vir cotidiano.

Isso significa que a mobilidade urbana é mais do que o que chamamos de


transporte urbano, ou seja, mais do que o conjunto de serviços e meios de
deslocamento de pessoas e bens. É o resultado da interação entre os
deslocamentos de pessoas e bens com a cidade. Por exemplo, a
disponibilidade de meios e infra-estrutura adequados para os deslocamentos
de pessoas e bens numa área da cidade pode ajudar a desenvolver tal área.

Do mesmo modo, uma área que se desenvolve vai necessitar de meios e


infra-estrutura adequados para os deslocamentos das pessoas e bens naquele
local.
Pensar a mobilidade urbana é, portanto, pensar sobre como se organizam
os usos e a ocupação da cidade e a melhor forma de garantir o acesso das

332
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
pessoas e bens ao que a cidade oferece (locais de emprego, escolas,
hospitais, praças e áreas de lazer) não apenas pensar os meios de transporte e
o trânsito.

Parece um pouco óbvio, mas se olharmos nossas cidades, veremos que,


muitas vezes, o carro parece mais importante que as pessoas! Precisamos
inverter tal lógica, e privilegiar as pessoas e suas necessidades de
deslocamento, para garantir o acesso amplo e democrático à cidade e ao que
ela oferece.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


A Lei de Mobilidade Urbana, Lei 12.587, de 03 de janeiro de 2012, veio
introduzir as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Segundo
destaca o próprio texto da lei, a Política Nacional de Mobilidade Urbana é
instrumento da política de desenvolvimento urbano que veio regulamentar o
inciso XX do art. 21 e o art. 182 da Constituição Federal, objetivando a
integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da
acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município.
A logística urbana envolve, além da circulação de veículos, a movimentação
das pessoas, a circulação de mercadorias e as operações de carga e
descarga. Ela abrange a concretização do direito de ir e vir, do direito de
estacionar, do direito à saúde, do direito ao trabalho, do direito ao lazer, do
direito à inclusão social. Essa abrangência está reconhecida pelo próprio
governo federal quando institui a Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob no Ministério das Cidades com a finalidade de
formular e implementar a política de mobilidade urbana sustentável, ali
entendida como “a reunião das políticas de transporte e de circulação, e
integrada com a política de desenvolvimento urbano, com a finalidade de
proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os
modos de transporte coletivo e os não motorizados, de forma segura,
socialmente inclusiva e sustentável”.

O grande desafio da lei foi regulamentar a mobilidade urbana sob esses


diversos aspectos, como demanda, oferta, acessibilidade, inclusão social,
respeito ao meio ambiente, desenvolvimento urbano e econômico.

333

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O próprio SeMob direciona sua atuação em três eixos estratégicos que
agrupam as questões a serem enfrentadas, quais sejam:
- Promover a cidadania e a inclusão social por meio da universalização do
acesso aos serviços públicos de transporte coletivo e do aumento da
mobilidade urbana;
- Promover o aperfeiçoamento institucional, regulatório e da gestão no setor;
- Coordenar ações para a integração das políticas da mobilidade e destas
com as demais políticas de desenvolvimento urbano e de proteção ao meio
ambiente.

A mobilidade urbana precisa, ademais, minimizar os efeitos da exclusão


social, uma vez que parte da população tem acesso restrito aos serviços de
transporte, e todos têm igualmente direito ao acesso ao trabalho, ao lazer, à
mobilidade e à saúde. Promover a equidade social deve ser um objetivo
principiológico na formulação de políticas públicas.

A inclusão social que se busca baseia-se em:


- Direito à mobilidade para exercício pleno do direito à cidade;
- Equilíbrio e integração entre meios de transporte;
- Equidade no uso do espaço público;
- Integração do uso do solo urbano e do transporte.
Perceba-se: o foco é na necessidade das pessoas e nesse sentido pretende-
se uma justa distribuição dos benefícios e ônus das opções de deslocamento.

2.1 Lei De Mobilidade Urbana


Ter uma política de mobilidade urbana significa ter um conjunto de princípios
e diretrizes que orientem as ações públicas de mobilidade urbana e as
reivindicações da população. Trata-se, por exemplo, de pensar e propor como
será o deslocamento de pessoas e bens na cidade.
Quando não existe uma política de mobilidade urbana, ou quando ela não
funciona bem, as pessoas deslocam-se como podem. Cada um busca a
solução individual de seu problema, sem que exista um planejamento público
eficiente. Isso não é bom porque acaba atendendo os interesses de poucos,

334
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
normalmente, de quem tem mais recursos, e a maioria sofre com as
dificuldades que têm para se locomover na cidade.

A lei conceitua transporte urbano e mobilidade urbana em seu art. 4º: Para
os fins desta Lei, considera-se:
I - transporte urbano: conjunto dos modos e serviços de transporte público e
privado utilizados para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades
integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana;
II - mobilidade urbana: condição em que se realizam os deslocamentos de

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


pessoas e cargas no espaço urbano.

Destaca como direitos dos usuários do Sistema Nacional de Transportes


receber serviços adequados, participar da implantação da política de
transportes, receber todas as informações que versem sobre os coletivos
gratuitamente e ter ambiente seguro e acessível para sua utilização. Seus
princípios são: acessibilidade universal, desenvolvimento sustentável das
cidades, observância das dimensões socioeconômicas e ambientais, busca da
equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo, eficiência,
eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano, gestão
democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional
de Mobilidade Urbana, segurança nos deslocamentos das pessoas, justa
distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e
serviços, equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros
e eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. Seus objetivos são:
promover a inclusão social, reduzindo as desigualdades de acesso ao
transporte, implantar um sistema de transportes sustentável, procurando
minimizar os custos ambientais, proporcionar melhorias nas condições de vida
da população urbana, possibilitando acesso mais fácil e mobilidade, e
consolidar um planejamento democrático do transporte.

Para conseguir seus objetivos adotou as seguintes diretrizes:


Art. 6º A Política Nacional de Mobilidade Urbana é orientada pelas seguintes
diretrizes:

335

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


I - integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas
políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do
uso do solo no âmbito dos entes federativos;
II - prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os
motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte
individual motorizado;
III - integração entre os modos e serviços de transporte urbano;
IV - mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos
deslocamentos de pessoas e cargas na cidade;
V - incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias
renováveis e menos poluentes;
VI - priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do
território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; e
VII - integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira
com outros países sobre a linha divisória internacional.

Em 1988 a Constituição da República estabeleceu que a questão dos


transportes é de competência dos Municípios, enquanto os Estados são
responsáveis pelo transporte intermunicipal e a União tem uma função
normativa. A política implantada pelo Plano de Mobilidade Urbana é, portanto,
de competência municipal.

Em nível municipal é o Plano Diretor que estabelece os objetivos


estratégicos da cidade e consolida o município como centro de excelência e
referência da saúde, da cultura, do esporte, do lazer, da educação, para tanto,
precisa otimizar a infraestrutura e serviços básicos, entre eles o de transporte.
Nesse sentido, considera-se o Plano Diretor de um município como sendo
inseparável do seu Plano de Mobilidade Urbana.

336
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O Planejamento Urbano
Planejar (de fazer plano; plano, no sentido de reto, “liso”, sem obstáculos,
sem percalços, sem problemas) é uma palavra criada pelos americanos e
ingleses, não sem razão, afinal é deles a criação do formato original do
capitalismo, este que demandou a inteligência competitiva das organizações.
Integrante do cerne do capitalismo, a competição torna-se um fenômeno em
escala mundial. As instituições necessitam detectar e observar quais fatores
devem ser levados em conta para maximizar suas chances de sucesso e
sobrevivência, não apenas no curto prazo, mas principalmente em termos

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


futuros.

Planejar o meio ambiente urbano é instrumentalizar o gerenciamento das


ações do homem urbano de forma tanto a minorar/anular efeitos maléficos
destas ações que se prevê que possam ocorrer no futuro quanto a aproveitar
futuras conjunturas favoráveis. No planejamento ambiental urbano ocorrem
processos que, enquanto dinâmicos (já que o que se pretende planejar são
eventos não estáticos), não justificam um planejamento que se esgote em um
único ato, ao contrário, pressupõem a necessidade de decisões antes, durante
e depois de sua elaboração e implementação. Por essa razão, o ato de
planejar envolve uma dinâmica de indagações e questionamentos sobre o que
será feito e por que deve ser feito, de que maneira, quando e onde será feito,
quanto custará para fazer, para quem será feito (beneficiários) e quem fará. Na
perspectiva da ação do homem no meio ambiente urbano (e seus efeitos),
surge o Impacto Ambiental Urbano, aqui considerado como a raiz do
Planejamento Urbano.

A noção de Impacto alinha-se à noção de choque, de colisão, de conflito, de


força, de violência, características que remetem a uma zona de turbulência em
que as demandas são no sentido de uma alta capacidade de antecipação de
fatos futuros. Francisco de Souza Brasil, citado por Marcos Antônio Vieira
(2001, p. 20), define Planejamento como sendo “a seleção dos meios mais
eficazes - estratégia - para obtenção dos fins - política - programados”. Nesse
diapasão percebe-se que o conceito de Planejamento está umbilicalmente
ligado ao conceito de prevenção, razão pela qual se busca traçar o

337

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Planejamento Urbano a partir da ideia de Gestão Preventiva dos impactos
ambientais urbanos. O planejamento urbano deve envolver o Plano Diretor e
Plano de Mobilidade Urbana.

2.3 O Estatuto da Cidade, seus instrumentos e sua relação com a


Mobilidade Urbana
Possíveis medidas em prol da mobilidade urbana já encontram respaldo na
legislação municipal. Para fazer uso delas, a população deve se orientar pelo
plano diretor e, bem como, conhecer a legislação urbanística municipal.
Quando falamos em legislação urbanística municipal, referimo-nos
basicamente:

- à lei de Uso e Ocupação;


- à Lei de Perímetro Urbano
- à Lei de Parcelamento do Espaço Urbano
- ao Código de Obras;
- ao código de Postura

Fonte: Google.com

Mas o que é o plano diretor?


É o instrumento básico para orientar a política de
desenvolvimento e ordenamento da expansão urbana do
Município, integrado ao uso do solo, habitação, saneamento e
mobilidade urbana, além de relevante oportunidade de
participação social na determinação de políticas urbanas e
prioridades de investimento.

338
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O Estatuto da Cidade, Lei 10.257, de 10 de julho de 2011, que regulamenta
os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, cria diversos instrumentos que
podem auxiliar na política da mobilidade urbana.

Entretanto, vários fatores precisam ser superados para que o Estatuto da


Cidade cumpra seus objetivos de ordenar o uso das cidades. O Estatuto da
Cidade estabeleceu o dia 10 de outubro de 2006 como sendo uma “data limite”
para a aprovação dos Planos Diretores pelos municípios, buscando compelir o
administrador público municipal a executar o mandamento legal, inclusive sob

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


as sanções da Lei de Improbidade Administrativa.

Muitos deixaram de cumprir os prazos legais. Prolações foram


apresentadas. Diante das datas “fatais” estabelecidas mais de uma vez pelo
Estatuto da Cidade, esgotou-se qualquer prazo para discussões abstratas em
torno do Plano Diretor e de sua importância. Diante do risco de
responsabilização dos Administradores Públicos envolvidos, muitos municípios
que inicialmente não se preocuparam com a elaboração de seus planos
diretores, de última hora buscaram desenvolvê-los, pela pressa, muitas vezes
sem a observância dos requisitos materiais. Sabedores da demanda,
advogados, engenheiros e arquitetos passaram a oferecer aos municípios os
serviços de Elaboração de Plano Diretor, fazendo surgir um “mercado”, um
campo de “trabalho” fértil tanto para ação de “profissionais” desinformados e/ou
inescrupulosos, quanto para as ações de agentes públicos irresponsáveis
(compra com dinheiro público de projetos imprestáveis, planos diretores
meramente formais, cujo conteúdo impróprio ajustar-se-ia a qualquer município
mediante pequenas adequações). Ocorre que cada município tem suas
características e demandas específicas. Problemas que afetam esta cidade
podem não afetar aquela outra, o que se traduz na percepção de que o mero
cumprimento das formalidades legais por si só não garante efetividade ao
Plano Diretor, sendo absolutamente indispensável a particularização em torno
das demandas e características de cada cidade. A mera promoção de
formalidades não garante a efetividade desejada pelo legislador quando da
elaboração da lei.

339

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Pelo exposto, o principal fator a ser superado é a má utilização do principal
instrumento trazido pelo Estatuto da Cidade, qual seja, o Plano Diretor, haja
vista o fato de que os principais motivos da desorganização urbana estão
ligados à má utilização desse instrumento fundamental. Nesse diapasão vale
relacionar os seguintes vícios:
- Artificialidade dos Planos Diretores decorrentes da contratação de
elaboradores que desconhecem a realidade dos locais onde se pretende fazer
a implementação;
- Uso de Planos desenvolvidos para outra localidade (simples cópias);
- Adoção de Planos retóricos, que atendem ao Estatuto apenas formalmente;
- Distorções provocadas por legislações casuístas;
- Desconsideração dos processos participativos para elaboração dos Planos;
- Contaminação dos Planos por interesses econômicos de grupos restritos.

Plano Diretor Dentre todos os Institutos, merece destaque o Plano Diretor.


Há um capítulo específico na Lei 10.257/01, o Capítulo III, que engloba os
artigos 39, 40, 41 e 42 e seus incisos. Estes dispositivos falam da
obrigatoriedade dos Planos Diretores para determinados municípios e
determinam o que o instrumento deve conter minimamente. Conceito e
Objetivos do Plano Diretor têm sido amplamente discutidos no meio
acadêmico.

2.3.1 Plano Diretor


Como sendo um dos instrumentos de preservação dos bens ou áreas de
referência urbana. Há outros que consideram o Plano Diretor como sendo um
instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a
implantação da política de desenvolvimento urbano.

O importante é que, dentre tantas investidas doutrinárias, o que tem mesmo


prevalecido como cerne conceitual é o estabelecido no artigo 182, § 1º, da
Constituição Federal de 1988, qual seja, que “o Plano Diretor, aprovado pela
Câmara Municipal, [...] é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
de expansão urbana”. Esse mesmo texto aparece replicado no artigo 40 da Lei
Federal 10.257/01.(8) Quanto aos Objetivos do Plano Diretor, tem prevalecido

340
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
a definição da Lei Federal 10.257/01, que em seu artigo 2º afirma que “a
política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade, [...]”. O que se tem entendido é que com o
advento do Estatuto da Cidade procurou-se estabelecer um modelo de
desenvolvimento para se seguir.

Neste sentido falam Silva Junior e Passos: Como podemos perceber o


Estatuto da Cidade procura estabelecer um modelo de desenvolvimento a ser
seguido pelos municípios, obedecidas as características de cada um. Isto fica

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


claro quando observamos as diretrizes gerais contidas em seu artigo 2º.
Três principais diretrizes devem ser destacadas: o desenvolvimento
sustentável, a gestão democrática e o planejamento do desenvolvimento das
cidades. (SILVA JUNIOR; PASSOS, 2006, p. 8).
Um Plano Diretor não pode ser visto somente como a expressão da vontade
dos governantes e deve sim ser compreendido como um documento elaborado
pela vontade de toda a sociedade.

O texto que será produzido no Plano Diretor deve ser compreendido como
um texto democrático que expresse a vontade de todos e vise melhorias e
desenvolvimento para o Município.

Todo Plano Diretor é considerado como o pilar do planejamento municipal e


para que se mantenha atualizado com relação às demandas da sociedade
deve ser revisado a cada dez anos. Sobre isso ensinam os mesmos autores:
Como se pode ver, o plano diretor é a base do planejamento do município,
cabendo a ele a tarefa de articular as diversas políticas públicas existentes,
fazendo-as convergir para uma única direção.

A lei do plano diretor deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos e suas
diretrizes e prioridades devem ser incorporadas pelas leis orçamentárias (Plano
Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual). (SILVA
JUNIOR; PASSOS, 2006, p. 11).

341

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2.3.1.1 A importância Do Plano Diretor Efetivo
O plano diretor, se elaborado com participação ativa da sociedade, torna-se
valiosa ferramenta no processo de construção da felicidade desta sociedade e,
consequentemente, no processo de harmonização e pacificação social, fim
norteador do Direito.

Todavia, o processo de elaboração do plano diretor envolve interesses


políticos nem sempre coincidentes com o interesse da população, sendo
iminente o risco de surgimento de planos diretores meramente formais
esculpidos pela ferramenta mercado em prol dos interesses de uns poucos e
em detrimento das necessidades da maioria.

Daí a importância da distinção entre o formal e o efetivo.

Ora, sendo o Plano Diretor um instrumento geral(9) de planejamento do


município como um todo (artigos 4º, III, “a”, e 40, § 2º, do Estatuto da Cidade),
sendo essencial ao desenvolvimento da cidade e parte integrante do processo
de planejamento municipal, intui-se que, para que seja efetivo,(10) precisa mais
do que ser “elaborado” pelo Executivo e aprovado pelo Legislativo, precisa ser
dotado do conteúdo mínimo previsto no artigo 42 do Estatuto da Cidade. Uma
interpretação teleológica desse dispositivo da lei nos leva a compreender o que
quis o legislador minimamente, que o Plano Diretor fosse elaborado de forma a
abarcar todo o território do município (urbano e rural) e, quando nos remete a
outros dispositivos da mesma lei, que o Plano Diretor espelhe a realidade do
município, devendo, sobretudo, ser elaborado com a real participação da
população. Um bom plano diretor não pode ser elaborado sem que
preliminarmente sejam diagnosticadas as características do município como
um todo. O problema que se busca compreender deriva da obrigatoriedade
imposta pela lei a alguns municípios de determinado “porte” para que elaborem
seus Planos Diretores no prazo estabelecido, sugerindo a possibilidade de
criação de um mercado de elaboração de Planos Diretores meramente formais,
logo, imprestáveis aos fins a que se destinam.

342
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O plano diretor formal, embora bem adequado ao processo legislativo,
apresenta impropriedades de conteúdo no que toca aos reais interesses dos
munícipes.

O Plano Diretor formal traz a marca da não participação popular. Ora, se um


dos princípios a serem observados na elaboração dos Planos Diretores é a
participação popular, conclui-se que os Planos Diretores formais padecem de
vícios construtivos de natureza fundamental, básica. Enfim, o plano diretor
deve ser efetivo, ou seja, norteado pelos princípios informativos da Constituição

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Federal (artigos 1º, parágrafo único, e 29, XII), do Estatuto da Cidade e das
Leis Orgânicas Municipais, sob pena de inconstitucionalidade e ilegalidade,
sem prejuízo da responsabilização pessoal do agente público.

E que fique claro: para a Constituição Federal e para o Estatuto da Cidade a


participação popular não se encerra com a participação indireta marcada pela
representatividade política daqueles que foram eleitos pelo povo, obrigando
ainda a participação direta desse mesmo povo de onde emana o poder e a
quem se destinam os frutos do exercício do poder.

Fonte: Google.com

343

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2.3.2 O Zoneamento Urbano e Ambiental
O objetivo do zoneamento urbano e ambiental é controlar a utilização do
solo urbano e industrial e definir as atividades permitidas.

O estabelecimento de normas de uso e ocupação de uma cidade se dá pelo


Zoneamento Urbano, o que induz considerar estar ali um ponto nevrálgico de
todo o (des)equilíbrio do processo de urbanização.

O crescimento desordenado de uma cidade gera fortes conflitos sociais e


impactos ambientais que podem afetar a qualidade de vida das pessoas. Daí a
necessidade de regulamentação do uso e ocupação do solo.

Na elaboração da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o município deve levar


em conta a ligação entre a mobilidade e o adensamento populacional. Esta lei
pode planejar e limitar o adensamento em certas áreas e favorecer o
adensamento em outras áreas com condições mais favoráveis devido à
infraestrutura e topografia.

Desta feita, o zoneamento urbano buscará promover mudanças nos padrões


de produção e consumo da cidade, além de implementar condições
econômicas que permitam cuidar e extrair de forma sustentável os recursos
naturais para a área urbana.

O macrozoneamento define as zonas urbanas e o estágio de expansão


urbana, para controlar em o ritmo de avanço territorial de uma cidade. O
zoneamento ambiental é fator obrigatório e deve preceder o Plano de
Mobilidade Urbana.

Dada a regra constitucional da autonomia municipal (caput do art. 1º c/c


caput do art. 18, ambos da CF), bem como a sua competência para promover,
no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (art. 30, inciso
VIII, da CF), e que isso se dará mediante uma ação administrativa que vise
uma política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

344
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei (art. 182 da CF), e, por fim,
que a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade)
delimitou à União o poder de legislar sobre normas gerais de direito urbanístico
e instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano (art. 3º, I e IV), bem como
outras medidas de interesse urbanístico em nível nacional e regional, sempre
com o auxílio dos demais entes da Federação, haja vista que ao Município
sempre caberá precipuamente a competência de legislar sobre assuntos de
interesse local (CF, art. 30, inciso I), é possível afirmar que ao Município cabe
competência constitucional para definir a zona urbana, elaborar seu Plano

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Diretor e o Plano de Mobilidade Urbana.

2.3.3 Estudo de Impacto de Vizinhança


Com o advento da Lei 10.257/2001, surge no nosso ordenamento jurídico
um novo instrumento de proteção ao meio ambiente municipal, disciplinando a
matéria sobre o Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV, em seus artigos 36 e
37.
O EIV tem por finalidade adequar certos empreendimentos ao contexto no
qual eles farão parte. Ele não segue uma linha reta de adequação, visto que
dentro de uma mesma cidade poderemos ter populações com qualidades de
vidas diferenciadas, cabendo à lei municipal definir critérios diferenciados para
cada região, para que as licenças concedidas possam causar os menores
impactos possíveis à população ali residente.

O EIV deve ser observado na elaboração do Plano de Mobilidade Urbana.


Dentro de um contexto social e econômico, o EIV tem como função principal a
de evitar que determinados centros urbanos se tornem lugares de difícil
convivência social.

A exclusão social fomenta a marginalidade, transformando o local com vícios


de sociabilidade em um palco para violências constantes. Isso vem reforçar a
importância da participação popular no Plano Diretor e Plano de Mobilidade
Urbana, para que se possam solucionar os problemas existentes nas
comunidades sob a ótica e percepção dos habitantes da comunidade.

345

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2.3.3.1 O estudo de impacto de vizinhança e sua influência no
zoneamento urbano, nos planos diretores e planos de mobilidade urbana
O EIV tem sido uma ferramenta muito utilizada pelos municípios na
elaboração dos seus Planos Diretores e podemos conceituá-lo com base na
definição de Lucéia Martins Soares, citada por Humbert:
Documento técnico a ser exigido, com base em lei municipal, para a
concessão de licenças e autorizações de construção, ampliação ou
funcionamento de empreendimentos ou atividades que possam afetar a
qualidade de vida da população residente na área ou nas proximidades.

É mais um dos instrumentos trazidos pelo Estatuto da Cidade que permitem


a tomada de medidas preventivas pelo ente estatal a fim de evitar o
desequilíbrio no crescimento urbano e garantir condições mínimas de
ocupação dos espaços habitáveis. (SOARES, Lucéia Martins. In: DALARI,
Adilson Abreu; FERRAZ, Sérgio (Coord.). Estatuto da Cidade: comentários à
Lei Federal 10.257/2001. São Paulo: Malheiros, 2002).

O EIV tem um cunho eminentemente social, fundamentando-se na função


social da propriedade preconizada pela Constituição Federal de 1988,
assegurando valores e garantias à coletividade.

Compete aos municípios, por meio do seu Plano Diretor, adequar-se à


função social da propriedade. É o que nos ensina Mascarenhas (2005, p. 1): O
Plano Diretor torna-se, assim, um instrumento importante para a proteção
ambiental.

No contexto de meio ambiente urbano, em que imperam a carência


habitacional, a falta de saneamento básico, a falta de planejamento urbano,
problemas de desemprego e organização social, compete ao Município a
responsabilidade de transformar esse cenário e de estabelecer a função social
da propriedade urbana.

346
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2.3.4 Contribuição para integrar as políticas de mobilidade urbana e de
desenvolvimento urbano
A política de mobilidade urbana deve estar articulada a outras políticas
públicas que interferem na qualidade de vida nas cidades.
É importante lembrar que a política de mobilidade urbana é parte da política
de desenvolvimento urbano. Não é possível pensar a cidade, o
desenvolvimento urbano, sem pensarmos na mobilidade urbana.
Não faz sentido construir novos bairros longe de tudo, longe do emprego,
sem comércio local, ou seja, que isolem o cidadão, tanto o pobre quanto o rico,

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


e que acabam exigindo a construção de novas ruas e avenidas e mais
deslocamentos.
A política de mobilidade urbana deve também estar articulada com as
políticas ambientais. Não faz sentido, por exemplo, propor um sistema de
transporte que gasta muita energia, que polui, e esperar que as políticas
ambientais trabalhem depois para diminuir o impacto sobre o meio ambiente.
Uma boa política de mobilidade urbana estimula a economia de energia e
meios de transporte não poluentes.

Fonte: Google.com

347

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O poder público pode dar benefícios?
É possível que sejam concedidos benefícios tarifários a uma classe social ou segmento
de usuários, desde que financiados com recursos definidos em lei específica. Quem deve
decidir para quem vai o subsídio é a população do município, através da Câmara de
Vereadores. Para tomar essa decisão, é necessário que a população conheça qual é o
valor desse benefício e como será pago. Esses cálculos devem ser apresentados à
sociedade que deverá decidir se apoia ou não a criação desse benefício. É preciso
assegurar que há recursos para pagar esse benefício, para que ele não seja interrompido
depois, isto é, se ele é sustentável. A participação da sociedade é uma forma de evitar
que algum político dê benefícios, em troca de votos, benefícios esses com os quais não
podemos arcar. Como estará em lei, o benefício deve ser votado na Câmara dos
Vereadores.

2.3.4.1 Uso E Ocupação Do Solo

A Lei estabelece critérios e parâmetros de uso e ocupação do solo, com o


objetivo de orientar e ordenar o crescimento da cidade. Esta nova lei de uso e
ocupação do solo contempla parâmetros para todo o território da cidade,
inclusive para a Zona Rural. Nela os cidadãos podem consultar os parâmetros
de edificação e os usos permitidos para os terrenos de interesse no Município.

Tratam-se o uso e ocupação do solo por mecanismos de planejamento


urbano, podendo-se construir o conceito de que o uso do solo é o rebatimento
da reprodução social no plano do espaço urbano e a ocupação do solo, por sua
vez, é a maneira pela qual a edificação pode ocupar terreno urbano, em função
dos índices urbanísticos incidentes sobre o mesmo.
Não obstante, sinteticamente, pode-se
dizer que o termo “uso e ocupação do solo”
é definido em função das normas relativas à
densificação, regime de atividades,
dispositivos de controle das edificações e
parcelamento do solo, que configuram o
regime urbanístico.
Fonte: Google.com

348
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O uso e ocupação do solo tem por principais finalidades:
- Organizar o território potencializando as aptidões, as
compatibilidades, as contiguidades, as complementariedades, de
atividades urbanas e rurais;
- Controlar a densidade populacional e a ocupação do solo pelas
construções;
- Otimizar os deslocamentos e melhorar a mobilidade urbana e rural;
- Evitar as incompatibilidades entre funções urbanas e rurais;
- Eliminar possibilidades de desastres ambientais;

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


- Preservar o meio-ambiente e a qualidade de vida rural e urbana.

Para chegar-se a tais escopos, são necessárias ferramentas que permitam


e/ou garantam um planejamento urbanístico focado numa mescla de
interesses, primeiramente, ambientais e, também, locais.

Dentre tais ferramentas, elege-se neste momento, por serem especiais, o


Plano Diretor e o Zoneamento.

Fonte: Google.com

A CF/1988 conferiu competência ao Poder Público municipal para promover


o adequado ordenamento territorial, o desenvolvimento pleno das funções

349

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, desde que
observadas as diretrizes gerais traçadas no Estatuto das Cidades. Tais
resultados podem ser alcançados mediante planejamento e controle de usos,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano, como preceituam o inciso VIII
do artigo 30 e o artigo 182 da Carta Magna.

Em uma cidade desprovida de ordem os usos desenvolvem-se de forma


confusa, com grande prejuízo do bem-estar da população. Ordenar esses usos
é um dos meios de realizar a exigência constitucional de que a Política Urbana
vise a garantir o bem-estar dos habitantes da cidade.

De acordo com a realidade dos municípios é que se irá planejar a forma e os


usos do espaço urbano. Desta forma, pode-se afirmar que não existe uma
fórmula pronta para criação de zonas de usos. A realidade do município é
quem vai mostrar suas necessidades.

2.3.4.2 Lei do Perímetro Urbano

Todo município deve possuir a sua própria lei do perímetro urbano. Esta lei
promove a divisão do município em zonas rurais e urbanas, de forma a auxiliar
o direcionamento das políticas públicas. A propriedade urbana cumpre sua
função quando atende as exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos
cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das
atividades econômicas (Lei 10.257/2001, artigo 39).

Segundo os artigos 40, 41 e 42 da Lei 10.257/2001, cabem ainda as


seguintes considerações:
O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana.

1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal,


devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual
incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.

350
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.
3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez
anos.
4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I - a promoção de audiências públicas e debates com a participação da


população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade;

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


II - a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;
III - o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações
produzidos.
5º (VETADO)
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:
I - com mais de vinte mil habitantes;
II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos
previstos no § 4º do art. 182 da Constituição Federal;
IV - integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V - inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades
com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

§ 1º No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no


inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do
plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
§ 2º No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser
elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano
diretor ou nele inserido.

Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:


I - a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o
parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a
existência de infraestrutura e de demanda para utilização, na forma do
art. 5º desta Lei;

351

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


II - disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;
III - sistema de acompanhamento e controle.

