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Abstract:This article problematizes the functionality of the woman work in the family farmer in the
Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, in the perspective of gender, through
of a bibliographic research. Intend it, yet, analyses the transformations in the new countryside world in
the ambit of the capitalist system and the sunrise of the occupations executed under the informal relations
of a new collective work, glimmering the relations of the gender power in the production and
reproduction of the feminine in the contemporaneous society. Exposition of the text will be shared in
four sessions: 1) informal relations of the work in the contemporaneity; 2) the new organization of the
collective work in the countryside world; 3) the subordination and subsuntion of the woman work in the
1
Assistente Social da Secretaria de Assistência Social e Trabalho e Professora da Escola Estadual de Ensino Médio
de Campos Sales, ambos localizados na cidadede Campos Sales-CE. E-mail:
albafortcs@yahoo.com.br./albafortas@hotmail.com
2
Economista e Assistente Social do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS na cidade de Iguatu-Ce. E-
mail: dalvaneideas@yahoo.com.br
3
Assistente Social do Instituto Federal do Ceará - IFCE- Campus Crato, na cidadedo Crato-CE. E-mail:
lucileide@ifce.edu.br
1INTRODUÇÃO
O campo de estudos de gênero consolidou-se no Brasil no final dos anos de 1970,
concomitantemente ao fortalecimento do movimento feminista no país. A incorporação da
preceptiva de gênero por políticas públicas, particularmente na agricultura familiar e nas últimas
décadas é largamente debatido em toda literatura a respeito de políticas públicas para mulher e
gênero no mundo atual.
A questão do gênero configura-se papéis diferenciados e hierárquicos no mercado de
trabalho e nas estruturas sociais. No entanto, a dicotomia feminino-masculino e a rígida divisão
sexual do trabalho entre mulheres e homens, tanto na esfera doméstica quanto na profissional
veem sendo modificadas nos últimos anos ao se constatar maior inserção de mulheres em
espaços tradicionalmente masculinos e maior envolvimento de homens em tarefas domésticas.
Ao se identificar as novas tendências na constituição do mercado de trabalho e nas ações
do Estado, verifica-se que as desigualdades entre homens e mulheres persistem no meio rural de
forma naturalizada e estruturada sob as relações de poder e em bases econômicas.
Historicamente, as mulheres trabalhadoras rurais ainda não foram suficientemente reconhecidas
pelo Estado e pela sociedade como agricultoras familiares.
De uma forma geral, as políticas públicas, pouco se direcionaram para este segmento, e
quando o faziam, eram destinadas à família rural considerando-a como um todo homogêneo.
Apenas recentemente, este quadro começa a se alterar, não só com um novo quadro normativo e
institucional, mas também, com ações efetivas na incorporação e efetivação dos direitos das
mulheres trabalhadoras rurais.
Este artigo problematiza a funcionalidade do trabalho da mulher na política de
agricultura familiar, particularmente no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
Mas tanto o trabalho doméstico, percebido como a ordem natural das coisas, quanto o
trabalho na roça, visto como domínio masculino por causa do valor de troca produzido
ficava invisível, sem reconhecimento social. Dado o papel do gênero na divisão do
trabalho, as mulheres não eram definidas como trabalhadoras, apesar da natureza
indispensável de sua atividade na sobrevivência na família. (Heredia,1979, p.62).
Ainda que haja espaços distintos de exercício da autoridade, observa-se que a própria
identidade feminina, na família camponesa, supõe uma relação de dependência e de
submissão em relação ao homem. Assim, o sentido de complementaridade identificado
por Segalen nas tradições camponesas, não exclui a desigualdade e a hierarquia nas
relações entre os gêneros.
Sob essa lógica, a mulher passa a assumir novas funções no meio rural, particularmente,
o Programa de Agricultura Familiar – Pronaf, onde demonstra a tendência da descentralização
produtiva respondendo o propósito da flexibilização, promovendo a desregulamentação dos
contratos de trabalho e a reemergência de formas precárias de trabalho que constituem o meio
adequado à exploração da força de trabalho feminino.
Por conseguinte, uma forma perfeitamente viável ao modelo de flexibilização a
necessidade capitalista, onde a mulher é submetida aos imperativos da exploração capitalista,
mediante contrato de trabalho informal e sem os custos sociais de proteção ao trabalho,
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a pesquisa bibliográfica “A funcionalidade do trabalho da mulher na política de
agricultura familiar”, particularmente no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF, na perspectiva de gênero, buscou problematizara situação da mulher no mercado de
trabalho na zona rural, como também, identificar as transformações no novo mundo rural no
âmbito do sistema capitalista e de intervenção estatal, e ainda, o crescimento das ocupações
executadas sob as relações informais de um novo trabalho coletivo, com foco nas múltiplas
formas de subordinação do trabalho da mulher para legitimar a funcionalidade desta ao capital.
No contexto de desemprego estrutural, de globalização financeira, de transformação no
mundo rural, do papel do Estado no âmbito das políticas públicas e na regulação da relação entre
capital e trabalho, retoma-se a ideia da incorporação de determinados segmentos de
trabalhadores rurais ao conjunto de modernização da agricultura familiar (Guanziroli et.al.,
2001). Isso evidencia a precarização e a instabilidade nas relações de trabalho renovando velhos
e novos expedientes de sobrevivência.
Nessa perspectiva, onde impera a ordem de grandeza do desemprego, da fragilidade das
relações de trabalho, do declínio do sistema de proteção tradicional, enquanto se expande o
universo de trabalhadoras desprotegidas, configurando-se um quadro global de hierarquização
do trabalho, de desigualdade na remuneração entre homens e mulheres no país, particularmente
no meio rural, efetivamente caracterizando as formas de subordinação do trabalho da mulher nas
relações econômicas capitalistas.
Diante desse quadro, criam-se políticas compensatórias para os pobres do meio rural e
estímulo de serviços para a empregabilidade agrícola. Trata-se, portanto, da política de
agricultura familiar - Pronaf, até então denominada de pequena produção mercantil ou pequena
produção familiar, como também aliada a uma política de crédito agrícola voltada para as
agricultoras.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Crise capitalista contemporânea e as transformações no mundo do
trabalho. Capacitação em Serviço Social e Política Social: Módulo 1: Crise contemporâneo,
questão social e serviço social. Brasília: CEAD, 1999.
_____. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo:
Boitempo, 2005.
______. et.al Agricultura familiar e a reforma agrária no século XXI. Rio de Janeiro: Garamond,
2001.
MELO , Hildete Pereira de; DI SABATTO, Alberto. Situação das mulheres trabalhadoras rurais
e as políticas públicas no Brasil. In: Gênero, agricultura familiar e reforma agrária no
MERCOSUL. Brasília: MDA, 2006. p.83.
P.P. de Carvalho(PQ)4
D.C. Nascimento(PQ)5
M. X. P. da Rosa(PR)6
RESUMO: A realidade da agricultura familiar no Brasil é muito peculiar, pois cada região possui
condições de cultivo próprio. É no meio rural que se encontra as elevadas taxas de analfabetismo e
pessoas vivendo em situações precárias, criando a necessidade de políticas públicas com base nessa
realidade, com o objetivo de manter o produtor no campo, eliminando as possibilidades de êxodo rural.
No Ceará a agricultura é destaque, sendo expressiva a quantidade de estabelecimentos habitados por
pequenos produtores, sendo o município de Iguatemi, destaque nesse estudo. A situação do município
não é diferente do nordeste, onde os elevados índices de pobreza estão intrínsecos no meio rural,
evidenciando a importância da criação de políticas públicas como objetivo de criar programas sociais
que auxiliam no desenvolvimento da agricultura familiar de forma técnica e econômica, visando
garantir a permanência do homem no campo. Pode-se evidenciar, nesse trabalho que a agricultura
familiar é importante na participação do processo de desenvolvimento do município de Iguatu.
Entretanto é necessária a criação de projetos de políticas públicas que contribuam para o
desenvolvimento da mesma, seja por órgãos de outras esferas ou pelo próprio poder público municipal
que poderá auxiliar no acompanhamento técnico que é imprescindível para a sustentabilidade da
atividade em âmbito local.
INTRODUÇÃO
A agricultura familiar pode ser conceituada como uma forma de organização produtiva na
qual os parâmetros utilizados para nortear as decisões referentes à exploração agrícola e/ou
pecuária não se condicionam exclusivamente pela ótica da produção e rentabilidade econômica,
mas consideram também as necessidades e objetivos prioritários da família. (CARMO, 1998
apud DAMASCENO, 2007)
4
Universidade Regional do Cariri (URCA) - Campus Iguatu/ e-mail: paty.carvalho89@hotmail.com
5
Universidade Regional do Cariri (URCA) - Campus Iguatu/ email: daginacristina@hotmail.com
6
Universidade Regional do Cariri (URCA) - Campus Iguatu/email: marceloximenes451@hotmail.com
REVISÃODE LITERATURA
1.1Aimportânciadaagriculturafamiliarparaodesenvolvimentosustentável
A partir da década de 60 o processo de modernização da agricultura brasileira foi
intensificado com base nas transformações de sua base técnica (principalmente como uso de
maquinaria, de fertilizantes, de agrotóxicos e da genética), visando ao crescimento da
produtividade e da produção de alimentos (VARGAS,2010).
Toda essa modernização implica no crescimento econômico, porém traz como
conseqüência problemas ambientais e sociais, percebe-se que o pequeno produtor em sua maioria
não tem acesso as modernizações para atingir uma produção significativa, e como conseqüência
têm a emigração desordenada da população para os grandes centros urbanos, a concentração de
Mello (2007) entende que: “o espaço rural agora é visto como um conjunto variado de
bens públicos aos quais estão ligados valores que vão muito além da simples produção de
alimentos”.
O desenvolvimento rural deve ser um conceito espacial e multissetorial e a agricultura,
como parte dele. A unidade de análise não são os sistemas agrários nem os sistemas alimentares,
mas economias regionais.(MELLO,2007)
Portanto, a agricultura familiar não deve ser vista como agricultura de subsistência, é
importante notar seu significado na sociedade e na economia,tendo influência direta na geração
de emprego e renda, e na preservação de áreas florestais.
“As práticas agrícolas encontradas hoje, mantém características do processo de produção
da modernização conservadora, embora indicadores de sustentabilidade sejam detectado sem
seus sistemas produtivos” (Vargas,2010).
O grande desafio é a ruptura com a permanência das técnicas de produção agrícola, que
objetivava o crescimento econômico, mantendo os mesmos procedimentos técnicos visando de
forma capitalista o crescimento produtivo, e com isso devastando o setor social e ambiental.
Nesse contexto percebe-se a deficiência de uma produção modernizada sem a preparação
para superar os impactos herdados do excesso de tecnologia, visando à sustentação do
capitalismo através de todo o processo de produção chegando a sua finalidade. Contudo, sem
valorizar as fontes de matéria-prima, e preservação patrimônio ecológico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Perfil do Pequeno Produtor Rural do Município de Iguatu - CE
Essa mão-de-obra contratada pode ser permanente ou temporária, apesar da produção ser
dividida entre os membros da família, tem-se que 13,65% dos estabelecimentos contratam
empregados temporários, onde cada trabalhador está agregado a uma tarefa específica como
podemos ver no gráfico 1.2.
Fonte:IBGE,ElaboraçãoPrópria
CONCLUSÕES
De fato a agricultura familiar é importante na participação do processo de
desenvolvimento rural do município de Iguatu. Ela é responsável por uma alimentação saudável
e no abastecimento do mercado interno, com produtos básicos, como por exemplo, arroz e feijão.
Entretanto, a criação de projetos e políticas públicas que contribuam para o
desenvolvimento da agricultura familiar no município é de inquestionável importância.
REFERENCIAS
INTRODUÇÃO
O presente artigo busca trazer elementos centrais que constituem a Política da
Assistência Estudantil nas Instituições Federais (IFES), onde os programas aqui apresentados
vão atender a demanda de estudantes, garantindo a permanência dos mesmos no ensino superior,
frente aos carecimentos que este apresenta no seu cotidiano.
Há muito tempo a política da assistência estudantil vem sofrendo diversas
transformações frente à sociedade capitalista que estamos inseridos, se estruturando nas novas
configurações que a ordem vigente apresenta como forma de dar subsídios – ainda que
minimamente – às classes menos favorecidas (público alvo das políticas sociais e, mais
7
nayaracz@hotmail.com. (83)9147-5738
8
lela_cz@hotmail.com. (83)9620-9857
9
sarahgaliza@gmail.com. (83)9624-8382
10
conceicaofelix@oi.com.br. (83)9314-4262
Com isso, as instituições privadas tiveram autonomia para abrir escolas e universidades.
A partir desse momento há uma leve inclinação para a democratização da educação. É através
dos movimentos sociais que haverá uma maior conscientização e participação do povo. De
acordo com Barbosa (2012, p.5) “já em 1962, foi anunciado, pelo então presidente da república
João Goulart, o Plano Nacional de Educação (PNE), que viria a aumentar consideravelmente os
investimentos na área.”
A partir do golpe militar a educação tomou novos rumos, pois o Estado, ao tomar para si
a responsabilidade da educação, intensificou as desigualdades presentes nela sobre as bases
econômicas e sociais (BARBOSA, 2012). Ao se iniciar esse período de ditadura, o Estado
utilizou-se da educação para controlar toda a sociedade e também utilizou-se da crise econômica
Fica evidente o descaso dos governantes com a educação superior pública, sendo que o
Estado permite o sucateamento das universidades, o que tem gerado efeitos como a
perda da autonomia universitária, comprometendo a qualidade no ensino e na formação
acadêmica de um modo geral. Em decorrência do sucateamento da universidade
pública, a assistência estudantil vem sendo prejudicada pela não existência de um
orçamento especifico destinado a sua implementação.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Fabricia Silva de; BEZERRA, Juliane Cristina Bispo. Tendências da política de
assistência ao estudante no contexto da reforma universitária brasileira. São Luís, MA: III
Jornada Internacional de Políticas Públicas, 2007.
1 INTRODUÇÃO
As pesquisas de uma forma geral visam à construção de conhecimento por meio do
estudo de um determinado fenômeno. Elas partem de indagações individuais ou coletivas que
buscam respostas para as mais diversas problemáticas que o homem propõe-se a investigar.
A pesquisa “Desenvolvimento e Assistência Social: uma avaliação de efetividade da
Política de Assistência Social na mesorregião Oeste Potiguar16 (2004-2010)”, realizada no
período de 2012/2014, objeto de discussão desse artigo, teve como um de seus objetivos centrais
11
Professora Doutora – UERN. Telefone: (84) 9972-3064. E-mail: lunasoares@uol.com.br
12
Graduada em História/voluntária FAPERN. Telefone: (84) 9901-5406. E-mail:lidianne_dantas@hotmail.com
13
Graduanda em Serviço Social/Bolsista CNPq. Telefone: (84) 8862-7257. E-mail: crislanysilva@outlook.com
14
Professor Mestre – UERN. Telefone: (84) 8833-8874. E-mail: almeidasilva@uern.br
15
Pesquisa financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN). Pesquisa
desenvolvida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade do Estado do Rio Grande
do Norte.
16
Mesorregião Oeste Potiguar “(...) composta por 62 municípios, constituindo-se a maior mesorregião do RN e
encontra-se subdividida (...) em 07 microrregiões, dentre essas, destacam-se a microrregião de Mossoró e a
microrregião de Assú” (COELHO, 2011, p. 208).
Assim, as escolhas são de suma importância para o processo de pesquisa, pois somente, a
partir desta que poderemos delinear os passos a ser seguidos, bem como, responder aos
objetivos propostos.
A metodologia utilizada para realização da pesquisa constituiu-se em pesquisa
bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa bibliográfica foi realizada através de revisão
de livros e textos que possibilitaram o acumulo de conhecimento teórico para subsidiar na
discussão e problematização da pesquisa, permitindo que pudéssemos esboçar um raciocínio
criterioso acerca do desenvolvimento, da assistência social e da avaliação de políticas sociais
públicas.
A pesquisa documental constou da consulta e análise de diversos documentos do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, das Secretarias de Desenvolvimento
Social dos municípios campos empíricos e dos Conselhos Municipais de assistência social, além
da legislação pertinente à política de assistência social em nível local, estadual e nacional.
A pesquisa de campo consistiu na realização de 05 grupos focais com os usuários da
assistência social dos municípios de Mossoró, Assú, Pau dos Ferros e Patu, Estado do Rio
Grande do Norte, selecionados a partir dos Centros de Referência da Assistência Social
(CRAS)17. Assim, a maioria dos grupos focais foram realizados com os usuários que
participavam dos grupos de convivência: mulheres, o Projovem e os idosos.
A escolha dos sujeitos para pesquisa se deu, com o auxilio das secretarias municipais,
bem como, dos profissionais que atuam nos CRAS, em que os usuários foram convidados para
participar dos grupos focais, esclarecendo o objetivo da pesquisa e a contribuição de cada um
nesse processo.
17
[...] é uma unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade social, que abrange
um total de até 1.000 famílias/ano. Executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a rede de
serviços sócio assistenciais locais da política de assistência social. (PNAS, 2004, p.35).
Quadro 1 – Questões-chave para realização de grupos focais com os usuários dos CRAS.
VIDA DOS USÁRIOS VIDA DOS USUÁRIOS AVALIAÇÃO DA VIDA
ANTES DE ACESSAR A DEPOIS DE ACESSAR A DEPOIS DE ACESSAR A
ASSISTÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL
O que fazia? O que fazia? A vida melhorou? Em quais
aspectos?
Qual a renda? Qual a renda? O que passou a fazer/sentir
diferente depois que acessou a
assistência social?
Por onde circulava no Por onde circulava no O que acha da sua situação
município e entre os município e entre os hoje?
municípios? municípios?
De que e em que participava? De que e em que participava? O que conhece da Assistência
Social no município?
Que/quais políticas acessava? Que/quais políticas acessava? O que acha da Assistência
Social no município?
[...] antes não tinha esses programas né, a gente vivia mais em casa, mais morgada, as
vezes tinha um canto para ir […] um sítio, não tinha esses programas e hoje sempre
tem, as vezes um trabalho, uma palestra né, tem reuniões, minha avó também
participava daqui faleceu vai fazer uns quatro meses vai fazer agora. [trecho
inconcluso] e assim ela achava muito bom, o meu pai participa, minha filha, é muito
bom esse programa e a gente tem que agradecer e que permaneça(Grupo Focal).
[...] As palestras né, para mim é uma maravilha minha filha porque para trás eu digo
como ditado “eu era uma escrava” não saia para lugar nenhum né, só no açude lavando
roupa, na roça e hoje eu me acho no meio de vocês com muita educação, cheia de
palavra bonita, eu adoro! A viagem que eu faço é para cá e para a igreja, acredita?
Fazendo em casa, profissão de casa mesmo, eu era uma escrava. Vivia lavando roupa,
dentro da roça e era assim [...] nunca teve diversão de nada para mim, e hoje em dia
têm graça a Deus! (Grupo Focal).
Percebemos, portanto, que antes da assistência social muitos dos usuários, e nesse caso
especificamente as usuárias, viviam praticamente como trabalhadoras do lar encontrando na
assistência ampliação de seus horizontes e espaços de vivência. Neste aspecto, entendemos as
contribuições que a assistência social trouxe na vida destas pessoas/sujeitos, quando por meio
dela permitiu que os mesmos construíssem novas condições e relações de vida, tanto na esfera
subjetiva como na objetiva.
[...] coloca-se como legítimo pensar que a assistência social, quando passa a ser
entendida como direito que os indivíduos pertencentes a grupos e segmentos em
condições de risco e vulnerabilidade social têm de realizarem mudanças em sua
condição social, e portanto, na sua qualidade de vida, pode ser pensada enquanto
política pública, como um dos elementos do Desenvolvimento (COELHO, 2006, p.
26).
No que se refere à vida dos usuários após a inserção na assistência, as falas dos
entrevistados indicam que:
Agora tem uma coisa para fazer, porque antes ficava em casa sem fazer nada e até
poderia se envolver com coisas ruins. E agora nós estamos no CRAS […] e aqui tem
várias atividades legais, como: o teatro, dança, o grupo de jovens (Grupo Focal)
Há um ano atrás eu não falava com ninguém, não tinha amizade de ninguém, porque eu
era muito tímido, eu tirava nota baixa na escola, para não fazer […] trabalho de grupo.
Para não fazer com esse povo, porque eu não gostava deles, eu não falava com
ninguém, eu era muito tímido. A partir do CRAS fazendo teatro, hoje em dia eu falo
com todo mundo, eu brinco com todo mundo, e tenho muitos amigos. E saio muito.
Ando demais, apresento, não tenho vergonha de mais nada (Grupo Focal).
[...] antes do grupo, era só tristeza, ficava em casa mesmo, né, conversava com as
vizinhas, às vezes não queria está em casa, ia para casa de uma amiga, uma coleguinha.
Aí, assim, ia levando. Ai, sempre nos grupos de idoso é bom demais, porque a gente
tem com quem conversar, tem com quem espairecer a vida, tem que trabalhar, fazer
qualquer coisa (Grupo Focal)
Tem muitas possibilidades coisas que a gente não tinha antes (...) até médico aqui já
veio, palestras, reuniões, programas, projetos, muita coisa boa, é coisa nova para a
gente que a gente não tinha isso […] (Entrevista a autora em: 02 de abr. 2014)
Para mim ela veio em boa hora, nem eu e nem meu marido temos empregos e assim
sabe? O bolsa família é quem nos sustenta, é pouco mais é bom, e se faltar para mim
faltô tudo. Lá em casa só conta com ele, não tem outro sustento (Entrevista a autora
em: 01 de ago. 2013)
4 CONCLUSÃO
As vozes dos sujeitos que vivenciam as relações sociais de vulnerabilidade social e que
fazem uso da política de assistência social expressam a contribuição significativa desta política
em suas vidas e neste aspecto contribuem também para o desenvolvimento local, se pensarmos
este como a melhoria de qualidade de vida por menor que seja o grau. Nesta direção, a política
de assistência social constitui-se central e tem efetividade.
Ressaltamos que as falas dos usuários permitiram que um dos achados da pesquisa
evidenciado fosse a remoção de privações basais quais sejam de renda (mínima), mobilidade,
acesso a outras políticas públicas e inserção social e comunitária. Isto permite afirmar que as
possibilidades dos sujeitos usuários da política de assistência social como política pública foram
expandidas/ampliadas, por menor que seja a escala/grau, embora entretanto não tenham impacto
significativo em termos de mudanças/alterações nas estruturas de desigualdades e
vulnerabilidades locais, regionais e nacionais geradas pela sociabilidade capitalista.
REFERÊNCIAS
ARRETCHE, Marta T.S. Tendências no estudo sobre avaliação. In: RICO, Elizabeth Melo
(Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. 5 Ed. São Paulo: Cortez, p. 29-
39,2007.
COSTA, João Bosco Araújo da. COELHO, Maria Ivonete Soares (orgs). Desenvolvimento e
Políticas Públicas no Oeste Potiguar: avaliações. Mossoró: Edições UERN, 2010.
SEN, Amartya Kumar. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia de Letras,
2002.
Resumo:O presente artigo tem a finalidade de discutir a inserção da Assistência Social enquanto
política social reconhecida no âmbito da Seguridade Social brasileira e o processo de precarização que a
mesma vem passando na atualidade. Para tanto, procuramos destacar o surgimento das primeiras formas
de políticas sociais, com ênfase à Assistência Social, que inicialmente era realizada no campo da
filantropia e da caridade privada e, o movimento histórico que a colocou como direito social
institucionalmente reconhecido. Posteriormente, pontuamos o contexto que coloca a referida política no
centro dos serviços sociais e ao mesmo tempo a desconstrói enquanto direito, tendo em vista o que
preconiza a política econômica vigente, o neoliberalismo, focalizando os serviços e desafiando as
atividades profissionais dos assistentes sociais que atuam nas políticas de Seguridade Social. Tal
conjuntura afirma para a possibilidade de refilantropização da Assistência Social, vez que o Estado se
desresponsabiliza no trato às expressões da questão social.
1. Introdução
A Assistência Social é institucionalizada legalmente no Brasil enquanto política social,
no âmbito da Seguridade Social, durante a promulgação da Constituição Federal de 1988 e,
posteriormente, consolidada com a Lei Orgânica de Assistência Social e a Política Nacional de
Assistência Social, em um contexto bastante adverso do cenário internacional.
Assim, procuramos destacar as primeiras formas de políticas sociais e as primeiras
legislações, que caracterizaram as primeiras iniciativas que podem ser identificadas como de
Assistência Social, que tinham como objetivo punir a vagabundagem e manter a coesão social.
18
Assistente social, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), membro do Grupo de Estudos Sobre Trabalho e Proteção Social (GETRAPS/UEPB), e-mail:
glaucia10oliveira@hotmail.com.
19
Assistente social do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS/Crato-CE), mestranda do Programa de Pós
Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Cariri (UFCA), e-mail:
cristianearaujjo@hotmail.com.
Não se pode indicar com precisão um período específico de surgimento das primeiras
iniciativas reconhecíveis de políticas sociais, pois, como processo social, elas se
gestaram na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução
Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal [...] mas sua
generalização situa-se na passagem do capitalismo concorrencial para o monopolista,
em especial na sua fase tardia, após a Segunda Guerra Mundial (pós-1945).
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 47)
Por conseguinte, nas sociedades pré-capitalistas, conforme pontua as autoras, não havia
uma preocupação em lidar com a situação de vulnerabilidade social crescente na sociedade,
apenas existiam ações pontuais de cunho privado e filantrópicos no intuito de controlar a
vagabundagem e manter a ordem social vigente.
[...] eram recursos ociosos: máquinas paradas e homens sem trabalho. Em nenhuma
outra época da história a irracionalidade do sistema capitalista foi tão flagrante.
Enquanto famílias morriam de fome, alimentos já produzidos eram destruídos. O café
era queimado, os porcos eram dizimados, os estoques apodreciam, as máquinas
enferrujavam. O desemprego era o problema crucial da sociedade. (PRZEWORSKI,
1989 apud SCHONS, 2008, p.127)
Logo, as ideias keynesianas de um Estado ativo, para a manutenção dos níveis máximos
de emprego, se colocavam como alternativa para aumentar o nível de bem-estar da coletividade,
onde os trabalhadores empobrecidos passam a ser problemática de interesse universal, uma vez
que além da forte pressão social que exerce sobre a economia compromete o ciclo de reprodução
do capital que tende a reduzir seus níveis de consumo por parte destes.
Assim, os pobres deixam de ser alvo da caridade privada, para se tornar assunto das
iniciativas do Estado pelas vias das políticas sociais, não mais como caridade, mas como direito
político. Neste aspecto, Behring e Boschetti (2011) apontam que:
20
Conforme Iamamoto (2009, p. 77) como “[...] as expressões do processo de formação e desenvolvimento da
classe operária e seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte
do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a
burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e repressão.”
Ora, sob esse ponto de vista, a Assistência Social passou por intensas modificações no
que concerne ao conceito de direitos sociais, já que com o novo ordenamento político e
econômico a pobreza é naturalizada e inerente ao sistema capitalista e, que os serviços da
Assistência são concebidos como disseminadores da ociosidade e estimulantes à pobreza, tida
como responsabilidade do próprio indivíduo e da comunidade em superá-la.
Vale ressaltar que, no Brasil, os impactos dessas transformações capitalistas foram mais
severas, especialmente no que concerne ao fato de não termos vivenciado um Estado de Bem-
Estar Social, posto que sua industrialização se desenvolveu tardiamente, influenciada pelo
taylorismo e pelo fordismo desde os anos 1930, mas regido por uma política desenvolvimentista
dependente do capital externo.
