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Escola de Engenharia
Tese de Mestrado
Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores
Agradecimentos
O trabalho aqui apresentado não teria sido possível e não seria realizado de forma
tão meticulosa e tão articulada se não fossem dois grupos de pessoas distintos. O primeiro
grupo, são aqueles que ajudaram de forma académica, dando a oportunidade de integrar
neste projeto e a evoluir como pessoa intelectualmente. O segundo grupo, é destinado a
todos os meus familiares e amigos que de variadas formas me mantiveram com
discernimento e concentração, ajudando-me a ultrapassar todas as dificuldades e a encarar
este novo desafio da melhor maneira possível, fazendo-me evoluir emocionalmente.
Assim, de uma forma geral, quero transmitir os meus mais sinceros agradecimentos a
todos que fizeram este trabalho possível.
De uma forma mais concreta, quero dirigir as minhas primeiras palavras de
agradecimento ao orientador desta dissertação, Professor Doutor Gerardo Rocha, que
propôs o presente trabalho, e me deu a oportunidade de integrar este projeto e a sua equipa
contribuindo assim para a minha aprendizagem.
Por terem dado uma grande ajuda em toda a planificação e orientação do projeto,
tal como na preparação de toda a componente laboratorial, uma palavra de especial
destaque para o Professor Senentxu e Vítor Correia, dois exemplos de empenho e
competência que gostaria de assinalar e agradecer de um modo muito particular.
Agradeço, aos técnicos e restantes pessoas do Departamento de Eletrónica
Industrial pela ajuda fornecida na execução desta dissertação.
Por último e não menos importante, uma enorme palavra de gratidão à minha
família, a todos no geral, mas mais concretamente aos meus pais, pela ajuda,
disponibilidade e compreensão durante todo o meu percurso académico. A eles, sou muito
iv
João Filipe Vieira Aguiar –
grato pelo incentivo recebido ao longo destes anos, sou grato pela alegria e atenção sem
reservas. Se não fossem eles, não seria a pessoa que sou hoje. Muito obrigado!
Resumo
Numa sociedade cada vez mais evoluída e num mundo tecnológico em constante
evolução, a comodidade e conforto na execução de tarefas torna-se cada vez mais
preponderante. Por isso, os aparelhos móveis têm sido algo de muito foco por parte dos
fabricantes e investigadores. Apesar das enormes vantagens que este tipo de aparelhos
móveis apresenta, há uma clara preocupação que os fabricantes têm tido sempre em conta,
que consiste na autonomia destes aparelhos.
É precisamente neste âmbito que o projeto de alimentação sem fios tem ganho
maior viabilidade. Por exemplo, tem-se na área da saúde os aparelhos de assistência
ventricular que requerem baterias externas e por isso cabos que atravessem o corpo desde
as baterias até ao aparelho de assistência ventricular. Assim, num cenário mais evoluído,
poder-se-ia imaginar o alojamento de baterias internas de menor capacidade (menos
volumosas) mas que fossem carregadas constantemente, por exemplo, quando o paciente
se encontrasse em repouso na cama, sendo que a cama seria o transmissor de energia e
estaria preparada para comunicar com o recetor de energia do aparelho do cliente e assim
haver troca de energia e consequente carregamento das baterias. Outro exemplo, seria no
uso dos “pacemaker´s”, que com a implementação desta tecnologia seria possível efetuar
o carregamento de tais baterias e assim evitar as intervenções cirúrgicas para mudança de
bateria ao fim de um período de tempo.
Com o intuito de contribuição na área, nesta dissertação foram estudadas duas
técnicas que caracterizam a tecnologia de alimentação sem fios, que são a transferência
de energia por indução magnética onde a transferência de energia é feita por meio indutivo
entre duas bobinas e a transferência de energia por acoplamento indutivo ressonante onde
v
João Filipe Vieira Aguiar –
a transferência de energia é realizada por meio de um forte acoplamento eletromagnético
a uma certa frequência.
Foram realizados diversos testes, onde através deles tentou-se demonstrar quais as
limitações e particularidades de uma e outra técnica, tendo em vista este tipo de aplicações
que requerem algumas exigências a nível de eficiência e volume do conjunto físico. Com
isto, o protótipo efetuou a transferência de energia sem fios e foi capaz de carregar uma
pequena bateria que pode, por exemplo, estar a alimentar em simultâneo um aparelho
elétrico de implante médico.
Pretendeu-se assim que o protótipo fosse funcional e que pudesse servir de base
para futuras aplicações.
Universidade do Minho
vi
João Filipe Vieira Aguiar –
Resumo
vii
João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias
Abstract
In a society increasingly evolved and a constantly evolving technological world,
the convenience and comfort in performing tasks becomes increasingly prevalent.
Therefore, mobile devices have been something in focus by manufacturers and
researchers. Despite the enormous advantages that this type of mobile devices presents,
there is a clear concern that manufacturers have always taken into account, which is the
range of these devices.
