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SOBRE AS EXPLICAÇÕES ATEÍSTAS

PARA A ORIGEM E A PROPAGAÇÃO


DA CRENÇA EM DEUS

Eliel Vieira
(www.elielvieira.org)

Como forem os pensamentos e a disposições do homem, assim será o seu Deus;


quanto valor tiver um homem, exatamente isto e não mais, será o valor de seu Deus.
Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento.
(Ludwig Feuerbach)

Uma vez que Deus não existe (principal conclusão dos ateus) uma pergunta importante surge
para que eles nos forneçam uma resposta: como e porque se originou o fenômeno que conhecemos
como religiosidade?

Várias respostas a esta pergunta foram esboçadas, especialmente nos dois últimos séculos,
entretanto, como mostrarei neste capítulo, aparentemente nada de definitivo e convincente foi
apresentado por parte dos ateus. As tentativas ateístas de explicar a suposta origem da religiosidade
humana, pelo contrário – afirmam alguns estudiosos cristãos – têm apenas confirmado o que a Bíblia
e os teólogos primitivos já diziam há muitos séculos. Em outras palavras, as explicações ateístas
seriam assim nada além do que algumas explicações já dadas pelos cristãos e pela Bíblia – não
seriam, portanto, neste sentido, nada que os cristãos deveriam negar.

Vou dividir este texto em duas etapas: primeiramente, vou expor e analisar o pensamento de
Ludwig Feuerbach (cujo ateísmo é questionável), Karl Marx e Sigmund Freud, pelo fato de haver uma
similaridade muito grande nas respostas destes três pensadores. A seguir, vou expor e analisar as
respostas dadas por Richard Dawkins para a origem do fenômeno religioso universal, que são
totalmente distintas das respostas propostas por Feuerbach, Freud e Marx. Por fim, vou levantar
algumas questões relativas às origens do ateísmo na mente das pessoas. O fato de o ateísmo surgir
quase sempre na adolescência pode ser explicado psicologicamente?

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Ludwig Feuerbach: A Religião é uma Projeção das Necessidades Humanas

O filósofo alemão Ludwig Andreas Feuerbach (1804 – 1872) talvez tenha sido o primeiro
pensador a teorizar sobre as origens psicológicas da crença humana em Deus∗. Como eu disse no
parágrafo anterior, é questionável o fato de Feuerbach ter sido ateu uma vez que ele estudou
Teologia e também pelo fato dele próprio alegar ser um homem de fé1. Alguns escritores consultados
consideram Feuerbach um ateu (p. ex.: Alister McGrath), outros como um cristão (p. ex.: Armand
Nicholi Jr.). A verdade é que seus escritos tendem muito mais para o ateísmo do que para qualquer
espécie de visão teísta.

As idéias de Ludwig Feuerbach sobre a origem psicológica da religião influenciaram dois


grandes pensadores ateus que teorizaram sobre este assunto: Karl Marx e Sigmund Freud. Apesar
disto, a única relação que podemos estabelecer com certeza sobre Feuerbach e o ateísmo é que as
idéias deste filósofo alemão influenciaram muito os pensamentos ateístas sobre as origens da
religiosidade humana. O que vem a partir disto (como a hipótese de Feuerbach ter sido ateu) não
passa de pura especulação.

Antes de prosseguir é apropriado enfatizar que a já mencionada influência de Feuerbach nos


pensamentos ateístas quanto à origem da religiosidade foi muito grande. Em uma carta ao amigo
Silberstein, Sigmund Freud menciona esta influência: “Feuerbach é alguém que eu reverencio e
admiro acima de todos os outros filósofos”2.

É no seu livro chamado A Essência do Cristianismo (1841) que Feuerbach apresenta seu
pensamento acerca da origem da religiosidade do ser humano. A idéia central do livro é simples: os
seres humanos criam suas divindades e religiões a partir de suas aspirações, necessidades e medos.
A religião, portanto, de acordo com Feuerbach, é uma projeção das necessidades e desejos humanos
em um plano transcendente ilusório3.

Como Feuerbach chegou a esta concepção?

Ludwig Feuerbach abordou o fenômeno religioso na humanidade a partir do próprio homem.


Toda esta abordagem está presente no já mencionado livro A Essência do Cristianismo. O autor


Alguns estudiosos argumentam que Xenófanes de Cólofon (570 a.C. – 475 a.C), filósofo grego pré-socrático, já havia
proposto que a religião era uma “criação” do ser humano de acordo com sua própria imagem. Em um dos fragmentos
mais conhecidos deste pensador, podemos ler: “Mas se os bois, os cavalos e os leões tivessem mãos ou se fossem
capazes como os homens de pintar obras com as mãos, os cavalos como os cavalos, os bois como os bois pintariam o
aspecto dos deuses, e fariam o corpo deles tal qual cada um deles o tem.”
1
NICHOLI JR, 2005. Ultimato. p. 27.
2
Ibidem.
3
MCGRATH, 1999. Loyola. p. 242.

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começa distinguindo o ser humano dos animais. O ser perfeito, dos seres imperfeitos. O homem é
perfeito, de acordo com Feuerbach, pois ele possui consciência, diferentemente dos animais4. Tudo
aquilo que distingue o ser humano dos animais – amor, razão e vontade – está relacionado à
consciência, sendo esta, portanto, a perfeição do ser humano. “A consciência”, diz Feuerbach, “é a
característica de um ser perfeito”5. É a partir de toda a perfeição de si mesmo que o ser humano
projeta Deus. Desta forma o Ser Absoluto, o Deus do homem, nada mais é do que uma projeção do
próprio homem. Deus é uma projeção da perfeição ideal do ser humano.

Uma pergunta importante surge aqui: Por que o ser humano projeta Deus?

Segundo Feuerbach, projetamos Deus a partir do anseio que temos em relação a um ser
sobrenatural capaz de satisfazer nossos desejos, suprir as nossas necessidades e trazer alento e
sentido a nossa existência. O homem, portanto, projeta Deus a partir de seus desejos e
necessidades. Todas as religiões são mundos de fantasias habitadas por pessoas que projetaram
Deus a partir de suas esperanças, planos, objetivos, desejos, medos e anseios. Apesar de seu livro se
chamar A Essência do Cristianismo, as conclusões de Feuerbach são relativas a todas as formas de
pensamento que envolvem a existência de um Ser divino absoluto.

Como bem percebeu Alister E. McGrath (1999, p. 242), o pensamento de Feuerbach é inverso
ao exposto na Bíblia. As Escrituras Sagradas nos dizem que Deus criou os seres humanos conforme a
sua imagem; já Feuerbach declara que nós humanos, em compensação, criamos Deus conforme a
nossa imagem.

A consciência da existência de Deus é, em síntese, a autoconsciência do ser humano; o


conhecimento de Deus é também o autoconhecimento do homem. Por intermédio de Deus é
possível conhecer o homem e, reciprocamente, por meio do ser humano é possível conhecer
Deus. Os dois são parte de uma mesma realidade6.

