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Diego Pereira de Faria Vieira

Maicon Cabral dos Santos


Rafael Cabral Nunes da Silva

ANTIBIOTICOTERAPIA NA EXTRAÇÃO DE TERCEIRO MOLAR

Pindamonhangaba – SP
2016
Diego Pereira de Faria Vieira
Maicon Cabral dos Santos
Rafael Cabral Nunes da Silva

ANTIBIOTICOTERAPIA NA EXTRAÇÃO DE TERCEIRO MOLAR

Monografia apresentada como parte dos requisitos


para obtenção do diploma de Bacharel em
Odontologia pelo Curso de Odontologia da
Faculdade de Pindamonhangaba.

Orientadora: Profa. Dra. Susana Ungaro Amadei


Coorientadora: Profa. MSc. Karina Silva Nunes

Pindamonhangaba – SP
2016
Vieira, Diego Pereira de Faria; Santos, Maicon Cabral dos; Silva, Rafael
Cabral Nunes da.
Antibioticoterapia na extração de terceiro molar.
/ Diego Pereira de Faria Vieira; Maicon Cabral dos Santos; Rafael
Cabral Nunes da Silva / Pindamonhangaba-SP: FUNVIC Fundação
Universitária Vida Cristã, 2016.
41f.
Monografia (Graduação em Odontologia) FUNVIC-SP.
Orientador: Orientadora: Profa. Dra. Susana Ungaro Amadei
Coorientadora: Profa. MSc. Karina Silva Nunes

1 Exodontia. 2 Antibioticoterapia. 3 Bacteremia. 4 Penicilina.


I Antibioticoterapia na extração de terceiro molar.
II Diego Pereira de Faria Vieira; Maicon Cabral dos Santos; Rafael Cabral
Nunes da Silva.
DIEGO PEREIRA DE FARIA VIEIRA
MAICON CABRAL DOS SANTOS
RAFAEL CABRAL NUNES DA SILVA
ANTIBIOTICOTERAPIA NA EXTRAÇÃO DE TERCEIRO MOLAR

Monografia apresentada como parte dos requisitos


para obtenção do diploma de Bacharel em
Odontologia pelo Curso de Odontologia da
Faculdade de Pindamonhangaba.

Data: _________________
Resultado: _____________

BANCA EXAMINADORA

Prof._______________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba


Assinatura___________________________________

Prof._______________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba


Assinatura___________________________________

Prof._______________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba


Assinatura___________________________________
Agradeço a Deus, a Jesus, aos meus pais, Márcia e Luíz pela vida. Minha noiva Debora
Cecília Silva de Oliveira, pelo incentivo, compreensão, paciência, perseverança com minha
pessoa e principalmente por fazer do meu sonho o seu.
Agradeço em especial a todos aqueles que me apoiaram nesta nova etapa, que foram
poucos. Agradeço aos mestres da instituição em especial aqueles que nos orientaram.
Aos meus amigos Maicon Cabral dos Santos e Rafael Cabral Nunes da Silva pela
amizade e pelo real desfruto em perfazer e concluir este trabalho. Grato a todos que fizeram
parte desta longa e agradável jornada!

Diego Pereira de Faria Vieira

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, pela força e coragem para superar os
momentos mais difíceis, e por muitas alegrias e realizações durante toda minha trajetória.
A toda minha família, aos meus pais Rogério e Vanilza, por tudo que sempre fizeram
por mim, pela simplicidade, exemplo e carinho, fundamentais na construção do meu caráter e
ao meu irmão Max que tanto amo.
A minha noiva Denise, que participou intensamente em cada momento desse trajeto, me
deu forças, oferecendo-me carinho, amizade, companheirismo e acima de tudo amor. Obrigado
por me ajudar a realizar esse nosso sonho.
As Doutoras: Janaína, Vanessa e Elisângela pelos ensinamentos que foram de grande
valor para meu crescimento profissional.
Aos meus amigos Diego Vieira e Rafael Cabral agradeço pela amizade e
companheirismo na realização deste trabalho, a todos os professores do Curso de Odontologia
que contribuíram para esta conquista e a todos que de algum modo fizerem parte dessa minha
tão sonhada graduação. Muito obrigado!

Maicon Cabral dos Santos

Quero agradecer primeiramente à Deus, minha mãe Josiane Cabral, por ter me
possibilitado estar firme durante toda essa trajetória, caminho esse que irá me levar á realização
dos meus sonhos!
Meus irmãos Rodolfo Cabral e Ricardo Cabral, à minha Esposa Nayara Cabral e ao meu
filho Gabriel Cabral, sem vocês nada disso seria possível.
Obrigado pelo apoio, carinho e compreensão. Essa vitória não é só minha, é nossa!
Agradeço ao ensinamento de todos os professores, ao apoio da minha família, amigos e
a mim que mantive o meu foco para não desistir dos meus ideais.
Obrigado a todos que fizeram parte dessa minha longa e feliz trajetória.

Rafael Cabral Nunes da Silva


AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida;

A Jesus Cristo pelo amor incondicional;

Aos nossos pais e familiares, por acreditarem em nós;

Aos muitos mestres que tivemos ao longo da vida;

A Profa. Dra. Cristiana Tengan pelo apoio, orientação e paciência durante a construção e
organização do trabalho;

Aos nossos orientadores, Profa. Dra. Susana Ungaro Amadei e Profa. MSc. Karina Silva Nunes,
pela dedicação e pelo entusiasmo com que orientou este trabalho;

Aos docentes da FUNVIC;

Aos nossos amigos que ajudaram concluir este trabalho e que nos proporcionaram nesses anos
e principalmente nesses últimos meses momentos de alegria, descontração onde apoiamos uns
aos outros nos dando força para chegarmos até aqui.
“O prazer no trabalho, aperfeiçoa a obra.”
Aristótoles
RESUMO

A cirurgia para remoção de terceiro molar é uns dos procedimentos mais comuns realizados por
cirurgiões dentistas. A utilização de antibióticos na Odontologia, principalmente na exodontia
de molares, permanece controverso e obscuro, divergindo conceitos para a sua aplicação no
contexto odontológico. A finalidade desse estudo foi discutir de modo científico, a utilização de
antibióticos na extração de terceiros molares, desde cirurgias simples e complexas, e enfatizar a
real importância dessa classe farmacológica no âmbito ocupacional, expondo as opiniões de
diversos autores, bem como daqueles que executaram o mesmo trabalho. Atribuindo seus
benefícios na aplicação de diferentes casos no cotidiano clínico e cirúrgico. O objetivo geral
deste trabalho foi revisar por meio da literatura a atribuição do gênero da classe medicamentosa
(antibiótico) e seus benefícios no uso em âmbito ocupacional clínico e cirúrgico,
compreendendo melhor a prescrição antibiótica na exodontia de terceiro molar, evitando
consequências pós-operatórias. Concluímos que, a atribuição dessa classe medicamentosa é de
caráter subjetivo, onde cada caso deve ser analisado na sua particularidade e individualidade
para que haja sucesso na prescrição medicamentosa visando prognóstico positivo e favorável
no quadro de evolução e recuperação do paciente.

Palavras chave: Exodontia; Antibioticoterapia; Bacteremia; Penicilina.


ABSTRACT

Surgery for third molar removal is one of the most common procedures performed by dentists.
The use of antibiotics in dentistry, especially in molar extraction, remains controversial and
obscure, diverging concepts for its application in the dental context. The purpose of this study
was to discuss in a scientific way the use of antibiotics in the extraction of third molars from
simple and complex surgeries and to emphasize the real importance of this pharmacological
class in the occupational field, exposing the opinions of several authors as well as of those who
performed The same work. Assigning its benefits in the application of different cases in clinical
and surgical daily life. The general objective of this study was to review the attribution of the
genus of the drug class (antibiotic) and its benefits in the clinical and surgical occupational
field, understanding better the antibiotic prescription in the third molar extraction, avoiding
postoperative consequences. We conclude that the attribution of this class of drugs is
subjective, where each case must be analyzed in its particularity and individuality so that there
is success in the prescription of a drug, aiming at a positive and favorable prognosis in the
evolution and recovery of the patient.

Keywords: Extraction; Antibiotic therapy; Bacteremia; Penicillin.


