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Introdução
Artigo 29: quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
De acordo com o texto do dispositivo uma conduta pode ser
mais ou menos condenável, como por exemplo o roubo é menos condenável
do que o latrocínio.
Esse juízo de censura, de culpabilidade, reflete na dosagem da
pena.
A parte do dispositivo que traz “quem, de qualquer modo”
também dá idéia de abrangência na atribuição da pena.
Concurso de pessoas pode ser definido como a ciente e
voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal.
Convergência de vontades para um fim comum que é a realização do tipo
penal, sendo dispensável a existência de um acordo prévio entre as várias
pessoas: basta que um dos delinquentes esteja ciente de que participa da
conduta de outra pessoa para que haja concurso de pessoas.
Delitos Plurissubjetivos
São os delitos praticados por mais de uma pessoa. A
participação de pessoas no crime (concurso) pode ser necessário ou eventual.
-Concurso necessário: ocorre por exemplo no artigo
288, que dispõe sobre a formação de quadrilha. É necessário que
tenham quatro pessoas. A, B, C e D se associam para cometer roubo –
157 + 288. Caso somente A, B e C se associem não temos o 288, pois
eles estão em três.
No artigo 288 temos um crime de perigo, não há
necessidade de praticar de fato o crime, somente a associação já tipifica.
Autoria mediata
Autor não é apenas o que realiza diretamente a ação ou
omissão típica, mas quem consegue a execução por meio de pessoa que atua
sem culpabilidade. Ex.: enfermeira que ministra ao paciente veneno supondo
que se trata de um medicamento. Nesse caso não há concurso de pessoas,
mas sim um autor mediato.
Crimes de mão própria não admitem autoria mediata, porém é
possível a participação.
Teorias
Teoria monista, unitária ou igualitária: o crime, ainda quando
tenha sido praticado em concurso de várias pessoas permanece único e
indivisível. Não se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor,
partícipe, instigador, cúmplice) sendo todos autores. Posição adotada pelo
código quando diz: “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a ele cominadas”. Dessa regra tem-se que qualquer ação será punida
pelo pela pena do crime em seu total. A adoção dessa teoria pelo CP evita
questões resultantes de dúvidas quanto autor, cúmplice, auxílio necessário,
auxílio secundário etc.
Teoria pluralista: multiplicidade de agentes e pluralidade de
delitos, praticando, cada pessoa, um crime próprio, autônomo. A falha desta
teoria é que todas as ações convergem para uma ação única.
Teoria dualística: no concurso de pessoas há um crime para o
agente e outro para os partícipes. Existe no crime uma ação principal, que é a
ação do autor do crime, e ações secundárias realizadas pelas pessoas que
instigam ou auxiliam o autor a cometer delito. A falha desta teoria advém do
fato de que o crime é só um fato, e por vezes a ação do executor é menos
importante do que a do partícipe (casos de mandato, coação irresistível).
Acessoriedade Mínima
O autor principal tem que ter praticado fato típico para que o
partícipe responda.
Ação Extremada: o autor tem que praticar essa ação. A ação tem que ser
típica, antijurídica e culpável.
Ação Limitada: basta que o autor pratique ação típica e antijurídica.
Circunstâncias Comunicadas
Artigo 30: Não se comunicam as circunstâncias e as condições
de caráter pessoal, salvo quando elementares ao crime.
Comunicabilidade: transferência de uma circunstância.
Aumento e Qualificadora
Na qualificadora são dadas novas margens penais – máxima e
mínima.
Nas causas de aumento e diminuição a lei autoriza aumentar ou
diminuir a pena, além das margens penais.
Qualificadoras e agravantes
O concurso de pessoas pode ser uma qualificadora de delito. É
o que ocorre nos crimes qualificados de constrangimento ilegal, roubo, violação
de domicílio. A qualificadora poderá surgir como o simples concurso de
pessoas, ou exigirá que a execução do crime seja realizada por dois ou mais
sujeitos, como no artigo 146, § 1º (constrangimento)
Há a agravante no caso de concurso de pessoas quando o
sujeito promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos
demais (art 62, I).
Peculato
Art 312 – sujeito ativo: funcionário público – elementar. Pena de
2 a 12 anos mais a multa.
Art 168- apropriação indébita. Pena de 1 a 4 anos anos mais a
multa. É um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa desde
que ela tenha posse ou detenção.
O artigo 312 traz uma circunstância elementar, e caso não a
possua teremos atipicidade absoluta.
“José é funcionário público. Maria não é, porém ajuda no
peculato. Ambos serão punidos pelo artigo 312, pois ser funcionário público é
elementar e entrou na esfera de conhecimento.
Pela teoria unitária ambos responderão por um único crime.
AS CIRCUNSTÂNCIAS COMUNICÁVEIS APARECEM PARA
ATENDER A TEORIA UNITÁRIA.
Autoria incerta
Com a teoria monista, qualquer problema relacionado com a
autoria incerta será resolvido com a punição de todos pelo resultado, ainda que
não se possa saber quem praticou a ação prevista no núcleo do tipo.
A exceção está no §2º do 29.
Sanção penal
c) Vingança pública
Na Realeza de Rooma Rex aplicava a sanção penal e as regras
religiosas.
Na República o D. Penal não evoluiu, somente o direito civil.
No Império a democracia romana deixou de existir e o
imperador precisava ser fortalecido. É criado o juiz, que aplica o direito de
forma bastante severa, com penas duras e predominância de penas de morte –
retrocesso.
b) Direito Canônico
Surge como uma forma de fortalecimento da Igreja. Ela se
fortalece perseguindo os hereges. Havia confusão entre crime e pecado, direito
e moral. As bruxas eram perseguidas porque elas dominavam o conhecimento.
Luta entre o poder laico e o poder canônico. Poder Central x
Poder Papal.
Santo Agostinho pregava três tipos de sanção:
-condenação a partir do pecado original;
-purgação em vida;-correçaõ com o objetivo da emenda do
transgressor.
O criminoso era um pecador, porém se ele purgasse ele estaria
a salvo. Assim, Inquisição se valeu disso para torturar os criminosos, para
purificar.