Temos, portanto, no pensamento de Ludwig Feuerbach, uma primeira resposta ateísta


(independente do fato dele ter sido ou não ateu) para o problema da existência da religiosidade no
ser humano. A figura de Deus (qualquer visão de Deus em qualquer religião) é projetada por nós
mesmos a partir de nossos anseios, desejos, necessidades, esperanças e medos. Nós criamos Deus,
não o contrário. Este é o pensamento de Feuerbach em sua forma mais simples e resumida.

4
<http://www.administradores.com.br/artigos/a_religiao_sob_um_outro_olhar_ludwig_feuerbach_e_a_essencia_do_cri
stianismo/24426/>.
5
FEUERBACH, 1841.
6
MCGRATH, 2005, Shedd. p. 606

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Uma das principais influências de Feuerbach é observada nos pensamentos de Karl Marx, que
também teorizou sobre a religiosidade do homem. Vamos analisar o pensamento de Marx a seguir.

Karl Marx: A Religião é o Ópio do Povo

Karl Heirich Marx (1818 – 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da
doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e
jornalista. Marx talvez tenha sido o fruto mais influente – para o bem ou para o mal, dependendo de
sua ideologia política e econômica – vindo da filosofia alemã. Em uma pesquisa da rádio BBC de
Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos7. A maior
contribuição – ou a pior, também dependendo de sua ideologia política e econômica – encontra-se
em sua crítica às sociedades capitalistas.

O pensamento do também filósofo alemão Hegel (1770 – 1831) influenciou muito as


concepções de Marx. Lenin disse, por exemplo, que é impossível entender Marx sem antes termos
estudado e compreendido o pensamento de Hegel8. Não é viável, contudo, expor o pensamento de
Hegel aqui neste ensaio pelo mesmo ser complexo e bem amplo, e por não estar ligado diretamente
à proposta do ensaio como um todo. Grosso modo, Hegel defendia a existência de uma Consciência
Humana Geral (ou Espírito do Mundo, ou Superalma ou Consciência Absoluta), comum – porém
distinta – a todos os indivíduos e manifesta na idéia de Deus. Para Hegel, toda a realidade humana
era ditada por esta Consciência Absoluta.

Após se familiarizar com as concepções materialistas de Feuerbach, Marx deixou de ser um


hegeliano de esquerda∗ para se tornar um crítico de Hegel. Marx eliminou o Espírito do Mundo
enquanto sujeito ou essência, porque passou a compreender que a origem da realidade social não
reside nas idéias, mas sim na ação concreta (material, portanto) dos homens, portanto, no trabalho
humano9. Para Marx, então, não existe nenhuma realidade além da que conhecemos como
“material”.

O contato com as idéias de Feuerbach influenciou também o pensamento de Marx no tocante


à religião. O fenômeno religioso, de acordo com Marx, não passa de um mero reflexo do mundo

7
<http://www.bbc.co.uk/radio4/history/inourtime/inourtime_20050714.shtml>.
8
LENIN, V. I. Obras escolhidas, 1972, volume 38, p. 180.

Os de hegelianos esquerda, chamados jovens Hegelianos, interpretaram Hegel em um sentido revolucionário, o que os
levou a se aterem ao ateísmo na religião e ao socialismo na política.
9
Informações extraídas de <http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx>.

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material, uma decorrência das necessidades sociais e das expectativas do ser humano10, um fruto da
alienação.

O conceito de alienação é muito importante na filosofia de Marx. A melhor forma de


compreendermos a alienação religiosa de Marx é explicando o que o filósofo alemão entendia como
alienação do trabalho, a raiz de todas as alienações, segundo o filósofo. Entende-se por alienação o
processo em que as atividades do homem (especialmente as atividades produzidas em seu trabalho)
tornam-se estranhas ao próprio homem. O homem, que antes se identificava com o trabalho que
realizava para se sustentar, passou a ser alheio a todo o processo de produção a partir da
industrialização no capitalismo. A divisão do trabalho e a existência da propriedade privada eram os
principais fatores responsáveis pela alienação e pelos conflitos na ordem econômica e social11.

A alienação do trabalho consiste no fato de que o trabalho é externo ao operário, isto é, não
pertence ao seu ser. Nisto, o trabalho ganha um caráter de escravidão e massificação; o
operário não se afirma no seu trabalho, não se sente satisfeito, mas se nega e sente-se fora de
si; se está trabalhando não se sente em sua própria casa. O seu trabalho não é voluntário, é
trabalho forçado. No trabalho, o homem deveria trabalhar e se trabalhar a si mesmo,
aperfeiçoando suas capacidade e habilidades, e assim, trabalhar sua própria natureza. Esta
deveria ser a verdadeira função do trabalho. Este caráter do trabalho foi se perdendo por que
ele se tornou o único meio de subsistência para o trabalhador. E o trabalho se tornando meio
de subsistência, o homem está se reduzindo a um ser que somente luta para sobreviver, troca
sua vida, sua força de trabalho – única propriedade sua – pela sobrevivência.

A crença em Deus, segundo Marx, é um fruto desta alienação econômica e social que é
comum aos trabalhadores no sistema capitalista. “A religião é um consolo que torna as pessoas
capazes de suportar sua alienação econômica”12. Em uma de suas frases mais famosas, Karl Marx
conclui que “a religião é o ópio do povo”.

Pois bem, Deus não existe. Mas de onde vem a crença na existência de Deus, então?

Deus, Marx concorda com Feuerbach, é uma projeção feita por nós mesmos a partir de nossas
necessidades e anseios em um plano transcendente. Nas palavras de Marx, “a religião nada mais é
do que a autoconsciência e a auto-estima de pessoas que ainda não encontraram a si mesmas ou
que já estão completamente perdidas de novo”. O fenômeno religioso existe, portanto, por causa de
um conjunto de fatores econômicos e sociais existentes na sociedade capitalista. São as condições
econômicas injustas que criam a crença em Deus, como um alívio, um ópio às massas. Uma vez

10
MCGRATH, 2005. Shedd. p. 607.
11
Ibidem, p. 607.
12
MCGRATH, 2005. Shedd. p.607.

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eliminada a alienação do trabalho, o fenômeno religioso deixaria de existir de acordo com o filósofo
alemão.

Em suma, esta é a explicação de Karl Marx para a origem da religiosidade humana.

Antes de finalizar a exposição das idéias de Marx concernentes ao fenômeno religioso, é


importante destacar que Marx não produziu seu pensamento a partir da necessidade de responder a
questão da origem da religião. A resposta de Marx surgiu como consequência da leitura que ele fez
da alienação econômica da sociedade. O debate sobre a existência ou inexistência de Deus e suas
implicações, ao que me parece, era indiferente ao pensador alemão. Ainda assim, achei proveitoso
citar seu pensamento aqui.

Sigmund Freud: A Religião é a Neurose Obsessiva Universal

Sigmund Schlomo Freud (1856 – 1939) é apontado pelo vocabulário popular como aquele que
tudo explica. Sendo ateu em todos os sentidos e em todas as questões, Freud foi outro pensador que
se esforçou na tarefa de trazer uma explicação para a origem do fenômeno religioso na humanidade.
É provável que Freud tenha sido o ateu que mais “sucesso” alcançou em sua tentativa de trazer uma
explicação para a existência da religiosidade no ser humano. Freud chega a ser respeitado (e em
alguns casos reverenciado) entre escritores cristãos – como Armand Nicholi Jr., Philip Quinn e Carlos
Dominguez Morano – que aceitam muitas das conclusões do pai da psicanálise. Um bom número de
livros já foi lançado na busca de traçar paralelos entre a psicanálise e a fé cristã.

