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FIRJAN

CIRJ
SESI
SENAI
IEL

CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA
Volume 4

Química
Automação industrial
versão preliminar

SENAI-RJ • Alimentos
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL

CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA

Química
Automação industrial
FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente

Diretoria Operacional Corporativa


Augusto Cesar Franco de Alencar
Diretor

Diretoria Regional do SENAI-RJ


Fernando Sampaio Alves Guimarães
Diretor

Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL

CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA

Química
Automação industrial

Rio de Janeiro
2004
Prezado aluno,

Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse momento
em diante, estaria participando do maior sistema de educação profissional do país: o SENAI. Há mais
de sessenta anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o desenvolvimento
tecnológico da indústria brasileira e da formação profissional de jovens e adultos.

Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade,
capacidade de análise, solução de problemas, avaliação de resultados e propostas de mudanças no
processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes,
assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os
resultados.

Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias exigirá de você a
atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando a necessidade de uma formação
consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à auto-aprendizagem.

Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI a criar uma estrutura
educacional, com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma
formação flexível e modularizada.

Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária a seu
desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa
escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.

Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.

Seja bem-vindo!

Andréa Marinho de Souza Franco

Diretora de Educação
Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................. 11

UMA PALAVRA INICIAL ....................................................................... 13

1 QUÍMICA ................................................................................................
Introdução ........................................................................................................................
17
19
Química geral .................................................................................................................. 19
Exercícios ......................................................................................................................... 39
Ácidos e bases ................................................................................................................. 43
Exercícios ......................................................................................................................... 49
Química orgânica ............................................................................................................ 51
Exercícios ......................................................................................................................... 74
Velocidade das reações químicas ................................................................................ 77
Exercícios ......................................................................................................................... 82
Corrosão .......................................................................................................................... 83
Exercícios ......................................................................................................................... 88
Chave de respostas ........................................................................................................ 89
Referências bibliográficas ............................................................................................. 95

2 AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL ..................................................................


Introdução ........................................................................................................................
97
99
Fundamentos do controle automático ...................................................................... 99
Exercícios ......................................................................................................................... 105
Medição ............................................................................................................................ 106
Exercícios ......................................................................................................................... 110
Medição de grandezas ............................................................................................ 111 110
Exercícios .................................................................................................................. 134
Chave de respostas ................................................................................................. 137
Referências bibliográficas ...................................................................................... 139
Curso Técnico de Cervejaria — Apresentação

Apresentação

Desde 1997, o SENAI-RJ, buscando sintonizar-se com as transformações e novas demandas do


mundo do trabalho, vem promovendo a atualização de seus cursos a partir de um processo de
delineamento de perfis profissionais, sob a responsabilidade de um grupo de trabalho composto por
técnicos da área específica, técnicos em educação, docentes e membros do Conselho Técnico da
Cervejaria.

Esse grupo objetiva diagnosticar as mudanças e as tendências do mercado, nos diversos setores
produtivos, considerando os reflexos das transformações tecnológicas e organizacionais sobre o trabalho,
a emergência e o declínio de profissões, além da necessidade de redefinição de perfis profissionais,
tanto atuais quanto futuros. Para cumprir essa finalidade, foi adotada uma metodologia que, em
consonância com as novas tendências internacionais e as recomendações da legislação educacional
vigente no país, possibilitasse a construção de perfis profissionais baseados em competências, bem
como o estabelecimento dos padrões de desempenho requeridos.

A partir do perfil então delineado, com as respectivas qualificações intermediárias e tendo sido
também considerado o elenco das competências profissionais gerais definidas pelo MEC para a área
profissional de Química, a equipe responsável pelo desenho pedagógico concebeu o itinerário formativo
do Curso Técnico de Cervejaria.

A estruturação do curso se fez à luz da concepção de educação profissional da instituição,


considerando a flexibilidade, a modularização, a introdução de conteúdos de formação geral, assim
como o tratamento contextual e interdisciplinar dos conteúdos específicos, coerentemente com o enfoque
estabelecido. O resultado que se apresenta é, portanto, um programa modularizado e concebido
pedagogicamente com vistas a favorecer a construção progressiva das competências pertinentes à
área, com a conseqüente aquisição de sucessivas qualificações profissionais de nível técnico e, por
fim, da habilitação pretendida.

Em conformidade com tais princípios, o curso visa propiciar os conhecimentos teóricos e práticos
necessários para a atuação do Técnico de Cervejaria, na área de Química, de acordo com o perfil de
competências definido, bem como desenvolver capacidades fundamentais requeridas pela educação
profissional, tais como iniciativa na resolução de problemas, responsabilidade por resultados; versatilidade
e adaptabilidade frente às mudanças; avaliação das práticas no mundo produtivo; flexibilidade e
participação nos processos de aperfeiçoamento.

SENAI-RJ 11
Curso Técnico de Cervejaria  Apresentação

Com tal perspectiva, foi também concebido este material didático, estruturado em cinco volumes
e com a finalidade primordial de apoiar os alunos em vários momentos e situações de seu processo de
aprendizagem.

Esses volumes foram organizados de forma a apresentar, através de uma linguagem simples e
com ilustrações, os conteúdos relativos às unidades curriculares estabelecidas nos Módulos I e II do
itinerário formativo do curso. Além disso, eles contêm uma variedade de exercícios, acompanhados
das respectivas respostas, para que o aluno possa, gradualmente, avaliar os conhecimentos recém-
adquiridos, identificar os pontos que, porventura, precisam ser ainda revistos ou reforçados e, assim,
consolidar os conceitos trabalhados tanto nas aulas teóricas quanto nas práticas.

As unidades curriculares encontram-se distribuídas da seguinte forma:

• Volume 1 - Legislação e normas


Gestão ambiental

Bioquímica

• Volume 2 - Fundamentos gerais: produto e processo


• Volume 3 - Estatística
Introdução à análise laboratorial – laboratório I

Introdução à análise laboratorial – laboratório II

• Volume 4 - Química
Automação industrial

• Volume 5 - Gerenciamento do trabalho: gestão do negócio


Gerenciamento do trabalho: supervisão do trabalho

Esperamos, enfim, que este material didático contribua para a sua formação de Técnico de
Cervejaria, capacitando-o para enfrentar os desafios do mundo do trabalho.

12 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Uma palavra inicial

Uma palavra inicial

Meio ambiente...

Saúde e segurança no trabalho...

O que é que nós temos a ver com isso?

Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação entre
o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho.

As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços


necessários, e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas necessidades, precisam usar
recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente decorrem do tipo
de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como produz.

É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre
retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que "sobra" de volta ao ambiente
natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio
dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis
ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo para diminuir os
impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar
com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que
vive ao seu redor.

Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas áreas, o problema


da poluição aumentou e se intensificou. A questão da poluição do ar e da água é bastante complexa,
pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fixo para uma grande região, dependendo dos
ventos, do curso da água e das demais condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão, a
origem do problema. No entanto, é importante repetir que quando as indústrias depositam no solo os
resíduos, quando lançam efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, causam
danos ao meio ambiente.

SENAI-RJ 13
Curso Técnico de Cervejaria — Uma palavra inicial

O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha básica
de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de processos
de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos de utilidade
limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e dispensar bens
desta forma, obviamente, não é sustentável.

Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de "lixo") são absorvidos
e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem aproveitamento
para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio ambiente pode
absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra possui uma
capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos também é
restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.

Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que considerem
a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem adotar
práticas voltadas para tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-primas
e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.

Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos
é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de
conserto e vida útil dos produtos.

As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição, como também buscar novas formas
de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e
conservar energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.

É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios
diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público,
as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar
com elas.

Infelizmente, tanto os indivíduos quanto as instituições só mudarão as suas práticas quando


acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para sua
reputação ou para sua segurança.

A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de pessoas
bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que melhorem a
capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma sustentável.

Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados
pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns riscos
à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho é uma questão que preocupa os
empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.

De um lado, é necessário que os trabalhadores adotem um comportamento seguro no trabalho,


usando os equipamentos de proteção individual e coletiva; de outro, cabe aos empregadores prover a
empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu uso, fiscalizar as condições da cadeia produtiva
e a adequação dos equipamentos de proteção.

14 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Uma palavra inicial

A redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão e
governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança de
todos.

Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portanto, é
necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente,
sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas
que possam levar à melhoria de condições de vida para todos.

Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas e
indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente...
faz-se preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal
direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, a saúde e a
segurança no trabalho, lembrando que, no exercício profissional diário, você deve agir de forma
harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.

Tente responder à pergunta que inicia este texto: Meio ambiente, saúde e segurança no trabalho –
o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é responsável.
Vamos fazer a nossa parte?

SENAI-RJ 15
Química
Nesta unidade...

Introdução

Química geral

Exercícios

Ácidos e bases

Exercícios

Química orgânica

Exercícios

Velocidade das reações químicas

Exercícios

Corrosão

Exercícios

Chave de respostas

Referências bibliográficas

1
Química

Série: Cursos de Cervejaria

2004

SENAI–Rio de Janeiro

Diretoria de Educação

Ficha Técnica

Gerência de Educação Profissional Luis Roberto Arruda


Gerência de Produto Maria Lúcia Telles Siqueira Farias
Produção Editorial Vera Regina Costa Abreu
Alda Maria da Glória Lessa Bastos
Pesquisa de Conteúdo e Redação José Gonçalves Antunes
Revisão Técnica Sérgio Laux
Revisão Pedagógica Neise Freitas da Silva
Revisão Gramatical e Editorial Taís Monteiro
Projeto Gráfico Artae Design & Criação
Editoração Projeto Visual Comunicação Ltda.

Edição revista da apostila Química. Vassouras, 1997. (Série Cursos de Cervejaria). SENAI.RJ.
CETEC de Produtos Alimentares. Coordenadoria de Informação Tecnológica.

Direitos autorais de propriedade do SENAI-DR/RJ. Proibida a reprodução parcial ou total fora do


sistema SENAI.

SENAI
SENAI––Rio de Janeiro
GEP – Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca
20270-903 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2587-1116
Fax: (21) 2254-2884
GEP@rj.senai.br
http://www.rj.senai.br
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Introdução

A Química, a Física e a Matemática constituem os três pilares básicos na área das ciências exatas.
O conhecimento dessas disciplinas tem favorecido grandes avanços tecnológicos em todas as áreas
do conhecimento humano, não sendo a área cervejeira uma exceção.

No que se refere à Química, a produção de cerveja envolve uma seqüência de reações que, por sua
complexidade e especificidade, deram origem a um novo ramo dentro da própria química: a Bioquímica.

O desenvolvimento da Bioquímica fez com que a produção de cerveja deixasse de ser um processo
artesanal para se tornar industrial, com ênfase no desenvolvimento tecnológico, suportado pelo estudo
científico.

Grande parte dos avanços nas áreas de Brassagem, Fermentação e Maturação deveu-se à
elucidação das reações bioquímicas envolvidas nestas etapas.

Esta unidade de estudo objetiva familiarizá-lo novamente com a Química, de forma a tornar mais
tranqüilo e amigável seu contato com as matérias relacionadas à área de fabricação de cerveja.

Química geral

Conceitos fundamentais
Matéria
Define-se matéria como tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço, ou seja, tudo o que
possui volume definido.

Exemplo:
Ao se pesarem uma bexiga vazia e outra cheia de ar, verifica-se que a bexiga mais
pesada será aquela cheia, indicando que o ar possui massa e, portanto, pode ser
classificado como matéria.

SENAI-RJ 19
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Algumas vezes, a utilização de equipamento inadequado durante o acompanhamento


de um processo pode levar a conclusões erradas.
Observe que se, na situação citada no exemplo acima, utilizarmos uma balança de
pouca precisão, poderemos não perceber o aumento de massa da bexiga cheia, o
que nos levará a afirmar que o ar não possui massa, logo, não é uma forma de
matéria.

Corpo
É uma porção limitada de matéria.

Objeto
É um corpo fabricado a fim de que tenha aplicações úteis ao homem.

Constituição da matéria
Durante séculos, o homem foi um simples observador da diversidade de materiais encontrados no
meio ambiente. No decorrer do tempo, passou a tentar explicar a constituição dos materiais que o
rodeavam. Muitas teorias surgiram, e a maioria delas falhou, como a que afirmava serem todos os
materiais existentes na terra constituídos de ar, água e fogo, por exemplo.

Somente no final do século XVIII, a constituição da matéria passou a ser desvendada, graças ao
trabalho de três grandes cientistas: Lavoisier, Proust e Dalton, os quais, realizando experiências mais
cuidadosas e precisas, estabeleceram três leis fundamentais.

Lei de Lavoisier ou Lei da Conservação de Massa


Numa reação química, a soma das massas dos reagentes é sempre igual à dos produtos. Tomemos
como exemplo a reação de combustão do carvão:

C + O2  CO2
12 32 44

Lei de Proust ou Lei das Proporções Fixas


Uma determinada substância, qualquer que seja sua origem, é sempre formada pelos mesmos
elementos químicos, combinados na mesma proporção.

20 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

C + O2  CO2
12 32 44
3 8 11
6 16 22

Lei de Dalton ou Lei das Proporções Múltiplas


Quando dois elementos formam vários compostos, fixando-
proporção
se a massa de um deles, a massa do outro varia numa Dimensão, extensão.
proporção de números inteiros, geralmente pequenos.

Por exemplo, existem vários óxidos de nitrogênio, denominados genericamente de Nox. No


laboratório, constata-se que:
• Num primeiro óxido há: 0,7g de nitrogênio para cada 0,4g de oxigênio.
• Num segundo óxido há: 0,7g de nitrogênio para cada 0,8g de oxigênio.
• Num terceiro óxido há: 0,7g de nitrogênio para cada 1,2g de oxigênio.
• Num quarto óxido há: 0,7g de nitrogênio para cada 1,6g de oxigênio.
• Num quinto óxido há: 0,7g de nitrogênio para cada 2g de oxigênio.

Verifique que, para uma massa fixa de nitrogênio (0,7g), combinam-se diferentes massas de oxigênio.

0,4 : 0,8 : 1,2 : 1,6 : 2,0

Do ponto de vista matemático, a proporção acima é igual a:

1 : 2 : 3 : 4 : 5

Para apoiar estas leis, os cientistas imaginaram a seguinte hipótese: todo e qualquer tipo de matéria
é formado por partículas minúsculas, chamadas átomos.

Observe, no quadro a seguir, a explicação gráfica para cada uma das três leis fundamentais da
química.

SENAI-RJ 21
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Lei Explicação

Lei de
Lavoisier

As partículas (átomos) iniciais e finais são as mesmas;


portanto, a massa permanece inalterada.

Lei de
Proust

Ao se duplicar a quantidade de átomos, todas as


massas dobrarão.

Lei de
Dalton

A segunda reação usa o dobro do número de átomos


de carbono, em relação ao mesmo número de
átomos de oxigênio. Conseqüentemente, a massa
de carbono necessária à segunda reação será o dobro
da quantidade usada na primeira.

22 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Elementos químicos
Apesar de só se conhecer pouco mais de uma centena de átomos diferentes, sendo que cada um
destes representa um elemento químico, há uma infinidade de materiais diversos, devido às diferentes
formas de combinação destes átomos.
abreviação
Cada elemento químico possui um nome e um símbolo
Reduzir à menor extensão;
(abreviação): ato de abreviar;
representação de uma
palavra por meio de
alguma(s) de suas sílabas ou
letras.

Elemento Símbolo

Hidrogênio H
Carbono C
Cálcio Ca
Cádmio Cd
Potássio K
Chumbo Pb

É importante destacar que o nome do elemento varia de língua para língua, mas os símbolos são os
mesmos, permitindo assim uma comunicação mais fácil entre toda a comunidade química mundial.

Observação
Os elementos químicos encontram-se hoje organizados segundo uma tabela
periódica. Grande parte de seu sucesso deve-se ao trabalho meticuloso do
químico russo Mendeleyev, que, em 1869, ordenou os então 60 elementos
conhecidos em ordem crescente de número de massa.

Na página seguinte, você poderá consultar uma representação da tabela periódica atual, na qual os
elementos químicos estão organizados de acordo com o número atômico crescente.

Substâncias químicas
Apesar de só ser conhecida cerca de uma centena de elementos, estes, por ligarem-se das mais
diversas formas, permitem a existência de um número quase infinito de substâncias.
Os átomos podem ligar-se formando moléculas ou
aglomerados iônicos. Cada molécula (ou aglomerado) aglomerado
representa uma substância pura ou uma substância química Junto, reunido, acumulado.
com características bem definidas.

SENAI-RJ 23
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Cada substância pode ser representada de maneira simplificada com o auxílio de uma fórmula,
como podemos observar na tabela abaixo:

Substância Fórmula

Hidrogênio – Gás incolor, menos denso


que o ar (usado em balões
meteorológicos) H– H
Enxofre – Pó amarelo muito usado para
fabricar outras substâncias úteis
(corantes, vulcanizadores de borracha,
etc.) S6
Água – Indispensável à vida de vegetais
e animais H2O
Etanol – Líquido incolor, utilizado como
combustível e presente em certas bebidas C2H5 OH

Nas moléculas, encontramos um certo número de átomos ligados entre si. Nos aglomerados iônicos,
existem átomos carregados eletricamente denominados íons, os quais se mantêm unidos devido à
atração elétrica exercida por íons de cargas elétricas contrárias.

Os íons de carga positiva denominam-se cátions (geralmente são metais); já os íons de carga
negativa denominam-se ânions. O NaCI (sal de cozinha) é um exemplo típico de aglomerado iônico,
no qual o sódio é o cátion, e o cloro, o ânion.

As substâncias químicas dividem-se em: simples e compostas.

Substâncias simples
São aquelas formadas por somente um elemento químico.

Exemplos:

Oxigênio (O2), hélio (He), enxofre (S6).

Substâncias compostas
São aquelas formadas por dois ou mais elementos químicos diferentes.

Exemplos:

Água (H2O), etanol (C2H5 OH), dióxido de carbono (CO2).

24 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS

SENAI-RJ 25
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Observação
Substância pura é qualquer substância simples ou composta, formada
exclusivamente por moléculas ou aglomerados iônicos iguais entre si,
apresentando por isso propriedades físicas e químicas bem definidas.
Exemplo: o etanol é sempre um líquido incolor, inflamável e de cheiro
característico.

Misturas
Além do número quase infinito de substâncias, estas podem se misturar, complicando ainda mais o
estudo e a compreensão da composição dos materiais.

Exemplos:

O ar é uma mistura de gases, formada principalmente por nitrogênio e oxigênio.

O álcool comercial é uma mistura de etanol e água.

O bronze é uma liga metálica formada por cobre e estanho.

Classificação das misturas


Misturas homogêneas

São aquelas em que não se consegue, mesmo utilizando-se os equipamentos mais modernos,
diferenciar visualmente as substâncias que as compõem.

Exemplo:

Ar atmosférico, água com açúcar.

Importante!
Nas soluções homogêneas, denominamos solvente a substância presente em maior
quantidade, e soluto a presente em menor quantidade.
Porém, no caso de uma mistura na qual a água é uma das substâncias presentes,
mesmo em menor quantidade, geralmente a consideramos como solvente.