Tomás de Aquino tentou conciliar racionalismo cristão com fé.
Tentava justificar a punição através de Deus dizendo que TUDO emana de
Deus, inclusive a punição. Essa teoria foi utilizada pelo absolutismo.
Tribunais da Inquisição: penas severas, tortura. O D. Laico
também aplicava tortura.
4) Idade Contemporânea
Iluminismo
Momento de antropocentrismo.
Jeremy Bentham
A pena é um mal tanto para o indivíduo, que a ela é submetido,
quanto para a sociedade, que se vê privada de um elemento que a ela
pertence, mas se justifica pela sua utilidade. O fim da pena é a prevenção
geral, quando intimida todos os componentes da sociedade, e de prevenção
particular, ao impedir que o delinquente pratique novos crimes.
Teorias justificadoras
-movimento de ordem abolicionista: a pena não tem efeito.
-movimento de ordem justificadora
Teorias Retributivas
a) Carrara: pena é consequência do crime (violação jurídica,
infração de lei do Estado, ente jurídico que necessariamente viola um direito).
O fim primeiro é o restabelecimento da ordem externa da sociedade alterada
pelo delito. Ele não se preocupa com a recuperação do delinquente, e sim com
a segurança do Estado. É marcado pela sua proporcionalidade.
b) Kant: Retribuição moral. –Imperativo Categórico: mandato
que não pode ser transgredido, se a lei é vulnerada, surge a necessária
consequência: a pena, que é o significado do justo e do igual, não tem a função
de previnir delitos, mas que haja uma perfeita igualdade entre o crime e o
castigo. Pena é compensação moral (matou/morreu).
c) Hegel: Retribuição Jurídica – o delito é a negação do direito,
e a pena é a afirmação do direito. O autor vê na imposição da pena a
restauração da ordem jurídica violada.
A teoria retributivista não explica por que e para que a pena. A
idéia de compensação é equivocada, é irracional.
Teorias Prevencionistas
A utilidade da pena seria intimidar evitando a prática de delitos,
tentativa de recuperar o delinquente.
Beccaria: a pena tem que ser infalível e certa. A certeza de um
castigo desencoraja o espírito humano. A intimidação da pena surge da sua
extensão.
Feuerbach: nulo crime, nula pena. Estudos orientados por
Kant. Criou a teoria da coação psicológica. A mente das pessoas pode se
alterar devido a pena.
Críticas: nem todas as pessoas se impressionam com a
aplicação da pena. A grande novidade foi o desenvolvimento de uma doutrina.
Prevenção Especial
É preciso melhorar o criminoso. Faz-se isso pela sanção penal.
Positivismo Criminológico na Itália – Empirismo
a) Lombroso: trabalhava numa penitenciária na Itália. Analisou e
percebeu que certos tipos de crimes tinham certos tipos físicos. Ele criou a
idéia de criminoso nato, que é a pessoa com disposição natural para o crime,
portadora de condições que dificultam ou impedem o ajustamento social.
b) Ferri: as ações humanas são produto do organismo
fisiológico e psíquico e da atmosfera física e social na qual o criminoso nasceu
e vive. A pena deve ser ajustada à natureza do delinquente, e portanto deve ser
aplicada por tempo indeterminado. A pena pode ser substituída por medida de
segurança.
c) Garófalo: foi o criador da criminologia, matéria que estuda as
causas e efeitos do crime. Trabalha com a antropologia e contra a sociologia.
Cria o conceito de periculosidade. Para o indivíduo perigoso a pena deve ser
indeterminada. Ele une psiquiatria e Direito Penal para dar esse conceito de
indivíduo perigoso.
Ele criou as seguintes categorias:
-criminoso nato, igual ao Lombroso;
-louco;
-criminoso habitual, produto do meio social;
-criminoso ocasional;
-criminoso passional.
Características da pena
a) Legalidade: a pena deve estar prevista em lei vigente, não
se admitindo que seja cominada por regulamento ou ato normativo infralegal.
b) Anterioridade: a lei já deve estar em vigor na época em que
for praticada a infração penal.
c) Personalidade: a pena não pode passar da pessoa do
condenado. Assim, a pena de multa, ainda que considerada dívida de valor
para fins de cobrança não pode ser exigida dos herdeiros do falecido.
d) Individualidade: a sua imposição e cumprimento deverão
ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito do sentenciado.
e) Inderrogabilidade: salvo as exceções legais, a pena não
pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento, assim, o juiz não pode
deixar de aplicar a pena levando em conta seu valor irrisório.
f) Proporcionalidade: a pena deve ser proporcional ao crime
praticado.
g) Humanidade: não são admitidas penas de morte, saldo em
caso de guerra declarada, perpétuas, trabalhos forçados, banimentos cruéis
etc.
Princípio da legalidade
O crime tem que estar definido em lei, bem como a pena tem
que estar positivada também em lei no sentido formal, emanada do Congresso
Nacional.
Está vedada a possibilidade de cominar pena por medida
provisória.
Evita que o Poder Executivo crie atos normativos de caráter
penal. Ex.: o prefeito decreta que se os bares não forem fechads até as duas
horas da manhã os donos serão detidos por dez dias.
Do princípio da legalidade decorre a proibição de analogia no
Direito Penal. Porém, se analogia for um bonam partem, o juiz, em tese, pode
aplicar a norma penal.
Princípio da anteriodade
A lei penal que define o crime e comina a pena deve ser anterior
à conduta, para que possa ser aplicada.
Podemos ter leis posteriores, sucessivas, que podem agravar
ou atenuar. A lei penal só retroage se for para beneficiar o réu. O fundamento
político é a segurança jurídica.
Princípio da personalidade
A pena privativa de liberdade não recai sobre terceiros. Multa,
conforme artigos 91 e 92 do CP pode recair.
Não se passa para os sucessores nada além do limite do
patrimônio. Junto com o patrimônio vêm as suas obrigações.
A multa não incide no patrimônio herdado em caso de morte.
Princípio da Proporcionalidade
Mensurabilidade da pena. Grande dificuldade, porque adentra o
plano subjetivo.
Só surgiu com o iluminismo. Se a pena não for proporcional ela
estimula o criminoso.