LISTA DE TABELA

TABELA 1 – Principais antibióticos e seus respectivos mecanismo de ação...................21


TABELA 2 – Prescrição medicamentosa elaborada pelos autores do trabalho...............33
TABELA 2 – Prescrição medicamentosa elaborada pelos autores do trabalho...............33
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10
2 MÉTODO ............................................................................................................................. 13
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 14
3.1 Exodontia de terceiro molar e complicações .................................................................. 14
3.2 Cavidade oral e bacteremia ............................................................................................. 17
3.3 Endocardite bacteriana .................................................................................................... 18
3.4 Antibiótico ......................................................................................................................... 18
3.4.1 ANTIBIÓTICO NA ODONTOLOGIA .......................................................................... 19
3.4.2 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS ........................................................ 21
3.4.3 FORMAS FARMACÊUTICAS APRESENTADAS E COMERCIALIZADAS ........... 22
3.4.4 HORÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO MEDICAMENTOSA .......................................... 23
3.4.5 EFEITOS COLATERAIS DOS ANTIBIÓTICOS ......................................................... 23
3.4.6 ALERGIA ÀS PENICILINAS ........................................................................................ 23
3.4.7 ANTIBIOTICOTERAPIA PÓS-OPERATÓRIO EM EXODONTIA ............................ 24
3.4.8 PROFILAXIA ANTIBIÓTICA ....................................................................................... 25
3.4.9 USO INDISCRIMINADO DO ANTIBIÓTICO ............................................................. 26
3.4.10 USO RACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS ................................................................... 28
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 29
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35
10

1 INTRODUÇÃO

A cirurgia para remoção de terceiro molar é uns dos procedimentos mais comuns
realizados por cirurgiões dentistas. A utilização de antibióticos na Odontologia, principalmente
na exodontia de molares permanece controverso e obscuro, divergindo conceitos para a sua
aplicação no contexto odontológico.
Na década de 40 percorreu o início da administração de antibióticos no controle de
infecções pós-operatórias em cirurgias orais, sendo que, na exodontia o seu uso sempre foi
justificado por se tratar de procedimento cirúrgico. Por outro lado, seu uso caracteriza por ser
controverso e muitas vezes desnecessário. 1
A cavidade oral é colonizada por aproximadamente 1.000 a 100.000 microrganismos
envolvendo espécies diferentes, que estabelecem uma relação harmônica com o sistema
imunológico do ser humano. Em uma situação de desequilíbrio da flora bacteriana do indivíduo
ou da incorporação de um microrganismo externo, desenvolve-se um quadro de infecção. 2
Os antibióticos são fármacos amplamente utilizados nas diversas áreas odontológicas,
podendo seu emprego ter finalidades profiláticas e terapêuticas no controle de infecções. É de
importância que o cirurgião dentista esteja apto e consciente ao realizar o emprego correto
deste fármaco, tendo discernimento sobre a necessidade, o momento e a forma correta de
administrá-lo. 3
Em outro caso, o uso corriqueiro de forma extensiva e muitas vezes inapropriado dos
antibióticos, em conjunto com más condições de higiene, fluxo contínuo de viajantes, o
aumento de pacientes imunocomprometidos e a demora no diagnóstico das instalações
bacterianas resultando em infecções, tem favorecido o aumento da resistência desses
microrganismos. Estratégias podem ser adotadas para evitar o desenvolvimento deste fenômeno
que causa grande impactação e preocupação na área médica e odontológica, sendo como a
prevenção de infecções bacterianas com o uso de vacinas, o uso racional de antibióticos, o
controle e prevenção da disseminação de microrganismos resistentes, e a descoberta e o
desenvolvimento de novos agentes terapêuticos. Além dessas manobras a fim de se evitar a
resistência, a caracterização dos genes responsáveis por tais fatos, assim como sua localização e
diversidade, são de grande importância para o entendimento dos fatores envolvidos na
resistência bacteriana. 4
A prescrição de um antibiótico sem uma indicação precisa pode levar e resultar
em um desenvolvimento de resistência bacteriana, à emergência de novos patógenos e ao óbito
11

do paciente, por isso, a prescrição racional e responsável desses antimicrobianos ultrapassa a


dimensão individual do profissional que prescreve. Entretanto, para a prescrição apropriada de
antibióticos, é necessário educação, conhecimento e mudança de comportamento profissional.
Poucos estudos têm sido realizados para verificar o uso de medicamentos na prática clínica, por
se acreditar de maneira equivocada que ocorram prescrições pontuais e esporádicas de uma
pequena variedade de fármacos. Na exodontia de molares, o cirurgião deve dispor de técnica
apurada e de um esquema terapêutico medicamentoso correto e crítico sobre o caso específico,
principalmente de antibióticos, pois corretas escolhas implicarão de forma conveniente na
diminuição da reação inflamatória e complicações infecciosas como os abscessos, as celulites e
alveolites. A prevenção das infecções com o uso de antibióticos é uma questão muito discutida
em todas as especialidades cirúrgicas em saúde. Certas condições sistêmicas que interferem nas
defesas do hospedeiro requerem o uso de antibióticos para a prevenção e não propriamente para
infecções, pois é importante ressaltar que existe baixa incidência de infecções pós-operatórias
sem que o uso profilático de antibiótico tenha sido considerado como fator determinante. Desde
sua fabricação até ao seu consumo, o medicamento vem sendo preocupação de inúmeras
pesquisas realizadas mundialmente. Os estudos apontam a área médica como maior prescritor,
enfatizando questões sobre reações adversas, aumento e disseminação de resistência bacteriana
a antibióticos, padrão de prescrição e influência da propaganda dos mesmos, sendo que, na
Odontologia, pouco tem sido investigado sobre a inserção do medicamento no cotidiano
clínico. 1, 3, 5-7
A utilização dos antibióticos em ambiente clínico cirúrgico Odontológico é controverso
em relação à sua indicação, tanto no tempo de administração quanto na duração de tratamento.
Muitos profissionais indicam esses medicamentos em bases empíricas, casos contraditórios e
até mesmo por insegurança profissional sobre o referido tema. Ocorre uma discordância entre
regiões de nosso país, em escolas odontológicas, de clínica para clínica, de odontólogo para
odontólogo sobre a utilização dessa classe farmacológica.
Esse trabalho tem-se por característica, demonstrar senso crítico sobre a prescrição de
antibióticos na Odontologia, especificamente na exodontia de terceiro molar. Muitos cirurgiões
dentistas pecam no abuso excessivo desses medicamentos, em prescrições inadequadas
referentes ao caso clínico e até mesmo, erros inadmissíveis como dosagem e horários
inadequados e contraditórios, podendo implicar de forma direta em seus pacientes ocasionando
prognóstico desfavorável sobre tal tratamento.
A prescrição e administração de antibióticos são caracterizadas por evidências
empíricas, baseada nos fatores epidemiológicos, bacteriológicos e clínicos, desta forma, a
12

importante difusão de conhecimento sobre a administração dos mesmos se faz necessária. O


objetivo desse estudo foi discutir a utilização de antibióticos na exodontia de terceiros molares,
desde cirurgias simples até as mais complexas, e enfatizar a real importância dessa classe
farmacológica no âmbito odontológico.
13

2 MÉTODO

Para a realização deste trabalho, utilizou-se periódicos nacionais e internacionais, onde


foram atribuídos artigos científicos pesquisados e coletados através de bases de dados online do
Google Acadêmico, Scielo, Revistas Odontológicas de distintas regiões, sites de Universidades
Estaduais, Federais e Privadas, um livro de terceira edição com o tema voltado à terapêutica
medicamentosa em odontologia e uma dissertação com natureza na investigação, oriunda da
Faculdade de Medicina Dentária-Universidade do Porto, Portugal. Os referentes estudos foram
pesquisados através de palavras chaves como: exodontia, antibioticoterapia, bacteremia e
penicilina.
14

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Exodontia de terceiro molar e complicações

