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Militares no Além — Autores


diversos
 

Dedicatória e Agradecimento

Dedicatória

Ao casal Aurélio e Júlia Amorim, nosso


eterno preito de amor e gratidão.

Agradecimento »»
À Senhora Lúcia Feijó Barroso, pela
excelente ajuda prestada na obtenção do
histórico da Irmandade da Santa Cruz dos
Militares, que enriqueceu, sobremodo, o
nosso trabalho.

.Wanda Amorim Joviano


 

Introdução

Conversando com o leitor

Amigo leitor,
Se você teve a oportunidade de compulsar
os livros Sementeira de Luz e Deus
conosco, trazidos a lume pelo Vinha de
Luz — Serviço Editorial, saberá que a «»
nossa família teve a felicidade de receber
a visita do amigo Chico Xavier todas as
quartas-feiras, à noite, para o culto no lar
do Grupo Doméstico Arthur Joviano, em
nossa residência, na Fazenda Modelo, em
Pedro Leopoldo, Minas Gerais.
Nesses cultos, contávamos com a
companhia de muitos amigos espirituais,
alguns já apresentados a você, prezado
leitor. Quando meus avós maternos,
General Aurélio de Amorim e Júlia Pêgo
de Amorim, passavam férias anuais em
nossa casa, vários espíritos, que tinham
sido militares em sua última encarnação,
deixavam registradas suas presenças, quer
por mensagens, quer por simples
declinação de seus nomes, ao querido
médium Chico Xavier. N
Os ensinamentos eternos que estas
mensagens contêm podemos agora
difundir em decorrência da generosa
participação do amigo Geraldo Lemos
Neto, para quem rogamos ao divino
Mestre Jesus conceder toda a felicidade
que emana de suas divinas instruções de
vida e que transcendem o nosso humilde
conhecimento.

.Wanda Amorim Joviano

[1] Nota da Editora: vide, às páginas 163-167 [do livro


impresso], reprodução de alguns originais
psicografados por Chico Xavier, nos quais ele anotou,
de próprio punho, os NOMES DAS ENTIDADES
ESPIRITUAIS PRESENTES AO CULTO.
 

Prefácio Espiritual

A grande humanidade cristã do


porvir

Que as bênçãos do Cristo vos fortaleçam.


Instituir núcleos de oração e criar fontes de
força viva, que nutre famintos e ilumina
as estradas a quantos se perdem na noite «»
escura. Oh, irmãos amigos, que vos
reunis sob a bandeira santa da paz! Como
sois felizes à distancia da guerra! Quantas
misérias seguem as batalhas? Quantas
ruínas depois de cada bombardeio! Não
mais a luz do sol, nem a tranquilidade da
noite, mas a incerteza crescente, a dor que
se estende como vulcão de lavas, que não
se esgota nunca!
Antigamente, contemplávamos o céu
rogando as graças do Todo-Poderoso!
Hoje não mais a piedade da oração que
procura as esperanças da Imensidade,
porque do céu caem bombas destruidoras,
que exterminam para sempre!
Não vos venho falar desejosa de estabelecer
novos conhecimentos nas almas,
relativamente ao polvo escuro, cujos
tentáculos envolvem as nações cultas
desde 1939! N Não desejamos qualquer
manifestação na imprensa de nosso país,
não, meus amigos! Nós vimos orar
convosco! Em plena tempestade, é
preciso buscar o porto. Em trabalhos
rudes, é necessário recorrermos à calma
do coração. Como não podia deixar de
ser, nós estamos servindo com amor. Não
mais o exclusivismo de raça, de
agrupamento de família, mas o
universalismo da humanidade.
Abraçamos em nossa fé nosso Brasil
sempre novo, mas não no sentido
regionalista de outro tempo e sim no
propósito de alargar-lhe as fronteiras do
sentimento para a grande humanidade
Cristã do porvir!
Os campos europeus convertidos em
cemitérios requisitam trabalhadores
devotados. Descrever o pavoroso
sofrimento das coletividades atingidas
pelo monstro é impossível! Comentar as
desgraças de povos inteiros seria faltar à
caridade de Jesus Cristo. Onde estão os
missionários humanos que assistam, de
novo, às almas infelizes do velho
continente? Onde os que desejem
esquecer todos os ódios e todas as
desventuras para se consagrarem ao
espírito europeu simplesmente? Nos
séculos que passaram, sacerdotes saíam
das comodidades do Velho Mundo para
enfrentar a América inóspita! Eles,
porém, devassavam as matas verdes e
escuras e defrontavam somente os perigos
exteriores. Hoje, entretanto, há
necessidade de discípulos fiéis de nosso
Senhor, que estejam dispostos a penetrar
o campo europeu para desafiar a selva de
sentimentos transviados — homens de
Deus que falem advogando o direito
humano de confraternização e de paz.
Tardam, contudo, os filhos da luz nessas
regiões desventuradas! A inteligência
desvirtuada tem alguma coisa de satânico,
de infernal! E os nossos serviços se
desdobram infinitamente, porque as vozes
da verdade escasseiam nos países mais
vigorosos! Porque Caim continua no
trono de sua dominação, trucidando todos
os irmãos que se manifestarem dispostos
à fraternidade universal. Do que existe
verdadeiramente, possuis, no Brasil, uma
vaga ideia em vossos lares.
Não vos denunciamos, porém, semelhantes
dores com a intenção de atemorizar-vos
diante da luta e sim para que
intensifiqueis as vossas orações de louvor
de graças cada dia, por se haver dignado o
Senhor de livrar-vos das calamidades
Funestas que precipitam os povos mais
sábios no vórtice da destruição. E digo
mais sábios porque não podemos afirmar
os melhores. Há muita diferença entre
evolução intelectual e progresso cristão.
Não podemos cultivar o raciocínio contra
as leis que governam a vida, porque as
leis se voltam contra nós, confundindo-
nos a razão pequenina e miserável!
Infelizes as nações que acenderam os fogos
do morticínio! Sobre elas caem as
maldições proferidas contra as
coletividades pacíficas! Assestados contra
si próprias permanecem os canhões
consagrados à destruição dos povos
amantes da liberdade! Criaram cadeias
para os próprios pulsos, algemaram as
mãos no longo e doloroso cativeiro
projetado para quantos amam o trabalho
por amor ao serviço da criação de Deus!
Grandes horas, estes momentos do mundo
inteiro! Marcam solenemente no relógio
da eternidade os desvarios da Terra!
Irmãos, como aqueles que acompanharam o
Mestre divino, também nós vos
repetimos: orai sem cessar! Convertei
vossos esforços e vossos dias em orações
vivas a Deus! Grande é o instante da
atualidade! Permanecei na vossa paz com
o Cristo! Embora à distância da
carnificina, em sua culminante expressão,
sois igualmente do mundo e ninguém
poderá eximir-se ao débito coletivo. A
dor visita todos os departamentos da vida
terrestre, acordando os que dormem.
Permanecei na vossa vigília sagrada do
lar, orando e trabalhando!
Agradeço-vos o momento de repouso, a
hora de paz. O trabalhador de minha
esfera sabe agradecer a sombra amiga, a
praia acolhedora. Ele compreende, como
apóstolo, que toda boa dádiva vem de
Deus! Conserve o Senhor vosso teto
amigo, cheio de luz espiritual! Ainda que
passem os anos, ainda que se escoem os
séculos, guardareis, para sempre, o perfume
sublime de vossas orações, recordando
que enquanto muitos se combatiam na
destruição generalizada defendíeis a
criação do eterno Pai e que enquanto a
maioria de nossos irmãos do mesmo
ninho discutiam interesses inferiores, ou
se divertiam indiferentes às lágrimas
alheias, vós oráveis no santuário
doméstico, abrindo as portas do coração
para os alvitres do céu a benefício de
nossos irmãos em luta.
Guarde-vos o Senhor Deus o tabernáculo,
porque é hora de regressarmos, nós
também, para o centro da luta. Amai-vos
muito, defendei vossa fé! Esperai no
Senhor e não vos prendais aos homens,
embora o serviço a eles nos constitua um
sagrado dever! Abri-vos para as
inspirações superiores! Crescei para
Jesus, ainda que a humanidade vos
desconheça o esforço salutar! Desdobrai
pensamentos de paz em derredor de
vossos passos e permanecei fiéis ao
Evangelho e a vós mesmos!
Não vos podemos desejar outras riquezas,
nem tesouros mais sublimes que estes,
considerando que ainda não estamos
libertos dos laços que nos prendem aos
serviços terrestres. Transitai no mundo
como servidores do Cristo, a quem vos
entregais cada noite depois do labor de
cada dia, e vencereis! Estamos espiritual e
individualmente em vossa batalha de
redenção particularizada. Não nos
rendamos aos inimigos que travam
conosco a luta dentro de nós! Prossigamos
de espada na mão, enquanto a enxada
descanse. Longo é o caminho, mas não
nos falta roteiro. Jamais vos percais na
bruma das ilusões. Seja Jesus Cristo
convosco para sempre!

N
.Anna Nery 
11 de outubro de 1944

***

[Pedro Leopoldo, 02 de janeiro de 1952.] N

[1] Nota da Organizadora: Ano em que se iniciou a


Segunda Guerra Mundial.

[2] Nota da Organizadora: Anna Justina Ferreira Nery


foi a primeira enfermeira do Brasil. Nasceu em 13 de
dezembro de 1814, em Cachoeira de Paraguaçu | BA,
vindo a desencarnar no Rio de Janeiro | RJ, em 20 de
maio de 1880. VIDE DADOS BIOGRÁFICOS
COMPLETOS à página 150.

[3] Nota do Compilador: Todos os prefácios nos livros


de Francisco Cândido Xavier foram recebidos na
conclusão do livro, indicação segura de sua data de
edição, embora, muitas vezes, houvessem sido
publicados posteriormente, como é o caso do presente
volume. A data colocada entre colchetes é a mesma
da mensagem mais tardia deste livro impresso em
2008, que é a lição nº 37 intitulada “NUNCA NOS
INTERESSOU A VIDA ESTAGNADA DA RETAGUARDA”.
Lembramos ainda que a mensagem acima de Anna
Nery recebida em 11/10/1944 foi colocada aqui “À
guisa de prefácio”.
 

Minhas palavras serão poucas

02/01/1936

Meus filhos as bênçãos de Deus sejam


derramadas sobre suas cabeças.
Minha Júlia, meu Aurélio, o céu dê a vocês «»
muitas felicidades. N
Minhas palavras serão poucas. Não tenho
voos imaginativos e poucos soldados
sabem escrever, meu Aurélio. Sofri
bastante, meus filhos, neste mundo para
onde a morte me arrebatou. Os deveres
militares são, às vezes, severos e apesar
de praticarmos e agirmos em nome da
ordem há sempre um fundo amargo na
responsabilidade individual que nos fica
de todos os problemas. Felizmente,
porém, sinto-me a caminho da
compreensão elevada das coisas nobres e
profundas da vida. Penso muito em todos
os meus que aí deixei e tenho feito o
possível para adaptar-me a esse gênero de
vida, ao qual ainda não pude me identificar
integralmente. Pesou sempre, meu
Aurélio, em minha existência a acusação
de traição nos tempos detestáveis de
1893, quando a minha atividade não
partiu senão do meu bom desejo de
trabalhar contra os derramamentos de
sangue, largamente praticados a pretexto
da consolidação da República. Sabem o
que sofri e até hoje vêm à minha
lembrança a recordação comovida dos
amigos Travassos e Cantuária, lembram-
se? N Os tiranos da política muito sofrem
por aqui, onde as leis já não representam
os fios da aranha, que prendem consigo
somente os insetos fracos.
Dou graças a Deus por falar a vocês estas
palavras. Continuem na crença que hoje
lhes felicita o íntimo. Trabalhem muito
nessa caridade que é ensinada pelos
mensageiros divinos, que batem à porta
do coração dos que professam essa
Doutrina tão formosa e tão consoladora, e
nunca se arrependerão de haver seguido
esses passos luminosos.
A todos os meus, deixo as minhas
recordações, cheias de afeto e de saudade.
Meu caro amigo, o seu irmão Ambrósio,
apesar de desejar estar consigo, não pôde
se manifestar por enquanto. N O seu
desejo, porém, é de que você não o
esqueça em tempo algum.
Adeus, meus amigos. Deus os abençoe,
concedendo-lhes muita paz.

