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Metas
1. Definir, calcular e transformar algumas das mais importantes propriedades
geométricas de superfícies planas.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1 Calcular os momentos de segunda ordem (momentos de inércia) e produtos de
inércia de superfícies planas mediante integração.
2 Aplicar o teorema dos eixos paralelos para calcular momentos e produtos de
inércia de superfícies.
3 Obter por transformações matriciais as equações de transformação do tensor
dos momentos de inércia.
4 Calcular a orientação e o valor dos momentos principais de inércia.
Introdução
Na aula 6 aprendimos a localizar o centróide de superfícies planas e a calcular a
resultante de forças continuamente distribuídas. Vimos que a posição do centróide
depende da relação entre os momentos de área de primeira ordem e a própria área da
superfície. Por outro lado, a resultante dos carregamentos é a área sob o diagrama de
carga. Na presente aula vamos desenvolver o conceito de momentos de área de
segunda ordem (ou momentos de inércia) de forças distribuídas. Este conceito
encontra vasta aplicação na resistência dos materiais e contribui para quantificar a
intensidade as forças internas que surgem nos elementos como resposta à ação de
cargas externas.
x3 x3
dWi M
C
x2 x2
x1 x1
Figura 1 – Sistemas de forças de peso distribuídas na superfície de uma placa
homogênea e o binário equivalente M quando a origem do referencial coincide com o
centróide C.
R dW dq dA k x2 dA
A A A
Eq. 1
M x2 dW k x2 dA
2
A A
Para o caso em que os eixos cartesianos passam pelo centróide C da placa a resultante
R = 0 devido a que a quantidade de momentos de área positivos x2dA se iguala aos
negativos x2dA e a integral (ou somatório de diferenciais) é nula. Nessa situação
A
de área de segunda ordem (ou momento axial de inércia) em torno do eixo x1. Observe
que, a diferença do Qx1 (momento de primeira ordem) Ix1 será sempre positivo. O
momento axial de inércia tem unidades de comprimento elevadas à quarta potência
(m4, e.g.). Por analogia, o momento axial de inércia com relação ao eixo x2 será:
I x 2 x1 dA
2
Eq. 2
A
Por outro lado, se a intensidade da força distribuida não apresenta variação linear até
nenhum dos eixos, ou seja dq = k, tem-se:
R dW dq dA k dA k A
A A A
Eq. 3
M x2 dW k x2 dA k Qx1
A A
A Eq. 3 mostra que, diferentemente do caso anterior (Eq. 1), quando dq é constante e
o referencial cartesiano passa pelo centróide da superfície, o carregamento distribuido
se reduz então a apenas uma força resultante R (já que o primeiro momento de área
Qx1 = 0 e M = 0).
R dW dq dA k r dA
A A A
M r dW k r dA 2
Eq. 4
A A
J r 2 dA
A
Estas resultantes estarão sobre um eixo x’ no plano da placa mas perpendicular à
distância polar r (Figura 2). Se a quantidade de momentos infinitesimais de área a
ambos os lados de x’ é igual, Qx’ = 0 e o sistema de forças se reduz a um único binário.
Igualmente, se dq = k o sistema de forças distribuidas se reduz a uma única força
resultante R (Eq. 3). O momento polar de inércia também tem unidades de
comprimento à quarta potência. Uma relação entre os momentos axiais e o polar pode
ser obtida a partir da definição de J:
2 2
J r 2 dA x2 x1 dA I x1 I x 2 Eq. 5
A A
x'
x2 dA
x1
Figura 2 – Momentos de área de segunda ordem axiais se calculam como a integral de
área das distâncias x1 ou x2 ao quadrado enquanto que no cálculo do momento polar
se considera a distância polar r ao quadrado (Eq. 4).
Exemplo 1: Demonstre que o momento de inércia de uma área retangular com relação
a qualquer eixo centroidal é igual ao produto da base pela altura ao cubo dividido por
12.
x2
h x1
A A
A 0 0 0
0 3 0 12
b/2
Eq. 6
b/2 h b/2 3 3
h 2x h hb
I x 2 x1 dA 2 x dx2 dx1 2 x1 x2 dx1
2 2 2 1
1
A 0 0 0
0 3 0 12
Solução: Para uma seção circular maciça qualquer eixo que passe pelo centróide será
um eixo de simetria logo os momentos axiais de inércia serão iguais e J = 2 I. Neste
caso convêm resolver a integral dupla em coordennadas polares:
2
d 4
0 r sen r dr d 64
d /2 J
I x1 x2 dA
2 2
Eq. 7
A 0
2
Exemplo 3 : Calcule o momento de inércia com relação ao eixo x2 da área entre as
curvas mostradas na Figura 4.