As exodontias são, provavelmente, o procedimento mais antigo e quando se trata de


dentes inclusos, também é caracterizado pelos cirurgiões bucomaxilofaciais como o mais
desafiador. 6
A jovem população dos dias atuais vem apresentando um significativo aumento de
problemas direcionados à região de terceiros molares, que se traduzem com os sinais cardiais
da inflamação (dor, calor, rubor, edema e incapacidade), bem como surgimento de nichos
infecciosos, trismo e dificuldade de higiene oral, graças a não irrupção espontânea desses
dentes. A explicação de fatos concretizados aos dentes retidos, esta ligada à falta de espaço
físico para os terceiros molares, devido a dimensão óssea da arcada dentária ser menor que o
tamanho requerido para acomodar todos os dentes, aliado aos fatos destes serem os últimos
dentes a irrupcionarem, ou ainda poderá advir da má posição dos mesmos. A prática cirúrgica
aplicada a esses casos vem se tornando cada vez mais comum e rotineiro nos consultórios, e
com ela, suas complicações pós-cirúrgicas. 8
As extrações de dentes posteriores, principalmente os terceiros molares presentes na
arcada dentária, são procedimentos cirúrgicos realizados de forma rotineira pelos cirurgiões
dentistas, e que na maioria das vezes não produz mais que um incômodo passageiro de rápida
recuperação. Os terceiros molares tanto superiores quanto inferiores, são elementos dentários
que encontram-se retidos com maior frequência em seus alojamentos ósseos, principalmente os
inferiores, devido à maior densidade óssea mandibular, sendo que a falta de espaço no arco
dental é o principal fator etiológico. Porém, a hereditariedade, tendência evolutiva, alterações
patológicas e sistêmicas, traumatismos e algumas síndromes podem estar associados. 9-10
Quando ocorre a indicação para um procedimento cirúrgico de exodontia de terceiro
molar, deve-se considerar que não se trata de um procedimento simples, independentemente da
complexidade do quadro clínico, o profissional deve dispor de bom adestramento e
conhecimento das estruturas anatômicas relacionadas ao elemento a ser extraído. Em seu
planejamento cirúrgico, é necessário identificar o elemento dentário, previsionar osteotomias e
necessidade de odontosecções, visando intervenções menos traumáticas e prevenção de
acidentes e complicações pós-operatórias como hemorragias, traumas, comprometimento de
15

estruturas nervosas, fraturas radiculares, danos aos elementos vizinhos, fraturas ósseas, dor,
edema e principalmente infecção. Outros fatores como a sintomatologia, idade do paciente,
espaço disponível para erupção e posição em que o dente possa se encontrar no arco, devem
imprescindivelmente, serem considerados na definição da conduta do cirurgião. Sendo que o
tratamento medicamentoso é indispensável, pois mais de 90% dos pacientes necessitam de
analgesia pós-operatória, que além da dor, apresentam edema e a limitação da abertura bucal
relacionado ao processo inflamatório. 11-13
Em cirurgia oral de terceiro molar, o cirurgião dentista que executa tal procedimento,
deve necessariamente dispor de habilidade e técnica apurada, mas somente isso não garante um
pós-operatório seguro e confortável. Pois a ocorrência de dor até mesmo após uma manobra
cirúrgica correta tem sido descrita como uma experiência desagradável, tanto em nível
sensorial quanto psicológico, associada ou não ao trauma tecidual. 14-15
A reparação tecidual após a exodontia envolve quatro fases, sendo elas: coagulação
sanguínea, limpeza do defeito, formação tecidual e remodelação óssea. Após a remoção do
elemento dentário, ocorre um preenchimento sanguíneo para o interior do alvéolo, com
finalidade de formação de um coágulo. Concomitantemente, ocorre migração de neutrófilos e
macrófagos para este alvéolo, que realizará a remoção de bactérias e corpos estranhos
presentes, que consequentemente, perfaz a invasão de tecido vascular e células mesenquimais
para o coágulo a fim de formar tecido de granulação que gradualmente é substituído por tecido
conjuntivo. A formação de tecido ósseo primário, que preenche todo o alvéolo, sofre um
processo de remodelação, transformando se em osso medular e lamelar. 16
O planejamento cirúrgico é de plena importância e fundamental para a segurança do
cirurgião e do próprio paciente perante o trabalho a ser executado, pois índices de complicações
desencadeadas como infecções no sítio cirúrgico e alveolites, estão associados e direcionados
às extrações de terceiros molares. Esse planejamento é constituído de exame clínico e
radiográfico, pelos quais, o profissional obtém dados específicos da saúde geral do paciente
bem como a história médica e odontológica. O exame radiográfico evidencia a dificuldade e
complexidade para o ato cirúrgico que muitas vezes está relacionado com a posição ou forma
do dente. Com um planejamento adequado é possível prevenir acidentes no trans-operatório e
complicações no pós-operatório. 6, 17
É de extrema importância a escolha de um esquema terapêutico medicamentoso correto,
para diminuir e aliviar sinais e sintomas típicos da reação inflamatória e das complicações
infecciosas. Um dos principais medicamentos de que os cirurgiões dispõem em seu contexto
farmacológico são os antibiótico. No entanto, este medicamento merece especial atenção, pois
16

seu uso indiscriminado ao longo dos anos é apresentado como um dos maiores agentes de
pressão seletiva sobre as bactérias. 6
São esperados após a remoção cirúrgica de terceiros molares sintomatologias como dor,
edema e trismo, e apesar de transitórias, são fontes de ansiedade para o paciente, sendo seu
controle parte essencial para o sucesso da cirurgia oral. Acidentes operatórios como
comunicações buco-sinusais após a exérese cirúrgica de dentes ou restos radiculares maxilares,
fraturas de tábuas ósseas vestibulares, entre outras, são intercorrências comuns durante o ato
cirúrgico e muitas vezes, a dor pode estar envolvida. A sensação dolorosa desencadeada após a
exodontia atinge sua máxima intensidade nas primeiras 12 horas, tendo seu início logo após o
término do efeito do sal anestésico local. 18-19
Complicações pós-operatórias pode ocorrer perante o próprio manejo cirúrgico, ou após
alguns minutos ou até mesmo horas e dias. As mesmas podem ser de características locais ou
sistêmicas. As locais podem ser de origem infecciosa, hemorrágica, mecânica, nervosa ou
tumoral. As complicações sistêmicas, sendo elas mais raras, apresentam maior gravidade e
ocasionalmente, pode haver ocorrências de bacteremias e septicemias entre outras
complicações gerais. As bacteremias pós-extração dentária pode ser inofensiva em indivíduos
saudáveis, no entanto, em indivíduos com determinadas doenças de base como cardiopatias,
pode levar à ocorrência de endocardites bacterianas, sendo então necessária a realização de uma
profilaxia antibiótica adequada antes da manipulação cirúrgica. 10
As complicações infecciosas locais são: alveolites, abcessos e celulites, osteomielite,
sinusite e trismo. As sistêmicas são: bacteremias e septicemias. Em contrapartida, podem
ocorrer as complicações incomuns, como: fraturas ósseas durante a manobra de luxação e
exérese dentária, injúrias nas terminações nervosas (parestesia transitória e permanente),
principalmente dos ramos trigeminais, enfisema subcutâneo, deslocamento de dentes (ir para o
interior do seio maxilar), ruptura de tecidos moles. 10, 18
As complicações podem estar associadas a outros fatores não muitos mencionados
como a experiência do cirurgião dentista, a dificuldade, tempo e trauma trans-cirúrgico, tipo de
anestesia e até mesmo a sutura realizada. Pericoronarite e infecções do próprio dente e de
tecidos vizinhos, bem como baixo suprimento sanguíneo no alvéolo para a formação do
coágulo, doenças sistêmicas instaladas e descompensadas, uso de contraceptivos orais,
tabagismo e higiene oral precária favorece a intensificação de complicações no momento e
após a cirurgia. 16
17

