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v. 32 n. 65
2º quadrimestre 2017
1
Revista da Escola Superior de Guerra. — Revista da Escola
v. 32, n. 65 (maio/ago.) 2017 – Rio de Janeiro: ESG, 2017. Superior de Guerra
Comandante
General de Exército
Décio Luís Schons
Subcomandante
Vice-Almirante
Carlos Frederico Carneiro Primo
Chefe do Centro de Conhecimento Cientifico e Cultural
General de Brigada
Amauri Pereira Leite
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alexander Zhebit Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro
(UFRJ)
Prof. Dr. Andrés de Castro García Universidad Ibero Americana Santiago, Chile
Prof. Dr. Antonio Jorge Ramalho da Rocha Universidade de Brasília (UnB) Brasília – Distrito
Federal
Profª. Drª. Carolina Sancho Hirane Escuela de Gobierno y Geston de la Lima, Peru
Universidad de Chile
Prof. Dr.Eduardo Munhoz Svartman Universidade Federal do Rio Grande do Rio Grande do Sul
Sul (UFRGS)
Prof. Dr. Eli Alves Penha Universidade do Estado do Rio de Rio de Janeiro
Janeiro (UERJ)
Prof. Dr. Eurico de Lima Figueiredo Universidade Federal Fluminense (UFF) Rio de Janeiro
Prof. Dr. Fernando da Silva Rodrigues Universidade Salgado de Oiveira Rio de Janeiro
Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira Da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro
(UFRJ) Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ)
Prof. Dr. Guilherme Sandoval Góes Escola Superior de Guerra (ESG) Rio de Janeiro
Universidade Estácio de Sá (UNESA)
Prof. Dr. Héctor Luis Saint Pierre Universidade Estadual Paulista (UNESP) Franca – São Paulo
Profª. Drª. Jaqueline Santos Barradas Escola Superior de Guerra (ESG) Rio de Janeiro
Prof. Dr. Jorge Calvario dos Santos Universidade Federal Fluminense (UFF) Rio de Janeiro
Escola Superior de Guerra (ESG)
2
Prof. Dr. José Miguel Arias Neto Universidade Estadual de Londrina (UEL) Paraná
Prof. Dr. Marcos Aurélio Guedes de Oliveira Universidade Federal de Pernambuco Pernambuco
(UFPE)
Profª. Drª. Maria Celia Barbosa Reis da Silva Escola Superior de Guerra (ESG) Rio de Janeiro
Universidade da Força Aérea (UNIFA)
Prof. Dr. Roberto Benavides Vizcardo Universidad San Martin de Porres Lima, Peru
Prof. Dr. Sérgio Luiz Cruz Aguillar Universidade Estadual Paulista (UNESP) Marília – São Paulo
Prof. Dr. Valdimir Pirró e Longo Universidade Federal Fluminense (UFF) Rio de Janeiro
Prof. Dr. Wanderley Messias da Costa Universidade de São Paulo (USP) São Paulo
Editor Científico
Professor Doutor Jorge Calvario dos Santos
Editora Executiva
Professora Doutora Maria Célia Barbosa Reis da Silva
Editores Assistentes
Jamylle de Almeida Ferreira
Ana Patrícia Guimarães
Assistente de Revisão
Thais Cristina Andrade dos Passos
Foto da Capa
Ilha Fiscal - Rio de Janeiro - RJ / Alex Uchoa
Editorial 9
ARTIGOS CIENTÍFICOS
Reis Friede
6
A RECONFIGURAÇÃO DA AMÉRICA LATINA SOB O ESQUEMA DE SEGURANÇA
DO “PAX AMERICANO” NO SÉCULO XXI: O CASO DA ALIANÇA PACÍFICA 161
7
8
Editorial
9
Costa dissertam acerca do atual paradigma tecnológico militar e a importância
da inovação tecnológica no Setor Defesa para a formulação do poder de
combate de uma Nação. Nascimento e Costa expõem o quanto o tripé – Ciência,
Tecnologia e Inovação (CT&I) – influencia na forma de o Estado fazer guerra. O
artigo nomeado As fronteiras do Estado: violência, milícias, crime organizado e
políticas de segurança pública em áreas socialmente vulneráveis, de Gilberto de
Souza Vianna e Pedro H. Villas Bôas Castelo Branco, aborda outro tipo de conflito
que, apesar de aparentemente interno, tem repercussões e interações que vão
além das fronteiras do município e do estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Essa
violência envolve áreas socialmente vulneráveis e atores que atuam nesse espaço
como milicianos, traficantes, e outros que vivem sob o jugo de meliantes, sem a
proteção do Estado.
Os dois textos ulteriores têm como liame desenvolvimento, aquisições
de material (ou armamentos) de defesa e modernização das Forças Armadas.
O quinto artigo – Políticas & Aquisições de Defesa – uma análise histórica da
parceria estratégica França-Brasil nos séculos XX e XXI é extrato da tese de
Doutorado recém-defendida por Fernanda das Graças Corrêa. A autora pretende
examinar as relações históricas entre França e Brasil na área de Defesa, desde
as missões de instrução, aquisição de blindados até a entrada do Brasil nas eras
supersônica, missilística e de asas rotativas, e determinar em que momento da
história as relações franco-brasileiras se configuraram como parceria estratégica.
No artigo posterior, O emprego dos Astros 2020 e sua subordinação: uma opção
viável, produzido por Haryan Gonçalves Dias, o autor destaca a modernização do
Exército e discorre sobre o Projeto Astros 2020, “uma plataforma de lançamento
de mísseis e foguetes de excepcional capacidade de prestar o apoio de fogo”.
O sétimo artigo, La reconfiguración de América latina bajo el esquema de
seguridad de la “Pax Americana” en el siglo XXI: el caso de la Alianza del Pacífico, é
uma colaboração acadêmica de María del Pilar Ostos Cetina, escrita especialmente
para nosso periódico. A autora mexicana analisa, sob a mira geopolítica, a
configuração contemporânea da América Latina “a partir dos mecanismos de
defesa e segurança que foram estabelecidos pelos Estados Unidos sobre a região
que considera como sua ‘ilha continental’”.
O último artigo – O Brasil e as Operações de Paz, assinado por Ricardo
Freire e Marcos Cardoso dos Santos, remete a uma ação que se interliga com
os demais temas desenvolvidos neste número da Revista da Escola Superior de
Guerra: Relações Internacionais, Estratégias de Guerra, Diplomacia, Segurança
e outros. Esse estudo ainda considera a presença de militares em países que
necessitam de apoio após enfrentar situações-limite. Freire e Santos escrevem
10
O Islã e a Civilização Ocidental: Reflexões de Interesse Preliminar ao Estudo do Fenômeno do Terrorismo
RESUMO
Este artigo se propõe a analisar a relação existente entre o islamismo e o terrorismo.
Adota-se perspectiva diferente da comumente praticada pela civilização ocidental.
Com o intuito de propor uma sistematização para o estudo elencado tem-se,
inicialmente, a apresentação do objetivo e da técnica de pesquisa utilizada. A
seguir, define-se a taxonomia empregada, assim como aspectos associados à
limitação metodológica. À continuação, são apresentados o referencial teórico e a
base conceitual da pesquisa. Expõem-se aspectos históricos e culturais associados
ao surgimento e à expansão do Islã ao longo do tempo. Na sequência, aborda-se a
percepção da civilização ocidental acerca do islamismo. Posteriormente, é realizada
uma análise voltada para se identificar a relação existente entre o terrorismo e o
islamismo. Na última seção, é realizada uma síntese da imagem do Islã no mundo
ocidental e sua relação com a atividade terrorista.
Palavras-Chave: Estudos de Defesa, Conjuntura Internacional, Islamismo,
Terrorismo.
ABSTRACT
This article aims to analyze the relation between the Islamism and the terrorism.
The perspective adopted is different than the one commonly practiced by Western
civilization. Therefore, in order to propose a systematization for the chosen study,
this article is structured in the following configuration: initially, this work’s objective
and used research technique are presented. Then the taxonomy employed is
____________________
* Major de Cavalaria. Exército Brasileiro. Curso de Comando e Estado-Maior do Exército. Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Contato: sodrecav99@gmail.com
** Major de Infantaria. Exército Brasileiro. Doutorando em Ciências Militares (Programa de Pós-
graduação em Ciências Militares). Docente do Instituto Meira Mattos (ECEME). Pesquisador do
Laboratório de Estudos de Defesa (LED/ECEME). Contato: capanselmo98@ig.com.br
***Coronel de Cavalaria. Exército Brasileiro. Doutor em Ciências Militares. Doutor em Administração.
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Militares (ECEME). Pesquisador do
Laboratório de Estudos de Defesa (LED/ECEME) e do Centro de Investigação e Desenvolvimento
do Instituto Universitário Militar (CIDIUM). Contato: eduardomigon@gmail.com
RESUMEN
Este artículo se propone a analizar la correlación existente entre el islamismo y el
terrorismo. La perspectiva adoptada por él és distinta de aquella comúnmente practicada
por la civilización occidental. Así, con el intento de proponer una sistematización para
el estudio considerado, este artículo se estructura de la siguiente manera: en primero
se presentan el objetivo y la técnica de pesquisa empleada en este trabajo. Para esto,
se muestran inicialmente la técnica de propósito y de investigación utilizados en
este trabajo; a continuación, la dama se define la taxonomía, centrándose en citar
las limitaciones metodológicas; siguiente se presentan el marco teórico y el principal
concepto que sirve de base para esta pesquisa; sin interrupción, el surgimiento de la
religión islámica, su expansión mientras el tiempo y la percepción de la civilización
occidental del Islam son todas abordadas; a la continuación, se hace un análisis en
que se busca identificar la relación existente entre el terrorismo y el islamismo. Al
final, se hace una síntesis de la imagen del Islam en el mundo occidental y se busca
aclarar la relación entre Islamismo y terrorismo.
Palabras Clave: Estudios de Defensa, Coyuntura internacional, Islamismo,
Terrorismo.
1 INTRODUÇÃO1, 2
que essa religião possui com o terrorismo. Para realizar essa análise, essa pesquisa
adota a concepção do terrorismo como referencial teórico, bem como assume três
pressupostos que serão os norteadores desse estudo e que servirão para atingir
o objetivo anteriormente proposto, quais sejam: 1) comportamentos e costumes
do islamismo, 2) papel da mulher no islamismo e 3) relação do islamismo com o
terrorismo.
Assim sendo, verifica-se que o homem busca, desde tempos imemoriais,
explicações para a sua existência e seu papel no planeta e no universo. Mesmo a
evolução do pensamento e do conhecimento científico, o progresso tecnológico e a
expansão da capacidade de pesquisa e percepção da Humanidade não conseguiram
todas as respostas para as perguntas que sempre norteiam a preocupação humana:
quem efetivamente é o homem? De onde surgiu a espécie humana? Como surgiu o
universo conhecido?
Por conta disso, o ser humano desenvolveu uma característica peculiar, um
sentimento, um fenômeno, de difícil definição, que é uma das expressões máximas
da complexidade de seu intelecto: a fé, inexplicável, mas, assim mesmo, presente
até mesmo naqueles que não a possuem.
Em diferentes tempos, com diferentes referências e bases, e em distintas
dimensões, homens e mulheres desenvolveram a crença em um, ou mais, ser(es)
superior(es) que desempenha(m) o(s) papel(eis) de mestre(s) de tudo, e a cada um
destes arcabouços de crenças se chamou religião.
Por conta do papel que a fé e a religião desempenham em sua vida, é natural
que, a sua maneira, cada fiel demande o respeito que julga pertinente ao seu Deus.
Esta é também uma das razões pela qual, muitas vezes, é difícil que se estabeleça
um diálogo isento e produtivo em torno desta questão, envolvida em toda a sorte de
paixões. Muitas vezes, ainda, desta dificuldade de diálogo e convivência, surgiram
conflitos e violência, desencadeados entre seguidores de diferentes religiões ou
entre diferentes vertentes de uma mesma religião.
Modernamente, o Ocidente, conjunto civilizacional herdeiro da tradição
greco-romana, que, da Europa, espalhou seu legado para diversas partes do mundo,
sofre mais influências do ramo de religiões denominadas abraâmicas: o Judaísmo, o
Cristianismo e o Islamismo. De uma forma geral, todas elas têm sua fé baseada na
crença que um único ser superior: Javé, Deus ou Alá, respectivamente.
Cada uma delas tem um registro escrito desta mensagem divina, reunida na
Torá pelos judeus, na Bíblia pelos cristãos e no Alcorão pelos muçulmanos. A Bíblia
e o Alcorão guardam semelhança em parte de sua narrativa tanto entre si quanto
com a Torá, mais antigo dos três registros. Estes registros serviram de fonte para
construir nações e países, organizando a vida das sociedades.
Ademais, cumpre acrescentar outro fenômeno histórico, social e filosófico
que moldou a cultura ocidental de forma decisiva: o Iluminismo. Os iluministas
foram pensadores de diversas áreas científicas que lograram colocar na base do
2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção promove um debate sobre o principal termo que serve de lente
conceitual para a consecução da presente pesquisa, qual seja: terrorismo. Em
vista disso, esse conceito será debatido sob múltiplos enfoques com o intuito de
evidenciar distintas percepções, bem como destacar a complexidade da definição
Até hoje, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas não conseguiu
chegar a um consenso sobre a definição do termo, e o Brasil somente o fez em seu
ordenamento jurídico interno, em 2015, por conta da pressão internacional feita
em consequência dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ocorridos em 2016.
Procurando buscar aspectos comuns no terrorismo, Schimd e Jongman
realizaram uma pesquisa na qual analisaram 109 definições sobre o fenômeno do
terrorismo. Nesse estudo, os mesmos puderam chegar a algumas conclusões, tais
como: 1) 83,5% dessas definições enfatizaram a força e a violência como aspectos
inerentes ao terrorismo; 2) 65% dessas definições relacionaram esse fenômeno com
a política, 3) 51% dessas definições destacaram a presença do medo no terrorismo;
e 4) 47% dessas definições relacionaram o terrorismo com imposição da ameaça às
pessoas. (SCHIMD e JONGMAN, 2005).
Em vista desses resultados, a pesquisa realizada por Schimd e Jongman
apresenta dois aspectos interessantes, quais sejam: 1) a enorme quantidade de
definições sobre terrorismo, totalizando 109 conceitos distintos; e 2) mesmo com
essa quantidade, características como violência, força, política e medo estiveram
presentes, pelo menos, em mais de 50% dessas definições.
Com essas definições e distintos pontos de vista, pode ser verificada a grande
variedade conceitual que existe na literatura mundial acerca desse assunto. Com
isso, ficou claro o quão difuso é o conceito, pois se trata de um fenômeno que possui
múltiplas finalidades, distintos pontos de vista, os quais tornam a compreensão
complexa. Ademais, destaca-se que aspectos como violência, força, política e medo
são comuns na atividade terrorista.
outros tantos politeístas, estes últimos mais comuns nas tribos do deserto. Neste
ambiente, em Meca, nasceu Maomé, em 570 d.C., filho de uma família de menor
importância do clã dos Coraixitas, um dos mais poderosos da cidade. Criado em
uma família de comerciantes, Maomé seguiu a tradição da família, levando uma
vida cheia de viagens. Aos vinte e cinco anos, casou-se com uma viúva rica, para
quem estava trabalhando, mais velha que ele, Khadija, e passou a tocar os negócios
dela e de seu associado, e mais tarde melhor amigo, Abu-Bakr. (DEMANT, 2015).
Quando tinha mais ou menos quarenta anos, ele voltou do deserto descrevendo
uma visão que havia tido sobre uma mensagem divina, trazida pelo Arcanjo Gabriel.
Maomé não entendeu totalmente o que estava acontecendo, mas Abu-Bakr, e,
principalmente, Khadija, foram as duas primeiras pessoas a acreditar na autenticidade
do que Maomé falava, instigando-o a perseverar em suas visões. Eles se tornaram,
assim, os dois primeiros convertidos à nova fé, o Islamismo ou, simplesmente, o Islã,
palavra que, em Árabe, quer dizer submissão (HOURANI, 1994).
Nesse sentido, o Alcorão sentencia que os primeiros versos que o Arcanjo
Gabriel mandou Maomé recitar foram os seguintes: 1) Lê em nome de teu Senhor
que tudo criou; 2) Criou o homem de um coágulo de sangue; 3) Lê que teu Senhor é
generoso; 4) Que ensinou o uso do cálamo; e 5) Ensinou ao homem o que este não
sabia (ALCORÃO, SURA 96).
Diante desse cenário, Maomé aceitou seu papel de profeta e passou a pregar
a nova fé, incomodando aqueles que, em Meca, lucravam com as caravanas de
peregrinos que vinham visitar as imagens de diversas divindades e que estavam
reunidas ao redor da Caaba3. Temendo por sua vida, Maomé fugiu para a cidade
de Iatreb, que passou a ser conhecida como al-Medina4. Este evento passou a ser
conhecido como Hégira5, marcando o ano zero do calendário muçulmano (KAMEL,
2007).
Assim, Medina passou a ser a primeira comunidade organizada sob as leis do
Islã, os convertidos passaram a ser conhecidos como muslimin6. Aqueles cidadãos
que se recusaram foram expulsos ou exterminados.
No ano cinco da Hégira, os clãs de Meca, inclusive o Coraixita, cercaram
Medina com tropas mais numerosas que as de Maomé, eram cerca de dez mil
adversários contra três mil seguidores. Entretanto, seguindo o conselho de um
persa que vivia em Medina, Maomé mandou construir uma trincheira em torno da
cidade (estratagema desconhecido pelos árabes daquele tempo) (DEMANT, 2015).
3 Meteorito de trinta centímetros de diâmetro considerado, ainda hoje, sagrado, por se acreditar
que ele veio do próprio paraíso (DEMANT, 2015).
4 Expressão que significa a cidade em árabe.
5 Palavra em árabe que quer dizer migração (DEMANT, 2015).
6 Palavra em árabe que é o plural do caso oblíquo muslim, derivado de mussulmen e mussulman.
Disponível em: https://en.oxforddicctionaries,com/definition/muslimin Acesso em; 29 de junho
de 2017.
mesmos estão autorizados a bater nelas (ALCORÃO, SURA 4). Nota-se que, conforme
a interpretação oficial, encontra-se de forma explícita a superioridade do homem
sobre a mulher com o predomínio do uso da força física e pelos encargos de que
está investido, e não em matéria de honra. Está também colocado que, no caso da
punição física, deve-se ter o cuidado de bater suavemente, não se atingindo a face
ou as partes mais sensíveis da mulher.