2
1 x1 1
x1 2
I x 2 x1 dA x1 dx2 dx1 x1 x2
2 2 2
dx1
x13
A 0 x1 3 0
Eq. 8
1 1
1 1 1
x1 x1 x1 dx1 x1 x1 dx1
2 2 3 4 5
0 0
5 6 30
/2 2 /2 2 /2
r4 15 15
J r dA 2
r
2
r dr d d Eq. 9
A 0 1 0
41 4 0 8
2
3 x1
2
1 x1 1
x
I x1 x2 dA x2 dx2 dx1 2
2 2
dx1
A 0 x3 0
3 x13
1
1
Eq. 10
1 x x
1 7 10
1 1
x1 x1 dx1
6 9 1 1
30 3 7 10 70
0
I x1 x2 dA a d dA
2 2
A A
I x1 a 2 dA 2 d a dA d 2 dA Eq. 11
A A A
I x1 I x1 A d 2
da superfície com relação ao centróide. Desta forma o teorema dos eixos paralelos
permite então encontrar o I com relação a eixos não centroidais como a soma do
momento centroidal I mas o produto da área da figura vezes a distância d até o eixo
de interesse ao quadrado (Eq. 11).
dA
x2
a
B B
C
d
x1
Figura 6 – Pelo teorema dos eixos paralelos o momento de inércia de uma superfície
em relação a um eixo não centroidal mas paralelo a este será I x1 I x1 A d 2 onde I x1
é o momento de inércia em relação ao eixo centroidal.
2
b h3 h 1
I AA I x1 A d
2
b h b h3 Eq. 12
12 2 3
Neste caso simples o mesmo resultado teria sido obtido diretamente mediante a
b h b b
1 h 1 b h3
integral I AA x2 dA x2 dx2 dx1 x23 dx1 h 3 x1
2 2
.
A 0 0
30 0 3 0 3
Produtos de inércia
I x1x 2 x1 x2 dA Eq. 13
A
Na Eq. 14 I x1x 2 é o produto de inércia da área em relação aos seus eixos centroidais
enquanto que dx1 e dx2 são as distâncias desde o centróide até os respectivos eixos
coordenados. Se algum dos eixos centroidais da área for também de simetria I x1x 2 0
Exemplo 6: A Figura 7 mostra a seção transversal de uma viga metálica com perfil em
L. Defina a posição do centróide da seção e calcule os momentos de inércia e produto
de inércia com relação aos eixos centroidais. A viga têm a mesma largura das abas
w = 60 mm e espessura t = 10 mm.
w t t w t
t w
x1 1i i 2
x A 2 Eq. 15
18,6 mm x2
iA w t t w t
I xA2
w t t 3 w t t t x t 2 9,71x10 4 mm4
1
12 2
tw
2
w Eq. 16
3
I xB2 w t x1 2,57 x10 5 mm4
12 2
I x 2 I xA2 I xB2 3,54 x10 5 mm4 I x1
Os produtos de inércia serão nulos em torno dos eixos centroidais de cada retângulo
devido à simetria destes.
x1
t
A
w
t
x2
B
w
Figura 7 – Perfil de uma viga em L (Exemplo 6).
t w t
I xA1 x 2 0 w t t x1 t x2 43388 mm4
2 2
w t
I xB1 x 2 0 w t x1 x2 t 92975 mm4
Eq. 17
2 2
I x1x 2 1,36 x105 mm4
I xi x j xi x j ij xi x j dA
2 2
i, j 1, 2 Eq. 18
A
Como Ix1x2 = Ix2x1 (ver Eq. 13) a matriz I é simétrica. Na diagonal as componentes de I
são os momentos de inércia em relação aos eixos coordenados enquanto que as
componentes fora da diagonal são os produtos de inércia. Durante o projeto de
elementos mecânicos pode ser necessário calcular as componentes do tensor I em um
referencial x’1x’2 que está inclinado de um certo ângulo em sentido anti-horário com
relação a x1x2 ( Figura 8). Para realizar esta operação primeiramente introduzimos a
matriz de transformação T composta pelos cossenos dos ângulos entre o novo e o
velho referencial:
x2' x2
x 1'
O x1
Figura 8 –A matriz da transformação T que permite girar a representação cartesiana
do tensor I entre duas bases é composta por funções trigonométricas do ângulo .
cos sen
T
cos
Eq. 20
sen
I x '1 I x1 c 2 I x 2 s 2 2 I x1 x 2 s c
I x '1 x '2 I x1 I x 2 s c I x1 x 2 c 2 s 2 Eq. 22
I x1 I x 2 I x1 I x 2
I x '1 c 2 I x1 x 2 s 2
2 2
Eq. 23
I I
I x '1 x '2 x1 x 2 s 2 I x1 x 2 c 2
2
Estas (Eq. 22 e Eq. 23) são as equações de transformação dos momentos de inércia.
