Sie sind auf Seite 1von 40

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JALES - UNIJALES


FERNANDA RODRIGUES AUGUSTINHO LOPES

A INFLUÊNCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL


DE ADOLESCENTES NO BRASIL

Jales
2017
2

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JALES – UNIJALES


FERNANDA RODRIGUES AUGUSTINHO LOPES

A INFLUÊNCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL


DE ADOLESCENTES NO BRASIL

Monografia apresentada como exigência


parcial de avaliação para conclusão do curso
de Programa Especial de Formação
Pedagógica para tecnólogo e bacharel em
letras, pelo Centro Universitário de Jales –
UNIJALES sob a orientação metodológica do
Prof.º Denis Alves Tannuri.

Jales
3

2017

FICHA CATALOGRÁFICA
LOPES, Fernanda Rodrigues Augustinho
A Influência da Escrita Virtual na Escrita Formal de Adolescentes no
Brasil
Orientação: Prof. Denis Alves Tannuri.
Jales, 2017.
40 páginas
Monografia apresentada como exigência do curso de Programa
Especial de Formação Pedagógica para Tecnólogos e Bacharel em
Letras do Centro Universitário de Jales - UNIJALES, para obtenção do
título de bacharel em letras.
Palavras-chave: escrita virtual, escrita formal, origem da escrita, escrita
na escola.
4

A INFLUÊNCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL DE


ADOLESCENTES NO BRASIL

FERNANDA RODRIGUES AUGUSTINHO LOPES

Aprovada em ____/____/_________

Nota:___________

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Professor (a)

_____________________________________________
Professor (a)

_____________________________________________
Professor (a)
5
6

Dedico este trabalho ao meu esposo Tiago pelo incentivo e a


minha mãe Fátima pela ajuda de sempre. Amo vocês!

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me sustentado por toda minha vida
até aqui, por ter me dado força nos momentos em que achei que não conseguiria
mais continuar, e por fim ter me ajudado a concluir este trabalho. Agradeço à minha
família que sempre me apoiou em todas as minhas decisões, me incentivando e
ajudando em todos os momentos.
Um agradecimento em especial aos orientadores que contribuíram para a
realização do presente trabalho.
7

Epígrafe
8

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma
gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse
uma gota.”
Madre Teresa de Calcuta
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar a influência da escrita virtual na escrita
formal de adolescentes brasileiros, já que esse tipo de escrita é um recurso que
esse público tem muito acesso. Estudos e análises à textos de adolescentes nas
escolas têm mostrado que está acontecendo uma interferência na escrita formal do
ambiente escolar pela escrita virtual. Devido à derivação da escrita virtual ser a
forma oral informal ou de abreviações para economia de tempo na hora de escrever,
esse método acaba sendo utilizado também quando o aluno deve desenvolver
textos com a escrita formal. Essa influência será discutida e analisada mostrando
pontos positivos e negativos, já que se faz necessário o entendimento de como lidar
com essa nova fase, fazendo com que ela seja auxiliadora no ensino escolar, e não
o contrário.

Palavras-chave: escrita formal, escrita virtual, origem da escrita, escrita na escola.


9

ABSTRACT

This very present academic study main goal is to analyze how virtual writing
influences formal writing of the brazilian teenagers students, as this type of writing is
one of the most used by them. Analyses and studies on texts produced by teenagers
has shown an interference on formal writing caused by the virtual one. Due to
variations presented on virtual writing through the informal spoken language
reproduction or contractions used in order to save time when writing, this method
also ends up being used when the students must develop his texts using a formal
language. This influence will be discussed and analysed by showing the good and
bad aspects, as the understanding of how to deal with this new phase is necessary,
making it a helper of the school teaching, and not the opposite way.

Key words: formal writing, virtual writing, origin of writing, writing at schools.
10

LISTA DE FIGURA

Figura 01 – Representações Pictóricas ................................................................ 16


Figura 02 – Escrita Ideográfica .............................................................................. 17
Figura 03 – Escrita Cuneiforme ............................................................................. 18
Figura 04 - Inscrições hieroglíficas egípcias .......................................................... 19
Figura 05 - Alfabeto grego utilizado ultimamente ................................................... 21
Figura 06 – Emotions com imagens e pontuação associada à imagem ............... 25
Figura 07 – Proporção de crianças e adolescentes usuários de internet ............. 31
Figura 08 – Proporção de crianças e adolescentes por atividades realizadas
na internet ............................................................................................................ 32
11

LISTA DE TABELA

Tabela 01 – Palavras em escrita formal e palavras abreviadas da escrita


virtual ....................................................................................................................... 27
Tabela 02 – Expressões em salas de bate-papo ................................................... 29
12

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Utilização da internet pela população brasileira ................................ 30


13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................14
ORIGEM DA ESCRITA................................................................................................16
ESCRITA FORMAL .................................................................................................. 22
LINGUAGEM E ESCRITA VIRTUAL ........................................................................ 24
INFLUENCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL EM
ADOLESCENTES ......................................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................38
14