Por mais retrógrada que possa parecer tal visão, há que se levar em conta o
tempo em que houve a Revelação8. Antes dela, como mencionado anteriormente
neste mesmo artigo, a sociedade árabe era patriarcal ao extremo e, na verdade, ao
colocar que o homem deve bater na mulher, a lei divina restringiu-lhe um direito
já que, provavelmente, àquela época, lhe era autorizado tirar a vida de sua mulher
sem que lhe fosse imputada punição alguma.
Outros trechos da mesma sura demonstram claramente a ideia progressista
do Alcorão como, por exemplo, as regras de amparo e proteção a órfãos e órfãs,
que, sem uma figura forte que guardassem seus direitos, eram presas fáceis para
aproveitadores, não só na Arábia, mas também na Europa (onde a proteção aos
órfãos era um dos deveres principais das ordens de Cavalaria).
Para o Islã, a mulher é a fonte da sexualidade, sendo a responsável por seduzir
os homens e desviá-los do caminho do bem (semelhante ao pecado original, em
que Eva influenciou Adão). Guardar a virtude delas, isto é, sua virgindade quando
solteira e sua fidelidade quando casada, é questão de honra para os homens da
família, numa acepção muito parecida com a do sexto mandamento - “Não pecar
contra a castidade”.
Em muitos países islâmicos, a mulher adulta só sai do harém de sua casa
(harém deriva de harrama, palavra árabe que deu origem a haram, que quer dizer
proibido), região onde somente entram os homens que com ela não podem se casar,
em duas ocasiões: para seu casamento e para o seu enterro. Evidentemente, a vida
moderna e suas dificuldades vêm tornando cada vez mais raro que este dispositivo
seja integralmente seguido, uma vez que somente famílias abastadas podem se
dar ao luxo de dispensar as mulheres de trabalhar. Assim, mesmo as mulheres das
cidades (as do campo sempre tiveram que colaborar com o trabalho e desfrutaram
de maior liberdade) estão tendo que flexibilizar a tradição, mais ou menos como
ocorreu no esforço de trabalho para a II Guerra Mundial.
Ainda sobre as mulheres e seu tratamento, verifica-se uma grande dificuldade
em se separar o que é um traço religioso daquilo que é um traço cultural e comum
nas sociedades de todo o planeta. Não faz sentido colocar a ocorrência de atos
violentos contra mulheres em países islâmicos (dos quais não estão disponíveis
estatísticas confiáveis) inteiramente como um comportamento originado na
religião professada. Deve-se levar em conta, por exemplo, a própria realidade
8 Como os muçulmanos chamam a visão de Maomé acerca dos desígnios de Alá (DEMANT, 2015).
no texto corânico como o povo do Livro, presente na Sura 03. Eles são descritos
como pessoas a quem se pode confiar, mas de quem se deve guardar cuidado,
uma vez que podem trair os preceitos de Alá por não crerem na Revelação sendo
considerados em sua maioria perversos. Os judeus, inclusive, são descritos como
os descaminhados. Mas, na mesma Sura 03, no verso 113, o Alcorão diz que não
são todos iguais, havendo uma parte dos judeus e cristãos que constitui uma
comunidade reta e são íntegros.
Mas, mesmo assim, o Terrorismo parece prosperar com mais força entre os
muçulmanos, com atentados a bomba e fuzilamentos de civis em locais públicos.
Diversas pessoas no Ocidente consideram esta onda terrorista do século XXI uma
ameaça às conquistas da civilização Ocidental, como a Democracia, os Direitos
Humanos e as Liberdades Civis. Para estas pessoas, o principal alvo é a civilização
ocidental e seus cidadãos. Esta é uma premissa difícil de se justificar porque alguns
argumentos contestam sua validade, enfraquecendo-a.
Em 2015, dois atentados na França chocaram o mundo: o assassinato de
integrantes do jornal satírico francês Charlie Hebdo e o massacre a tiros na boate
Bataclan. Somando-se os dois, o total de mortos fica em torno de 150 (cento e
cinquenta) pessoas. Por mais que não se queira quantificar uma vida humana, em
novembro de 2015, houve um atentado suicida com três homens-bomba em um
subúrbio xiita de Beirute, na hora em que os fieis saíam da oração da tarde, onde
morreram mais de 250 (duzentas e cinquenta) pessoas, não houve cobertura
significativa da mídia, mobilizações em mídias sociais ou algo semelhante.
Com efeito, são os próprios muçulmanos as principais vítimas dos ataques
perpetrados pelos radicais. Em 2015, os cinco países com maior número de ataques
terroristas foram o Paquistão, o Afeganistão, o Iraque, a Síria e a Nigéria, tendo
concentrado mais de 70% de todos os ataques terroristas de acordo com estudo
conduzido pelo Departamento de Estado dos EUA. Destes cinco, em apenas um,
na Nigéria, os alvos foram em sua maioria cristãos, nos outros quatro a parte da
população que não professa a fé muçulmana é pouco significativa, e a maior parte
das vítimas dos extremistas são outros muçulmanos. Reforçando esse aspecto, o
Quadro nº 2 apresenta a quantidade de atentados terroristas nos países ocidentais
e nos países não ocidentais entre 2001 e 2016:
De acordo com o GTD, de 2001 a 2016, ocorreram 9.032 (nove mil e trinta
e dois) atentados terroristas em algum país do Ocidente, dos quais 3.667 (três mil
seiscentas e sessenta e sete) foram realizados na Europa Oriental, que foi a região
com o maior número de ocorrências no âmbito dos países ocidentais. O Gráfico nº
1 apresenta a ocorrência de atentados terroristas nos países ocidentais e nos países
considerados não ocidentais sob outra perspectiva:
O gráfico anterior indica que a localização dos ataques não pode ser usada
como dado a consubstanciar o argumento de que o alvo é a civilização ocidental.
Os números mostram que a participação dos países ocidentais no que diz respeito à
territorialidade, como alvo de atentados terroristas é pequena, em torno de 9% do
número total de ataques. Dando sequência a investigação de atentados terroristas
e sua ligação com o islamismo, serão apresentados os números de atentados
terroristas e sua ligação com a religião islâmica.
O Quadro nº 4 revela que entre 2001 e 2016, dos 98.773 atentados terroristas
que ocorreram no mundo, apenas 3,24% possuíram alguma ligação religiosa,
tornando-se mais insignificante essa correlação. A seguir, o Gráfico nº 3 apresenta
esses mesmos dados sob outra ótica:
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2007.
GOFAS, Andreas. “Old vs. New Terrorism: What’s in a Name?” Uluslararasi Iliskiler,
v. 8, n. 32, p. 17-32, 2012.
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Tradução de Samir El Hayek. 13. ed. São Paulo: MarsaM Jornalística, 2004.
HOFFMAN, Bruce. Inside Terrorism. Chapter one - Defining Terrorism, p. 1-42. New
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Paulo: Companhia das Letras, 1994.
PAPE, Robert. The Strategic Logic of Suicide Terrorism. American Political Science
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Georgetown University Press, p. 46-73, 2004.
WEBER, Max. Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 2001.
NEGLIGÊNCIA ESTRATÉGICA
NA POLÍTICA DIPLOMÁTICA COM A COREIA DO NORTE
Reis Friede*
RESUMO
O presente artigo analisa a política diplomática estadunidense em relação à Coreia
do Norte. Traçando uma breve retrospectiva histórica, busca relembrar que a crise
norte-coreana teve sua gênese na Guerra da Coreia, salientando que a atuação
(ou a falta desta) por parte dos líderes norte-americanos acerca da região desde
aquele período é uma das causas do atual momento crítico em escala global. Por
fim, procura demonstrar que a solução para o imbróglio (aparentemente menos
difícil de se resolver do que a Questão Iraniana) passaria por uma necessária aliança
estratégica com a Rússia e a China.
Palavras-chave: Coreia do Norte. Crise Coreana. Política Diplomática Estadunidense.
Negligência Estratégica. Aliança com China e Rússia.
ABSTRACT
This article analyzes US diplomatic policy in relation to North Korea. In a brief
historical retrospective, it aims to bring to mind that the North Korean Crisis had
its genesis in the Korean War and to emphasize that the actuation (or the lack of it)
of the US leaders in the region since that period is one of the causes of the critical
moment on a global scale. To conclude, it seeks to demonstrate that the solution to
the imbroglio (apparently less difficult to solve than the Iranian issue) is a necessary
strategic alliance with Russia and China.
Key Words: North Korea; Korean Crisis; US Diplomatic Policy; Strategical Negligence;
Alliance with China and Russia.
período es una de las causas del actual momento crítico a escala global. Por último,
procura demostrar que la solución para el imbróglio (aparentemente menos difícil
de resolver que la cuestión iraní) pasaría por una necesaria alianza estratégica con
Rusia y China.
Palabras clave: Corea del Norte. Crisis de Corea. Política Diplomática Estadunidense.
Negligencia estratégica. Alianza con China y Rusia.
1. INTRODUÇÃO
2. A PROBLEMÁTICA CONTEMPORÂNEA
foi feito a respeito10 (notadamente pelo próprio “desvio de foco”, em função dos
conflitos do Afeganistão, a partir de 2002, e do Iraque, a partir de 2003).
Com a subsequente posse de Barack Obama11, em 2009, o aprofundamento
10 A Inércia Estratégica de Kennedy nos Primeiros Momentos da Crise dos Mísseis de Cuba
Não existe nenhuma dúvida plausível de que a repetição de erros históricos é um dos caminhos
mais curtos para o desastre. Em julho de 1962, o General Le May informou ao presidente
Kennedy que a União Soviética estava concluindo, em Cuba, a instalação de moderníssimas
plataformas de lançamento de mísseis de defesa aérea (SAM) SA-2 Guideline, de idêntico
modelo que, em 1959, havia derrubado o até então imbatível avião espião norte-americano
U2, aprisionando o seu piloto Gary Powers. Tal fato ocorreu mais de três meses antes da
famosa Crise de Outubro de 62, quando os mísseis balísticos de alcance intermediário (IRBM’s),
posteriormente estacionados em Cuba, ainda não representavam uma ameaça real, posto que
ainda distantes de sua operacionalidade efetiva.
A resposta de Kennedy foi de que nada deveria (ou poderia) ser feito em se tratando de mísseis
de defesa aérea. De pouco adiantou as repetidas advertências de Le May no sentido de que tal
iniciativa de Moscou (com amplo apoio cubano) implicava em um projeto muito mais amplo, e
que era (exatamente aquele) o momento adequado (pois as forças soviéticas em Cuba ainda não
representavam uma ameaça real) de se tomar uma medida (preventiva) verdadeiramente eficaz,
objetivando neutralizar uma futura (e grave) ameaça que se vislumbrava no horizonte próximo.
A inércia estratégica de Kennedy (que sequer redobrou de forma contundente e expressiva
a cobertura de reconhecimento estratégico sobre a ilha, limitando-se a um tímido aumento
de voos de U-2 e a um contundente discurso “vazio” no sentido de que “exercia permanente
vigilância” sobre Fidel Castro), rendeu ao mundo simplesmente a pior crise que, por pouco,
quase conduziu a um holocausto nuclear. E, curiosamente, a história parece repetir os erros
do passado, pois acaso em 2002, antes da primeira detonação atômica ocorrida em 2006,
os norte-americanos tivessem tomado medidas adequadas (como, por exemplo, as severas
sanções econômicas que, aplicadas em 5 de agosto de 2017, pelo Conselho de Segurança da
ONU, reduziram em um terço as exportações norte-coreanas, ceifando os cofres de Pyongyang
em aproximadamente U$ 1 bilhão) contra a Coreia do Norte, com toda certeza o mundo
não se encontraria na atual situação de extremo perigo para a paz mundial. Todavia, - e não
obstante toda a sorte de considerações e ponderações que se possa fazer a respeito do assunto
-, tal como no passado, ainda é menos arriscado agir com firmeza de propósitos, através da
implantação de um poderoso embargo econômico contra Coreia do Norte, do que simplesmente
não agir, permitindo, - por imperdoável omissão estratégica -, que este país complete todo o
ciclo tecnológico (inclusive obtendo a bomba de hidrogênio, infinitas vezes mais ameaçadora
que o armamento atômico disponível) e os reais meios de lançamento confiáveis, como a
capacidade de transporte do armamento (ogiva minituarizada), o necessário veículo de reentrada
atmosférica, e os sistemas de precisão e guiagem indispensáveis para a real confiabilidade do
armamento em termos militares, tornando, por fim, plenamente operacional uma ameaça
termonuclear balística de alcance global.
11 A Ingenuidade Irresponsável de Barack Obama e o Sedutor Poder de seu Carisma
Resta curioso observar a extremamente perigosa sedução do poder do carisma.
Se as origens do problema norte-coreano remontam ao governo de GEORGE W. BUSH e, em
menor medida, ao do próprio Bill Clinton, certamente ainda poderiam ser plenamente resolvidos
durante o governo de Barack Obama (2009 - 2016).
Muitos estudiosos acreditam equivocadamente que Barack Obama foi muito habilidoso em
resolver o problema nuclear do Irã. Nada mais falso, pois, em essência, ele apenas adiou um
problema que se tornará muito mais grave no futuro, com consequências imprevisíveis para a
estabilidade e a segurança internacional.
Porém, na questão coreana, é obrigatório reconhecer que a irresponsabilidade estratégica
de Obama se constituiu no elemento chave que conduziu a esta sorte de acontecimentos
desastrosos (e a esta verdadeira sinuca) em que o mundo e, em especial, os Estados Unidos se vê
40 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 37-60, maio/ago. 2017
Negligência Estratégica na Política Diplomática com a Coreia do Norte
uma conjuntura que, nos dias presentes, claramente limita (ou mesmo impede) a
(natural) opção militar pelo atual presidente republicano, Donald Trump13.
e fracassos em política externa, muitas vezes reconhecidos pelos próprios mandatários que,
voluntariamente, recusaram uma segunda indicação para a disputa da correspondente reeleição
presidencial (Truman, com o mais baixo índice de aprovação da história americana: 22%, no
período de 1945-52 e JOHNSON no período de 1963-68; lembrando que ambos sucederam
presidentes anteriores que vieram a falecer durante seus respectivos mandatos) ou que,
simplesmente, não a obteriam ou efetivamente não a obtiveram (Kennedy 1961-63 e Carter
1976-80). As únicas exceções à regra são exatamente as experiências mais recentes, incluindo
justamente os (reconhecidamente) carismáticos Clinton (1993-2000; com seus encantos de
“moralidade alternativa” e “aventuras sexuais adolescentes”) e Obama (2009-16; com seu
cativante idealismo; autêntica ingenuidade e contagiante capacidade de construir utópicas
esperanças).
Por efeito, muito longe de se poder menosprezar o poder do carisma, devemos, ao reverso,
ficar permanentemente atentos às armadilhas deste sedutor e sutil poder e, especialmente, do
encantamento que o mesmo pode produzir em nossas mentes, confundindo perigosamente a
necessária correção (no sentido da imprescindível precisão, exatidão, retidão e justeza) de nosso
julgamento.
13 A Crise dos Mísseis de Cuba de 1962
Muito embora seja sempre arriscado fazer qualquer tipo de paralelismo histórico, considerando
que a dinâmica dos acontecimentos, ao longo do tempo, jamais se repete de igual forma, é, no
mínimo, desafiador não deixar de perceber uma certa similitude entre a atual Crise dos Mísseis
Norte-Coreanos com o famoso episódio da Crise dos Mísseis de Cuba de outubro de 1962.
Não obstante toda sorte de críticas que se possa fazer à postura do Presidente Kennedy, - que,
em última análise logrou ter conseguido (de fato) a remoção dos mísseis IRBM’s, permitiu,
contrapartida, o estabelecimento em definitivo de uma área de influência soviética no hemisfério
ocidental -, a verdade é que a atual inércia estadunidense, em relação a questão nuclear norte-
coreana, permitindo que aquela nação venha a obter mísseis balísticos intercontinentais (ICBM’s)
dotados de ogivas termonucleares com possibilidade de alcançar o território norte-americano, de
muitas formas, é uma ameaça (até mesmo) mais perigosa do que aquela enfrentada no passado,
tendo em vista que, de forma diversa da ameaça cubana, os mísseis de Kim Jong-Un não estarão
sob a tutela de uma superpotência, em um contexto mais simples de bipolaridade confrontativa,
mas, ao reverso, em uma nova e desafiadora geopolítica global, que será construída através
da introdução de um novo protagonista simplesmente imprevisível e que, sobretudo, parece
desconhecer (ou, no mínimo, não outorgar grande importância) as regras clássicas da deterrência
estratégica que, até o presente momento, asseguraram a paz mundial.
Porém, isso não quer dizer, necessariamente, que não haja solução para a
crise coreana.
Ainda que seja cediço reconhecer que o período de autêntica liderança norte-
americana (no mundo) tenha se encerrado, mormente após o governo de George
Bush (pai), em 1992, uma relativa (e incontestável) proeminência (de capacidade
estratégica) estadunidense, – em todas as dimensões do poder nacional (militar,
econômico, político e psicossocial) –, continua a existir, permitindo aos Estados
Unidos da América EUA um grande (e inexorável) poder de influência (global) em
relação a todos os demais países.
Por via de consequência, resta conclusivo que muito ainda pode ser feito
pelos (EUA) a respeito do tema (dispensando-se, entretanto, o emprego de
retórica imprudente e inútil14, sendo certo que, não obstante a crise coreana seja
mais urgente, ela é, em certo aspecto (curiosamente) muito mais simples (de ser
resolvida) e bem menos desafiadora do que a questão iraniana e jihadista (de modo
geral) que se encontram, em seu âmago, umbilicalmente associadas às denominadas
Novas Guerras, que possuem (inovadores) componentes transnacionais (tornando,
inclusive, fluidos os conceitos básicos de povo e território) e transideológicos
(rompendo a concepção de ideologia, em sua tradução clássica).
(...); porque Eisenhower levou cidades norte-coreanas pelos ares (...); foi o que acabou com a
guerra (...)”.
