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Proc 41101/2007

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL


SEGUNDA PROCURADORIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


CONTAS DO DISTRITO FEDERAL

Representação n.º 018/2016 – CF

O Ministério Público de Contas do Distrito Federal – MPC/DF, no desempenho


de sua missão institucional de defender a ordem jurídica, o regime democrático, a guarda da
Lei e de fiscalizar sua execução, no âmbito das contas do Distrito Federal, fundamentado no
texto do artigo 85 da Lei Orgânica do Distrito Federal – LODF; dos artigos 1º, inciso XIV e §
3º, e 76 da Lei Complementar n.º 1/1994 – LOTCDF; e do artigo 99, inciso I, da Resolução
n.º 38/1990 – RITCDF, vem oferecer a seguinte

REPRESENTAÇÃO

Chegou ao MPCDF relatório da CPI da Saúde a respeito do Contrato de Gestão firmado com
o ICIPE, conforme Ofício 57/16-CPI da Saúde, datado de 24/08/16.
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De registrar que não é de hoje que o MPC/DF chama a atenção, primeiro, para
a irregular celebração de convênio com a Abrace; segundo, para a irregular qualificação do
ICIPE e terceiro, para a não menos irregular celebração de contrato de gestão com a OS em
referência.

Agora, a CPI da Saúde apresenta conclusões que corroboram tudo quanto fora
defendido pelo MPC/DF, há quase uma década, ou seja, desde o início da transação, por meio
da irregular dispensa de licitação, para a concessão de direito real de uso, e celebração de
convênio, até chegar aos dias de hoje, com 02 contratos de gestão celebrados e a incrível cifra
de mais de R$ 200 milhões de reais repassados:

“O Contrato de Gestão (CG) no 01/2011 e a sua renovação, CG no 01/2014, são


nulos ‘ab initio’, pois a contratação da ICIPE (...) não poderia ter ocorrido pelo fato
de que o ICIPE não preenchia os requisitos formais estabelecidos nos Chamamentos
Públicos. De mais a mais, o Parecer Vinculativo da Procuradoria Geral do DF
informou da impossibilidade do Governador Agnelo Queiroz contratar referida
organização social”.

Como se não bastassem tais fatos, a CPI presta relevante função ao trazer à
tona os bastidores que envolvem o ICIPE, ABRACE, HCB e SES/DF.

Vejamos:

- “os dirigentes da referida OS guardam uma íntima relação com os integrantes


da Abrace, mantendo ainda uma relação ‘promíscua’ com os dirigentes do HCB,
(...) a confusão é tão grande em diferenciar a ICIPE do HCB, que nem mesmo as
pessoas que compõem o gabinete da Secretaria de Saúde souberam diferenciar,
chegando a afirmar que o ICIPE e HCB seriam uma coisa só. De mais a mais, as
coincidências não param por aí, na medida em que há pessoas que integram a
ICIPE e ABRACE a um só tempo, havendo também pessoas que integram
concomitantemente o ICIPE e o HCB. Outro detalhe que merece atenção é que a
maioria dos integrantes do ICIPE, HCB e ABRACE possuem várias empresas
com ‘animus lucrandi’ registradas em seu nome. São pessoas que se dedicam
muito a ‘filantropia’, mas não se esquecem de lucrar em suas empresas, havendo,
‘permissa venia’, uma incompatibilidade lógica e insuperável entre uma atividade
e outra, sendo certo afirmar que algumas dessas pessoas possuem mais de
dezenas de empresas, sendo que em sua maioria ‘prestam’ serviços e consultorias
nas áreas de saúde’;

- “Em análise mais aprofundada na ABRACE, ICIPE e HCB, verificamos que o


seu corpo de sócios diretores e presidente possuem vínculos, tais como familiar,
empresarial, serviço público direto e criminal. A existência de tais vínculos, para
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lá de suspeitos, indica a real possibilidade da ocorrência de crimes contra a


Administração Pública, não sendo fantasiosa a cogitação do cometimento de
crimes de lavagem de dinheiro”

