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Jales
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FICHA CATALOGRÁFICA
LOPES, Fernanda Rodrigues Augustinho
A Influência da Escrita Virtual na Escrita Formal de Adolescentes no
Brasil
Orientação: Prof. Denis Alves Tannuri.
Jales, 2017.
40 páginas
Monografia apresentada como exigência do curso de Programa
Especial de Formação Pedagógica para Tecnólogos e Bacharel em
Letras do Centro Universitário de Jales - UNIJALES, para obtenção do
título de bacharel em letras.
Palavras-chave: escrita virtual, escrita formal, origem da escrita, escrita
na escola.
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Aprovada em ____/____/_________
Nota:___________
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Professor (a)
_____________________________________________
Professor (a)
_____________________________________________
Professor (a)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me sustentado por toda minha vida
até aqui, por ter me dado força nos momentos em que achei que não conseguiria
mais continuar, e por fim ter me ajudado a concluir este trabalho. Agradeço à minha
família que sempre me apoiou em todas as minhas decisões, me incentivando e
ajudando em todos os momentos.
Um agradecimento em especial aos orientadores que contribuíram para a
realização do presente trabalho.
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Epígrafe
8
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma
gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse
uma gota.”
Madre Teresa de Calcuta
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a influência da escrita virtual na escrita
formal de adolescentes brasileiros, já que esse tipo de escrita é um recurso que
esse público tem muito acesso. Estudos e análises à textos de adolescentes nas
escolas têm mostrado que está acontecendo uma interferência na escrita formal do
ambiente escolar pela escrita virtual. Devido à derivação da escrita virtual ser a
forma oral informal ou de abreviações para economia de tempo na hora de escrever,
esse método acaba sendo utilizado também quando o aluno deve desenvolver
textos com a escrita formal. Essa influência será discutida e analisada mostrando
pontos positivos e negativos, já que se faz necessário o entendimento de como lidar
com essa nova fase, fazendo com que ela seja auxiliadora no ensino escolar, e não
o contrário.
ABSTRACT
This very present academic study main goal is to analyze how virtual writing
influences formal writing of the brazilian teenagers students, as this type of writing is
one of the most used by them. Analyses and studies on texts produced by teenagers
has shown an interference on formal writing caused by the virtual one. Due to
variations presented on virtual writing through the informal spoken language
reproduction or contractions used in order to save time when writing, this method
also ends up being used when the students must develop his texts using a formal
language. This influence will be discussed and analysed by showing the good and
bad aspects, as the understanding of how to deal with this new phase is necessary,
making it a helper of the school teaching, and not the opposite way.
Key words: formal writing, virtual writing, origin of writing, writing at schools.
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LISTA DE FIGURA
LISTA DE TABELA
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................14
ORIGEM DA ESCRITA................................................................................................16
ESCRITA FORMAL .................................................................................................. 22
LINGUAGEM E ESCRITA VIRTUAL ........................................................................ 24
INFLUENCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL EM
ADOLESCENTES ......................................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................38
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INTRODUÇÃO
A escrita, seja ela qual for, sempre foi uma forma de representar a memória
coletiva de uma comunidade, em todos os campos de sua vivência, seja no campo
religioso, cultural, político, científico, artístico, enfim. É um grande marco na história
da humanidade a invenção dos livros, dos jornais e da imprensa de modo geral, que
gravaram as informações e conquistas humanas, passando-as para próximas
gerações. Mais importante, no entanto, foi a invenção da escrita que, nos seus
primórdios, era dominada por poucos, mas que, gradativamente, passou para um
número maior de pessoas, até chegar ao público em geral.
Em consequência das tecnologias de comunicação e de informação
ocorreram grandes transformações no modo de comunicação na
contemporaneidade. O uso dessas tecnologias instituiu, portanto, uma inovação na
forma comunicativa: a escrita virtual, ocasionando a formação de novos estilos de
vida e de utilização da língua. A proposta deste trabalho é analisar como a escrita
virtual se estabelece como esta nova maneira de comunicação, suas implicações e
interferências na linguagem formal, e seus diferentes olhares, apresentando
características da linguagem formal escrita como também da linguagem virtual, para,
a partir daí, verificar ocorrências da escrita virtual, apontando os mecanismos
validados pelos usuários dessa modalidade escrita.
Propriedade exclusiva do homem, a linguagem constitui a ferramenta que
possibilita sua comunicação/interação com os outros. No entanto, ela não é
imutável, o que significa que para cada espaço ou contexto há uma linguagem para
ser utilizada. Todas as manifestações devem, portanto, ser respeitadas. Estabelecer
que uma forma ou outra de comunicação consista na mais correta, gera, em termos
de linguagem, o chamado preconceito. Mas para que haja uma “harmonia” entre
essas duas formas de escrita, é necessário que os usuários entendam qual é o lugar
adequado para utilização de cada uma.
