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Universidade do Minho

Escola de Engenharia

João Filipe Vieira Aguiar

Transferência de Energia sem fios


para
carregamento de baterias
outubro de 2013
Universidade do Minho
Escola de Engenharia

João Filipe Vieira Aguiar

Transferência de Energia sem fios


para carregamento de baterias

Tese de Mestrado
Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores

Trabalho efetuado sob a orientação do


Professor José Gerardo Vieira da Rocha
outubro de 2013
“A life spent making mistakes is not only more honorable, but more useful than a life
spent doing nothing”
George Bernard Shaw

Agradecimentos

O trabalho aqui apresentado não teria sido possível e não seria realizado de forma
tão meticulosa e tão articulada se não fossem dois grupos de pessoas distintos. O primeiro
grupo, são aqueles que ajudaram de forma académica, dando a oportunidade de integrar
neste projeto e a evoluir como pessoa intelectualmente. O segundo grupo, é destinado a
todos os meus familiares e amigos que de variadas formas me mantiveram com
discernimento e concentração, ajudando-me a ultrapassar todas as dificuldades e a encarar
este novo desafio da melhor maneira possível, fazendo-me evoluir emocionalmente.
Assim, de uma forma geral, quero transmitir os meus mais sinceros agradecimentos a
todos que fizeram este trabalho possível.
De uma forma mais concreta, quero dirigir as minhas primeiras palavras de
agradecimento ao orientador desta dissertação, Professor Doutor Gerardo Rocha, que
propôs o presente trabalho, e me deu a oportunidade de integrar este projeto e a sua equipa
contribuindo assim para a minha aprendizagem.
Por terem dado uma grande ajuda em toda a planificação e orientação do projeto,
tal como na preparação de toda a componente laboratorial, uma palavra de especial
destaque para o Professor Senentxu e Vítor Correia, dois exemplos de empenho e
competência que gostaria de assinalar e agradecer de um modo muito particular.
Agradeço, aos técnicos e restantes pessoas do Departamento de Eletrónica
Industrial pela ajuda fornecida na execução desta dissertação.
Por último e não menos importante, uma enorme palavra de gratidão à minha
família, a todos no geral, mas mais concretamente aos meus pais, pela ajuda,
disponibilidade e compreensão durante todo o meu percurso académico. A eles, sou muito

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João Filipe Vieira Aguiar –
grato pelo incentivo recebido ao longo destes anos, sou grato pela alegria e atenção sem
reservas. Se não fossem eles, não seria a pessoa que sou hoje. Muito obrigado!

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias


Universidade do Minho

Resumo
Numa sociedade cada vez mais evoluída e num mundo tecnológico em constante
evolução, a comodidade e conforto na execução de tarefas torna-se cada vez mais
preponderante. Por isso, os aparelhos móveis têm sido algo de muito foco por parte dos
fabricantes e investigadores. Apesar das enormes vantagens que este tipo de aparelhos
móveis apresenta, há uma clara preocupação que os fabricantes têm tido sempre em conta,
que consiste na autonomia destes aparelhos.
É precisamente neste âmbito que o projeto de alimentação sem fios tem ganho
maior viabilidade. Por exemplo, tem-se na área da saúde os aparelhos de assistência
ventricular que requerem baterias externas e por isso cabos que atravessem o corpo desde
as baterias até ao aparelho de assistência ventricular. Assim, num cenário mais evoluído,
poder-se-ia imaginar o alojamento de baterias internas de menor capacidade (menos
volumosas) mas que fossem carregadas constantemente, por exemplo, quando o paciente
se encontrasse em repouso na cama, sendo que a cama seria o transmissor de energia e
estaria preparada para comunicar com o recetor de energia do aparelho do cliente e assim
haver troca de energia e consequente carregamento das baterias. Outro exemplo, seria no
uso dos “pacemaker´s”, que com a implementação desta tecnologia seria possível efetuar
o carregamento de tais baterias e assim evitar as intervenções cirúrgicas para mudança de
bateria ao fim de um período de tempo.
Com o intuito de contribuição na área, nesta dissertação foram estudadas duas
técnicas que caracterizam a tecnologia de alimentação sem fios, que são a transferência
de energia por indução magnética onde a transferência de energia é feita por meio indutivo
entre duas bobinas e a transferência de energia por acoplamento indutivo ressonante onde

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João Filipe Vieira Aguiar –
a transferência de energia é realizada por meio de um forte acoplamento eletromagnético
a uma certa frequência.
Foram realizados diversos testes, onde através deles tentou-se demonstrar quais as
limitações e particularidades de uma e outra técnica, tendo em vista este tipo de aplicações
que requerem algumas exigências a nível de eficiência e volume do conjunto físico. Com
isto, o protótipo efetuou a transferência de energia sem fios e foi capaz de carregar uma
pequena bateria que pode, por exemplo, estar a alimentar em simultâneo um aparelho
elétrico de implante médico.
Pretendeu-se assim que o protótipo fosse funcional e que pudesse servir de base
para futuras aplicações.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias

Universidade do Minho

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João Filipe Vieira Aguiar –
Resumo

Palavras-Chave: Energia sem fios, indução magnética, acoplamento indutivo ressonante.

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João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias

Abstract
In a society increasingly evolved and a constantly evolving technological world,
the convenience and comfort in performing tasks becomes increasingly prevalent.
Therefore, mobile devices have been something in focus by manufacturers and
researchers. Despite the enormous advantages that this type of mobile devices presents,
there is a clear concern that manufacturers have always taken into account, which is the
range of these devices.
It is precisely in this context that the power wireless project has gained greater
viability. For example, it has been in the health ventricular assistance devices that require
external batteries and cables so they pass through the body from the batteries to the
ventricular assistance device. This, in a more advanced scenario, could be imaginable
housing internal battery of smaller capacity (less massive), but they were loaded
continuously, for example, when patients are lying in the bed, and the bed would
transmitter energy and be prepared to communicate with the receiver power unit of the
client and so there exchange of energy and consequent charging of the batteries.
Another example would be the use of "pacemaker's” that with the implementation of this
technology would be possible to perform the loading and then prevent the battery surgical
interventions for battery change after a period of time.
With intention of contribution in this area, in this dissertation will be studied two
techniques that characterize the wireless power technology, which is the transfer of energy
by magnetic induction where the energy transfer is by means of two inductive coils and
the energy transfer where resonance energy transfer is accomplished by means of a strong
electromagnetic coupling at a certain frequency.
Will be performed several tests, which through them will try to show what
limitations and peculiarities of one and another technique, considering this kind of
applications that require few demands on efficiency and volume of all physical. With this,
the prototype will make the transfer of wireless energy and being capable of carrying a
small battery that could for example, be simultaneously feed an electric medical implant.
It is intended that the prototype was functional and can served as a basis for future
improvements.
Keywords: wireless energy, magnetic induction, resonance energy.

João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho


Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias
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Índice
Agradecimentos .......................................................................................................................... iv
Resumo ......................................................................................................................................... v
Abstract ...................................................................................................................................... vii
Lista de Figuras .......................................................................................................................... ix
Lista de Tabelas ........................................................................................................................... x
Lista de Acrónimos .................................................................................................................... xi
Nomenclatura ............................................................................................................................ xii
Constantes .................................................................................................................................. xii
Capítulo 1 Introdução ................................................................................................................. 1
1.1 Enquadramento .................................................................................................................... 1
1.2 Motivação e Objetivos ......................................................................................................... 2
1.3 Organização e Estrutura da Dissertação .............................................................................. 3
1.4 Estado de Arte ..................................................................................................................... 4
1.4.1 Técnica por Acoplamento Indutivo Ressonante ........................................................... 5
1.4.2 Bio aplicações ............................................................................................................... 6
1.4.3 RFID ............................................................................................................................. 9
Capítulo 2 Fundamentos Teóricos ........................................................................................... 12
2.1 Indutores ............................................................................................................................ 12
2.2 Acoplamento das indutâncias ............................................................................................ 12
2.3 Eletromagnetismo .............................................................................................................. 13
2.3.1 Acoplamento Indutivo Ressonante ............................................................................. 14
2.3.2 Indução Mútua ............................................................................................................ 15
2.3.3 Espectro eletromagnético ............................................................................................ 17
2.4 Fórmula de Wheeler .......................................................................................................... 18
Capítulo 3 Procedimento e Resultados .................................................................................... 20
3.1 Arquitetura Funcional ........................................................................................................ 20
3.2 Implementação do circuito de transmissão/receção sem retificação ................................. 21
3.2.1 Filtro LC ..................................................................................................................... 21
3.2.2 Conceção Física das bobines ...................................................................................... 22
3.2.3 Teste a diferentes tamanhos de transmissores e recetores .......................................... 24
3.2.4 Conclusões sobre os testes realizados ......................................................................... 32
3.3 Teste ao circuito com a técnica por indução magnética .................................................... 33
3.4 Implementação do bloco de retificação com filtragem ...................................................... 34
3.4.1 Circuito retificador ...................................................................................................... 34
3.4.2 Filtragem ..................................................................................................................... 38
3.5 Testes ao circuito final sem bateria ................................................................................... 39
3.6 Testes ao circuito final com bateria ................................................................................... 41
3.6.1 Análise aos resultados obtidos .................................................................................... 44
Capítulo 4 Conclusões e Trabalho Futuro .............................................................................. 46
4.1 Análise Geral ..................................................................................................................... 46
4.2 Propostas de trabalho futuro .............................................................................................. 47
4.3 Contribuições ..................................................................................................................... 47
Referências ................................................................................................................................. 48

João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho


Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias
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João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho


Lista de Figuras

Figura 1.1 - Sistema usado por Michael Faraday na experência[9] ............................................................. 5


Figura 1.2 - Carregador sem fios Samsung[13] ........................................................................................... 6
Figura 1.3 - Conceito Witricity[14] ............................................................................................................. 7
Figura 1.4- Pacemaker e um protótipo de uma bobina implantável[18] ...................................................... 8
Figura 1.5 - Protótipo de um sistema de transferência sem fios[19] ............................................................ 9
Figura 1.6 - Cenário futurista do sistema implementado[19] ...................................................................... 9
Figura 1.7 - Watson Watt com o seu primeiro radar[21] ............................................................................10
Figura 1.8 - Sistema de controlo de pacientes desenvolvido pela “GAO Group”[23]................................11
Figura 1.9 - Solução apresentada pela Motorola[24] ..................................................................................12
Figura 2.1 - Indução mútua entre duas bobinas ..........................................................................................14
Figura 2.2 - Iteração das linhas de campo com o plano ..............................................................................15
Figura 2.3 - Variação do fluxo magnético ..................................................................................................15
Figura 2.4 - Modelo de energia sem fios por acoplamento magnético ressonante .....................................16
Figura 2.5 - Comprimento de onda de uma onda sinusoidal[26] ................................................................18
Figura 2.6 - Bobina de monocamada sem núcleo magnético[28] ...............................................................19
Figura 2.7- Bobina de várias camadas sem núcleo magnético[28] .............................................................19
Figura 3.1 - Circuito exemplificativo do protótipo[25] ..............................................................................20
Figura 3.2 - Filtro LC .................................................................................................................................21
Figura 3.3 - Circuito de testes .....................................................................................................................25
Figura 3.4- Gráfico de eficiência para transmissor de 4cm e várias dimensões de recetores .....................27
Figura 3.5 - Gráficos de eficiências para transmissor de 5,5cm e várias dimensões de recetores ..............28
Figura 3.6 - Gráfico de eficiências para transmissor de 6,5cm e várias dimensões de recetores ................30
Figura 3.7 - Gráfico de eficiências para transmissor de 7,5cm e várias dimensões de recetores ................31
Figura 3.8- Circuito indutivo ......................................................................................................................33
Figura 3.9 - Gráfico de eficiência para circuito indutivo ............................................................................33
Figura 3.10 - Retificador de meia onda ......................................................................................................34
Figura 3.11 - Retificador de onda completa em ponte ................................................................................35
Figura 3.12- Efeito de Ripple .....................................................................................................................37
Figura 3.13 - Circuito com retificador e carga ............................................................................................38
Figura 3.14 - Circuito com retificação e filtragem .....................................................................................39
Figura 3.15 - Circuito de carregamento da bateria .....................................................................................41
Figura 3.16 - Evolução de carga na bateria ................................................................................................41
Figura 3.17 - Circuito final do protótipo ....................................................................................................42
Figura 3.18- Evolução de descarga da bateria ............................................................................................43
Figura 3.19 - Evolução de carga da bateria ................................................................................................43