Misturas heterogêneas
São aquelas em que podemos diferenciar visualmente as substâncias que compõem a mistura. É
importante ressaltar que o critério "homogêneo x heterogêneo" é relativo, pois depende da aparelhagem
que está sendo utilizada. À medida que estes aparatos avançam, vamos notando que certas misturas
antes consideradas homogêneas hoje são classificadas como heterogêneas.

26 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Numa mistura heterogênea, cada porção homogênea é denominada fase. Por exemplo, numa mistura
água e óleo observamos duas fases: uma aquosa e outra oleosa; portanto, temos uma mistura bifásica.
Uma mistura constituída por gelo, água salgada e sal não-dissolvido é formada por três fases, apesar
de ter somente dois componentes: água e sal.
Em oposição às substâncias puras, as misturas heterogêneas não apresentam:
– Composição constante, ou seja, podemos juntar diferentes quantidades de sal na água e mesmo
assim teremos uma mistura.
– Características bem definidas. Por exemplo: a água pura congela sempre a 0ºC, enquanto uma
água salgada congela sempre abaixo de 0ºC; todavia, a temperatura de congelamento exata irá
depender da quantidade de sal presente.

O estado físico da matéria


As substâncias apresentam-se em três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. O estado em que
normalmente a substância se encontra depende das condições ambientais a que está submetida.

Por exemplo, sabemos que normalmente a água ferve a 100ºC, contudo, esta temperatura só é
válida se a água estiver submetida à pressão de 1 atmosfera, portanto ao nível do mar. A 9.000m de
altitude, numa pressão atmosférica muito mais baixa, a água ferve a 30ºC, temperatura insuficiente
até para ferver-se um ovo.

Mudanças de estado físico


Primeiramente, devemos definir o que é um fenômeno físico. Um fenômeno deste tipo é todo
aquele em que moléculas não são destruídas, ou seja, a substância continua sendo a mesma, porém
com características diferentes. Por exemplo, ao congelarmos a água , transformando-a em gelo, teremos
um fenômeno físico, pois ocorreu a transformação de água líquida em sólida, porém a substância
continua sendo a mesma: água.
Em oposição aos fenômenos físicos, temos os químicos, nos quais as moléculas sofrem
transformações. Podemos considerar a transformação de açúcar em álcool durante a produção de
cerveja como um fenômeno químico.
Vamos analisar, agora, as transformações físicas que ocorrem com as substâncias. Utilizaremos a
água como exemplo, visto que estamos mais familiarizados com suas transformações.

Fusão/solidificação
Consiste na transformação existente entre o estado sólido e o líquido. Na fusão temos, inicialmente,
o estado sólido transformando-se no líquido devido ao aumento de temperatura. No caso da solidificação,
observamos exatamente o contrário, ou seja, água líquida transformando-se em gelo, em virtude da
queda de temperatura. Para a água, as temperaturas de fusão e solidificação serão de 0ºC, nas CNTP
(Condições Normais de Temperatura e Pressão: 20ºC e 1 atm).

SENAI-RJ 27
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Ebulição/condensação
Consiste na transformação existente entre o estado líquido e o gasoso. Na ebulição, temos o estado
líquido convertendo-se em gasoso pelo aumento de temperatura, enquanto na condensação ocorre o
inverso. Com a água, estes fenômenos ocorrem a 100ºC nas CNTP.
Observe, a seguir, uma representação esquemática dos fenômenos de mudança de fase da água.

Temperatura
Temperatura Início de Término ua
ou ponto de (ºC) ág
ebulição de ebulição r de
ebulição (PE) po
Va
EBULIÇÃO
100ºC
Início de Término Região em
fusão de fusão ua
Ág que existe
Intervalo em vapor de
FUSÃO água
0ºC que existem
água e vapor
Temperatura lo Região em que de água
Ge Intervalo em existe água
ou ponto de que existem
fusão (PF)
gelo e água
Região em que
existe gelo

Importante!
Cada substância tem seus próprios pontos de mudança de estado, o que funciona
como uma carteira de identidade da substância, auxiliando inclusive sua
identificação e determinação do grau de pureza.

Fracionamento de misturas
Muitas vezes, temos necessidade de destruir uma mistura, requeridos
a fim de obtermos os componentes puros para o aproveitamento Pedidos, solicitados por meio
de requerimento.
econômico. Obviamente, quanto mais homogênea for a mistura, fracionamento
mais difícil será seu processo de separação e mais aparatos Ato ou efeito de fracionar.
Dividir, decompor.
serão requeridos.
Veja, abaixo, alguns dos processos de fracionamento mais comuns, utilizados desde a escala
industrial até a de laboratório.

Filtração
É um processo mecânico utilizado para separar sólidos dispersos em líquidos e gases, em misturas
heterogêneas.

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Curso Técnico de Cervejaria — Química

Verifique exemplos de filtração usados em nossa vida, todos os dias:

O coador retém as partículas O filtro de água


sólidas do café retém as partículas
de terra que vêm
suspensas na água

O aspirador de pó filtra a poeira


existente no ar que é aspirado

Em escala de laboratório:

Frasco de
Círculo de kitasato
Aparelho
papel de (vidro) montado
filtro
Sólido
separado

Fundo Vácuo
perfurado

Rolha de
Funil de borracha
Buchner Líquido
(porcelana) separado

Decantação
É um processo utilizado para a separação de misturas heterogêneas de sólidos em líquidos e também
de líquidos em líquidos.
A decantação tanto pode ocorrer de uma forma natural, como por exemplo, a floculação de leveduras
de baixa fermentação dentro de um fermentador, como também pode ser acelerada pela utilização de
centrífugas ou, ainda, agentes floculantes, como o sulfato de alumínio utilizado no tratamento de água.
Na separação de sólidos dispersos em gases, as indústrias utilizam ciclones e câmaras de poeira
para promover a separação dos componentes da mistura.

Destilação
Utilizada para a separação de soluções homogêneas de sólidos em líquidos e de líquidos em líquidos.

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Você sabia que ...


na preparação de bebidas destiladas, como o rum, o uísque, a cachaça
e a vodca, um mosto previamente fermentado é destilado, visando a
obter-se uma bebida com maior concentração alcoólica?

Tacho de
aquecimento Saída de água
de resfriamento
Garapa fermentada
em destilação
Serpentina de
resfriamento

Fogo
Pinga

Entrada de água
de resfriamento

Cristalização
É um processo utilizado para separar sólidos de soluções
líquidas. A recuperação de NaCl (sal de cozinha) da água do precipitação
mar é um processo típico de cristalização. A água do mar Processo em que se forma
um sólido insolúvel numa
evapora, deixando como resíduo uma solução cada vez mais solução.

concentrada de NaCl. O processo continua até atingir o ponto


de saturação, a partir do qual tem início a precipitação do sal,
restando ao final somente o NaCl.

Unidades de concentração
Um dos aspectos mais importantes na química diz respeito à determinação da concentração de
uma solução, ou seja, saber se uma solução é diluída ou concentrada.

Existem várias formas de expressar a concentração de uma solução, sendo as mais usuais:
• Concentração p/p.
• Concentração p/v.
• Molaridade.
• Normalidade.

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Concentrações p/p e p/v


Indicam a quantidade de soluto que está dissolvida em uma unidade de massa ou volume de solução,
respectivamente.

Exemplo:

Massa de soluto
C (p/p) = ——————————
Massa da solução
Massa de soluto
C (p/v) = ——————————
Volume da solução

Concentração p/p: 100g de açúcar/g de mosto.

Concentração p/v: 45mg de cálcio/hl de mosto.

A concentração expressa em ppm (partes por milhão) significa mg por litro, portanto, na base de
peso por volume.

Molaridade
Indica o número de moles de soluto que estão dissolvidos em um litro de solução. A molaridade
pode ser calculada pela seguinte fórmula:

No de moles de soluto
M = —————————————————
Peso molecular do soluto x volume (L)

Normalidade
Indica o número de equivalentes de soluto que estão dissolvidos em um litro de solução. A normalidade
pode ser calculada através da seguinte fórmula:

No de moles de soluto
N = ————————————————
Equivalente do soluto x volume (L)

Na qual, o equivalente pode ser:


Eq = Peso molecular do soluto/nº de H+ ou OH– ionizáveis (para ácidos ou bases).
Eq = Peso molecular do soluto/nº total de cargas positivas ou negativas (para sais).

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Estrutura atômica da matéria


Como já vimos, toda matéria é formada por átomos. Estudaremos, então, com maior profundidade,
a estrutura do átomo e seus constituintes.

Basicamente, um átomo é constituído de três partículas principais: os prótons, os nêutrons e os


elétrons. Os prótons são partículas positivas, enquanto os elétrons apresentam carga igual, porém
negativa, e massa desprezível. Os nêutrons são partículas com a mesma massa dos prótons, mas sem
carga.

Um átomo é constituído de duas partes: o núcleo e a eletrosfera. O núcleo é formado por prótons
e nêutrons, sendo responsável por praticamente toda a massa presente no átomo, visto que os elétrons
são aproximadamente 1.840 vezes mais leves que prótons e nêutrons.

Uma pergunta a respeito do núcleo é a seguinte: se ele é formado unicamente de prótons e nêutrons,
ou seja, sua carga é somente positiva, por que os prótons não se repelem e o núcleo é destruído? Isto
não ocorre em virtude dos nêutrons funcionarem como blindagem, reduzindo a repulsão entre os
prótons e impedindo a destruição do núcleo.

A eletrosfera é constituída unicamente pelos elétrons. O tamanho do átomo é ditado por ela, uma
vez que esta é de 10.000 a 100.000 vezes maior que o núcleo.

O átomo lembra muito um sistema


planetário, com um planeta
representando o núcleo e as luas
representando os elétrons girando à sua
volta. Veja, ao lado, uma representação
do modelo atômico, proposto por Ernest
Rutherford, físico inglês.

Conceitos fundamentais

Número atômico
O número atômico (Z) é a quantidade de prótons existentes no núcleo de um átomo. Num átomo
normal, cuja carga elétrica é zero, o número de prótons é exatamente igual ao de elétrons.

O número atômico é utilizado para diferenciarmos dois átomos diferentes. Por exemplo, quando
dizemos que o número atômico do sódio é 11, isto quer dizer que em seu núcleo estão presentes 11
prótons e, como se trata de um átomo neutro, ele deve também possuir 11 elétrons.

Número de massa
O número de massa (A) representa a soma do número de prótons e nêutrons presentes no núcleo.
O número de massa informa quanto um átomo é mais pesado que outro.

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Vamos exemplificar os conceitos acima analisando o átomo de oxigênio, que possui oito prótons,
oito nêutrons e oito elétrons.

Número atômico: Z = 8 (no de prótons)

Número de massa: A = 16 (no de prótons + no de nêutrons)

Elemento químico
Elemento químico é o conjunto de todos os átomos com o mesmo número atômico (Z).

A forma mais usual de representar um elemento químico X é a seguinte:

A
X
Z

Isótopos e isóbaros
Isótopos
São átomos que possuem o mesmo número de prótons (Z), mas diferentes números de massa (A)
e nêutrons (N).
Um dos casos mais conhecidos é o do hidrogênio, que possui três isótopos:

1 2 3
H H H
1 1 1

Os três isótopos apresentam nomes especiais:


• com A = 1 (hidrogênio);
• com A = 2 (deutério); e
• com A = 3 (trítio).
A isotopia é um fenômeno bastante comum na natureza. Pode-se afirmar que praticamente todos
os elementos químicos são formados por uma mistura de isótopos.

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Isóbaros
São átomos com diferentes números atômicos (Z) – portanto, de elementos diferentes – mas que
possuem o mesmo número de massa.
Exemplo:

40 40
K Ca
19 20

Este fenômeno ocorre porque um número menor de prótons no núcleo acaba sendo compensado
com um número maior de nêutrons, levando a um mesmo número de massa.

Moléculas e íons
Os átomos isolados raramente se encontram na matéria. elementares
Substâncias que não podem
Somente em muito poucas substâncias elementares, os ser decompostas, mediante
os processos simples;
chamados gases nobres, o átomo individual é a unidade estrutural substâncias constituídas por
de que as substâncias se compõem. átomos com a mesma carga
nuclear.

Moléculas
A unidade fundamental de quase todas as substâncias, tanto elementares quanto compostas, é a
molécula, que é um conjunto de átomos unidos por forças relativamente fortes, chamadas ligações
químicas.

O cloreto de hidrogênio é um exemplo de uma substância molecular (H - Cl), da mesma forma que
o gás cloro (Cl - Cl) e o gás hidrogênio (H - H).

Íons
Com energia suficiente, é possível eliminar um ou mais elétrons de um átomo neutro, deixando-o
positivo e, ainda, um pouco menor que o átomo original. Podem-se, também, adicionar elétrons a
alguns átomos, deixando-os com carga negativa e um pouco maiores que o átomo do qual derivam.

Estas partículas carregadas denominam-se íons. Eles podem ser positivos (cátions), como o sódio
(Na+), ou negativos (ânions), como o cloreto (CI-).

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Átomo-grama (atg)
"É a massa de um elemento expressa em gramas". O número de átomos-grama contido numa
massa m de um determinado elemento é:

no atg = m(g)/atg do elemento

Número de avogrado de átomos


"Número de avogrado é o número de átomos existentes em um átomo-grama de qualquer elemento,
sendo seu valor de 6,02 x 1023".
Podemos definir o átomo-grama de um elemento como sendo a massa em gramas de 6,02 x 1023
átomos do elemento.

Molécula-grama ou mol
"Molécula-grama de uma substância é a sua massa molecular expressa em gramas".
Para os compostos iônicos, substituímos a denominação molécula-grama por fórmula-grama, assim:

NaCl  fórmula-grama = (23 + 35,5) = 58,5g

Número de avogrado de moléculas


"É o número de moléculas existentes em 1mol de qualquer substância, sendo seu valor de 6,02 x
23
10 ".

Conceito moderno de mol


Hoje, o conceito de mol estende-se a qualquer conjunto que encerra 6,02 x 1023 unidades. Em
função do moderno conceito de mol, podemos concluir:
• “Átomo-grama de um elemento é a massa de um mol de átomos deste elemento".
• "Molécula-grama ou m.o. de uma substância é a massa de um mol de moléculas desta substância".

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Fórmulas químicas
Os símbolos são usados para representar elementos, e as fórmulas, para representar compostos ou
agregados de átomos.

Vários tipos de fórmulas são úteis. As mais importantes são as fórmulas molecular, mínima e
estrutural.

Fórmula molecular
"É o tipo de fórmula que fornece o número exato de átomos na molécula da substância".

Exemplo:

H2SO4, C6H12O6

Fórmula mínima ou empírica


A fórmula mínima fornece a mais simples relação entre os números de átomos dos diferentes
elementos que formam uma substância.

Importante!
A fórmula de uma substância é sempre um múltiplo inteiro de sua fórmula mínima.

Exemplo:

No caso da glicose, a fórmula molecular é C6H12O6, enquanto a fórmula mínima é CH2O.

Fórmula estrutural
A fórmula estrutural fornece o número de cada tipo de átomo na molécula e também mostra como
eles estão ligados no interior da molécula e entre si.

Exemplo:

H C H O = C = O

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Fórmula centesimal ou composição centesimal


"É o tipo de fórmula que apresenta as quantidades dos elementos componentes das substâncias em
100 partes em massa da substância".

Exemplo:

Fórmula centesimal do Na2SO4

32,39% de Na

Na2SO4 22,53% de S

45,07% de O

Cálculo estequiométrico
Cálculo estequiométrico ou estequiometria é o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos
das reações químicas, feito com base nas Leis das Reações e executado, em geral, com o auxílio das
equações químicas correspondentes.

Regras fundamentais

1. Escrever a reação química mencionada no problema.

2. Acertar os coeficientes dessa equação.

3. Estabelecer uma regra de três entre o dado e a pergunta do problema, obedecendo aos coeficientes
da equação, e que poderá ser escrita em massa, em volume ou em número de moles, conforme
as conveniências do problema.

Esquema prático

A + B C + D Equação química balanceada

Proporção teórica ou estequimétrica


(obtida da equação)

Proporção entre o dado e a pergunta


Regra do problema
de três

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Exemplo:

Considerando-se a existência de hidróxido de sódio suficiente, qual a massa de ácido sulfúrico


necessária para preparar 28,4 gramas de sulfato de sódio?

Dado: massas atômicas

H : 1 O : 16 Na : 23 S : 32

Cálculo

1 H2SO4 + 2 NaOH 1 Na2SO4 + 2H2O

1 x 98g 1 x 142g

x 28,4g

Resposta: x = 19,6g de H2SO4

Exemplo:

Calcular o volume de gás carbônico obtido nas condições normais de pressão e temperatura, por
calcinação de 200 gramas de carbonato de cálcio.

Dados: massas atômicas

C : 12 O : 16 Ca : 40

Cálculo

1 CaCO3 CaO + 1 CO2

1 x 100g 1 x 22,4 l (CN)


Proporção entre
200g V a massa e o volume

Resposta: V = 44,8 litros de CO2 (CN)

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Exercícios

1. Leia com atenção as frases abaixo e preencha as lacunas de acordo com o que você estudou
nesta seção:

a) Matéria é tudo aquilo que possui ________________________________________ e


que apresenta ____________________ definido.

b) Corpo é uma porção limitada de ____________________________________.

c) A 0ºC, a água transforma-se em gelo; nesta temperatura, a água está no seu ponto de
_________________________________________________________.

d) A 100ºC, a água ferve; nesta temperatura, a água está no seu ponto de


__________________________________________________________.

2. Conforme o texto lido, dê as seguintes definições:

a) Molécula

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

b) Substância simples

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

c) Substância composta

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

d) Mistura homogênea

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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e) Mistura heterogênea

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3. Observe a reação abaixo:

C + 1/2 O2 = CO

Início 12 8 0
Final 0 0 20
Agora responda: Para obtermos, ao final de reação, um valor acima de 35g CO, quantos
gramas de carbono e oxigênio são necessários?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

4. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, indicando os métodos de separação mais
eficientes para as seguintes misturas.

(a) Areia + água ( ) Destilação

(b) Álcool + água ( ) Cristalização

(c) NaCl + água ( ) Decantação

5. Cite os três principais constituintes de um átomo e suas respectivas cargas associadas:

1 - ____________________________________________________________________

2 - _____________________________________________________________________

3 - _____________________________________________________________________

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6. O átomo de ferro apresenta a seguinte configuração:

59
Fe
27

Agora responda: Qual o número de prótons, nêutrons e elétrons deste átomo?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7. Considerando os seguintes átomos:

70 70 71
A B C
45 47 45
Indique os:

Isóbaros: _________________________________________________________________

Isótopos: _________________________________________________________________

8. Analise atentamente a afirmativa seguinte e complete, adequadamente, as questões abaixo.

"A maltose tem fórmula molecular C12H24O12”

a) Sua fórmula mínima é:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

b) Sua fórmula centesimal, dados: carbono = 12g, oxigênio = 16g e hidrogênio = 1g, é:

Carbono = ____________ %

Oxigênio = ____________ %

Hidrogênio = __________ %

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9. Responda, corretamente, às perguntas abaixo:

a) Uma solução foi preparada dissolvendo-se 500g de sacarose em 700ml de água. Qual a
concentração desta solução em g/l?