Curiosamente, um dos melhores amigos de Sigmund Freud era um teólogo cristão fervoroso
chamado Oskar Pfister, a quem Freud certa vez escreveu por carta (30/12/1909): “Caro homem de
Deus, uma carta sua faz parte do mais belo que pode recepcionar a gente no regresso para casa”13.
Apesar de ter grande apresso por Pfister e até por alguns personagens bíblicos como o apóstolo
Paulo14, Freud nunca escondeu que era completamente alheio à idéia de que exista um ser inteligente
por trás do universo. A idéia de um “super-homem idealizado dos céus”, diz Freud, é “tão
patentemente infantil e tão estranha à realidade, que... é doloroso imaginar que a grande maioria dos
mortais jamais irá transcender essa visão da vida”15. Em uma carta enviada a Charles Singer cerca de

13
FREUD, 1998. Ultimato. p. 41.
14
Sobre o Apóstolo Paulo, Freud diz que ele é um personagem que “permanece incomparável em toda a história”. In:
NICHOLI JR, op.cit., p. 63
15
In: NICHOLI JR, op.cit., p. 44.

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um ano antes de sua morte, Freud disse que “jamais em minha vida particular ou em meus escritos
eu escondi o fato de que sou um descrente de ‘cabo a rabo’”16.

Qual é a explicação de Freud, então, para a origem da crença em Deus?

De acordo com Alister E. McGrath (1999, p. 251), o pensamento de Freud a respeito da


religião deve ser considerado em dois estágios: na busca, primeiramente, de suas origens ao longo
da história humana – a razão do fenômeno religioso ser tão comum em todos os povos e culturas do
mundo – e, depois, de suas origens no indivíduo – como e porque cada indivíduo projeta a figura de
Deus.

É no livro Totem e Tabu que Freud desenvolve seu pensamento de como a espécie humana
começou a acreditar em Deus. Sigmund Freud idealizou um drama primordial no qual existia um pai
ciumento e dono de todas as mulheres de seu clã. Seus filhos, procurando uma forma de se
relacionar com as mulheres, assassinaram e em seguida devoraram seu pai – a única forma que eles
tiveram de ter acesso às mulheres. Desde então os filhos sentem-se perseguidos pela culpa de ter
matado e devorado o próprio pai. É aí que surge o sentimento religioso comum à todas as pessoas e
povos do mundo.

O assassinato do pai, porém, tornou-se um fracasso: os filhos observaram que ninguém poderia
tomar o lugar do pai, sob pena de que o crime se perpetuasse indefinidamente. O lugar do pai
deveria ficar vazio. E foi exatamente neste hiato deixado pelo pai que a religião encontrou sua
semente originária.17

Foi a partir deste estranho evento pré-histórico que a religião surgiu no inconsciente do ser
humano em geral, de acordo com Freud. Os filhos, buscando encontrar uma forma de se redimir do
assassinato do pai, criaram rituais para expiar seus pecados. É por essa razão que o fator motivador
da religião é sempre a culpa. O Deus que o ser humano adora, diz Freud, já viveu aqui na Terra na
forma de carne mortal.

Observando os ritos religiosos das pessoas de fé, Freud percebeu que eles possuíam uma
semelhança muito grande com os atos obsessivos de seus pacientes neuróticos. Foi a partir desta
observação que Freud concluiu que a religião era basicamente uma forma distorcida de neurose
obsessiva18. A religião é a neurose obsessiva universal da humanidade.

16
Ibidem, p. 46.
17
DOMINGUEZ MORANO, 2003. Loyola. p. 39.
18
MCGRATH, 1999, Loyola. p. 251.

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De acordo com Alister McGrath (op. cit., p. 252) esta compreensão de Freud sobre a origem
social da religião nunca foi levada muito a sério. A verdadeira contribuição de Freud para a explicação
da origem da religiosidade está na explicação que ele deu para a maneira como nós criamos,
individualmente, a concepção de Deus para nós mesmos.

O pensamento de Freud aqui possui grande influência da idéia de Feuerbach da crença em


Deus como projeção de nossas necessidades e desejos. O próprio Freud chegou a dizer
modestamente em O Futuro de uma Ilusão que nada em seu pensamento já não havia sido proferido
antes de forma bem mais completa e contundente por outros pensadores19. Para Armand Nicholi Jr.
(2002, p. 51) o êxito particular de Freud foi conseguir identificar de forma específica quais são estes
desejos e necessidades que nos fazem projetar Deus.

Para Freud a formação da crença em Deus em uma pessoa está intimamente relacionada com
os eventos que esta pessoa viveu enquanto ainda era criança. O principal destes eventos é o
sentimento de impotência e desamparo que a criança vive em seus primeiros dias de vida,
sentimento este que, quando retomado na fase consciente do indivíduo, projeta a imagem de Deus.
Devo boa parte exposição do pensamento freudiano abaixo ao artigo Freud e a religião: a neurose
obsessiva universal da humanidade20, escrito pelo meu amigo (apaixonado por psicanálise) Glauber
Ataíde.

Ao nascer, observa Freud, toda criança se vê desamparada em um lugar totalmente distinto


do conforto aconchegante que ela tinha no útero da mãe. Barulho ao invés de silêncio, bagunça ao
invés de tranquilidade, frio ao invés de calor e luz forte ao invés de escurinho. Ao nascer, a criança se
sente totalmente impotente diante do universo que a rodeia, com medo, até que surge então a figura
da mãe. A mãe alimenta a criança, a agasalha, cuida dela e a protege. A criança nasce totalmente
impotente e desamparada, mas vê na mãe alguém que lhe ama e lhe protege.

Posteriormente surge na vida da criança a figura do pai, que toma da mãe a responsabilidade
de protetor da criança. A relação da criança com o pai é pautada, porém, por um sentimento
ambivalente particular: ao mesmo tempo em que ama e admira o pai por sua proteção, a criança
teme o pai pelo perigo que ele representa a ela – talvez por causa do rompimento da relação
protetora com a mãe, causado pelo pai. A criança, portanto, ao mesmo tempo em que ama, tem
medo de seu pai.

A criança então cresce. O cuidado protetor do pai e da mãe progressivamente vai dando lugar
à liberdade e independência do indivíduo. Porém, chega o momento em que este indivíduo se vê
19
NICHOLI JR, op.cit., p. 51.
20
<http://glauberataide.blogspot.com/2007/10/freud-e-religio-neurose-obsessiva.html>.

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impotente em relação a vários poderes superiores no mundo (doenças, morte, catástrofes naturais,
etc.) e ele então descobre que nunca deixou de ser uma criança desamparada e impotente em um
mundo cruel. Sentindo-se novamente como criança impotente, o indivíduo começa a procurar um pai
que lhe proteja dos perigos do mundo. O indivíduo então projeta um pai superior, Deus, a partir
destas necessidades.