Fonte: Google.com

2.3.4.3 Parcelamento do Solo


O parcelamento do solo pode ocorrer por meio do loteamento ou
desmembramento. Trata-se da subdivisão da terra em lotes destinados à
edificações, com a abertura de novas vias de circulação, modificação ou
ampliação das já existentes. No desmembramento, a principal diferença é que
há abertura de novas vias de circulação.

Fonte: Google.com

352
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Nos projetos de parcelamento são geradas células fundamentais de
ocupação que são os lotes articulados pelo sistema viário conformando desta
forma quadras, e estas formam, por sua vez, os bairros.
A legislação atual que regulamenta o parcelamento do solo preconiza o
ambiente urbano sustentável, atentando sempre para a valorização da vida
humana, aliando o crescimento urbano à preservação ambiental. Alguns
elementos construídos ou projetos são fundamentais na equalização de uma
boa ocupação territorial como a infraestrutura, o sistema viário, a legislação, o
zoneamento, os aspectos culturais, históricos e econômicos, as áreas públicas

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


verdes, de lazer e institucionais, dentre outras.

O Código Florestal, a Lei Federal de Parcelamento do Solo Urbano, o Plano


Diretor e a lei de Ocupação e Uso do Solo desempenham um papel
fundamental para a vida urbana, definindo os critérios para os projetos de
loteamento e desmembramento nos terrenos públicos ou particulares.

Ao término das obras de parcelamento faz-se necessária a Baixa de


Parcelamento do Solo para que se consolide o loteamento anteriormente
aprovado e possa haver a liberação da ocupação dos lotes, uma vez verificada
a implantação de toda a infraestrutura instalada.
Para melhorar a mobilidade das pessoas e mercadorias por meio do
planejamento e gestão do parcelamento do solo urbano, algumas orientações
são fundamentais:
- restringir o parcelamento do solo das áreas distantes da área
urbanizada;
- incentivar a promoção de loteamento de baixa renda em áreas bem
atendidas pelo transporte coletivo;
- Integrar o sistema viário dos novos loteamentos com o sistema viário
existente;
- promover a acessibilidade das pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida;
- adotar modelos que propicie a adequação da velocidade dos veículos,
priorize a segurança dos pedestres, facilite a circulação e a integração
das diversas áreas da cidade;

353

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


- promover e incentivar a implementação dos meios de transporte não
motorizados, construir ciclovias e ciclo faixas.

Para a realização do processo de parcelamento do solo, é necessário que o


empreendedor siga algumas etapas que podem variar de acordo com o
município de implantação do empreendimento.
Tomamos como exemplo o da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, onde
deve-se seguir as seguintes orientações:

1- Providenciar a documentação necessária listada no formulário


próprio, disponível no portal da PBH.

2- Apresentar na Central de Atendimento BHRESOLVE o formulário


de solicitação de Diretrizes, devidamente assinado, e toda
documentação nele indicada. O atendente receberá a documentação e
emitirá o respectivo protocolo eletrônico com o qual o interessado
poderá acompanhar, via internet ou telefone, o atendimento da
solicitação. A consulta poderá ser efetuada com o número do
protocolo fornecido.

3- Após a emissão do protocolo, será aberto o respectivo processo


administrativo que será enviado para análise da Comissão de Diretrizes.

4- Definidas as diretrizes, o interessado será comunicado via SIASP


sobre o parecer emitido pela comissão. Uma vez definidas as Diretrizes,
estas terão prazo de validade de 1(um) ano, desde que a legislação
vigente à época não venha sofrer alterações. Na eventualidade de
alteração da legislação, as Diretrizes fornecidas estarão
automaticamente invalidadas não cabendo solicitação de revalidação
das mesmas, sendo então necessário protocolo de nova solicitação,
caso haja interesse.

Todo esse processo é regido e amparado pela legislação vigente, que no


caso citaremos mais uma vez a da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

354
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
DECRETO Nº 12.154, DE 30 DE AGOSTO DE 2005

Dispõe sobre a reestruturação da Comissão de Diretrizes para Loteamento.

O Prefeito de Belo Horizonte, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista as disposições do
Decreto nº 9.065, de 26 de dezembro de 1996 e da Lei nº 9.011, de 01 de janeiro de 2005,
decreta:

Art. 1º - A Comissão de Diretrizes para Loteamento passa a denominar-se Comissão de Diretrizes


para Parcelamento.

Art. 2º - A Comissão de Diretrizes para Parcelamento passa a ter a seguinte composição:

a) Secretária Municipal Adjunta de Regulação Urbana, a quem caberá a coordenação da

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Comissão;
b) 01 (um) representante da Gerência de Licenciamento Urbanístico da Secretaria Municipal
Adjunta de Regulação Urbana;
c) 01 (um) representante da Gerência de Licenciamento de Parcelamento do Solo, da Secretaria
Municipal Adjunta de Regulação Urbana;
d) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas;
e) 01 (um) representante da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A;
f) 01 (um) representante da Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente;
g) 01 (um) representante da Superintendência de Desenvolvimento da Capital;
h) 01 (um) representante da Secretaria Municipal Adjunta de Habitação;
i) 01 (um ) representante da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte S/A.

§ 1º - Compete ao coordenador da Comissão proferir a decisão sobre os processos examinados


pela Comissão de Diretrizes para Parcelamento.
§ 2º - Compete ao representante da Gerência de Licenciamento de Parcelamento do Solo, da
Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana, secretariar as reuniões.
§ 3º - Compete aos demais membros examinar e relatar os processos para subsidiar a decisão do
coordenador.

Art. 3º - O prazo máximo para expedição das Diretrizes de Parcelamento é de 30 (trinta) dias
contados a partir da data do protocolo do processo de requerimento de diretrizes para
parcelamento.
Art. 4º - O projeto deverá atender, além das Diretrizes estipuladas, às exigências contidas na Lei
Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, alterada pela Lei nº 9.785, de 29 de janeiro de
1999, e na Lei Municipal nº 7.166, de 27 de agosto de 1996, suas modificações posteriores e
demais normas pertinentes.
Art. 5º - A Comissão de Diretrizes para Parcelamento reunir-se-á semanalmente.
Art. 6º - É facultado a qualquer membro da Comissão de Diretrizes para Parcelamento requerer
vista da matéria em pauta, pelo prazo máximo de 7 (sete) dias, sem prejuízo do prazo estipulado
no artigo 3º.
Art. 7º - Ficam sujeitos às diretrizes da Comissão: a) os parcelamentos vinculados; b) os
parcelamentos para condomínios; c) os reparcelamentos que envolvam desafetação de áreas
públicas; d) os loteamentos; e) os desmembramentos de grande porte.
Art. 8° - Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação, revogando o Decreto nº 11.411,
de 08 de agosto de 2003. Belo Horizonte, 30 de agosto de 2005

Fernando Damata Pimentel


Prefeito de Belo Horizonte

355

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2.3.4.4 O Código de Obras
A legislação urbanística existe para se estabelecer limites às ações
humanas que interferem no espaço urbano e na qualidade de vida na cidade.
Essas ações estão relacionadas com as necessidades próprias de uma vida
em um grande centro urbano, como moradia, trabalho, educação, saúde,
locomoção, alimentação e lazer.
Assim, a Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana - SMARU,
através da aplicação da legislação urbanística, tem por objeto de trabalho não
apenas as ações relacionadas à construção do espaço urbano, por meio de
loteamentos e edificações, mas, também as atividades dentro desse espaço,
visando ao bem comum e à harmonia social.
A SMARU aplica a legislação em dois momentos: no licenciamento, exigido
para qualquer intervenção urbana ou exercício de atividade e na fiscalização,
indispensável para monitorar o cumprimento da lei. Assim, apesar da
fundamental importância do papel da fiscalização, sua ação não é apenas
punitiva é, antes de tudo, educativa, em função do contato direto com a
comunidade.
Atualmente alguns procedimentos de licenciamento estão descentralizados e
são desenvolvidos pelas Administrações Regionais sob a coordenação da
SMARU.
Assim, a legislação urbanística é um instrumento a ser utilizado para termos
uma cidade melhor para se viver e, para isto, temos que conhecê-la, participar
de sua elaboração, aplicá-la e exigir seu cumprimento.
Por outro lado, não basta apenas uma legislação forte e bem elaborada. É
preciso uma conscientização do cidadão em dividir o espaço urbano sem
conflitos de interesses, respeitando limites e preservando a identidade da
capital.
O ordenamento jurídico organiza-se hierarquicamente a partir da legislação
federal. Desta forma, alguns princípios fundamentais da política urbana
municipal são decorrentes da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da
Cidade, Lei Federal n.º 10.257/2001.
No âmbito municipal, o Capítulo XI da Lei Orgânica trata da política urbana e
define os instrumentos para viabilização desta política.

356
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Consulte o link abaixo para saber mais informações a
respeito da elaboração do código de obras adotados
pelos municípios brasileiros.

http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/guia_codigo_obras_1.pdf

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Fonte: Google.com

2.3.4.5 Código de Postura


Sancionado em 8 de abril de 2010, o Código de Posturas reúne o conjunto
de normas que regulam a utilização do espaço urbano pelos cidadãos. É a uma
lei que regulamenta a melhor convivência das pessoas em um município em
questão. Toda prefeitura, amparado pela legislação federal, tem o direito de
criar e aplicar o seu código de postura.
Para uma melhor compreensão do código, é de fundamental importância a
participação da população no processo, evitando assim desacordos e
improbidades no desenvolvimento da cidade.

Consulte o link abaixo para saber mais informações a


respeito da elaboração do código de postura adotado
pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

http://rmbh.org.br/sites/default/files/MZRM.BELO.HORIZONTE.CP.9845.2010
.Codigo.Posturas.Cartilha.pdf

357

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3. TRANSPORTE URBANO SUSTENTÁVEL

A mobilidade sustentável no contexto sócio-econômico da área urbana pode


ser vista através de ações sobre o uso e ocupação do solo e sobre a gestão
dos transportes visando proporcionar acesso aos bens e serviços de uma
forma eficiente para todos os habitantes, e assim, mantendo ou melhorando a
qualidade de vida da população atual sem prejudicar a geração futura. Um bom
programa de políticas de atuação urbana (PROPOLIS, 2004) visando a
mobilidade sustentável consiste na coordenação de ações conjuntas para
produzir efeitos acumulativos de longo prazo atrelados ao balanceamento de
metas ambientais, econômicas e sociais da sustentabilidade, incluindo as
seguintes ações :

 Combinar políticas de tarifação de transporte público e uso de


automóvel refletindo os custos externos causados e com diferenciação
em relação a hora de pico e fora do pico, tanto quanto, em áreas
congestionadas e não congestionadas.
 Direcionar os programas de investimento em transportes para as
mudanças que possam ocorrer na demanda devido às políticas de
ação anteriormente descritas e especialmente com relação ao aumento
da demanda por melhores transportes públicos, ou seja, mais rápidos e
com melhores serviços.
 Desenvolver um plano de uso do solo dando suporte a necessidade
por novas moradias próximas as áreas centrais, em cidades satélites
ou ao longo de corredores bem servidos de transporte público, além da
crescente necessidade e oportunidade de utilizar o transporte público.

Foi observado que em algumas cidades da Europa ações deste tipo têm
levado a uma considerável melhoria sobre as três dimensões da
sustentabilidade urbana _ social, econômica e ambiental, se comparada com a
manutenção da situação atual, e nos melhores casos há um aumento dos
níveis atuais de sustentabilidade.

358
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Podemos, assim, identificar como estratégias para alcançar a mobilidade
sustentável no contexto sócio-econômico, aquelas que visem :
 o desenvolvimento urbano orientado ao transporte;
 o incentivo a deslocamentos de curta distância;
 restrições ao uso do automóvel;
 a oferta adequada de transporte público;
 uma tarifa adequada a demanda e a oferta do transporte público;
 a segurança para circulação de pedestres, ciclistas e pessoas de
mobilidade reduzida;

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


 a segurança no transporte público.

Parte das estratégias acima citadas está relacionada com a forma de


ocupação urbana em que se destacam: o adensamento na proximidade de
corredores e estações de transporte público, a implantação de
estacionamentos para integração com o sistema de transporte público,
adequação de calçadas e implantação de vias para ciclistas e faixas de
travessias para pedestres.

Uma outra parte está relacionada com a gestão do transporte público,


envolvendo operadora e o poder público em que se destacam: a oferta de um
transporte com qualidade de serviço e com tarifa de acordo com este serviço, a
integração física e tarifária e, principalmente, em grandes centros, garantir a
segurança do usuário do transporte público.

Observe-se que as estratégias têm a sua contribuição para a


sustentabilidade na medida em que incentivam o uso do transporte público,
reduzem o uso do automóvel, e consequentemente, diminuem os impactos
causados por este, tais como: a poluição atmosférica e sonora, e os tempos
perdidos nos engarrafamentos. Desta forma, aumentase a mobilidade da
população facilitando o seu deslocamento para o desenvolvimento de suas
atividades.

359

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3.1 A Mobilidade Sustentável No Contexto Ambiental
Neste contexto, destaca-se a questão das tecnologias de transporte como
elemento que tem sua contribuição no impacto ao meio ambiente. Este impacto
pode ser associado a fatores como o consumo de energia, a qualidade do ar e
a poluição sonora .
Além disso, existe também a relação com a intrusão visual e a acessibiliade
a áreas verdes. Na tabela abaixo, adaptada de um estudo realizados por
Banister et al (2000), destacam-se algumas questões relacionadas com a
mobilidade sustentável e os possíveis impactos/indicadores ambientais.

Tabela - Questões e Indicadores relacionados com o transporte e o Meio


ambiente
Questões Indicadores/ Impactos
Esgotamento de recursos Consumo de Energia
Mudanças Clímáticas Emissões de CO2
Emissão de NOx
Poluição do ar Emissões de NOx,CO, VOCs,
e outros poluentes
Geração de Lixo Relação entre veículos jogados
fora e veículos reciclados
Poluição da água Emissões de NOx
Intrusão de Infra-estrutura Extensão da infra-estrutura de
Transportes Perda de área verde
Segurança Viária Acidentes

Em relação à qualidade do ar, a redução do problema vem inicialmente


através de uma redução do uso do transporte privado por meio das ações
apresentadas no item anterior, e principalmente, em relação àquelas que
incentivam o não transporte, ou seja, facilidades para pedestres e ciclistas.

No aspecto específico da tecnologia existe a preocupação quanto ao tipo de


combustível a ser utilizado no transporte público, em que pese a redução no

360
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
consumo de combustíveis fósseis que provocam a emissão de dióxido de
carbono (CO2).

Desta forma, busca-se o uso de energias mais limpa como o gás e


hidrogênio e a própria energia elétrica visando à melhoria da qualidade do ar. É
importante observar que a produção destas energias alternativas deve estar de
acordo com o desenvolvimento sustentado, ou seja, dentro de um limite dos
recursos dispensados e sua cadeia de produção.
Também, neste contexto, deve-se considerar os elementos que geram uma

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


melhor fluidez do tráfego e que aumentam a segurança urbana. Nestes
aspectos estão os sistemas de controle de tráfego, incluindo sistemas de
controle da velocidade, e sistemas inteligentes de transporte.

Estes sistemas podem produzir um melhor desempenho da circulação viária,


reduzindo congestionamentos, tempos de viagem e acidentes e,
consequentemente, reduzir a poluição atmosférica e sonora.

Agregue-se a este conjunto o transporte de carga urbana, cujos veículos


além de contribuírem para a poluição ambiental, prejudicam a fluidez do tráfego
e agravam os problemas de congestionamento de vias. Assim, também deve
existir em relação a este transporte a preocupação quanto a tecnologia do
veículo, principalmente, quanto ao tipo de combustível utilizado, e à adequação
das vias e locais para carga e descarga.

Então, como forma de alcançar a mobilidade sustentável no contexto


ambiental deve-se considerar estratégias que incluam:
 investimento em transporte público utilizando energia limpa
 políticas de restrição de uso do transporte individual em áreas já
poluídas;
 aumento da qualidade do transporte público;
 implantação de sistemas de controle de tráfego e de velocidade;
 adequação de veículos de carga , vias e pontos de parada ;
 conforto urbano: calçadas adequadas, ciclovias , segurança em
travessias e arborização de vias.

361

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3.2 O Transporte como um organismo vivo: um modelo de avaliação para
a Sustentabilidade
Como pode então uma cidade definir suas metas de desenvolvimento de
uma forma que seja mais sustentável? Como adotar um sistema de avaliação
que comece a satisfazer a agenda local e global da sustentabilidade? Quais as
variáveis a serem consideradas se o transporte fosse um organismo vivo?

As respostas a essas perguntas foram obtidas mediante estudos


desenvolvidos em universidades e organizações, como os do Painel de
Assentamentos Humanos da Organização de Estudos Ambientais na Austrália
(Newman et al., 1996, em NEWMAN & KENWORTHY, 1999), o estudo com
estudantes da graduação da Universidade da Pensilvânia em 1995 e 1997, e
as advertências geradas pelo projeto UN HABITAT de desenvolvimento de
indicadores de sustentabilidade para cidades do Banco Mundial (World Bank,
1994, em KENWORTHY, 1999). Os estudos mostraram que é possível definir
metas de sustentabilidade para uma cidade ao mesmo tempo em que ela se
torna habitável, quando tais metas se ajustam melhor às capacidades dos
ecossistemas locais, regionais e globais, como é o caso da redução de uso de
recursos e produção de resíduos.

Esse modelo de avaliação, denominado “Extended Metabolism Model of


Human Settlements”, tem como base de avaliação o sistema biológico de
entradas e saídas de resíduos. Esse modelo, também denominado como
Metabolismo Urbano pelo geógrafo Aziz Ab’Saber, avaliaria o transporte desta
forma:
1. O transporte enquanto um organismo que depende de recursos
(fontes renováveis e não renováveis).
2. O transporte enquanto uma ferramenta da dinâmica de fluxos
urbanos compreendido pelos sistemas viário e de circulação; sistema
público e privado; sistema rodoviário e circulação de passagem;
sistema metroferroviário e suas interfaces no espaço urbano; sistema
de abastecimento alimentar; e sistema de abastecimento energético e
de matérias-primas.

362
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3. O transporte e seus reflexos no metabolismo da cidade, como má
qualidade de vida, degradação ambiental, barreira social, violência e
insegurança, desperdícios e deseconomias.
4. O transporte como um mecanismo de funcionamento da cidade por
possibilitar o crescimento e a estruturação do espaço; a união entre
espaços e pessoas; a reprodução das relações; a acessibilidade a
emprego, saúde, educação, lazer e cultura; a reprodução do capital; a
indução de novos polos de desenvolvimento regional; e como fator de
cidadania e de qualidade de vida.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Num cenário de demanda por serviços referenciados em sustentabilidade, é
importante destacar os avanços que ocorreram, mas também assumir as falhas
nesse processo, tais como as idas e vindas na definição de prioridades
políticas e na definição dos projetos, a falta de articulação entre as empresas e
no ambiente interno das mesmas, lembrando que ao longo dessa trajetória
existem as dificuldades e restrições decorrentes da escassez de recursos
públicos para investimentos no setor.

Assim, a superação gradativa de obstáculos de forma consistente, em um


processo de reconstrução a médio e longo prazo, poderá não só permear a
noção do desenvolvimento sustentável na Política de Transporte Urbano, mas
também estabelecer uma agenda ambiental comum entre as políticas de
infraestrutura nas várias esferas públicas, a ser aplicada pelas empresas
privadas e do setor de transporte público. A definição de políticas, planos e
sistemas de transportes poderá incluir a avaliação ambiental estratégica,
instrumento importante de aferição de impactos em nível global.

363

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3.3 Modelos de Transportes Sustentáveis
Um sistema de transporte eficiente é essencial para o desenvolvimento
econômico e social das nações. Ao mesmo tempo, os veículos geram
emissões, congestionamentos e acidentes.

Ao desenvolver soluções de transporte mais sustentáveis, devemos


considerar três aspecto

Fonte: Google.com

Os meios de transportes utilizados nas grandes cidades são responsáveis


por mais de 25% do dióxido de carbono lançado na atmosfera diariamente. A
fim de mudar este quadro, governos de todos os continentes têm investido em
pesquisas para o desenvolvimento de transportes mais sustentáveis, ou seja,
transportes que poluam menos e não causem tantos danos ao meio ambiente.

364
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3.3.1 Ônibus Movidos a Biocombustíveis

Uma das alternativas são os veículos movidos a biocombustíveis. Esse tipo


de comburente é mais limpo que os combustíveis fabricados a partir de
resíduos fósseis como o petróleo, o carvão e o gás natural. Além disso, os
biocombustíveis são recursos renováveis, pois apresentam origem vegetal e
podem ser produzidos a partir de oleaginosas ou da cana-de-açúcar, como é o
caso do etanol.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


 
Fonte: Google.com

3.3.2 O Metrô Como Uma Solução

São Paulo está dando um passo além. Apesar de os ônibus ainda serem o
principal meio de transporte nessa megacidade, transportando oito milhões de
pessoas todos os dias, o metrô tem um papel fundamental no transporte de
quatro milhões de passageiros por dia, dos quais 500 mil usam a linha 4-
amarela. Essa linha é a extensão mais recente e mais inovadora da rede
metroviária de São Paulo. Com quase 13 km de extensão, a linha 4-amarela é
a única linha de metrô sem maquinista da América do Sul.

365

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A megacidade do Rio de Janeiro também está investindo em metrôs. Agora
a população pode ir da lendária praia de Ipanema de modo conveniente pelos
trens urbanos em vez de ônibus quentes e sufocantes. Uma extensão da linha
1 foi concluída em dezembro de 2009.

As estações são até mesmo equipadas com bicicletários monitorados por


vídeo. A Siemens forneceu componentes de mobilidade importantes para a
nova seção, inclusive a iluminação, sistema de vigilância, fornecimento de
energia de emergência, sala de comando e infraestrutura de comunicações.

Fonte: Google.com

3.3.3 BRT
Com o BRT-MOVE, implantado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte,
os ônibus circulam pelas pistas exclusivas das principais avenidas de ligação
ao vetor norte da capital mineira, possibilitando viagens mais rápidas.
Os veículos do MOVE contam com ar condicionado, portas elétricas com
bloqueador (que não permitem a movimentação do veículo de portas abertas),
sistema de freio mais moderno e seguro, suspensão do tipo pneumática que

366
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
suaviza a dirigibilidade para o motorista e o conforto aos usuários, diminui a
produção de ruídos, não permite a transmissão das irregularidades do solo aos
passageiros e reduz os danos ao asfalto.
Dentre várias tecnologias, vale destacar os equipamentos disponíveis para
os motoristas como, por exemplo, os painéis eletrônicos, sistema de
sincronização e automação com as portas das estações, computador de bordo,
sistema de localização primário e secundário, comunicação sem fio, console do
motorista, contador de passageiros, registrador instantâneo e inalterável de
velocidade e tempo, climatizador e ar-condicionado, sistema de comunicação

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


com os usuários e plataforma elevatória.
Os ônibus articulados, com largura externa de 2,6m e 3,8m de altura,
possuem bancos confortáveis e um corredor mais amplo, facilitando a
circulação dos usuários no interior do veículo.
Fonte: Google.com

3.3.4 Monotrilho
Monotrilho é um meio de transporte coletivo elétrico que pode alcançar a
média-alta capacidade, e trafega sobre pneus em via exclusiva. O trem, com 4,
6 ou 8 carros, corre sobre uma viga elevada, que é seu trilho único.

A distância entre os trilhos de ida e volta é determinada pela largura do trem,


menor que a de outros sistemas equivalentes. O monotrilho é o único meio de
transporte em que a via tem largura inferior à do veículo. (SPTRANS: 2010) Ou
conforme Monorail Society, o Monotrilho é definido como um tipo de veiculo
leve sobre trilhos que ao invés de circular em um par de trilhos como as
ferrovias tradicionais, circulam em um único trilho que pode ser metálico ou em
concreto armado e que podem usar rodas metálicas, rodas com pneus de
borracha ou levitação magnética e são movidos a energia elétrica.

O monotrilho oferece a particularidade de um custo menor em relação a


outros sistemas de transporte público. Mais barato que o Metrô e com
capacidade para até 50.000 passageiros/hora por sentido, não sofre
interferência do tráfego de veículos, semáforos e cruzamentos chegando à

367

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


velocidade de até 90 Km/h, boa relação capacidade/custo/tempo e finalmente,
o ruído é baixo pelo uso do motor elétrico e pneus ao invés dos tradicionais
trilhos metálicos. (OLIVEIRA: 2009).

Fonte: Google.com

O sistema já foi testado e aprovado em grandes cidades como Mumbai,


Kuala Lumpur e Las Vegas. Com projetos específicos que levem em conta as
projeções de demanda é possível utilizar o sistema como protagonista do
transporte público em determinada região em consonância com os outros
sistemas de transporte através de integração física e tarifária. Abaixo temos um
comparativo de capacidade de transporte entre os sistemas de ônibus, bonde,
VLT (veículo leve sobre trilhos), monotrilhos e Metrô.

368
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4. SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES E NO ESPAÇO URBANO

A publicação “Our common future” definiu em 1987 o desenvolvimento


sustentável como aquele que deve responder às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer às suas; e
com o surgimento da Agenda 21 em 1992 os países comprometeram-se a
responder às premissas do desenvolvimento sustentável através da análise da
totalidade do ciclo de vida dos materiais, do desenvolvimento do uso de
matérias primas e energias renováveis, e da redução das quantidades de

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


materiais e energia utilizados na extração de recursos naturais, sua
exploração, e a destruição ou reciclagem dos resíduos (Gauzin-Muller, 2002).
Muitas reuniões têm acontecido após a Eco 92; Kyoto em 1996, Haya em
2000 e Johannesburgo em 2002, entre outras, e embora alguns países
tenham colocado em primeiro plano os interesses econômicos próprios,
tem-se tido grandes avanços em vários deles; já que muitos governos estão
considerando a sustentabilidade como um tema central para direcionar o seu
desenvolvimento, produzindo leis e incentivos para edificações que sejam
projetadas considerando variáveis que as deixem mais sustentáveis.
A sustentabilidade não é um objetivo a ser alcançado, não é uma
situação estanque, mas sim um processo, um caminho a ser seguido. Advém
daí que a expressão mais correta a ser utilizada é um projeto “mais”
sustentável. Todo o trabalho nesta área é feito a partir de intenções que são
renovadas continua e progressivamente. Intenções estas genuínas, que
devem estar verdadeiramente compromissadas com os valores do Cliente, a
saber, o contratante, o usuário e a comunidade onde a obra esta inserida.
Conhecer os valores do Cliente, e entender que projeto é o exercício de
intenções e decisões, resulta em uma obra mais sustentável. É esta a
demanda da sociedade atual.
A sustentabilidade é baseada em três aspectos: o ambiental, o econômico e
o social, que devem coexistir em equilíbrio. Como estes aspectos representam
variáveis independentes, as escolhas resultantes serão diferentes em cada
situação apresentada. Portanto, não existe receita nem cálculo absoluto que
determine o que deve ser feito ou não, para que um projeto caminhe na

369

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


direção de uma maior sustentabilidade, sendo a proposta de cada projeto fruto
de escolhas específicas, únicas e originais.
A busca pelo caminho da maior sustentabilidade cabe a todos os envolvidos
no projeto e execução do ambiente edificado. É um trabalho coletivo (em rede)
onde todos devem fazer sua parte, e ao mesmo tempo incentivar os demais
a fazê-lo. As decisões devem ser resultado de uma ação orquestrada com os
demais projetistas, gerenciadores, consultores, fornecedores, executores e
usuários, na medida em que esta escolha pode condicionar ações a serem
efetivadas pelos demais.
A certificação entra neste processo como um reconhecimento de um
trabalho desenvolvido, sem, no entanto, ser sua representação fiel. Um
motivo para esta dicotomia é a não existência de processo adequado às
condições regionais culturais, econômicas e físicas que permitam uma real
avaliação do resultado obtido pelo esforço de tornar uma edificação mais
sustentável. Os critérios de certificação, portanto, devem ser utilizados como
referências auxiliares, mas não determinantes na escolha de materiais e
sistemas construtivos.
As edificações são uma grande consumidora dos recursos naturais,
consumindo segundo Wines (2000), 16% do fornecimento mundial de água
pura, 25% da colheita de madeira, e 40% de seus combustíveis fósseis e
materiais manufaturados. Na Europa aproximadamente 50% da energia
consumida é usada para a construção e manutenção de edifícios e outros 25%
são gastos em transporte. Esta energia é gerada na sua grande maioria por
fontes de combustíveis fosseis não renováveis que estão diminuindo,
provocando também, os resíduos da conversão destes recursos em energia,
um impacto ambiental negativo alto, como o efeito estufa que desencadeia o
aquecimento global.
Razão pela qual muito dos esforços na redução do consumo desses
recursos devem estar focados nos projetos, para torná-los mais eficientes.
Fazendo com que as edificações utilizem menos recursos naturais, materiais e
energia na sua construção e operação, e sejam confortáveis e saudáveis para
viver e trabalhar.
Um projeto sustentável deve ser ecologicamente correto, socialmente justo e

370
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
economicamente viável, envolvendo com isto muitas variáveis, entre as
quais o uso racional da energia se destaca como uma das principais
premissas. Alguns aspectos principais que podem ser destacados na dimensão
ambiental:

Água
Permeabilidade do solo
Utilização de águas pluviais.
Limitação do uso de água tratada para irrigação e descarga.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Redução na geração de esgoto e a demanda de água tratada.
Introdução de equipamentos economizadores de água.

Energia
Otimização do desempenho energético, através do bom desempenho
térmico da edificação, uso de aparelhos energeticamente eficientes; e
uso da iluminação natural e sistemas de iluminação eficientes.
Uso de energia renovável.
Minimização dos problemas de ilhas de calor e impacto no microclima.
Estratégias de ventilação natural.
Conforto térmico.

Seleção de materiais
Reuso da edificação.
Gestão de resíduos da construção.
Reuso de recursos.
Conteúdo reciclado
Uso de materiais regionais.
Materiais de rápida renovação.
Uso de madeira certificada.
Uso de materiais de baixa emissão de gases.