No mesmo sentido, Kissinger sempre alertava que “(...) os comunistas contavam com uma
estratégia de baixo custo, consistente em um conflito prolongado, com o objetivo de produzir
muito mais uma derrota psicológica do que militar aos Estados Unidos” (ibidem, p. 159),
relutando-se em aceitar a tese de que “um poder de quarta categoria, como o Vietnã do Norte,
não tivesse um ponto de ruptura” (ibidem, p. 159).
Todavia, foi, conforme mencionado, a sua persistente fixação com os índices de aprovação de
seu governo frente à opinião pública (somente mais tarde ele viria a exteriorizar a consciência
pela existência de uma “maioria silenciosa”), - objetivando viabilizar sua reeleição -, mais do que
qualquer outro fator, o elemento fundamental que permitiu os eventos desastrosos na Indochina
(e, por via de consequência, a afirmação última in casu do fenômeno da Assimetria Reversa).
15 A Arriscada Aposta de XI JINPING
A China arrisca, a médio e longo prazos, uma resposta independente, tanto do Japão como
da Coreia do Sul (no sentido de se rearmarem, inclusive com armas nucleares) complicando,
sobremaneira, seu planejamento estratégico (e, consequentemente, suas ambições globais) no
contexto do xadrez geopolítico da primeira metade do século XXI.
A aposta da China (e, em parte, também da Rússia) continua sendo, portanto, na (conveniente)
inércia norte-americana (em relação à Coreia do Norte) e na continuada capacidade
estadunidense de conter (em favor, neste aspecto, de interesses chineses) os impulsos
autônomos nipônicos e sul-coreanos, em favor de um ambicioso projeto de Pequim de se
constituir, em um horizonte próximo, em um genuíno (e sinérgico) pólo de poder global,
rivalizando, - direta e verdadeiramente -, com os EUA.
Esse é, por via de consequência, um dos “calcanhares de Aquiles” da China que pode, - se bem e
inteligentemente articulado por Washington -, ser negociado na crise norte-coreana, criando as
condições para a sua dissolução conclusiva.
20 A Única e Verdadeira Arma de que Dispõe KIM JONG-UN no atual Tabuleiro Político Mundial
A única (e verdadeira) arma de que o mandatário norte-coreano Kim Jong-Un dispõe, - a
exemplo do que sucedeu com Cuba, no início do regime de Fidel Castro -, é justamente a
capacidade de manietar o ambiente político-internacional, explorando, em seu beneficio (e da
manutenção de seu regime) a rivalidade sino-estadunidense. E é exatamente esse jogo, que,
no passado, permitiu uma extraordinária sobrevida ao (então) cambaleante regime cubano (e
em surpreendente desfavor dos líderes americano, que acabou sendo assassinado, e soviético,
que encerrou sua carreira em prisão domiciliar, pouco tempo depois do episódio da Crise
dos Mísseis) que os EUA não podem se permitir participar, viabilizando (em desfavor de seus
interesses nacionais e da própria segurança internacional) a perpetuação de um regime que,
em muitos aspectos, está com os dias contados (ainda que formalmente possa continuar
a existir no espectro temporal convencional), particularmente se um embargo econômico
internacional for plenamente efetivado, com o correspondente isolamento total daquele país.
21 A Ilha de Guam
Guam é uma pequena ilha (e a principal do arquipélago das Marianas) no Oceano Pacífico
(com aproximadamente 58 quilômetros de extensão e 19 de largura) em seus pontos mais
distantes), que se tornou parte integrante do território norte-americano em 1898, após a
vitória estadunidense no conflito com a Espanha (que a tomou dos portugueses em 1565, e
que, por sua vez, a descobriram, por obra do navegador lusitano Fernão De Magalhães, em
1521).
A ilha (de 543km²) possui status político de território não-incorporado aos EUA (com 162 mil
habitantes, todos cidadãos americanos, - sendo 40% da etnia indígena chamorro -, dotado de
governo autônomo, governador eleito, Poder Legislativo local e delegados, sem direito à voto
na Câmara Federal dos EUA), abrigando três instalações militares, com um efetivo total de
aproximadamente 4.000 homens, incluindo a Base da Força Aérea de Andersen (com dotação
permanente de bombardeiros B-52G, dentre outros meios aéreos) e a Base Naval de Guam,
distando cerca de 3.400km da Coreia do Norte.
Após o fechamento das instalações militares (Base Aérea de Clark e Base Naval de Subic
Bay) nas Filipinas em 1992, passou a ostentar redobrada importância estratégica, sendo
considerada o “porta-aviões” fixo e permanente dos EUA no Pacífico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito embora não haja dúvidas de que a Coreia do Norte vê os EUA como uma (real) ameaça
à sua existência (e, neste sentido, consciente que, para ser levada a sério, precisa de um
poder crível de dissuasão militar), resta evidente que KIM JONG-UN (ou, no mínimo, os líderes
militares daquela nação), tem plena consciência de que, por absoluta impossibilidade de
utilização das armas que vêm sendo construídas, um embargo econômico, em curto espaço de
tempo, destruiria a economia norte-coreana, fazendo sucumbir, gradativamente, o regime que
tanto deseja sobreviver.
Há, portanto, inconteste espaço de negociação, - para pôr termo à crise coreana (e para a
imperiosa administração do confronto de interesses antagônicos) -, desde que a China e a
Rússia assegurem a necessária credibilidade que, lamentavelmente, os EUA deixaram de
ostentar, mormente quando, através de suas inconsequentes ações de desestabilização do
Oriente Médio, estabeleceram uma verdadeira (e condenável) anti-pedagogia na geopolítica
global.
celebrado, “(...) este se encontra distante de ser o melhor compromisso, porque os iranianos
poderão continuar a produzir urânio (...); e o problema apenas seria adiado”, ao passo que o
mesmo, sob a ótica dos reais interesses (escusos) dos Aiatolás, consoante preleciona YOSSI
Melman, “acabaria por remover qualquer justificativa para um ataque imediato aos locais
nucleares iranianos”, como, em essência, deseja Teerã.
Nesse contexto analítico, parece-nos, portanto, obrigatório concluir que o acordo celebrado ficou
muito distante daquele que, através de termos e compromissos inequívocos (e perfeitamente
comprováveis), encerrasse, em definitivo, o programa nuclear iraniano, com todas as suas
inevitáveis consequências, considerando que qualquer outro tipo de ajuste, como o que foi
celebrado, sempre permitirá um programa paralelo secreto que inevitavelmente conduzirá,
mais cedo ou mais tarde, ao desenvolvimento e à aquisição de armas nucleares por parte do
renascido Império Persa.
Com o propósito de se construir uma melhor cognição contextualizante, cumpre, ainda, destacar
pronunciamento do ex-Secretário de Defesa Robert Gates (mentor inicial da equivocada tese
de se estabelecer um acordo nuclear com o Irã), para quem “o único meio de não ter um Irã
nuclear é fazer o governo iraniano entender que sua segurança diminui ao possuir tais armas,
em vez de reforçá-la”, o que, convenhamos, é uma afirmativa surpreendente (em seu âmago), à
luz de todas as evidências, não apenas no sentido de ser esdrúxula e absolutamente incorreta,
mas, com toda certeza, totalmente desconectada com qualquer lógica argumentativa razoável
[até porque foi o próprio governo Obama que - após a celebração de um efetivo acordo que
conduziu à completa destruição de toda a infraestrutura líbia destinada à construção futura
de um arsenal nuclear - incentivou e auxiliou militarmente a derrubada do regime de Muamar
Kadafi.
É por demais evidente que as lideranças iranianas, infladas de extremistas (ou simpatizantes),
sabem muito bem que, ao contrário desta percepção ingênua, o peso relativo (e a própria
estabilidade política) do regime xiita (e seu correspondente prestígio regional e mesmo
internacional) aumentará imensamente com a posse de armas termonucleares e seus
respectivos meios de lançamento estratégicos.
Pensar de modo diverso, expressa não somente uma autêntica e preocupante dissonância
cognitiva, como ainda materializa um absurdo hiato entre o desejo projetativo e a realidade
observável, posto que não há qualquer divergência significativa, entre os mais sérios e
respeitados especialistas em segurança internacional, no sentido de que a única forma efetiva
de não ter um Irã nuclear é impedir, - inclusive, se necessário, com o emprego do poderio
militar aeroespacial norte-americano -, que este País obtenha tais armas.
O acordo obtido e tão festejado pela miopia cegante de Barack Obama chega a beirar o
absurdo do inacreditável, uma vez que não prevê sequer a destruição da infraestrutura
construída clandestinamente, o que permitirá ao Irã, em 10 anos, se cumprir os exatos termos
do ajuste, ou em muito menos tempo, se o fizer ao arrepio dos seus termos, a obtenção da
bomba atômica. E, pior, os recursos econômicos para tanto (que outrora inexistiam) vão ser
liberados, segundo os termos do pacto celebrado, imediatamente.
Ainda que muitos autores, como Siegfried Hecker (Universidade de Stanford), continuem a
defender que o acordo celebrado tenha sido “um avanço imenso” ao prever (ainda que com
comprovação, no mínimo, duvidosa) que o Irã deixe de produzir plutônio, um subproduto do
urânio empregado em mais de 95% das cerca de 15.000 ogivas nucleares ainda existentes
no planeta e que é muito mais barato e fácil de fabricar em relação ao urânio (cujo processo
de purificação para o uso bélico é extremamente difícil e dispendioso), resta importante
esclarecer, todavia, que o Irã, pelos termos do acordo, apenas aceitou refazer o projeto do
Complexo de Arak, originalmente destinado a produzir plutônio, limitando, na prática, a
produção deste material em quantidades não mais suficientes para produzir, a curto prazo,
um artefato nuclear; porém, não sepultou, por completo, tal objetivo, deixando, como bem
reconheceu o próprio autor, “esta opção em aberto para o futuro” (Folha de São Paulo,
19/09/2015, p. 5).
Por outro lado, muito embora o cerne do acordo, segundo o ex-Presidente Barack Obama,
tenha sido a verificação e não a confiança, o texto de Viena estabelece que uma comissão
conjunta (e não a AIEA) deve analisar os pedidos de visita às instalações mais sensíveis, e que o
prazo de análise (para eventual e posterior aprovação) deverá ter duração de 24 dias. Só então
serão abertas as portas para os inspetores da AIEA, o que, como bem adverte David Miller
(ex-assessor do Departamento de Estado/EUA) “é tempo suficiente para realizar manobras
suspeitas e ocultar rastros” (Veja, 22/7/15, p. 65).
Não obstante seja cediço reconhecer que todo erro de política externa norte-americana
enseje, tenha ensejado e venha a ensejar consequências irreversíveis para esta nação, - não
somente em termos de projeção do poderio militar, mas também (e fundamentalmente) de
credibilidade política frente à Comunidade Internacional -, cumpre destacar, neste diapasão
analítico, que ter errado no Iraque (em que se acreditou, em 2003, equivocadamente existirem
armas de destruição em massa com potencial nuclear), - mesmo com o preço da perda de
quase 5.000 soldados -, foi (e continua sendo) muito menos gravoso do que ter errado, alguns
anos antes (1998), no muçulmano e instável Paquistão (onde absolutamente nada se fez
para impedir o acesso à tecnologia e a incorporação, em seus arsenais, de mísseis balísticos
dotados de ogivas nucleares, com graves riscos de serem os mesmos, direta ou indiretamente,
desviados para os mais diversos “terroristas de plantão”) e, mais recentemente, na Coreia do
Norte (2006), caracterizando a grave crise (e a verdadeira encruzilhada) que o governo Donald
Trump se vê envolvido.
24 A Ascensão Autônoma das Potências Regionais Aliadas a Washington
Embora surpreendentemente tal fato não tenha ocorrido, por reconhecida “negligência
benigna” dos aliados estadunidenses que continuam a confiar, muitas vezes por conveniência
econômica, na decadente liderança norte-americana, a ascensão autônoma das potências
regionais, - Japão e Coreia do Sul, no Extremo Oriente; e Arábia Saudita, Egito e EAU, no
Oriente Médio -, é uma realidade (presumível) que, na ausência de uma radical mudança na
política externa norte-americana, acabará se materializando, mais cedo ou mais tarde, no
horizonte geopolítico da primeira metade do século XXI.
25 O Equívoco de Israel
Israel, muito provavelmente, cometeu um dos mais graves erros de avaliação estratégica, no
que concerne à denominada questão do Irã: confiou e, em uma decisão reconhecidamente
pouco refletida, simplesmente, delegou a solução de um problema vital para sua segurança (e
para o destino do Oriente Médio) ao (cambaleante) aliado estadunidense.
Se por um lado, nunca houve dúvidas razoáveis sobre a evidente intenção belicista do Irã, por
outro não há, a esta altura, qualquer dúvida, séria e isenta, que não aponte a inevitabilidade
do ingresso do Irã no seleto grupo de nações dotadas de armas nucleares, inclusive com
capacidade estratégica, uma vez que é de amplo conhecimento o desenvolvimento, por este
país, de um Míssil Balístico Intercontinental – ICBM.
Vale lembrar, por oportuno, que o próprio Comandante da Guarda Revolucionária Iraniana,
Gen. Massoud Jazayeri, - em crescente prestígio na hierarquia política da sociedade persa
-, tem afirmado textualmente que o Irã possui um plano de dissuasão estratégica “que
deixaria o inimigo arrependido se lançasse um ataque contra o país”, tendo sido um dos
principais responsáveis e incentivadores do desenvolvimento de mísseis de defesa e ataque
(particularmente, os sistemas recentemente instalados no Estreito de Ormuz), destacando-
se, inclusive, como um dos protagonistas no apoio à celebração de um acordo com o
Zimbábue para o fornecimento de urânio in natura para o enriquecimento projetado a 90%,
necessário para a construção de armas nucleares. Dentro deste mesmo contexto analítico,
o Gen. James Cartwright, segundo na hierarquia do Estado-Maior das Forças Armadas
estadunidenses, revelou recentemente ao Congresso Nacional Americano que em no máximo
três anos o Irã possuirá, de forma plenamente operacional, Mísseis Balísticos de Alcance
Intermediário (IRBMs), capazes de atingir Israel e, em no máximo cinco anos Mísseis Balísticos
Intercontinentais (ICBMs), capazes de atingir os EUA, ambos dotados de ogivas nucleares
(o Irã já possui IRBM’s operacionais com ogivas convencionais), considerando o alcance da
reconhecida assistência técnica norte-coreana (no que concerne à transferência de tecnologia
dos vetores e design de ogivas) e o indireto auxílio russo na área de transferência de tecnologia
nuclear (finalisticamente para funções pacíficas), habitualmente desviado para fins militares
pela liderança política iraniana. Aliás, no que concerne especificamente à Rússia, vale registrar
que este País mantém, em relação ao Irã, uma política, no mínimo ambígua. Ao mesmo
tempo que não deseja desencadear uma corrida armamentista no Oriente Médio e armar um
País com um “radicalismo islâmico contagiante” que poderia, em futuro não muito distante,
causar-lhes sérios problemas em suas regiões de população muçulmana (ex vi: Chechênia),
por outro lado, igualmente, deseja preservar os expressivos lucros com as vendas de armas
sofisticadas (e tecnologia nuclear: ressalte-se, por oportuno, que somente a Usina de Bushehr,
no Golfo Pérsico, injetou nos cofres russos US$ 1 bilhão) que tanto têm preocupado os EUA,
como os moderníssimos mísseis terra-ar (SAM)S-300, - que, desde 2005, tiveram suas entregas
adiadas sucessivas vezes por pressões americanas -, e que com toda a certeza, dificultariam,
sobremaneira, um ataque aéreo preventivo israelense ou mesmo estadunidense].
O conhecido resultado (pífio) da tão propalada Cúpula de Líderes em Washington sobre
Segurança Nuclear, ocorrida em 2010, neste sentido, não somente comprovou a absoluta
ingenuidade do ex-presidente Barack Obama,- como, aliás, bem asseverou o próprio Mahmoud
Ahmadinejad -, mas, igualmente a reconhecida aposta equivocada de Israel em confiar
incondicionalmente no aliado norte-americano e em sua (suposta e continuada) disposição de
desempenhar a função de garantidor do status quo e, consequentemente, da paz mundial e,
em particular, do Oriente Médio.
Aliás, em uma rápida análise, constata-se, com relativa facilidade, que os EUA nunca se
qualificaram propriamente na condição de um aliado histórico incondicional de Israel,
conforme tanto se divulga aos quatro ventos. Muito pelo contrário, em todas as situações
em que a sobrevivência do Estado judeu esteve efetivamente em jogo, foi o heroísmo de seu
próprio povo, - e sua admirável e indeclinável determinação -, mais do que qualquer outro
motivo, que fizeram prevalecer os interesses hebreus.
Poder-se-ia argumentar, em contraposição crítica, que foi o (suposto) apoio decisivo do Pres.
Richard Nixon que permitiu a vitória militar de Israel na Guerra de Yom Kipur, em outubro
de 1973. Porém, tal fato (incontestável para muitos) está longe de corresponder a absoluta
ações isoladas de Israel, em 1981, que pôs termo às ambições nucleares de Sadam Hussein
e, mais recentemente, em 2007, às idênticas intenções Sírias), mais uma vez não era e nunca
foi sensato “delegar” uma missão que deveria ter sido desempenhada através de uma ação
liderada por Israel (que contaria com importantes alianças de conveniência com os Estados
Sunitas do Golfo Pérsico e, em particular, com o apoio da Arábia Saudita), - especificamente
no caso do Império Persa, imediatamente quando a mesma se apresentou como um desafio
real (e o Irã ainda não havia se preparado tão efetivamente suas defesas) -, não obstante todas
as dificuldades operacionais (distância geográfica, complexidade e dispersão de alvos, entre
outras) que a empreitada sempre sinalizou existir.
