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LINGUAGEM

Fonte: Manual de Psicopatologia 5ª edição – Elie Cheniaux

1. Introdução:
1.1. Definição:
Linguagem é um sistema até certo ponto arbitrário de signos – fonéticos e gráficos (as
palavras) –, que funciona como um processo intermediário entre o pensamento e o mundo
externo.

1.2. Funções da linguagem:


A linguagem possui as seguintes finalidades: comunicação social, expressão de vivências
internas (pensamentos, sentimentos), organização da experiência sensorial e dos processos
mentais, tradução dos estímulos externos, indicação e descrição das coisas, transmissão de
conhecimentos e regulação da conduta.

1.3. Características:
A linguagem é uma forma de comunicação especificamente humana.
A fala é um processo criativo: a partir de um número finito de palavras e regras gramaticais,
produzimos uma infinidade de sentenças e significados.
Por meio da linguagem, podemos abstrair e generalizar os elementos da realidade. A
linguagem se exterioriza por meio da fala (e da escrita), a qual representa um fenômeno
psicomotor.

1.4. Linguagem e pensamento:


Linguagem e pensamento estão intimamente relacionados, não podendo ser facilmente
separados, mas são dois fenômenos distintos. Podem ocorrer perturbações do pensamento
não associadas a perturbações da fala, e vice-versa. Podem existir pensamentos sem
linguagem, como nos devaneios; assim como palavras não associadas a pensamentos, como
frases sem sentido usadas puramente para a interação social – por exemplo, “olá!”, “tudo
bem?”.
O estudo da linguagem tem como objeto as palavras, enquanto o estudo do pensamento se
refere às ideias. A linguagem molda o pensamento e é fundamental para a sua elaboração e
expressão. Só com a aquisição da linguagem, e a consequente utilização de conceitos,
desenvolve-se na criança o pensamento abstrato.

1.5. Prosódia:
Além do componente cognitivo, a linguagem possui ainda um componente afetivo: a
prosódia. Esta é constituída pela musicalidade, entonação e inflexões da fala, além da
gesticulação.

2. Alterações da linguagem:
Não faz parte da psicopatologia o estudo dos distúrbios restritos ao aparelho fonador
(perturbações no processo mecânico da fala). Estas não interferem na compreensão da
linguagem e, principalmente, podem ocorrer na ausência de um transtorno mental. Assim, não
estudaremos as disartrias (dificuldade mais ou menos geral na articulação da palavra,
prejudicando especialmente a pronúncia de consoantes), as dislalias (deformação, omissão ou
substituição restrita a determinadas consoantes), as disfemias (como a tartamudez) e as
disfonias (perturbação da voz, atingindo principalmente as vogais).

2.2. Alterações quantitativas:


Afasias:
Diferença entre afasia e disfasia:
Afasia = refere-se a uma perda
Disfasia = refere-se a um prejuízo ou dificuldade quanto à linguagem.
As afasias são distúrbios adquiridos da capacidade linguística – na compreensão ou na
expressão –, que ocorrem na ausência de déficit auditivo ou de incapacidade motora do órgão
fonador. Estão relacionadas a lesões corticais – causadas principalmente por distúrbios
vasculares, tumores e processos degenerativos, como a doença de Alzheimer.
As afasias podem ser classificadas como: motora (expressiva, ou de Broca), sensorial
(receptiva, ou de Wernicke), de condução, global, transcortical e anômica (semântica,
amnéstica).

a) Afasia motora:
A afasia motora constitui uma apraxia verbal. Os pacientes conseguem utilizar os músculos
fonadores para outros fins que não a fala. Trata-se de uma forma de afasia não fluente. O
discurso, emitido com grande dificuldade, caracteriza-se por frases curtas ou simplesmente
fragmentos de palavras e pela perda da estrutura gramatical (agramatismo: ausência de
artigos, preposições, conjunções, advérbios de lugar e verbos auxiliares). Além disso, os
pacientes cometem erros parafásicos literais e apresentam perda da prosódia. A compreensão
da linguagem, assim como a capacidade de nomeação, está preservada, mas a capacidade de
repetição (do que o examinador fala) está comprometida. A afasia motora está relacionada a
lesões na região posteroinferior do lobo frontal esquerdo (área de Broca).
Nota: Afasia não fluente = pacientes podem entender o que as outras pessoas dizem melhor
do que podem se expressar.

b) Afasia sensorial:
A afasia sensorial corresponde a uma agnosia verbal. Há perda da capacidade de
compreender a linguagem, e a audição, por definição, não está prejudicada. É uma afasia
fluente, mas o paciente tem dificuldades em compreender a própria fala. As palavras são
pronunciadas de forma defeituosa – há parafasias literais e semânticas – e a sintaxe pode estar
bastante alterada (paragramatismo). As capacidades de repetição e de nomeação também
estão comprometidas. Na afasia sensorial, há lesão na região posterossuperior do lobo
temporal esquerdo (área de Wernicke).