Transferência de Energia sem fios para

João Filipe Vieira Aguiar

carregamento de baterias xi – Universidade do Minho


Lista de Tabelas

Tabela 1- Características bobinas transmissoras ........................................................................................ 23


Tabela 2 - Características bobinas recetoras .............................................................................................. 23
Tabela 3 - Fios de cobre AWG .................................................................................................................. 24
Tabela 4 - Condições de teste para bobina transmissora de 4cm ............................................................... 26
Tabela 5 - Valores obtidos para o caso 5 para D1=4cm............................................................................. 27
Tabela 6 - Condições de teste para a bobina transmissora de 5,5cm ......................................................... 28
Tabela 7 - Valores obtidos para o caso 6 para D1=5,5cm.......................................................................... 29
Tabela 8 - Condições de teste para a bobina transmissora de 6,5cm ......................................................... 29
Tabela 9 - Valores obtidos para caso 6 com D1=6,5cm............................................................................. 30
Tabela 10 - Condições de teste para a bobina transmissora de 7,5cm ....................................................... 31
Tabela 11 - Valores obtidos para caso 6 com D1=7,5cm........................................................................... 32
Tabela 12 - Valores obtidos com circuito puramente indutivo .................................................................. 34
Tabela 13 - Características da família de díodos Schottky 1N5817-1N5819[35] ......................................
37
Tabela 14 - Valores obtidos após retificação ............................................................................................. 39
Tabela 15 - Comparação de valores pré retificação e após retificação ...................................................... 40
Tabela 16 - Configurações de teste ao circuito .......................................................................................... 41
Tabela 17 - Características da bateria [37] ................................................................................................. 41

Transferência de Energia sem fios para

João Filipe Vieira Aguiar

carregamento de baterias xii – Universidade do Minho


Lista de Acrónimos

AWG American Wire Gauge


CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
Fem Força eletromotriz
MIT Massachusetts Institute of Technology
RFID Radio Frequency Identification
RMS Root Mean Square (Valor eficaz)
VAD Dispositivo de Assistência Ventricular

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carregamento de baterias xiii – Universidade do Minho


Nomenclatura
Símbolo Significado Unidade

R Resistência Ω
V Tensão V
I Corrente A
f Frequência Hz
N Enrolamentos
M Indução Mútua µH
L Indutância H
C Capacitância F
Fluxo magnético Wb
Força eletromotriz induzida V
Intervalo de tempo s
Variação do fluxo magnético Wb
Área da espira cm

Constantes
Velocidade da luz no vazio c 3 x
m.
Permeabilidade do vazio µ0 4π x N.
Pi π 3,14159…

Transferência de Energia sem fios para


carregamento de baterias xiv – Universidade do Minho
João Filipe Vieira Aguiar

carregamento de baterias ii – Universidade do Minho


Capítulo 1

Introdução
Neste capítulo é feito um enquadramento da atual dissertação, são expostas as
motivações e objetivos que conduziram ao desenvolvimento desta investigação, é
explicada a organização e estrutura desta dissertação. Por último, é realizada uma
contextualização histórica sobre o desenvolvimento das duas técnicas de transferência de
energia sem fios, aplicações que usam o mesmo princípio e o impacto das mesmas em
aplicações biológicas.

1.1 Enquadramento

A presente dissertação insere-se no ciclo de estudos do curso Mestrado Integrado


em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores da Universidade do Minho, proposta
pelo departamento de Física e promove a capacidade de iniciativa e de decisão.
Este trabalho pretende apresentar um estudo sobre o conceito de transferência de
energia sem fios abordando duas das técnicas, a transferência sem fios por indução
magnética e uma das técnicas mais promissoras do futuro, a transferência de energia sem
fios por acoplamento indutivo ressonante. A área de principal foco será a área da saúde
onde a aplicação deste conceito tem sido mais demorosa devido ao nível de exigência e
rigor que este tipo de aparelhos requer, com nenhuma das técnicas até agora existentes a
mostrar viabilidade suficiente para serem implementadas fosse por serem prejudiciais à
saúde fosse pela eficiência.
Foi no entanto com o aparecimento da técnica por acoplamento indutivo
ressonante que se criou nova expectativa em relação a todo o conceito de transferência
sem fios nos aparelhos móveis. O grande passo para isso foi quando em 2007, uma equipa
do MIT, conseguiu alimentar uma lâmpada de 60Watts colocada a 2 metros de distância
do emissor com uma eficiência de 40% [1][2].
Na área da saúde, já se começaram a dar os primeiros passos com a construção de
alguns protótipos de investigação [3][4], mostrando-se esta técnica promissora quanto à
sua aplicação nos aparelhos de implante médico.[5]
Posto isto, a elaboração desta dissertação começou com a recolha de informação
e revisão bibliográfica acerca das duas técnicas na área da saúde, seguindo-se o

Transferência de Energia sem fios para c


1
João Filipe Vieira Aguiar –
arregamento de baterias
Universidade do Minho

Capítulo 1 - Introdução

planeamento e execução da componente laboratorial, terminando com a redação do


presente documento.

1.2 Motivação e Objetivos

A eletricidade hoje em dia tornou-se um bem essencial no quotidiano de uma


sociedade que se considera moderna e evoluída. O rápido crescente dos dispositivos
elétricos móveis, tanto a nível de funcionalidades como a nível físico, faz com que sejam
também mais exigentes com as baterias. Estas atualmente, ainda apresentam alguns
pontos fracos ao nível de volume e duração, além do incómodo provocado pelo
carregamento ou substituição da mesma.
Existem áreas onde estas limitações podem ser mais criticas, como é o caso da
área da saúde onde os aparelhos elétricos de implante médico podem mesmo obrigar a
intervenções cirúrgicas para a substituição da bateria, sendo o caso dos pacemakers,
implantes cardíacos, entre outros. Por outro lado, existem aparelhos onde é possível a
alocação da bateria de forma externa ao corpo, não obrigando intervenção de substituição,
como é o caso dos assistentes ventriculares (VADs) que implicam a passagem de fios pelo
interior do corpo que estabelecem a ligação entre a bateria e o aparelho, o que em diversos
casos pode levar à morte do paciente por infeção. [5]
É com a motivação de contribuir no desenvolvimento de soluções para estes casos,
que o estudo do conceito de transferência de energia sem fios ganha relevância, já que
permitiria resolver alguns dos problemas enumerados anteriormente. Com isso,
conseguir-se-ia evitar intervenções e passagens de fios pelo corpo, carregando a bateria
sem fios e dando assim maior comodidade tanto a estes pacientes como a todos os outros
utilizadores que possuíssem outro tipo de aparelhos elétricos móveis.[6]
Posto isto, o principal objetivo desta dissertação é o estudo do conceito de
transferência de energia sem fios e técnicas utilizadas: a técnica por indução magnética e
a técnica por acoplamento indutivo ressonante que será alvo de maior foco visto ser uma
técnica mais recente e com maior potencial.
Em termos práticos, será construído um protótipo recorrendo à técnica por
acoplamento indutivo ressonante. Na sua implementação deverão ser respeitados alguns
princípios deste tipo de aplicações, nomeadamente o binómio entre a otimização máxima
em termos de volume do conjunto físico e a eficiência, durante uma determinada
c

2

distância. Daí que, durante a implementação serão realizados vários testes a vários
tamanhos de conjuntos físicos de modo a atestar o conjunto com o melhor

Transferência de Energia sem fios para arregamento de baterias


João Filipe Vieira Aguiar Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução

binómio. O objetivo será carregar uma pequena bateria como exemplo a uma aplicação
de um caso real.
Será ainda realizado um pequeno teste recorrendo à técnica de transferência sem
fios por indução magnética. Desta forma, será estabelecida uma comparação entre os
resultados das duas técnicas e poder assim atestar as vantagens da técnica por
acoplamento indutivo ressonante face à técnica por indução magnética.

1.3 Organização e Estrutura da Dissertação

Esta tese encontra-se estruturada em 4 capítulos dos quais, o presente capítulo 1,


que é composto por esta introdução ao trabalho. São expostas as motivações e objetivos
que conduziram ao desenvolvimento desta investigação. Por último, é feita uma
contextualização histórica sobre as duas técnicas de transferência de energia sem fios
abordadas, com especial foco na contribuição da mais recente técnica por acoplamento
indutivo ressonante em aplicações biológicas.

Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos


Neste capítulo será feita uma análise teórica a cada uma das duas técnicas de
transferência sem fios, enumerando as particulares associadas a cada uma.
Serão também analisados alguns conceitos e definições importantes a ter em conta na
análise e caracterização de um sistema de transferência sem fios.

Capítulo 3 – Procedimentos e Resultados


Neste capítulo é realizada uma descrição detalhada da implementação prática de
um sistema capaz de transmitir energia sem fios a uma carga com a técnica por
acoplamento indutivo ressonante.
Especifica-se todos os passos intermédios antes da construção do protótipo final, tal
como testes utilizando as duas técnicas e testes a diferentes conjuntos de bobinas de modo
a atestar o conjunto mais eficiente de modo a implementar no protótipo final. Será ainda
feita uma análise aos resultados obtidos nos testes intermédios e finais.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 3


João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Conclusões e Trabalho Futuro
Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões desta dissertação,
fazendo uma análise global aos resultados e objetivos atingidos.
Por fim, são apresentados algumas sugestões a ter em conta num eventual trabalho futuro.

4

Capítulo 1 – Estado de Arte

1.4 Estado de Arte

Apesar da transmissão sem fios só recentemente ter passado a merecer maior


atenção por parte dos investigadores, é uma tecnologia que já havia tido os primeiros
avanços em 1891 quando Nikola Tesla protagonizou experiências com um conceito
denominado por indução eletromagnética. Apesar disso, pode-se considerar que foi
Michael Faraday o grande descobridor desta técnica quando em 1831 provou que uma
corrente que fluía num fio poderia induzir uma outra corrente num fio próximo.[7] Para
isso ele enrolou num mesmo anel de ferro duas bobinas, uma ligada a uma pilha e outra
ligada a um galvanômetro; enquanto o circuito estava fechado nada ocorria no
galvanômetro, no entanto quando o circuito era interrompido ou se reatava a passagem
surgia uma outra corrente na bobina ligada ao galvanômetro. Com essa experiência
Faraday comprovou que a variação da corrente elétrica numa das bobinas induzia uma
corrente elétrica independente na outra.[8]

Figura 1.1 - Sistema usado por Michael Faraday na experência[9]

Na altura, tal afirmação de Michael Faraday pouco ou nenhum interesse despertou


por parte da comunidade científica. Foi então passado uns anos, mais precisamente em
1893, que Nikola Tesla provou que Faraday estava correto ao realizar na exposição
“Worlds´s Columbian Exposition”, em Chicago com sucesso o teste das lâmpadas onde
conseguiu ligar e desligar várias lâmpadas à distância, recorrendo à indução magnética
sem qualquer condutor.[10] Foi talvez o maior avanço dado na área e que fez acreditar
que tal tecnologia seria possível ser implementada no nosso quotidiano.
Com isto, após alguns anos de desenvolvimento e passado mais de 100 anos, o
sonho de Tesla torna-se realidade, esta técnica passou mesmo a integrar o nosso
quotidiano e cada vez com maior abundância. Os telemóveis por exemplo, hoje em dia já
integram o nosso quotidiano de forma quase indispensável, sendo que grandes fabricantes
como a Nokia[11] e mais recentemente a Samsung[12], já têm disponíveis em alguns
modelos acessórios para carregamento da respetiva bateria sem fios.

Transferência de Energia sem fios para arregamento de baterias


João Filipe Vieira Aguiar Universidade do Minho
c

5

Capítulo 1 – Estado de Arte

Figura 1.2 - Carregador sem fios Samsung[13]

Existem também aparelhos elétricos onde o mesmo princípio é aplicado mas com
outra intencionalidade, como é o caso dos fogões por indução, que são usados para
aquecimento.
Esta técnica consiste basicamente em ter uma indutância que devidamente
alimentada pela corrente elétrica vai gerar um campo magnético que vai atuar num outro
elemento condutor (receptor) fazendo com que uma corrente flua nesse elemento.
No entanto, esta técnica é bastante sensível à distância e tem uma quebra
exponencial ao nível de eficiência conforme se vai distanciando o transmissor e receptor,
impossibilitando assim a sua implementação noutras aplicações que requerem maior
distância entre estes dois elementos.