INTRODUÇÃO

A escrita, seja ela qual for, sempre foi uma forma de representar a memória
coletiva de uma comunidade, em todos os campos de sua vivência, seja no campo
religioso, cultural, político, científico, artístico, enfim. É um grande marco na história
da humanidade a invenção dos livros, dos jornais e da imprensa de modo geral, que
gravaram as informações e conquistas humanas, passando-as para próximas
gerações. Mais importante, no entanto, foi a invenção da escrita que, nos seus
primórdios, era dominada por poucos, mas que, gradativamente, passou para um
número maior de pessoas, até chegar ao público em geral.
Em consequência das tecnologias de comunicação e de informação
ocorreram grandes transformações no modo de comunicação na
contemporaneidade. O uso dessas tecnologias instituiu, portanto, uma inovação na
forma comunicativa: a escrita virtual, ocasionando a formação de novos estilos de
vida e de utilização da língua. A proposta deste trabalho é analisar como a escrita
virtual se estabelece como esta nova maneira de comunicação, suas implicações e
interferências na linguagem formal, e seus diferentes olhares, apresentando
características da linguagem formal escrita como também da linguagem virtual, para,
a partir daí, verificar ocorrências da escrita virtual, apontando os mecanismos
validados pelos usuários dessa modalidade escrita.
Propriedade exclusiva do homem, a linguagem constitui a ferramenta que
possibilita sua comunicação/interação com os outros. No entanto, ela não é
imutável, o que significa que para cada espaço ou contexto há uma linguagem para
ser utilizada. Todas as manifestações devem, portanto, ser respeitadas. Estabelecer
que uma forma ou outra de comunicação consista na mais correta, gera, em termos
de linguagem, o chamado preconceito. Mas para que haja uma “harmonia” entre
essas duas formas de escrita, é necessário que os usuários entendam qual é o lugar
adequado para utilização de cada uma.
A evolução da escrita trouxe consigo seus benefícios, mas também algumas
preocupações, principalmente em se tratando da formação de adolescentes, pois
esse público está em fase de amadurecimento pessoal, construindo valores que
farão parte da sua personalidade, e as influências ao seu redor muito contribuem, de
forma positiva ou negativa, nessa formação. Nessa fase, eles não conseguem fazer
15

essa importante separação de onde utilizar cada escrita, podendo assim ter
influencia indesejada da linguagem virtual na linguagem formal utilizada nas escolas.
Importante ressaltar que, em tudo é possível encontrar benefícios e
malefícios, sendo assim, o desenvolvimento de novas tecnologias também tem os
dois lados. Está longe de ser objetivo do presente trabalho a crítica à novos recursos
de comunicação, na realidade, pretende-se mostrar que é muito importante essa
renovação e interação virtual desde que haja conhecimento das duas formas de
escrita, pensando em uma solução para que os professores consigam lidar com
essas renovações e trabalha-las em sala de aula.
16

ORIGEM DA ESCRITA

Devido à necessidade dos homens em trocar mensagens, criar registros,


passar ideias, transmitir desejos e necessidades e armazenar dados para preservar
sua história, na pré-história iniciaram uma forma de se comunicar através de
desenhos feitos nas paredes das cavernas. Porém, esse não pode ser considerado
um tipo de escrita, pois não havia organização, nem mesmo padronização das
representações gráficas. Essa fase é chamada de pictórica, e consistem em
representações bem simplificadas dos objetos da realidade. Segundo Walty (2000)
“o homem utilizou os mais diferentes tipos de materiais para registrar a sua
passagem pelo planeta e difundir seus conhecimentos e experiências. Desde os
primeiros tempos, procurou registrar suas impressões sobre o mundo, no interior das
cavernas, utilizando para isso pedra, materiais inorgânicos e orgânicos à base de
tintas vegetais e minerais”.

Figura 01 - Representações Pictóricas


.
17

“(...) os sistemas de escrita foram criados não para representar a fala, mas
para comunicar informações. Sua relação com a fala é, na melhor das
hipóteses, indireta”. (OLSON, 1997, p. 83)

Pode-se dizer que a escrita foi uma das grandes “invenções” da humanidade
até hoje. Segundo Ana Paula Pires Trindade (2012) “os vestígios mais antigos da
escrita são originários da região baixa da antiga Mesopotâmia e datam de mais 5500
anos. Primeiramente a escrita era formada por ideogramas que representavam uma
palavra, assim sendo, eram necessários diversos signos pictóricos para representar
tantos quantos objetos ou ideias fossem necessários”. A ideografia era a
representação das ideias por meio de pinturas e desenhos. Sampson (1996) diz que
“as escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (também chamada de
hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (a
cretense, por exemplo) e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa)”.

Figura 02 - Escrita Ideográfica


18

A escrita cuneiforme e a escrita hieroglífica representam o desenvolvimento


de sistemas de escrita, culminando no uso de sinais com valor fonético.

“Contudo, a escrita é mais que um instrumento. Mesmo emudecendo a


palavra, ela não apenas a guarda, ela realiza o pensamento que até então
permanece em estado de possibilidade. Os mais simples traços desenhados
pelo homem em pedra ou papel não são apenas um meio, eles também
encerram e ressuscitam a todo momento o pensamento humano. Para além
de modo de imobilização da linguagem, a escrita é uma nova linguagem,
muda certamente, mas, segundo a expressão de L. Febvre, “centuplicada”,
que disciplina o pensamento e, ao transcrevê-lo, o organiza.” (HIGOUNET,
2003, p. 9-10)

O cuneiforme é o sistema mais antigo de escrita até hoje conhecido, sua


decifração foi feita no século XIX. Sua origem permanece sem muita clareza, mas
tem sido submetido a profundo estudo e especulação desde então. Os Sumérios,
povo que conquistou uma parte da Mesopotâmia e do qual não se sabe nem a etnia
nem a ascendência linguística, foram o grupo cultural dominante no Oriente Médio a
partir dos últimos séculos do quarto milênio. Cultivaram uma literatura bastante
evoluída e deixaram recordações de arquivos e documentos grandes e complexos
de sistema jurídico, comercial, religioso e administrativo. Durante os primeiros anos
da sua ocupação começaram a usar a escrita, que pode ter se desenvolvido, depois,
em cuneiforme. Ao certo não é possível saber se realmente foram eles que a
inventaram; há possibilidade que a sua origem pertença ao antigo povo semita que
ali habitou ou ainda que tenha sido trazida para a Mesopotâmia de qualquer outra
região.