c) Afasia de condução:
Na afasia de condução, há fluência, a compreensão é normal, mas a capacidade de repetição e
a de nomeação estão comprometidas. Esse tipo de afasia está relacionado a lesões no
fascículo arqueado, que conecta a área de Wernicke com a de Broca.

d) Afasia global
Na afasia global – relacionada a lesões das áreas de Broca e de Wernicke –, a expressão, a
compreensão e a repetição estão comprometidas.

e) Afasia transcortical
A principal característica da afasia transcortical é a preservação da capacidade de repetição.
Trata-se de uma afasia não fluente, podendo estar a capacidade de compreensão
comprometida ou não.

f) Afasia anômica
Na afasia anômica, há dificuldade em nomear objetos. A expressão, a compreensão e a
repetição são normais.

Agrafia:
A agrafia caracteriza-se pela incapacidade isolada para escrever. Pode também estar associada
às afasias.

Alexia:
Na alexia, perde-se a capacidade para a leitura. Pode ocorrer isoladamente ou associada às
afasias e às agrafias.

Aprosódia (hipoprosódia):
Na aprosódia ou na hipoprosódia há, respectivamente, perda ou diminuição da modulação
afetiva da fala, que se torna monocórdica, monótona. Pode haver também perda (ou
diminuição) da capacidade de compreender a prosódia da fala das outras pessoas. Esse
distúrbio relaciona-se a lesões no hemisfério direito.

Hiperprosódia:
A hiperprosódia caracteriza-se por uma acentuação da inflexão verbal; uma fala enfática,
loquaz. Ocorre na mania.

Mutismo:
Mutismo significa ausência da fala. Pode expressar negativismo (silêncio deliberado) ou
inibição psíquica (no estupor esquizofrênico, depressivo, histérico ou do delirium).

Logorreia:
A logorreia (ou verborreia, ou verborragia) refere-se a uma expressão verbal aumentada. O
paciente fala o tempo todo e é difícil interrompê-lo. Ela é observada tipicamente nos estados
maníacos.

Oligolalia:
A oligolalia (ou laconismo) refere-se a uma expressão verbal diminuída, mas não abolida.
Consiste no oposto da logorreia. É observada nas mesmas situações em que o mutismo pode
ocorrer.

Hiperfonia:
A hiperfonia representa uma elevação do volume da voz, isto é, falar excessivamente alto.

Hipofonia:
A hipofonia representa uma redução do volume da voz, isto é, falar excessivamente baixo, o
que às vezes torna impossível entender o que se está dizendo.

Taquilalia e bradilalia:
Taquilalia (ou taquifasia) e bradilalia (ou bradifasia) referem-se, respectivamente, a um
aumento e a uma diminuição da velocidade da expressão verbal. Correspondem às alterações
do curso do pensamento.

Latência da resposta:
A latência da resposta refere-se ao tempo que o paciente demora para responder às perguntas
do examinador, podendo estar aumentada ou diminuída. O aumento pode expressar uma
inibição psíquica (como na depressão), negativismo ou suspicácia. A diminuição pode estar
relacionada a uma síndrome maníaca ou a ansiedade.

2.3. Alterações qualitativas:


Ecolalia:
A ecolalia consiste na repetição, como um eco, da última ou últimas palavras faladas pelo
entrevistador (ou outra pessoa do ambiente), dirigidas ou não ao paciente. Corresponde, na
linguagem, ao que são a ecomimia e a ecopraxia na psicomotricidade. Ocorre na síndrome
catatônica, no autismo e na demência. Por exemplo, o examinador pergunta “qual é o seu
nome?”, e o paciente responde “qual é o seu nome”.

Palilalia
A palilalia consiste na repetição involuntária da última ou últimas palavras que o próprio
paciente falou. Ocorre na demência. Por exemplo, o examinador pergunta “qual é o seu
nome?”, e o paciente responde “eu me chamo João… João”.

Logoclonia
A logoclonia é semelhante à palilalia, só que a repetição é apenas das últimas sílabas. É
encontrada tipicamente na demência. Por exemplo, o examinador pergunta “qual é o seu
nome?”, e o paciente responde “eu me chamo João… ão”.

Estereotipia verbal
A estereotipia verbal (ou verbigeração) consiste numa repetição monótona, inadequada e sem
sentido comunicativo de palavras ou frases. Ocorre na síndrome catatônica e na demência.
Um paciente ficava o dia inteiro gritando “É uma coisa! É uma coisa!”. Não pronunciava
praticamente nenhuma outra palavra.