- “além da atuação direta de RENILSON REHEM DE SOUZA junto à IBROSS,


HCB e CIPE, ocupando cargos estratégicos nos dois primeiro, deixam antever
algo muito estranho envolvendo as pessoas que dirigem essas unidades
econômicas (...) RENILSON REHEM DE SOUZA foi nomeado (...) para atuar na
realização de estudos e projetos, com vistas à descentralização da gestão de
saúde (...). Também consta como membro suplente do Conselho de Saúde do DF,
que dentre outras atribuições opinam sobre a possibilidade de organizações
sociais gerirem a saúde do DF por meio de contratos de gestão”;

- “Na estrutura principal do ICIPE/ABRACE, encontramos NEWTON CARLOS


DE ALARCÃO, profissional (...) com relação societária com a Abrace e ICIPE.
Indivíduo com influências políticas dentro e fora do GDF, cujo interesse de
implementar as Organizações sociais na gestão de saúde se harmoniza com a de
seu parceiro no HCB, qual seja: RENILSON REHEN DE SOUZA. (...) valendo
mencionar as pessoas de JAIME ALARCÃO e WALDIR CARLOS ALARCÃO,
familiares de NEWTON. JAIME ALARCÃO (...) foi preso no ano de 2011 (...)”;

- “NEWTON ALARCÃO (...) CARLOS ALBERTO DE BARROS DE CASTRO. Os


dois têm em comum outro sócio já conhecido do meio político e criminal, HÉLIO
DOS SANTOS OLIVEIRA. Juntos formaram o conglomerado de empresas
denominado POLITEC/INDRA, gigante do ramo de informática e tecnologia de
informação, com diversos contratos com empresas públicas em vários Estados
(...) mais especificamente a Secretaria de Saúde”;

- “RENILSON ocupava a cadeira de Secretário de Assistência à Saúde, sendo


que, em articulação com o lobista ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, a
Secretária Adjunta da ANVISA, DÉBORA CRISTINA ALVES, além do empresário
NELSON SEQUEIROS RODRIGUES TANURE, tentaram extorquir a empresa
NOVARTIS, gigante na comercialização de medicamentos no combate ao câncer,
qual, caso concluído o contrato, iria fornecer o medicamento GLIMEC à União”
(...) Não passa despercebido que os vínculos políticos acima citados, permitiram
a NELSON TANURE uma maior proximidade com a política federal, tornando-se
hoje dono da CBM – Companhia Brasileira de Mídia, com contas bancárias em
paraísos fiscais (...). Alexandre Paes dos Santos FOI PRESO EM DATA
RECENTE NA OPERAÇÃO DA Polícia Federal, denominada ZELOTES. Quanto
à Sra. DÉBORA CRISTINA, continuou atuando na ANVISA e, de forma suspeita,
tornou-se sócia de duas empresas com sede em São Paulo de nome
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BIOFÓRMULA, tendo como atividade principal a venda e manipulação de


medicamentos e IDM, produção de diagnósticos”;

- “RENILSON REHEN e ALEXANDRE PAES DOS SANTOS atuavam nos


bastidores do executivo e legislativo (...) no Senado Federal (...), tanto que a
esposa de ALEXANDRE, SRA. MAURA LÚCIA MONTELLA DE CARVALHO,
ocupava o cargo de confiança naquela casa legislativa com vínculo político junto
ao PDT e proximidade com o Senador Cristóvam Buarque”;

- “POLITEC, INDRA, EPRESAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO,


INFORMÁTICA, IMPORTAÇÃO E BITECNOLOGIA, FARMÁCIA, GESTÃO E
CONSULTORIA EM SAÚDE, MÍDIA, (...) a maioria de seus sócios guarda fina
sintonia com os mesmos dirigentes da ABRACE, do ICIPE e do HCB. Não restam
dúvidas de que essa fina sintonia pode estar acompanhada de contratos
celebrados com o Estado, para lá de suspeitos, que em última instância, geram
toda sorte de dilapidação do patrimônio público”;

