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PAULO
São Paulo
2015
RODRIGO SOARES DA RESSURREIÇÃO
Orientador:
Prof. Dr. José Carlos Gasparim
São Paulo
2015
RODRIGO SOARES DA RESSURREIÇÃO
São Paulo
2015
RESSURREIÇÃO, Rodrigo S.
Agradeço a meu orientador Prof. Dr. José Carlos Gasparim, orientador deste
trabalho, pela orientação e apoio para o desenvolvimento do mesmo.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7
1.1. Justificativa .......................................................................................................... 9
1.2. Objetivo Geral ...................................................................................................... 9
1.3. Objetivos Específicos .......................................................................................... 9
1.4. Metodologia de Pesquisa .................................................................................. 10
2 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 11
2.1. Durabilidade e Vida Útil do Concreto Armado ................................................. 14
2.2. Causas das Manifestações Patológicas em Concreto Armado ...................... 16
2.3. Inspeção e Diagnóstico dos Elementos de Concreto Armado ........................ 17
2.4. Principais Manifestações Patológicas em Concreto Armado .......................... 20
2.4.1 Corrosão de armaduras ............................................................................... 20
2.4.2 Fissuração.................................................................................................... 23
2.4.3 Eflorescências .............................................................................................. 27
2.4.4 Destacamento de concreto .......................................................................... 27
2.5. Preparação das Superfícies de Concreto ........................................................ 27
2.6. Corte e Remoção do Concreto ......................................................................... 28
2.7. Recuperação dos Elementos de Concreto....................................................... 29
2.8 Prevenção das Manifestações Patológicas ........................................................ 32
3 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 36
3.1 Caracterização do Objeto de Estudo ............................................................... 36
3.2 Precedentes para a ocorrência das manifestações patológicas..................... 43
3.3 Manifestações patológicas observadas ........................................................... 44
4 RESULTADOS ................................................................................................... 46
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51
7
1 INTRODUÇÃO
Segundo Bastos (2006) para um material ser considerado ideal para construções
deve apresentar ao mesmo tempo qualidades de resistência e durabilidade. A pedra,
material utilizado nas construções mais antigas por ser mais fácil de ser encontrado
na natureza, apresenta resistência aos esforços de compressão e possui grande
durabilidade, porém tem baixa resistência à tração. Já o ferro e o aço possuem
resistência elevada, tanto aos esforços de tração quanto aos de compressão,
entretanto a durabilidade é limitada em consequência da corrosão que podem sofrer.
Com o decorrer do tempo, os materiais que compõem este sistema construtivo foram
evoluindo. O concreto que, nos anos 40, tinha resistência de 12 MPa, já é
encontrado no mercado atual alcançando a marca de 125 MPa. Essa melhoria na
qualidade dos materiais teve que ser acompanhada da revisão dos critérios nas
normas regulamentadoras. Um dos exemplos disso está na quantidade de cimento
utilizado (REVISTA TECNHE, 2008).
A última norma para projeto estrutural foi revisada em 2014, a partir da revisão da
existente desde 1978, a NBR-6118/2014: “Projeto de Estruturas de concreto –
Procedimento” (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2014). Esta norma que
regulamenta os projetos de estruturas de concreto armado foi idealizada com a
preocupação principal de garantir a mais apropriada resistência mecânica e
durabilidade para as peças estruturais.
1.1. Justificativa
A outra questão, previamente abordada, está fixada na premissa das patologias das
construções. As manifestações patológicas, causadas tanto pelo projeto mal
concebido ou mal executado, também exigem a adoção das técnicas de
recuperação adequadas.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para Souza e Ripper (1998) a deterioração estrutural pode estar tanto atrelada ao
envelhecimento natural da edificação como também atrelada às negligências
construtivas. Percebe-se que, mesmo as normas sendo revisadas, muitas vezes são
desconsideradas, principalmente em construções de pequeno porte e caráter
informal.
Para Pelli (1989), o uso tão amplo, diverso e por vezes indiscriminado do concreto
armado em nossas cidades parece resultar daquilo que se denomina “tecnologia
formal adaptada”, isto é, uma tecnologia que importa materiais, procedimentos,
normas e tipologias dos países centrais, porém aplica-os de modo apenas parcial e
incompleto.
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Essa incoerência com as normas pode estar associada tanto pela adoção de mão de
obra pouco qualificada ou até mesmo aos prazos cada vez mais curtos, o que
acarreta em um descuido maior na execução da edificação.
Mesmo que esse ramo da Engenharia esteja em perceptível expansão, ainda não
existe regularidade no que tange o desempenho destas peças, somente as
conclusões experimentadas de cada construção.
Para Reis (1998), o tratamento dos problemas patológicos das edificações deve ser
realizado através dos seguintes procedimentos:
Brandão (1998), aponta que a vida útil de uma construção como um todo depende
igualmente do desempenho dos elementos estruturais de concreto armado e dos
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ações biológicas.