Nessa perspectiva se faz necessário compreender como a Assistência Social se engendra
na sociedade brasileira, uma vez que seu desenvolvimento capitalista tardio impôs sérias
consequências a organização política e econômica do país que desde sua colonização mantém
resquícios de dependência dos países capitalistas centrais, inclusive sob o ponto de vista
ideológico.
Esse esforço do governo Vargas, pode ser considerado como o ano da introdução das
políticas sociais no Brasil, inicialmente voltadas às regulações dos acidentes de trabalho,
aposentadorias e pensões, posteriormente, com o auxílio doença, maternidade, família e seguro-
desemprego.
Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, configurando os trabalhadores formais
enquanto possuidores de direitos. Já a previdência, iniciou com os Institutos de Aposentadorias e
Pensões (IAPs), que cobria os riscos ligados à perda de capacidade laborativa às categorias
estratégicas e que estavam interligadas ao processo produtivo como os marítimos, portuários e
ferroviários. Vale ressaltar que as IAPs possibilitaram a extinção das CAPs (Caixas de
[...] Essa instituição foi criada para atender às famílias dos pracinhas envolvidos na
Segunda Guerra (Mundial) e era coordenada pela primeira-dama Darci Vargas, o que
denota aquela característica de tutela, favor e clientelismo na relação entre Estado e
sociedade no Brasil, atravessando a constituição da política social. (BERHING;
BOSCHETTI, 2011, p. 106)
Para tanto, fica clara a inserção das políticas sociais no contexto ditatorial como um meio
de beneficiar a acumulação capitalista e numa perspectiva de controle e repressão dos anseios da
população usuária.
Conforme já apontado, o Brasil nunca vivenciou um Estado de Bem-Estar Social, há
autores inclusive que colocam a realidade brasileira como presenciadora de um Mal-Estar
Social, tendo em vista a sua formação socioeconômica. Entretanto, num dado momento com a
Constituição de 1988 tem o que se pode chamar da tentativa de se estabelecer um Estado social
no país, após a queda do regime ditatorial em decorrência da sua crise e, a transição democrática
viabilizada nesse período, pelas lutas conduzidas nos setores democráticos.
Na Constituição Federal de 1988 nos artigos 203 e 204 a assistência social é reconhecida
como direito, compondo o tripé da Seguridade Social. Assim, temos no art. 203:
[...] A contrapelo do que se divulga com a nova Política Nacional de Assistência Social
- que alardeia estabelecer novas bases para a relação entre Estado e ‘sociedade civil’ –
o que há, na realidade, é um avanço na tentativa de organizar, racionalizar e
regulamentar a relação entre o público/privado, com o intuito de evitar a sobreposição
de ações e o desperdício de recursos sob o argumento da eficiência e da eficácia.
(SITCOVSKY, 2010 p. 161, grifos do autor)
Nada mais que uma forma de legitimar as formas privadas de prover os serviços sociais,
disseminados no governo FHC e que tiveram continuidade no passado de governo Lula. Assim,
o Estado colabora significativamente para o avanço da ênfase ao assistencialismo/voluntarismo,
e da benemerência.
4. Considerações Finais
A Assistência Social se consolida estrategicamente enquanto direito social muito mais
pelo seu caráter redistributivo adquirido ao longo de seu percurso histórico, do que pela
mobilização social na busca de garantia de direitos, não desclassificando a importância destes.
Assim, a centralidade que a assistência adquire frente à mercantilização das políticas de
saúde e previdência social, tendo em conformidade o que rege o receituário neoliberal, remete às
novas formas de enfrentamento da “questão social” que são introjetados via
desresponsabilização do Estado no trato às desigualdades sociais, uma vez que o direito ao
trabalho vai cedendo espaço ao desemprego estrutural crescente.
Por conseguinte, é notória a desconstrução do ideário de Bem-Estar Social ensaiado na
Constituição de 1988, que deixou o Brasil à margem dessa realidade, já que o ajuste neoliberal
embargou qualquer iniciativa dessa dimensão no contexto brasileiro, já diferenciado pelo sua
introdução tardia no sistema capitalista.
Todavia, pensar a Assistência Social na atualidade, é perceber que ela ganhou destaque
na Seguridade Social não somente pelo seu traço intrínseco àquele trabalhador excluído do
mercado de trabalho, como bem coloca Sposati (2010a), mas a importância que a mesma
adquire junto aos trabalhadores formais, tendo em vista que o processo de precarização do
trabalho inviabiliza o suprimento das necessidades básicas da população, que mesmo
22
Para mais detalhes sobre o assunto ver Montaño (2010).
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. As formas contemporâneas de trabalho e a desconstrução dos direitos
sociais.In: SILVA E SILVA, Maria Ozanira; YASBEK, Maria Carmelita (orgs). Políticas
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MA: FAPEMA, 2008.
______. CARVALHO, Raul de. Relações Social e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma
Interpretação histórico-metodológica. 27 Ed. São Paulo, Cortez: CELATS, 2009.
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MOTA, Ana Elizabete (Org.). O Mito da Assistência Social: ensaios sobre Estado, Política e
Sociedade. 4 Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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2009.
SCHONS, Selma Maria. Assistência Social entre a ordem e a “des-ordem”: mistificação dos
direitos sociais e da cidadania. 3 Ed. São Paulo: Cortez, 2008.
SPOSATI, Aldaíza Oliveira (et al). Assistência na trajetória das Políticas Sociais Brasileiras:
uma questão em análise. 11 Ed. São Paulo: Cortez, 2010b.
Resumo: Para além do desenho dos programas habitacionais, a condição da forma de provisão
habitacional é também definida por diversos mecanismos regulatórios que favorecem atores e
formas específicas de produção. Observando o recente processo habitacional brasileiro,
percebe-se que diversas regulações de ordem econômica e jurídico- institucionais vem
favorecendo a atuação do mercado privado na produção habitacional. Nesse trabalho, procura-
se recuperar as medidas adotadas durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula,
1995 a 2010, que beneficiaram a ampliação e reestruturação do setor imobiliário no Brasil.
Buscando percorrer o caminho que levou a aproximação do mercado privado à posição de ator
central da recente política habitacional, o presente trabalho analisa os precedentes do Programa
Minha Casa Minha Vida – PMCMV. Primeiramente irá se concentrar nas transformações
gestadas no governo FHC, onde ocorre uma mudança de paradigma da atuação estatal e então se
aproximar das mudanças implementadas a partir do mandato do então presidente Lula. É a partir
dos anos 2000 que a política habitacional se reconfigura com a entrada de recursos financeiros
apropriados pelas grandes construtoras de capital aberto e com a recuperação dos fundos
públicos e semi-públicos – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Compreender a figura do agente privado como
ator central para esse trabalho, é também entender sua atuação sobre a própria política. Por fim,
vai se analisar a organização e o comportamento do setor imobiliário frente ao programa,
considerando a base de dados das propostas contratadas junto à Caixa Econômica Federal
(CEF) ao longo dos primeiros anos, quando são concluídas a etapa I do PMCMV (2009-2011),
ultrapassando 1 milhão das unidades previstas para o país. Discute-se ainda reflexões sobre a
segunda etapa em andamento, contribuindo com chaves de leituras para analisar os rumos da
produção privada habitacional no Brasil.
23
Aluna de mestrado na Universidade de São Paulo. Email: clarissasalomoni@gmail.com
24
Ball (1986) em “A provisão e produção habitacional em países de capitalismo avançado” investiga a política
habitacional marcada pelas explanações e tendências neoliberais na provisão habitacional, com o recuo da social-
democracia na Europa e no mundo, principalmente o caso norte americano. E até mesmo no caso norte-americano,
postulado como forma paradigmática da proposta liberal, o mercado seria assistido por participação ativa na
montagem do sistema financeiro para produção de habitações. Apesar de existir mudanças e substituições nas formas
do Estado intervir na produção habitacional, isso não significou de forma alguma a retirada ou recuo da intervenção
estatal
26
Shimbo (2010) apud dados LABHAB-FUPAM: LOGOS ENGENHARIA, 2007
27
A moradia passa a ser um dos direitos sociais concebidos e garantidos pela Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 6º, caput. Colocada ao lado das necessidades mais básicas do ser humano, o direito a moradia de
institucionaliza.
“ é necessário ressaltar que uma das debilidades é sua fraqueza institucional, uma vez
que a Caixa Econômica Federal, agente operador e principal agente financeiro dos
recursos FGTS, é subordinada ao Ministério da Fazenda. Em tese, o Ministério das
Cidades é o responsável pela gestão da política habitacional, mas, na prática, a enorme
capilaridade e poder da Caixa(...) acaba fazendo que a decisão sobre a aprovação dos
pedidos de financiamento e acompanhamento dos empreendimentos seja sua
responsabilidade (Bonduki, 2008.p. 97)
Dentro das limitações de produzir a nova Política Nacional de Habitação (PNH) que
incorporava propostas do Projeto Moradia28 ao mesmo tempo que se submetia a visão
28
A proposta fazia parte de um conjunto de iniciativas do instituto, coordenado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Lançado em 2000, o projeto tinha três dimensões – gestão e controle social, projeto financeiro e urbano fundiário –
e o enfrentamento da questão não apenas no âmbito do governo federal, mas considerando o conjunto dos agentes
que têm alguma responsabilidade no problema da habitação, público e privado. Foi desse arcabouço que as ideias
do Plano Nacional de Habitação (PlanHab) foi fomentado.
O preço da moradia não é definido apenas pela demanda. Os subsídios são dependentes
dos custos da provisão habitacional ao invés de ser determinado pela previsão do
governo. ( BALL, 1986 p. 12)
A escalada dos preços fez com que o lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida
2 (2011-2014) apresentasse novas metas e patamares de financiamento. Apesar de ampliar as
29
As empresas nacionais; Gafisa, MRV, Cyrela, Rodobens, Inpar, Rossi e Even apareciam em notícias sobre
lançamentos na capital. Muitas das empresas formaram parcerias que lograram poucos empreendimentos outras
abriram sede na cidade, revelando movimentos incertos do capital na prospecção de novas áreas para definir
mercados.
Tabela05-EmpreendimentoscontratadosPMCMV1-Fortaleza
Em Fortaleza um exemplo de parceria foi o consórcio entre a empresa mineira de capital aberto
30
MRV e a incorporadora local MAGIS , desde que iniciaram a parceria atuaram no mercado
das classes médias, nas faixas entre 3 e 10 salários mínimos. Utilizando a modalidade de
SPE, a parceria foi responsável por mais de 33% das unidades produzidas na etapa I do
programa. Já a empresa local Época Engenharia apresenta 10 de seus 14 empreendimentos
voltadas para o segmento faixa 1.
Em Fortaleza, ao fim do PMCMV- I os dados mostravam o caráter concentrador do
programa. Ainda que há a presença de 11 empresas atuando, apenas duas delas concentram o
equivalente a 75% da produção. Questiona-se o papel de uma política habitacional em que a
produção da moradia e do espaço urbano é regida pela lógica de um mercado cada vez mais
30
Consórcio que foi finalizado, voltando ao grupo MAGIS voltara trabalhar com a BSPAR construtora do
mesmo grupo que atua apenas nas camadas de alta renda
REFERENCIAS
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147-165, (1986).
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BONDUKI, Nabil Georges. Do Projeto Moradia ao programa Minha Casa. Teoria e Deabate, n.82, pp
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PEQUENO, Luis Renato Bezerra; FREITAS Clarissa Sampaio. Produção habitacional na região
metropolitana de Fortaleza: avanços e retrocessos. Rio de Janeiro: Anais do XIV Encontro Nacional da
Anpur, (2011).
PEQUENO, Luis Renato Bezerra; FREITAS Clarissa Sampaio. Minha Casa Minha Vida em
Fortaleza: novas periferias?. Rio de Janeiro: Anais do XIV Encontro Nacional da Anpur, (2013).
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis, RJ: Vozes, (2001).
MARICATO. Ermínia. Política urbana e de habitação social: um assunto pouco importante para o
governo FHC. Revista Praga, São Paulo: Hucitec, v.’, n.6, p.67-68, (1998).
RESUMO: O artigo trata das Transferências intergovernamentais e das Políticas Públicas nos pequenos
municípios, tomando por estudo o município de Encanto/RN no período de 2010 - 2011. O estudo
baseou-se em bibliografia disponível e em dados secundários do Sistema de Informação sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), do Sistema de Convênios (SINCOV), Portal da Transparência,
Plano Plurianual de Investimentos (PPA) da Prefeitura Municipal, e outros. Os resultados demonstraram
que o município é altamente dependente de transferências da União e do estado, só conseguindo
arrecadar pouco mais de 2% de sua receita total, e a maior parte dos recursos são convertidos,
basicamente, nos setores de educação, saúde e obras e serviços, responsáveis, respectivamente, por 35%,
25% e 16% do total das despesas. Podemos concluir que algumas políticas, como educação e saúde,
obtiveram êxito, devido contarem com maior atenção da gestão municipal e por serem áreas que contam
com vinculação específica de recursos, e o setor de obras e serviços foi o destaque do período, em função
da realização de convênios com outros entes federados. Porém, não foi possível mensurarmos o êxito das
políticas implementadas, principalmente no setor de obras e serviços, uma vez que a inexistência de
participação social na formação da agenda não permitiu que fossem identificadas as reais prioridades da
população municipal na aplicação dos recursos.
1INTRODUÇÃO
Com a Constituição Federalde 1988 os municípios foram considerados membros da
federação, sendo tratados com igualdade no que diz respeito aos direitos e deveres com os
estados. Foi dada aos municípios competências tributária exclusiva e total liberdade para
31
Estudante de Especialização. aniele.araujo@hotmail.com. (84)81355260
32
Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN; Mestre em
Estudos Urbanos e Regionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Atualmente é Professor
Adjunto do Departamento de Economia da UERN - Campus de Pau dos Ferros/RN. E-mail:
roniesouza@yahoo.com.br. Fone de contato: (84) 9139-7205.
2 METODOLOGIA
Quanto à forma de abordagem da pesquisa, dada à complexidade da temática, esta se
caracterizou como uma pesquisa exploratória que, conforme Gil (2000), são pesquisas realizadas
com o intuito de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, e quando se torna
difícil formular hipóteses precisas sobre o problema estudado.
Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva-explicativa. É descritiva na medida
que procura descobrir a relação entre as transferências recebidas pelo município de Encanto/RN
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Breves concepções sobre Estado e Políticas Públicas
Dentre as várias definições do termo Políticas Públicas, Souza (2007, p. 69) entende
“políticas públicas como o campo do conhecimento que busca ao mesmo tempo colocar o
‘governo em ação’ (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou
curso dessas ações (variável dependente)”. De forma mais abrangente ainda é o conceito de
Teixeira (2002 apud Santos et. al., 2007, p.829):
Conforme esta visão mais abrangente, não se configura políticas públicas somente aquilo
que é feito pelos governantes, ou seja, as “políticas explícitas”, mas também o que eles deixam
de fazer, as suas “não-ações” também se constitui em um tipo de política, à medida que pode ser
uma manifestação deliberada daqueles que tem a incumbência de promover as políticas
públicas.
As políticas desenvolvidas pelo Estado são consideradas pelo senso comum como ações
públicas, tendo como fonte de financiamento os recursos públicos, ou seja, transferência de
recursos da população para o Estado para que este utilize de forma a atender as necessidades da
coletividade. Nestes termos, “as necessidades coletivas são satisfeitas por meio de serviços de
interesse geral, que são denominados públicos” (MATIAS-PEREIRA, 2009, pp. 125-126).
Há uma grande desigualdade entre os estados e municípios brasileiros, sendo necessários
instrumentos compensatórios para reduzir a perda decorrente deste fato, buscando garantir a
33
O Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foram criados após
a reforma de 1965-68, sendo compostos de um percentual sobre a arrecadação dos dois principais impostos federais
(IR e IPI). Estes percentuais correspondiam a 5% para cada Fundo em 1968 passando para 21,5% e 22,5%,
respectivamente, com a Constituição de 1988 (AFONSO; ARAUJO, 2000).
34
No Brasil estes municípios possuem receitas menores que sua despesa com o pessoal empregado pela prefeitura.
“No Nordeste, os pequenos municípios gastam com o pessoal de prefeituras (câmara de vereadores excluída), mais
de 15 vezes do que arrecadam em impostos e taxas” (MAIA GOMES; MAC DOWELL, 1997, p. 12,grifo do
autor).
Por que ‘federalismo municipal’? O dicionário Aurélio define federalismo como uma
“forma de governo pela qual vários estados se reúnem numa só nação, sem perderem
sua autonomia, fora dos negócios de interesse comum”. As federações possuem um
Senado, ou Câmara Alta, que representa o princípio do território: ali, cada membro tem
o mesmo número de votos, independentemente de sua população. Por esse e outros
motivos, todas as federações violam, em maior ou menor grau, o princípio democrático
de um adulto, um voto (Stepan, 1997). Embora não haja, no Brasil, um Senado só para
os municípios, as evidências se acumulam de que o princípio federativo – inclusive em
sua oposição ao princípio democrático – tem operado em benefício daqueles novos
membros da Federação. Duas importantes comprovações disso são o aumento dos
recursos postos à disposição dos municípios, em termos absolutos e com relação ao
PIB, e a forma, fortemente distorcida em favor dos municípios de menor população
(portanto, privilegiando o ente político), como é rateado pela União o FPM, Fundo de
Participação dos Municípios (MAIA GOMES; MAC DOWELL, 2000, p. 8).
Maia Gomes; MacDowell (2000) sintetizaram seu artigo com três conclusões, a saber:
com a descentralização, houve uma proliferação de municípios e do número de recursos
tributários apropriados por estes, aumentando-se assim os volumes de transferências tributárias
dos municípios grandes (sobretudo do Sudeste) para os pequenos, possibilitando o desestímulo
das atividades realizadas nos grandes municípios sem que fosse estimulado nos pequenos e
médios municípios; a segunda, que a descentralização beneficiou especialmente os pequenos
municípios, pois uma pequena parte da população que vive nestes municípios não é
necessariamente a mais pobre, e isso prejudicou a maior parte da população brasileira, que
vivem nos grandes municípios e recebem menos recursos; e a terceira é que, com a
descentralização e o aumento do número de municípios, aumenta-se o gasto com despesa
administrativa, reduzindo-se, desta forma, o montante de recursos do setor público para gastos
com programas sociais e investimentos. Mediante esses argumentos, os autores chegam à
conclusão que “o que é mau para o econômico quase nunca é bom para o social”, pois a intensa
35
Os coeficientes de distribuição do FPM são feito por meio do número de habitantes fornecidos pelo IBGE, e
disposto no Decreto-lei de nº 1.881, no qual os municípios com até 10.188 possuem um coeficiente mínimo de 0,6;
para os municípios de 10.188 a 156.216 mil habitantes foram definidas 16 faixas individuais, cada uma com um
coeficiente; e, para os com população superior a 156.216 mil habitantes foi determinado um coeficiente de 4,0
(BARBOSA; BARBOSA, 2004).
36
Conforme Maia Gomes; Mac Dowell (2000), o processo de criação de municípios foi desincentivado a partir da
promulgação da Emenda Constitucional n. 15, de 12 de setembro de 1996, que modificou o artigo 18 da
Constituição Federal, estipulando regras mais “duras” para a criação de municípios.
37
Após a Constituição de 1988 as receitas do IR e do IPI transferidos as unidades subnacionais aumentou passando
de 14% em 1988 para 21,5% em 1993 para os estados, e de 17% para 22,5% para os municípios. (AFONSO;
ARAUJO, 2000).
38
A tendência dos Estados e municípios de não se comprometerem com o equilíbrio fiscal foi fortemente combatida
e limitada por meio da Lei de Responsabilidade fiscal (LRF). Aprovada no ano 2000, a Lei impõe uma serie de
regras objetivando limitar o endividamento dos Estados e municípios, buscando transparência e punindo a má
administração financeira (MENDES, 2004).
39
Alto desenvolvimento (superior a 0,8 pontos); Desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8 pontos);
Desenvolvimento regular (entre 0,4 e 0,6 pontos); Baixo desenvolvimento (inferior a 0,4 pontos) (FIRJAN, 2010).
Comparando os valores dos repasses efetuados (descontando o valor dos impostos, que
são as receitas geradas no município, chegamos a R$ 10.437.488,54) apresentados na tabela
acima, com os valores adicionados do PIB do município (R$ 25.356.000,00) em 2011, tem-se
que as transferências intergovernamentais representaram 41,16% ou, em outras palavras,
equivale a 2/5 do PIB do município de Encanto/RN.
Fundamental para a verificação dos objetivos do presente estudo foi a análise dos
documentos oficiais do município de Encanto, principalmente o último PPA do município,
equivalente aos anos de 2010 a 2013, a fim de podermos verificar como os repasses foram
planejados para serem gastos. De acordo com esse documento, os gastos previstos (para os anos
de 2010 e 2011) dividiram-se em 12 rubricas, cujos maiores gastos e/ou investimentos previstos
nos projetos/ programasestavam concentrados nos setores de educação, saúde, e obras e
serviços, conforme tabela 2, abaixo.
De acordo com os dados da tabela acima, tomando por base o último ano da análise
(2011), em termos percentuais, encontramos o seguinte: educação (40,53%), saúde (18,14%) e
obras e serviços (13,94%); os demais distribuíam-se entre outras funções municipais (ação
legislativa, administrativa, financeira etc) e outros programas.
A fim de verificarmos como foram efetivamente gastos esses recursos, ou seja, quanto
aquestão da execução, nos reportamos aos dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN,
2010; 2011), a fim de comprovar a real execução nos setores que foram sumariamente listados
noPlano Plurianual de Investimentos (PPA, 2010) do município. A tabela 3, abaixo, traz essas
informações.
40
O mesmo acontecendo com os recursos vinculados a Assistência Social.
41
Dados do IBGE (2010) demonstram que, seguindo a tendência nacional, a taxa de analfabetismo no município de
Encanto/RN apresentou uma redução considerável na última década, passando de 32,1% no ano de 2000 para
24,3% em 2010.
42
Destaca-se, no respectivo período, os convênios celebradas com o governo federal, via Ministério do Turismo,
para a construção de uma Praça de Eventos e de um Mirante no alto da Serra de São João, ainda em construção.
43
Em geral, muitas obras ocorreram em comunidades nas quais o atual gestor obteve maior apoio eleitoral.Exemplo
disso tem sido o “pool de obras” realizadas nas comunidades Sítio Terra Boa e Nadador (comunidades rurais
interligadas), comunidades nas quais a gestão municipal alcançou expressivo número de votos (segundo
observações mais gerais feita pelos populares). Outro exemplo de obra “seletiva”foi a construção de um mini-
campo de futebol na comunidade de Tataíra, defronte a residência “de campo” do prefeito. Construído com o
argumento de beneficiar as comunidades rurais de Várzea Nova, Tataíra e Conceição – talvez o fato de estar
localizado logo adiante da residência familiar do prefeito seja apenas um “detalhe pequeno” diante de outras
práticas tão comuns aos gestores municipais, fato não circunscrito somente ao município de Encanto/RN.
44
Ressalta-se que os autores procuraram a Câmara Municipal local, e um dos representantes legislativos afirmou a
não existência/ desconhecimento de qualquer prática de participação social na tomada de decisão no município, e
muitas vezes, o próprio legislativo é acionado apenas para deliberar a respeito dos projetos do executivo municipal,
inexistindo também qualquer discussão prévia no legislativo sobre a maioria das políticas implementadas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a Constituição de 1988 os municípios brasileiros foram elevados a categoria de
entes federados - tendo autonomia para legislar, coletar, controlar e gastar recursos – e passaram
a ter uma maior participação no bolo tributário, em função do pacto federativo. Visando-se
contribuir com a temática, o presente estudo procurou identificar em que tipo de políticas
públicas foram convertidos os recursos recebidos a título de transferências intergovernamentais
pelo pequeno município de Encanto/RN.
Dentre os principais resultados, constatou-se que assim como os demais pequenos
municípios, o Encanto/RN é quase que totalmente dependente das transferências da União e do
estado, só conseguindo arrecadar algo em torno de 2% de receitas tributárias, e que os recursos
foram convertidos prioritariamente nos setores de educação, saúde e obras e serviços, sendo os
setores os quais são aplicados os maiores valores de recursos, 35%, 25% e 16%
respectivamente.
Os dados coletados nos permitiram afirmar que as políticas de educação e saúde, de certo
modo, obtiveram êxito, pois indicadores institucionais oficiais (como o IBGE) indicaram, nos
últimos anos, melhoria nestes setores, em razão de uma maior atenção da gestão municipal
REFERÊNCIAS
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municípios brasileiros: arrecadação própria e receita disponível. In: Cadernos Adenauer 4:
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ao TCE. Município de Encanto/RN. Disponível em:
http://www.tce.rn.gov.br/2009/Transparencia/Transparencia.asp. Acesso em: 22/01/13
RESUMO: A investigação ora apresentada teve por objetivo analisar as possibilidades que as Políticas
Sociais oferecem na geração de emprego e renda através da qualificação profissional no contexto da
reprodução do capital. A presente pesquisa caracterizou-se como descritiva bibliográfica, com
abordagem qualitativa, embasado no método crítico dialético. O seguinte trabalho está estruturado em
relevantes indagações, onde o primeiro abordará as relações sociais frente ao conflito capital e trabalho
perpassando o diálogo sobre a reestruturação e flexibilização das condições de trabalho na
contemporaneidade, seguindo a discussão com relação ao surgimento das primeiras escolas de
qualificação profissional no Brasil, finalizando com uma breve contextualização das políticas de ensino
profissionalizantes a partir da década de 1990 no Brasil.
INTRODUÇÃO
A Educação Profissional e Tecnológica no Brasil surge de forma consolidada, na última
década, como uma das principais políticas públicas implantadas pelo Governo Federal na área
da educação, sendo composta por um conjunto de ações e programas desde a reformulação das
Escolas Técnicas e Centros Tecnológicos até a implementação de novos programas de ensino
tecnológico profissionalizante nos anos 90.
O interesse pelo estudo da presente temática despertou-se da necessidade em
compreender como estava sendo efetivada as política de profissionalização, bem como
45
ASSISTENTE SOCIAL, TELEFONE: (88) 88445840/96540187. EMAIL:jeanfaculeao_jua@hotmail.com
Desse modo, a produção e reprodução das relações sociais sob o capitalismo, não se
limita apenas à reprodução dos meios de produção, envolve, sobretudo as contradições de classe
(capital e trabalho), no âmbito das relações sociais e seus meios de produção.
No âmbito das relações capitalistas de produção, é preciso ressaltar que é no cerne da
sociedade mercantil que o trabalho é distribuído, mas vale salientar que a sua regulação é
concretizada indiretamente pelo mercado através da troca de coisas, subtendendo que o valor
mercantil não caracteriza coisas, mas um tipo de relações sob as quais as coisas são produzidas.
No entanto, esse valor das mercadorias aparece como uma relação de produção entre as pessoas,
que estão vinculadas entre si através das coisas, dos produtos do trabalho, assumindo assim a
função de um intermediário entre as relações sociais (IAMAMOTO, 2010).
Aí essas relações adquirem a forma material de coisa e só podem ser analisadas sob
essa forma, visto que o caráter social do trabalho só pode expressar-se no valor
mercantil. Assim, a lei do valor analisa as relações entre pessoas que estão vinculadas
entre si através das coisas, conformado um padrão histórico de sociabilidade
indissolúvel do fetichismo da mercadoria (IAMAMOTO, 2010, p. 61).
Dessa forma, entende-se que a forma social do capital tem um papel fundamental para
o surgimento das relações sociais, pois é na condução de um sistema de reprodução de
determinada produção mercantil, que essas relações se estabelecem, transformando essas
condições de trocas de valores a uma condição histórica.