O legislador deve descrever o crime e determinar o máximo e o
mínimo da pena – predeterminação, estabelecendo proporcionalidade.
O juiz da sentença fala em qualidade e em quantidade.
No campo da execução temos a fase pós-determinação. O juiz
da execução tem a atribuição de conceder e retirar benefícios legais.
Os benefícios seriam: progressão de pena, mais ou menos
proporcional. Alguns delitos exigem que o condenado passe pelo exame
criminológico, trabalho obrigatório para redução de pena.
No plano legislativo o legislador infraconstitucional pode
individualizar a pena. Podemos ter outras penas além da restritiva de liberdade,
como por exemplo a prestação de serviço social alternativo. O legislador
infraconstitucional pode dar pena alternativa com limitações da CF. Ele pode
adotar várias modalidades de pena que ele julgar necessário.
Somente o legislador poderá prever uma quantidade de pena
mínima e máxima. A pena também pode ser individualizada em qualidade. Se a
pena for privativa de liberdade tem-se reclução, detenção.
Se a pena for pecuniária decidem-se quantidades e valores.
Pode-se ainda, na pena de multa, utilizar salários mínimos ou
valor fixo. O mais comum é o salário mínimo.
Em Penas Restritivas de Direitos, o legislador pode fixar
critérios. São penas alternativas ou substitutivas das privativas de liberdade.
O legislador pode individualizar as penas restritivas de direitos
determinando certos requisitos para sua aplicação.
Em termos de pena privativa de liberdade, o legislador pode
entrar no campo da execução da pena, tornando-a mais ou menos rigorosa,
exigindo mais tempo de pena para a progressão de regime.
No plano judicial, na aplicação da pena, o juiz que está
aplicando a sentença é obrigado a individualizar a pena bem corretamente,
para que a defesa não inpugne a sentença.
É primeiro feita a dosimetria penal, que passa por três fases –
art 68:
-Primeiramente fixa-se o regime prisional;
-busca-se benefícios ao réu, sempre buscando substituir a PPL pela PRD. Se
não for viável é porque o réu não preenche os requisitos necessários.
Em termos de sequencia, o juiz já deu a pena. Entramos no
ramo processual, se o réu já está preso, assim continua. Se está solto pode
recorrer em liberdade.
Quando há o trânsito em julgado inicia-se a execução penal.
-Espécies:
a) Reclusão: só pode começar a cumprir a pena em regime
fechado.
b) Detenção: pode começar em regime semi-aberto
c) Prisão simples (para as contravenções penais).
-Regimes Penitenciários
a) Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de
segurança máxima ou média.
b) Semi-aberto: cumpre a pena em colônia penal agrícola,
industrial ou em estabelecimento similar.
c) Aberto: trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o
dia, e a noite recolhe-se na Casa do Albergado ou em estabelecimento similar
à noite e nos dias de folga.
Gravidade do Delito
Por si só não basta para determinar a imposição do regime
inicial fechado, sendo imprescindível verificar o conjunto das circunstâncias de
natureza objetiva e subjetiva previstas no artigo 59 do CP tais como grau de
culpabilidade, personalidade, conduta social, antecedentes etc., salvo se
devido à quantidade da pena for obrigatório aquele regime.
Progressão de regime
A alteração da situação fática existente ao tempo da
condenação faz com que o juízo da execução promova as adaptações da
decisão à nova realidade. Assim, o fato de alguém ter recebido um determinado
regime de cumprimento de pena não significa, salvo algumas exceções, que
tenha que permanecer o tempo todo no mesmo. O processo de execução é
dinâmico e está sujeito a modificações.
A possibilidade de que alguem que iniciou a pena em regime
mais gravoso obter o direito de passar a uma forma mais branda e menos
expiativa de execução chama-se progressão.
Requisitos para a progressão:
-Objetivo: consiste no tempo de cumprimento da pena no
regime anterior, que é de pelo menos 1/6. A cada nova progressão exige-se o
requisito temporal de cumprimento de 1/6 do restante da pena, e não mais da
pena fixada na sentença.
-Subjetivo: bom comportamento, que substituiu a palavra mérito
na lei anterior. Antigamente o exame criminológico influenciava na progressão.
Hoje, com o texto da nova lei, apenas o Ministério Público tem que avaliar. Tal
omissão do CTC na lei e do exame criminológico, no entanto, não impede que
o juiz da execução, se entender necessário, realize o exame.
Requisitos da progressão:
a) objetivo: consiste no tempo de cumprimento da pena no
regime anterior (1/6 da pena). A cada nova progressão exige-se o requisito
temporal. O novo cumprimento de 1/6 é referente ao restante da pena, e não à
pena inicialmente fixada na sentença.
b) subjetivo: compreende o bom comportamento, atestado pelo
diretor da penitenciária.
Exame criminológico
Caput do artigo 34. Para que sejam cumpridos os princípios da
personalidade e proporcionalidade da pena, é imperioso que os condenados
sejam classificados, dando a cada preso as oportunidades e elementos
necessários para lograr a reincerção social. Assim, além do exame de
personalidade institui-se o exame criminológico, pois as condições pessoais do
agente e a gravidade do fato delituoso podem determinar a execução da pena
no regime fechado. Tal exame somente será realizado após o trânsito em
julgado da sentença condenatória, já que visa à individualização para a
execução da pena privativa de liberdade, e será obrigatória aos condenados ao
regime fechado e facultada para os sujeitos ao semiaberto. É uma perícia.
Regras do regime semi-aberto
a) exame criminológico: o CP dispõe que é necessária a
realização antes do ingresso neste regime, mas a LEP prevê que tal exame
não será obrigatório, podendo ou não ser realizado. Diante desta contradição,
prevalece a LEP.
b) trabalho: segue as mesmas regras do regime fechado,
dando direito também à remição, com a diferença que é desenvolvido no
interior da colônia penal.
c) autorizações de saída: são benefícios aplicáveis aos
condenados do fechado ou semi-aberto e subdividem-se em:
c1) Permissão de saída: os condenados que cumprem pena
em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter
permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um
dos seguintes fatos:
-falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira,
ascentende, descendente ou irmão;
-necessidade de trabamento médico.