N
.Pêgo Junior 
[1] Notas da Organizadora: Conforme publicado no
site
WWW.ESPIRITISMOGI.COM.BR/BIOGRAFIAS/JULIA%
20PEGO.HTM , acessado em 03 jan 2008, Júlia Pêgo
de Amorim “nasceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de
setembro de 1879, sendo a primogênita do casal
Marechal Antonio José Maria Pêgo Junior e de D.
Júlia Amália da Silva Pêgo. Diplomou-se em
professora pela antiga Escola Normal do DF em 1898,
lecionando em várias escolas da capital. Ocupou o
cargo de Diretora de Música da Escola Normal,
estagiou na Escola Benjamin Constant, na Praia
Vermelha, para cegos e foi diretora da Escola Pública
de São Cristóvão, então 6” Distrito Escolar. Casou-se
em 1899 com o Dr. Aurélio de Amorim, oficial do
Exército, e foram residir no Alto da Boa Vista.
Notando a ausência de escolas naquela localidade, D.
Júlia empenhou-se junto à Prefeitura Municipal para
que ali se fundasse uma, cedendo uma de suas salas
para que funcionasse a primeira escola do Alto da
Boa Vista, mais tarde substituída pela Escola
Menezes Vieira, ainda hoje existente no populoso
bairro, da qual foi a primeira diretora. De família
espírita, D. Júlia Pêgo de Amorim fez-se abnegada
trabalhadora da Doutrina. (…) Ao longo da obra, o
leitor verificará que o Marechal a chama também,
carinhosamente, de Julinha.

[2] Travassos e Cantuária eram amigos das famílias


Pêgo e Amorim.

[3] Ambrósio era irmão de vovô Aurélio e foi casado


com a norte-americana Marie Benson.

[4] Pêgo Junior: outro modo como o Marechal Antonio


José Maria Pêgo Junior assinava seu nome. Algumas
mensagens também são assinadas por ele como
Antoninho ou tão somente Pêgo.
 

Trabalho levado a efeito nas


organizações da Cruz

15/02/1939

Meus amigos, Deus vos proteja e vos


ampare sempre. «»
Meu caro Aurélio, eu peço a Deus que
esteja com o teu coração nas suas
realizações terrestres, rogando,
igualmente, pela Julinha, a quem peço a
Jesus abençoar.
Minhas palavras desta noite são apenas
para registrar a minha visita e agradecer-
te pelo trabalho levado a efeito nas
organizações da Cruz. N Procurei
inspirar-te sempre, buscando harmonizar
com o teu o pensamento de nossos
companheiros e graças a Deus sinto que o
nosso esforço não foi em vão, porquanto
todas as providências passíveis de ser
postas em prática, sem favor das elevadas
finalidades de nossa organização, foram
realizadas com a bênção de todos os amigos
espirituais que ali cooperam pelo bem
coletivo. Agradeço-te, meu filho, e peço a
Deus que te multiplique as energias.
O nosso trabalho é daqueles que se oculta à
luz meridiana para as considerações
pouco sinceras do mundo, mas na sua
edificação reside a providência e o bem
de muitos. Deus te pague e te abençoe.
Regressando do mundo, sem as ilusões
perigosas de suas vaidades, sei apreciar o
teu esforço como sempre.
A Engracinha está presente e me pede para
registrar a sua alegria em face do grande
esforço de Julinha, no grande ideal na
educação dos cegos. N Penso ter cumprido
esta incumbência, rogando às forças
superiores que nos presidem os destinos
que abençoem e protejam todos os
trabalhos de minha querida filha.
Quanto a ti, meu caro Aurélio, busca
aproveitar bem o repouso. Esperamos que
possas ganhar muito com o descanso da
presente estação. Sei que estás sempre na
ativa e isso me conforta. Conhecendo a
tua têmpera de soldado, compreendo que
o repouso não foi feito para nós. Todavia,
há a necessidade de alguns intervalos para
a continuação dos combates novos.
Busca, portanto, alimentar-te bem,
conservando-te com a possível
tranquilidade de coração. Em qualquer
tratamento, a paz interior tem uma
influência decisiva.
Deus abençoe a todos e vos conceda luz,
amor, paz e fé. Não me alongo em minhas
palavras porque devemos todos nós guardar
o trabalho por norma e a síntese por
método. Já falei o bastante. E sabes, meu
caro Aurélio, que o soldado fala sempre
muito pouco. Mas dizendo muito com o
coração, peço novamente a Jesus que
derrame as suas divinas bênçãos sobre
todos nós,

.Antoninho

[1] Notas da Organizadora: Vide dados históricos à


página 155. No livro Deus conosco, editado pelo
Vinha de Luz em 2007, Emmanuel, em mensagens ao
vovô Aurélio, datadas de 16 de abril de 1941, à
página 157, e de 10 de março de 1943, à página 192,
faz referência ao seu trabalho junto à “cruz” dos
militares, ou seja, à Irmandade da Santa Cruz dos
Militares.

[2] Engrácia Ferreira era tia de Júlia, ou Julinha, filha do


comunicante e esposa do General Aurélio de Amorim.
“(…) Engrácia Ferreira, pioneira do alfabeto Braille
para cegos, desencarnou a 21 de abril de 1937. Menos
de um mês depois, a 6 de maio, comunicava-se
através de Chico Xavier dando uma mensagem
dirigida a D. Júlia, solicitando a continuação de sua
obra. Onze dias depois, Chico recebe a segunda
mensagem, na própria grafia do Braille, que foi
publicada em “Reformador” de junho de 1938. Diz
uma nota de rodapé da revista que o médium, por não
conhecer o alfabeto Braille, levou duas horas para
receber tal comunicação psicográfica, que foi assim
transcrita: “Minha boa Julinha, a paz de Deus, nosso
Pai, seja em teu generoso coração, sempre tão cheio
de fé. Trabalhemos pelos cegos, minha filha,
pensando que a cegueira do espírito é bem mais triste
que a dos olhos. Hei de ajudar-te com o favor de
Deus. A tia, Engrácia.” No dia 76 de novembro de
1938, transmite a 3ª mensagem, sugerindo que ela
transpusesse para o Braille determinado dicionário de
Português, obra que havia deixado inacabada. D.
Júlia, atendendo à solicitação da querida amiga
espiritual, aprendeu sozinha o alfabeto Braille, copiando
letra por letra. Para certificar-se, pediu a um cego que
lesse o que havia escrito, cujo resultado encheu-lhe de
alegrias. A partir daí, transformou-se numa verdadeira
missionária do Braille. Reuniu em sua casa várias
senhoras interessadas nessa obra de altruísmo — na
prática do ensino do Braille. Em 7939, iniciou a
transcrição do Dicionário da Língua Portuguesa, de
autoria de Hildebrando Lima e Gustavo Barroso, cujo
trabalho durou cerca de quatro anos, dando, ao todo,
64 volumes. Em 1945, Chico Xavier recebeu a 5ª
mensagem do Espírito Engrácia Ferreira,
agradecendo à sobrinha o atendimento e o valioso
trabalho em prol dos cegos. D. Júlia iniciou um curso
gratuito do Braille no centro da cidade, visando maior
número de colaboradores. Transcreveu para esse
alfabeto inúmeras obras espíritas e não espíritas, entre
as quais O Evangelho Segundo o Espiritismo, Agenda
Cristã, Cartas do Evangelho, Voltei, Pequenas
Mensagens e muitas outras, todas doadas à Sociedade
Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB). A sua
desencarnação ocorreu no Rio de Janeiro, em 29 de
novembro de 7974, aos 95 anos de idade, dos quais 37
dedicados à Doutrina Espírita e ao Braille. Deixou
exemplos dignificantes de quanto vale entender o
Evangelho de Jesus e sua Doutrina, que enseja a fé
raciocinada, capaz de separar a letra que mata do
espírito que vivifica.” Disponível em:
WWW.ESPIRITISMOGI.COM.BR/BIOGRAFIAS/JULIA%
20PEGO.HTM. Acesso em 03 jan. 2008.
 

A recordação amorosa é um
bálsamo

08/04/1942

Deus esteja com todos, iluminando-lhes os


caminhos. «»
Venho até aqui nesta noite, meu caro
Aurélio, no sentido de materializar mais
vivamente a visita paternal a você e
Julinha, desejando-lhes excelentes
disposições para a execução da tarefa
diária.
Meu propósito essencial, entretanto, é o de
lhes patentear o meu reconhecimento
pelas lembranças das experiências de
meu espírito, junto aos familiares
queridos e aos deveres sagrados aí no
mundo. Estou sumamente reconhecido a
todos e especialmente a você, meu caro
Aurélio, pelo muito de amor que
consagrou a esse serviço de saudade, em
cujas vibrações luminosas encontro flores
de paz e frutos de coragem para as lutas
novas. A recordação amorosa é um
bálsamo que dulcifica e reconforta. Não
desejo revestir as minhas palavras com
qualquer laivo de amor-próprio. Longe de
mim semelhantes pensamentos! Bem
cedo compreendi que os títulos e
condecorações transitórios da experiência
na Terra são laços de responsabilidade e
trabalho que o homem deve honrar com
aquilo que possui de melhor, mas nunca
constituirão motivos de vanglória ou de
exibicionismo sem razão de ser. As
“cartas” honrosas de política humana
raramente atingem as instituições da vida
eterna, porque quase frequentemente os
portadores inquietos rasgam-nas ou
destroem-nas na existência terrestre, na
velha fogueira das ambições desmedidas.
Por esse motivo, minha alegria reside na
rememoração dos fatos íntimos, na
reminiscência de antigos camaradas de
trabalho, na lembrança dos sacrifícios de
ordem doméstica. Um século de
experimentações acaba de ser contado em
meus livros de contas! Vocês não avaliam
a comoção com que se abrem as folhas
amarelecidas pela influência do tempo!
Quanto ganhei? Quanto perdi? Somando
as colunas das oportunidades, sinto
realmente que muita coisa útil se foi sem
que me abalançasse ao esforço das
conquistas, justas, a peso de trabalho
próprio. É singular a contradição. As
lembranças, propriamente do mundo, nem
sempre têm o mesmo valor para nós. O
que mais me honra na atualidade é ter
podido vencer provações tão amargas
quanto aquelas dos tempos de prisão e de
calúnias. Hoje os quadros estão mudados,
meu bom amigo, e uma das cenas que
tanto me atormentava quando aí no
mundo, como aquela da esposa e das
filhinhas quase ao desamparo, constitui
para meu espírito motivo de soberano
conforto.
O grande problema não é o da prova
ríspida: é o de vencê-la com êxito,
cumprindo a vontade de Deus. Quantos
perseguidores hão encontrado comigo
neste novo mundo? E quantas sensações
de antipatia converteram-se nas relações
fraternas, à luz de uma vida melhor?
Tudo passa no que diz respeito ao jogo
das coisas, situações e sentimentos
humanos. A muitos eu mesmo fui
compelido a buscar, no sentido de renovar
os meus próprios valores, e sinto que de
cada abraço reconfortador, com o objeto
de minha animosidade em outros tempos,
saí mais rico de iluminação e mais Feliz
com meu Criador!
As recordações reunidas por você e pelos
nossos muito me sensibilizaram. Estão
saturadas desse perfume doce e brando
que se espalha como claridade bendita na
casa do coração. Aperto-lhes a mão e
repito: Deus os recompense! A sua
atuação em nossa generosa instituição da
Cruz é, em parte, a minha própria! Louvo
a firmeza de seus programas e pareceres,
e espero em Deus que você continue
prestando ali os serviços da Fraternidade e
da harmonização. Não se desanime com
as opiniões e providências do provedor.
São problemas que hão de ser
solucionados a tempo. Não desprezemos
o esforço que o problema exige e as suas
dificuldades se desfarão. Como você
sabe, a Cruz é uma organização
excessivamente “sondada”, em vista dos
seus patrimônios. E, como sabemos, toda
sondagem, em regra geral, reclama
proveitos. Há sempre escassez de análises
da pobreza, da ferida, do obstáculo. Os
grandes inquéritos atingem sempre os
lugares mais altamente aquinhoados pelo
esforço daqueles que os erigiram e
destacaram do anonimato. É sempre
assim. Mas a Cruz representa o trabalho
metódico de muitos companheiros e
precisamos defendê-la, com persistência,
contra os levianos, os interessados menos
dignos e os imprudentes. Com isso quero
demonstrar minha adesão aos seus
esforços e minha promessa de prosseguir
combatendo ao seu lado, preservando as
antigas realizações de nossa pobre e
generosa instituição. Deus renovará suas
forças e as minhas, e continuaremos
juntos a obra de manutenção, valorização
e defesa.
Julinha, consigno aqui meu reconhecimento
aos seus trabalhos. Tenho estado
constantemente com a nossa Engracinha,
que se refere a você como a uma filha. Os
grandes gênios da Espiritualidade hão de
abençoar a você, minha filha, para que a
existência na Terra lhe seja uma antecâmara
de alegrias santificadas para o caminho
imortal.
Deus ilumine e proteja a todos.
Reúno-lhes os espíritos numa grande
vibração de sincero agradecimento e de
muito amor.
Pai, avô e amigo,