It is precisely in this context that the power wireless project has gained greater
viability. For example, it has been in the health ventricular assistance devices that require
external batteries and cables so they pass through the body from the batteries to the
ventricular assistance device. This, in a more advanced scenario, could be imaginable
housing internal battery of smaller capacity (less massive), but they were loaded
continuously, for example, when patients are lying in the bed, and the bed would
transmitter energy and be prepared to communicate with the receiver power unit of the
client and so there exchange of energy and consequent charging of the batteries.
Another example would be the use of "pacemaker's” that with the implementation of this
technology would be possible to perform the loading and then prevent the battery surgical
interventions for battery change after a period of time.
With intention of contribution in this area, in this dissertation will be studied two
techniques that characterize the wireless power technology, which is the transfer of energy
by magnetic induction where the energy transfer is by means of two inductive coils and
the energy transfer where resonance energy transfer is accomplished by means of a strong
electromagnetic coupling at a certain frequency.
Will be performed several tests, which through them will try to show what
limitations and peculiarities of one and another technique, considering this kind of
applications that require few demands on efficiency and volume of all physical. With this,
the prototype will make the transfer of wireless energy and being capable of carrying a
small battery that could for example, be simultaneously feed an electric medical implant.
It is intended that the prototype was functional and can served as a basis for future
improvements.
Keywords: wireless energy, magnetic induction, resonance energy.
Índice
Agradecimentos .......................................................................................................................... iv
Resumo ......................................................................................................................................... v
Abstract ...................................................................................................................................... vii
Lista de Figuras .......................................................................................................................... ix
Lista de Tabelas ........................................................................................................................... x
Lista de Acrónimos .................................................................................................................... xi
Nomenclatura ............................................................................................................................ xii
Constantes .................................................................................................................................. xii
Capítulo 1 Introdução ................................................................................................................. 1
1.1 Enquadramento .................................................................................................................... 1
1.2 Motivação e Objetivos ......................................................................................................... 2
1.3 Organização e Estrutura da Dissertação .............................................................................. 3
1.4 Estado de Arte ..................................................................................................................... 4
1.4.1 Técnica por Acoplamento Indutivo Ressonante ........................................................... 5
1.4.2 Bio aplicações ............................................................................................................... 6
1.4.3 RFID ............................................................................................................................. 9
Capítulo 2 Fundamentos Teóricos ........................................................................................... 12
2.1 Indutores ............................................................................................................................ 12
2.2 Acoplamento das indutâncias ............................................................................................ 12
2.3 Eletromagnetismo .............................................................................................................. 13
2.3.1 Acoplamento Indutivo Ressonante ............................................................................. 14
2.3.2 Indução Mútua ............................................................................................................ 15
2.3.3 Espectro eletromagnético ............................................................................................ 17
2.4 Fórmula de Wheeler .......................................................................................................... 18
Capítulo 3 Procedimento e Resultados .................................................................................... 20
3.1 Arquitetura Funcional ........................................................................................................ 20
3.2 Implementação do circuito de transmissão/receção sem retificação ................................. 21
3.2.1 Filtro LC ..................................................................................................................... 21
3.2.2 Conceção Física das bobines ...................................................................................... 22
3.2.3 Teste a diferentes tamanhos de transmissores e recetores .......................................... 24
3.2.4 Conclusões sobre os testes realizados ......................................................................... 32
3.3 Teste ao circuito com a técnica por indução magnética .................................................... 33
3.4 Implementação do bloco de retificação com filtragem ...................................................... 34
3.4.1 Circuito retificador ...................................................................................................... 34
3.4.2 Filtragem ..................................................................................................................... 38
3.5 Testes ao circuito final sem bateria ................................................................................... 39
3.6 Testes ao circuito final com bateria ................................................................................... 41
3.6.1 Análise aos resultados obtidos .................................................................................... 44
Capítulo 4 Conclusões e Trabalho Futuro .............................................................................. 46
4.1 Análise Geral ..................................................................................................................... 46
4.2 Propostas de trabalho futuro .............................................................................................. 47
4.3 Contribuições ..................................................................................................................... 47
Referências ................................................................................................................................. 48
R Resistência Ω
V Tensão V
I Corrente A
f Frequência Hz
N Enrolamentos
M Indução Mútua µH
L Indutância H
C Capacitância F
Fluxo magnético Wb
Força eletromotriz induzida V
Intervalo de tempo s
Variação do fluxo magnético Wb
Área da espira cm
Constantes
Velocidade da luz no vazio c 3 x
m.
Permeabilidade do vazio µ0 4π x N.
Pi π 3,14159…
Introdução
Neste capítulo é feito um enquadramento da atual dissertação, são expostas as
motivações e objetivos que conduziram ao desenvolvimento desta investigação, é
explicada a organização e estrutura desta dissertação. Por último, é realizada uma
contextualização histórica sobre o desenvolvimento das duas técnicas de transferência de
energia sem fios, aplicações que usam o mesmo princípio e o impacto das mesmas em
aplicações biológicas.
1.1 Enquadramento
Capítulo 1 - Introdução
2
–
distância. Daí que, durante a implementação serão realizados vários testes a vários
tamanhos de conjuntos físicos de modo a atestar o conjunto com o melhor
binómio. O objetivo será carregar uma pequena bateria como exemplo a uma aplicação
de um caso real.