A evolução da escrita trouxe consigo seus benefícios, mas também algumas
preocupações, principalmente em se tratando da formação de adolescentes, pois
esse público está em fase de amadurecimento pessoal, construindo valores que
farão parte da sua personalidade, e as influências ao seu redor muito contribuem, de
forma positiva ou negativa, nessa formação. Nessa fase, eles não conseguem fazer
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essa importante separação de onde utilizar cada escrita, podendo assim ter
influencia indesejada da linguagem virtual na linguagem formal utilizada nas escolas.
Importante ressaltar que, em tudo é possível encontrar benefícios e
malefícios, sendo assim, o desenvolvimento de novas tecnologias também tem os
dois lados. Está longe de ser objetivo do presente trabalho a crítica à novos recursos
de comunicação, na realidade, pretende-se mostrar que é muito importante essa
renovação e interação virtual desde que haja conhecimento das duas formas de
escrita, pensando em uma solução para que os professores consigam lidar com
essas renovações e trabalha-las em sala de aula.
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ORIGEM DA ESCRITA
“(...) os sistemas de escrita foram criados não para representar a fala, mas
para comunicar informações. Sua relação com a fala é, na melhor das
hipóteses, indireta”. (OLSON, 1997, p. 83)
Pode-se dizer que a escrita foi uma das grandes “invenções” da humanidade
até hoje. Segundo Ana Paula Pires Trindade (2012) “os vestígios mais antigos da
escrita são originários da região baixa da antiga Mesopotâmia e datam de mais 5500
anos. Primeiramente a escrita era formada por ideogramas que representavam uma
palavra, assim sendo, eram necessários diversos signos pictóricos para representar
tantos quantos objetos ou ideias fossem necessários”. A ideografia era a
representação das ideias por meio de pinturas e desenhos. Sampson (1996) diz que
“as escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (também chamada de
hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (a
cretense, por exemplo) e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa)”.
A escrita egípcia hieroglífica foi, juntamente com a cuneiforme, uma das mais
importantes do Oriente antigo. A origem do nome “hieroglífica” designa a ideia de
que essa escrita tenha sido aplicada principalmente com fins religiosos: em
inscrições monumentais, nas paredes dos templos, dos túmulos, dos monumentos
sagrados, etc. Contudo, isto representava em parte um erro, pois essa escrita foi
utilizada para “pintar” inscrições na madeira, na louça de barro e em outros
materiais, além da pedra e para documentos “escritos” em papiro.
Segundo Queiroz (2005) “As mais antigas inscrições hieroglíficas egípcias
ainda existentes datam do começo do terceiro milênio a.C. Este tipo de escrita
atingiu o máximo grau de desenvolvimento durante a primeira dinastia egípcia, que
começou por volta do século XXX ou XXIX a. C.”.
ESCRITA FORMAL
.
24
No século XXI está havendo uma grande revolução tecnológica que acaba
exercendo grande influência comportamental, nos costumes e na cultura da
sociedade. Pela sua inovação a sociedade acaba tendo que se adaptar à novos
modelos de comunicação, consumo e ideias que podem ter seus prós e contras.
Pode-se considerar uma linguagem como um conjunto de técnicas utilizadas
para armazenar e transmitir mensagens, ideias, intenções e as mais variadas
expressões humanas, além de ter a importante missão de auxiliar as pessoas a
pensar sobre o mundo, sobre seus semelhantes e sobre si mesmo. Pensando desta
maneira os instrumentos da informática, como a internet por exemplo, servem para
armazenar e transmitir informações, porém há uma diferença em relação a palavra
escrita, que é por exemplo, a possibilidade de trabalhar com uma gama mais variada
de formatos de informação. Enquanto a escrita utiliza-se exclusivamente de
informações armazenáveis em palavras, na informática é possível haver informação
em formatos variados, multimídias. Ao analisar o impacto que a fácil manipulação de
instrumentos de multimídia terá na forma de pensar e de ver o mundo através da
informática, é possível considera-la como uma nova forma de linguagem, com novas
formas de integrar a tecnologia ao cotidiano.
Através do acesso a muitas informações de formas variadas tanto a escrita
como a leitura mudam o seu papel, porque o próprio leitor vai participar da
mensagem na medida em que ele não vai estar apenas ligado a um aspecto. O leitor
passa a participar da própria redação do texto à medida que ele não está mais na
posição passiva diante de um texto estático, uma vez que ele tem diante de si não
uma mensagem estática, mas um potencial de mensagem (Lévy, 1996). Então, é
introduzida a ideia de que toda leitura é uma escrita em potencial. Isso acaba
gerando uma desterritorialização dos textos, das mensagens, enfim, de tudo o que é
documento: tanto o texto como a mensagem se tornam uma matéria.
Souza (2001) cita que as novas tecnologias têm atingido grandes avanços
advindos da sociedade da informação, transformando substancialmente as formas
de trabalho, de lazer, de comunicação, inclusive as concepções de espaço e tempo,
do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador, com repercussões sociais,
econômicas, políticas e educacionais.
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“Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada.
