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10/11/2016 Radiação :: Fisica Medica

Fisica Medica
Radioterapia ­ Herculis Torres
Página inicial > Radiação

Radioatividade
ilhelm Conrad ROENTGEN nasceu em março de 1845 na cidade de Lennep na Alemanha. Aos 23 anos graduou­se em engenharia mecânica, tendo obtido o tÍtulo de doutor pela
Universidade de Zurich. Em 1880 já obtivera reconhecimento internacional por seus estudos sobre os efeitos magnéticos. Em 1894, aos 49 anos de idade, foi escolhido reitor da 

Universidade de Wusburg. Dedicou toda a sua vida acadêmica ao ensino e a física experimental. Homem tímido, reservado e cordial, vestia­se impecavelmente.

 Em 8 de novembro de 1895, sexta feira, quando todos haviam encerrado a jornada de trabalho, Roentgen ao trabalhar com um tubo de raios catódicos, sob os olhares atentos do seu
servente, percebeu a presença de uma luminosidade vinda de um ponto da bancada de trabalho, o servente, em alto estado de excitação, chamou­lhe a atenção: "Professor, olhe a
tela!".

 Notou que a fluorescência brilhante provinha de um écran de cristais de platino cianeto de bário que lá se encontrava acidentalmente. Roentgen percebeu que certamente algum
fenômeno desconhecido excitava a fluorescência. Roentgen girou a tela, de modo que a face sem o material fluorescente ficasse de frente para o tubo de Crookes; ainda assim ele
observou a fluorescência. Foi então que resolveu colocar sua mão na frente do tubo, vendo seus ossos projetados na tela. Roentgen observava, pela primeira vez,  aquilo que passou a
ser denominados raios X.  Substituiu o écran por um filme fotográfico obtendo a imagem de diversos objetos. Em 22 de dezembro ao expor a mão de sua esposa durante 15 minutos
aos raios­x reali

za a primeira radiografia humana.

O parágrafo acima pode ser uma dramatização do que de fato ocorreu naquele dia, mas o fato que a história registra é que esta fantástica descoberta teve estrondosa repercussão, não
apenas na comunidade científica, como também nos meios de comunicação de massa.

Em sua primeira comunicação ­ Sobre Um Novo Tipo de Raios, uma comunicação preliminar ­ publicada em dezembro de 1895, na Alemanha, Röntgen escreveu:

"a mais impressionante característica desse fenômeno está no fato de que um agente ativo (RX) aqui passa através de um cartão preto o qual é opaco aos raios ultra­violeta e visíveis
provenientes do sol ou do ARCO ELÉTRICO. Este agente também tem o poder de produzir uma ativa fluorescência, então resolvemos primeiro investigar a questão sobre quais os
outros corpos que também possuíam essa propriedade. “

Radiação definição
Num sentido amplo, radiação é aquilo que irradia (sai em raios) de algum lugar. Em física, o termo refere­se usualmente a partículas e campos que se propagam (transferindo energia)
no espaço (preenchido ou não por matéria).

A radiação pode ser de natureza corpusuclar (de partículas) ou ondulatória (de ondas).

A radiação de natureza corpuscular é caracterizada por sua carga, massa e velocidade: pode ser carregada ou neutra, leve ou pesada, lenta ou rápida. Prótons, nêutrons e elétrons
ejetados de átomos ou núcleos atômicos são exemplos de radiação particulada.

A radiação eletromagnética é constituída por campos elétricos e magnéticos, o qual varia no espaço e no tempo. É caracterizada pela amplitude (tamanho) e pela freqüência (ou,
alternativamente, pelo comprimento de onda) da oscilação.

A velocidade de propagação da radiação eletromagnética num dado meio é sempre constante, atingindo seu valor máximo no vácuo (cerca de 300.000 km/s). Apesar de não possuir
carga ou massa, carrega energia e momento. A radiação eletromagnética é absorvida e emitida pela matéria em quanta (plural de quantum, palavra grega para "pacote") de energia. As
ondas de rádio, a luz visível e os raios­X são exemplos de radiação eletromagnética.