Assim sendo é importante salientar que, ainda segundo Iamamoto e Carvalho (2011, p.
36), “Assim a produção social não trata de produção de objetos materiais, mas de relação entre
pessoas, entre classes sociais que personificam determinadas categorias econômicas”. Partindo
do pressuposto de que o capital aparece como uma relação social advinda da forma de produzir
coisas e valores, é esse universo de correlações de forças entre capital e trabalho que expressa as
relações como relações mistificada na superfície da sociedade.
Cumpre frisar que os produtos como forma de mercadoria, são produtos de trabalho
que necessita de troca, tornando assim esse trabalho como valor de uso para outros, com a
finalidade da troca. Sendo assim, a mercadoria como produto de trabalho aparece como caráter
social. Há de convir que o controle do capital se dá na produção em larga escala e na
centralização e concentração dos meios de produção por parte da classe burguesa, tornando
então o trabalhador como produto do trabalho e propriedade do sistema vigente (IAMAMOTO,
2010).
Cabe destacar que é na produção do trabalho excedente apresentado no processo
produtivo, através dos meios de produção como busca excessiva de determinada mudanças de
valor de uso, que surgem as relações entre o trabalhador e o meio de produção, invertendo os
Assim, quando o capitalista converte parte do seu capital em força de trabalho, o que
obtém é uma exploração de todo o seu capital. Obtém vantagens não só do que extrai
do trabalhador, mas do que entrega à classe trabalhadora sob forma de salário. O
processo capitalista de produção produz o trabalhador divorciado das condições de
trabalho; o reproduz como trabalhador assalariado. Esta “vassalagem econômica se
disfarça pela ocorrência da renovação periódica da venda de força de trabalho, seja
devido a troca de patrões individuais, seja devido as oscilações de preço da força de
trabalho no mercado. Do de vista social, a classe trabalhadora é um atributo do capital.
Mas o próprio processo cria as aparências mistificadoras que evitam que a revolta se
expresse e garantem a continuidade do processo produtivo. A reprodução das relações
de dominação é também reprodução das formas jurídicas igualitárias e livres que as
mascaram (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 58).
Percebe-se que, o salário pago ao trabalho não faz justiça ao valor produzido pelo
mesmo no âmbito do processo produtivo, uma vez que durante a jornada de trabalho, o operário
produz um valor que vai além de sua remuneração. Valor esse que lhe é subtraído pelo
capitalista, se tornando a fonte de lucro desse último.
Esclarecidas as relações sociais frente ao conflito capital e trabalho, se torna necessário
enfatizar as condições de forma a explicitar as peculiaridades que a produção de mercadoria
possui no âmbito das citadas formas de organização do processo produtivo.
Com a crise dos anos 70, as ideiais neoliberais preconizavam a desarticulação do poder
dos sindicatos, como condição de viabilizar o rebaixamento salarial, aumentar a
competitividade dos trabalhadores e impor a política de ajuste monetário. Essas
medidas tem por fim atingir o poder dos sindicatos, possibilitar a ampliação da taxa
“natural” de desemprego, implantar uma política de estabilidade monetária e uma
reforma fiscal que reduza os impostos sobre as altas rendas e favoreça a elevação das
taxas de jurus, preservando os rendimentos do capital financeiro (IAMAMOTO, 2010,
p. 141, grifos da autora).
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que surgem leis sociais que contemplam alguma
garantia para a classe operária, essa mesma legislação também consolida e reafirma a
dominação do proletariado pelo capital, ou seja, a incorporação de algumas demandas da classe
[...] o empresariado industrial, não mais diretamente pela fábrica, mas através de um
sistema de formação profissional paralelo e complementar à política estatal de
preparação para o trabalho, tomou a si a tarefa de formação técnico-política de uma
parcela da classe operária já engajada no mercado de trabalho fabril (NEVES, 1991, p.
198).
Fica claro que essas medidas tomadas trouxeram uma flexibilidade maior a essa
modalidade de ensino, propondo um avanço na educação, no que diz respeito à oferta de ensino
profissionalizante, que se torna, então cada vez mais dinâmico. Assim, um dos pontos crucial
dessas medidas referentesa educação profissional veio a propor nova institucionalidade para as
políticas públicas voltadas para a educação profissional. Nesse sentido, em consonância com o
decreto, a educação profissional deve visar não somente a qualificação de força de trabalho que
venha ao encontro dos interesses do mercado, mas deve preparar o sujeito para o pleno exercício
da cidadania.
Nessa dinâmica do sistema capitalista, o Estado passa a ser o ator fundamental para
reforçar a dinâmica do mercado, através de suas políticas, atuando com base nos interesses do
capital, criando as condições necessárias para produção e reprodução do sistema, mas ao mesmo
tempo, tem-se a procura por legitimação sociopolítica, e para tanto, as políticas sociais também
são construídas tendo como cerne o objetivo de produzir efeitos sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo analisar as possibilidades que as Políticas Sociais
oferecem na geração de emprego e renda através da qualificação profissional no contexto da
reprodução do capital.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo. (Orgs.).
Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1995.
COUTO, Berenice Rojas. Direto social e assistência social na sociedade Brasileira: Uma
Equação possível? 3ed.São Paulo: Cortez, 2008.
_______. CARVALHO. Raúl de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. 35º Ed. São
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NETTO: BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. 7 ed. São Paulo: Cortez,
2011.
NEVES, Lúcia M. W. Brasil Ano 2000: uma nova divisão de trabalho na educação. Rio de
Janeiro: Papéis e Cópias, 1997.
PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SANTOS, Josiane Soares. Questão Social: particularidade no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.
RESUMO: O presente artigo é resultado de pesquisa bibliográfica, tem como principal objetivo tecer
reflexões acerca da Política de Assistência Social, enquanto direito social legitimado e as dificuldades
postas na contemporaneidade à efetivação do mesmo na busca de uma cidadania efetiva, em uma relação
de Estado e Sociedade, além de tecer considerações acerca da formação do Estado, relacionando com o
período histórico no qual estamos situados.
1. Estado e Sociedade
O Estado e a Sociedade são esferas que estão intimamente relacionadas, não há como
falar em uma sem se referir a outra, esta relação está sendo construída historicamente,
obedecendo às particularidades e interesses próprios de cada esfera, sem desconsiderar a
interdependência que há entre as mesmas. (Pereira, 2001)
O Estado nem sempre existiu, o mesmo é fruto da sociedade. Sobre a formação do
Estado, Engels (1884) em seu livro “A origem da família, da Propriedade Privada e do Estado”,
analisa a origem do Estado em distintas civilizações, discorre a partir de uma análise histórica
as três formas principais que embasam o surgimento do Estado a partir da desagregação de
tribos e clãs - Atenas, Roma e Germânia - Em Atenas o Estado surge a partir das diferenças de
classe, já em Roma há um Estado formado por cidadãos, onde a aristocracia e a plebe se
confundem. Nos dois casos a classe dominada é destinada a escravidão. No caso dos
germânicos, o Estado surge com a conquista de territórios estrangeiros.
46
Instituição: Universidade Estadual do Ceará – UECE; Mestrado Acadêmico em Serviço Social, Trabalho e
Questão Social – MASS. Telefone: (85) 3384.2448/ (85) 97732088 Email: raquellee_01@hotmail.com
A presença desses elementos, contudo, tem caráter mais ideal do que real. Na prática,
os Estados têm grande dificuldade de exercer o seu poder, regular a sociedade, aplicar
regras e controlar a entrada de elementos externos indesejáveis no seu território. ( Ibd,
143)
Dentro de uma análise lógico dedutiva de Estado, tendo como referência Rousseau, o
Estado aparece como o resultado de um contrato social entre os homens. Nessa perspectiva o
Estado não é resultado da complexificação da sociedade e sim uma resposta lógica a
necessidade de ordem. (Weffort, 2006).
Como podemos perceber no decorrer da história o Estado se apresentou de diversas
maneiras, e foi interpretado também de forma distinta. No tópico seguinte
Nessa fase é o próprio Estado que cria mecanismos para a acumulação de capital:
torna-se empresário naquelas áreas que demandam pesados investimentos ou levam
muito tempo para dar retorno; financia, através de uma rede própria de bancos, os
recursos necessários a novos investimentos ou na recuperação de outros, subsidia os
empreendimentos particulares através de redução ou eliminação tributária, bem como
do controle sobre os salários e os lucros; e finalmente, protege seus mercados internos
através de pesadas taxações de produtos importados. (Ibd. P. 14)
O Estado Keynesiano passa a ter suas ideias traduzidas pelo Welfare State – Estado de
Bem Estar Social este se estrutura nos seguintes princípios: 1) Responsabilidade Estatal; 2)
Universalidade dos serviços sociais; 3) Implantação de um “rede de segurança” de serviços de
assistência social. (Behring, 2007). Esta atrelado ao pacto keynesiano e fordista, ressaltamos
ainda que o Welfare State desenvolveu-se de maneira diferenciada nos diversos países. As
propostas apresentadas pelo Welfare State traduzem as concepções universal, igualitária e de
sistema de proteção social, tendo os seus pilares construídos a partir de uma lógica de
solidariedade social. No Estado Keynesiano, as políticas sociais aparecem como respostas às
demandas de conformação dos direitos individuais. Ressalta-se que na base desse Estado,
encontra-se “um vasto campo de lutas da sociedade e dos homens para verem atendidas suas
demandas de liberdade, autonomia e igualdade” (Couto, 2010, p. 61)
No Keynesianismo o Estado age como um agente externo em nome do bem comum,
tendo legitimidade para agir por meio de um conjunto de medidas econômicas e sociais, tendo
em vista gerar a demanda efetiva.
Nessa perspectiva há um retrocesso no campo dos direitos sociais que ficam relegados
ao campo da filantropia ou retornam a lógica de mercado. Neste cenário o Estado assume o
papel de regulamentador do mercado, tendo como papel ofertar as condições necessárias para o
pleno funcionamento do mesmo.
Embora a Assistência Social tenha alcançado nesse período, status de Política Pública a
história de efetivação desta política demonstra que os caminhos para efetivação desta, não
foram tão fáceis. A sua lei de regulamentação foi aprovada apenas no ano de 1993, após um
processo de mobilização popular intenso, e a sua política nacional – PNAS - é lançada somente
no ano de 2004.
Esse processo tardio de efetivação da Política de Assistência Social enquanto direito
social está diretamente relacionado com o processo de abertura neoliberal que o país passou a
partir da década de 1990.
Dagnino (2004) aponta o surgimento de dois projetos contraditórios, porém com ênfase
aos mesmos objetos: o primeiro, de cunho democratizante, onde se intensifica a luta pelos
direitos sociais a serem garantidos pelo Estado, com ênfase na participação popular, na
formulação das políticas públicas em parceria com o Estado; o segundo, o projeto neoliberal
que tem como lógica um Estado mínimo, que também visa uma participação popular, porém de
uma forma solidária, voluntária, ou seja, coloca a sociedade civil como garantidora dos direitos,
desresponsabilizando o Estado de direito e forjando uma participação popular sem ênfase no
direito. ( Dagnino, 2004).
Isso nos evidencia o porquê do retrocesso dos direitos sociais na década de 1990, em
especial no que se refere à Política de Assistência Social.
Sendo assim é imprescindível pensar a relação entre Estado e Sociedade Civil na busca
da garantia dos direitos sociais, em um cenário neoliberal de minimização dos
direitos. Telles (1994) em sua análise nos direciona a duas questões distintas, onde a primeira
refere-se ao fato de que os direitos no campo da sociedade não estão relacionados apenas a
forma da lei escrita, mas também se referem à forma de como as relações sociais se estruturam,
ou seja, é o reconhecimento do outro sujeito acerca de determinado valor na sociedade; a
segunda questão relaciona-se que os direitos sociais produzem uma linguajem pública própria
“que baliza os critérios pelos quais os dramas da existência são problematizados e julgados nas
suas exigências de equidade e de justiça” (Telles, 1994, p.139)
Em um contexto de uma sociedade amplamente diversificada, heterogênea e complexa
aonde “as organizações estatais não dão conta das exigências cidadãs e no quais
referências identitárias tradicionais são erodidas” (Telles, 1994, p. 144). A interface entre
Estado e Sociedade na perspectiva dos direitos sociais deve ser apreendida enquanto desafio
posto.
Teles ainda sinaliza que a mediação entre leis e direitos estabelece “as regras de uma
convivência cidadã através do exercício prático da civilidade” (Telles, 1994, p. 144)
47
Embora os conselhos sejam os espaços de participação e controle social mais evidenciados na Política de
Assistência Social, existem outros de relevante importância, como os Fóruns e as Conferências.
48
Constituem-se enquanto diretrizes da Política de Assistência Social, a participação da população, a
descentralização político –administrativa e a primazia da responsabilidade do Estado na condução da Política de
Assistência Social. ( LOAS, 1993)
A LOAS regulamenta, portanto o que estava previsto nos artigos 203 e 204 da Carta
Magna, que trata do objetivo da assistência e garante a participação popular da sociedade civil
em todos os níveis.
Estes espaços públicos tem por tarefa a desconstrução dos privilégios postos na
contemporaneidade, no que tange a efetivação dos direitos sociais, são “espaços reinventados de
democracia e cidadania, abertos à invenção política que as transformações e desafio no país (e
no mundo) estão a exigir (Telles, 1944, p.165).
Tais mecanismos de participação podem ser espaços de garantia, fortalecimento de
novos direitos, porém podem também ser espaços de manutenção da ordem vigente, portanto
faz-se necessária a busca de efetivação dos mesmos, rumo ao fortalecimento e criação de
direitos sociais, sem desconsiderar a luta de classes que permeia estes espaços.
4. Conclusão
Recorrer às características principais do Estado, desde a sua concepção, nos faz perceber
e refletir acerca da efetivação das políticas sociais, de como essas foram sendo
construídas, efetivadas e do papel do Estado na execução das mesmas em sua constante relação
com a sociedade. Tendo a percepção de que o Estado emana da sociedade como resposta à
sua complexificação, dentro de uma perspectiva histórica.
Nota-se que em um contexto neoliberal os direitos são minimizados, fragilizados e em
muitos casos negados, porém no campo da relação Estado e Sociedade, os espaços públicos
democráticos encontram-se como possibilidade de superação dessa lógica. A Assistência Social,
enquanto direito social também se insere no campo de minimização e de possibilidades, onde os
conselhos (espaços democráticos públicos) evidenciam-se como espaços de superação e
fortalecimento do que estar posto.
Mas não se pode ocultar os limites destes espaços institucionalizados de participação e
controle social que em muitos casos, apresentam-se como entraves a luta pela efetivação
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: 1988 – texto constitucional de 5 de
outubro de 1988 com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais de n. 1 de 1992 a 44 de
2004, e pelas Emendas Constitucionais de Revisão de n.1 a 6, de 1994, - 17 ed. - Brasilia: 405
p. - (Série Textos Básicos)
BERHING. Elaine Rosseti & BOSCHETTI, Ivanete. Política Social fundamentos e história. 2º
ed. São Paulo: Cortez, 2007.
COUTO. Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade brasileira: uma
equação possível? 4º ed. – São Paulo: Cortez, 2010
PEREIRA, Potyara A. Estado, Regulação Social e Controle Democrático. IN: Bravo, Ma.
Inês Souza Pereira, POtyara A. P. Orgs. Política Social e Democrática – São Paulo: Cortez; Rio
de Janeiro: UERJ, 2001;
RESUMO: A saúde inicialmente era pautada na filantropa e na prática liberal. Com o aprofundamento
da questão social no início do século XX, o Estado passou a intervir sobre a mesma. Constituída de
forma seletiva, esta foi estruturada em dois setores: a saúde pública e a medicina previdenciária. Nos
anos de 1980, após o período ditatorial, em decorrência das grandes mobilizações sociais da época, o
Movimento da Reforma Sanitária foi significativo no processo de criação do Sistema Único de Saúde
(SUS). A saúde passou a ser garantida constitucionalmente e concebida como direito de todos e dever do
Estado. No entanto, o giro neoliberal e as contrarreformas do Estado têm privatizado, sucateado e
terceirizado os serviços de saúde, fazendo com que os direitos conquistados constitucionalmente sejam
desmontados e negados. Sobre essa perspectiva é que segue nossa análise: entender como se estruturou a
saúde pública no Brasil e qual o panorama atual diante dos ideais neoliberalistas.
49
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Email: kelrydf21@hotmail.com. (84)
9180.8412
50
PROFª. Drªda UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Email: email:
aionesousa@hotmail.com. (84) 9977.4044
Ou seja, inicialmente no Brasil a população não era acobertada por nenhum tipo de
assistência advinda do Estado. Dispunha apenas do atendimento caritativo dos hospitais
filantrópicos mantidos pela igreja, especialmente, a católica.
Na prática liberal o acesso à saúde só era acessível a uma pequena parcela da população
que possuía condições financeiras, que pagavam pelo serviço, que não se constituía ainda um
direito universal. A característica da formação sócio histórica brasileira era o conservadorismo
de uma sociedade elitista. O acesso às riquezas econômicas era garantido a uma oligarquia
latifundiária que detinha também o poder político (ESCORSIM, 2008). A saúde nesse estágio,
portanto, era puramente curativa e muito restritiva.
Com as lutas dos trabalhadores no processo geral de aprofundamento da questão social
no mundo, compreendida como decorrente da expansão do sistema capitalista, que radicalizou
as desigualdades sociais e desencadeou questionamentos e reinvindicações por melhores
condições de vida e de trabalho por parte da classe dos trabalhadores; intuiu-se a necessidade de
intervenção do Estado em vários setores de interesse social, como forma de mediar à relação
entre a classe burguesa e a classe trabalhadora, com o propósito de manter a ordem vigente.
Nesse sentido, no Brasil ocorreu às primeiras medidas de institucionalização de serviços sociais,
particularmente, da saúde, empreendidas pelo Estado. Medidas estas, influenciadas pela
medicina social51 instalada na Alemanha, no século XIX por Otto Von Bismarck; e na
Inglaterra, no século XX por Lorde Beveridge. Escorsim (2008) escreve:
Foi na Alemanha do século XIX, que Otto Von Bismarck (1883) introduziu para o
estado o papel de provedor de necessidades de reprodução social, passando a regular os
incipientes benefícios de seguro social, antes operado pelas caixas de mutualidades,
sendo estes: seguro doença, acidentes do trabalho, amparo à invalidez e amparo a
velhice. Contudo, foi apenas no século XX, na Inglaterra, com Lorde Beveridge (1942)
que a idéia do Estado como protetor das necessidades coletivas, numa concepção de
que estas pairam acima das individualidades, como condição de referência, efetiva-se.
O estado protetor como padrão de reprodução social, através do estabelecimento de
51
Ler: DONNANGELO, Maria Cecília F. Editora Duas Cidades, 1976.
52
Um plano de ação desenvolvido por Oswaldo Cruz para erradicação das várias doenças que estavam assolando a
população brasileira
53
A Guerra Fria foi um conflito que não resultou em confronto armado, foi uma disputa ideológica entre Estados
Unidos e União Soviética, que transcorreu a partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e findou em 1991,
com o fim da União Soviética. Esse conflito pode ser definido como uma guerra econômica, diplomática e
tecnológica que tinha como objetivo a expansão das áreas de influências do capitalismo e do socialismo.
54
Estagnação e retração econômica vivida pela América Latina durante a década de 1980.
Saúde deixou de ser interesse apenas dos técnicos para assumir uma dimensão política,
estando estreitamente vinculada à democracia. Dos personagens que entraram em cena
nesta conjuntura, destaca-se: os profissionais de saúde, representados pelas suas
entidades, que ultrapassaram o corporativismo, defendendo questões mais gerais como
a melhoria da situação saúde e o fortalecimento do setor público; o movimento
sanitário, tendo o Centro Brasileiro de Estudo de Saúde (CEBES) como veículo de
difusão e ampliação do debate em torno da Saúde e Democracia e elaboração de contra-
propostas; os partidos políticos de oposição, que começaram a colocar nos seus
programas a temática e viabilizaram debates no Congresso para discussão da política
do setor e os movimentos sociais urbanos, que realizaram eventos em articulação com
outras entidades da sociedade civil (2007, p. 95).
55
O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do
governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle
da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos efinanceiros,
cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
O Projeto de Reforma Sanitária está perdendo a disputa para o Projeto voltado para o
mercado. Os valores solidários que pautaram as formulações da concepção de
Seguridade Social, inscrita na Constituição de 1988, estão sendo substituídos pelos
valores individualistas que fortalecem a consolidação do SUS para os pobres e a
segmentação do sistema (2007, p.107).
Este projeto, na verdade, termina por favorecer a ampliação dos espaços do projeto
privatista e, apesar de suas lideranças não reconhecerem, os dois projetos compõe uma
mesma unidade dialética e se imbricam mutualmente numa mesma racionalidade que,
dessa vez, avança mais rapidamente na disputa hegemônica (BRAVO, p. 93, 2012).
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apreendemos, portanto, que a política de saúde no Brasil se gesta e se desenvolve aliado
majoritariamente ao setor privado. Essa realidade é amplamente questionada com o movimento
de Reforma Sanitária que conseguiu garantir constitucionalmente que a mesma se estabelecesse
como direito de todos e dever do Estado, na década de 1988.
Nas décadas seguintes, no entanto, percebemos que continua sendo dada ênfase no
fortalecimento do modelo de saúde privada em detrimento da pública, que está cada vez mais
distante da sua efetivação enquanto direito garantido na constituição.
Este, portanto, é o atual quadro da saúde pública brasileira, que se encontra em
concordâncias com os ideais neoliberalista, os quais tem promovido o enxugamento dos
recursos destinados às políticas sociais no mundo.
BRAVO, Maria Ines. A Política de Saúde no Governo Lula. In: Revista Inscrita. (org.)
CFESS.
_____. [et al]. Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. 1ª, 2ª, 4ª ed. São
Paulo: Cortez, 2004, 2007, 2009.
_____. Saúde, Serviço Social, Movimentos Sociais e Conselhos. São Paulo: Cortez, 2012.
_____. Política Social: fundamentos e história. 3ª ed. V 2. São Paulo: Cortez, 2007.
MERHY, Emerson Elias; O SUS e um dos seus dilemas: Mudar a gestão e lógica do processo de
trabalho em saúde (um ensaio sobre a micropolítica do trabalho vivo). In: Democracia e Saúde.
(org.) CEBES/LEMOS. São Paulo: 1998.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. NOGUEIRA, Vera Maria ribeiro. Sistematização, Planejamento
e Avaliação das Ações dos Assistentes Sociais no Campo da Saúde. In:Serviço Social e Saúde:
Formação e Trabalho Profissional. São Paulo: Cortez, 2009.
Resumo: Para entender as atuais configurações da Política de Assistência Social se faz necessário voltar
a história, apreender os principais acontecimentos que contribuíram para que a Assistência torne-se uma
Política Pública, considerada hoje central, com a ampliação dos Programas, Projetos e Serviços
desenvolvidos. Dessa forma, esse texto pretende resgatar alguns aspectos importantes da história da
Política de Assistência, discutir suas atuais configurações e a permanência do seu caráter assistencialista,
fragmentado e pontual, que apenas atende algumas necessidades da população.
A Assistência Social é uma política pública recente, reconhecida enquanto tal somente
com a promulgação da Constituição Federal de 1988, passando a compor o tripé da Seguridade
Social juntamente com a Saúde e a Previdência Social.
Tal política, ao longo da sua história, é perpassada por avanços e retrocessos. Destarte, é
necessário fazer uma análise do processo histórico dessa política para entender melhor suas
novas configurações.
56
Graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, campus Sousa-PB.
Telefone para contato: (83) 9817-004647. Email: lili.soraya@hotmail.com
57
graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, campus Sousa-PB.
Telefone para contato: (83) 9817-0067. Email: leide_torress@hotmail.com
58
Mestre em Serviço Social e professora do Curso de Serviço Social na Universidade Federal de Campina Grande-
UFCG, campus Sousa-PB. Telefone para contato: (83) 9817-9017. Email: cimichalane@ig.com.br
59
graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, campus Sousa-PB. Telefone
para contato: (83) 9132-7122. Email:sarahgaliza@gmail.com
A adoção dos diferentes modelos faz surgir diferentes tipos de Seguridade Social e, no caso do Brasil, são
adotados os dois modelos, sendo o modelo bismarckiano norteador da Previdência Social, já a Assistência Social e
a Saúde são orientadas pelo modelo beveridgiano. O primeiro segue a lógica do seguro, onde o acesso é
condicionado pela contribuição; No segundo os direitos possuem caráter universal, destinado a todos os cidadãos
com as garantias dos mínimos sociais.
Porém, o que observamos é a prevalência da lógica do seguro, de 1923 até 1988 a previdência e a saúde
eram exclusivamente para aqueles que estavam regularmente no mercado de trabalho e suas respectivas famílias,
com contribuição prévia, sendo o benefício proporcional à contribuição.
Em relação à assistência social, Boschetti deixa claro: “[...] manteve-se, ao longo da história, como uma
ação pública desprovida de reconhecimento legal como direito, mas associada institucionalmente e financeiramente
a previdência” (BOSCHETTI, 2000, p. 08).
Historicamente a Assistência tem suas bases nas ações sociais da Igreja com caráter de solidariedade,
caridade e filantropia, que se efetivavam através da distribuição de alimentos, ações socioeducativas,
principalmente voltadas para religião, de cunho moralizador. Eram ações pontuais e imediatistas que não mudavam
a situação das pessoas atendidas, apenas tentavam minimizar os problemas.
Essas ações perduraram até a década de 1940. Apenas a partir de 1942 no governo de Getúlio Vargas foi
criada a LBA (Legião Brasileira de Assistência), comandada pela então primeira dama Darcy Vargas.
Tal instituição tinha como objetivo primeiro atender as famílias dos combatentes da Segunda Guerra
Mundial, posteriormente suas ações se expandiram, atendendo as famílias não beneficiárias da previdência em
casos de emergência e calamidades. Constitui-se também em uma ação voluntária, assistencialista e focalizada.
“Aqui a assistência social como ação social é ato de vontade e não de direito de cidadania” (SPOSATI, 2007, p.
20).
A Constituição de 1988 instituiu a Assistência Social como uma política social não-
contributiva, voltada para aqueles cujas necessidades materiais, sociais e culturais não
podiam ser asseguradas quer pelas rendas do trabalho, quer pela condição geracional –
infância e velhice –, quer por necessidades físicas e mentais (MOTA, 2010, p. 15).
Apesar dos grandes avanços da Assistência Social com a Constituição Federal de 1988, sua materialização
só acontece em 1993 no governo de Itamar Franco com a criação e promulgação da LOAS (Lei Orgânica da
Assistência Social), sendo resultado de manifestações da sociedade civil, de profissionais da categoria devido o
enorme descaso com o social. Mas, o governo do presidente acima citado procedeu como seus antecessores, ou
seja, imprimindo características eminentemente assistencialistas, clientelistas e populistas.
Desse modo, a efetivação da LOAS foi sendo cada vez mais adiada, principalmente no governo
de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Este extinguiu a LBA e deu prioridade a política econômica,
adotou a política neoliberal promovendo a privatização e o afastamento do Estado de suas
responsabilidades para com o social. Na área social, criou o Programa Comunidade Solidária,
completamente contrário a proposta da LOAS, retomando a solidariedade, o voluntarismo, o clientelismo
da Assistência Social, fortalecendo a iniciativa privada na construção de programas sociais.
O governo de FHC é marcado pela privatização e mercantilização dos bens e serviços prestados,
que deveriam ser realizados de forma eficiente e eficaz pelo Estado, há uma enorme contenção dos
gastos para o social, priorizando o pagamento das dívidas internas e externas.