De acordo com Freud, portanto, a crença em Deus é uma projeção feita pelo ser humano a
partir do desamparo que ele sente em relação aos problemas enfrentados no mundo, como forma de
suprir a necessidade de alguém que lhe proteja. Como na ocasião de sua infância, porém, o indivíduo
nutrirá por Deus o mesmo sentimento de admiração e de medo que ele nutriu por seu pai. Está é a
explicação de Freud para o fato das pessoas religiosas amarem e ao mesmo tempo temerem seu
Deus. Deus é aquele que te dá salvação eterna, mas também é aquele que pode te jogar no fogo do
inferno. As pessoas amam a Deus pela proteção que Ele trás, mas ao mesmo tempo vêm Deus como
um pai exaltado que pode lhes punir a cada falha cometida. Para Freud,

Os indícios dessa ambivalência na atitude em relação ao pai são profundamente impressos em


toda a religião... Quando o indivíduo em desenvolvimento acha que foi destinado a permanecer
uma criança para sempre, que ele jamais poderá viver desprotegido em relação a poderes
estranhos superiores, ele atribui a tais poderes as características pertencentes à figura do pai21.

Deus, portanto, nada mais é do a imagem que tivemos de nosso pai na infância. Concluindo a
análise de Freud sobre a origem da religião, Armand Nicholi Jr (2002, p. 54) lembra que, de acordo
com o pensamento de Freud, não somos nós que criamos Deus conforme nossa imagem, mas nós
que criamos Deus conforme a imagem que tínhamos de nosso pai durante o período da infância.

Análise: Deus é Apenas uma Projeção de Nossa Mente?

Decidi analisar os pensamentos de Feuerbach, Marx e Freud em um só tópico, pois eles são
muito semelhantes entre si e cansaria ao leitor ler a mesma análise praticamente três vezes,
mudando apenas alguns poucos detalhes.

A verdade é que, como já foi dito, as respostas para a origem da religião de Marx e Freud são
baseadas nas concepções apresentadas anteriormente por Ludwig Feuerbach. As respostas dadas por
estes três pensadores possuem a similaridade de apresentar Deus como uma projeção feita por nós,
a partir de nossas necessidades e anseios. Criamos Deus para preencher um vazio que temos em

21
In: NICHOLI JR, op.cit., p.52.

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nós. Marx, que enfocava sua filosofia nas questões econômicas e sociais, disse que este vazio surge a
partir da alienação do trabalho. Já Freud diz que este vazio surge da necessidade que temos de ter
alguém que nos proteja depois que descobrimos que somos, e seremos, eternas crianças
desamparadas e impotentes neste mundo.

A crença em Deus é, em suma, uma satisfação dos desejos que temos. Desejamos alguém
que traga conforto à nossa existência (Karl Marx) e que nos proteja dos perigos do mundo (Sigmund
Freud), então projetamos Deus.

Tenho três considerações a serem feitas sobre esta abordagem de o fenômeno religioso
originar-se a partir dos desejos e necessidades de uma pessoa. A primeira é que, se esta abordagem
estiver totalmente correta, a crença em Deus desapareceria na mesma proporção em que a
sociedade se tornasse mais consciente. Alister McGrath resume o pensamento de Marx da seguinte
forma:

Em síntese, a religião é fruto da alienação econômica e social. Ela brota dessa alienação e, ao
mesmo tempo, a encoraja, por meio de uma espécie de embriaguez espiritual, que torna as
massas incapazes de reconhecer sua própria condição e de tomar alguma atitude quanto a isso.
A religião é um consolo que torna as pessoas capazes de suportar sua alienação econômica. Se
essa alienação não existisse, a religião seria desnecessária. [...] Assim, a religião é resultado de
um determinado conjunto de circunstâncias econômicas e sociais. Uma vez alteradas essas
circunstâncias, de forma a eliminar a alienação econômica, a religião deixaria de existir, pois
não teria mais qualquer função social22.

Em seu artigo Religião e Alienação – com Marx contra Marx, Osvaldo Luiz Ribeiro levanta a
mesma questão:

[...] a religião é inexoravelmente, alienação? Caso o sujeito religioso esclareça-se de sua


condição antropológica, dissolve-se necessariamente a “sua” religião. Se sim, Marx estava
certo. Basta que a humanidade, ou melhor dito, que os homens e as mulheres concretos do
mundo, sejam “educados” dentro dos princípios das Humanidades, e acaba a religião23.

A conseqüência imediata da aceitação de que a religião é uma alienação (trato aqui


especificamente da abordagem de Marx), ou algo que projetamos a partir da alienação econômica
que vivemos é que, uma vez que nos desvencilhemos desta alienação do trabalho, a crença em Deus
desapareceria naturalmente. Ou, como levantou Osvaldo Luiz Ribeiro na citação acima, se o indivíduo
se conscientizar de sua situação antropológica neste mundo, sua religiosidade necessariamente

22
MCGRATH, 2005, Shedd. p. 607-608.
23
<http://www.ouviroevento.pro.br/teologicofilosoficos/religiao_e_alienacao.htm>.

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deveria se dissolver. Se esta abordagem estiver totalmente correta, segue-se, é impossível existir um
cristão consciente de sua situação antropológica ou que esteja desvencilhado de uma alienação
econômica, já que a crença em Deus é fruto de uma alienação econômica. Um único exemplo
contrário bastaria para mostrar que a abordagem de Marx não é totalmente verdadeira.

Temos, todavia, incontáveis casos que apontam para a direção oposta. É provável que você
mesmo conheça pessoas que continuaram acreditando em Deus a despeito de sua situação
econômica ter melhorado ou de sua capacidade intelectual ter crescido. Quantos donos do próprio
negócio não são pessoas fervorosas em sua fé? Quantas pessoas que vivem no interior (longe do
mundo do capital) e que a despeito disto têm crença em Deus? Quantas pessoas não descobrem
Deus enquanto estão na universidade? Quantas pessoas brilhantes não acreditam em Deus? Um
exemplo interessante que novamente muito citado é o do filósofo Antony Flew que, após defender o
ateísmo por mais de 50 anos, veio a assumir publicamente que passara a acreditar em Deus em
2004, aos 81 anos de idade. Flew, que chegou a assinar o Manifesto Humanista III, escreveu um livro
chamado Deus Existe24 contando sua experiência de como rejeitou os pontos do ateísmo e passou a
acreditar em Deus. Vários outros exemplos semelhantes são conhecidos por nós, como Chesterton, C.
S. Lewis, Alister E. McGrath, Lee Strobel e Francis Collins. Todos passaram do ateísmo para a fé após
um exame da existência através de um prisma diferente daquele que usavam enquanto ateus.

A primeira consideração que tenho a fazer, portanto, é que as pessoas, ao que parece, não
abandonam a crença em Deus após se desvencilharem das alienações econômicas ou após
aumentarem seu conhecimento. Devem existir, obviamente, muitas pessoas que abandonaram sua
visão teísta de mundo após encontrar um trabalho com o qual se identificaram mais ou após se
familiarizarem com estudos científicos, psicológicos ou sociológicos, porém, isto não representa uma
regra geral, mas casos particulares. A crença em Deus, ao que parece, é independente dos fatores
econômicos, sociais ou intelectuais de uma sociedade, apesar, vale deixar aqui minha reserva, destes
fatores representarem alguma influencia sobre a visão de mundo que as pessoas possuem. (Países
mais ricos geralmente têm menos crença em Deus.) A fé em Deus é influenciada por alguns estes
fatores, mas, não depende da existência ou inexistência destes fatores para existir.

