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Coleção Primeiros Passos
PASTA L.r-
Como Renascem
as Democracias
A. Rouqulé, B. Larnounier,
o que é Democracia
Denis Rosenfield
D~TA l 2 ! O@.:?â.
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o PLEBISCITO
]. Schvares (orgs.)
AÉtica na Política
o que é Deputado
Francisco Weffort
OBS:_ ç ( 11 ...
E AS FORMAS
o que são Eleições
Venturas e desventuras
brasileiras
Denis Rosenfield
Carlos Lungarzo Jivho ·rl 05" 1°:1.
- o
DE GOVERNO
o que é Parlamentarismo
Evolução Política no Brasil Rubem Kelnert 2," edição
Caio Prado ]r.
o que é Parlamentarismo
A Idéia de Brasil Moderno Monárquico
Octavío Ianni Ives Gandra da Silva Martins
o Governo Goulart
e o Golpe de 64
Caio Navarro Toledo
editora brasiliense
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Repúblicas parlamentaristas 69.
Alemanha: parlamentarismo "puro" 69
Portug al: dualismo atenuado................. 70
França: semipresidencialismo 71
Repúblicas pr esid enc ialistas.... 72 b "
1
30 o lLEBISCITO E AS FORJvlAS DE GOVERNO SEPARAÇÃODOS PODERES 31
correntes de opiniões minoritárias. Decorre daí o fato vai ser perfeita. Porém, nesse sistema, dificilmente apa
de ele dar srcem a um maior número de partidos, o recerão as distorções como as ocorridas pela adoção
que, segundo alguns analistas, dificulta as tarefas de go do sistema majoritário puro, conforme o exemplo in
vernar. Tal situação muito dificilmente ocorreria. Mas glês aqui apresentado,
os resultado sdas eleições ingl esas de 1974 são um bo m
exemplo das distorç ões na representação que pode Formas de escolha dos representantes
ocorrer no sistema majoritário: o Partido Trabalhista,
com 39,3% dos votos nacionais, conseguiu maíoríaab A formaâê'esc:Olher o representante para o Parla
soluta - ou seja, 50 % mais um - das cadeiras no Par mento também varia muito entre os países. Vamos apre-
lamento, enquanto o Partido Liberal, co m 18,6% dos sentar apenas as formas mais comuns.
votos nacionais, conseguiu apenas 2 % das cadeiras. Por Nos países que adotam o voto majoritário, a chapa
esse motivo, o voto majoritário não é o que melhor ex dos partidos pod em ser uninomina is, bínorninaís ou Qlu·
pressa a distribuição de preferências da sociedade. Além rinominaisLquanQ1Lhª-\J.~~as e t ; : ~ s ou m a i ~ v~s,
disso resulta no predomínio dos dois maiores partidos, r~p'~ç1 i.Y-ª.m~ 1J.~..nll ª.s.e... te.rtito .tia1. No caso de duas
dificultando a representação de uma terceira corrente ou mais vagas, os partidos podem apresentar suas cha
de opinião. pas na forma de listas fechadas personalizadas ou de lis
A maioria dos países ado ta aQenas um ou outro des tas fechadas e bloqueadas, defínídas a seguir.
ses Critério§. No entanto, existem alguns países que c2m Nos países que adotam o voto proporcional, as cha
binam os dois crit.é.rias.. Estes adotam o voto majoritá pas dos partidos são sempre plurinom inais e as for mas
rio em áreas eleitorais de pouca densidade populacio ge votar podem ser as seguintes:
nal e o proporcional nas demais. Outros, usam ambos
os critérios em todas as suas áreas eleitorais, dando ori Lista fechada personalizada: é a forma usada no
gem a um sistema mistoJendo co m º--pioneiro a Ale Brasil e na Finlândia. Os partidos apresentam uma lista
manha. Por esse sistema, o Parlamento tem suas vagas com vários candidatos e o eleitor escolhe um dentre
divididas entre aqueIÂL<l-ue....s.e.t.:ão-GGUf}adas...pct,_'\LQto eles ou vota na sigla d o partido.