1.4.1 Técnica por Acoplamento Indutivo Ressonante

Foi então, com o objetivo de melhorar esse aspeto que Marin Soljacic, professor
assistente de física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, decidiu deixar o seu
marco nesta área, ao desenvolver um protótipo que recorre a uma técnica denominada por
técnica por acoplamento indutivo ressonante. Com isto, Marin Soljacic conseguiu
transferir energia elétrica de um ponto para outro sem fios de forma bastante viável e com
aumento substancial da distância entre os dois circuitos em relação à técnica usada por
Nikola Tesla. Esta tecnologia, basicamente, consiste em ter dois circuitos
eletromagnéticos que quando fortemente acoplados a uma certa frequência, permitem
uma forte troca de energia e assim alimentar aparelhos elétricos de médio porte.
Na figura abaixo pode-se ver um diagrama representativo das linhas de força
concebido pela própria WiTricity Corp.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 6


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Capítulo 1 – Estado de Arte

Figura 1.3 - Conceito Witricity[14]

As linhas a azul (1) representam o campo magnético induzido pela bobina ligada
à fonte de alimentação (4). As linhas em amarelo (2) representam o fluxo de energia
transferido do campo magnético da bobina da fonte de alimentação (4) para a bobina
recetora (5).
De notar que a natureza ressonante do sistema garante que haja sempre uma forte
interação entre as duas bobinas, evitando interrupções na transmissão de energia com a
presença de obstáculos, como também é possível verificar no diagrama (3).
No entanto, a desvantagem desta técnica é que o campo criado a certas frequências
ou a exposições elevadas pode criar efeitos colaterais na saúde pública, daí a criação do
padrão IEEE C95.1-2005[15] que regulamenta os limites de valores para frequências
entre os 3kHz e os 200GHz de campo magnético em ambientes abertos à população
comum e para áreas controladas.

1.4.2 Bio aplicações

Devido às suas vantagens, desde cedo começaram a surgir algumas ideias e


protótipos de aplicação da técnica de acoplamento indutivo ressonante em aparelhos de
implante médico, como os assistentes ventriculares (VADs), bombas cardíacas ou
pacemakers. Estes caracterizam-se por serem aparelhos de assistência cardíaca que têm
como função ajudar o coração humano a bombear o sangue e a manter o ritmo cardíaco
necessário para bom funcionamento, de forma a nutrir o resto dos órgãos humanos, ou
seja, suportes de vida muito importantes. De notar, que segundo a Organização mundial
de Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo.[16]
No entanto, estes aparelhos devido à sua natureza elétrica, requerem alimentação
energética proveniente do uso de baterias que podem estar alocadas internamente ou
externamente ao corpo humano. Apesar da grande autonomia destas baterias, todas têm
um período de duração que quando atingido, requerem a substituição ou carregamento
das mesmas. No caso dos pacemaker´s, a substituição da bateria requer mesmo
intervenção cirúrgica. No caso dos aparelhos com baterias externas outro inconveniente
acaba por ser o transporte da energia desde as baterias ao aparelho, onde é feito através
de fio de cobre, o que por vezes provoca infeções e pode levar mesmo ao falecimento do
paciente.[17]
É neste âmbito que surge a possível aplicação das técnicas de transmissão de
energia sem fios neste tipo de aparelhos, onde seria possível efetuar o carregamento destas
baterias, retardando assim a intervenção cirúrgica para sua substituição, podendo mesmo

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 7


João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 1 – Estado de Arte

em alguns casos evitar a cirurgia. No caso dos aparelhos com baterias externas evitaria o
uso de fios a percorrer o corpo humano.
António Abreu, Estudante de doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia
(SSE) no âmbito do programa MIT Portugal, desenvolveu um sistema de carregamento
de baterias não-invasivo recorrendo à técnica por acoplamento ressonante, para recarregar
baterias de implantes cardíacos eletrónicos. Com este sistema, António Abreu garante que
além do carregamento em si das baterias, também é possível controlar o consumo de
energia do próprio aparelho, consoante as necessidades do dispositivo eletrónico e da
patologia do paciente, conseguindo assim uma melhor eficiência e otimização consoante
os casos de aplicação. Além do fornecimento de energia, é possível ainda a comunicação
com o aparelho para efeitos de diagnóstico e reprogramação do implante.[18]

Figura 1.4- Pacemaker e um protótipo de uma bobina implantável[18]

O princípio de funcionamento do sistema também se mostrou replicável para


otimizar a transmissão de energia elétrica em sistemas de transporte e de distribuição,
conseguindo assim mais uma vez uma otimização de custos para o consumidor.[18]

Dispositivos de Assistência Ventricular (VADs)

Atualmente os assistentes ventriculares são implantados no corpo recorrendo a


alimentação de baterias externas, que requer o uso de fios a atravessar o corpo, o que
diminui a qualidade de vida e aumenta o risco de infeções.
Com o objetivo de colmatar estes inconvenientes, investigadores da Universidade
de Washington e da Universidade de Pittsburgh têm desenvolvido protótipos capazes de
efetuar a alimentação do aparelho sem que, seja necessário o uso de fios, recorrendo à
técnica por acoplamento indutivo ressonante. [19]

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 8


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Capítulo 1 – Estado de Arte

Figura 1.5 - Protótipo de um sistema de transferência sem fios[19]

O conceito é em tudo idêntico ao do MIT, uma bobina primária que é alimentada


pela corrente elétrica, denominada por bobina de transmissão, envia ondas
eletromagnéticas a uma certa frequência e uma bobina recetora absorve a energia para
carregar uma bateria, que neste caso, estaria internamente no aparelho.[19] Com isto, o
paciente poderia ultrapassar algumas das limitações impostas que este tipo de aparelhos
provoca atualmente ao nível de movimento, podendo fazer uma vida normal.
Estes investigadores preveem a aplicação desta tecnologia de forma a aumentar o
conforto e comodidade, por isso o estudo inclui o uso desta tecnologia em coletes que
contenham o transmissor e que quando ligados à rede elétrica façam o respetivo
carregamento da bateria interna, sem fios. Terminado o carregamento, o paciente poderia
fazer a sua vida de forma normal durante um período de tempo (estimado de 2 horas),
como tomar banho ou outro tipo de rotinas, até novo carregamento.[19]

Figura 1.6 - Cenário futurista do sistema implementado[19]

Num cenário mais evoluído, a intenção passa por implementar bobinas


transmissoras em locais que o paciente use diariamente e assim seja feito o carregamento
de forma impercetível tanto para o paciente como para as restantes pessoas, como numa
cama, num sofá ou numa cadeira.
1.4.3 RFID

Existem outros tipos de aplicações, onde é usado o mesmo conceito de


transferência de energia/dados por frequência, como é o caso do RFID.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 9


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Capítulo 1 – Estado de Arte

RFID é um acrónimo para Radio Frequency Identification e consiste numa


tecnologia para identificação automática através de sinais de rádio, conseguindo ler e
armazenar dados remotamente através de dispositivos denominados por transponders ou
etiquetas RFID.[20] Esses transponders são nada mais nada menos que chips de silício e
antenas que permitem a resposta a sinais de rádio enviados por um transmissor, sendo
estes recetores do tipo passivo, assemelhando-se assim a um sistema de transferência de
energia sem fios no qual o recetor também atua como elemento passivo. No entanto, neste
tipo de aplicações, também sistemas onde o recetor do tipo ativo já que contêm uma
bateria que lhes permite enviar um sinal próprio. Esta tecnologia vem assim colmatar
algumas limitações dos códigos de barra, nomeadamente a nível de distância.
Por outro lado, pode-se considerar que a grande desvantagem atualmente se revela
a nível de segurança, já que devido a não haver nenhuma autenticação ou rotina, qualquer
leitor RFID poderá ler qualquer transponder, sendo esta a razão para a sua não
massificação.
Esta tecnologia pode-se considerar que teve as suas raízes na Segunda Guerra Mundial,
quando surgiu a necessidade dos países intervenientes detetarem nos radares quais os seus
aviões e quais os aviões inimigos. O físico escocês Sir Robert Alexander Watson-Watt
que já havia descoberto os radares, no qual foram usados por esses países na Guerra,
liderou mais tarde um projeto secreto desenvolvido por uma equipa de ingleses, que
colmatava esta necessidade. O projeto baseou-se na colocação de um transmissor em cada
avião britânico e quando esses transmissores recebiam sinais das estações de radar de
solo, começavam a transmitir um sinal de resposta, que identificava o avião como sendo
um avião “aliado”.[21]

Figura 1.7 - Watson Watt com o seu primeiro radar[21]

Posto isto, a primeira patente para esta tecnologia foi responsabilidade do Sr Mario
W. Cardullo em 23 de janeiro de 1973, com um sistema constituído por um transponder
ativo com memória regravável. Neste mesmo ano, outra patente foi requerida com um
sistema capaz de destravar uma porta sem chave, onde o transponder era colocado num
cartão que comunicava com o leitor colocado na porta e enviava um sinal de autorização
para esta destravar.[21]

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 10


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Capítulo 1 – Estado de Arte

Com o passar dos anos, vários investigadores foram apresentando algumas soluções com
vista a melhorias no sistema, até que em 1999 foi considerado o ano do grande salto em
termos de investigação quando quase 100 empresas a nível mundial e 7 das principais
universidades de pesquisa do mundo se uniram criando o “Auto-ID
Center” no MIT. [22]
Dois professores, David Brock e Sanjay Sarma, realizaram várias pesquisas com intuito
de aplicar a tecnologia na identificação de vários produtos, onde um dos pontos
importantes fosse manter o sistema o mais baixo custo possível. A ideia passou então por
utilizar transponders baratos, com capacidade para armazenar um simples numero série
por exemplo, que depois de lido e associado a uma base de dados externa, se teria acesso
a toda a informação correspondente a esse número de série.

Aplicações na área da saúde

Com o evoluir da tecnologia, e a redução do volume a nível de componentes e circuitos,


permitiu que esta tecnologia pudesse ser incorporada em pequenos objetos, animais ou
pessoas, para fins de controlo e identificação. O setor da saúde é então um dos grandes
beneficiados com a possibilidade de acompanhamento de pacientes, controlo de
equipamento hospitalar, identificação de pessoal e o controlo das várias divisões do
hospital para pacientes e médicos através de uma etiqueta eletrónica inserida no
paciente.[20] Com isto, permitiu a possibilidade de armazenamento e acesso a todo o
registo histórico de doenças, tratamentos e até alguns dados pessoais para eventuais
cirurgias e transfusões de sangue.

Figura 1.8 - Sistema de controlo de pacientes desenvolvido pela “GAO Group”[23]

A “GAO group” é responsável por algumas das soluções a nível de sistemas RFID
tanto na área da saúde como em outras áreas. A nível de saúde e hospitalar a sua solução
apresenta bastantes características quanto ao tipo de dados armazenados, tais como:
histórico dos pacientes, o tempo de espera dos pacientes, administração de medicamentos,
controlo de inventários, controlo de acesso, etc.
Também a Motorola desenvolveu uma solução de características semelhantes que
“promete” algumas vantagens a nível de segurança e custos.[24]

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 11


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Capítulo 1 – Estado de Arte

Figura 1.9 - Solução apresentada pela Motorola[24]

O sistema é composto por leitores móveis e fixos, onde estes últimos são implementados
em portas, corredores ou outro tipo de lugares de um edifício. Já os leitores móveis podem
ser usados por médicos ou outro tipo de pessoas que necessitem de ter acesso a informação
relativo a algum paciente ou material. A marca garante uma distância de comunicação
entre transponder e leitor de 1,5metros a 3 metros. [24]

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 12


João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 2

Fundamentos Teóricos
Neste capítulo será feita uma análise teórica a cada uma das duas técnicas de
transferência sem fios, enumerando algumas das vantagens e desvantagens a si
associadas.
Serão também analisados alguns conceitos e definições importantes a ter em conta na
análise e caracterização de um sistema de transferência sem fios.