Resposta:

b) Qual é a solução de NaOH mais concentrada: 40g/l ou 1,2M?

Resposta:

c) Quantos gramas de NaCl estão dissolvidos em 200ml de solução 25g/l?

Resposta:

10. Calcule o número de moléculas de gás carbônico obtido pela queima completa de 4,8g de
carbono puro.
Massa atômica: C : 12

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Ácidos e bases

Natureza dos ácidos e bases


Os ácidos e as bases existem em virtude de uma das dissociação
propriedades fundamentais da água, isto é, sua dissociação Processo de divisão de uma
molécula em partes menores.
em íons segundo a equação:

H2O  H+ + OH-

Segundo as regras gerais da lei do equilíbrio, para a reação acima temos:

[H+] [OH-]
Kc = ––––––––––––––
[H2O]

Em solução aquosa, [H2O] é constante, pois a dissociação da água é extremamente pequena, logo,
Kc x [H2O] é também uma constante.

Kc x [H2O] = Kw = [H+] [OH-]

Medidas experimentais comprovam que, a 250C, kw = 10-14.

No caso da água pura, podemos calcular [H+] e [OH-], pois estes formam-se em quantidades
iguais.

[H+] [OH-] = [H+] 2 = 1 x 10-14

[H+] = [OH-] = 1 x 10-7

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O pH e o pOH
Vimos a possibilidade de descrever quantitativamente a acidez ou alcalinidade, em solução aquosa,
especificando a concentração do íon H+. Em 1909, Sorensen propôs um método alternativo para
chegar a este fim, criando o conceito de pH, definido como:

PH = - log [H+]

É mais eficiente expressar a acidez em termos de pH do que em [H+], evitando-se o uso de frações
muito pequenas ou expoentes negativos.

Teremos, então:
• Solução neutra [H+] = 10-7, pH = 7,0
• Solução ácida > 10-7, pH < 7,0
• Solução alcalina [H+] < 10-7, pH > 7,0

pOH = - log [OH-]


Por definição, então, e
pH + pOH = 14

Indicadores
O pH, H+ ou OH- de uma solução aquosa podem ser determinados experimentalmente de várias
maneiras. Uma delas envolve o uso de indicadores ácido-base, que sofrem variação de cor em estreito
intervalo do pH, como pode ser observado a seguir.

Indicador Intervalo de pH Cor na faixa ácida Cor na faixa básica

Alaranjado de metila 3,1 - 4,4 Vermelho Laranja


Fenolftaleína 8,0 - 9,8 Incolor Rosa
Amarelo de alizarina 10,1 - 12,0 Amarelo Vermelho

Assim, a água pura, pH, em relação ao indicador fenolftaleína está na faixa ácida e, em relação ao
alaranjado de metila, é básica.
Um indicador universal é feito pela combinação de vários
análogo
indicadores ácido-base e pode ser usado para determinar, com Semelhante, comparável,
aproximação de uma unidade, o pH de qualquer solução aquosa. equivalente.

Um princípio análogo é usado na preparação dos papéis de


medida de pH.

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Tiras de papel impregnadas com uma mistura de impregnar


indicadores podem ser preparadas para dar gradações de cor Fazer com que uma
substância penetre em um
em um intervalo de pH, estreito ou amplo. corpo.

gradações
Aumento ou diminuição
Teorias gerais sobre ácidos e bases gradual.

Somente em 1884, os ácidos e bases foram definidos em termos de composição química pelo
químico sueco Suante Arrhenius. Um ácido de Arrhenius é uma substância que, em solução aquosa,
produz H+, e uma base é uma substância que produz OH-.
Embora amplamente utilizada, a teoria de Arrhenius apresenta algumas limitações. A primeira é
ser restrita a soluções aquosas. Além disso, não explica por que alguns compostos, como a amônia
(NH3), que não contêm OH- produzem soluções básicas.
Em 1923, Johannes Bronsted, um químico dinamarquês, e Thomas Lowry, um químico inglês,
trabalhando independentemente, propuseram uma teoria mais abrangente. Por esta teoria, um ácido
seria qualquer substância que em solução aquosa doasse um próton (H+). Uma base seria qualquer
substância que aceitasse um próton de outra.

Associados à Teoria de Bronsted-Lowry, existem alguns conceitos adicionais:


1. Qualquer reação química envolvendo um ácido de Bronsted deve também envolver uma base
de Bronsted. A doação de próton não pode ocorrer se não houver um aceptor.
2. Todos os ácidos e bases incluídos na teoria de Arrhenius são também incluídos na teoria de
Bronsted, mas o inverso não é verdadeiro. Algumas substâncias que não são consideradas
bases de Arrhenius são classificadas como bases de Bronsted.
3. A identidade da espécie ácida em solução aquosa não é o H+, mas o H30+.
Exemplo:

HCl + H2O  H3O+ + Cl–


ácido base

Uma importante aplicação da Teoria de Bronsted são as reações em fase gasosa:

HCl + NH3  NH4+ + Cl–


ácido base

Outro exemplo importante é a dissolução de amônia em água:

NH3 + H2O  NH4+ + OH–


base ácido

SENAI-RJ 45
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4. A mistura em equilíbrio de uma reação ácido-base de Bronsted tem sempre dois ácidos e duas
bases.

Exemplo:

Reação direta:

HF + H2O  H3O+ + F–
ácido base

Reação reversa:

H3O+ + F–  HF + H2O
ácido base

Um par ácido-base conjugado são duas espécies que diferem pela presença de um próton.

Em termos gerais, temos:

HA + B  HB+ + A–
ácido base ácido conjugado base conjugada

Ácidos e bases fortes


Os ácidos fortes são aqueles em que quase todas as moléculas presentes liberam prótons para a
água. Para estes ácidos, o grau de ionização (a) é superior a 50%.

Exemplo:

α = 92%), H2SO4 = (α
HCl (α α = 61%)

Um ácido fraco é uma substância que se dissocia em pequena extensão, isto é, em uma solução,
sua dissociação, liberando íons H+, se processa em pequena extensão (α < 5%).
As bases fortes são aquelas em que o grau de ionização é praticamente 100%. É o caso dos
hidróxidos dos metais alcalinos e metais alcalinos ferrosos. Analogamente, as bases fracas são aquelas
cujo grau de ionização é inferior a 5%.

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Teoria dos indicadores


Sete anos após a teoria de Arrhenius (1887), Ostwald criou a chamada teoria iônica dos indicadores.
De acordo com esta teoria, os indicadores utilizados na neutralização são ácidos ou bases orgânicas
fracas, tendo as moléculas não-dissociadas de cor diferente da dos íons.
Vamos representar a forma ácida por HlN e lN à base conjugada. No caso específico do azul de
bromotimol, teremos:

HlN  H+ + lN
amarelo azul

A característica essencial é que as espécies HlN e lN tenham cores diferentes. O azul de bromotimol
muda de cor gradualmente, do amarelo para o azul, quando o pH varia de 6 - 8.

Titulação
As soluções de concentração conhecidas são denominadas de soluções padronizadas. Com
uma solução padronizada, pode-se determinar a concentração de uma outra solução. Este processo
chama-se titulação ou dosagem.
A titulação de uma solução ácida é feita através de uma solução básica, e vice-versa. Deste
modo, conhecendo-se a concentração de uma solução de NaOH, pode-se, por exemplo, determinar a
concentração de uma solução de HCl.
Medimos, com uma bureta, o volume da solução ácida ou
estequiométrica
básica titulada necessária para reagir com um dado volume de Próprio da estequiometria:
uma solução de base ou ácido cuja concentração desejamos parte da química em que se
investigam as proporções
determinar. O problema de se saber quando a quantidade dos elementos que se
combinam ou dos
estequiométrica foi atingida é resolvido, em geral, pelo uso compostos que reagem.
de indicadores adequados ou medidores de pH.

Num Erlenmeyer, coloca-se um determinado volume de uma solução de NaOH de concentração


desconhecida.

Numa bureta, coloca-se a solução ácida que reagirá com a solução do Erlenmeyer, que é agitada
continuamente durante a operação. O fim da reação (neutralização) é indicado com o auxílio do
indicador (fenolftaleína).

A fenolftaleína foi adicionada à solução básica, apresentando-se rosa. Adiciona-se, então, a solução
ácida sobre a básica, que pouco a pouco vai se tornando menos alcalina. No momento exato da
neutralização, o indicador torna-se incolor.

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Solução-tampão
Certas combinações de compostos regulam o pH das soluções, evitando (dentro de certos limites)
alterações no pH. Essas combinações, que envolvem pelo menos um sal, são chamadas tampões.
Uma solução tamponada resiste a mudanças de pH quando pequenas quantidades de ácido ou base
são adicionadas.
Para uma solução apresentar características tamponantes, deverá conter duas espécies: uma capaz
de reagir com o íon H+ e outra com os íons OH–. Além disso, essas espécies reguladoras de pH não
devem reagir entre si. Geralmente, uma solução tampão é composta da mistura de um ácido fraco e
um sal de sua base conjugada ou uma base fraca e um sal do ácido conjugado.

Exemplo:

Uma solução-tampão contendo concentrações aproximadamente iguais de ácido acético (ácido


fraco) e acetato de sódio (sal da base conjugada).

(HAC/AC-)

Pela adição de pequenas quantidades de ácido, temos a reação:

H+ + AC-  HAC + H2O

A maior parte do H+ se combina, formando ácido acético, e o pH praticamente não se altera.

Pela adição de quantidade de base, temos a reação:

OH- + HAC  AC- + H2O

A maior parte dos íons OH– é convertida em água, e o pH praticamente não se altera.

As reações responsáveis pelo efeito-tampão no sistema ácido acético-acetato podem ser assim
resumidas:

H+

HAC  AC-

OH-

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Exercícios

11. Calcule o pH das seguintes soluções:

a) [H+] = 1,5 x 10-3M

b) [H+] = 3,0 x 10-10M

c) [OH–] = 1,8 x 10-2M

12. Calcule a H+ para os seguintes casos:

a) pH = 5,4

b) pH = 10,56

SENAI-RJ 49
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c) pOH = 2,25

13. Conforme o texto lido, dê as seguintes definições:

a) Indicador

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

b) Ácido forte

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

c) Solução-tampão

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

14. Analise atentamente as alternativas abaixo e marque um (X) na única que não corresponde a
um sistema-tampão.

a) ( ) NH 4OH/NH4Cl

b) ( ) Ácido acético/acetato de sódio

c) ( ) HCl/NaOH

d) ( ) Ácido cítrico/citrato de sódio

50 SENAI-RJ
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Química orgânica

Pode-se definir a química orgânica como o estudo dos compostos de carbono. Até meados do
século XIX, acreditava-se que fosse impossível sintetizar estes compostos em laboratório, sendo eles
unicamente produzidos por organismos vivos – daí a denominação orgânico.

Com a síntese da uréia, por Friederich Wohler, em 1828, este panorama começou a se modificar. A
partir desta data, várias sínteses de produtos orgânicos se sucederam, existindo catalogados mais de
um milhão de compostos deste tipo.

O átomo de carbono
O carbono é o elemento químico presente em todo e qualquer composto orgânico. Mas o que este
elemento tem de tão especial em relação aos outros?

Fundamentalmente, o fato de que os átomos de carbono podem ligar-se uns aos outros, formando
cadeias, que podem ser pequenas, como por exemplo o etano, que contém apenas 2 átomos de carbono
até grandes cadeias, com milhares de átomos, como nos polímeros, tais como o polietileno.

Ligações químicas
O átomo de carbono tem pouca tendência a ganhar ou perder elétrons. Por isto, ele dá preferência,
em seus compostos, à formação de ligações covalentes ou moleculares.

Covalência refere-se à co-habitação e significa que as ligações são criadas por átomos que
compartilham elétrons, para obter uma estrutura estável.

Ao contrário, na ligação iônica, os elétrons são removidos de um dos constituintes e acrescentados


a outros.
Conseqüentemente, os compostos orgânicos têm, em geral, um comportamento bastante diferenciado
dos compostos iônicos, como o NaCl.
Em razão da sua configuração eletrônica, o átomo de carbono é tetravalente, isto é, forma quatro
ligações covalentes.
A representação usual de uma ligação covalente é um traço horizontal, sendo que devemos dirigir
um número de traços em volta do símbolo do átomo igual ao número correspondente à sua valência, ou
seja, cada traço corresponderá ao número de ligações que determinado átomo pode realizar.

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Assim, tem-se:
1. Em qualquer fórmula, cada átomo de H, F, Cl, Br e l deve estar ligado por apenas um traço.
Exemplo:

H C H H O H H Cl

2. Em qualquer fórmula, cada átomo de oxigênio deve estar ligado por dois traços.
Exemplo:

H H

H C C O H H O H O C O

H H

3. Em qualquer fórmula, cada átomo de nitrogênio deve estar ligado por três traços.
Exemplo:

H C N H N H

4. Em qualquer fórmula, cada átomo de carbono deve estar ligado por quatro traços.

Exemplo:

H H H

H C N H C H H C C O H

H H H

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Classificação de cadeias carbônicas


Uma das principais características que diferenciam o átomo de carbono dos outros elementos é sua
capacidade de se ligar a outros átomos de carbono e formar cadeias. Essas cadeias podem ser divididas
em dois grandes grupos.

Cadeias fechadas ou cíclicas


São aquelas em que os átomos de carbono se unem formando um ciclo.

Exemplo:

Nos vértices de cada figura geométrica, estão representados os átomos de carbono. Não se
representam os átomos de hidrogênio.

Cadeias abertas, acíclicas ou ainda alifáticas


São aquelas em que os átomos de carbono se ligam sem formar ciclo ou anel. Têm, portanto, as
extremidades livres.
Exemplo:

H H H

H C C C H H C C H

H H H

Classificação das cadeias abertas


As cadeias abertas podem ser classificadas segundo os critérios apresentados a seguir.

Quanto aos componentes


Homogêneas

Só contêm átomos de carbono.

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Exemplo:

H H H H

H C H H C C C H H C C H

H H H H

Heterogêneas

São aqueles que, além de carbono, possuem um elemento diferente. Este elemento diferente é
chamado heteroátomo.

Exemplo:

H H H H

H C C O C C H

H H H H
Etano-oxi-etano

Para que um átomo seja heteroátomo, é preciso participar da cadeia, isto é, precisa estar no mínimo
entre dois átomos de carbono. Átomos monovalentes nunca poderão estar entre dois carbonos.

Exemplo:

H3C - CH2 - CH2 Cl 1 Cloropropano – não é cadeia heterogênea

Quanto à disposição dos átomos de carbono


Normais

Quando todos os átomos de carbono se encontram numa única seqüência.

Exemplo:

H H H H H H

H C C C H H C C C H

H H H CH3 H H

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Ramificadas

Quando algum átomo de carbono fica fora da seqüência principal, formando ramos, ou seja, cadeias
laterais.

Exemplo:

H H H H C2H5 H

H C C C H H C C C H

H CH3 H CH3 H H

Quanto ao tipo de ligações entre os átomos de carbono


Saturadas

Quando só ocorrem ligações simples entre os átomos de carbono.

Exemplo:

H H H H H

H C C C H H C C O H

H H H H H

Insaturadas

Quando ocorrem ligações duplas ou triplas entre os átomos de carbono.

Exemplo:

H H

H C C H H C C C OH

H H

Classificação das cadeias fechadas


As cadeias fechadas apresentam uma classificação similar à das abertas.

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Quanto aos componentes


Homocíclicas
Quando a cadeia fechada é formada somente por átomos de carbono.
Exemplo:

H2C CH2
cicliobutano
H2C CH2

Heterocíclicas

Quando a cadeia é formada por átomos diferentes de carbono.

Exemplo:

CH

H
C CH
piridina
H H
C C

Quanto ao tipo de ligação


Saturadas
Quando no ciclo existem somente ligações simples.

Insaturadas
Quando no ciclo ocorrem ligações duplas ou triplas.
Um tipo muito importante de cadeia fechada é a formada por seis átomos de carbono ligados
alternadamente entre si por ligações simples e duplas, formando o chamado anel, ciclo ou núcleo
benzênico.
Exemplo:
Os compostos que contém anel benzênico são chamados
Os compostos que
compostos aromáticos. contêm anel
benzênico são
chamados compostos
aromáticos

56 SENAI-RJ
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Isomerismo
O grande número de compostos orgânicos encontrados na natureza deve-se principalmente a este
fenômeno, que se caracteriza pelo fato de duas ou mais substâncias apresentarem uma mesma fórmula
molecular, porém fórmulas estruturais diferentes.

Exemplo: C2H6O

H H H H

H C O C H H C C O H

H H H H

Éter etílico Etanol


Ponto de ebulição = 340C Ponto de ebulição = 780C

Pelo fato de suas estruturas serem diferentes, suas propriedades também o são.

Classes de compostos químicos orgânicos

Conceito de função orgânica


Funções orgânicas são átomos ou agrupamentos de átomos (grupos funcionais) característicos de
algumas substâncias e que determinam suas propriedades químicas.

Nas funções orgânicas, os átomos se dispõem sempre da mesma maneira na molécula dos compostos
da mesma espécie química.

Hidrocarbonetos

Têm como principal característica o fato de serem compostos


formados unicamente por átomos de carbono e hidrogênio. São alifático
classificados segundo sua estrutura em dois grandes grupos: Diz-se de composto
orgânico que não é cíclico.
alifáticos e cíclicos, sendo que os primeiros se dividem em
grupos com características peculiares, como pode ser visto no
fluxograma a seguir:

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Hidrocarbonetos

Alifáticos Cíclicos

Alcanos Alcenos Alcinos Alicíclicos Aromáticos

As principais fontes para a obtenção de hidrocarbonetos são o petróleo e o gás natural. Em termos
da indústria cervejeira, estes compostos não têm grande relevância, sendo usados principalmente
como combustíveis, como por exemplo em caldeiras a óleo diesel.

Nomenclatura

O estudo da nomenclatura dos hidrocarbonetos é muito importante, pois é o ponto de partida para
o entendimento de todas as demais classes. Portanto, uma perfeita compreensão das regras utilizadas,
permitirá, com certeza, um entendimento mais rápido e fácil quando forem estudados os demais
compostos.

Um dos principais problemas na nomenclatura das substâncias é a existência de isômeros, ou seja,


compostos diferentes com a mesma fórmula química.

A fim de elaborar um sistema que pudesse ser aplicado a qualquer substância, por mais complexa
que fosse, foi criado o Sistema IUPAC, cujas regras essenciais são as seguintes:

Define-se a cadeia principal, ou seja, aquela que contém o maior número de carbonos. Posteriormente,
acrescenta-se o sufixo que caracteriza o hidrocarboneto e o tipo de composto a que pertence. No caso
dos alcanos, por exemplo, utiliza-se o sufixo "ano".