Além destes, também podem ser avaliados os seguintes aspectos ligados à


dimensão ambiental: redução de perdas na construção; durabilidade; e
impacto ambiental do Canteiro.

371

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


4.1 Técnicas e práticas utilizadas no Edifício Verde
O Edifício Verde incorpora uma vasta gama de práticas e técnicas para
reduzir ou eliminar o impacto dos edifícios ao meio ambiente. No lado
estético da arquitetura verde ou projeto sustentável está a filosofia de
projetar um edifício que está em harmonia com as características e
recursos naturais dos arredores do local onde ele vai ser implantado.
Existem vários passos no projeto de um edifício sustentável: especificar
materiais “verdes” de fontes locais, reduzir as cargas, otimizar os sistemas, e
gerar energia renovável no local.

Os materiais tipicamente considerados “verdes” incluem materiais


renováveis como o bambu e a palha, madeira certificada, pedra, metal
reciclado, e outros produtos que são não-tóxicos, reutilizável, renovável ou
reciclável. Os materiais de construção devem ser extraídos e manufaturados
localmente para minimizar a energia embutida em seu transporte.
Materiais de baixo impacto ambiental são usados sempre que possível: por
exemplo, o isolamento pode ser feito com materiais de baixa emissão de
componentes orgânicos voláteis (contaminantes do ar interno que possuem
odor, que causem irritação e/ou são prejudiciais para o conforto e bem-
estar dos instaladores e ocupantes). Pinturas orgânicas ou a base de água
podem ser usadas.

Fonte: Google.com

372
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Materiais de demolição e reciclados são também usados quando
apropriado. Quando edifícios velhos são demolidos, frequentemente peças de
madeira pode ser reciclada, renovada, e vendida como assoalho. Outras
partes são também reutilizadas, como portas, janelas, vigas e peças de
metal, reduzindo assim o consumo de itens novos. Quando possível, alguns
materiais podem ser retirados do local, por exemplo, se uma nova estrutura
está sendo construída em uma área verde, a madeira das árvores que tiveram
que ser cortadas pode ser reutilizada na construção.
Para minimizar as cargas de energia e carga térmica na envoltória, é

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


essencial orientar o edifício para aproveitar as brisas e evitar a radiação solar
excessiva. A luz natural deve ser explorada através do dimensionamento
correto de aberturas e, assim, reduzir o uso de iluminação artificial durante
o dia. A radiação solar pode ser aproveitada para aquecer os ambientes
nos períodos frios, porém deve ser considerado o projeto de sombreamento
adequado para prevenir o calor excessivo no verão.

Os ventos predominantes podem ser utilizados para ventilar e resfriar


naturalmente o edifício no verão. Massa térmica é utilizada para armazenar o
calor ganho durante o dia e liberá-lo à noite, diminuindo a variação diária de
temperatura no interior. O uso de isolamento é o passo final para otimizar a
estrutura. Aberturas e paredes bem isoladas ajudam a reduzir as perdas de
calor no inverno, reduzindo o uso de energia para aquecimento.

Otimizar o sistema de aquecimento e resfriamento através da


instalação de equipamentos eficientes, e inspeções regulares é o próximo
passo. Comparado com o uso de sistemas passivos de aquecimento e
resfriamento, os ganhos com o uso de equipamentos eficientes são
relativamente mais caros e podem adicionar custos significantes ao projeto.
Entretanto um projeto bem elaborado e integrado pode reduzir custos, por
exemplo, uma vez que o edifício foi projetado para ser mais eficiente
energeticamente, é possível reduzir as cargas dos sistemas de aquecimento
ou resfriamento (HVAC).

373

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Por último, o uso fontes renováveis de energia, como energia solar, eólica
ou biomassa pode reduzir significantemente o impacto ambiental do
edifício. Entretanto, geração local de energia é a característica mais cara a
ser adicionada a um edifício.
Uma boa construção sustentável reduz a produção de resíduos, gasto de
energia, água e materiais também durante a fase de obra. Edifícios bem
projetados também ajudam a reduzir a quantidade de lixo gerado pelos
ocupantes, fornecendo soluções locais tais como lixeiras para coleta seletiva
de lixo, e com isso reduzindo a quantidade e de resíduos que iriam para os
depósitos de lixo.

Para reduzir o impacto sobre os reservatórios de água tratada, existem


várias opções. A água usada proveniente de fontes como máquinas de
lavar louças ou roupas, as chamadas “águas-cinza”, podem ser usadas para
irrigação, ou, depois de tratadas, para fins não potáveis, como por exemplo,
descarga de bacias sanitárias e lavação de automóveis. Sistemas de
armazenamento de água da chuva são usados com finalidades similares.

O edifício verde enfatiza tirar vantagem de recursos naturais e renováveis,


isto é, usar a luz solar através de técnicas solares passivas e painéis
fotovoltaicos; usar plantas e árvores através do uso de telhados verdes,
jardins, e para redução de superfícies impermeáveis a água da chuva. Outras
técnicas podem ser utilizadas, tais como o uso de pedregulhos ou cascalhos
para áreas de estacionamento, ao invés de concreto ou asfalto, para aumentar
a absorção de água pelo solo e reposição de água subterrânea.

374
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

A Arquitetura Sustentável aplica técnicas de projeto sustentável à


arquitetura. Da raiz sus (sob) + tenere (segurar, manter); conservar em
existência; manter ou prolongar. É relacionado ao conceito de “edifício verde”
(ou arquitetura verde). Os dois termos, entretanto são frequentemente usados
para relacionar qualquer edifício projetado com os objetivos ambientais em
mente, indiferente de como estes funcionam na realidade em cumprimento a
tais objetivos (Wikipedia, 2007).

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Arquitetura sustentável é moldada pela discussão de sustentabilidade e
pela pressão de questões econômicas e políticas de nosso mundo. Em um
amplo contexto, arquitetura sustentável, procura minimizar o impacto
ambiental negativo dos edifícios por aumentar a eficiência e moderação no uso
de materiais, energia, e espaço construído.

Edifício Verde é a prática de aumentar a eficiência de edifícios e seu uso


de energia, água, e materiais, e reduzir o impacto da construção sobre a
saúde humana e o ambiente, através da melhor localização, projeto,
construção, operação, manutenção, e remoção – o ciclo completo de vida útil
do edifício.
Um conceito similar é o edifício natural, o qual está usualmente em uma
escala menor e tende a focar no uso de materiais naturais e que são
disponíveis no local. Outros termos comumente usados incluem projeto
sustentável e arquitetura verde. Entretanto, enquanto um bom projeto é
essencial para se ter um edifício verde, as fases de operação, manutenção, e
por último a demolição do edifício também possuem efeitos muito significantes
no impacto ambiental da construção como um todo.

Os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade são


relacionados integralmente ao edifício verde. Um edifício verde eficiente pode
levar a:
1) custos operacionais reduzidos, por aumentar a produtividade e por
usar menos energia e água;

375

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


2) saúde do ocupante melhorada devido a melhor qualidade do ar
interno;
3) impacto ambiental reduzido, por exemplo, por diminuir o efeito da
ilha de calor e por absorção do excesso de água da chuva
(superfícies permeáveis).
Os profissionais praticantes do edifício verde frequentemente procuram
alcançar não somente harmonia estética, mas também ecológica entre a
estrutura e o ambiente natural dos arredores. Além disso, o edifício
sustentável é também ambientalmente amigável quando é construído
utilizando-se de materiais que não são agressivos ao meio ambiente.
Como parte da eficiência energética no edifício, também há que se
considerar a análise da energia embutida nos materiais, através do seu ciclo
de vida; desde a sua produção, processo, incorporação na obra, e reciclagem
posterior.

5.1 Estratégias a nível urbano

5.1.2 Minimização dos problemas de ilha de calor e impacto no


microclima (áreas verdes)
Um aspecto importante de planejamento urbano sustentável é o
fornecimento de áreas verdes em diversas escalas. Playgrounds, parques
públicos e jardins em áreas urbanas, além de espaços abertos multi usos na
periferia reduzem a poluição, criam zonas para a vida selvagem, e dá acesso
às zonas rurais.

Os espaços verdes das vizinhanças são moderadores do microclima local.


A presença de água e de vegetação modifica a umidade, a temperatura do ar,
reduz a velocidade do vento, filtra a luz do sol, absorve o barulho e a poluição
do ar. O uso da vegetação também tem um papel importante na redução do
excesso de água da chuva que escorre pela superfície do solo (que não
consegue ser absorvida ou evaporada), e de efluentes.

376
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O tipo de cobrimento das superfícies tem um efeito significante na
temperatura do ar em cidades. Pavimentação de ruas, deficiência de
coberturas vegetais, além do calor gerado pelos carros, fábricas e instalações
de ar condicionado (ou aquecimento), todos esses fatores afetam o ambiente.
Num grande centro urbano, a temperatura pode variar de 5°C a 10°C acima da
temperatura de um parque. Esse fenômeno é conhecido como “ilha de calor”.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Fonte: Google.com

O efeito da ilha de calor pode ser contrabalanceado pelo uso de materiais


reflexivos ou de cor clara (preferencialmente branco) nas superfícies das
edificações, pavimentos, estradas, aumentando com isso o albedo da cidade
como um todo.

Para projetar edifícios com maior conforto térmico e com menos uso
de ar condicionado, são necessárias informações sobre materiais que
permanecem “frios” no sol. Cool Materials ou materiais frios refletem a energia
solar incidente de volta ao espaço e podem ser utilizados para resfriar cidades
inteiras. Enquanto é bem conhecido que materiais brancos são úteis (e
materiais escuros são pobres) para estes objetivos, não se possui
informações precisas e confiáveis sobre esta propriedade de “resfriar” dos

377

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


materiais de construção. Os materiais utilizados em telhados são
particularmente importantes.

Os materiais mais comuns de cobertura absorvem radiação solar,


refletindo somente uma pequena porção da energia incidente. Telhados
escuros podem atingir picos de temperatura de 82°C em um dia quente e
ensolarado. Estas altas temperaturas levam a uma significante condução de
calor para o interior do edifício através do telhado.

Nas coberturas o conceito de cool roofs (telhados frios) está muito


difundido atualmente. Os cool roofs são telhados cujos materiais refletem de
maneira eficaz a energia do sol da superfície do telhado. Os materiais neles
usados (cool materials – materiais frios) para telhados de baixa-inclinação são
caracterizados principalmente por ser na cor branco brilhante, embora cores
diferentes do branco estejam começando a tornar-se disponíveis para
aplicações em telhados mais inclinados. Os telhados frios devem também ter
uma emissividade elevada, permitindo que emitam a energia infravermelha.
Infelizmente os materiais com acabamento metálico tendem a ter baixa
emissividade e não são considerados materiais frescos. Os telhados frios
reduzem a temperatura de superfície da cobertura, reduzindo desse modo o
calor transferido ao interior do edifício, ajudando com isto a reduzir custos de
energia, melhorar o conforto dos ocupantes, reduzir custos de manutenção,
aumentar o ciclo de vida do telhado, e ainda contribuir para reduzir as ilhas
urbanas de calor. (Califórnia Energy Comission).

Fonte: Google.com

378
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.1.3 Água e Resíduos
O manejo do lixo e a conservação da água são itens ligados entre si. O
manejo malfeito do lixo e de resíduos pode comprometer de maneira
irreversível a qualidade da água, com consequências para a população
humana e animal.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Fonte: Google.com

O projetista deve evitar projetar características de paisagismo os quais usem


água potável, assim como qualquer ação que levem a contaminação da água.

Os projetos e regulamentos devem:


- Minimizar a demanda de água adequada para o consumo;
- Minimizar a quantidade de água usada, a ser tratada em sistemas
mecânicos convencionais;
- Minimizar a produção de resíduos sólidos, particularmente aqueles
não classificados.

Estes passos podem reduzir o investimento e os custos de


manutenção para o suprimento público de água, sistemas de
drenagem urbana, e sistemas de manejo de lixo e resíduos.

379

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Sistemas que separam as águas cinzas1 das águas negras2 são
altamente desejáveis. Faixas de cobrimentos permeáveis e lagos permitem
que a água da chuva percole de volta ao solo (lençol freático). As águas
cinzas podem ser tratadas no local usando-se tratamento biológico (tanque de
zona de raízes) antes de ser liberada para o esgoto. Portanto, somente as
águas negras permanecem para ser tratadas em sistemas de tratamento
convencional.

Refugos domésticos e comerciais, lixos de rua, resíduos de construção e


demolição, processos industriais e outros tipos de resíduos, juntamente com o
esgoto apresentam problemas ambientais. Algumas estratégias adotadas na
maioria dos países europeus para minimizar impactos locais incluem:
- Reduzir os resíduos na fonte;
- Selecionar o lixo;
- Reusar ou reciclar;
- Depositar o lixo de forma segura.

Locais para coleta seletiva de lixo, disponibilizada nos bairros ou blocos,


podem fazer os processos de separação, coleta e reuso dos lixos sólidos mais
econômicos. O lixo orgânico pode ser utilizado como fertilizante.

5.1.4 Eficiência Energética


Quase 50% da energia elétrica consumida no Brasil é utilizada por
edificações residenciais, comerciais e públicas. Em 1992 isto representou um
consumo equivalente a um potencial de energia instalado semelhante a duas
hidrelétricas iguais a Itaipu (Lamberts et al, 2004).
Tecnologias recentes têm trazido melhoras significantes na eficiência
energética de outros setores tais como transporte e indústria, mas no setor de
edificações o progresso é relativamente lento.

Reduções no consumo de combustíveis naturais são urgentemente


necessários, tanto em países desenvolvidos quanto nos países em

380
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
desenvolvimento. No Brasil, a energia elétrica é principalmente gerada por
termelétricas e hidrelétricas. É importante ressaltar que as reservas de
combustíveis necessárias às usinas termelétricas vão reduzindo com o tempo
e que não é possível construir usinas hidrelétricas indefinidamente para suprir
a demanda crescente de energia no Brasil. É, portanto, evidente para o futuro
mercado de energia elétrica a necessidade e importância da conservação e
utilização de energias alternativas.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


A eficiência energética pode ser entendida como a obtenção de um serviço
com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é mais eficiente
energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições
ambientais com menor consumo de energia. (Lamberts et al., 1997, p.14).

Através de um uso racional da energia no edifício busca-se então, uma


diminuição no consumo dos usos finais de iluminação, equipamentos, e
aquecimento de água, junto à incorporação de fontes renováveis de energia.
Edificações energeticamente mais eficientes, somente são possíveis através
de projetos que desde a sua concepção incluam critérios de eficiência
energética.

A edificação residencial tem certamente o maior potencial de utilização de


recursos naturais de condicionamento de ar e iluminação.
Nos setores comercial e público, o consumo de energia é fortemente
influenciado pela grande quantidade de calor gerado no interior do edifício.
Diferente da edificação residencial, edifícios comerciais e públicos contam com
maior densidade de usuários, equipamentos e lâmpadas, que levam a
tendência ao superaquecimento dos ambientes, mesmo em situações onde o
clima exterior indica conforto térmico.

Observa-se que a iluminação artificial e o ar condicionado são os grandes


usos finais da energia neste setor, representando aproximadamente 64% do
consumo (44% para iluminação artificial e 20% para ar condicionado,
respectivamente). É mais urgente a necessidade de integração entre sistemas

381

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


naturais e artificiais (tanto de condicionamento quanto de iluminação) visto que
o uso dos sistemas artificiais pode ser imprescindível para a boa produtividade
no espaço interior.

Em certas condições climáticas o ar condicionado é a intervenção mais


adequada a ser feita para garantir o conforto térmico dos usuários.

Neste caso deve-se garantir a estanqueidade dos ambientes, evitando a


infiltração do ar exterior, e optar por aparelhos mais eficientes (EER maior).
Além disso, o projetista deve observar os cuidados requeridos na instalação
do equipamento, não expondo-o ao sol e prevendo o isolamento térmico dos
fechamentos da edificação.

Em condições climáticas onde a temperatura do exterior não ultrapassa os


10,5°C, o aquecimento artificial é aconselhável. É importante o bom
isolamento térmico dos fechamentos, evitando a ventilação da cobertura,
adotando aberturas com vidro duplo e também construindo paredes com
materiais de baixa condutividade térmica. Também nesse caso é necessário
evitar a infiltração do ar externo.

O projetista deve conhecer os sistemas de aquecimento para especificá-los


de forma adequada às necessidades do local, empregando equipamentos
mais eficientes. No caso de edificações com vários ambientes a serem
condicionados, sugere-se a adoção de sistemas de aquecimento central.

Em edifícios comerciais e públicos geralmente o uso do ar condicionado é


necessário, pois o desconforto pode significar perda de clientes e baixa
produtividade. Entretanto, muito pode ser feito pelo projetista para reduzir
a demanda de condicionamento artificial e o consequente consumo de
eletricidade. As estratégias bioclimáticas já analisadas podem não responder
completamente à necessidade de conforto em virtude principalmente das
grandes cargas internas provenientes de iluminação artificial, número de
usuários e de equipamentos.

382
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
É aconselhável seguir os critérios abaixo no projeto ou reforma de edifícios,
objetivando sua menor dependência da climatização e iluminação artificial
(fonte: Papst et al, 2005):

- Uso da vegetação como sombreamento


- Uso de cores claras;
- Emprego da ventilação cruzada sempre que posssível.
- Evitar o uso de vidros tipo “fumê”;
- Redução da transmitância térmica das paredes, janelas e coberturas;

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


- Uso racional da iluminação;
- Utilização de energia solar para aquecimento d’água;
- Indicação de uso correto da edificação e ou sistema ao usuário;
- Uso de proteções solares em aberturas.

5.1.5 Uso da vegetação como sombreamento


É possível que uma proteção solar não seja suficiente para sombrear
adequadamente uma abertura. Na fachada oeste, por exemplo, um brise
adequado às necessidades de sombreamento no verão deveria, em alguns
casos, bloquear completamente a radiação solar. Em algumas horas da tarde
o sol estará quase perpendicular à fachada, o que induziria a uma proteção
que praticamente obstruísse a abertura. Do ponto de vista da iluminação isto
significa um sério problema para o ambiente interno, que necessitará de luz
artificial mesmo durante o dia. O uso de árvores com folhas caducas pode ser
uma solução para o problema. Além de sombrear a janela sem bloquear a luz
natural, permite a incidência do sol desejável no inverno, quando então as
folhas tendem a cair.

5.1.6 Uso da cor


Embora de grande importância plástica na edificação, a utilidade das cores
não se restringe à aparência, mas adentra os conceitos físicos de conforto
térmico e visual. Cores escuras aplicadas nas superfícies exteriores podem
incrementar os ganhos de calor solar, absorvendo maior quantidade de
radiação. Isto pode ser útil em locais onde há necessidade de aquecimento.
De forma complementar, a pintura de cores claras nas superfícies externas de

383

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


uma edificação aumenta sua reflexão à radiação solar, reduzindo os ganhos
de calor pelos fechamentos opacos. No interior, cores claras refletem mais
luz, podendo ser empregadas em conjunto com sistemas de iluminação
natural ou artificial.

Absortividade () em função da cor (fonte: Lamberts et al, 1997)

CORES 

Escuras 0,7 a 0,9

Médias (tijolos) 0,5 a 0,7

Claras 0,2 a 0,5

5.1.7 Ventilação
O sistema de aberturas pode representar um verdadeiro elenco de funções
na edificação. Sua utilidade para o conforto é inquestionável e se compõe por
fatores como a ventilação, o ganho de calor solar, a iluminação natural e
o contato visual com o exterior.

Aberturas bem posicionadas podem garantir a circulação de ar nos


ambientes internos, aconselhando-se sua localização de forma cruzada
sempre que a ventilação for necessária. As janelas com bandeiras basculantes
são bastante úteis em períodos frios, por permitirem a ventilação seletiva
necessária para higiene do ar interno.

Conhecendo-se a direção e a velocidade dos ventos predominantes de um


determinado local, é possível projetar os ambientes, área de aberturas e
posicionamento, para que haja uma distribuição no fluxo de ar interno. A
velocidade média do fluxo ar interno é uma função da velocidade do ar
externo, da rugosidade do ambiente externo, do ângulo de incidência e das

384
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
dimensões e localização das aberturas. Um exemplo (Brown e Dekay,
2004), em um ambiente com uma abertura de 2/3 da largura da parede, a
velocidade média interna do ar será entre 13% e 17% da velocidade do ar
externo, mas se esta área for dividida em duas aberturas na mesma parede, a
velocidade do ar passa para 22% da velocidade do ar exterior. Para aberturas
localizadas em duas paredes, a velocidade média do ar interno passa a ser de
35% a 65% da velocidade do vento externo. Duas aberturas em paredes
opostas permitem o movimento rápido do ar, enquanto aberturas em paredes
adjacentes permitem uma melhor distribuição da velocidade do vento e do

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


feito de resfriamento através do recinto. Quando a ventilação é usada para
resfriamento, é importante localizar as aberturas para que o fluxo de ar passe
pelos usuários.

A ventilação tem duas funções principais dentro de um ambiente:


renovação do ar quente e/ou poluído, e resfriamento dos usuários. Para
velocidades do ar acima de 0,2 m/s, o fluxo de ar em contato com a pele
transfere o calor do corpo humano para o ar quando este tem temperatura
inferior à temperatura da pele. A ventilação é necessária para evitar problemas
da transpiração em locais que tenham o clima com umidades elevadas. A
equação mostra como pode se estimar o efeito de resfriamento psicológico
devido ao movimento do ar (Szokolay, 1999).

dT = 5,2 * (v − 0,2) − (v − 0,2) 2


Onde v é a velocidade do ar na superfície corporal

O limite aceitável para a velocidade do ar é de 1,5 m/s, velocidade a partir da


qual começam a voar papéis. O movimento do ar de 1,5 m/s na superfície
corporal pode diminuir a sensação térmica em até 5K.

5.1.8 Tipo de Vidro


Quanto ao tipo de vidro a ser empregado, dependerá das necessidades
de luz natural e de desempenho térmico do sistema de abertura. Na
edificação residencial, normalmente se quer permitir o ingresso de luz pelas
janelas, evitando ou explorando o calor solar, conforme o período do ano for

385

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


respectivamente mais quente ou mais frio. Hoje existem vários tipos de vidro
disponíveis para controlar as perdas ou os ganhos de calor. Existem
vidros e películas absorventes e reflexivos, vidros duplos ou triplos com
tratamento de baixa emissividade, vidros espectralmente seletivos e
combinações destes tipos entre si.

Em climas quentes se deve evitar o uso de vidros e películas absorventes


(“fumê”), pois são escuros, absorvendo mais luz do que calor. De forma
semelhante, os vidros e películas reflexivas permitem a redução da carga
térmica que, entretanto, pode ser suplantada pela necessidade adicional de
luz artificial.

Em climas frios o ideal seria permitir a entrada do calor solar (onda curta)
evitando as perdas de calor do interior. Vidros de múltiplas camadas são
indicados, pois permitem isolamento entre as placas (normalmente é utilizado
o ar ou algum tipo de gás).

5.1.9 Redução da Transmitância Térmica das paredes, janelas e


coberturas
É através dos fechamentos das edificações que ocorrem as trocas térmicas
entre o ambiente interno e externo. Dependendo do local, é preciso que os
fechamentos de uma edificação protejam o ambiente interno dos fatores
negativos do clima.

Num clima frio, não se quer que ocorram perdas de calor do ambiente
interno para o ambiente externo, com isto, os fechamentos têm de ter boa
vedação e evitar a passagem do calor através dos mesmos. Nos climas
quentes e secos, os fechamentos têm de evitar que o calor externo diurno
passe rapidamente para dentro da edificação, mas este calor deve ser
armazenado para aquecer o ambiente interno no período noturno,
quando as temperaturas externas vão abaixo da zona de conforto. Neste
clima, os fechamentos precisam transmitir pouco o calor e retê-lo ou
armazená-lo.

386
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Nos climas quentes, em ambientes condicionados artificialmente, deve-se
evitar que o calor externo seja transmitido para o interior, pois aumentaria a
carga térmica interna. Em ambientes naturalmente ventilados localizados em
climas quentes e úmidos, a carga térmica advinda da cobertura deve ser
amenizada.

O uso de cores claras reduz a absortividade da radiação solar, mas deve-


se evitar que o calor absorvido seja transmitido para dentro do ambiente.A
transmitância é uma característica térmica dos elementos e componentes

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


construtivos, e é conhecida como “coeficiente global de transferência de calor”.
É a transmitância térmica que permite comparar o comportamento térmico dos
fechamentos das edificações. Quanto menor o valor da transmitância térmica,
menor serão as trocas térmicas dos ambientes internos e externos.

O cálculo de transmitância térmica e o conceito de propriedades térmicas


de elementos e componentes das edificações são apresentados na norma de
Desempenho Térmico de Edificações – Parte 2 (ABNT, 2005).

5.1.10 Uso Racional da Iluminação


O uso da luz natural pode representar uma grande economia de energia na
edificação residencial. Além dos sistemas de aberturas verticais, a
iluminação zenital é bastante útil, podendo iluminar ambientes sem contato
com paredes externas além de valorizarem ambientes arquitetônicos mais
nobres.

Alguns conceitos para se adotar no projeto e obter racionalização na


iluminação de ambientes:

- Integração da luz artificial com luz natural


A luz natural pode ser utilizada para reduzir o consumo de energia
com iluminação. Para que isso seja possível, deve-se buscar
explorá-la de forma integrada com os sistemas de iluminação
artificial. Isto pode ser feito de diversas maneiras, devendo o projetista
conhecer o comportamento dos dispositivos utilizados para iluminação

387

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


natural e dos componentes do sistema de iluminação artificial,
integrando-os em um único sistema. Dentro dessa idéia, sempre que a
luz natural for adequada às necessidades de iluminação do ambiente,
a iluminação artificial deve ser desativada ou reduzida. Alguns
sistemas de controle (como os sensores fotoelétricos) podem ser
empregados com essa finalidade. Não se deve esquecer de balancear
os ganhos de calor que podem estar embutidos no ingresso de luz
natural, pois isto poderia incrementar o consumo de energia para
condicionamento térmico.
A integração da luz artificial com a luz natural pode fornecer melhores
resultados em termos de redução no consumo de energia
principalmente em prédios comerciais e públicos.

- Sistemas de controle da luz artificial


A função de um sistema de controle de luz é fornecer a quantidade
necessária de iluminação onde e quando ela é necessária, enquanto
minimiza o consumo de energia elétrica. Os sistemas de controle são
basicamente de três tipos: sistemas com controle fotoelétrico;
sensores de ocupação e sistemas de programação do tempo.

- Iluminação de tarefa
Esta técnica permite a previsão de níveis de iluminação mais
altos para as tarefas visuais, enquanto se mantém o restante da
iluminação a níveis mais baixos. As áreas circundantes da tarefa
visual necessitam de menos iluminação que o local da tarefa
propriamente dita. Recomenda-se que a iluminação ambiental seja
pelo menos 33% da iluminação da tarefa, para conforto e adaptação
ao transiente. Por exemplo, se uma tarefa requer 750 lux, a
iluminação ambiental deve ser mantida em pelo menos 250 lux. Isto
significa que boa parte da área interna de um edifício pode ter seu
nível de iluminação diminuído, reduzindo também o consumo de
energia.

388
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
- Sistemas de iluminação artificial eficientes
Pode-se reduzir consideravelmente a energia gasta com iluminação
artificial substituindo lâmpadas incandescentes por fluorescentes
comuns ou compactas. A utilização de luminárias mais eficientes
e de reatores eletrônicos também é aconselhável. Em edifícios
residenciais, a energia consumida a noite pelas lâmpadas que
permanecem acesas nas escadas e circulações pode ser reduzida
com a adoção de minuterias ou sensores de presença.
Assim, o tempo que as lâmpadas permanecem acesas é apenas

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


o necessário para que os usuários alcancem a saída ou o seu
apartamento, desligando-se automaticamente o circuito em alguns
minutos.
A melhoria do sistema de iluminação pode representar uma economia
de energia de até 40%. Economizar energia elétrica é 102 vezes mais
barato que gerá-la.

5.1.12 Aquecimento de Água


Uma parcela significativa de energia elétrica é consumida para aquecimento
de água no setor residencial, 25% aproximadamente. O projetista deve prever
tubulação de água quente isolada termicamente em seus projetos, propiciando
a instalação de sistemas de aquecimento a gás ou solar - mais econômicos.
Além de evitarem o consumo de energia elétrica, outra vantagem destes
sistemas é o maior grau de conforto e sua capacidade para atender
diversos pontos de água quente além do chuveiro (torneiras em banheiros,
cozinhas e lavanderias, por exemplo).

5.1.13 Utilização correta dos sistemas propostos


As estratégias de projeto para assegurar a conservação de energia
depende das condições climáticas, localização e forma do edifício, mas
também do tipo, função e padrão de uso. Edifícios de escritórios, escolas
e lojas são principalmente usadas durante o dia, residências podem tanto
ser ocupadas constantemente ou de forma intermitente, enquanto hospitais,
aeroportos e algumas indústrias podem ser de uso constante.

389

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O comportamento dos ocupantes tem um efeito significante sobre o
consumo energético de uma edificação. Uma edificação que foi projetada para
ser energeticamente eficiente pode falhar no seu objetivo se os ocupantes
tiverem um comportamento de desperdício energético. De outra forma, um
comportamento energético consciente pode conseguir economizar e até baixar
o valor das contas de energia.

O ideal seria que o projetista após definido um projeto bioclimático,


passasse ao proprietário da edificação instruções de como usar a edificação.
Estas instruções poderiam ser passadas aos proprietários através de
comunicação verbal ou através de manual.

5.1.14 Uso de dispositivos de Proteção Solar


Em certas épocas do ano (e em alguns lugares do Brasil, em todo o ano),
os ganhos de calor pelas aberturas em vidro podem ser excessivos, causando
desconforto térmico dentro dos ambientes. Este problema pode ser controlado
evitando que os raios de sol penetrem no interior das edificações.