O aço do concreto armado é envolvido por uma camada protetora, uma zona
passiva a qual possui baixa condutividade iônica, baixa solubilidade e grande
aderência. Entretanto, com a despassivação dessa camada protetora e diminuição
do pH, inicia-se o processo de corrosão das armaduras (AMORIM, 2010).
Sendo um mecanismo que atua da superfície para o interior das peças, terá
velocidade aumentada conforme a existência de fissuras excessivas da peça de
concreto (CARMO, 2009).
O outro processo de corrosão, o de ataques por íons de cloreto (Cl -), ocorrem devido
a alta concentração destes nos elementos de concreto. A alta concentração destes
íons pode ser proveniente dos componentes do concreto (aditivos, águas e
agregados) ou ser proveniente de transporte do meio externo (FORTES; ANDRADE,
2001).
Para Cascudo (1997) os íons de cloreto podem ser transportados aos poros do
concreto pelos mecanismos de absorção capilar, difusão, permeabilidade e
migração.
2.4.2 Fissuração
Deslocamento a Deslocamento
Tipo de efeito Razão da limitação Exemplo
considerar limite
Deslocamento visíveis em
Visual Total L/250
Aceitabilidade elementos estruturais
sensorial Devido a cargas
Outro Vibrações sentidas no piso L/350
acidentais
Superfícies que devem drenar
Coberturas e varandas Total L/250
água
Total L/350 + contraflecha
Efeitos estruturais em Pavimentos que devem Ginásios e pistas de
permanecer planos boliche Ocorridos após a
serviço L/600
construção do piso
Ocorridos após o De acordo com o
Elementos que suportam
Laboratórios nivelamento do fabricante do
equipamentos sensíveis
equipamento equipamento
Alvenaria, caixilhos e Após a construção da L/500 ou 10mm ou
revestimentos parede L=0,0017rad
Divisórias leves e caixilhos Ocorrido após a
L/250 ou 25mm
telescópicos instalação da divisória
Paredes Provocado pela ação do
Movimento lateral de H/1700 ou Hi=850
vento para combinação
edifícios entre pavimentos
frequente
Movimentos térmicos Provocado por diferença
L/400 ou 15mm
verticais de temperatura
Movimentos térmicos Provocado por diferença
Hi/500
horizontais de temperatura
Ocorrido após construção
Forros Revestimentos colados L/350
do forro
Revestimentos pendurados Deslocamento ocorrido
L/175
ou com juntas após construção do forro
Deslocamentos
Ponte rolante Desalinhamento de trilhos provocados pelas ações H/400
decorrentes de frenação
Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento considerado, seus
Efeitos em elementos Afastamento em relações às
efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da estrutura devem ser
estruturais hipóteses de cálculo adotadas
considerados, incorporando-as ao modelo estrutural adotado
Legenda:
L: vão livre entre apoios
H: altura total do edifício
Hi: desnível entre dois pavimentos vizinhos
2.4.3 Eflorescências
Para Reis (2001), os métodos de preparo das superfícies a serem tratadas deverão
estar em coerência com o quadro de patologia que a peça apresenta, ressaltando
questões como a facilidade de aplicação do tratamento e conservação da
capacidade de resistência da peça.
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Lapa (2008) aponta três métodos básicos para o processo de preparação das
superfícies:
Comumente opta-se por separar este item da preparação da peça, pois o corte do
concreto não está associado à apenas um tratamento superficial, mas sim uma
remoção profunda de concreto degradado (SOUZA; RIPPER, 1998). Estima-se que
a profundidade desse corte ultrapasse em dois centímetros a posição das
armaduras danificadas.
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Concreto: para utilizar esta técnica, Reis (2001) recomenda que devem ser
consideradas as diferenças de retração para a dosagem do concreto novo.
São utilizados concretos com agregados pré-colocados, concretos
convencionais, concretos com aditivos plastificantes e concretos projetados.
Reis (2001) indica para recuperação entre peças estruturais já existentes a utilização
de adesivos e “primers”, servindo como ponte de aderência entre os substratos além
de servir como proteção para os elementos estruturais.
Para Lapa (2008), o correto tratamento das trincas e fissuras depende, previamente,
da classificação destas em trincas ativas ou passivas e do conhecimento de suas
origens.
Polito (2006) indica para a recuperação do concreto atacado por íons de cloreto o
processo de extração dos mesmos. Por meio de um eletrodo externo os íons
negativos de Cl são retirados, à medida que íons de cátions são transportados para
as armaduras, e hidroxilas são produzidas na superfície da mesma pela reação
catódica.
Para a remoção das áreas impregnadas por este tipo de manifestação patológica,
basta somente um processo de simples lavagem da peça, o que já dissolve os sais
depositados.
Já fissuração ocasionada pela atuação das cargas e pelo deslocamento natural das
peças de concreto deverá ser prevista em projeto e seus limites não poderão
ultrapassar os valores estabelecidos pela NBR 6118 – Projeto de Estruturas de
Concreto – procedimento (ABNT, 2014).