Número de átomos de carbono Prefixo

1 met
2 et
3 prop
4 but
5 pent
6 hex
7 hep
8 oct
9 non
10 dec

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Por exemplo, um alcano com três átomos de carbono recebe o nome de propano (prop + ano).

H H H

H C C C H

H H H

No caso de haver ramificações, estas deverão ser enumeradas de forma a obterem-se os menores
números e escritas em ordem alfabética ou de complexidade, acrescentando o sufixo "il" ou "ila".
Caso a ramificação apareça mais de uma vez no composto, acrescentam-se os sufixos "di", "tri",
"tetra", e assim por diante.

H CH3 H H H H CH3 H H H

H C C C C C H H C C C C C H

H CH3 H CH3 H H CH3 H CH3 H

2,2,4 - Trimetilpentano (certo) 2,4,4 - Trimetilpentano (errado)


Soma 2 + 2 + 4 = 8 Soma 2 + 4 + 4 = 10

O nome dos hidrocarbonetos cíclicos é definido colocando-se o prefixo “ciclo” no nome do


hidrocarboneto com o mesmo número de átomos de carbono. No caso da existência de substituintes,
os nomes deverão ser dados de forma a que se obtenham os menores números.

CH3

CH3
1
C2H5
1-metil-2-etilciclobutano 5 2

5 3
CH3
4

1,3 dimetilcicloexano
ciclobuteno

Álcoois

Compõem uma das classes orgânicas mais importantes, devido aos diversos usos que seus compostos
apresentam.

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Os álcoois são compostos derivados dos hidrocarbonetos pela substituição de um ou mais átomos
de H por igual número de grupos hidroxila, (–OH).

Os átomos de carbono aos quais estiver ligada a hidroxila não podem ter ligações duplas ou triplas
e cada átomo só pode receber uma hidroxila.

Suas propriedades químicas são regidas pela presença do grupo hidroxila (-OH). O fato de um
átomo de hidrogênio estar ligado ao oxigênio implica na formação de ligações do tipo ponte de hidrogênio,
acarretando modificações das propriedades químicas e físicas destes compostos em relação aos
hidrocarbonetos, como por exemplo: aumento do ponto de ebulição, maior solubilidade em água
(principalmente para os álcoois menores), etc.

São obtidos industrialmente, pelo menos os mais importantes, a partir da hidratação de hidrocarbonetos
provenientes do petróleo. O etanol também pode ser obtido por via fermentativa, principalmente quando
destinado à produção de bebidas.

H H H H
H2SO4
H C C H + H2 O + H C C OH

Eteno H H
Etanol

H H

Glicose
+ 2H C C OH + 2 CO2
Levedura
H H
Etanol

Nomenclatura

O grupo hidroxila tem prioridade sobre ligações duplas ou triplas e também sobre as ramificações.
Logo, deve receber a menor numeração.

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C C C C C OH

CH3

4-metil-1-pentanol

C C C C

OH
3-buteno-2-ol ou 2,3-butenol



dupla OH

No caso de mais de um grupo hidroxila, estes deverão ser numerados de forma a se obter a menor
numeração. Além disso, deve-se acrescentar um prefixo indicando o número de hidroxilas.

C C OH

OH
1,2-etanodiol (etileno glicol)

Deverá substituir-se o sufixo "ano" dos hidrocarbonetos pelo sufixo "ol'.

Etano  Etanol

Todas as demais regras de nomenclatura dos hidrocarbonetos valem para a nomenclatura dos
álcoois.

Observação
Freqüentemente, o nome dos álcoois é formado pela palavra álcool seguida da
palavra indicadora do grupo alifático ou aromático de que derivam.

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Exemplo:

H3C – CH2 – OH  álcool etílico

Os álcoois são obtidos principalmente a partir da hidratação de hidrocarbonetos. No caso do etanol,


a via fermentativa também é importante, principalmente na fabricação de bebidas e, no caso do Brasil,
também de combustíveis.

Propriedades fisiológicas

Os álcoois são substâncias incolores.

Os primeiros álcoois têm sabor ardente e os superiores são quase sem sabor. O odor é agradável
nos primeiros, de C1 a C3, torna-se sufocante nos médios, C4 e C5, e desagradável, rançoso, nos
seguintes, C6 e C7. Os superiores não têm odor.

Em geral, os álcoois são tóxicos para os nervos.

Fermentação

As fermentações desempenham um importante papel na obtenção de diversos produtos da indústria


química e farmacêutica.

A fermentação mais generalizada e mais importante é a alcoólica.

C6H12O6 >> 2C2H5OH + 2CO2

A reação acima é a representação geral do processo.

Na prática, ele é bem mais complicado, pois a fermentação requer a presença de vários tipos de
enzimas e, portanto, dá origem a toda uma série de produtos intermediários antes de chegar aos
produtos finais (álcool etílico e gás carbônico).

Fenóis

Os fenóis são compostos que resultam da substituição de um ou mais átomos de H nucleares do


anel benzênico por igual número de hidroxilas.

62 SENAI-RJ
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Exemplo:
OH OH

OH

Fenol Catecol

Quando a substituição for feita em H não-pertencente ao núcleo benzênico, o composto não será
fenol, e sim álcool.
Exemplo:
H2C – OH

Álcool benzílico

De acordo com o número de hidroxilas, temos mono, di, tri, etc, polifênios.

Os fenóis têm efeito fundamental na qualidade das cervejas, pois:

1. São o componente central do processo que conduz à turvação das cervejas.

2. São facilmente oxidados, em temperatura ambiente, pelo próprio oxigênio do ar, dando sabor
áspero e adstrigente às cervejas.

3. Sua oxidação conduz a um aumento da coloração das cervejas.

No processo cervejeiro, sua origem principal está na casca do malte.

Exemplo:
OH

Oficial: hidroxibenzeno
Não oficial: fenol

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Aldeídos e cetonas

Apesar de serem duas classes distintas, apresentam características físicas e químicas semelhantes,
em virtude de possuírem o mesmo grupo funcional – carbonila (C=O). A diferenciação se dá no
posicionamento do grupo, que nos aldeídos se encontra na ponta da cadeia (isto faz com que sejam
mais reativos), enquanto nas cetonas está situado dentro da cadeia.

A presença de oxigênio ligado ao carbono na molécula não


permite o aparecimento de ligações do tipo ponte de hidrogênio; voláteis
assim, cetonas e aldeídos apresentam um ponto de ebulição Que podem ser reduzidos a
gás ou vapor.
menor do que o dos álcoois correspondentes (portanto, são mais
voláteis). Apesar de não fazerem pontes de hidrogênio entre
si, podem fazer com a água, o que explica a boa solubilidade
destas substâncias, especialmente as menores, como formol,
acetaldeído, acetona etc.

São um grupo importante para a indústria cervejeira os açúcares, como glicose, maltose e frutose,
substâncias mistas com características de álcoois somadas a aldeídos e cetonas, dependendo de sua
estrutura. O formol foi utilizado durante muito tempo como produto de desinfecção, enquanto o diacetil,
um dos principais produtos indesejáveis na indústria cervejeira, é uma dicetona (2,3-butanona).

Nomenclatura

Para os aldeídos, o carbono número "1" é sempre aquele que contém o grupo carbonila.

H H H H H
5 4 3 2 1
H C C C C C O

H CH3 H H Para formar o nome do aldeído,


4-metilpentanal substitui-se por al a terminação
ol do nome do álcool do qual ele
provém.

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Exemplo:

OH O

H3C C C >> H3C C C

H2 H
Etanol Etanal

Para as cetonas maiores que quatro carbonos, deve-se indicar a localização do grupo carbonila e a
cadeia deve ser numerada de forma a que os átomos de carbono que contém este grupo sejam
numerados de forma a receber o menor valor.

H O H H H
1 2 3 4 5
H C C C C C H

H H H H

2 - pentanona

Observação
Para formar o nome da cetona substitui-se por ona a terminação ol do
nome do álcool do qual provém.

Exemplo:

OH O

H3C C CH3 + H3C C CH3

H
Propanol Propanona

Continuam válidas todas as demais regras.

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Reações

A principal reação de aldeídos é a oxidação, que acontece facilmente, levando à formação dos
ácidos carboxílicos correspondentes.

H H H O
[O]
H C C O >> H C C OH

H H
Acetaldeído Ácido acético

Além da oxidação, os aldeídos e cetonas também podem ser reduzidos, levando aos álcoois.

H H H O
H2
H C C O H C C OH

H H H
Acetaldeído Etanol

Propriedades Físicas

Aldeídos

O primeiro aldeído é gasoso, e os seguintes, até C15, líquidos.

São incolores, de aroma variável.

Os primeiros têm odor penetrante, pungente; à medida que a cadeia carbônica cresce, o odor se
torna agradável, aromático. Os da cadeia C8 à C14 têm cheiro de flores diversas. Os superiores são
inodoros.

Cetonas

O diacetil é um subproduto muito importante no processo de fabricação de cervejas, em virtude das


alterações de paladar que são notadas, mesmo em pequenas concentrações (aproximadamente 0,1
mg/l); têm aroma e paladar de manteiga.

Trata-se de uma dicetona, a 2,3 butanodiona de fórmula:

66 SENAI-RJ
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O O

H3C C C CH3

Este composto forma-se durante as fermentações pela ação da levedura, a qual também tem a
capacidade de, em seguida, reduzi-lo a substâncias neutras do ponto de vista sensorial.

Processo de redução do diacetil:

O O OH O OH OH

H3C C C CH3 H3 C C C CH3 H3C C C CH3


diacetil acetoína 2,3 butanodiol
(manteiga) (mofo, madeira) (sensorialmente neutro)

Ácidos carboxílicos
São ácidos orgânicos que apresentam o grupo funcional COOH (carboxila). Apresentam um
comportamento similar ao dos ácidos inorgânicos, como o clorídrico e o sulfúrico, apesar de serem em
geral muito mais fracos. São também neutralizados por bases, formando sais.

HCl + NaOH NaCl + H2O

O O

C C OH + NaOH C C ONa + H2O

Suas propriedades são ditadas pela presença do grupo carboxila.

C C OH

SENAI-RJ 67
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De maneira similar aos álcoois, apresentam interações do tipo ponte de hidrogênio entre suas
moléculas, logo, da mesma forma que os álcoois, os ácidos carboxílicos apresentam elevados pontos
de ebulição e boa solubilidade em água. Nos ácidos carboxílicos, estas propriedades são mais marcantes
que nos álcoois, uma vez que estes fazem apenas uma ponte de hidrogênio entre suas moléculas,
enquanto aqueles fazem duas.
Sem dúvida, do ponto de vista econômico, o ácido carboxílico mais importante é o acético, utilizado
como solvente, intermediário e matéria-prima para sínteses e na alimentação, sob forma de uma
mistura diluída a 4% (vinagre).
Os ácidos carboxílicos são importantes subprodutos do processo de fabricação de cerveja. Podem
ser formados pela própria levedura, como por exemplo o cáprico, o caprílico e o capróico, ou, ainda,
devido a contaminações, como o lético e o pirúvico.

Nomenclatura

A cadeia principal deve ser sempre numerada a partir da extremidade que possui o grupo carboxila,
ou seja, o carbono número 1 é o da carboxila. O nome da substância é dado trocando-se o sufixo "ano"
do alcano com o mesmo número de carbonos pelo sufixo "óico" e acrescentando-se a palavra ácido.

O O
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
C C C C C OH C C C C OH

CH3 CH3
Ácido 3-metilpentanóico Ácido 3-metilbutanóico

Havendo dois grupos carboxílicos fazendo parte da cadeia principal, usa-se a denominação de
hidrocarboneto correspondente com o sufixo "dióico".

O O O H H O

OH C C OH OH C C C C OH

H H
Ácido etandióico (oxálico) Ácido butanodióico

Aparecendo, em uma mesma estrutura, o grupo carboxila e um outro grupo funcional qualquer,
prevalece sempre o grupo funcional dos ácidos na numeração da cadeia principal, que recebe a
nomenclatura com o sufixo "óico".

68 SENAI-RJ
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C C C OH

Cl
ácido 2 - cloropropanóico

Continuam válidas todas as demais regras.

Observação
A nomenclatura antiga dava aos ácidos nomes alusivos à sua origem,
por exemplo:
Fórmico por existir nas formigas
Butírico por existir nas manteigas
Cítrico por existir no limão
Oleico por existir nos óleos etc.

Reações

Formação de ésteres

A formação de um éster decorre da reação entre um ácido carboxílico e um álcool, como pode ser
visto abaixo:

OH O O

R1 - CH2 + R2 - C R1 - CH2 - O - C - R2 + H2O

OH

Segundo análises, o número de ésteres na cerveja situa-se na casa dos 90. Todavia, quantitativamente
falando, três deles apresentam maior importância:

SENAI-RJ 69
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Ésteres mais importantes na cerveja


Éster Limite de percepção Percepção
na ce rve
cerve ja
rveja sensorial
Acetato de etila 33 mg / l Frutas

Acetato de isoamila 3 mg / l Banana


Hexanoato de etila 123 mg / l Maçã

Importante!
É preciso deixar claro que, apesar de termos colocado a formação
de ésteres esquematicamente como um processo químico, no caso de
cervejarias, o processo ocorre preponderantemente pela ação da
levedura, sendo que aproximadamente 95% da formação dos ésteres
ocorrem por via enzimática.

Formação de gorduras e óleos

São formados pela reação entre o glicerol e ácidos carboxílicos de cadeia longa (C12-C22), portanto
são ésteres.

CH2O C R1

CHO C R2

CH2O C R3

A diferença mais marcante entre as gorduras e os óleos é que estes são líquidos e apresentam uma
maior quantidade de ácidos insaturados (com ligações duplas e triplas), enquanto aquelas são sólidas e
apresentam maior proporção de ácidos saturados.

Saponificação

Os sabões são compostos que contêm em sua estrutura grandes grupos hidrofóbicos (que não têm
afinidade com a água, ou seja, cadeias de hidrocarbonetos) e um ou mais grupos hidrofílicos (que têm

70 SENAI-RJ
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afinidade com a água). As partes não-polares dissolvem-se em gorduras e óleos. Essa mistura é
posteriormente arrastada pela água, que tem afinidade pelos grupos hidrofílicos. A capacidade de
limpeza dos sabões depende de sua capacidade de formar emulsões com materiais gordurosos.

Os sabões são feitos pela saponificação de gorduras e óleos. Qualquer reação de um éster com
uma base produz um álcool e um sal de ácido carboxílico (sabão), como pode ser visto na reação
abaixo:

O O

CH2O C R1 CH2OH NaO C R1

O O

CHO C R2 + NaOH CHOH + NaO C R2

O O

CH2O C R3 CH2OH NaO C R3


Glicerol Sabão

Os sabões são misturas de sais de sódio de ácidos graxos com 12 ou mais átomos de carbono. São
ineficientes em águas duras (águas que contém sais de certos metais, como cálcio, magnésio, ferro,
etc.). Estes sabões são precipitados em água dura, formando sais insolúveis de cálcio e ferro. Note,
por exemplo, o anel amarelo perto de ralos, decorrente da formação de sais insolúveis de ferro.

Ésteres

Apresentam baixos pontos de ebulição e baixas solubilidades, pois ao contrário dos ácidos
carboxílicos, não são capazes de formar pontes de hidrogênio. Esta é uma característica importante,
pois irá explicar a volatilidade dos ésteres e sua importância para o aroma da cerveja.

O aroma de substâncias naturais consiste numa mistura complexa de ésteres. Por exemplo, são
necessárias mais de 100 substâncias diferentes para conferir o aroma característico dos morangos.
Os aromatizantes artificiais geralmente consistem em misturas muito simples destas substâncias.

Os acetatos de etila e butila são utilizados como solventes, especialmente na fabricação de vernizes.
Alguns ésteres de ponto de ebulição elevados são utilizados como amaciantes (plastificantes) para
resinas ou polímeros. Muitas resinas plásticas são feitas à base de poliésteres.

SENAI-RJ 71
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Nomenclatura

A cadeia principal deve ser sempre numerada a partir da extremidade que possui o grupo carboxila.
O nome da substância é dado trocando-se o sufixo "óico" do ácido carboxílico com o mesmo número
de carbonos pelo sufixo "oato". A cadeia carbônica ligada ao oxigênio é nomeada como um radical de
hidrocarboneto comum.

O O
3 2 1 4 3 2 1
C C C OCH3 C C C C OC2H5

Propanoato de metila Butanoato de etila

Continuam válidas todas as demais regras.

Reações

As principais reações dos ésteres são aquelas que envolvem a sua formação e já foram vistas
durante o estudo dos ácidos carboxílicos.

Aminas

São compostos orgânicos nitrogenados derivados do amoníaco pela substituição de um ou mais


átomos de hidrogênio por igual número de radicais monovalentes.

Fórmula geral:
R – NH2 R – NH R – N – R2

R1 R1

Aminoácidos

São ácidos carboxílicos de função mista com o grupo amino, NH2, podendo ou não aparecer outras
funções.

Exemplo:
NH2
O
Alanina
H3C C C
OH
H

72 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

De todos os aminoácidos conhecidos, apenas oito não são sintetizados pelo organismo humano;
estes são chamados aminoácidos essenciais.

Peptídeos

A condensação de dois ou mais aminoácidos, por meio dos seus grupos COOH e NH2, produz
compostos chamados peptídeos.

Proteínas

As proteínas são macromoléculas formadas pela condensação de peptídeos ou, em última análise,
pela condensação de aminoácidos diferentes.

Carboidratos

São substâncias de fórmula geral Cn (H2O)n.

A glicose C6H12O6 é encontrada em grande número de frutas e órgãos vegetais.

Por fermentação da cervejaria, dão origem ao etanol e ao gás carbônico. São preparados
industrialmente a partir do amido.

SENAI-RJ 73
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Exercícios

15. Faça a devida correspondência entre as colunas, relacionando a nomenclatura oficial (IUPAC)
com os respectivos compostos químicos:

a) CH3C = CHCH3 ( ) 3 - isopropil, 2,5 - hexadien - 1 - ol


C2H5

b) CH3CH = C (CH3)2 ( ) 2 - metil - 2 - buteno

c) HOCH2CH = CCH2CH = CH2 ( ) 4 - metil - 2 - hexeno

CH (CH3)2

d) CH3CH = CHCHCH2CH3 ( ) acetato de etila


CH3

( ) propanona
e) CH3CH = CHC (CH3)3

( ) 4,4 - dimetil - 2 - penteno


f) CH 3COOC 2H 5

( ) 3 - metil - 2 - penteno
g) CH 3COCH 3

74 SENAI-RJ
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16. Dada a nomenclatura oficial (IUPAC), escreva a estrutura química dos seguintes compostos:

a) Etanol

b) 4 - metil - pentanal

c) 5 - metil - 3 - hexen - 2 - ona

d) 3 - octenal

e) 4 - metil - 2 - hexeno

SENAI-RJ 75
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f) Ac. 2 - metil - hexanóico

g) 4 - etil - 4 - penten - 2 - ona

h) 2,5 - octanodiona

i) Ac. pentanodióico

j) Propanoato de etila

76 SENAI-RJ
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Velocidade das reações químicas

Ao se examinar um novo processo químico, duas perguntas ocorrem de imediato:


1. Esta reação pode ocorrer tendo-se em vista a estabilidade dos reagentes e produtos? A resposta
está na aplicação da termodinâmica química.
2. Sob que condições a velocidade da reação é suficientemente rápida para que o método seja
prático? Na verdade, toda reação química requer algum tempo para se completar, mas algumas
são muito rápidas, enquanto outras são muito lentas.
Os fatores que determinam a velocidade de uma reação são múltiplos, por exemplo:
• Composição dos reagentes.
• Seu estado físico.
• Homogeneidade da mistura.
• Temperatura e pressão.
• Concentração dos reagentes.
• Circunstâncias físicas, como irradiação com luz visível.
• Presença de outras substâncias que afetam a reação, mas não são modificadas por ela.