3.2 Cavidade oral e bacteremia

A cavidade oral é um ambiente naturalmente contaminado com possibilidades de


propagar os microrganismos à distância. As infecções odontológicas decorrentes das cirurgias
de terceiros molares, mesmo obtendo uma baixa incidência, podem desenvolver quadros de
extrema gravidade e potencialmente fatais, como a angina de Ludwing, mediastinite, abscessos
cerebrais, fascite necrosante, entre outros, mesmo em indivíduos imunocompetentes. 15
2
Oliveira et al. consideram que a boca humana é colonizada por cerca de milhares a
centenas de milhares tipos de microrganismos envolvendo espécies de características distintas
como os patógenos e saprófitos, que estabelecem uma relação harmônica com o sistema
imunológico humano. Diante da situação de desequilíbrio da flora bacteriana ou da
incorporação de um microrganismo externo no indivíduo, perfaz um quadro de infecção.
Portanto, a boca humana acarreta a ser uma região contaminante e carregada de
microrganismo, onde vários fatores podem contribuir para a ocorrência de instalações pós-
cirúrgicas, tais como a quebra da cadeia asséptica, tempo e grau de dificuldade do
procedimento e caracteres individuais de cada paciente como histórico médico, estado geral de
saúde, cooperação nos cuidados pós-cirúrgicos, entre outros. No entanto, utilizar ou não o
antibiótico é apenas uma parte do tratamento cirúrgico. 15
Identificados pela primeira vez por Van Leeuwenhoek por volta dos anos de 1.670, após
a invenção do microscópio, as bactérias se classificam por serem microrganismos unicelulares
procariontes. No século XIX, a possibilidade desses microrganismos serem causadores de
processos infecciosos começou a ser cogitada. Esta suspeita hipótese surgiu após os elegantes
experimentos de Louis Pasteur, que designou algumas linhagens de bactérias serem importantes
para processos de fermentação e, também, de ampla distribuição pelo meio ambiente. Por isso,
a prescrição racional e responsável por esse grupo farmacológico ultrapassa a dimensão
individual do profissional que prescreve. 1, 3-4
Atualmente, admite-se que a bacteremia após procedimentos odontológicos invasivos,
como a extração dental, possa ocorrer em 100% dos casos, tendo em alguns fatores como o
processo inflamatório, idade do paciente, tempo de duração da cirurgia e volume de sangue
perdido perfazem o aumento de sua frequência em decorrência desses mesmos fatores. Essas
manifestações podem ser transitórias, assintomáticas, de curta duração e não têm significado
clínico importante em indivíduos normais ou com o estado de saúde compensado, pois o
inóculo é pequeno e a virulência dos microrganismos envolvidos é baixa. Portanto, recorrentes
18

episódios de infecção podem representar em pacientes com cardiopatias predisponentes, um


risco cumulativo de endocardite infecciosa. Na bacteremia transitória, atribui-se como fator
fundamental para a patogênese da endocardite infecciosa a adesão de microrganismos às
válvulas cardíacas e a forma de vegetações de bactérias. Durante a realização de um
procedimento cirúrgico odontológico, este fenômeno ocorre de forma transitória, sendo assim,
não significa que haverá infecção após o procedimento cruento, pois esse fenômeno bacteriano
ocorrido devido às injúrias teciduais perante o ato de exérese dentária persistirá
aproximadamente em um tempo de 30 minutos. Essa transitoriedade bacteriana acontece até
mesmo em pacientes com comprometimento imunológico. 7, 20-21

3.3 Endocardite bacteriana

Quaisquer injúrias causadas por procedimentos odontológicos na cavidade oral podem


produzir um quadro de bacteremia transitória e levar pacientes de alto risco a desenvolver
endocardite bacteriana. Onde, a mesma se enfatiza em ser uma doença em que agentes
infecciosos (patógenos), invadem as superfícies endocárdicas, resultando em processos
inflamatórios e danos teciduais. A introdução de microrganismos na corrente sanguínea pode
levar à uma condição transitória de bactérias, conhecida como bacteremia, e neste episódio,
esses patógenos colonizam tecidos cardíacos previamente comprometidos, causando infecção
local e por consequência, a ocorrência de surgimento e desenvolvimento de endocardite. Os
estafilococos e estreptococos são responsáveis pela maioria dos casos de endocardite bacteriana
resultando em substancial mortalidade, no entanto, a prevenção primária sempre que possível é
muito importante. E, como método de prevenção, a profilaxia antibiótica tem sido recomendada
e efetuada há quase cinco décadas para pacientes de risco que se submetem a tratamento
odontológico. 21

3.4 Antibiótico

Os antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de favorecer a inibição do


crescimento bacteriano ou até sua morte. O mesmo pode ser classificado como bacteriostático,
quando promovem a inibição ou a interrupção do crescimento bacteriano ou como bactericida,
cuja sua ação é causar a morte do microrganismo. 4
19

Ehrlich em 1910 desenvolveu o primeiro antibiótico, mas poucos progressos foram


obtidos nos anos seguintes. O primordial marco no tratamento das infecções bacterianas
ocorreu com a descoberta da Penicilina em 1928 por Alexander Fleming, pois a mesma tinha
efetividade superior perante as outras drogas já desenvolvida, no entanto, a Penicilina G foi
descrita em 1929 como agente antibiótico, mas só foi introduzida como agente terapêutico nos
meados de 1940. 4
O uso de antibióticos é uma questão muito discutida em todas as especialidades
cirúrgicas na prevenção das infecções. 12
Na Odontologia, poucos estudos têm sido realizados para verificar o uso desses
medicamentos na prática clínica. Tendo se por acreditar de maneira equivocada, que ocorram
prescrições pontuais e esporádicas de variedade pequena desses fármacos. Sendo assim,
considerando o grande número de prescrições de antibióticos por cirurgiões dentistas e os
riscos inerentes de utilizar esse medicamento de forma incorreta ou desnecessária, sua
prescrição sem uma indicação precisa pode levar ao desenvolvimento da resistência bacteriana,
à emergência de novos patógenos e ao óbito do paciente. Por isso, a prescrição racional e
responsável por esse grupo farmacológico ultrapassa a dimensão individual do profissional que
prescreve. 1, 3

3.4.1 Antibiótico na Odontologia

5
Castilho et al. observaram a carência sobre a inserção de medicamentos na prática
clínica odontológica. Os medicamentos mais utilizados são os de usos sistêmicos, incluindo
antimicrobianos (antibacterianos, antifúngicos e antivirais), analgésicos e anti-inflamatórios
não estereoidais. Os profissionais estão voltados principalmente, para as informações sobre
farmacologia e terapêutica oferecidas pelas escolas durante sua formação acadêmica, e muitas
vezes as mesmas escolas não dão ênfase adequada à terapêutica, estimulando o empirismo,
principalmente na administração de antibióticos.
Na década de 40, os antibióticos foram introduzidos no controle de infecções pós-
operatórias em cirurgias orais. Na clínica odontológica na manobra de exodontia, o uso do
mesmo é justificado por tratar-se de procedimento cirúrgico, no risco de desenvolver
bacteremia. Sendo assim, o uso de antibióticos nesses procedimentos é controverso e muitas
vezes desnecessário. A mesma manifestação após procedimentos de extração dental tem
20

ocorrência transitória, assintomática e de curta duração, não apresentando significado clínico


importante em indivíduos normais, desfazendo assim o seu uso. 1
A falta de conhecimentos e a informação imprecisa ou equivocada acerca das
propriedades e do uso de medicamentos muitas vezes, determinam decisões errôneas no
momento da prescrição farmacológica. Uma das principais causas pelas contradições na
prescrição odontológica pode estar relacionada ao fato de que os aspectos relativos a
tratamentos medicamentosos são muitas vezes negligenciados durante a formação acadêmica.
Os acadêmicos de Odontologia sentem-se despreparados para prescrever, sendo que no
ambiente acadêmico que esta visão deve ser iniciada, de modo a levar a quem prescreve
considerar a farmacologia não apenas uma ciência básica, mas como uma especialidade que
apresenta realmente uma vivência no ambiente clínico. Outra via, quando desempenhada de
forma não científica e errônea, estimula entre recém-formados um empirismo terapêutico,
podendo desencadear consequências catastróficas ao paciente. 3
O uso de antibióticos para a prevenção e não propriamente para o tratamento de
infecções requerem certas condições sistêmicas que interferem nas defesas do hospedeiro.
Neste sentido, a quimioprofilaxia antimicrobiana é definida como o uso de antibióticos para
prevenir em altos riscos infecções microbianas pós-operatória. Em sequência, destacam-se
pacientes que podem apresentar quadros de imunossupressão e o risco de diminuição do
suprimento vascular local. Neste grupo são incluídos, diabéticos em situação de
descompensação, indivíduos com nefropatias, doença de Hodgkin, síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS), pacientes que estão em tratamentos radioterápicos são
alvos de alto risco de desenvolver quadros de endocardite infeciosa. 7
Faz-se necessário o uso desses medicamentos em pacientes cardiopatas, realizando uma
profilaxia antibiótica para evitar o desenvolvimento de endocardite bacteriana. Sendo assim,
poucos estudos têm sido realizados para verificar o uso desses medicamentos na prática clínica,
deixando o assunto vago e vazio sobre sua real aplicação nos mais diferentes casos clínicos. 1
Os fármacos dessa categoria de origem natural e seus derivados semi-sintéticos,
compreendem a maior parte dos antibióticos em uso clínico e podem ser classificados em β-
lactâmicos (penicilinas, cafalosporinas, carbapeninas, oxapeninas e monobactamas),
tetraciclinas, aminoglicoisídeos, macrolídeos, peptídeos cíclicos (glicopeptídeos,
lipodepsipeptídeos), estreptograminas, entre outros (lincosamidas, cloranfenicol, rifamicinas,
etc). Os de origem sintética são classificados em sulfonamidas, fluoroquinolonas e
oxazolidinonas. Os mecanismos de ação antibiótica destes agentes terapêuticos estão
demonstrados na tabela 1. 4
21