.Pêgo
 

O conforto que esta visita me


trouxe

12/08/1942

Não sei como lhes dizer do conforto que


esta visita me trouxe. Estou muito «»
confortado. Longa foi a luta e tenho a
impressão de que meu enfraquecimento
foi também muito longo e difícil. Vou
adquirindo, porém, novos hábitos,
conformado com o inevitável. Se
escreverem a Clóvis, deem minhas
notícias ao meu bondoso filho. N
Minha saudade para a querida Lulu e a
todos os demais. N Agradeço a vossa
bondade e assino muito
reconhecidamente,

.Feliciano

[1] Notas da Organizadora: Marechal Feliciano


Mendes de Moraes era pai de Clóvis, marido de Aurélia,
filha de Aurélio e Júlia. Mensagem recebida com
utilização da prancheta por Chico Xavier e minha
mãe, Maria Joviano. Meu pai, Rômulo Joviano, fez as
anotações. Vale ressaltar que a prancheta, segundo o
Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e
Espiritismo, de João Teixeira de Paula, é conceituada
como “(…) peça móvel em que há um indicador (ou
ponteiro), que percorre mediunicamente o alfabeto
(em forma de quadrante), os algarismos de 0 a 9 e as
palavras SIM e NÃO ali colocados e por meio dos
quais se obtém comunicações espíritas. (…)”
PRANCHETA. IN: PAULA. João Teixeira de.
Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e
Espiritismo. São Paulo: Empresa Gráfica da Revista
dos Tribunais, 7970. p. 71-73.

[2] Em referindo-se a Luiza Cora Salazar de Moraes, sua


esposa.
 

O serviço educa, a preocupação


aperfeiçoa

24/03/1943

Aurélio, meu caro, peço ao Senhor do


Universo abençoe a você, à Julinha, e «»
conceda Suas bênçãos de paz a todos os
nossos pelo coração.
Aqui estou em palestra ligeira com você,
testemunhando a continuidade de
interesse pela solução não só dos
problemas da afeição em família, como
também na parte referente à nossa
querida instituição. Não se sinta sem
minha cooperação nos deveres novos a
que foi conduzido. Talvez, Aurélio, nem
todos possam compreender as finalidades
profundas do nosso trabalho, mas
também isto não nos deverá interessar.
Nosso escopo, acima de tudo, é a defesa
de um patrimônio sagrado, preservando-o
para o futuro, não somente no que
concerne às providências de natureza
material, mas igualmente às reservas
morais da Cruz para os que vierem depois
de nossos passos e em seguida às nossas
influenciações. Ainda mais agora que
tantas energias nacionais se coadunam
para movimentos defensivos é razoável
recordar que a tarefa não se circunscreve
às Frentes de combate, aos atritos no mar.
Há uma vanguarda sutil e de essencial
importância na defesa da ordem e do
progresso nacionais, conhecida quase
apenas por aqueles que experimentam nos
ombros o peso dos serviços coletivos. É a
frente da responsabilidade, cujos
trabalhos são imensos e esmagadores! Há
também lutas diferentes no mar, que é o
das situações humanas. Ao ver você
coordenando os deveres novos, tenho a
impressão de que seu esforço vai
conduzindo embarcação cheia de
preciosidades, seguida de tubarões
insaciáveis! É preciso estar atento,
vigilante no leme que orienta e no remo
que organiza o impulso para a frente!
Nesse particular siga o seu programa de
firmeza nas decisões e energia nos
princípios. A tarefa de defender não pode
agradar a todos. Por si só dá a entender
que o adversário não pode colher alegrias
mentirosas. Em virtude de semelhantes
razões, não poderá você realizar o milagre
de satisfazer a todos. Não se desanime
porém, e conte com seus nobres amigos
da Espiritualidade e comigo, que
procurarei seguir, de perto. Tenhamos
calma, reflexão e amplo discernimento. O
resto, Aurélio, é serviço, preocupação,
dificuldade, procura do melhor. Mas que
fazer senão recebermos esse patrimônio,
cheios de júbilo? O serviço educa, a
preocupação aperfeiçoa sempre que
bem orientada, as dificuldades
enriquecem a experiência, a procura do
melhor é a destinação de nossas
atividades. Nesse campo de luta, nossas
tarefas serão conjuntas. Buscarei auxiliá-
lo com todas as possibilidades ao meu
alcance. A questão é a de não perdermos
oportunidade por aprender ensinando,
muitas vezes com o nosso sacrifício. As
instituições nobres da vida social
preparam a criatura para as instituições
eternas de Deus. Bom trabalho na Terra é
a garantia da aquisição de bom trabalho
na esfera espiritual. Eis a razão pela qual
a Cruz nos é tão estimável e tão nobre!
Desempenhe seus deveres atendendo à
vontade de Deus e o Pai não esquecerá de
atender à sua vontade nos momentos
justos. Sempre que possível estou ao seu
lado nas decisões e continuaremos juntos
toda vez que o Senhor me permitir
semelhante contentamento.
Felicite Julinha pelo fervor com que se
dedicou ao formoso serviço de
Engracinha. N Tenho por esta cooperação
de ambas a mais sincera simpatia,
esperando que os nossos maiores da
Espiritualidade Superior lhes conceda as
melhores possibilidades para
intensificação dessa sublime semeadura
de claridade nas trevas da cegueira humana.
Plante, minha filha, que a colheita não
será tardia. Todos os que semeiam na
terra da coletividade alcançarão
maravilhas e esse trabalho que vocês vão
desenvolvendo é dos mais promissores.
Que Jesus abençoe a sua lavoura de luz
espiritual, dando a você mais saúde e
mais forças, e à Engracinha iluminação
cada vez mais intensa, são os meus votos
sinceros.
Estimaria a possibilidade de comentar mais
detalhadamente a luta das outras filhas e
dizer algo de meu interesse, de meu amor
e do meu agradecimento, entretanto, não
me é possível, por agora, senão confirmar
a minha paternal dedicação com meus
rogos ao Altíssimo pela felicidade de
cada uma. Há provações que não
poderemos suprimir, não obstante todo o
potencial de nosso amor! O coração ama
e consagra-se, auxilia com júbilo e
renuncia voluntariamente, mas a justiça
cumpre-se invariável, até que esse amor
que nos une uns aos outros, purificado em
Jesus Cristo, nos proporcione a esperança
de paz e fraternidade sem fim.
A todos os nossos, a minha lembrança
afetuosa, esperando que o Senhor
abençoe a todos. E renovando a você,
meu caro Aurélio, a continuidade de
minha grande estima, e a certeza de que
não agirá sem meu concurso nos
trabalhos novos, abraço a você e à
lulinha, desejando-lhes muita felicidade,
saúde e paz no Senhor.
.Antoninho

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se ao


trabalho de transposição para o Braille do Dicionário
da Língua Portuguesa, de autoria de Hildebrando
Lima e Gustavo Barroso, sob a orientação espiritual
de Engrácia Ferreira. Os 64 volumes do referido
dicionário estão na Biblioteca do Instituto Benjamin
Constant, na Urca, Rio de Janeiro | RJ.
 

Aqui guardamos também o


patrimônio das ideias

14/04/1943

Meus caros filhos, que as bênçãos de Jesus


felicitem a todos. «»
Volto hoje, meu prezado Aurélio, a
confabular com você relativamente aos
trabalhos justos. Notei que seu coração
desejava outros esclarecimentos de minha
parte e apresso-me a afirmar, meu filho,
que os programas de serviço na Cruz
merecem minha sincera simpatia, não
somente no que se refere ao meu apoio
individual, mas de quantos seguem de
mais perto a nossa respeitável instituição.
Naturalmente que não poderia examinar
com você, em sentido direto, os detalhes
dos serviços e realização que temos por
efetuar, mas creia que espiritualmente
estarei particularmente ao seu lado,
inspirando os seus esforços. Muita boa
vontade para com todos, mas energia no
leme!
Os verbos dirigir, orientar e governar
implicam ação ativa e criteriosa. Não se
dirige coisa alguma deixando-se governar
por elementos estranhos aos objetivos do
serviço que devemos realizar.
Compreendo seus sacrifícios e trabalhos,
porém, em substância, a felicidade
pertence, em todas as ocasiões, aos que
mais souberem entregar sentimento e
pensamento ao trabalho construtivo.
Agradeci muito aos nossos maiores da
Espiritualidade Superior a prece do nosso
amigo aqui, na passada reunião. A
concórdia depois da incompreensão é
mais bela que a paz celeste após a
borrasca forte. Enquanto você alinhava
recordações, voltei, na imaginação, às
dolorosas lutas do Sul, onde completei
certo ciclo de resgate necessário. A
deserção de companheiros e de amigos,
meu caro Aurélio, é uma dor das maiores,
mas, por isto mesmo, a que experimentei
não foi vã. Ao seu domínio, mal me
apercebia de que me encontrava
resgatando compromissos de alta
envergadura, relativamente ao passado
espiritual. Nossa tarefa, nossa
harmonização de pontos de vista, não
constitui obra de hoje, mas de muitas
experiências sentidas e vividas em
comum.
De sua conversação, destaquei o caso das
bandeiras arquivadas na Cruz. Creio, meu
caro, que o assunto está
convenientemente esclarecido por si
mesmo. Trata-se de um depósito efetuado
por nossos maiores e só poderíamos
dispor dele, isto é, conferir-lhe outro
destino por imposição desses mesmos
superiores. Desse modo, admito que o
patrimônio se transfira à outra parte, mas
por ordem superior, não por nossa
iniciativa. Aqui guardamos também o
patrimônio das ideias, às vezes, intacto.
Lembro-me, a propósito, de que certa vez,
em outra existência que não cabe
referência aqui, estávamos, tu, um amigo
eclesiástico e eu, discutindo esse
problema da vigilância em Espanha e
chegamos à conclusão de que se o amor é
bom a vigilância também é indispensável.
Chego a recordar-me de que, não
satisfeitos com os nossos princípios
humanos, consultamos o Evangelho e lá
se nos deparou a passagem em que Pedro
sacou da espada para enfrentar a situação,
concluindo que o próprio Mestre mandou
que o servidor guardasse a arma na
bainha, mas não mandou inutilizá-la.
Semelhantes conceitos são lembrados por
mim com prazer, como quem conversa na
branda intimidade familiar. Imaginemos
as noites de inverno: brasas acesas, calor
doce no ambiente e nos corações, e as
histórias do passado fluem do pensamento
como os mananciais cristalinos que
nascem espontaneamente da terra. O
velho mundo está em longo inverno
espiritual há quase quatro anos! Muito
frio nas almas, muita neve sobre os
ideais! A permuta de pensamentos na esfera
íntima não pede outras manifestações
senão estas em que os espíritos se
reconfortam para a continuação da
jornada evolutiva. Minha querida Julinha,
faço minhas as palavras de sua mãe no
tocante aos seus nobres trabalhos de irmã
aos infortunados da sombra. Continue,
querida filha! Formosa é a coroa
reservada aos sinceros e devotados
trabalhadores do bem! Voltando ao Rio,
espero que se sinta sempre amparada pela
sua fé, cheia de amor à caridade em Jesus.
A passagem na Terra, minha filha, muito
vale pelas experiências que sofremos,
mas vale muito mais pelo bem que
consigamos fazer. Deus a abençoe e
proteja sempre. Sobre as suas irmãs,
subscrevo os conceitos de sua mãe.
Estamos todos juntos, trabalhando pelo
progresso geral. Não há motivos para
desânimos, tristeza, reclamações. Nosso
amor é de todos. Sempre que possível, aí
estou a renovar os meus votos pela paz de
todos e não avalia você, minha filha,
quanto me conforta observar-lhe o
coração de mãe mais tranquilo. Creio que
você deva cuidar da reconstituição
orgânica. De volta, procure renovar as
energias através de tônicos que o meu
neto poderá indicar. N Zele pela saúde
física, minha filha, que muito representa
para o êxito necessário de nossos espíritos
eternos, quando em missões ou tarefas,
entre paisagens transitórias da vida
material. Engracinha está aqui,
abraçando-a, feliz! A nossa irmã Amélia
cerca-os a todos, com irradiações de sua
luz! N A sua sobrinha Dinari faz uma
prece de louvor a Deus e é neste ambiente
de felicidade e contentamento que grafo o
ponto final. N
Adeus, meus filhos muito amados! Conceda
o Senhor Jesus a cada um a justa
compreensão do dever a cumprir,
enchendo-lhes o espírito de luz e paz, e
estará satisfeito o coração do pai que
muito ama a todos.