É importante frisar que, muito embora Israel não possua bombardeiros estratégicos,
em seu inventário, a FAI dispõe, em seus arsenais, de versões especializadas dos caças-
bombardeiros F-15E Strike Eagle e dos caças táticos F-16D (Block 50/52) Fighting Falcon,
nomeados, respectivamente, F-15I Ra’am (Trovão), - dotados com equipamentos de ataque
estratégico, tais como o radar AN/APG-70 com capacidade de mapeamento de terreno; suíte
de avionics para guerra eletrônica, produzida pela indústria israelense, SPS-21100; maior
peso de decolagem e alcance ampliado (4.450km) e com capacidade de transportar 11 ton
de armamento -, e F-16I Sufa (Tempestade), - baseado no F-16ES – Enhanced Strategic e
também equipado com radar com capacidade de mapeamento do terreno (AN/APG-68); suíte
de avionics israelense com possibilidade de lançamento de mísseis de longo alcance (stand-
off) e alcance ampliado (4.200km) -, ambos dotados de capacidade de reabastecimento em
vôo e desdobrados em 127 unidades (102 F-16I e 25 F-15I), sendo certo que, além desses
importantes vetores aeronáuticos, sabidamente Israel dispõe de VANT’S de longo alcance (mais
de 7.000km), como o IAI Heron TP (Eitan), com capacidade de transportar até 1 ton, que, não
obstante, possuir como função primária missões de inteligência, vigilância e reconhecimento,
poderiam ser rapidamente adaptados para missões de ataque, além de Mísseis Balísticos
de Alcance Intermediário (IRBM’s) Jericho II (inclusive dotados de ogivas nucleares) que
poderiam, - utilizando ogivas convencionais de alto explosivo -, com sistemas de guiagem com
precisão CEP (Circular Error Propality) inferior a 30 metros, atingir as instalações nucleares
iranianas. Também, é de amplo conhecimento que Israel adquiriu, da Alemanha, Submarinos
classe Dolphin com capacidade (adaptada) de lançamento de Mísseis Balísticos ou de Cruzeiro
(SLBM/SLCM’s), que ampliaram, sobremaneira, a capacidade estratégico-militar de Tel Aviv.
Não obstante, todo este reconhecido potencial militar, e ainda que a destruição dos principais
locais nucleares iranianos conhecidos, - a instalação de água pesada de Arak e as fábricas de
enriquecimento de urânio em NATANZ (semelhante ao complexo sírio de Al Kibar) e em QOM
(esta última ocultada da AIEA) -, sempre tenha se constituído em uma empreitada altamente
complexa, na atualidade parece-nos, todavia, uma tarefa simplesmente impraticável,
considerando não somente o desdobramento de sofisticados mísseis de defesa aérea (SAM) e
de uma sofisticada rede complementar de meios anti-aéreos, como, particularmente, o fato de
que toda a operação necessita da permissão de sobrevôo sobre território iraquiano (em função
da imprescindibilidade do uso, sobretudo, dos caças-bombardeiros F-15I e, ainda, dos F-16I),
hoje sob jurisdição autorizativa de Washington, um improvável defensor de uma ação militar
conjunta ou mesmo isolada de Israel contra o Irã. Também, em necessária adição, convém
ainda lembrar que o Irã se constitui, nos dias atuais, em uma reconhecida “Potência Balística”,
- em decorrência do desdobramento dos diversos Mísseis Balísticos de Alcance Intermediário
(IRBM’s) dotados de ogivas convencionais e químicas -, com efetiva capacidade de atingir, com
precisão, alvos estratégicos israelenses (inclusive instalações nucleares), caracterizando, no
cenário do Oriente Médio, uma autêntica força dissuasiva que, por si só, impediria qualquer
ação militar israelense.
“Sabem que o Irã se tornou uma potência balística (...) sabem que se lançarem um míssil
contra o Irã, os mísseis iranianos vão cair no centro de Tel Aviv.” Motjaba Zolnur [Adjunto
do Representante na Guarda Revolucionária do Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei
(France Press – 06/04/2010)].
REFERÊNCIAS
__________. Análise: a fórmula para frear Kim Jong-un. O Globo. Rio de Janeiro: set.
2017. Seção Mundo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/analise-
formula-para-frear-kim-jong-un-21781362>. Acesso em: 18 set. 2017.
OSWALD, Vivian. Guerra seria desastrosa para as duas Coreias e o Japão, dizem
especialistas. O Globo. Rio de Janeiro: ago. 2017. Seção Mundo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/mundo/guerra-seria-desastrosa-para-as-duas-coreias-
o-japao-dizem-especialistas-21700687>. Acesso em: 18 set. 2017.
TRUMP coloca China contra a parede por resolução de crise com a Coréia. O Globo.
Rio de Janeiro: ago. 2017. Seção Mundo. Disponível em: <https://oglobo.globo.
com/mundo/trump-coloca-china-contra-parede-por-resolucao-de-crise-com-
coreia-21693444>. Acesso em: 18 set. 2017.
RESUMO
Este trabalho aborda a inovação tecnológica sob uma perspectiva de geração de
poder de combate para o uso da força pelo Estado. Na evolução das guerras é
possível identificar numerosos paradigmas tecnológicos, o que indica o aumento das
inovações bélicas para obter uma vantagem sobre os demais atores envolvidos nos
conflitos. Assim, o presente trabalho propõe-se a realizar uma revisão bibliográfica
para compreender o atual paradigma tecnológico militar e a importância da
inovação tecnológica no setor. O estudo investiga os primórdios das guerras e sua
relação com a evolução tecnológica, traçando um processo incremental até o século
XXI e, portanto, dedica atenção especial aos termos e conceitos relacionados à
tecnologia e à inovação. Com isso, espera-se contribuir com o ambiente acadêmico,
especificamente com as Ciências Política e Militar, ao ampliar a compreensão do
fenômeno guerra, incluindo na discussão perspectiva da inovação, da ciência e da
tecnologia.
Palavras-chave: paradigma, tecnologia, guerra, inovação, poder.
____________________
* Doutorando em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Mestre
em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro,
MBA em Gerência de Sistemas Logísticos pela Universidade Federal do Paraná, Especialista em
Bases Geo-Histórica para a Formulação Estratégica pela Escola de Comando e Estado Maior do
Exército, Direito Administrativo Aplicado pela Faculdade Dom Bosco e Instituto Romeu Felipe
Bacellar e Direito Militar pela Universidade Gama Filho. É Oficial do Serviço de Intendência do
Exército Brasileiro, possuindo 15 anos de experiência em gestão pública, com atuação nas áreas
de finanças, auditoria e logística. Atualmente desenvolve pesquisas nas áreas de Gestão de
Defesa e Estudos da Paz e da Guerra no Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (ECEME) – Rio de Janeiro, RJ.Contato:
<damasceno_int2000@hotmail.com>
** Pós-Doutor em Relações Internacionais, pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de
Janeiro, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Tübingen/Alemanha; Mestre em
Ciência Política, pela Universidade Federal Fluminense; MBA em Estratégias de Negociações
Internacionais, pela Universidade Cândido Mendes; e Bacharel em Relações Internacionais,
pela Universidade Estácio de Sá. É professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Militares do Instituto Meira Mattos, da Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, com experiência de pesquisa nas áreas de Segurança Internacional e Assuntos Militares,
Prevenção de Conflitos Internacionais, e de consultoria empresarial na Alemanha. Contato:
<jmdallacosta@hotmail.com>
ABSTRACT
This paper approaches technological innovation from a perspective of
generating combat power for the use of force by the State. In the evolution
of wars it is possible to identify numerous technological paradigms, which
indicates the increase of the war like innovations to obtain an advantage
over the others actors involved in the conflicts. In tem way, the present work
intends to carry out a bibliographical review to understand the current military
technological paradigm and the importance of technological innovation in the
Sector. The study investigates the beginnings of wars and their relationship
with technological evolution, tracing an incremental process until the 21st
century and, therefore, gives special attention to terms and concepts related to
technology and innovation. With this, it is hoped to contribute to the academic
environment, specifically with the Political and Military Sciences, by broadening
the understanding of the war phenomenon, including in the discussion the
perspective of innovation, science and technology.
Keywords: Paradigm. Technology. War. Innovation. Power.
RESUMEN
Este trabajo aborda la innovación tecnológica desde una perspectiva de
generación de poder de combate para el uso de la fuerza por el Estado. En
la evolución de las guerras es posible identificar numerosos paradigmas
tecnológicos, lo que indica el aumento de las innovaciones bélicas para obtener
una ventaja sobre los demás actores involucrados em los conflictos. Así, el
presente trabajo se propone realizar una revisión bibliográfica para entender
el paradigma tecnológico militar actual y la importancia de la innovación
tecnológica em el Sector. El estudio investiga los inicios de las guerras y sur
elación com la evolución tecnológica, trazando um proceso incremental
hasta el siglo XXI y, por lo tanto, da especial atención a términos y conceptos
relacionados com la tecnología y la innovación. Conello, se espera contribuir
con el ambiente académico, específicamente con las Ciencias Política y Militar,
al ampliar la comprensión del fenómeno de la guerra, incluyendo en la discusión
la perspectiva de la innovación, la ciencia y la tecnología.
Palabras clave: Paradigma. Tecnología. Guerra. Innovación. Poder.
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS ESSENCIAIS
de Moisés que tratam da conquista hebraica de Canaã. Ainda, cabe destaque para
os inúmeros registros de guerras chinesas, gregas e romanas que ainda hoje são
estudados, em virtude da riqueza de detalhes dos fatos apontados (KEELEY, 2011).
A história é marcada por guerras e pela evolução na forma de combater,
também pelo aumento da violência das estratégias e das táticas empregadas,
permitindo identificar uma relação entre guerra e tecnologia militar. Conforme
os registros arqueológicos, o exército Assírio garantia suas vitórias pelo efetivo de
soldados e pelo nível de treinamento no combate individual, havendo limitado
emprego de cavalos. Contudo, com a invenção dos estribos, este avanço tecnológico
permitiu o maior controle dos cavalos, capacidade esta, que possibilitou ao Islã e,
posteriormente, aos mongóis, erguerem grandes impérios no Oriente e Eurásia
pelo uso da cavalaria. Já no fim do século XV, outra tecnologia despontou na
Europa, a pólvora, que aliada à tecnologia naval, permitiu a ocorrência das grandes
navegações e o domínio de civilizações além-mar. O século XX foi marcado por duas
guerras quentes e uma fria, as Primeira e Segunda Guerras Mundiais e a Guerra Fria,
respectivamente, caracterizando um avanço tecnológico sem precedentes, com
emprego de blindados, aviões, entre tantos outros tipos de novas tecnologias, com
destaque para a Bomba Atômica. Hoje, a tecnologia militar avança rapidamente e
“armas de todos os tipos se tornam mais poderosas, flexíveis e capazes de infligir
baixas imensas” (GILBERT, 2005, p. 34).
No Oriente, especificamente na China, Sun Tzu, há cerca de 2.000 anos, por
volta do século I a.C., já valorizava veículos, armas, equipamentos e muralhas, ou
seja, fortificações (TZU, 2006), sendo tudo isto tecnologia militar. Foi dos chineses
que se obtiveram as tecnologias de cerco, de produção de bombas fumígenas e
morteiros, catapultas, entre outras (BARBOSA, 2006).
Embora, cada guerra seja um “fenômeno único, singular, irredutível”
(MAGNOLI, 2006, p. 15), e exista quem advogue a favor de uma única tipologia da
guerra (SERRANO, 2013) e até contra uma tipologia, pois tal seria mera ilusão (ARON,
2002), existem tentativas de criar uma tipologia das guerras. Assim, destacam-se
as tentativas de Toffler e Lind em criar tal tipologia, não pela validade dos tipos
apresentados, mas pela forma de verificação da evolução tecnológica militar no
contexto das guerras.
Uma vez que a história das guerras caminha pari-passo com a história
das civilizações, o entendimento de Alvin Toffler sobre as três ondas torna-se
relevante. O referido autor entende que existiram apenas três grandes mudanças,
as ondas, onde: (i) a primeira onda, que teria ocorrido há cerca de 10 mil anos
caracterizando-se pela produção agrícola de riqueza pelo trabalho físico e muscular;
(ii) a segunda onda (Revolução Industrial), que teria iniciado há cerca de 300 anos,
predominantemente nos EUA e Europa, caracterizando-se pela produção industrial
manufatureira e o comércio, pela valoração tangível do patrimônio, pela produção
em massa padronizada e pelo trabalho físico; e (iii) a terceira onda (Revolução
pelo capitalismo. Para ele, a tecnologia sozinha não é tudo, pois o empreendimento
capitalista seria a mola propulsora do progresso tecnológico, contudo a combinação
entre estes dois elementos produz efeitos produtivos diferentes (SCHUMPETER, 1961).
Assim, o desenvolvimento econômico seria, de certa forma, ditado pelas invenções
ou inovações tecnológicas, sendo a inovação a força motriz da evolução capitalista,
que exige a ação empreendedora para pôr em prática a inovação e torná-la relevante
socialmente, revolucionando a economia a partir de dentro (SCHUMPETER, 1982). Em
se falando das máquinas de guerra das nações capitalistas, essa evolução tecnológica
bélica também teria parcela de importância no progresso do sistema capitalista,
contribuindo para o status do país.
Assim, é importante lembrar que as trajetórias dos paradigmas tecnológicos
tendem, conforme estudo empírico de Jenner (1991), a ser irreversíveis, sendo o novo
sempre preferível aos anteriores. Logo, a cada novo armamento mais efetivo e eficiente
na ação de destruir e matar, o equilíbrio no poder relativo de combate em campo de
batalha estará alterado e o lado que se favorece não desejará regredir, sendo uma
possível explicação para a corrida armamentista no período da Guerra Fria.
Desta forma, conclui-se, parcialmente, que tanto a guerra como a tecnologia
evoluíram com o tempo e possuem íntima relação. Ainda, as inovações bélicas ao
longo dos séculos permitiram o surgimento de diversos paradigmas tecnológicos,
evoluindo a forma primitiva de fazer guerra para níveis cada vez mais avançados de
violência, com armamentos cada vez mais letais.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Brasília: Ed UNB; IPRI; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.
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century. New York: The Free Press, 2003.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das guerras: conflitos mundiais através dos tempos.
M. Books do Brasil: São Paulo, 2005.
HART, B. H. Liddel. The revolution in warfare. London: Faber and Faber, 1956.
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Knowledge Management, 2005.
PINSKY, Jaime. Apresentação do editor. In: MAGNOLI, Demétrio (Org.). História das
guerras. 3. Ed. São Paulo: Contexto, p. 7-8, 2006.
SERRANO, Marcelo Oliveira Lopes. A guerra é filha única. Coleção Meira Mattos,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 28, p. 65-78, jan./abr. 2013.
TOFFLER, Alvin. The thirdwave. EUA & Canadá: Bantam Books, 1980.
________; TOFFLER, Heidi. War andanti-war. New York: Warner Books, 1993.
TZU, Sun. A arte da guerra. Tradução de Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM, 2006.
RESUMO
O artigo procura fazer correlações sobre os temas de violência contra o indivíduo
e a sociedade, trabalhando as fronteiras da ação do Estado na área de segurança,
relacionando, para tanto, vários fatores, tais como: milícia, crime organizado, áreas
socialmente vulneráveis, além da condição humana daqueles que vivem sob a
órbita da violência sem a proteção do Estado. Criou-se o conceito de “sociedade de
interesse no crime”, no qual estão inseridos quem pratica o crime e quem dele se
beneficia. Parte da ausência do Estado em determinadas áreas é decorrente de ações
políticas e sociais, no entanto, uma questão de ética e moral individuais colabora
para e manutenção desta “sociedade de interesse no crime”, em que o lucro e o
benefício individual sobrepõem a preceitos morais e éticos indicadores de práticas
morais. Nesse contexto, os indivíduos moradores de áreas socialmente vulneráveis
acabam sofrendo violências tanto do crime organizado, quanto do Estado ausente,
tornando evidente sua vulnerabilidade. A metodologia utilizada neste artigo figura
nos moldes da corrente sociológica conhecida como “sociologia histórica”, corrente
que elabora uma conjunção de questões que são ricas em detalhes, estudando
como as sociedades se desenvolveram no decorrer da história, e partindo disso
analisando como as estruturas sociais, consideradas por muitos naturais, são de
fato moldadas por processos sociais complexos. Para esta corrente, a estrutura, é
configurada por instituições e organizações, que afetam a sociedade – resultando
em fenômenos que vão desde questões de desigualdade, vulnerabilidade, violência
e guerra. A sociologia histórica preocupa-se principalmente com a evolução do
Estado, analisando as relações entre estados, classes, sistemas econômicos e
políticos. Ainda como referência Metodológica, o autor deste artigo utiliza os
trabalhos de Charles Tilly, Judith Butler,e Giorgio Agamber, procurando e, ao
____________________
* Membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra, Graduado em História e Economia,
mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (UFP), e doutorando pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contato: <vianna@esg.br>.
** Professor Titular de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Contato: <pvbcastelobranco@iesp.uerj.br>.
THE LIMITS OF THE STATE: VIOLENCE, MILITIAS, ORGANIZED CRIME AND PUBLIC
SECURITY POLICIES ON SOCIALLY VULNERABLE AREAS
ABSTRACT
The work debate themes related to violence against the individual and society,
dealing with the frontiers of the State action in the security area, relating several
factors, such as: militia, organized crime, socially vulnerable areas, besides the
human condition of those who live under the orbit of violence without the protection
of the government. The concept of “society of interest in crime” was created, in
which are inserted those who practices the crime and those who benefits from it.
Part of the absence of the State involvement in certain areas is due to political and
social actions; however, an individually ethical and moral question contributes to
the maintenance of this “society of interest in crime”, where profit and individual
benefit prevail on moral and ethical precepts and indicators of moral practices.
In this context, individuals living in socially vulnerable areas suffer violence both
from organized crime and from the absent State, making their vulnerability evident.
The methodology used in this article is based on the sociological current known
as “historical sociology”, a current that elaborates a combination of issues that
are rich in details, studying how societies have developed in the course of their
history, and analyzing how social structures, considered by many to be natural,
are actually shaped by complex social processes. According to this current, the
structure is shaped by institutions and organizations that affect society - resulting
insocial phenomena ranging from social inequality, vulnerability, violence and war
issues. Historical sociology is concerned mainly with the evolution of the State,
analyzing the relations between states, classes, economic and political systems. As
a methodological reference, the author also uses the works of Charles Tilly, Judith
Butler, and Giorgio Agamber, targeting and, at the same time, concerned to bond
the relations between a series of conceptual elements inherent to the situation.
Keywords: Violence. Public security. Socially vulnerable areas. Drug trafficking.
