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FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

NOME: _____________________________________ N.º: ______ TURMA: _________ DATA: _________

GRUPO I

Leia o seguinte excerto da parte final do Ato Primeiro da peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret.

CENA VIII

MANUEL DE SOUSA E MADALENA

Madalena — […] Meu esposo, Manuel, marido da minha alma, pelo nosso amor to peço, pela nossa filha…
vamos seja para onde for, para a cabana de algum pobre pescador desses contornos, mas para ali não,
oh, não!

5 Manuel — Em verdade nunca te vi assim; nunca pensei que tivesses a fraqueza de acreditar em agoiros.
Não há senão um temor justo, Madalena, é o temor de Deus; não há espectros que nos possam
aparecer senão os das más ações que fazemos. Que tens tu na consciência que tos faça temer? O teu
coração e as tuas mãos estão puras; para os que andam diante de Deus, a terra não tem sustos, nem o
inferno pavores que se lhes atrevam. Rezaremos por alma de D. João de Portugal nessa devota capela
10 que é parte da sua casa; e não hajas medo que nos venha perseguir neste mundo aquela santa alma,
que está no Céu, e que em tão santa batalha, pelejando por seu Deus e por seu rei, acabou mártir às
mãos dos infiéis. Vamos, D. Madalena de Vilhena, lembrai-vos de quem sois e de quem vindes,
senhora… e não me tires, querida mulher, com vãs quimeras de crianças, a tranquilidade do espírito
e a força do coração, que as preciso inteiras nesta hora.

15 Madalena — Pois que vais tu fazer?

Manuel — Vou, já te disse, vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar um
exemplo a este povo que os há de alumiar…

[…]

CENA XI

MANUEL DE SOUSA, MIRANDA e os outros criados

Manuel — Meu pai morreu desastrosamente caindo sobre a sua própria espada. Quem sabe se eu morrerei
20 nas chamas ateadas por minhas mãos? Seja. Mas fique-se aprendendo em Portugal como um homem
de honra e coração, por mais poderosa que seja a tirania, sempre lhe pode resistir, em perdendo o
amor a coisas tão vis e precárias como são esses haveres que duas faíscas destroem num momento…
como é esta vida miserável que um sopro pode apagar em menos tempo ainda! (Arrebata duas tochas
das mãos dos criados, corre à porta da esquerda, atira com uma para dentro; e vê-se atear logo uma laba-
reda imensa. Vai ao fundo, atira a outra tocha; e sucede o mesmo. Ouve-se alarido de fora.)

[...]
ALMEIDA GARRETT, Frei Luís de Sousa, ed. de Rodrigues Lapa,
8.a ed. Lisboa: Seara Nova, 1969.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. O excerto apresentado mostra-nos os dois fios da intriga do drama de Garrett através das
palavras de Manuel de Sousa Coutinho.

2. Divida o excerto em duas partes e identifique os dois fios da intriga que são expostos nestas
cenas.

3. Considere a seguinte passagem: «[…] e não me tires, querida mulher, com vãs quimeras de
crianças, a tranquilidade do espírito e a força do coração, que as preciso inteiras nesta hora.»
(linhas 13 a 15)

4. Mostre que existe uma variação, no discurso que D. Manuel dirige a D. Madalena, entre as suas
afirmações de serenidade e os sinais de ameaça relativos à figura de D. João de Portugal.
Transcreva expressões do texto que comprovem a sua resposta.

5. Releia a Cena XI e descreva a personalidade de D. Manuel de Sousa Coutinho.

Leia o seguinte excerto da narrativa «As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)»
(História trágico-marítima), numa adaptação de António Sérgio. Em caso de necessidade, consulte as notas
apresentadas.