A atribuição para conceder a permissão de saída é do diretor do
presídio, tratando-se, portanto, de medida meramente administrativa. Se o
diretor negar, o juiz da execução pode conceder a permissão.
c2) Saída temporária: os condenados que cumprem pena em
regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do
estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
-visita á família;
-frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de
instrução de segundo grau ou superior, na comarca do juízo da execução;
-participação em atividades que concorram para o retorno ao
convívio social.
A saída temporária não se aplica ao preso em regime fechado,
por sua incompatibilidade com essa liberdade dada na saída temporária.
É claro que as permissões de saída, a autorização será
motivada pelo juíz da execução, serão ouvidos o MP e a administração
penitenciária e dependerá do comportamento adequado, cumprimento de 1/6
da pena se o condenado for primário e ¼ se for reincidente. Deve haver
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. A competência da
saída temporária é do juiz da execução.
Se o preso tiver vindo do regime fehado, no qual já cumpriu 1/6
para a progressão, esse período será computado para fins de obtenção da
saída temporária, sendo desnecessário cumprí-lo novamente no semi-aberto
para ter direito à esse benefício
Remição:
Direito que o condenado em regime fechado ou semi-aberto tem
de, a cada três dias de trabalho, descontar um dia de pena. A cada 12 horas de
estudos, a serem cumpridos também em três dias, há o desconto de um dia da
pena.
O preso que pretende trabalhar, mas não consegue porque o
estabelecimento não lhe oferece condições (como no caso de cadeias
superlotadas) não tem direito ao desconto. Somente no caso do preso que
sofreu acidente de trabalho e está impossibilitado de trabalhar há o direito de
remir o tempo sem trabalhar mesmo. O condenado que for punido por falta
grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a oartir da
data da infração disciplinar. O STJ se manifestou no que diz respeito ao porte
do telefone celular e seus componentes, dizendo que tal ato não constitui falta
grave a ensejar a perda dos dias remidos.
Detração penal
Conceito: é o cômputo, na PPL e na medida de segurança, do
tempo de prisão provisória, no Brasil ou non estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em hospital de custódia e tratamento ou
estabelecimento similar. A interpretação literal do dispositivo que trata da
detração nos leva à conclusão de que somente será possível a aplicação da
detração nas penas privativas de liberdade. A detração é matéria exclusiva do
juízo da execução.
Detração em penas restritivas de direitos: como o CP
somente fala de detração nas PPLs, a interpretação literal do texto poderia
levar à conclusão de que o benefício não se estende à PRD. Deve-se
considerar, no entanto, que se a lei admite o desconto do tempo da prisão
provisória para a PPL, seria injusto não beneficiar quem conseguiu a
substituição por penalidade mais branda. Sendo assim, em caso de prisão
provisória antes da decisão por PRD, deve ser admitida a detração.
Prisão provisória em outro processo: é possível descontar o
tempo de prisão provisória de um processo, cuja sentença foi absolutória, em
outro processo de decisão condenatória, desde que o crime pelo qual o réu foi
condenado tenha sido praticado antes da prisão no processo em que o réu foi
absolvido, para evitar assim que o agente fique com crédito para com a
sociedade.
Detração para fins de prescrição: pode ser aplicada
calculando-se a prescrição sobre o restante da pena. Por exemplo: o sujeito
ficou preso provisóriamente por 60 dias. Desconta-se esse período da pena
aplicada e calcula-se a prescriçaõ em função do que está a ser cumprido.
Regime Inicial
Estão obrigatoriamente condenados ao regime fechado os
condenados à reclusão reincidentes, ou seja, cuja pena seja superior a oito
anos (art 33, § 2º). A pena será integralmente cumprida em regime fechado
quando se tratar de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
crimes hediondos, consumados ou tentados, ainda que a pena aplicada seja
inferior a oito anos.
Para alguns doutrinadores, tal disposição seria inconstitucional
por violar a individualidade da pena, disposta no artigo 5º, XLVI. Entretanto, o
critério para fixação da pena é a gravidade do crime e não a regra da
individualização, que é a relativização.
Podem iniciar o cumprimento em regime semi-aberto os não
reincidentes condenados à reclusão superior a quatro anos e não excedentes a
oito.
Devem iniciar os cumprimento da pena em regime semi-aberto
os não reincidentes à pena de detenção, qualquer que seja sua quantidade, e
os não reincidentes condenados a pena superior a oito anos. Quando aplicada
a pena de detenção, não importa por quanto tempo seja, o condenado deve
cumprir inicialmente em regime semi-aberto, art 33.
Só podem iniciar o cumprimento da pena em regime aberto os
condenados não reincidentes com pena igual ou inferior a quatro anos.
Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinação de cumprimento será feita
pelo resultado da soma ou unificação das penas, observando detração e
remição.
A opção pelo regime inicial da pena cabe ao juiz da sentença.
Para a fixação de regimes menos severos, porém, além de não reincidência e
quantidade da pena, deve o juiz observar os critérios do artigo 59, atendendo à
culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade, motivos,
circunstâncias e consequências do crime, bem como o comportamento da
vítima.
Quanto a prisão do tipo albergue o condenado deve atender às
condições impostas no artigo 114 da LEP: estar trabalhando ou comprovar
possibilidade de fazê-lo imediatamente, apresentar fundados indícios de que irá
ajustar-se ao novo regime, entre outros.
O regime de prisão aberta em residência particular somente
será admitido se o condenado for maior de 70 anos, se estiver acometido de
doença grave ou se tratar-se de mulher com filho menor ou deficiente físico ou
mental, ou se for gestante.
O regime aberto não pode ser concedido por habbeas corpus,
pois a sua aplicação depende de requisitos subjetivos, como dispõe o artigo 33,
§2º.
Prestação pecuniária
A primeira idéia da prestação pecuniária é que o condenado
pague à vítima, confundindo-se com uma indenização. A lei autoriza o
pagamento para terceiro, confundindo-se com uma multa. De acordo com o
artigo 45, §1º, o valor fica entre um e 360 salários mínimos.