Tomei o cuidado de dizer há alguns parágrafos atrás que um único exemplo contrário à
abordagem de Marx sobre a origem do fenômeno religioso na sociedade serviria para mostrar que ela
não é totalmente verdadeira. Perceba que eu jamais disse que um exemplo torna a abordagem de
Marx falsa ou totalmente errada. Eu não deprecio ou condeno toda a obra de Karl Marx apenas
porque algo não parece ser verdadeiro, diferentemente dos ateus que dizem, por exemplo, que a fé é

24
Lançado no Brasil pela Editora Ediouro, 2008.

Página | 11
sempre prejudicial à sociedade baseando-se no fato de que algumas pessoas usam a fé para realizar
atrocidades. Não, este tipo de abordagem não é correta. Muito do que Marx e Freud disseram parece
ser lógico, verdadeiro e observável. O fato de eu não concordar com todas suas conclusões não
desmerece toda a obra destes pensadores. Que isto fique bem claro antes de prosseguirmos.

A segunda consideração que tenho a fazer sobre esta abordagem de o fenômeno religioso
originar-se a partir dos desejos de uma pessoa é que ela tem pouco a dizer – se é que diz alguma
coisa – sobre a existência de Deus em si. No já mencionado artigo Freud e a religião: a neurose
obsessiva universal da humanidade, Glauber Ataíde expressa este ponto da seguinte maneira:

Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar que a origem "psicológica" da religião não diz nada
sobre a existência (ou não existência) de Deus. Não é muito incomum encontrar pessoas
citando essa teoria de Freud para "provar" ou "demonstrar" que Deus não existe, o que é um
grosseiro erro de lógica. [...] a teoria exposta por Freud pode ser o mecanismo do qual Deus
nos dotou para que pudéssemos reconhecer a Sua existência e buscar com Ele um
relacionamento, e deixa o campo aberto para que futuras pesquisas sejam realizadas em cima
dessa hipótese. No geral, podemos ver essa teoria de Freud, se verdadeira, da seguinte
perspectiva: se Deus não existe, então a teoria de Freud é uma explicação muito plausível de
como se originou a crença religiosa e a idéia de Deus. Por outro lado, se Deus existe, esta
teoria pode esclarecer o mecanismo do qual Ele nos dotou para pudéssemos reconhecer a sua
existência e sentir a necessidade de estabelecer com Ele um relacionamento.25

Deus pode muito bem ter permitido que este mecanismo identificado por Freud se
desenvolvesse no ser humano afim de que o ser humano partilhasse de um anseio de busca por Ele.
Por este mecanismo, o homem sempre estará em busca de seu Criador, pois sem Ele, o homem
sempre se sentirá desprotegido. Em seu livro Confissões, Santo Agostinho diz a Deus que:

Tu o incitas [o homem] para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está
nosso coração enquanto não repousa em ti26.

A idéia de que os seres humanos naturalmente desejam se relacionar com Deus está impressa
também na Bíblia Sagrada. Um dos salmistas bíblicos certa vez expressou que “Como a corça anseia
por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus
vivo”27.

A hipótese de Deus existir não se torna menos provável apenas porque a crença em Deus
satisfaz alguns desejos e necessidades específicos de quem crê nEle. Muito menos ela é menos

25
<http://glauberataide.blogspot.com/2007/10/freud-e-religio-neurose-obsessiva.html>.
26
AGOSTINHO, 1984. Paulus. p. 15.
27
Salmo 42:1-2.

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provável pelo fato das pessoas desejarem Deus. O fato de eu ter desejado ver este ensaio finalizado
não o torna menos real do que ele é. O lógico alemão Eduard Von Hartmann chamou atenção para
este ponto em The History of Logic [A História da Lógica] em uma crítica às conclusões de Feuerbach
– que podemos muito bem estender às conclusões de Marx e Freud uma vez que as respostas dos
três possuem a mesma similaridade:

É perfeitamente verdadeiro que nada existe meramente porque desejamos sua existência, mas
não é verdade que algo não possa existir simplesmente porque desejamos sua existência.
Contudo, a crítica de Feuerbach contra a religião e a prova de seu ateísmo residem nesse
simples argumento – uma falácia lógica28.

C. S. Lewis foi além. Ele primeiramente identifica este desejo humano que não pode ser
preenchido por nada neste mundo – a quem ele denomina Joy. Joy é uma possível tradução para o
inglês do termo alemão Sehnsucht – algo como “desejo”, em português. Lewis, porém, argumenta
que não existem desejos no ser humano que não possam ser satisfeitos. O desejo sempre é como
uma saudade daquilo que já se teve. Para C. S. Lewis:

As criaturas não nascem com desejos que não podem ser satisfeitos. Um bebê sente fome:
bem, existe o alimento. Um patinho gosta de nadar: existe a água. O homem sente o desejo
sexual: existe o sexo. Se descubro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo
pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui criado para outro mundo.29

O mesmo ponto usado por Freud para mostrar que a crença em Deus é uma ilusão foi usado
por Lewis para mostrar que esta crença é real. Novamente digo, apesar de não concordar com
algumas conclusões dos pensadores ateístas mencionados, não há razão para depreciar toda sua
obra. Como disse certa vez Agostinho: “Toda verdade, é a verdade de Deus, onde quer que você a
encontre”. Mesmo que ela se encontre em um pensamento ateísta contrário à religião.

A terceira consideração que tenho a fazer sobre a abordagem de o fenômeno religioso


originar-se a partir dos desejos de uma pessoa é a seguinte: se a fé em Deus surge a partir das
necessidades de uma pessoa, não deveríamos concluir também que o ateísmo, por ser, a priori, uma
visão de mundo como a crença em Deus, também seja projetado pelos ateus a partir de alguma
necessidade? Pensemos: o que distingue as visões teístas da visão ateísta de mundo? As primeiras
são representações da crença na existência de Deus e a segunda é uma representação da crença na
inexistência de Deus. No sentido epistêmico, ambas são crenças – afirmações de conhecimento.
Ambas são igualmente, também, visões de mundo. As variadas formas de teísmo são visões de como

28
In: MCGRATH, 1999. Loyola. p. 244.
29
LEWIS, 2005. Martins Fontes, p. 182.

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é o mundo (com um Deus regente) e o ateísmo é também uma visão de mundo (sem nenhum Deus
criador ou regente). Portanto, ambas as visões de mundo são sujeitas às mesmas críticas. O ateísmo
não deve, portanto, estar imune ao pensamento de Freud. Se a crença em Deus é uma projeção da
necessidade humana de proteção, o ateísmo deveria também ser uma projeção de alguma
necessidade humana. Alguns já escreveram sobre esta questão dizendo que a necessidade humana
que pressiona psicologicamente uma pessoa ao ateísmo é o desejo humano de autonomia moral.