2.1 Indutores

Os indutores, nomeadamente as bobinas, são componentes passivos cuja


particularidade é o armazenamento de energia elétrica no campo magnético formado pela
corrente alternada (CA). Estas, quando percorridas por determinada corrente, opõem-se a
qualquer variação brusca de corrente, sendo que a reação do campo magnético à corrente
designa-se por coeficiente de autoindução, e é medida em Henrys (H). Posto isto, quando
são criadas enrolamentos ao enrolar os condutores, o coeficiente de autoindução aumenta
e surge o conceito de bobina (indutância). De notar, que quando percorridas por corrente
contínua (CC) estes componentes comportam-se como curto-circuitos aplicando-se estes
comportamentos somente quando percorridos por corrente alternada (CA).
Uma indutância depende essencialmente do formato, diâmetro, número de
enrolamentos e núcleo utilizado, sendo estes os parâmetros primordiais na alteração do
valor da mesma.

2.2 Acoplamento das indutâncias

O acoplamento das indutâncias está de acordo com o conceito de transformadores.


A bobina transmissora resume-se de forma simples à alimentação, enquanto a bobina
recetora à carga. A energia é transferida por um acoplamento magnético através do ar, do
transmissor até ao recetor. As linhas de fluxo são encaminhadas do primário para o
secundário e geram assim uma boa concentração de fluxo.
Dependendo do posicionamento das duas bobinas, o acoplamento pode ser bom
ou mau, ou seja, se as duas bobinas não estiverem alinhadas coaxialmente, o fluxo

arregamento de baterias

Transferência de Energia sem fios para c 13


João Filipe Vieira Aguiar –
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
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magnético que chega à bobina secundária é menor, pois não têm um ângulo de 90º com a
área da secção da bobina.
Na técnica de acoplamento indutivo ressonante os princípios são semelhantes
diferindo apenas na colocação de condensadores nos dois circuitos formando assim dois
filtros LC que vão ressonar à mesma frequência.
Quando fortemente acopladas as bobinas, o sistema vai atuar como um
transformador, tendo igualmente perdas por correntes parasitas.

2.3 Eletromagnetismo

O eletromagnetismo, nome da teoria desenvolvida por James Maxwell, ajuda a


explicar a relação entre a eletricidade e o magnetismo.

Figura 2.1 - Indução mútua entre duas bobinas

Ela explica que colocando duas bobinas próximas na mesma posição, como mostra
a Figura 2.1, quando L1 é percorrida uma corrente i1, é produzido um campo magnético de
indução magnética B1. A bobina L2 estando próxima, será atravessada pelas linhas de
campo do campo magnético B1 (representado pelas linhas azuis) o que originará um fluxo
do campo magnético dado pela equação (2.1).
(2.1)

. Este é máximo quando o plano da bobina L2 é perpendicular às linhas de campo


e nulo quando o plano da bobina for paralelo às linhas de campo.
Se este fluxo for variável no tempo, segundo a lei de Faraday, é responsável pelo
fenómeno de indução eletromagnética pois induzirá uma força eletromotriz em L2 e
aparecerá uma corrente i2, sendo proporcional à taxa de variação do fluxo magnético que
o atravessa e com isso proporcional à taxa de variação da corrente i1. Com o surgimento
da corrente i2 também se criará uma tensão, que se denomina por força eletromotriz
induzida (fem) e está relacionada com a rapidez com que o fluxo varia. Então, segundo a
lei de Faraday a força eletromotriz induzida num circuito é igual à razão entre a variação

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 14


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Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
do fluxo magnético nesse circuito, pelo intervalo de tempo que essa variação ocorre e é
dada pela seguinte equação:

(2.2)
Portanto, desde que variável, o fluxo (ɸ) criado por um circuito indutor primário
pode provocar indução eletromagnética num circuito indutor secundário. Essa variação
contudo pode ser conseguida também através da variação da posição da superfície da
bobina relativamente ao vetor de campo. Este processo é o mais usado atualmente.

Figura 2.2 - Iteração das linhas de campo com o plano

Tendo em conta a figura acima, ao rodar o plano com uma velocidade angular faz-
se variar o fluxo magnético na espira o que induzirá uma corrente sinusoidal nos seus
terminais.

Figura 2.3 - Variação do fluxo magnético

Com a Figura 2.3 é possível ver a variação do fluxo magnético durante uma rotação
completa (360º) e comprovar que a cada meia volta (180º) o fluxo do campo magnético é
máximo.

2.3.1 Acoplamento Indutivo Ressonante

O termo ressonância está associado por definição “à produção de um movimento


oscilatório por impulsões repetidas de frequência conveniente1”. Quer isto dizer que todos
os sistemas físicos têm uma frequência natural, que se caracteriza por ser a frequência
com que esse sistema tende a absorver ou produzir energia de forma mais eficiente.[25]
De notar que, a frequência natural é uma característica intrínseca a cada material pelo que,
não é idêntica em todos os sistemas.

1
http://www.priberam.pt/dlpo/resson%C3%A2ncia
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 15
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Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
Existem alguns tipos de ressonância, entre as quais a eletromagnética, que
seguindo o mesmo princípio, é gerada quando a frequência de um campo magnético é
igual à frequência de ressonância magnética de um segundo corpo, em que este começará
a vibrar à mesma frequência.
Foi a partir deste princípio que um grupo de investigadores do MIT desenvolveu
um sistema capaz de transferir energia sem fios por acoplamento indutivo ressonante,
onde através de uma bobina ligada a uma fonte de corrente alternada, criava um campo
magnético variante a determinada frequência que “interagia” com um segundo sistema
dimensionado com frequência de ressonância semelhante. Com isto, o sistema consegue
minimizar as perdas pois os dois sistemas atuarão como um só.
O modelo base simplificado é dado pela Figura 2.4.

Figura 2.4 - Modelo de energia sem fios por acoplamento magnético ressonante

O sistema é então composto por dois circuitos, um circuito transmissor e um circuito


recetor. A alimentação do circuito transmissor é feita através da fonte de corrente
alternada (CA) que vai oscilar a determinada frequência. Essa corrente oscilatória vai
percorrer a bobina L1 e criar o campo magnético oscilante. O condensador C1 em paralelo
com L1 vai permitir a formação de um filtro LC que sintonizado à mesma frequência da
fonte e devido às suas características (que será explicado mais pormenorizado no capítulo
seguinte) faz com que a transmissão de energia seja máxima, não sendo no entanto crucial
a sua sintonização para a existência de troca de energia.
No circuito recetor, ou circuito de carga, o sistema é composto pelo mesmo filtro LC mas
em vez de uma fonte é colocada a carga. Esse filtro LC deve estar sintonizado com a
mesma frequência da fonte osciladora pois só assim haverá troca de energia.

2.3.2 Indução Mútua

Para a técnica de transferência sem fios por ressonância, aplica-se um conceito


denominado por indutância mútua que descreve a iteração entre dois circuitos.
Considerando a Figura 2.1 têm-se então o campo magnético B1 provocado pelo
campo magnético de L1. Esse campo magnético pode ser calculado através da lei de Biot
e de Savart:

(2.3)

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 16


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Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
Onde é a constante magnética, r a distância entre a posição de dl1 e a
localização em que o campo magnético está a ser calculado, e um vetor unitário na
direção r.
O fluxo do campo magnético B1 gerado por L1 em L2 também é proporcional à
corrente de i1, ou seja:
(2.4)
Pela lei de Faraday, a fem induzida no circuito 2 é:

(2.5)
Por outro lado, sabe-se também que:

(2.6)
Relacionando as equações (2.4) e (2.5) obtêm-se a indução mútua (M):

(2.7)
Pode-se então calcular o coeficiente de acoplamento através da equação:

(2.8)

Onde M é a indutância Mútua entre as bobinas; L1 e L2 são as indutâncias das


bobinas; N1 e N2 são o número de enrolamentos das bobinas da bobina transmissora e
recetora respetivamente; r1 e r2 o raio da bobina 1 e 2 respetivamente; d a distância entre
bobinas; M0 é a indutância mútua para uma única espira; L10 e L20 são as indutâncias das
bobinas transmissoras e recetoras respetivamente, para uma única espira.
Pode-se então concluir que a indução mútua é um fator que relaciona parâmetros
de construção que tendem a ser constantes. É também inversamente proporcional ao cubo
da distância entre os dois circuitos, ou seja, quanto menor a distância entre as duas bobinas
acopladas magneticamente, maior será a indução mútua entre elas. Por outro lado, a
indução mútua tende a ser maior quanto maior o número de enrolamentos das bobinas e
do seu raio.
De notar, que todos estes parâmetros se aplicam idealmente a bobinas planas com
o mesmo raio, de forma ao eixo de montagem ficar alinhado e a concentricidade entre
bobinas ser máxima.
2.3.3 Espectro eletromagnético

O espectro eletromagnético é caracterizado pela distribuição de todas as


frequências que são possíveis obter no quotidiano. É dado pelas baixas frequências que
são usadas para comunicação rádio, sendo estas ondas de milhares de quilómetros de
comprimento de onda. Já as altas frequências apresentam comprimentos de onda mais
curtos.
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 17
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Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
No vácuo, todas estas ondas propagam-se à velocidade da luz
).
O comprimento de onda ( , é inversamente proporcional à frequência. Numa
onda sinusoidal, o comprimento de onda baseia-se na distância entre os dois picos de
onda.

Figura 2.5 - Comprimento de onda de uma onda sinusoidal[26]

O comprimento de onda é dado pela equação:

(2.9)
Em que representa o comprimento de onda (metros), c a velocidade da luz no vácuo
) e f a frequência da onda.

Assumindo então uma frequência máxima de 200kHz, e mínima de 100kHz têm-

se um comprimento de onda de ,
respetivamente.

Pela equação do modelo de acoplamento sem fios (2.10) obtém-se então a


distância máxima que cada frequência permite para um sistema de transferência sem fios
por acoplamento.

(2.10)
Que aplicando à gama de frequências arbitradas dá distâncias entre D=238m e
D=477m.
Pode-se assim confirmar que em termos físicos, para a gama de frequências
arbitradas é perfeitamente realizável.

2.4 Fórmula de Wheeler

Na conceção física das bobinas, existe um método para cálculo da indutância de


uma bobina cilíndrica uniforme, esse método é através da fórmula de Wheeler.
Esta equação é bastante usada em bobinas de radiofrequência e é útil para o cálculo
de bobinas mesmo que de dimensões mais reduzidas contendo uma precisão em torno do
1%. Pode ser aplicada tanto em bobinas monocamada como multicamada:

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 18


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Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos

Figura 2.6 - Bobina de monocamada sem núcleo magnético[28]

Onde a indutância em microHenrys ( é dada por:

Em que c representa o comprimento em polegadas, N o número de enrolamentos


e r o raio em polegadas.

Figura 2.7- Bobina de várias camadas sem núcleo magnético[28]

Já a equação para uma bobina multicamada é:

Onde a representa o raio médio da bobina e h representa a espessura dos


enrolamentos e se determinam da seguinte forma:

r1 representa assim o raio interno e r2 o raio externo, em polegadas.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 19


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Capítulo 3

Procedimento e Resultados
Neste capítulo é realizada uma descrição detalhada da implementação prática de um
sistema capaz de transmitir energia sem fios a uma carga.
Especificam-se todos os passos intermédios antes da construção do protótipo final, tal
como testes utilizando as duas técnicas e testes a diferentes conjuntos de bobinas, de
forma a atestar o conjunto mais eficiente para implementar no protótipo final.
Cada teste realizado será acompanhado por uma análise aos resultados obtidos.

3.1 Arquitetura Funcional

Após a realização do estudo às duas técnicas, e devido ao potencial da mesma,


optou-se pela implementação do sistema recorrendo à técnica por acoplamento indutivo
ressonante. Posteriormente serão realizados testes com a técnica por indução magnética
como meio de comparação.
O diagrama esquemático a implementar no protótipo baseou-se no modelo
apresentado pela equipa do MIT [1] [29].A Figura 3.1 mostra esse modelo na forma
simplificada.