 A radiação não se sente,não se vê, não provoca quaisquer sensações imediatas na sua presença, mas a radiação provoca cancer e danos no DNA (mutações) que são transmitidos
geneticamente de geração em geração. A radiação provoca morte celular.

                                                        

Tipos de Radiação
Raios­X   
Os raios X utilizados são produzidos por dispositivos denominados de tubos de raios X, que consistem, basicamente, em um filamento que produz elétrons por emissão termoiônica
(catodo), que são acelerados fortemente por uma diferença de potencial elétrica (kilovoltagem) até um alvo metálico (anodo), onde colidem. A maioria
dos elétrons acelerados são absorvidos ou espalhados, produzindo aquecimento no alvo. Cerca de 5% dos elétrons sofrem reduções  bruscas de
velocidade, e a energia dissipada se converte em ondas eletromagnéticas, denominadas de raios X. Os eletrodos estão contidos numa ampola de vidro
onde se fez vácuo, para evitar a sua oxidação. Devido ao processo como são produzidos, são também denominados de radiação de freamento
(bremsstrahlung). É bom observar que, ao se desligar uma máquina de raios X, ela não produz mais radiação e, portanto, não constitui um equipamento
radioativo, mas um gerador de radiação. Qualquer material irradiado por raios X, para  as aplicações mais conhecidas, não fica e nem pode ficar
radioativo. Muito menos os locais onde são  implementadas, como consultórios dentários, salas de radiodiagnóstico ou radioterapia. Raios X de alta
energia podem ser obtidos por freamento de feixes de elétrons de alta energia, produzidos por aceleradores de partícula, ao colidirem com alvos metálicos. Para radiações acima de 10
MeV, efeitos de ativação de materiais podem ocorrer, devido a ocorrência de reações nucleares. Neste caso, a instalação deve ser bem blindada e os cuidados com a radioproteção
mais intensificados.   

Raios­X característicos
São radiações eletromagnéticas de alta energia originadas em  transições eletrônicas do átomo que sofreu excitação ou ionização, após interação. Elétrons das
camadas externas fazem transições para ocupar lacunas produzidas pelas radiações nas camadas internas, próximas do núcleo, emitindo o excesso de energia
sob a forma de raios X. Como as energias das transições são típicas da estrutura de cada átomo, elas podem  ser utilizadas para a sua identificação, numa
técnica de análise de materiais denominada de fluorescência de raios X.

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Radiação beta 
Consiste de um elétron negativo ou positivo emitido pelo núcleo na busca de sua estabilidade, quando um nêutron se transforma em
próton ou um próton se transforma em nêutron, respectivamente, acompanhado de uma partícula neutra de massa desprezível,
denominada de neutrino. Por compartilhar, aleatoriamente, a energia da transição com o neutrino, sua energia é variável,
apresentando um espectro contínuo até um valor máximo. Seu poder de penetração é pequeno e depende de sua energia. Para o
tecido humano, consegue atravessar espessura de alguns milímetros. Esta propriedade, permite aplicações médicas em superfícies da
pele ou na aceleração da cicatrização de cirurgias plásticas ou do globo ocular.

Radiação alfa (α)
É uma radiação constituida de dois prótons e dois nêutrons, carga 2+  e com bastante energia cinética, emitida por núcleos instáveis de elevada massa
atômica. As intensidades e as energias das radiações alfa emitidas por um nuclídeo, servem para identificá­lo numa amostra. Muitos radionuclídeos
naturais como, urânio, tório, bismuto, radônio emitem várias radiações alfa, em suas transições nucleares. As radiações alfa tem um poder de
penetração muito reduzido e uma alta taxa de ionização. Para exposições externas, são inofensivas pois, não conseguem atravessar as primeiras
camadas epiteliais. Porém, quando os radionuclídeos são ingeridos ou inalados, por mecanismos de contaminação natural ou acidental, as radiações
alfa, quando em grande quantidade podem causar danos significativos na mucosa que protege os sistemas respiratório e gastroentestinal e nas células
dos tecidos adjacentes.

