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Resumo - Durante o dia-a-dia o ser humano é constantemente estimulado a ativar operações mentais
relacionadas com a emoção, sendo diferentes os mecanismos neurais que correspondem a cada operação
mental. A ciência procura pesquisar sobre esta mecânica, porém somente sabe que algumas regiões estão
relacionadas com determinadas emoções. Entende-se não basta simplesmente enumerar as associações
<processo mental,área de ativação>, tal como é feito atualmente. Existe uma necessidade de esclarecer os
aspectos relacionados com a mecânica de funcionamento deste mecanismo. Neste sentido, o presente artigo
representa uma pesquisa sobre à questão do cérebro humano como um objeto computável. O objetivo geral é
criar um modelo computacional capaz de sistematizar o processo de ativação cerebral humano para um
conjunto limitado de estímulos. Desta forma, havendo uma Máquina de Turing reconhecedora de padrões de
ativação cerebral, também existirá um resolutor capaz de desempenhar a mesma funcionalidade. A partir de
então é possível realizar afirmações sobre a questão da solucionabilidade e da computabilidade do problema.
Abstract - During day-by-day, the human being is constantly stimulated to activate mental operations associated
to emotion, and there are different neural mechanisms that correspond to each mental operation. Science lacks
of knowledge on these mechanisms operation, except that it is notorious that some regions are related to
particular emotions. However, modern studies should not be limited to enumerate the relationship <mental
process,activation area>, such as current researches do. They should try to explain the brain process engine
aspects. Thus, this article presents a research for evidences of the human brain as a computable object. So, the
main goal is to create a computational model that is capable systemize the cerebral activation human process
for a limited set of emotional stimulations. By constructing a pattern cerebral activation recognizer Turing
Machine, it is possible to assert that may exist a computer algorithm, which can perform the same functionality.
Hence, it is possible to perform well-founded hypothesis over human brain computability and solutionability.
4E
espaço amostral de fatos lógicos, fornecido pela q 10D D
D,2
2 ,24 8 D
E ,1
10
fase anterior.
11E 4E
A ferramenta empregada neste trabalho D,2
10D 10
para o reconhecimentos dos estados emocionais é q q q 24E,18D q
0 1 6 8
uma Máquina de Turing, representada por
4E
10D,11E
autômato finito. O uso de Máquinas de Turing é 24E
4E
D,2
10
2
particularmente interessante, pois elas são D,
D,1
q
,18
18
10D D
3
E,
1
universalmente conhecidas e aceitas como a
11E
E,2
11
,18
18
formalização de um algoritmo. Além disto, a 11E
10D
4E
D
,24
Máquina de Turing possui no mínimo o mesmo E 11E,18D
q q
poder computacional de qualquer dispositivo 5 9
eletrônico, permitindo abstrair qualquer Figura 2 - Autômato finito ilustrando as transições
dependência tecnológica da atualidade. Identificar de estado de um sistema reconhecedor da emoção
uma máquina como esta, dentro do espaço associada a raiva.
amostral, significa apontar para a possibilidade de
tratamento sistêmico do problema, ou seja, a A etapa de Classificação é uma fase
viabilidade da construção de um modelo operacional destinada a identificar o valor
computacional resolvedor da questão proposta. emocional associado ao fenômeno descrito pela
A Máquina de Turing é caracterizada por Máquina de Turing. Este processo de identificação
uma quíntupla M=<K,∑,δ,s,F>. O valor K representa consiste em realizar a derivação computacional de
o conjunto finito de estados possíveis que o modelo uma hipótese, a partir dos fatos e das regras
cerebral poderá assumir. Assim, neste conjunto presentes em uma Base de Conhecimento. Assim,
estão os estados representativos de sentimentos caso a proposição possa ser provada pelo oráculo,
emocionais contemplados neste trabalho, bem tem-se o reconhecimento do valor emocional
como seus estados transitórios. O alfabeto ∑ associado à ativação cerebral descrita pelas áreas
contém os símbolos terminais e não terminais de ativação.
utilizados na construção da máquina. Portanto, este
conjunto, também finito, contém os sinais gráficos Resultados
associados aos volumes de ativação. O valor s é
um elemento do conjunto K, e representa o estado Os dados utilizados neste trabalho foram
inicial da máquina. O conjunto F, por sua vez, é o acessados a partir do site do Laboratório de
conjunto de estados de parada, que também está Neuroimageamento da Universidade da Califórnia
contido em K. Por tanto, F corresponde aos estados [16], respeitando os direitos autorais previstos nos
que estão diretamente relacionados com o termos de condição de uso, vigentes em 24 de
reconhecimento de uma determinada emoção. Por outubro de 2005. Devido aos critérios de escolha
fim, δ é o conjunto das funções de transição que dos dados, citados anteriormente, obteve-se 17
permite capturar o dinamismo da ativação cerebral. imagens volumétricas, 38 conjuntos de
Foram utilizadas entradas alfa-numéricas coordenadas de Talairach, 19 conjuntos de áreas
para a representação de um volume de ativação. de Brodmann. Os dados em questão representam
No caso em que o objeto a ser representado é uma uma coleção de exames de RMf nos quais os
área de Brodmann, os dois primeiros dígitos são indivíduos imageados são submetidos à estímulos
preenchidos com a mesma numeração destas emocionais. Este espaço amostral abrange as
áreas. Quando o objeto pertence ao Sistema ativações associadas ao medo, à alegria, à tristeza,
Límbico, são utilizados os códigos identificadores à raiva e à repugnância. Neste sentido, o Sistema
com valores acima de 60. O último dígito, para Formal Reconhecedor implementado é capaz de
ambas situações, representa o hemisfério cerebral identificar estes estados emocionais.