O controle da velocidade das reações tem grande importância prática. Algumas reações feitas
descontroladamente causariam grandes danos; outras devem ser aceleradas para que sejam
economicamente exploráveis.

Energia de ativação
Diagrama energético de uma reação exotérmica

Energia
ativada
Energia

Energia dos
reagentes
Energia libertada

Energia dos
produtos

Caminho da reação

SENAI-RJ 77
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Influência da temperatura
Uma generalização útil é a seguinte: em solução aquosa, um aumento de 100C na temperatura
duplicaria a velocidade da reação.

Influência na concentração
Fatos comuns nos fornecem exemplos ilustrativos. Quando se abana um fogo lento, isto significa
aumentar a concentração de oxigênio próximo à lenha em combustão. Com isto, a velocidade da
reação, combustão, é aumentada.

Equilíbrio químico
Considere a reação:

A + B  C + D

O equilíbrio químico será a condição na qual a concentração tanto dos reagentes quanto dos produtos
permanecer constante.
Sistemas químicos claramente atingem uma condição de equilíbrio; contudo, sistemas biológicos
apresentam um comportamento muito mais complexo, como poderemos verificar analisando a
fermentação alcoólica.
Vejamos:

C6H12O6 + células  etanol + CO2

Durante a fermentação alcoólica, ocorre a formação de células, etanol, CO2 e consumo de glicose.
Atinge-se durante algum tempo uma situação de equilíbrio, mas dependendo das condições
(concentração de açúcar e disponibilidade de O2), podem ocorrer certas transformações.
• Consumo de etanol e formação de CO2 e H2O.
• Morte celular por falta de nutrientes.

Importante!
Depois de consumido todo o etanol, as células acabarão morrendo,
devido à ausência de alimento.

78 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Como pudemos observar, é preciso fazer-se uma diferenciação entre sistemas químicos e biológicos.
Devemos ter certo cuidado ao aplicarmos conceitos puramente químicos na área bioquímica.

Princípio de Le Châtelier
Admitamos um sistema em equilíbrio, ou seja, no qual a concentração de reagentes e produtos não
varia. Se este sistema for submetido a qualquer perturbação, o equilíbrio desloca-se no sentido contrário
a esta perturbação.

Observe o exemplo relacionado a uma reação química tradicional:

N2 + 3 H2  2 NH3

Esta reação apresenta pequena conversão nas condições usuais, ou seja, ao colocarmos N2 e H2
em contato, ocorrerá pequena conversão destes à amônia. Entretanto, esta reação é a usual em escala
industrial. Então, como contornar este problema? A resposta é: mexendo nas condições de equilíbrio,
usando o princípio de Le Châtelier.
Primeiramente, a reação se acelera utilizando um excesso de nitrogênio, favorecendo o deslocamento
da reação no sentido da amônia (por que não usar H2 em excesso?). Além disso, a amônia formada é
retirada continuamente do reator, favorecendo, mais uma vez, a formação deste produto. Utiliza-se,
ainda, elevada pressão, pois ela favorece o deslocamento da reação na direção em que exista menor
quantidade de moles na fase gasosa, portanto, na direção da amônia.

Catálise
Catalisador é uma substância que participa de uma reação química alterando sua velocidade, sendo,
no entanto, regenerada ao final do processo.
Um catalisador não atua no equilíbrio de uma reação, somente na velocidade. Isto ocorre pelo fato
de o catalisador atuar sobre a energia de ativação diminuindo-a, permitindo à reação se processar de
uma forma mais rápida.

SENAI-RJ 79
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Energia de
Energia livre de transição
ativação de uma
reação não-
catalisada

Energia livre de
ativação de uma
Energia livre

reação catalisada

Estado inicial Mudança total de


energia livre da
reação

Estado final

Progresso da reação

Exemplo:
A reação abaixo é catalisada pela presença de NO, apesar de esta substância não participar da
reação.

2 SO2 + O2  2 SO2 (lenta)


O2 + 2NO  2 NO2
NO2 + SO2  N + SO3

Enzimas
As enzimas são moléculas protéicas que têm a propriedade de acelerar determinadas reações
químicas, tanto no sentido da síntese como no da degradação de moléculas.
São, portanto, catalisadores orgânicos.

Ação enzimática
O composto que sofre a ação da enzima chama-se substrato. A molécula da enzima possui um ou
mais centros ativos, aos quais o substrato se combina para que seja exercida a ação enzimática.
A especificidade das enzimas é muito variável. Algumas atuam exclusivamente sobre um tipo de
molécula, outras atuam sobre vários compostos, com alguma característica estrutural comum.

80 SENAI-RJ
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Inibição
A atividade das enzimas é capaz de ser inibida de várias maneiras, como as exemplificadas a
seguir.

Inibição competitiva
Ocorre quando uma outra substância cuja molécula é muito parecida com a do substrato se fixa nos
centros ativos da enzima. Neste caso, o inibidor compete com o substrato para se localizar no centro
ativo.

Inibição não-competitiva
Ocorre quando alguma outra substância atua sobre a enzima, alterando sua estrutura e impedindo
sua atividade.
Ambas são reversíveis, isto é, afastando-se o inibidor a ação se normaliza.

Atividade
As enzimas são fundamentais no processo cervejeiro.
A atuação enzimática inicia-se no processo de preparação da própria matéria-prima da cerveja,
isto é, o malte; é fundamental na sala de brassagem, por exemplo, na conversão do amido em açúcares
fermentescíveis, e se estende ao longo de todo o processo de produção.
Dois fatores influenciam diretamente a atividade enzimática: o pH do meio e a temperatura.

PH do meio

A atividade altera-se fortemente segundo o pH da solução.

Temperatura

As enzimas atuam de ótima maneira em determinadas faixas de temperatura, que variam de enzima
para enzima.

A elevação da temperatura destrói as enzimas, o que se compreende lembrando-se que elas são
proteínas e que estas são desnaturadas a altas temperaturas.

SENAI-RJ 81
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Exercícios

17. De acordo com o que você estudou nesta etapa, defina "equilíbrio químico".

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

18. Observe atentamente a reação química que está dentro do retângulo e responda corretamente
às perguntas abaixo.

N2 + 3 H2  2 NH3

a) O que ocorrerá com a produção de amônia, no caso de removermos do reator,


instantaneamente, a amônia formada?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

b) E o que acontecerá no caso de trabalharmos com excesso de N2?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

82 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Corrosão

De acordo com o conceito mais aceito, pode-se definir corrosão como a deterioração de um material,
geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a esforços
mecânicos.

Observação
A deterioração de materiais não-metálicos (tais como: concreto, borracha,
polímeros e madeira) devido à ação do meio ambiente é considerada por alguns
autores, também, como corrosão.

Por ser a forma mais familiar de corrosão, vamos estudar somente a que ocorre em superfícies
metálicas.

Sendo a corrosão um processo espontâneo, está constantemente transformando materiais metálicos,


de forma que seu desempenho e durabilidade decaem consideravelmente.

Em certos metais, o processo corrosivo segue um caminho oposto ao metalúrgico, cujo objetivo
principal é a extração do metal a partir de seus minérios ou outros compostos, ao passo que a corrosão
tende a oxidar o metal, levando-o muitas vezes a um produto de corrosão semelhante ao minério
original.

Exemplo:

O óxido de ferro mais comum encontrado na natureza é a hematita (Fe2O3). Já a ferrugem é o


óxido de ferro hidratado (Fe2O3 nH2O).

Você sabia que ...


a corrosão causa um grande prejuízo em termos econômicos? Acredita-se que,
atualmente, 25% da produção mundial de aço são consumidos na substituição
de peças oxidadas, isto sem contar os gastos referentes à mão-de-obra e paradas
eventuais da fábrica.

Oxidação e redução
Na maioria dos casos, o processo de corrosão não passa de reações de oxi-redução, nas quais o
metal perde elétrons e, portanto, se oxida, enquanto um outro material qualquer ganha elétrons e se
reduz.

SENAI-RJ 83
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Muitas vezes, a simples observação de uma tabela de potenciais eletroquímicos nos permite descobrir
a possibilidade de ocorrer ou não um processo corrosivo, como podemos verificar através dos
exemplos a seguir:
a) Sabemos, por experiência, que se colocarmos cobre em contato com aço inox ou ferro, estes
irão sofrer corrosão, enquanto o cobre permanecerá intacto.
A simples observação de uma tabela de potenciais nos permite verificar a razão.
Na tabela tem-se:

Fe Fe2+ + 2 é ....... Eo = + 0,44V


Cu Cu2+ + 2 é ....... Eo = - 0,34V

Na tabela de potencial normal de oxidação, a substância de maior potencial de oxidação é a que


apresenta o maior caráter redutor.
Desta forma, o ferro se oxidará, reduzindo o cobre.

Cálculo da voltagem deste processo


Primeiramente, escreve-se a reação com maior potencial.

Em seguida, invertem-se a reação e o sinal da reação de menor potencial.

Por último, somam-se as reações.

Seguindo este procedimento, teremos:

Fe Fe 2+ + 2 é Eo = 0,44V
Cu 2+ + 2 é Cu Eo = 0,34V

Fe + Cu2+ Fe2+ + Cu Eo = 0,78V

Portanto, demonstramos que, no caso de uma determinada água conter certa quantidade de
íons cobre dissolvidos, ela irá atacar tubulações de ferro ou aço, propiciando o aparecimento de um
processo corrosivo, com a formação de ferrugem.
b) Sabemos também que, ao trabalharmos com caldeiras geradoras de vapor, temos de utilizar
uma água isenta de oxigênio e com pH alcalino, a fim de evitar problemas de corrosão.
Quais as conseqüências de se trabalhar com pH ácido e com oxigênio dissolvido na água?
Novamente, a tabela de potenciais nos fornece esta informação.

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O2 + 4H+ + 4e- = 2H2O Eo = 1,229V


Fe2+ + 2e- = Fe Eo = - 0,440V

Repetindo os procedimentos anteriores, teremos:

O2 + 4H+ + 4e- = 2H2O Eo = 1,229V


Fe = Fe2+ + 2e- Eo = 0,440V

Agora, temos uma situação diferente do caso anterior, ou seja, o número de elétrons nas duas
reações é diferente. Sempre que isto ocorrer, deve-se tirar o MMC entre o número de elétrons das
duas reações e as tratá-las como se fossem frações.

Vejamos:

O2 + 4H+ + 4e- = 2H2O Eo = 1,229V


2Fe = 2Fe2+ + 4e- Eo = 0,440V
————————————————————————
2Fe + O2 + 4H+ = 2H2O + 2 Fe2+ Eo = 1,669V

Observamos que o ferro é atacado pelo oxigênio em meio ácido, oxidando-se e formando ferrugem.
Logo, o tempo de vida útil da caldeira irá diminuir, aumentando ainda o perigo de acidentes.

Vimos dois exemplos práticos de determinação de ocorrência de corrosão. Evitar este tipo
de problema é tarefa simples, não-dispendiosa e requer poucos recursos, ao passo que a correção de
problemas de corrosão já instalados demanda tempo, mão-de-obra e, eventualmente, parada da
fábrica.

Aspectos práticos
É necessário ter em mente que a corrosão decorre da ação do ambiente sobre uma determinada
superfície (geralmente metálica). Por isso, é necessária a noção de compatibilidade, ou seja, quais
materiais são mais adequados para determinados fins.

Você já se perguntou por que não se utiliza cobre em sistemas de refrigeração


por amônia? Será só questão de preço?

SENAI-RJ 85
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Compatíveis (não provocam corrosão)


− Aço-carbono: Ácido sulfúrico concentrado (acima de 85%).
− Aços inoxidáveis: Ácido nítrico, ácido sulfúrico diluído e aerado em temperatura ambiente,
álcali (exceto sob tensão em soluções alcalinas concentradas e aquecidas).

− Alumínio: Ácidos nítrico (80%, mesmo acima de 500C), acético (quente ou frio), cítrico,
tartárico, málico e graxos, hidróxido de amônio (quente ou frio), água destilada, enxofre e
seus compostos, atmosferas rural e urbana.

− Cobre: Água do mar, exposição atmosférica, ácidos não-oxidantes, não-aerados e diluídos,


como o sulfúrico, acético e fosfórico, água potável (quente ou fria).

− Níquel: Álcali (quente ou frio), mesmo fundido.


− Ligas de cobre-níquel (cuproníquel): Água do mar.
− Hastelloy B-2 (ligas contendo principalmente 26-30% de molibdênio e cerca de
66% de níquel): Ácido clorídrico, mesmo aquecido, e cloreto de hidrogênio.

− Hastelloy C-276 (liga contendo principalmente 14,50-16,50% de cromo, 15,00-


17,00% de molibdênio, 3,00-4,5% de tungstênio, 4,00-7,00% de ferro, 2,50% de
cobalto e o resto de níquel): Cloretos de ferro (III) e de cobre (II), soluções de salmoura,
cloro úmido, soluções de hipoclorito e de dióxido de cloro.
− Monel 400 (66% de níquel 31,5% de cobre e 1,4% de ferro): Ácido fluorídrico.
− Chumbo: Ácidos sulfúrico (diluído), fosfórico, fluorídrico (menor do que 66%).
− Magnésio: Álcali a frio e ácido fluorídrico acima de 2%.
− Zinco: Exposição a atmosferas urbanas e rurais.
− Estanho: Exposição a atmosferas urbanas e rurais.
− Titânio: Soluções aquecidas fortemente oxidantes, como de ácido nítrico, cloretos de cobre,
de ferro e hipocloritos.
− Zircônio: Álcali (soluções de todas as concentrações aquecidas até o ponto de ebulição,
bem como hidróxido de sódio fundido, ácido clorídrico – em todas as suas concentrações até
o ponto de ebulição), soluções aquecidas de ácido sulfúrico (<70%), fosfórico (<55%), fórmico,
cítrico, lático e nítrico.
− Tântalo: Ácidos clorídrico e nítrico (soluções de todas as concentrações até o ponto de
ebulição), ácidos crômico, sulfúrico (exceto fumegante) e fosfórico, água régia, halogênios
(cloro úmido ou seco até 1500C).

Incompatíveis
− Aços inoxidáveis austeníticos: Ácido clorídrico (e sais que se hidrolisam formando este
ácido, como o FeCl3) e água do mar.

86 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

− Alumínio, zinco, estanho e chumbo: Soda cáustica ou álcali.


− Zinco: Atmosferas industriais.
− Alumínio, cobre ou suas ligas: Mercúrio e seus sais.
− Cobre e suas ligas: Ácidos nítrico (concentrado e a quente), sulfúrico (concentrado e a
quente), amônia e soluções amoniacais em presença de oxigênio, gás sulfídrico.

− Níquel e suas ligas: Enxofre e sulfeto (principalmente em temperaturas elevadas).


− Magnésio: Ácidos inorgânicos ou orgânicos.
− Titânio: Ácidos clorídricos e sulfúrico (exceto em soluções diluídas contendo pequenas
quantidades de oxidantes como Cu2+ ou Fe3+, ou se o titânio contiver cerca de 0,1% de
paládio ou platina).

− Zircônio: Cloro úmido e ácido fluorídrico.


− Tântalo: Álcali.

SENAI-RJ 87
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Exercícios

19. Complete os espaços em branco da afirmativa abaixo, utilizando as palavras do quadro a seguir:

química – mecânicos – deterioração – eletroquímica

"Corrosão é a ___________________________________de um material, geralmente


metálico, por ação ________________________ ou __________________________ do
meio ambiente, aliada ou não a esforços_________________________________”.

20. Observe atentamente as reações abaixo.

Al3+ + 3e– = Al Eo = - 1,66V


Fe2+ + 2e– = Fe Eo = - 0,44V
Agora responda: "Que metal irá sofrer corrosão no caso de ser colocado em contato com
outro?".

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

88 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Chave de respostas

Exercício 1
a) Matéria é tudo aquilo que possui massa e que apresenta volume definido.
b) Corpo é uma porção limitada de matéria.
c) A 00C a água transforma-se em gelo; nesta temperatura, a água está no seu ponto de fusão.
d) A 1000C a água ferve; nesta temperatura, a água está no seu ponto de ebulição.

Exercício 2
a) Molécula

É a unidade fundamental de quase todas as substâncias.

b) Substância simples

É aquela formada por somente um elemento químico.

c) Substância composta

É aquela formada por dois ou mais elementos químicos.

d) Mistura homogênea

É aquela formada por uma única fase.

e) Mistura heterogênea

É aquela formada por duas ou mais fases.

Exercício 3

Carbono = 21 gramas

Oxigênio = 14 gramas

SENAI-RJ 89
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Exercício 4
(b) destilação
(c) cristalização
(a) decantação

Exercício 5
a) Prótons – positiva
b) Elétrons – negativa
c) Nêutrons – zero

Exercício 6
Prótons = 27
Nêutrons = 32
Elétrons = 27

Exercício 7
Isóbaros: A e B
Isótopos: A e C

Exercício 8
a) CH 2O
b) Carbono = 40%
Oxigênio = 53,33%
Hidrogênio = 6,67%

Exercício 9
a) 714,28g/l
b) 1,2M = 48g/l
c) 5,0g

90 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Exercício 10

2,4 x 1023 moléculas de CO2

Exercício 11
a) pH = 2,82
b) pH = 9,52
c) pOH = 12,25

Exercício 12
a) [H+] = 3,98 x 10-6 M
b) [H+] = 2,75 x 10-11 M
c) [OH+] = 1,78 x 10-12 M

Exercício 13
a) Indicador

São ácidos ou bases orgânicas fracas, cujas moléculas apresentam variação de cor,
decorrentes de modificações de pH.

b) Ácido forte

São ácidos com um grau de ionização (α) superior a 50%.

c) Solução-tampão

São misturas que regulam o pH das soluções, reduzindo variações resultantes da adição
de ácidos ou bases.