Tabela 1. Principais antibióticos e seus respectivos mecanismos de ação 4

3.4.2 Mecanismo de ação dos antibióticos

De complexa forma, os antibióticos podem atuar sobre a parede celular, na membrana


citoplasmática, na síntese de ácidos nucleicos e de proteínas. Sendo suas formas de ações nos
diferentes mecanismos, podendo um grupo agir na síntese da parede celular: a parede celular é
uma estrutura exclusiva da bactéria que a envolve externamente, dando-lhe forma, permitindo
proteção, sustentação, manutenção da sua hipertonicidade interna e ainda desempenha
importante papel no momento da reprodução. O antibiótico que atua sobre a parede celular age
no momento da formação dessa cápsula, ou seja, na fase de crescimento da bactéria. O efeito
produzido é bactericida. Exemplo: Penicilina e Cefalosporina. Outros atuam impedindo a
permeabilidade da membrana citoplasmática: a membrana citoplasmática está localizada abaixo
da parede celular e atua regulando as trocas metabólicas da bactéria com o meio extracelular,
funcionando como barreira osmótica. Os antibióticos que assim atuam, desorganizam a sua
estrutura e alteram a sua permeabilidade, o efeito produzido é bactericida. Não são de uso
odontológico. 2
Outro grupo atua de forma a impedir a elaboração e síntese de proteínas, podendo atuar
por meio de dois mecanismos, onde um dificulta a tradução da informação genética, como o
Cloranfenicol, Tetraciclina e Eritromicina, o efeito é bacteriostático. E outro mecanismo, perfaz
22

a indução da formação de proteínas defeituosas, como a Estreptomicina e Gentamicina, sendo


seus efeitos bactericidas. 2
E por fim, outros fármacos dessa categoria, atuam na síntese de ácido nucleico. Na
síntese de DNA (ácido desoxirribonucleico), interferindo na replicação da informação genética,
como os antibióticos utilizados nas neoplasias malignas da cavidade bucal (Sistema ABC:
Atriamicina, Bleomicina e Cisplatina), o efeito é bactericida. Na síntese de RNA (ácido
ribonucleico), impedindo a transcrição da informação genética por bloqueio da enzima RNA -
Polimerase. O efeito é bactericida. Exemplo: Mitomicina, que é indicado para neoplasias
malignas. 2
Há três indicações principais em Odontologia para uso dos antibióticos: 2
1)Tratamento das infecções dentais agudas ou crônicas;
2)Profilática em pacientes de risco para desenvolvimento de endocardite bacteriana;
3)Profilática para pacientes com algum grau de comprometimento do sistema
imunológico.
Em casos das infecções dentais, o uso de antibióticos é indicado quando há
comprometimento sistêmico diante de trismo, febre, calafrios, fraqueza, vertigem, taquipneia,
celulite, entre outros. 2

3.4.3 Formas farmacêuticas apresentadas e comercializadas

Os mesmos são apresentados de forma farmacêutica líquida e sólida. A forma líquida é


apresentada como suspensão oral de uso interno, de características líquida e viscosa em uma
dispersão grosseira composta por parte fluída e um sólido insolúvel, que é o princípio ativo da
medicação. Um marco importante que deve ser conhecido pelos profissionais é a
biodisponibilidade dos antibióticos, que consiste na proporção de determinada dose do
medicamento que atinge a corrente sanguínea, sendo dependente da degradação e dissolução da
forma farmacêutica. 2-3
A forma sólida apresenta-se em comprimidos, que é obtido através da compressão de
pós e suas substâncias secas, em drágeas, que são comprimidos com um ou mais revestimentos
externos e em cápsulas, que apresentam em seu interior substâncias pastosas, sólidas e líquidas
e são revestidos com materiais de origem gelatinosa. 2-3
23

3.4.4 Horário de administração medicamentosa

Após as refeições principais, recomenda-se que os antibióticos sejam administrados no


prazo de uma hora ou duas horas. Para que ocorra a obtenção de equilíbrio, pois, se o estômago
estiver vazio, o medicamento é direcionado rapidamente para o duodeno, onde em contato do
bolo alimentar diminui a interação do medicamento com as paredes estomacais, reduzindo seu
transporte para o intestino e consequentemente, sua absorção. 2

3.4.5 Efeitos colaterais dos antibióticos

Quanto aos efeitos indesejados proporcionados pelo uso de antibióticos, tem-se citado
na literatura que as penicilinas possuem pequena toxicidade devido ao seu mecanismo de ação,
mas a literatura relata enorme número de reações alérgicas de hipersensibilidade desencadeada
por este medicamento. As Tetraciclinas por sua vez, apresentam o inconveniente de inibir a
deposição de substâncias metabólicas responsáveis pelo crescimento dos dentes e ossos,
intensificando assim, a não indicação para crianças e gestantes que estejam em fase de
desenvolvimento e crescimento. Se por sua vez, um indivíduo que se encontra em uma dessas
fases, receber o mesmo fármaco, ocorrerá à substituição da deposição de ortofosfato de cálcio.
O mesmo antibiótico em nível dentário, promove discromia que varia do amarelo claro, cinza
escuro ou até mesmo, dentes extremamente escuros. Em grandes doses, a eritromicina, é capaz
de desencadear irritação gástrica, vômitos, náuseas e colestase hepática. A clindamicina é capaz
de provocar intolerância gástrica, distúrbio hepático, diarreia e gosto metálico na boca. 21-22

3.4.6 Alergia às Penicilinas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere-se às penicilinas como medicamento


essencial e de incontestável utilidade para a saúde pública. Mas quando ocorre o relato dos pais
ao médico ou dentista que seu filho é alérgico à penicilina, alguns desses profissionais não
pensam duas vezes em substituí-lo por outro antibiótico, que muitas vezes não tem a mesma
eficácia, sem ao menos investigar cuidadosamente a veracidade da informação. Ao fato de que,
a maioria das reações de hipersensibilidade a esse medicamento é de natureza benigna, sendo
24

caracterizado por prurido (coceira) e urticária (pequenos pontos ou placas avermelhadas na


pele), sem grande significado clínico. A prescrição desse fármaco vem sofrendo sensível
diminuição em função de outros fatores, como as estratégias de propaganda intensiva de novos
antibióticos por parte dos laboratórios. Pessoas que relatam ser alérgico ao medicamento
pronunciado anteriormente, sendo eles adultos e crianças, podem receber o mesmo de forma
eficaz e segura, isso porque a sensibilização desaparece ao longo do tempo, ou porque a reação
pode ter sido relacionada a outro medicamento ingerido em conjunto com o antibiótico. Outras
vezes, o relato de ser alérgico, refere-se até mesmo a distúrbios neurovegetativos,
caracterizados por ansiedade, medo e sudorese, associados a dor ou à possibilidade de sensação
dolorosa, a anestesia local ou outro procedimento odontológico. Estudos revelam que as
reações alérgicas consideradas moderadas são observadas em 0,5-1,0 de cada 1.000
tratamentos, e as raras reações anafiláticas fatais podem ocorrer em 1,0-2,0 de cada 100.000
tratamentos. Hipersensibilidades podem ocorrer com qualquer tipo de medicamento, fazendo
com que a atenção e os cuidados requeridos para as Penicilinas sejam os mesmos dedicados aos
demais fármacos. 22