RESUMEN
El artículo busca hacer correlaciones sobre los temas de violencia contra el individuo
y la sociedad, trabajando las fronteras de la acción del Estado en el área de seguridad,
relacionando para ello varios factores, tales como: milicia, crimen organizado, áreas
socialmente vulnerables, además de la condición humana de aquellos que viven
bajo la órbita de la violencia sin la protección del Estado. Se creó el concepto de
“sociedad de interés en el crimen”, en el cual están insertados quienes practican el
crimen y quién de él se beneficia. Parte de la ausencia del Estado en determinadas
áreas es consecuencia de acciones políticas y sociales, sin embargo, una cuestión de
ética y moral individuales colabora para y mantiene esta “sociedad de interés en el
crimen”, en que el lucro y el beneficio individual superponen a preceptos morales y
éticos indicadores de prácticas morales. En este contexto, los individuos que viven
en zonas vulnerables socialmente sufren violencias tanto del crimen organizado,
como del Estado ausente, haciendo evidente su vulnerabilidad. La metodología
utilizada en este artículo figura en los moldes de la corriente sociológica conocida
como “sociología histórica”, que elabora una conjunción de cuestiones ricas en
detalles, estudiando cómo las sociedades se desarrollaron a lo largo de la historia,
y partiendo de ello analiza cómo las estructuras sociales, consideradas por muchos
naturales, son de hecho moldeadas por procesos sociales complejos. Para esta
corriente, la estructura se configura por instituciones y organizaciones, que afectan
a la sociedad -resultan en fenómenos de cuestiones de desigualdad, vulnerabilidad,
violencia y guerra. La sociología histórica se preocupa principalmente de la evolución
del Estado, analizando las relaciones entre estados, clases, sistemas económicos y
políticos. Como referencia metodológica, este artículo utiliza los trabajos de Charles
Tilly, Judith Butler, y Giorgio Agamber, buscando y preocupándose en articular las
relaciones entre una serie de elementos conceptuales inherentes a la situación.
Palabras clave: Violencia. Seguridad Pública. Áreas socialmente vulnerables. Tráfico
de drogas.
1 INTRODUÇÃO
27 O termo facção tem sido utilizado de forma intercambiável para se referir a toda uma série de
fenômenos, de organizações, narcotraficantes, contrabandistas ou outras formas criminosas. De
fato, o conceito refere- se a uma manifestação mais concentrada do crime organizado. É fenômeno
intimamente relacionado aos diferentes tráficos de drogas.
de formas e práticas cotidianas, que podem ter modalidades antigas e novas, mas
que juntas nos induzem a pensar que o conceito sobre a matéria sofre metamorfoses.
Não obstante, quando discorremos sobre a violência do Estado (BUTLER, 2016,
p.60) ou em relação à individualidade, à liberdade e ao direito de ir e vir, falamos
de inserções na vida de pessoas comuns, cometidas de diversas maneiras, as quais
vêm ocorrendo com a sociedade com o passar dos séculos.
28 Na cidade do Rio de Janeiro essa realidade é visível na comunidade da “Cidade de Deus” de forma
intensa, só estudado em relatórios internos, porém é um fenômeno passível de análise.
recuperação29.
Assim como os indivíduos podem ficar viciados no uso de drogas, grupos
dessas comunidades estão se tornando viciados no dinheiro, que é gerado no
negócio de drogas, isso parece ser igualmente verdadeiro para as agências com a
atribuição de controlá-los.
29 O uso de drogas está ligado a algumas das questões, como realização de exames de varredura de
consumo de drogas ilícitas e substâncias psicoativas na escola e no local de trabalho, tentativas de
controle da AIDS entre os grupos que utilizam agulhas como meio de injetar estas substâncias, o
problema de saúde pública como consumo de “crack”, uma forma “fumável” de cocaína, na verdade
um subproduto da pasta de coca, com cracolândias se espalhando nos centros urbanos, com
tentativas de parar o fluxo de drogas e esforços para reduzir a demanda por drogas.
30 Como as armas chegam às mãos do crime organizado? São diversos fatores: roubo em unidades
militares, roubo em empresas de segurança, corrupção entre os agentes de fronteira encarregados de
impedir que isso ocorra. Em geral, elas entram pelas fronteiras secas do Paraguai e da Bolívia, e por via
portuária. Grande parte de armas apreendidas é de origem chinesa (plataforma Norico, cópia chinesa
da AK-47), entrando pelo Porto, Bolívia e Paraguai, além de armas AR-14 da US Armalite, que chegam
ao Brasil, pelo Paraguai, importadas da Flórida.O trio básico: portos, aeroportos e fronteiras são as
veias do tráfico em geral.
31 No Rio de Janeiro, em 2016-2107, são atuantes o Comando Vermelho, o Terceiro Comando, o Terceiro
Comando Puro e o Amigo dos Amigos.
32 No Rio de Janeiro, grupos paramilitares armados, que dominam grandes áreas, disputam essas com o
tráfico e, muitas vezes, obtêm o sucesso que as forças policiais organizadas não conseguem ter, mas
exploram a comunidade cobrando serviços e segurança e, em alguns casos, praticando também o
tráfico de drogas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGAMBEN, G. Homo Sacer: o poder sabetano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2002.
BRUBAKER, R. The limits of rationality, an essay on the social and moral thought of
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FREUD, S. O Futuro de uma ilusão. Tradução de Renato Zwick. São Paulo: IMAGO,
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MASSACRE completa uma semana e crise carcerária segue no Amazonas. Portal G1 Amazonas,
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massacre-completa-uma-semana-e-crise-carceraria-segue-no-amazonas.html>. Acesso em: 20
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TILLY, C. (1985). War making and state making as organized crime. In: PETER B.
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UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME. Drug use. 2017. Disponível em: <https://
www.unodc.org/>. Acesso em: 26 jan. 2017.
RESUMO
Esta pesquisa é o resumo da tese de doutorado que teve por objetivo analisar as
relações históricas entre França e Brasil na área de Defesa, desde as missões de
instrução, aquisição de blindados até a entrada do Brasil nas eras supersônica,
missilística e de asas rotativas, e, por meio de estudos de caso, esclarecer em que
momento da história estas relações se configuraram como parceria estratégica.
Considera-se nesta pesquisa a transferência de tecnologia (ToT) um processo
político tratado entre Estados como parte do desenvolvimento autônomo de
programas estratégicos nacionais de defesa de longo prazo. Sustenta-se que
a parceria estratégica entre França e Brasil por meio da ToT para programas
estratégicos de defesa e os offsets, ademais de serem parte da Grande Estratégia da
França, contribuirão para distribuir capacidades e exercer maior projeção política
no sistema internacional.
Palavras-chave: Aquisições de Defesa. Transferência de Tecnologia. Parceria
Estratégica França-Brasil.
ABSTRACT
This research is the summary of the doctoral thesis that aimed to analyze the historical
relations between France and Brazil concerning the Defense area, covering since
the instruction missions and armored vehicles acquisition until Brazil’s entrance in
the supersonic, missile and rotary wings era, as well as by means of a case study
to clarify in which historical moment such relations were configured as a strategic
partnership. The transfer of technology is considered in this research as a political
process dealt between the States as an integral part of the autonomous development
of long range national defense strategic programs. It is also supported that beyond
integral part of France’s Grand Strategy, the strategic partnership between France
and Brazil by means of the transfer of technology for strategic defense programs as
____________________
* Doutora em Ciência Política na Área de concentração Estudos Estratégicos pela Universidade
Federal Fluminense, assessora na Assessoria de Planejamento Estratégico da estatal Amazônia Azul
Tecnologias de Defesa S.A., atualmente, cedida como Adjunta da Divisão de Assuntos de Geopolítica e
Relações Internacionais da Escola Superior de Guerra. Contato: < fernanda.das.gracas@hotmail.com>.
well as offsets will contribute to the distribution of capacities and the exertion of
greater political projection within the International System.
Keywords: Defense Acquisitions, Technology Transfer, Strategic Partnership France-
Brazil.
RESUMEN
Esta investigación es el resumen de la tesis de doctorado que tuvo por objetivo
analizar las relaciones históricas entre Francia y Brasil en el área de Defensa desde
las misiones de instrucción, adquisición de blindados hasta la entrada de Brasil
en las eras supersónica, misilística y de alas rotativas, y, por medio de estudios
de caso, aclarar en qué momento de la historia estas relaciones se configuraron
como asociación estratégica. Se considera en esta investigación la transferencia de
tecnología (ToT) un proceso político tratado entre Estados como parte del desarrollo
autónomo de programas estratégicos nacionales de defensa de largo plazo. Se
sostiene que la asociación estratégica entre Francia y Brasil a través de la ToT para
programas estratégicos de defensa y los offsets, además de ser parte de la Gran
Estrategia de Francia, contribuirán para distribuir capacidades y ejercer una mayor
proyección política en el sistema internacional.
Palabras clave: Adquisiciones de Defensa. Transferencia de Tecnología. Asociación
Estratégica Francia-Brasil.
1 INTRODUÇÃO
Nos séculos XVIII, XIX e XX, a França tornou-se uma das principais potências
mundiais, disseminando pelo Ocidente valores políticos, econômicos, socioculturais
e militares. Os reflexos desta disseminação na área militar no Brasil podem ser
sentidos nas três Forças Armadas (FA) brasileiras, as quais, além de importarem
armamentos e tecnologias avançadas, importaram também instruções, doutrinas,
emprego e concepções teóricas estratégicas que vem desde a École Jeune até a
atual estratégia negacionista adotada nas políticas públicas de defesa e no próprio
planejamento estratégico e operacional atuais da Marinha do Brasil (MB).
33 Teses defendidas pelo almirante estadunidense Alfred Thayer Mahan e pelo estrategista britânico
Julian Stafford Corbett.
[...] o mês de maio de 1972 foi o escolhido para o envio dos oito
primeiros oficiais aviadores brasileiros à França. Para o curso em
Mirage IIIE. Eram oficiais com mais de 700 horas de voo, com
experiência em jato e que, em sua maioria, já haviam operado
com aeronaves como Gloster Meteor, F-8, Lockheed F-80 e
T-33, somando uma vasta vivência operacional e administrativa
na Força Aérea Brasileira. Eram, portanto, os “homens-chave”.
Foram eles que, antes de partirem para a França, participaram
ativamente da fase pioneira do Sistema de Defesa Aérea e
Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) que começava a tomar
forma. (KASSEB, 2008, p. 41).
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Fernanda das Graças Corrêa
A Política Externa Brasileira (PEB) que vinha sendo construída desde fins da
década de 1970, caracterizada pela diversificação de parcerias, sofreu alterações a
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Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
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Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
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Fernanda das Graças Corrêa
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Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
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Fernanda das Graças Corrêa
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Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
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Fernanda das Graças Corrêa
34 As velhas relações entre a França e o Brasil tiveram um novo curso com o lançamento, em 2006, de
uma parceria estratégica em todas as áreas: militar, espacial, energética, econômica e educacional. A
França também apoia a ambição do Brasil de desempenhar um papel crescente na cena internacional,
bem como incentiva sua candidatura para ocupar um cargo permanente no Conselho de Segurança
das Nações Unidas. (Ministério da Defesa da França, 2013, 59, tradução nossa).
110 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 92-116, maio/ago. 2017
Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
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Fernanda das Graças Corrêa
Desde 2005, Chirac tem orientado uma política externa mais independente,
privilegiando parcerias bilaterais buscando construir parcerias estratégicas com
países emergentes. Desde 2006, este presidente francês incentivava a vinda de
empresas de seu país para o Brasil. A partir deste ano, Chirac e Lula assinaram seis
acordos de cooperação bilaterais. As áreas em que a França defendia a construção
da parceria eram, principalmente, energia, defesa e comércio. Na concepção de
Chirac, o Brasil era uma alternativa política, econômica e estratégica para contornar
a política externa hegemônica dos EUA no mundo. Ao defender a reforma da
política internacional tendo como estratégia a ascensão permanente do Brasil nos
organismos institucionais internacionais, a França está buscando promover a sua
manutenção em uma nova estrutura do sistema internacional que, irreversível e
irremediavelmente, acredita que agrupará as atuais potências emergentes. Embora
em um sistema multipolar, o ambiente anárquico seja menos previsível, mais instável
e as relações internacionais sejam pouco transparentes, Chirac acreditava que, se
há resistência na velha estrutura ao maior protagonismo da França, apoiando a
construção de uma nova estrutura do sistema internacional, a França teria maiores
chances equilibrando este novo sistema e tendo maior protagonismo nele junto das
futuras potências mundiais, em especial, da Rússia, da China, da Índia e do Brasil.
Dentro da análise sistêmica de balança de poder de Kenneth Waltz, é
possível perceber que a França busca reformar o sistema internacional no âmbito
de uma distribuição de capacidades que inclui, além da transferência de tecnologia
estratégica, a ampliação e a diversificação das relações econômicas, discussões
multilaterais em fóruns globais, construções de parcerias estratégicas, apoio ao
pleito de países emergentes por assento permanente no CSONU etc. Tanto Sarkozy
quanto François Hollande (2012-2017) mantiveram e fortaleceram as relações
bilaterais França-Brasil. A França apóia o pleito brasileiro por assento permanente
no Conselho de Segurança da ONU (CSONU), Sarkozy empenhou-se em incluir o
Brasil no G8 e propôs transformar o G20 em um órgão de gestão de crises, capaz
de conceber e de aprovar reformas estruturais na política internacional, pôr fim aos
desequilíbrios mundiais e reforçar a regulação da globalização, França e Brasil têm
se articulado nos fóruns globais propondo projetos de longo prazo de cooperação
112 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 92-116, maio/ago. 2017
Políticas & Aquisições de Defesa: Uma Análise Histór. da Parceria Estrat. França-Brasil nos Séc. XX e XXI
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 92-116, maio/ago. 2017 113
Fernanda das Graças Corrêa
REFERÊNCIAS
114 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 92-116, maio/ago. 2017
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Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 92-116, maio/ago. 2017 115
Fernanda das Graças Corrêa
Livre Blanc. Ministère de la Défense, France. 2013. p.59. Disponível em: http://
fr.calameo.com/read/000331627d6f04ea4fe0e . Acesso em: 15 mar. 2016.
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O Emprego dos Astros 2020 e sua Subordinação: Uma Opção Viável
RESUMO
O Exército Brasileiro vem-se modernizando nos últimos anos. Nesse contexto, um de
seus Projetos Estratégicos é o Astros 2020, uma plataforma de lançamento de mísseis
e foguetes de excepcional capacidade de prestar o apoio de fogo. Particularmente,
quando esse material é dotado com o Míssil Tático de Cruzeiro (MTC) AV-TM 300,a
questão de sua subordinação vem à baila. A Nota de Coordenação Doutrinária (NCD)
Nr 03, de 2015 –Emprego da Artilharia de Mísseis e Foguetes de longo alcance, que é
o documento doutrinário mais atualizado sobre o Sistema, vislumbra-o como devendo
estar subordinado à FTC (Força Terrestre Componente). No entanto, este é um sistema
com possibilidades de emprego mais estratégicas e operacionais que, propriamente,
de nível tático. Tal ponto de vista decorre do fato de que a logística para o MTC e seu
desdobramento, as coordenações para o emprego, os alvos de interesse e as medidas
de coordenação que permitem sua utilização com segurança e eficiência, indicam como
possível e viável a subordinação desse Sistema diretamente ao COM TO (Comandante
do Teatro de Operações), sob a forma de um Comando de Artilharia do TO, por exemplo.
Demonstrar isso é o objetivo desse artigo, que não exclui a subordinação à FTC em
determinados casos, mas propõe outra opção aceitável.E, para chegar a esse intento,
segue-se uma metodologia que se utiliza da comparação da NCD com manuais que já
estão em uso e aprovados pelo Ministério da Defesa (MD) e pelo Exército Brasileiro (EB),
aprovados mediante processo técnico de construção, como preconizado no Sistema de
Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT, EB10-IG-01.005) e nas Instruções Gerais para as
Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002).
Palavras-chave: Astros 2020. Míssil Tático de Cruzeiro. Logística. Coordenação.
Medidas de coordenação.
ABSTRACT
The Brazilian Army has been modernizing in recent years. In this context, one
of its Strategic Projects is the Astros 2020, a launching platform for missiles
____________________
* Especialista em Artilharia de Costa e Antiaérea pela EsACosAAe (2000), Mestre em Ciências Militares
pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (2006) e Especialista em Ciências Militares pela ECEME
(2014), onde é, atualmente, instrutor. Contato: <haryangoncalvesdoas@gmail.com>.
** Doutor em Ciências Militares pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército (ECEME) foi o orientador deste artigo. Contato: < tulioendres@gmail.com >
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RESUMEN
El Ejército Brasileño se ha modernizado en los últimos años. En ese contexto, uno
de sus Proyectos Estratégicos es el Astros 2020, una plataforma de lanzamiento de
misiles y cohetes de excepcional capacidad de prestar el apoyo de fuego. En particular,
cuando este material está dotado con el misil táctico de crucero (MTC) AV-TM 300 la
cuestión de su subordinación viene a la baila. La nota de Coordinación Doctrinaria
(NCD) Nr 03, 2015 - Empleo de la Artillería de misiles y cohetes de largo alcance,
que es el documento doctrinal más actualizado sobre el sistema, lo vislumbra como
debiendo estar subordinado a la FTC (Fuerza Terrestre Componente). Sin embargo,
este es un sistema con posibilidades de empleo más estratégicas y operativas que,
propiamente, de nivel táctico. Este punto de vista se deriva del hecho de que la
logística para el MTC y su desdoblamiento, las coordinaciones para el empleo, los
objetivos de interés y las medidas de coordinación que permiten su utilización con
seguridad y eficiencia, indican como posible y viable la subordinación de ese Sistema
directamente al COM TO (Comandante del Teatro de Operaciones), en forma de
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O Emprego dos Astros 2020 e sua Subordinação: Uma Opção Viável
un Mando de Artillería del TO, por ejemplo. Demostrar esto es el objetivo de este
artículo, que no excluye la subordinación a la FTC en determinados casos, sino que
propone otra opción aceptable.
Palabras clave: Astros 2020; Misil táctico de crucero; Logística; Coordinación;
Medidas de coordinación. Y para solicitar un intento, se sigue una metodología
que se utiliza de la comparación de la NCD con manuales que ya están en uso y
aprobado por el Ministerio de Defensa (MD) y el Ejército Brasileño (EB), aprobado
al proceso de construcción técnica, como preconizado en el Sistema de Doctrina
Militar Terrestre (SIDOMT, EB10-IG-01.005) y en las Instrucciones Generales para las
Publicaciones Estandarizadas del Ejército (EB10-IG-01.002).