A localização da edificação, a forma da edificação, a orientação solar


adequada dos ambientes, proteções solares externas e vidros especiais,
podem ser usados para reduzir o desconforto térmico. O projeto da parte
externa da edificação deve ser pensado para as condições de verão e de
inverno. O sol excessivo do verão pode ser barrado, enquanto a iluminação
natural deve ser garantida durante todo o ano.

Ao projetar proteções solares deve-se pensar também na sua influência


sobre a luz natural e a visibilidade para o exterior. A adoção de
proteções solares do tipo prateleiras de luz é aconselhável principalmente
para a orientação norte, pois permite sombrear completamente a abertura
enquanto favorece a entrada de luz para o interior.

Os ganhos de calor pelo sol ocorrem tanto pelos elementos opacos


(paredes, cobertura) quanto pelos elementos transparentes (janelas,
clarabóias, etc). Os ganhos de calor pelos elementos da edificação podem ser

390
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
desejáveis quando as temperaturas estão baixas, e indesejáveis com
temperaturas mais elevadas.

Proteções solares quando bem projetadas podem garantir que os raios


solares passem pelas aberturas transparentes apenas nos períodos
necessários. Dependendo da latitude do local e do período do ano, também se
pode conceber proteções solares constituídas de uma parte fixa e outra móvel.
A versatilidade desse sistema permite sombrear o sol indesejável através da
parte fixa, reservando à parte móvel a função de controlar a entrada do sol

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


quando desejável.

Ao especificar proteções solares com partes móveis se deve considerar a


necessidade de manutenção regular e a possibilidade de operação errônea
por parte do usuário. O ideal é promover esclarecimentos sobre as vantagens
e o funcionamento do sistema.

Nos projetos de edificações é importante considerar a posição do sol


durante todo o ano, e o projetista deve visualizar os efeitos das suas soluções
construtivas para poder tomar decisões. Repetir o cálculo da posição do sol
várias vezes pode ser um trabalho árduo, por isso, o uso de representações
gráficas da geometria solar (cartas solares) são uma solução para definir
proteções solares para as edificações.

5.1.15 Uso De Recursos Renováveis


Mesmo ao se tomar providências mínimas, a necessidade de se considerar
o impacto ambiental é uma aspecto indiscutível ao se produzir arquitetura
sustentável.

A questão é, entretanto, o que exatamente está sendo levado em


consideração: efeito estufa, degradação da camada de ozônio, substâncias
cancerígenas produzidas por produtos utilizados no edifício, poluição de
córregos por metais pesados, os problemas de depósitos de lixo ou a
conservação de fontes naturais de água? Ou ainda, deve-se preocupar com o

391

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


esgotamento de recursos naturais, ou o armazenamento de material
radioativo, ou a sobrevivência das árvores?

Tanto a poluição provocada pelas emissões, quanto pela extração,


são formas de impacto ao ambiente. Emissões envolvem a liberação de
substâncias ao ambiente enquanto que o uso de materiais naturais envolve a
extração de substâncias do ambiente para ser utilizado em edifícios
(Williamson et al, 2003).

Agentes químicos ou físicos podem ser liberados ao ambiente como


resultado de atividades humanas associadas com edificações. Algumas
emissões podem afetar pessoas, a fauna ou a flora diretamente ou contribuir
para uma gradual perturbação no ecossistema da Terra. As principais
conseqüências ambientais causadas por emissões atribuídas ao edifício
(resultante da fabricação e operação) são: efeito estufa; destruição da camada
de ozônio, substâncias tóxicas liberadas no ar; depósitos de lixo, e
radioatividade.

- Efeito estufa:
Causada por gases que bloqueiam a radiação infra-vermelha da terra;
este efeito altera o balanço de calor e pode resultar em mudanças
climáticas perigosas.

- Destruição da camada de ozônio:


A camada de ozônio na estratosfera da Terra absorve radiação
ultravioleta (UV). A radiação UV excessiva é prejudicial à vida animal e
vegetal (é uma das causas, por exemplo, do câncer de pele). As
substâncias que causam a destruição da camada de ozônio são um
grupo de produtos químicos manufaturados conhecidos como Cloro-
fluorcarbonos (CFCs).

Desde a década de 20, CFCs têm sido usados para um número de


aplicações em edifícios, tais como na fabricação de espumas
plásticas, líquidos refrigerantes em sistemas de refrigeração e ar

392
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
condicionado, em sistemas de extinção de fogo, e como solventes
para limpeza. Uma vez descartados na atmosfera, estes produtos
químicos levam cerca de 20 anos para migrar para a camada de
ozônio e, então, sob a ação da luz do sol, eles liberam cloro que tende
a destruir a camada de ozônio. Um acordo internacional, Protocolo de
Montreal de 1987, foi firmado com o objetivo de eliminar o uso dos
produtos químicos mais prejudiciais a camada de ozônio.

- Substâncias Tóxicas:

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Muitas substâncias descarregadas no ar, água e solo provenientes da
fabricação e operação de edifícios são venenosas para seres
humanos e outros animais, plantas e para o ecossistema. Doenças
relacionadas à qualidade do ar interno tem se tornado muito comum e
de crescente preocupação pública.
Muitos itens comumente encontrados em edifícios podem liberar
gases químicos. Algumas fontes voláteis são óbvias, por exemplo,
adesivos e pinturas. Existem também as fontes menos óbvias, tais
como madeiras tratadas, laminados, carpetes, e germes provenientes
de fungos e mofo.

A principal fonte de gases é proveniente de componentes


orgânicos voláteis (COVs), os quais se tornam um gás ou vapor à
temperatura normal ou sob a influência do calor. Estes podem afetar
trabalhadores que fabricam os mesmos ou fazem a instalação, os
usuários do edifício e/ou os trabalhadores que realizam reformas ou
demolições durante a vida útil do edifício. A exposição às substâncias
tóxicas pode resultar em doenças específicas tais como irritação
das mucosas ou da pele, mas frequentemente se manifestam como
doenças não específicas tais como dores de cabeça, fadiga ou
dificuldades de concentração.

393

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


- Depósitos de Lixo
Muitos países enfrentam a falta de locais adequados para a disposição
do lixo. Uma disposição inapropriada de produtos residuais pode
resultar na poluição do ar, do solo ou de córregos.

- Radioatividade
Muitas pessoas enxergam o perigo que pode ser causado por
possíveis acidentes em usinas nucleares e os problemas de
armazenamento de lixo radioativo como potencialmente a mais
arriscada das ameaças enfrentadas pela raça humana.
O esgotamento previsto do estoque de combustíveis fósseis do
planeta e dos recursos minerais devido à extração é uma
preocupação particular na maior parte da literatura sobre
sustentabilidade. Neste contexto é importante distinguir entre fontes
não renováveis e fontes renováveis de energia.

- Fontes Renováveis:
Fontes renováveis são, por definição, inesgotáveis, mas a
produção potencial de materiais renováveis tal como a madeira é
limitada. As principais fontes renováveis são:
• Solar;
• Eólica;
• Biomassa;
• Hidrelétrica;
• Geotérmica.

- Fontes não-renováveis:
Podem ser divididas em:
a. Combustíveis fósseis
• Óleo,
• Gás Natural
• Carvão
b. Nuclear

394
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A seguir, algumas fontes renováveis que podem ser usadas em edifícios para
gerar energia são brevemente descritas (Lechner, 2001):

5.1.16 Energia Solar


O termo energia solar se refere ao uso de radiação solar de formas
diferentes. Os dois principais métodos de utilização de energia solar em
edifícios são:

- Fototérmica:

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


A energia fototérmica visa à quantidade de energia que um objeto é
capaz de absorver sob a forma de calor. Assim, quanto mais quente o
coletor ficar, maior será a quantidade de energia por ele produzida.
Não é somente a captação que interessa, armazenar esse tipo de
calor também é muito importante. O produto mais utilizado para
produzir essa energia é o coletor solar. Esses equipamentos são
aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são denominados
coletores, concentradores e coletores planos, em função da existência
ou não de dispositivos de concentração da radiação solar. Os fluidos
aquecidos são armazenados térmica e isoladamente até o uso final.
Atualmente, os coletores são usados para aquecer água em
residências, hotéis, hospitais, entre outros, já que reduzem o consumo
de energia elétrica.

- Fotovoltaica:
A energia fotovoltaica converte diretamente a luz solar em eletricidade,
método conhecido como efeito fotovoltaico. A célula fotovoltaica é
uma unidade fundamental do processo de conversão. Primeiramente,
a busca por esta tecnologia se deu pelas empresas do setor de
telecomunicação, que procuravam fontes de energia para sistemas
isolados em localidades remotas.
O segundo estímulo para a energia foi a corrida espacial, pois era
o sistema mais barato e adequado para os longos períodos de
permanência no espaço. A energia solar também foi usada em
satélites. Os painéis fotovoltaicos, responsáveis pela captação e

395

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


transformação da luz solar em energia, são feitos de silício, o segundo
componente mais abundante da Terra.

Nos últimos vinte anos, nos países desenvolvidos, o custo da


eletricidade fotovoltaica vem diminuindo gradualmente, e está em
processo de se tornar competitiva com a eletricidade convencional. O
maior potencial de uso dessa energia para a arquitetura são as células
fotovoltaicas integradas ao edifício.

5.1.17 Energia Eólica


Em lugares onde o vento é abundante e a eletricidade é cara, a energia
eólica é frequentemente a melhor fonte de energia. Em várias partes do
mundo, turbinas gigantes e fazendas eólicas estão gerando eletricidade para a
rede. Pequenas turbinas podem ser uma fonte de eletricidade para edifícios
individuais, onde a fonte de vento é suficiente, a qual é função de ambas
velocidade e duração.
Uma vez que a energia produzida por uma turbina de vento é proporcional
ao cubo da velocidade do vento, ter um local com velocidades altas de vento é
crítico, e existe um grande incentivo para elevar a turbina o mais alto possível
para alcançar velocidades de vento maiores. A maioria das vezes as turbinas
são colocadas em torres, mas também podem ser colocadas no topo de
edifícios. A maior desvantagem da energia eólica é que a mesma não é
constante. No caso de instalações conectadas à rede, a natureza intermitente
do vento não é um problema, pois a rede fornece energia quando o vento
não está disponível.

5.1.18 Biomassa
A fotossíntese armazena energia solar para usar mais tarde. Este é o modo
como as plantas resolvem o problema da disponibilidade difusa e intermitente,
a qual está associada à energia solar. Esta energia armazenada pode ser
transformada em calor ou eletricidade, ou convertida em combustíveis como
gás metano, álcool, e hidrogênio.
A queima de biomassa no lugar do combustível fóssil pode reduzir o
problema do aquecimento global já que biomassa é “neutra em carbono”. Ao

396
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
crescer, as plantas removem a mesma quantidade de dióxido de carbono da
atmosfera, a qual é enviada de volta quando a biomassa é queimada.
Portanto, não existe mudança no conteúdo de dióxido de carbono da
atmosfera.

Resíduos da agricultura, tais como a palha; resíduos industriais como


lascas de madeira; ou resíduos do consumidor como o lixo, pode ser
queimado para produzir calor ou para a produção de eletricidade. Alguns
resíduos da agricultura podem ser fermentados e produzir álcool etanol e

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


usado como combustível líquido. Todo tipo de resíduo orgânico pode ser
“digerido” e transformado em gás metano. A madeira usada para aquecer
residências é um exemplo de energia de biomassa.

5.1.19 Hidrelétrica
Hoje em dia, quase toda a eletricidade gerada provém de hidrelétricas. O
gasto maior é com a construção das barragens. Uma vantagem da hidrelétrica
sobre as outras fontes de energia renováveis é o modo relativamente simples
de armazenar energia. A principal desvantagem é que grandes áreas de terra
devem ser alagadas para criar os lagos que armazenam a água.
Estas terras são usualmente áreas agrícolas produtivas e
normalmente habitadas. Outra desvantagem é a perturbação da ecologia local,
como por exemplo, os peixes não conseguem alcançar as suas áreas de
desova.

5.1.20 Pequenas Centrais Hidrelétricas


Como o próprio nome indica, uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) é
uma usina hidrelétrica convencional, só que de pequeno porte. Enquanto
Itaipú tem uma potência instalada de 12.600 MW, as PCH's não passam de 30
MW.
As PCH são apontadas como uma das principais energias alternativas a
se expandirem no Brasil. Isso porque o país, que em 2005 obteve 77,1% da
sua energia elétrica a partir da força das águas, pode aproveitar ainda mais
esse potencial com o uso de PCH's

397

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Geotérmica
A energia geotérmica aproveita o calor do subsolo da Terra e pode ser
usada de duas maneiras: a extração do calor originário do solo profundo; e o
uso do solo logo abaixo da superfície como fonte de calor no inverno e como
um absorvedor de calor no verão (heat sink).

Uso racional de água


A conservação da água pode ser definida como qualquer ação que:
• reduza a quantidade de água extraída em fontes de suprimento;
• reduza o consumo de água;
• reduza o desperdício de água;
• aumente a eficiência do uso de água;
• aumente a reciclagem e o reúso de água

Medidas de controle de vazamento:


• garantia de qualidade dos sistemas prediais hidráulicos;
• detecção e controle de vazamentos (projetos hidráulicos que
contemplem a acessibilidade ao sistema; monitoração do
consumo)

Medidas de redução no consumo:


• controle do desperdício (uso de dispositivos de controle de
tempo de uso em banheiros públicos; medições individuais em
condomínios);
• redução do volume consumido (controle da vazão; controle do
tempo de uso, e reuso da água).

Alternativas para reduzir a demanda de água tratada:


• Mudança de hábitos;
• Aproveitamento de águas pluviais;
• Utilização de equipamentos de baixo consumo de água;
• Reuso de água

398
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.1.21 Aproveitamento de Águas Pluviais
A água pluvial é coletada em áreas impermeáveis, ou seja, telhados, pátios,
ou áreas de estacionamento, sendo em seguida, encaminhada a reservatórios
de acumulação.

A água deve passar por unidades de tratamento para atingir os níveis de


qualidade correspondentes aos usos estabelecidos em cada caso.
A metodologia básica para o projeto de sistemas de coleta, tratamento e
uso de água pluvial envolve as etapas:

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


• determinação da precipitação média local (mm/mês);
• determinação da área de coleta;
• determinação do coeficiente de escoamento superficial;
• caracterização da qualidade da água pluvial;
• projeto do reservatório de descarte;
• projeto do reservatório de armazenamento;
• identificação dos usos da água (demanda e qualidade);
• estabelecimento do sistema de tratamento necessário

A precipitação média local deve ser estabelecida em função de dados


mensais publicados em nível nacional, regional ou local.
A área de coleta deve ser determinada no caso de telhados, que são
normalmente inclinados, em projeção horizontal, de acordo com a NBR-
10844/89: Instalações prediais de águas pluviais.

O coeficiente de escoamento superficial é determinado em função do


material e do acabamento da área de coleta.

A caracterização da qualidade da água pluvial deve ser feita utilizando-se


sistemas automáticas de amostragem para posterior caracterização.
O reservatório de descarte destina-se à retenção temporária e posterior
descarte da água coletada na fase inicial da precipitação. O volume do
reservatório de armazenamento é calculado em base anual, considerando-se

399

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


o regime de precipitação local e as características de demanda específica de
cada edificação.

Os sistemas de coleta e aproveitamento de águas pluviais requerem


cuidados gerais e características construtivas que permitam a segurança do
abastecimento, a manutenção e qualidade da água. Ressalta-se:

• evitar a entrada de luz do sol no reservatório;


• manter a tampa de inspeção fechada;
• realizar a limpeza anual do reservatório;
• assegurar que a água coletada seja utilizada somente para fins
não otáveis;
• prever a conexão (sem possibilidade de contaminação) de água
potável com o reservatório de armazenamento, assegurando o
consumo por ocasião de estiagens prolongadas;
• pintar de cor diferenciada as linhas de coleta e de distribuição de
águas pluviais;
• deverão ser colocadas placas indicativas junto das torneiras de
acesso geral, com a inscrição “Água não-potável”;
• a qualidade da água deve ser submetida a um processo de
onitoramento.

Foi publicada recentemente a norma NBR 15527:2007: Água da Chuva -


Aproveitamento de Coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Esta
norma fornece os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de
coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Aplica-se a usos não
potáveis em que as águas de chuva podem ser utilizadas após tratamento
adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias, irrigação de
gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e
ruas, limpeza de pátios, espelhos d'água e usos industriais.

400
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5.1.22 Utilização De Equipamentos De Baixo Consumo De Água
Tecnologia de Produtos Aplicada ao Uso Racional da Água (fonte PNCDA –
Documentos Técnicos: DTA F1):
Buscando soluções técnicas para reduzir o consumo de água e evitar os
desperdícios, muitas empresas em todo o mundo pesquisam novos sistemas e
produtos que se tornam cada vez mais eficientes. Apresentam-se, neste item,
os principais tipos de produtos destinados à racionalização do uso da água
nos edifícios. No DTA F2 podem ser vistas as fichas técnicas padronizadas
de diversos desses produtos, disponíveis o mercado nacional e internacional.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Bacias sanitárias e dispositivos de descarga

Atualmente, no Brasil, alguns fabricantes de louça sanitária estão em fase


de aperfeiçoamento e/ou início da comercialização de bacias com caixa
acoplada com capacidade para 6 litros. Outros produzem e comercializam
bacias VDR para serem utilizadas em conjunto com caixas de descarga com
volume reduzido (6 litros), fixada na parede.

Normalmente comercializadas em países da Europa e nos EUA, as bacias


de volume de descarga reduzido (VDR) são conjuntos de bacia sanitária com
caixa acoplada que trabalha com volume reduzido de água por descarga, o
qual varia de fabricante para fabricante e de país ou região, mas cujos valores
estão em torno de 9 a 6 litros nos EUA e entre 9 e 3 litros na Europa.

Outro tipo de sistema é a Bacia com caixa acoplada dual. Esse tipo de
componente é projetado de modo a permitir ao usuário a possibilidade de
escolha entre dois volumes de água de descarga, um maior, igual ao volume
útil da caixa, e outro menor, igual a 50% deste volume, que pode ser utilizado
quando houver na bacia somente dejetos líquidos.

Torneiras de lavatórios e cozinhas

A utilização de pequenos artefatos adaptados a torneiras, têm como


finalidade uma melhor distribuição do jato de água. Além da uniformização

401

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


deste, tais peças agem como reguladoras de vazão e redutoras de pressão
principalmente em locais destinados a lavagens com manuseio das peças,
como, por exemplo, cozinhas e lavabos (já não fazem sentido em torneiras de
jardim ou de máquinas de lavar).

Tais peças podem significar economia de água, pois permitem um melhor


controle de vazão e uma melhor distribuição de água. Efeitos hídricos com
peças na forma de turbina aumentam a aceitação das mesmas. A instalação
de telas e filtros tem efeito semelhante. Ambos necessitam apenas de
cuidados de limpeza.

Pode-se encontrar no mercado diversos tipos e modelos de torneiras


destinadas à higiene pessoal, inclusive as torneiras misturadoras com
monocomando. O funcionamento básico de todas é semelhante.

Do ponto de vista da conservação da água, nessas torneiras o que


interessa é a forma do jato, sua vazão e o tempo de duração do uso.
Nesse sentido, é importante que às torneiras sejam incorporados
dispositivos que controlem a dispersão do jato e reduzam a vazão e o tempo
de duração do uso a um valor mínimo. Para controlar a dispersão do jato e
reduzir a vazão, existem dispositivos desenvolvidos com esta finalidade,
tais como o arejador, o pulverizador (spray-tap), o atomizador (atomised spray)
e o prolongador.

Torneiras acionadas por sensor infravermelho


Nesse caso, a torneira é dotada de sensor infravermelho, o qual funciona
com um conjunto de emissor e receptor. O receptor detecta a reflexão emitida
pelo anteparo colocado à frente das mãos e aciona a válvula solenóide que
libera a água para o uso. O fluxo cessa quando as mãos são retiradas do
campo de ação do sensor.

O sensor infravermelho pode estar localizado na própria torneira ou logo


acima, na parede. O sistema é alimentado por transformador de baixa
voltagem (24V). Alguns modelos são dotados de baterias auxiliares que

402
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
são acionadas quando falta energia. O sistema controla o tempo de uso da
água, evitando assim o desperdício.

Torneiras com tempo de fluxo determinado


Esse tipo de torneira é dotado de um dispositivo mecânico que, uma
vez acionado, libera o fluxo de água, fechando-se automaticamente após um
tempo determinado. Geralmente, encontram-se no mercado essas torneiras
dotadas de arejador, melhorando ainda mais o seu desempenho em relação à
economia de água.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


Chuveiros
Uma alternativa para a redução do consumo de água nos chuveiros, sejam
eles de aquecimento integrado ou não, são dispositivos limitadores de vazão,
instalados a montante do chuveiro, que, a partir de certa pressão, estrangulam
progressivamente a seção da passagem de água, de modo a limitar a vazão
em um determinado volume.

Reuso de água para fins não potáveis:


• Reuso das “águas cinzas” para descargas de toaletes ou para
irrigação de jardins: a água usada é tratada através de purificação em
sistemas de tratamento de água (tratamento biológico com zonas de
raízes);
• Utilização de água da chuva: tanques para armazenar água
da chuva podem ser instalados, sendo a água armazenada utilizada
para descargas de toaletes, em máquinas de lavar roupa, para rega
de jardins e lavação de carros e quintais.

5.2 Gerenciamento de Resíduos da Construção


Os resíduos de construção e demolição (RCD) são classificados por
exceção na NBR10004 como inertes. Embora em sua grande maioria se
submetidos á análise, os RCD típicos provavelmente seriam classificados como
não inertes, especialmente devido ao seu pH e dureza da água absorvida, em
alguns casos eles podem conter contaminações importantes.

403

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Estas contaminações podem tanto ser oriundas da fase de uso da
construção a partir dos quais foram gerados quanto do seu manuseio posterior.
Estes contaminantes podem afetar tanto a qualidade técnica do produto
contendo o reciclado quanto significar riscos ambientais. (John e Agopyan,
2000) RCD retirados de obras expostas à atmosfera marinha podem estar
contaminados por sais que, dependendo da situação, podem levar a corrosão
de metais. Seu uso em concreto armado, por exemplo, deve ser limitado.

Outra fonte significativa de risco são os RCD oriundos de construções


industriais. Do ponto de vista ambiental, o problema principal com este tipo de
resíduo está relacionado a sua deposição irregular e aos grandes volumes
produzidos. A deposição irregular do resíduo é muito comum em todo mundo.
No Brasil, os números estimados por PINTO (1999) para cinco cidades médias
variaram entre 10 e 47% do total gerado.

Estes resíduos depositados irregularmente causam enchentes, proliferação


de vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e degradação do
ambiente urbano. Às vezes estes resíduos são aceitos por proprietários de
imóveis que os empregam como aterro, normalmente sem maiores
preocupações com o controle técnico do processo, o que pode levar a
problemas futuros em construções erigidas nestas áreas.

5.2.1 Medidas Para Redução Da Geração De RCD


O resíduo da construção é gerado em vários momentos do ciclo de vida das
construções:
• fase de construção (canteiro);
• fase de manutenção e reformas;
• demolição de edifícios.

Os resíduos de construção são constituídos de uma ampla variedade de


produtos, que podem ser classificados em:
• Solos;

404
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Materiais “cerâmicos”: rochas naturais; concreto; argamassas a
base de cimento e cal;
• resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas;
• cerâmica branca, especialmente a de revestimento;
• cimento-amianto; gesso – pasta e placa;
• vidro
• Materiais metálicos, como aço para concreto armado, latão,
chapas de aço galvanizado, etc.;
Materiais orgânico: como madeira natural ou industrializada;

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO



plásticos diversos; materiais betuminosos; tintas e adesivos; papel de
embalagem; restos de vegetais e outros produtos de limpeza de
terrenos.

Do ponto de vista técnico as possibilidades de reciclagem dos


resíduos variam de acordo com a sua composição. Quase a totalidade da
fração cerâmica pode ser beneficiada como agregado com diferentes
aplicações conforme sua composição específica. As frações compostas
predominantemente de concretos estruturais e de rochas naturais podem
ser recicladas como agregados para a produção de concretos estruturais. A
presença de fases mais porosas e de menor resistência mecânica, como
argamassas e produtos de cerâmica vermelha e de revestimento, provoca
uma redução da resistência dos agregados e um aumento da absorção de
água. Assim agregados mistos têm sua aplicação limitada à concretos de
menor resistência, como blocos de concreto, contra-pisos, camadas
drenantes, etc. Uma aplicação já tradicional no mercado – embora ainda
apresente problemas técnicos – é a reciclagem destes resíduos mistos na
produção de argamassas em canteiro, através de equipamento específico.

5.2.1.1 Outras medidas de minimização de resíduos da Construção Civil:


• Projeto modulares de pisos, azulejos e pastilhas;
• Utilização de formas metálicas e de polipropileno para a
confecção do concreto;

405

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


• Coleta seletiva dos resíduos durante a obra e elaboração de
manual e plano de gerenciamento de resíduos;
• Prever local de coleta seletiva de lixo para o condomínio;
• Utilizar tintas à base de água (sem solventes);
• Tomar medidas para aumentar o desempenho, vida útil e
durabilidade da construção.

5.2.1.3 Plano integrado de gerenciamento dos resíduos da construção:


Resolução CONAMA 307.
Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil,
com diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das
responsabilidades dos pequenos geradores e transportadores, e Projetos
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que orientem, disciplinem
e expressem o compromisso de ação correta por parte dos grandes
geradores de resíduos. Os Projetos de Gerenciamento contemplam as
seguintes etapas:
• Caracterização;
• Triagem;
• Acondicionamento;
• Transporte e Destinação.

Os geradores de pequenos volumes devem descartar em áreas


cadastradas, enquanto que os geradores de grandes volumes auto-
declaram compromisso de uso de transportadores cadastrados e áreas de
manejo licenciadas, através de um Projeto de Gerenciamento de resíduos.

5.3 Sistemas de classificação de eficiência energética e certificação de


edifícios:
Os dois principais mecanismos para articular a participação de avaliação
energética no setor da construção civil são: regulamentação e certificação de
energia.

406
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Regulamentação em eficiência energética estabelece limites máximos de
consumo ou tabelas prescritivas com valores mínimos de eficiência, além de
estabelecer ferramentas para a avaliação de desempenho energético de
edifício.

Certificação de energia é um mecanismo de mercado, cujo principal


objetivo é promover padrões mais altos de desempenho de energia do que as
regulamentações prescritivas.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


O sucesso de uma regulamentação em eficiência energética em controlar
efetivamente o consumo de energia do setor da construção está associado ao
indicador de desempenho de energia adotado, e às ferramentas de avaliação
fornecidas. Atualmente, as normas de eficiência energética nos diferentes
países são muito heterogêneas em relação a estes dois aspectos, bem
como nos limites estabelecidos dos requisitos.

Já para a certificação de energia atingir o objetivo pretendido, deve-se


fornecer informação clara e detalhada sobre o desempenho de energia do
edifício. Assim como para a regulamentação, os indicadores implementados
numa certificação condicionará sua capacidade de alcançar o objetivo
pretendido.

Classificar o desempenho energético de edifícios está se tornando um


aspecto de extrema importância do edifício em operação. Um edifício com
uma alta classificação pode ser elegível para um reconhecimento especial
através de um programa obrigatório ou voluntário. Este reconhecimento
valoriza o imóvel, aumentando seu valor de venda ou de aluguel. Além disso,
os sistemas de classificação também ajudam a identificar edifícios que
consomem muita energia, fornecendo, então, oportunidade para que medidas
de conservação energética serem tomadas. O sistema de classificação de
edifícios é um fenômeno crescente e usado por vários países (Olofsson et al,
2004).

407

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Atualmente, praticamente todos os países da Europa, além de Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong, possuem um sistema de
avaliação e classificação de desempenho ambiental de edifícios.

6. LEED:
O sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é uma
norma nacional (EUA) voluntária, baseada em consenso, criada para o
desenvolvimento de edifícios de alta performance e sustentáveis. O sistema
LEED foi desenvolvido pelos membros do U.S. Green Building Council,
representando todos os segmentos da indústria da construção civil. O LEED
se encontra atualmente disponível ou sob desenvolvimento para os seguintes
setores:
• Novos Edifícios Comerciais e grandes projetos de renovação (LEED-
NC);
• Edifícios Existentes (LEED-EB);
• Projetos de interiores de edifícios comerciais (LEED-CI);
• Projetos da Envoltória e da parte central do edifício (LEED-CS);
• Residências (LEED-H);
• Desenvolvimento do Bairro (localidade) (LEED-ND).

Os principais objetivos do sistema LEED são:


• Definir “green building” por estabelecer um padrão comum de medição;
• Promover a prática de projeto integrado, do edifício como um todo;
• Reconhecer a liderança ambiental na indústria da construção;
• Estimular a competição na construção sustentável;
• Aumentar a consciência nos consumidores dos benefícios de
edificações sustentáveis;
• Transformar o mercado da construção.

O programa fornece uma estrutura completa para acessar o desempenho


do edifício e atender as metas de sustentabilidade. Baseado em padrões
científicos bem fundamentados, o LEED enfatiza estratégias para o

408
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
desenvolvimento sustentável local, aproveitamento de água, eficiência
energética, seleção de materiais e qualidade ambiental interna. O programa
reconhece os sucessos alcançados e promove o conhecimento em edifícios
sustentáveis através de um sistema amplo, oferecendo certificação de projeto,
suporte profissional, treinamento e recursos práticos (www.usgbc.org).

O LEED é dividido em 7 categorias: siting (desenvolvimento sustentável


local); water conservation (uso eficiente da água); energy (energia);
materials (materiais); indoor environmental quality (qualidade ambiental

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


interna); innovation (inovação) e design (processo de projeto). Cada
categoria contém um número de créditos específico; cada crédito corresponde
a um ou mais pontos possíveis (ver tabela).