A sociedade enfrenta um contexto de processo de reestruturação produtiva e ofensiva neoliberal,
onde o capitalismo tenta a todo custo se reerguer de mais uma das suas crises em detrimento do social,
que é cada vez mais relegado a segundo plano.
Os programas e serviços são prestados de maneira pontual, parca e fragmentada, há um
retrocesso e desmonte dos direitos conquistados pelos trabalhadores, aumentando as taxas de
desemprego, fome e miséria. Couto resume o governo desses quatro presidentes vistos acima, quando
diz:
O referido autor assevera a sua análise ao afirmar que as políticas sociais e todos os
programas desenvolvidos se apresentam de forma fragmentada, seletiva e desorganizada,
retomando práticas conservadoras de clientelismo e moralização da população usuária, repetindo
práticas já existentes, “programas de forte apelo popular, de cunho pontual buscando sempre a
legitimidade junto à população mais pobre [...]” (COUTO, 2010, p. 153).
Concluímos, portanto, que a Assistência Social está longe de se efetivar, e tem sido usada como
troca de favor, meio de angariar votos e amortecer a voz da população, que sem condições de prover suas
necessidades, se conforma diante de medidas parcas do Estado, ou de ações de iniciativas privadas, cujo
objetivo não é prestar serviço a população, e sim a autopromoção e a busca incessante pelo lucro.
REFERÊNCIAS
BOSCHETTI, Ivanete. Seguridade Social no Brasil: conquistas e limites à sua efetivação. In:
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2000.
COUTO, Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade brasileira: uma
equação possível?. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MESTRINER, Maria Luiza. O Estado entre a filantropia e a assistência social. – 4. ed. – São
Paulo: Cortez, 2011.
RESUMO
Este trabalho apresenta o programa de microcrédito urbano crediamido operacionalizado pelo Banco do
Nordeste do Brasil (BNB) como uma alternativa aos programas assistencialistas na geração de renda e
melhorias socioeconômicas dos participantes. O trabalho é composto por uma revisão de literatura sobre
microcrédito e a cerca da teoria econômica de Kalecki e de Schumpeter relacionando o crédito como
fator incentivador e responsável pela evolução e desenvolvimento de atividades empreendedoras
geradoras de renda. Os objetivos da pesquisa são constatar se o microcrédito pode ser uma ferramenta de
geração de renda e uma alternativa aos programas assistencialistas. A pesquisa foi desenvolvida na
Cidade do Crato Ceará através de dados coletados na amostra definida pela metodologia aplicada através
da realização de um questionário qualitativo e direto que foi tabulado com o auxilio do software SPSS. A
análise dos dados da pesquisa aponta que após a contratação do microcrédito, houve uma elevação
substancial na renda dos participantes, que teve como consequência melhorias significativas nas
condições de habitação, sanitárias e nutricionais das famílias e o resultado mais significativo. Uma
parcela significante de participantes afirmaram que não mais necessitavam receber recursos provenientes
de programas assistencialistas federais.
Abstract
This paper presents the program of urban microcredit crediamido operated by the Bank of Northeast
Brazil ( BNB) as an alternative to welfare programs in income generation and socio-economic
improvement of the participants . The work consists of a literature review of microcredit and about the
economic theory of Schumpeter and Kalecki relating the credit as a promoter and responsible for the
evolution and development of entrepreneurial activities generating income factor. The research
objectives are to ascertain whether microcredit can be a tool for generating income and an alternative to
welfare programs. The research was conducted in the Crato Ceará City through data collected in the
sample defined by the methodology applied by conducting a qualitative and direct questionnaire was
60
Graduando em Economia pela Universidade Regional do Cariri URCA. 88 99331282 E-mail:
iran.ptf@inec.org.br
61
Prof. Ms. do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri URCA. 88 88543139 E-mail:
preboucas81@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO
As variações nos níveis de renda são abordadas em diversas correntes do pensamento
econômico, diversos teóricos abordam o tema na intenção de compreender os reflexos que essas
flutuações podem causar na sociedade capitalista. Na visão de duas correntes do pensamento
econômico recente (Schumpeter e Kalecki), é apresentada a relação entre crédito bancário como
fator gerador e incentivador na formação e elevação de investimentos produtivos.
Neste presente estudo será abordada a atuação estatal brasileira na área de microcrédito
produtivo e orientado como alternativa para geração de emprego e fortalecimento nos níveis de
renda dos participantes. Com ênfase ao programa Crediamigo do Banco do Nordeste do Brasil.
O microcrédito de uma forma geral pode ser definido como uma iniciativa desenvolvida
principalmente por bancos, sem o caráter assistencialista e com uma metodologia própria.
Consistindo na liberação de pequenos financiamentos com juros reduzidos destinados a
pequenos empreendimentos dos setores de comércio, serviços e indústria.
Este trabalho foi realizado a partir dos participantes do Crediamigo nos bairros urbanos
da Cidade do Crato-Ce. Sendo objeto deste estudo: constatar se o microcrédito pode ser uma
ferramenta de geração de renda e uma alternativa aos programas assistencialistas. O ponto de
partida da pesquisa, o seguinte questionamento: a utilização do microcrédito está contribuindo
para a elevação na renda do participante?
Na literatura existem poucas publicações e produções acadêmicas sobre o programa
Crediamigo, assim é esperado que esse estudo contribua para a realização de debates sobre a
importância do microcrédito como ferramenta para a geração de emprego e renda, inclusão
social e desenvolvimento local. Servindo como referência para instituições de microfinanças da
iniciativa privada, pública e da sociedade civil, assim como também inspiração do ponto de vista
para políticas publicas.
n = tamanho da amostra;
Z = valor correspondente ao nível de significância adotado;
p = percentagem com a qual o fenômeno se verifica;
q = percentagem complementar;
N = tamanho da população;
Dado certo nível de consumo constante o capitalista investirá o restante do seu lucro
corrente para obter lucros ainda maiores no período seguinte. O capitalista decide
quanto irá consumir e investir [...]. Desejando um volume maior de investimento, ele
recorre a fundos próprios acumulados ou ao crédito bancário. (SOUZA, 1999, p.166)
O crédito ao produtor não desempenha nenhum papel, uma vez que as próprias receitas
do fluxo circular financiam a produção. O crédito apresenta-se mais como um
substituto eventual para o dinheiro nas transações. Ele se efetua na forma de títulos de
curto prazo, como certificados de depósitos bancários e as letras de câmbio, que
passam de um empresário para outro como se fossem dinheiro ou cheque. (SOUZA,
1999, p.175).
4 O MICROCRÉDITO
Na área das microfinanças está inserido o microcrédito. Que trata de concessão de
empréstimos com valores reduzidos a pequenos empreendedores informais para destinação
especifica; investimento fixo e capital de giro em atividades produtivas.
Como destaca Monzoni (2006), o modelo bem sucedido que motivou outras iniciativas
nessa área, foi o caso do Grameen Bank em Bangladesh. Idealizado pelo professor Muhanmad
Yunuus na década de 1970, que instituiu um banco popular de caráter social para realizar
empréstimo de baixo valor às pessoas carentes. Essa experiência proporcionou que outras
instituições ao redor do mundo pudessem oferecer esse tipo de serviço financeiro,
principalmente na Ásia, América Latina e África com o mesmo objetivo de gerar ocupação e
renda para os indivíduos à margem do mercado financeiro formal e sistemas bancários
tradicionais. Uma experiência que é semelhante àquela desenvolvida e idealizada pelo professor
Yumuus, em Bangladesh, é encontrada na Bolívia com o Banco Sol. Atualmente o banco possui
61 mil clientes, dos quais 48% são mulheres com uma carteira ativa de US$ 130 milhões.
Para Neri (2008) o Grameen Bank iniciava as suas atividades revelando importantes
contribuições para o campo das microfinanças. Como foi o caso dos empréstimos solidários,
seleção dos melhores clientes, liberação de valores com base na sazonalidade das atividades
desenvolvidas pelos empreendedores. No seu trabalho publicado em 2008, Marcelo Neri elenca
outras experiências pioneiras realizadas na América Latina, apresentando a formação de
No inicio dos anos 80, há registro sobre experiência postas em prática pelo Women` s
World BanKing em Salvador. Posteriormente em meados da referida década surgiram
os centros de apoio ao pequeno empreendedor (CEAPS), em diversas capitais
brasileiras. (SANTIAGO, 2008, p.79)
4.1 Crediamigo
O microcrédito produtivo e orientado do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) é
considerado o maior do Brasil quando analisado o volume de recursos emprestados e quantidade
de clientes ativos. Ressaltando que o Crediamigo está em fase de expansão para ganhar uma
parcela substancial do mercado de microfinanças brasileiro, mantendo sua hegemonia e
liderança neste segmento. O Crediamigo é referência nacional em microcrédito reconhecido
internacionalmente como um caso de sucesso. “O Crediamigo faz parte do programa nacional de
microcrédito do governo federal o Crescer. Uma das estratégias do plano Brasil sem miséria
para estimular a inclusão produtiva da população extremamente pobre”.62
O Crediamigo foi criado em 1998 pelo Banco do Nordeste do Brasil, para facilitar o
acesso ao microcrédito oferecendo orientação empresarial e acompanhamento aos clientes
atendidos, com o objetivo de potencializar a aplicação dos recursos financeiros. É destinado aos
empreendedores dos setores formais e informais da economia. Está presente em 1558
municípios da área de atuação do BNB, representando a região Nordeste, norte de Minas Gerais
e parte do Espírito Santo, assim como Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em novembro
62
(Disponível em
https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_serviços/crediamigo/gerados/o_que_e_objetivos.asp. acesso
em 30/05/13).
63
(Disponível em
https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_serviços/crediamigo/gerados/rede_de_atendimento.asp,
acesso em 30/05/13).
64
(Disponível em
https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_serviços/crediamigo/gerados/rede_de_atendimento.asp,
acesso em 30/05/13).
65
(Disponível em
https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_serviços/crediamigo/gerados/como_obter.asp. acesso em
30/05/13).
20
0
Masculino Feminino
Faixa etária
50,00% 47,30%
40,00% 34,60%
30,00%
20,00%
11,50%
10,00% 6,60%
0,00%
entre 18 e 25 anos entre 26 e 40 anos entre 41 e 60 anos acima de 60 anos
Estado civil
80,00% 72%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 18,10%
20,00%
6,60% 3,30%
10,00%
0,00%
solteiro casado união estável divorciado ou
separado
10,00%
0
0,00%
não tem filhos entre um e três filhos entre quatro e dez
filhos
20,00%
0 0 0 0 0 0 0 0
0,00%
sim não
40,00%
20,00%
0,00%
comércio serviço industria
50,00%
40,00%
29,70%
30,00%
20,00%
8,20%
10,00% 5,50%
0,00%
entre 100,00 e 500,00 entre 501,00 e entre 1001,00 e acima de 2000,00
1000,00 2000,00
Gráfico 09- Dados socioeconômicos dos beneficiários do Crediamigo com relação à faixa
de renda mensal, Crato-Ce, 2012. Fonte: Dados da pesquisa 2012.
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 22,00%
20,00%
11,50%
10,00%
0,50%
0,00%
até 1.000,00 entre 1.001,00 e entre 5.001,00 e entre 10.001,00 e
5.000,00 10.000,00 15.000,00
Gráfico 10- Dados socioeconômicos dos beneficiários dos Crediamigo em relação aos
valores dos empréstimos, Crato-Ce, 2012. Fonte: Dados da pesquisa 2012.
O gráfico 11 demonstra que 90% dos beneficiários declararam que houve uma elevação
na renda após a contratação do microcrédito. E apenas 10% dos entrevistados afirmam não ter
ocorrido crescimento em seus rendimentos.
Souza (2010, p.132) destaca; “(...) de acordo com pesquisa realizada em 2003, observou-
se que 54% dos clientes do Crediamigo ultrapassaram a linha da pobreza”. Com relação à renda
média familiar dos clientes, contatou-se que estes apresentaram acréscimos em todos os níveis
de acumulação evidenciando maiores incrementos de renda à medida que aumenta o número de
empréstimos.
80,00%
60,00%
40,00%
20,00% 10%
0,00%
sim não
60,00%
40,00%
18%
20,00%
0,00%
sim não
60,00%
40,00%
25%
20,00%
0,00%
sim não
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
FELTRIM, Luis Edson, VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira e DODL Alessandra Von. Projeto
Inclusão Financeira. Perspectivas e desafios para inclusão financeira no Brasil: visão de
diferentes autores. Brasília 2009.
GUSSI, Alcides Fernandes, SILVA, Rita Josina Feitosa da, Microcrédito e desenvolvimento:
avaliação dos impactos do Programa Crediamigo em população de baixa renda de Fortaleza.
CAOS,Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n.16, março 2011, p. 249-271.
HOFFMANN, Rodolfo. Estatística para Economistas. 4a ed. São Paulo: Cengage Learning.
São Paulo, 2006.
ABSTRACT: The incentive to craft production, through the implementation of public policies,
provides na alternative way of developing economies on a local basis, ensuring the preservation of local
culture as well as the generation of employment and income for many artisans families. Regarding the
methodology, only appropriated a literature-theoretical survey for discussion. This article aims to
discuss the role of the activity focused on the craft in the contexto of local development policies,
including the existence of a synergy between economic efficiency, improving the quality of life of local
people, enchancing cultural identity and conservations natural resources.
Keywords: Handcraft; Local Development; Public Policies.
1 INTRODUÇÃO
66
É mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia -
PPGCASA/ UFAM. Possui graduação em ADMINISTRAÇÃO pela Universidade Federal do Amazonas (2011),
graduação em GEOGRAFIA pela Universidade do Estado do Amazonas (2010), Especialização em Turismo e
Desenvolvimento Local pela Universidade do Estado do Amazonas (2011). É bolsista da FAPEAM – Fundação de
Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas e professor de carreira do curso de Administração – UFAM/
ICSEZ.falcicley@gmail.com
67
Doutora em Geografia pela UNESP. Professora visitante do Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPGCASA/ UFAM. Professora de carreira do curso de Geografia da
UEA/ ENS
2 DISCUSSÃO TEÓRICA
2.1 CONCEITOS DE ARTESANATO E ARTESÃO
O termo artesanato é considerado um termo impreciso e de conceituação dinâmica,
de acordo com a ótica e abordagem de cada autor. Para Rocha (s.d.), artesanato é a forma de
ocupação ou trabalho, geradora de bens materiais produzidos por meios técnicos, geralmente
tradicionais, com a utilização de instrumentos rudimentares. Nesse contexto, o autor concebe
o artesanato como uma forma de produção baseada apenas em instrumentos rudimentares e
manuais, sem a intervenção de processos mecanizados.
De acordo com o MDIC (2008) o artesanato compreende toda a produção resultante
da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha
68
São todos os agentes (governos, fornecedores, clientes, concorrentes) que impactam direta ou indiretamente na
atividade do artesanato
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artesanato amazônico passa por um grande gargalo que afeta o seu processo de
comercialização, que é a certificação de procedência da madeira, pois com o artesanato
confeccionado a partir de madeira certificada, ocorrerá o processo de manejo e a perpetuação
das espécies, enquanto que a cooperativa ou associação torna-se competitiva frente aos
demais mercados; o acesso a novos mercados e ao crédito para fomento são facilitados;
69
Sistema de coleta de dados sobre o setor artesanal, cadastrando artesãos brasileiros, unificando as
informações em âmbito nacional. Os dados são coletados pelas Coordenações Estaduais do Artesanato
(FREEMAN, 2010).
LEMOS, Maria Edny Silva. Artesanato como alternativa de trabalho e renda: subsídios
para Avaliação do Programa Estadual de Desenvolvimento do Artesanato no Município de
Aquiraz-CE. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas
da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza – CE: UFC, 2011.
SILVA, Heliana Marinho. Por uma teorização das organizações de produção artesanal:
habilidades produtivas nos caminhos singulares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006. Tese
de doutoramento. Fundação Getúlio Vargas.
RESUMO:O final do século XX ficou marcado pelo alerta às questões socioambientais, que ameaçam
a vida no planeta, bem como pelo aumento colossal das desigualdades sociais entre os países. O discurso
do desenvolvimento sustentável surgiu paralelo ao discurso das políticas neoliberais, mostrando uma
clara contradição nas perspectivas de governança global. Este trabalho buscou refletir sobre os desafios
do Estado na garantia de um desenvolvimento que seja sustentável em meio a um mundo que destitui
cada vez mais o poder local das nações, tornando-as submissas a organismos internacionais e às
exigências do livre mercado em escala mundial. Para isso, foi realizado um estudo exploratório, através
de uma pesquisa bibliográfica sobre temas ligados ao desenvolvimento sustentável, ao papel do Estado,
ao neoliberalismo e ao pós-neoliberalismo. Observou-se como a política de Bem-Estar Social do pós-
guerra entrou em declínio, dando espaço a um conjunto de reformas estruturais neoliberais, representadas
fortemente no Consenso de Washington (1989), que culminaram no aumento da degradação ambiental e
da produção de pobreza e miséria humanas. Diante disso, buscou-se refletir sobre iniciativas de alguns
países (a exemplo do BRICS, através do Consenso do Rio - 2014) que vêm propondo uma
reconfiguração dos estados-nação, redirecionando a política global para um discurso que tenta criar a
possibilidade do desenvolvimento sustentável e da diminuição da pobreza, através de um Estado mais
forte e capaz de intervir na economia e no mercado, superando os preceitos neoliberais, a fim de garantir
o bem-estar coletivo.
70
Psicólogo, mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Cariri – UFCA.
E-mail: alexfnobrega@yahoo.com.br / Telefone: (88) 9961-5360
71
Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília – UNB. Professora da Universidade
Federal do Cariri – UFCA. E-mail: suelychacon@gmail.com /Telefone:(88)3572-7234
72
Doutora em EducaçãoBrasileira pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professora da Universidade Federal
do Cariri – UFCA. E-mail: vesalgueiro@ufca.edu.br / Telefone: (88)3572-7234
73
Economista, doutora em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente é
professora do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e do Mestrado em
Desenvolvimento Regional Sustentável da Universidade Federal do Ceará (UFCA). E-mail:
laudecimartins@gmail.com / Telefone: (88) 3572-7234
74
O Clube de Roma foi fundado em 1968, por Aurelio Peccei,, industrial italiano, com objetivo de repensar o
sistema global de crescimento e apontar estratégias de combate à degradação ambiental (OLIVEIRA, 2012).
75
A ideia do crescimento zero afirmava que o desenvolvimento deveria ser desacelerado, visto que os recursos do
planeta apresentavam limites muito claros e próximos (OLIVEIRA, 2012).
“... o fim da história, dos grandes relatos filosóficos e suas ideologias, inclusive a do
Estado-Nação com suas responsabilidades sociais e seu empenho em cuidar do bem
comum, da soberania e identidade nacionais. (...) a utopia neoliberal exalta as virtudes
abstratas dos mercados, dos prêmios aos mais aptos, da competitividade, da eficiência,
das ganâncias, dos direitos de propriedade, e da liberdade de contratação. Critica, em
contrapartida, a intervenção estatal e a própria política, taxando-as de perniciosas e
Neste sentido, o papel do Estado se tornou cada vez mais restrito e submisso a entidades
maiores e mais distantes do cidadão comum. Conforme já destacado por Moraes (2001), Ibarra
(2011) também chama a atenção para o fato de que o Estado interessa ao neoliberalismo apenas
como meio para legitimar as decisões globais de mercado, impondo de forma autoritária suas
decisões e violentando a base de toda democracia, que é a soberania popular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sensibilização da comunidade internacional com relação às questões ambientais, que
emergiram mais intensamente na segunda metade do século XX, se deu a partir de movimentos
de ativistas, de chefes de Estado, de cientistas e do empresariado. Apesar das discussões girarem
em torno de um mesmo tema, sabe-se que os interesses de cada um dos atores envolvidos
apresentam diferenças significativas, devido ao lugar sociopolítico dos mesmos.
Com esta pesquisa, foi possível identificar uma dificuldade na tarefa de definir o que
realmente significa desenvolvimento sustentável e de que maneira é possível operacionalizá-lo.
Na tentativa de compreender o papel do Estado nesse processo, a literatura revisada mostrou que
as políticas neoliberais enfraquecem o poder estatal e ameaçam a preservação ambiental, visto
que as relações comerciais se dão de forma cada vez mais livre de barreiras, mais
desregulamentada e mais desigual entre os países, permitindo um tipo de relação na qual o
Estado se torna refém dos interesses do mercado, pautando suas políticas em perspectivas
bastante imediatistas.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Paulo Nogueira. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas
latino-americanos. Caderno Dívida Externa, São Paulo, n. 6, set. 1994. Disponível em:
http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aup0270/4dossie/nogueira94
/nog94-cons-washn.pdf. Acessado em 10/06/2014.
GONÇALVES, Maria das Graças M. Psicologia, Subjetividade e Políticas Públicas. São Paulo:
Cortez, 2010.
MORAES, Reginaldo C. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai. São Paulo; SENAC,
2001. Disponível em: http://bookdirectory.net/?p=475084. Acessado em 10/06/2014.
OLIVEIRA, Leandro Dias de. Os “Limites do Crescimento” 40 anos depois: das “Profecias do
Apocalipse Ambiental” ao “Futuro Comum Ecologicamente Sustentável”. Revista Continentes
(UFRRJ), ano 1, n. 1, 2012.
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: uma utopia? Invenção do Contemporâneo –
CPFL Cultura – TV Cultura, 2010. Disponível em:
http://www.cpflcultura.com.br/wp/2010/08/31/desenvolvimento-sustentavel-uma-utopia-jose-
eli-da-veiga/. Acessado em 09/05/2014.
VIZEU, Fabio; MENEGHETTI, Francis Kanashiro; SEIFERT, Rene Eugenio. Por uma crítica
ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cadernos EBAPE.BR (FGV), v. 10, artigo 6, p.
574-583, 2012. Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cadernosebape/article/viewFile/5480/4202.
Acessado em 05/05/2014.
RESUMO: É perceptível que o número de vítimas da criminalidade no Brasil vem aumentando com o
passar dos anos, incentivando debates calorosos na sociedade e entre estudiosos. A questão acerca da
criminalidade passa a ser estudada, assim, por diversas áreas, dentre elas, a economia. Esse trabalho tem
como objetivo analisar o impacto da criminalidade sobre o bem-estar social, fazendo uma ligação direta
entre a perda de bem-estar e o sentimento de insegurança, através da disposição a pagar (DAP) do
entrevistado em relação a uma cesta especifica de serviço de segurança pública. Para a captação da DAP
utilizou-se o Método de Avaliação Contingente e as estimativas foram calculadas a partir do modelo
econométrico logit. Os resultados estimados apontaram que a renda familiar, os anos de estudo, o número
de membros da família tem efeito positivo sobre a DAP declarada. Adicionando a essa informação, o fato
do indivíduo perceber que o sentimento de insegurança está aumentando resulta em uma maior
disposição a pagar. De acordo com estimações a perda de bem-estar relacionada ao nível de insegurança
é estimada entre R$ 8.467.170,00 e R$11.895.560,00 para a Região Metropolitana do Cariri. Com
relação a atual política de segurança pública denotou-se ineficiência, pois, os gastos anuais com
segurança pública são maiores que a perda de bem-estar gerado pela criminalidade.
1 INTRODUÇÃO
A velocidade com que a criminalidade vem aumentando no Brasil, nos últimos anos, tem
chamado à atenção tanto de instituições governamentais, como da população de um modo geral.
Procurar soluções para esse problema se tornou indispensável. As discussões a fim de encontrar
tais soluções vão desde a melhoria do código penal até o aumento de policiais nas ruas.
7676
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – URCA e Pós-Graduanda em Gestão
Financeira e Consultoria Empresarial pela URCA. Tel.: 88 99937389 Email: camilabrigido@hotmail.com
77
Engenheiro-agrônomo pela UFRPE, economista pela Urca, mestre em Economia Rural pela UFC, doutor em
Economia pelo PIMES-UFPE, professor associado do curso de Economia da Urca. Tel.: 81 88481898. E-mail:
justowr@yahoo.com.br
O segundo estava organizado a partir dos acordos de Bretton Woods e abria espaço para
uma aliança entre o desenvolvimento do bem-estar e o equilíbrio da economia internacional.
Por fim, o quarto pilar baseia-se no progresso da soberania popular, permitindo “que a
concorrência eleitoral aumentasse o peso e a importância das reivindicações dos trabalhadores ⎯
e dos seus sindicatos e partidos ⎯ e dos demais setores sociais interessados no desenvolvimento
dos sistemas de welfare states” (FIORI 1997, p. 134)
O termo bem-estar esteve inicialmente ligado os estudos da economia, sendo citado com
bem-estar Material. Os economistas associavam o bem-estar aos rendimentos. Galinha e Ribeiro
(2002, p.206), denominam o bem-estar Material como sendo “a avaliação feita pelo individuo ao
seu rendimento ou, de modo mais geral, a contribuição dos bens e serviços que o dinheiro pode
comprar para o seu Bem-Estar”.
Outra denominação do bem-estar tem uma corrente mais solidária por assim dizer por
que torna o bem-estar uma satisfação coletiva, mais humanitária, menos individualista, onde o
“eu” é substituído pelo “nós” e onde as pessoas deixam de ser meros produtos e se tornam seres
com deficiências e necessidades prementes que devem ser satisfeitas.
Conforme Benevides (2011), “o Bem-Estar social pode ser pensado como uma
transformação do próprio estado a partir de suas funções, estrutura e legitimidade. Surge devido
à demanda por serviços de segurança socioeconômica”.
Para Briggs (2006) apud Benevides, (2011, p. 12):
78
Sacconi (1996) determina criminalidade como sendo “1. Estado, qualidade ou fato criminal. 2. Ação ou prática
criminal. 3. Conjunto de crimes”.
79
Sacconi (1996) define roubo como um ato de se subtrair algo por meio de ameaça e/ou violência e difere-se do
furto, pois este seria a subtração de algo sem uma noção contigua da vítima.
onde:
NBi = ganho líquido do indivíduo i,
li = ganho bruto com o crime,
ci = custo de planejamento e execução do crime,
wi = renda de atividades legais,
pr = probabilidade de captura e condenação,
pu = valor monetário do castigo.
Ou seja, o agente i irá cometer o crime se o custo de oportunidade for menor que o ganho
com a atividade, sem levar em consideração os outros custos que foram mencionados.
80
O modelo aqui apresentado encontra-se em Araújo Jr (2002). Logo, o material desta seção segue largamente a
referida fonte.
como o mercado não reflete o valor real do bem, cria-se um mercado hipotético num
processo de entrevista pessoal e chama-se o individuo a declarar, ou indicar, sua
disposição a pagar pelo bem desse modo, o valor obtido é contingente ao mercado
hipotético apresentado ao individuo, daí a denominação desse método.
4. METODOLOGIA
De acordo com a natureza do método de avaliação contingente as informações utilizadas
em sua aplicação foram a partir da aplicação de questionários, formando uma base de dados
composta tanto de dados primários como de dados secundários. O universo considerado para tal
aplicação foram as cidades que compõe a Região Metropolitana do Cariri.
A RMC foi criada a partir da conurbação Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte, tendo
como centro econômico da região a cidade de Juazeiro do Norte e possui como área atendida
pelo seu comercio, principalmente, a região de divisa entre Ceará e Pernambuco e o Sul do
Ceará.
𝑒 𝛽’𝑋𝑖 1
𝑝𝑟𝑜𝑏(𝑌𝑖 = 1) = = = 𝐹 (𝛽 ′𝑋𝑖 ) (1)
1+𝑒 𝛽’𝑋𝑖 1+𝑒 −𝛽’𝑋𝑖
Considera-se 𝑦𝑖 , uma variável binária entre aceitar pagar ou não pela segurança pública.