1 INTRODUÇÃO
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Assim, da própria NCD decorre o principal foco de análise deste artigo, pois a
subordinação à FTC é, justamente, aquilo que se questiona quando da ativação de
um TO ou AO. Adiciona-se a isso o fato de a mesma afirmar que o Sistema Astros
2020 requer elevado grau de coordenação para o seu emprego.
Da mesma forma, quanto aos alvos a serem batidos pelo MTC AV-TM 300, a
NCDexplicita que podem ser táticos, operacionais e até mesmo estratégicos, como:
instalações de comando e controle (C2), bases logísticas, zona de reunião de grandes
unidades, bases de aviação inimigas, além daqueles de grande valor estratégico ou
de elevada importância militar. (NCD 03, 2015, p. 5 e 8).A própria NCD visualiza que
os alvos devem ter caráter estratégico.
No que se refere ao Míssil Tático de Cruzeiro, conforme a NCD, tem-se que seu
alcance é de até 300 (trezentos) quilômetros, com uma precisão de 80 (oitenta) metros
de raio em relação a um objetivo e com uma flecha (ponto mais alto da trajetória) da
ordem de 1000 (mil) metros. Além disso, tem-se como alcance mínimo de utilização
do mesmo é 30 quilômetros.
Eis o texto da NCD Nr 03:
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A Logística para o Sistema Astros 2020, quando dotado do MTC, há que ser
diferenciada. Sobretudo, porque seu desdobramento dá-se, prioritariamente, na
ZA. Dessa forma, a partir dos conceitos de Base Logística Conjunta (Ba Log Cj) ou de
Base Logística Terrestre (BLT) é que se deve pensar nas estruturas logísticas a apoiar
o GMF ou uma Bateria MF.
O manual MD 30-M 01, em seu 1º volume, enuncia os conceitos de Ba Log Cj
e Grupo Tarefa Logístico (GT Log).
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e, até mesmo das BLT, na maioria das vezes desdobradas a distâncias em torno
de 30 km da LP/LC ou do LAADA, na área de retaguarda dos Grandes Comandos
Operativos e à distância de segurança da artilharia de foguetes inimiga, motivo pelo
que, não poderá ser por elas apoiado, salvo se optar em suprir para a retaguarda.
(ME 101-0-3, 2014, p. 89).Pensar-se em um GT Log ou mesmo na própria Ba Log CJ
para realizar esse apoio, parece mais viável.
Desse modo, não há motivo, do ponto de vista logístico, para subordinar-lhe
à FTC, quando quem lhe presta o apoio logístico é um escalão superior, a partir
de uma estrutura dele próprio. Fazer diferente disso exige uma necessidade de
coordenação em cada procedimento de suprimento, retirando liberdade de ação e
flexibilidade do comandante que o enquadra.
Isso demonstra, quanto ao desdobramento no terreno do Astros 2020
dotado de MTC, cumpre observar que, aparentemente, seu alcance mínimo de
30 quilômetros indica que deve estar posicionado em faixa do terreno na área de
retaguarda dos Grandes Comandos Operativos, ainda naZC, ou já fora dela, na Zona
Administrativa (ZA). Ou seja, a ZA é a área de desdobramento mais provável ao
desdobramento do Astros 2020 empregado com MTC.
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Assim, a fim de corroborar com o foi dito, pode-se dizer que isso é mais
evidente, conforme menor seja a estrutura da própria FTC. Se a FTC for uma Brigada,
então o (CAF) Coordenador de Apoio de Fogo será o Cmt do GAC; se for apenas um
Grande Comando Operativo, será o ECAF do Grande Comando; e se for dois ou
mais Grandes Comandos Operativos, será o ECAF FTC. Assim, observe-se que, nas
primeiras opções é bem menos provável que seja o CAF do escalão empregado o
coordenador do emprego dos mísseis de cruzeiro para todo o TO, caso venham a
serem estes utilizados. A decisão, como se disse, sempre recairá no COM TO, sob
coordenação do D5.
Da mesma forma, o tiro realizado entre Brigadas não é coordenado entre
elas, mas sim, por uma estrutura superior, o ECAF do Grande Comando Operativo.
Diante disso, há que se ressaltar também que, havendo a FAC e o Astros, com
MTC, muito provavelmente, o emprego desses meios será coordenado no TO. Ou
seja, como arma estratégica e operacional, nada mais coerente que o próprio COM
TO decidir sobre o seu emprego, donde se justifica a ele estar subordinado o Astros
dotado de MTC.
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Assim sendo, a opção mais viável para se pensar, é que a regra é o Astros
dotado de MTC compor o TO como, por exemplo, um Comando de Artilharia do
TO. A exceção sim passa a ser a subordinação à FTC. Não significa que não possa
esta ocorrer, mas sim que a primeira opção apresentada, parece ser a mais viável
doutrinariamente, do ponto de vista da coordenação do apoio de fogo e do espaço
aéreo.
Para reforçar esse entendimento, basta se observar a natureza dos alvos
a serem batidos por esse meio nobre.A NCD Nr 03 que trata do Astros traz o
entendimento,já apresentado, de que os alvos podem ser táticos, operacionais ou
estratégicos, sobretudo estruturas estratégicas, centros de gravidade ou alvos de
grandes dimensões e longos alcances. (2015, p. 5)
Nesse sentido:
Assim, vê-se que ela traz como alvos a serem batidos por essa arma aqueles de
natureza não só tática, mas também estratégicos e operacionais, isto é, de elevada
importância militar. Os exemplos citados denotam a Capacidade Crítica (CC) que
esse meio proporciona a todo o esforço do TO, sendo capaz de atuar, diretamente,
sobre o centro de gravidade (CG) inimigo.
É de se observar, também, o que diz o manual do Exército sobre Fogos, ao
referenciar aos ataques a alvos de natureza estratégica através de fogos cinéticos,
como é o MTC:
E, mais adiante, o mesmo manual ratifica o nível dos alvos a serem batidos:
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MEDIDAS PERMISSIVAS
Linha de Segurança de Apoio de Artilharia (LSAA)
A LSAA é uma linha que define o limite curto, além do qual os
meios de apoio de fogo de superfície (unidades de artilharia de
campanha e os navios de apoio de fogo) podem atirar livremente
na zona de ação de determinada força, sem necessidade de
coordenação com o comando da força que a estabeleceu.
Linha de Coordenação de Apoio de Fogo (LCAF)
A LCAF é uma linha além da qual todo alvo pode ser atacado por
qualquer meio de apoio de fogo, sistema de armas ou aeronave,
sem afetar a segurança e sem necessidade de coordenação
adicional com a força que a estabeleceu.
Essa medida suplementa a LSAA e proporciona maior rapidez
e simplicidade para o ataque a alvos pelos meios aéreos e pela
artilharia de mísseis e foguetes.
Área de Fogo Livre (AFL)
A AFL é uma área específica na qual qualquer meio de apoio
de fogo pode atuar sem necessidade de coordenação adicional
com o comando da força que a estabeleceu. [...]
Quadrícula de Interdição (QI)
A QI, também conhecida como Kill Box, é um volume utilizado
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Diante disso, no caso do Sistema Astros 2020 empregado com MTC, cabe
também analisar-se, brevemente, as MCCEA. De fato, elas abordam como o
nível operacional conjunto entende que devam acontecer essas necessárias
coordenações.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Portanto, pensa-se como opção mais viável, a que aqui se procurou vislumbrar,
qual seja a de que o material dotado de mísseis de cruzeiro deve ser subordinado
ao próprio COMTO, na forma, quiçá, de um Comando de Artilharia Estratégica.
Afinal, quanto mais graus de coordenação forem necessários, mais limitado será o
emprego do MTC.
Ademais, armas de semelhante emprego, como os mísseis Tomahawk (EUA),
IAI-LORA (Israel), Roketsan-SOM (Turquia), DRDO-Brahmos (Índia) e MBDA-Perseus
(UK e França), são consideradas estratégicas e empregadas como um comando
próprio por seus países de origem.
Derradeiramente, por ser o Astros 2020 e seu MTC a mais nova arma estratégica
brasileira, cumpre pensar, sem desmerecer a possibilidade de subordinação à FTC,
como opção considerável e que será poderá ser requerida na maioria das vezes, a
de ver essa nova capacidade da Defesa Nacional, sob a subordinação direta ao COM
TO. É uma sugestão possível, a se pensar.
REFERÊNCIAS
______. MD35-G-01: Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília: MD, 2015.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. C Dout Ex. NCD Nr 03/2015: Emprego
da Artilharia de Mísseis e Foguetes de Longo Alcance. Brasília: C DoutEx, 2015.
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La Reconfig. de Amér. Lat. Bajo el Esquema de Seg. de La “Pax Americana” En el Siglo XXI: El Caso de la Alianza del Pacíf.
RESUMEN
El objetivo del presente ensayo se foca en analizar una perspectiva geopolítica, la
actual configuración de América Latina a partir de los mecanismos de defensa y
seguridad que ha establecido Estados Unidos sobre la región que concibe como su
“isla continental”. Para el logro de tal objetivo, se pretende enfatizar en el criterio
de seguridad que se conoce como la pax americana (seguridad hemisférica),
estableciendo un punto de enlace directo entre esta y lo que en la actualidad se
plantea como la concreción de un “arco de seguridad continental”, el cual está
enmarcado y definido a través de la propuesta de creación reciente de la Alianza
del Pacífico.
Palabras clave: Estados Unidos. Pax Americana. Seguridad. América Latina. Alianza
del Pacífico.
ABSTRACT
The principal objetive of this essay is to analyze from a geopolitical perspective, the
current settings of Latin America from the defense and security criteria that set the
United States on the region seen as “continental island.” For achieving this goal,
is to emphasize the safety criterion is known as the Pax Americana, establishing a
direct relationship with what currently is planned as the realization of an “arc of
continental security”, framed and defined through the proposed newly established
Pacific Alliance.
Key words: United States. Pax Americana. Security. Latin America. Pacific Alliance.
____________________
* Profesora e investigadora del Centro de Estudios Superiores Navales (CESNAV) y del Instituto de
Investigaciones Estratégicas de la Armada de México, pertenecientes ambos a la Secretaria de
Marina Armada de México. Doctora en Ciencias Políticas y Sociales con estudios posdoctolares,
ambos de la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Maestra en Estudios del
Programa de Posgrados de la Facultad de Ciencias Políticas y Sociales de la UNAM y politóloga de
la Universidad Javeriana de Colombia. Contato: <mpostos@yahoo.com>
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RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar, do ponto de vista geopolítico, a configuração atual da
América Latina a partir dos mecanismos de defesa e segurança que foram estabelecidos
pelos Estados Unidos sobre a região que considera como sua “ilha continental”. Para
atingir este objetivo, pretende-se enfatizar o critério de segurança conhecida como a Pax
Americana (segurança hemisférica), estabelecendo um ponto de conexão direto entre
este e o que hoje é visto como a realização de um “arco de segurança continental”, o
qual é emoldurado e definido pela criação recente da proposta da Aliança do Pacífico.
Palavras-chave: Estados Unidos. Pax American., Segurança. América Latina. Aliança
do Pacífico.
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Desde este punto de vista, queda claro que los intereses vitales de Estados
Unidos se encuentran hasta donde se extiende su “frontera móvil”, es decir, más
allá de las costas del Asía Pacífico y también en dirección al conjunto de los
países de Europa, sin dejar de lado los extremos tanto en el Ártico como en la
Antártida. Una propuesta eminentemente geopolítica, con un alto contenido
geoestratégico, cuya incidencia será decisiva en la continuidad de sus planes de
ampliación de su espacio vital a lo largo de lo que fue el siglo XX, conocido como
el “Primer Siglo Americano” y el actual, una continuación del mismo tal como lo
afirma el actual geopolítico, Georges Friedman (VALENZUELA; FRIEDMAN, 2008,
p. 18).
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contundente y firme rival a partir del contexto de la Guerra Fría. Un hecho que
además conllevó el diseño de una pronta y efectiva política de contención, necesaria
para frenar los ánimos de la expansión soviética en dirección a otras latitudes del
planeta, particularmente hacia el amplio conjunto de los países que integran lo que
para Estados Unidos es su zona de influencia inmediata, su isla continental.
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La Reconfig. de Amér. Lat. Bajo el Esquema de Seg. de La “Pax Americana” En el Siglo XXI: El Caso de la Alianza del Pacíf.
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La Reconfig. de Amér. Lat. Bajo el Esquema de Seg. de La “Pax Americana” En el Siglo XXI: El Caso de la Alianza del Pacíf.
Plan Puebla Panamá (PPP), más tarde rebautizado como Plan Mesoamérica. El
cual se integró por un conglomerado de países, entre ellos México y sus sucesivos
vecinos del lado de la frontera sur hasta incorporar a un país andino-caribeño
como Colombia, bajo la idea de concretar un mecanismo que consonancia con
lo expresado por el ex presidente mexicano, Vicente Fox Quesada, se trataba de
una “nueva concepción de la planeación regional que busca adecuarse a un nuevo
contexto nacional e internacional de democratización, fortalecimiento institucional
y participación de la sociedad civil organizada en la formulación de políticas públicas”
(SECRETARIA DE RELACIONES EXTERIORES, 2006-2012 ).
Como antecedente a dicho plan, se considera la reunión celebrada en San José
de Costa Rica, el 12 de septiembre de 2000, a la cual asistieron no sólo los delegados
de cada uno de los países miembros, sino que además acudieron representantes del
Banco Interamericano de Desarrollo (BID) y la Comisión Económica para América
Latina (CEPAL), siendo ambos piezas claves del hegemón continental en todo este
proceso de inicio y acompañamiento del PPP. Un mecanismo que además se sugirió
estuviera acompañado por miembros de la comunidad internacional en calidad de
observadores, lo que dio paso a la creación del llamado G6, integrado por los países
de Alemania, Canadá, España, Estados Unidos, Japón y Suecia (MONTENEGRO,
2005, p. 55-56).
Sobre el mismo tema, resulta interesante analizar el importante valor
geoestratégico que alberga la extensión territorial que comprende el Plan
Mesoamérica, a partir de México y en concreto, el estado de Puebla en dirección
al sureste del país, una región con destacados bancos bioenergéticos, entre cuyos
recursos aún por explotar figuran uranio y tierras raras, además de ser considerado
históricamente como un paso natural en lo que conocemos como el istmo de
Tehuantepec, el cual, según las propias palabras del geopolítico mexicano, Alberto
Escalona Ramos, se convierte en un auténtico punto de disputa, ya que “quien
domine el Istmo, ya sean Estados Unidos, India, China, Japón, Rusia, México o
cualquier otro Estado, tendrá una de las llaves del mundo”(ESCALONA, p. 500).
Bajo esa misma condición de importantes reservorios de energéticos y
biodiversidad se encuentran El Petén, los destinos de Guatemala, El Salvador,
Honduras, Costa Rica, Nicaragua, Panamá y Colombia, con sus abundantes maderas,
recursos hídricos, tierras fértiles para la agricultura y la ganadería, las cuales siguen
en algunos casos estando bajo el resguardo de agrupaciones indígenas y campesinas
como se presenta, por ejemplo, en el área que comprende el Tapón del Darién, que
además de ser un importante punto fronterizo, se convierte hoy por hoy en el nudo
selvático que disloca la continuidad del trazado de la carretera panamericana que
une a Canadá y el sur de Chile.
Visto de este modo, un megaproyecto como el Plan Mesoamérica, con
su enorme potencial energético y a su vez sus ventajas para la producción de
alimentos, que la convierten en una auténtica “despensa” para el mundo, junto
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La Reconfig. de Amér. Lat. Bajo el Esquema de Seg. de La “Pax Americana” En el Siglo XXI: El Caso de la Alianza del Pacíf.
Unidos y China, al tiempo que de varios de los países que integran el bloque de la
Unión Europea, dejando fuera la presencia de la propia Federación Rusa. En este
sentido, la Alianza del Pacífico, desde un punto de vista geopolítico se convierte
en una continuación de la “política de contención” de la era bipolar, muy al estilo
del contexto de George Kennan, retratada en los tiempos actuales en forma de
una especie de barrera, es decir, un tipo de blindaje para el continente, lo que en
últimas pretende recubrir a la “isla-continente” frente a cualquier amenaza externa
que intente vulnerar los criterios de la pax americana.
4 CONSIDERACIONES FINALES
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María del Pilar Ostos Cetina
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La Reconfig. de Amér. Lat. Bajo el Esquema de Seg. de La “Pax Americana” En el Siglo XXI: El Caso de la Alianza del Pacíf.
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
RESUMO
O objetivo deste presente artigo é analisar, do ponto de vista geopolítico, a
configuração atual da América Latina a partir dos mecanismos de defesa e segurança
que foram estabelecidos pelos Estados Unidos sobre a região que considera como
sua “ilha continental”. Para atingir este objetivo, pretende-se enfatizar o critério de
segurança conhecida como a Pax Americana (segurança hemisférica), estabelecendo
um ponto de conexão direto entre este e o que hoje é visto como a realização de
um “arco de segurança continental”, o qual é emoldurado e definido pela criação
recente da proposta da Aliança do Pacífico.
Palavras-chave: Estados Unidos. Pax American., Segurança. América Latina. Aliança
do Pacífico.
RESUMEN
El objetivo del presente ensayo se foca en analizar una perspectiva geopolítica, la
actual configuración de América Latina a partir de los mecanismos de defensa y
seguridad que ha establecido Estados Unidos sobre la región que concibe como su
“isla continental”. Para el logro de tal objetivo, se pretende enfatizar en el criterio
de seguridad que se conoce como la pax americana (seguridad hemisférica),
estableciendo un punto de enlace directo entre esta y lo que en la actualidad se
plantea como la concreción de un “arco de seguridad continental”, el cual está
enmarcado y definido a través de la propuesta de creación reciente de la Alianza
del Pacífico.
Palabras clave: Estados Unidos. Pax Americana. Seguridad. América Latina. Alianza
del Pacífico.
____________________
* Professora e pesquisadora do Centro de Estudos Navais (CESNAV) e do Instituto de Pesquisa
Estratégica da Marinha do México, ambos pertencentes à Secretaria da Marinha do México.