Possui natureza pecuniária, reparatória se o pagamento for feito
à vítima ou aos seus dependentes e natureza indenizatória.
Não se confunde a prestação pecuniária com a multa
reparatória do art 297 do CTB (Código de Trânsito), pois ela somente é
permitida quando há dano material ao ofendido, enquanto a prestação
pecuniária é possível mesmo na ausência de prejuízo individual.
Havendo dano à vítima, a quantia apurada será a ela destinada
ou, na sua falta, a seus dependentes; caso contrário o produto irá para a
entidade pública ou privada com destinação social, por determinação do juiz da
execução. Caso o ofendido venha a propor ação de reparação civil (artigo 63
do CP) ou a execução civil da sentença condenatória penal transitada em
julgado, o valor referente à prestação pecuniária pago ao ofendido será
descontado do total da condenação civil ou penal, ou seja, se em uma ação de
reparação foram coincidentes as partes, o valor pago na indenização penal
pode ser deduzido na ação civil.
A ação civil ex delito está prevista no CP nos artigos 61 e 62.
Nossas instâncias são independentes: pode-se buscar uma ação civil de
reparação de dano mesmo não tendo ainda a sentença penal condenatória.
Esta sentença, após o trânsito em julgado, já fornece o valor mínimo de
indenização.
Prestação inominada
No caso de prestação pecuniária, se houver aceitação do
beneficiário, a prestação pode adquirir outra natureza.
O legislador pensou na exceção, porém esta tornou-se regra.
Hoje a prestação inominada tornou-se o pagamento das cestas-básicas. É
largamente aplicada pela praticidade, porque os juízes sabem que as entidades
estão recebendo as cestas básicas e há possibilidade de fiscalização.
A mão de obra também é uma forma de prestação inominada.
Multa
Consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada
na sentença e calculada em dias-multa, sendo, no mínimo de 10 e no máximo
300 dias multa (art 49). O valor do dia-multa é fixado pelo juiz, leva em conta a
situação econômica do réu. Não pode ser inferior a 1/30 do salário mínimo nem
superior a cinco salários mínimos (§1º 49). A pena de multa não pode ser
inferior a 10 dias multa, ou seja, à remuneração devida por 10 dias de trabalho
com base no salário mínimo, nem superior a 360 dias. Concedeu-se ao juiz a
faculdade de fixar a pena de dias-multa de um terço do salário mínimo a um
teto de 1800 salários mínimos mensais.
O salário a ser considerado á aquele vigente ao tempo de
crime. O valor é atualizado pelos índices de correção monetária, de acordo
com o §2º.
O termo inicial para o pagamento é a data do trânsito em
julgado da sentença para as partes. O pagamento poderá ser feito até 10 dias
após o trânsito em julgado. Os artigos 50 a 53 disciplinam o pagamento.
Cominação
Quanto as penas privativas de liberdade, continuam elas a ter
seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal (art 53).
A pena de multa, prevista em cada tipo legal, tem os limites fixados no artigo 49
e seus parágrafos (art 58), e o mesmo ocorre quando é aplicada em
substituição à pena privativa de liberdade, nos termos dos artigos 44, 58,
parágrafo único, e 60, §2º.
A partir do 54, porém, o CP orevê a cominação e aplicação das
penas restritivas de direitos. Não estão elas cominadas abstratamente para
cada tipo penal, mas são aplicáveis a qualquer deles, independentemente de
cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade
fixada em quantidade inferior à um ano ou nos crimes culposos. É o que
determina o artigo 54. Assim, após aplicada pelo juiz a pena privativa de
liberdade pelo juiz da sentença, conforme cominação específica do crime pelo
qual o réu foi condenado, poderá o magistrado substituí-la pela PRD aplicável
na espécie.
Essa substituição se dá de tal forma que a duração da pena
restritiva de direito é a mesma da pena privativa de liberdade, de acordo com
55.
Somente após o trânsito em julgado da sentença que aplicou a
pena de prestação de serviços ou de limitação de fim de semana é que se
determinará, no juízo da execução, a forma de cumprimento dessas sanções,
ajustadas às condições pessoais do condenado, às características do
estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário.
Permite-se ainda a substituição da PPL pela multa, quando
inferior a um ano.
APLICAÇÃO DA PENA
Circunstâncias do crime
Circunstâncias são dados subjetivos ou objetivos que fazem
parte do fato natural, agravando ou diminuindo a gravidade do crime sem
modificar-lhe a essência.
As circunstâncias legais podem ser genéricas, quando previstas
na parte geral do CP (agravantes, atenuantes e causas gerais de aumento ou
diminuição de pena) ou específicas constantes na parte especial
(qualificadoras e causas especiais de aumento ou diminuição da pena). As
atenuantes e agravantes atenuam ou agravam a pena em índices nçao fixados
expressamente em lei (arts 61 a 67). As causas gerais de aumento ou
diminuição de pena têm previamente demarcado nos correspondentes
dispositivos da parte geral os limites de aumento ou diminuição. Elas podem
ser encontradas nos mais variados delitos e influem no aumento ou diminuição
da pena após terem sido consideradas as circunstâncias juridiciais. As
qualificadoras cominam uma pena mais severa em seus limites.
As circunstâncias podem ser objetivas ou subjetivas. Subjetivas
relacionam-se com o sujeito ativo do crime, estando entre elas os
antecedentes, a personalidade, os motivos do crime, o estado psíquico do
agente. As objetivas dizem respeito a todas aquelas que não se relacionam
diretamente a pessoa do agente, podendo referir-se ao meio usado para a
prática do crime, às consequências do delito, à pessoa da vítima, à ocasião do
fato.
As circunstâncias subjetivas não se comunicam aos demais
agentes, salvo quando elementares.
Circunstâncias judiciais
Artigo 59: O juiz, atendento à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para a reprovação a prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; PPL e multa. Se
for permitida a PPL é substituída por PRD. A pena de multa pode vir isolada ou
pode vir acumulada com a PPL. O juiz escolhe multa ou prisão, baseando-se
nas circunstâncias judiciais.
II- a quantidade de pena aplicável dentre os limites previstos;
após condenado o réu, é vista a quantificação da pena, os limites. É o
momento do cálculo – dosimetria da pena. É o sistema trifásico no qual o juiz
encontra a pena definitiva após as três fases.