Tabela: Estrutura de Avaliação do LEED


Categoria Pontos Possíveis (% do
Sustainable sites 14 (20%)
Water Efficiency 5 (7%)
Energy/ atmosphere 17 (25%)
Materials/ resources 13 (19%)
Indoor Evaluation Quality 15 (22%)
Innovation 4 (6%)
Accredited professional 1 (1%)
Total 69 (100%)
(fonte: USGBC)

Um projeto que ganha pontos suficientes (26) pode tornar-se “LEED


Certified”, atingindo 33 pontos ganha a classificação Silver, 39 pontos - Gold
e 52 pontos ou mais Platinum.

Tabela: Níveis de classificação do LEED


Níveis de Pontos
LEED Certified 26 a 32
Silver 33 a 38
Gold 39 a 51
Platinum 52 a 69
(fonte: USGBC)

409

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O critério mínimo de nivelamento exigido para avaliação de um edifício pelo
LEED é o cumprimento de uma série de pré-requisitos. Satisfeitos todos estes
pré-requisitos, o edifício torna-se elegível a passar para a etapa de análise e
classificação de desempenho, dada pelo número de créditos obtidos.

Para ganhar pontos na categoria de energia, o projeto precisa usar


procedimentos de “boa prática”. Deve-se projetar em conformidade com a
ASHRAE/IESNA 90.1 – 1999 ou de acordo com código local mais rigoroso.

Não usar refrigerantes CFCs nos sistemas de refrigeração ou aquecimento


artificial. Pontos para: reduzir os custos com o projeto da energia em 10%,
20%, 30%, 40%, 50%, ou 60%; suprir 5%, 10%, ou 20% do uso total de
energia via sistemas locais renováveis; fornecer 50% da eletricidade a partir
de fontes renováveis sob um contrato de dois anos.

De acordo com (White Paper on Sustainability Report, 2003), enquanto se


supõe produzir edifícios melhores e mais sustentáveis através do programa
LEED, o processo por si só não garante ótimos resultados. Um estudo da
Universidade de Michigan concluiu que enquanto o LEED parece estar
alcançando seus objetivos de eco-labeling como ferramenta política e de
mercado, o programa não é tão bem sucedido como sendo uma metodologia
ampla para avaliação de impacto ambiental.

Obviamente, para criar um edifício bem projetado e totalmente


sustentável, é muito mais complexo do que seguir uma checklist.

Um número de questões mais substantivas e complexas que estão sendo


discutidas pelos membros do comitê do programa e do USGBC inclui o
seguinte:
• Como considerar diferenças regionais (clima, água, sol,
fontes de energia) no contexto de um programa nacional;
• Como estabelecer (se necessário), um “peso” de pontos mais
racional.

410
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Um relatório do Federal Environmental Executive declara que,
enquanto o LEED tem certos pré-requisitos, estes são freqüentemente
de condições mínimas. Como resultado, é possível ter um
desempenho fraco ou relativamente na média em algumas áreas e
mesmo assim obter a classificação “certified”;
• Introduzir avaliação do ciclo de vida na estrutura do LEED, de
maneira que o desempenho dos componentes e da estrutura do
edifício a longo prazo seja dada maior consideração do que na versão
atual do método.

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


7. REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA PARA ETIQUETAGEM VOLUNTÁRIA
DE NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFÍCIOS COMERCIAIS

A primeira iniciativa no âmbito de legislações efetivamente instituídas para


promover a eficiência energética no país surgiu como conseqüência da crise

de energia de 2001, quando foi sancionada Lei No 10.295, de 17 de outubro


de 2001, que “dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso
Racional de Energia” (BRASIL, 2001a). O artigo 4º desta lei afirma que “o
Poder Executivo desenvolverá mecanismos que promovam a eficiência
energética nas edificações construídas no País”. Dois meses depois a
regulamentação foi publicada sob forma do Decreto 4.059 de 19 de

dezembro de 2001, indicando, no artigo 1o, que “os níveis máximos de


consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, (...), bem como as
edificações construídas, serão estabelecidos com base em indicadores
técnicos e regulamentação específica (...)” (Brasil, 2001b).

No decreto, fica instituído o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de


Eficiência Energética - CGIEE, composto por representantes do Ministério de
Minas e Energia; Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de representantes da
Agência Nacional de Energia Elétrica; Agência Nacional do Petróleo, e um
representante de universidade brasileira e um cidadão brasileiro, ambos

411

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


especialistas em matéria de energia. No âmbito desse decreto, cria-se o
Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações no País (GT-
MME), que deverá estabelecer procedimentos para avaliação da eficiência
energética das edificações e criar indicadores técnicos referenciais do
consumo de energia destas edificações.

Em 2003 foi lançado o PROCEL Edifica, através do Plano de Ação para


Eficiência Energética em Edificações, estabelecendo 6 vertentes de ação:
arquitetura bioclimática, indicadores referenciais para edificações, certificação
de materiais e equipamentos, regulamentação e legislação, remoção de
barreiras à conservação da energia e, por fim, educação. Cada vertente
apresenta uma série de projetos que visam implementar a eficiência
energética na cultura construtiva nacional, desde a fase anterior ao projeto,
através da educação e certificação de materiais, até a revisão de leis de
eficiência energética para constante atualização tecnológica. Um destes
projetos é o desenvolvimento da própria regulamentação da eficiência
energética das edificações.

A Universidade Federal de Santa Catarina, através de um convênio com a


Eletrobrás/PROCEL, fica responsável pelo desenvolvimento da base técnica
para esta regulamentação. Nas discussões geradas a partir dos estudos
desenvolvidos no âmbito desse projeto, verificou-se que as várias soluções
eficientes de projeto (envoltória) em conjunto com o uso de equipamentos
eficientes podem levar estas soluções para diferentes níveis de classificação
de eficiência do edifício. Portanto, é possível continuar a trabalhar com a
escala de variação para definição de uma classificação que incentive a
construção de edificações cuja eficiência esteja acima do mínimo requerido
por uma norma. Diante desse quadro, o GT optou por desenvolver uma
regulamentação para etiquetagem de edifícios, em vez de uma norma de
prescrições mínimas, com o objetivo de promover padrões mais altos de
desempenho de energia e trazer um diferencial de mercado para edificações
mais eficientes.

412
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O objetivo da regulamentação brasileira é criar condições para a
Etiquetagem Voluntária do nível de eficiência energética de edifícios
comerciais e públicos. Há duas maneiras de provar conformidade com a
regulamentação: seguindo os Requisitos para o Sistema de Iluminação;
Sistema de Condicionamento de ar e Envoltória, ou usando Simulação para
comparar os resultados com um edifício similar que está de acordo com os
requisitos da classificação pretendida.

Os requisitos exigidos na regulamentação são divididos em: eficiência e

ESTUDO DE IMPACTO E DESENVOLVIMENTO URBANO


potência instalada do sistema de iluminação, eficiência do sistema de
condicionamento do ar e o desempenho térmico da envoltória do edifício.
Os requisitos são avaliados separadamente e têm níveis de eficiência que
variam de A (mais eficiente) a E (menos eficiente). Para obter a classificação
geral do edifício, as classificações por requisitos devem ser avaliadas,
resultando numa classificação final. Para isso, pesos são atribuídos para cada
requisito, e de acordo com a pontuação final, é obtida uma classificação geral
que também varia de A a E. Os pesos estão assim distribuídos: Sistema de
Iluminação (DPI) = 30%; Sistema de Condicionamento de Ar (CA) = 40%;
Envoltória (Env)= 30%.

413

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Regulamenta a Lei no 10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispõe
sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, e
dá outras providências. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, 2001b.
Disponível em:
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PLANO diretor participativo: dinâmicas sugeridas nas oficinas de elaboração de


planos diretores.

PLANO diretor participativo: guia para elaboração pelos municípios e cidadãos.


Ministério das Cidades.

PLANO diretor participativo: os vereadores no processo de elaboração dos


planos diretores.

416
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
PLANO diretor participativo: SNPU 2006.

PLANO diretor participativo: termo de referência: convênios e assistência


técnica para elaboração de planos diretores.

PAPST, A. L.; GHISI, E.; COLLE, F.;de ABREU, S. L.; GOULART, S.;
BORGES, T. Eficiência Energética e uso racional da energia na edificação.
Florianópolis, 2005. Organização e edição: Alexandre Montenegro e Ana Ligia
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417

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


CURSO TÉCNICO EM
MEIO AMBIENTE
ETAPA 3

ESTUDO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS EM
ÁREAS AGRÍCOLAS E
AGROINDUSTRIAIS
Sumário
CAPÍTULO 1
Conceito de Agricultura e Agronegócio ........................................................................................................422

CAPÍTULO 2
Sistemas Agroindustriais ............................................................................................................................. 428

CAPÍTULO 3
Gerenciamento dos sistemas agroindustriais ............................................................................................. 438

CAPÍTULO 4
Definição de agricultura familiar ................................................................................................................ 443

CAPÍTULO 5
Agricultura Sustentável e Pecuária Sustentável ........................................................................................ 449

CAPÍTULO 6
Diagnósticos de realidades agrarias ............................................................................................................457

CAPÍTULO 7
Planejamento Ambiental em unidades Rurais ............................................................................................ 464

CAPÍTULO 8
Manejo (Agro) Ecológico do Solo .................................................................................................................474

CAPÍTULO 9
Tipos de produção, colheita, beneficiamento e armazenamento de vegetais.............................................479

CAPÍTULO 10
Nutrientes Minerais...................................................................................................................................... 483

CAPÍTULO 11
Cooperativas ................................................................................................................................................. 485

EXERCÍCIOS ................................................................................................................................................. 488

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 492

420
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Avaliações- 1º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Trabalho Bimestral 10,0

Atividades Bimestral 10,0

Avaliação bimestral 20,0

Total de Pontos 40,00

Avaliações- 2º Bimestre

Critérios de distribuição de pontos

Data Atividades Valor

Mostra Tecnológica 10,0

Trabalho Segundo Bimestre 10,0

Atividades Bimestrais 10.0

Avaliação bimestral 30,00

Total de Pontos 60,00

421

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


1- Conceito de Agricultura e Agronegócio

A agricultura é a lavoura ou o cultivo da terra e inclui todos os trabalhos


relacionados com o tratamento do solo e a plantação de vegetais. As actividades
agrícolas destinam-se à produção de alimentos e à obtenção de verduras (legumes),
frutas, hortaliças e cereais.
A agricultura implica a transformação do meio ambiente para satisfazer as
necessidades do homem.
É esta capacidade que distingue o ser humano dos outros seres vivos.
O surgimento da agricultura foi um
passo essencial no desenvolvimento
da humanidade. Os historiadores
afirmam que, no período Neolítico, o
homem passou da caça, da pesca e
das colheitas para as atividades
agrícolas e pecuárias. O trigo e a

Agricultura Disponível em cevada terão sido as primeiras plantas a


http://eidhhgp6d.blogspot.com.br/ Acesso em Dez
de 2013 serem cultivadas.
Acredita-se que as pessoas começaram a
desenvolver a agricultura a partir do momento em que certas alterações climáticas
tornaram a temperatura mais amena e na sequência da escassez da caça e dos
alimentos cultivados em determinadas regiões.
Com a agricultura, os alimentos disponíveis passaram a aumentar bem como
a quantidade da população a nível global. Por outro lado, as sociedades tornaram-se
sedentárias e passaram a considerar a propriedade privada sobre bens imóveis.
Atualmente, os trabalhadores agrícolas recorrem à tecnologia e à engenharia
genética para melhorar a produtividade do solo e dos cultivos. Da mesma forma, a
ciência tem contribuído para que as sementes sejam mais resistentes às pragas e se
possam adaptar a diferentes climas e solos.
“Agricultura" relacionava-se a todo o conjunto de atividades desenvolvidas no
meio rural, das mais simples às mais complexas, quase todas dentro das próprias
fazendas.

422
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
A população começou a sair do meio rural e dirigir-se para as cidades,
passando, nesse período, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes no meio
urbano (caso do Brasil).
O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos índices de

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


produtividade agropecuária. Com isso, menor número de pessoas cada dia é
obrigado a sustentar mais gente.
Assim, as propriedades rurais cada dia mais:
• perdem sua auto-suficiência;
• passam a depender sempre mais de insumos e serviços que não são seus;
• especializam-se somente em determinadas atividades;
• geram excedentes de consumo e abastecem mercados, às vezes, muito distantes;
• recebem informações externas;
• necessitam de estradas, armazéns, portos, aeroportos, softwares, bolsas de
mercadorias, pesquisas, fertilizantes, novas técnicas, tudo de fora da propriedade
rural;
• conquistam mercado;
• enfrentam a globalização e a internacionalização da economia.

Mudança de Agricultura para Agronegócio

Então, o conceito de setor primário ou de "agricultura" perdeu seu sentido,


Porque deixou de ser somente rural, ou somente agrícola, ou somente primário.,
A "agricultura" de antes, ou setor primário, passa a depender de muitos
serviços, máquinas e insumos que vêm de fora. Depende também do que ocorre
depois da produção, como armazéns, infra-estruturas diversas (estradas, portos e
outras), agroindústrias, mercados atacadista e varejista, exportação.
Cada um desses segmentos assume funções próprias, cada dia mais
especializadas, mas compondo um elo importante em todo o processo produtivo e
comercial de cada produto agropecuário. Por isso, surgiu a necessidade de uma
concepção diferente de "agricultura". Já não se trata de propriedades auto-
suficientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infra-estrutura que
envolvem agentes diversos e interdependentes.
Foi analisando esse processo complexo que dois autores (John Davis e Ray
Goldberg), professores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos da América,

423

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


em 1957, lançaram um conceito para entender a nova realidade da agricultura,
criando o termo agribusiness, e definindo-o como:

" ... o conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde


afabricação dos insumos agropecuários, das operações de produção
nas unidades agropecuárias, até o processamento e distribuição e
consumo dos produtos agropecuários 'in natura' ou industrializados"
(apud RUFINO, 1999).
" Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia
produtiva agrícola ou pecuária(...).

O termo espalhou-se e foi adotado pelos diversos países. No Brasil, essa


nova visão de "agricultura" levou algum tempo para chegar. Só a partir da década de
1980 começa a haver difusão do termo, ainda em inglês. Os primeiros movimentos
organizados e sistematizados surgiram de focos, principalmente em São Paulo e no
Rio Grande do Sul.

O termo agribusiness atravessou praticamente toda a década de 1980 sem


tradução para o português e foi adotado de forma generalizada, inclusive por alguns
jornais, que mais tarde trocaram o nome de cadernos agropecuários para
agribusiness. Não eram raras as discussões sobre a utilização do termo em inglês
ou a tradução literalmente para o português para agronegócios, ou ainda os termos
complexo agroindustrial, cadeias agroeconômicas e sistema agroindustrial. Todos
com a intenção de um mesmo significado.

Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes: a primeira parte


trata dos negócios agropecuários propriamente ditos, ou de "dentro da porteira", que
representam os produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes,
constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de
pessoas jurídicas (empresas).
Na segunda parte, os negócios à montante da agropecuária, ou da "pré-
porteira", representados pela indústria e comércio que fornecem insumos para a
produção rural, como por exemplo os fabricantes de fertilizantes, defensivos
químicos, equipamentos.

424
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
E na terceira parte estão os negócios à jusante dos negócios agropecuários,
ou de "pós-porteira", onde estão a compra, transporte, beneficiamento e venda dos
produtos agropecuários até o consumidor final. Enquadram-se nesta definição os
frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores, supermercados,

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


distribuidores de alimentos."
Recentemente, a agricultura passou a ser vista como um amplo e complexo
sistema, que inclui não apenas as atividades dentro da propriedade rural (dentro da
“porteira agrícola”) como também, e principalmente, as atividades de distribuição de
suprimentos agrícolas (insumos), de armazenamento, de processamento e
distribuição dos produtos agrícolas.
Desta forma, passou-se a adotar o termo agronegócio. Isso significa que o
agronegócio ultrapassa as fronteiras da “propriedade rural” (agrícola ou pecuária)
para envolver todos que participam direta ou indiretamente no processo de
abastecer de alimentos e fibras os consumidores

Elementos do Sistema Agronegócio. Disponível em www.gestaonocampo.com.br Acesso em Dez de 2013

“Para que possamos entender corretamente a agricultura devemos ter uma


visão de sistema coordenado por estágios integrados entre produção (incluindo o
fornecimento de insumos para agropecuária), distribuição e consumo. Isso quer
dizer que, sob a ótica moderna, o entendimento da agricultura se dá por meio de
uma “visão sistêmica” que, na realidade, constitui o agronegócio.” (Mendes, J.T.G.;
Padilha Jr.; J.B. Agronegócio. Pearson Prentice Hall)

425

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Agronegócio – Conceito

Entendemos por agronegócio, a


totalidade das operações de produção
e distribuição de suprimentos
agrícolas, das operações de produção
nas unidades agrícolas, do
armazenamento, do processamento e
da distribuição.

Ainda devemos adicionar a este Agronegócio Disponível em


www.correiodoestado.com.br Acesso em Dez de 2013
conjunto, os serviços financeiros, de
transporte, marketing, seguros, bolsas de mercadorias, etc…Todas estas operações
são elos de cadeias, que se tornaram cada vez mais complexos.

Como podemos ver na medida que a agricultura está se modernizando, o


produto agrícola tem passado a agregar mais e mais serviços, que estão fora da
fazenda.

O conceito de agronegócio engloba:

• Fornecedores de bens e serviços para agricultura;• Produtos rurais; ͒ •


Processadores;͒• Transformadores e distribuidores;͒• Todos envolvidos na geração
e no fluxo dos produtos de origem agrícola até chegarem ao produto final. Além de
agentes que afetam e coordenam o fluxo de produtos (como o governo, os
mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviço).

Podemos melhor entender o agronegócio dividindo-o em cinco principais setores


(Fonte: ABAG (Associação Brasileira de Agrobusiness)):

426
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS
Disponível em www.gestaonocampo.com.br Acesso em Dez de 2013

Podemos, ainda, apresentar o agronegócio de outra maneira. (Fonte: Anais


do Simpósio da International Agrobusiness Management Association (IAMA), 1992).

Disponível em www.gestaonocampo.com.br Acesso em Dez de 2013

427

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Agronegócio – Importância

O agronegócio envolve as mais diversas funções, como:


1. suprimento à produção agropecuária; 2. produção agropecuária; 3. transformação
4. acondicionamento; 5. Armazenamento; 6. Distribuição; 7. Consumeo; 8. serviços
complementares
O agronegócio é o maior negócio da economia brasileira e também da
economia mundial. O PIB do ano passado: 3,1 trilhões de reais, sendo 26,3%
aproximadamente 450 bilhões no agronegócio (70,5% na agricultura e 29,5% na
pecuária). O agronegócio é o maior exportador do Brasil e também o maior gerador
de empregos aproximadamente 37% de todos empregos do País, responde por
mais de 40% das exportações totais brasileiras, sendo superavitário
sistematicamente. O Brasil é o País com maior potencial em todo o mundo, para
aumentar as exportações de produtos do agronegócio, em especial, os ligados aos
alimentos (in natura e processados) e energéticos, como o álcool e biodisel.

2- Sistemas agroindustriais: O sistema agroindustrial (SAI) brasileiro é


responsável por parcela importante da atividade econômica brasileira. Em 1988 ele
empregava 23% da população ativa e era responsável por mais de 30% do PIB
(Jank, 1990). As agroindústrias alimentares representam um importante elo das
cadeias produtivas que compõem este sistema (Batalha, 1993). Em 1985 elas
representavam 13,3% dos empregos distribuídos em 20,8% das indústrias nacionais
(ABIA, 1992)

Especificidades da produção agropecuária:


• Sazonalidade da produção
• Agropecuaria depende de condições climáticas;
• Períododos de safra e de entres safra;

No entanto, o consumo, ao longo do ano tem procura, ai surgem:


• Variações de preços: mais elevados na entres safra e mais baixos nos períodos de
safra;
• Necessidade de infra-estrutura de estocagem e conservação;
• Períodos de maior utilização de insumos e fatores de produção;

428
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
• Características próprias de processamento e transformação das matérias primas;
• Logística mais exigente e mais bem definida
• Influência de fatores biológicos: doenças e pragas͒

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Pragas: Pragas na agricultura são responsáveis por uma enorme quantidade de danos,
e uma enorme perda de receita, a cada ano no setor agrícola. Existem muitos tipos de
pragas que causam danos à agricultura, incluindo insetos, espécies de mamíferos e
aves, lesmas, espécies de plantas invasoras, e doenças epidêmicas causadas por
vírus. De fato, há um combate em curso entre o setor agrícola e as pragas que
prejudica as plantações ou a alimentação dos rebanhos.

Doenças: Doenças e viroses causam uma devastação generalizada no setor agrícola.


Podem, muitas vezes, se espalhar rapidamente entre as culturas e populações, sendo
muito caro sua eliminação depois de estabelecidas. Exemplos recentes de doenças de
grande repercussão incluem a epidemia de encefalopatia espongiforme bovina na Grã-
Bretanha - também conhecida como doença da vaca louca, que causa degeneração
esponjosa do cérebro e da medula espinhal - e feridas na boca, também conhecidas
como ORF, o que cria uma infecção ao redor da boca em ovelhas. Doenças que têm
causado devastação em culturas incluem a praga da batata, que devastou a Europa
durante o século 19 e foi causa, em grande parte, da imigração de países como a
Irlanda e Rússia.

Confirmação de "vaca louca" não altera status sanitário do Brasil. Disponível em www.valor.com.br
Acesso em Dez de 2013

Insumos: O que são e Classificação

Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas


e investimentos que contribuem para formação de determinado resultado,

429

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


mercadoria ou produto até o acabamento ou consumo final. (Dicionário do
Agrônomo, Editora Rígel, 1999). Na atividade agrícola os insumos são
compreendidos como todos os produtos necessários à produção vegetal e animal:
adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros.

Classificação dos Insumos: Os insumos independentemente do sistema de


produção (agroecológico ou convencional) classificam-se em três tipos:

1) Biológicos: Compreendem produtos de origem animal ou vegetal.


Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas) ou estercos usados
como adubos, sementes e mudas, extratos de plantas (caldas à base de vegetais),
fertilizantes orgânicos líquidos, adubos verdes, microorganismos encontrados no
ambiente natural, algas e outros produtos de origem marinha, resíduos industriais do
abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos, penas, etc.).

2) Químicos ou Minerais: Compreendem tanto substâncias provenientes de


rochas, quanto aquelas produzidas artificialmente pela indústria.
São eles: temofosfatos, caldas bordalesa e sulfocálcica, pós de rochas,
micronutrientes, calcários (para calagem), agrotóxicos, fertilizantes altamente
solúveis (usados na agricultura convencional), fertilizantes de baixa solubilidade
(aceitos pelas correntes agroecológicas).

3) Mecânicos: Compreendem máquinas e equipamentos agrícolas.


Exemplos: tratores e seus implementos (arados, adubadoras, roçadoras,
pulverizadores, etc.), Armadilhas para insetos, plásticos para cobertura de canteiros,
equipamento de irrigação, etc.
Elevação dos custos de produção e, conseqüentemente, redução nos lucros da
atividade;

Perecibilidade rápida: Mesmo após a colheita, a atividade biológica dos


produtos agropecuários continua em ação. Com isso, a vida útil desses produtos
tende a ser diminuída de forma acelerada. Sem cuidados específicos, esses
produtos, após colhidos, podem durar poucas horas, dias, ou poucas semanas.

430
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
O agronegócio passa a envolver outros segmentos da economia, tornando-se
muito mais complexo que a produção agropecuária propriamente dita e passando a
necessitar de uma compreensão muito mais ampla, envolvendo o desenvolvimento
de tecnologia, colheita cuidadosa, classificação e tratamento dos produtos,

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


estruturas apropriadas para armazenagem e conservação, embalagens mais
adequadas, logística específica para distribuição etc.

Visão sistêmica do agronegócio: A compreensão do agronegócio, em todos os


seus componentes e interrelações, é uma ferramenta indispensável a todos os
tomadores de decisão, sejam autoridades públicas ou agentes econômicos privados,
para que formulem políticas e estratégias com maior previsão e máxima eficiência.

Vamos entender as “porteiras” desse negócio:


A) Antes da porteira: Os setores "antes da porteira" ou "a montante da
produção agropec são compostos basicamente pelos fornecedores de insumos e
serviços, máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes, corretivos, sementes,
financiamento.
B) Dentro da porteira: "Dentro da porteira" ou "produção agropecuária" é o
conjunto de atividades desenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecuárias
(produção agropecuária propriamente dita, que envolve preparo dos solos, tratos
culturais, irrigação, colheita, criações e outras.
C) Após a porteira: "Após a porteira" ou "a jusante da produção agropecuária"
refere-se a atividades de armazenamento, beneficiamento, industrialização,
embalagem, distribuição, consumo de produtos alimentares, fibras e produtos
energéticos provenientes da biomassa.
Visto assim, o agronegócio envolve as funções seguintes:
• suprimentos à produção agropecuária; • produção agropecuária propriamente dita;
• transformação; • acondicionamento; • armazenamento; • distribuição; • consumo;
• serviços complementares (publicidade, bolsas de mercadorias, políticas públicas
etc.).

Sistema Agroalimentar: A concepção de sistemas agroindustriais foi evoluindo


"é o conjunto das atividades que concorrem à formação e à distribuição dos produtos
alimentares e, em consequência, o cumprimento da função de alimentação";

431

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Sistema Agroindustrial Não Alimentar: "é o conjunto das atividades que
concorrem à obtenção de produtos oriundos da agropecuária, florestas e pesca, não
destinadas à alimentação mas aos sistemas energético, madeireiro, couro e
calçados, papel, papelão e têxtil".

Cadeias produtivas e cadeias de valor

Na década de 1960, surge na França, mais precisamente na Escola Francesa


de Organização Industrial, o conceito de ''filiere'' (fileira = cadeia) aplicado ao
agronegócio;
A análise de filiere (ou cadeia produtiva) de cada produto agropecuário
permite visualizar as ações e inter-relações entre todos os agentes que a compõem
e dela participam.
Assim é mais facil:
• Efetuar descrição de toda a cadeia da produção;
• Reconhecer o papel da tecnologia na estruturação da cadeia produtiva;
• Organizar estudos de integração;
• Analisar as políticas voltadas para todo o agronegócio;
• Compreender a matriz de insumo-produto para cada produto agropecuário;
• Analisar as estratégias das firmas e das associações.

As principais características de cadeias produtivas são as seguintes:

• "Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo


transformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produção,
distribuição e comercialização de bens e serviços;
• Implica em divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza
etapas distintas do processo produtivo;
• Não se restringe, necessariamente, a uma mesma região ou localidade;
• Não contempla necessariamente outros atores, além das empresas, tais como
instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento, apoio técnico, financiamento,
promoção, entre outros" (ALBAGLI et al., s.d.).

Cadeias produtivas: Define-se cadeia produtiva como sendo o conjunto de


atividades econômicas que se articulam progressivamente desde o início da

432
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
elaboração de um produto. Isso inclui desde as matérias-primas, insumos básicos,
máquinas e equipamentos, componentes, produtos intermediários até o produto
acabado, a distribuição, a comercialização e a colocação do produto final junto ao
consumidor, constituindo elos de uma corrente.

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


• A cadeia produtiva é composta por elos.
Podemos classificar, de uma maneira geral, os elos da cadeia em:͒
• Produtores; distribuidores; prestadores de serviços.
• Varejistas e consumidores.


Cadeia Produtiva Disponível em www.cnpgc.embrapa.br Acesso em Dez de 2013

Na década de 1960, surge na França, mais precisamente na Escola Francesa


de Organização Industrial, o conceito de ''filiere'' (fileira = cadeia) aplicado ao
agronegócio.
A análise de filiere (ou cadeia produtiva) de cada produto agropecuário
permite visualizar as ações e inter-relações entre todos os agentes que a compõem
e dela participam. Assim, é mais fácil:
• efetuar descrição de toda a cadeia da produção;
• reconhecer o papel da tecnologia na estruturação da cadeia produtiva;
• organizar estudos de integração;
• analisar as políticas voltadas para todo o agronegócio;
• compreender a matriz de insumo-produto para cada produto agropecuário;
• analisar as estratégias das firmas e das associações.

433

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


As principais características de cadeias produtivas são as seguintes:
"Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão
sendo transformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produção,
distribuição e comercialização de bens e serviços; implica em divisão de trabalho, na
qual cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do processo
produtivo; não se restringe, necessariamente, a uma mesma região ou localidade;
não contempla necessariamente outros atores, além das empresas, tais como
instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento, apoio técnico, financiamento,
promoção, entre outros" (ALBAGLI et al., s.d.).

͒Agroindustriais
Segmentos dos Sistemas͒
A concepção de sistemas agroindustriais ou de cadeias produtivas, ou de
cadeias de valor, visualiza o agronegócio de forma integrada e inter-relacionada
entre os diversos agentes que o compõem, bem como as atividades efetuadas entre
si.

ANÁLISE DE FILIÈRE (= CADEIAS DE PRODUÇÃO)

1. A cadeia de produção é uma sucessão de operação de transformação


dissociáveis, capazes de ser separados e ligados entre si por um encadeamento
técnico.
2. A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e financeiras
que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca,
situado de montante e jusante, entre fornecedores e clientes.
3. A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a
valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações
Segundo BATALHA et al. (2001), uma cadeia de produção agroindustrial
pode ser segmentada de jusante (= diz-se lado de um curso de água, oposto a
nascente, para o lado de baixo; no sentido do cliente final) a montante (= diz-se o
que sobe do lado da nascente, da parte superior do curso de um rio, a partir de
determinado ponto; no sentido de seus fornecedores), em três macro segmentos.
esta divisão pode variar muito segundo o tipo de produto e segundo o objetivo da
análise.