Será ainda realizado um pequeno teste recorrendo à técnica de transferência sem
fios por indução magnética. Desta forma, será estabelecida uma comparação entre os
resultados das duas técnicas e poder assim atestar as vantagens da técnica por
acoplamento indutivo ressonante face à técnica por indução magnética.
4
–
Capítulo 1 – Estado de Arte
5
–
Capítulo 1 – Estado de Arte
Existem também aparelhos elétricos onde o mesmo princípio é aplicado mas com
outra intencionalidade, como é o caso dos fogões por indução, que são usados para
aquecimento.
Esta técnica consiste basicamente em ter uma indutância que devidamente
alimentada pela corrente elétrica vai gerar um campo magnético que vai atuar num outro
elemento condutor (receptor) fazendo com que uma corrente flua nesse elemento.
No entanto, esta técnica é bastante sensível à distância e tem uma quebra
exponencial ao nível de eficiência conforme se vai distanciando o transmissor e receptor,
impossibilitando assim a sua implementação noutras aplicações que requerem maior
distância entre estes dois elementos.
Foi então, com o objetivo de melhorar esse aspeto que Marin Soljacic, professor
assistente de física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, decidiu deixar o seu
marco nesta área, ao desenvolver um protótipo que recorre a uma técnica denominada por
técnica por acoplamento indutivo ressonante. Com isto, Marin Soljacic conseguiu
transferir energia elétrica de um ponto para outro sem fios de forma bastante viável e com
aumento substancial da distância entre os dois circuitos em relação à técnica usada por
Nikola Tesla. Esta tecnologia, basicamente, consiste em ter dois circuitos
eletromagnéticos que quando fortemente acoplados a uma certa frequência, permitem
uma forte troca de energia e assim alimentar aparelhos elétricos de médio porte.
Na figura abaixo pode-se ver um diagrama representativo das linhas de força
concebido pela própria WiTricity Corp.
As linhas a azul (1) representam o campo magnético induzido pela bobina ligada
à fonte de alimentação (4). As linhas em amarelo (2) representam o fluxo de energia
transferido do campo magnético da bobina da fonte de alimentação (4) para a bobina
recetora (5).
De notar que a natureza ressonante do sistema garante que haja sempre uma forte
interação entre as duas bobinas, evitando interrupções na transmissão de energia com a
presença de obstáculos, como também é possível verificar no diagrama (3).
No entanto, a desvantagem desta técnica é que o campo criado a certas frequências
ou a exposições elevadas pode criar efeitos colaterais na saúde pública, daí a criação do
padrão IEEE C95.1-2005[15] que regulamenta os limites de valores para frequências
entre os 3kHz e os 200GHz de campo magnético em ambientes abertos à população
comum e para áreas controladas.
em alguns casos evitar a cirurgia. No caso dos aparelhos com baterias externas evitaria o
uso de fios a percorrer o corpo humano.
António Abreu, Estudante de doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia
(SSE) no âmbito do programa MIT Portugal, desenvolveu um sistema de carregamento
de baterias não-invasivo recorrendo à técnica por acoplamento ressonante, para recarregar
baterias de implantes cardíacos eletrónicos. Com este sistema, António Abreu garante que
além do carregamento em si das baterias, também é possível controlar o consumo de
energia do próprio aparelho, consoante as necessidades do dispositivo eletrónico e da
patologia do paciente, conseguindo assim uma melhor eficiência e otimização consoante
os casos de aplicação. Além do fornecimento de energia, é possível ainda a comunicação
com o aparelho para efeitos de diagnóstico e reprogramação do implante.[18]
Posto isto, a primeira patente para esta tecnologia foi responsabilidade do Sr Mario
W. Cardullo em 23 de janeiro de 1973, com um sistema constituído por um transponder
ativo com memória regravável. Neste mesmo ano, outra patente foi requerida com um
sistema capaz de destravar uma porta sem chave, onde o transponder era colocado num
cartão que comunicava com o leitor colocado na porta e enviava um sinal de autorização
para esta destravar.[21]
Com o passar dos anos, vários investigadores foram apresentando algumas soluções com
vista a melhorias no sistema, até que em 1999 foi considerado o ano do grande salto em
termos de investigação quando quase 100 empresas a nível mundial e 7 das principais
universidades de pesquisa do mundo se uniram criando o “Auto-ID
Center” no MIT. [22]
Dois professores, David Brock e Sanjay Sarma, realizaram várias pesquisas com intuito
de aplicar a tecnologia na identificação de vários produtos, onde um dos pontos
importantes fosse manter o sistema o mais baixo custo possível. A ideia passou então por
utilizar transponders baratos, com capacidade para armazenar um simples numero série
por exemplo, que depois de lido e associado a uma base de dados externa, se teria acesso
a toda a informação correspondente a esse número de série.