Vendo Jorge de Albuquerque Coelho que os corsários se propunham levá-los para França, descobriu 1
aos soldados seus companheiros, que o tinham ajudado a defender a nau, — o plano de se levantar contra
os franceses. Responderam que o ajudariam, se vissem nisso salvação possível; reparasse ele, porém, que
era a Santo António muito zorreira2, mal aparelhada, ruim de leme, e fazendo além disso muita água; a nau
5 francesa que a seguiria, pelo contrário, mais avançava só com o traquete3 que a Santo António com o pano
todo. Ela ali estava, sempre tão próxima, quase à fala… Fugir-lhe? Como? Infelizmente, era impossível!
Respondeu-lhes o Albuquerque com o maior esforço, tentando animá-los. Não, não era impossível! Se
matassem os franceses que na nau levavam — dezassete homens! — com as armas deles se defenderiam
dos outros. Esses dezassete que desapareciam já os tinham de menos contra si; os quais, por serem homens
10 dos mais importantes, haviam de fazer muita falta aos seus. Demais, sabendo os outros que estes eram
mortos não deixariam de descoroçoar. Não se tinham defendido com tão poucas armas, e quase por três
dias? Que não poderiam fazer agora, com armas tão boas como eram aquelas? Já traçara um ardil com
que matariam esses, e em bem pouco tempo…Vamos! Era tudo possível!

ANTÓNIO SÉRGIO (adapt.), História trágico-marítima: narrativas de naufrágios da época das Conquistas.
Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1962.
(1) descobriu: confessou; explicou.
(2) zorreira: lenta.
(3) traquete: a vela mais baixa e mais redonda que se encontra no mastro da proa.

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Depois de os franceses decidirem que levariam os seus prisioneiros para França, Jorge de
Albuquerque Coelho explicou aos que se tinham revoltado consigo que poderiam tomar a nau
novamente.

2. Compare a reação dos parceiros de Albuquerque Coelho com a postura do herói português.

3. Transcreva, das linhas 14 a 16, um recurso estilístico e comente a sua expressividade.

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GRUPO II

Leia o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulte as notas apresentadas.

DISCURSO I — EM SESSÃO DE 9 DE OUTUBRO DE 1837

Três são as diversas posições em que pode colocar-se o homem público1, o homem chamado a pro-
nunciar sobre questões de gravidade e importância da que hoje aqui tratamos.
A primeira e a mais fácil é seguramente a daquele que nem por si a toma; que levado da torrente das
opiniões, e cuidando dirigir as turbas, quando não é senão empurrado por elas, imaginando-se forte só
5 porque se pôs do lado da força, vai com o Poder que reina, está pela potência que impera. Esta posição é,
como disse, a mais fácil, e para certos olhos (ainda bem que não para os meus!) a mais brilhante: os aplausos
estão em roda dela, as recompensas lhe chovem em cima; e coroado há de ser decerto quem a ocupa […].
Quase tão fácil é a segunda posição (fácil de tomar, entendo), aparentemente mais nobre, nem sempre
mais desinteressada; mas sem dúvida mais lisonjeira para o amor-próprio de quem a escolheu por sua; é a
10 daqueles que, aparentando (Deus sabe às vezes com que ânimo) integridades de Catão2, parecem pleitear3
justiça com os Céus, praz-lhes4 a causa vencida, só porque o é, defendem quanto está debaixo, só
porque o está; e justa ou injusta, é sua sempre a parte dos que se dizem oprimidos […]. Nela se formam
muitas vezes reputações que aliás fora impossível adquirir: também lhe sobejam aplausos; e lá está, mais
longe, sim, mas não mais incerta, a perspetiva da recompensa, a querida esperança do galardão!
15 A história de todas as revoluções nos apresenta, sempre e pelo mesmo modo, forte e numerosamente
ocupadas estas duas posições. Ambas são as da ambição; para elas vai, para elas forçosamente há de ir,
a máxima parte dos homens.
Terceira posição há — difícil, desgraçada e árdua, de poucos seguida, de poucos entendida, caluniada
dos muitos; pode-se quase dizer que desprezada de todos. Raros a ocupam, raros deixaram ainda de morrer
20 nela, sós como entraram, abandonados e malquistos5. Na peleja nem um voto os anima: os aplausos da
vitória não os têm, que não há vitória para eles; na desgraça nem simpatias, porque não dão esperanças;
na boa fortuna….Onde há boa fortuna para os justos e inteiros?
[…] Esta sim, esta última de que falo é a posição do homem inteiro, e independente deveras […].
E sólida, com efeito, e duramente arraigada em suas convicções é mister que esteja a alma do homem que
25 tal posição escolheu, onde nada o conforta e tudo o desampara. Detestado de inimigos, aos seus próprios
mal aceito, não lhe resta senão o testemunho de sua consciência — que muito é todavia, que é tudo para
almas assim temperadas! […]
Por esta posição optei, conhecendo-lhe bem os desaires. E os cárceres, os exílios, os degredos, as
vexações de toda a espécie, as calúnias de toda a parte, que há dezassete anos me tem custado, não pude-
30 ram ainda senão rebitar6 os pregos da cruz com que me abracei voluntário, e em que antes desejo morrer
escarnecido e vituperado7 do que merecer triunfos, do que ver decretada minha apoteose por quaisquer
dominadores da Terra.
Colocado nesta posição, não hei de nunca ser o homem de ninguém (bem sei), mas hei de sê-lo de
mim mesmo e da minha consciência.