Figura 03 - Escrita Cuneiforme


19

A escrita egípcia hieroglífica foi, juntamente com a cuneiforme, uma das mais
importantes do Oriente antigo. A origem do nome “hieroglífica” designa a ideia de
que essa escrita tenha sido aplicada principalmente com fins religiosos: em
inscrições monumentais, nas paredes dos templos, dos túmulos, dos monumentos
sagrados, etc. Contudo, isto representava em parte um erro, pois essa escrita foi
utilizada para “pintar” inscrições na madeira, na louça de barro e em outros
materiais, além da pedra e para documentos “escritos” em papiro.
Segundo Queiroz (2005) “As mais antigas inscrições hieroglíficas egípcias
ainda existentes datam do começo do terceiro milênio a.C. Este tipo de escrita
atingiu o máximo grau de desenvolvimento durante a primeira dinastia egípcia, que
começou por volta do século XXX ou XXIX a. C.”.

Figura 04 - Inscrições hieroglíficas egípcias


20

A fase alfabética se caracteriza pelo uso de sinais (letras), as quais, embora


tenham se originado nos ideogramas, perderam o valor ideográfico e assumiram
uma nova função de escrita que foi a representação puramente fonográfica. A escrita
alfabética pode ser definida como um sistema de sinais que exprimem os sons
elementares da linguagem. A palavra alfabeto vem do latim e é composto pelo nome
das duas primeiras letras do alfabeto grego: alpha e beta, já emprestadas das
línguas semíticas.
Depois que os sistemas de escrita adotou o uso de sinais com valor fonético
houve algumas descobertas, segundo Queiróz (2005) “surgiu gradualmente o
quadro de uma forma prototípica de escrita alfabética, a norte-semítica, formada por
vinte e dois símbolos escritos uniformemente da direita para a esquerda: uma escrita
consonântica, agora tida como o antepassado direto das escritas hebraica, moabita,
fenícia, aramaica e grega, e que teve a sua existência definitiva nos últimos séculos
do segundo milênio a. C”.
O domínio estrangeiro exercido pelos egípcios e pelos povos da Mesopotâmia
sobre a Síria e a Palestina, foi eliminado temporariamente depois do fortalecimento
da região de Israel, Fenícia e Aram. Isso favoreceu a expansão de uma forma
revolucionária de escrita que, tanto quanto hoje se sabe, foi inventada em solo da
Síria ou da Palestina. Em um curto período esse alfabeto semítico do Norte
começou a ramificar-se em várias regiões inclusive no estrangeiro.
O alfabeto fenício foi adotado e adaptado pelos gregos no início dos anos 900
a.C., e se tornou o progenitor direto de todas as escritas alfabéticas ocidentais. Foi
muito importante para o sistema comercial e vigorou por mais de mil anos. Tomou
forma própria no século IV a. C., com a forma definitiva do alfabeto jônico, composto
por 24 letras e até hoje utilizado. Os alfabetos europeus se originaram do alfabeto
fenício. O alfabeto latino, derivado do grego, possuía apenas 16 letras. Só mais
tarde foram adotadas as letras g, h, j, k, q, v, x e y. Na história da escrita alfabética
do Ocidente, como em muitos outros aspectos, os gregos tiveram fundamental
importância, a escrita adaptada dos semitas por eles foi a origem direta ou indireta
de todas as escritas alfabéticas usadas na Europa de hoje, e foi um veículo de
comunicação e expressão de homens de diversas línguas e nacionalidades.
21

Figura 05 - Alfabeto grego utilizado ultimamente

Segundo Sven Ohman (apud Kato, 1990, p.16), a invenção da escrita


alfabética é uma "descoberta", pois, quando o homem começou a usar um símbolo
para cada som, ele apenas operou conscientemente com o seu conhecimento da
organização fonológica de sua língua. Hoje em dia, praticamente todas as línguas
possuem um alfabeto, e o modo mais comum de se escrever é da esquerda para a
direita e de cima para baixo. Contudo, os chineses e os japoneses escrevem da
direita para a esquerda e em colunas verticais. Os árabes escrevem da direita para a
esquerda, mas não em colunas, e sim em linhas de cima para baixo.
22