III- o regime inicial de cumprimento de PPL; depóis de
encontrada a pena definitiva tem-se que encontrar o regime inicial. Discute-se
no caso das penas de 4 a 8 anos que o regime inicial poderá ser semi-aberto,
dependendo das circunstâncias.
IV- a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por
outra espécie de pena, se cabível. O termo “se cabível” refere-se aos
requisitos. Usa-se o artigo 44 para verificar se cabível, principalmente no inciso
III do artigo 44.
O artigo 59 estabelece a pena base. Ele fala sobre os fins da
pena, determinando que ela seja estabelecida conforme seja necessário.
Menciona-se em primeiro lugar a culpabilidade do agente, pois
graduável pe a censura cujo índice, maior ou menor, incide na quantidade de
pena. A palavra culpabilidade deve levar o julgador a atentar para as
circunstâncias pessoais e fáticas no contexto em que se realizou a ação,
conduzindo-o a uma análise da consciência ou do potencial conhecimento do
ilícito, da exigibilidade de conduta diversa e parâmetros do justo grau de
censura atribuível ao autor do crime. Deve também o julgador observar os
antecedentes, a conduta social (diversos papéis desempenhados junto à
comunidade), personalidade (boa ou má índole, sentido moral do criminoso).
Destacam-se também as circunstâncias referentes ao contexto
do crime.
Os motivos do crime realçam a necessidade de efetuar um perfil
psíquico do delinquente e da causação do crime para uma correta imposição
da pena. O crime deve ser punido em razão de motivos que podem alterar a
pena, apriximando-se do mínimo quando derivam de sentimentos de nobreza
moral.
Quanto às circunstâncias e consequências do crime, inclui-se a
duração do tempo do delito, local (indicador de maior periculosidade), atitude
durante ou pós conduta criminosa (insensibilidade ou arrependimento). As
demais referem-se à gravidade maior ou menor do dano causadoa
Circunstâncias agravantes
Agravam sempre a pena, quando não constituem ou qualificam
o delito, as circunstâncias dos artigos 61 e 62.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma
da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade
pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
É evidente que uma circunstância elementar ou qualificadora
que faz parte da estrutura do tipo básico ou qualificado não pode, ao mesmo
tempo, torná-lo mais grave, pelo princípio do non bis in idem.
Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período
de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos
Há quem veja na reincidência como agravante uma
exacerbação do Direito Penal, entretanto, a pessoa que já foi punida e voltou a
delinquir demonstra que sua conduta criminosa resultou novamente pois a
pena anteriormente aplicada se mostrou insuficiente para intimidá-la ou
recuperá-la.
A lei não diferencia a reincidência quanto às espécies de
crimes, mas faz algumas distinções quanto a outros efeitos. Assim, somente se
impede o sursis (condicional) ao reincidente em crime doloso (art 77, I) e
também não se impede o benefício quando o sentenciado foi condenado
anteriormente somente à pena de multa.
Havendo extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva, não prevalece a sentença anterior para o efeito da reincidência, já
que, nesta hipótese, desaparecemos efeitos da decisão. Tratando-se, porém da
prescrição da pretensão executória, que extingue somente a pena, não fica
excluída a agravante quando do cometimento de novo crime.
De acordo com o inciso primeiro do artigo 64, não prevalece a
condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se
não ocorrer revogação.
O período de provas, que é o período em que o réu fica em
observação, é contado se o reincidente tiver cumprido a pena, ou seja, é
descontado.
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a
autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
não o provocou.
O artigo trata dos dados subjetivos que diminuem a pena. Em
todas as hipóteses descritas no artigo a redução é obrigatória, levando-se em
conta as demais circunstâncias do delito, que podem agravar a sanção. Ao
contrário das causas de diminuição da pena, porém, não se permite a redução
para abaixo do mínimo previsto na lei.
Ao réu menor e ao maior de 70 anos a prescrição é reduzida
pela metade e o maior de 70 recebe o sursis (condicional) quando condenado à
pena não superior a quatro anos.
Prevê o artigo 66 que a pena poderá ser atenuada em razão de
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei. É a circunstância inominada, facultativa e de conteúdo
variável, que permitirá ao juiz considerar aspectos do fato não previstos
expressamente. São exemplos a extrema penúria do autos de um crime contra
o patrimônio, o arrependimento do agente.
FIXAÇÃO DA PENA
A lei regulará a individualização da pena – art 5º XLVI. A pena
será determinada no plano legislativo, no plano judicial e no momento
executório.
É o sistema trifásico de aplicação, conforme o disposto no artigo
68 do CP.
Na 1º fase é fixada a pena base, de acordo com o artigo 59,
estabelecendo a pena entre os limites mínimo e máximo para o ilícito penal,
que determinada a pena aplicada entre as cominadas alternativamente
(reclusão ou detenção, reclusão ou multa, detenção ou multa) como a
quantidade da sanção. No caso da PPL existe um mínimo e um máximo
determinados abstratamente pelo legislador. Ao fixar a pena base ela não pode
ser fixada acima do mínimo só com base nas circunstâncias judiciais.
Em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes, aumentando ou siminuindo a pena em quantidade que fica a seu
prudente arbítrio. As agravantes e atenuantes não podem passar do mínimo e
máximo penal. Estão na parte geral, sendo categorizá-las como genéricas. As
agravantes devem SEMPRE ser fundamentadas.
Na terceira fase aplicam-se os efeitos do aumento da pena e da
diminuição previstos nas causas gerais e especiais nas proporções previstas
nos respectivos dispositivos legais. O aumento e a diminuição podem passar
por cima dos limites ou ficarem abaixo. Havendo concorrência de causas de
aumento ou de diminuição previstas na parte especial, o juiz limitar-se-á a um
só aumento ou a só uma diminuição, prevalecendo a causa que mais aumenta
ou mais diminui
Não é necessária a fixação de uma pena base quando não
houver qualquer circunstância atenuante ou agravante ou causa de aumento
ou diminuição da pena, pois em tais casos a pena base é a própria pena
definitiva.