Doutora em Ciências Políticas e Sociais com estudos pós-doutorado, ambos da Universidade
Nacional Autônoma do México (UNAM). Mestrado em Estudos do Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da UNAM e cientista político da Universidade
Javeriana da Colômbia. Contato: <mpostos@yahoo.com>
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María del Pilar Ostos Cetina
ABSTRACT
The principal objetive of this essay is to analyze from a geopolitical perspective, the
current settings of Latin America from the defense and security criteria that set the
United States on the region seen as “continental island.” For achieving this goal,
is to emphasize the safety criterion is known as the Pax Americana, establishing a
direct relationship with what currently is planned as the realization of an “arc of
continental security”, framed and defined through the proposed newly established
Pacific Alliance.
Key words: United States. Pax Americana. Security. Latin America. Pacific Alliance.
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
“escolhido” para tornar viva a partir daí o que seria a condição de “predestinação
do povo anglo-saxão” (URQUIZA, 2012, pp. 85-86)
Assim, após a chegada dos peregrinos a bordo do Mayflower por volta do mês
de novembro do ano em questão, a costa leste tornar-se-á nesse grande epicentro
geográfico em constante crescimento, que se expandirá até conformar o que se
assumiu sob o nome das Treze Colônias. Abrangendo um importante trecho de
litoral sobre o Atlântico que, gradualmente assumirá outra dimensão, depois que as
negociações com o império espanhol forem concluídas e finalmente alcançarem sua
predominância sobre o atual estado da Flórida. No entanto, o curso do crescimento
territorial não parou por aí, mas avançou com o objetivo de adquirir o controle total
do território vizinho da Louisiana, que estava nas mãos do império napoleônico
até que este decidiu vendê-lo aos americanos; com o objetivo de obter recursos
econômicos, provenientes desta venda para financiar as campanhas de conquista
em direção ao interior da Europa.
Assim, a pretensão que Santo Agostinho teve de construir a “Cidade de Deus”
no ambiente terrestre, a liderança política estadunidense estava conseguindo, uma
vez que, entre suas primeiras ações em terras do Novo Mundo era concretizar um
autêntico - espaço vital - que se materializou sob a forma de uma grande massa
colossal com caráter bi oceânico, localizada entre as costas do Atlântico e as costas
do Oceano Pacífico.
Assim, depois de adquirir a Louisiana, a próxima ação geopolítica dos
estadunidenses evoluiu a partir da anexação dos estados do Texas, mais tarde
da Califórnia, do Novo México e do Arizona, que faziam parte do México até sua
separação iminente com a assinatura do Tratado de Guadalupe-Hidalgo em 1848.
Finalmente, seu avanço para o Oceano Pacífico foi apoiado pela proclamação do
legado monroísta de 1823, o que levaria à saída dos russos dos assentamentos em
São Francisco e o próprio Alasca.
Sendo uma estratégia de ocupação territorial que exigia todo tipo de táticas,
incluindo as do tipo religioso, um exemplo disso era a chamada “igreja verdadeira”,
expressão com a qual os Mórmons tornaram-se autônomos, além de mencionar
algumas outras igrejas comprometidas com a empresa de colonização do solo
estadunidense em direção ao Oeste (FARRINGTON, 2002, página 64).
Desta forma, os Estados Unidos se tornarão o pioneiro mais proeminente
da geopolítica alemã, um verdadeiro “laboratório” de estudo para a formulação
de seu bem conhecido postulado geopolítico que é sintetizado na ideia de espaço
vivo. Uma condição peculiar aqueles Estados que têm capacidade para aumentar
o seu território em detrimento das fraquezas que manifestam o resto dos países
que o cercam. Ao mesmo tempo, era um postulado ligado ao exercício prático do
Destino Manifesto e às ideias darwinianas do tempo, à sobrevivência dos mais
fortes e à sua capacidade de adaptação ao meio natural, acompanhado pelo
fundamento filosófico hegeliano sobre a supremacia do Estado como uma entidade
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María del Pilar Ostos Cetina
que congrega e ordena uma população em um determinado lugar, uma noção clara
em que o Estado é concebido como o “único ator territorial efetivo” (FONT, RUFI,
2001, p.35).
Consequentemente, a forma de expansão que Ratzel observou no caso
dos EUA, também será convertida em fonte de inspiração para outras entidades
políticas, como foi o caso de seu país, a Alemanha, em meio à abertura de um novo
século no qual as potencias tradicionais (Inglaterra, França, Rússia, Áustria) e as
novas que se fizeram conhecidas no Extremo Oriente, como foi o caso do Japão,
bem como dos Estados Unidos em seu papel hegemônico sobre o que considerava
sua “ilha continental” (América Latina e Caribe); revelou um número crescente de
concorrentes na cena do confronto internacional que se aproximava nas primeiras
décadas do século XX.
Tomando este último aspecto da ilha continental, sabe-se que entre as
pendencias da projeção geopolítica dos Estados Unidos, depois de ser concebido
como um país bi oceânico, foi o único a estender sua “fronteira móvel” aos arredores
da atual Colômbia através de projetos muito concretos: a independência do Panamá
e a conclusão das obras do mesmo Canal (1914), sendo este um ponto chave para
“abraçar o mundo” e alcançar uma maior presença continental, como global.
Nesse sentido, o conceito de “fronteira móvel” formulado pelo acadêmico
Frederick Jackson Turner (1861-1932), durante o discurso que deu em 1893 diante
dos membros da “Sociedade Histórica Americana sobre a importância da fronteira
em história da América do Norte. ...demonstrou que a existência de uma fronteira
móvel, como solução para todos os problemas sociais e econômicos da América do
Norte, era um elemento desconhecido na Europa e tornou a história da América do
Norte única “(JONHSON, 2001: 492).
E é, precisamente, sob a ideia de espaço vital e esta última noção de fronteira
móvel que os Estados Unidos foram assumindo gradualmente, mas de maneira
constante, a formulação de um esquema de segurança cada vez mais abrangente,
capaz de unir áreas geoestratégicas maiores, o que lhe dá presença e predominância
além de seus limites territoriais, marítimos e até aéreos. Portanto, todas as estradas
e rotas se conectam ao mesmo centro de poder, hoje em direção a Washington,
assim como no passado fizera o império mais poderoso da antiguidade, quando
todas as estradas levavam a Roma.
Será, então, sob essa mesma concepção imperial que reina entre os norte-
americanos sobre essa ampla parcela de terra cercada de mar, quer dizer, sobre a qual
assume como sua ilha continental, coloca entre os dois oceanos mais importantes
do planeta, quando surge o imperativo de seu establishment para salvaguardar uma
ampla extensão territorial contra qualquer ameaça externa e fora do continente.
Assim, a pertinência de concretizar um plano, um critério de segurança
hemisférica sob o legado de pax americana, semelhante ao modelo imperial romano,
que lhe daria a durabilidade através de suas legiões e sentinelas que avançavam além
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
de suas fronteiras para enfrentar a ameaça dos bárbaros (estrangeiros), como nos
tempos atuais pode ser explicada mais claramente pelas abordagens do geopolítico
americano, Alfred Thayer Mahan, que no final do século XIX alertou:
Deste ponto de vista, é claro que os interesses vitais dos Estados Unidos
encontram-se até onde se estende sua “fronteira móvel”, isto é, além das costas
da Ásia-Pacífico e também em direção ao conjunto dos países da Europa, sem
deixar de lado os extremos tanto no Ártico como na Antártica. Uma proposta
eminentemente geopolítica com um alto conteúdo geoestratégico, cuja incidência
será decisiva na continuidade de seus planos de ampliar seu espaço de vida ao
longo do que foi o século XX, conhecido como o “Primeiro Século Americano” e
o atual, uma continuação do mesmo, como afirmou o atual geopolítico, Georges
Friedman (VALENZUELA, FRIEDMAN, 2008, p.18).
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integram o que é para os Estados Unidos. Zona de influência imediata, sua ilha
continental.
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
Como precedente deste plano, a reunião realizada em San José, Costa Rica,
em 12 de setembro de 2000, contou com a participação de delegados de cada um
dos países membros, mas também representantes do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL),
sendo ambos os principais elementos da hegemonia continental neste processo de
iniciação e acompanhamento do PPP. Um mecanismo que também foi sugerido para
ser acompanhado por membros da comunidade internacional como observadores,
levando à criação do chamado G6, composto pelos países da Alemanha, Canadá,
Espanha, Estados Unidos, Japão e Suécia (MONTENEGRO, 2005, 55-56).
Sobre o mesmo assunto, é interessante analisar o importante valor
geoestratégico que abrange a extensão territorial que inclui o Plano Mesoamérica,
do México e, em particular, o estado de Puebla para o sudeste do país, uma região
com bancos bioenergéticos proeminentes, entre cujos recursos ainda por serem
explorados incluem urânio e terras raras, além de ser considerado historicamente
como um passo natural no que conhecemos como o Istmo de Tehuantepec, que, nas
palavras do geopolítico mexicano Alberto Escalona Ramos, torna-se um autêntico
ponto de disputa, já que “quem quer que domine o Istmo, seja os Estados Unidos, a
Índia, a China, o Japão, a Rússia, o México ou qualquer outro Estado, terá uma das
chaves do mundo” (ESCALONA, p.500).
Sob essa mesma condição de importantes reservatórios energéticos e
biodiversidade encontra-se El Petén, os destinos da Guatemala, El Salvador,
Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Panamá e Colômbia, com suas abundantes
madeiras, recursos hídricos, terras férteis para a agricultura e pecuária, que ainda
estão em alguns casos sob a proteção de grupos indígenas e camponeses, como
a área que inclui a represa de Darien, que, além de ser um ponto de fronteira
importante, é hoje a junção da selva que perturba a continuidade da rodovia pan-
americana que une o Canadá e o sul do Chile.
Visto dessa maneira, um megaprojeto, como o Plano Mesoamericano, com
seu enorme potencial energético e, por sua vez, suas vantagens para a produção
de alimentos, o que o torna uma “despensa” real para o mundo, juntamente com
sua importância como bastião aquático no continente; fazem desta região o foco
dos interesses dos EUA para continuar no século 21 com o que é estabelecido pelo
seu “destino manifesto”, entendido como o conjunto de princípios doutrinários,
enraizados no legado da democracia e livre Mercado a partir do qual apoia a criação
do acima mencionado: Iniciativa das Américas, Plano Mesoamérica e, atualmente,
a implementação da Aliança do Pacífico.
É por isso que, na prática, observa-se que, no contexto regional onde se
localiza o quarteto que integra a Aliança do Pacífico, busca-se transcender em duas
frentes: geográficas e geopolíticas. A prova disso é começar por “integrar” um total
de 210 milhões de pessoas, o que representa cerca de 36% da população da América
Latina e do Caribe. Enquanto em termos econômicos, o bloco, em conjunto, 40%
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María del Pilar Ostos Cetina
do PIB de toda a América Latina, que, se toda a sua produção fosse adicionada e
contada como um único país, a Aliança do Pacífico se tornaria a oitava economia
do planeta .
Cabe destaca que para 2017, o mecanismo da Aliança do Pacífico, ainda
estabelecido com apenas quatro membros de pleno direito (México, Colômbia,
Peru e Chile), tem um total de 49 países observadores de todos os continentes,
como percebido no seguinte mapa, sublinhando dentro da mesma entrada recente
da Argentina, que por sua vez atua como membro fundador do Mercosul:
Com respeito aos observadores, eles são realmente países dos cinco
continentes, destacando a presença dos Estados Unidos e da China, al passo que de
vários países que compõem o bloco da União Européia, deixando de lado a presença
do próprio Federação Russa. Nesse sentido, a Aliança do Pacífico, do ponto de vista
geopolítico, se torna uma continuação da “política de contenção” da era bipolar,
muito ao estilo do contexto de George Kennan, retratado nos tempos atuais sob a
forma de um um tipo de barreira, isto é, um tipo de armadura para o continente,
que no final pretende abranger o “continente-ilha” diante de qualquer ameaça
externa que tente violar os critérios da pax americana.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
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María del Pilar Ostos Cetina
Páginas electrónicas
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http://www.unasursg.org/inicio/organizacion/historia
http://www.unasursg.org/inicio/organizacion/consejos/cds
http://participacionsocial.sre.gob.mx/ppp.php
176 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 161-176, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
RESUMO
Este trabalho foi motivado pela condução de Seminários da Escola Superior de
Guerra destinados a fornecer subsídios para a atualização das Política e Estratégia
Nacionais de Defesa publicadas no ano de 2008, tem por escopo realizar um
recorrido sobre a participação brasileira em Operações de Paz conduzidas por
organismos internacionais e avaliar a articulação entre a diplomacia brasileira e o
segmento da defesa decorrente do planejamento e da execução de tais atividades.
Para lograr o objetivo a que se propõe, o artigo discorre acerca de conceitos gerais
sobre as Operações de Paz conduzidas sob a égide de organismos internacionais,
apresenta um resumo da participação brasileira em tais Operações, bem como
avalia a articulação entre os segmentos da diplomacia e da defesa do Brasil nesse
contexto. Nas considerações finais destaca como vantajosa para o País a presença
brasileira nesse tipo de atividade, seja para o diplomata, seja para o soldado, além
de expor sugestões de aprimoramento desse processo.
Palavras-chave: Operações de Paz. Defesa. Política externa.
ABSTRACT
This article was motivated by Brazil War College Seminars carried out in order to
provide subsidies for the National Defense Policy and Strategy (published in 2008)
update. It has the scope to perform a defendant on the Brazilian participation in
peacekeeping operations conducted by international organizations and to assess
the relationship between the Brazilian diplomacy and defense segment promoted
by such activities. Then, it presents general concepts on peace operations under
the auspices of international organizations, provides an overview of the Brazilian
____________________
* Licenciado em Língua Portuguesa e Docência do Ensino Superior (IAVM-Universidade Cândido
Mendes, 2007). Mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança (INEST-UFF, 2017). Assessor
do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (CEE/ESG). Contato: <ricardofreire@
esg.br>.
** Bacharel em Ciências Militares pela Academia da Força Aérea e Doutor em Ciência Política pela
Universidade Federal Fluminense. Atualmente participa do corpo docente do Curso de Pós-Graduação
em Segurança Internacional e Defesa da Escola Superior de Guerra. Seus temas de pesquisa englobam
pós-estruturalismo e estudos de segurança internacional e defesa, integração Sul-Americana em
matéria de defesa e Operações de Paz das Nações Unidas. Contato: marst2011@hotmail.com
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017 177
Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
RESUMEN
Este trabajo fue motivado por Seminarios de la Escuela Superior de Guerra destinado
a buscar ideas para la actualización de la Política y de la Estrategia Nacionales de
Defensa. Tiene el alcance de mirar la participación brasileña en las operaciones de
mantenimiento de la paz conducidas por organizaciones internacionales y evaluar la
relación entre la diplomacia brasileña y el segmento de defensa que son resultantes
de esas actividades. Así, habla de conceptos generales sobre las operaciones de
paz bajo los auspicios de organizaciones internacionales, ofrece una visión general
de la participación brasileña en este tipo de operaciones, y evalúa la relación entre
los segmentos de la diplomacia y la defensa de Brasil en este contexto. En las
consideraciones finales muestra como ventajoso é para el país la presencia en este
tipo de actividad, sea para el diplomático, sea para el soldado. Además, hace la
exposición de propuestas de mejora de este proceso.
Palabras clave: Operaciones de Paz.Defensa. Política exterior.
1 INTRODUÇÃO
178 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
A Carta Magna brasileira (BRASIL, 1988) prevê, em seu artigo 4º, que as
relações internacionais do País deverão ser pautadas pelos seguintes princípios:
independência nacional; prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos
povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz; solução pacífica
dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para
o progresso da humanidade; e concessão de asilo político.
Dessa forma, a participação brasileira em Operações de Paz não poderia
deixar de ser regida por esses mesmos princípios. Assim sendo, em Brasil (2012b,
p.33) já se encontra preconizado que:
39 Note-se que o termo “multilateral” aqui substitui o “internacional”. Este autor entende ambos
os termos como sinônimos, baseado em Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa: 1
mesmo que multilátero. 2 Diz-se de um sistema de segmentos situados num mesmo plano
e respectivamente equipolentes aos lados de um polígono fechado. 3 Em que participam ou são
envolvidos mais que dois países: Tratado multilateral. 4 Diz-se do contrato entre três ou mais partes.
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017 179
Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
40 Operação em que as Forças Armadas, embora fazendo uso do Poder Militar, são empregadas em
tarefas que não envolvam o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias especiais, em
que esse poder é usado de forma limitada. Podem ocorrer, inclusive, casos nos quais os militares
não exerçam necessariamente o papel principal (BRASIL, 2007, p. 180-181).
41 Consta em Martins Filho (2015, p. 4) que “o Brasil não participa de Peace Enforcement –
Imposição da Paz – tendo em vista o que prescreve o Art. 4º da Constituição Federal, que
estabelece a participação brasileira segundo os ditames da solução pacífica das controvérsias”.
180 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
42 Todavia, em Silva (2003), constata-se que as ações da diplomacia brasileira para a promoção da
paz entre os Estados são anteriores à própria criação da ONU.
43 Segundo Martins Filho (2015, p. 13), “Foi a primeira e única Missão de Paz da Organização
das Nações Unidas a contar com uma Força-Tarefa Marítima”. Nesta missão, a Marinha
do Brasil emprega, no momento, uma fragata, um helicóptero e um efetivo embarcado de
aproximadamente 250 militares.
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017 181
Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
182 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
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Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
Foi uma atuação relevante para nós num cenário regional, mas
com seus limites. [...] Há, no entanto, ganhos em outras frentes.
O Brasil expandiu sua atuação em missões da ONU na última
década, especialmente na África. Um exemplo é a República
Democrática do Congo. O general brasileiro Carlos Alberto dos
Santos Cruz, que liderou as tropas da ONU no Haiti entre 2007 e
2009, comanda hoje as tropas da entidade na nação africana. A
própria manutenção do comando do braço militar da Minustah
é vista como sinal de prestígio brasileiro. “O reconhecimento
de que o papel do Brasil tem sido importante é o fato de que
os sucessivos comandantes das tropas da ONU no país têm sido
brasileiros. Isso é pouco habitual”, disse o embaixador brasileiro
na ONU, Antonio Patriota [...].