.Antoninho

[1] Notas da Organizadora: Em referindo-se a


Armando Pêgo Amorim, um dos filhos do vôvo
Aurélio, que era médico.

[2] Trata-se de Amélia Brandão Amorim, minha bisavó


materna, mãe do vovô Aurélio.

[3] Dinari era sobrinha do vovó Aurélio. Desencarnou


queimada, em decorrência da explosão de um
fogareiro a álcool em que cozinhava.
 

Firmeza e dedicação são a nossa


senha

17/01/1945

Meus caros filhos, que a paz divina felicite a


todos, imprimindo-lhes novas energias
espirituais no desempenho das tarefas a que «»
foram chamados. Sempre que a oportunidade
me oferece recursos favoráveis, venho visitá-
los, prazerosamente. Todavia, o ensejo da
permanência de Julinha e Aurélio no santuário
da família constitui uma obrigação para que eu
lhes fale mais diretamente, vazando o meu
coração no espírito amigo de vocês todos.
Sejam para você, meu caro Aurélio, as minhas
palavras iniciais, no sentido de felicitar-lhe a
ação decidida em nossos círculos de trabalho.
Quero dizer de sua colaboração efetiva na
Cruz, através da qual tantos servidores
devotados passaram trabalhando. São muitos
os companheiros que cooperam consigo na
obra de supervisão dos nossos interesses
coletivos. Creia que a nossa tarefa — a sua na
instituição propriamente considerada, e a nossa
de cooperadores indiretos —, é bem grande e
que a colheita de semelhante semeadura não
pode ligar-se às questões de imediatismo do
mundo.
Em sua experiência de provedoria terá notado
como é difícil esclarecer assuntos e harmonizar
temperamentos heterogêneos para os mesmos
fins. Por vezes, Aurélio, e digo com
conhecimento pessoal, é mais penoso
administrar no campo da paz que movimentar
energias em campo de luta. Aliás, é forçoso
reconhecer que isso é natural! A batalha
silenciosa dos princípios educativos na vida
comum é de todos os tempos e condiz com a
nossa própria evolução para a vida mais alta!
Urge, porém, não desanimar! O mundo
atravessa um período de crises
verdadeiramente desastrosas! Desejaria
comentar com vocês a realidade da situação,
mas não posso. Há limites para a nossa ação
verbalística e não devo transpô-los sem graves
consequências. Creia, todavia, Aurélio, que a
luta de agora na esfera do homem é das mais
graves de quantas tiveram por palco a atual
civilização. Oh! A perturbação no
ensarilhamento das armas não tem a ordem que
caracteriza o início da batalha! É muito difícil
ganhar a paz! E os organismos internacionais
experimentam comoções de vulto e o Brasil
não pode fugir a esse índice de renovações.
Como aconteceu no passado, trabalham os
gênios espirituais da pátria por evitar-lhe
hecatombes angustiosas, entretanto, são tão
grandes os conflitos que se esboçam no mundo
terrestre em geral que não podemos efetuar
previsões de modo algum. O regime da
atualidade veio estabelecer um parêntesis de
trabalho e de continuidade administrativa, no
propósito de preparar a nação frente aos
tempos novos, mas a verdade é que Diógenes
continua de lanterna acesa procurando os
homens para as responsabilidades que sobram
em todos os setores do progresso e da
edificação nacionais. N As situações
melindrosas não faltam, enquanto as tarefas
atendidas vão escasseando cada vez mais.
Longe de nós o derrotismo, mesmo porque
sabemos que um país jovem quanto o nosso
não pode realizar os milagres de trabalho que
somente os povos mais antigos conseguem
concretizar! Mas palpita em nossos espíritos o
desejo sadio de contribuir com as forças ao
nosso alcance, a fim de que o futuro da
humanidade e da nação atinja melhores dias. O
momento é de perturbações subterrâneas muito
amargas. Entretanto, estamos confiantes na
proteção de Deus.
Refiro-me a semelhantes assuntos para dizer-lhe
que o nosso serviço na Cruz é sagrado. Centro
beneficiário de servidores efetivos da
construção nacional, não pode ser
desamparado de nossos esforços mais ativos.
Não se desanime, portanto, e aceite, meu filho,
as incumbências administrativas, por mais
pesadas que sejam. Velaremos por sua saúde,
por seus trabalhos! Firmeza e dedicação são a
nossa senha em serviço. Nossos devotados
amigos daqui estão cooperando conosco!
Prossigamos! Sua obra missionária na
instituição fixará programas edificantes e nós
agradecemos ao seu espírito comovidamente,
rogando ao Senhor que o ilumine sempre,
multiplicando-lhe as energias abençoadas!
Quanto a você, minha querida Julinha, trago-lhe
paternal abraço pela invejável organização de
amparo aos cegos, a que você se consagrou,
junto de Engracinha! Cada vez que você
acende claridades de raciocínio no cérebro dos
que não possuem luz para os olhos está
renovando e aumentando a sua própria luz
espiritual! Todo o bem que praticamos, Julinha,
se reverte em nosso benefício. É da lei que
todo aquele que dá com amor seja
recompensado, centuplicadamente, pela
própria vida que, no fundo, é amor de Deus,
Criador e Pai nosso! Há tantos amigos deste
lado ajudando a vocês que, francamente, é
mais razoável que não lhe conheça você o seu
número, a fim de que não se estabeleçam
perturbações na obra em curso. Tenho a dizer-
lhe que a nossa irmã Áurea Celeste vem
trabalhando ativamente em nossa esfera, no
sentido de manter intacta a obra de amor
cristão que a sua nobre alma conseguiu
instituir na Terra e vem apelando para todas as
cooperadoras sinceras e dedicadas da casa de
João Evangelista. N Já a visitei, junto de
amigos espirituais, e ela falou-me em seu
concurso com muito carinho! Desdobremo-
nos, minha filha, a serviço de todos. O que se
fizer no bem efetuar-se-á para o nosso próprio
bem. Sua mãe vem auxiliando Esther quanto
possível e todos nós, embora interessados na
aquisição de luz eterna, continuamos operando
e cooperando pela tranquilidade familiar. N
Adeus, meus filhos. Nossos amigos presentes
saúdam a todos. Registro com prazer
semelhantes saudações, deixando-lhes a
expressão de nossa amizade fiel. Que Deus os
conserve em paz, concedendo-lhes muito boa
saúde e bem-estar de espírito, são os votos do
pai e avô muito amigo de sempre,

.Antoninho

[1] Notas da Organizadora: Refere-se a Diógenes de Abdera


(423-327 a.C). “Ele era uma figura atípica que,
incompreendido pelos contemporâneos de sua época,
apontava os defeitos de seu tempo. Para isto, fazia uso de
uma lanterna acesa em pleno dia, dizendo: “Procuro um
homem honesto.” Disponível em
HTTP://RECANTODASLETRAS.UOL.COM.BR/ARTIGOS/33638 .
Acesso em 03 fev. 2008.

[2] Refere-se a Áurea Celeste, fundadora do Asilo Espírita


João Evangelista, localizado na Rua Visconde Silva, 96, em
Botafogo, Rio de Janeiro | RJ. O asilo recebe meninas órfãs
e vovó Júlia, por muitos anos, deu, gratuitamente, aulas para
as meninas.

[3] Em referindo-se a Esther, irmã da vovó Júlia.


 

A esperança não é perfeita sem a


paciência e a conformação

24/01/1945

Meus amigos, boa noite com os meus votos


a Deus pela paz de todos. «»
Venho cumprir meu dever convosco,
apresentando-vos a minha gratidão pelos
serviços prestados ao meu nobre Clóvis,
nestes tempos difíceis de luta, tempos de
trabalhos purgatoriais, em que somente as
almas verdadeiramente amigas sabem
oferecer os tesouros da cooperação fiel. N
Muito me constrange o coração de um pai a
análise das situações melindrosas de
família, mormente quando esse pai, pelas
imposições da morte, não mais integra o
quadro doméstico. Entretanto, apesar do
meu sofrimento moral ante as
dificuldades em curso, valho-me de todos
os ensejos ao alcance de minhas
possibilidades restritas para retribuir ao
filho doente pelo menos uma pequenina
parte do quanto lhe fiquei a dever.
Infelizmente, as lutas agravaram-se para o
seu organismo combalido. As forças de
reação foram reduzidas ao mínimo e o
nosso pobre enfermo foi obrigado a
capitular. É a prova útil, meus amigos,
prova que compreendeis muito mais que
eu mesmo, embora as nossas diferenças
de Plano. É que o meu velho coração
apenas atualmente começa o serviço de
alfabetização espiritual.
Lembro-me da profunda renúncia de Clóvis
por mim, de suas noites de vigília e
sacrifício e, em lágrimas, rogo a Deus lhe
atenue os padecimentos. É uma dolorosa
noite a paisagem mental em que ele se
movimenta. Dolorosa porque a sua
inconsciência completa é imaginária. O
pai, o esposo, o filho, o homem do dever
estão vivendo dentro dele, dilacerados,
oprimidos, sofredores! Como é triste
acompanhar uma enfermidade sem o
poder de curá-la! E como são ditosos os
homens obscuros, que aprenderam no
anonimato a ciência sublime da
resignação! Para mim, habituado às
determinações de serviço harmônico,
dentro da minha esfera pessoal, desde os
tempos da mocidade, o choque tem sido
francamente cruel. Tendes convosco
armas espirituais que ainda não possuo.
Minha antiga espada foi um padrão de
serviços e disciplina, mas agora
reconheço que não forjei certas armas
indispensáveis do coração. Desprevenido
de semelhantes recursos, muito me dói
observar o filho em tão longo período de
incertezas e vacilações! Quando me
aproximo de Aurélia, dedicada esposa
convertida em enfermeira, falo-lhe
espiritualmente de minhas esperanças, de
minha nova fé, imprimindo-lhe forças
novas ao espírito, mas a vós, meus
amigos, a quem devo uma solicitação de
desculpas por tantos dissabores
familiares, confesso meu verdadeiro
estado de alma, na condição de um pai
lutador, que em débito para com um filho
muito querido não lhe tem podido fazer o
mesmo bem. Sei que devemos esperar em
Jesus e que, de qualquer modo, não temos
outro caminho. Entretanto, esperar
também é uma arte que nem todos
aprenderam. A esperança não é perfeita
sem a paciência e a conformação. E em
vista disso devo revelar-me tal qual sou,
sem exibir, diante de vós, expressões
espirituais que ainda necessito edificar no
coração.
Lamento que os meus outros filhos não se
mostrem bastante compreensivos nos
trabalhos em curso, mas, impossibilitado
de exprimir-me como em outros tempos,
resta-me agradecer-vos pelo bem que
tendes ministrado a todos nós. Aurélia
merece todos os vossos sacrifícios.
Coração devotado ao bem de todos, e
espírito colocado em dolorosas provações
de fé pelas qualidades espirituais que já
adquiriu, ela bem merece esse grande
amor no culto familiar. Ajudemo-la com
as nossas forças mais puras! Suas
necessidades espirituais são bem grandes,
pela surpresa da prova. Nós estamos
cooperando e fazendo quanto nos é
possível e contando com as vossas
desculpas aguardamos a continuidade de
vosso devotamento. Infelizmente, o
enfermo não demonstra melhoras senão
ligeiras e inconstantes, contrariando-nos
os melhores desejos. Esperemos, porém.
Meu pobre filho, além de trazer consigo
pesada bagagem de lutas, em vista do
passado espiritual, segundo me informam
os espíritos superiores, criou antes da
união matrimonial certos laços fortes e
indesejáveis no domínio das forças menos
edificantes. Muito grande é a luta dele,
mas ensinam-me aqui que a Providência
Divina é maior!
Assinalo, pois, aqui o meu pedido de
desculpas pelos aborrecimentos pesados
que se abateram sobre todos vós.
Entretanto, Clóvis Foi tão bom para mim
que considero um dever de minha parte
falar-vos com humildade na presente
situação para que sejamos perdoados. O
futuro há de trazer-vos suas
compensações. Aguardo as bênçãos do
Altíssimo para este caso, que a todos nos
feriu e compeliu a fortes preocupações e
tristezas amargas. Auxiliai Aurélia quanto
estiver ao vosso alcance e que Deus vos
recompense. Ela tem sido para mim,
nestes tempos de sombra, uma filha
devotada cuja dedicação jamais poderei
pagar.
Boa noite, meus amigos. Que continueis
cultivando a paz divina são os votos do
velho amigo,

.Feliciano

[1] Nota da Organizadora: Relembrando, o Marechal


Feliciano Mendes de Moraes era pai de Clóvis,
marido de Aurélia, filha do vovô Aurélio. Clóvis,
nesta encarnação, padeceu de distúrbios neurológicos
e esteve, por longo tempo, em dolorosa prova de
alienação mental.
 