434
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Os três macro segmentos propostos são:
a. Comercialização. Representa as empresas que estão em contato com o cliente
final da cadeia de produção e que viabiliza o consumo e o comércio dos produtos
finais (supermercados, mercearias, restaurantes, cantinas etc). Podem ser incluídos

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


neste macrossegmentos as empresas responsáveis somente pela logística de
distribuição.
b. Industrialização. Representa as firmas responsáveis pela transformação das
matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor. O consumidor pode
ser uma unidade familiar ou outra agroindústria.
c. Produção de matérias-primas. Reúne as firmas que fornecem as
matériasprimas iniciais para que outras empresas avancem no processo de
produção do produto final (agricultura, pecuária, pesca, piscicultura).
CASTRO et al. (1996) concluem que, de uma forma geral, os principais objetivos
perseguidos pelas cadeias produtivas, ou pelos seus componentes individualmente
são: a eficiência, a sustentabilidade, a qualidade e a equidade (= apreciação,
julgamento justo).

Componentes da cadeia produtiva: uma típica cadeia agropecuária ou


agroflorestal, com seus principais componentes e fluxos.
O esquema apresentado distingue os componentes mais comuns:
a) Fornecedores de insumos: Referem às empresas que têm por finalidade ofertar
produtos tais como: sementes, calcário, adubos, herbicidas, fungicidas, máquinas,
implementos agrícolas e tecnologias.
b) Propriedades agropecuárias ou agroflorestais, com seus diversos sistemas
produtivos;
c) Processadores: São agroindustriais que podem pré-beneficiar, beneficiar, ou
transformar os produtos in-natura. Exemplos: (a) pré-beneficiamento: São as plantas
encarregadas da limpeza, secagem e armazenagem de grãos; (b) beneficiamento:
são as plantas que padronizam e empacotam produtos como: arroz, amendoim,
feijão e milho de pipoca;(c) transformação: são plantas que processam uma
determinada matéria prima e a transforma em produto acabado, tipo: óleo de soja,
cereal matinal, polvilho, farinha, álcool e açúcar.
d) Comerciantes: Os atacadistas são os grandes distribuidores que possuem por
função abastecer redes de supermercados, postos de vendas e mercados exteriores.

435

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Enquanto os varejistas constituem os pontos cuja função é comercializar os produtos
junto aos consumidores finais.
e) Mercado consumidor: É o ponto final da comercialização constituído por grupos
de consumidores. este mercado pode ser doméstico, se localizado no país, ou
externo quando em outras nações.

Análise do sistema agroindustrial (SAI ): No estudo da problemática agroindustrial


no Brasil tem feito grande confusão entre as expressões Sistema Agroindustrial,
Complexo Agroindustrial, Cadeia de Produção Agroindustrial e Agronegócio.
Nesta disciplina, o termo agrobusiness será considerado sinônimo de agronegócio.
Essas expressões, embora afetas ao mesmo problema, representam espaços de
análise diferentes e prestam-se a diferentes objetivos. Na verdade, cada uma delas
reflete um nível de análise do Sistema Agroindustrial.

Sistema agroindustrial (SAI): O SAI pode ser considerado o conjunto de atividades


que concorrem para a produção agroindustriais, desde a produção dos insumos
(sementes, adubos, máquinas agrícolas etc) até a chegada do produto final (queijo,
biscoito, massas etc) ao consumidor. Ele não está associado a nenhuma matéria-
prima agropecuária ou produto final específico. O SAI, tal como é entendido nos
conceitos anteriores, aproxima-se bastante da definição inicial de agribusiness
proposta por Goldberg ou da definição de Sistema Agralimentar proposta por
Malassis. Na verdade, o SAI, quando apresentado desta forma, revela-se de pouca
utilidade prática como ferramenta de gestão e de apoio à tomada de decisão.

O SAI pode ser visto como sendo composto por seis conjunto de atores:

1. agricultura, pecuária e pesca;


2. indústria agroalimentares (IAA); 
3. distribuição agrícola e alimentar; 
4. comércio internacional; 
5. consumidor;
6. indústrias e serviços de apoio
Diagrama representando SAI-
Sistema Agroindustrial; CAI -
Complexo Agroindustrial; CP-
Cadeia de Produção

436
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Complexo agroindustrial ( CAI )

O Complexo Agroindústria, tem como ponto de partida a matéria prima de


base. Desta forma, pode-se-ia, por exemplo, fazer alusão ao complexo Soja;

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


complexo leite; complexo cana de açúcar, complexo café, etc. A arquitetura deste
complexo agroindustrial seria ditada pela “explosão “da matéria-prima principal que o
originou, segundo os diferentes processos industriais e comerciais que ela pode
sofrer até se transformar em diferentes produtos finais. Assim, a formação de um
complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias de
produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos.

Cadeia de produção agroindustrial

437

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


3-Gerenciamento dos sistemas agroindustriais

Uma visão geral da importância econômica do Sistema Agroindustrial de


Citrus, segundo Neves et al (2001)
As frutas cítricas (ênfase em laranja) são as mais produzidas no mundo,
representando 22.5% de todas as frutas produzidas em 2000. O Brasil é o principal
produtor de laranja do mundo. Em 2000, a produção era aproximadamente 22.744
milhões de toneladas, representando 34.4% da produção de laranja no mundo,
seguido pelos Estados Unidos, com as 11.896 milhões de toneladas (18.0%). Quase
72% da produção de cítricos são destinadas a industria processadora de suco. O
Brasil é o maior produtor de suco do mundo (47% da produção total) e o maior
exportador de SLCC (Suco de Laranja Concentrado Congelado), com 83% das
exportações totais.
A Citricultura representa quase 25% do valor
da agricultura no estado de São Paulo e 8% da
produção agrícola brasileira.
O estado de São Paulo concentra 84% da
produção brasileira de citrus. Os pomares ocupam
867 mil hectares em quase 36 mil fazendas e o
estado de São Paulo produz aproximadamente 95%
do total de suco (SLCC) exportado pelo Brasil. A
cadeia emprega 400 mil trabalhadores.
É um setor no qual o Brasil é muito competitivo:
condições ideais do solo e temperatura; abundância
Citrus Disponível em
de água para uso de irrigação; laranjas com qualidade http://thecitrusfruits.blogspot.com.br
Acesso em Dez de 2013
superior; custo de produção e de colheita baixos, entre
outros.

Produção Rural no Agronegócio/ Cenários do agronegócio


a. Crescente globalização
b. Orientação focada no cliente
c. Novas estratégias de mercado com fusões, aquisições e parcerias diversas (Join
Ventures, cooperativas..)
d. Redução de custos de produção e a busca por faturamento

438
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
e. Entretanto, convivem empreendimentos modernos e negócios familiares de
pequeno porte.

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Concentração dos negócios.
 Setor mais tecnificado, 10 a 12% do total, representa mais de 80% da produção.
 Cultura de privilegiar os investimentos para a produção.
 Baixa prioridade dada aos aspectos gerencias.

As características do setor rural


Aspectos creditícios ou financeiros
 Sazonalidade da oferta e da demanda;͒
 Recursos naturais como fator de produção;
 Fatores biológicos;
 Oscilações de preços;
 Tempo de trabalho em descompasso com o tempo de produção.

Razões para os pequenos produtores rurais não acessarem as linhas de


crédito
 Não atendem exigencias bancárias
 Taxas de juros, prazos de pagamentos
 Falta de informação sobre os financiamentos
 Falta de informação do agente financeiro sobre o produtor
 Despreparo dos agentes financeiros
 Falta de assistência técnica para apoiar o desenvolvimento dos projetos para o
pequeno produtor

Aspectos gerenciais
Caracterização dos empreendimentos rurais
Ainda são incipientes os trabalhos que tratam de: definição do produto e do
processo de produção; sistema de qualidade; planejamento e controle da produção
e logistica;
Empreendimento tradicional, agronegócio em transição e agronegócio
moderno. Rural Tradicional/ Transicao/Moderno

439

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Tradicional: Equipamentos rudimentares; Estrutura organizacional familiar com
decisões empíricas e alto grau de incerteza
Resultados: dependentes da política agrícola, do clima e do poder de barganha de
outros atores da cadeia produtiva; produtividade inferior à média; Adoção de novas
tecnologias: resistência natural às inovações técnológicas suporte técnico de
reciclagem reduzida; capacidade econômica e de financiamentos precarious.

Moderno: Relação entre escala de produção e consumidores


Além da escala há outras exigências aos produtores rurais.
Exigências da Agroindústria: qualidade dos produtos (sem pragas e doenças,
homogeneidade, propriedades físico/químicas definidas). Menores preços; pronta
disponibilidade de entrega e diversidade de opções (ofertas constantes em prazo e
volume). Isso acarreta maiores investimentos dos produtores

Exigências dos canais de distribuição: Grandes Canais: supermercados, centrais


de abastecimento, atacadistas. Suas exigências: adicionar valor ao produtos como;
embalagens seguras, práticas e atraentes ao consumidor, uniformidade de cor,
textura, sabor e outros atributos físico/químicos aos produtos. Crescente demanda
por produtos in natura. Essas estão vinculadas ao porte dos empreendimentos em
função da escala de produção.

A. Estratégias para empreendimentos rurais de pequeno porte.


Definir o que produzir baseado em três fatores:
a. Recursos disponíveis: ( solo, clima, água, equipamentos, benfeitorias, condições
econômicas, formação do produtor e familiares/equipe)
b. Vocação natural do produtor: Vocação do produtor refere a disposição para
trabalhar com determinados produtos
c. Condições de mercado: se referem a estrutura, preços, crescimentos, novos
mercados e tendências.

Diferenciação de produtos: Referem-se produtos não commoditizados que fogem


dos canais de distribuição convencional. Visam a atender consumidores mais
exigentes ou diferenciados. Esses mercados não se encontram, normalmente
organizados. Os produtos oferecem maior agregação de valor.

440
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Corantes, plantas medicinais, produtos orgânicos, peixes ornamentais, passáros
exóticos, entre outros.

Tecnologias: As inovações tecnológicas via biotecnologia, uso de equipamentos

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


modernos, cálculo de precisão para melhor uso de fatores, rastreamento eletrônica
de animais, uso da informática, inseminação artificial etc. Uso de modernos
processos de gestão

Estratégias de diversificação: Normalmente o produtor utiliza sua área para um


único produto. Acarretam duas consequencias negativas:
 Isso aumenta os riscos em função das instabilidades dos mercados,
climáticos e fitossanitários.
 Provoca desequilíbrios ambientais
Consequências positivas:
 Especialização, escala e produtividade

Quanto a natureza:
Classificação que se refere à identidade daquilo que foi consumido na
produção, muitas vezes se assemelhando à utilizada para dar nome a bens e
serviços:
Materiais e insumos - materiais brutos ou trabalhados e anteriormente produzidos,
que são necessários para, através de determinado processo, obter um novo produto
(ex. fertilizantes, sementes, etc.);
Mão-de-obra direta - salários, encargos sociais e benefícios do pessoal empregado
diretamente na produção (ex. tratorista, tratador, etc.);
Mão-de-obra indireta - idem, do pessoal empregado indiretamente na produção (ex.
técnico agrícola, veterinário, etc.);
Manutenção de máquinas e equipamentos - gastos com peças e serviços de
reparos de tratores e outras máquinas e Equipamentos utilizados na produção,
depreciação de máquinas e equipamentos - parcela que corresponde à Taxa de
depreciação pelo uso das máquinas e equipamentos.
combustíveis e lubrificantes - utilizados pelas máquinas de produção agropecuária.

441

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Quanto à identificação com o produto:
a) diretos - são identificados com precisão no produto acabado, através de um
sistema de medição, cujo valor é relevante (ex. horas de mão-de-obra, quilos de
ração, etc.)
b) indiretos - são aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um
produto, mas que são alocáveis, através de um sistema de rateio, estimativas e
outros meios (ex. salários dos técnicos, da chefia, alimentação, higiene e limpeza).

Quanto à variação quantitative:


a) custos variáveis: são os custos que apresentam variações em proporção direta
com o volume de produção ou área de plantio (ex. mão-de-obra direta, fertilizantes,
rações, etc.);
b) custos fixos: são os custos que permanecem inalterados em termos físicos e de
valor, independentemente do volume de produção e dentro de um intervalo de
tempo relevante, sendo também conhecidos como custo de capacidade por serem
oriundos da posse de ativos e da capacidade ou estado de prontidão (ex.
depreciação, seguros, salários da administração, etc.).
Devemos reconhecer, portanto, que a gestão financeira vai além das técnicas
existentes, sofrendo influências significativas das organizações e de seus elementos.

Orientação ao gestor
Controle dos custos parciais de cada atividade poderá orientar o gestor
destas empresas da seguinte maneira:
- mostra os gastos dos diferentes empreendimentos;
- possibilita calcular os rendimentos das diversas culturas e criações;
- permite a determinação do volume do negócio;
- indica as melhores épocas para a venda e aquisição de produtos;
- permite o cálculo dos custos da produção; e
- permite o cálculo das medidas de resultado econômico

442
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4-Definição de agricultura familiar

A agricultura familiar assume grande


importância na atualidade para respaldar o

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


debate em torno do assunto. Para defini-la,
devem-se observar alguns requisitos básicos
envolvidos na sua caracterização. Quando
se observa do ponto de vista das empresas
que não se enquadram no setor primário, ou
seja, não praticam a produção agrícola,
como a indústria e o comércio.
Aquela empresa que se identifica como família há pelo menos duas gerações
e quando essa ligação resulta numa influência recíproca. Outro fator importante é a
identificação do sobrenome da família com os valores institucionais e a sucessão da
diretoria, que estão ligada ao fator hereditário (Tedesco apud Lodi, 1993).
Quando se fala especificamente de propriedades rurais, esse conceito deve
ser modificado e ampliado devido as particularidades inerentes à agricultura. Com o
interesse no cenário político nacional ocorreu o surgimento de políticas públicas
como Programa Nacional de Fortalecimento para Agricultura Familiar - Pronaf, que
descreve a agricultura familiar para fins de financiamento, como segue as
características centrais:

Características centrais
 a renda familiar bruta prevista não pode ultrapassar a R$ 27 500,00, com
rebate de 50% para atividades de avicultura: avicultura, piscicultura,
suinocultura e sericicultura. Essa renda deverão ser de 80% proveniente da
exploração agrícola;
 a propriedade não pode ter mais do que quatro módulos fiscais;
 a propriedade deve manter, no máximo, dois empregados permanentes,
sendo admitida ainda, como recurso eventual, a ajuda de terceiros quando a
natureza sazonal da atividade exigir.

Lei 8.629/93: O módulo fiscal serve de parâmetro para classificação do imóvel rural
quanto ao tamanho, na forma da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e ainda,

443

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


auxilia na definição para definir, por exemplo, pequena propriedade - o imóvel rural
de área compreendida entre um e quatro módulos fiscais; serve também de
parâmetro para definir os beneficiários do Pronaf (pequenos agricultores de
economia familiar, proprietários, meeiros, posseiros, parceiros ou arrendatários de
até quatro módulos fiscais).


Agricultura Disponível em portalctb.org.br Acesso em Dez de 2013

A agricultura familiar não se aborda somente da reprodução da família, pois


segundo o trabalho externo se torna, na maioria dos casos, uma necessidade
estrutural, isto é, a renda obtida nesse tipo de trabalho vem a ser indispensável para
a reprodução não só da família como do próprio estabelecimento familiar. Assim, o
trabalho extra-agrícola, realizado por membros residentes no estabelecimento
agrícola familiar, tem duas funções sociais:
 a primeira função é de complementar a renda da família
 e a segunda diz respeito à permanência dessas famílias no meio rural, ou
seja, garantir a propriedade do bem rural.
Agricultura familiar não é uma categoria social recente, nem a ela corresponde
uma categoria analítica nova na sociologia rural.
No entanto, sua utilização, com o significado e abrangência que lhe tem sido
atribuído nos últimos anos no Brasil, assume ares de novidades e renovação.
Lembramos que para o Brasil, considera que o agricultor familiar, mesmo que
moderno, inserido ao mercado, “guarda ainda muitos de seus traços camponeses,

444
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
tanto porque ainda tem que enfrentar os velhos problemas, nunca resolvidos, como
porque, fragilizado, nas condições da modernização brasileira, continua a contar, na
maioria dos casos, com suas próprias forças” (Wanderley, 1999, p. 52).

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS



Fonte: Disponível em http://3.bp.blogspot.com/_0vVKT_iqTC8/SqF-1b1OiGI/AAAAAAAAHOw/
NIf7uN7gmpU/s400/reclaimthefields3.jpg Acesso em Dez de 2013


Raízes camponesas e racionalidade da produção familiar Cardoso (1987, p. 56)
destaca quatro:
 Acesso estável à terra, seja em forma de propriedade, seja mediante algum
tipo de usufruto;
 Trabalho predominantemente familiar, o que não exclui o uso de força de
trabalho externa, de forma adicional;
 Auto-subsistência combinada a uma vinculação ao mercado, eventual ou
permanente;
 Certo grau de autonomia na gestão das atividades agrícolas, ou seja, nas
decisões sobre o que e quando plantar, como dispor dos excedentes, entre
outros.
Portanto, produção camponesa é aquela em que a família ao mesmo tempo
detém a posse dos meios de produção e realiza o trabalho na unidade produtiva,
podendo produzir tanto para sua subsistência como para o mercado.

445

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Roceiro, caipira, tabaréu…
Todas são palavras de duplo sentido. Fazem referência a agricultor, a quem
vive no campo, mas também indicam uma pessoa rústica, atrasada e ingênua. São
palavras depreciativas, ofensivas, muitas vezes relacionadas à preguiça, à pouca
disposição para o trabalho. Para Martins (1986), houve um escamoteamento
(encobrir, ocultar) conceitual devido ao fato de, no Brasil, termos uma história urbana,
uma história dos que participam do pacto político, do qual o camponês é excluído e
pelo qual é visto como um ator inferior, não essencial. Esse fato fez com que a
maioria de nossos livros de História pouco registrasse sobre o papel dos produtores
de alimentos na construção do país, sendo o passado contado apenas sob a
perspectiva da grande agricultura escravista, monocultora e de exportação – o ciclo
do açúcar, o ciclo da borracha e o ciclo do café exemplificam essa tendência
(ALTAFIN, 2010)
No entanto, a recente historiografia brasileira tem buscado resgatar o papel
do camponês como ator social atuante, identificando suas especificidades e
diferentes configurações.
Destacando a importância de cinco “grupos” que estão na origem da nossa
agricultura familiar:
 os índios;
 os escravos africanos,
 os mestiços;
 os brancos não herdeiros;
 e os imigrantes europeus.





446
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”


ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS




Índios Disponível em: http://pastorsamuellemos.wordpress.com Acesso em Dez de 2013 Índios


Disponível em: http://pastorsamuellemos.wordpress.com Acesso em Dez de 2013 Imigrantes europeus
Disponível em http://www.acervoescolar.com.br Acesso em Dez de 2013-12-13

Apesar de diferentes, estão ligados sob uma mesma unidade: a posição


secundária que ocupavam dentro do modelo de desenvolvimento do País desde sua
origem. Enquanto a grande propriedade voltada à monocultura de exportação
recebia estímulos e garantias dos governantes, esse mosaico de formas
camponesas ligadas a cultivos alimentares dirigidos ao abastecimento interno era
colocado à margem das políticas públicas.
“Foi historicamente um setor bloqueado, impossibilitado de desenvolver suas
potencialidades enquanto forma social específica de produção” (Wanderley, 1999, p.
37).

Agricultura familiar no Brasil e sistemas de produção


É importante alunos distinguir pelo menos três tipos diferentes de produtores
familiares, segundo o nível de capitalização:
1. Produtores familiares capitalizados, que puderam acumular algum capital
em maquinário, benfeitorias e terra e que dispõem de mais recursos para a
produção; esses produtores possuem, em geral, uma renda agrícola confortável, que
os mantém relativamente afastados do risco de descapitalização e de eliminação do
processo produtivo; alguns podem até transformar-se, progressivamente, em
produtores patronais, na medida em que aumentam a área de produção ou que
introduzem sistemas de produção que exigem muita mão de obra;
2. Produtores familiares em vias de capitalização, cujo nível de renda pode,
em situações favoráveis, permitir alguma acumulação de capital, mas essa renda

447

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


não garante nem segurança nem sustentabilidade para as unidades produtivas.
Dessa forma, enquanto parte dos produtores nesta categoria poderá eventualmente
complementar a implantação de sistemas mais capitalizados, gerando níveis mais
elevados de renda, outros podem, em condições adversas, seguir a direção
contrária da descapitalização;
3. Produtores familiares descapitalizados, cujo nível de renda é insuficiente
para assegurar a reprodução da unidade de produção e permanência da família na
atividade; encontram-se nesta última categoria produtores tradicionais
descapitalizados e produtores que recorrem a rendas externas ao estabelecimento
para sobreviverem (trabalho assalariado temporário, atividades complementares
permanentes, trabalho urbano de alguns membros da família, aposentadorias etc.).
Os sistemas agrícolas se distinguem a partir do tamanho da área cultivada e
do índice de produtividade alcançado. Quando falamos em sistemas agrícolas, nos
referimos à agricultura, que se apresenta de duas formas: agricultura intensiva e
agricultura extensiva.

Na agricultura intensiva, é usado em todas as etapas da produção um


grande número de insumos. Esse tipo de sistema agrícola é marcado pela aplicação
de técnicas e tecnologias. Faz parte da agricultura intensiva: a mecanização
(tratores, colheitadeiras, plantadeiras, implementos, etc.) aliada ao uso de insumos,
que são aplicados na preparação do solo, além de sementes selecionadas que são
imunes de pragas e adequadas ao tipo de clima, herbicidas, inseticidas, entre outros.
Para o desenvolvimento de todas as etapas existe o acompanhamento de um
técnico (um agrônomo ou um técnico agrícola).
Esse sistema de produção agrícola é conhecido também como agricultura moderna
ou comercial; seus produtos têm como destino a exportação.

Na agricultura extensiva são usados os elementos dispostos na natureza


sem a inserção de tecnologias, por isso possui uma baixa produtividade. A produção
depende unicamente da fertilidade natural do solo; por não usar insumos agrícolas é
necessário ocupar grandes áreas de cultivo. A agricultura extensiva é bastante
difundida em diversos países da América Latina, África e Ásia. Esse sistema
agrícola é marcado especialmente pela agricultura itinerante ou roça tropical.

448
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
5- Agricultura Sustentável e Pecuária Sustentável

Preservação é diferente de conservação: Preservar é não usar, não tocar.


Conservar é saber usar

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


 Que é sustentabilidade e quando uma propriedade rural pode ser
considerada sustentável?
Apesar de muita gente usar o termo sustentabilidade, nem todos sabem
realmente o que ele quer dizer. Esse conceito envolve três segmentos, e eles devem,
obrigatoriamente, sempre estar em equilíbrio para que a sustentabilidade exista.
Estamos falando de economia, desenvolvimento social e meio ambiente.
É preciso produzir respeitando o ambiente, o que, no campo, se faz com o
uso de técnicas agronômicas – as chamadas “boas práticas agrícolas”
Além de conservar os recursos naturais, também podem elevar a
produtividade de uma lavoura ou de um rebanho, gerando lucro aos produtores (o
que vai garantir a sobrevivência da propriedade) e envolvendo as pessoas da
comunidade. Por exemplo, é preciso capacitar os funcionários e oferecer-lhes
condições dignas para o trabalho, conforme a legislação trabalhista dispõe. Uma
fazenda vai ser sustentável somente quando esses três pilares estiverem
equilibrados.

 O que é plantio direto? É simples usá-lo?


É uma técnica conservacionista que mantém o solo sempre coberto por
plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Essa cobertura protege
a terra do impacto das gotas de chuva, de escorrimentos superficiais e das
erosões, hídricas e eólicas.
O primeiro deles é o conhecimento do produtor quanto às etapas do processo;
sem isso, o “negócio desanda”.
O sistema de plantio direto começou a ser utilizado no Brasil faz 40 anos.
Quem trouxe este método para cá foram os agriculturores Herbert Bartz, Frank
Djikstra e Manoel Pereira, todos da região Sul do Brasil. E até hoje, tem sido
considerado a maior revolução introduzida na agricultura brasileira. Bartz, que hoje
comanda a Federação Brasileira do Plantio Direto na Palha, lembra que no início
a técnica era chamada de "nenhum preparo", pois foi exatamente assim, sem limpar
o terreno e fazendo sulcos apenas onde iam ser depositadas as sementes que ele

449

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


começou a desenvolver a técnica em sua fazenda, em Rolândia, norte do Paraná,
em 1972.
Segundo ele, o plantio direto só traz benefícios: evita erosão; economiza água,
mão de obra, máquinas, combustível; preserva o componente orgânico do
solo; e oferece condições mais adequadas de temperatura.
Os restos de cultura da safra anterior mantêm a terra úmida e protegida. Na
Europa e Estados Unidos, o método já era aplicado desde os anos 1960, mas com
uso de herbicidas. Bartz dispensou produtos químicos e desenvolveu técnicas para
não agredir o meio ambiente junto com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) e o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná).

 Quais são as práticas agrícolas que ajudam a conservar os recursos


naturais da terra?
Para cada tipo de atividade existem práticas específicas para ser desenvolvidas,
visando a conservação do solo e dos recursos hídricos.
As principais delas são o sistema de Plantio direto, manejo integrado de pragas
(MIP), adubação verde, controle biológico, manejo racional de águas e
sistemas de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Todas essas práticas (plantio direto, manejo integrado de pragas (MIP),
adubação verde, controle biológico, manejo racional de águas e sistemas de
integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta (ILPF) se aplicam à
agricultura e a processos de recuperação de solos degradados (pastagens). Na
pecuária, os métodos de melhoramento genético e o uso de marcadores
moleculares são considerados boas práticas agropecuárias.

 É possível que uma propriedade tenha quatro safras?


Sim, o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) permite que uma
propriedade seja produtiva durante todo o ano, sobretudo em período de seca.
"O produtor pode ter duas safras convencionais de grãos, no verão e no inverno,
uma safra de volumoso e uma boa safra de gado no período seco", diz ele. "E a
cada ciclo de seis a sete anos, é possível ter uma safra de madeira”.
A integração lavoura-pecuária-floresta é um sistema que combina o cultivo de
espécies arbóreas comerciais, grãos, forrageiras com a criação de animais e uma
mesma área, de forma simultânea ou sequencial, com o uso sustentável dos solos.

450
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Essa tecnologia proporciona a máxima produção de alimentos, fibras e
energia por unidade de área.
Segundo o especialista em sustentabilidade Ronaldo Trecenti, da Campo
Consultoria e Agronegócios, de Brasília (DF), a introdução da técnica de ILPF em

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


propriedades rurais traz vantagens como:
- recuperação de pastagens degradadas;
- maior infiltração de água das chuvas no solo;
- ciclagem de nutrientes;
- maior produção de forragens na entressafra;
- conforto térmico que proporciona o bem-estar animal;
- diversificação de atividades na propriedade;
- redução dos riscos climáticos do mercado;
- melhoria de renda para o produtor;
- redução da emissão de gases do efeito estufa;
- sequestro de carbono

No sistema ILPF, as receitas das lavouras e da pecuária pagam as despesas


da implantação da floresta e, então, o produtor tem uma 'poupança verde", capaz de
lhe proporcionar uma renda líquida de aproximadamente R$ 30 mil por hectare ao
longo de seis a sete anos.

 Quais os benefícios da ILPF?


O sistema ILPF é indicado para a recuperação de pastagens degradadas.
Provoca uma maior infiltração de água das chuvas no solo, por meio das raízes da
gramínea, gera maior retenção de água na terra, pois ela sempre é associada à
tecnica de plantio direto, e ciclagem de nutrientes. Outros benefícios são a maior
quantidade de forragem na entressafra (volumoso para o gado), maior bem-estar
animal e conforto térmico, graças ao sombreamento das árvores, redução na
emissão de gases do efeito estufa, sequestro de carbono e redução de riscos
climáticos.
 Quais resíduos podem ser reaproveitados em uma fazenda?
Quase tudo pode ser reaproveitado! Já existem sistemas avançados de
transformação de resíduos em subprodutos valiosos: o bagaço da cana-de-
açúcar é transformado em bioeletricidade (as usinas nacionais são autossuficientes

451

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


em energia elétrica e muitas já comercializam o excedente); a vinhaça é usada como
fertirrigador; os dejetos de animais se transformam em biogás; o lixo orgânico vira
composto (adubo para hortaliças e frutas); couros e peles vão para indústrias de
sapatos e roupas; restos de peixes e anfíbios viram ração animal.

 Quais resíduos podem ser reaproveitados em uma fazenda?


Palhas, de um modo geral, são aproveitadas para artesanato ou permanecem
no campo, para cobertura de solo. Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), de Piracicaba (SP), 84 milhões de toneladas de palha ainda são deixadas
nos canaviais. Elas teriam capacidade de gerar energia para 13 milhões de
residências.

 O que é Manejo Integrado de Pragas "MIP"?


O Manejo Integrado de Pragas, comumente chamado de "MIP", é uma
técnica agronômica que visa manter as pragas sempre abaixo do nível em que
causam danos para as lavouras. Oficialmente, a técnica é definida assim pela FAO:
"Sistema de manejo de pragas que no contexto associa o ambiente e a dinâmica
populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma
tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo
daqueles capazes de causar dano econômico".
E esse controle pode ser feito por meio de insetos, o chamado 'controle
biológico', uso de feromônios, retirada e queima da parte vegetal afetada,
adubação equilibrada, poda e raleio.
O MIP é uma alterativa proposta pela comunidade científica para diminuir o
uso de produtos agroquímicos, que tornam os insetos (lagartas, principalmente)
mais resistentes e podem causar a contaminação dos alimentos e do lençol
freático quando aplicados indiscriminadamente.
Monitoramento: O monitoramento é o primeiro passo para se praticar o MIP. Sem
monitorar a densidade populacional da espécie-alvo no campo não há como se
aplicar a técnica.
Exemplo: Monitoramento de pragas de solo - deve-se examinar amostras de solo
de 30 cm x 30 cm por 15 cm de profundidade utilizando-se uma peneira e
procurando por insetos. Para a larva-arame, medias de controle devem ser adotadas
se dois ou mais insetos forem detectadas por amostra. A média de uma larva pôr

452
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
amostra é suficiente para causar dano significativo. Neste caso, o tratamento do solo
com inseticidas é necessário.
Algumas estratégias de manejo indicadas são: tratamento de sementes,
seletividade de inseticidas, aplicação de inseticidas via água de irrigação e

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


o controle biológico.