Figura 3.1 - Circuito exemplificativo do protótipo[25]

O sistema pode-se dividir em duas partes, a parte que engloba o circuito de


transmissão, que é composto por uma fonte de sinais que vai fornecer um sinal de entrada
oscilador, e composto por um filtro LC. A segunda parte engloba o circuito recetor e é
composto igualmente por um filtro LC, um bloco retificador com filtragem e a carga.

arregamento de baterias

Transferência de Energia sem fios para c 20


João Filipe Vieira Aguiar –
Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Universidade do Minho
Durante os testes intermédios, será usada apenas uma carga resistiva. No entanto, no
circuito final, será adicionado uma pequena bateria de forma a ser carregada.
A fonte de sinais usada é um gerador de funções, que consegue fornecer funções
sinusoidais com frequências até 2MHz e uma potência máxima em torno dos 350mW, o
que pareceu adequado aos objetivos propostos.
Para o protótipo foi previsto um intervalo de frequências entre os 100kHz e os
200kHz, na qual a frequência de ressonância se deve inserir. Foi estabelecida esta gama
de valores de forma a não serem muito altos e com isso tentar evitar perdas maiores nos
componentes por aumento da resistência interna ou correntes de fuga. Já o intervalo foi
previsto devido ao facto das bobinas construídas não obedecerem a um rigor elevado e
dos componentes possuírem uma tolerância nos seus valores.

3.2 Implementação do circuito de transmissão/receção sem retificação

O circuito de transmissão/receção como já explicado, é constituído por dois filtros


LC que perfazem o conjunto físico base, este permite ao sistema entrar em ressonância e
efetuar a transferência de energia sem fios.
Sendo essa a base do sistema, é importante conhecer o seu funcionamento de
forma a se proceder ao dimensionamento dos seus componentes, implementação e
respetivos testes.

3.2.1 Filtro LC

Um filtro LC também pode ser chamado de circuito de ressonância ou circuito


sintonizador. É composto por um condensador e uma bobina que podem estar ligados em
paralelo ou em série, que quando ligados em conjunto apresentam uma capacidade
oscilatória, que permite responder a sinais oscilatórios.

Figura 3.2 - Filtro LC

O seu princípio de funcionamento é o seguinte: inicialmente é aplicada uma tensão


aos terminais do condensador (C) até este ficar carregado, posteriormente o condensador
no seu ciclo de descarga gera uma corrente que percorre a bobina (L), esta por sua vez
gera um campo magnético que se opõe a essa corrente e age de forma a tornar mais lento

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 21


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

o processo de descarga do condensador. Conforme a corrente no condensador vai


diminuindo o campo magnético também vai diminuindo o que faz com que o campo
magnético na bobina varie e por sua vez faça induzir no circuito uma corrente contrária à
da primeira instância. O condensador vai então carregar novamente mas com polaridade
contrária à anterior. Quando o campo magnético desaparecer, o condensador estará
carregado novamente e novo ciclo reiniciar-se-á. Nos terminais do condensador e da
bobina existirá então um sinal alternado a uma frequência própria, que é a frequência de
ressonância.
É com base nestes princípios que os valores de indutância da bobina e de
capacitância dos condensadores interferem na frequência de ressonância, já que a cada
valor vai fazer com que a oscilação do circuito seja diferente.
No protótipo, será usada a montagem em paralelo. A equação que permite obter a
frequência de ressonância do circuito é a seguinte:

(3.1)
Em que fres é a frequência ressonância.
Para o protótipo foram arbitrados valores de indutância entre os 50µH e os 80µH, o que
para uma frequência de ressonância máxima de 200kHz corresponde a valores de
condensadores de C=12.66nF e C=7.91nF respetivamente.
O tipo de condensadores a ser usado, no que respeita ao material do dielétrico e
dos elétrodos também é importante, daí que normalmente para este tipo de aplicação os
condensadores usados sejam com dielétrico de Polipropileno[30] e cerâmicos de
classe1[31] já que apresentam alta estabilidade do valor de capacitância com a frequência
e temperatura, e baixas perdas (corrente de fuga), isto dentro de uma gama de frequências
bastante alargada. No entanto, devido à indisponibilidade de obter condensadores de valor
12.66nF e 7.91nF, o valor mais próximo disponível no laboratório com dielétrico de
polipropileno foi de 22nF, o que perfez uma frequência de ressonância entre os 120kHz
e os 150kHz, dentro da gama de frequências prevista.

3.2.2 Conceção Física das bobines

Para elaboração das bobinas, um fator importante a ter em conta é a secção do fio
de cobre usada, que é dada pelo AWG. Dependendo da corrente necessária, das dimensões
geométricas da bobina e da indutância requerida, deve-se definir um AWG adequado.
Para o protótipo elaborado, foram criadas quatro medidas diferentes de bobinas
transmissoras e seis medidas diferentes de bobinas recetoras no qual foram impostos
alguns limites quanto à sua dimensão.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 22


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Para sintetizar, são apresentadas duas tabelas de resumo. Na Tabela 1 pode-se ver
as características de cada bobina transmissora elaborada, com uma comparação entre os
valores teóricos e os valores reais medidos.
Na Tabela 2 pode-se ver as características de cada bobina recetora elaborada, com a
respetiva comparação entre valores teóricos e reais medidos.
Tabela 1- Características bobinas transmissoras
Bobina 1 2 3 4

Diâmetro 4cm 5,5cm 6,5cm 7,5cm

Comprimento 0,5cm 0,5cm 0,5cm 0,5cm

Espessura 0,5cm 0,5cm 0,5cm 0,5cm

Área 0,25 0,25 0,25 0,25

Enrolamentos 27 20 21 19

Indutância teórica 50µH 40µH 54µH 52µH

Indutância medida 50µH 40µH 55µH 56µH

Reactância indutiva (100kHz) 21,35Ω 25 Ω 34,44 Ω 35,6 Ω

Tabela 2 - Características bobinas recetoras


Bobina 1 2 3 4 5 6

Diâmetro 1,5cm 2cm 2,5cm 3cm 3,5cm 4,5cm


Comprimento 0,2cm 0,2cm 0,2cm 0,2cm 0,2cm 0,3cm
Espessura 0,3cm 0,3cm 0,3cm 0,3cm 0,3cm 0,3cm
Área 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,09
Enrolamentos 46 47 41 30 35 24
Indutância teórica 54µH 80µH 78µH 51,5µH 80µH 49µH
Indutância medida 53,3µH 80µH 77,5µH 50,4µH 80,5µH 46,2µH
Reactância indutiva 33Ω 50,19Ω 48,75Ω 31,7Ω 50,5Ω 28,95Ω
(100kHz)

De modo a otimizar o tamanho das bobinas, optou-se por elaborar bobinas


multicamada, assim, dado o comprimento e espessura dimensionados para os
enrolamentos, consegue-se obter a área disponível para os enrolamentos.
A Tabela 3 representa alguns valores AWG de fios de cobre disponíveis e que pareceram
adequados à implementação.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 23


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Tabela 3 - Fios de cobre AWG


AWG Diâmetro mm Enrolamentos/cm Ohms/metro
Enrolamentos/

38 0,1 59 3481 2,24


32 0,2 34 1156 0,56
30 0,25 30 900 0,36
26 0,40 20 400 0,14
24 0,51 17 289 0,08
20 0,81 10 100 0,03
18 1,02 8 64 0,02

Para as bobinas transmissoras, têm-se então uma área de 0,25 para todas as
bobinas. Dado que se pretende até um máximo de 27 enrolamentos para os 0,25 , isto
permite concluir que por cada o fio escolhido deve permitir 108 enrolamentos.
Consultando a Tabela 3 verifica-se que o fio adequado é o AWG24 (ou superior) visto
que permite até 72 enrolamentos para os 0,25 ou 289 por cada .O
AWG20 neste caso não seria adequado visto que só permitiria 25 enrolamentos nos
ou 100 enrolamentos por cada o que tornaria impossível a construção da
bobina 1.
Para as bobinas recetoras, têm-se uma área de 0,06 em 5 casos e 0,09 num
caso. Pegar-se-á no caso onde a área é menor e assim aplicar-se-á a todos. A área menor é
de 0,06 para 47 enrolamentos o que torna necessário um fio de cobre que permita obter
até 784 enrolamentos por cada . Consultando a Tabela 3 verifica-se que a escolha
deverá recair num fio AWG30 (ou superior) que permite até 900 enrolamentos por cada
.

3.2.3 Teste a diferentes tamanhos de transmissores e recetores

Concluída a conceção das bobinas, submeteram-se as mesmas a testes de


eficiência, de modo a atestar o conjunto que apresentaria maior eficiência durante as
diferentes distâncias entre bobinas, e assim implementar no protótipo.
Como referido, todas as bobinas construídas respeitaram dimensões que se
acharam razoáveis tendo em conta o tipo de aplicação para a qual foram pensadas,
nomeadamente a bobina do circuito recetor ao qual foi dada especial atenção neste aspeto.
As bobinas do circuito de transmissão, não tendo tantas restrições neste campo, foram
elaboradas com intervalos de diâmetros mais espaçados.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 24


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

O circuito de testes das bobinas baseou-se no diagrama da Figura 3.1, com a


diferença da eliminação do bloco de retificação e filtragem, de modo a atentar
simplesmente à eficiência da troca de energia entre bobinas.

Figura 3.3 - Circuito de testes

Para cada um dos testes, optou-se por tornar fixo o valor do condensador do circuito
secundário (C2) e apenas ajustar a frequência do sinal de entrada (Vf) e o condensador do
circuito primário (C1) consoante as necessidades de sintonização. O valor do condensador
do circuito secundário é de 22nF como já referido.
Para cada bobina transmissora, foram realizados seis testes diferentes, que correspondem
a seis conjuntos físicos de dimensões e indutâncias diferentes.
Todos os testes foram realizados com uma carga resistiva de 360Ω no circuito secundário.

Teste para bobina transmissora de diâmetro D1=4cm

Os primeiros testes foram iniciados com a bobina transmissora de diâmetro igual a


4cm, que como se pode ver na Tabela 1, tem uma indutância real de 50 µH. No recetor
utilizaram-se os seis tipos de bobinas descritas na Tabela 2.
A frequência de ressonância foi calculada com base na equação (3.1). No entanto,
visto que C2 não é ideal e apresenta um erro de precisão em torno dos 5%, na prática, vai
ser necessário o ajuste da frequência de ressonância em cada um dos casos, em relação à
frequência teórica.
A Tabela 4 resume os valores de teste para cada uma dos casos.

Tabela 4 - Condições de teste para bobina transmissora de 4cm


1 (1,5cm) 2 (2cm) 3 4 (3cm) 5 6 (4,5cm)
(2,5cm) (3,5cm)

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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Teórico 146975 119968 121887 151144 119594 157866


Fressonância
(Hz) Prático 151500 122500 122500 155300 122500 165900

L1 50µH

L2 53,3µH 80µH 77,5µH 50,4µH 80,5µH 46,2µH

C1 22nF 39nF 39nF 22nF 39nF 22nF

C2 22nF

R (carga) 360Ω

É verificável um erro de aproximadamente 4% entre a frequência de ressonância


de entrada teórica e prática em todos os casos, que corresponde à gama de precisão do
condensador.
Devido ao facto do valor de indutância do circuito primário ser de 55µH e da frequência
de ressonância do circuito secundário variar devido aos diferentes valores de indutância
(L2), foi necessário variar o valor do condensador (C1) para cada um dos casos de forma
a equivaler a frequência de ressonância dos dois filtros. Na impossibilidade de
dimensionar os dois filtros LC com uma frequência de ressonância idêntica, é importante
que seja pelo menos o mais próxima possível, para a eficiência aumentar.
Por isso, para aos casos em que a frequência de ressonância do circuito secundário
era fres=122500Hz, foi usado um condensador de valor mais alto no circuito primário
(C1), de modo a também baixar a frequência de ressonância do circuito primário para
valores próximos do circuito secundário, ou seja, para C1=39nF, fres=113973Hz. Um
valor bem mais próximo dos fres=122500Hz do circuito secundário, já que caso C1 se
mantivesse com o valor de 22nF, corresponderia a fres=151748Hz e teríamos o circuito
de transmissão com uma frequência de ressonância de 151748Hz e o circuito recetor com
uma frequência de ressonância de 122500Hz, o que afetaria o acoplamento.
Na Figura 3.4 é possível observar o gráfico de eficiências correspondentes aos 6 casos testados
para a bobina de transmissão de 4cm de diâmetro:
Eficiência (%)
90,00
4cm/4,5cm
80,00
70,00 4cm/3,5cm
60,00 4cm/3cm
50,00
4cm/2,5cm
40,00
30,00 4cm/2cm
20,00 4cm/1,5cm
10,00
0,00
0 0 ,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Distância (cm)