Frases curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que
sejam escritas no menor tempo possível – afinal, é preciso ser rápido na
Internet. Como a conversa é em tempo real e pode se dar com mais de um
usuário ao mesmo tempo, é preciso escrever rapidamente.” (OTHERO,
2004, p. 23)
Essa forma de escrita veio principalmente das salas de bate-papo, que foram
um marco na maneira de se comunicar. A partir daí a linguagem virtual, desse modo
descrito acima, passou a “contaminar” todas as formas de comunicação, de uma
26
Internet Net
Também Tbm
Está Tah
Falou Flw
Tudo Td
Quando Qndo
Porque Pq
Quanto Qnto
Alguém Alg
Acho Axo
Que Q
Nada Nd
Não Naum ou ñ
Adicionar Add
Beijos Bjs
Abraços Abs
Né Neh
Comigo Cmg
Cadê Kd, cd
Hoje Og ou Hj
Tchau Xau
Oh my Good Omg
For you = prá você 4U
Aqui Aki
Dentre esses 102 milhões de pessoas que utilizam a internet no Brasil, 23,7
milhões são crianças e adolescentes. Na figura abaixo será mostrada uma projeção
feita na 4ª edição da pesquisa TIC Kids Online, conduzida pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), onde é possível perceber
que mesmo com o grande acesso à internet, ainda há uma grande parte das
crianças e adolescentes brasileiros que não o possuem. Mas no presente trabalho
31
não entraremos em mais detalhes quanto à essa grande falta de acesso que ainda
existe no Brasil, iremos focar na parcela que possui.
pode ser julgada com regras éticas.” Esse público, ao utilizar cada vez mais a
internet para se comunicar, principalmente os chats, aos poucos vai ficando com seu
raciocínio limitado, já que o discurso utilizado nas salas de bate-papo caracteriza-se
por frases curtas e abreviações, sendo que a utilização frequente dessa linguagem
pode interferir nas produções realizadas pelos adolescentes na sala de aula.
Essa facilidade de acesso e contato com a internet acaba tendo grande
influencia sobre os adolescentes, tanto para pesquisas, sendo um dos pontos
positivos, quanto para redes sociais e outras formas de entretenimento.
“[…] para escrever bem, é preciso, antes de tudo, ter o que dizer, conhecer
o objeto o qual vai discorrer. O grande tempo destinado à procura de
dígrafos, dos encontros consonantais, à classificação das funções do QUE e
outras questões semelhantes (pobres questões!) poderia ser muito mais
aproveitadas com a leitura e análise (diária!) de textos interessantes, ricos
em ideias ou imagens, sejam eles literários ou não.” (ANTUNES, 2003, p.
70).
Outra característica encontrada nos textos estudados pelos artigos foi que, em
muitos, não havia um desenvolvimento ou sequência da narrativa. A necessidade de
agilidade e rapidez para escrever acaba atrapalhando na construção das frases,
consequentemente da narrativa como um todo. O “convívio” com a escrita virtual tão
informal chega a atingir o raciocínio dos alunos, que com a utilização constante
desse tipo de linguagem, e sem o apoio de um trabalho sob a abordagem
pedagógica, vão, aos poucos, limitando seu pensamento, já que, nas salas de bate-
papo, a comunicação acontece através de frases curtas, abreviadas, entre outras
características já observadas ao longo desse trabalho. Aos poucos vai havendo a
falta de senso crítico diante de determinadas situações. O problema dessa forma de
escrita não está em ler um texto em que o aluno utiliza uma abreviatura para a
palavra “televisão”, por exemplo, mas sim quando o ele deixa de utilizar a
abreviatura “TV” e passa a escrever “televisan”. Assim, além de todo o contexto da
narrativa não ter muito sentido, não há desenvolvimento da sua linha de raciocínio,
pois mesmo ao escrever da forma culta uma abreviatura, ele o faz apresentando
dificuldades ortográficas.
Embora haja essa influencia negativa da escrita virtual na escrita formal, a
internet também pode trazer algo bom para os adolescentes, ela incentiva a leitura e
a escrita. Mesmo que seja de textos informais, ela acaba abrindo essa porta de
entrada, dando fácil acesso a vários tipos de informações. Além disso, é muito
aberta e livre, o que estimula a criatividade e associações entre letras, desenhos,
gírias, enfim, que podem ser trabalhadas e desenvolvidas.
CONSIDERAÇÕS FINAIS
O uso das tecnologias é uma realidade da qual não se pode fugir, porém não
é preciso idolatrá-las e, tampouco, desconsiderar que seu uso excessivo pode trazer
grandes prejuízos, principalmente para a formação de adolescentes. Com isso,
pensamos que escrita virtual e a escrita formal não podem ser vistas de forma
separada, como se ambas existissem em contextos totalmente isolados. Assim
como a fala está atrelada à escrita, os diferentes recursos utilizados para escrever
se articulam e se relacionam.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KATO, Mary A. O aprendizado da leitura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
OHMAN, Sven (apud Kato, 1990, p.16 KATO, M. No Mundo da Escrita. Uma
Perspectiva Psicolingüística. São Paulo: Ática, 1986.
WALTY, Ivete Lara Camargos; FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria
Zilda Ferreira. Palavra e imagem: leituras cruzadas. Belo Horizonte, Autêntica,
2000.