𝑋𝑖 o vetor de variáveis explicativas e o β,o vetor de parâmetros, desta forma define-se:
1
𝑝𝑟𝑜𝑏(𝑌𝑖 = 0) = = 1 − 𝐹(𝛽 ′𝑋𝑖 ) (2)
1+𝑒 𝛽’𝑋𝑖
𝑦𝑖 𝑒 𝛽’𝑋𝑖
𝐸( ⁄𝑥𝑖 ) =
1 + 𝑒𝛽’𝑋𝑖
(3)
𝑦
𝐸( 𝑖⁄𝑥𝑖 ) = 𝑝𝑟𝑜𝑏(𝑦 = 1) = 𝐹 ( 𝛽 ′ 𝑋𝑖 )
lim 𝑃𝑟𝑜𝑏(𝑦𝑖 = 1) = 1
𝛽′𝑋𝑖 →∞
(4)
lim 𝑃𝑟𝑜𝑏(𝑦𝑖 = 1) = 0
𝛽′𝑋𝑖 →∞
𝑦𝑖 1−𝑦𝑖
𝑒 𝛽’𝑋𝑖 1
𝐿 = ∏𝑁
𝑖=1 [ 𝛽’𝑋𝑖 ] [ ] (5)
1+ 𝑒 1+ 𝑒 𝛽’𝑋𝑖
𝑍∝/2 𝜎 81
𝑛= ( ) (6)
𝐸
Onde:
n = numero de indivíduos da amostra
𝑍∝/2 = valor crítico que corresponde ao nível de significância adotado
𝜎 = desio padrão populacional da variável (no caso será utilizado s = desvio-padrão amostral da
DAP)
E = erro máximo da estimativa
foi adotado um nível de significância de 5% (∝ = 5%) e erro amostral de 10% (E =
10%)², relativo à medida dos valores de DAP obtido com a aplicação inicial de questionários e
considerando-se que a distribuição seja normal da DAP. É comum acrescentar um percentual a
mais, dadas as perdas de questionários devido a erros de preenchimento por parte do
entrevistador ou por recusa do entrevistado em responder algumas das perguntas.
O método de eliciação adotado será o referendo seguindo Moraes, Araújo e Paixão
(2010) onde se questiona: “Se o individuo está disposto a pagar R$ X é sistematicamente
modificada ao longo da amostra para avaliara frequência das respostas dadas frente a diferentes
níveis de lances”.
A estimação do modelo econométrico deste trabalho foi feita através do pacote
estatístico Stata 12.
81
Seguindo a literatura padrão que utiliza essa metodologia.
Na tabela 03, tem-se a relação da escolaridade dos entrevistados. A maior parte possui
Ensino Médio Completo (33,75%), por outro lado, 5% se declararam Sem Instrução Formal.
Observa-se que mais de 68,75% da população pesquisada tem até 45 anos, enquanto
apenas 10,75% têm mais de 55anos. A parcela da população é maior na faixa entre 18 e 25 anos
conforme visto na Tabela 04.
Denota-se que a probabilidade de aceitar ou não pagar pela cesta de mercado apresentada
cogita o conhecimento de mercado de obtê-la ou não, com a DAP apresentada significando o
preço da cesta sugerida.
O ajuste do modelo está em acordo para este tipo de modelo. Araújo e Ramos (2009)
encontraram Pseudo R² de 0.31. A Tabela 06 mostra o modelo simplificado acrescentado às
dummies de localização. Observou-se que todos os coeficientes das variáveis são significantes,
exceto a constante que não apresentou valor significativo. Contudo, apenas a renda familiar
apresentou uma relação direta com a probabilidade, ou seja, eleva a disposição a pagar do
individuo. As demais variáveis (dummies de Barbalha, Juazeiro e a DAP), possuem uma relação
inversa, ou seja, diminuem o valor do lance. O ajuste do modelo melhora com a inclusão das
novas variáveis.
6. CONCLUSÕES
A avaliação realizada neste trabalho contribui para os estudos sobre o impacto da
criminalidade por relacionar a perda de bem-estar social com o sentimento de insegurança.
A estimação da disposição a pagar foi obtida pelo método de avaliação contingente, com
a forma de eliciação referendo. Empregou-se como modelo econométrico para estimar a DAP o
modelo logit.
O uso do Método de Avaliação Contingente se mostrou eficaz quanto à determinação do
impacto da criminalidade sobre o bem-estar social na Região Metropolitana do Cariri. A
construção de um mercado hipotético fundamentado em uma cesta de serviços e não na
diminuição de crimes particulares permitiu que se calculassem as estimativas agregadas, não
associando assim, o sentimento de insegurança a crimes específicos.
Além de permitir o cálculo de estimativas para a disposição a pagar, a regressão do
modelo logit pode ser tomadas como proxies da demanda por segurança Assim, os resultados
das regressões implicam que a cesta de serviços apresentada é um bem-normal e comum. Com
base nos resultados obtidos é possível observar que a perda de bem-estar causada pelo
sentimento de insegurança varia entre R$ 8.467.170,00 e 11.895.560,00, para a RMC.
Os resultados apontaram que a renda familiar, os anos de estudo, o número de membros
da família tem efeito positivo sobre a DAP declarada. Somando a essa informação, o fato do
indivíduo perceber que o sentimento de insegurança está aumentando resulta em uma maior
REFERÊNCIAS
ALVES, G. de L. Efeitos das queimadas sobre o bem-estar das famílias no Tocantins: uma
aplicação do método de avaliação contingente. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal
do Tocantins, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio,
Palmas, 2010.
ARAÚJO, A. F. V. de. Estimativa da Perda de Bem-Estar Social causada pelo crime para a
cidade de João Pessoa. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Federal de
Pernambuco. Recife, 2007.
FIORI, J. L. Estado de Bem-Estar Social: Padrões e Crises. In: PHYSIS: Ver. Saúde Coletiva.
Rio de Janeiro, 7(2) 129-147. 1997.
FREEMAN, R. B. Crime and the job Market. Cambridge: National Bureau of Economic
Research, 1994 (working Paper 4910). 41p
JUSTO, W.R; BRÍGIDO, C.P. Valoração econômica do Parque Ecológico Estadual do Sítio
Fundão, Crato, CE. Revista de Política Agrícola, Ano XXIII – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2014.
SACCONI, L.A. Minidicionário Sacconi de língua portuguesa. São Paulo, Atual. 1996.
RESUMO: A discussão aqui apresentada resulta de uma pesquisa realizada para conclusão de curso em
2013, a qual teve como objetivo analisar o processo do envelhecimento saudável da pessoa idosado
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) I, no Município de Cajazeiras - PB. Além de
realizar um levantamento do perfil socioeconômico dos participantes do Grupo Bromélias da Alegria no
Centro de Referência da Assistência Social, buscamos ainda identificar as dificuldades e possibilidades
que permeiam o cotidiano desses idosos tendo como referência o aparato legal que garante os direitos
desses segmentos que é o Estatuto do Idoso. O público alvo desse estudo foram as idosas do grupo de
Bromélias de Alegria. A pesquisa foi embasada na vertente crítico-dialética, por se tratar de um estudo
descritivo-explicativo de caráter quali-quantitativo, sendo realizada entrevista por meio de questionário
com roteiro semi estruturado. A população idosa representa um contingente de quase 15 milhões de
pessoas com 60 anos ou mais de idade correspondendo a 8,6% da população brasileira, sendo as
mulheres em sua maioria com um percentual de 8,9 milhões (62,4%). Desta forma identificamos que, as
mesmas são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo, e
ainda os resultados apontaram que os idosos visualizam o grupo de convivência como uma alternativa
para a solidão, que de certa forma minimiza a ausência da família à medida que passam a socializar com
os demais, inserindo-se em um novo contexto de inclusão social, socializando suas experiências,
adquirindo novos conhecimentos e principalmente conhecendo seus direitos.
I INTRODUÇÃO
82
Assistente Social do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Especializante do curso Saúde da Família
com Ênfase na Implantação das Linhas de Cuidado pela (UFPB).
adrianatbborges@gmail.com (83)99858703
83
Graduada do curso de Serviço Social pela FAFIC.
talina_vieira@hotmail.com (83)96573093
84
Graduada do curso de Enfermagem pela faculdade Leão Sampaio, Coordenadora do Núcleo de apoio à Saúde da
Família (NASF) especializante dos Cursos Urgência, emergência e Uti pelo Instituto São Camilo
Iza_duarte21@hotmail.com88)99181226
85
Graduada do curso de Serviço Social pela FAFIC.cbs.claudineide@yahoo.com.br (83)96877099.
2 . DESENVOLVIMENTO
Neste sentido, ação e planejamentos voltados aos idosos são decorrentes das
transformações vivenciadas pelos seres humanos que são estigmatizados permeados de valores
negativos, carregada de preconceitos, os quais compreendem os idosos com alguém que são
incapazes de lida com as transformações ocorridas na sociedade, consequentemente há se a
necessidade de implantar programas, políticas públicas que valorize com pessoas que
necessitam de uma proteção, logo o Estado de exime desta responsabilidade, por consegui a
sociedade civil assumi a responsabilidade através da filantropia, assistencialismo.
Sendo assim, a família é constituída como uma instancia básica, com sentimento de
pertencimento e identidade social é desenvolvido e mantido como seus valores e condutas, que
deve ser reconhecida e respeitada, uma vez que a Constituição Federal visualizaa família com
base da sociedade e lhes garante um papel de destaque no âmbito da política de Assistência
Social no que diz respeito à proteção social tendo como objetivo garantir a inclusão social lhes
assegurando direitos e prevenindo situações de vulnerabilidade e risco social. Contudo as
famílias se inseriram às demais políticas sociais tendo como principal finalidade o
enfrentamento da pobreza, assegurandoos mínimos sociais, a priorizandosua provisão.
Promulgado em 2003 o Estatuto do Idoso, foi instituído com o objetivo de regular os
direitos dos idosos, sendo estabelecendo que a família, a sociedade e o Estado ampare o idoso,
garantindo-lhes o direito à vida; junto com o poder público abone condições de vida apropriada;
Consubstanciando com autor após ser instituída a Lei 10.741 o Estado garantir a pessoa
idosa o respeito bem como a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso
os direitos de cidadania, de participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar;
sendo estabelecida a prestação de serviços, na qual deverá dar preferência ao atendimento ao
idoso, como também nas farmácias que devem ter assento com braço especial para os idosos,
uma vez que os órgãos municipais da administração direta e indireta e os ônibus deverão afixar,
em local visível, uma placa com os sequentes dizeres: “Respeitar o idoso é respeitar a si
mesmo”.
Contudo, os idosos vêm conquistando importante direito como: remédios gratuitos,
assim como próteses e outros recursos referente ao tratamento, habitação ou reabilitação, onde o
poder público deve garantir ao idoso acesso à saúde, criando serviços alternativos de prevenção
e recuperação da saúde, na qual tem direito receber assistência integral à saúde pela rede
pública; Direito ao atendimento preferencial nos postos de saúde e hospitais municipais,
consequentemente tem direito de ser vacinado anualmente contra gripe e pneumonia; bem como
ser informado sobre a prevenção e controle da osteoporose, diabetes, hipertensão, colesterol,
etc.;
Foi elaborada a lei n° 8842/94 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso
(regulamentada pelo decreto n° 1948/96). A Política Nacional do Idoso reconhece o
idoso como sujeito portador de direitos, define princípios e diretrizes que asseguram os
direitos sociais e as condições para promover sua autonomia, integração, e participação
dentro da sociedade, na perspectiva da intersetorialidade e compromisso entre o poder
público e a sociedade civil. Ela foi pautada em dois eixos básicos: Proteção social, que
inclui as questões de saúde, moradia, transporte, renda mínima e inclusão social, que
Para tanto, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741) sancionada no dia 01 de outubro de 2003,
dispõe sobre os direitos do Idoso. Considera idosa a pessoa maior de 60 anos. Garante a esta o
direito à vida, saúde, alimentação, moradia, convivência familiar. Alternativas de inclusão,
políticas públicas a favor do segmento, além de cultura e lazer. No entanto, a implementação do
Estatuto do Idoso passa por dificuldades diante da atual conjuntura neoliberal, pois há uma
restrição de recursos para as políticas sociais.
O Estatuto do Idoso é mais um avanço referente ao reconhecimento de direitos dos
idosos visando à proteção social desse sujeito social, neste sentido o idoso tem a prevenção e
manutenção da saúde, assim o idoso terá direito atendimento geriátrico e gerontológico em
ambulatórios. Todavia a Lei 10.048/00, garantir que as pessoas com idade igual ou superior a 60
anos terão preferência no atendimento nas repartições públicas e instituições bancárias, logo a
Constituição tem como objetivo no artigo 3° promover o bem de todos os idosos sem
preconceito ou discriminação em razão da idade do cidadão.
Neste contexto, os idosos assumiram um novo cenário social, político e cultura, com
isso, as políticas públicas são desenvolvidas não voltadas exclusivamente para a juventude, mas,
pensada em atender os interesses de um público que antes era vista como uma perda, ou seja,
como um período excludente dos processos sociais.
Frente a essa questão, o idoso é visto como aquele que não produz mais para o capital,
haja vista que, por não está na atividade laborativa, não contribuir mais para acumulação do
capital, e com isso passa a sofrer como o processo de exclusão, preconceito, onde perde sua
autonomia, o poder de tomar suas próprias decisões e assim é visto como aqueles que
apresentam limitações,esquecendo-se de suas contribuições e de suas lutas pela consolidação de
seus direitos, onde muitos decrépitos sofrem com o processo de exclusão no próprio seio
família, onde têm seus direitos negligenciados, e, por conseguintes muitos são abandonados por
nos asilos,
Gráfico 01- Percepção da relevância do Grupo Bromélias da Alegria na vida dos idosos
70%
30%
0% 0%
20%
50%
30%
Diante dos dados apresentados é possível perceber que as idosas de certa forma
compreendem o que constitui o campo do direito, à medida que 20% afirmaram que seus
direitos deveriam ser acessado pela via preferencial, independentemente de estarem no âmbito
público ou privado, 30% reconheceram que são garantias estabelecidas constitucionalmente e
finalmente, 50%, admitiram que o usufruto dos direitos é que possibilitaria as condições de uma
vida dignamente.
Contudo, vale ressaltar que as políticaspúblicas não são desenvolvida exclusivamente
para os idosos, mas para a juventude, desvalorizando os idosos como merecedores de respeito,
uma vez que é obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,
mediante a concretização de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento
saudável e em condições de dignidade.
Segundo Brasil(1994), a Política Nacional do Idoso, tem como instrumento legal e
legítimo, as diretrizes:
Com isso, a Assistência Social passa a ser configura como: seletiva, focalista, burocrática
e fragmentada, ocasionando a desqualificação de uma política pública universal, na qual tem
como escopo a partir de CF/1988, direito direcionada a quem dela precisar independentemente
de contribuição (MOTA, 2010, p.186).
Com base ainda em Simões, (2008), política da Assistência Social tem como objetivo
social prevê o atendimento das necessidades básicas oferecendo a proteção à família, a
maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência,
Como é perceptível, com a análise das colocações anteriores, no que diz respeito à
importância do convívio familiar, 20% das idosas entrevistadas consideraram a família como o
suporte; 50% afirmaram que nela se encontra o respeito, carinho; enquanto para as demais das
entrevistadas, o que correspondeu a 30%, a família é a base da sobrevivência.
Destaca-se neste momento, a retratação que é formatada pela própria Constituição
Federal, em seu Art. 227, quando estabelece que.
No que se refere às ações que são promovidas e desenvolvidas no CRAS I, 80% das
idosas consideram como ótimas e 20% como excelente. Ainda com relação à análise dos dados
20%
80%
Frente a esta questão o idoso, vem conquistando vários espaços, que valorizam e garanti
a proteção e com isso contribuir para romper com ciclo de violência que sofria no âmbito
família com os diversos espaço
Todavia, a sociedade rejeita o idoso por representam um fardo ou por não
acompanharem os avanços tecnológicos bem com não serem mais úteis para o sistema
capitalista que visa de forma ativa, às produtividades. Com isso eles passam a sofrer com a
violência, tanto no âmbito social como nas relações familiares, isto é, o cenário se torna mais
preocupante quando vem acompanhado de fatores preponderante como o preconceito, o
desrespeito o correndo o tão sofrido processo de exclusão social.
Neste sentido, Guerra, Caldas, (2007-2008, P9) ressalta:
0%
20%
50%
30%
Frente a esta questão a Organização Mundial de Saúde (OMS) define violência contra o
idoso como um ato único ou mais de uma vez ou mesmo se omitir, acontecendo de forma
proposital como involuntária, que causa dano, sofrimento ou angústia ocorrendo apratica dentro
ou fora do ambiente doméstico por algum membro da família ou ainda por pessoas que exerçam
uma relação de poder sobre a pessoa idosa.
A violência contra a pessoa idosa pode assumir várias formas e ocorrer em diferentes
situações. Por diferentes motivos, entretanto, é impossível dimensioná-la em toda a sua
abrangência: ela é sub diagnosticada e subnotificada. A Lei 12.461 de 26 de julho de
2011 que reformula o artigo 19 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 01 de outubro de
2003) ressaltou a obrigatoriedade da notificação dos profissionais de saúde, de
instituições públicas ou privadas, às autoridades sanitárias quando constatarem casos de
suspeita ou confirmação de violência contra pessoas idosas, bem como a sua
comunicação aos seguintes órgãos: Autoridade Policial; Ministério Público; Conselho
Municipal do Idoso; Conselho Estadual do Idoso; Conselho Nacional do Idoso.
Falamos, pois, de violências visíveis e invisíveis (BRASIL, p.37, 2014).
Por Falta de
Família 40% Por falta
de Lazer
50%
Conheciam
70%
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho desenvolvido teve o objetivo de colaborar para reflexão acerca da política de
Assistência envolta na pessoa idosa, sobretudo, com uma análise elaborada a partir da realidade
dos idosos que estão sendo acompanhados pelo Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS) I, no município de Cajazeiras. Destaca-se, portanto, a sua relevância a tentado para o
fato de que mesmo com uma legislação que repudia qualquer forma ou expressão de violação
contra o indivíduo em situação de envelhecimento, ainda vivencia-se o descaso com os idosos.
Com isso procurou-se analisar as ações que são desenvolvidas no referido CRAS I em prol
deles, como também a sua visão diante dos seus direitos, como também do seu entendimento
referente à política de Assistência.
Sendo assim, a partir das falas identificou-se que os idosos visualizam o grupo de
convivência como uma alternativa para a solidão, contribui para minimizar a falta da família na
medida em que passam a socializar com os demais, inserindo-se em um novo contexto de
inclusão social, compartilhando as suas experiências, adquirindo novos conhecimentos e
principalmente conhecendo seus direitos e os órgãos competentes a quem deve recorre no
momento que tiverem seus direito infringidos.
Os resultados mostram que a compreensão acerca do desenvolvimento do grupo de
convivência é reconhecida como algo positivo, mas que ainda há necessidade de trabalhar a
questão voltada aos direito dos idosos, uma vez que seu principal objetivo é o fortalecimento do
vínculo familiar e romper com os padrões violadores dos quais muitos são vítimas, no próprio
seio da própria família.
Contudo, os idosos ainda devem gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-se-lhes
REFERÊNCIAS
BRASIL. Manual de Enfrentamento a Violência contra a pessoa idosa. Brasília, 2014.
Disponível em: http://www.sdh.gov.br/ acesso em: 25/08/2014.
BRUNO. Marta Regina Pastor. Cidadania não tem idade. In: Revista Quadrimestral de Serviço
Social. ANO XXIV-n-75- Setembro 2003. Serviço Social e Sociedade. Cortez Editora.
FREITAS, Maria Célia. QUEIROZ, Terezinha Almeida. SOUSA Jacy Aurélia Vieira, O
significado da velhice e da experiência de envelhecer para os idosos. Ceará 2007.
Disponível: http://www.scielo.br; acessado em 20/11/2013.
GIL. Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5º Ed.- 8. reimpr. São Paulo:
Atlas, 2007.
RESUMO
O presente trabalho é fruto de uma pesquisa de campo realizada com uma parcela dos vendedores de
pipoca, que se situam nas praças mais frequentadas da cidade de Iguatu- Ce, a Praça da Matriz e a Praça
da Criança. Como técnica de pesquisa, utilizamos entrevista semiestruturada. A partir dessa pesquisa,
buscamos compreender a informalidade presente no trabalho, a partir da realidade do trabalho cotidiano
dos vendedores de pipocas do referido município. Objetivamos com a presente pesquisa, além de
compreender a realidade socioeconômica em que esses sujeitos estão imersos, traçar o perfil de tais
sujeitos, de forma a identificar e compreender os possíveis determinantes sociais e históricos que os
fazem ocupar tal forma de trabalho. No trabalho que segue, problematizamos a informalidade do
trabalho, situando-a historicamente, de forma a realizar algumas considerações sobre a forma de trabalho
por conta própria, a precarização e a desproteção social, no contexto do capitalismo contemporâneo.
INTRODUÇÃO
O trabalho informal é uma modalidade laboral que envolve quase a metade dos que
possuem alguma ocupação no país, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo
IBGE89. Caracteriza-se por toda a atividade que gere renda para o trabalhador mesmo que ele
não possua nenhum registro formal ou legal desta ocupação. Pode ser trabalho de prestadores de
serviços autônomos especializados, não especializados e mesmo populares, como vendedores
86
(Mestrando em Educação na UFC e docente do IFCE campus Iguatu – e-mail: jerciano@hotmail.com)
87
(Discente do Curso de Bacharelado em Serviço Social – Contato: (88)9996-8270 – E-mail:
lariscennog@hotmail.com)
88
(Discente do curso de Bacharelado em Serviço Social no IFCE campus Iguatu; Contato: (88) 9971-0976 – e-mail:
sandyandreza@hotmail.com)
89
http://www.ibge.com.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/images/Fluxo_
pme012004.pdf
Como a proteção individual deixou de ser central, criam-se mecanismos legais que
imprimem ao trabalho uma falsa autonomia, marcada pelo desassalariamento, pela
precariedade e pela ausência de comando explicito, como se tais condições fossem
suficientes para transformar trabalhadores em proprietários. (ALVES e TAVARES,
2006, p. 437) [...] As formas concebidas como partes das novas formas de organização
do trabalho são indicativos da precarização e de uma maior exploração do trabalho,
apesar da aparente autonomia com que as representações do capital revestem a
informalidade (ALVES e TAVARES, 2006, p. 439).
“O desemprego estrutural atinge todos os trabalhadores, dos mais jovens até os mais
velhos, dos desqualificados aos qualificados, dos centros industriai dos “países
centrais” aos centros industriais dos “países periféricos” (LARA e WALTER, 2010, p.
143).
Nos últimos anos, temos assistido uma expansão da política de assistência social,
impregnada com concepções ideológicas da meritocracia, da focalização e do
empreendedorismo, referenciado no ajuste neoliberal de retirada de direitos sociais.
Como um dos objetivos previstos na Lei Orgânica de Assistência Social, (LOAS,
1993) e uma das diretrizes da Política Nacional de Assistência Social é “a promoção da
integração ao mundo do trabalho”, a referida política tem promovido de forma precária e
contraditória tal objetivo. Uma vez que não tem conseguido inserir seu público usuário no
mercado de trabalho formal, nem tão pouco protegido, até mesmo porque, o exército industrial
de reserva é uma condição estrutural necessária ao capitalismo e tem ampliado estratégias de
incentivo ao empreendedorismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, Maria Aparecida; TAVARES, Maria Augusta. A dupla face da informalidade do
trabalho: “autonomia” ou precarização. In: Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil /
Ricardo Antunes (org.). –São Paulo: Boitempo (Coleção Mundo do Trabalho), 2006.
CARVALHO, Alba Maria Pinho de; GUERRA, Eliana Costa. Tempos contemporâneos:
trabalhadores supérfluos no fio da navalha da lógica do capital. In: SOUSA, Antonia de A. et all
(org.s). Trabalho, Capital Mundial e Formação dos Trabalhadores. Fortaleza: Editora Senac
Ceará; Edições UFC, 2008.
HARVEY, David. Condição Pós-moderna. 22ª Ed. Loyola. São Paulo, 2012.
IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro,
trabalho e questão social. São Paulo. Cortez. 2007.
MOTA, Ana Elizabete. O mito da Assistência Social: ensaios sobre Estudo, Política e
Sociedade. – 4 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
VIANA, Maria Lucia Teixeira Werneck. Reforma do Estado e Política Social: notas à margem
do tema. In: Trabalho e Seguridade Social: percursos e dilemas / Elaine Rossetti Behring e
Maria Helena Tenório de Almeida (orgs.). – 2. Ed. – São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro:
FSS/URRJ, 2010.
RESUMO: O objetivo do ensaio é tecer alguns apontamentos sobre a relação entre políticas públicas e
descentralização, no sentido de verificar como a última têm contribuído para a implementação das
políticas públicas governamentais, principalmente no nível local, e quais os seus determinantes. O estudo
baseou-se em bibliografia disponível sobre a temática, principalmente em autores que tratam da
centralidade do estado na análise das políticas públicas. Os resultados dos estudos demonstram a
importância da descentralização administrativa e financeira ocorrida nas últimas décadas para a
“produção” de políticas públicas nos níveis locais de governo, apesar de ainda existir uma “autonomia
limitada” da maioria dos municípios brasileiros, dada a baixa capacidade de gerar receitas próprias e da
dependência estreita de financiamento de suas principais políticas pelo governo federal. Conclui-se que,
no caso brasileiro, apesar de fatores como determinações constitucionais, normas ou capacidade
gerencial e financeira embora serem importantes, vai ser o desenho institucional da política - moldado
em termos de recompensas e sanções - e o apoio do Executivo federal na liberação regular dos recursos
as variáveis mais importantes para a descentralização e implementação das políticas públicas pelos
governos locais.
1INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, com a redemocratização de muitos países da América Latina e com
o “esfacelamento” do modelo neoliberal, tem ganhado corpo à discussão sobre a questão de
como as políticas públicas governamentais pode contribuir para o desenvolvimento dos países e
regiões. Esses, além de outros fatores, contribuíram para que a área de políticas públicas
passasse a ganhar grande atenção dentro dos estudos técnicos e acadêmicos.
90
Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN; Mestre em
Estudos Urbanos e Regionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Atualmente é Professor
Adjunto do Departamento de Economia da UERN - Campus de Pau dos Ferros/RN. E-mail:
roniesouza@yahoo.com.br. Fone de contato: (84) 9139-7205.
Andrade (2005) afirma que, no Brasil, o estudo das políticas públicas tem início no
período de crise dos governos militares, voltados para as políticas de governo. Conforme a
definição de Oszlak e O’Donnell (1976, p. 22 apud ANDRADE, 2005, p. 03), se entende por
políticas públicas como “o conjunto de ações e omissões que manifestam uma determinada
modalidade de intervenção do Estado em relação a um problema que desperta a atenção, o
interesse ou a mobilização de outros atores na sociedade civil”. Assim, dado o envolvimento de
determinados atores que são envolvidos nas políticas, é que a autora coloca que pensar políticas
91
Corrente política e econômica que prega a não intervenção do Estado na economia, apoiado na “crença” de auto-
regulação dos mercados pela livre ação dos capitais em movimento.
Pode-se, então, resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao
mesmo tempo, colocar o “governo em ação” e/ ou analisar essa ação (variável
independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações
(variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em
que governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em
Para Souza (2007), o papel dos governos é central na análise das políticas públicas.