Para se evitar a corrosão proveniente dos ataques de íons cloreto pode-se tanto
impedir o transporte do meio externo como respeitar os limites de cloreto dos
materiais constituintes. A NBR 7211 Agregados para Concreto – Especificação
(ABNT, 2009) prescreve teores limites de cloretos em agregados para concreto
armado menores que 0,1% da massa do agregado.
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Para evitar a ocorrência pode-se controlar o contato com umidade, o que é um fator
desencadeador para a ocorrência de eflorescência.
Também nota-se que a utilização de cimentos Portland com baixo teor de álcalis é
eficaz para prevenção desta manifestação (SANTOS, 2008).
3 ESTUDO DE CASO
Nesta seção será descrito o estudo de caso deste trabalho, com sua caracterização
física, o apontamento dos precedentes para ocorrência das manifestações
patológicas e a indicação das mesmas.
A trama da cobertura é composta por três faixas longitudinais, com 22m de largura
entre cada viga invertida, com 20 módulos transversais de 5,5m de largura entre
cada viga invertida (OLIVEIRA, 2007).
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Figura 15 - Esquema das distribuição das cargas da cobertura - Edifício Vilanova Artigas
Abaixo podemos observar o detalhe das vigas inclinadas e dos domos de iluminação
existentes:
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Por meio dos relatórios técnicos consultados notou-se que um dos principais fatores
contribuintes para a ocorrência de manifestações patológicas do concreto armado da
cobertura fora a não previsão dos deslocamentos na fase do projeto estrutural. A
execução das vigas de cobertura foi realizada sem a adoção de contra-flechas,
sendo que com o decorrer do tempo, os deslocamentos naturais da estrutura
influenciaram na declividade de escoamento das águas pluviais.
Eflorescência:
4 RESULTADOS
Eflorescências:
Destacamento:
Esta manifestação fora observada nas vigas invertidas da cobertura e para sua
recuperação é indicada a aplicação de argamassa ou concreto fluido. Salienta-se
que estas regiões deverão ser previamente preparadas antes de passarem pelo
processo de recuperação. Esta preparação poderá ser realizada através do
apicoamento ou de jateamento, isto sendo definido pela gravidade em que a
manifestação patológica se encontra.
Fissuração
Esta manifestação fora observada nas vigas de seção “V”, nas vigas invertidas e na
laje de cobertura devido aos erros de projeto, tais como a não consideração do
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efeito das flechas e o cobrimento das vigas inferior ao necessário. Para solucionar
estes problemas indica-se a selagem das fissuras com aplicação de resina
epoxídica.
Para prevenir a ocorrência acima dos limites estabelecidos pela NBR 6118, é
necessário agir em duas frentes:
- aliviar as cargas aplicadas na cobertura, o que irá diminuir a fissuração nas vigas e
laje da cobertura.
Corrosão:
Esta manifestação patológica ocorre nas armaduras das vigas invertidas, localizadas
na cobertura do edifício, sendo consequência da carbonatação destes mesmos
elementos estruturais. Para recuperação sugere-se a aplicação de argamassas com
inibidores para recomposição das porções afetadas. Sugere-se também a
preparação destes antes do serviço de recuperação, pelos processos de
apicoamente e/ou jateamento.
Métodos de prevenção de
Manifestação observada Região afetada Opções de recuperação
ressurgimento
Solucionar a impermeabilização
da laje de cobertura, evitar o
Vigas de concreto armado, acúmulo de água sobre a
seção "V", 45cm de altura - Lavagem da superfíce afetada mesma.
Eflorescência
localizadas nos módulos da pelo depósito dos sais
cobertura, entre vigas principais Implantar soluções de baixa
sobrecarga, evitando assim as
flechas excessivas da estrutura.
Situação observada:
5 CONCLUSÃO
Por meio dos resultados obtidos ficou evidente o impacto que a fase de projeto
exerce na durabilidade das estruturas de concreto armado. Observa-se que, no
período de execução do edifício de estudo de caso, não houve preucupação com
itens essenciais para o projeto estrutural, tais como a verificação de deslocamentos,
o que se revelou de grande importância para o desenvolvimento de manifestações
patológicas.
A análise dos dados coletados mostra que grande parte das manifestações
patológicas estão interligadas, sendo que uma acarreta no surgimento e/ou
agravamento da outra, o que indica que os serviços de recuperação dos elementos
de concreto armado devem ser realizados de um modo global, pois intervenções
pontuais podem não solucionar os problemas encontrados. No objeto do estudo de
caso, por exemplo, nota-se que enquanto o problema de impermeabilização não
possuir uma solução adequada e mais leve, o ciclo de manifestações patológicas
não cessará.
REFERÊNCIAS
SINÔNIMO de construção. Revista Téchne, São Paulo, SP, n. 137, p 42-44, agosto
2008.