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Turma : E2
Matéria : Educação Civica
Direito à Autodeterminação
1. Direito à autodeterminação............................................... 3
1.1 Direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação....... 4
1.2 Contexto internacional...................................................... 5
1.3Comunidade internacional................................................. 7
1.4Principais interessados........................................................9
1. Direito à Autodeterminação
O direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação e do modo
como esse direito foi respeitado ou negado, particularmente pela comunidade internacional.
O direito à autodeterminação é um direito humano fundamental e inalienável. Dá corpo
ao artigo 1º dos dois principais instrumentos sobre direitos humanos, (o Pacto Internacional
sobre os Direitos Cívicos e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos,
Sociais e Culturais), dada a sua importância para a ordem internacional e para a protecção dos
direitos individuais. O Tribunal Internacional de Justiça reconheceu o direito à autodeterminação
como um dos direitos humanos mais importantes e como “preocupação de todos os Estados”. 1
A autodeterminação é fundamental, já que é o direito colectivo de um povo a ser senhor
de si próprio. A luta para exercer este direito acima de qualquer outro foi a questão central do
período de mandato da Comissão. Este período teve início em 1974, com a decisão da potência
colonial de reconhecer esse direito, após 14 anos de recusa e terminou em 1999, com a decisão
da potência ocupante de o reconhecer, após 24 anos de recusa. Durante esse período, o povo
de Timor-Leste fez sacrifícios extraordinários para alcançar este direito. Era essencial para a
sobrevivência, identidade e destino de Timor-Leste.
Analisa o modo como os governos e instituições internacionais mais
importantes cumpriram as obrigações, acordadas a nível internacional, de proteger e promover o
direito à autodeterminação do povo de Timor-Leste. Incluem-se aqui os três principais
interessados na questão – Portugal, Indonésia e Austrália – assim como o Conselho de
Segurança das Nações Unidas e os seus cinco Membros Permanentes, ou seja a China, a
França, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos da América. O Japão é igualmente
analisado, já que era membro eleito do Conselho de Segurança nos anos cruciais de 1975 e
1976 e o principal parceiro económico regional da Indonésia. O capítulo analisa também o papel
importante desempenhado pelo Vaticano, assim como o contributo decisivo para o exercício da
autodeterminação dado pelos diplomatas e pela diáspora de Timor-Leste, em parceria com a
sociedade civil internacional.
1.1 Direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação
O direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação foi clara e formalmente
reconhecido pela comunidade internacional. O Conselho de Segurança e a Assembleia Geral
das Nações Unidas afirmaram repetidamente, a partir de 1960, a existência deste direito e a
responsabilidade de todos os Estados de o respeitarem.2 O reconhecimento deste direito afirmou
a legitimidade da causa timorense no direito internacional e traçou uma linha clara de
demarcação em relação a outras reivindicações, contestadas, de autodeterminação por parte de
outros povos.
A autodeterminação é um direito colectivo de que dispôem “todos os povos” a definirem
o seu destino. Este direito conferiu três elementos ao povo de Timor-Leste: a) decidir livremente
sobre o seu estatuto político; b) levar livremente a cabo o seu desenvolvimento económico,
social e cultural; e c) dispor livremente da sua riqueza e recursos naturais.
O direito à autodeterminação conferiu ao povo timorense a capacidade de pôr fim à sua
situação colonial, levando-o a escolher livremente entre a independência, uma associação livre
com um Estado existente ou a integração num Estado existente. Esta decisão teria
necessariamente de ser tomada pelo povo, mediante a expressão livre e genuína da sua
vontade. Para que possa ser aceite e válida internacionalmente, a decisão de um povo
relativamente ao seu futuro tem de ser o resultado de um processo informado, justo e
democrático, livre de intervenções e ameaças externas, realizado de forma imparcial e sob
supervisão, de preferência, das Nações Unidas. Dado que este direito pertencia colectivamente
ao povo de Timor-Leste na sua totalidade e não a um grupo específico, o seu exercício tinha de
ser igualmente representativo. O povo de Timor-Leste tinha igualmente o direito a lutar pela
autodeterminação e a procurar e obter apoio para essa luta. Os Estados tinham o direito de
responder a essas solicitações de assistência moral e material.* Os Estados não podem invocar
que a preparação política, económica, social ou educativa é inadequada como pretexto para
adiar a independência.. O direito do povo timorense à autodeterminação engloba ainda o direito a ser
livre de qualquer subjugação estrangeira e a determinar livremente o tratamento e utilização dos
seus recursos naturais.
1.2 Contexto internacional
A comunidade internacional acordou os princípios e procedimentos que deviam nortear a
descolonização do Timor português mas, na década de 1970, muitos governos-chave adoptaram
sobre esta questão uma abordagem diferente da que adoptaram nos finais da década de 1990.
Nos anos 70, um certo número de factores externos pesou negativamente sobre os
interesses de Timor e respectivo desenvolvimento processual. Incluem-se aqui as preocupações
com conflitos ideológicos sem precedentes a nível internacional e crises internas, com vários
graus de importância, em países que estavam envolvidos mais de perto com Timor-Leste. Estas
questões tiveram, só por si, uma imensa importância e afectaram inúmeras vidas humanas.
Contudo, tiveram também impacto sobre Timor-Leste pois desviaram as atenções sobre a
questão e matizaram as atitudes oficiais, se é que não as distorceram.
A questão dominante na época era a Guerra Fria. Esta era a rivalidade aberta, embora
contida, que se criara depois da Segunda Guerra Mundial entre, por um lado, os Estados Unidos
da América e os seus aliados no Ocidente e, por outro, a União Soviética e os seus aliados, até
ao colapso da União Soviética (URSS), em 1991. Esta rivalidade Leste-Oeste foi uma disputa
ideológica entre os sistemas comunista e capitalista mas foi, também, de ordem comercial e
militar. Dividiu a Europa, e o símbolo mais visível desta divisão foi o Muro de Berlim, que isolava
Berlim Ocidental de Berlim Oriental e da Alemanha de Leste, sob controlo comunista. Dividiu
também o Terceiro Mundo, depois de este se ter transformado num palco para a competição
entre as superpotências na sequência da criação de um equilíbrio de poder na Europa. A União
Soviética surgia como a campeã da descolonização. Esta competição não resultou em conflito
militar directo entre os EUA e a URSS, mas envolveu acções militares e guerras por países
interpostos em várias zonas do globo, incluindo a região asiática. A rivalidade gerou grandes
tensões que se repercutiram a todos os níveis da sociedade em muitos países e influenciaram a
opinião pública sobre muitos assuntos. Deu também origem a despesas militares avultadíssimas
e a uma corrida ao armamento que incluiu o incremento de mísseis e de armas nucleares e que
pôs em perigo o futuro do mundo. A comunidade internacional dividiu-se em blocos – Oriental,
Ocidental e Não Alinhados – em torno desta questão e votou várias vezes nas Nações Unidas
mais por considerações geopolíticas do que pelos méritos do assunto em apreço.
Neste contexto, os avanços comunistas na Ásia, que culminaram em 1975 com a derrota
dos Estados Unidos da América no Vietname e as vitórias comunistas no Laos e no Camboja,