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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Figura 3.4- Gráfico de eficiência para transmissor de 4cm e várias dimensões de recetores

No caso 6, para a bobina secundária D2=4,5cm é possível verificar que, com uma
distância muito próxima, existe alguma perturbação na indução mútua entre bobinas. É
também visível que o facto da bobina transmissora ser de dimensão inferior à bobina
recetora, faz com que o campo criado pela primeira não seja suficientemente grande para
um acoplamento com tão boa eficiência como no caso 5, que por sua vez, têm uma bobina
recetora de dimensão mais aproximado ao da bobina transmissora, fazendo deste conjunto
mais equilibrado em termos de dimensões e resultados.
A tabela seguinte mostra os valores obtidos para esse caso.
Tabela 5 - Valores obtidos para o caso 5 para D1=4cm
Primário Secundário

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm


Tensão (V) 3,8 4,3 5,6 6 8 7,3 5,4 3
Corrente (mA) 87 64 43 34 27,6 25,6 18 10
Potência (mW) 273 254,4 210,9 183 220,8 186,9 97,2 30
De uma forma geral, os resultados confirmam a equação (2.5), que diz que a indução
mútua é inversamente proporcional ao cubo da distância entre os circuitos, tal como
proporcional à quarta potência do raio das bobinas. Isso é percetível nos resultados
obtidos, que apesar de não serem bobinas de raio semelhante, é evidente uma maior
indução Mútua entre bobinas recetoras de diâmetro superior, o que resulta igualmente
numa melhor conservação do coeficiente de acoplamento, visto que este é proporcional à
indução Mútua, tal como é explicado na equação (2.6).
Teste para a bobina transmissora de diâmetro D1=5,5cm

Passou-se assim para o 2º teste, com a bobina transmissora de diâmetro


ligeiramente maior, de 5,5cm. Com este aumento é esperado uma maior eficiência
principalmente com a bobina recetora de maior diâmetro.
Foram usadas as mesmas 6 bobinas recetoras que no teste anterior para também se
proceder a uma comparação entre as bobinas transmissoras.
Elaborou-se assim nova tabela de resumo das condições para este 2º teste.
Tabela 6 - Condições de teste para a bobina transmissora de 5,5cm
1 (1,5cm) 2 (2cm) 3 4 (3cm) 5 6 (4,5cm)
(2,5cm) (3,5cm)

Teórico 146975 119968 121887 151144 119594 157866


Fressonância
(Hz) Prático 151500 122500 122500 155300 122500 165900

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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

L1 40µH

L2 53,3µH 80µH 77,5µH 50,4µH 80,5µH 46,2µH

C1 22nF 39nF 39nF 22nF 39nF 22nF

C2 22nF

R (carga) 360Ω

A interpretação desta tabela assemelha-se à interpretação da Tabela 4, já que foram


usados os mesmos princípios. O próprio valor de indutância da bobina transmissora (L1),
devido à proximidade do valor da do teste anterior, não provocou necessidade de alteração
do condensador (C1).
Já no campo das eficiências houveram algumas alterações como mostra o gráfico seguinte:

Eficiência (%)

90,00 5,5cm/4,5cm
80,00
5,5cm/3,5cm
70,00
60,00 5,5cm/3cm

50,00 5,5cm/2,5cm
40,00 5,5cm/2cm
30,00
5,5cm/1,5cm
20,00
10,00
0,00
0,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm) 0

Figura 3.5 - Gráficos de eficiências para transmissor de 5,5cm e várias dimensões de recetores

Neste teste, todas as bobinas recetoras são de diâmetro inferior à bobina transmissora,
daí que o conjunto com bobina recetora de maior diâmetro apresente melhor eficiência.
É possível destacar a eficiência obtida pelo conjunto constituído pela bobina secundária
de diâmetro D2=4,5cm, principalmente a distâncias maiores.
A Tabela 7 apresenta os valores obtidos para esse caso.
Tabela 7 - Valores obtidos para o caso 6 para D1=5,5cm
Primário Secundário

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm


Tensão (V) 3,9 4,4 5,4 6,2 7,5 7,4 6,1 4,1
Corrente (mA) 65 59 42 25 28 27 22 14
Potência (mW) 253,5 259,6 226,8 155 210 199,8 134,2 57,4
Por outro lado, a grande diferença de dimensões entre bobinas do caso 1, além de
fazer com que as limitações físicas da bobina secundária (D2=1,5cm) não consigam

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 28


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

aproveitar de forma eficiente o campo criado pela primeira, é agravado pela má


concentricidade entre bobinas devido ao desalinhamento do eixo de montagem, o que
resulta na queda da eficiência.

Teste para a bobina transmissora de diâmetro D1=6,5cm

Para o 3º teste, as condições usadas foram precisamente as mesmas dos testes


anteriores, apenas foi alterada novamente a bobina transmissora de valor também ela
aproximado à das anteriores.
Na Tabela 8 pode-se ver o resumo das condições para o 3º teste.
Tabela 8 - Condições de teste para a bobina transmissora de 6,5cm
1 (1,5cm) 2 (2cm) 3 4 (3cm) 5 6 (4,5cm)
(2,5cm) (3,5cm)

Fressonância Teórico 146975 119968 121887 151144 119594 157866


(Hz) Prático 151500 122500 122500 155300 122500 165900

L1 55µH

L2 53,3µH 80µH 77,5µH 50,4µH 80,5µH 46,2µH

C1 22nF 39nF 39nF 22nF 39nF 22nF

C2 22nF

R (carga) 360Ω

Tal como no teste anterior, a alteração da indutância da bobina transmissora não provocou
necessidade de ajuste no condensador C1.
Em relação às eficiências, no gráfico seguinte são mostrados os resultados obtidos:

Eficiência (%)
70,00 6,5cm/4,5cm

60,00 6,5cm/3,5cm

50,00 6,5cm/3cm

40,00 6,5cm/2,5cm

30,00 6,5cm/2cm

20,00 6,5cm/1,5cm

10,00
0,00
0 ,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3 ,5 Distância (cm) 0

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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Figura 3.6 - Gráfico de eficiências para transmissor de 6,5cm e várias dimensões de recetores

De notar um abaixamento na eficiência em relação aos testes anteriores, o que é explicado


pelas já referidas consequências na diferença de dimensão entre a bobina transmissora e
recetora.
Por isso, o conjunto físico constituído pela bobina recetora de diâmetro D2=4,5cm volta
a destacar-se de todas as outras no que a eficiência diz respeito.
Tabela 9 - Valores obtidos para caso 6 com D1=6,5cm
Primário Secundário

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm


Tensão (V) 4,3 5 6 6,4 7,2 6,9 5,35 3,5
Corrente (mA) 70 60 45 42 26,2 25,3 19 12
Potência (mW) 301 300 270 268,8 188,64 174,57 101,65 42
Com um coeficiente de acoplamento entre bobinas cada vez mais baixo, e com isso uma
maior resistência na troca de energia, é notória a compensação por parte da fonte de sinais
ao debitar uma potência de saída, em média, superior ao dos casos anteriores.

Teste para a bobina transmissora de diâmetro D1=7,5cm

Por fim, foi realizado um último teste com uma bobina transmissora de valor de
indutância semelhante às restantes bobinas, mas com diâmetro ligeiramente maior.
Tendo em conta a queda no coeficiente de acoplamento do teste anterior, devido à
diferença de dimensões nas bobinas, com este seria de esperar uma queda ainda mais
acentuada devido ao maior desalinhamento dos eixos. Isso comprovaria o explicado na
teoria, acerca da aplicação da lei idealmente para conjuntos de bobinas de dimensões
semelhantes.
A Tabela 10 apresenta o resumo das condições para este último teste.
Tabela 10 - Condições de teste para a bobina transmissora de 7,5cm
1 (1,5cm) 2 (2cm) 3 4 (3cm) 5 6 (4,5cm)
(2,5cm) (3,5cm)

Fressonância Teórico 119968 121887 151144 119594 157866


(Hz) Prático 122500 122500 155300 122500 165900

L1 55µH

L2 80µH 77,5µH 50,4µH 80,5µH 46,2µH

C1 39nF 39nF 22nF 39nF 22nF

C2 22nF

R (carga) 360Ω

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 30


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É possível verificar de imediato a falta de valores para o conjunto físico do caso 1,


isto é explicado pelo simples facto de que devido à grande diferença entre a dimensão da
bobina transmissora e recetora, os valores obtidos foram nulos, o que indiciava o não
acoplamento entre bobinas.
Já para os restantes casos, apesar de terem sido mais altos que para o caso 1, a tendência
foi a mesma dos outros testes, isto porque a diferença na dimensão entre bobinas de cada
conjunto fazia com que o acoplamento fosse cada vez mais fraco. Sendo assim, os
resultados deste teste revelaram-se ainda mais baixos conforme mostrado no gráfico
seguinte:
Eficiência (%)

60,00 7,5cm/4,5cm
50,00 7,5cm/3,5cm

40,00 7,5cm/3cm

7,5cm/2,5cm
30,00
7,5cm/2cm
20,00

10,00

0,00
0 0,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm)

Figura 3.7 - Gráfico de eficiências para transmissor de 7,5cm e várias dimensões de recetores

Como expectável, o conjunto constituído pela bobina secundária D2=4,5cm revelou melhores
resultados que os restantes casos.
Na Tabela 11 são mostrados os valores obtidos para o melhor conjunto físico, o caso 6.
Tabela 11 - Valores obtidos para caso 6 com D1=7,5cm
Primário Secundário

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm


Tensão (V) 4,7 5.3 5.8 6 6.9 6.3 5 3,2
Corrente (mA) 65 53 50 50 25 22,8 17,9 10,8
Potência (mW) 305,5 280.9 290 300 172,5 143,64 89,5 34,56
Tal como no teste anterior, o aumento da potência debitada pela fonte, revela a maior
resistência na troca de energia das bobinas.

3.2.4 Conclusões sobre os testes realizados

Conclui-se com base nestes resultados, que os conjuntos físicos constituídos por
bobinas de dimensões mais próximas são os que apresentam melhores resultados, como
é o caso do conjunto físico constituído pela bobina transmissora de diâmetro D1=4cm e
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 31
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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

secundária D2=3,5cm e o conjunto físico composto pela bobina transmissora de diâmetro


D1=5,5cm e bobina recetora de diâmetro D2=4,5cm.
No entanto, como visto na equação (2.7), a indução Mútua também é proporcional
ao quadrado do produto do raio das duas bobinas e com isso proporcional ao quadrado da
área do conjunto físico formado pelas bobinas, o que comprova o facto da maior dimensão
geral do conjunto físico constituído pelas bobinas D1=5,5cm e D2=4,5cm consiga
resultados ligeiramente melhores conforme a distância aumenta.
Seria expectável que caso a bobina recetora fosse de diâmetro semelhante à da
bobina transmissora, ou seja, D2=5,5cm, os resultados seriam ainda mais satisfatórios
mas dada a importância da dimensão do conjunto físico, nomeadamente do recetor,
achou-se que 4,5cm de diâmetro na bobina recetora seria um limite razoável.
Analisando os resultados, não sendo de todo desanimadores e sabendo de antemão
que o facto das dimensões das bobinas serem diferentes iria afetar o desempenho das
mesmas, esperava-se melhores resultados a distâncias maiores. Tal pode ser explicado em
parte pela falta de maior rigor na elaboração das bobinas o que terá originado algumas
falhas na sua conceção e consequentes perdas. Contudo, os resultados obtidos ajudam a
corroborar os fundamentos teóricos e obedecem aos prossupostos inicialmente definidos.
Assim, o conjunto físico escolhido para implementar no protótipo, é o conjunto
físico que obteve melhor eficiência ao longo de todas as distâncias, com os seguintes
parâmetros:

3.3 Teste ao circuito com a técnica por indução magnética

Testado o conjunto físico mais eficiente com a técnica por acoplamento indutivo
ressonante, foi a vez de submeter esse conjunto físico ao teste recorrendo à técnica por
indução magnética.
Este teste tem como objetivo poder estabelecer uma comparação entre as duas
técnicas no que a eficiências diz respeito, sendo esta técnica a mais comum entre os
carregadores sem fios usados no quotidiano, é importante saber até que ponto a técnica
por acoplamento indutivo ressonante se apresenta como uma verdadeira evolução.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 32


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Figura 3.8- Circuito indutivo

Para isso, foi necessário retirar os condensadores dos filtros do circuito usado
anteriormente e assim deixar o circuito puramente indutivo. Todos os restantes
parâmetros mantiveram-se.