majoritário e as que.serão oçlJp.Ê-da.s-.Qelo vOJ.Q pro.Q.Qr .. Lista fechada bloqueada ordenada: esta é a forma
çiQna1. O eleito zora.duaa.zezes.umaapara.compor.a mais comum de voto proporcional. Os partidos formam
r~.r.s:: s..e.ntaçi o..maj.Q. ti.tá,ria ",e,scºlh eQ.gQJ!m~ç 4QQlºª!QJ ,1.e uma chapa e apresentam os candidatos numa ordem.
lo seu QQme,
compor a representa
~,~LoutJ :'Â.YPJ a_para Os eleitores votam na sigla do partido. Definida a quan
çiQ.,p.LQp-'orci
oq~I,.S.i-Ç9JJ}~_~ do o partido de sua m:efe tidade de cadeiras destinadas ao partido, assumirão es
~ncia. A definição do número de vagas de cada parti sas cadeiras os candidatos da listasegundo a o rdem apre
do no Parlamento leva em conta a proporçãode votos sentada.
obtidos índivi-íualmente pelos partidos, mas, como me Listafechada bloqueada ordenável: nesta forma de
tade das vagas são preenchidas pelo voto majoritário, votação, o partido apresenta uma lista de candidatos
a correspor.dêncla entre votos obtidos e cadeiras não e o eleitor ordena os candidatos segundo a sua pref e-
PODER EXECUTIVO 35
34 e PLEBISCITO E AS FORMAS DE GOVERNO
o
A autonomia do chefe de Esta do e se u poder de fa te novo rei é normalmente oriundo da Casa Real pre
to para exercer essas funções básicas, porém, variam, viamente existente, mas, se nessa família não houver
. em parte, pelo tipo de sistema político adotado e, em quem possa assumir a posição de rei, o Parlamento po
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o PODER LEGISLATIVO 55
54 • O PLE BISCITO E A S FORMAS DE GOVERNO
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Capítulo 5
As relações entre os poderes
nos sistemas de governo atuais
deresdeExecutivo
ções cada umae das instituições
Legislati quedescrição
vo. Essa compõemfoiosfeita
po
tomando cada um desses aspectos isoladamente e de
forma estática. Neste capítulo, trataremos das relações
entre esse s poderes e do peso relativo de cada um de
leso Em cada sístema de governo, porém, existem va
riações, que dep endem da história, do contexto cultuo
ral e da dinâmica política de cada país. Por isso, usare
mos exemplos históricos para ilustrar essas diferença s.
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I.As relações entre os poderesno presidencialismo
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cutívas - de chefe de Estado e de governo - consti tem sua srcem no Parlamento . Assim, no parlamenta
tuem um único poder, nas mão s de uma mes ma pes rismo existe Umaassociação estreita entre o Poder Exe
soa, o presidente da república. Cada um desses pode cutivo e o Poder Legislativo. Existe uma unicidade de
res deve funcionar de forma autônoma e independen poder que repousá na existência de uma única expres
te. Prevê, no entanto, a existência demecanísmos de são da vontade popular pelo sufrá gio univer sal: a que
controle mútuo para evitar o predomínio de um poder resulta das eleíçõeslegíslatívas. As eleições legislativas
sobre o outro. "~~iV' ;"" são, portarttÓ ;6'fundame nto da legiti midade do poder
O sistema presidencialista expandíu-se principal dos deputados e do poder do governo, através da con
mente entre os países da América Latína. Nesses países, fiança que recebe dos parlame ntares.