3.4.7 Antibioticoterapia pós-operatório em exodontia

O uso de antibióticos para reduzir a infecção pós-operatória em cirurgia de terceiro


molar permanece controverso. 1
Milani et al. 6 reforçam que a remoção de dentes é o procedimento cirúrgico mais antigo
realizado na Odontologia. Durante a exodontia de terceiro molar, o cirurgião dentista deve
necessariamente dispor de habilidade e técnica cirúrgica apurada, mas somente isto não garante
um pós-operatório confiável e seguro. Tão importante quanto à manobra cirúrgica, optar-se por
um esquema terapêutico medicamentoso é de suma importância, para diminuir sinais e
sintomas típicos da reação inflamatória. Sendo o antibiótico um arsenal farmacológico do
odontólogo de grande importância quando direcionado ao paciente de forma correta e precisa
referente ao seu caso clínico.
3
Trento et al. reforçam que a prescrição de um antimicrobiano sem uma indicação
precisa pode levar ao desenvolvimento da resistência bacteriana, ao surgimento de novos
patógenos e resultar no óbito do paciente. Para que ocorra a prescrição apropriada de
antimicrobiano é necessário educação, mudança de comportamento e conhecimento.
25

3.4.8 Profilaxia antibiótica

Após a exodontia de um terceiro molar, complicações após o ato cirúrgico estão


descritas na literatura como taxas de incidência que variam entre 1 a 6%. Por esta afirmação, a
profilaxia antibiótica para cirurgias limpas e contaminadas é um fator de controvérsia para
muitos autores. Na maioria dos odontólogos, tal decisão é realizada com base no seu senso
clínico e experiência própria, havendo uma tendência declarada para a prescrição elevada que
pode dar origens a reações adversas tais como infecções secundárias, toxicidade, alergia e
resistências bacterianas. Muito se discute a respeito dessa prática medicamentosa em cirurgias
de terceiro molares, contudo o fato é que, não existe um consenso sobre a eficácia dessa
medida, enquanto alguns autores são a favor desta conduta. O conceito de profilaxia antibiótica
baseado na administração de um fármaco prévio à cirurgia, vários estudos têm sido realizados
na tentativa de averiguar se é ou não vantajoso quando comparado ao placebo ou em relação à
sua administração extensa durante o período pós-operatório. Entre os antibióticos mais
prescritos encontram-se a amoxicilina devido ao seu largo espectro e a clindamicina pela sua
21, 23
rápida capacidade de difusão óssea.
Com o intuito de prevenir a colonização de bactérias e suas complicações pós-
operatórias, a profilaxia antibiótica é empregada em pacientes que não apresentam evidências
de infecção. A profilaxia antibiótica consiste no objetivo de prevenir a colonização de bactérias
e suas complicações no pós-operatório. Instituída esta conduta, a mesma se divide em duas
finalidades, sendo a primeira, com o objetivo de prevenir infecções na região operada e a
segunda, é empregado para prevenir infecções à distância, como o caso de endocardite
infecciosa. Esta prática tem se mostrado efetivas em duas instâncias, em cirurgias limpas que se
caracteriza por serem procedimentos nas quais não há presença de microrganismos no sítio
cirúrgico, onde seu risco de infecção é remoto e as limpo-contaminadas, onde seus
procedimentos ocorrem à presença da microbiota habitual no sítio cirúrgico, ocasionando em
um maior risco de contaminação e infecção, sendo raramente fatais como os casos de algumas
cirurgias intestinais, geniturinárias e até mesmo as odontológicas. 15
Na antibioticoprofilaxia, para escolher o fármaco dessa classe medicamentosa, é
necessário conhecer a flora do microrganismo causador e desencadeador mais frequente, além
de se levar em conta, estudos bacteriológicos prévios e provas de susceptibilidade. Em relação
ao antibiótico de escolha, devem-se conhecer suas características, levando-se em conta os
padrões de sensibilidade, além das propriedades farmacológicas, como concentração plasmática
26

atingida, depuração renal, efeitos adversos e concentrações tissulares. Recomenda-se que o


fármaco selecionado tenha uma vida plasmática prolongada, pouco tóxica e com mínima
indução de resistência e de baixo custo. 1
12
Romagna et al. reafirma que o uso apropriado de antibióticos tempo antes do
procedimento cirúrgico idealizando a profilaxia, resultam em vantagens óbvias, reduzindo
assim, o risco de infecções, minimizam os custos de cuidados com saúde, diminuem o uso total
de antibióticos e no surgimento de bactérias resistentes.
Essa classe medicamentosa necessita de administração coerente e tempo eficaz para que
haja seus benefícios em âmbitos cirúrgicos, pois, frequentemente, os agentes antimicrobianos
profiláticos não são administrados na hora ideal para assegurar a presença de concentração
efetiva durante o período operatório. 7
A administração profilática de antibióticos tem almejado uma prática comum em
cirurgia, objetivando reduzir a incidência de infecções pós-operatórias. 12

3.4.9 Uso indiscriminado do antibiótico

Com consequência da má atribuição no uso dos antibióticos na Odontologia, esse


desleixo pode acarretar em assunto sério sendo considerada como uma preocupação mundial.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as infecções causam 25% das mortes em
todo o mundo. Sendo que, o principal tratamento para essas infecções são os antibióticos. A
prevalência das infecções e o consumo dos medicamentos para tratá-las acarretam muitos erros
de prescrição direcionados a incerteza diagnóstica e desconhecimento farmacológico. Portanto,
há problemas de indicação, seleção e prescrição desses medicamentos. O que mais preocupa
em relação ao uso inadequado do antibiótico é a resistência bacteriana. 24
A resistência microbiana refere-se a concentrações de antimicrobianos mais altos do que
as que provêm de doses terapêuticas dadas a humanos, ocasionando um fenômeno natural
biológico que se originou a introdução de agentes antibióticos, e esse fenômeno leva a
resistência aos tais fármacos. A resistência bacteriana é preocupação mundial, sendo objetivo
das mais atuais publicações literárias sobre antibióticos. 24
Este fenômeno é considerado ecológico que ocorre como resposta da bactéria frente ao
amplo uso de antibiótico de forma indiscriminada e sua presença no meio ambiente. Os
microrganismos bacterianos multiplicam-se rapidamente, sofrendo mutação genética e são
promíscuos, podendo trocar material genético entre linhagens da mesma espécie ou de espécies
27

totalmente diferentes. Estes seres são considerados de alta capacidade de adaptação a diversos
fatores, como a exposição de agentes químicos potentes. 4
Essa resistência microbiana refere-se a cepas de microrganismos que se multiplicam em
presença de concentrações de antibióticos mais altos do que as que provêm de doses
terapêuticas administradas a seres humanos. O desenvolvimento a essa resistência se dá à
introdução de agentes farmacológicos na prática clínica. Seu uso irracional tem grande
significado para o desencadeamento para o aumento desse problema que aflige a área médica e
odontológica. As taxas de resistência variam de forma ao local na dependência e consumo de
antibióticos. A resistência da bactéria é preocupação de nível mundial, estes mesmos
constituem como os únicos medicamentos que influenciam não somente o paciente em
tratamento, mas todo o ecossistema onde ele esta inserido, com repercussões potentes e
profundas. E como apontam os estudos, as bactérias não reconhecem fronteiras internacionais,
de modo que a resistência bacteriana assume dimensão intercontinental (Pandemia). 24
Atualmente, a diversos fatores estão relacionados com a resistência microbiana, que
podem estar associados a diversos ambientes e podem atingir indivíduos saudáveis. A
alternativa que pode ser aplicada e adotada na tentativa de contornar este problema é o uso de
terapias associadas. Exemplos recentes de resistência a antibióticos são causada por patógenos
intracelulares, que constituem um reservatório para infecções recorrentes. Esse fato ocorre
quando os patógenos atacam células como os macrófagos e ficam em um estágio de dormência,
protegidos dos efeitos dos antibióticos administrados. Os antibióticos ampicilina e meropenem
são capazes de combater mais eficiente e rapidamente bactérias intracelulares do que
extracelulares. É imprescindível afirmar qual microrganismo vai ser influenciado por um
determinado antibiótico, pois nem sempre ocorre a resistência com o patógeno que está sendo
focado no tratamento. A natureza, assim como a virulência bacteriana, as fases de crescimento,
os fatores locais (potencial hidrogeniônico, suprimento sanguíneo, tamanho do inóculo), a
farmacocinética do antimicrobiano e a resistência do hospedeiro podem afetar significamente a
eficácia dos antibióticos, assim, o verdadeiro e único critério para o sucesso do tratamento é a
remissão da infecção. Portanto, o conhecimento dos mecanismos genéticos e bioquímicos
envolvidos na resistência bacteriana é de extrema importância para se entender como a bactéria
pode se desenvolver e ocasionar a resistência. 4, 20
O controle da resistência bacteriana depende de diversos fatores, sendo eles: autorização
de comercialização somente para antibióticos que atendam a padrões internacionais de eficácia
(segurança e qualidade), desenvolvimento de novos medicamentos e protocolos terapêuticos
para infecções prevalentes, desenvolvimento de vacinas, detecção do perfil de resistência
28