A “GAO group” é responsável por algumas das soluções a nível de sistemas RFID
tanto na área da saúde como em outras áreas. A nível de saúde e hospitalar a sua solução
apresenta bastantes características quanto ao tipo de dados armazenados, tais como:
histórico dos pacientes, o tempo de espera dos pacientes, administração de medicamentos,
controlo de inventários, controlo de acesso, etc.
Também a Motorola desenvolveu uma solução de características semelhantes que
“promete” algumas vantagens a nível de segurança e custos.[24]
O sistema é composto por leitores móveis e fixos, onde estes últimos são implementados
em portas, corredores ou outro tipo de lugares de um edifício. Já os leitores móveis podem
ser usados por médicos ou outro tipo de pessoas que necessitem de ter acesso a informação
relativo a algum paciente ou material. A marca garante uma distância de comunicação
entre transponder e leitor de 1,5metros a 3 metros. [24]
Fundamentos Teóricos
Neste capítulo será feita uma análise teórica a cada uma das duas técnicas de
transferência sem fios, enumerando algumas das vantagens e desvantagens a si
associadas.
Serão também analisados alguns conceitos e definições importantes a ter em conta na
análise e caracterização de um sistema de transferência sem fios.
2.1 Indutores
arregamento de baterias
2.3 Eletromagnetismo
Ela explica que colocando duas bobinas próximas na mesma posição, como mostra
a Figura 2.1, quando L1 é percorrida uma corrente i1, é produzido um campo magnético de
indução magnética B1. A bobina L2 estando próxima, será atravessada pelas linhas de
campo do campo magnético B1 (representado pelas linhas azuis) o que originará um fluxo
do campo magnético dado pela equação (2.1).
(2.1)
(2.2)
Portanto, desde que variável, o fluxo (ɸ) criado por um circuito indutor primário
pode provocar indução eletromagnética num circuito indutor secundário. Essa variação
contudo pode ser conseguida também através da variação da posição da superfície da
bobina relativamente ao vetor de campo. Este processo é o mais usado atualmente.
Tendo em conta a figura acima, ao rodar o plano com uma velocidade angular faz-
se variar o fluxo magnético na espira o que induzirá uma corrente sinusoidal nos seus
terminais.
Com a Figura 2.3 é possível ver a variação do fluxo magnético durante uma rotação
completa (360º) e comprovar que a cada meia volta (180º) o fluxo do campo magnético é
máximo.
1
http://www.priberam.pt/dlpo/resson%C3%A2ncia
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 15
João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos
Existem alguns tipos de ressonância, entre as quais a eletromagnética, que
seguindo o mesmo princípio, é gerada quando a frequência de um campo magnético é
igual à frequência de ressonância magnética de um segundo corpo, em que este começará
a vibrar à mesma frequência.
Foi a partir deste princípio que um grupo de investigadores do MIT desenvolveu
um sistema capaz de transferir energia sem fios por acoplamento indutivo ressonante,
onde através de uma bobina ligada a uma fonte de corrente alternada, criava um campo
magnético variante a determinada frequência que “interagia” com um segundo sistema
dimensionado com frequência de ressonância semelhante. Com isto, o sistema consegue
minimizar as perdas pois os dois sistemas atuarão como um só.
O modelo base simplificado é dado pela Figura 2.4.
Figura 2.4 - Modelo de energia sem fios por acoplamento magnético ressonante
(2.3)
(2.5)
Por outro lado, sabe-se também que:
(2.6)
Relacionando as equações (2.4) e (2.5) obtêm-se a indução mútua (M):
(2.7)
Pode-se então calcular o coeficiente de acoplamento através da equação:
(2.8)
(2.9)
Em que representa o comprimento de onda (metros), c a velocidade da luz no vácuo
) e f a frequência da onda.
se um comprimento de onda de ,
respetivamente.
(2.10)
Que aplicando à gama de frequências arbitradas dá distâncias entre D=238m e
D=477m.
Pode-se assim confirmar que em termos físicos, para a gama de frequências
arbitradas é perfeitamente realizável.
Procedimento e Resultados
Neste capítulo é realizada uma descrição detalhada da implementação prática de um
sistema capaz de transmitir energia sem fios a uma carga.
Especificam-se todos os passos intermédios antes da construção do protótipo final, tal
como testes utilizando as duas técnicas e testes a diferentes conjuntos de bobinas, de
forma a atestar o conjunto mais eficiente para implementar no protótipo final.
Cada teste realizado será acompanhado por uma análise aos resultados obtidos.
arregamento de baterias
Universidade do Minho
Durante os testes intermédios, será usada apenas uma carga resistiva. No entanto, no
circuito final, será adicionado uma pequena bateria de forma a ser carregada.
A fonte de sinais usada é um gerador de funções, que consegue fornecer funções
sinusoidais com frequências até 2MHz e uma potência máxima em torno dos 350mW, o
que pareceu adequado aos objetivos propostos.
Para o protótipo foi previsto um intervalo de frequências entre os 100kHz e os
200kHz, na qual a frequência de ressonância se deve inserir. Foi estabelecida esta gama
de valores de forma a não serem muito altos e com isso tentar evitar perdas maiores nos
componentes por aumento da resistência interna ou correntes de fuga. Já o intervalo foi
previsto devido ao facto das bobinas construídas não obedecerem a um rigor elevado e
dos componentes possuírem uma tolerância nos seus valores.