Eficiência (%)
12,00

10,00
5,5cm/4,5cm
8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
0 0 ,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm)
Figura 3.9 - Gráfico de eficiência para circuito indutivo

Como é possível verificar no gráfico da Figura 3.9, a eficiência nas diversas


distâncias é bastante mais baixa que na técnica por ressonância, sendo que a 3cm de
distância a troca de energia entre bobinas é praticamente nula.
Na Tabela 12 têm-se os valores obtidos para as diversas distâncias.
Tabela 12 - Valores obtidos com circuito puramente indutivo
Primário Secundário

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm


Tensão (Vrms) 6,2 6,3 6,4 6,4 3 2,6 1,5 0,8
Corrente (mA) 43 42 42 42 10 8 3 1
Potência (mW) 266,6 264,6 268,8 268,8 30 20,8 4,5 0,8
Esta técnica mostrou-se assim com um desempenho muito abaixo da técnica por
acoplamento indutivo ressonante. De notar que existe uma maior estabilidade no que diz
respeito à potência debitada pela fonte, o que dá a entender que o acoplamento seja
bastante fraco.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 33


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Uma causa possível para o facto de se ter obtido resultados tão baixos, se deva ao
facto do conjunto físico apresentar indutâncias de dimensões muito reduzidas face ao
usual neste tipo de aplicações.

3.4 Implementação do bloco de retificação com filtragem

Implementado e testado o conjunto físico responsável pela troca de energia no


circuito final, passou-se para a implementação do circuito para alimentação da bateria.
Este circuito é basicamente constituído por um retificador de tensão com filtro à saída, de
forma se obter uma tensão mais contínua possível.

3.4.1 Circuito retificador

Para carregamento de uma bateria, é imperativo que a corrente alternada (AC) que
advém do circuito de ressonância de receção seja transformada em corrente contínua (DC)
de modo a impedir a mudança de fluxo de corrente elétrica no circuito e com isso danificar
a bateria. Para essa conversão, são usados circuitos retificadores que convertem a tensão
sinusoidal em tensão pulsada positiva, o que origina uma tensão média não nula.
Posteriormente é colocado um filtro de modo a reduzir as variações da tensão de saída do
retificador. [32]
Existem dois tipos de retificadores, retificadores de meia onda e retificadores de onda
completa. No caso de retificador de meia onda, apenas o semiciclo positivo da onda sinusoidal
de entrada é utilizado, no caso dos retificadores de onda completa são utilizados os dois
semiciclos da onda sinusoidal de entrada.
A imagem seguinte mostra o circuito base retificador de meia onda.

Figura 3.10 - Retificador de meia onda

O seu funcionamento consiste em ter na entrada um sinal sinusoidal a determinada


frequência, em que num primeiro instante da onda (π) o ponto A vai ser positivo em
relação ao ponto B, o que resulta na polarização direta do díodo, levando a que este
conduza e assim permita a circulação de corrente na carga (RL). Num segundo instante
(2π) o díodo fica inversamente polarizado ficando ao corte e não conduz resultando numa

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 34


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

corrente nula à saída. Posto isto, têm-se na saída apenas corrente num semiciclo o que
origina uma quebra na eficiência à saída já que apenas um semiciclo é aproveitado. Nesta
configuração a frequência da onda de entrada e saída são semelhantes não sendo alterada.
Para o retificador de onda completa existem dois tipos de configuração, uma em que o
enrolamento secundário está acessível ao exterior de modo a fornecer duas tensões de
igual valor, e outra configuração recorrendo a quatro díodos em ponte o que faz provocar
mais perdas devido à queda de tensão em maior numero de díodos mas tendo a vantagem
de dispensar o ponto médio do enrolamento secundário do transformador, o que faz com
que o enrolamento secundário tenha metade das enrolamentos.[32]
A Figura 3.11 mostra um exemplo desta configuração, que é a mais popular entre todos
os circuitos retificadores. [32]

Figura 3.11 - Retificador de onda completa em ponte

Num primeiro instante da onda em que A é maior que B, os díodos 1 e 3 vão ficar
diretamente polarizados, o que vai permitir que a corrente circule até ao ponto B. Num
segundo instante da onda em que B é maior que A, os díodos 2 e 4 vão ficar diretamente
polarizados e a corrente vai circular novamente pela carga no mesmo sentido desta feita
até ao ponto A. Com isto, têm-se o aproveitamento de todos os instantes da onda
sinusoidal de entrada e na saída, que resultará em dois semiciclos positivos.
A equação que permite calcular a tensão de saída de um retificador de onda completa em
ponte é a seguinte:

Vret (3.2)

Onde Vpp é a tensão de pico do sinal de entrada do retificador e Vd a tensão de queda


num díodo. Se ignorarmos a queda de potencial no díodo, é possível calcular a tensão de
saída do retificador, sabendo que esta corresponde a 63,7% do valor da tensão de entrada
de pico ou 90% do valor da tensão eficaz.
A eficiência desta configuração fica assim bastante dependente do tipo de díodos a serem
usados. De notar também que com esta configuração, a frequência à saída do retificador

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 35


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

é o dobro da frequência de entrada, perfazendo uma frequência de


Fret=2*165900=331800Hz.
Tendo em conta estas vantagens, foi escolhida esta configuração para ser usada no
circuito do protótipo. A maior preocupação passou pela escolha de díodos com a menor
queda possível (Vd), não descurando as principais características que estes devem
apresentar neste tipo de aplicação, a corrente máxima direta suportada e a tensão de pico
inversa sem que entre na região de rutura.

Díodos Schottky

Como explicado anteriormente, a escolha dos díodos é bastante importante para a


eficiência do retificador e consequentemente do circuito final. Não havendo díodos ideais,
os díodos normalmente usados em projetos de alta frequência são os díodos Schottky. [34]
Estes díodos têm como principais características o facto de possuírem um tempo
de comutação bastante baixo, baixa corrente de fuga no sentido inverso e o facto de
começarem a conduzir com uma tensão extremamente baixa, o que reduz a sua queda de
tensão entre o ânodo e o cátodo.[34] As suas desvantagens é que não permitem grandes
tensões inversas devido à sua natureza, caso contrário perderiam todas as vantagens face
aos díodos de silício comuns.
Após um breve estudo, a escolha recaiu na família de díodos Schottky
1N58171N5819 que correspondeu com características adequadas ao protótipo. A tabela
seguinte mostra algumas características importantes tidas em conta.
Tabela 13 - Características da família de díodos Schottky 1N5817-1N5819[35]
Característica Símbolo 1N5817 1N5818 1N5819 Unidade

Tensão inversa de Pico VRRM 20 30 40 V

Tensão inversa (RMS) VR(RMS) 14 21 28 V


Corrente de saída retificada Io 1A A

Corrente de saída de Pico IFSM 25 A

Queda de tensão para 1A VFM 0,450 0,550 0,6 V

Pode-se verificar que esta família de díodos Schottky suporta de 14V a 28V de tensão
inversa RMS, o que é aproximadamente quatro vezes superior à tensão de pico obtido
(7,5V) no conjunto físico a implementar. Em termos de corrente suporta até 1A, o que é
bem superior aos 28mA obtidos de máximo. Numa última característica pode-se verificar
que a queda de tensão do díodo para 1A é inferior aos 0,7V dos díodos comuns de silício.
No entanto, esta queda de tensão é obtido com a corrente máxima suportada pelo díodo

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 36


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

(1A), e como a queda varia com a corrente que passa pelo díodo, é expectável uma queda
de tensão abaixo do anunciado.
A nível de tempo de recuperação (ou comutação) não é referenciado mas tendo em conta
a natureza do díodo que por norma apresentam tempos de recuperação na ordem das
dezenas de nanosegundos (ns), são suficientemente rápidos para suportarem o tempo de
comutação do sinal de saída do retificador que se situa na ordem dos microssegundos,
mais precisamente, T=1/(2*165900)=3.013µs.
3.4.2 Filtragem

A retificação da onda à saída contudo, não é perfeitamente contínua e os


semiciclos positivos apresentam uma componente de corrente alternada que é inadequada
para alimentação de cargas de corrente contínua.
Na impossibilidade de eliminar essa componente na sua totalidade, é desejável
pelo menos a sua redução no menor valor possível e a maneira mais simples e usual para
isso é a aplicação de um condensador de alta capacitância à saída do retificador e em
paralelo com a carga. Este, durante os semiciclos positivos vai ser carregado e durante as
transições dos semiciclos manterá sempre a tensão de saída mais próxima da tensão de
pico (VP) visto o seu tempo de descarga menor.
Apesar da sua diminuição, a componente alternada continua presente, o que
significa uma ligeira variação na onda de saída, essa variação denomina-se por “ripple”.
Na Figura 3.12- Efeito de Ripple é representado esse efeito.

Figura 3.12- Efeito de Ripple

É possível verificar o comportamento do condensador a cada transição dos semiciclos,


devido ao seu tempo de descarga mais baixo que o tempo de descida da tensão dos
semiciclos, idealmente a tensão média na carga deve ser pouco inferior aos valores de
pico.
A equação que dá a tensão de ripple é a seguinte:

Vripple (3.3)
Pode-se assim concluir que a tensão de ripple é inversamente proporcional à
capacitância do condensador, sendo que o ideal é o Vripple ser o mais próximo de zero
possível (mínima variação) e daí que o aumento da capacitância do condensador seja uma
solução. No entanto, o aumento da capacitância por si só pode não ser suficiente para
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 37
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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

manter a tensão média na carga perto dos valores de pico, quando na presença de altas
frequências, a resistência interna do condensador tende a baixar e com isso a ter uma
maior corrente de fuga. Daí a importância da escolha do condensador quanto ao material,
já que existem condensadores mais sensíveis às frequências que outros.
Como foi visto no capítulo 3.2.1, os condensadores com dielétricos de polipropileno e
cerâmicos classe 1 são os mais adequados para aplicações de alta frequência. No entanto, o valor
máximo presente no laboratório para este tipo de condensadores é de 100nF, o que segundo a
equação (3.2) daria um Vripple=0,844v, que representaria uma variação de cerca de 11%, longe
do zero ideal. Na impossibilidade de obter zero, a capacitância foi calculada para uma variação
máxima de 1% o que representa um Vripple=0,075V, e o que dá uma capacitância mínima de
C=1,125uF.
O tipo de condensador disponível para esta gama de valores, com características
adequadas é do tipo filme de poliéster metalizado. É um tipo de condensador que
apresenta boa rigidez dielétrica com a variação da temperatura mas que tem como
desvantagem a sua fraca tolerância em frequências na ordem dos MHz[36]. Visto que à
saída do retificador a frequência será na ordem dos 332kHz, estará ainda numa gama de
frequências com tolerância aceitável.
Posto isto, o condensador usado foi um BC MKT373 100V 4,7uF[36].

3.5 Testes ao circuito final sem bateria

Numa primeira fase, o circuito foi testado sem bateria tendo sido apenas
implementado o circuito retificador de onda completa. A carga usada nos testes anteriores
foi a mesma, de forma a estabelecer uma correlação entre os valores obtidos pré
retificação e os valores obtidos após aplicação do circuito retificador.
A Figura 3.13 mostra o circuito a ser implementado com retificador e carga.

Figura 3.13 - Circuito com retificador e carga

A tabela abaixo compara os valores de tensão obtidos no recetor antes da retificação (Tabela 7)
e os valores após retificação, medidos e teóricos.
Tabela 14 - Valores obtidos após retificação
Sem retificação Com retificação

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 38


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm

Tensão de pico medida (Vpp) 10,6 10,46 8,62 5,8 9.8 9,66 7,85 5,09
Tensão teórica (Vrms) 6,24 6,15 5 3,24
Tensão medida (Vrms) 7,5 7,4 6,1 4,1 6.9 6,83 5,55 3,60
É possível verificar uma queda de tensão total de aproximadamente 800mV na tensão de
pico de cada semiciclo. Tendo em conta que por cada semiciclo, a corrente percorre dois
díodos, então cada díodo tem uma queda de 400mV.
Calculada a queda de tensão nos díodos, através da equação (3.2) calcularam-se os
valores teóricos para cada distância (representados na Tabela 14) e verificou-se uma
ligeira diferença entre os valores obtidos e os teóricos.
Também é possível constatar que conforme se aumenta a distância, e sendo a corrente menor,
as quedas nos díodos também diminui.