- “RENILSON (...) Atualmente ocupa o cargo de Superintendente Executivo do


HCB, além de ser Presidente da IBROSS e dono de outras empresas com ‘animus
lucrandi’ (...) A qualidade de mentor intelectual é reforçada pelo fato de que a
sua empresa IBROSS e a Organização Social ICIPE funcionam no mesmo local
(...). Dessa forma, RENILSON REHEM utiliza em conjunto a referida sala com o
seu amigo e parceiro NEWTON CARLOS DE ALARCÃO. A utilização conjunta
da sala não seria estranha, não fosse o fato de que RENILSON REHEM DE
SOUZA, de um lado defende o interesse de dezenove OSs, sendo que de outro
lado, NEWTON CARLOS DE ALARCÃO, Presidente da ICIPE, recebe uma
enormidade de recursos públicos, advindos da União e do GDF, sem contar nos
repasses financeiros advindos da associação ABRACE (...). Não seria estranho
afirmarmos que ABRACE, ICIPE E HCB, embora pessoas totalmente distintas,
fossem tratadas como uma única pessoa, dada a evidente confusão patrimonial
entre elas, além de possíveis relações comerciais escusas com empresas
pertencentes às pessoas vinculadas a tais pessoas jurídicas. (...) RENILSSON (...),
além de compor o grupo de trabalho nomeado pela Portaria 204 (...) é membro
suplente que atua no Conselho de Saúde do DF. Vale notar que a mencionada
portaria, também nomeou para compor o grupo de trabalho as seguintes pessoas:
EDUARDO LUIZ CONCEIÇÃO BERMUDEZ, SADY CARNOT FALCÃO FILHO
E LUIZ ARNALDO PEREIRA DA CUNHA JÚNIOR, pessoas estas que não são
servidoras e não poderia integrar referido grupo. No referido documento, fica
bem claro a parcialidade do GDF no sentido de influenciar o Conselho de Saúde
do DF, na implementação das OSs no âmbito da saúde, apesar da resistência do
Conselho de Saúde do DF no ingresso das famigeradas organizações sociais na
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área da saúde. [EDUARDO BERMUDEZ trata-se do atual Secretário de Saúde


do Estado do Mato Grosso, indicação do PDT, enquanto SADY CARNOT foi
recentemente denunciado (...) como sendo um dos operadores do esquema
criminoso”;

- “DEA MARA TARBES DE CARVALHO (...) a pessoa que participou da Ata de


Assembleia Geral de Constituição do ICIPE (...) teve participação ímpar nos
grupos de trabalho criados para assistir o Planejamento Estratégico da SES/DF.
(...) encaminhou ofício (...), solicitando a liberação de verbas par ao ICIPE. (...)
passou à condição de Diretora do ICIPE, (...) sendo que naquela época, DEA
MARA ainda não estava desligada da Secretaria de Saúde, na medida em que sua
aposentadoria somente ocorreu no mês de agosto de 2013. (...) não há dúvidas de
que a médica DEA MARA TARBE SDE CARVALHO praticou no mínimo o crime
de advocacia administrativa, atuando em favor do ICIPE, quando ainda estava
lotada como Subsecretária (...”).

Os fatos são gravíssimos e ensejam a imediata intervenção da Corte, sendo


certo que as denúncias ora apresentadas não se confundem com os processos que já
tramitaram nessa Corte, a exemplo dos seguintes:

 Processo 41101/07, no bojo do qual consta a Representação 34/07 do MPC/DF,


questionando o Convênio efetuado, com a destinação do terreno à Abrace e a recusa
de pleito semelhante a outra Associação. Na sequência, manifestou-se o Parquet mais
uma vez pela nulidade do Convênio celebrado (Parecer 167/14-CF e 344/2015-CF).
Os autos foram arquivados;

 Processo 24156/11, autuado a partir da Representação 16/11, por meio da qual,


igualmente, o MPC/DF mais uma vez pôs-see contra a qualificação do ICIPE, da
forma como ocorreu (matéria igualmente tratada nos autos 19145/11, apensado
àquele). De salientar que o MPC/DF houvera requerido, desde o início, providência
cautelar, para suspensão dos repasses, parcialmente deferida nos termos da Decisão
4728/11, mas, na verdade, descumprida, como dá conta o Ofício 223/11-CF,
demonstrando com fotos a completa desocupação do Hospital de Apoio, cujos
serviços foram transferidos para o Hospital da Criança. Em seguida, o TJDFT
suspendeu a decisão do TCDF, no MS 2011.00.2.019360-6, o que contou com parecer
contrário do MPDFT, por entender que nenhuma ilegalidade praticara a Corte que, em
nome do poder geral de cautela, houve por bem proferir a sua decisão, dotada de
autoexecutoriedade. O MPC/DF manifestou-se outras vezes. Por meio do Parecer
1603/11 demonstrou que antes da celebração do ajuste tentou, desde 2007, questionar
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a legalidade de toda a transação. Nesse contexto, sem decisão, construía-se o hospital.