 Tenho uma fazenda de gado e gostaria que meu rebanho fosse


rastreado. Por onde começo?
A importância de garantir a qualidade e a segurança dos alimentos é uma
questão estratégica para a indústria de carnes, e a rastreabilidade garante o
controle de todas as etapas da cadeia produtiva. Para exportar carnes à Europa, a
rastreabilidade é obrigatória.
O primeiro passo é seguir as regras do Sisbov, que é vinculado ao
Ministério da Agricultura. Tudo começa pela identificação do animal: brincos de
plástico com códigos de barras, tatuagens no pavilhão auditivo e transponders.
Depois, monitorar o histórico e o desempenho de cada animal. Esses dados
devem ser informatizados e é necessário investir em programas digitais que facilitem
o cadastro e a leitura dos mesmos. Há empresas especializadas neste segmento.
Através destes dispositivos, é possível saber, por exemplo, o nome dos pais
daquele animal, movimentação geográfica, uso de produtos veterinários ao longo
de toda a sua vida. Também é possível identificar a fazenda onde ele nasceu,
nome dos proprietários.
͒ Atualmente, as indústrias de carne já
trazem, em suas embalagens (vendidas ao
consumidor final, nos supermercados) códigos
de barra que permitem ao consumidor saber a
origem e todo o histórico daquela carne.
Atualmente existem 14 certificadoras Brincos de rastreabilidade Disponível
em http://www.fockink.ind.br Acesso
privadas no Brasil, de acordo com dados da Acerta em Dez de 2013
(Associação das Empresas de Certificação e
Rastreabilidade) e quatro empresas fabricantes de brincos.
Os brincos - visual ou eletrônico - e a marcação a fogo são os métodos de
idenfificação mais usados para bovinos. Existem alternativas menos adotadas como
bolus, intrarruminal (cápsula eletrônica que fica retida no estômago do bicho),

453

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


marcação a frio, colares, etc.
Dados do Ministério da Agricultura informam que existem atualmente no país
5 mil fazendas que já utilizam o rastreamento, todas são controladas pelo Sisbov.

Pecuária Sustentável
A pecuária bovina está enfrentando grandes desafios e várias iniciativas de
políticas sociais e ambientais estão sendo adotadas por produtores, indústrias,
bancos, empresas de varejo e também pelo governo federal e governos estaduais.

Existem dois tipos de pecuária:


Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com objetivo de
produção de carne para o consumo humano. Ex: Pecuária intensiva e extensiva.
Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus derivados (queijos,
iogurtes, manteigas, etc).
Problemas ambientais
 Degradação da Terra: a expansão da produção de gado é um fator chave
para o desmatamento.
 Água: A pecuária afeta também a reposição de água doce através da
compactação do solo, diminuindo a infiltração para os lençóis freáticos e a
degradação das margens dos rios.
 Contribuir para redução do desmatamento no Bioma Amazônico.
 Contribuir com redução de emissão de GEE através da mitigação do
desmatamento.
Degradação de pastagens é um processo evolutivo de perda de vigor e
produtividade forrageira, sem possibilidade de recuperação natural, que afeta a
produção e o desempenho animal e culmina com a degradação do solo e dos
recursos naturais em função de manejos inadequados. Causada por diversos fatores,
dentre eles a má escolha da espécie forrageira, a malformação inicial, a falta de
adubação de manutenção e o manejo da pastagem inadequado, a degradação
precisa ser revertida para garantir a produtividade e a viabilidade econômica da
pecuária.
Pelo sistema tradicional, recuperar pastagens exige investimento em calcário,
fertilizantes, máquinas agrícolas e implementos. Recuperar completamente e com
eficiência custa, em média, R$1.500 por hectare.

454
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Uma fazenda cuja pecuária é sustentável deve obedecer, dentre outros, os
seguintes critérios:
 ausência de desmatamento de floresta nas áreas ocupadas;
 segurança dos trabalhadores;

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


 garantia do bem-estar dos animais e
 eficiência no manejo do rebanho.

Pastejo Rotacionado- Integração lavoura-pecuária-floresta ILPF


 promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas;
 melhora a fertilidade do solo;
 diversificação das atividades econômicas;
 minimiza os riscos de frustração de renda por eventos climáticos ou por
condições de Mercado;
 reduz o uso de agroquímicos;
 Possibilita, ao mesmo tempo, o aumento da biodiversidade e do controle dos
processos erosivos com a manutenção da cobertura do solo;
E o Ministério da Agricultura firma convênios e acordos de cooperação
técnica
Incentivo para os produtores a adotarem a pecuária orgânica (sustentável)
certificada, como forma de minimizar impactos ambientais já que o modo de
produção orgânico é mais sustentável. A proposta de Pecuária Orgânica Certificada
pode dar uma contribuição ao combate às mudanças climáticas ao proibir o uso de
fogo nas pastagens, evitando as queimadas e a emissão de gases do efeito estufa
outra opção e:
Estratégia para garantir a pecuária sustentável é a criação de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), uma categoria de áreas protegidas. Elas
ajudam no equilíbrio de pragas, fertilidade e estruturação dos solos e qualidade das
águas ao garantir a cobertura vegetal e a variabilidade genética e de espécies.
O que envolve a ͒ pecuária sustentável: Primeiro a Imagem, Segundo a
sustentabilidade e Terceiro a lucratividade.
São três pilares interligados, interdependentes. O lado positivo é que muito
pode ser feito se aderido esses três pontos.

455

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Recentemente, três grandes redes varejistas, que juntas possuem uma
importante fatia do mercado no Brasil, suspenderam a compra de carne de áreas de
desmatamento na Amazônia.
Essa decisão foi motivada por uma ação civil pública, proposta pelo Ministério
Público Federal do Pará, em consequência de uma investigação de três anos do
Greenpeace. O dossiê “A Farra do Boi na Amazônia” foi o primeiro estudo sobre o
agronegócio Brasileiro que gerou grande repercussão mundial. Várias ações do
Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Polícia Federal, como a operação
“Arco de Fogo” que atingiu toda a Amazônia Legal resultou em milhões de reais em
multas para madeireiros ilegais e fazendeiros que desmataram irregularmente.
Além de multas, o órgão federal confiscou milhares de cabeças de gado, o
denominado “Boi Pirata”.

CURIOSIDADE
A Campanha Segunda Sem Carne se propõe a
conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso
de carne* para alimentação tem sobre o meio ambiente,
a saúde humana e os animais, convidando-as a tirar a
carne do prato pelo menos uma vez por semana e a descobrir novos sabores.
A campanha foi lançada em São Paulo em outubro de 2009 numa parceria
da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) com a Secretaria do Verde e Meio
Ambiente (SVMA) da prefeitura, posteriormente estendendo-se a várias outras
cidades brasileiras.
A fim de facilitar a adoção deste hábito, a SVB fornece aqui receitas
saborosas, dicas de nutrição, notícias e informações qualificadas a respeito das
razões éticas, ambientais e de saúde para passar essa ideia adiante.

456
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
6- Diagnosticos de realidades agrarias

Desenvolvimento Sustentável
A mudança de paradigmas estabelece um novo cenário para o processo de

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


desenvolvimento das atividades agrícolas, florestais e pecuárias. É, portanto, a partir
da observação da realidade local, que o Ministério da Agricultura desenvolve e
estimula as boas práticas agropecuárias privilegiando os aspectos sociais,
econômicos, culturais, bióticos e ambientais. Nesse caso, estão incluídos sistemas
de produção integrada, de plantio direto, agricultura orgânica, integração lavoura-
pecuária-floresta plantada, conservação do solo e recuperação de áreas degradadas.

Revolução Agrícola
Até a Segunda Revolução Agrícola (séculos XVIII e XIX), com a disseminação
do sistema de rotação que ficou conhecido como “Norfolk”,o processo de inovação
na agricultura caracterizou-se por tecnologias, como rotação de culturas e
integração entre atividades de produção vegetal e animal, que respeitavam o
ambiente ao procurarem superar as limitações ecológicas para a atividade agrícola,
a partir da utilização inteligente das próprias leis da natureza.
Entretanto, com a disseminação dos conhecimentos da química agrícola, a partir do
século XIX, este processo teve sua lógica modificada, passando-se, de maneira
geral, a considerar não ser necessário seguir as regras ecológicas.
As regras ecológicas básicas de gestão da natureza passaram a ser vistas
como desnecessárias à prática agrícola por se considerar que o caráter
ambientalmente agressivo da então chamada agri- cultura moderna era um mal
necessário, que podia ser moderado com algumas práticas conserva- cionistas.
(Romeiro, 1996).

“Revolução Verde” (variedades selecionadas, agroquímicos e irrigação)


Assim, em vez de adaptar o ecossistema agrícola às variedades de alta
capacidade produtiva, por meio de investimentos elevados em agroquímicos e
irrigação, passou-se a pesquisar alternativas de adaptação das variedades às
restrições de cada ecossistema agrícola: variedades resistentes a seca, a doenças,
a baixa fertilidade e/ou toxidez dos solos, fixação de nitrogênio atmosférico etc. Este
redirecionamento, porém, não rompeu com a fundamentação básica da “Revolução

457

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Verde”, de busca de simplificação do ambiente agrícola como forma de maximizar a
produtividade.

No Brasil
No Brasil e no mundo, surgiram movimentos de agricultura alternativos ao
convencional, contrapondo-se ao uso abusivo de insumos agrícolas industrializados,
da dissipação do conhecimento tradicional e da deterioração da base social de
produção de alimentos.
Através de uma “Revolução Verde” pensou-se em simplesmente transferir a
tecnologia desenvolvida (adubo e veneno químicos, variedades melhoradas e
maquinário moderno) para os países do TERCEIRO MUNDO, onde houve (e ainda
há) subnutrição e fome.
Com os aumentos de produção, que se esperava, a fome acabaria em
poucos anos. O efeito do PACOTE se mostrou como efeito a curto prazo. Por um
lado os adubos químico uso dos agrotóxicos aumentaram a produção, mas por outro,
tiveram um efeito negativo na fertilidade do solo, isto é, a potência daquilo que o solo
produz se reduziu – e ainda se reduz- cada vez mais.

Revolução Verde. Disponível em www.cepagro.org.br Acesso em


Dez de 2013

458
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS

Características e Consequências da Revolução Verde. Disponível em www.cepagro.org.br Acesso em
Dez de 2013


Consequências da Revolução Verde. Disponível em www.cepagro.org.br Acesso em Dez de 2013

459

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Agroecologia
A agroecologia é uma ciência surgida na década de 1970, como forma de
estabelecer uma base teórica para esses diferentes movimentos de agricultura não
convencional.
É uma ciência que busca o entendimento do funcionamento de
agroecossistemas complexos, bem como das diferentes interações presentes nestes,
tendo como princípio a conservação e a ampliação da biodiversidade dos sistemas
agrícolas como base para produzir auto-regulação e, conseqüentemente,
sustentabilidade.
Na natureza, a estabilidade esta intimamente ligada à diversidade, sendo a
agricultura uma atividade que, por definição, rompe com este equilíbrio ao
estabelecer uma simplificação do ecossistema original. A conseqüência maior dessa
simplificação, conforme afirma Romeiro (1996), é a perda da capacidade de auto-
regulação natural, fazendo com que o equilíbrio e a estabilidade da agricultura,
enquanto sistema simplificado pelo homem, passem a depender de uma
permanente interferência deste último.

O conceito de desenvolvimento sustentável e suas possibilidades de


implementação
O desenvolvimento sustentável tem como eixo central a melhoria da
qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos
ecossistemas e, na sua consecução, as pessoas, ao mesmo tempo que são
beneficiários, são instrumentos do processo, sendo seu envolvimento fundamental
para o alcance do sucesso desejado.
Isto se verifica especialmente no que se refere à questão ambiental, na
medida em que as populações mais pobres, ao mesmo tempo que são as mais
atingidas pela degradação ambiental, em razão do desprovimento de recursos e da
falta de informação, são também agentes da degradação.

460
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável
Percebe-se a importância do planejamento de estratégias e políticas públicas
que permitam implementar uma proposta de desenvolvimento rural sustentável;
A utilização do conceito de sustentabilidade exige uma reflexão sobre a

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


possibilidade de se instituir políticas públicas para alcançar um desenvolvimento
rural de caráter sustentável.

Alternativas de política agrícola


1- A reforma agrária como uma política fundamental para o desenvolvimento rural
sustentável no Brasil, possibilitando a inclusão de pessoas que viviam à margem da
sociedade e reanimando economias locais;
2- é necessário que este crédito de custeio esteja vinculado à utilização de práticas
agroecológicas, servindo de estímulo a que um número maior de agricultores
orgânicos certificados não se restrinja a uma prática de produção orgânica em que o
mote seja apenas a substituição de insumos convencionais por orgânicos.
3- Substituição de insumos convencionais por orgânicos uma etapa importante no
processo de transição de uma produção convencional para uma produção
agroecológica.
A agropecuária brasileira, além de seus resultados diretos, responde pelo
dinamismo de setores que ofertam bens de consumo intermediário, a exemplo dos
insumos industriais (fertilizantes e agroquímicos), máquinas e equipamentos
agrícolas. O país se especializou em cultivos nos quais o consumo de insumos
agroquímicos tem grande importância, como soja, cana-de-açúcar, milho, arroz,
citros, café, algodão, hortaliças e outras frutas.
Em 2011, o Brasil passou a ser destaque global pelo posto de maior mercado
consumidor de um destes insumos, os agrotóxicos, cujo valor das vendas alcança
cerca de US$ 8,5 bilhões/ano, segundo estimativas de entidades governamentais e
do setor produtivo industrial.
Segundo Vinholis (2012), do lado da demanda, o aumento da renda per
capita média combinado com o crescimento da população resultou em um aumento
da demanda por alimentos, particularmente nos países em desenvolvimento.

461

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


A elevação de renda teria propiciado não apenas o aumento de consumo de
produtos básicos, mas também a diversificação de consumo, incluindo na dieta mais
carnes, produtos lácteos e óleos vegetais (Trostle, 2008 apud Vinholis, 2012).
Nesse âmbito, pelo lado da oferta, o Brasil situa-se entre os principais
exportadores de alimentos, fibras e seus processados, e é um dos poucos países
ainda capazes de realizar expansões de sua área de agricultura e/ou pecuária,
possivelmente se concentrando na fronteira agrícola do Oeste-Nordestino, do norte
da região Centro- Oeste e de vastas áreas da região Norte do país (Freitas,
Mendonça e Lopes, 2011).
Os principais produtos da pauta agropecuária exportadora, cinco grupos de
produtos destacaram-se e responderam por, em média, dois terços dos valores
devidos às exportações agropecuárias. Estes grupos foram: sementes e
oleaginosas; resíduos das indústrias alimentares; carnes e miudezas; açúcares e
confeitaria; café e mates.
Os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro deverão ser o algodão,
soja em grão, carne de frango, açúcar, milho e celulose. Esses produtos são os que
indicam maior potencial de crescimento das exportações nos próximos anos
Vários produtos devem apresentar aumentos expressivos de produção nos
próximos anos. Mas a liderança nesse sentido deve ser: da soja em grão, 25,1%,
carne de frango, 56,1%, carne bovina, 32,3%, açúcar, 25,7%, café, 41,2%, maça,
35,8% e celulose, 29,7%. Esses são aqueles que devem ter a maior expansão da
produção entre 2011/2012 e 2021/2022.

462
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Veja o mapa do Brasil Agrário abaixo:


ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Mapa do Brasil: Realidades Agrárias Disponível em www.fct.unesp.br/nera/atlas Acesso em 2013

463

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


7- Planejamento ambiental em unidades rurais

Ocupação de terras: Se a ocupação das terras com vocação agrícola se


estabeleceu como uma necessidade do crescimento econômico e populacional, a
destruição das matas ciliares, não se fez e faz unicamente sob o império da
necessidade, mas sim, muitas vezes, em função do desrespeito ou ignorância para
com as leis que visam manter áreas destinadas à preservação de recursos críticos à
sociedade, tais como as águas.

Florestas ciliares: As florestas ciliares entre outros papéis ecológicos:

Contenção de enxurradas, na infiltração do escoamento superficial, na


absorção do excesso de nutrientes, na retenção de sedimentos e agrotóxicos,
colaboram na proteção da rede de drenagem e ajudam a reduzir o assoreamento da
calha do rio, favorecem o aumento da capacidade de vazão durante a seca.

Fonte: Attanasio et al. 2006

464
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Materia organica

A matéria orgânica do solo possui diferentes funções, onde a importância de


cada uma varia com o tipo de solo, clima e uso da terra. Em geral, a função mais

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


importante da matéria orgânica é a reserva de nitrogênio e outros nutrientes
necessários para o crescimento das plantas e, por conseqüência, para a população
humana. Outras funções que poderiam ser citadas são: formação de agregados
 
    
            
biológicas, incluin       
   
 
    

 
  




A vida no solo: Os macroorganismos e os microorganismos existentes no


solo desempenham a função de decomposição e incorporação da matéria orgânica
ao próprio solo. Este conhecimento a respeito de um importante mecanismo da
natureza originou a técnica da compostagem. Criando-se um ambiente favorável,
através de regras de controle, é possível se acumular esterco e resíduos orgânicos
variados (cascas, palhas, gravestos, etc), dispostos em camadas, para a
proliferação de organismos decompositores. O resultado deste processo é a
formação de uma terra preta, rica em matéria orgânica, ou seja, em nutrientes,
denominada composto orgânico. O composto orgânico contribui para fertilidade e
equilíbrio dos solos.

O crescimento microbiano ocorre através da energia liberada pelo processo


de decomposição enzimática dos compostos orgânicos e da oxidação de compostos
inorgânicos de N, S e metais. Os resíduos vegetais, quando são incorporados ao
solo, geralmente perdem sua forma original, sendo que parte do material é
transformado em substâncias húmicas, que são relativimente estáveis e resistentes
à ação microbiana.

Planejamento

Por isso, o modo convencional de se planejar o uso dos recursos ambientais


para a produção dos bens demandados pela sociedade pode falhar ao adotar áreas
estabelecidas por limites administrativos ou políticos, desconsiderando as interações
dos elementos naturais, entre si e com a comunidade rural.

465

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Zonas ripárias


Zonas ripárias Disponível em http://hhenkels.blogspot.com.br/ Acesso em 2013

Uma estratégia consistente para a restauração da biodiversidade e da


hidrologia de ecossistemas degradados deve estar baseada no conceito da
integridade do ecossistema ripário na escala da microbacia hidrográfica, que
abrange as zonas ripárias, principalmente as margens e as cabeceiras dos cursos
d’água, incluindo sua dinâmica temporal, a vegetação ripária, isto é, as matas
ciliares, e o conjunto das interações entre os componentes bióticos e abióticos, que
no conjunto desempenham um dos mais importantes serviços ambientais, como
descrito acima, que é a manutenção dos recursos hídricos, em termos de vazão e de
qualidade da água, assim como do ecossistema aquático (Lima, 2003).

Adequação ambiental

As zonas ripárias: não seguem limites simétricos ou pré determinados, por


isso é importante identifica-la e delimita-la; Deve-se incluir o manejo do ecossistema
ripário, que envolve sua dinâmica e sua vegetação característica, nos programas de
adequação ambiental = agricultura sustentável; a saúde da microbacia: estabelecer
a manutenção dos recursos naturais e conseqüentemente, melhoria da qualidade de
vida para a sociedade como um todo. A largura da mata ciliar determinada pela lei
(Áreas de Preservação Permanente) pode eventualmente ser apropriada para
proteger os cursos d’ água, mas não é suficiente para resguardar áreas

466
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
hidrologicamente sensíveis da microbacia, as zonas ripárias; Código Florestal (lei
número 4.771/65);

Manejo sustentável

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Desenvolver modelos alternativos (não há formula universal);

Manejo sistemico, ou integrado é uma alternativa que permite a produçao de


bens e serviços demandados pela sociendade, mas ao mesmo tempo garante a
manutençao dos processos ecológicos, no contexto da paisagem, em termos de
biodiversidade, saúde da microbacia e recursos hídricos;

Desafio é criar indicadores de curto prazo que poderão avaliar a tendência do


ecossitema ser realmente restaurado, num longo prazo

Successão ecologica
Os projetos de restauração de
áreas degradadas baseiam-se no
desencadeamento ou na aceleração do
processo de sucessão ecológica, que é o
processo através do qual uma
comunidade evolui no tempo, tendendo a Fonte: Attanasio et al. 2006

se tornar progressivamente mais complexa, diversificada e


estável.


Mata Ciliar restaurada há cerca de 50 anos . Fonte: Attanasio et al. 2006

467

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Os métodos de recuperação de áreas degradadas, se fundamentam em três
preocupações principais: ͒

1- Ações de recuperação

 a primeira é estabelecer as ações de recuperação, sempre atentando para o


potencial de auto-recuperação ainda existente nas próprias áreas degradadas, ou
que possam ser fornecidas pelos ecossistemas do entorno,
 Areas onde exista um potencial relevante de auto-recuperação, não se faz
inicialmente o plantio de mudas de espécies nativas, mas sim ações que induzam a
expressão desse potencial de regeneração;
 Na necessidade ou não de se fazerem ações de preenchimento (nos trechos que
por algum motivo não se regeneram naturalmente) e enriquecimento (introdução de
novas espécies visando o aumento da diversidade florística e genética) da área em
processo de restauração, usando mudas ou mesmo sementes

2- Diversidade

 a segunda preocupação é a de que as iniciativas de restauração resultem na


reconstrução de uma floresta com elevada diversidade, garantindo assim a
perpetuação dessas iniciativas e, portanto, a restauração da diversidade regional.

Para isso, ações como o transplante de plântulas alóctone (oriundo de outras áreas),
inclusive usando áreas de florestas comerciais (fora de APPs e RL) como fonte de
propágulos (plântulas e sementes) para restauração,

 uso de serapilheira e banco de sementes alóctone, o uso de espécies atrativas da


fauna (poleiros naturais), poleiros artificiais, a semeadura direta (plantio da semente
em vez da muda) para ocupação e enriquecimento de áreas e outras, que pela
imprevisibilidade das espécies envolvidas, garantam o resgate não só de espécies
arbóreas, mas também de outras formas de vida

3-Programa Ambiental

 que todas as ações sejam planejadas de forma a se constituir num programa


ambiental da respectiva propriedade agrícola, incorporando o componente ambiental

468
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
na estrutura de decisão dessas propriedades, inibindo assim que outras ações de
degradação similares as ja existentes venham a surgir
a) plantio de espécies agrícolas nas entrelinhas do plantio de nativas, nos dois anos
iniciais da restauração, como estratégia de manutenção dessas áreas restauradas e

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


b) o favorecimento de espécies nativas de possível aproveitamento futuro nas
linhas de plantio, como espécies frutíferas, medicinais e melíferas, em sistemas
agroflorestais, apenas nas pequenas propriedades familiares

Fonte: Attanasio et al. 2006

Os sistemas de recuperação são:

Formação de uma comunidade florestal (Implantação): Esse sistema é


normalmente usado em áreas cuja formação florestal original foi substituída por
alguma atividade agropastoril altamente tecnificada e a vegetação natural
remanescente no entorno da área: não é florestal ou foi totalmente destruída.

Condução da regeneração - a ser usada nas áreas com menor nível de


perturbação, onde os processos ecológicos ainda estão atuantes e capazes de
manter a condição de auto-perpetuação da área, caso os fatores de degradação
sejam identificados e interrompidos.

469

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Adensamento é usado em situações onde é constatada a ocorrência de
regeneração natural na área a ser restaurada, geralmente de indivíduos de espécies
nativas das fases iniciais da sucessão.

Essa ocorrência pode ser na forma de indivíduos remanescentes, ou na forma


de banco de sementes, que são aproveitados na recuperação; no caso de indivíduos
remanescentes deve-se preencher os vazios sem indivíduos remanescentes,
através do plantio de espécies iniciais denominando-se esta prática de adensamento.

Adensamento de indivíduos na comunidade

Exemplo de numa APP onde a regeneração natural, oriunda da chuva de sementes de um fragmento
vizinho, ou do banco de sementes presente no solo, não recobriu totalmente área de 30 m destinada à
preservação permanente. Nesse caso, usa-se o sistema de adensamento, fazendo-se o recobrimento da
area sem arvores, plantando-se ali, mudas das mesmas especies que ja estao crescendo no local. Fonte:
Attanasio et al. 2006

Enriquecimento de espécies na comunidade – é o método a ser usado nas


áreas com estágio intermediário de degradação, nas situações onde a área a ser
recuperada já se encontra ocupada com espécies iniciais da sucessão ou a
restauração foi feita apenas com espécies iniciais da sucessão e para garantir a
perpetuação dessa restauração é preciso o acréscimo de espécies de diferentes
comportamentos e até de diferentes formas de vida, geralmente dos estágios mais
finais da sucessão.

470
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”


ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Exemplo de numa APP onde a regeneração natural, oriunda da chuva de sementes de um fragmento
vizinho, ou do banco de sementes presente no solo, recobriu totalmente a área de preservação
permanente, apenas com espécies pioneiras (Capoeirinha). Nesse caso, usa-se o sistema de
enriquecimento, plantando-se ali, mudas de árvores de espécies secundárias iniciais e tardias típicas
dessa formação florestal, mas que inexistem no local em recuperação, visando garantir a continuidade
do processo de sucessão. Fonte: Attanasio et al. 2006

Restauração de uma área

1. Isolamento e retirada dos fatores de degradação;


2. Adequação do local a ser restaurado (Recuperação do solo);
3. Eliminação seletiva ou desbaste de competidores;
4. Indução do banco de sementes do local (autóctone);
5. Condução da regeneração natural;
6. Adensamento e enriquecimento de espécies com mudas;
7. Implantação de plantio total em áreas não-regeneradas ou sem potencial de
regeneração;
8. Transferência de serapilheira e banco de sementes alóctone
9. Transplante de plântulas e/ou indivíduos jovens alóctones
10. Implantação de mudas de espécies frutíferas para atração de dispersores
11. Introdução de espécies de interesse econômico;
12. Plantio de espécies agrícolas na entrelinha, como estratégia de manutenção da área
restaurada
13. Conversão da floresta exótica (Eucalipto, Pinus, etc.) em floresta nativa
o desbaste, é o processo no qual nós escolhemos as melhores plantas no canteiro,
arrancando as piores, deixando um espaço entre plantas próximo ao recomendado.
Martins (2009) apresenta um glossário de alguns termos utilizados:

471

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Recuperação- Esse termo tem sido associado às áreas degradadas, referindo-se à
aplicação de técnicas silviculturais, agronômicas e de engenharia com vistas ao
retorno de um sítio degradado a uma condição não degradada, que pode ser
diferente da original. Essa nova condição está associada a um plano
preestabelecido para o uso do solo, sem preocupação com o retorno da área com
suas condições originais ou a um clímax dinâmico.
Reabilitação- Nesse caso o objetivo é atribuir à área uma função adequada ao uso
humano, restabelecendo suas principais características, e conduzindo-a a uma
situação alternativa e estável.
Restauração- Esse termo é empregado no sentido de promover o restabelecimento
dos processos ecológicos responsável pela construção gradual dos ecossistemas,
criando condições para restaurar a integridade ecológica, sua biodiversidade e
estabilidade no longo prazo.
Reflorestamento ou revegetação- normalmente é um componente da
recuperação de áreas, podendo incluir o estabelecimento de apenas uma ou poucas
espécies, visando principalmente a cobertura da área, com fins múltiplos (SERI,
2004).

Estratégias para proteção e manutenção a longo prazo do ecossistema


restaurado (SERI, 2004).
As metodologias utilizadas para restauração ecológica apresentam-se muito
distintas e surgiram a partir de variadas demandas. A utilização e eficiência de cada
metodologia são variáveis de acordo com as características da área onde será
aplicada.
Alguns conhecimentos são necessários para orientar trabalhos de
restauração, conforme pode ser visualizado abaixo:
 Composição florística, a partir da qual serão definidas as espécies a serem
utilizadas caso haja necessidade de plantio ou semeadura. Conhecimentos
da auto-ecologia e do papel trófico de cada espécie, relacionado
principalmente à criação, manutenção e modificação de habitats, permite
compreender como e quais espécies podem favorecer o aumento progressivo
da biodiversidade e o restabelecimento da dinâmica do ecossistema local.

472
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
 Processos que desempenham papel fundamental na perpetuação de
populações e comunidades, como polinização, dispersão, banco de
sementes, dinâmica de clareiras
 Entendimento de que os processos sucessionais podem se dar através de

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


diferentes trajetórias, levando a diferentes estados finais estáveis com níveis
de organização e estrutura distintos
 Conhecimento sobre os diferentes métodos de restauração existentes e como
e em que condições eles podem ser utilizados

Dentro do contexto de restauração, algumas metodologias têm sido testadas,


monitoradas e propostas. A formação de núcleos de diversidade através do uso de
técnicas que promovam um aumento no ritmo da sucessão tem sido utilizada como
forma de facilitar o início do processo sucessional em áreas degradadas.
Técnicas de restauração através da nucleação possibilitam a diminuição dos
custos de implantação e propiciam uma significativa melhoria na qualidade
ambiental, permitindo o aumento na probabilidade de ocupação do ambiente por
outras espécies.
Como técnicas nucleadoras para restauração, podemos citar a transposição
de solo, a semeadura direta, os poleiros artificiais, a transposição de galharia, o
plantio de mudas em ilhas de alta diversidade e a coleta de sementes com
manutenção da variabilidade genética.
O uso de serrapilheira, banco de sementes e/ou plântulas nativas é de grande
utilidade na restauração de áreas degradadas, possibilitando restabelecer na área
um ecossistema que se assemelha, pelas espécies contidas, àquele anterior à
perturbação.
As sementes/plântulas podem ser coletadas em locais que serão degradados,
como por exemplo: estradas, mineração, hidrelétricas, etc. obtidos a partir do sub-
bosque de plantios comerciais de eucalipto ou mesmo de pinus, culturas de cacau
de cabruca, sistemas agroflorestais biodiversos, etc. ou mesmo em ambientes
agrícolas ou minerados que mantiveram ou constituíram banco de sementes. Neste
contexto, a transposição de pequenas porções de solo não degradado representa
grandes probabilidades de recolonização da área com microorganismos, sementes e
propágulos de espécies vegetais.