assim como nos Estado s Unidos, em diferentes momen A difusão do sistema parlamentarista pelo mundo
tos de sua história, o equilíbrio entre os poderes Exe e o seu desenvolvimento no Século XX levaram a mu
cutivo e Legislativo, idealizado pelos seus fundadores, danças nas relações que se estabeleceram, no parlamen
não foi alcançado. Ora o peso pendeu para um lado, tarismo clássico, entre os dois órgãos que compõem o
ora para outro. De maneira geral, porém, o presiden Executivo e entre estes e o Parlame nto. Essas diferen
cialismo encontrou no seu país de srcem um maior ças nos permitem falar em três modelos de parlamen
equilíbrio entre os dois poderes. Na América Latina, o tarismo. O modelo clássico ou "puro" teria as caracte
Execu tivo tem preponderado. rístícas descritas acima. Os outros dois modelos são cha
mados dualistas, porque não existe a unicidade entre
as funções de governo e o Parlamento, e o chefe de Es-
2. As relações entre os poderes tado detém poderes próprios e divide com o primeiro
no parlamentarismo ministro o poder governativo. O parlamentarismo dua
lista pode ser dividido em dois tipos, O modelo dua-
lista atenuado, no qual o chefe de Estado, no exercí
o sistema parlamentarista de governo nasceu, na In cio de suas funções de governo, mantém uma relação
glaterra, da luta do Parlamento contra o poder da Co de equilíbrio co m o chefe de Governo. E o modelo dua-
roa, Ao 10['.;- de mais de um século, foram se forman- lista acentuado, onde o chefe de Estado tem uma po
"" do as instituições do governo parlamentar. O monarca
sição preponderan te. Neste último, o chefe de Esta do
perde u o poder de governar e passou a desempenhar tem funç ões de governo que competem com as do
apenas a função de chefe de Estad o. O Parlamento es prímeíro-mínístro.
tabeleceu a sua supremacia co m a criação do gabinete Listamos abaixo as principais características de ca
com funções de governo. Assim, em sua forma "pura" da um desses tipos de parlamentarismo.
ou cláss ica, o pa rlamentarísm ç se caracte riza: pela di
visão do Poder Executivo em duas funçõesseparadas, Modelo "puro" de parlamentarismo
exercidas por pess oas dis tinta s - o chefe d e Esta do e
o chefe de governo. O chefe d e governo - o prim eiro a) o chefe de Estado tem funções basicamente pro
ministro - detém o Poder Ex ecutivo de f ato. Este poder tocolares, isto é, sem nenhuma iniciativa políti-
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ses da federaçã o, mas, nas demais matér ias, a pala vra França: serntprestdenctattsmo
final é da Câmara.
O poder político do presidente da repúblic a é pra O regime hoje vigente na Fran ça foi estabelecido p ela
ticamente nulo e suas funções são prorccoíeres.como Constituição de 1958;sob o governo de Charles de Gaul
as da rainha da Inglaterra. Cabe notar, no entanto, que le. Em 1962, a eleição direta para presidente foi aprovada
o chefe de Estad o no parlamentari smo mantém sem por referendo. Fo i o/esultado de uma experiência his
pre a importante função institucional de Intervir êm si tórica excepcloríàl . Após a Segunda Grande Guerra, no
tuações de crise aguda em qu e o Parlamento, po r qual período chamado de IVRepública, a França experimen
quer razão que seja, se vê impedido de solucionar. tou uma grande instabilidade governamental, com ga
binetes que duraram em média menos de 8 meses. O sis
Portugal: dualismo atenuado
tema instituído com a V Repúbl ica buscava fortalecer o
poder do Executivo, estabelecendo o que os franceses
O parlamentarismo em Portugal também é recen-
chamam de "parlamentarism o racio naliza do".
te. Foi adotado em 1982, após um período de gover O presidente da república é eleito pelo voto direto
nos revolucionários sob a hegemonia dos militares, que e po r maioria absoluta. Tem mandato de 7 anos, com
sucederam o regime autoritário de Salazar após 1974. direito a uma reeleição .