ESCRITA FORMAL

A escrita, desde o seu surgimento, tem como função a comunicação, transmitir


uma mensagem, um sentimento, uma ideia, histórias e crenças, desejos, e etc, de
uma forma que fique gravada e passe de gerações em gerações, representando o
que é dito na linguagem oral. Mesmo sendo uma representação da linguagem oral,
devido à fatores como da ausência do jogo fisionômico, mimicas e tom de voz, a
escrita necessita de um sistema mais disciplinado e rígido para materializar funções
abstratas da linguagem. Precisa ser mais objetiva, usar frases bem elaboradas e
explícitas, vocabulário distinto e variado, ter clareza no diálogo e no uso de
sinônimos. Para isso existem regras gramaticais que são padrões mais
conservadores. Para Perissé (1996), “escrever é lapidar frases e, portanto, exige o
aprimoramento de uma técnica, a qual deve ser treinada. Afasta peremptoriamente a
ideia de escrita como ‘talento’ e reforça a ideia de trabalho que pode ser aprendido
por meio da autodisciplina e do rigor”.
Segundo Costa Val (1991, p.4), “uma ocorrência lingüística, para ser texto,
precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo. Ainda, o texto
caracteriza-se por apresentar uma unidade formal, material. Os elementos
lingüísticos que o formam devem ser reconhecivelmente integrados, de modo a
permitirem que ele seja apreendido como um todo coeso, devendo considerar-se
num texto: a) aspectos pragmáticos que têm a ver com seu funcionamento enquanto
atuação informacional e comunicativa; b) instâncias semânticas, do que depende
sua coerência; c) o formal, que diz respeito a sua coesão”. Assim, um texto
caracteriza-se como texto pela sua textualidade, ou seja, conjunto de fatores que
fazem com que um texto seja um texto e não um amontoado de frases.
Além do estudo das regras gramaticais nas escolas, é muito importante que
haja leitura, pois é a partir daí que essas regras vão se interiorizando de forma
“involuntária”. Neste ponto entra a deficiência nos alunos adolescentes, pois a leitura
que eles mais têm contato e interesse são as virtuais, para conversas, textos em
blogs, e etc, os quais têm uma linguagem escrita informal.
23

A evolução da escrita trouxe consigo seus benefícios, mas também algumas


personalidades, e as influências ao seu redor muito contribuem, de forma positiva ou
negativa, nessa formação. Preocupações, principalmente em se tratando da
formação de adolescentes, pois esse público está em fase de amadurecimento
pessoal.

.
24

LINGUAGEM E ESCRITA VIRTUAL

No século XXI está havendo uma grande revolução tecnológica que acaba
exercendo grande influência comportamental, nos costumes e na cultura da
sociedade. Pela sua inovação a sociedade acaba tendo que se adaptar à novos
modelos de comunicação, consumo e ideias que podem ter seus prós e contras.
Pode-se considerar uma linguagem como um conjunto de técnicas utilizadas
para armazenar e transmitir mensagens, ideias, intenções e as mais variadas
expressões humanas, além de ter a importante missão de auxiliar as pessoas a
pensar sobre o mundo, sobre seus semelhantes e sobre si mesmo. Pensando desta
maneira os instrumentos da informática, como a internet por exemplo, servem para
armazenar e transmitir informações, porém há uma diferença em relação a palavra
escrita, que é por exemplo, a possibilidade de trabalhar com uma gama mais variada
de formatos de informação. Enquanto a escrita utiliza-se exclusivamente de
informações armazenáveis em palavras, na informática é possível haver informação
em formatos variados, multimídias. Ao analisar o impacto que a fácil manipulação de
instrumentos de multimídia terá na forma de pensar e de ver o mundo através da
informática, é possível considera-la como uma nova forma de linguagem, com novas
formas de integrar a tecnologia ao cotidiano.
Através do acesso a muitas informações de formas variadas tanto a escrita
como a leitura mudam o seu papel, porque o próprio leitor vai participar da
mensagem na medida em que ele não vai estar apenas ligado a um aspecto. O leitor
passa a participar da própria redação do texto à medida que ele não está mais na
posição passiva diante de um texto estático, uma vez que ele tem diante de si não
uma mensagem estática, mas um potencial de mensagem (Lévy, 1996). Então, é
introduzida a ideia de que toda leitura é uma escrita em potencial. Isso acaba
gerando uma desterritorialização dos textos, das mensagens, enfim, de tudo o que é
documento: tanto o texto como a mensagem se tornam uma matéria.
Souza (2001) cita que as novas tecnologias têm atingido grandes avanços
advindos da sociedade da informação, transformando substancialmente as formas
de trabalho, de lazer, de comunicação, inclusive as concepções de espaço e tempo,
do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador, com repercussões sociais,
econômicas, políticas e educacionais.
25

Esses avanços tecnológicos interferem e mudam a forma que a sociedade


encara o tempo, já que tudo é muito ágil e rápido, há uma explosão de informações,
o tempo todo, à disposição com a maior facilidade. Para acompanhar essa
necessidade de rapidez, a escrita para comunicação online sofreu modificações em
relação à escrita formal aprendida há anos.

“Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada.
Frases curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que
sejam escritas no menor tempo possível – afinal, é preciso ser rápido na
Internet. Como a conversa é em tempo real e pode se dar com mais de um
usuário ao mesmo tempo, é preciso escrever rapidamente.” (OTHERO,
2004, p. 23)

Algumas das características marcantes da escrita virtual são: frases curtas,


uso de abreviações, uma relação extrema com a linguagem oral, utilização de
símbolos como forma de expressão, imagens chamadas de emoticons e muitas
expressões sonoras e representação de entonações da voz. Todos esses recursos
são empregados para que a linguagem cumpra a sua função de passar uma
mensagem ao receptor.

Figura 06 - Emotions com imagens e pontuação associada à imagem.

Essa forma de escrita veio principalmente das salas de bate-papo, que foram
um marco na maneira de se comunicar. A partir daí a linguagem virtual, desse modo
descrito acima, passou a “contaminar” todas as formas de comunicação, de uma
26

maneira que atualmente até propaganda de grandes bancos acabam utilizando


dessa linguagem para criar uma aproximação com os clientes.

“a linguagem adotada no mundo virtual requer habilidades de escrita rápida


para esta geração net, o que cria uma solução intermediária de
comunicação, provocando muita preocupação aos estudiosos” (AMARAL,
2003, p. 31).

A influência da linguagem oral sobre a linguagem virtual é uma característica


que não se pode deixar de citar.