“Debates sobre políticas públicas implicam responder à questão sobre o espaço que cabe aos
governos na definição e implementação de políticas públicas” (SOUZA, 2007, p. 71). Em sua
abordagem, a autora deixa claro que não defende que as ações do Estado (ou os governos que
decidem e implementam políticas públicas) refletem unicamente as pressões de grupos de
interesse, como na versão simplificada do pluralismo; nem que o Estado opta sempre por
políticas definidas exclusivamente por aqueles que estão no poder, como na versão simplificada
do elitismo; nem que servem somente aos interesses de determinadas classes sociais, como nas
versões estruturalista e funcionalista do Estado. A autora defende que no processo de definição
de políticas públicas, com sociedades e Estados complexos, prevalece uma “autonomia relativa
do Estado92” que, por sua vez, criam determinadas condições para a implementação de objetivos
de políticas públicas. Ou seja, apesar de reconhecer que outros segmentos como grupos de
interesse, empresários, classe dominante em geral se envolvem no processo de elaboração de
políticas, e a literatura argumentar que o papel dos governos tem sido diminuído pelo fenômeno
da globalização, “a diminuição da capacidade dos governos de intervir, formular políticas
públicas e de governar não está empiricamente comprovada” (SOUZA, 2007, p. 72). Algumas
visões defendem que apesar de existir limitações e constrangimentos, estes não inibem a
capacidade das instituições governamentais; torna sim, a capacidade de governar e de formular
políticas públicas muito mais complexa.
O artigo de Evans (1993) demonstra a importância do papel do Estado na promoção do
desenvolvimento, contrariando a tese do “Estado mínimo” ou neoliberal que garantiria apenas
proteção dos direitos individuais e garantia da propriedade privada. Se a noção de Estado
desenvolvimentista exposta pelo autor demonstra a ênfase da atuação estatal em “promover o
mercado”, credita-se também a este ente a capacidade de propor políticas públicas. A
“autonomia inserida” permite um “conjunto concreto de laços sociais que amarra o Estado a
sociedade e fornece canais para a contínua negociação e renegociação de metas e políticas”
(EVANS, 1993, p. 136). Mas que um problema, como quer se fazer acreditar o discurso
92
O Estado é autônomo quando os governantes têm objetivos próprios e a capacidade institucional de tomar
decisõese de executá-las (PRZEWORSKI, 1995, p. 77).
Ou seja, verifica-se que a política pública deve ser entendida como um processo
dinâmico, não se esgotando em nenhuma de suas etapas, e exigindo sempre uma
retroalimentação constante de suas “partes” constituintes. Isso complementa a síntese de Souza
(2007, p. 80), quando esta afirma que, das diversas definições e modelos93 sobre políticas
públicas, pode-se extrair e sintetizar seus elementos principais:
A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, de
fato, faz;
A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada
nos governos, e não necessariamente se restringe a participantes formais, já que os informais são
também importantes;
A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras;
A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados;
A política pública, embora tenha impactos a curto prazo, é uma política de longo prazo;
A política pública envolve processos subseqüentes após sua decisão e proposição, ou
seja, implica também implementação, execução e avaliação.
93
Para maiores detalhes desses modelos, ver capítulos 2 e 3 de Celina Souza (2007).
94
Na estratégia tipo Buttom up ou de baixo para cima, as políticas são elaborados de forma descentralizada, por
meio da participação dos atores sociais e das esferas públicas e privadas locais (ORTEGA, 2008, p. 29).
Além dessa constatação, a autora coloca ainda a questão de que os governos locais
podem contar com recursos para atender às demandas de seus cidadãos, mas dispor de limitada
autonomia para definir sua própria agenda, porque suas políticas são financiadas basicamente
com transferências vinculadas. Assim, ressalta Arretche (2005, p. 71) que “essas motivações
estão no centro das disputas nacionais pelos recursos tributários e fiscais”.
Apesar das políticas descentralizadoras inscritas na Constituição de 1988, pode-se dizer
que continua a existir uma distribuição assimétrica dos recursos, de modo que “os benefícios
que poderia haver da descentralização são captados, especialmente, por regiões e localidades
mais desenvolvidas que dispõem de meios e capacitação para desempenharem as funções que
foram sendo atribuídas a elas” (ORTEGA, 2008, p. 39).
Assim, dada essa assimetria na distribuição de recursos e também dos interesses políticos
diversos dentro do país, Arretche (1999, p. 115) já colocava que:
(...) nas condições brasileiras atuais, a adesão dos governos locais à transferências de
atribuições depende diretamente de um cálculo no qual são considerados, de um lado,
os custos e benefícios fiscais e políticos derivados da decisão de assumir a gestão de
uma dada política e, de outro, os próprios recursos fiscais e administrativos com os
quais cada administração conta para desempenhar tal tarefa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A redemocratização da sociedade brasileira tem colocado em destaque o papel do Estado
e da sociedade civil na implementação e avaliação de políticas públicas. Neste contexto, tem-se
a discussão sobre a questão da descentralização e da implementação das políticas públicas no
Brasil.
Se pensarmos a política pública como o “governo em ação”, como uma ação intencional
com objetivos a serem alcançados e como uma política de longo, para usarmos as concepções de
Souza (2007), temos que o leque de alternativas de políticas é bastante variado. Acreditamos
também que “o principal foco analítico da política pública está na identificação do tipo de
problema que a política pública visa corrigir, na chegada desse problema ao sistema político
(politics) e à sociedade política (polity)” (SOUZA, 2007, p. 84, grifo nosso).
Para o caso da descentralização das políticas públicas no Brasil, os principais autores que
discutem o tema tem colocado que os estudos realizados até então demonstram que o desenho
institucional da política, moldado em torno de mecanismos de recompensas e sanções, regras
claras e universais e o apoio do Executivo federal na liberação regular dos recursos parecem ser
a variável mais importantes para a descentralização e implementação das políticas públicas
pelos governos locais.
REFERÊNCIAS
EVANS, P. O Estado como problema e solução. Lua Nova: Revista de cultura e política, São
Paulo, n. 28/29, p. 107-156, 1993.
RESUMO: O projeto Ético político do Serviço Social é resultado de processos sócio- econômico-
político presentes na História da profissão do Assistente Social que tem sua prática fincada nas
políticas públicas, dentre as quais a da saúde que têm o seu arcabouço legal consolidado no
Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, este artigo objetiva refletir sobre a historicidade da política de
saúde desde o século XVIII até o governo Lula, enfatizando os enfrentamentos e dificuldades que o
assistente social enfrenta na contemporaneidade para efetivar o projeto ético-político da categoria
profissional em face de desdobramentos neoliberais. Trata-se de uma pesquisa de delineamento
bibliográfico e de cunho exploratório. Discute a relação do projeto Ético-Político de Serviço Social
com o SUS, denotando os aspectos tangíveis e os desafios que o assistente social enfrenta neste
espaço sócio ocupacional para contribuir com o processo de formação da equidade e justiça
social, assegurar o caráter universal do acesso aos bens e serviços correspondentes aos programas e
políticas, como também de sua gestão democrática. Percebe-se que o ideário doutrinário e organizativo
do SUS é consonante com o projeto ético-político do Serviço Social. Ambos enfrentam desafios
em comum para sua concretização que estão diretamente relacionados com os ideários do modelo
de produção neoliberal, formando um movimento de hegemonia e contra hegemonia.
ABSTRACT: Political Ethics of Social Work project is the result of socio-economic and political
processes in the present history of the profession of social worker who has stuck his practice in public
policy, among which health having its consolidated legal framework in Unified (SUS). Thus, this
article aims to reflect on the historicity of health policy since the eighteenth century to the Lula
government, emphasizing the conflicts and difficulties that confront the contemporary social worker
to carry out the ethical-political project of the profession in the face of neoliberal developments in
System single Health-this is a bibliographic research design and exploratory, which discusses the
95
Discente do curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio. Cel: (88) 96786772; e-mail:
junior_feitosa01@hotmail.com
96
Discente do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio. Cel: (88) 99806099. E-mail:
ma.macedo2012@bol.com.br
97
Docente do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio. Professora orientadora. E-mail:
solangeferrer@hotmail.com. Cel: (88) 96393438
98
Docente dos cursos de Direito e Psicologia, Faculdade Leão Sampaio. Cel: 99393248
1 INTRODUÇÃO
A política de saúde é uma temática bastante discutida na atualidade, tendo em vista a
lacuna existente entre seu caráter universal na Constituição Federal de 1988 face ao descaso e
precariedade desta política na realidade social brasileira em decorrência do sistema neoliberal
vigente. Diante disso, a profissão de Serviço Social, que é comprometida com os interesses e
necessidades da classe trabalhadora e que possui como um de seus objetivos defender,
preservar e ampliar os direitos desta classe, encontrará no SUS grandes desafios para efetivar
seu projeto Ético-Político através de seu fazer profissional.
O presente artigo tem por finalidade refletir sobre a historicidade da política de saúde
desde o século XVIII até o governo Lula, enfatizando os enfrentamentos e dificuldades que o
assistente social enfrenta na contemporaneidade para efetivar o projeto ético-político da
categoria profissional em face de desdobramentos neoliberais no Sistema Único de Saúde.
Para tanto se seguiu o caminho metodológico de delineamento bibliográfico, utilizando como
fonte de dados publicações de autores de referência no assunto, publicações oficiais do
Ministério da Saúde e da prática do Assistente Social, no primeiro semestre do ano de 2014.
Para pesquisas em fontes virtuais foram utilizados os unitermos: Política de Saúde, SUS,
Neoliberalismo, Projeto Ético-Político.
Esta pesquisa é de cunho exploratório e parte da hipótese de que a configuração do
SUS enquanto arcabouço legal está relacionado diretamente com o contexto sócio, econômico
e político do Brasil em cada momento histórico apresentando interfaces diretas com o projeto
ético político do Serviço Social. Assim configurou-se em um pesquisa de cunho exploratório.
Para Gil (2007, p. 41), as pesquisas exploratórias “têm como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”.
Para abordar esta temática o texto foi dividido em três partes. Inicialmente foi
abordado sobre o processo de formação e consolidação das políticas de saúde no contexto
QUADRO 1
QUADRO 2
DIRETRIZES APLICABILIDADE NO SUS TANGÊNCIAS COM O
PROJETO ÉTICOS POLÍTICO
DO SERVIÇO SOCIAL
Descentralização Descentralizar a assistência Deslocamento de poder,
para os municípios democratização das políticas
sociais no atendimento às
necessidades das maiorias.
Hierarquização Organiza os níveis de atenção
de modo a garantir acesso aos
serviços especializados
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões desenvolvidas acima são de extrema relevância para debater sobre os
desafios que o Sistema Único de Saúde e o Projeto Ético Político do Serviço Social
enfrentam face ao sistema neoliberal vigente e das exigências postas para os profissionais de
Serviço Social.
Obtém-se a partir de então, a confirmação da hipótese inicial deste artigo que a
construção do SUS enquanto arcabouço legal está intrinsicamente vinculado ao projeto
de uma nova ordem societária.
Acrescenta-se também, que o projeto de reforma sanitária contribuiu de forma
decisiva para consolidação do SUS, materializado na Constituição Federal de 1988 aonde a
saúde adquiriu caráter universal e o setor privado seria apenas complementar. Todavia,
neste mesmo contexto ocorreu a consolidação do neoliberal no âmbito internacional que
gerou rebatimentos no Sistema Único de Saúde brasileiro. Ocasionando, ao longo dos
REFERÊNCIAS
SOARES, R. C. A racionalidade da contrarreforma na política de saúde e o serviço social.
In: BRAVO, M. I. S.; MENEZES, J. S. B. (Orgs). Saúde, serviço social, movimentos
sociais e conselhos: desafios atuais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. p. 91 – 113.
BRAVO, M. I. S. Política de Saúde no Brasil. In: MOTA, A. E ... [et al], (Orgs). Serviço
Social e saúde. 3. ed. São Paulo: Cortez, Brasília - DF: OPAS, OMS, Ministério da Saúde,
2008. p. 88 à 108.
RESUMO:A indústria automobilística sempre exerceu forte papel na composição do Produto Interno
Bruto brasileiro, no entanto, diante da crise financeira internacional ocorrida no final de 2007, este
setor viu suas vendas caírem em quase 50%. Desta forma, como medida de combate à crise o governo
brasileiro adotando uma política fiscal, reduziu a alíquota base do IPI a partir do final do ano de 2008,
buscando incentivar a economia, manter os empregos e atenuar os impactos da crise na economia
brasileira. O artigo analisa o impacto da política da redução de IPI na venda de automóveis no Brasil.
Estimou-se um modelo de regressão com dados em painel. Os resultados sugerem que a referida
política foi eficaz na recuperação do setor, embora os efeitos tenham um forte componente regional.
1. INTRODUÇÃO
99
Graduanda em Economia pela URCA. (88)9716-4285. lacerdatalinny@gmail.com
100
Engenheiro Agrônomo (UFRPE). Economista (URCA). Mestre em Economia Rural (UFC). Doutor em
Economia (PIMES-UFPE), Professor Associado do Curso de Economia da URCA. (88) 3521-0918.
justowr@yahoo.com.br
2. METODOLOGIA
2.1. Da natureza dos dados
Os dados utilizados para elaboração deste estudo são de natureza secundária,
disponíveis para coleta no site do IPEA, e no relatório anual da ANFAVEA, nos micro dados
da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD) e do censo demográfico de 2010.
2.2.Método analítico
Um modelo de regressão com dados em painel, com n observações em T períodos e K
Variáveis, pode ser representado da seguinte forma:
Onde, yit é a variável dependente, xit é um vetor 1xK contendo as variáveis explicativas, β é
um vetor K×1 de parâmetros a serem estimados e εit são os erros aleatórios. Os sub-índices i e
t denotam a unidade observacional e o período de cada variável, respectivamente. Desta
forma, em uma base de dados com dados em painel, o número total de observações
corresponde a n×T.
Estimar o modelo em dados em painel utilizando o método de Mínimos Quadrados
Ordinários (M.Q.O.) pode causar problemas aos estimadores quando há violação das
hipóteses. Um problema comum com dados em painel é a heterogeneidade não observada.
Isto é, há fatores que explicam a variável dependente, mas não estão sendo considerados na
De acordo com Wooldridge (2002) e Greene (2003) no caso em que ci, for não correlacionado
com quaisquer das variáveis explicativas, estimar o modelo por M.Q.O. tornam os
estimadores viesados e inconsistentes.
No modelo de regressão múltipla com dados em painel tem-se duas opções: O modelo
de efeito fixo e o modelo de efeito aleatório.
O modelo de efeito fixo, é quando a Cov( ci, xj)≠0. A ideia é eliminar o efeito não
observado ci. Para tanto, supõem-se que E(εit| xi, ci )=0.
Removendo-se o efeito não observado, obtem-se o modelo de efeito fixo expresso da seguinte
forma:
No modelo de efeitos aleatórios o efeito não observado ci, vem junto com o temo de
erro. Mas, faz-se necessário a imposição de três suposições: a primeira é idêntica à hipótese
do modelo de efeitos fixos, ou seja, exogeneidade estrita. A segunda é que E(ci| xi,)=E(ci)=0,
que se trata da ortogonalidade entre ci e xi e a média de ci ser zero. Finalemnte a terceira: Var
(ci2|xi)=σc2, ou seja, a variância do fator não observado é homoscedástica.
Segundo Wooldridge (2002) para a identificação de qual modelo é o adequado, utiliza-
se o teste de Hausman que tem como hipótese nula que o modelo de efeitos aleatórios é o
adequado. Quando se rejeita a hipótese nula o modelo adequado é o modelo de efeitos fixos.
A estatística utilizada no teste é o χ2com k-1 graus de liberdade.
Diante do cenário de crise econômica internacional que teve como marco o colapso do
Lehman Brothers iniciada no fim de 2007, o governo brasileiro optou por uma política de
cunho fiscal com incentivo ao consumo interno, diante da queda nas exportações e do fraco
desempenho na indústria, o governo desonerou alguns setores.
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi instruído por meio do Artigo 153,
inciso II da constituição federal, incidindo como o próprio nome apresenta sobre produtos de
cunho industrializado, ou seja, que apresentem modificações realizadas por algum nível de
tecnologia. Sendo assim, GUIMARÃES (2010) considera que o IPI possui característica
extrafiscal, podendo exercer controle macroeconômico e microeconômico.
Quando o governo dá fomento ao setor optando por reduzir a carga tributária, ele
pretende diminuir os custos para que o repasse do valor ao consumidor final seja menor,
pretendo mobilizar a economia com base no consumo familiar.
Para BERTI (2003), sendo o objetivo de o governo alavancar um determinado setor da
economia, a fim de ampliar seu nível de produtividade, permitindo que determinada indústria
aumente suas vendas o que ampliará nível de renda e emprego, ele poderá dotar-se do caráter
extrafiscal dos tributos, tendo em vista o peso exercido pela carga tributária, o que muitas
vezes amplia o número de empresas endividadas. Considerando ainda que “o governo dispõe
de alguns instrumentos importantes para fomentar políticas desenvolvimentistas que venham
a combater tal estado de coisas, procurando retomar os investimentos diretos em detrimento
do mercado financeiro, cujo capital é flutuante e de trânsito imediato e imediatista.”, seria
eficiente reduzir ou extinguir alguns impostos.
Segundo Bresser Pereira (1998) para Keynes, se as famílias contraem seus gastos e as
empresas retêm os investimentos e desempregam, existe uma agente que pode se contrapor a
essas tendências, o setor público.
Keynes não admite uma política de cunho monetária já que esta poderia fazer com que
a economia caísse na armadilha da liquidez, desta forma a solução clássica para a crise que
prevê uma redução no salário nominal, poderia viabilizar-se por algum período, no entanto,
jamais se conseguiria entrar após a crise numa situação de pleno emprego. Desta forma,
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 traz a estatística descritiva das variáveis. Quando se analisa o coeficiente de
GINI por unidade da federação percebe-se que há uma tendência de diminuição ao longo do
tempo. Contudo, nesta variável percebe-se a menor dispersão entre todas as variáveis
conforme é mostrado no coeficiente de variação. O número de carros licenciados apresenta
uma média anual de 68.493 e apresentando, contudo a maior dispersão entre as variáveis
contínuas. A renda per capital estadual apresenta uma média de R$ 595,99 oscilando entre
R$250,3 no Estado do Piauí até R$ 1950,13 no Distrito Federal.
Foram criadas variáveis dummies regionais para captar possíveis efeitos regionais no
licenciamento de carros. Observou-se quedo total de observações no painel compreendido
entre 2002 a 2011 33,33% pertencem à Região Nordeste, 25,93% à Região Norte, 14,81% à
Região Centro Oeste e 10,74% à região Sul. A categoria de referência é a Região Sudeste.
Por fim também foi criada uma dummy para captar o efeito da política de incentivos à
venda de automóveis através da redução do IPI. Desta forma, tem-se que 30% do total de
observações são contempladas pela política.
101
Para não ficar repetitivo lembramos que na regressão múltipla cada coeficiente mede o efeito parcial de cada
variável na variação da variável dependente, mantida as demais constantes, isto é, Coeteris paribus.
5. CONCLUSÕES
Como apresentado nos resultados a política governamental tem surtido o efeito aguardado
pelo governo brasileiro, já que pretendia ampliar a venda de veículos e não dar espaço para uma
redução no nível de produção nacional do setor.
A importância da efetividade comprovada vem a ampliar as razões de o governo ter mantido
a redução do IPI, para que não se vislumbrasse um aumento do nível de desemprego nacional, tendo
em vista a alta empregabilidade desta indústria. Consegue-se assim, manter o mercado aquecido por
intermédio do consumo interno, prosseguindo com políticas de incentivo.
Com uma contribuição de faixa de 35% na influência da venda de veículos, a política de
redução do IPI, contribui para a manutenção da elevação na produtividade da indústria automobilística
ampliando, consequentemente os níveis de produtividade da indústria nacional.
Os resultados sugerem que a política keynesiana adotada pelo governo federal foi eficaz e,
neste caso, apresentam caráter satisfatório.
Contribuições adicionais a este estudo se dá na discussão sobre medidas de incentivo ao
consumo interno, como a capacidade estrutural para a absorção deste consumo e o efeito da política de
REFERENCIAS
BERTI, Flávio de Azambuja. Impostos: extrafiscalidade e não-confisco. Curitiba: Juruá,
2003.
RESUMO:Este artigo propõe uma revisão teórica-crítica acerca das políticas sociais no contexto
capitalista, desde a sua origem até os dias atuais e a inserção do assistente social nessas políticas,
enfatizando também o papel e o posicionamento do Estado diante destas, sabendo que as políticas
sociais originaram com o acirramentodo capitalismo a partir da Revolução Industrial, das lutas de
classes e do desenvolvimento e intervenção do Estado, estando à trajetória de desenvolvimento do
Serviço Social atrelado ao contexto sóciohistórico das políticas sociais em sua conjuntura. Buscou-se
com este trabalho, realizar uma análise sobre a intervenção do profissional do Serviço Social junto aos
avanços e retrocessos das Políticas Sociais para a sociedade.
Abstract:This article proposes a theoretical and critical review about the social policies in the
capitalist context, from its origins to the present day and the inclusion of social workers in these
policies, also emphasizing the role and positioning of the state before these, knowing that social
policies originated with the growth of capitalism since the Industrial Revolution, class struggles and
development and state intervention, with the developmental trajectory of social work linked to socio
historical context of social policies in your environment. Our goal is to conduct an analysis on the
intervention of professional social work together with advances and setbacks of Social Policies for
society.
Keyword:Social Policies; Social Service, Professional Intervention.
Introdução
Na busca do entendimento do significado das Políticas Sociais na contemporaneidade
para intervenção do Assistente Social, faz-se necessário resgatar o contexto histórico que
criou e implementou essas políticas, para a sociedade e a relação do papel profissional,
102
Graduada do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio,belemjamille@hotmail.com;
103
Graduanda do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio, irispaulasantos@hotmail.com;
104
Professora orientadora Mestre da Faculdade Leão Sampaio, dias.sheyla@gmail.com.
[...] suas bases de legitimação são deslocadas para o estado e para os setores
empresariais da sociedade, ao mesmo tempo em que o assistente social se
transforma em uma típica categoria profissional assalariada que passa a absorver,
além de representantes das elites que constituem a predominância da composição
dos profissionais, setores médios e da pequena burguesia, que passam a se interessar
por essa profissão remunerada (SILVA e SILVA, 2007, p.25).
...Isto se reflete na estruturação dos cursos, que orientam os currículos para uma
maior incorporação das Ciências Sociais, ampliando a bagagem teórica dos
profissionais. Amplia-se ao mesmo tempo, o processo de organização da categoria
profissional, através da criação e dinamização de suas entidades representativas que
vêm marcando presença nos movimentos e no processo de organização dos
trabalhadores. (IBIDEM, p.38)
A atuação do assistente social no processo de ruptura passa por dois processos onde
um tem o intuito de transformar-se em intelectuais orgânicos da classe trabalhadora, e a outra
são as relações estabelecidas e as expressões constituídas por esta classe para a construção de
uma hegemonia que permita uma ampliação no exercício profissional que respeite e contribua
para a defesa desta classe.
Na década de 1960, o clima era repressivo e autoritário, os assistentes sociais
discutiam os elementos que identificavam o perfil peculiar da profissão: objetos, objetivos,
métodos e procedimentos de intervenção enfatizando a metodologia profissional. O uso das
técnicas eufemiza o paternalismo autoritário presente na ação profissional desenvolve-se
métodos que permite a participação do “cliente” nas decisões referentes a ele mesmo esta
permite delimitar técnicas entre técnico e paciente. Neste período ocorre a crise do Serviço
Social “tradicional” onde a categoria de assistentes sociais delineou tentativas de novas
experiências ligadas a ação profissional e lutas por mudanças, nesta época busca-se um nível
significativo na inserção na estrutura sócio-ocupacional.
Nesta época, o Serviço Social atua em duas vertentes, são elas: a conservadora e a
mudancista. De um lado é absorvido pelo Estado, onde o objeto de intervenção profissional é
caracterizado pelo atendimento individual e social com o intuito de voltar para a integração
social, pois não há divergência entre objetivos institucionais e profissionais. A Igreja se
posiciona através de duas correntes: o positivismo e o funcionalismo, a profissão nesta esfera
era trabalhando na esfera de caso e grupo.
A proposta curricular, ora em debate, contem dois elementos que representam uma
ruptura com a concepção predominante nos anos 1980. O primeiro é considerar que
questão social como base de fundação sócio histórica do serviço social e o segundo é
apreender a prática profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em
um processo de trabalho (IAMAMOTO, 2007, p.57).
Nesta época os debates do Serviço Social estavam situados na relação entre teoria e
metodologia, tendo como desenvolvimentos os níveis de disciplinas curriculares. A teoria e a
metodologia permitiu que fosse um tema eficaz para a profissão, pois era somente através
dessa que a mesma iria atender aos pré-requisitos curriculares. Era importante essa relação
teoria-metodologia, pois a teoria permitia um norteio para a formação profissional que estava
dando possibilidade da análise como a mesma se formou e se desenvolveu no termo das
forças societárias. Todas as transformações dessa época, e pensar também a profissão como
fruto dos sujeitos reconhecendo que estes são os principais para sistematizar a prática.
Pensar na atuação profissional permite analisar os modos de atuação e entender a
vivência da sociedade, pois são estas que possibilita a base teórica e a leitura da sociedade
para serem dadas resposta a questão social. Todas essas transformações estavam voltadas para
atender os requisitos curriculares, que iriam ser estabelecidos em 1982.
Um olhar retrospectivo para as duas últimas décadas não deixa dúvidas que ao longo
desse período o serviço social deu um salto de qualidade em sua alto qualificação na
sociedade. Essa adquiriu visibilidade política por meio do novo Código de Ética do
A partir dos anos 80 avançando nos anos 90, irá imprimir a direção ao pensamento e
à ação do serviço social no Brasil. Permeará as ações a construção do perfil do
assistente social no cenário educacional voltadas a formação dos assistentes sociais
na sociedade brasileira (o currículo de 1982 e as atuais diretrizes curriculares); os
eventos acadêmicos e aqueles resultantes da experiência associativa dos
profissionais como suas convenções, congressos, encontros, seminários; estará
presente na regulamentação legal do exercício profissional e em seu código de ética.
(YASBEK, 2000, p.26)
O fato de o Serviço Social ser regulamentado como uma profissão liberal, embora
em choque com sua prática efetiva, que depende de uma relação contratual de
trabalho com as entidades empregadoras, atribui ao profissional certas prerrogativas,
como o respeito ao código de ética, que lhe preservam um certo poder de barganha
diante das instituições,na defesa de suas próprias iniciativas.( IAMAMOTO, 2004,
p.51)
O Serviço social intervém nas relações sociais entre a burguesia e proletariado, apesar de ser
um profissional liberal, ele entra em choque na sua prática profissional, pois o profissional tem que
atender as demandas da realidade social, mesmo sendo contratado pela burguesia.E diante desta
perspectiva, o profissional tem que se articular e saber intervir diante de sua efetivação, tendo normas
para serem cumpridas e interesses dicotômicos, é nesta realidade que o assistente social precisa ser
criativo,propositivo e saber articular as relações sociais.
Logo, o código de ética traz nos seus princípios fundamentais “a ampliação e
consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à
garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras” (BRASIL, 2012).
Considerações Finais
Nota-se que as políticas sociais não são visualizadas como ações que procuram
diminuir as desigualdades sociais, que são geradas através da questão social, e que o Estado
não busca atender as reais necessidades da população, pois além de fragmentar as políticas
sociais em setores e classes passam a excluir parte da população, na verdade não buscam
diminuir as desigualdades sociais e sim mascarar a realidade e manter as desigualdades
sociais, pois não há políticas públicas voltadas para atender as demandas da população, que é
a principal afetada com tudo isso. O Estado busca através das políticas sociais visa seu
próprio interesse, passando assim a gerar mercantilização da força de trabalho, apenas
atendendo os que lhe convém e os seus próprios interesses.