Em Potu.gal, o chefe de Estado é o presidente da O Estado francês é organizado de form a unitária e
repúblicacandidato
nenhum , eleito pelo voto
obtiver direto,
maio em dois
ria absol uta.turnos,
O manda se to o Legislativo é bicameral. A Assembléia naciona l tem
quase 580 deputados, eleitos pelo voto distrital majo
é de 5 anos com direito a reeleição por mais um período. ritário plurinominal, po r maioria absoluta. Os senado
O Estado p ortuguês é unitário e o Legislativo é uni. res têm mandato de 9 anos e são eleitos por um colé
cameral. A Assembléia da repúbli ca é composta de 240 gio eleitoral amplo constituído por autoridades regio
membros, eleito s pelo voto direto. Adota o voto dis nais e municipais eleitas. A Assembléia nacional tem su
trital proporcional e tem um sistema multipartidário. premacia sobre o Senado.
O presidente português tem funções típicas de chefe O que diferencia o parlamentarismo francês é o fa-
de Estado, porém tem também funções governatívas: to de que o presidente tem uma considerável parcel a de
é comandante das Forças Armadas, tem o poder de de poder próprio, sendo visto po r alguns analistas como
clarar estado de sítio ou emergência em todo Oterritó o centro do Poder Executivo. Além das funções típicas
rio nacional etc. Tem a iniciativ a de i ndicar o priiríefro de chefe de Estado, o presi dente francês tem papel alti
ministro, considerando os resultados eleitorais, assim vo na escolha dos ministros e detém amplos poderes go
como de destituí- lo. Partic ipa. também da escolha do vernatívos. Nas importantes reuniões das grandes po
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gabinete. O primeiro-ministro é responsável perante o tências a França é representada por seu presidente.
presidente e o Parlamen to. No entanto, diante de voto Como presidente do Conselho de ministros, o pre
de censura ou desconfiança e rejeição do program a, o sidente da república é responsável pela formulação e
gabinete é obrigado a renunciar. direção da política geral de governo. Através dessa po-
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íarnentarísta,e D. Pedro 1, que mantinha de fato um go vemo, urna vez que lhe cabia "nomear e demitir livre-
verno absoluto. mente os ministros de Estado".
Com a abdicação de D. Pedro 1, foi Instaurado um O Poder Legislativo era exercido através da Assem
governo provisório e em seguida foi criada;'pe1ó Ato bléia Geral, cõrápesta de membros eleitos pelo voto po
Adicio nal de 1834, a regência. Por esse sistema, o re pular para um mandato temporário, e do Senado, com
gente era eleito pelo VOto popular mas nã o podía ?is- posto de membrosnomeados pelo imperador (escolhi
solver a Câmara de Deputados. Nesse pertodó; :f6iâm dos de uma lís'ta tríplice eleita pelo voto popular) para
feitas vár ias modificações na Constituição de 1824 no um man dato vitalício .
sentido de restringir o poder do imperador e ampliar O imperador estava , 'pela Constituição de 1824, in
os poderes do Legislativo federal e das Assembléias Le vestido de ampla supremacia sobre os dema is poderes.
gislativas provin ciais. Foram tamb ém tomadas medidas No que diz respeito ao poder de legislar cabia-lh e: no
,descentralizadoras qu e fort aleciam os governos das mear os sen adores vitalícios; convocar a assembléia ge
províncias. ral extraordínáría, sancionar projetos de lei; prorrogar
A prá tica do sis tem a parl ament ar de governo ou adiar a assembléia geral; dissolver a Câmara de De
iniciou-se apenas no segundo reinado. O parlamenta putados e convocar outra q ue a substituísse. Com rela
rismo que aí se inaugura, no entanto, te m um a natu ção às províncias, aprovava e suspendia temporariamen
reza peculiar. Em primeiro lugar, porque as normas ins te as resoluções dos Conselhos provinciais. Em relação
titucionais que centralizavam o poder nas mãos do che ao Poder Judiciário, podia suspender os magistrados,
fe de Estado, contidas na Constituição de 1824, são res so b certas circunstâncias, perdoar ou moderar penas
tabelecidas co m a coroação de D. Pedro Il, Em segun e conceder anistia.
do lugar, porque a prática política do segundo reina Além do papel do Poder Moderador sobre as deci
do vai mostrar a preponderância do imperador sobre sões dos órgãos legislativos provinciais, a Constituição
os demais poderes. atribuía ainda ao imperador, pelo artigo 165, a prerro
A grande inovação da Constituição de 1824 é a ins gativa de nomear e demitir livremente os presidentes
tituição do Poder Moderado r - a ser exercido pelo im de províncias.