O homem só é verdadeiramente
admirável quando…

04/04/1945

Meus filhos, guarde-nos a Providência em


Sua infinita bondade! «»
Aurélio, meu caro, peço a Deus para que
você e Julinha tenham uma viagem feliz.
Ouvi seus pensamentos alusivos à
necessidade de nosso intercâmbio sobre
os problemas da Cruz e, com satisfação,
venho reafirmar ao seu esforço a minha
solidariedade. Tome os seus deveres e
não tema! A hora atual é difícil e
aconselho prudência incessante. Há que
defender os patrimônios da instituição
contra os assédios sutis que procedem dos
setores de várias ordens. Celeiro de
reservas morais muito grandes, a Cruz
deve manter-se em esfera superior às
paixões políticas que começaram a
perturbar os caminhos da evolução
nacional novamente. Semelhantes lutas são
inevitáveis num povo como o nosso, em
cujo coração atritam as mais diversas
tendências pela grandeza da terra, pela
generosidade das leis e pelo excesso de
bem-estar na habitação coletiva. O quadro
mesológico criaria fatalmente os anseios
fortes, os desvarios de opinião, a
hipertrofia da liberdade. Fenômenos
inelutáveis, acontecimentos fatais. Tenho
comigo a profunda aspiração de um
Brasil melhor, superiormente governado,
onde a liberdade seja o clima natural de
todas as manifestações do pensamento.
Entretanto, não sou infenso às nossas
realidades positivas, num quadro nacional
menos ajustado, onde quase todos querem
mandar e poucos se dispõem a obedecer.
Impossível organizar o serviço pleno da
emancipação política educativa, porque,
coletivamente, nos falta a compreensão
do trabalho. Um povo só é grande pela
expressão do serviço que presta ao círculo
internacional, assim também como o
homem só é verdadeiramente
admirável quando entende o seu dever e
o cumpre. Segundo podemos observar,
porém, se já conseguimos alguma coisa
nesse terreno, muito nos Falta realizar.
Sobeja-nos aspirações. Entretanto,
escasseiam entre nós, como povo, a fiel
demonstração de prática essencialmente
patriótica. É natural. Somos jovens,
nacionalmente falando. Precisamos de
mais tempo, mais experiência, mais
séculos! Refiro-me a isto não sem
propósito, mas para assegurar-lhe que o
momento é de renovação ruidosa e torna-
se necessário caminhar com vigilância,
prudência, visão. Há muitos
companheiros nossos atordoados pelo
germe de separatividade. Por isso mesmo
a Cruz deve conservar-se unida para a
fidelidade precisa ao seu ministério.
Voltando à Provedoria, abstenha-se de
qualquer compromisso que não seja
estritamente indispensável, ainda mesmo
no campo das realizações menores.
Proceda assim para dar cabal desempenho
dos compromissos já assumidos. Tenha
calma, confiança e fé. E quando alguém
convocar a sua ação às lutas mais fortes,
convém proclamar que a missão da Cruz
é pacificadora, conservadora, unionista.
Ela é, talvez, a mais bela praia de
segurança para o Exército a que temos
servido. Seja, pois, ainda e sempre, a
Cruz dos Militares, em cuja seiva
generosa tantos corações se alimentam
para o trabalho da paz, no campo do bem.
Conte, pois, comigo! Quando surgirem
casos difíceis, concentre-se em oração e
ajudaremos você a solucioná-los. Você
sabe que o mais depende da capacidade
de improvisação do administrador.
Apenas lembramos a necessidade de
muita calma na hora em curso, porque
quando as paixões dos homens estão em
choque é muito difícil, ou impossível,
ouvir os desígnios de Deus.
Quanto à saúde física, estão atendidas todas
as providências necessárias ao seu bem-
estar. Sigamos para a frente!
Julinha, Deus a abençoe pelas muitas
alegrias que me proporciona! O seu
idealismo na construção espiritual a favor
dos cegos muito me comove o coração
paterno. Não julgue que seu pai esteja
indiferente à sorte das filhas queridas.
Sigo-as, a todas, de muito perto, rogando
a Jesus abençoá-las, na posição de
testemunho em que se encontram.
Aurélio, mais uma vez reitero a você a
minha velha amizade. Atendamos hoje às
nossas obrigações, obedecendo ao
comando de Jesus Cristo. Que ele nos
inspire as atitudes, os pensamentos, as
palavras e os atos.
Boa noite para todos vocês. E desejando-
lhes a paz divina, a fim de que continuem
na jornada terrestre com segurança e
serenidade, deixo-lhes, a todos, a minha
afeição de pai, de avô e de amigo certo.

.Antoninho
 

10

Nosso padrão militar nunca foi a


vantagem fácil

27/03/1946

Aurélio, meu bom amigo, antes de tudo


peço a Deus por sua saúde, junto de «»
Julinha e de meus netos, desejando-lhes
muito bem-estar!
Não preciso tecer longos comentários em
torno do ano que findou — período
difícil, em que a sua serenidade e
prudência foram frequentemente
colocadas à prova.
Muitas vezes, acompanhei-o, passo a passo,
as lutas, nos entendimentos, nas
conferências. Sabia que todos os
patrimônios materiais e morais da Cruz
vinham sendo ameaçados de perto.
A Cúria, em diversas ocasiões, estabeleceu
compromissos e organizou conciliábulos
secretos, no sentido de impor
modificações que perturbariam a
estrutura de nosso esforço de tantos anos de
serviço, perseverança e realização.
Outros dedicados cooperadores do plano
espiritual e eu nos orgulhamos da sua
calma e resistência na hora precisa.
A luta política no Brasil, e mormente no
Rio de Janeiro, foi sacrificial para quase
todos os caracteres formados na escola da
disciplina e do dever. E bem sei como foi
penoso o trabalho conciliatório que nas
mãos tiveram que efetuar, porquanto o
nosso padrão militar nunca foi a
vantagem fácil, trazida pelo acaso dos
favores políticos. Estruturamos nossas
concepções no caminho reto do “sim” e
do “não”, e a desarmonia administrativa
dos últimos tempos determina que você
diga “talvez” dentro de inúmeros
testemunhos de boa vontade e defesa.
É bem verdade, meu caro, que a paisagem
ainda não encoraja qualquer opinião
demasiadamente otimista. Atado à
locomotiva norte-americana, por forças
de circunstâncias implacáveis no campo
geográfico e econômico, o nosso país é
compelido a longas esferas de observação
para preservar-se como é preciso. Não
comentamos aqui a possibilidade dos
conflitos armados. Referimo-nos à guerra
oculta dos interesses financeiros, de
variadas expressões. A luta é grande e a
política refletir-lhe-á as oscilações e
dificuldades, os imprevistos e os
desacertos. Em todo setor de preservação
coletiva há que ponderar esses fatores
intangíveis. Grande cota de atenção deve
ser conferida à vigilância ativa. É por isso
que me rejubilo com a sua ação de
homem de bem e de soldado da guarda
honrosa a serviço de nossas tradições na
vida civil. Conte, meu amigo, com o
nosso concurso de sempre. Não existem
obstáculos que não possam ser
aplainados, desde que o cérebro de quem
determina esteja ligado às forças
amorosas do coração. Vamos, pois, para a
frente! Há “combates” nas ruas pacíficas
mais difíceis de serem vencidos que a
“batalha aberta” nas regiões de sangue!
É nesse conflito desconhecido que seu
espírito exercita hoje sua meditação. Nos
encontros armados, antes da equação
final, costumamos relacionar os homens e
as máquinas, os cavalos e as munições,
mas aí, nessa luta enorme e silenciosa que
você enfrenta presentemente, antes de
qualquer medida é indispensável
inventariar as reservas de paciência e
compreensão, de perseverança e
devotamento. Como vemos, a diferença é
muito grande! Espero, contudo, que
aquele Senhor do Desagravo ajude
sempre a você, orientando-lhe a marcha
para a vitória última.
Estamos satisfeitos com a sua mudança de
clima por algumas semanas. Lembre-se
de que a saúde é fundamental no
desempenho das obrigações cotidianas.
Nossos cumprimentos sinceros, pois, pelos
seus serviços à instituição que nos é tão
estimável. Em torno dela, rondam muitos
“milhafres” do interesse mesquinho.
Entretanto, enquanto puder contar com
sentinelas de sua dedicação, não existirá
perigo algum em semelhante assédio.
Deixo à Julinha os meus votos de muito
bom-ânimo na missão a que se propôs
com tanto desassombro em favor dos
cegos, e desejo a todos muita
tranquilidade, com saúde física e alegria
espiritual. N
E de nós, Aurélio, seus amigos daqui,
receba um abraço de gratidão e carinho,
com o sincero reconhecimento de nossos
corações pela consagração voluntária de
suas energias ao trabalho a que, de algum
modo, ainda nos sentimos ligados no
plano das edificações para o bem
coletivo. Que Jesus ampare as suas mãos
e o seu coração, guiando suas atividades
no benefício máximo às nossas
realizações comuns. São os votos do
velho amigo que se considera sempre seu
na vida espiritual,

.Antoninho

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se à missão


de vovó Júlia junto à Sociedade Pró-Livro Espírita em
Braille (SPLEB).
 

11

Vamos para a frente sem


desânimo e sem vacilações

17/04/1946

Meu prezado Aurélio, minha prezada


Julinha, que Deus abençoe a ambos nas «»
lutas redentoras da experiência material.
Venho, meu caro amigo, atendendo-te o
justo desejo de confabular ainda com
referência aos problemas da Cruz, que
nos absorve grande zona de idealismo
edificante. Não temas as dificuldades que
vão surgindo à margem dos caminhos de
realização. As diretrizes superiores
daqueles que te foram predecessores na
Provedoria não faltarão no instante
oportuno.
Compreendo que as questões se
multiplicam. O quadro atual, de alguma
sorte, é bem semelhante à paisagem de
1890, quando a eclosão das ideias
renovadoras da República nos compelia a
diversas transformações. Graças à
Inspiração Divina, Aurélio, não houve
solução de continuidade na execução de
nosso ministério de providência. Quando
mais acesos se faziam os combates
ideológicos entre monarquistas e
republicanos, conservadores e liberais,
católicos e positivistas, conseguimos à
força de persuasão espiritual manter Cruz
dos Militares como ilha de refúgio e
segurança, batida, embora, pelos
vagalhões da opinião pública, desvairada
ante os impulsos de mudança integral no
regime e nas instituições mais veneráveis.
O próprio Deodoro conservou diante de
nós a posição respeitosa que o nosso
velho e tradicional instituto exigia. A
Cruz, amparada por ele e por outros
beneméritos da política administrativa,
cresceu e frondejou como árvore
acolhedora e sagrada, a cuja sombra
tantos corações encontram reconforto e
carinho. Não te preocupes, pois,
demasiadamente perante os problemas da
hora que passa. Muitos amigos de nosso
plano cooperarão contigo para que as
defesas se façam eficientes e menos
vulneráveis. Mantém o teu espírito de
resolução e trabalho atento às inspirações
que fluem “de cima” e concretizarás, em
nome de nossas mais nobres esperanças, o
programa de serviços a que nos
consagramos com toda a alma. Dá-nos
ainda e sempre a tua receptividade
espiritual; através da inteligência e do
esforço perseverante, do impulso de
sacrifício e de amor à causa, e tudo
processar-se-á normalmente.
A época é de muitas medidas renovadoras
lá fora, onde os políticos sempre
continuam experimentando as teorias de
socialização e de controle dos interesses
nacionais. Entretanto, cá dentro, na
intimidade de nossos trabalhos, a
continuidade não pode sofrer grandes
alterações.
Ao antigo círculo de benefícios eventuais, à
guisa de esmolas, sucedeu-se na Cruz o
regime pensionário, que precisamos
melhorar e aperfeiçoar sempre. Ainda que
o Governo Central decrete disposições
sobre o capital das instituições
beneficiárias, medidas surgirão que
garantam a nossa orientação no serviço de
amparo aos descendentes dos
companheiros que confiaram em nós. Não
guardes qualquer dúvida ou preocupação,
a Cruz é também um grande e abençoado
lar de nossos filhos — filhos de todos
nós, que nos devotamos ao ministério da
ordem. Ainda que o idealismo nobre de
certos pensadores veneráveis não
compreenda toda a missão do homem da
espada, esse homem, reservado muita vez
aos duros labores da responsabilidade, é o
sacerdote que sustenta o direito de viver
sob a luz da justiça. O soldado, portanto,
tem o seu lugar destacado nas forças que
alicerçam a vida humana. Que
determinados grupos se entreguem em
nosso país ou em outras nações ao
instinto de domínio, isso não quer dizer
que as classes armadas sejam menos
amparadas pela Inspiração Divina na
solução de seus problemas e no exercício
de seus deveres. Jesus há de abençoar-
nos, desse modo, o propósito de caminhar
avante na execução plena de nossas
obrigações.
Nesse sentido, isto é, compreendendo que
muitas vezes serás defrontado por
enigmas e questões de interesse imediato,
aconselho-te a oração em silêncio nos
ofícios religiosos das sextas-feiras. Nestes
dias, o número de companheiros
espirituais que visitam o templo é sempre
maior, por ser também maior o número de
necessitados que aí procuram os
benefícios da fé. Geralmente, em tais
ocasiões, um de nós outros, os que te
precederam a administração, comparece
em espírito para cooperar. Em vista disso,
nessas oportunidades, será mais fácil
receberes as nossas ideias e arquivá-las
com o necessário proveito para que se
concretizem no instante exato. Vamos
para a frente, sem desânimo e sem
vacilações!
Julinha, a nossa velha amiga veio comigo e
abraça-te! N É a tua companheira fiel, que
continua ao teu lado no serviço de amparo
aos que se encontram na Terra sem a luz
do corpo carnal. Que Deus te abençoe e te
ajude nesta santa cooperação!
Aurélio, mais uma vez recebe o meu abraço
de amigo e de companheiro. Não perderás
migalha do valioso trabalho que vens
desenvolvendo a benefício da Cruz.
Chegará o momento em que observarás a
colheita do bem que plantas bem disposto
e feliz! Que nosso Senhor te ilumine as
resoluções e te guarde o espírito,
auxiliando-te em todos os minutos do
ministério em que te encontras
empenhado conosco! São os votos muito
sinceros do meu espírito que te estima
com afeição paterna,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se à