microbiana em hospitais, dispensação de antibióticos somente com prescrição médica,


implementação de medidas de controle de infecção hospitalar, manutenção da qualidade de
laboratórios de análises microbiológicas, programas educacionais para usuários no sentido de
prevenir infecção (imunização) e diminuir a transmissão (lavagem das mãos, higiene com
alimentos), promoção do uso racional de antimicrobianos, treinamento de estudantes de
graduação das áreas da saúde tanto no diagnóstico e quanto no manejo das instalações
infecciosas comuns. 24

3.4.10 Uso racional dos antibióticos

O uso dessa classe farmacológica está ligada diretamente com os integrantes dessa
cadeia em que indicam, utilizam, fabricam e distribuem esse medicamento. Intensificando em
si, que seu uso deve ser atribuído como dever de todos, sendo que, definir claramente o impacto
global do problema de resistência microbiana sobre a taxa de mortalidade, morbidade e custos
com a saúde acabam sendo de todos aqueles que os integram. Os integrantes são designados
como aqueles que: prescrevem (médicos e cirurgiões dentistas), paciente (consumidor),
indústria farmacêutica (que desenvolve e insere no mercado), sistema público de saúde (que
distribuem para a população) e a visão social sobre os antibióticos. No entanto, a contenção da
resistência somente será alcançada mediante uso racional de antimicrobianos em medicina
humana, pois ao escolher um antibiótico, os prescritores devem enfatizar atenção aos interesses
futuros e presentes dos pacientes, ocasionando um prognóstico favorável perante o tratamento.
24
29

4 DISCUSSÃO

A cirurgia de terceiros molares é um dos procedimentos mais invasivos e mais


realizados na área odontológica, onde um bom planejamento e levantamento de dados sobre a
condição física do paciente permitem certa previsibilidade operatória e uma boa recuperação.
Uma anamnese bem detalhada sobre o estado de saúde torna-se a chave essencial para a
prescrição farmacológica, pois, nesta etapa, é verificado se o estado de saúde do paciente é
satisfatório ou não, se há ou não a necessidade da realização da prática medicamentosa. 6
A prática cirúrgica de terceiros molares é algo comum e rotineiro na vida clínica do
odontólogo, sendo muitas vezes, cirurgias rápidas sem complicações, ou em contra partida,
podem resultar em uma série de intercorrências fugindo do plano odontológico, perfazendo
assim, inúmeras complicações durante o ato cirúrgico ou após. Complicações essas que surgem
como edemas, dores espontâneas, sangramentos, trismos, espasmos musculares, alterações na
sensibilidade local, hematomas entre outras. Devido às técnicas utilizadas na exodontia, o
fenômeno físico da dor apresenta-se como evidência clínica no pós-cirúrgico, sendo que na
aplicação dos instrumentais e seu manejo, ocasionam lesões teciduais, proporcionando estas, o
desencadeamento álgico após a exérese dentária. Entretanto, o pico máximo doloroso tem seu
tempo “álgico de 12 horas”, e após esse período, no caso de persistência, pode ser considerada
uma condição cujo na qual, o prognóstico esteja desfavorável, e consequentemente uma
complicação pode ter sido instalada. Sendo que, as complicações após exodontia de terceiro
molar que incluem pequena infecção, tem incidência de 1% a 5,8%, dos casos, sendo valores
relativamente baixos. 1, 9, 11, 18
Os antibióticos são relevantes auxiliares na terapêutica infecciosa, devem ser
administrados corretamente e observado perante a sua prática em adotar certos cuidados. A
função desse antimicrobiano é a destruição ou a inibição da proliferação de microrganismos,
com o intuito de limitar o processo infeccioso e desencadear condições para que o hospedeiro
possa eliminar o agente etiológico rapidamente de forma eficaz por meio do sistema
imunológico. 2
A prescrição de antibióticos tem sido um tema de grande divergência entre os
protocolos sugeridos pela literatura, embasadas de forma científica, a sua real aplicação clínica
observada na maioria dos cirurgiões dentistas, são empregadas de forma empírica e sem
fundamentos científicos ou até mesmo baseada em protocolo próprio que o profissional
desenvolveu durante sua vivência ocupacional. 7
30

Sua administração em pacientes que se submetem a cirurgias orais como extrações de


terceiros molares é justificada por tratar-se de procedimento cirúrgico e, ocasionalmente,
podem ocorrer riscos como infecções ligadas principalmente às bacteremias. 1
A eventualidade de bacteremia tem ocorrência transitória, assintomática, de curta
duração e não apresenta significado clínico importante em indivíduos normais. Já em pacientes
comprometidos cardiologicamente, o uso de antibióticos em profilaxia se faz necessário em
cirurgias para evitar o desenvolvimento de endocardite bacteriana. Sendo que, a American
Heart Association (AHA), preconiza o uso de antibióticos e orienta esta utilização para prevenir
e evitar a ocorrência de endocardite em pacientes de alto risco. Seu uso em tais casos necessita
de um conhecimento profundo de farmacologia, uma vez que o emprego incorreto por ação
empírica possa ocasionar a morbidade do paciente. 1, 21
Existe muita controvérsia ao emprego desses fármacos na profilaxia das infecções que
podem ser instaladas nas áreas operadas, como no caso das cirurgias de terceiros molares
inclusos, cirurgias periodontais e até mesmo em cirurgias de implantes dentários. Verifica-se
que a ocorrência de infecções no pós-operatório de cirurgia de molar incluso é de 1% quando
realizado por um bucomaxilofacial. A antibioticoprofilaxia prolongada não confere proteção
adicional ao paciente, podendo desencadear reações adversas e a seleção de bactérias
resistentes. Portanto, seu emprego só deve ser questionado em pacientes que confere algum
risco de saúde, sendo eles, pacientes críticos especiais. Após a exodontia de um terceiro molar,
complicações após o ato cirúrgico estão descritas na literatura como taxas de incidência que
variam entre 1 a 6%. Por esta afirmação, a profilaxia antibiótica para cirurgias limpas e
contaminadas é um fator de controvérsia para muitos autores. Na maioria dos odontólogos, tal
decisão é realizada com base no seu senso clínico e experiência própria, havendo uma
tendência declarada para a prescrição elevada que pode dar origens a reações adversas tais
como infecções secundárias, toxicidade, alergia e resistências bacterianas. Muito se discute a
respeito dessa prática medicamentosa em cirurgias de terceiro molares, contudo o fato é que,
não existe um consenso sobre a eficácia dessa medida, enquanto alguns autores são a favor
desta conduta. O conceito de profilaxia antibiótica baseado na administração de um fármaco
prévio à cirurgia, vários estudos têm sido realizados na tentativa de averiguar se é ou não
vantajoso quando comparado ao placebo ou em relação à sua administração extensa durante o
período pós-operatório. Entre os antibióticos mais prescritos encontram-se a amoxicilina
21-
devido ao seu largo espectro e a clindamicina pela sua rápida capacidade de difusão óssea.
23
31