Circuito retificador com filtragem

Numa segunda fase, foi adicionado o filtro ao retificador, constituído por um


condensador. A figura a seguir, representa a adição do filtro ao circuito final.

Figura 3.14 - Circuito com retificação e filtragem

Os valores obtidos estão ilustrados na Tabela 15.


Tabela 15 - Comparação de valores pré retificação e após retificação
Sem retificação Com retificação e filtragem

Distância 0,5cm 1cm 2cm 3cm 0,5cm 1cm 2cm 3cm

Tensão medida (Vrms) 7,5 7,4 6,1 4,1 7,4 7,3 5,8 3,70

Corrente medida (mA) 28 27 22 14 23 22,7 18,4 12,6


Potência medida (mW) 210 199,8 134,8 57,4 170,2 165,7 106,7 46,6
Apesar de uma tensão média superior em relação ao teste sem filtragem, é possível
verificar que o retificador com filtragem provoca perdas ao circuito, essas que vão
aumentando quanto maior a corrente.
De forma a ver se haveria ganhos substituindo o condensador do bloco de filtragem, por
condensadores com dielétricos usados normalmente em aplicações de altas frequências,
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 39
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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

repetiram-se os testes substituindo o condensador. Numa primeira instância foi testado


com um condensador de polipropileno e numa segunda instância com um cerâmico e
ambos de 100nF, o que seria expectável um ripple próximo do 1V como calculado atrás.
O resultado obtido foi sensivelmente o mesmo, com a tensão média a situar-se nos
mesmos valores, o que leva a concluir que para este nível de frequência o resultado obtido
será o possível.

3.6 Testes ao circuito final com bateria

Para os testes finais ao circuito, foi então adicionada a bateria de modo a verificar o
comportamento do sistema num caso de aplicação real.
Com a bateria inserida, foram realizados três testes diferentes: um primeiro com o
intuito de atestar a capacidade do sistema em carregar a bateria, um segundo teste de
forma a verificar a autonomia do circuito e um terceiro teste com o objetivo de apurar a
capacidade do sistema em carregar a bateria com a carga a consumir simultaneamente.
A Tabela 16 resume as configurações feitas ao circuito para realização dos testes:
Tabela 16 - Configurações de teste ao circuito
Transmissor/Recetor Bateria Carga resistiva Objetivo

Teste 1 Ligado Descarregada Retirada Capacidade de


carregamento

Teste 2 Desligado Carregada Inserida Autonomia


Teste 3 Ligado Descarregada Inserida Capacidade de
carregamento

A inclusão da carga resistiva nos testes finais tem o objetivo de simular a carga de um
aparelho elétrico, que eventualmente estivesse ligado ao circuito. Desse modo, num caso
real onde o aparelho elétrico nunca pudesse ser desligado do circuito, nem interrompida
a sua alimentação, os testes 2 e 3 ditam a capacidade do sistema em cumprir com esses
requisitos.
A bateria usada trata-se de uma bateria LIR2025 normalmente usada em
dispositivos elétricos de pequeno porte e possui características adequadas aos valores do
protótipo. A Tabela 17 mostra algumas dessas características.
Tabela 17 - Características da bateria [37]
Característica LIR2025

Tensão nominal 3.6V


Capacidade mínima 45mAh
Capacidade de carga nominal 4.2V/0.2C

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 40


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Capacidade de carga máxima 4.2V/1C


Capacidade de descarga nominal 0.5C/2.75V
Capacidade de descarga máxima 1C/2.75V

Tendo uma tensão de carga recomendada de 4.2V, foi necessário regular a tensão de saída
para próximo da tensão de carga recomendada pelo fabricante da bateria. Para isso foi
colocado em paralelo com a bateria um díodo zener com tensão de 4.3V, um valor
ligeiramente acima dos 4.2V ideais mas que não representa qualquer problema na “saúde”
da bateria. Deste modo, a distâncias mais curtas entre bobinas, quando a tensão é mais
elevada que os 4.3V (para distâncias abaixo dos 3cm como é possível ver na Tabela 15),
o díodo começa a conduzir no sentido inverso, mantendo a tensão constante aos terminais
em 4.3V.
O circuito implementado para carregamento da bateria (teste 1) é representado pela
figura seguinte:

Figura 3.15 - Circuito de carregamento da bateria

A bateria foi colocada descarregada aos terminais do circuito, estabeleceu-se a ligação


entre as bobinas e com uma distância intermédia de aproximadamente 2cm monitorizou-
se a sua corrente e tensão aos terminais.
Tensão (Volts)

4,75

4,25
Tensão na bateria

3,75

3,25

2,75
0 30 60 90 120 150 180 210 Tempo (minutos)

Figura 3.16 - Evolução de carga na bateria

Devido à menor resistência interna da bateria face à carga resistiva, a corrente à


entrada da bateria (I_bat) aumentou estabilizando-se nos 20mA, o que representa

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 41


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

aproximadamente uma corrente de carregamento de 0.45C, um valor muito próximo dos


0.5C definidos pelo fabricante. Isto quer dizer que a bateria foi carregada com uma
corrente que representa 45% da capacidade máxima da bateria (45mA), e que o fabricante
define como nominal, uma corrente de carregamento de metade (50%) da sua capacidade.
De seguida, foi reposta a carga no circuito obtendo-se assim o circuito final do protótipo.

Figura 3.17 - Circuito final do protótipo

O facto de a carga ser colocada em paralelo com a bateria permite que mesmo
quando interrompida a alimentação principal do circuito de transmissão de energia, a
bateria garanta a alimentação à carga.
Era importante por isso efetuar duas medições, o tempo de carga e descarga da
bateria com a alimentação simultânea à carga resistiva. Num caso real, representaria o
tempo de carga da bateria numa situação onde nunca poderia ser interrompida a
alimentação à carga, e o tempo que a bateria demoraria a descarregar até valores mínimos
recomendados, sendo esse o tempo estimado que o utilizador teria até voltar a estabelecer
a ligação entre bobinas para recarregamento da mesma.
Iniciou-se o teste com a bateria completamente carregada e interrompendo a
ligação entre bobinas, mediu-se a autonomia do sistema até a bateria chegar aos valores
mínimos estabelecidos pelo fabricante.
O gráfico seguinte representa a evolução de descarga (teste 2) da bateria em função do
tempo.
Tensão (Volts)

4,25

Tensão na bateria
3,75

3,25

2,75

2,25
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 Tempo (minutos)

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 42


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Figura 3.18- Evolução de descarga da bateria

O sistema atingiu uma autonomia de aproximadamente 280minutos (4horas e


20minutos). Este valor pode no entanto variar consoante a potência da carga, que neste
caso, tratando-se de uma resistência de 360Ω com uma diferença de potencial nominal de
3.6V, resulta numa potência de 36mW. Também o facto de a bateria só atingir a sua
capacidade máxima após alguns ciclos, influência a autonomia.
Como ultimo teste, foi estabelecida novamente a ligação das bobinas (teste 3) para os
mesmos 2cm de distância do primeiro teste de carga.
Tensão (Volts)

4,75

4,25
Tensão na bateria

3,75

3,25

2,75
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 Tempo (minutos)

Figura 3.19 - Evolução de carga da bateria

Para estas condições, o tempo de carregamento foi de aproximadamente 6horas e


20minutos (380minutos), sensivelmente o dobro do tempo de carga sem a carga resistiva,
o que era previsível e é explicado pelo facto de apenas metade da corrente que percorre o
circuito recetor ser aproveitado pela bateria, já que a carga resistiva consumia cerca de
10mA.
A fase final de carga foi definida quando a corrente consumida pela bateria atingiu
um mínimo de 0.01C, ou seja, 0.45mA, que significa carga completa segundo o fabricante
da bateria.[37]
Como nota final, ressalvar que os valores obtidos são para os ciclos de carga e
descarga da bateria por completo, sendo este variáveis conforme o estado da capacidade
da bateria em cada ato.

3.6.1 Análise aos resultados obtidos

Após a realização de todos os testes, pode-se concluir que os resultados obtidos são
satisfatórios tendo em conta que realizam os objetivos pressupostos.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 43


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Capítulo 3 – Procedimento e Resultados

Foi notória a perda de potência na carga com a implementação do bloco de retificação e


filtragem, o que é natural devido ao facto de não haver componentes ideais com perdas nulas.
No entanto, tentou-se que essas perdas fossem mínimas ao serem escolhidos componentes o mais
específicos possíveis a este tipo de aplicações.
O bloco de filtragem foi o que obteve um comportamento mais crítico ao se
conseguir apenas uma tensão média de cerca de 75% da tensão de pico de saída do bloco
retificador, o que pode ser explicado devido às correntes de fuga no condensador a altas
frequências.

Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 44


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Capítulo 4

Conclusões e Trabalho Futuro


Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões desta dissertação,
fazendo uma análise geral aos resultados e objetivos atingidos.
Por fim, são apresentados algumas sugestões a ter em conta num eventual trabalho
futuro.

4.1 Análise Geral


Os principais objetivos desta dissertação passavam pelo estudo das duas principais
técnicas de transmissão de energia sem fios, a transferência de energia por indução
magnética e a transferência de energia por acoplamento indutivo ressonante, escolhendo
a técnica que apresentasse mais vantagens a nível de eficiência, para implementar num
protótipo que partilhasse algumas das restrições que os aparelhos da área da saúde
enfrentam.
De modo a complementar os objetivos anteriores, foi realizado um estudo a nível
teórico das duas técnicas focando aspetos como a indução mútua e coeficiente de
acoplamento.
No capítulo 3 foram realizados testes a diversos conjuntos físicos de bobinas de
dimensões diferentes recorrendo à técnica por acoplamento indutivo ressonante e elegeu-
se o conjunto físico que apresentou melhor eficiência ao longo das distâncias conseguindo
uma eficiência até 80%.
Nas mesmas condições, foram também realizados testes recorrendo à técnica por
indução magnética de forma a se proceder a uma comparação prática entre as duas
técnicas e rapidamente se concluiu que seria inviável para a implementação no protótipo.
Posteriormente foram realizados os testes finais para carregamento de uma bateria
de pequeno porte de 3.6V. Antes disso foi necessário implementar um circuito de
conversão de corrente alternada para corrente contínua e que devido às perdas no
condensador a este nível de frequência apenas foi possível aproveitar 75% da tensão de
pico da onda. Os testes consistiram em determinar o tempo de carregamento da bateria
com e sem carga, de forma a simular o caso real em que uma bateria é carregada enquanto
simultaneamente alimenta um aparelho elétrico.

Transferência de Energia sem fios para c 45


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arregamento de baterias
Universidade do Minho
Capitulo 3 – Procedimento e Resultados

Posto isto, é notório que as distâncias obtidas nunca poderiam ser as praticadas
por um sistema final de implante médico real, sendo para isso necessário um conjunto
físico de bobinas de elevado rigor de construção.
Serviu então a presente dissertação, para demonstrar algumas das dificuldade que
existe atualmente na implementação deste tipo de sistemas, como também o seu potencial
face à técnica por indução magnética.

4.2 Propostas de trabalho futuro

Com o desenvolvimento deste trabalho, foram surgindo algumas limitações


essencialmente ao nível de material, que num futuro sendo colmatadas, poderiam trazer
benefícios a nível das distâncias obtidas, destaca-se por exemplo o facto de as bobinas
terem sido desenvolvidas manualmente e sem o rigor de bobinas realizadas por
fabricantes especializados, o que originaram muitas perdas parasitas.
Seria também importante a medição do campo elétrico e do campo magnético de
forma a confrontar os valores obtidos com os valores máximos admitidos na exposição
aos seres vivos.

4.3 Contribuições

O trabalho desenvolvido durante a dissertação teve uma contribuição


essencialmente a nível de comprovação de alguns factos teóricos e físicos.
O facto desta tecnologia ainda se encontrar numa fase experimental na área da
saúde devido às restrições impostas, pretende-se que o trabalho exponha algumas das
contrariedades encontradas no desenvolvimento de projetos deste tipo para a área.
O protótipo construído pode servir de base para um futuro projeto de aplicação
real.

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