Engracinha, tia de vovó Júlia, que a inspirou para os
trabalhos em benefício dos cegos e que resultaram,
como já mencionado em nota anterior, na transcrição,
para o Braille, do primeiro dicionário em língua
portuguesa.
 

12

Imprescindível combater a
astúcia e a má-fé

22/01/1947

Prezados filhos, a todos os meus sinceros


votos de paz e boa saúde, pedindo a Deus «»
nos abençoe.
Em visita a vocês, meu caro Aurélio, desejo
significar-lhe, ao lado de Julinha, minha
comovida gratidão pelo nobre
entendimento com que se vem
conduzindo na provedoria da Cruz. Muito
satisfeito com a sua atuação preciosa,
sinto-me à vontade para comentar o êxito
de suas realizações administrativas.
Reconheço que os últimos tempos foram
difíceis. Exigiram, sobretudo, prudência e
vigilância, esforço e serenidade. E
semelhante período ainda não terminou.
Faz-se necessária muita atividade dos
colaboradores humanos, em face das
arremetidas de todas as forças que tentam
invadir a seara de nossa querida instituição.
Infelizmente, Aurélio, o ambiente do país
ainda não foi essencialmente pacificado.
A redemocratização permanece por
enquanto na esfera verbalística e se a
reestruturação da máquina governamental
apresenta as modificações indispensáveis,
tal realização se verifica muito mais pela
compressão de energias externas que de
qualquer atuação de nosso próprio meio.
O ódio e a ambição desmedida prosseguem
dominando. Determinam as catástrofes do
sectarismo político e provocam a corrida
febril aos postos de mando ou destaque. E
quem observa semelhante movimentação
reconhece que o assalto aos patrimônios
de ordem pública representa
consequências naturais de desordem
espiritual, quando se arvora em legalidade
aparentemente indiscutível. A par do
perigo que examinamos, identificam-se
igualmente as ameaças da Cúria. Os
sacerdotes estrangeiros chegam
constantemente aos nossos círculos. Em
verdade, nada temos contra eles, quando,
de fato, se fazem representantes da igreja
a que servimos. Entretanto, é
imprescindível combater a astúcia e a
má-fé, mobilizando as armas do espírito.
Espero, desse modo, que você se
mantenha firme e calmo, pronto aos
acordos que beneficiem a instituição, sem
permitir, contudo, medidas que lhe
menoscabem as virtudes, junto às
finalidades que lhe compete atender.
Somos servidores do Cristo lá dentro. Por
fora, não importa que a rotulagem seja
diversa. O mundo sempre faz longa
exposição de títulos exteriores, em todos
os sentidos. O que é indispensável é a
interna composição da ordem e do
equilíbrio, da continuidade dos benefícios
públicos e da defesa de nossos interesses
tradicionais, em nos reportando aos
militares e seus descendentes.
Agradeço, pois, sua administração serena e
construtiva, aguardando o
prosseguimento de sua prestigiosa
cooperação, dentro da fraternidade que
nos irmana. Mais tarde você participará
da colheita de alegrias, cessado o trabalho
perseverante a que se impôs como
provedor dedicado e digno.
A Cruz tem atravessado situações difíceis,
como um barco em perigo, sob
tempestade iminente. Continue sem
receio! Nossas mãos colaborarão com as
suas na tarefa laboriosa e o trabalho bem
sentido e bem vivido enche o caminho de
bênçãos.
À minha querida Julinha, o meu grande e
paternal abraço na visita da noite.
Admiro-lhe a paciência e a coragem no
devotamento à obra de amor cristão à
qual se entregou, em companhia de
Engracinha! Jesus fortaleça a ambas nesse
ministério de luz!
Comigo, meu caro Aurélio, veio o nosso
companheiro João Propício Menna
Barreto, que lhe deixa um abraço cordial.
Prossigamos para a frente, sem
desfalecer. N A vitória do serviço no bem
coletivo supera qualquer triunfo em
campanhas outras, nas quais, nem
sempre, colhemos os louros da paz de
consciência, edificação divina que
constitui para nós o maior bem! Que esse
tesouro íntimo, que tantas vezes me
confortou nos trabalhos menos fáceis do
mundo, esteja sempre ao dispor de seu
espírito, no santuário de seu coração de
homem de bem, de soldado de Deus e de
missionário do serviço edificante. São os
votos do velho amigo que se despede com
carinho paternal,

.Antoninho

[1] Nota da Organizadora: Sobre a entidade espiritual,


João Propício Menna Barreto, não nos foram dadas
maiores informações.
 

13

Entrelaçar corações e
pensamentos em torno de Jesus
Cristo

05/05/1948

Meu caro Aurélio, minha prezada Julinha, «»


Deus lhes conceda muita saúde e paz,
bem-estar e bom-ânimo, abençoando-os
junto de quantos nos são queridos ao
espírito nos caminhos da vida.
Venho visitá-lo, especialmente, meu
estimado Aurélio, trazendo-lhe ao
coração a certeza de nossa aprovação às
suas realizações na Cruz. Com razão, o
título de benemérito lhe cabe ao nome de
amigo devotado da instituição confiada
ao nosso carinho e vigilância.
Não pode calcular o contentamento de seus
amigos deste plano, pela receptividade
que demonstrou nos últimos tempos,
quando nos foi necessário, tantas vezes,
terçar armas silenciosas de vigilância
contra as surpresas desagradáveis que nos
ameaçaram a organização. Felizmente,
seu espírito prevenido e generoso não
dormiu nas ocasiões difíceis. Nosso
patrimônio foi preservado, nossos
programas cumpridos. As lutas da
atualidade exigiram a presença de uma
observação acurada quanto a sua,
habilitada a penetrar na intimidade dos
problemas. Tão grandes, Aurélio, foram
os serviços que o seu devotamento nos
prestou à causa que, sinceramente,
lastimamos sua compulsória retirada da
Provedoria. As exigências orgânicas,
contudo, assim reclamavam. Aceite, meu
amigo, este período de repouso, com a
resignação do soldado que se vê
compelido a respeitar superiores
injunções. Sei quanto lhe pesa a
obrigatoriedade do descanso. Sua
formação não se compadece com a
poltrona permanente. Precisa de
movimentação, de atividade, serviço e
luta. Entretanto, momentos surgem nos
quais devemos ceder aos imperativos da
vida e da experiência humana. A hora
recomendava certa inatividade para o seu
campo físico e esperamos esteja
tranquilo. Aqui estamos, pois, a fim de
felicitá-lo pelas duras batalhas sem
sangue que sustentou, garantindo-nos a
integridade da Cruz que ampara os
militares do Brasil. Seus testemunhos de
inteligência não foram menores que os
seus sacrifícios pessoais e orgulhamo-nos,
com lealdade, de sua cooperação digna e
eficiente. Seus antecessores sentem-se
honrados e felizes pelo concurso que nos
trouxe a continuidade da obra de
benemerência, espiritualidade e educação
através do tempo. Agora aguardamos que
se refaça para retomar o leme. Quem,
como nós, não sabe viver com a vocação
da disponibilidade encontra razões de
serviço em toda hora e em toda a parte!
Temos muito a fazer e não podemos
prescindir da colaboração de sua
companhia e de sua elevada
compreensão. Achamo-nos diante de um
mundo em indescritível perigo! Todas as
nossas forças espirituais, nos planos
superiores, permanecem conjugadas no
sentido de adiar a nova conflagração
planetária — porque uma terceira grande
guerra, neste século, significará a morte
de muitos milhões, com o apagar de
grandes luzes da civilização que nos
custou séculos de suor e renunciação com
vigilância e lágrimas. Entretanto, não
duvide. A hora mundial é muito grave e
não podemos olvidar a necessidade de
entrelaçar corações e pensamentos em
torno de Jesus Cristo. Reconheça, pois,
que não o sentimos por soldado distante e
sim por batalhador em pequena trégua,
pronto a reassumir o posto na primeira
oportunidade. Guarde a tranquilidade no
espírito e descanse nas montanhas
mineiras com o proveito possível,
convicto de que fez por merecer a ternura
fraternal com que por nós, seus
companheiros de abençoada luta, é
seguido de muito perto.
Quanto esteja ao seu alcance, não se afaste
espiritualmente da Cruz. Distribua sempre
os valores de sua experiência e de sua
inspiração. O progresso de uma
instituição aumenta a série dos problemas
e das dificuldades no setor da prevenção e
da defesa. Nossos amigos não podem
dispensar-lhe os sãos conselhos.
Muito contente, portanto, deixo-lhe o meu
abraço de amigo, agradecendo ao Senhor
a alegria de haver encontrado em sua
dedicação o concurso de um filho, que
por mais de 40 anos me estende os braços
com a devoção e a espontaneidade de um
grande e abençoado entendimento.
A nossa abnegada irmã Amélia continua
prestando toda a assistência necessária à
sua saúde e pede-lhe serenidade e
confiança. N Graças a Deus, a tormenta
que lhe obscureceu o caminho em
setembro e outubro de 47 cedeu lugar à
paz que todos nós desejávamos.
Engracinha, presente, pede-me assinalar
seus votos de boas-vindas à Julinha,
prometendo escrever depois.
Peço ao supremo Senhor que nos proteja a
todos e nos conserve os corações em sua
santa paz. E renovando-lhes os meus
votos de muita paz e bem-estar, reúno-os
num grande abraço de afeto e
reconhecimento,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se a Amélia,


minha bisavó materna, mãe do vovô Aurélio.
 