Dessa forma, o Estado é o verdadeiro comitê executivo da burguesia, onde desde sua
primeira intervenção tem a ótica de minimizar as
problemáticas sociais, expressão por diversas formas da questão social, que passa de
caritativa, benevolência e filantropia com participação da Igreja e seu desenvolvimento de
manter a ordem social. Com a Constituição Federal de 1988 ocorreu muitos avanços na área
social, porém com o ajuste neoliberal hoje em atendimento ao sistema econômico se tem
Políticas Sociais compensatórias para as desigualdades sociais, um retrocesso na consolidação
dos direitos sociais.
Referências
BRASIL. Código de ética do/a assistente social. Lei 8.662/93 de regulamentação da
profissão. - 10ª. ed. rev. e atual. - Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012.
FALEIROS, Vicente de Paula. A política Social no Estado Capitalista. 9ª ed. - São Paulo:
Cortez, 2006.
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 4ª ed. - São Paulo:
Cortez,2005.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: Uma analise do Serviço Social no Brasil pós
64. 8ª ed. - São Paulo: Cortez, 2005.
PEREIRA, Potyara A.P. Política Social temas e questões. 4ª Ed. - São Paulo: Cortez, 2008.
RESUMO: O desenvolvimento regional aponta o mercado como indutor desse crescimento. Este
desafio, no entanto produz a movimentação da sociedade em busca da superação da problemática a
partir de ações efetivas que possam deter ou reverter impactos tais como desemprego associado a
partir da interiorização do desenvolvimento. O presente trabalho objetiva discutir as relações entre
crescimento e interiorização na região do Cariri cearense, ao permitir a possibilidade de resultados
ainda que positivos das estruturas de produção em termos de desenvolvimento regional, diante das
desigualdades nacionais atribuídos ao mercado interno. A metodologia utilizada baseou-se na pesquisa
bibliográfica, as fontes documentais tais como, documentos oficiais, jornais e revistas. Desse modo,
concluímos que em decorrência desse cenário, a economia do Ceará está em foco como sendo
sinalizada entre os grandes aportes para empreendimentos significativos que irradiam benefícios sobre
a cadeia como um todo. Mesmo assim, no espaço produtivo ainda tenta-se preservar um investimento
mínimo e sólido em algumas regiões. Assim avalia-se a política regional sustentada pela participação,
em específico no Cariri cearense, e encontra efeitos negativos em suas estruturas produtivas quando o
crescimento da economia regional é caracterizado e determinado pela tecnologia e pelo capital
humano.
ABSTRACT: Regional development points the market as inducer of that growth. This challenge
however produces the movement of society in search of overcoming the problems from effective
actions that can halt or reverse such as impacts associated with unemployment from the internalization
of development. Thus, the present study aims to discuss the relationships between growth and
internalization in the region of Brazil, to allow the possibility of Ceará results even though the
structures of production must be positive in terms of regional development, on national inequalities
that are assigned to the internal market. The methodology used was based on bibliographic search, the
documentary sources such as official documents, newspapers and magazines. We found that as a result
of this scenario, the economy of Ceará is in focus as being flagged between the major contributions to
105
(Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – URCA, Especialista do Curso de
Especialização em Desenvolvimento Regional do Departamento. de Economia da URCA e Estudante de Pós-
Graduação em Matemática do Ensino Médio- URCA). Telefone: 3523-8703/8836-6726
106
(Doutora em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro– UERJ, Professora Adjunta e Chefe
do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e Coordenadora do Grupo Ecos de
Pesquisa em Economia Solidária e Sustentabilidade. Tem experiência nas áreas de Economia e de Educação com
ênfase em Economia Regional e Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento local
sustentável, políticas públicas, agricultura familiar, desenvolvimento regional, condições de vida e formação de
professores).
INTRODUÇÃO
A globalização favoreceu alguns setores e outros não. O interesse de grupos de
liderança locais pela mão de obra qualificada, a busca incansável do aprendizado e inovação
além de uma melhor infraestrutura possibilitaram um maior aprofundamento e amparo de
programas, ações de bancos privados e agencias multilaterais que atendessem o fator
financeiro dessa aglomeração. A taxa de mortalidade de muitas empresas aumenta o grande
número de trabalhadores desempregados. O peso da burocracia e dos impostos é responsável
pela maioria dos casos. Assim, uma região consegue valorizar suas vantagens e mobilizar seus
recursos umas diferentes das outras. Enfatizando os conflitos estruturais e de classe, a
“relação entre Estado e capital em sua intervenção sobre o espaço” é primordial.
Cabe considerar ainda que, segundo o autor francês, o fato de “todo campo político
tende a organizar-se em torno da oposição entre dois polos” (BOURDIEU, 1989, p.179). Na
acepção de Bourdieu atribui a esse conceito: um “lugar em que se geram, na concorrência
entre os agentes [...], isto é, esses dois pólos não existem de modo isolado e, sim, em relação
permanente, podendo-se afirmar que o desenvolvimento de um se dá, em grande parte, em
contraposição ao do outro”.
O Estado brasileiro vai prover o Nordeste e seus subespaços serem analisados quando
apresentarem interesses especulativos para o capitalismo que na lógica de mercado transfere o
poder político para a região, ou seja, mobilidade do fator de produção. Diferentemente da
lógica de desenvolvimento que amplia a região para o território haja vista possui aspectos
multifacetados que retraem o domínio político.
A versão moderna do sertanejo não exibe mais o gibão de couro e seu cavalo e sim, a
substituição dos bens pela motocicleta. Mesmo assim percebe-se que as dificuldades são
permanentes no combate a sobrevida do gado. No interior do Estado, as migrações ainda
ocorrem agora sazonais. A maioria dos homens enfrenta a vida no corte da cana de São Paulo.
No entanto apesar dos sucessivos anos de seca, a maioria das comunidades rurais ainda não
aprendeu a conviver de forma sustentável com a aridez do sertão. As diversas práticas
tradicionais da agricultura que consiste no plantio exaustivo de uma cultura parecem estar na
contramão da modernidade, até mesmo porque historicamente o espaço foi trabalhado nessa
perspectiva, representa uma perda na diversificação alimentar do sertanejo.
A falta de água, o recurso mais elementar e indispensável provoca uma crise
socioeconômica na produção e se transforma em um problema político. A dependência dos
programas assistencialista nem sempre funcionam. As cisternas seriam uma tecnologia
lançada para dar autonomia no abastecimento de água no período de estiagem. Esta seria uma
alternativa para solucionar o abastecimento de água, para amenizar a situação, mas
infelizmente a presença das cisternas vive-se um paradoxo: as famílias dependem e esperam o
carro-pipa, além disso, considera-se essa tecnologia inativa quando se registra as cisternas
abandonadas ou em ruínas sem nenhum sinal de casa ou família próxima.
As políticas sociais voltadas para a população proporcionam a entrada na cadeia de
consumo. A renda familiar cearense não será o bastante e o suficiente para considerar avanços
na economia local e no país, se não há políticas voltadas para o combate da desigualdade nas
esferas municipal e estadual. Uma das conclusos apresentados pelo grupo de pesquisadores do
Laboratório de Políticas da Pobreza (LEP), vinculado ao curso de Pós-graduação em
Economia da UFC (CAEN) é de que apesar do Estado ter ficado em 1º lugar no Nordeste e
em 3º no Brasil no crescimento da renda per capita, entre 2006 e 2009, com variação positiva
de 21,89%; esse ganho não foi distribuído de forma equitativa. Pelo contrário, o abismo entre
107
A estrutura altamente oligopolista na indústria brasileira implicava que taxas crescentes de crescimento
industrial afetariam gravemente unidades menores, fenômeno este que levaria, por sua vez, a maior concentração
industrial. Problemas sérios de instabilidade dinâmica eram, portanto inerentes a esse modelo de
desenvolvimento (TAVARES, 1977).
Essa temática bastante abrangente possibilita construirmos esse estudo pelo conceito
territorialidade quando indicamos não apenas o espaço físico, como também os atores locais
que contribuem com importantes iniciativas impulsionando relações produtivas de diferentes
segmentos. Essa abordagem aproxima formas de concentração acumulativa gerando um
ambiente espacial e econômico. A principal característica dessa estrutura é a exploração dos
recursos primeiramente na própria produção(quantitativa) e logo em seguida na sua
organização e distribuição (qualitativa). Dependendo do comportamento e aceitação dos
produtos, os interesses particulares do capitalista definiram sua dimensão reconhecendo que a
variação nas escalas representa um avanço na relação desenvolvimento e qualidade das
instituições.
Tendo em vista esse processo, a questão dos itinerários do capital será examinada
em dois níveis. Em primeiro lugar, dos deslocamentos que se têm verificado em
função de fatores primordialmente econômicos, ou seja, as mudanças na divisão
inter-regional do trabalho associados à dinâmica do mercado. Em segundo lugar, as
mudanças induzidas ou condicionadas por fatores institucionais (DULCI, 2002, P.
89).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa mudança na forma de enxergar os eixos geradores dos problemas regionais deu
lugar a novas maneiras de programar ações contra os mesmos. As grandes obras contra a seca,
propagadoras de oportunidades de trabalhos ocasionais e pretensamente destinadas a resolver
o problema do abastecimento de água do semiárido, formuladoras pelo governo federal ao
REFERÊNCIAS
AFFONSO, Rui de Brito Álvares E& SILVA, Pedro Luiz Barroso (orgs.). Federalismo no
Brasil. Desigualdades regionais e desenvolvimento. São Paulo, FUNDAP/. Editora UNESP,
1995
GOMES, Paulo Osan da Costa & Organizadores. Geografia: conceitos e temas. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
JORNAL O POVO. Produtividade na indústria registra queda nos anos 90. Caderno
Economia. Fortaleza: 04 set./2001
NETTO, José Paulo e Braz, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica/2. Ed. São
Paulo: Cortez, 2007.
SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento econômico. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2005.
Tiago do Nascimento110
Resumo: Este artigo tem por objetivo avaliar o desempenho do Programa Nacional de
Fortalecimento à Agricultura Familiar (PRONAF), linha de crédito no município de Mauriti - Ceará.
Especificamente, pretende-se descrever as características socioeconômicas e culturais dos
beneficiários, através de uma análise comparativa e cronológica da infraestrutura domiciliar e da
disponibilidade de bens de consumo e equipamentos tecnológicos; identificar os fatores de sucesso e
as deficiências além de investigar a atuação dos atores sociais envolvidos diretamente no referido
programa. Para tal, utilizaram-se dados primários, obtidos a partir da aplicação de questionário junto
aos beneficiários do PRONAF e entrevista com atores sociais beneficiados. A partir da análise dos
dados, foi possível verificar que os beneficiários se encontram em melhores condições depois da
implantação deste Programa, pois há um maior desenvolvimento regional e uma maior disponibilidade
de bens de consumo.Os resultados ainda demonstram que as principais vantagens do PRONAF são:
concessão do crédito a juros inexistentes, flexibilidade e dinamismo, bem como financiamento e
incentivo às atividades agrícolas. No que se refere às deficiências na execução do programa é
perceptível a escassa assistência técnica e capacitação, desvio na aplicação dos recursos e falta de
acompanhamento e fiscalização. Para os atores sociais entrevistados, o PRONAF é considerado um
programa favorável e de grande repercussão no município, existindo grande articulação dos
agricultores, principalmente por parte das associações existentes em cada comunidade rural.
1INTRODUÇÃO
O Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (PRONAF), criado em
1996, vem se transformando a cada ano em uma das mais importantes políticas públicas que
incidem sobre o meio rural brasileiro, principalmente porque está presente na grande maioria
dos municípios do país, além de ter possibilitado a maior democratização do acesso ao crédito
e a visibilidade social de um público que até então tinha diversas restrições a recursos. Ao
108
Faculdade Vale do Salgado-FVS. (88)9963.1919 karine-maria@hotmail.com
109
Faculdade Vale do Salgado-FVS. (88) 8812.2331 antonielsantos@fvs.edu.br
110
Instituto Federal do Ceará-IFCE. (85)tiagonascimento962@yahoo.com.br
TABELA 1: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito segundo a faixa etária no
município de Mauriti, 2014,
Faixa etária (em anos) No. De beneficiários (fi) Fr (%)
20-30 12 34,28
30-40 8 22,85
40-50 8 22,85
50-60 5 14,28
60-70 2 5,71
TOTAL 35 100,00
Escolaridade
Analfabeto 3 8,57
Total 35 100,00
Tamanho da família
De acordo com os dados apresentados pela tabela 3, observa-se que 48,56% dos
beneficiários pesquisados residem em pequenas famílias, contendo 3 a 5 componentes.
3-4 9 25,71
4-5 8 22,85
5-6 8 22,85
6-7 6 17,14
7-8 4 11,42
Total 35 100,00
TABELA 4: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito segundo rendimento da
família no município de Mauriti, 2014.
Rendimento Mensal da família Nº de beneficiários (fi) Fr (%)
½ SM a 1 SM 18 51,42
1 SM a 1,5 SM 10 28,57
1,5 SM a 2 SM 7 20,00
Total 35 100,00
Associação 22 62,85
Sindicato 13 37,14
Total 35 100,00
TABELA 6: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito- segundo sua atividade de
lazer utilizada no município de Mauriti,2014.
Atividades de Lazer Nº de beneficiários Fr (%)
Total 35 100,00
Tijolo 24 68,57
Madeira 3 8,57
Taipa 8 22,86
Total 35 100,00
TABELA 8: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito Custeio segundo o tipo de
piso de seu domicílio no Município de Mauriti, 2014.
Piso do Domicílio Nº de beneficiários Fr (%)
Cerâmica 8 22,85
Cimento 26 74,29
Total 35 100,00
A partir das informações mostradas pela tabela 9, percebe-se que apenas aumentou o
número de agentes de saúde, que passou de 65,71% para 77,14%, isto é, o Programa Saúde da
Família passou a assistir mais famílias após a inserção do PRONAF. Os demais elementos
não variaram com o PRONAF.
A partir dos resultados indicados pela tabela 11, conclui-se que 62,86%
dosbeneficiários entrevistados bebem água filtrada, enquanto que 31,43 % fervem a água
antes d deconsumi-la e os 5,71 % restantes coam a água.
Pelo que se podem observar todos se preocupam com a saúde, procurando sempre
tratar bem a água, apesar de nem todos receberem visitas de agente de saúde, visto que em
algunslugares como já foi exposto nunca receberam orientações sobre normas de saúde e
higiene.
TABELA 10 - Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito segundo o tipo de água
que os beneficiários bebem em Mauriti, 2014
Tipo de Água que a Família Nº de beneficiários Fr (%)
Bebe
Coada 2 5,71
Fervida 11 31,43
Filtrada 22 62,86
Total 35 100,00
TABELA 11: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAFsegundo sua disponibilidade de bens
de consumo antes do PRONAF e atualmente no município de Mauriti, 2014.
Bens de Fi (antes) % (antes) Fi (atual) % (atual)
Consumo
Características da propriedade
A tabela 12 mostra que 31,43 % dos beneficiários possuem propriedades com 1há a
3 ha, 31,43 % tem propriedades com 3 ha a 5 ha, 28,57 % dispõe de propriedades entre 5 ha a
7 há e o restante conta com propriedades de 7 ha a 9 ha.
TABELA 12: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF segundo tamanho da propriedade
no município de Mauriti, 2014.
Tamanho da propriedade Nº de beneficiários Fr (%)
1a3 11 31,43
5a7 10 28,57
7a9 3 8,57
Total 35 100,00
Diante do exposto na tabela 13, pode se observar que 28,57 % dos beneficiáriossão
meeiros, 25,71 % são arrendatários e 45,71 % são proprietários. Apartir desses dados,conclui-
se que a maioria dos beneficiários é dono da propriedade em que vivem.
TABELA 13: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAFsegundo seu título de domínio da
propriedade no município de Mauriti, 2014.
Título de Domínio da Nº de beneficiários (fi) Fr (%)
Propriedade
Meeiro 10 28,57
Arrendatário 9 25,71
Proprietário 16 45,71
Total 35 100,00
TABELA 14: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF segundo os equipamentos utilizados
na propriedade antes do PRONAF e atualmente no município de Mauriti, 2014.
Equipamentos Fi (antes) Fi (%) Fi (atual) Fi (%)
Utilizados na
propriedade
A assistência técnica ainda precisa melhorar, pois nem todos os beneficiários possuem
assistência adequada, mas pelo menos conforme indicado pela tabela 15 todos os beneficiários
responderam que dispõe de alguma fonte de assistência técnica. Muitos órgãosse
responsabilizam em realizar tal trabalho, entre eles: a Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Ceará-EMATERCE participando com 48,57 % e ficando os técnicos de
cooperativa com 51,43 %. De acordo com informações dos beneficiários, a EMATERCE
antes da concessão do crédito, assiste e observa bem as áreas de cultivo agrícola e continua
acompanhando o desenvolvimento da produção após a liberação do crédito.
TABELA 15: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF Crédito segundo assistência técnica
no município de Mauriti, 2014.
Fonte de Assistência Técnica Nº de Beneficiários Fr (%)
EMATERCE 17 48,57
Total 35 100,00
TABELA 16: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF segundo as tecnologias adotadas
antes do PRONAF e atualmente no município de Mauriti, 2014.
Tecnologias Fi( antes) % ( antes) Fi( atual) % ( atual)
Adotadas
Demora 16 45,71
TABELA 18112: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF segundo os fatores de sucesso do
PRONAF no município de Mauriti, 2014.
Fatores de Sucesso Nº de beneficiários (fi) Fr (%)
111
Na tabela 17, houve beneficiários que citaram mais de uma dificuldade, o que explica a razão do
somatório das percentagens superar os 100 %.
112
Na tabela 18, houve beneficiários que citaram mais de uma dificuldade, o que explica a razão do
somatório das percentagens superar os 100 %.
TABELA 19113: Distribuição absoluta e relativa dos beneficiários do PRONAF segundo as deficiências do
PRONAF no município de Mauriti, 2014.
Deficiências Nº de Beneficiários ( fi) Fr (%)
113
Na tabela 18, houve beneficiários que citaram mais de uma dificuldade, o que explica a razão do
somatório das percentagens superar os 100 %.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O interesse maior desse trabalho é analisar o papel do PRONAF no município de
Mauriti. Além disso, ainda buscou-se conhecer a situaçãosocioeconômica dos beneficiários do
PRONAF que pertencem a este grupo, os fatores de sucesso e as deficiências desse Programa,
bem como a opinião dos dirigentes no tocante ao Programa.
Os assuntos discutidos neste trabalho trazem informações relevantes para a melhor
compreensão de um sistema agrícola familiar aplicado à agricultura no Nordeste brasileiro, de
modo particular, no município de Mauriti que é um município pobre, com a maioria
dostrabalhadores concentrados na zona rural.
De acordo com a pesquisa de campo, observou-se que os beneficiários do PRONAF
pertencentes a este município apresentam as seguintes características: mais de 85 % desses
beneficiários se encontram em idade produtiva, 80 % possuem algum nível de instrução, que
48,57% dos beneficiários pesquisados moram em famílias, contendo 3 a 5 componentes e
sobrevivem com até 1 salário mínimo e 45,71 % são proprietários de suas terras.
Traçado o perfil socioeconômico dos beneficiários do PRONAF, mostrou-se a partir
de tabulações a análise comparativa das condições desses agricultores antes do PRONAF e
REFERÊNCIAS
BANCO DO NORDESTE – Perfil da Agricultura Familiar – Atual. Brejo Santo, 2014.
CARVALHO, Fátima Marília Andrade de. PEREIRA, Pedro Carmo Manuel. Revista
deEconomia da Una. Ano 2001, Volume 6, nº 4, Universidade Federal de Viçosa, out./dez.
SILVA, José Graziano da.O que é a questão agrária. Editora Brasiliense. Coleção
PrimeirosPassos. São Paulo, 1991.
INTRODUÇÃO
Ao pensar a relação entre Estado e sociedade na elaboração de políticas públicas, tem-
se debatido a respeito dos modelos de análise de políticas públicas e suas implicações sociais,
no sentido de melhor compreender o impacto de modelos de ação em diferentes contextos
políticos sobre os resultados de políticas públicas. O modelo sequencial de elaboração de
políticas (ciclo de políticas), que envolve desde a formação da agenda até a avaliação dos
resultados de políticas, tem sido adotado no contexto brasileiro, orientando as ações de
interferência no desenvolvimento econômico e social local. Tal modelo, entretanto, atribui
114
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA. (083) 9606-8672. lucianacatole@gmail.com
115
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA. (83) 9617-3932. ayalla.freire@gmail.com
Todo o processo que envolve uma política pública é intitulado de ciclo depolíticas
públicas, que trata-se de um“esquema de visualização e interpretação que organiza a vida de
uma política pública em fases sequenciais e interdependentes” (SECCHI, 2013, p. 43). Esse
esquema é composto pelas seguintes fases: (1) identificação do problema, (2) formação da
agenda, (3) formulação de alternativas, (4) tomada de decisão, (5) implementação, (6)
avaliação e (7) extinção. Geralmente tais fases se misturam e as sequências sofrem alterações,
no entanto mantém-se sua utilidade enquanto referencial para a construção e análise de uma
diversidade de políticas públicas.
Para que a política pública exista é preponderante que antes seja identificado um
problema público, que diz respeito a “a diferença entre o que é e aquilo que se gostaria que
fosse a realidade pública” (SECCHI, 2013, p.44), onde o conjunto de problemas ou temas
entendidos como relevantes dão composição à agenda pública. A agenda é constituída por
problemas que serão tratados como prioridade para ação política. Diante dos problemas
pautados na agenda são pensados objetivos que poderão resultar em soluções para os
problemas em questão. A etapa de construção de alternativas, por sua vez, é o momento em
que são elaborados os métodos, programas, estratégias ou ações que poderão permitir o
alcance dos objetivos estabelecidos.
A escolha de alternativas para a solução do problema em debate é determinada
segundo critérios relacionados a custo beneficio e pelas influências dos envolvidos na tomada
de decisão. Essa etapa representa o momento em que os interesses dos atores são ponderados,
A forma como se estabelece a comunicação entre os atores que compõem uma rede
de políticas públicas é fundamental à tomada de decisões e à implementação das
ações preconizadas. Ou seja, o grau de governança de uma rede depende da
qualidade das interações entre os atores. [...] A boa comunicação entre atores
implica no intercâmbio de informações e na existência de sistemas formais e
informais de consultas mútuas. Algumas redes estabelecem estruturas
organizacionais dedicadas à gestão da comunicação entre os atores da rede e entre
esses atores e a sociedade. Noutras redes, esta comunicação é feita espontaneamente
pelos atores.
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA
A presente pesquisa segue uma abordagem qualitativa partindo de uma perspectiva
fenomenológica. A abordagem qualitativa considera a subjetividade dos sujeitos que não pode
ser traduzida em números, sendo assim, essa abordagem não requer o uso de métodos
estatísticos(PRODANOV e FREITAS, 2013). E quanto aos fins se caracteriza como
descritiva, na medida em que “pesquisa, observa, registra, analisa e ordena dados, sem
manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador” (PRODANOV e FREITAS, 2013,
p.53), buscando descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas
características, e relações com outros fatos. Quanto ao método de pesquisa, procedeu-se a um
estudo de caso, que segundo GIL (2002, p. 54) trata-se de um meticuloso procedimento de
pesquisa realizado sobre um ou vários objetos, de modo que o conhecimento obtido sobre tal,
116
A Fundação Ernani Satyro foi instituída pela Lei Nº 5.048 de 21 de junho de 1988. Possui sede e atuação
na Cidade de Patos-Paraíba e está vinculada a Secretaria de Educação e Cultura do estado da Paraíba.
Tem como objetivo promover e colaborar com a construção e difusão do conhecimento e do patrimônio
cultural.
117
A CULP (Cultura Pública) é uma organização sem fins lucrativos, não governamental, com sede em Patos.
Que tem como objetivo promover bens e serviços culturais. A CULP foi criada no ano de 2012 e está em
processo de consolidação.
A maioria dos agentes que fazem trabalhos culturais, fazem ações com a cara e com
a coragem, buscando a promoção do seu seguimento cultural sobretudo com esforço
próprio, poucos tem o apoio efetivo dos entes públicos, das políticas públicas
inseridas nesse processo. A secretaria de cultura precisa interagir melhor com alguns
seguimentos, e também existe a necessidade de organização do movimento social.
Falta um entrosamento do movimento cultural com o conselho devido à desilusão
das pessoas com a política. No conselho a sociedade civil é muito pouco
representada, as reuniões estão esvaziadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BOTELHO. I. A política cultural e o plano das ideias. In: RUBIM, A. A. C.; BARBALHO,
A. (orgs.). Políticas Culturais no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2007.
FLEURY, S. M. O desafio da gestão das redes de políticas. In: Congreso Internacional del
CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, 7, 2002, Lisboa.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SECCHI, L. Políticas Públicas: Conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 2.ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2013.
RESUMO: O Serviço Social vem sendo modificado junto ao acúmulo teórico que os profissionais vêm
buscando para assim não ter mais uma visão simplista da realidade, propondo utilizar a crítica radical
de Marx, entretanto o Congresso da Virada será um dos marcos mais significante para o Serviço
Social. No entanto o objetivo geral é compreender a construção histórica do processo de ruptura do
Serviço Social no âmbito político e teórico, para que esse processo seja entendido é necessário
primeiramente ser discutido a trajetória da profissão no decorrer do movimento de reconceituação, no
segundo será discutido Congresso da Virada, no terceiro momento serão discutidos os movimentos
sociais, políticos e culturais no decorrer do final dos anos 70, e por final a importância dos anos de
1980 para o Serviço Social junto às conquistas e o retrocesso da profissão.
ABSTRACT: The Social Services has been modified with the theoretical accumulation that
professionals have been seeking for so no more a simplistic view of reality, proposing to use the
radical critique of Marx, however, the Congress will upset one of the most significant milestones for
Service social. However the overall goal is to understand the historical construction of the rupture
process of social work in the political and theoretical framework for this process to be understood is
first necessary to be discussed the history of the profession during the movement reconceptualization,
the second will be discussed Congress Upset of the third moment will discuss the social, cultural and
political movements during the late '70s, and by the end the importance of 1980 for Social Service
from the achievements and the withdrawal of the occupation.
I INTRODUÇÃO
O presente artigo está baseado de que o Serviço Social é uma profissão que passou por
diversas repercussões no meio político, social. Propõe-se analisar as questões relevantes, a
118
Graduada do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio.anapimentass@hotmail.com
119
Discente do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio, VIII.angelaxavieroliveira@hotmail.com
120
Discente do Curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio, VII
Semestre.marcelandianunes@hotmail.com
121
Docente do curso de Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio.solangeferre@hotmail.com
Apesar da repressão instaurada pela ditadura, esse movimento irá, a partir do seu
desenvolvimento, proporcionar a construção de uma proposta radicalmente no Serviço Social.
Para além do conservadorismo, através da aproximação com o marxismo, se dará com
maior ênfase no final da década de 1970, ganhando expressão nos anos de 1970 pelo
Movimento de Reconceituação terá significativa repercussão entre os Assistentes Sociais do
Brasil. Isso se dá principalmente em virtude de intensas mobilizações populares a favor da
redemocratização do país e da crise internacional do capital, que enfraquecerá a ditadura.
Essa vertente teórica de Intenção de Ruptura teve como principal proposta romper com
o tradicionalismo na profissão, nos marcos teóricos, metodológicos, práticos da formação.