Freud afirma: "O crente está ligado aos ensinamentos da religião por certos vínculos afetivos.
Contudo, indubitavelmente existem inumeráveis outras pessoas que não são crentes, no
mesmo sentido". Isto é, as causas tanto da crença quanto da descrença são primariamente
emocionais, e só secundariamente racionais.30

Sobre este assunto, recomendo a leitura de um artigo muito interessante escrito por Paul C.
Vitz, chamado The Psychology of Atheism [A Psicologia do Ateísmo]31 onde o autor aponta inclusive
quais são as pressões edipianas que as pessoas sofrem que conduzem-nas ao ateísmo. Pode-se
elaborar sem dificuldades – mesmo sem fazer referências a Freud e aos impulsos sexuais que o ser
humano possui – uma explicação psicológica para o surgimento do ateísmo no ser humano, uma vez
que ele surge na vasta maioria dos casos na mente de adolescentes. (Faça uma pesquisa entre seus
amigos ateus e tente descobrir com qual idade eles se tornaram ateus, ou pesquise a mesma coisa
sobre seus escritores ateus favoritos.)

Não vou me deter mais neste assunto para não cansar o leitor, acredito que a teoria da crença
em Deus como satisfação de um desejo foi bem explanada e comentada aqui. Não há motivo algum
para pensar que ela implique alguma coisa que comprometa o teísmo. Outro pensador ateu que
teorizou sobre as origens da religiosidade no ser humano foi Richard Dawkins. Vamos abordar seu
pensamento a seguir.

Richard Dawkins: A Religião é um Subproduto de Outra Coisa

É no quinto capítulo de Deus, um delírio – chamado As raízes da religião – que Richard


Dawkins apresenta seu pensamento sobre a origem do fenômeno religioso na espécie humana. Antes
de iniciar a exposição do pensamento de Dawkins, é notório observar que Dawkins – em nenhuma
outra parte de Deus, um delírio – faz menção ao pensamento de Ludwig Feuerbach, Karl Marx ou
Sigmund Freud sobre as origens da religião. Sequer seus nomes são mencionados na obra de

30
<http://glauberataide.blogspot.com/2007/10/freud-e-religio-neurose-obsessiva.html>.
31
<http://www.leaderu.com/truth/1truth12.html>.

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Dawkins. Por que será? Será que Dawkins não está familiarizado com as teorias propostas por estes
pensadores? Ou será que Dawkins está familiarizado, mas discorda tanto deles ao ponto de nem citá-
los em seu livro? O fato é que, mesmo contendo um subtítulo chamado Preparados psicologicamente
para a religião, o quinto capítulo do livro Deus, um delírio não faz menção alguma aos pensamentos
ateístas propostos por Feuerbach, Marx e Freud.

Esta não menção tem seu lado negativo e seu lado positivo. O lado negativo é que se fica com
a impressão de que a obra de Dawkins ficou incompleta com a não-menção destes pensamentos
importantes, principalmente quando a pessoa que está lendo já está familiarizada com as proposições
de Feuerbach, Marx e Freud. Em contrapartida, para o bem ou para o mal, a abordagem de Dawkins
foi totalmente original, apresentando certa criatividade na análise da questão.

Em sua análise, Dawkins parte do ponto de que o fenômeno religioso existe em nós por algum
motivo relacionado ao processo de evolução que nossa raça sofreu através da seleção natural.

Sabendo que somos produtos da evolução darwiniana, devemos perguntar que pressão ou
pressões exercidas pela seleção natural favoreceram o impulso à religião.32

Como Deus não existe (aliás, quase com certeza não existe) – Dawkins faz toda sua análise
com este pressuposto em mente – o fenômeno religioso tem de ser apenas algum desvio, um
acidente de percurso no processo de seleção natural na espécie humana. É importante aqui explicar
porque a crença em Deus deve ser tratada como um acidente de percurso por Dawkins. A seleção
natural, conforme tem sido observado desde Darwin, é o processo que moldou todas as espécies
vivas conforme as vemos hoje – inclusive os seres humanos. Ela seleciona aqueles que tiveram
mutações aleatórias mais vantajosas para determinando ponto e elimina os demais. O corte realizado
pela seleção natural, portanto, teoricamente, deveria deixar passar apenas aspectos benéficos às
espécies, pois a seleção elimina os seres vivos com mutações que não as ajuda no processo de
adaptação ao ambiente em que esta espécie vive e, além disso, através dos replicadores, todas as
mutações positivas são transmitas aos descendentes da espécie.

Se o fenômeno religioso surgiu através de pressões causadas pela seleção natural, e se a


seleção natural corta fora as mutações ou produtos que atrapalham uma espécie a viver no seu meio,
então deveríamos concluir inequivocamente que o fenômeno religioso deve ser útil de alguma forma
ao ser humano. A seleção natural de alguma forma projetou a crença em Deus no ser humano e, se
assim o fez, esta crença seria (ou conteria) um bem ao ser humano. Esta conclusão, porém, não
interessa nem um pouco a Richard Dawkins, a quem a fé em Deus é um mal que se deve ser evitado

32
DAWKINS, 2007. Companhia das Letras. p. 215-216.

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e combatido. Dawkins então identifica uma brecha na seleção natural onde se pode encaixar a
origem do fenômeno religioso na espécie humana: a religião como subproduto de outra coisa.

Faço parte do número cada vez maior de biólogos que enxergam a religião como subproduto de
outra coisa. [...] Talvez a característica em que estamos interessados (a religião, nesse caso)
não tenha um valor direto de sobrevivência por si só, mas seja um subproduto de outra coisa
que tenha.33

Para explicar o que quer dizer com “subproduto de outra coisa” Dawkins cita o exemplo do
suicídio das mariposas. Todos já devem ter observado alguma vez como as mariposas dão vôos
rasantes em direção à chama de uma vela e se matam sem qualquer motivo aparente. Dawkins
explica que a seleção natural moldou os insetos a usar a luz da lua e das estrelas como parâmetros
de navegação, como uma bússola que guia seu caminho. A luz artificial é uma inovação recente e a
mariposa não tem ciência disto. Usando um mecanismo útil a si – de navegar usando a luz como guia
– a mariposa voa diretamente para o centro da chama da vela e morre. Apesar disto, diz Dawkins, o
mecanismo de guia da mariposa é muito útil porque a luz da vela é uma ocasião rara para a
mariposa, que por toda sua vida se guiou pela luz da lua e das estrelas. De acordo com Dawkins,
“Jamais foi correto chamar aquilo de suicídio. Trata-se de um subproduto indesejado de uma bússola
normalmente útil.”34

Como o caso do suicídio da mariposa, a religião, argumenta Dawkins, é um subproduto


indesejado de algo útil que a seleção natural nos trouxe. Não é que a seleção natural tenha projetado
em nós o impulso para crermos em Deus, antes, a crença em Deus foi um subproduto indesejado e
maléfico gerado acidentalmente a partir de algum aspecto útil no ser humano.