3.2.1 Filtro LC
(3.1)
Em que fres é a frequência ressonância.
Para o protótipo foram arbitrados valores de indutância entre os 50µH e os 80µH, o que
para uma frequência de ressonância máxima de 200kHz corresponde a valores de
condensadores de C=12.66nF e C=7.91nF respetivamente.
O tipo de condensadores a ser usado, no que respeita ao material do dielétrico e
dos elétrodos também é importante, daí que normalmente para este tipo de aplicação os
condensadores usados sejam com dielétrico de Polipropileno[30] e cerâmicos de
classe1[31] já que apresentam alta estabilidade do valor de capacitância com a frequência
e temperatura, e baixas perdas (corrente de fuga), isto dentro de uma gama de frequências
bastante alargada. No entanto, devido à indisponibilidade de obter condensadores de valor
12.66nF e 7.91nF, o valor mais próximo disponível no laboratório com dielétrico de
polipropileno foi de 22nF, o que perfez uma frequência de ressonância entre os 120kHz
e os 150kHz, dentro da gama de frequências prevista.
Para elaboração das bobinas, um fator importante a ter em conta é a secção do fio
de cobre usada, que é dada pelo AWG. Dependendo da corrente necessária, das dimensões
geométricas da bobina e da indutância requerida, deve-se definir um AWG adequado.
Para o protótipo elaborado, foram criadas quatro medidas diferentes de bobinas
transmissoras e seis medidas diferentes de bobinas recetoras no qual foram impostos
alguns limites quanto à sua dimensão.
Para sintetizar, são apresentadas duas tabelas de resumo. Na Tabela 1 pode-se ver
as características de cada bobina transmissora elaborada, com uma comparação entre os
valores teóricos e os valores reais medidos.
Na Tabela 2 pode-se ver as características de cada bobina recetora elaborada, com a
respetiva comparação entre valores teóricos e reais medidos.
Tabela 1- Características bobinas transmissoras
Bobina 1 2 3 4
Enrolamentos 27 20 21 19
Para as bobinas transmissoras, têm-se então uma área de 0,25 para todas as
bobinas. Dado que se pretende até um máximo de 27 enrolamentos para os 0,25 , isto
permite concluir que por cada o fio escolhido deve permitir 108 enrolamentos.
Consultando a Tabela 3 verifica-se que o fio adequado é o AWG24 (ou superior) visto
que permite até 72 enrolamentos para os 0,25 ou 289 por cada .O
AWG20 neste caso não seria adequado visto que só permitiria 25 enrolamentos nos
ou 100 enrolamentos por cada o que tornaria impossível a construção da
bobina 1.
Para as bobinas recetoras, têm-se uma área de 0,06 em 5 casos e 0,09 num
caso. Pegar-se-á no caso onde a área é menor e assim aplicar-se-á a todos. A área menor é
de 0,06 para 47 enrolamentos o que torna necessário um fio de cobre que permita obter
até 784 enrolamentos por cada . Consultando a Tabela 3 verifica-se que a escolha
deverá recair num fio AWG30 (ou superior) que permite até 900 enrolamentos por cada
.
Para cada um dos testes, optou-se por tornar fixo o valor do condensador do circuito
secundário (C2) e apenas ajustar a frequência do sinal de entrada (Vf) e o condensador do
circuito primário (C1) consoante as necessidades de sintonização. O valor do condensador
do circuito secundário é de 22nF como já referido.
Para cada bobina transmissora, foram realizados seis testes diferentes, que correspondem
a seis conjuntos físicos de dimensões e indutâncias diferentes.
Todos os testes foram realizados com uma carga resistiva de 360Ω no circuito secundário.
L1 50µH
C2 22nF
R (carga) 360Ω
Figura 3.4- Gráfico de eficiência para transmissor de 4cm e várias dimensões de recetores
No caso 6, para a bobina secundária D2=4,5cm é possível verificar que, com uma
distância muito próxima, existe alguma perturbação na indução mútua entre bobinas. É
também visível que o facto da bobina transmissora ser de dimensão inferior à bobina
recetora, faz com que o campo criado pela primeira não seja suficientemente grande para
um acoplamento com tão boa eficiência como no caso 5, que por sua vez, têm uma bobina
recetora de dimensão mais aproximado ao da bobina transmissora, fazendo deste conjunto
mais equilibrado em termos de dimensões e resultados.
A tabela seguinte mostra os valores obtidos para esse caso.
Tabela 5 - Valores obtidos para o caso 5 para D1=4cm
Primário Secundário
L1 40µH
C2 22nF
R (carga) 360Ω
Eficiência (%)
90,00 5,5cm/4,5cm
80,00
5,5cm/3,5cm
70,00
60,00 5,5cm/3cm
50,00 5,5cm/2,5cm
40,00 5,5cm/2cm
30,00
5,5cm/1,5cm
20,00
10,00
0,00
0,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm) 0
Figura 3.5 - Gráficos de eficiências para transmissor de 5,5cm e várias dimensões de recetores
Neste teste, todas as bobinas recetoras são de diâmetro inferior à bobina transmissora,
daí que o conjunto com bobina recetora de maior diâmetro apresente melhor eficiência.
