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Resumo: Em meio às alterações que ocorrem nas cidades, com ênfase no uso e ocupação do solo e nos deslocamentos, este trabalho
tem por objetivo avaliar os possíveis impactos decorrentes da implantação de Polos Geradores de Viagens (PGVs) na estrutura espacial
das cidades, conformada pelo conjunto de centros e subcentros urbanos. Como conclusão, a partir do método desenvolvido, corrobora-
se a relação entre os PGVs e os impactos decorrentes destes na estrutura espacial da cidade objeto do estudo. Assim como, identificam-
se as atividades que mais contribuem para tal relação.
Abstract: Among the changes that take place in the cities, especially those related to trips and to land use and occupation, this paper
aims at assessing the possible impacts caused by the implantation of trip generating developments in their spatial structure, shaped by
urban centres and subcentres. In conclusion, from the method developed in the work, the relationship is confirmed between trip gener-
ating developments and their impacts on the spatial structure of the city studied, as well as the activities that most contribute to that re-
lationship are identified.
Centro, rede de centros, formando uma base para a definição das denominadas
Rochefort (1998)
redes urbanas
Nós (econômicos e de acessibilidade) e links Rodrigue (2006)
Nós (locais conformados por nós em uma rede) Kazerani e Winter (2009)
Centralização e a área central; descentralização e os núcleos secundários; coesão
Processos
o autor, a organização do espaço resulta da localização tomóveis; a presença de, pelo menos, uma estação de
dos diferentes centros. E em virtude da diferença entre transporte público (trem); a existência de espaços pú-
os centros, a geografia leva a definição de formas de blicos.
interdependência entre os centros, o que permite a Segundo Schwanwn et al. (2001), os estudos sobre
passagem de uma noção de centro para uma noção de policentralidade estão diretamente relacionados às
rede de centros, formando uma base para a definição questões dos padrões de viagem, uma vez que a forma
das denominadas redes urbanas, ou ainda sistema ur- urbana pode impactar diretamente o tempo e distância
bano de um espaço. dos deslocamentos pendulares. Como resultado, os
A Tabela 1 procura sintetizar os elementos ou pro- padrões das viagens diárias tornaram-se tangenciais e
cessos que conformam o espaço urbano, segundo a vi- não mais radiais, em grande parte das áreas metropoli-
são de autores pesquisados. Cabe enfatizar a impor- tanas. Esse resultado gerou dois comportamentos de
tância dos centros e subcentros, como elementos, ou viagens a partir da policentralidade:
inseridos em processos de conformação da estrutura i) conforme alguns trabalhos, a policentralidade
espacial urbana. tende a diminuir o tempo e a distância das viagens
Sobre a relação entre a estrutura espacial urbana e o pendulares (Levinson e Kumar, 1994; Gordon e Ri-
sistema de transportes, cabe citar os estudos de John chardson, 1996; Schwanwn et al. 2001, Aguilera e
S. Adams, que identificou ciclos construtivos nas ci- Mignot, 2004; McMillen, 2004);
dades americanas. Cada um desses ciclos estava rela- ii) segundo outros, o número de deslocamentos in-
cionado a mudanças na tecnologia dos transportes, dividuais motorizados tende a aumentar, sendo a poli-
conformando padrões distintos na organização espaci- centralidade negativa (Cevero, 1996; Ewing, 1997).
al intra-urbana de crescimento concêntrico e expansão Isso se dá caso a infra-estrutura de transporte coletivo
radial (Taaffe et al., 1996). e o incentivo aos modos não motorizados não acom-
Com relação a estudos nacionais, especificamente panhem as novas centralidades (Schwanwn et al.
sobre a centralidade no contexto dos Planos Diretores, 2001; Aguilera e Mignot, 2004).
o Ministério das Cidades (2004) relaciona a formação Ao se relacionar PGVs e subcentros, observa-se que
e a consolidação dos subcentros urbanos – a multicen- a principal característica dos PGVs é o impacto ad-
tralidade (ou policentralidade) – à eficiência e organi- vindo da geração de viagens. Nesse sentido, pode-se
zação das cidades, pois a policentralidade é capaz de estabelecer uma comparação entre os estudos citados
proporcionar aos cidadãos o acesso aos serviços es- anteriormente:
senciais, dispensando-se deslocamentos motorizados, i) de acordo com os trabalhos que afirmam que a
realizando pequenas viagens a pé ou de bicicleta; ou policentralidade tende a diminuir o tempo e a distân-
ainda favorece a possibilidade de acessá-los pelos cia das viagens pendulares, a conformação de uma
modos coletivos de transporte. Segundo o estudo, a nova centralidade advinda da implantação de um PGV
multicentralidade contribui para diminuir o número de seria benéfica à estrutura da cidade;
viagens motorizadas. ii) porém, segundo os demais trabalhos, pode-se es-
Diesendorf (2000) ressalta a policentralidade como timar que caso a implantação de um PGV leve à as-
uma das características das cidades que buscam a sus- censão de um novo subcentro e caso a infra-estrutura
tentabilidade. Como características dos subcentros, o de transporte coletivo e o incentivo aos modos não
autor destaca: o mix de usos do solo; o acesso da co- motorizados não acompanhem a nova centralidade (S-
munidade a determinadas atividades, como escolas, chwanwn et al. 2001; Aguilera e Mignot, 2004), isso
bibliotecas e creches; a compacidade, ou a facilidade poderia impactar negativamente, com o aumento do
de alcançar as principais atividades pelos modos não número de deslocamentos individuais motorizados,
motorizados – a pé ou bicicleta; acesso restrito aos au- agravando ainda mais os impactos negativos decorren-
Trabalho de Kneib (2008)
3. Identificação dos PGVs nos subcentros
Material da CET (1982)
5. Cálculo do número de viagens geradas pelos PGVs Taxas do ITE (2001 e 2008)
7. Comparação entre os valores das etapas 5 e 6
tal procedimento é aplicado em um estudo de caso es- de geração de viagens do ITE (2001 e 2008), confor-
pecífico, realizado no município de Manaus. Destarte, me Tabela 2.