Nêutrons (n)
Os nêutrons podem ser produzidos por varios dispositivos como, reatores nucleares, aceleradores de partículas providos de alvos especiais e por fontes
de nêutrons. Neles são induzidas reações nucleares por meio de feixes de radiação [ reações (γ,n), (p,n), (α,n)] , por radioisótopos [reações (α,n) ] ou
por fissão. Os nêutrons são muito penetrantes devido sua grande massa e ausência de carga elétrica . Podem, inclusive, ser capturados por núcleos do
material alvo, tornando­os radioativos.
 

Formas de exposição à radiação
Na realidade vários efeitos podem acontecer quando um indivudo fica exposto a radiação,no entanto tudo depende essencialmente da quantidade (tempo de exposição) e qualidade
(tipo de radiação: mais ou menos ionizante, mais ou menos penetrante, feixe mais ou menos intenso) de radiação a que se esteve exposto, à forma de exposição (fracionada, única,
periódica).

 A correlação entre a exposição à radiação ionizante e os efeitos biológicos induzidos no Homem é alvo de vários estudos e modelos propostos. As curvas de dose­reposta celular são
traçadas com base no efeito biológico observado face à dose fornecida. Geralmente, à medida que a dose aumenta, também o efeito biológico aumenta. Existem basicamente três
tipos de relações entre dose­resposta: linear, linear quadrática e sigmóide.

Os resultados da exposição à radiação podem ser muito distintos, dependendo do tipo de exposição a que se sujeitam os tecidos biológicos. De fato, uma exposição única pode
acontecer num exame de diagnóstico, como um raio­X, ou então num acidente nuclear, como uma explosão num reactor nuclear ou como aconteceu com a Chernobyl. Ocorrem
também exposições fracionadas, como é o caso dos tratamentos de radioterapia, permitindo que as células cancerígenas estejam sujeitas mais vezes, durante a sua fase de divisão, à
radiação. Este tipo de exposição permite ainda que entre exposições consecutivas exista algum tipo de regeneração celular (Ver Radiobiologia). Caso a dose total dada durante as várias
frações fosse dada de uma única vez, a probabilidade de morte seria muito grande. Podem ainda ocorrerexposiçõers periódicas, como em certas rotinas de trabalho com agentes
radioactivos em instalações nucleares. Neste caso, os trabalhadores possuem sempre um dosímetro para monitoração da dose ocuipacional, onde é efetuado o registo da radiação a
que foram sujeitos e o qual esta é feito a uma leitura periódica. Quando a leitura ultrapassa os valores aceites como limites o trabalhador verá as suas ações nas instalações muito
reduzidas sendo proibido de ações sujeitas a algum tipo de radiação.

No entanto, numa exposição podem estar mais sujeitas determinadas partes do corpo. É portanto necessário ter em consideração se a exposição foi de todo o corpo, apenas em
algumas zonas, como por exemplo as mãos no caso de um trabalhador que manipula radionuclídeos ou a zona especifica do corpo num tratamento de radioterapia.

Exposição a diferentes tipos de radiação ionizante 
Apesar do tipo e tempo de exposição influenciar os efeitos da radiação, também o tipo de radiação a que se expõe um dado tecido biológico influencia significativamente os resultados
dessa exposição.

A maioria das práticas com radiações ionizantes envolve sobretudo fotons – raios­X e raios­gama, utilizados nos exames de diagnóstico (radiagrafias, TC) e terapia, (radioterapia,
braquiterapia). As partículas carregadas, como os electrons, normalmente são produzidas em aceleradores lineares ou ciclotrons e são utilizadas em radioterapia. Já as partículas alfa
resultam das emissões dos radionuclídeos utilizados, por vezes, em medicina nuclear. Nas instalações nucleares, para além dos fotons, também existe fluxos de neutrons, provenientes
das reações de fissões dos elementos nucleares.

No entanto o poder de penetração difere de radiação para radiação. Os fotons (raios­X, raios­gama) e neutrons constituem as radiações mais penetrantes e causam efeitos diferentes
consoante a energia, tipo de irradiação e taxa de dose. Os feixes de electrons têm um poder de penetração menor, que pode ir de alguns milímetros a vários centímetros no corpo
humano, que depende essencialmente da sua energia, que é estabelecida no acelerador linear. A radiação beta tem pouco poder de penetração, apenas alguns milímetros no corpo
humano, já as radiações alfa são as menos penetrantes.