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perador - além dos poderes Executivo, Legislativo e A Constituição de 1824" criava também um Conse
Judiciário. De acordo com o artigo 98, o Poder Mode I lho de Estado composto de conselheiros vitalícios, no I
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rador "é a chave de toda a organização p olíti 9 ~ é g ) . meados pelo imperador, que deveria ser ouvido sem I
legado privativamente ao imperador, como chefe su- pr e qu e o monarcaexercesse qualquer das atribuiçõe s
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premo da nação e seu primeiro repre sentante, para que do Poder Moderador, exceto a nomeação e demissão "
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incessantemente vele sobre a manutenção da in.cicpen de ministros de Estado. $
dência, equil íbri o e harmonia do s demais' poderes Orna medídacentralízadora importante po r causa }'
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políticos" . de sua vinculação co m o processo eleito ral, tomada no
Através do Poder Moderador, o imperador, além de início do segundo reinado, foi a criação de uma rede
ser o chefe de Estado, exercia funções de chefe de go- de polícia, formada de delegados e subdelegados de li-
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o veto militar encontrou forte oposição da socie Além disso, oAto Adicional deixava vários aspec
dade civil como um todo. Por todo o país ocorreram tos da prática parlamentarista para serem regulamenta
demonstrações favoráveis à posse de Goulart. Repre dos por uma legislação complementar. Finalmente, o
sentantes da mais alta hierarquia da Igreja, estudantes, sistema parlà.í:tíe'rltãfista tinha vigência temporária. Amu
associações comerciais e profissionais, síndícatos, in. dança de regime teria de ser submetida a um referen
telectuais, governadores de estado, todos repudiaram do 9 m e s e s a p . t . ~ sdo final do mandato de Goulart, em
publicamente a tentativa de golpe em curso: Rêsulta março de 1 9 6 5 ~ Entretanto, a datafoi antecipada para
dos de opinião pública mostravam que 81 % da popu
janeiro de 1963.
lação era favorável à posse de Goulart, Finalmente, a
No período de 16 meses que durou o parlamenta
tentativa dos ministros militares encontrou também for
rismo foram formados três gabinetes. O primeiro gabi
te oposiçâo nas fileiras das próprias Forças Armadas.
nete, de setembro de 1961 a junho de 1962, teve co
Nesse meio tempo, passa a ser articulada, no Con
gresso, uma solução política à crise. Surge a idéia de mo primeiro-ministro Tancredo Neves. O segundo ga
mudança do regime. Dessa form a, estaria garantido o binete, que durou de julho a setembro de 1962, teve
direito de Jango ao cargo , mas com os seus poderes à frente o ministro Brochado da Rocha. O último gabi
diminuídos. nete teve como primeiro-min istro Herme s Lima.
A Ato Adicional que altera o sistema de governo é Dessa experiência, apenas o primeiro gabinete con
aprovado c0!D apenas 55 votos contrários. Parte do PTB sistiu numa tentativa efetiva de estabelecer um gover
e outros pequenos partidos progre ssistas opuseram-s e no eficaz sob o n ovo sistema. Os outros dois funciona
à medida. Cónslderavarn a mudança de sistem a de go ram sob a liderança do presidente João Goulart e tive
verno um "golpe branco". Defensores tradicionais do ram como prioridade o restabelecimento do
parlamentarismo, tal como Raul Pílla, o autor da emenda presidencialismo.
propondo o parlamentarismo multo antes apresentada Tancredo Neves contava com um sólido apoio de
ao Congresso, também se opuseram, com o argumen seu partido, o PSD, bem como de outros partidos no
to de que a decisão de mudar o regime estava sendo Congresso. Sua nomeação teve o voto contrári o de ape
tomada sob pressão. nas 22 parlamentares.