como metodologia de trabalho, adotou-se o procedi-
mento composto por sete etapas, ilustrado na Figura 1. 5. ESTUDO DE CASO
Com relação à identificação dos subcentros urba-
nos, são diversas as metodologias existentes (como Com base na metodologia apresentada no item 4, este
Giuliano e Small, 1991; Anderson e Bogart, 2001; Pan trabalho pretende examinar, quantitativamente, a exis-
e Ma, 2006) que baseiam sua identificação na variável tência de PGVs e seu porte, quando inseridos nos sub-
densidade e número de empregos. Neste trabalho, para centros identificados, de forma a verificar se o concei-
a identificação de subcentros urbanos, adotaram-se o to desenvolvido por Kneib (2004) é aplicável ao mu-
conceito e a metodologia desenvolvida por Kneib nicípio de Manaus. Para tal, mede-se o percentual do
(2008), que define subcentro como uma área com número de viagens geradas em cinco zonas de tráfego,
número de viagens geradas significantemente maior especificamente por empreendimentos classificados
do que as áreas vizinhas. Para medir tal significância, como PGVs, com foco em usos não domiciliares, com
o estudo utiliza estatística espacial. Segundo a autora, relação às viagens totais dos subcentros identificados.
a variável geração de viagens consegue refletir as ca- Sobre Manaus, cabe destacar que está localizada no
racterísticas inerentes às áreas centrais, independente estado do Amazonas, na região Norte do Brasil. Pos-
de seu uso. Assim, também foram adotados os subcen- sui uma população de 1.738.641 habitantes (IBGE,
tros identificados pelo trabalho de Kneib (2008) para a 2009) e constitui uma das dez maiores cidades do Bra-
cidade objeto do estudo de caso, Manaus. sil. Seu crescimento, a partir do ano de 2000, foi bas-
Para a categorização de empreendimentos como tante acelerado e a infra-estrutura para o transporte
PGVs, foram usados critérios baseados nas classifica- não conseguiu acompanhar esse crescimento no mes-
ções da CET (1982), a partir dos quais foram focados mo ritmo (Prefeitura de Manaus e Ceftru, 2006).
empreendimentos não domiciliares. Isso se deve a A Figura 2 apresenta os subcentros identificados pa-
uma limitação metodológica, uma vez que os dados de ra a Zona de Tráfego 120, enquanto o Quadro 1 apre-
domicílios utilizados são provenientes de Setores senta os PGVs presentes nos subcentros identificados.
Censitários e estão agrupados, impossibilitando sua A Figura 3 apresenta o número de viagens geradas por
classificação nos critérios de PGVs estabelecidos que, PGVs com relação às viagens totais dos subcentros 1,
segundo a CET (1982), são conjuntos residenciais a- 2, 3 e 4.
cima de 200 unidades. Para o cálculo das viagens ge- Observa-se, na Figura 3, que todos os subcentros
radas para PGVs e demais usos, adotaram-se as taxas apresentaram mais de 60% de suas viagens geradas
Tabela 2. Taxas de geração de viagens diárias para PGVs e demais usos com base em taxas do ITE (2001 e 2008)
Uso Taxa de geração de viagens Unidade
Residência 9,5000 un
Saúde 0,3678 m2
Educação 0,2508 m2
Público/Institucional 0,7420 m2
Comércio/Serviço 0,7549 m2
Indústria 0,0750 m2
Lazer 0,1845 m2
Terminais de Transporte 0,0920 m2
120
100
30.85 26.55
80 37.29 33.85
Outras viagens
60
Viagens de PGVs
40 73.45
62.71 69.15 66.15
20
0
Subcentro 1 Subcentro 2 Subcentro 3 Subcentro 4
Figura 3. Número de viagens, em percentual, geradas por PGVs, com relação às viagens totais dos subcentros identificados
para a ZT 120
1
2
Figura 4. Subcentros identificados para a Zona de Tráfego 105 Figura 5. Subcentros identificados para a Zona de Tráfego 115
1
2
3
4
rificada tal observação, uma vez que este apre- mentos classificados como PGVs, o que con-
sentou apenas 24% das viagens geradas por firma o trabalho de Kneib (2004), para o caso
PGVs; da ZT 115. O subcentro 1 apresenta 60% das
Com relação à zona 115 – observa-se, na Figura viagens de PGVs geradas pela atividade saúde,
9, que ambos os subcentros apresentam mais de enquanto o uso predominante no subcentro 2 é
70% de suas viagens geradas por empreendi- o institucional, com 51%;
120.00 120
100.00 100
9.44
23.12
80.00 39.39 80
Figura 8. Número de viagens geradas por PGVs, em percentual, Figura 9. Número de viagens geradas por PGVs, em percentual,
com relação às viagens totais dos subcentros identifica- com relação às viagens totais dos subcentros identifica-
dos para a ZT 105 dos para a ZT 115
120 120
100 100
19.76
29.76
80 80 38.85
Figura 10. Número de viagens geradas por PGVs, em percentual, Figura 11. Número de viagens geradas por PGVs, em percentual,
com relação às viagens totais dos subcentros identifi- com relação às viagens totais dos subcentros identifi-
cados para a ZT 504 cados para a ZT 406