Incidindo duas qualificadoras do crime, uma deve funcionar para
a fixação da pena base, enquanto outra servirá como agravante comum, para o
cálculo da pena definitiva. Especiamente quando ela também for conhecida
pelo artigo 65.
Não se pode, porém, levar em conta duas vezes uma só
circunstância em face do princípio do non bis in idem. Supondo por exemplo
que o condenado seja reincidente. Essa circunstância já foi levada em conta na
primeira fase, não podendo ser calculada novamente como agravante.
Constituir o crime é uma circunstância agravante que está na
própria definição do crime, integrando o tipo penal, não podendo, neste caso,
ser utilizada, pois caracteriza dupla incidência bis in idem. Ex.: art 61, II, h
crime praticado contra a mulher grávida e artigo 125 – aborto sem o
consentimento da gestante. Se fosse utilizado o artigo 61, II, h seria caso de
bis in idem.
Segunda fase
Parte A: circunstâncias genéricas agravantes: sempre
agravam a pena, não podendo o juiz deixar de levá-las em consideração. A
enumeração é taxativa, de modo que, se não estiver expressamente prevista
como circunstância agravante, poderá ser considerada conforme o caso como
circunstância judicial.
A prevista no artigo 61, I trata da reincidência.
As previstas no artigo 61, II só se aplicam aos crimes dolosos
ou preterdolosos. Não se aplicam aos crimes culposos.
São as seguintes: reincidência; motivo futil; motivo torpe;
finalidade de facilitar ou assegurar a execução, ocultação, impunidade ou
vantagem de outro crime; à traição, emboscada ou dissimulação ou qualquer
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; emprego
de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que
possa resultar perigo comum; contra ascendente, descendente, cônjuge ou
irmão; com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade; com abuso de poder ou violação do dever
inerente a cargom, ofício, ministério ou profissão; contra criança, maior de 60
anos, enfermo ou mulher grávida; quando o ofendido estava sob proteção da
autoridade; em caso de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade
pública ou de desgraça particular do ofendido; em estado de embriaguez pré-
ordenada.
Terceira fase
Parte A: causas de aumento e diminuição genéricas: são
assim chamadas porque estão na parte geral do código. Diminuem as penas
em proporções fixas. Exemplos de causas de diminuição: tentativa, erro de
proibição evitável, semi-imputabilidade. Aumentam também em proporções
fixas como no concurso formal e crime continuado específico. Essas causas
podem elevar a pena além do máximo ou abaixá-la além do mínimo.
Consequência das causas de aumento e diminuição: não
interessa se estão na parte geral ou especial, sempre são levadas em conta na
terceira fase. Ex.: furto simples tentado. A pena do consumado varia de 1 a 4
anos de reclusão. Partindo do mínimo legal de um ano, o juiz, na primeira fase,
consulta o artigo 59 para saber se as circunstâncias são favoráveis ou não ao
agente, em seguida verifica se há agravantes ou atenuantes, na última fase irá
diminuir a pena de 1 a 2 terços em face da tentativa, supondo que, após as
duas primeiras fases, a pena tenha permanecido no mínimo legal, com a
terceira, ela ficará abaixo.
Circunstâncias legais especiais ou específicas: são aquelas
que se situam na parte especial do código. Podem ser qualificadoras, causas
de aumento e diminuição.
As qualificadoras têm a função de alterar os limites mínimo e
máximo da pena. Elas não entram em nenhuma fase. Se elas apenas alteram o
limite da pena, elas precedem as fases de dosagem. Assim, antes do juiz iniciar
a primeira fase de fixação da pena, deve observar se o crime é simples ou
qualificado para saber dentro de quais limites irá fixar a reprimenda.
REINCIDÊNCIA
É a situação de quem pratica fato criminoso após ter sido
condenado por crime anterior, em sentença transitada em julgado.
Trata-se de circunstância agravante genérica de caráter
subjetivo ou pessoal. Alguns afirmam ser duvidosa a constitucionalidade de tal
circunstância obrigatória de aumento de pena, pelo princípio do ne bis in idem,
que se traduz na proibição de dupla valoração fática, que tem seu apoio no
princípio constitucional da legalidade.
É uma circunstância incomunicável.
Contravenção e crime: considera-se crime a infração penal
que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente,
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção,
a infração penal que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples
ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. A diferença limita-se à
pena imposta. Ao crime, aplicar-se-ão penas de reclusão, detenção ou multa;
às contravenções, prisão simples e multa apenas. Contravenção, portanto, é
um fato de menor potencial lesivo para a sociedade.
Requisitos:
1) Objetivos:
a) Qualidade da Pena: deve ser PPL.
b) Quantidade da pena: não superior a dois anos. Em se
tratando de concurso de crimes, não se despreza o acréscimo para efeito de
consideração do limite quantitativo da pena.
c) Impossibilidade de substituição por PRD: a suspensão
condicional é subsidiária em relação à substituição da PPL por PRD, pois só se
admite a concessão do sursis quando incabível a substituição da pena privativa
de liberdade por uma das restritivas de direitos. Assim, quando o juiz
reconhece circunstâncias favoráveis do artigo 59, bem como condições dos
incisos II e III do artigo 44, há a caracterização do direito do subjetivo do réu.
Esse requisito é justificado porque no sursis, operada a revogação do
benefício, o condenado terá de cumprir toda a PPL imposta, um vez que,
durante o período de prova, esta não foi executada, esta foi suspendida
condicionalmente. Ex.: suspensa uma pena privativa de liberdade de dois anso
de reclusão, ocorre a revogação do sursis quando faltavam apenas 2 meses; o
condenado terá de ficar preso pelos dois anos. Na pena alternativa, ao
contrário, o juiz da condenação promove uma substituição: troca a PPL pela
PRD, com isso, cada dia de execução é um dia a menos de pena, de modo que
ocorrendo revogação, o condenado cumpre o que está faltando.
O caráter subsidiário do sursis em relação à pena alternativa, na
prática, aniquilou o sursis, pois como cabe a substituição por PRD quando a
PPL for inferior a quatro anos, e como o juiz pe obrigado a tentar, em primeiro
lugar, essa possibilidade, dificilmente sobrará a hipótese de suspensão
condicional da pena.