É possível destacar a eficiência obtida pelo conjunto constituído pela bobina secundária
de diâmetro D2=4,5cm, principalmente a distâncias maiores.
A Tabela 7 apresenta os valores obtidos para esse caso.
Tabela 7 - Valores obtidos para o caso 6 para D1=5,5cm
Primário Secundário
L1 55µH
C2 22nF
R (carga) 360Ω
Tal como no teste anterior, a alteração da indutância da bobina transmissora não provocou
necessidade de ajuste no condensador C1.
Em relação às eficiências, no gráfico seguinte são mostrados os resultados obtidos:
Eficiência (%)
70,00 6,5cm/4,5cm
60,00 6,5cm/3,5cm
50,00 6,5cm/3cm
40,00 6,5cm/2,5cm
30,00 6,5cm/2cm
20,00 6,5cm/1,5cm
10,00
0,00
0 ,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3 ,5 Distância (cm) 0
Figura 3.6 - Gráfico de eficiências para transmissor de 6,5cm e várias dimensões de recetores
Por fim, foi realizado um último teste com uma bobina transmissora de valor de
indutância semelhante às restantes bobinas, mas com diâmetro ligeiramente maior.
Tendo em conta a queda no coeficiente de acoplamento do teste anterior, devido à
diferença de dimensões nas bobinas, com este seria de esperar uma queda ainda mais
acentuada devido ao maior desalinhamento dos eixos. Isso comprovaria o explicado na
teoria, acerca da aplicação da lei idealmente para conjuntos de bobinas de dimensões
semelhantes.
A Tabela 10 apresenta o resumo das condições para este último teste.
Tabela 10 - Condições de teste para a bobina transmissora de 7,5cm
1 (1,5cm) 2 (2cm) 3 4 (3cm) 5 6 (4,5cm)
(2,5cm) (3,5cm)
L1 55µH
C2 22nF
R (carga) 360Ω
60,00 7,5cm/4,5cm
50,00 7,5cm/3,5cm
40,00 7,5cm/3cm
7,5cm/2,5cm
30,00
7,5cm/2cm
20,00
10,00
0,00
0 0,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm)
Figura 3.7 - Gráfico de eficiências para transmissor de 7,5cm e várias dimensões de recetores
Como expectável, o conjunto constituído pela bobina secundária D2=4,5cm revelou melhores
resultados que os restantes casos.
Na Tabela 11 são mostrados os valores obtidos para o melhor conjunto físico, o caso 6.
Tabela 11 - Valores obtidos para caso 6 com D1=7,5cm
Primário Secundário
Conclui-se com base nestes resultados, que os conjuntos físicos constituídos por
bobinas de dimensões mais próximas são os que apresentam melhores resultados, como
é o caso do conjunto físico constituído pela bobina transmissora de diâmetro D1=4cm e
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 31
João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Procedimento e Resultados
Testado o conjunto físico mais eficiente com a técnica por acoplamento indutivo
ressonante, foi a vez de submeter esse conjunto físico ao teste recorrendo à técnica por
indução magnética.
Este teste tem como objetivo poder estabelecer uma comparação entre as duas
técnicas no que a eficiências diz respeito, sendo esta técnica a mais comum entre os
carregadores sem fios usados no quotidiano, é importante saber até que ponto a técnica
por acoplamento indutivo ressonante se apresenta como uma verdadeira evolução.
Para isso, foi necessário retirar os condensadores dos filtros do circuito usado
anteriormente e assim deixar o circuito puramente indutivo. Todos os restantes
parâmetros mantiveram-se.
Eficiência (%)
12,00
10,00
5,5cm/4,5cm
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0 0 ,5 1 1 ,5 2 2 ,5 3 3,5 Distância (cm)
Figura 3.9 - Gráfico de eficiência para circuito indutivo
Uma causa possível para o facto de se ter obtido resultados tão baixos, se deva ao
facto do conjunto físico apresentar indutâncias de dimensões muito reduzidas face ao
usual neste tipo de aplicações.
Para carregamento de uma bateria, é imperativo que a corrente alternada (AC) que
advém do circuito de ressonância de receção seja transformada em corrente contínua (DC)
de modo a impedir a mudança de fluxo de corrente elétrica no circuito e com isso danificar
a bateria. Para essa conversão, são usados circuitos retificadores que convertem a tensão
sinusoidal em tensão pulsada positiva, o que origina uma tensão média não nula.
Posteriormente é colocado um filtro de modo a reduzir as variações da tensão de saída do
retificador. [32]
Existem dois tipos de retificadores, retificadores de meia onda e retificadores de onda
completa. No caso de retificador de meia onda, apenas o semiciclo positivo da onda sinusoidal
de entrada é utilizado, no caso dos retificadores de onda completa são utilizados os dois
semiciclos da onda sinusoidal de entrada.