Pronto e acabado, desde 2009, não foi posto em financiamento, sendo certo que as
cláusulas do convênio não obrigariam o DF a cumpri-lo, porque manifestamente
ilegais. No mesmo sentido, é o voto do Conselheiro Renato Rainha, lamentavelmente
vencido, que, em Pedido de Vista, votara no sentido de julgar ilegal a qualificação do
ICIPE como Organização Social, bem como ilegal o Contrato de Gestão 01/11. O
MPC/DF insistiu, ofertando recurso e o Parecer 1361/13-DA, e contando com a
aquiescência dos técnicos da Corte, por meio da Informação 227/13, mas, sem êxito,
Decisão 2114/14, até os autos serem arquivados, Decisão 259/15;

 Processo 12269/12, prestação de contas de 2011;

 Processo 23354/13, prestação de contas de 2012;

 Processo 5934/14, prestação de contas de 2013;

 Processo 33863/2015, prestação de contas de 2014;

 Processo 36502/2013, análise do contrato de gestão celebrado em 2014.

Nessa toada, importante mencionar os dispositivos da Lei 4081/08, que dispõe


sobre as OS no DF, e que respaldam a atuação do TCDF, a saber:

Art. 9º Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de


gestão, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na
utilização de recursos ou bens de origem pública por organização social, dela darão
ciência ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, sob pena de responsabilidade
solidária.

Art. 11. Qualquer cidadão, partido político, associação ou entidade sindical


é parte legítima para denunciar irregularidades cometidas pelas organizações
sociais ao Tribunal de Contas ou à Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Posto isso, o MPC/DF representa à Corte, para que determine a imediata


autuação da documentação em anexo, não sem antes dar ciência a todos os relatores dos feitos
que analisam as prestações de contas do ICIPE, bem assim, para o processo que discute a
regularidade do Contrato de Gestão em vigor e todos os processos que, porventura, existam
envolvendo referidas entidades, para ciência e adoção das providências que entenderem
cabíveis.
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Ao ensejo, o MPC/DF requer, em cautelar, porque presentes os pressupostos


da fumaça do bom Direito (representado pelo vasto acervo probatório carreado pela CPI), e do
perigo da demora (que se renova, potencialmente, a cada reunião do Conselho), que a Corte
determine ao CSDF que impeça ao Senhor RENILSON REHEM DE SOUZA de exercer as
funções de Conselheiro, até que se encerrem as apurações devidas, nos termos do artigo 14 da
Lei 4604/11.

De ressaltar que, o CSDF conta como 7º Titular o ICDF, contratado do GDF, e


ocupante de vaga atinente a Hospital Privado (artigo 2º, III, a da Lei 4604/11). Nada obstante,
não se trata de hospital sem vínculo ou com vínculo eventual com o SUS, mas diretamente
destinatário de vultosos repasses públicos. Nesse contexto, é sabido que o CSDF pode
deliberar, dentre outros, sobre tema de interesse direto do ICDF (vide artigo 6º, incisos III, IV
e V, por exemplo), razão pela qual o MPC/DF entende que a Corte deve autorizar a realização
de inspeção, para verificar, se, dentre tais deliberações, o ICDF manifestou-se, no CSDF,
específica e diretamente a respeito de interesse predominantemente próprio.

Por fim, o MPC/DF requer que a Corte determine ao GDF que anule a Portaria
204/15, ou forneça expressa motivação, em 05 (cinco) dias, em razão da atribuição de função
pública a pessoas estranhas ao quadro de servidores do GDF, segundo o SIGRE e o site
www.transparencia.df.gov.br.

O MPC/DF, requer, ainda, que o TCDF determine à Controladoria do DF que


destaque, imediatamente, o processo de aposentadoria da servidora Déa Mara Tarbes de
Carvalho (nº 060.005.578/2013, SICOP andamento CGDF/ARQUIVO), para que sejam
analisadas as denúncias ora efetuadas e seus efeitos, em face do que dispõem os artigos 195,
IV c/c 203, parágrafo único da LC 840/11.

Brasília, 26 de agosto de 2016.

CLAUDIA FERNANDA DE OLIVEIRA PEREIRA


Procuradora

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