Fugindo, porém, às missões sob a égide das Nações Unidas, também são encontrados
exemplos de boa articulação dos segmentos das Relações Exteriores e da Defesa brasileiros
na garantia da paz entre equatorianos e peruanos, por ocasião do contencioso fronteiriço de
1995-1998. Sobre este evento, Canabrava (2003, p. 248) cita que
47 Missão patrocinada pela ONU, instituída em 2004, conta com um efetivo de cerca de 6.000
integrantes, sendo 2.338 militares (cerca de 1.400 da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro)
de 19 países, todos comandados por um oficial-general brasileiro. Dados obtidos em UN –
Peacekeeping Operations. Disponível em: <http://www.un.org/en/peacekeeping/operations/
past.shtml>. Acesso em 30 dez. 2015.
184 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
48 Para solucionar a crise conhecida como Guerra do Alto Cenepa foi criada a Missão de
Observadores Militares Equador-Peru (MOMEP), tendo o Brasil como coordenador dos Países
Garantes (Argentina, Brasil, Chile e EUA). Oficiais-generais brasileiros coordenaram as ações dos
militares no Processo de Paz durante toda a Missão.
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Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
186 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
O Brasil e as Operações de Paz
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dez. 2015.
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017 187
Ricardo Rodrigues Freire / Marcos Cardoso dos Santos
SILVA, Mendes Raúl (Org.). Missões de Paz: a diplomacia brasileira nos conflitos
internacionais. Rio de Janeiro: Log on, 2003.
188 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 177-188, maio/ago. 2017
A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 161-176, maio/ago. 2017 189
María del Pilar Ostos Cetina
O texto deve ser precedido do título. Após o título, seguem o nome do (s)
autor (es), o resumo acompanhado das palavras-chave (até 5), o título em inglês,
o abstract acompanhado das keywords, o título em espanhol e do resumen
acompanhados das palabras clave.
Em nota de rodapé, sem número e com asterisco, acrescentar titulação,
atividade atual, filiação institucional e endereço eletrônico dos autores.
Os artigos devem vir acompanhados de uma autorização para publicação
contendo o nome, titulo do artigo, endereço, telefone, endereço eletrônico e um
currículo resumido do(s) autor(es).
Nos artigos, devem constar, no final, as referências proporcionais ao número
de páginas; portanto entre 10 e, no máximo, 20 autores.
O canal de diálogo entre os autores e a editoração é revistadaesg@esg.br e
cadernosdeestudos@esg.br
O ISSN da Revista da ESG é 0102-1788 e o dos Cadernos de Estudos Estratégicos
1808-947X.
A ESG reserva-se o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem
normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua,
respeitando, porém, o estilo dos autores. As provas finais não serão enviadas aos
autores.
A ESG cumpre todos os direitos dos autores reservados e protegidos pela
Lei n.º 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Condiciona-se a sua reprodução parcial
ou integral à autorização expressa e as citações eventuais à obrigatoriedade de
referência da autoria e da revista.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva
responsabilidade.
A revista é distribuída gratuitamente, e cada autor receberá dez exemplares.
PARTE II
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
• Resumo
Apreciação concisa dos pontos relevantes de um documento em espaço
simples. O resumo de um artigo deve conter de 100 a 250 palavras. As palavras-chave
devem figurar logo abaixo do resumo, separadas entre si por ponto e finalizadas
também por ponto, ao máximo cinco palavras. Observar NBR 6028/2003.
• Citação de autores no texto
Um autor: indicação do sobrenome do autor em maiúsculas, seguido da
data, caso a citação seja indireta: (BIGNOTO, 2003)
Indicação de dois ou três autores da mesma obra separados por ponto e vírgula,
acrescidos da data: (RIECK; LEE, 1948) ou (MARTINS; JORGE; MARINHO,1972).
Na obra com mais de três autores, deve ser mencionado um autor (o primeiro ou o
mais conhecido) seguido da expressão “et aI.” acrescida da data: (JARDIM et aI., 1965).
Citação de trabalhos de diferentes autores. Todos eles são mencionados,
logo se deve seguir a ordem alfabética ou cronológica. Exemplos: (ATANASIU, 1967;
KING, 1965; LIRONS, 1955; THOMAS, 1973) (LIRONS, 1955; KING, 1965; ATANASIU,
1967; THOMAS, 1973).
Citações de diversos documentos dos mesmos autores, publicados em um
mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas do alfabeto após
a data, e sem espacejamento:
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María del Pilar Ostos Cetina
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
• Referências
A padronização da ESG está baseada na norma ABNT/NBR 6023. Não se
esqueçam de que as referências são alinhadas somente à margem esquerda.
As regras gerais são as seguintes:
Regras: 1. Sobrenome do autor em letras maiúsculas. Vírgula; 2. Inicial do
nome do autor ou o nome do autor por extenso. Ponto; 3. Título da obra (em
maiúscula só a primeiras letras da primeira palavra e dos nomes próprios) em
itálico (só o título, o subtítulo não tem grifos). Ponto; 4. Número da edição (a partir
da segunda) (observar a abreviatura de 2. ed.) 5. Local. Dois-pontos; 6. Nome da
editora sem a palavra editora. Vírgula; 7. Ano da publicação. Ponto. 8. Página inicial-
final, caso o livro não tenha sido todo usado. Ponto.
Exemplo:
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María del Pilar Ostos Cetina
SILVA, F., CAMPOS, R. S.; FERREIRA, L.P. Globalização no século XXI. São Paulo:
Ática, 2000.
ALVES, C. Navio negreiro. [S.I.]: Virtual Books, 2000. Disponível em: <http://
www.terra.com.br/virtualbooks/port/lport/navionegreiro.htm>. Acesso em: 5
mar.2015.
• Notas de rodapé
As notas de rodapé (fonte 10, espaço simples) destinam-se a prestar
esclarecimentos ou tecer considerações que não são incluídas no texto para
não interromper a sequência lógica da leitura. Tais notas não devem ser usadas
desproporcionalmente e não devem ter mais de cinco linhas. Elas devem ficar ao
final de cada página, e não no fim do artigo.
Exemplo:
O álcool nas bebidas é encontrado a partir de fermentação49 dos cereais,
para fabricação das mesmas. As pessoas bebem para relaxar ou até mesmo para
ficarem mais felizes e não sabem quais são as reações² do nosso organismo em
relação ao álcool. Segundo Robaina50, “todo este material à base de álcool utilizado
diariamente, não nos adverte quanto ao uso deles”.
49 As bebidas alcoólicas que são produzidas através da fermentação são champanhas, cervejas e os
vinhos, e as bebidas produzidas através da fermentação e destilação são as aguardentes, uísques e
o conhaque..
50 Como os alcoóis são de caráter básico fraco, eles irão reagir ao entrar no estômago, pois este
contém sucos gástricos ácidos. No caso do fígado, há uma intoxicação hepática.
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
SECTION I
The Brazilian National War College promote the edition of two publishings:
the Brazilian National War College magazine and the Journal of strategic studies.
The ESG (portuguese) magazine aim to publish original articles about Military
science and politics. The Journals of strategic studies aim to publish original articles
about culture, international relations, modernity, axiology, praxeology, polemology,
cratology, and security.
All the texts will be measured either by the double-blind peer or by the
Editorial Counsel to be indicated to a publication later.
The authors must observe whether all the listed itens below have
implemented. The texts that are not in accordance with rules will be sent back to
the authors.
The articles must be both original and unpublished. Furthermore, they might
not evaluate to another publishing at the same time.
It is suggested to follow the ABNT rules (the Brazilian Technical
Standards Association):
• NBR 6023/2000 - Reference preparations;
• NBR 6022/2003 – Information and Documentation – Article in printed
scientific;
• NBR 10520/2002 – Rules for submission of articles;
• NBR 12256/1992 – Documentation - Presentation of texts for publishing;
• NBR 5892/1989 – Documentation – Indication of dates;
• NBR 6024/2012 – Information and Documentation – Numbering of
divisions and subdivions in written documents;
• NBR 6028/2003 – The rules of presentation, the summary, the in-text
citation, and references.
• NBR 14724/2011 – Illustrations (tables, charts, and figures such as
photographs, drawings, graphics, etc.) according to Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE) recommendations.
The files must follow the criteria below:
• Word for windows or RTF format;
• Among 10 or 20 pages within references;
• Configuration: Lining space: simple; between lines: 6-points after; from
title to text beggining: 12-points after; before and after citation lining
space: 8-points;
-12-points Times New Roman font;
-left and superior margins: 3cm; right and inferior margins: 2cm;
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SECTION II
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A Reconfig. da Amér. Latina sob o Esquema de Seg. do “Pax Americano” no Séc. XXI: O Caso da Aliança Pacífica
Illustration, charts, pictures, and so on. Pictures and tables should be inserted
closer next to part related. It is suggested it is centered on the page, and maximum
two pages. Formatting: 10-points font; table divided in two or more, if it does not fit
on page; use table nº followed by one/graphics (centered and in bold); The source
of data should be indicated, in accordance with the descriptive text to the left table/
graphics.
Example:
New students
Institution Undergratuates Modification
-University
Cedar University 110 103 +7
Elm College 223 214 +9
Maple Academy 197 120 +77
Pine College 134 121 +13
Oak Institute 202 210 -8
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María del Pilar Ostos Cetina
Example:
According to some, dreams express “profound aspects of personality”
(Foulkes 184), though others disagree.
More than 3-points in quotation must be highlighted with an indentation of
4cm left margin, 10-font, and without quotation marks:
Nelly Dean treats Heathcliff poorly and dehumanizes him throughout her
narration:
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Still, it is necessary to observe whether name or last name are in the text
with the capital letter initials. Nevertheless, if the author’s last name is not cited,
it must be written in capital letter. The number of the page must appear in the
transcription.
Example:
According to Smith (1992, p.45), “Aitcheson [sic] appears to believe that
everything changes; but this is questionable” (italics in original).
• References
The Brazilian National War College standartisation is based in rule of ABNT/
NBR 6023. It is important to observe that the references are aligned with the left
margin.
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María del Pilar Ostos Cetina
Multivolume Work
Wiener, P. (Ed.). (1973). Dictionary of the history of ideas (Vols. 1-4). New
York, NY: Scribner’s.
Electronic Books
De Huff, E. W. (n.d.). Taytay’s tales: Traditional Pueblo Indian tales. Retrieved
from http://digital.library.upenn.edu/women/dehuff/taytay/taytay.html
Footnotes
Footnotes aims to explain what is outside the text in order to keep the logical
sequence, which should not contain more than 5-points. On the one hand, they
should be avoided, for they might become more expensive the publication.
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INSTRUCCIONES A LOS AUTORES PARA PUBLICACIÓN
EN REVISTAS DE LA ESCUELA SUPERIOR DE GUERRA
PARTE 1
Los textos deben ser precedidos de un título. Luego del título, sigue el nombre
del o de los autores, el resumen acompañado de las palabras clave (hasta 5), el
título en inglés, el abstract acompañado de las keywords, o título en español y el
resumen acompañado de las palabras clave.
Al pie de la página, sin número y con asterisco, colocar títulos de grado
(doctor, licenciado, etc), actividad actual, institución a la que pertenece, y dirección
electrónica de el o los autores.
Los artículos deben estar acompañados de una autorización para publicación
conteniendo el nombre, título del artículo, dirección, teléfono, correo electrónico y
currículum resumido de el o los autores.
En los artículos debe constar, al final, las referencias debiendo estas ser
proporcionales al número de páginas, por lo tanto, entre 10 y 20 autores como
máximo.
El canal de diálogo entre los autores y la editorial es revistadaesg@esg.br y
cadernosdeestudos@esg.br
El ISSN de la revista de la ESG es 0102-1788 y de los Cuadernos de Estudios
Estratégicos 1808-947X
La ESG se reserva el derecho a efectuar, en los originales, alteraciones de
orden normativa ortográfica y gramatical, con vistas a mantener el padrón cultural
de la lengua, respetando, sin embargo, el estilo de los autores. Las pruebas finales
no serán enviadas a los autores.
La ESG cumple todos los derechos de autor, reservados y protegidos por la
Ley n° 9610, del 19 de febrero de 1998. Condicionando su reproducción parcial o
integral a la autorización expresa y las citaciones eventuales a la obligatoriedad de
referenciar la autoría y la revista.
Las opiniones emitidas por los autores de los artículos son de su exclusiva
responsabilidad.
La revista es distribuida gratuitamente, y cada autor recibirá diez
ejemplares.
PARTE II
Visando facilitar la etapa de preparación editorial, fueron establecidos los
siguientes criterios de uniformización que deben ser seguidos por los autores al
elaborar los artículos.
Sobre el uso de:
202
Comillas - solamente para metáforas, transcripciones y citaciones con menos
de tres líneas.
Negrita - únicamente para títulos, tópicos, tablas y gráficos.
Itálica - palabras extranjeras, títulos de libros, periódicos, artículos, tesis, etc,
siempre que aparezcan en el cuerpo del texto. En casos de excepción la letra itálica
debe ser usada para resaltar palabras y expresiones, se sugiere, sin embargo, que
este artificio sea evitado.
• Sumario
Apreciación concisa de los puntos de un documento en espacio simple. El
resumen de un artículo debe contener de 100 a 250 palabras. Las palabras clave
deben figurar enseguida del resumen, separadas entre sí por puntos y finalizadas
también por puntos, con un máximo de cinco palabras. Observar NBR 6028/2003
• Cita de autores en el texto
Un autor: indicación del apellido del autor en mayúsculas, seguido de la
fecha, en caso que la citación sea directa: (BIGNOTO, 2003)
Indicación de dos o tres autores de la misma obra separados por punto y coma,
acompañados de la fecha: (RIECK, LEE, 1948) o (MARTINS; JORGE; MARINHO, 1972).
En la obra con más de tres autores, debe ser mencionado un autor (el primero
o más conocido) seguido de la expresión “et al.”, seguida de la fecha: (JARDIM et
al., 1965).
Cita de trabajos de diferentes autores. Todos ellos son mencionados,
debiendo seguir un orden alfabético o cronológico. Ejemplos: (ATANASIU, 1967;
KING, 1965; LIRONS, 1955; THOMAS, 1973) (LIRONS, 1955; KING, 1965; ATANASIU,
1967; THOMAS, 1973).
Cita de diversos documentos de los mismos autores, publicados en un mismo
año, son distinguidas mediante la colocación de letras minúsculas del alfabeto
luego de la fecha, sin espacio: (CARRARO, 1973a), (CARRARO, 1973b), (VOLKMAN;
GOWANS, 1965a), (VOLKMAN; GOWANS, 1965b).
Coincidencia de autores con el mismo apellido y fecha, colocar las iniciales de
sus nombres: (BARBOSA, N., 1958); (BARBOSA, R., 1980).
Cita de cita: identificar la obra directamente consultada. La expresión latina
apud, significa citado por, conforme, según, de acuerdo con, en sintonía con las
ideas de. Ejemplo: (SILVA apud PESSOA, 1980).
En la cita directa (transcripción), consta, además, la numeración de las
páginas utilizadas, seguidas de coma luego del año. (VOLKMAN; GOWANS, 1965,
p. 35-43).
• Referencias:
El padrón de la ESG está basado en la norma ABNT/NBR 6023. No olvidar que
las referencias son alineadas solamente en el margen izquierdo.
Las reglas generales son las siguientes:
Reglas: 1. Apellido del autor en letras mayúsculas. Coma; 2. Inicial del nombre
del autor o nombre del autor completo. Punto; 3. Título de la obra (en mayúscula
sólo la primer letra de la primer palabra y de los nombres propios) en itálica (sólo
el título, el subtítulo no será destacado). Punto; 4. Número de la edición (a partir de
la segunda) (observar la abreviatura de 2. ed); 5. Lugar. Dos puntos; 6. Nombre de
la editorial sin la palabra editorial. Coma; 7. Año de la publicación. Punto; 8. Página
inicial-final, en el caso en que el libro no haya sido todo usado. Punto.
Ejemplo:
SILVA, F. Como establecer los parámetros de la globalización. 2. ed. São Paulo:
Macuco, 1999
- Cuando hubiere traductor, prefacio o notas:
ALIGHIERI, D. A. La divina comedia. Traducción de Hernani Donato. São Paulo:
Círculo del Libro, 1983.
ASOCIACIÓN BRASILEÑA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Información y
documentación: referencias - elaboración. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
- Cuando haya más de un autor, separarlos con punto y coma:
SILVA, F.; FERREIRA, L.P. Internet. São Paulo: Macuco, 2000.
SILVA, F.; CAMPOS, R.S.; FERREIRA, L.P. Globalización en el siglo XXI. São
Paulo: Ática, 2000.
- Libro de serie o colección:
SILVA, F.; Como establecer los parámetros de la globalización. 4. ed. São Paulo:
Ática, 1999. (Serie princípios 29).
- Libros digitales:
ALVES, C. Navío negrero. [S.I]: Virtual Books, 2000. Disponible en: <http:www.
terra.com.br/virtualbooks/port/port/navionegrerio.htm>. Accedida el 5 mar.2015.
• Notas al pie
Las notas al pie (fuente 10, espaciado simple) se destinan a colocar
aclaraciones o hacer consideraciones que no están incluidas en el texto para no
interrumpir la secuencia lógica de la lectura. Tales notas no deben ser usadas en
forma desproporcionada y no deben tener más de cinco líneas. Estas deben quedar
al final de cada página, e no al final del artículo.
Ejemplo:
El alcohol en las bebidas surge a partir de la fermentación51 de los cereales,
para fabricación de las mismas. Las personas beben para relajarse o hasta para
estar más felices y no saben cuáles son las reacciones² de nuestro organismo en
relación al alcohol. Según Robaina52, “todo este material a base de alcohol utilizado
diariamente, no nos advierte en cuanto a su uso”.
51 Las bebidas alcohólicas que son producidas a través de la fermentación son champagnes,
cervezas y los vinos, y las bebidas producidas a través de fermentación y destilación son las
aguardientes, whisky y coñac.
52 Como los alcoholes en las bebidas son de carácter básico leve, ellos irán a reaccionar cuando
ingresen en el estómago, pues este contiene gástricos ácidos. En el caso del hígado, hay una
intoxicación hepática.
Esta revista foi impressa na gráfica da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
Fortaleza de São João - Av. João Luís Alves, s/n - Urca - Rio de Janeiro - RJ
CEP 22291-090 - www.esg.br
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
0102-1788