14

O Exército é também uma


instituição de Fundamentos
Divinos

12/05/1948

Meu amigo General Aurélio, Deus nos «»


abençoe e fortaleça a todos. Todo o
serviço nobre é uma associação entre
amigos encarnados e desencarnados. A
morte é uma compulsória de
interpretação difícil, mormente quando
nos falece o preparo espiritual. Contudo,
não nos exonera das obrigações de
evoluir, purificar e aprender. Bem-
aventuradas são as suas cogitações no
terreno espiritual! Constituem para seu
espírito operoso e empreendedor uma
riqueza de características eternas!
Pudéssemos todos receber na Terra a
necessária iluminação, em nos referindo
às claridades do Evangelho redentor, e
outra situação seria a nossa na esfera
nova a que fomos chamados. O Exército é
também uma instituição de
fundamentos divinos. Por vezes, o
soldado ensarilha as armas no chão do
mundo para aprender a rezar fora do
corpo físico. Entretanto, os valores da
disciplina construtiva não se perdem
nunca! Graças rendamos ao Supremo
Poder pelas bênçãos que nos permitem
reunir aqui os nossos sentimentos e
pensamentos. Siga seu brilhante caminho,
meu amigo! Não é preciso que estejamos
na carne para trocar vibrações de simpatia
e reconhecimento. Somos aqui tão
somente viajores que se afastaram da
retaguarda. Da frente de combate em que
nos unimos, saudamos seu coração de
soldado e de homem de bem.

.Roberto Ferreira
 

15

A realização que nos cabe é


infinita

12/05/1948

Meu estimado General Aurélio, honro-me


de participar da visita desta noite! É uma «»
hora de amizade, de recordação, de
alegria!
Não somos reformados. Achamo-nos nessa
ativa permanente do bem, que a sua
prodigiosa capacidade de trabalho jamais
abandonou.
Creia sempre, cada vez, mais nas próprias
forças. Não há decreto que nos imobilize,
quando nos sentimos dispostos a servir.
Confie nos seus amigos espirituais e não
esmoreça! A realização que nos cabe é
infinita!
Boa noite.
O nosso amigo Pêgo Junior está presente e
pede para nós todas as bênçãos divinas.
.Francisco de Paula Argollo
 

16

Os sentimentos são os mesmos

12/05/1948

Meu prezado General Amorim, os dias


correm apressados! As experiências
desaparecem. Os sentimentos são os «»
mesmos, contudo! Há, porém,
renovações a que não podemos fugir.
Colaborando hoje com o Marechal Pêgo em
outras zonas e em outros setores,
reconheço quanto tempo perdi no mundo.
Como é perigosa a honraria prematura e
quão doloroso é perder o fruto antes do
amadurecimento. Recolhi aqui
desenganos tão profundos, e encontrei
tempestades tão grandes, que só a
modificação espiritual me poderia salvar.
Esta renovação me auxilia presentemente
a entender melhor o concurso dos
verdadeiros servidores do bem.
Seja feliz, General, trabalhando na extensão
do bem. É a condecoração que realmente
não nos escapa do peito. As outras, as que
aí cobicei com tanto empenho, nem
sempre permanecem conosco depois de
atravessadas as fronteiras de cinza.
Adeus! Esperamos que a Cruz dos Militares
continue sendo forte devedora ao seu
esforço generoso de amigo das nossas
instituições. E que seu espírito persevere
na abençoada luta de realizar sempre o
melhor para o bem de si mesmo e dos
outros, são os votos do seu fervoroso
admirador,

.Bebiano Sérgio Macedo da Fontoura


Costalat
 

17

Construir com a eternidade

12/05/1948

General amigo, os mortos não existem.


Ressurgimos sempre. Do Fundo escuro
da noite, o dia renasce. Este, meu amigo, «»
o nosso destino! Viver sempre! Lutar
incessantemente. Construir com a
eternidade. Engrandecer o começo e
seguir até o fim, na batalha pela vitória
final do bem.
Cooperamos com aqueles que o assistem na
tarefa de benemerência. A Cruz dos
Militares no Brasil é um santuário, onde
nos refazemos para a obra redentora.
Deus lhe multiplique os dons da saúde e da
inteligência, a fim de que prossiga na
vanguarda de quantos se desvelam
patrioticamente pelo bem-estar dos
companheiros mais humildes, enquanto a
força e as possibilidades se mantêm de
nosso lado.
Estamos em visita ao benemérito irmão,
que tanto realizou e vem realizando na
Provedoria. Conte conosco.
Permaneceremos firmes ao seu lado, em
testemunho de nossa gratidão e amizade.

.José Antonio Correa da Câmara


 

18

Dar significa mais que receber

12/05/1948

Paz de Deus a todos. Meu amigo General


Amorim, associamo-nos aos votos de
bem-estar que nossos companheiros lhe «»
trazem. Expressam, sobretudo, nossos
agradecimentos pelos seus serviços à
Cruz dos Militares, onde tantos ninhos de
militares encontram reconforto, auxílio,
estímulo e pão.
Servir, hoje, meu caro, para nós é muito
mais que combater. Dar significa mais
que receber e sacrificarmo-nos é uma
glória mais alta que a da vitória. Suas
forças valiosas, dadas a benefício de
nossa venerável instituição, representam
fontes de suprimento da Espiritualidade
Superior. Suas energias, por isso mesmo,
serão sustentadas por nós agora e sempre.
Exprimindo-lhe a nossa admiração e
amizade, subscrevemo-nos igualmente
comovidos; com um abraço cordial de
gratidão,

.Francisco Antonio de Moura


 

19

Seduzido pelo trabalho espiritual

04/06/1948

Meu prezado amigo General Amorim, Deus


nos abençoe a todos.
Francamente seduzido pelo trabalho «»
espiritual de vários amigos nossos, em
torno de suas convicções espiritualistas,
venho igualmente trazer-lhe a minha
visita, esforçando-me, qual Faço agora,
por entrosar sentimentos e realizações na
Doutrina consoladora que nos irmana,
presentemente, os impulsos da fé.
Compreendo que a penetração do idealismo
superior que o Espiritismo nos trouxe não
vem ao acaso, no jogo das circunstâncias.
Pode acreditar que nosso objetivo no
Brasil é despertar as classes armadas,
sobretudo, no momento, em mais altos
princípios de vigilância. Aperfeiçoar
nossa terra nos impositivos do progresso
material é, sem dúvida, inestimável
serviço. Contudo, prepará-la, diante do
futuro, revigorando-lhe os fundamentos
morais em bases sadias de Cristianismo
renovado, é tarefa ainda mais nobre, mais
elevada! Sentimo-nos à frente de questões
que transcendem nossa capacidade de
expressão no verbalismo comum. A Terra
é um fogareiro de vastas proporções e
ninguém pode prever os efeitos da crise
formidável que pesa sobre caracteres e
administrações. Pudéssemos, meu amigo,
e reviveríamos na demonstração física
para veicular o conhecimento novo.
Necessitamos formar novo tipo de
soldado — que saiba lutar dignamente,
sem armas na mão, todavia, habilmente
adequado, no campo interior, à vitória do
bem na vida particular e nas massas do
povo.
General, não tenha dúvida! A luta é muito
grande! Não é sem significado nossa
visita a esta casa de trabalho espiritual,
onde seu espírito se retempera.
Estimaríamos falar perante o plenário dos
companheiros, expressar-nos de público.
Entretanto, as condições agora são outras.
Não é possível utilizar os mesmos
processos da experiência humana. Creia,
porém, que nos sentimos felizes com a
possibilidade de trazer-lhe nossos
pensamentos em silenciosas
confabulações.
Um país não é somente grande pelo esforço
dos que se acham “vivos na carne”, mas
também pela dedicação de quantos se
converteram pela morte, em “vivos de
espiritualidade”. E conversar com um
amigo é dirigirmo-nos a muitos, em
sentido simbólico. Não lhe cause
estranheza, portanto, as nossas visitas
Fraternais. O serviço assim exige.
Somos diversos cooperadores a
contribuírem pela elevação do nível
espiritual das nossas organizações
militarizadas. Estamos convictos de que o
Exército não é infenso à missão
admirável que o Brasil desempenha na
comunidade americana. Nossas tradições
de trabalho e paz e, sobretudo, o
devotamento com que inúmeros de nossos
camaradas se consagram à causa
espiritualista e cristã nos bastidores de
nossa vida pública, revelam, de modo
inequívoco, o entendimento de nossos
valores armados, quanto à renovação
evangélica do mundo, abençoado serviço
de que nossa terra e nossa gente se fazem
líderes preciosos junto a todos aqueles
filhos enobrecidos de outras nações e de
outros climas, que não enxergam outra
solução para a concórdia e para a
felicidade humanas fora de Jesus Cristo.
Receba, pois, meu amigo, as nossas visitas,
consciente da finalidade superior com que
nos movimentamos. Aprendemos hoje
que a defesa da humanidade em seus
patrimônios de progresso e sublimação é
o trabalho mais imediato que nos cabe
desempenhar.
Vibre conosco ligando, como sempre, seus
pensamentos aos nossos! Precisamos
dilatar a fileira de colaboradores e dos
amigos de ideal para a “cruzada” sem
sangue que, do Alto, buscamos mobilizar,
em favor de uma nação mais elevada para
um mundo melhor.
Nossa simpatia pelo valor de sua fé
representa movimento espontâneo de
quem lhe conhece a firmeza de caráter e a
serenidade da consciência edificada e
cristalina.
Que Deus nos abençoe os propósitos de
trabalhar, melhorar e servir. Com os meus
votos fervorosos de paz e saúde, seu
admirador e amigo reconhecido,

.Júlio Anacleto Falcão da Frota


 

20

O processo de transição da Terra

02/07/1948

Meu caro Aurélio, minha prezada Julinha,


Deus nos fortaleça e abençoe a todos.
Coube-me a satisfação de trazer-lhes o «»
abraço da noite em nome de muitos dos
nossos companheiros e amigos presentes.
Que o nosso divino Médico lhes conserve
a alegria, a saúde e a paz!
Você, meu estimado Aurélio, prossiga
cuidadoso no que se refere às escadas,
porque, com a graça do Senhor, sua
posição física está plenamente restaurada,
compelindo-nos à cautela precisa na
manutenção dos bens recebidos.
Continue operoso e firme, ao lado da Cruz.
O conselho médico é bem inspirado.
Entretanto, não considere por definitivo o
seu afastamento da Provedoria.
Reclamamos, realmente, mais tempo para
a concretização perfeita de suas melhoras.
Um trabalhador e administrador do seu
quilate não pode ser esquecido e as suas
forças na cooperação generosa de sua
firmeza, operosidade e inteligência são
muito preciosas para o desenvolvimento
constante de nosso trabalho. Isto,
contudo, não nos deve inspirar a “mística
da enfermidade”. Logo que as suas
energias permitam, voltaremos juntos ao
campo das sagradas obrigações em que
nos achamos tão profundamente
irmanados. E embora distante das ordens
oficializadas da instituição, ajude os
companheiros, quanto estiver ao seu
alcance, através dos pareceres e alvitres,
na emissão dos quais não lhe faltará a
nossa assistência. Sempre que surgir
alguma dificuldade, não só quanto à Cruz,
mas também com respeito a qualquer
problema imprevisto, concentre o seu
pensamento no velho amigo. Estarei
espiritualmente ao seu lado, contribuindo
de alguma sorte nas soluções necessárias.
Não precisamos, de modo fundamental, da
mediunidade de uma terceira pessoa, a
fim de transmitir os nossos pensamentos.
A nossa comunhão mental é muito mais
intensa que qualquer entendimento por
viva conversação humana e estamos
certos de que não nos faltará a
possibilidade para a conclusão de
qualquer plano em que o meu concurso
humilde venha a ser lembrado. Conte
comigo incondicionalmente.
Quanto a você, Julinha, reitero-lhe as
esperanças com que a sua tarefa de
beneficência vem sendo acompanhada por
parte de todos nós. Os dias da Terra
escoam-se rápidos e é necessário estar
aqui, quanto estou, para sentirmos, de
perto, a brevidade da experiência humana.
Todos nos sentimos felizes com o seu
abençoado serviço aos cegos e esperamos
que a sua sementeira no bem cresça e
prospere cada vez mais!
Convençam-se todos de que estamos sendo
impelidos a trabalho maior na redenção
do mundo. Embora imperceptível para
vocês, o processo de transição da Terra
é mais rápido e acelerado do que possam
supor. Os bons servidores das causas
edificantes permanecerão cada vez mais
sobrecarregados de obrigações. A hora é
de grandes lutas e devemos proceder à
maneira das abelhas trabalhadoras e
dignas, que convertem a obediência em
lei. E, em nosso caso, a disciplina ante a
vontade do Supremo Senhor é cinquenta
por cento de acerto em todas as questões!
Felicito a ambos pelos recursos de saúde e
reconforto que armazenaram no
abençoado lar de meus netos. Nossa
alegria é espontânea e duradoura,
sentindo-lhes a sadia disposição de crer
no porvir sempre mais iluminado e feliz.
Desejando-lhes muita paz, extensiva a todos
os que lhes seguem os caminhos diários,
abraça-os, afetuosamente, o amigo e pai
reconhecido,