473

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Como os exemplares são retirados da própria área a ser degradada ou de
ambientes próximos, o processo de revegetação torna-se mais barato e eficiente.
O controle de competidores e a condução da regeneração natural, por vezes com
consórcio entre adubação verde e plantio de mudas de espécies arbóreas nativas, é
uma das metodologias utilizadas para restauração.
A semeadura direta apresenta-se como um método para preenchimento de
áreas degradadas ou de enriquecimento de áreas naturais ou restauradas com baixa
diversidade garantindo a perpetuação dessas áreas. É um método barato
comparado com o plantio de mudas por envolver menos equipamentos e estrutura
necessária em viveiros. Contudo, sementes de alta qualidade e teor germinativo
muitas vezes não são abundantes para permitir sua utilização em semeadura direta.
O uso de poleiros naturais ou artificiais apresenta-se como uma metodologia
para atração de propágulos de espécies nativas, principalmente na função de
resgate da biodiversidade de ambientes florestais (naturais ou restaurados) com
baixa diversidade.
A diversidade de plântulas de um local está fortemente relacionada com a
diversidade de dispersores com atividade nesse local.

͒͒
8-Manejo (Agro) Ecológico do Solo͒͒
A intervenção do homem no meio ambiente tem ocorrido no sentido de usar
os recursos naturais para a obtenção de alimentos e, com a expansão populacional,
na busca do aumento da produtividade e produção. Os preparos intensivos do solo,
os desmatamentos e as queimadas provocaram, no passado, o desequilíbrio e o
comprometimento da flora e fauna, da água e do solo, bem como, causaram
modificações no clima regional.

Manejo inadequado e manejo adequado: O manejo inadequado do solo tende a


alterar as características químicas, físicas e biológicas, e acelerar o processo de
degradação deste e do meio ambiente.

Para que o solo seja usado de forma adequada é importante caracterizá-lo


quanto às suas propriedades morfológicas, físicas e químicas, que normalmente é
feito através dos levantamentos pedológicos. Estes levantamentos têm por objetivo
sistematizar o conhecimento dos solos, possibilitando a sua identificação,
mapeamento e recomendação de uso.

474
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Manejo Adequado do Solo Manejo Inadequado do solo

- Reduz Erosão Aumenta Erosão


- Aumenta diversidade de Vida (plantas, - Reduz diversidade de Vida

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


animais, insetos benéficos, micro) - Reduz Matéria Orgânica e perde
- Aumenta Matéria Orgânica nutrientes
- Aumenta disponibilidade de nutrientes - Reduz Estabilidade financeira
- Aumenta Estabilidade financeira - Cria dependência por técnicos,
- Aumenta a independência! empresas e insumos!

CONCEITO DE FERTILIDADE: Fertilidade do solo é definida pelo Vocabulário de


Ciência do solo (Curi et al., 1993), como o "Status de um solo com respeito à sua
capacidade de suprir os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas",
embora a definição seja bastante abrangente, de maneira geral utiliza-se este
conceito apenas pelo seu ponto de vista químico, isto é da disponibilidade de
nutrientes no solo. Nos últimos anos, tem se dado uma ênfase um pouco maior aos
nutrientes do compartimento representado pela matéria orgânica do solo

Um ecossistema natural sempre está no seu nível máximo de produtividade


(clímax), dentro dos potenciais do ambiente, sendo limitado pela disponibilidade de
água, de radiação e de nutrientes;
De maneira geral as intervenções devem ser muito mais no sentido de
conviver com as limitações ambientais, utilizando os ciclos naturais para otimizar os
processos; ao invés de procurar corrigir e eliminar as limitações

Fonte: Prof. Paulo Lovato

475

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Sistemas de preparo do solo: Com o objetivo declarado de melhorar as condições
do solo para facilitar a germinação das sementes, de aumentar a porosidade do solo
e de controlar plantas expontâneas, consideradas daninhas, foram importados para
as condições tropicais, sistemas de preparo de solo originários de condições
temperadas;
Estes sistemas, que em sua condição de origem tinham a finalidade de
romper o ciclo invernal e antecipar a época de germinação, em nossas condições se
tornaram a causa de desagregação da estrutura do solo, adensamento ou
compactação de camadas subsuperficiais, encrostamento superficial, queima
acelerada da matéria orgânica, e, em conseqüencia, provocando erosão acelerada.

Sistemas de manejo ecológico:


1- Utilizam cobertura máxima do solo, com plantas vivas ou com cobertura morta,
com o objetivo de proteger a superfície do solo da intensa radiação solar, evitando a
queima da matéria orgânica do solo, reduzindo a amplitude térmica da superfície, a
perda de água por evaporação, o impacto das gotas de chuva sobre a superfície e a
velocidade do escorrimento superficial do excesso de água das chuvas.
2- Preconiza-se a redução ou mesmo a eliminação da movimentação do solo, com
sistemas de cultivo mínimo ou plantio direto. Para as culturas para as quaisainda
não se consegue dispensar o preparo do solo, este devera ser feito com menor
intensidade possível, equipamento mais adequado, umidade do solo ideal e
mantendo-se o solo descoberto o menor tempo possível.
3-Utilizam-se combinações de explorações com espécies de raízes agressivas e
profundas, que tenham a capacidade de romper impedimentos subsuperficiais,
aumentando a capacidade de infiltração da água no solo, recuperando a reciclando
os nutrientes arrastados às camadas mais profundas do solo.
4- Maneja-se a superfície do solo, através de culturas de cobertura, adubos verdes e
da própria vegetação expontânea ("plantas daninhas"), mantêm-se ao máximo a
cobertura do solo, promovendo grande entrada de matéria orgânica no sistema,
visando-se a estruturação do solo, o aumento da macroporosidade e em
conseqüencia aumentando a infiltração da água no solo.
Durante o início do ciclo das culturas deve-se manter as entrelinhas cobertas
através de culturas de cobertura intercalares ou da vegetação expontânea,

476
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
manejadas através de cortes, roçada ou capina seletiva para evitar que cheguem ao
ponto de competir com a cultura principal.
Para evitar o escorrimento superficial da água e a erosão, o plantio deve ser
feito em nível, sendo que poderão ser feitos terraços de base estreita, cobertos de

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


vegetação permanente ou mesmo culturas arbóreas, que terão o efeito adicional de
sombreamento, quebra-ventos e barreiras ao deslocamento de pragas e propágulos
de doenças. Deve-se evitar a implantação de práticas mecânicas que exijam
grandes movimentações de solo.

Redução das perdas de nutrientes

Enquanto nas regiões temperadas os solos são ricos em nutrientes e a


atividade biológica é lenta e sofre interrupções ocasionadas pelo inverno rigoroso,
em regiões tropicais e equatoriais úmidas, os solos são pobres e a atividade
biológica é intensa. Como nas regiões tropicais úmidas os processos de perdas de
nutrientes são acelerados devido à alta taxa de mineralização da matéria orgânica, à
baixa capacidade de retenção de nutrientes dos solos e às chuvas torrenciais, o
estoque de nutrientes está concentrado principalmente na biomassa viva. (floresta
amazonica)
A melhor estratégia para conservar os nutrientes no sistema é mantê-los
fixados na matéria orgânica, tanto nas plantas vivas como na matéria orgânica do
solo. Neste sentido a estratégia de manutenção da cobertura no solo, além de
proteger o solo das perdas de nutrientes pela erosão, também atua no sentido de
manter estes nutrientes na biomassa do sistema.
Assim, a imobilização dos nutrientes, que é considerado como um aspecto
que interfere negativamente no manejo convencional de fertilizantes, sob o enfoque
agroecológico passa a ser um mecanismo chave na manutenção dos nutrientes no
agroecosistema;
A diversificação de espécies no sistema, obtida através da rotação ou
consorciação de culturas, cultivos em faixas ou aléias bem como do manejo
adequado das plantas espontâneas, possibilita uma melhor ciclagem e conservação
dos nutrientes devido às diferentes capacidades de extração de nutrientes de cada
espécie.

477

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O aumento da capacidade de infiltração da água no solo, se por um lado pode
aumentar as perdas de nutrientes por lixiviação, por outro pode ser compensada
com a introdução de espécies com sistema radícular profundo, capazes de
recuperar e trazer para a superfície os nutrientes lixiviados.
O corte ou manejo dos adubos verdes na época correta para que seus
nutrientes mineralizados sejam aproveitados pela cultura alvo no momento da sua
necessidade, evita perdas de nutrientes. Assim, é necessário conhecer a velocidade
de decomposição de cada espécie, informação nem sempre disponível. A relação
C:N e o conteúdo de lignina das espécies pode servir de indicador da velocidade de
decomposição dos resíduos.

Correção de acidez do solo: Para correção inicial da acidez do solo, não ha


nenhuma restrição ao uso de calcário, sendo que em função da deficiência ou não
de magnésio, se recomenda ouso do calcário calcítico, dolomítico ou magnesiano;
Como no manejo agroecológico não são utilizados adubos solúveis de reação ácida,
além de que vários dos insumos utilizados, como esterco, termofosfato e cinzas
também atuam como corretivos da acidez, em geral, uma vez feita a correção inicial,
não é necessário repeti-la a cada 5 anos, como nos sistemas convencionais, como
indicam os trabalhos realizados no Sistema Integrado de Produção Agroecológica
(SIPA).
Num sistema de manejo agroecológico, não se necessita conhecer
profundamente cada grupo de organismos. Alguns princípios simples seguidos pelas
práticas agroecológicas tem se mostrado positivos no estimulo á diversidade de
organismos e das funções ecológicas realizadas por eles. Assim a eliminação da
queimada e a cobertura permanente do solo cria condições favoráveis à microfauna
e aos microorganismos.
A adição de massas de matéria orgânica, tanto pelos resíduos culturais não
queimados, como pelas culturas de cobertura, adubos verdes e adubação orgânica
fornecem substrato ao desenvolvimento tanto da fauna como da flora edáfica. A
rotação de culturas, policultivos e manejo de plantas espontâneas aumenta a
diversidade vegetal, e devido à entrada de diferentes tipos de exsudatos e restos
culturais, estimula a diversidade biológica nestas condições.

478
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Manejo de plantas espontâneas: Qual é a função ecológica de cada espécie? É
fundamental conhecer o papel ecológico de cada espécie espontânea, e neste
campo as informações disponíveis são muito poucas. Muitas vezes é necessário
recorrer ao conhecimento prático dos agricultores mais antigos, que possuem

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


algumas informações empíricas sobre muitas espécies
Diferentes estratégias podem ser utilizadas para manter as plantas espontâneas sob
͒controle:
Manter o solo coberto; Não revolvimento do solo: Controle mecânico; Controle
térmico; Controle seletivo: Avaliando a capacidade de infiltração; Sistemas de
preparo do solo convencional; Eliminação da cobertura do solo; Desestabilização da
estrutura; Compactação; Redução da matéria orgânica; Agrotóxicos: plantas
espontâneas, pragas e doenças

9- Tipos de produção, colheita, beneficiamento e armazenamento de vegetais;

Para cada situação se dimensiona a área de preservação permanente e os


limites de reserva legal necessárias.
Nos casos de atendimento de técnicas conservacionistas, como o da prática
de plantio direto e/ ou de sistemas de rotação de culturas anuais, em uso, indicará
necessidade de reserva legal menor.
No aspecto conservacionista, há, que se abolir definitivamente a exigência de
índices de produtividade, responsáveis pela intensificação produtivas, causando
exaurimento químico, físico e biológico do solo.
No caso citado, é o que se evidência em pastagem conduzida com carga animal
superior à capacidade se suporte, para atingir índices de produtividade.

Produçao de sementes: A agricultura moderna tem demandado a utilização de


tecnologias que impliquem em produtividades adequadas e sustentáveis com
mínimo impacto no ambiente para viabilizar o empreendimento agrícola.
Dentre essas tecnologias, a utilização de sementes de alta qualidade tem
destaque por influenciar diretamente a produtividade agrícola, haja vista que dela
depende a maximização da ação dos demais insumos.

479

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


O sucesso do empreendimento começa pela cultivar recomendada e semente
de qualidade, ou seja, a cultivar que melhor se adapta à região e ao nível
tecnológico que se pretende utilizar.
A qualidade da semente envolve aspectos que devem ser considerados na
sua conceituação, pois envolve diversos componentes numa somatória de atributos.
Assim, uma semente deve se destacar pela sua qualidade genética, qualidade física,
qualidade fisiológica e qualidade sanitária.
Lavouras destinadas à produção de sementes são conduzidas de forma
semelhante àquelas para produção de grãos.Determinadas práticas culturais e
legais que requerem cuidados especiais: Escolha da area, Isolamento, Escolha da
cultivar, Sementes, Semeadura, Roguing e vistorias de campo, Controle de
plantas daninhas e de doenças, Colheita e secagem, Beneficiamento e
Armazenamento.

Padrões para produção e comercialização de sementes


Escolha da área
• Cultura anteriormente plantada, a qual não deve ter sido o arroz (pois
comprometem a pureza da semente, originam plantas voluntarias)
• conhecimento prévio das plantas daninhas auxilia na escolha, retirada das
sementes nocivas e silvestres no processo de beneficiamento.

Escolha do cultivar
A cultivar a ser plantada deve atender à recomendação técnico-científica.
O produtor deve observar as características agronômicas mais favoráveis,
pois o melhoramento genético de pesquisa oferece aos produtores opções que
passam por cultivares menos exigentes em fertilidade do solo e mais tolerantes à
deficiencia hídrica;
Características desejaveis para uma cultivar:
 Tolerância as doenças;
 Resistencia; alta produtividade;
 boa qualidade industrial dos grãos; alto rendimento de grãos inteiros,
 boa classificação comercial e
 boa qualidade culinária;

480
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Sementes: LPC e Sistema Nacional de Sementes e Mudas. Com a criação da Lei
de Proteção de Cultivares (LPC), o governo brasileiro deu o primeiro passo para
assegurar os direitos dos obtentores de novas variedades vegetais, mediante a
concessão de um certificado de proteção de cultivar.

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


O Art. 115 da Lei que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas
permite ao agricultor reservar parte de sua produção para sementes de uso próprio.

Semeadura: Tal procedimento evitam perdas por excesso de chuvas na colheita,


resultando num produto com menor índice de umidade, o que facilita o processo de
secagem.

Roguing e vistorias de campo: Roguing é o procedimento principal que diferencia


um campo de produção de sementes e de grãos. Essa prática consiste num exame
cuidadoso e sistemático do campo com o objetivo de remover, manualmente, as
plantas indesejáveis, visando, assim, preservar a pureza genética, varietal e física.

Vistorias de campo: As vistorias obrigatórias estabelecidas pela legislação são


aquelas que ocorrem na floração e na pré-colheita; porém, quanto mais vezes o
produtor fizer o acompanhamento do seu campo de sementes, maiores serão as
chances de conseguir tomar as medidas corretivas a tempo.
Na vistoria de floração, as flores estão receptivas, e a antera, liberando pólen
– momento em que é possível diferenciar as plantas atípicas de ciclo mais precoce.

Colheita e secagem: A colheita é feita quando as plantas se encontram na fase de


maturação, com umidade entre 16% e 20%. O processo de colheita deve ser
realizado cuidadosamente para evitar misturas varietais e danos mecânicos nas
sementes. A atenção na limpeza da colhedora e de todos os equipamentos
envolvidos na operação deve ser redobrada para prevenir as misturas varietais,
principalmente quando ocorrer mudança de cultivares.
Os danos mecânicos nas sementes determinam perda da sua qualidade
fisiológica. Assim, é muito importante uma correta regulagem da colhedora.

Secagem: Quando se trata de secagem de sementes, a temperatura na massa de


grãos é diferente, a qual deve ser inferior para não afetar a germinação e vigor das

481

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


mesmas. Temperaturas mais elevadas são utilizadas para secagem de grãos, pois
não existe a preocupação com a qualidade fisiológica.

Beneficiamento: Após a colheita, as sementes não estão em condições de serem


comercializadas, necessitando passar pelo processo de beneficiamento para retirar
as impurezas, as sementes de plantas daninhas e as de outras espécies, bem como
padronizar as sementes para plantio.

Armazenamento: O armazenamento tem por objetivo conservar as sementes,


preservando suas qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias, para posterior
semeadura e obtenção de plantas sadias após a germinação (UFSM, 2004).
Os objetivos das sementes armazenadas podem ser diversos, desde a
formação de plantios comerciais, até a de bancos de genes de florestas nativas.
Dependendo do objetivo, pode ser necessário a sua conservação por períodos
curtos ou longos.
A condição ideal para armazenamento de sementes é de baixas temperatura
e umidade. Os armazéns devem ser ventilados, e as sacarias, dispostas sobre
estrados de madeira, evitando o contato direto com o piso. Por serem higroscópicas
(absorve umidade do ar atmosférico), em locais úmidos a armazenagem deve ser
mais cuidadosa; em caso de ingestação por insetos, faz-se o Expurgo (compostos
químicos em estado gasoso), produtos a base de fosfina que não interferem na
germinação das sementes;

Longevidade das sementes


Uma classificação de longevidade de sementes, válida para condições
naturais, foi realizada por Ewart em 1908, que as dividiu em três grupos (Ewart apud
Hong e Ellis, 2003):
 Microbióticas – Têm período de vida inferior a 3 anos, incluindo a maioria das
recalcitrantes;
 Mesobióticas – Com período de vida superior a 3 e até 15 anos no máximo;
 Macrobióticas – São as que mantém a viabilidade por mais de 15 anos.

482
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Longevidade relacionada a certos fatores: Deterioração do DNA embrionário;
Umidade; Temperatura; Qtde de substancias de reserva da semente; Teor de óleo
das sementes; Luminosidade; Tempo de estocagem (processo de envelhecimento)

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


Tipos de sementes
Ortodoxas – aquelas que podem ser secadas e armazenadas por um longo período
de tempo, a baixas temperaturas, sem perder sua capacidade de germinar. Este é o
caso da maioria das espécies florestais tropicais. Como exemplos deste grupo estão
as sementes de sabiá, tamboril, jucá e cumaru.
Recalcitrantes – aquelas que perdem rapidamente a sua viabilidade, não
suportando secagem e armazenamento. Portanto, devem ser semeadas o mais
rápido possível. Exemplo: pau-brasil, mangaba, seringueira, mangueira e feijão
bravo.

Sementes Disponível em http://estagiositiodosherdeiros.blogspot.com.br/2012/02/semente-crioula-


tesouro-dos-povos-parte_29.html Acesso em Dez de 2013

10- Nutrientes Minerais

Utilizando-se a definição inicial de Arnon & Stout (1939), o elemento é


considerado essencial quando atende aos três critérios seguintes:
• O Elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da planta
(como constituinte de molécula, participar 
 
• A planta não é capaz de completar o seu ciclo de vida na ausência do
elemento;

483

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


• A função do elemento é específica, ou seja, nenhum outro elemento poderá
substituí-   
Utilizando-se estes critérios, os especialistas da área de nutrição mineral
consideram os elementos como essenciais para as plantas. Estes elementos
minerais essenciais são usualmente classificados como macro ou micronutrientes,
de acordo com a sua concentração relativa no tecido ou de acordo com a
concentração requerida para o crescimento adequado da planta. Em geral, as
concentrações dos macronutrientes (N, P, K, Si, Ca, Mg e S) são maiores do que as
dos micronutrientes (Fe, Cu, Zn, Mn, Mo, B, Cl, Ni e Na). Vale salientar, no entanto,
que a concentração de determinado nutriente pode estar acima ou abaixo daquela
requerida para o crescimento normal da planta. Assim, é melhor classificar macro e
micronutrientes de acordo com o requerimento dos nutrientes para o crescimento
adequado da planta.
Terminologia utilizada na identificação de deficiências nutricionais
• Clorose internerval: amarelecimento entre as nervuras, as mesmas se mantêm
verdes;
• Clorose: amarelecimento geral do tecido da planta; ausência de clorofila;
• Dreno: ponto de crescimento da parte aérea ou da raiz, flores e frutos;
• Fonte: folha madura com alta taxa fotossintética.
• Generalizado: os sintomas não estão limitados a uma única área, mas espalhada
pela planta toda;
• Imóvel: não é capaz de se mover de uma região para outra da planta;
• Localizado: sintoma limitado a uma folha ou a uma parte dessa;
• Móvel: capaz de se mover de uma parte para outra da planta;
• Nanismo: diminuição do crescimento; tamanho menor de plantas afetadas;
• Necrose: morte do tecido da planta; o tecido se torna marrom e morre;
• Queima: amarelecimento severo localizado, aparência chamuscada.

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS

Disponível em http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/APOSTILA/NUTRICAO_MINERAL Acesso em Dez 2013

11-Cooperativas

Missão das cooperativas

A missão fundamental das cooperativas é servir como intermediária entre o


mercado e as economias dos cooperados para promover o seu incremento;
diferentemente das sociedades de capital, em que o voto é proporcional ao capital
de cada investidor.

Empresa cooperativa: “a cooperativa é um empreendimento diferente das


empresas encontradas na economia e que visam a resultados e lucros”. Este
empreendimento não comporta a idéia de uma propriedade privada, mas sim de
uma co-propriedade privada e comum que não tem o objetivo de geração de lucros,

485

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


e sim o intuito de oferecer condições para que cada uma das unidades autônomas
associadas ao empreendimento possa estabelecer-se eficientemente nos mercados.

O empreendimento cooperativista é uma forma organizacional que propicia


uma série de vantagens, tanto para produtores rurais como para a sociedade em
que o empreendimento se localiza. Isso decorre da forma de gestão organizacional
das cooperativas, que permite maior distribuição de renda e resultados, e do fato da
cooperativa ser um agente que consegue estabelecer níveis mais favoráveis de
preços para os produtores associados. Além desses benefícios de renda, e pela
melhor relação de preços, a forma organizacional da cooperativa apresenta a
vantagem de propiciar melhor coordenação de todo um sistema agroindustrial, visto
que:

[...] a competitividade ganhou o centro das atenções devido à crescente


integração dos mercados. Neste contexto, a regulamentação dos negócios
privados e as políticas de concorrência passam a ter um novo papel:
promover a cooperação e, ao mesmo tempo, estimular a concorrência. As
proposições normativas para regulamentação continuam a se basear na
presença de falhas de mercado que podem levar a um nível de
competitividade inferior quando comparado a uma solução cooperativa
(FARINA, 1997, p. 158).

Tipos de cooperativas

As atribuições de cada cooperativa seriam definidas de acordo com o grau de


associação na cadeia agroindustrial. Utilizando o produto leite como exemplo as
atribuições seriam divididas da seguinte maneira:

Cooperativas singulares

As cooperativas singulares ficariam com a responsabilidade de realizar todos


os trabalhos de base junto aos produtores agropecuários, como:

a) trabalho de campo: transferência das tecnologias e biotecnologias para melhorar


a produção do leite in natura;

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
b) agroindustrialização primária: recebimento, beneficiamento e resfriamento do leite
in natura;
c) comercialização: do leite pasteurizado tipo "barriga-mole", mas com a marca
nacional do leite envasado pelo sistema cooperativo;

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


d) educação: desenvolvimento do cooperativismo e da educação cooperativa.

Cooperativas centrais

a) agroindustrialização: transformação do leite em produtos lácteos destinados ao


consumo ou em leite em pó destinado ao armazenamento;

b) estratégia competitiva: desenvolvimento de produtos de acordo com a


necessidade o mercado consumidor, em termos de preços, qualidade e serviços
adicionados;
c) padronização e P&D: desenvolvimento da qualidade dos produtos e dos serviços
prestados aos consumidores, para que os produtos lácteos cooperativos tenham a
mesma qualidade em qualquer estágio da produção, da agroindustrialização e da
comercialização
d) marketing comercialização e distribuição: efetuaria o desenvolvimento do
marketing dos produtos lácteos cooperativos e coordenaria a sua comercialização e
distribuição, utilizando as cooperativas singulares como representantes dos produtos
cooperativos.

Conceito e Formas de Alianças Estratégicas


O conceito básico de alianças estratégicas, segundo Lewis (1992), é a
cooperação entre empresas em torno de suas necessidades mútuas,
compartilhando riscos para alcançar um objetivo comum.
Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de
empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos, para explorar
determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade
jurídica. Difere da sociedade comercial (partnership) porque se relaciona a um único
projeto cuja associação é dissolvida automaticamente após o seu término. Um
modelo típico de joint venture seria a transação entre o proprietário de um terreno de
excelente localização e uma empresa de construção civil, interessada em levantar

487

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


um prédio sobre o local.
Há várias empresas, de diversos setores da economia, que investem nesse
tipo de sociedade. As maiores joint ventures no mundo aconteceram nos ramos de
tecnologia, automobilismo e alimentação.

Exercícios

1- Conceitos de Agricultura e Agronegocio

1. Conceitue Agricultura e Agronegocio


2. Discuta a mudança do termo Agronegócio ao longo do tempo.
3. Escreva as características das propriedades rurais . O que acontece ao longo
do tempo?

2-Sistemas Agroindustriais

1. Quais as principais diferenças e semelhanças entre os conceitos de


commodity system e o de filière?
2. Defina uma cadeia de produção agroindustrial?
3. Quais as diferenças entre complexo agroindustrial e cadeia de produção
agroindustrial?
4. Dê um exemplo de complexo agroindustrial e defina as principais cadeias de
produção que o compõe. Identifique, no interior deste complexo, as
operações-nó e as operações divergentes (se for o caso) que o caracterizam.
Defina ainda suas principais etapas de produção?
5. Escreva sobre as Pragas e Doenças que afetam a agroindústria
6. O que é insumo e qual a classificação dos insumos?
7. Escreva sobre os tipos de sistemas agroalimentar e não alimentar.

3- Gerenciamento dos sitemas agroindustriais

1. Escolha um produto (leite, queijo, citrus ou outros) e aponte pontos


importantes na gestão da produção do produto que voce escolheu.
2. Diferencie empreendimentos rurais tradicionais dos modernos

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
4-Definição de agricultura familiar

1. Assinale a alternativa incorreta:


a) A renda familiar bruta prevista não pode ultrapassar a R$ 27 500,00, com rebate

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


de 50% para atividades de avicultura: avicultura, piscicultura, suinocultura e
sericicultura.
b) A propriedade não pode ter mais do que quatro módulos fiscais
c) A propriedade deve manter, no máximo, dois empregados permanentes, sendo
admitida ainda, como recurso eventual, a ajuda de terceiros quando anatureza
sazonal da atividade exigir.
d) A propriedade deve apresentar um cronograma anual do fluxo financeiro, no
máximo, dois dias antes de receber o montante a ela destinada.

2. Quanto ao o funcionamento de uma unidade produtiva da agricultura familiar


podemos inferir:
a) Processo produtivo está ligado apenas na criação de animais.
b) Processo produtivo está ligado a criação de animais e cultivo de alimentos.
c) Processo produtivo está ligado apenas no cultivo de alimentos.
d) Processo produtivo está ligado exclusivamente a criação de bovinos.

3. Caracterize Agricultura familiar

5- Agricultura Sustentável e Pecuária Sustentável

1- Faça uma tabela diferenciando Agricultura Convencional da Sustentável e


Pecuária Convencional da Sustentável

2- Explique o Sistema ILPF- Integração -Lavoura-Pecuária- Floresta. Quais


vantagens esse sistema oferece?

3- O que é plantio direto?

489

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


6- Diagnósticos de realidades agrarias

1- O que foi a Revolução Verde? O que mudou hoje desde a época da Revolução
Verde?
2- O que é Agroecologia?
3- O que é o Indice de Gini? Qual sua importância?
4- De acordo com os mapas sobre o Brasil Agrário, caracterize a Região da
Amazônia e do Sul do Brasil.

7-Planejamento Ambiental em unidades Rurais

1-Qual a importância das florestas ciliares?


2- Qual a relação do processo de sucessão ecológica nos projetos de restauração?
3- Quais são os métodos mais comuns usados para a Restauração de áreas
degradadas?
4- Qual a diferença de restauração, recuperação, reflorestamento e reabilitação?

8- Manejo Ecológico do Solo

1- Quais as vantagens para um solo com manejo adequado?


2- Sabemos que o solo não possui apenas nutrientes químicos, mas muitos
microrganismos, pesquise quais são os principais grupos que compõem o solo.
3- Cite todas as funções da matéria orgânica do solo

9-Tipos de produção, colheita, beneficiamento e armazenamento de vegetais

1- Quais os cuidados importantes relacionados à produção das sementes?


2- Quais as categorias de sementes que podem ser produzidas que foram
apresentadas nesta aula?
3- Qual a importância da semeadura?
4- O que é Roguing?
5- Cite dois princípios gerais do armazenamento de sementes.
6- O que diferencia as sementes florestais das não-florestais?

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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
10-Nutrientes Minerais

1- O que e quais são os nutrientes essenciais?

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS


11-Cooperativas

1- Qual a função das cooperativas?


2- Quais os benefícios de participar de uma cooperativa?
3- Quais as desvantagens de partivipar de uma cooperativa?
4- Quais os tipos de cooperative?
5- O que significa Join Venture?

Disciplina: Estudos de Impactos ambientais em áreas agrícolas e Agroindustriais


Carga Horária: 60 horas/ aula
Objetivos Gerais: Caracterizar, analisar e avaliar unidades de produção agrícola e
introduzir o conceito sustentável nos temas relacionados ao agronegócio e a
agricultura.




491

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE - ETAPA 3


Bibliografia

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rural. FETG-RS
Araújo, Massoilon. Fundamentos de Agronegócios. São Paulo, Editora Atlas,
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http://www.portalagropecuario.com.br/
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“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”

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