“Quanto ao processo interativo de produção discursiva na conversação face


a face e nas salas de bate-papo (chats) na Internet, com implicações no uso
do código escrito e nas escolhas lingüísticas mais próprias da linguagem
espontânea e informal oral cotidiana, há algumas semelhanças entre ambas
as conversações: tempo real, correção on-line, comunicação síncrona,
linguagem truncada e reduzida, etc. Mas há também algumas diferenças
que, contudo, confirmam o processo simultâneo de construção da
linguagem e do discurso. Podemos resumi-las na realidade “real” da
conversação cotidiana e na realidade “virtual” da conversação internáutica:
interação face a face X interação virtual; espaço real X espaço virtual;
comunicação real X comunicação virtual e língua falada X língua falada-
escrita.” (COSTA. 2005, pag. 24)

Barreto (1994) realizou comparações entre contextos da comunicação oral e


da comunicação eletrônica, onde fica nítida a proximidade de muitas características,
sendo a principal delas a coincidência do tempo de transferência que é imediato nas
duas situações. Segundo Souza (2001, p. 32) “Muitas vezes, a comunicação
eletrônica, devido à especificidade contextual que pode englobar e junto com as
suas características conversacionais, assume uma intencionalidade tribal na
publicidade dos fatos e ideias. É a proximidade com as características da oralidade,
no que tange ao contexto em que está inserida, desvinculada das normas
lingüísticas, que faz a linguagem eletrônica, por vezes, assumir uma
intencionalidade tribal, já extinta pela cultura tipográfica, conforme diz Barthes
(1984)”.
Na escrita virtual a primeira atitude do internauta é fugir o máximo possível
das rígidas normas da língua escrita, aponta Míglio (1998, p.32). Há uma
despreocupação com as regras gramaticais e informalidade no modo de se
comunicar. Isso faz com que as mensagens sejam praticamente uma cópia da língua
falada, porém ainda utilizando uma gama enorme de recursos da linguagem escrita.
27

“A maioria das características do pensamento e da expressão fundadas no


oral é relacionada com a interiorização do som. As palavras pronunciadas
são ouvidas e internalizadas. Com a escrita, precisa-se de outro sentido: a
visão. As palavras não são mais ouvidas, mas vistas; entretanto, o que se
vê não são as palavras reais, mas símbolos codificados, que evocam na
consciência do leitor palavras reais; o som se reduz ao registro escrito.”
(FREITAS, 2005, p.13)

A escrita virtual é muito criativa, pois necessita encontrar recursos para


expressar somente através da escrita todos os detalhes que estão presentes em um
diálogo presencial. Pereira e Moura (2005, p. 76) acrescentam que “nesse sentido,
recursos como ponto de interrogação, de exclamação e reticências são utilizados,
em excesso, pelos papeadores, com o objetivo de dar à escrita a entonação própria
da fala”. Com isso, ao lermos uma palavra com vários pontos de exclamação ou com
o alongamento da palavra através de repetição de letras, percebemos que o emissor
da mensagem tem a intenção de dar destaque àquela expressão e, o sentimento
agregado a ela pode ser compreendido no contexto da mensagem.
A seguir serão citados alguns exemplos de palavras, abreviações e
frases comuns na escrita virtual: “– Og v6s naum tm 9dades?”, o leitor consegue
interpretar o que está escrito, uma vez que está lendo como se estivesse ouvindo,
ele sabe que esse código significa: - “Hoje vocês não tem novidades?”; abreviações
como tbm, vcs, blz, vlw, add, kd, mto, abs, qnto, qndo, entre outras; troca de letras
como C por K (aki, poukinho), ou CH por X (axo, xau); imitação de sons de risada
(kkkkkk, hauhauha, rs); uso de letras repetidas para demonstrar um som longo
(aeeeee, vaaaaai, nãããõo); uso de pontuação para criar desenhos de sentimentos
( =( triste, =D feliz, =/ chateado, :O espantado e etc).

“Sim, pela primeira vez nossa humanidade já tão velhinha, as pessoas


estão se conhecendo primeiramente pela palavra escrita. E lida, é claro. [...]
Jamais, em tempo algum, o brasileiro escreveu tanto. E se comunicou tanto.
E leu tanto. E amou tanto”. (FREIRE, 2003, p. 22).

TABELA 1 – Palavras em escrita formal e palavras abreviadas da escrita


virtual

Palavra Abreviação Virtual


Você Vc
Beleza Blz
Fim de Semana Fds
28

Internet Net
Também Tbm
Está Tah
Falou Flw
Tudo Td
Quando Qndo
Porque Pq
Quanto Qnto
Alguém Alg
Acho Axo
Que Q
Nada Nd
Não Naum ou ñ
Adicionar Add
Beijos Bjs
Abraços Abs
Né Neh
Comigo Cmg
Cadê Kd, cd
Hoje Og ou Hj
Tchau Xau
Oh my Good Omg
For you = prá você 4U
Aqui Aki

TABELA 2 - Expressões em salas de Bate-Papo

EXPRESSÃO CONTEXTO LINGÜÍSTICO


. Não inicia o período com inicial
maiúscula;
. abrevia que por q., você por vc;
sorte sua q. vc ainda consegue
. usa reticências como indicação de
desconectar...o meu nem
pausa, simula um choro de
conecta.....buáááááááááááá´.
mentirinha, de forma irreverente,
usando a expressão onomatopéica
"buááááá"
O que foi????????????????????? O . Uso de forma despreocupada com a
QUEEEEEEEEEEEEEEEEE???????????? língua escrita.
ALGUÉM TECLA COMIGO, POR . Uso de maiúscula para demonstrar
FAVOR???????? um grande apelo ou gritar.
29