A imagem seguinte mostra o circuito base retificador de meia onda.
corrente nula à saída. Posto isto, têm-se na saída apenas corrente num semiciclo o que
origina uma quebra na eficiência à saída já que apenas um semiciclo é aproveitado. Nesta
configuração a frequência da onda de entrada e saída são semelhantes não sendo alterada.
Para o retificador de onda completa existem dois tipos de configuração, uma em que o
enrolamento secundário está acessível ao exterior de modo a fornecer duas tensões de
igual valor, e outra configuração recorrendo a quatro díodos em ponte o que faz provocar
mais perdas devido à queda de tensão em maior numero de díodos mas tendo a vantagem
de dispensar o ponto médio do enrolamento secundário do transformador, o que faz com
que o enrolamento secundário tenha metade das enrolamentos.[32]
A Figura 3.11 mostra um exemplo desta configuração, que é a mais popular entre todos
os circuitos retificadores. [32]
Num primeiro instante da onda em que A é maior que B, os díodos 1 e 3 vão ficar
diretamente polarizados, o que vai permitir que a corrente circule até ao ponto B. Num
segundo instante da onda em que B é maior que A, os díodos 2 e 4 vão ficar diretamente
polarizados e a corrente vai circular novamente pela carga no mesmo sentido desta feita
até ao ponto A. Com isto, têm-se o aproveitamento de todos os instantes da onda
sinusoidal de entrada e na saída, que resultará em dois semiciclos positivos.
A equação que permite calcular a tensão de saída de um retificador de onda completa em
ponte é a seguinte:
Vret (3.2)
Díodos Schottky
Pode-se verificar que esta família de díodos Schottky suporta de 14V a 28V de tensão
inversa RMS, o que é aproximadamente quatro vezes superior à tensão de pico obtido
(7,5V) no conjunto físico a implementar. Em termos de corrente suporta até 1A, o que é
bem superior aos 28mA obtidos de máximo. Numa última característica pode-se verificar
que a queda de tensão do díodo para 1A é inferior aos 0,7V dos díodos comuns de silício.
No entanto, esta queda de tensão é obtido com a corrente máxima suportada pelo díodo
(1A), e como a queda varia com a corrente que passa pelo díodo, é expectável uma queda
de tensão abaixo do anunciado.
A nível de tempo de recuperação (ou comutação) não é referenciado mas tendo em conta
a natureza do díodo que por norma apresentam tempos de recuperação na ordem das
dezenas de nanosegundos (ns), são suficientemente rápidos para suportarem o tempo de
comutação do sinal de saída do retificador que se situa na ordem dos microssegundos,
mais precisamente, T=1/(2*165900)=3.013µs.
3.4.2 Filtragem
Vripple (3.3)
Pode-se assim concluir que a tensão de ripple é inversamente proporcional à
capacitância do condensador, sendo que o ideal é o Vripple ser o mais próximo de zero
possível (mínima variação) e daí que o aumento da capacitância do condensador seja uma
solução. No entanto, o aumento da capacitância por si só pode não ser suficiente para
Transferência de Energia sem fios para carregamento de baterias 37
João Filipe Vieira Aguiar – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Procedimento e Resultados
manter a tensão média na carga perto dos valores de pico, quando na presença de altas
frequências, a resistência interna do condensador tende a baixar e com isso a ter uma
maior corrente de fuga. Daí a importância da escolha do condensador quanto ao material,
já que existem condensadores mais sensíveis às frequências que outros.
Como foi visto no capítulo 3.2.1, os condensadores com dielétricos de polipropileno e
cerâmicos classe 1 são os mais adequados para aplicações de alta frequência. No entanto, o valor
máximo presente no laboratório para este tipo de condensadores é de 100nF, o que segundo a
equação (3.2) daria um Vripple=0,844v, que representaria uma variação de cerca de 11%, longe
do zero ideal. Na impossibilidade de obter zero, a capacitância foi calculada para uma variação
máxima de 1% o que representa um Vripple=0,075V, e o que dá uma capacitância mínima de
C=1,125uF.
O tipo de condensador disponível para esta gama de valores, com características
adequadas é do tipo filme de poliéster metalizado. É um tipo de condensador que
apresenta boa rigidez dielétrica com a variação da temperatura mas que tem como
desvantagem a sua fraca tolerância em frequências na ordem dos MHz[36]. Visto que à
saída do retificador a frequência será na ordem dos 332kHz, estará ainda numa gama de
frequências com tolerância aceitável.
Posto isto, o condensador usado foi um BC MKT373 100V 4,7uF[36].
Numa primeira fase, o circuito foi testado sem bateria tendo sido apenas
implementado o circuito retificador de onda completa. A carga usada nos testes anteriores
foi a mesma, de forma a estabelecer uma correlação entre os valores obtidos pré
retificação e os valores obtidos após aplicação do circuito retificador.
A Figura 3.13 mostra o circuito a ser implementado com retificador e carga.
A tabela abaixo compara os valores de tensão obtidos no recetor antes da retificação (Tabela 7)
e os valores após retificação, medidos e teóricos.