Elas mostram como os momentos e produtos de inércia de áreas variam com a
orientação dos eixos coordenados (dada pelo ângulo ) quando se conheçem os
valores da matriz I (ou seja os valores de Ix1, Ix2 e Ix1x2) em uma determinada
orientação.
x'2 x1 x2
t
x'1
w
x1
t
x2
w
Figura 9 – Perfil em L similar ao do Exemplo 6. Os momentos e o produto de inércia do
perfil variam com o ângulo de giro dos eixos centroidais.
A susbtituição dos valores de Ix1 = Ix2 e Ix1x2 na Eq. 22 gera duas equações que são
função de uma única variável (o ângulo ). Com base no gráfico destas funções (Figura
10) podemos fazer as seguintes observações:
1. Existe uma inclinação dos eixos centroidais (/4 para este caso) para a qual os
momentos de inércia são maiores do que na inclinação original ( = 0). Esta
inclinação é conhecida como direção principal p e os eixos assim orientados
são os eixos principais de inércia.
2. Em = 3/4 o momento de inércia passa por um mínimo que também coincide
com o zero do produto de inércia. Esta orientação é conhecida como segunda
direção principal.
3. Sempre que o momento de inércia passa por um valor extremo (máximo ou
mínimo) o produto de inércia é zero. Este resultado não é casual já que na Eq.
22 I x '1 x '2
1 d
I x '1 ou I x '1 x '2 d I x '1 na Eq. 23.
2 d d 2
I x1min x1 x 2 I x21x 2
max
2 2
Eq. 24
1 2 I x1x 2
p tan 1
2 I x1 I x 2
Conclusões:
Nesta aula definimos e aprendimos a calcular algumas das mais importantes
propriedades geométricas das superfícies planas, como o são os momentos de inércia
e os produtos de inércia. Específicamente o momento de inércia constitui uma medida
da resistência da área a se curvar na presença de momentos fletores. Quanto maior o I
em torno de um determinado eixo, menor a curvatura para um mesmo momento em
torno do eixo ortogonal. Para alguns perfis estruturais e outras áreas, os eixos
centroidais nem sempre estão orientados na direção dos eixos principais de inércia. A
orientação destes eixos e os valores extremos de I que nela atuam devem ser
calculados pela Eq. 24.
A localização dos eixos principais de inércia tem uma aplicação prática imediata:
durante o projeto estrutural seria desejável orientar os perfis de maneira que o
momento fletor estivesse aplicado na direção do Imin (logo perpendicular ao Imax)
diminuindo a curvatura e consequentemente as chances de falha do elemento.
Resumo:
I x 2 x1 dA
2
Eq. 26
A
J I x1 I x 2
Ix Ix A d 2 Eq. 27
I x1x 2 x1 x2 dA
A Eq. 28
I x1x 2 I x1x 2 A dx1 dx2
I I I I
2
x1 x 2 x1 x 2 I x21x 2
max
I x1min
2 2
Eq. 29
1 2 I x1x 2
p tan 1
2 I x1 I x 2
Referências Bibliográficas
1 Beer FP, Johnston ER Jr (1994), “Mecânica Vetorial para Engenheiros”, 5ª ed.
Makron Books, São Paulo, Brasil.
2 Hibbeler RC (2010), “Estática Mecânica para Engenharia”, Pearson Prentice
Hall, 12ª edição, São Paulo, Brasil.
3 Crandall SH, Dahl NC, Lardner TJ (1978), “An Introduction to the Mechanics of
Solids”, 3rd ed. McGraw-Hill Inc. Tokyo, Japan.
4 Thornton ST, Marion JB (2004), Classsical Dynamics of Particles and Systems,
5th ed. Brooks/Cole-Tomson Learning, Belmont USA.
5 Mase GT, Smelser RE, Mase GE (2010), “Continuum Mechanics for Engineers”,
Taylor & Francis Group, 3rd ed., FL, USA.
6 Thornton ST, Marion JB (2004), Classical Dynamics of Particles and Systems, 5th
ed. Brooks/Cole-Tomson Learning, Belmont USA.