. Não usa maiúsculas;


eu ???? magina .
. Não segue organização ortográfica
. Abrevia não e para;
risos...vê se ñ some...p/ gente poder
. demonstra expressividade através
marcar..tá????
de reticências.
. Cometeu uma gafe e está corrigindo
Ops...se escutar me conta.....
ou coisa assim.
. Dá destaque, usando letras
maiúsculas, à palavra alface
Então coma ALFACES!!!!!!!!!!!!!!.....**rrr** finalizando sua assertiva com uma
risada, demonstrada pelos símbolos
**rrr**.
. Demonstra o beijo, com a criação
Smacksssssssssssssss própria de expressão;
oi genteeeeeeeeee. . inicia sem maiúsculas, expressa
simpatia com a repetição das letras
não se preocupe...eu também sabo fazer
spaggetti Eita tchurma grande de boa . Falta de vínculo morfossintático;
sô... :o) vo me perder . Reduz palavras e cria outras.

Fonte: MÍGLIO, Monica.Conversando eminternetês. Internet.br, Rio de Janeiro, p. 32-35,


nov.1998.
30

INFLUENCIA DA ESCRITA VIRTUAL NA ESCRITA FORMAL EM


ADOLESCENTES

Atualmente o contato com computadores e aparelhos eletrônicos, como


celular, para comunicação pelo acesso a internet é muito comum e fácil. Esse
contato acontece cada vez mais cedo, crianças de 7-8 anos já conseguem utilizar
alguns recursos dos aparelhos eletrônicos, isso faz com que eles se tornem parte de
suas vidas. A 11ª edição da pesquisa TIC Domicílios 2015, que mede a posse, o
uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às tecnologias de
informação e de comunicação, mostra que 58% da população brasileira usam a
internet – o que representa 102 milhões de internautas.

Dentre esses 102 milhões de pessoas que utilizam a internet no Brasil, 23,7
milhões são crianças e adolescentes. Na figura abaixo será mostrada uma projeção
feita na 4ª edição da pesquisa TIC Kids Online, conduzida pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), onde é possível perceber
que mesmo com o grande acesso à internet, ainda há uma grande parte das
crianças e adolescentes brasileiros que não o possuem. Mas no presente trabalho
31

não entraremos em mais detalhes quanto à essa grande falta de acesso que ainda
existe no Brasil, iremos focar na parcela que possui.

Figura 07 – Proporção de crianças e adolescentes usuários de internet

Uma das preocupações que surgem é quando todas essas tecnologias


passam a influenciar algumas das atitudes dos adolescentes, já que, estão em
formação, em fase de amadurecimento pessoal, construindo valores que farão parte
da sua personalidade, e as influências ao seu redor muito contribuem, de forma
positiva ou negativa, nessa formação. Sardilli e Cantafio (1998, p. 137) comentam
que “ele atravessa um momento de grande confusão, de crise religiosa e dos
valores, de crise de identidade. A palavra crise se adapta bem ao período da
adolescência já que significa mutação e é índice de crescimento”. Isso faz com que
a internet seja um refúgio.
Fasciani (1998, p. 119) coloca em relevância o fato de que “nenhum
instrumento ou tecnologia inventada pelo homem pode ser intrinsecamente positivo
ou negativo, certo ou errado, útil ou perigoso. É só a utilização que disso se faz que
32

pode ser julgada com regras éticas.” Esse público, ao utilizar cada vez mais a
internet para se comunicar, principalmente os chats, aos poucos vai ficando com seu
raciocínio limitado, já que o discurso utilizado nas salas de bate-papo caracteriza-se
por frases curtas e abreviações, sendo que a utilização frequente dessa linguagem
pode interferir nas produções realizadas pelos adolescentes na sala de aula.
Essa facilidade de acesso e contato com a internet acaba tendo grande
influencia sobre os adolescentes, tanto para pesquisas, sendo um dos pontos
positivos, quanto para redes sociais e outras formas de entretenimento.

Figura 08 – Proporção de crianças e adolescentes por atividades realizadas na internet.

Como é possível notar na figura acima, as atividades mais realizadas pelos


adolescentes são uso de Redes Sociais e envio de mensagens instantâneas. Míglio
(1998) questiona acerca desse linguajar virtual estar transgredindo a norma culta da
linguagem e invadindo o mundo real, influenciando crianças e adolescentes à
aprender a escrever errado. Devido ao contato frequente dos adolescentes com
33

essa forma de escrita, muitas palavras acabam se tornando naturais e até


inconscientes nas produções de textos.
De acordo com artigos que analisaram textos de alunos entre 11 e 13 anos
foram encontradas em seus textos palavras substituídas por números, expressões
em inglês, letras trocadas, alterando o som da palavra, palavras abreviadas,
palavras escritas com letra maiúscula, a escrita representando expressões sonoras
e entonações da voz. O mais preocupante e prejudicial para a escrita formal são as
trocas de letras, por exemplo CH por X ou C por K, entre outras, que naturalmente já
causam confusão aos alunos, e quando passam a ser sempre lidas com grafia
errada, acabam parecendo a forma correta. Quando o adolescente entra em contato,
por exemplo, com a palavra “hoje” escrita “og” não apresentando mais a maneira
formal da escrita e, sim, uma associação à outras letras que geram o mesmo som
falado, passa a ser extremamente perigoso para o aprendizado pois no código “Og”
não é possível identificar o tipo de letra correta para transformá-lo na palavra “Hoje”,
com certeza haverá uma confusão e dúvida quando o aluno precisar escrever da
maneira correta.
A leitura é a peça-chave para o desenvolvimento da capacidade linguística,
por incrementar o vocabulário, expandir as habilidades de interpretação e
criatividade, fazendo com que uma maior capacidade de criação se desenvolva,
elaborando mais facilmente suas próprias histórias. A escrita não pode ser
desvinculada da leitura, as experiências adquiridas através da leitura influenciam de
muitas maneiras na escrita, pois através da leitura construímos uma grande
intimidade com a escrita.