Exercício 14
c) (x) HCl/NaOH

SENAI-RJ 91
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Exercício 15
( c ) 3 - isopropil, 2,5 - hexadien - 1 - ol
( b ) 2 - metil - 2 - buteno
( d ) 4 - metil - 2 - hexeno
( f ) acetato de etila
( g ) propanona
( e ) 4,4 - dimetil - 2 - penteno
( a ) 3 - metil - 2 - penteno

Exercício 16
a) Etanol

C C OH

b) 4 - metil - pentanal

C C C C C

CH3

c) 5 - metil - 3 - hexen - 2 - ona

C C C C C C

CH3

92 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

d) 3 - octenal

C C C C C C C C

e) 4 - metil - 2 - hexeno

C C C C C C

CH3

f) Ac. 2 - metil - hexanóico

C C C C C C OH

CH3

g) 4 - etil - 4 - penten - 2 - ona

C C C C C

C2H5
O

h) 2,5 - octanodiona

C2H5
O O

C C C C C C C C

SENAI-RJ 93
Curso Técnico de Cervejaria — Química

i) Ac. pentanodióico

O O

HO C C C C C OH

j) Propanoato de etila

C C C OC2H5

Exercício 17
É a condição que uma reação química atinge depois de determinado tempo, na qual as
concentrações tanto dos reagentes quanto dos produtos permanecem constante.

Exercício 18
a) De acordo com o Princípio de Le Châtelier, haverá uma maior formação de amônia.
b) De acordo com o Princípio de Le Châtelier, haverá uma maior formação de amônia.

Exercício 19
"Corrosão é a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou
eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a esforços mecânicos."

Exercício 20

O alumínio sofrerá corrosão.

94 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Química

Referências bibliográficas

AICHINGER, E. C.; MANGE, G. C. Química Básica 2, 1ª reimpressão (1980). Ed. Pedagógica


e Universitária de São Paulo.
ALLINGER, N. L.; CAVA, M. P.; JONGH, D.C.; JOHSON, C. L.; LEBEL, N. A.; STEVENS,
C. L. Química Orgânica, 2ª edição (1985). Ed. Guanabara Dois.
Diversos. Evaluting Beer. 1ª edição (1993). Brewers Publications.
FIX, G. Principles of Brewing Science. 1ª edição (1989). Brewers Publications.
GENTIL, Vicente. Corrosão e Anticorrosivos. 3ª edição (1989). Ed. José Olímpio.
PAULUS, L. Química Geral. 2ª edição (1966). Editora Universidade de São Paulo.
RUSSEL, J. B. Química Geral. 2ª edição. Ed. Guanabara Dois.

SENAI-RJ 95
Automação industrial
Nesta unidade...

Introdução

Fundamentos do controle automático

Exercícios

Medição

Exercícios

Medição de grandezas

Exercícios

Chave de respostas

Referências bibliográficas

2
Automação industrial

Série: Cursos de Cervejaria

2004

SENAI–Rio de Janeiro

Diretoria de Educação

Ficha Técnica

Gerência de Educação Profissional Luis Roberto Arruda


Gerência de Produto Maria Lúcia Telles Siqueira Farias
Produção Editorial Vera Regina Costa Abreu
Alda Maria da Glória Lessa Bastos
Pesquisa de Conteúdo e Redação Frank Roberto Schmieder
Honorato Pradel Neto
José Gonçalves Antunes
Revisão Pedagógica Neise Freitas da Silva
Revisão Gramatical e Editorial Taís Monteiro
Projeto Gráfico Artae Design & Criação
Editoração Projeto Visual Comunicação Ltda.

Edição revista da apostila Automação Industrial. Vassouras, 1997. p. il. (Série Cursos de
Cervejaria). SENAI.RJ. CETEC de Produtos Alimentares. Coordenaria de Informação Tecnológica.

Direitos autorais de propriedade do SENAI-DR/RJ. Proibida a reprodução parcial ou total fora do


sistema SENAI.

SENAI
SENAI––Rio de Janeiro
GEP – Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca
20270-903 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2587-1116
Fax: (21) 2254-2884
GEP@rj.senai.br
http://www.rj.senai.br
Curso Técnico de Cervejaria — Automação industrial

Introdução

Uma das grandes vantagens na utilização de máquinas e, também, um dos motivos que levaram ao
seu contínuo desenvolvimento e diversificação foi o fato de elas permitirem a diminuição da força
física despendida pelo homem para a realização de determinadas tarefas.

Contudo, ainda existe a responsabilidade de se controlar a forma como estes equipamentos funcionam,
ou seja, se estão realizando adequadamente sua função.

A automação tem como prioridades o autodirecionamento, a coordenação e o controle do trabalho


mecânico, e seu maior objetivo é obter um processo próximo da perfeição.

As formas mais modernas de automação industrial tiveram início quando Konrad Zuse desenvolveu
o primeiro computador. Assim, cálculos que antes eram trabalhados puderam ser feitos mais rapidamente;
processos complexos que demandavam grande número de pessoas para o acompanhamento e controle
puderam ser controlados a partir de um sistema central, requerendo um número mínimo de funcionários.

Finalmente, um processo de automação industrial envolve técnicas de medição, regulagens, controles,


cálculos e informática.

Fundamentos do controle automático

Pela aplicação do controle automático, os processos podem ser acompanhados com maior precisão,
a fim de se fornecerem produtos mais uniformes e de melhor qualidade, o que muitas vezes leva a
lucros mais elevados. Além disso, os processos que respondem com muita rapidez ao serem controlados
pelos operadores humanos podem ser feitos automaticamente.

Este tipo de controle também tem utilidade nas operações em regiões remotas, perigosas ou de
rotina. Depois de um período de experimentação, os computadores estão sendo usados para operar e
controlar automaticamente os sistemas, alguns dos quais de grande porte e complexidade para o
controle humano eficiente.

SENAI-RJ 99
Curso Técnico de Cervejaria — Automação industrial

Em virtude de o lucro no processo ser o benefício mais importante a ser obtido pela aplicação do
controle automático, a sua qualidade e o seu custo devem ser comparados com o retorno esperado dos
investimentos e com os objetivos técnicos do processo.

Observação
O retorno econômico de um sistema de controle automático abarca a redução
dos custos operacionais, a manutenção e a confiabilidade do produto, juntamente
com a operabilidade do processo e a elevação da produção.

Os custos do investimento podem ser afetados se as conseqüências do controle são refletidas na


seleção do equipamento de processamento. Isto exige uma interação ativa entre as pessoas ocupadas
com o projeto do processo e as que efetuam o projeto do sistema de controle. O desprezo desta
interação leva a um projeto de sistema de controle que é “pendurado” ao sistema de processo para
torná-lo operacional.

Sistema de controle geral


Os diversos aspectos do controle automático podem ser descritos apropriadamente mediante
um exemplo. Consideremos um processo no qual um líquido em escoamento deve ser aquecido
até uma temperatura determinada por meio do vapor que circula nas serpentinas calefatoras. A
temperatura do fluxo efluente é alterada por fatores (variáveis de processo) entre os quais se destacam
a temperatura do líquido afluente, a vazão do vapor, as capacidades caloríficas dos fluidos, a perda
térmica do vaso e a velocidade do misturador.

Sistemas de malha aberta e de malha fechada


Os sistemas em malha aberta são aqueles em que a informação sobre a variável controlada (neste
exemplo, a temperatura) não é usada para ajustar quaisquer das variáveis de entrada e compensar as
variações nas atuações de processo.

Importante!
O conceito “malha aberta” é encontrado freqüentemente nas discussões
dos sistemas de controle para indicar que se está investigando a
dinâmica do processo não-controlado.

100 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Automação industrial

Um sistema de controle de malha fechada tem a variável controlada medida, e o resultado dessa
medição é usado para manipular uma das variáveis do processo, como por exemplo a vazão do vapor.

Controle com realimentação


No sistema de controle de malha fechada, a informação sobre a variável controlada é injetada a ré,
como a base do controle de uma variável de processo – daí a designação de controle com realimentação
em malha fechada.

Importante!
Esta realimentação pode ser realizada por um operador humano
(controle manual) ou pelo uso de instrumentos (controle automático).

No controle manual, o operador mede periodicamente a temperatura. Quando, por exemplo, ela
está abaixo do valor desejado, ele aumenta a vazão de vapor, abrindo ligeiramente o registro. Já no
controle automático, um sensor de temperatura é usado para produzir um sinal (elétrico, pneumático,
etc.) proporcional à temperatura medida. Este sinal é injetado num controlador que o compara com o
valor predeterminado, no qual se deseja uma referência. Havendo diferença, o controlador modifica a
abertura do registro de controle do vapor, para corrigir a temperatura.

Controle programado
O controle programado está se tornando amplamente usado. As perturbações do processo são
medidas e compensadas, sem haver espera de uma modificação da variável controlada que indique a
existência destas perturbações. Este controle avançado também é útil quando a variável controlada
final não pode ser medida. Por exemplo, um controlador pode ter a capacidade operacional de, usando
a vazão e a temperatura do líquido afluente, medir diretamente e calcular a vazão necessária do vapor,
para manter a temperatura desejada do líquido efluente.

A equação que o controlador resolve, relacionando a


entalpia do líquido afluente, a vazão do vapor e a temperatura entalpia
do líquido efluente, é denominada: o modelo do processo. São Função termodinâmica de
estado, igual à soma da
raros os modelos e controladores perfeitos; por isto, é mais energia interna com o
desejável uma combinação de controle programado e produto da pressão pelo
volume do sistema.
realimentado, como pode ser visto na figura a seguir.

SENAI-RJ 101
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Medidor de Medidor de
Entrada de líquido vazão temperatura

Misturador
Referência Controlador Controlador
realimentado antecipatório Medidor de
temperatura

Vapor
Saída
de líquido

Observação
O dispositivo de um controlador que fornece uma referência para outro
controlador é conhecido como controle em cascata, e é usado comumente no
controle da realimentação.

Tipos de controlador
Dependendo do tipo de processo que se deseja controlar, podemos utilizar diferentes tipos de
controladores. A partir deste momento, eles serão vistos, de maneira resumida, bem como as diferentes
características utilizadas para o controle do processo.

Controlador em duas posições (tudo ou nada)


É um controlador no qual o nível de saída só pode ter dois valores. São os mais simples, todavia
oferecem grande aplicabilidade.
Um exemplo clássico de sua utilização é nos termostatos de sistemas de refrigeração. Quando o
termostato é regulado a uma temperatura de 5ºC, será ajustada no controlador uma faixa de erro –
admitamos como exemplo 1ºC. Após definidas a temperatura operacional e a faixa de erro, o sistema
funcionará da seguinte forma:
• O compressor será ligado e abaixará a temperatura até 5ºC.
• No caso de a temperatura continuar caindo, ao chegar a 4ºC, o controlador desligará o compressor
e ela começará a subir.
• No caso de a temperatura chegar a 6ºC, o controlador acionará o compressor e forçará a
temperatura a cair.

A maior restrição ao seu uso está em sistemas que tenham uma grande inércia, pois isto leva a uma
demora considerável para que ocorra uma compensação do erro.

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Controladores proporcionais
Diferente da ação “tudo ou nada”, a ação de um controlador proporcional é suave e contínua sobre
sua faixa de ação.

Exemplo:

Num vaso de processo aquecido a vapor, quando a temperatura controlada ultrapassa o nível de
referência, a saída do controlador aumenta numa grandeza proporcional. Esta saída pode reduzir a
abertura de uma válvula de vapor para diminuir a entrada do mesmo.

Importante!
Esta resposta será tão mais intensa quanto mais distante a temperatura
estiver do valor de referência.

Controlador proporcional integral

É uma variação do controle proporcional. Além de haver uma compensação do erro, a adição de
um controle integral (ação reset) força o controlador a permanecer atuando até que o erro alcance o
valor zero. Este sistema é utilizado principalmente em sistemas que necessitam de ajustes finos e
trabalham com pequenas margens de erro.

Controlador proporcional integral derivativo

Devido ao acréscimo da ação derivativa, este controlador torna-se capaz de antecipar as


modificações que irão ocorrer no processo, tornando as medidas pertinentes, antes que estas se tornem
críticas. A ação derivativa é especialmente importante em sistemas com o início de resposta lenta a
uma alteração da variável controlada.

Diagrama de blocos
Estes diagramas medem as relações entre as variáveis do sistema e constituem o método-padrão
de representar os sistemas, visando à sua análise ou discussão.
Existem convenções relativas à construção do diagrama de blocos. Os segmentos de reta
representam sinais, que podem ser fluxos de informação, de massa ou de energia. Uma junção
circular significa a soma algébrica dos sinais afluentes à união. Um sinal algébrico de adição (+) ou
subtração (–) é colocado junto à seta para indicar a operação sobre o sinal. Um ponto de ramificação,
ou uma reta que se ramifica de outra, representa a divisão de um sinal em mais de um canal, sem
modificação. Os retângulos representam uma modificação dos sinais afluentes e são usados para
simbolizar os elementos do sistema. Os retângulos, normalmente, contêm as notações que descrevem
as características dinâmicas do sistema que representam.

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Estas notações podem incluir:


• Equações diferenciais.
• Constantes de conversão de unidades.
• Funções de transferência relacionando entradas e saídas.
O diagrama de bloco é obtido diretamente do sistema físico, dividindo-o em seções funcionais que
não interagem, cujas entradas e saídas são facilmente identificáveis. Os blocos estão ligados na mesma
ordem em que aparecem no sistema físico.
Observe a figura apresentada a seguir. Ela mostra a representação esquemática, através de um
diagrama de blocos, de uma malha de controle no processo.

Computador



Equipamento de operação a pontos múltiplos





H H
A A


Sensores Controladores Controladores  Sensores


de processo  convencionais convencionais de processo





Processo - I Processo - II

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Exercícios

1. Assinale (V) nas afirmativas verdadeiras e (F) nas falsas:


( ) No sistema de malha aberta, a informação sobre variável controlada é usada para ajustar
quaisquer das variações de processo.
( ) No sistema de malha aberta, a informação sobre variável controlada não é usada para
ajustar quaisquer das variáveis de processo.
( ) No sistema de malha fechada, a informação é utilizada para ajuste das variáveis do
processo.

2. Complete a afirmativa abaixo, preenchendo as lacunas com as palavras do retângulo, de forma


a que ela se torne verdadeira:

realimentação – fechada – ré – variável – processo

No sistema de controle de malha __________________________, a informação sobre a


_____________________ controlada é injetada a _____________________, como a base
do controle de uma variável de _______________________; daí a designação de controle
com _________________________ em malha fechada.

3. Correlacione as colunas, utilizando cada número apenas uma vez:

Tipos de controlador Características

1. Controlador em duas posições ( ) É utilizado principalmente em sistemas


que necessitam de ajustes finos e
trabalham com pequenas margens de
erro.
2. Controlador proporcional ( ) O nível de saída só pode ter dois valores.

3. Controlador proporcional integral ( ) A ação é suave e contínua sobre sua


faixa de ação.
4. Controlador proporcional integral derivativo ( ) É capaz de antecipar as modificações
que irão ocorrer no processo.

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Medição

Técnicas de medição
Medir é uma forma de delimitar a dimensão de um determinado fenômeno.

Fenômenos que não podem ser medidos não podem ser controlados. Logo, é importante para a
automação de um processo não só realizar uma medição, mas também saber o que está sendo medido,
se este é um parâmetro importante para o desenvolvimento do processo e se seu controle poderá ser
realizado da maneira adequada.

A estrutura completa da medição pode ser visualizada através da figura a seguir.

Dimensão Sinal Sinal Indicador


de medida elétrico trocado

S CM
Sensor Conversor
de medida

Observação
Praticamente todos os processos necessitam, de alguma forma, de
mecanismos de controle para o acompanhamento de seu
desenvolvimento. Processos tecnológicos ligados à química, física e
matemática são exemplos clássicos de sistemas nos quais o
acompanhamento é fundamental.

Um sistema de medição deve ser constituído de um sensor, que é, em última instância, o principal
responsável pela medição de uma determinada propriedade. O sensor fornece um sinal (sinal de
entrada), que é posteriormente transformado de maneira proporcional em outro sinal (sinal de saída),
por um transformador. Este último sinal pode ser amplificado e transmitido a distância, sendo
acompanhado através de medidores ou trabalhado através de programas específicos.

Quando os sinais de entrada e saída apresentam propriedades físicas diferentes, por exemplo:
entrada (pressão) e saída (voltagem), é necessária obrigatoriamente a presença de um conversor para
realizar a transformação.

Quando temos um sinal muito pequeno, pode ser necessária a presença de um amplificador, para
aumentar a amplitude do mesmo.

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As funções de transformação e amplificação dos sinais podem ser realizadas por uma unidade
única e compacta.

Os medidores podem ser de natureza analógica ou digital.

Medidores analógicos  Visualizam variações, indicando um comportamento linear ou não-linear,


dependendo da grandeza medida. O termômetro, por exemplo, é um medidor analógico.

Medidores digitais  Visualizam somente valores discretos.

Importante!
Os sinais analógicos representam pedaços de uma escala, enquanto
sinais digitais representam, unicamente, números discretos.

Leitura em medidores analógicos e digitais


A medição é o valor da leitura e indica o valor de uma grandeza, bem como sua unidade.

Medição = grandeza x unidade

Os aparelhos de medição podem ser classificados como de amplitude (por exemplo: termômetros,
balança de mola, medidores de rotação) ou de medição com compensação (por exemplo: balança de
barra).

Medidores de compensação
São medidores ativos e que não influem no valor da grandeza que está sendo medida, contudo
reagem mais lentamente que os medidores de amplitude, devido às leituras precisarem ser, às vezes,
compensadas.

Medidores passivos
São aqueles que não necessitam de energia externa, por exemplo: termômetros com líquido e
pressão. Estes medidores retiram sua energia para funcionamento do próprio meio em que está sendo
realizada a medição. Devido a esta característica, estes medidores apresentam erros pequenos da
propriedade que está sendo medida.

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Faixa de visualização de um medidor

É aquela dentro da qual pode ser feita a leitura de uma grandeza, como a escala de um tacômetro,
por exemplo.

Faixa de leitura

É uma faixa dentro da qual pode ser realizada a medida sem que ocorram erros significativos de
medição.

Faixa de carga

É uma variação temporal de grandeza que se precisa medir.

Sensibilidade

É a função rampa de uma curva característica, constante e não-linear. Para se determinar a


sensibilidade, necessitamos de todos os pontos da tangente à função rampa.

Medidas de erro

Erro de medição
É a diferença entre o valor visualizado e as grandezas do sinal de entrada.

Limite do erro
É uma variação de valores garantidos e combinados em relação aos valores teóricos.

O erro relativo pode ser calculado sobre a forma de porcentagem (%).

Erro absoluto x 100


Erro relativo = –––––––––––––––––––––––––––– = %
Valor final da faixa de medição

Este valor marca o grau de precisão de um aparelho de medida.

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Cada empresa pode informar o grau de precisão de seus aparelhos através de uma tabela, como a
que você pode observar abaixo.

Classificação Tolerância de erro


de visualização

0,1 ± 0,1%
Instrumentos finos 0,2 ± 0,2%
0,5 ± 0,5%

1 ± 0,1%
Instrumentos de serviço 1,5 ± 1%
2,5 ± 2,5%
5 ± 5%

Importante!
Devemos utilizar medidores, sempre que possível, para avaliarmos
valores de medição, lembrando que a tolerância de erro relativo se
torna muito menor quanto mais próximos estamos da faixa-limite da
grandeza medida.