Raios alfa Núcleo de He, produzidos por decaimento radioativo, pouco poder de penetração
(< 1mm na água) devido à sua grande massa e carga
Raios Beta Consiste em electrons com grande energia cinética, produzidos por  decaimento
radioactivo, pouco poder de penetração (depende da velocidade, entre 1mm a 1
cm na água).

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Raios Gama Onda electromagnética, produzida por decaimento radioativo, energia superior a
10 KeV, grande poder de penetração.
Raios X Onda electromagnética, produzidos nas transições energéticas de electrons
acelerados, grande poder de penetração.
Neutrons Resultam da fissão nuclear, provocam reações de ionização ao colidirem com
átomos de H, grande poder de penetração
Electrons Produzidos, p.e., num acelerador linear, na fonte de electrons por emissão
termoiónica, com poder de penetração variável, consoante a sua energia, que
atinge vários centímetros no tecido biológico

Uma vez que os diferentes tipos de radiação têm diferentes poderes de penetração é estabelecido um fator de ponderação da radiação
(WR) que tem em conta este comportamento. Esse fator é utilizado no cálculo da dose efetiva . Na tabela seguinte estão apresentados os

diferentes valores de , fator adimensional, que são estabelecidos pelo ICRP­International Comission on Radiological Protection. Estão
comparados os valores apresentados no ICRP60 e no ICRP103, publicado em 2007, que veio substituir o anterior.

Tipo de radiação (Alcance de energia) WR ICRP 60 WR ICRP 103

 
Fotons (todas as energias) 1,00 1,00
Electrons e Muons (todas as energias) 1,00 1,00
Neutrons de 5,00  
energia:                                <10keV
10keV a 100keV 10,00  
> 100keV a 2MeV 20,00 Função contínua  (Gráf.1)
> 2MeV a 20MeV 10,00  
> 20MeV 5,00  
Protons carregados 5,00 2,00
Partículas alfa, Fragmentos de fissão e 20,00 20,00
ions pesados
 

Interação da radiação com a matéria
Os principais fenômenos de interação das radiações eletromagnéticas (raios X e gama) com a matéria são:

­ Efeito fotoelétrico;

­ Efeito Compton ou espalhamento Compton;

­ Produção de Pares

A probabilidade de interação depende da energia do fóton incidente, da densidade do meio, da espessura do meio e do número atômico do meio.

O Efeito Fotoelétrico

Esse fenômeno ocorre quando um fóton interage com um elétron orbital transferindo para ele toda sua energia. Parte da energia é utilizada para ejetar o elétron (ionização) e o restante
é carregado pelo elétron em forma de energia cinética. Nessa interação o fóton desaparece e o átomo é ionizado, os espaços das camadas internas são preenchidos pelos elétrons das
camadas externas, ocorrendo assim, radiação característica.

Este efeito físico é característico em elétrons da camada mais interna (camada K) nos átomos e os raios X característicos produzidos são considerados uma radiação secundária
(espalhada).

O Efeito Compton

Na interação Compton, os raios X transferem para os átomos alvo parte de sua energia, o fóton colide com o elétron mas não causa sua ejeção, apenas faz com que o elétron vibre
dentro de seu orbital. Nessa interação, o fóton continua a se propagar depois de interagir com o meio, desviado de sua trajetória e sofrendo espalhamento (radiação secundária).

A Produção de Pares

Uma das formas predominantes de absorção da radiação eletromagnética é a produção de par elétron­pósitron. Este fenômeno ocorre quando fótons de alta energia (superior a 1,022
MeV) passam perto de núcleos com número atômico elevado, interagindo com o forte campo elétrico nuclear.

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Controle de Qualidade
Garantia da Qualidade
20/04/2011 15:31

  Um programa de garantia da qualidade é pré­requisito essencial quando objetivamos tratamento radioterápico com elevada precisão. Neste programa devem ser estabelecidos os
procedimentos com sua freqüência e níveis de tolerância que serão monitorados pelo físico médico. A medida da exatidão é...

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