correspondente, isto é, o hemisfério esquerdo ou o Os dados estruturados pela fase de
direito. Desta forma, por exemplo, o volume de Unificação foram divididos em um Espaço Amostral
Brodmann BA23 do hemisfério direito será e um Conjunto de Teste. O Espaço Amostral
representado pelo símbolo 23D, enquanto que a representa o conjunto de exames utilizados na
amígdala esquerda será associada ao símbolo 60E. tarefa de extração de heurísticas, isto é, na criação
A Figura 2 apresenta um exemplo do autômato das regras de produção. O Conjunto de Teste está
associado à modelagem do processo de raiva. relacionado com os dados dos exames sobre os
quais foram aplicadas as regras de produção a fim
de realizar sua validação, através da derivação
computacional. O critério de divisão dos exames foi Eyzaguirre, C., Fidone, S.J. (1994), Fisiologia do
separar conjuntos com quantidades iguais de Sistema Nervoso, Rio de Janeiro: Guanabara
dados. Koogan, p.261.
Sob esta ótica, entre os 37 exames
testados apenas 2 não puderam ser deduzidos pela Talairach, J., Tournoux, P. (1998), Co-Planar
máquina de inferência, o que representa 94,59% de Stereotaxic Atlas of the Human Brain, New
sucesso no reconhecimento da emoção retratada York: Thieme Medical.
pelos dados. Entende-se que a explicação mais
clara para estas falhas está relacionada com a Lufkin, R.B., (1999), Manual de Ressonância
quantidade de exames utilizados na fase de Magnética, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Extração de Heurísticas, que não foi suficiente para
capturar todas as possíveis regras de produção. Duong, T., Yacoub, E., Adriany, G. (2002), “High-
Resolution, Spin-Echo Bold, ad CBF fMRI at 4
Conclusão and 7 T”, Magnetic Resonance in Medicine, v.
48, p. 589-593.
Este trabalho propôs um modelo
computacional capaz de sistematizar o processo de Logothetis, N., Merkle, H., Augath, M. (2002), “Ultra
ativação cerebral humano para um conjunto High-Resolution fMRI in Monkeys with
limitado de estímulos. Este modelo foi obtido a Implanted RF Coils”, Neuron, v. 35, p. 227-242.
partir da construção um modelo tridimensional do
Ogawa, S., Kim, S.G.., (2002), “Insights into new
cérebro humano que permite a representação
techniques for high resolution functional MRI”,
espacial das áreas fisiológicas do cérebro humano,
Current Opinion in Neurobiology, v. 12, p. 607-
e ainda, pela elaboração um Sistema Formal
615.
Reconhecedor capaz de deduzir uma seqüência de
entrada, isto é, áreas cerebrais ativadas.
Neumann, J., Morgenstern, O. (1944), Theory of
Os resultados obtidos evidenciam a
Games and Economic Behavior, Princeton:
possibilidade de aplicar os métodos da Teoria da
Princeton University Press.
Computação ao cérebro humano. Neste sentido, é
possível afirmar que o processo de ativação Osbourne, M. (2004), An Introduction to Game
cerebral estudado no contexto desta Tese é um Theory, New York: Oxford University Press.
problema computável. Contudo, não se trata de
equiparar o cérebro a uma máquina computacional, Binmore, K. (1992), Fun and Games, Lexington: D.
mas sim de se empregar técnicas de análise que C. Heath, p.51.
abstraem por completo a existência do dispositivo
eletro-mecânico. De fato, esta é a beleza da Teoria Maurano, D. (2003), Para que serve a psicanálise?,
da Computação, pois ela existe desde muito antes Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
da criação do primeiro computador.
Com relação aos trabalhos futuros, pretende- Carvalho, L.A.V., Junior, E.C. (2002), “Psicanálise e
se aumentar a quantidade de exames empregados neurociência: um diálogo possível?”, Arquivos
na fase de Extração de Heurísticas a fim de ampliar de Psiquiatria Neurologia e Medicina Legal, p.
sua representatividade. Além disto, espera-se 13-20.
modelar não só as emoções primárias, mas
também as secundárias. Roudinesco, E. (2000), Por que a psicanálise?, Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Referências
LONI (2005), Laboratory of Neuro Imaging,
Damasio, A. (1996), O erro de Descartes - emoção, Universidade da Califórnia:
razão e o cérebro humano, São Paulo: http://www.loni.ucla.edu/index.shtml. (Acesso
Companhia das Letras. em 24 Outubro 2005)