“[…] para escrever bem, é preciso, antes de tudo, ter o que dizer, conhecer
o objeto o qual vai discorrer. O grande tempo destinado à procura de
dígrafos, dos encontros consonantais, à classificação das funções do QUE e
outras questões semelhantes (pobres questões!) poderia ser muito mais
aproveitadas com a leitura e análise (diária!) de textos interessantes, ricos
em ideias ou imagens, sejam eles literários ou não.” (ANTUNES, 2003, p.
70).

Atribui-se à leitura um valor positivo absoluto: ela traria benefícios óbvios e


indiscutíveis ao indivíduo e à sociedade – forma de lazer e de prazer, de
aquisição de conhecimentos e de enriquecimento cultural, de ampliação das
condições de convívio social e de interação. (ORLANDI et al, 2005, p. 19).
34

Outra característica encontrada nos textos estudados pelos artigos foi que, em
muitos, não havia um desenvolvimento ou sequência da narrativa. A necessidade de
agilidade e rapidez para escrever acaba atrapalhando na construção das frases,
consequentemente da narrativa como um todo. O “convívio” com a escrita virtual tão
informal chega a atingir o raciocínio dos alunos, que com a utilização constante
desse tipo de linguagem, e sem o apoio de um trabalho sob a abordagem
pedagógica, vão, aos poucos, limitando seu pensamento, já que, nas salas de bate-
papo, a comunicação acontece através de frases curtas, abreviadas, entre outras
características já observadas ao longo desse trabalho. Aos poucos vai havendo a
falta de senso crítico diante de determinadas situações. O problema dessa forma de
escrita não está em ler um texto em que o aluno utiliza uma abreviatura para a
palavra “televisão”, por exemplo, mas sim quando o ele deixa de utilizar a
abreviatura “TV” e passa a escrever “televisan”. Assim, além de todo o contexto da
narrativa não ter muito sentido, não há desenvolvimento da sua linha de raciocínio,
pois mesmo ao escrever da forma culta uma abreviatura, ele o faz apresentando
dificuldades ortográficas.
Embora haja essa influencia negativa da escrita virtual na escrita formal, a
internet também pode trazer algo bom para os adolescentes, ela incentiva a leitura e
a escrita. Mesmo que seja de textos informais, ela acaba abrindo essa porta de
entrada, dando fácil acesso a vários tipos de informações. Além disso, é muito
aberta e livre, o que estimula a criatividade e associações entre letras, desenhos,
gírias, enfim, que podem ser trabalhadas e desenvolvidas.

Uma das tendências da educação é a convergência dos ambientes de


aprendizagem presencias e virtuais, um complementando o outro; ambos
são importantes e ocupam seus devidos espaços na educação. Cada vez
mais esses ambientes tendem a se integrar. (TAJRA, 2002, p. 5).

É constante o uso da internet para auxiliar os trabalhos escolares, na busca


de informações e até mesmo na interação entre professores e alunos, mas esse uso
deve ser observado de perto pelos professores e pais. Segundo Marcuschi (2010) “a
escrita seria um modo de produção textual discursiva para fins comunicativos”, então
o aluno deve ser incentivado à escrever, mas sempre com a orientação que deve ser
um escritor consciente e fazer com que o ato da escrita seja um ato agradável e
prazeroso. Essa escrita deve ser feita usando a linguagem culta do Português e
35

nunca se deve fazer o uso da linguagem da internet em textos, principalmente em


textos escolares. O professor também deve incentivar o uso da internet para
pesquisas e leitura de livros online por exemplo, aproveitando que a internet
possibilita o acesso muito fácil a estes materiais.
36

CONSIDERAÇÕS FINAIS

A Internet constitui uma grande fonte de pesquisa e possui diversificado


material informativo, banco de dados, interação rápida, lugar onde os usuários
podem acessá-la sempre que quiserem e de várias formas, como pelo computador
ou pelo celular, o que favorece o trabalho cooperativo, a aquisição e a construção de
novos conhecimentos. A Internet pode ser de grande ajuda, uma vez que, no
momento em que se necessita de uma informação, pode-se recorrer à rede e
localizar orientações por assunto, por problemas, conectar com os “experts” na
especialidade e conhecer experiências inovadoras na área. Essa ferramenta abriu
caminho para uma nova forma de comunicação virtual, e muito ágil. Os adolescentes
por serem uma das fases com mais acesso à essas redes de comunicação acabam
sendo influenciados em sua forma de escrever, e até em seu modo de viver e agir.
Pelo fato das conversas virtuais se assemelharem à conversas presenciais,
várias características foram trazidas da forma oral de comunicação, como principal
delas a necessidade de rapidez de troca de informações, por consequência algumas
palavras acabam sendo abreviadas ou escritas da forma que são ouvidas. E a
comunicação virtual tem uma diferença crucial para a comunicação oral, pois não é
presencial, perdendo assim a entonação de voz e expressões faciais. Para suprir
essa necessidade, os internautas começaram a usar imagens com expressões ou
até mesmo pontuação que formam uma imagem com o significado da expressão e
repetição de letras para expressar a ênfase ou duração de uma palavra.
A influência na escrita formal acontece quando os adolescentes com muito
contato com a escrita virtual, entendem assim, que aquela seria a maneira correta
de escrever, passando a utilizá-la em seus textos escolares ou formais. Além de não
conseguirem escrever textos com uma sequencia lógica, pois estão acostumados
com conversas curtas de bate-papo.
O que pode ser feito para que isso seja amenizado, e que o uso da internet
seja construtivo, é a orientação dos professores aos alunos em sala de aula,
conversando sobre a importância da forma “correta” de escrita. O professor deve
incentivar e aproveitar a ferramenta da internet que desperta interesse nos alunos
para abrir uma janela a leitura e escrita de textos formais.
37