12
Romagna et al. opinam vantagens do uso apropriado dessa classe farmacológica na
profilaxia, onde são óbvias a redução de incidência da infecção, minimizando os custos com
cuidados à saúde, diminuindo o uso total dos antibióticos e o surgimento de bactérias
resistentes em pacientes de alto risco.
Entretando, a prática de antibióticos profiláticos quanto à sua utilização, a literatura é
imperativa ao preconizar a não administração desses medicamentos, porque essas cirurgias
possuem uma taxa de complicação infecciosa insignificante estatisticamente quando esses
fármacos são administrados em pacientes saudáveis. 9
Zanata et al. 7 ressaltam perante a administração profilática constituído em prática como
objetivo de reduzir a incidência de infecção pós-operatória, existe baixa incidência de infecções
no pós-cirúrgico sem que o uso profilático tenha sido considerado como fator determinante.
Em uma lógica nessa prática farmacológica após procedimentos exodônticos de
terceiros molares, uma sequência sugerida abordou os seguintes princípios: o procedimento
cirúrgico deve ter certo risco de infecção significante, selecionar de forma correta o antibiótico
a ser empregado em tal caso, o nível do antibiótico deve ser alto (espectro de ação), administrar
o fármaco na hora correta e usar a menor exposição de antibiótico efetivo. 7
Sobre este tema discutido, a administração do mesmo se direciona em três formas na
exodontia de terceiros molares. Casualmente, suas indicações são realizadas nas seguintes
maneiras: em dose única pré-operatória (antibioticoprofilaxia), em doses múltiplas no pós-
operatório (terapêutica) ou combinação de ambas de forma concomitante. Ainda é controverso
o método de aplicação dessa droga, além disso, os trabalhos encontrados na literatura variam
bastante quanto aos antibióticos usados e suas posologias empregadas, sugerindo até que seja
dispensável seu uso, pois, seu uso no pós-operatório parece não apresentar muitas vantagens,
exceto em casos de pacientes que necessitam de atenções especiais. 6, 7
Em outra ocasião, quando existe a necessidade de intervir preventivamente em
manifestações infecciosas pós-cirúrgicas, o antibiótico deve ser administrado intra-operatório,
ou seja, iniciar antes e terminar logo após o procedimento cruento. Essa forma de administração
antibiótica é utilizada principalmente, em pacientes com desordens sistêmicas como diabetes,
transplantados renais, anêmicos, doenças auto-imunes e indivíduos em tratamento
quimioterápico. Essas desordens citadas enquadram-se em pacientes que necessitam de atenção
especial. Entretanto, de acordo com os princípios mais modernos de profilaxia, a primeira dose
antibiótica deve ser realizada antes do início da cirurgia e em dose maior que a dose terapêutica
padrão para que atinja níveis plasmáticos e tecidos no momento da contaminação. 2
32

Os motivos para a escolha de um esquema terapêutico não ficaram claros devido à


discrepância literária, reforçando a prática medicamentosa de conhecimento particular e
peculiar de cada cirurgião dentista na rotina cotidiana. É nítido observar a necessidade de
realizar a antibioticoprofilaxia em pacientes de alto risco. No entanto, a escolha de um
protocolo antibiótico, perfaz na necessidade clínica do operador com o operado, difundido nos
conhecimentos farmacológicos básicos para a uma prática eficaz e segura para ambos. Diversos
estudos encontrados na literatura ressaltam que não há objetividade e necessidade da prescrição
antibiótica na terapêutica após exodontia de terceiros molares, tanto em cirurgias simples e
complexas, podendo até mesmo o paciente apresentar excelente estado de saúde, mas algo fica
obscuro e chama atenção nessas ocasiões devido ao fato de como o paciente se portará no
regime pós-operatório, pois nem sempre as orientações passadas ao mesmo pelo dentista são
obedecidas, como higiene oral, administração de analgésicos, alimentação, hábitos nocivos
como fumo e álcool, entre outros. E esses comportamentos podem desencadear complicações,
levando o cirurgião dentista a se precaver, prescrevendo a utilização antibiótica como respaldo
clínico cirúrgico. Assim, podemos adotar que a prática antibiótica na terapêutica é utilizada
também para prevenção de infecções e seus riscos inerentes ao paciente quando ocorrida em
situações acima descrita.
Por tais motivos, cada caso deve ser analisado na sua individualidade, no seu particular,
para que haja sucesso tanto na atuação do cirurgião dentista, como na recuperação do paciente,
visando sempre um prognóstico positivo no quadro de evolução do mesmo. A seguir, encontra-
se um protocolo realizado pelos autores da monografia, em casos em que ocorra a necessidade
da indicação antibiótica:
33

Tabela 2. Prescrição medicamentosa elaborada pelos autores do trabalho


__________________________________________________________________________
Profilaxia Antibiótica – Pré-cirúrgico Prescrição
Amoxicilina 2g______________________________________________ 04 cápsulas 500mg
Consumir as 4 cápsulas 1 hora antes do procedimento

Clindamicina 600mg________________________________________ 02 cápsulas de 300mg


Consumir as 2 cápsulas 1 hora antes do procedimento

Azitromicina 500mg_____________________________________ 01 comprimido de 500mg


Consumir 1 comprimido 1 hora antes do procedimento
Obs. Clindamicina e Azitromicina se administram quando o paciente é alérgico a Amoxicilina.
__________________________________________________________________________

Tabela 3. Prescrição medicamentosa elaborada pelos autores do trabalho


__________________________________________________________________________
Profilaxia Antibiótica – Pós-cirúrgico Prescrição
Amoxicilina 500mg_________________________________________________ 15 cápsulas
Consumir 1 cápsula de 8 em 8 horas por 5 dias

Clindamicina 300mg_________________________________________________ 15 cápsulas


Consumir 1 cápsula de 8 em 8 horas por 5 dias

Azitromicina 500mg____________________________________________ 03 comprimidos


Consumir 1 comprimido 1 vez ao dia por 3 dias

Obs. Clindamicina e Azitromicina se administram quando o paciente é alérgico a Amoxicilina.


__________________________________________________________________________

Esses medicamentos citados a cima, são os de uso mais tradicionais nas virtudes de
cirurgias orais, sendo que, na terapêutica, o cirurgião disponibiliza qual droga prescrever e na
duração do tratamento (podendo ser de 3 até 10 dias de administração antibiótica, dependendo
da situação clínica). Entretanto, a prática dessa classe deve ser bem empregada, mesmo com
suas divergências, onde o profissional deve estabelecer uma boa base intelectual perante a
utilização desses fármacos, sendo que, uma vez empregado de forma correta, estabelecerá ao
paciente ausência de processo infeccioso repercutindo no quadro de saúde e evolução clínica,
atuando na prevenção e recuperação do operado, favorecendo uma relação cirurgião-paciente
confiável.
34

5 CONCLUSÃO

O uso da antibioticoterapia na exodontia de terceiros molares é um assunto muito


controverso, que afeta opiniões distintas, mas com fundamento justificado em cada caso. Sua
prática remonta os tempos mais antigos, mas cada vez mais nos tempos atuais, essa discussão
vem tomando mais espaço no meio odontológico, visando o bem estar do paciente.
É nítido que o uso de antibióticos no pré ou pós-cirúrgico é relativo, dependendo da
análise de cada caso, como verificações de saúde, condições de higiene do paciente e
procedimento realizado em cada cirurgia, sendo estes entre outros fatores, condições que
devem ser levadas em consideração para a determinação do uso ou não de antibióticos na
extração do terceiro molar.
Por tais motivos, concluímos que cada caso deve ser analisado na sua individualidade,
no seu particular, onde a aplicação da antibioticoterapia se torna algo subjetivo de cada
profissional perante o caso clínico apresentado, mas com fundamento científico e
discernimento no ato da prescrição farmacológica, para que haja sucesso tanto na atuação do
cirurgião dentista, como na recuperação do paciente, visando sempre um prognóstico positivo.
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Autores: Diego Pereira de Faria Vieira,
Maicon Cabral dos Santos e Rafael Cabral
Nunes da Silva. Pindamonhangaba,
Dezembro de 2016.

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