O comportamento religioso pode ser um subproduto indesejado e infeliz de uma propensão


psicológica subliminar que, em outras circunstâncias, é, ou foi um dia, útil.35

A partir deste ponto, Dawkins começa a conjecturar qual seria esta coisa da qual a crença em
Deus é um subproduto indesejado. Richard Dawkins propõe que esta coisa útil ao ser humano e que
gerou por algum motivo o subproduto religião foi a tendência das crianças de sempre acreditarem em
tudo o que os seus pais dizem a elas.

Mas, para dizer o mínimo, haverá uma vantagem seletiva para cérebros de crianças dotados da
seguinte regra geral: acredite, sem questionamentos, no que os adultos lhe dizem. Obedeça a
seus pais; obedeça aos anciãos da tribo, especialmente quando eles adotam um tom solene e

33
Ibidem. p. 227-228.
34
Ibidem. p. 229.
35
Ibidem. p. 230.

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ameaçador. Confie nos anciãos sem questionamentos. [...] A seleção natural constrói o cérebro
das crianças com a tendência de acreditar em tudo o que seus pais ou líderes tribais lhe
disserem. Tais confiança e obediência são valiosas para a sobrevivência: o análogo a navegar
orientando-se pela lua, no caso da mariposa. Mas o lado ruim da obediência insuspeita é a
credulidade escrava.36

A religião de acordo com Dawkins é, portanto, um subproduto indesejado de algo bom: a


tendência dos filhos de sempre acreditarem em tudo o que seus pais e superiores lhe dizem. A crença
em Deus, propôs Richard Dawkins em trabalhos anteriores, não passa de um vírus, um vírus da
mente. “Uma vez infectada, a criança crescerá e infectará a geração seguinte com o mesmo absurdo,
aconteça o que acontecer”.37

Análise da Tese de Dawkins Para a Origem da Religião

Dawkins não trabalha melhor sua tese depois que propõe esta tendência infantil como análoga
ao caso da lua como navegadora pelas mariposas, para o caso da origem do fenômeno religioso no
ser humano. Dawkins não fez nada mais do que sugerir de forma modesta que a religião surgiu como
um infeliz subproduto da obediência cega das crianças aos seus pais. Teria sido interessante se
Dawkins tivesse explicado como e porque algum pai ancestral disse a seu filho que Deus existe. Por
que um pai mentiria a seu filho dizendo que Deus existe sabendo que Ele não existe? Será que o
próprio pai acreditava em Deus? Mas como o próprio pai veio a ter em mente a idéia da existência de
um Deus? Esse pai aprendeu com seu pai? Mas e o pai do pai, com quem aprendeu que Deus existe?
Com o pai do pai do pai? Mas e esse pai do pai do pai, com quem aprendeu? A regressão se segue
ad infinitum. Em algum momento, algum pai pensou na idéia da entidade Deus sem a influência de
seu pai. Porém esta conclusão joga por terra a teoria de Dawkins de que a crença em Deus surgiu
como subproduto da obediência cega que os filhos têm em relação a seus pais. Se a tese de Dawkins
prova alguma coisa, ela prova que o pensamento religioso se propagou através desta característica
infantil, mas ainda permanece aberta a questão de como este pensamento surgiu.

Dawkins, aliás, se ateve mais em explicar o quão prejudicial é a doutrinação infantil por parte
das pessoas religiosas do que em aprofundar-se mais em sua tese de como o fenômeno religioso
surgiu no pensamento do ser humano. Acredito que até esta maneira de Dawkins de ter conduzido
seu pensamento em Deus, um delírio nos mostra que sua tese, se verdadeira, nos diz apenas qual foi
o mecanismo que propagou a crença em Deus através dos séculos, mas não como ela surgiu.

36
Ibidem. p. 230, 231 e 233.
37
Ibidem. p; 248.

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Parece (esta foi a impressão que tive) que nem o próprio Dawkins levou a sério suas
conclusões que foram propostas. Pouco depois de apresentá-la – e gastar um bom espaço de seu
livro falando sobre a doutrinação infantil, que nada tem a ver com a questão da origem da
religiosidade no ser humano – o autor disse cautelosamente:

Lembre-se, porém, de que minha sugestão específica sobre a útil credulidade da mente infantil
é apenas um exemplo do tipo de coisa que pode ser análogo à navegação das mariposas pela
lua ou pelas estrelas.38

Dawkins dispensa mais páginas explicando outras teorias da religião como subproduto de algo
útil propostas por outros pensadores do que em sua própria tese. Fica-se com a impressão que nem
Dawkins acredita no que ele propôs, e, podemos conjecturar, ele também não bota muita fé nas
teorias propostas por outras pessoas, uma vez que além destas teorias, se deu ao trabalho de ter
proposto outra tese. Outra teoria apresentada em Deus, um delírio sobre qual seria o análogo à lua
no exemplo da mariposa, no caso da religião, por exemplo, é a teoria da religião como subproduto do
hábito humano de se apaixonar por apenas um integrante do sexo oposto.39

Tenho outra consideração em relação a esta proposição de Dawkins sobre a origem da


religiosidade. É a seguinte: o fenômeno religioso é comum a todos os povos e culturas de todas as
partes do mundo. Não existe nenhuma tribo, por mais aborígene ou por mais moderna que seja, que
não possua um sistema religioso organizado, com ritos, leis, doutrinas e punições. Se a religião surgiu
como subproduto da obediência cega dos filhos aos pais em uma situação específica, como explicar o
fato de todos os povos do planeta – até as tribos mais isoladas do mundo que foram descobertas
apenas no último século – apresentarem um sistema religioso organizado e incrivelmente semelhante
entre si? Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500, os índios que aqui habitavam – que
não tinham contato algum com o mundo europeu-asiático – possuíam um sistema religioso
organizado com crenças, rituais, deveres e punições, o que dificultou um pouco o trabalho dos
missionários católicos que vieram com Cabral. Se a origem da religião aconteceu em um evento
específico, por que este evento se tornou universal e pode ser observado em culturas totalmente
isoladas do mundo, como em tribos indígenas?

Alister McGrath e Joanna McGrath (2007, p. 78 e 79) observaram outra característica estranha
na tese de Dawkins da religião como subproduto acidental e infeliz de algo útil durante o processo
evolucionário. Para os autores,

38
Ibidem. p. 235.
39
Ibidem. p. 246-247.

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Dawkins amplia essas especulações ao sugerir que tais tendências essencialmente naturais
poderiam ter sido mal direcionadas, terminando em algo fundamentalmente religioso. [...] Isso,
no entanto, parece mais que incompatível com seu próprio “darwinismo universal”, que evita
qualquer idéia de propósito – um entendimento famosamente sintetizado em sua declaração de
que o universo “não tem nenhum projeto, nenhum propósito, nenhum mal e nenhum bem,
nada além da impiedosa e cega indiferença”. Então, como Dawkins pode referir-se à religião
como “acidental”, quando seu entendimento do processo evolutivo evita qualquer base teórica
que permita sugerir que alguns resultados são “intencionais” e outros “acidentais”? É
incompatível com a visão darwinista do mundo. Para o darwinismo, tudo é acidental. As coisas
podem parecer planejadas – mas essa aparência de planejamento ou intencionalidade origina-
se do desenvolvimento fortuito.40

Muito bem observado! Se o mundo no fim não possui sentido algum, como e por que um
evento aleatório pode ser considerado como “acidental” ou como “prejudicial”? Como se pode usar
um padrão ou uma escala para definir o que é bom ou ruim no universo se a concepção darwinista
exclui qualquer possibilidade de existência de padrões, sentidos ou escalas absolutas no universo? Se
toda história do Cosmo é apenas um acidente cego e sem propósito, como poderíamos classificar as
coisas como “uteis”, “boas”, “ruins” e “prejudiciais”?