O resultado desse processo foi o estabelecimento O primeiro-ministro e o presidente tentaram formar
de um regime parlamentarista "híbrido", que tinha po r um governo de "unidade nacional". Os ministérios fo
objetivo acomodar os interesses dos principais grupos ram divididos entre os diversos partidos, inclusive a
envolvidos no compromisso. Por exemplo, devido à UDN, que havia apoiado]ânio Quadros. O plano de go
imposição dos ministros militares, o Ato Adicional au verno centrava-se em objetivos "consensuais" e foi
meneava as circunstâncias emBue o Congresso podia aprovado por ampla maioria no Congresso.
pedir o impeacbment do presidente, acrescentando o Dois fatores, no enta nto, impediram uma ação go
"risco à seguranç a nacional". Por outr o lado, garantia vernamental eficaz. Em primeiro lugar, problemas de
o mandato dos parlamentares, proibindo o Executivo correntes da própria legislação que instituiu o regime,
de dissolver o Congresso e promover novas eleições. principalmente no que diz respeito às relações entre o
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presidente e o primeiro-ministro. Ambos detinham po opinião realizada na época mostrava qu e 72 % da po
deres executivos , sendo que o presidente mantinha im pulação er a favorável ao retorno imediato do preside n
portantes funções, como, por exemplo, nomear todos cíalísrno. A segunda preocupação desses partidos era
os ministro s do Conselho de ministros; dispor dos car o controle da distribuição de cargos públicos.
gos públicos federais; vetar projetos, d e lei (o qu e po Em junho de 1962, o gabinete Tancredo Neves
deria ser anulado por 3/5 dos votos de ambas as casas demitiu-se como objetivo de disputar as eieíções par
do Congresso). lamentares; Isso porque o Congresso manteve a exigên
A nomeação e distribuição de cargos públicos vai cia, típica de regimes presidencialistas, de que os ocu
ser o centro da disputa partidária e um dos motivos da pantes do gabinete não podem permanecer em seus car
queda desse gabinete. Tanto o PSD quanto a UDN se gos durante O ' . p ~ r í o d o em que vão disputar as eleições
queix avam do controle exercido po r Goulart sobre o para renovar os seus mandatos parlamentares.
processo de nomeação, em'favor de seu partido, o PTB, . Na crise qu e se segue em' (orno da formação do no
e da submissão de Tancredo Neves aos interesses do vo gabinete, Goulart impõe um gabinete chefiado por
presidente; uma figura política' pouco conh ecida - Broc hado da
Em segundo lugar, formou-se, desde o início, uma Rocha - e ínieíramenre subordinada à sua liderança.
forte coalizão antiparlamentarista que adotou uma es O novo gabinete teve como priorida de a antecip ação
tratégia deliberada de desestabílízar o sistema, impedin do plebíscíto. O Congresso resistiu exígíndo a aprova-
do a sua instítucíonalização e a formação de gabinetes ção de uma emenda constítucíonal, a forma apropria
viáveis, Essa frente passou a atuar principalmente no da de alteração do Ato Adicional. Em meio à nova Cri-
sentido de restaurar o sistema presidencialista. se política, em 'que os militares se manifestaram favo
Para isso, Goulart contava co m o apoio de grupos ravelmente à antecipação, o Congresso decide, através
de esquerda e nacionalistas, que viam no retorno ao pre de lei complementar, antecipar o plebiscito para 6 de
sidencialismo maiores chances de ver aprovado o seu janeiro.
programa de reformas. No entanto, se engajaram tam "'j
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