O único caso em que caberá sursis, mas não pena alternativa,
será na hipótese de reincidência específica em crime culposo. Artigo 44, § 3º,
parte final.
2) Subjetivos
a) condenado não reincidente em crime doloso. Doloso e
doloso não tem direito a sursis.
b) Circunstâncias judiciais (art 59 do CP) favoráveis: assim,
maus antecedentes impedem a concessão do sursis. O sursis exige a mínima
culpabilidade e boa índole, sendo incabível nos sasos de criminalidade
violenta.
Crime hediondo não cabe sursis.
Espécies de sursis
a) etário: é aquele em que o condenado é maior de 70 anos à
data da sentençça concessiva. Neste caso o sursis pode ser concedido desde
que a pena não ultrapasse quatro anos.
b) humanitário: é aquele em que o condenado, por razões de
saúde, independentemente de sua idade, tem direito ao sursis, desde que a
pena não exceda quatro anos.
c) simples: preenchidos os requisitos mencionados fica o réu
sujeito, no primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no artigo 78,
§ 1º do CP (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fds).
d) especial: o condenado fica sujeito a condições mais
brandas, previstas cumulativamente no artigo 78, §2º do CP (proibição de
frequentar determinados lugares, de ausentar-se da comarca onde reside sem
autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juizo para
informar e justificar suas atividades). Para ficar sujeito a essas condições mais
favoráveis, o sentenciado deve, além de preencher os requisitos objetivos e
subjetivos normais, reparar o dano e ter as circunstâncias judiciais inteiramente
favoráveis.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito: incidente na execução da PPL, consiste em uma
antecipação provisória da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos
e mediante determinadas condições.
Natureza jurídica: direito público subjetivo do condenado de ter
antecipada sua liberdade provisoriamente, desde que preenchidos os requisitos
legais,
Distinção com sursis: no livramento condicional, o
sentenciado inicia o cumprimento da PPL, obtendo, posteriormente, o direito de
cumprir o restante em liberdade. No sursis a execução da pena é suspensa
mediante a imposição de certas condições, e o condenado não chega a iniciar
o cumprimento da pena imposta. No livramento condicional há a necessidade
do início do cumprimento da PPL, e o período de prova corresponde ao
restante da pena, enquanto na suspensão condicional esse período não
corresponde à pena imposta.
Requisitos
Objetivos:
a) pena privativa de liberdade;
b) pena maior de dois anos;
c) reparação do dano (salvo impossibilidade): assim, dispensa-
se, na hipótese de detento pobre, em estado de insolvência. Não se presta ao
preenchimento desse requisito a simples apresentação de certidão negativa de
ação indenizatória. A iniciativa de reparação do dano é do sentenciado, a ele
cabe a satisfação do débito.
d) cumprimento de parte da pena: mais de 1/3, desde que tenha
bons antecedentes e não seja reincidente em crime doloso; mais da metade se
for reincidente, mas não for reincidente em crime doloso; mais de 2/3, se tiver
sido condenado por qualquer um dos crimes descritos na lei dos crimes
hediondos.
Subjetivos:
a) comportamento satisfatório (menos do que bom) durante a
execução da pena. Aqui importa considerar a vida carcerária do condenado,
que deve ser satisfatória, sem empreender fugas ou envolver-se em brigas com
outros detentos. Contudo, as sanções havidas no curso da execução não
impedem a concessão do livramento condicional se o apenado, após ser
devidamente sancionado, demonstra adequado comportamento carcerário.
b) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído: a omissão
do Poder Público de atribuição de trabalho ao condenado não impeden a
concessão do benefício.
c) aptidão para promover a própria subsistência mediante
trabalho honesto;
d) nos crimes dolosos cometidos mediante violência ou grave
ameaça à pessoa, o benefício fica sujeito à verificação da cessação da
periculosidade do agente;
e) nos crimes hediondos não pode ser reincidente específico
(cometer outro crime disposto na lei dos crimes hediondos).
Requisitos procedimentais:
a) Requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou parente em
linha direta, proposta ao diretos do estabelecimento ou do conselho
penitenciário;
b) Relatório minucioso do diretor do estabelecimento penal a
respeito do caráter do sentenciado, suas relações com familiares e estranhos,
sua situação financeira, seus grau de instrução e aptidão para o trabalho;
c) Manifestação do defensor e do Ministério Público;
d) Parecer do Conselho Penitenciário.
Condições do livramento:
Obrigatórias:
a) proibição de se ausentar da comarca sem comunicação ao
juiz;
b) comparecimento periódico a fim de justificar atividade;
c) obter ocupação lícita dentro de prazo razoável.
Facultativas:
a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à
autoridade incumbida de fiscalizar;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.
Judiciais: nada impede que o juiz fixe outras a seu critério.
Suspensão do Livramento
Na hipótese de crime cometido durante a vigência do
benefício – art 86, I: o juiz ordenará sua prisão, ouvidos o Conselho
Penitenciário e o MP, suspendendo a condicional.
Na hipótese de descumprimento das obrigações constantes
da sentença – art 87, 1ª parte: é inadimissível a suspensão da condicional
pelo descumprimento.
Revogação
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou
não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
CRIME CONTINUADO
No campo da realidade não existe, pois adota o princípio da
exasperação penal. A luta do promotor é para que o juiz reconheça. Se o
sujeito praticar muitos crimes, a vida inteira, ele não é beneficiado pelo crime
continuado.
Requisitos
-Condições de tempo;
-Condições de lugar;
-Maneira de execução;
-Outras maneiras.
Decomposição
-Pluralidade de ação ou omissão – semelhança com o concurso
material. Porém aqui a pena é exasperada.
-Prática de dois ou mais crimes de mesma espécie.
No artigo 69 e 70 eram crimes idênticos.
Ficção jurídica: devem os crimes subsequentes ser
considerados crimes únicos quando têm as mesmas condições.
Deve ter liame temporal entre os crimes. Os juristas aceitam até
30 dias.
Entre os crimes deve haver uma relação entre os lugares –
entende-se a cidade como lugar comum.