O uso das tecnologias é uma realidade da qual não se pode fugir, porém não
é preciso idolatrá-las e, tampouco, desconsiderar que seu uso excessivo pode trazer
grandes prejuízos, principalmente para a formação de adolescentes. Com isso,
pensamos que escrita virtual e a escrita formal não podem ser vistas de forma
separada, como se ambas existissem em contextos totalmente isolados. Assim
como a fala está atrelada à escrita, os diferentes recursos utilizados para escrever
se articulam e se relacionam.
38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Sérgio Ferreira. Internet: novos valores, novos comportamentos. São


Paulo: Cortez, 2003.

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola


Editorial, 2003.

BARRETO, R.G. Os sentidos produzidos na/pela articulação palavra-imagem:


novos desafios para a leitura na escola. Projeto Integrado de Pesquisa,
LISE/CNPq, 1994.

BARRETO, A. de A. A Questão da Informação. São Paulo: Perspectiva, n.4, v.8,


1994, pp. 3-8.

BARTHES, R. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1984.

COSTA VAL, M. Graça. Texto e textualidade. In: ____. Redação e Textualidade.


São Paulo: Martins Fontes, 1991.

FASCIANI, Roberto. Novas tecnologias informáticas, mass media e relações


afetivas. In: PELUSO, Angelo. Org. Informática e Afetividade: A evolução
tecnológica condicionará nossos sentimentos? Bauru: EDUSC, 1998.

FREIRE, Fernanda M. P. A palavra (re)escrita e (re)lida via Internet. In: SILVA,


Ezequiel Theodoro (Coord). A Leitura nos Oceanos da Internet. São Paulo: Cortez,
2003.

FREITAS, Maria Teresa de Assunção. COSTA, Sérgio Roberto. Leitura e escrita de


adolescentes na internet e na escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
39

HIGOUNET, Charles. História concisa da escrita. São Paulo: Parábola Editorial,


2003.

KATO, Mary A. O aprendizado da leitura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. O Futuro do Pensamento na Era


da Informática. São Paulo: Editora 34, 1993.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização.


2. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

MÍGLIO, Monica. Conversando em internetês. Internet.br, Rio de Janeiro, p. 32-35,


novembro/1998.

OHMAN, Sven (apud Kato, 1990, p.16 KATO, M. No Mundo da Escrita. Uma
Perspectiva Psicolingüística. São Paulo: Ática, 1986.

OLSON, David R. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas


da leitura e da escrita. São Paulo: Ática, 1997.

ORLANDI, Eni Pulcinelli.et al. LEITURA perspectivas interdisciplinares. 5ª ed.


São Paulo: Ática, 2005.

OTHERO, Gabriel de Ávila. A língua portuguesa nas salas de bate-papo: uma


visão lingüística de nosso idioma na era digital. Novo Hamburgo: Othero, 2004.

PEREIRA, Ana Paula M. S. MOURA, Mirtes Zoé da Silva. A produção discursiva


nas salas de bate-papo: formas e características processuais. In: FREITAS,
Maria Teresa de Assunção. COSTA, Sérgio Roberto. Leitura e escrita de
adolescentes na internet e na escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

PERISSÉ, G. Ler, Pensar e Escrever. São Paulo: Arte e Cultura, 1996.


40

QUEIROZ, R. de. A informação escrita: do manuscrito ao texto virtual. In:


ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6., 2005, Salvador. Anais
eletrônicos.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/limc/escritacoletiva/pdf/a_info_escrita.pdf

SAMPTON, Geoffrey . Sistemas de Escrita - Tipologia, História e Psicologia.


São Paulo: Ática, 1996.

SARDILLI, Susanna. CANTAFIO, Lucia. Do Godem aos autômatos modernos. In:


TIBA, Içami. Adolescentes: quem ama, educa! São Paulo: Integrare, 2005.

SOUZA, Dalva Soares Gomes de. A Influência da Internet no Domínio da Escrita:


Análises e Inferências. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-graduação em
Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopolis,
2001.
Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/79787/185653.pdf?
sequence=1

TAJRA, Sanmya Feitosa. Internet na educação: o professor na era digital. São


Paulo: Érica, 2002.

TRINDADE, Ana Paula Pires.A Autoria Da Escrita Na Era Da Comunicação


Digital: As Tecnologias Da Informação E Comunicação Na Formação
Deprofessores Da Educação Básica. Monografia – UFSP, São Paulo, 2012

WALTY, Ivete Lara Camargos; FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria
Zilda Ferreira. Palavra e imagem: leituras cruzadas. Belo Horizonte, Autêntica,
2000.

Das könnte Ihnen auch gefallen