Mussitação
Na mussitação, o paciente fala com uma voz sussurrada, em volume muito baixo e tom
monótono, quase sem mover os lábios; fala para si próprio, e de forma incompreensível. Esse
distúrbio ocorre na esquizofrenia.

Neologismos
Neologismos consistem em palavras novas, criadas pelos pacientes, ou palavras já existentes
às quais é atribuído um novo significado. Podem ser resultado de uma fusão de conceitos, ou
consistir numa tentativa de expressar vivências extraordinárias que o vocabulário comum
não conseguiria expressar. São encontrados principalmente na esquizofrenia.

Jargonofasia:
A jargonofasia (ou salada de palavras, ou esquizofasia, ou confusão de linguagem) representa
uma completa desorganização da linguagem, cuja sintaxe se torna inteiramente incoerente.
Palavras reconhecíveis, em geral articuladas corretamente, são emitidas numa ordem caótica e
ilógica, podendo ainda ser misturadas com neologismos, o que torna o discurso sem qualquer
sentido, ininteligível. Ocorre na esquizofrenia e na afasia sensorial. O discurso de um paciente,
recolhido por Pio Abreu (1997), exemplifica a jargonofasia:
“Alviela de seporte antantá da cédula de emigração delitianos de poupador de alter cor de
várias entidades oficiais tite as insígnias desmercocoloie de bat anglo bater dulpagi de armas
glomirais de briquet dos regimentos de Lisboa.”

Parafasias
As parafasias referem-se à deformação ou troca de palavras, podendo ser literais ou verbais. A
parafasia literal (ou fonêmica) caracteriza-se pela substituição de uma palavra por outra de
som semelhante, como faca por vaca, cadeira por cameila. Ocorre nas afasias motora e
sensorial. A parafasia verbal (ou semântica), por sua vez, é caracterizada pela substituição de
uma palavra por outra semanticamente relacionada, como faca por garfo. Ocorre na afasia
sensorial.
Solilóquio
O solilóquio refere-se ao comportamento de falar sozinho. É uma manifestação indicativa de
alucinação auditiva, mas pode ocorrer também em pessoas normais.

Coprolalia
Na coprolalia, o discurso é caracterizado pela presença de palavras obscenas, vulgares ou
relativas a excrementos. Quando se constitui num tique verbal, é uma manifestação típica da
síndrome de Tourette.

Glossolalia
Na glossolalia, é como se o indivíduo estivesse falando uma outra língua. Ele produz sons
ininteligíveis, mantendo os aspectos prosódicos da fala normal.

Maneirismos
No maneirismo verbal, a fala torna-se pouco natural, afetada, seja quanto à escolha das
palavras (rebuscamentos, uso de palavras difíceis, formalismo exagerado, assim como o uso
excessivo de diminutivos, gírias ou jargões), à pronúncia, ao sotaque ou à inflexão verbal
(disprosódia ou paraprosódia). Quando um indivíduo refere-se a si mesmo na terceira pessoa,
isso representa um maneirismo.

Pedolalia
Na pedolalia, o paciente fala com uma voz infantilizada.

Pararrespostas
Pararrespostas são respostas totalmente disparatadas em relação às perguntas. Por exemplo:
“Qual é o seu nome?” – Resposta: “Acho que vai chover”. São encontradas na esquizofrenia e
na demência.

Respostas aproximadas
O paciente, embora compreenda perfeitamente a pergunta e conheça a resposta correta,
deliberadamente dá uma resposta errada, mas que está relacionada à pergunta. Por exemplo:
“Quantas patas tem um cachorro?” – Resposta: “Cinco”; ou então: “Quantos são ‘3 × 3’ ?” –
Resposta: “Dez”. Respostas aproximadas ocorrem num quadro de pseudodemência
(dissociativa) conhecido como síndrome de Ganser.

3. O exame da linguagem:
A expressão oral e a compreensão auditivo-verbal são avaliadas de forma informal durante
toda a entrevista. Todavia, alguns testes podem ser necessários, como os encontrados no
Miniexame do Estado Mental (Folstein, 1975):
- A compreensão pode ser avaliada através de ordens transmitidas oralmente ao paciente,
como “Toque sua orelha direita com sua mão esquerda”; perguntas simples, como “Os bairros
são maiores do que as cidades?”; ou ordens por escrito, como “Feche os olhos”.
- Capacidade de nomeação: mostra-se ao paciente uma caneta e um relógio, por exemplo, e
pede-se que diga como se chamam esses objetos. Ou então pede-se que ele, em um minuto,
cite todos os nomes de animais que puder.
- Capacidade de repetição: pede-se ao paciente que repita frases como “Nem aqui, nem ali,
nem lá.”, ou “Sem quês, nem mas, nem porquês”.
- Expressão: solicita-se ao paciente que escreva uma frase (com sujeito, verbo e objeto).