Essa vertente será dividida, segundo Netto (2009), em três momentos: o primeiro, que
abrange as décadas de 1972 a 1975, caracteriza-se pela emersão da intenção, sendo liderada
por um grupo de profissionais e estudantes da Escola de Serviço Social da Universidade
Católica de Minas Gerias, que criam o famoso Método de Belo Horizonte, sob a liderança de
Leila Lima dos Santos e Ana Maria Quiroga.
O Método de BH ficou conhecido como uma crítica teórico-prática radical ao
tradicionalismo e apresenta-se como uma alternativa global ao mesmo, alternativa esta que
procura romper com o conservadorismo no âmbito da formação e da prática profissionais.
Nesse primeiro momento, a aproximação ao marxismo será somente através de intérpretes, e a
influência marxista se dará principalmente pelo viés da militância político-partidária.
O segundo momento se dará em fins dos anos 1970 e início dos anos 1980, com a
consolidação acadêmica dessa perspectiva, onde haverá o resgate das propostas do Método de
BH em nível universitário.
E o terceiro momento da Intenção de Ruptura, que inicia-se entre 1982 e 1983,
caracteriza-se pela expansão no âmbito da categoria profissional, extrapolando os “muros”
No entanto em meio de tantos equívocos das leituras de Marx, podemos citar alguns
autores que leram a teoria de forma crítica e interpretativa, analisando as contradições de
classes, a relação entre capital e trabalho, mediante tantas controvérsias podemos citar alguns
autores que o Serviço Social tomava partido de uma interpretação apropriada, como: Antônio
Gramsci, Agnes Heller, Georg Lukács, E.P.Thompson, Éric Hobsbawn estes foram alguns
nomes citados que levavam a tradição marxista em suas escritas.
Segundo Iamamoto (2007), o momento da busca do acúmulo de conhecimento crítico
vem sendo expandido no Serviço Social a partir do Congresso da Virada, tendo, assim, a
complexidade das relações sociais em suas múltiplas determinações sócio-históricas,
considerando tais determinações fundamentais à crítica da sociedade burguesa em todos os
âmbitos: na política, na cultura, na sociedade e na economia.
Desde a década de 1980, vem sendo coletivamente construído pela categoria dos
assistentes sociais. Projeto profissional comprometido com a defesa dos direitos
sociais, da cidadania, da esfera pública no horizonte da ampliação progressiva da
democratização, da política e da economia na sociedade. (IAMAMOTO, 2007,
p.113).
O discurso de Montaño (2012) vem sendo colocado como parte integrante para o
entendimento das expressões da questão social e o alargamento da pobreza, no entanto o
sujeito é responsável por sua situação de marginalização das políticas públicas que vem sendo
expressas no contexto controverso e contraditório, onde o Estado começa a trazer de volta a
repressão e a coerção com a população que estar fora desse mercado de trabalho, pois não é
viável o Estado investir de forma ampla com a população.
A categoria profissional estar reivindicando e cobrando junto com as outras classes
trabalhadoras, com greves, protestos, conferências, caminhadas de mobilização da classe dos
trabalhadores em geral e na luta junto com o povo trazendo esse levante do proletariado. Esse
movimento de conscientização do proletariado, que juntos podemos conseguir a efetivação
dos direitos.
O projeto profissional traz para o Serviço Social um comprometimento ético-político,
teórico-metodológico e técnico-operativo, vendo a realidade de maneira dialética, o projeto
neoliberal nos trará uma realidade distinta, pois um propõe mudanças e outro traz o desmonte
das políticas públicas, a terceirização, privatização, exploração, etc.
O Projeto Ético-Político que foi discutido com muita veemência, como também o
Código de Ética e a Diretrizes Curriculares reformuladas. Ainda temos de conquistas a
Percebe-se que o Serviço Social sempre permaneceu tensionado pela classe burguesa,
a riqueza que é produzida não é dividida igualmente, nessa contradição é inerente pensar
enquanto profissionais investigativos um direcionamento crítico e dialético, respaldado na
teoria marxista.
CONCLUSÕES
O estudo permitiu identificar que o contexto histórico em que o Serviço Social
perpassou foi marcado por grandes desafios e comprometimentos com a classe trabalhadora,
desde Movimento de Reconceituação até os dias atuais, que teve várias fases do meio
acadêmico no período da ditadura militar na universidade de Belo Horizonte.
Nessa direção, entendemos que a profissão implementou um novo direcionamento
para interpretar as relações de produção e reprodução da dimensão econômica, política no
meio social, utilizando a teoria marxista desde do Congresso da Virada, trazendo um
direcionamento teórico e metodológico embasado na dialética.
É importante destacar que ainda temos um desafio que é a instauração do projeto
neoliberal que vai de encontro com o projeto transformador da profissão, devemos ter
coragem de enfrentar o momento presente de limitações e possibilidades, é necessário buscar
estratégicas para mudar o que está posto.
Com isso fica evidente que o Serviço Social passou por um longo período de lutas
sociais, para conseguir uma prática reflexiva e crítica, pois o modo de atender essas demandas
sociais é respaldado no comprometimento com as classes sociais.
REFERÊNCIAS
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: Uma análise do Serviço Social no Brasil
pós-64. 16. Ed.- São Paulo: Cortez, 2011.
______. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
INTRODUÇÃO
A adolescência é uma fase situada entre a infância e a fase adulta, cujas
transformações muitas vezes se fazem de forma incompreendida pelo adolescente que a
122
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará - 18ª Coordenadoria Regional de Saúde. Tel.: (88) 99678817. E-mail:
adriana_as_ce@hotmail.com
123
Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Saúde Coletiva - Escola de Saúde Pública do
Ceará/Ministério da Saúde. Tel.: (88) 96097334. E-mail: camila_almeida_oliveira@hotmail.com
124
Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Saúde da Família e Comunidade - Escola de Saúde
Pública do Ceará/Ministério da Saúde. Tel.: (88) 96367295. E-mail: keit_ane@hotmail.com
125
Centro Integrado de Educação Profissional - Piquet Carneiro. Tel.: (88) 88465492. E-mail:
thiagourca20@hotmail.com
REFERENCIAL TEÓRICO
Nas duas últimas décadas, a adolescência tem ganhado relevo nas discussões de
diversos setores da sociedade. Em parte, este destaque se reporta por atualmente no Brasil, os
adolescentes ocuparem um quarto da população do país, ou seja, mais de 54 milhões de
cidadãos na faixa de 10 a 24 anos de idade (LAMARE, 2005). Contudo, a justificativa mais
respaldada para esta visibilidade, dar-se em virtude do crescimento da consciência dos
brasileiros de que a “formação do estilo de vida do adolescente é crucial, não somente para
ele, como também para as gerações futuras” (BRASIL, 2008, p. 21).
Na área de saúde, o interesse pelo adolescente também se faz presente, primeiro por
considerar que “para assumir um papel de relevância na sociedade, é necessário que os
TRAJETO METODOLÓGICO
O presente estudo ancorou-se na abordagem metodológica qualitativa, e foi
desenvolvido na cidade de Deputado Irapuan Pinheiro, localizado na região Centro Sul do
Ceará, durante os meses de novembro e dezembro de 2010.
Os sujeitos da pesquisa foram o coordenador da atenção básica, o médico, o dentista e
o enfermeiro da Estratégia da Saúde da Família da equipe de cuja unidade desenvolvesse nas
áreas adstritas, práticas voltadas à atenção a saúde de adolescentes e jovens. Em alguns
momentos do texto, como ilustração, apresentamos depoimento dos entrevistados
resguardados pelos seguintes pseudônimos:
Médico – Hipócrates
Enfermeiro – Ana Nery
Dentista – Tiradentes
Coordenador da Atenção Básica – José Serra
A coleta de dados se realizou através de uma entrevista semi-estruturada e um
questionário. Após esta fase, voltamos nossos cuidados para a apreensão dos significados dos
discursos, onde os relacionamos e os comparamos com o referencial teórico para a
compreensão das diferentes percepções e ideias dos entrevistados.A análise final foi obtida
mediante o estabelecimento das categorias, surgidas da relação entre a apreciação dos dados
obtidos no campo, os objetivos e o referencial teórico que orientou o estudo.
Nós temos que colocar sempre em prática e em mente, que bons profissionais não se
acham assim facilmente, precisam de ter capacitações, e nós não poderíamos chegar
aqui e começar um programa sem que os profissionais tenham treinamento pra isso,
eles necessitam desse treinamento, não é só chegar no município e começar o
programa, colocar eles pra trabalhar, sem ter um conhecimento na área, então pra
isso o município, o gestor no caso, vem nos apoiando quanto a essa política,
pensando já em solicitar curso pra nossos profissionais, primeiramente a gente está
pensando em mandar relatórios do nosso dia, o dia do adolescente, da criação do
programa saúde do adolescente no nosso município, vamos esperar as respostas do
ministério da saúde, pra que eles também nos apoie, pra que no futuro a gente tenho
nosso programa aí, a vento em popa (José Serra).
Eu acredito que trabalhar mais com a prevenção, e muitas doenças podem ser
evitadas, e eu vejo que quando eles chegam eles já chegam nas ultimas, então eu
acredito que o trabalho com a prevenção, seria o necessário (Hipócrates).
Acho que hoje o adolescente não tem nenhum vínculo, ele não consegue participar
de nenhum grupo, não consegue ter, nenhuma rotina, ele é assim muito jogado, não
consegue perceber que precisa ter uma ordem, que precisa ter uma certa obediência,
em família, a maioria não possuem religião fixa, não tem nenhuma religião, não
participam de grupos mesmo, por exemplo eu não consigo fazer um grupo de
adolescentes homens, eles tem uma dificuldade muito grande de seguirem ordens,
que às vezes simples, ordens simples mesmo, como toda quinta-feira por mês, não
consegue ter essa disciplina, falta muito disciplina, é vinculo, eles não conseguem se
apaixonar por uma causa, por nada assim, não tem paixão neles (Ana Nery).
Como pode ser identificada nas falas dos profissionais, a compreensão de adolescência
é de seres humanos em processo de formação, não tendo discernimento maturidade e
experiência, portanto devem ser orientados para que sigam um caminho de condutas
tradicionalmente ditadas para serem adultos.
Fazer com que o adolescente perceba que nessa fase, existem conturbações, mas que
elas vão passar, e que vão existir profissionais, que vão ajudar, que de repente o
adolescente ele está passando dificuldade na família, ou consigo próprio e consulta
um psicólogo pra conversar... de repente ele está com algumas dificuldades em
relação a sexualidade, então vamos procurar o medico, ver o enfermeiro, pra falar
Assim, abordagem mais pessoal, não é nada padronizado, nem fechado a nenhum
protocolo, mas quando é adolescente eu procuro ver a questão, se há lesão, se há
indício de herpes, esses tipos de lesões, e a questão da erupção do terceiro molar que
geralmente incomoda muito os adolescentes (Tiradentes).
Esta categoria refere não ter dificuldade de trabalho no município. Expressa que os
recursos estruturais e físicos são adequados para desenvolvimento das atividades pertinentes a
odontologia, todavia, nas ações desenvolvidas não há referência à promoção dentre as quais,
grupos, visitas domiciliares e participação em reuniões com a comunidade adstrita. Expressa
não ter dificuldade de realizar trabalho com adolescentes e jovens, mas não cita a participação
e discussão com estes no plano de tratamento e esclarece que nunca foi abordado por esta
clientela para relato de conflitos e dificuldades vivenciadas nesta fase, o que nos remete a
identificar resquícios de uma conduta autoritária onde a relação verticalizada deixa espaço
apenas para esclarecimentos específicos como dor e dúvidas de saúde bucal.
Geralmente eles chegam se queixando de dor, e ultimamente, teve uma grande parte
de adolescentes me procurando pra fazer profilaxia, não tem nenhuma cárie, mas
vem pra fazer a profilaxia, limpeza, aplicação de flúor (Tiradentes).
Não diariamente, mas sempre aqui e acolá, eles reúnem, e a gente leva a eles
orientações de como é a saúde, orientação nas DST’s, que é uma coisa que necessita
e ele nos procuram. Não é sistemático não, até porque o sistema de saúde não nos
permite um tempo para que faça isso rotineiramente (Hipócrates).
Minha primeira atitude é conversar com eles, orientar bem direitinho, e procurar
fazer com que eles procurem os pais, para contar o problema, porque muitas vezes
eles dizem, não meu pai é muito difícil conversar, ter um dialogo, então a gente
orienta que procure os pais, e a gente vai dar todo apoio, mas, ele precisa de alguém
que ajude ele, após a unidade de saúde (Hipócrates).
Uma das meninas que frequenta, chegou pra mim e perguntou se eu não podia dar
uma palestra, aí eu disse, a gente vai fazer um negócio melhor, eu chamo de roda de
conversa, vamos fazer uma vez e a gente vai ver, e aí elas gostaram muito, porque
como eu to dizendo, com outras meninas elas conseguiram se abrir mais, as
perguntas foram bem mais específicas, e o tema eu deixo que elas escolham, e elas
se sentem mais a vontade (Ana Nery).
Eu já tive de chamar o pai pra conversar, agora só quando esse adolescente nos dá o
aval, por que muitas vezes eles dizem não pelo amor de Deus, e aí vai gerar um
conflito maior, quando eles nos dá o aval ai é diferente, as vezes chegam no
consultório, com a queixa de gravidez, nós procuramos o laboratório, solicitamos os
exames, e quando é constatado positivo, aí gera o impacto isso, e agora? Então tem
momento que ele pede ajuda para conversar com o pai, porque ela própria não tem
condições de relatar o problema, chama principalmente a mãe (Hipócrates).
REFERÊNCIAS
ABRAMO, H. W. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 5 e n. 6, p. 25 – 36, maio/dez. 1997
LAMARE, T. Ministério da Saúde. In: Simpósio internacional do adolescente, 1., 2005, São
Paulo. Proceedings online... Available from: <http://www.proceedings.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000082005000100016&lng=en&nrm=
abn>. Acess on: 04 May. 2008.
Resumo:O advento do modo de produção capitalista mudou o curso da história de forma imensurável,
acarretando na dominação ideológica, política e econômica de todos os âmbitos da sociedade pelos
grandes capitais, uma dominação que ultrapassa o chão da fábrica. Dessa forma devido ao
mascaramento da realidade o sistema capitalista influência o processo dereprodução da classe
trabalhadora perpassando os âmbitos econômicos, sociais e culturais. Diante disso a presente pesquisa
de caráter bibliográfica tem como escopo a priori retratar o surgimento da Questão Social que, por sua
vez é produto das múltiplas contradições do sistema capitalista,posteriormente, retratar as principais
práticas interventivas da Questão Social e, por último problematizar o surgimento, significado eo uso
da expressão“Terceiro Setor” que, por sua vez representa um resgate do Assistencialismo presente no
surgimento do Serviço Social, apresentando o caráter dualdo “TerceiroSetor”, no tocante que ao
mesmo tempo em que este éum mecanismo interventivo na Questão Socialtambém se constituiu em
uma novaestratégia do capital para obtenção de lucros e sua dominação. O “Terceiro Setor” é um
mecanismo que reafirma e materializa os princípios neoliberais no âmbito da reestruturação do sistema
capitalista, a utilização do termo“ Terceiro Setor” ocorre de forma equivocada, no tocante que é uma
nova modalidade de intervir na Questão Social, mas não um novo setor.
Abstract:The advent of the capitalist mode of production has changed the course of history
immeasurably, resulting in the ideological, political and economic domination of all spheres of society
by big capital, domination that goes beyond the factory floor. Thus due to the masking of reality the
capitalist system influence the process of reproduction of the working class permeating the economic,
social and cultural spheres. Thus the present research literature character is scoped a priori portray the
emergence of Social Issues, which in turn is the product of the multiple contradictions of the capitalist
system, subsequently portraying the main interventional practices of Social Issues and finally
discussing the emergence , meaning and use of the expression "Third Sector" which in turn represents
a rescue Assistencialismo present in the emergence of Social Service, featuring the dual character of
126
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte-UERN. Email: anapaula.af.1994@gmail.com. Cel: (84)
87906993
127
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte-UERN. Email: larissaxjesus@hotmail.com. Cel: (84) 8158
0973
128
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte-UERN. Email:silva-rake@hotmail.com. Cel: (84) 81047362
129
Professora adjunta da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN. E orientadora do artigo.
INTRODUÇÃO
A realidade vigente é passível de contradições, complexidades e, se constitui em um
produto das inúmeras transformações sociais ocorridas na história, mudanças essas que
culminaram no surgimento do atual sistema capitalista que, por sua vez se configura no
núcleo da Questão Social e, posteriormente, das suas múltiplas expressões. Essas expressões
se materializam nas situações de pobreza, fome, miséria, manifestações sociais, exploração,
trabalho infantil, violência etc., que necessitam de órgãos interventivos, cujo intuito é a
minimização e erradicação de tais problemas, logo, no inicio da Questão Social os
mecanismos interventivos eram de caráter filantrópicos, imediatistas e paliativos inexistindo
uma perspectiva de emancipação social, econômica e política dos indivíduos, séculos depois,
mais especificadamente,no início do século XX é que surgem os primeiros indícios de
mudanças na intervenção aparecendo, embora minimamente, o Estado como um dos setores
que irá intervir na realidade por intermédio das políticas sociais.
Posto isso, vale frisar que o presente artigo visa retratar o surgimento da Questão
Social e as diversas formas e mecanismos utilizados para intervir nas múltiplas expressões
desse antagonismo entre Capital e Trabalho, tendo como escopo principal problematizar o
uso, o surgimento e o caráter de refilantropização do “Terceiro Setor”elencando os dois
prismas intrínsecos a este fenômeno, no tocante que o mesmo se constitui em um mecanismo
interventivo e em uma estratégia política e econômica dos grandes capitais no âmbito
processo da reestruturação produtiva capitalista e, por conseguinte, da atual conjuntura
neoliberal. Ou seja, objetiva apresentar o Terceiro Setor como um novo padrão ou modelo
emergente de intervir nas múltiplas expressões da Questão Social modalidade funcional essa
que pode ser visto como um progresso e retrocesso para os indivíduos.
Diante disso, vale salientar que a presente pesquisa utilizou o método bibliográfico e
se constitui em uma pesquisa explicativa e compreensiva, tendo em vista que objetiva explicar
e compreender a Questão Social e, principalmente, o “Terceiro Setor”. Como suporte teórico
Importa deixar claro que a questão social não é aqui focada exclusivamente como
desigualdade social entre pobres e ricos, muito menos como “situação social
problema”, tal como historicamente foi encarada no Serviço Social, reduzida a
dificuldades do indivíduo. O que se persegue é decifrar, em primeiro lugar, a gênese
das desigualdades sociais, em um contexto em que acumulação do capital não rima
com equidade. Desigualdades indissociáveis da concentração de renda, de
propriedade e do poder, que são o verso da violência, da pauperização e das formas
de descriminação ou exclusão sociais. Mas decifrar a questão social é também
demonstrar as particularidades formas de luta, de resistência material e simbólica
acionadas pelos indivíduos sociais à questão social (IAMAMOTO, 2009, p.59).
Partindo dessa ótica nos chega à compreensão, que para se apropriar de forma
contundente do significado da questão social e suas fundamentações é necessário lançar um
Destarte, podemos ressaltar que a Questão Social desde o seu surgimento passa a ser
tratada de forma estratégica pelos setores dominantes, utilizando- se de crenças, regras e de
sentimentalismo humano para promover a sua manutenção, que embora promova algumas
Diante dessas considerações, vale enfatizar uma prévia análise sobre a materialização
da Questão social no Brasil tendo em vista que esta também se constitui, especificamente nas
décadas de 20 e 30,em um cenário bastante antagônico no qual o pauperismo se ascendeu
nesta época visto que, o país recém-saído da era escravocrata não possuía condições
necessárias de acumulação em sua formação econômica, para abraçar o capitalismo em
efervescência no mundo ocidental, o que implicou em situações bem mais agravantes para o
proletariado brasileiro, principalmente, nos centros urbanos em busca de extrair ao máximo o
Essa posição é mantida até por volta dos anos 70 quando se propagou o Estado de
BEM-ESTAR–SOCIAL especificamente na Europa, sendo suplantado pelos ideais neoliberais
propõe a nova reconfiguração no mundo trabalho e nas políticas públicas, no BRASIL
especialmente na década de 90 restringindo a intervenção estatal minimante no cenário
político e econômico e a redução com as gastos sociais. Sendo assim o mercado torna-se a
mão reguladora das relações sociais, que são geridas para favorecer a abertura ao capital
estrangeiro bem como a o nacional; o neoliberalismo entendido não apenas como o retorno do
liberalismo clássico tendo “o entendimento do neoliberalismo como uma crítica da critica da
economia de mercado, ou seja, uma crítica ao Estado” (ROSANVALLON,1984, p. 52).
Porém mesmo sob esse plano estrategicamente dominante as reações econômicas não foram
as almejadas, por isso ocorreu um reajustamento onde:
O que os autores chamam de “terceiro setor”, nem é terceiro, nem é setor – numa
segmentação do social entre estado, mercado e Sociedade civil autônomos -, nem
refere ás organizações desse setor – ONGs, instituições, fundações e outros. Na
verdade, no lugar desse termo, o fenômeno real deve ser interpretado como ações
Diante desse contexto, é relevante inferir que, embora a sociedade civil desenvolva
atividades que é de responsabilidade estatal, ações de caráter filantrópicas e assistenciais
culminando em outra maneira de intervir na questão social, não significa afirmar que a
sociedade civil se configura em um “terceiro setor”, uma vez que “nos levaria a uma
esquizofrênica visão romântica da realidade” (MONTAÑO, p. 183) e posteriormente devido o
fato de nos dias atuais as atividades consideradas públicas são praticadas por particulares,
logo são iniciativas de um sentido público (FERNANDES, 1994). Posto isso, é importante
salientar que:
Esses serviços prestados no Brasil pelas entidades, fundações e ONGs é algo que
possui um marco e um aparato legal histórico, tendo em vista que legalmente a
regulamentação das entidades do “terceiro Setor” inicia-se no início do século XX se
concretizando com a promulgação da constituição de 1988 e de documentos legais
posteriores, logo Szazi (2000, p.222):
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 150, inciso VI, alínea c estabelece a
isenção de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviço à instituições de educação
e assistência social, sem fins lucrativos. O decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985,
regula essas isenções fiscais, beneficiando entidades sem fins lucrativos que
promovem atividades com fins culturais, científicos e assistenciais .
Perante esse contexto de isenção de impostos verifica-se uma estratégia política dos
grandes capitais em convênio com o Estado, culminando em uma multiplicidade de recursos e
investimentos em diversos setores, recursos que provém de: c) atividades comerciais, vendas
À vista disso, vale ressaltar que essa idéia não se materializa na realidade, pois as
ONGs ou as empresas estatais geradoras desses serviços são marcadas pelos valores da classe
dominante. Postergando está classe a ideia de solidariedade mútua que está intrínseca a
desreponsabilização estatal, ideologia essa que beneficia os grandes capitais e promove uma
responsabilização dos sujeitos e uma mudança no sentido do direito social, pois o que
“observa-se é um profundo deslocamento quanto aos direitos sociais agora transmutados em
“direito moral”, sob os princípios abstratos da” ajuda mútua” e
da“solidariedade”(ALENCAR, p.455-456).
Por conseguinte com o desenvolvimento dessa solidariedade entre os indivíduos, fica
evidente depreender o princípio da cupabilização que recai sobre os sujeitos, em que para o
neoliberalismo o desenvolvimento da capacidade das ações desses devem ser buscadas por
Nesse viés que tende a harmonizar a sociedade civil e a não reconhecer esta como
uma arena de confronto entre as classes burguesa e proletária, fica notória a intenção do
grande capital de apassivar a população, ocasionando consequentemente o enfraquecimento
dos movimentos sociais.
Perante esse realidade funcional do “terceiro setor” é de suma importância
problematizar o caráter paliativo e emergencial das ações desenvolvidas por essas instituições
que englobam a sociedade civil, logo segundo Soares (2001) essas atividades se constituem
em ações que não resolvem os problemas e não promovem respostas abrangentes culminando
em uma dependência dos setores mais pobres, em uma consolidação das desigualdades, na
eliminação da política social como um direito e, por último, na fomentação de um
clientelismo, portanto com a retirada da responsabilidade do Estado o que se tem é “um
Estado de Mal-Estar” (SOARES, 2000, p.72).
Em consoante Soares (2000) ainda vai dizer que o problema das formas paliativas de
tratamento da questão social pelo terceiro setor não está no suposto caráter de atividade
complementar à intervenção estatal, mas no seu real caráter substituto.
Em síntese, vale ponderar que o fenômeno denominado de “terceiro setor” não se
configura concretamente em um novo setor interventivo, no tocante que é uma nova maneira
de intervir na questão social no qual está vinculado ao estado e ao mercado, promovendo,
embora diretamente ou indiretamente, lucros significativos a ambos os setores, logo a
Considerações finais
Os indivíduos vivem numa sociedade perpassada ao longo da história por diversos
meios de produção, se encontrando hoje na atual fase do sistema capitalista, em que esta
conjuntura se materializa na reestruturação do capital, na inserção dos ideários neoliberais e
na intensificação das múltiplas expressões da Questão Social.
A “questão social” no início do seu surgimento passa a ser tratada por intermédio de
atividades filantrópicas que, por sua vez tem como principal interventor a Igreja,
posteriormente, no século XX o Estado se apresenta com uma intervenção mínima nos
problemas sociais culminando na contenção dos gastos sociais, no final do século XX ocorre
um processo de refilatropização com o surgimento do fenômeno denominado de” Terceiro
Setor” que, por sua vez é objeto de análise e críticas de inúmeros intelectuais devido a
utilização e conceituação do termo. As múltiplas e diversas expressões da Questão Social são
produtos do sistema capitalista e que com o passa do tempo necessitam de medidas ou
mecanismos interventivos diferenciados que, por sua vez, estão vinculados a distintas
sociedades, aos sujeitos inseridos nessa realidade e, por último, mas não menos importante, às
crises estruturais vivenciadas pelos diversos países capitalistas.
.Antes do período de reestruturação produtiva havia um avanço dos direitos sociais
com os Estados do WelfareState, esse estado embebido das ideias keynesianas trouxe ao
centro a problematização das condições de precarização que o proletariado enfrentava, logo e
o Welfare State passou a investir nas políticas sociais de seguros previdenciários, saúde e
criação do pleno emprego. Ademais para o regresso desses direitos frutíferos da classe
trabalhadora veio à crise dos anos 70 que se constitui num divisor de águas na trajetória
histórica da conquista dos direitos sociais.Com a desarticulação do WelfareState o grande
capital vai postergar a sua ofensiva neoliberal, se formando esta na redução dos gastos sociais
em detrimento do privado. Nesse viés percebermos a explícita desrenponsabilidade do estado
com o trato à questão Social, passando a haver com isso uma precarização no mundo do
Referências
ABONG. “ONGs. Identidade e desafios atuais”, Cadernos Abong, n° 27. São Paulo, Ed.
Autores Associados, maio de 2000.
BEHRING, E. Rossetti; BOSCHETTI, Ivonete.Política social. 9ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011
(Biblioteca básica de Serviço Social; v.2).
BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Gestão do setor público: estratégia e estrutura para um
novo Estado. In: BRESSER PEREIRA, L. C. (Org.). Reforma do Estado e Administração
CARVALHO, Raul de. Modernos agentes da justiça e da caridade: notas sobre a origem do
Serviço Social no Brasil. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, n. 2, mar. 1980
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FERNANDES, Rubem César. Privado Porém Público: O Terceiro Setor na América Latina.
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IAMAMOTO, Marilda Vilela. CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no
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NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1992.
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Paulo:Cortez, 2007.
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2000.
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