Tabela 14 - Valores obtidos após retificação
Sem retificação Com retificação
Tensão de pico medida (Vpp) 10,6 10,46 8,62 5,8 9.8 9,66 7,85 5,09
Tensão teórica (Vrms) 6,24 6,15 5 3,24
Tensão medida (Vrms) 7,5 7,4 6,1 4,1 6.9 6,83 5,55 3,60
É possível verificar uma queda de tensão total de aproximadamente 800mV na tensão de
pico de cada semiciclo. Tendo em conta que por cada semiciclo, a corrente percorre dois
díodos, então cada díodo tem uma queda de 400mV.
Calculada a queda de tensão nos díodos, através da equação (3.2) calcularam-se os
valores teóricos para cada distância (representados na Tabela 14) e verificou-se uma
ligeira diferença entre os valores obtidos e os teóricos.
Também é possível constatar que conforme se aumenta a distância, e sendo a corrente menor,
as quedas nos díodos também diminui.
Tensão medida (Vrms) 7,5 7,4 6,1 4,1 7,4 7,3 5,8 3,70
Para os testes finais ao circuito, foi então adicionada a bateria de modo a verificar o
comportamento do sistema num caso de aplicação real.
Com a bateria inserida, foram realizados três testes diferentes: um primeiro com o
intuito de atestar a capacidade do sistema em carregar a bateria, um segundo teste de
forma a verificar a autonomia do circuito e um terceiro teste com o objetivo de apurar a
capacidade do sistema em carregar a bateria com a carga a consumir simultaneamente.
A Tabela 16 resume as configurações feitas ao circuito para realização dos testes:
Tabela 16 - Configurações de teste ao circuito
Transmissor/Recetor Bateria Carga resistiva Objetivo
A inclusão da carga resistiva nos testes finais tem o objetivo de simular a carga de um
aparelho elétrico, que eventualmente estivesse ligado ao circuito. Desse modo, num caso
real onde o aparelho elétrico nunca pudesse ser desligado do circuito, nem interrompida
a sua alimentação, os testes 2 e 3 ditam a capacidade do sistema em cumprir com esses
requisitos.
A bateria usada trata-se de uma bateria LIR2025 normalmente usada em
dispositivos elétricos de pequeno porte e possui características adequadas aos valores do
protótipo. A Tabela 17 mostra algumas dessas características.
Tabela 17 - Características da bateria [37]
Característica LIR2025
Tendo uma tensão de carga recomendada de 4.2V, foi necessário regular a tensão de saída
para próximo da tensão de carga recomendada pelo fabricante da bateria. Para isso foi
colocado em paralelo com a bateria um díodo zener com tensão de 4.3V, um valor
ligeiramente acima dos 4.2V ideais mas que não representa qualquer problema na “saúde”
da bateria. Deste modo, a distâncias mais curtas entre bobinas, quando a tensão é mais
elevada que os 4.3V (para distâncias abaixo dos 3cm como é possível ver na Tabela 15),
o díodo começa a conduzir no sentido inverso, mantendo a tensão constante aos terminais
em 4.3V.
O circuito implementado para carregamento da bateria (teste 1) é representado pela
figura seguinte:
4,75
4,25
Tensão na bateria
3,75
3,25
2,75
0 30 60 90 120 150 180 210 Tempo (minutos)
O facto de a carga ser colocada em paralelo com a bateria permite que mesmo
quando interrompida a alimentação principal do circuito de transmissão de energia, a
bateria garanta a alimentação à carga.
Era importante por isso efetuar duas medições, o tempo de carga e descarga da
bateria com a alimentação simultânea à carga resistiva. Num caso real, representaria o
tempo de carga da bateria numa situação onde nunca poderia ser interrompida a
alimentação à carga, e o tempo que a bateria demoraria a descarregar até valores mínimos
recomendados, sendo esse o tempo estimado que o utilizador teria até voltar a estabelecer
a ligação entre bobinas para recarregamento da mesma.
Iniciou-se o teste com a bateria completamente carregada e interrompendo a
ligação entre bobinas, mediu-se a autonomia do sistema até a bateria chegar aos valores
mínimos estabelecidos pelo fabricante.
O gráfico seguinte representa a evolução de descarga (teste 2) da bateria em função do
tempo.
Tensão (Volts)
4,25
Tensão na bateria
3,75
3,25
2,75
2,25
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 Tempo (minutos)
4,75
4,25
Tensão na bateria
3,75
3,25
2,75
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 Tempo (minutos)
Após a realização de todos os testes, pode-se concluir que os resultados obtidos são
satisfatórios tendo em conta que realizam os objetivos pressupostos.
Posto isto, é notório que as distâncias obtidas nunca poderiam ser as praticadas
por um sistema final de implante médico real, sendo para isso necessário um conjunto
físico de bobinas de elevado rigor de construção.
Serviu então a presente dissertação, para demonstrar algumas das dificuldade que
existe atualmente na implementação deste tipo de sistemas, como também o seu potencial
face à técnica por indução magnética.
4.3 Contribuições
Referências
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