4. A linguagem nos principais transtornos mentais


Mania
Na mania, o paciente em geral fala alto, está logorreico e apresenta taquilalia, hiperprosódia e
diminuição da latência de resposta, podendo apresentar ainda coprolalia, em função da perda
da autocensura.

Depressão
Tipicamente, na depressão há oligolalia ou mutismo, bradilalia, hipofonia e aumento da
latência de resposta, podendo ocorrer também hipoprosódia ou aprosódia.

Esquizofrenia
Na esquizofrenia podem ocorrer mussitação, solilóquio, jargonofasia, neologismos,
maneirismos, pararrespostas, aprosódia. Particularmente no subtipo catatônico, podem ser
observados mutismo, ecolalia e estereotipia verbal.

Demência
Na demência, pode haver afasias (com parafasias), ecolalia, palilalia, logoclonia, jargonofasia,
pararrespostas, aprosódia.

Transtorno conversivo e transtornos dissociativos


Em quadros conversivos, pode haver mutismo; ou então o paciente perde a capacidade para a
fala normal, conseguindo apenas sussurrar (afonia histérica). Na síndrome de Ganser, um
quadro dissociativo, observamos o fenômeno de respostas aproximadas. Encontram-se
também pedolalia (na puerilidade histérica) e glossolalia (em estados de transe psicogênicos).

5. Contribuições da psicanálise:
Para Freud, uma ideia só pode tornar-se consciente se ligada a uma representação de palavra,
a uma imagem verbal. Isso ocorre porque esta guarda características sensoriais: origina-se na
audição por parte da criança das palavras pronunciadas pelas outras pessoas.
É a aquisição da linguagem que possibilita o desenvolvimento do pensamento do processo
secundário a partir do pensamento do processo primário.

6. Contribuições das neurociências


Lateralidade da linguagem
A linguagem está relacionada ao hemisfério cerebral dominante, que, em 90% das pessoas
destras e em 64% dos canhotos e ambidestros, é o hemisfério esquerdo.
Área de Wernicke
A área de Wernicke é a principal área de compreensão da linguagem. Está relacionada à
formação de pensamentos e à escolha das palavras que irão expressá-los. É especialmente
desenvolvida no homem. Embora seja encontrada nos chimpanzés, não é detectada nos
cérebros dos símios ou de macacos antropoides. A área de Wernicke localiza-se na região
posterossuperior do lobo temporal esquerdo, estando intimamente relacionada às áreas
auditivas primária e secundária, no lobo temporal.
Área de Broca
A área de Broca é a principal área da expressão verbal: proporciona a formação de palavras ao
excitar simultaneamente os músculos articulatórios e fonatórios. Está localizada na região
posteroinferior do lobo frontal esquerdo.
Circuitos neuronais da fala
A sequência da transmissão neuronal envolvida na linguagem falada é mais ou menos esta: (a)
recepção dos sinais sonoros na área auditiva primária, onde são codificadas as palavras; (b)
reconhecimento das palavras na área de Wernicke; (c) formação do pensamento e escolha das
palavras na área de Wernicke; (d) transmissão da informação da área de Wernicke para a de
Broca através do fascículo arqueado; (e) processamento em preparação para a fala na área de
Broca; e (f) transmissão de sinais para o córtex motor, que ativa então os músculos da fala.
Estruturas subcorticais
Além das áreas de Wernicke e de Broca, outras estruturas parecem ser importantes para a
linguagem, como o tálamo esquerdo, o núcleo caudado esquerdo e a substância branca
adjacente.
Linguagem e cognição
A maior parte das informações sensoriais é convertida em linguagem antes de ser armazenada
como recordação e antes de ser utilizada em outros processos cognitivos.
Gramática universal
Para o linguista norte-americano Noam Chomsky, o cérebro humano está geneticamente
programado para reconhecer no ambiente, aprender e utilizar a linguagem: haveria um
mecanismo inato para a aquisição da linguagem. Observa-se que as crianças são capazes de
compreender e empregar regras gramaticais que jamais lhes foram ensinadas. Além disso,
certas unidades fonológicas, sintáticas (como substantivo, verbo etc.) e semânticas (como
masculino, objeto físico etc.) seriam encontradas em todas as línguas, tendo portanto um
caráter universal.
Prosódia
Uma região no lobo frontal direito e outra no lobo temporal também do hemisfério direito,
homólogas às áreas de Broca e de Wernicke, estão relacionadas à expressão e à compreensão
da prosódia, respectivamente.

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