Erros sistemáticos
São erros de mesmo valor que sempre aparecem quando realizamos diferentes medições do mesmo
fenômeno.

Os erros sistemáticos podem ser reduzidos utilizando-se medidores melhores ou através de tabelas
de correção.

Erros acidentais ou estatísticos


São erros aleatórios que não podem ser regulados e eliminados. Uma interpretação destes erros só
é possível através de um tratamento estatístico.

Erros de histerese
São resultados de comportamento diferenciado de movimentação dos elementos de medição ou de
transmissão, quando eles realizam movimentos em sentidos contrários.

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Exercícios

4. Estabeleça a diferença entre um medidor analógico e um digital:


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5. Complete as afirmativas abaixo, escolhendo as palavras do retângulo de forma a que se tornem


verdadeiras:

passivos – medida – rapidamente – compensação –


amplitude – lentamente – ativos – energia

a) Os medidores de _____________________ são, normalmente,____________________


e não influem no valor da grandeza que está sendo medida, contudo reagem mais
________________________ que os medidores de __________________________.
b) Medidores ____________________ são aqueles que, para seu funcionamento, não
necessitam de __________________________ externa.

6. Correlacione as colunas, utilizando cada número apenas uma vez:

Tipos de erro Definições

1. Sistemáticos ( ) Erros aleatórios que não podem ser regulados e


eliminados.
2. Acidentais ou estatísticos ( ) Resultado de comportamento diferenciado de
movimentação dos elementos de medição ou de
transmissão, quando realizam movimentos em
sentidos contrários.
3. Histerese ( ) Erros de mesmo valor que sempre aparecem quando
realizamos diferentes medições do mesmo
fenômeno.

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Medição de grandezas

Medição de temperatura
Termopares
A medição de temperatura através de termopares baseia-se na passagem de uma corrente elétrica
através de um circuito elétrico constituído por dois fios metálicos diferentes, ligados por duas juntas
que se encontram em temperaturas diferentes.

Nos circuitos elétricos, a corrente depende da diferença de potencial (d.d.p.) e da resistividade.


Portanto, ao fazermos a medição da d.d.p. de um sistema termoelétrico, na verdade estamos medindo
a diferença de temperatura entre uma junta de referência (T1) e a temperatura da junta ativa (T2). A
junta de referência deve permanecer a uma temperatura constante, e para tanto, pode-se usar um
banho ou estufa termostatizados.

Termômetros de resistência
A utilização deste tipo de termômetro baseia-se no fato de que os metais alteram sua resistência
com a variação da temperatura. Este fenômeno é quantificado através do coeficiente de temperatura
da resistência, que mede esta transformação em ohm/ºC. A maioria dos metais tem coeficiente de
temperatura positivo, ou seja, com o aumento da temperatura, aumenta a resistência à passagem de
corrente elétrica.

Geralmente, os metais são compostos de platina, cobre ou níquel; contudo, tem havido um crescimento
na utilização de materiais semicondutores.

Você sabia que ...


um termômetro de resistência, na verdade, um medidor de resistência elétrica,
deve ser calibrado em unidades de temperatura (ºC), ao invés de ser calibrado
em unidades de resistência (ohms)?

Termômetros de volume repleto


Seu funcionamento está baseado no fato de que um líquido ou gás, colocado no elemento sensor ou
medidor bulbo, sofre uma variação de pressão, volume ou pressão de vapor com a variação de
temperatura. Esta modificação é transmitida para um turbo bourdon ou outro elemento sensível. A
resposta do bourdon é um deslocamento proporcional à variação das propriedades acima mencionadas.

Os sistemas que respondem às variações de volume encontram-se completamente cheios de líquido


(lembrar que líquidos são incompressíveis, portanto não reagem a variações de pressão). Os sistemas

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que se encontram cheios de gás ou líquido volátil respondem às variações de pressão (gás) ou pressão
de vapor (líquido volátil).

Observação
Estes dispositivos são caracterizados por uma grande capacidade
térmica, o que propicia, às vezes, uma resposta lenta às variações de
temperatura.

A grande vantagem na utilização deste equipamento reside na sua simplicidade e robustez, além de
permitir que a variação de temperatura possa ser visualizada em um ponto mais afastado do processo.

Veja, abaixo, uma representação esquemática de um termômetro de volume repleto:

Tubo Bourdon

Capilar
Bulbo

Termômetros bimetálicos
Um bimetal termostático é um material composto por dois ou mais metais, convenientemente ligados.
Este material composto, em virtude dos diferentes coeficientes de expansão térmica, tende a modificar
sua curvatura quando sujeito a alterações de temperatura. O termômetro é construído tendo uma
extremidade fixa, enquanto a outra sofre desvios proporcionais à variação de temperatura, sendo que
esta variação de comprimento é calibrada sob a forma de variação de temperatura.

Os termômetros bimetálicos trabalham numa ampla faixa de temperatura, que vai desde 500ºC até
– 180ºC. Contudo, sob temperaturas muito baixas, torna-se difícil a leitura, pois a deflexão cai muito
rapidamente. Temperaturas muito elevadas também apresentam problemas para a obtenção de leituras
confiáveis.

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Termômetros de líquido em vidro


Este tipo de termômetro pode ser dividido em três grandes grupos.
• Termômetro em vidro (com escala interna embutida ou gravada no vidro).
• Termômetro com tubo e escala.
• Termômetro industrial.
As principais características de cada um dos tipos supramencionados podem ser vistas a seguir:

Características dos termômetros de líquido em vidro

Domínio

Classe e tipo ºF ºC Exatidão

Todo em vidro:
Einchluss: – 328 a + 680 -201 a +200 Usualmente uma divisão da
escala ±0,0020C a ±0,0050C

Beckmann -22 a +392 -30 a +200 A escala, com amplitude de


5 a 60C, deve ser colocada
na faixa necessária

Clínico: +96 a +106 +35 a +41 ±0,20F (0,10C)


De laboratório ou
químico -328 a +1200 -201 a +648 Usualmente uma divisão
da escala
De máximo ou
mínimo registrador -40 a +400 -40 a +204 Uma a duas divisões
da escala

Tubo e escala:
Escala embutida -30 a +500 -22 a +260 Usualmente uma divisão
da escala
Escala em estanho,
cobre ou aço-inoxidável -40 a +400 -40 a +204 Usualmente uma divisão
da escala

Industrial:
A álcool -150 a +120 -100 a +50 Usualmente uma divisão
da escala
A mercúrio -40 a +1200 -40 a +648 Usualmente uma divisão
da escala

Os termômetros de vidro não são utilizados no controle de processos, pois seus sinais são
transformados com dificuldade em sinais elétricos ou pneumáticos. Todavia, encontram grande aplicação
como instrumentos de medida manual e nos laboratórios de controle.

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O principal cuidado com estes termômetros é realizar as medições nas mesmas condições da
calibração, ou seja, um termômetro calibrado para imersão total não deve ser utilizado como um
medidor de imersão parcial, sob pena de a medida incorrer num erro acentuado.

A escolha do fluido termométrico é um parâmetro importante a ser levado em conta, sendo necessário
conhecer a faixa de temperatura que está sendo medida e evitar o congelamento ou a fervura do
referido fluido.

Observe, a seguir, uma tabela que mostra a faixa de utilização dos líquidos mais usados em
termômetros:

Líquido Temperatura Temperatura


mínima máxima
( 0 C) ( 0 C)

Mercúrio -55 350


Toluol -70 100
Etanol -110 50
Pentanol -200 20

Medição de temperatura através de métodos óticos


Os métodos óticos estão entre as mais modernas formas de
luminescência
determinação de temperaturas. Seu princípio de funcionamento Emissão de luz por uma
baseia-se no fato de que a luminescência de uma substância substância, provocada por
qualquer processo que não
varia com a temperatura, como pode ser visto na próxima figura. seja o equipamento.

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Excitação

t
O

T1
Luminescência

O τ1

T2 > T1

O τ1

A figura a seguir mostra a malha responsável pela determinação da temperatura a partir deste
método. O sistema é constituído por um sensor de cristal no final da fibra ótica. O sinal luminoso é
recebido pelo cristal, que fica excitado. O dado é transmitido para um avaliador e a informação de
temperatura é obtida através do decaimento do sinal ótico e do tempo de duração deste sinal. O cristal,
durante o processo de medição, permanece dentro da amostra e, portanto, deve estar na mesma
temperatura desta. No caso de o cristal estar a uma temperatura muito alta, o decaimento é muito
rápido, enquanto para temperaturas muito baixas, o tempo torna-se muito longo.

Avaliação
PD Ótica
eletrônica
S

Legenda
LED LED – Diodo de iluminação
Sensor

kostal LWL – Fibra ótica


LWL
PD – Fotodiodo
S – Condutor de raios

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O tempo de decaimento do cristal e da temperatura não é linear, sendo necessária a linearização do


sinal, que é realizada por um conversor de sinal.

Este sistema pode ser usado mesmo em condições de elevadas radiações eletromagnéticas,
freqüências altas, microondas e altas voltagens no ambiente de medição.

Medidas de pressão
A pressão é definida como a força exercida sobre determinada superfície de área, sendo usualmente
expressa sob a forma das unidades Kgf/cm2, Ibf/in2 etc., ou ainda como altura de uma coluna líquida
(mm de Hg, m de água etc.).

Métodos de medida
Os dispositivos de medição de pressão podem ser divididos em três grupos.
• Altura de uma coluna líquida.
• Deformação de uma câmera elástica de pressão.
• Dispositivos sensores elétricos.

Métodos da coluna líquida

Os medidores de pressão de coluna líquida são aqueles que equilibram uma pressão desconhecida
contra a pressão exercida por uma certa coluna líquida de densidade e altura conhecidas. Uma vez
que a densidade do líquido varia com a temperatura, é necessário, para efeito de cálculo da pressão,
levar em conta a variação desta propriedade.

A escala de altura pode ser calibrada em unidades de comprimento ou diretamente em unidades de


pressão. A escolha dos líquidos é função da pressão a ser medida, sendo os mais utilizados o mercúrio
e a água.

Métodos de formação de uma câmara elástica de pressão


Método de foles ou sanfonas

O fole ou sanfona consiste de um cilindro com elasticidade axial, com dobras profundas em sua
superfície. Dependendo da elasticidade do material e da pressão medida, pode ser utilizado sozinho ou
em combinação com uma mola, que lhe restringe o movimento. A pressão pode ser aplicada tanto no
interior quanto no exterior do fole, desde que o lado oposto seja mantido à pressão atmosférica. Pode
ser utilizado para medição de pressões absolutas, desde que o interior ou exterior sejam evacuados.

Observe, a seguir, a representação esquemática de um manômetro de foles.

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Pressão Pressão
(a) (b)

Membranas ou diafragma

As membranas podem ser divididas em dois grupos.


• As que utilizam as características elásticas do diafragma.
• As que são acionadas por uma mola.
O primeiro tipo consiste em dois ou mais diafragmas ligados através de uma solda fraca, soldados
ou ainda abrasados, colocados no interior de uma cápsula. É necessário observar que, sob pressão, os
diafragmas sofrem uma deflexão, que é função da pressão sobre eles aplicada.

Os metais mais utilizados na construção de diafragmas são o latão, o cobre, o aço inox, o berílio e
o bronze fosforoso. Estes manômetros permitem medidas de pressão de até 3atm.

A seguir, observe a representação de um medidor que utiliza este princípio:

Elemento a diafragma Cobertura vedada


evacuado

Cápsulas-
diafragma

Selo sanfonado

117

Pressão Pressão
(a) (b)

O segundo tipo de membrana resiste à pressão e exerce uma força sobre um elemento elástico
flexível de borracha, couro ou material polimérico. O diafragma tem seu movimento contrabalançado
pela ação de uma mola, cuja deflexão é proporcional à pressão aplicada.

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Força em Travessão
Pressão
oposição
Mola retentora
Selo flexível

Diafragma
ondulado

Estojo
de alta
Diafragma flexível
pressão
(a)
Alta Baixa
Pressão
(b)

Esta figura apresenta outra construção possível do dinamômetro, no qual o diafragma transmite
diretamente a este a força aplicada.

Elementos a tubo de Bourdon


De funcionamento similar aos termômetros de Bourdon, sendo que os materiais para sua confecção
são escolhidos de acordo com a faixa de pressão a ser medida, resistência à corrosão e ao efeito da
pressão sobre a calibração. Podem ser utilizados para medições tanto de pressões absolutas como
manométricas.
O tubo de Bourdon mais utilizado é o tubo em C, cuja representação você pode analisar a seguir:

Tubo Bourdon
Ponteiro

Movimento

Setor
Pinhão motor

Articulação

Encaixe

Métodos elétricos

Estão baseados no fato de que um condutor elétrico, quando é esticado, tem sua resistividade
elétrica aumentada, em decorrência do aumento do seu comprimento e diminuição do diâmetro.

118 SENAI-RJ
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Usualmente, os medidores são constituídos de um elemento elástico, já descrito, a que se acoplaram


malhas elétricas para medir a deformação.

Os manômetros deste tipo são geralmente constituídos de um circuito elétrico (ponte de Wheatstone).
Na ponte com dois braços ativos, o elemento sensor fica montado sobre a parte deformada, enquanto
o elemento de comparação fica sobre a parte não-deformada.

Com isso, há compensação da expansão térmica dos suportes e da modificação da resistência dos
elementos do manômetro, em conseqüência da alteração da temperatura. A ponte também pode ter
quatro braços ativos – neste caso, dois elementos são montados de modo a serem tensionados, e os
outros dois são montados em compressão ou sem qualquer pressão. Esta configuração aumenta a
sensibilidade do transdutor e mantém as características de compensação de temperatura.

A seguir, observe a representação de uma malha de circuito elétrico para medição da deformação.
Além disso, veja ainda alguns manômetros que funcionam de acordo com este princípio.

Elementos de
compressão
Elemento ativo

Elemento de Tensão de saída Elementos em


comparação da ponte tensão mecânica

Tensão Tensão
excitadora excitadora
(a) (b)

Manômetros de
deformação:
a) com fios metálicos
b) com fitas metálicas

(a) (b)

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Elementos sensores

Diafragma

Dispositivo de medida
de pressão por
Pressão deformação de
elementos metálicos
fixos.

Elementos do manômetro à Armadura móvel


deformação de fios

Diafragma fixo

Pressão

Pinos
isolados Dispositivo de medida
de pressão por
Armação fixa elementos metálicos
livres.

Medidas de vazão
A vazão é conceituada como o volume por unidade de tempo, definidas a temperatura e a pressão
de medição. A vazão pode ser determinada utilizando-se medidores de deslocamento positivo ou
indiretos.

Nos medidores de deslocamento positivo, o fluxo é dividido em volumes separados e conhecidos, e


o número de vezes que este volume é ocupado pode ser contado de uma forma ou de outra (por
exemplo, o tempo para o volume definido ser alcançado).

Nos medidores indiretos, não ocorre a separação do fluxo. De maneira geral, o movimento do
fluido é captado por um sensor primário, que ativa um dispositivo de resposta secundário que infere no
valor da vazão, utilizando princípios físicos e relações empíricas.

Os principais instrumentos que seguem este princípio são os medidores de pressão variável, área
variável, deslocamento positivo, fluxímetros de massa, vertedores e calhas (utilizados para sistemas
abertos).

120 SENAI-RJ
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Medições de nível
A determinação de nível consiste na localização de uma película de separação existente entre duas
fases de natureza diferente. Estas duas fases podem ser constituídas por: líquido-gás, sólido-gás,
sólido-líquido, líquido-líquido etc.

Os aparelhos de medição utilizam diferentes métodos para a detecção da interface, sendo


classificados em:
• Visuais.
• Com flutuadores.
• Corpo imerso.
• Sensores de pressão.
• Diversos.

Dispositivos visuais
Estão incluídos nesta categoria os visores de vidro, as varas calibradas e os manômetros de tubo
aberto.

Os visores de vidro são os dispositivos mais empregados para a determinação visual do nível de um
vaso. O visor pode ser aproximado como um manômetro, no qual o nível é igual ao do vaso. O visor é,
normalmente, instalado com válvulas que permitem sua retirada sem que haja a despressurização do
tanque, bem como permitem a retirada do tubo ou a câmara do visor, para limpeza, sem necessidade
de desmontar todo o dispositivo.

Observação
O uso dos visores está diretamente relacionado ao material de que são
construídos. Geralmente, estão limitados a uma pressão máxima de
30atm e a uma temperatura de 200ºC. Em pressões mais elevadas ou
temperaturas mais altas, torna-se necessária a construção utilizando
materiais especiais.

De uma maneira geral, são utilizados visores de vidro plano, como pode ser observado na figura da
página seguinte.

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Grampo em U
Diafragma

Câmaras Vidro

Vidro
Vidro
Coberturas

Pressão

Quando se desejam observar, além do nível, certas características do líquido, como cor, turbidez
etc., utiliza-se um visor de vidro plano transparente. Este visor apresenta placas de vidro nas duas
faces da câmara líquida, podendo ainda haver uma iluminação para realçar a visualização.

Dispositivos com flutuadores


São constituídos por um corpo flutuante que se localiza na interface entre dois fluidos, normalmente
líquido-gás, em virtude da força significativa necessária para movimentar o dispositivo indicador.

Indicador a bóia e corrente ou fita

Neste tipo de nível, temos uma bóia que está ligada a um mecanismo indicador, corrente ou fita
flexível.

No nível com a escala vertical, pode-se observar um contrapeso, cuja função é evitar a deflexão da
corrente ou fita. No nível com leitura em mostrador, a fita perfurada aciona os ponteiros de um
indicador de nível. Esta fita geralmente fica armazenada sob a forma de bobina, controlada por uma
mola, alojada na caixa de leitura. A bóia normalmente consiste em um flutuador metálico achatado que
se movimenta por um fio-guia, disposto verticalmente ao longo do tanque.

Observe, na figura seguinte, de maneira esquemática, um medidor que funciona de acordo com
este princípio.

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Fita

Roldana

Fios de guia

Bóia
Caixa de leitura

Mostradores
Escala

Aparelhos de acoplamento magnético

Este sistema geralmente é constituído de uma bóia oca em cujo interior temos um ímã que se
desloca por um eixo vertical disposto ao longo do vaso. Dentro do tubo, temos um ímã seguidor,
suspenso através de um fio ou fita flexível ligado a um aparelho registrador. Com o aumento ou
diminuição do nível, ocorre o movimento da bóia imantada, que é acompanhada pelo ímã seguidor,
provocando a modificação da leitura do registrador.

O sistema de acoplamento magnético também pode ser utilizado em chaves-sensores de nível


operadas eletricamente, conforme você pode ver na figura a seguir:

Tubo não-magnético

Relé de
mercúrio

Armadura Mola
magnética tensora
Ímã permanente

Bóia

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Aparelhos de corpo imerso


Neste tipo de sistema, a interface é determinada mediante o empuxo sofrido por um flutuador
parcialmente imerso num fluido. O movimento vertical do flutuador é usualmente restringido por um
membro elástico, cujo movimento ou deformação é diretamente proporcional ao empuxo e, por
conseguinte, ao nível da interface.
O acoplamento entre o sensor e o mecanismo indicador é quase sempre feito por intermediários
sem selos, que constituem muitas vezes o membro elástico do dispositivo.
Uma vez que o empuxo é função da densidade do fluido, para uma medição correta do nível e
escolha do flutuador mais adequado, torna-se indispensável o conhecimento desta propriedade.