Por fim, outro aspecto que percebi enquanto lia Deus, um delírio e que, para minha surpresa,
foi notado também pelo casal McGrath e mencionado em O delírio de Dawkins é a absoluta falta de
evidências para sustentar tais proposições da religião como subproduto de outra coisa.

A principal crítica a essa teoria do “subproduto acidental” é a falta de evidências sérias em seu
favor. Onde está a ciência? Qual é a evidência para tal crença? Vemos a especulação e a
suposição substituírem os rigorosos argumentos regidos pelas evidências e nela embasados,
pelos quais temos o direito de esperar. As teorias de Dawkins sobre as origens biológicas da
religião, embora interessantes, devem ser consideradas altamente especulativas. Seus
argumentos sobre as origens psicológicas da religião estão poluídos por muitos “talvez” e “pode
ser”, indicadores verbais de que não existe evidência significativa para as idéias altamente
tênues e especulativas que ele examina com seus leitores.41

Portanto, não vi boas razões para levar a sério o que Dawkins disse. Existe um abismo
enorme entre uma suposição e uma explicação sobre a origem de um fenômeno. A teoria de Dawkins
não passa de uma suposição sobre como o fenômeno religioso pode ter se originado na humanidade,
porém, está muito longe de ser uma explicação eficaz sobre estas origens.

40
MCGRATH, Alister; MCGRATH, Joanna. 2007. Mundo Cristão. p. 78 e 79.
41
Ibidem. p. 79.

Página | 19
Conclusão

Apresentei neste ensaio as teses de quatro pensadores sobre as possíveis origens naturais do
fenômeno religioso. Ludwig Feuerbach – embora exista controvérsias se de fato ele era ou não ateu –
deu o pontapé inicial com sua abordagem da crença em Deus como projeção de nossos desejos,
necessidades e anseios. O pensamento de Feuerbach influenciou dois outros pensadores que
teorizaram sobre a origem da religião: Karl Marx e Sigmund Freud. Para Marx, a religião é projetada
pelo ser humano em consequência da alienação econômica e social que impera no mundo em que
vive. Para Freud, a religião é uma projeção da imagem que tivemos de nosso pai na infância a partir
da necessidade que temos de nos sentir protegidos nesse mundo que nos apresenta muitos perigos.

Em uma linha completamente independente de Feuerbach, e por essa razão incompleta,


porém totalmente original, Richard Dawkins – o ateu mais influente e lido do mundo atual –
apresenta a origem da religião em bases darwinistas, ou seja, a religião como consequência de
alguma pressão evolutiva no processo de seleção natural. Dawkins apresenta a religião como
subproduto indesejado de algo útil, a saber, segundo ele, a obediência cega que as crianças nutrem
em relação a seus pais.

Fiz neste ensaio duas análises distintas, uma em relação às primeiras teorias que postulam a
crença em Deus como projeção dos desejos e necessidades que temos; e uma análise da crença em
Deus como subproduto indesejável de algo originalmente bom. Sobre as primeiras análises, pesou o
fato de a crença em Deus não se tornar menos verdadeira simplesmente porque as pessoas desejam
a existência de Deus e, sobre a segunda análise, pesou a falta de evidências que a sustentam bem
como a aparência que nem mesmo o pensador que propôs o pensamento acredite de fato nele.

Você pode me questionar porque a crença em Deus como subproduto de outra coisa deve ser
descartada pela falta de evidências e a crença em Deus – que não possui evidências que a sustentem
– não deve. A minha resposta é que, ao contrário da teoria da religião como subproduto de outra
coisa, a existência de Deus não pretende (e nunca pretendeu) ser uma teoria científica. As pessoas
acreditam em Deus pela fé, não porque Deus é passível de ser observado por um microscópio. Se
esta metodologia é correta ou não, pelo menos as pessoas religiosas nunca a esconderam. Richard
Dawkins, ao contrário, é cientista e ainda por cima ateu. Ele é alguém (segundo suas palavras) que
valoriza as evidências empíricas mais do que qualquer outra coisa na vida. Mais do que a qualquer
pessoa, as evidências deveriam ser valorizadas por ele. E isto inclui evidências para suas próprias
teorias, principalmente.

Página | 20
Aprendi muito enquanto escrevia este ensaio sobre as origens psicológicas da religião. Porém,
não li nada que gerasse um sentimento de “e agora?” em mim. As explicações oferecidas são até
razoáveis, mas praticamente todas são passíveis de serem interpretadas biblicamente e, portanto,
não contradizem as crenças que tenho.

OBRAS CONSULTADAS

AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de Maria Luiza Jardim Amarante. 17 ed. São Paulo:
Paulus, 1984.

ATAÍDE, Glauber. Freud e a religião – a neurose obsessiva universal da humanidade.


Disponível em <http://tinyurl.com/35zf3qo>. Acesso em 17 de Setembro de 2010.

DAWKINS, Richard. Deus um delírio. Tradução de Fernanda Ravagni. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007.

DOMINGUEZ MORANO, Carlos. Crer depois de Freud. Tradução de Eduardo Dias Gontijo. São
Paulo: Edições Loyola, 2003

FREUD, Sigmund. Cartas entre Freud & Pfister. Tradução de Karin Hellen Wondracek e Ditmar
Junge. Viçosa/MG: Ultimato, 1998.
LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. Tradução de Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão
Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

MARTINS, José Ricardo. A Religião Sob um Outro Olhar: Comentário Sobre o Livro “A
Essência do Cristianismo” de Ludwig Feuerbach. Disponível em <http://tinyurl.com/37hk
6x9>. Acesso em 17 de Setembro de 2010.

McGRATH, Alister E. (1999) Fundamentos do diálogo entre Ciência e Religião. Tradução de Jaci
Maraschin. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

________. (2005) O Deus de Dawkins: Genes, Memes e o Sentido da Vida. Tradução: Sueli
Saraiva. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.

McGRATH, Alister E.; McGRATH Joanna. O Delírio de Dawkins: Uma Resposta ao


Fundamentalismo Ateísta de Richard Dawkins. Tradução de Sueli Saraiva. São Paulo:
Mundo Cristão, 2007.

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NICHOLI, Armand. Deus em Questão: C. S. Lewis e Freud Debatem Deus, Amor, Sexo e o
Sentido da Vida. Tradução de Gabriele Greggersen. Viçosa/MG: Ultimato, 2005.

RIBEIRO, Osvaldo Luiz. Religião e Alienação – com Marx contra Marx. Disponível em
<http://tinyurl.com/2cwtact>. Acesso em 17 de Setembro de 2010.

VITZ, Paul C. The Psychology of Atheism. Disponível em <http://tinyurl.com/25zhc8w>, Acesso


em 17 de Setembro de 2010.

www.ElielVieira.org

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