JOÃO BAPTISTA DA SILVA LEITÃO DE ALMEIDA GARRETT, Discursos Parlamentares,


Lisboa, Publicações Europa-América, 1954, pp. 37-39 (com adaptações).

(1) homem público: pessoa que cumpre funções políticas.


(2) Catão: Catão, o Velho (234-149 a. C.), político romano conhecido pelo seu conservadorismo e gosto pela tradição.
Antepassado de Catão, o Jovem (95-46 a. C.), político romano seguidor do Estoicismo, conhecido pela sua
integridade moral e pela crítica à corrupção.
(3) pleitear: discutir; contestar.
(4) praz-lhes: agrada-lhes.
(5) malquistos: malvistos; antipáticos.
(6) rebitar: virar a extremidade para cima.
(7) vituperado: insultado; difamado.

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1. Para responder a cada um dos itens, de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. Este texto pertence ao género textual


(A) artigo de divulgação científica.
(B) exposição sobre um tema.
(C) discurso político.
(D) apreciação crítica.

1.2. O título indica-nos


(A) o edifício em que o texto foi proferido.
(B) o contexto temporal e espacial em que o texto foi proferido.
(C) o público-alvo do texto.
(D) o movimento político a que o seu autor pertence.
1.3. A primeira posição em que o homem público se pode colocar caracteriza-se pela
(A) capacidade de enfrentar a opinião da multidão.
(B) capacidade de conduzir as multidões, utilizando argumentos racionais.
(C) defesa daquilo que multidões desejam.
(D) defesa da justiça e da verdade, mesmo que isso signifique receber críticas.
1.4. A primeira posição em que o homem público se pode colocar e a segunda têm em comum
(A) a defesa intransigente dos oprimidos e injustiçados.
(B) a defesa desinteressada dos princípios da verdade e da justiça.
(C) a adoção de um comportamento nobre e virtuoso.
(D) o desejo de receber elogios.
1.5. A maioria dos homens públicos
(A) é incapaz de seguir apenas a sua consciência.
(B) rejeita a recompensa, guiando-se unicamente pelo princípio da consciência.
(C) tem de enfrentar corajosamente a fúria da turba.
(D) adota comportamentos verdadeiramente nobres.
1.6. Com a expressão «não hei de nunca ser o homem de ninguém» (linha 33), o orador reitera que
(A) o bem público não constitui um tema que o preocupe verdadeiramente.
(B) o homem público deve respeitar a opinião da turba.
(C) segue um caminho original, com o fito nas recompensas e nos louros sociais.
(D) segue apenas as orientações da sua consciência, mesmo que isso tenha um preço elevado.
1.7. O texto apresentado pode enquadrar-se no género
(A) narrativo.
(B) descritivo.
(C) argumentativo.
(D) expositivo.

2. Responda aos itens apresentados.

2.1. Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes que se seguem.


a) «a mais fácil» (linha 6)
b) «do galardão» (linha 14)
2.2. Classifique as orações subordinadas que se apresentam.
a) «que aliás fora impossível adquirir» (linha 13)
b) «mas hei de sê-lo de mim mesmo e da minha consciência.» (linhas 33 e 34)

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GRUPO III

Artigo 21.º

Direito de resistência

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de
repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

Constituição da República Portuguesa,


http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx

Os excertos literários analisados apresentam heróis que abdicam do seu conforto pessoal em prol do
bem-estar da comunidade em que se inserem, ou seja, o seu sacrifício pessoal é justificado uma vez que
ocorre numa situação de defesa da Pátria e do bem comum.

Escreva um texto de opinião em que explicite a sua perspetiva no que diz respeito ao direito de resistência
de um indivíduo numa situação de opressão ou tirania.

Construa um texto bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão), com argumentos bem
claros e exemplos concretos. A sua redação deve ter no mínimo duzentas (200) e no máximo trezentas (300)
palavras.

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