Deslocamento a torção
Neste tipo de medidor, a bóia fica suspensa a uma haste que se acopla a um tubo. Uma das
extremidades do tubo é fixa e a outra fica apoiada num cutelo. Este tubo, além de constituir um
membro elástico, funciona também como uma vedação sem selagem de pressão. Dentro dele, está um
eixo com uma extremidade fixa à ponta interna. A rotação da extremidade oposta do eixo é proporcional
ao empuxo sobre o flutuador.
Devem-se tomar certos cuidados para evitar o aparecimento de corrosão nas partes deste medidor
que entram em contato com o fluido, cujo nível está sendo determinado.

Veja, agora, um exemplo de medidor de nível do tipo torção.

Alavanca de Tubo de torção


transmissão
Eixo rotatório

Deslocador

Bóia com acoplamento magnético

Os medidores deste tipo geralmente são constituídos por um flutuador acoplado a uma mola e
acionam um ímã que se move no interior de um tubo protetor. O movimento do ímã é transmitido ao
mecanismo indicador por um seguidor magnético acoplado do lado externo do tubo.

A figura a seguir mostra o funcionamento esquemático deste tipo de equipamento.

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Tubo não-magnético

Ímã motor Ímã seguidor

Estojo do
deslocador

Deslocador
flutuante

Bóia com tubo flexor

Este sistema é constituído por uma bóia elipsoidal ou cilíndrica montada num braço curto que se liga
à extremidade de um tubo flexível. A extremidade fixa deste tubo está ligada a uma flange. Parte do
tubo, ao redor da flange, é achatada,
para aumentar a flexibilidade. O Flange de
montagem
movimento da bóia é transmitido ao Bóia
exterior da câmara por uma haste que
se estende pelo tubo. Este tipo de Lingüeta de extensão

medidor normalmente é usado para


atuar diretamente sobre uma chave
elétrica ou piloto pneumático.
Braçadeira-batente
limitadora
A figura ao lado mostra um
Seção estrangulada
medidor que atua segundo este
princípio.

Sensores de pressão
Utilizam a pressão hidrostática como uma medida de nível. De maneira idêntica ao medidor de
corpo imerso, a medida exata do nível depende do conhecimento preciso das densidades dos fluidos. A
maior parte dessa classe de medidores utiliza instrumentos para medida ou diferença de pressão.

Sistemas de manômetros em vasos abertos – sistemas a borbulhamento

Nesses sistemas, a pressão do gás é ajustada até conseguir vencer a pressão hidrostática do fluido,
começando a borbulhar. Sabendo-se a densidade do fluido, é possível determinar onde se encontra o
nível. Em virtude de a vazão de gás, pelo tubo de bolhas, impedir a entrada do líquido no instrumento
medidor, esta técnica é particularmente útil para ser usada com líquidos corrosivos ou viscosos, com os
que possam congelar e com aqueles que contenham sólidos arrastados.

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A seguir, analise a representação esquemática de um medidor de nível a borbulhamento.

Manômetro medidor
Suprimento
de ar ou de gás

Regulador de
vazão constante

Tubo borbulhador

Sistemas de pressão em vasos pressurizados

Nos vasos pressurizados, deve-se levar em conta a pressão ambiente para a determinação da
pressão hidrostática. Geralmente, é medida uma diferença de pressões relacionada ao nível de fluido
dentro do vaso.

Assim como no caso anterior, deve-se ter conhecimento da densidade dos fluidos. Além disso,
pressões estáticas que não sejam pertinentes à medição de nível devem ser eliminadas ou compensadas.
Pode-se utilizar, por exemplo, um manômetro diferencial a diafragma para se determinar a pressão
ambiente dentro de um vaso pressurizado, parcialmente cheio de líquido.

Em relação ao equipamento, a conexão do vaso com o lado de pressão mais baixa não contém
líquido acumulado em virtude de transbordamento ou condensação; a densidade do gás ou do vapor
acima do líquido é desprezível ou foi compensada, o instrumento medidor está localizado na mesma
elevação que o nível mínimo a ser indicado ou se faz uma compensação adequada.

Este tipo de sistema, com algumas modificações (como, por exemplo, a utilização de uma coluna de
referência), pode ser utilizado inclusive para medir pressões em líquidos ferventes.

Observe, na figura a seguir, um medidor que funciona de acordo com este princípio.

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Coletor do condensado

Pressão baixa Pressão alta

Manômetro diferencial

Outros métodos
Outras propriedades podem ser utilizadas para se determinar com exatidão a posição em que se
encontra a interface entre dois fluidos diferentes.

Métodos elétricos
Aproveitam-se principalmente do fato de a condutividade e a constante dielétrica variarem de
acordo com o fluido analisado, permitindo sua utilização para determinação de volumes máximos e
mínimos dentro de um vaso.

Métodos térmicos
Geralmente são baseados na condutividade térmica diferenciada entre dois fluidos.

Consistência e viscosidade
Usualmente, estas características são utilizadas para localizar a interface existente entre sólidos e
semi-sólidos com líquidos ou gases. Seu princípio de funcionamento está baseado no fato de os dois
fluidos que se interfaceiam apresentarem diferentes consistências.

Métodos sônicos

Estão baseados no fato de que diferentes fluidos conduzem de maneira diferente as ondas sonoras.
Por exemplo: teremos velocidades de propagação do som (ou ultra-som) caso a região em que o nível
está sendo medido contiver líquido ou gás. Na maioria dos casos, este equipamento é utilizado para se
determinarem níveis mínimos e máximos.

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Medidas de propriedades físicas

Medidas de densidade e densidade relativa


A densidade de um fluido puro ou de uma mistura pode ser determinada das mais diversas formas.
Abordaremos, a partir de agora, os métodos mais comuns para a determinação desta propriedade.

Coluna líquida

A densidade pode ser calculada através de um manômetro aberto para a atmosfera; medindo-se a
altura do líquido, determina-se a densidade do fluido. Obviamente, deve-se levar em conta que a
temperatura exerce um efeito sobre a densidade.

Deslocamento
Podem ser utilizados para a medição de densidade por este método:

Hidrômetros
Aparelhos de peso constante e imersão variável. O peso do hidrômetro é proporcional ao empuxo,
que por sua vez é proporcional à densidade do fluido.

Bóias
Estes instrumentos devem estar completamente imersos num líquido, cujo empuxo pode ser
determinado pela sua posição. A posição da bóia varia de acordo com o peso da corrente que ela
suporta, que por sua vez é proporcional ao empuxo que sobe.
Este sistema pode, ainda, ser acoplado a uma bóia magnética
suspensa abaixo de um solenóide. Um campo magnético solenóide
Em forma de tubo; indutor
variável mantém a bóia a uma distância do solenóide. As constituído por um conjunto
de espiras circulares paralelas
modificações da posição da bóia, resultantes da alteração na e próximas, com o mesmo
densidade, excitam um sistema elétrico que aumenta ou diminui eixo retilíneo.

a corrente no solenóide.

Observe, a seguir, um medidor de densidade que opera segundo este princípio.

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Bóia

Bobina sensora

Armadura

Entrada da amostra

Medidas diretas de massa

Dispositivos deste tipo normalmente são constituídos de um tubo em U vibratório, devido a uma
ação elétrica. A amplitude da vibração é uma medida da densidade, uma vez que esta propriedade é
inversamente proporcional àquela.

Veja, a seguir, um medidor de densidade que opera de acordo com a descrição supramencionada.

Entrada da
amostra

Motor e sensor

Peso de um volume fixo

Alguns instrumentos utilizam balanças para


medir o peso de uma câmara ou tubo de volume
fixo. A câmara ou o tubo são ligados ao coletor
de amostra e à descarga, mediante aco-
plamentos flexíveis, tais como foles ou sanfonas,
como você pode verificar na figura ao lado.

Medição do peso

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Outros métodos

Para a determinação da densidade, ainda podem ser utilizados os métodos descritos a seguir.

Medidores de densidade a radiação

Utilizam o fato de que a absorção de radiação γ por uma substância é função de sua densidade. Em
geral, são utilizados como fontes radioativas o césio 137 e o cobalto 60.

Sensor de densidade do gás a arraste viscoso

O funcionamento deste medidor baseia-se no fato de que o torque produzido por um gás é proporcional
à sua densidade. Em geral, o torque produzido pelo gás do qual se deseja conhecer a densidade é
comparado ao torque produzido pelo ar ou outro gás de densidade conhecida, num sensor análogo,
girando em sentido oposto. A diferença entre os torques está diretamente relacionada à densidade.

Medidores de viscosidade

A viscosidade de um fluido dá uma indicação de sua resistência ao escoamento ou ao torque


produzido durante sua movimentação. Os medidores de viscosidade podem ser classificados da forma
relacionada abaixo.

Tipo de rotação

Mede-se o torque resultante da rotação de um fuso dentro de uma câmara por onde uma amostra
do fluido escoa continuamente.

Tipo de flutuador ou pistão

Este tipo mede a posição de um flutuador especial dentro rotâmetro


Instrumento para medir o
de um tubo afunilado, por onde passa o fluido a vazão constante. fluxo de um fluido num
O instrumento é de construção semelhante a um rotâmetro. encanamento.

No flutuador do tipo pistão, mede-se o tempo necessário para que uma esfera caia numa amostra
de fluido contida num cilindro, que é ligeiramente maior que o corpo cadente.

Tipo prova vibrante

Este tipo mede a amplitude da vibração de uma prova imersa num fluido. Outro método é o de
impulsionar a prova numa freqüência determinada; pela taxa de diminuição da amplitude de vibração,
determina-se a viscosidade do fluido.

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Tipo capilar

Este tipo mede a queda de pressão resultante do escoamento constante de um fluido através de um
tubo capilar de diâmetro conhecido.

A seguir, podemos observar um medidor do tipo capilar para a determinação da viscosidade de um


fluido.

Palheta

Pressão de carga
Medição

Bocal Redução ou orifício

Pressão de saída

Medição de umidade
Existem os mais diversos métodos para a determinação de umidade.

Vamos apresentar, abaixo, alguns dos mais utilizados.

Método do ponto de orvalho

Baseia-se no fato de que a temperatura do ponto de orvalho de uma mistura gasosa conhecida é
também função da quantidade de vapor d’água presente.

Método eletrolítico

Consiste na passagem de uma corrente gasosa da qual se deseja determinar a umidade por uma
cuba eletrolítica, contendo ácido fosfórico concentrado.

O ácido fosfórico absorve a água, que então é eletrolisada quantitativamente. A corrente elétrica
necessária para a eletrólise é diretamente proporcional à água eletrolisada.

Método de Karl Fisher

Método laboratorial titulométrico, no qual a umidade é extraída e dosada através de reagentes


especiais.

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Método da capacitância

Explora o fato de a água possuir elevada constante dielétrica. Para tanto, mede-se a corrente
alternada através de um capacitor, que contém toda ou parte da amostra entre as suas armaduras.

Medida de turbidez
Turbidez é a denominação dada a um efeito ótico em líquido, que se baseia na quantidade medida
de uma luz refratada devido à presença de partículas em suspensão.

Uma certa quantidade de luz é projetada sobre a amostra. Ao bater numa partícula, parte dela é
refletida, enquanto outra é direcionada numa certa angulação (Efeito Tyndall), e a maior parte toma
um caminho aleatório. Esta última parte tem uma energia centenas de vezes maior que a refletida,
sendo então medida para a determinação de turbidez.

Observação
Não é possível, a partir da turbidez, descobrir-se a concentração em massa dos
sólidos suspensos, uma vez que esta propriedade também é função da forma,
tamanho e cor das partículas.

Conheça, agora, alguns métodos para a determinação de turbidez.

Medida de turbidez a vela

Este tipo de equipamento é o ancestral de todos os equipamentos atuais de medida de turbidez.


Para sua utilização, são necessários um cilindro vertical de vidro com o fundo fechado e uma vela.

O cilindro é colocado sobre o calor da vela e vai se enchendo lentamente, até que, ao olhar pela
parte superior do cilindro, não se consiga mais ver a chama da vela. O volume gasto é proporcional à
turbidez da amostra.

Posteriormente, com o volume obtido, consulta-se uma


tabela que fará a conversão para JTU (Unidades Jackson de
Turbidez).

Observe, ao lado, uma representação esquemática do


aparato utilizado para a determinação de turbidez por este
método.

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Medida de turbidez através de sistemas óticos

Os sistemas óticos representam os equipamentos mais modernos na determinação da turbidez de


uma amostra. Utilizam uma fonte de luz e um conjunto de lentes, de forma a medir o espalhamento da
luz provocado pelas partículas que se encontram em suspensão.

Observe, a seguir, uma representação esquemática do conjunto ótico utilizado para a determinação
da turbidez de uma suspensão.

3 4
2
1
5 7

Legenda
1. Fonte de luz
2. Lente de projeção
3. Amostra
4. Lente de captação
5. Detector de passagem de luz
6. Detector de dispersão de luz
7. Absorvedor de luz

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Exercícios

7. Responda as questões a seguir:

a) Quais os tipos de medidores utilizados para medição de temperatura?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

b) Em que se baseiam os métodos óticos para medição de temperatura?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

c) Como podem ser divididos os dispositivos de medição de pressão?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

8. Marque um X na única alternativa que completa cada uma das afirmativas a seguir:

a) O uso dos visores está diretamente relacionado ao material de que são construídos.
Geralmente estão limitados a uma pressão e temperatura máxima de:

a. ( ) 20atm e 200ºC

b. ( ) 30atm e 300ºC

c. ( ) 20atm e 300ºC

d. ( ) 30atm e 200ºC

e. ( ) 30atm e 400ºC

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b) A medição de nível por borbulhamento é vantajosa quando aplicada em:

a. ( ) Líquidos que não contenham sólidos arrastados.

b. ( ) Líquidos corrosivos e não-viscosos.

c. ( ) Líquidos corrosivos, viscosos, passíveis de congelamento ou que contenham sólidos


arrastados.

d. ( ) Líquidos não-corrosivos viscosos, passíveis de congelamento ou que contenham


sólidos arrastados.

e. ( ) Sólidos arrastados.

c) São fontes radioativas que podem ser utilizadas para a determinação da densidade:

a. ( ) Césio 137 e cobalto 40

b. ( ) Césio 150 e cobalto 60

c. ( ) Cobalto 137 e césio 60

d. ( ) Cobalto 150 e césio 40

e. ( ) Césio 137 e cobalto 60

9. Correlacione as colunas, utilizando cada número apenas uma vez.

Medidores de viscosidade Características

1. Tipo de rotação ( ) Mede a amplitude da vibração de uma


prova inversa num fluido.

2. Tipo de flutuador ou pistão ( ) Mede a queda de pressão resultante


do escoamento constante de um fluido.

3. Tipo prova vibrante ( ) Mede o torque resultante da rotação de um fuso


dentro de uma câmara.

4. Tipo capilar ( ) Mede a posição de um flutuador especial dentro


de um tubo afunilado.

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10. Complete as lacunas, utilizando as palavras do retângulo, de forma a que as afirmativas a seguir
se tornem verdadeiras.

refratada – ótico – quantidade – partículas – denominação

a) Turbidez é a ____________________ dada a um efeito _________________________


em líquido, que se baseia na _________________ medida de uma luz _________________,
devido à presença de _________________________em suspensão.

massa – forma – cor – turbidez – tamanho

b) A __________________________ não pode ser utilizada diretamente como medida de


_________________________ porque depende, também, da _____________________,
________________________ e ______________________ das partículas.

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Chave de respostas

Exercício 1

(F) No sistema de malha aberta, a informação sobre variável controlada é usada para ajustar
quaisquer das variações de processo.

(V) No sistema de malha aberta, a informação sobre variável controlada não é usada para ajustar
quaisquer das variáveis de processo.

(V) No sistema de malha fechada, a informação é utilizada para ajuste das variáveis do processo.

Exercício 2
No sistema de controle de malha fechada, a informação sobre a variável controlada é injetada
a ré, como a base do controle de uma variável de processo; daí a designação de controle com
realimentação em malha fechada.

Exercício 3

(3) É utilizado, principalmente, em sistemas que necessitam de ajustes finos e trabalham com
pequenas margens de erro.

(1) O nível de saída só pode ter dois valores.

(2) A ação é suave e contínua sobre sua faixa de ação.

(4) É capaz de antecipar as modificações que irão ocorrer no processo.

Exercício 4
Um medidor analógico visualiza variações dentro de uma escala. Um medidor digital mede números
discretos.

Exercício 5

a) Os medidores de compensação são, normalmente, ativos e não influem no valor da grandeza


que está sendo medida, contudo reagem mais lentamente que os medidores de amplitude.

b) Medidores passivos são aqueles que, para seu funcionamento, não necessitam de energia
externa.

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Exercício 6

(2) Erros aleatórios que não podem ser regulados e eliminados.

(3) Resultado de comportamento diferenciado de movimentação dos elementos de medição ou


de transmissão, quando realizam movimentos em sentidos contrários.

(1) Erros de mesmo valor que sempre aparecem quando realizamos diferentes medições do
mesmo fenômeno.

Exercício 7

a) Termopares, termômetros de resistência, termômetros de volume repleto, termômetros


bimetálicos, termômetros de líquido em vidro e métodos óticos.

b) Baseiam-se no fato de que a luminescência de uma substância varia com a temperatura.

c) São divididos em altura de uma coluna líquida, deformação de uma câmara elástica
de pressão e dispositivos sensores elétricos.

Exercício 8

a) d – (X) 30atm e 200ºC

b) c – (X) líquidos corrosivos, viscosos, passíveis de congelamento ou que contenham sólidos


arrastados.

c) e – (X) Césio 137 e cobalto 60

Exercício 9

(3) Mede a amplitude da vibração de uma prova inversa num fluido.

(4) Mede a queda de pressão resultante do escoamento constante de um fluido.

(1) Mede o torque resultante da rotação de um fuso dentro de uma câmara.

(2) Mede a posição de um flutuador especial dentro de um tubo afunilado.

Exercício 10

a) Turbidez é a denominação dada a um efeito ótico em líquido, que se baseia na quantidade


medida de uma luz refratada, devido à presença de partículas em suspensão.

b) A turbidez não pode ser utilizada diretamente como medida de massa porque depende,
também, da forma, cor e tamanho das partículas.

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Referências bibliográficas

Perry & Chilton. Manual de Engenharia Química, 5ª ed.

SENSYCON. Gesellschaft Fur Industrielle Sensorsysteme und prozessleitechnik, MBH.

GUMBH, Monitek. Sistemas de Medição de Turbidez.

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FIRJAN
CIRJ
SESI
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IEL

FIRJAN SENAI Av. Graça Aranha, 1 – Centro


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das Indústrias de Aprendizagem Tel.: (21) 2563-4526
do Estado do Industrial do Central de Atendimento:
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