.Pêgo Junior
 

21

A maré passa e o mar fica

17/09/1948

Meu caro Aurélio, Deus nos abençoe a


serviço do bem.
Compreendo-lhe os problemas e lutas «»
íntimas dos dias que correm. Todavia,
meu caro, não se deixe abater ante a
volubilidade dos homens e dos
acontecimentos.
Você não é só o valoroso soldado da Cruz.
É também o benfeitor e amigo de nossa
venerável instituição, nas horas certas e
incertas. As dificuldades decorrentes da
incompreensão de alguns companheiros
funcionam em favor de sua saúde e de
suas necessidades de reajustamento
orgânico. Moralmente, não abandone o
assunto por liquidado, porque em
lutadores de nossa estirpe a
combatividade pelo bem não deve cessar,
mas, socialmente falando, conceda tempo
ao tempo. A experiência é a mestra de todos
e reparte ensinamentos a cada um no
momento preciso.
Tranquilize os companheiros e continue
oferecendo à Cruz seu apoio eficiente e
firme, de consciência feliz e fronte
erguida. A calúnia, a perseguição gratuita,
a ingratidão e a maldade são forças das
trevas que tudo procuram corromper.
Conheço-os de perto e assevero a você,
meu amigo, que a serenidade da prece
constitui a nossa fortaleza defensiva
contra elas. Prossiga seu caminho,
confiando no Supremo Juiz, convencido
de que a maré passa e o mar fica.
Acima de tudo, Aurélio, conserve a sua paz.
Continuaremos a fazer por nossa
instituição venerável quanto possível!
Jesus reina e, com ele, prevalecem a
harmonia e a justiça.
Temos trabalhado, mormente sua mamãe,
na devolução do bem-estar ao seu coração
de homem de bem, em face da visita que
o passado lhe fez nos últimos tempos.
Entregue-nos essas preocupações e
acalme o mundo íntimo. Um homem
nunca pode voltar aos caminhos que
trilhou em criança com as mesmas vestes.
A paisagem é sempre real, principalmente
quando estacionária em pleno campo da
vida, mas o viajor oferece outro aspecto.
Sempre que a sua cooperação for
solicitada por necessidades justas,
ampare, auxilie e continue a sua marcha,
mesmo porque você tem sido o pai
abnegado de muita gente. Entretanto, não
permita que os apelos à evidência social ou
o propósito de vantagens imediatas lhe
perturbem o coração. Estamos a postos e
auxiliaremos a você na solução de todos
os problemas.
Meu abraço à Julinha pelo natalício. N E
confiante em sua elevada visão do
caminho, abraça-o muito afetuosamente o
velho amigo, sempre seu pelo coração,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Vovó Júlia aniversariou no


dia 15 de setembro, completando, naquela data, 69
anos.
 

22

A hora é de “força por dentro”

20/10/1948

Meu caro amigo, General Aurélio, a paz do


Senhor permaneça conosco.
Valho-me das oportunidades para fazer-lhe «»
sentir a continuidade de nosso interesse,
do nosso carinho. Em momento algum
nosso irmão devotado esteve só!
Revezamo-nos, com a satisfação de sua
presença, embora lamentando a
impossibilidade de vê-lo na “ativa
desejada” por enquanto, a fim de prestar-
lhe culto de nossa amizade fiel.
Não suponha, meu amigo, que a nossa
instituição esteja circunscrita ao campo
do Rio. É mais extensa, mais alta, mais
segura. Desculpe quantos lhe negaram
compreensão quando nos últimos
acontecimentos domésticos de nossa
Casa. Cremos que a miopia de alguns
Funcionou em nosso benefício, porquanto
não seria agradável expor-lhe o nome, num
caso como o presente, em que o seu
tratamento exige paz e serenidade à
intromissão possível de desafetos
gratuitos. Seu coração, mais do que
nunca, permanece tranquilo e agora,
General, o instante requer meditação e
calma. Suas conquistas espirituais nestes
dias são enormes! Quase que diariamente
recebo o “boletim da amizade”, com as
notas alusivas ao seu processo de saúde
orgânica. Nossos médicos demoram-se
igualmente a postos, acompanhando-lhe a
movimentação restauradora. O seu
programa, cheio de valiosos itens de
firmeza e decisão é o melhor possível. A
hora é de “força por dentro” e estamos
certos de que a sua energia, como sempre,
não esmorecerá. Não duvide da vitória
que nos orienta os passos. Prossiga, sem
receio, alimentando a esperança no
triunfo que é nosso. Pensamento ativo,
corpo repousante e alma corajosa há de
ser nossa senha, até que atravessemos o
túnel do minuto que vai passando.
Guardamos grande confiança no
tratamento dos olhos e com os recursos
doados, a renovação do sistema
circulatório, é de esperarmos os melhores
resultados nos próximos dias.
Somos muitos em companhia de um amigo
e contamos em que esse amigo, que é
você mesmo, se sinta ao nosso lado,
integrando-se com a nossa fé e confiança
na vitória final. Para diante, contra
qualquer esmorecimento!
Hipotecando-lhe a nossa estima de sempre,
envio-lhe um abraço forte, de coração a
coração,

.Severiano
 

23

Saber cumprir ordens, como


poucos

26/01/1949

Meu prezado Aurélio, Deus abençoe a você


e à Julinha, junto de meus netos, «»
permitindo que a luz divina reine para
sempre em nossos corações.
Estamos ao seu lado nestes dias de luta
mais íntima. A batalha é sempre maior
dentro do forte. Você já comandou e
conhece semelhante verdade. Enquanto
os conflitos se verificam, na praça aberta,
com ruídos exteriores de máquinas e
infantaria, golpes e vozes diferentes da
nossa, é mais fácil arrostar o perigo.
Chega, porém, um tempo, meu caro
Aurélio, em que somos chamados a
combater dentro de nós mesmos e a
vitória depende da galhardia com que
empunhamos as velhas armas da
serenidade, da fé viva, do bom humor e,
sobretudo, do entendimento. Aí a luta é
realmente mais porfiada!
Atravessamos passagens das mais difíceis.
Despenhadeiros interiores se nos
desdobram aos “olhos da mente” e
reclamamos cooperação do comando “de
cima” para não perder na prova.
Você, graças a Deus, é um bom soldado.
Conhece os percalços da disciplina e sabe
cumprir ordens, como poucos! Estamos
satisfeitos e envaidecidos de sua coragem
e de sua compreensão! De modo algum se
suponha privado de trabalho! Você está
servindo valorosamente à nossa causa e
prosseguirá sempre mais forte e mais
eficiente. O boletim do seu exemplo
edificante, nestas semanas últimas, lhe
honra os títulos e todos nos rejubilamos
com a sua vitória íntima, inestimável
pelos valores espirituais que projeta.
Não se sinta preocupado, excessivamente,
em torno dos problemas da Cruz. Cada
companheiro deve realizar a sua parte na
administração e na obediência, e a sua
posição atual não é de afastamento e sim
de pausa natural. Tudo se processou em
ordem e não houve qualquer omissão em
nossos trabalhos de vigilância e defesa.
Compreendíamos a sua necessidade de
férias compulsórias e a substituição foi
atendida sem alarde! Não desejávamos
que o seu cérebro, na atualidade,
permanecesse sobrecarregado de
problemas e questões, nos quais a
interferência de terceiros complicasse as
soluções devidas.
Assim, meu filho, satisfaça aos imperativos
de repouso e não perca a sua
oportunidade de meditar. Vemos nos
quadros do momento o que nos sucede.
Você não enfrenta um problema de
extinção das energias e sim um hiato da
força para que as próprias forças se
refaçam.
Apaga-se a luz por um momento, por
exigência da natureza, mas volta a mesma
claridade, através de uma vela para
recuperar-se, em seguida, plenamente, no
mesmo tom de brilho e na mesma
vivacidade. A hora é, certamente, de
combate, porque soldado quando pensa
sofre muito mais do que quando guerreia
e eu conheço o assunto por experiência
própria.
O campo nunca me abateu o ânimo, mas o
gabinete, na maioria das vezes, me afligia
e amargurava! Esperamos, porém, que
tudo se resuma ao tratamento de uns
tantos dias. Logo após você retomará a
sua posição de chefia e seguiremos
adiante.
Muitos amigos de nossa venerável
instituição se desvelam por sua
recuperação, de ordem geral. Não nos
cansamos de colaborar, de algum modo,
para que o benemérito companheiro de
lides edificantes nos sinta a presença
espiritual, através da calma e da
resistência com que a luta vai sendo
liquidada por seu esforço. A vida humana
em si, meu prezado Aurélio, é uma
contenda importante e quando a
experiência se mistura com os imperativos
da saúde, o conflito é sempre mais vasto,
mais duro, maior!
Não se abata, porém. Mobilize, na fortaleza
do cérebro e do coração, as sentinelas da
fé renovadora da confiança em nosso
Senhor Jesus e em seus amigos daqui e do
plano terrestre, e verá que o triunfo
natural não será tão demorado quanto à
primeira vista parece. Guarde o espírito
claro, as ideias serenas, o sentimento
firme e continuaremos a viagem. O porto
do reajustamento surgirá dentro em breve.
Quero agradecer as suas lembranças
carinhosas ao meu nome e as humildes
intercessões de minha boa vontade.
Estamos juntos como não podia deixar de
ser e “não nos perca de vista” em seu
pensamento. Permanecemos muito mais
unidos agora que você tem sido obrigado
a excursionar, com mais assiduidade, nos
campos da meditação e da procura
espiritual.
Muito satisfeito com a nossa Julinha, peço a
Deus a abençoe pelo reconforto que a sua
ternura nos oferece. Lembro-me de antigo
autor, que nos afirma, com muita
propriedade, que “a mulher sempre é
mãe” e sinto justificada alegria em
reconhecendo na filha querida, que o
Senhor a você confiou por esposa, um
gênio maternal para todos nós!
Espero que a alegria e a paz reinem em
nosso círculo hoje e sempre! Deixando-
lhes as minhas visitas afetuosas, pede ao
divino Médico por seu restabelecimento e
pela sua paz e bom-ânimo, junto de lulinha
e de todos os nossos, o velho amigo de
sempre,

.Pêgo Junior
 

24

Médico espiritual

02/02/1949

Meu caro General Aurélio, boa noite, com


os meus votos de muita paz a todos.
Amigo de seu trabalho em favor dos «»
militares, nossos irmãos, não podia
furtar-me ao prazer de cooperar na
solução ao problema de assistência à sua
saúde.
Claro que o companheiro de muitos não
poderá viver sem a gratidão de muitos
outros e, na verdade, somos um pequeno
exército afetivo, laborando por alimentar-
lhe as forças, restaurando-as como se faz
preciso.
Temos aqui vários amigos de sua estimada
família. Entretanto, por ser médico
espiritual, em tarefa de colaboração no
seu tratamento, constrangeram-me todos
a falar consigo, sendo esta a razão pela
qual sou eu o visitante direto desta noite,
esperando me desculpem o comparecimento
improviso.
Felizmente, suas energias nos
correspondem à expectativa, em virtude
de sua elevada capacidade de resistência
moral. Conheço, por experiência própria,
o que lhe ocorre. As campanhas mais
difíceis se ser vencidas são aquelas que as
circunstâncias estabelecem dentro de nós
mesmos. Mas ainda falecem as reservas
de coragem, serenidade e paciência…
Não creia que os muitos remédios nos
ofereçam grandes vantagens. Há ocasiões
em que a medicação é favorável numa
porta e intrusa em outra, na intimidade da
casa orgânica. Os modos e os processos
espirituais de luta, acima de tudo, são os
nossos recursos curativos mais
importantes!
Quanto lhe seja possível, rememore as
palavras e alinhe-as na sua imaginação
como se estivesse conversando
animadamente para reeducar o centro da
fala e ordene com vagar os seus
movimentos para que lhes não falte o
ritmo regular. E mormente, em se
tratando de degraus, não use muito a
decisão e aceite, quanto possível, o
concurso alheio. Assim é necessário para
que o acidente experimentado seja
esquecido pelas forças orgânicas
propriamente consideradas. A melhor
medicação nesta hora é a que vem pondo
em prática com tanto proveito e que se
define na calma e na conformação com
que vai enfrentando os fatos. Essa pausa
era necessária e quando tornar ao império
ativo de suas determinações de militar e
administrador recolherá os benefícios que
vem sendo constrangido a receber.
Tenho efetuado exames meticulosos de seu
estado geral e afirmo-lhe que os nossos
prognósticos são claramente otimistas.
Aguardemos o tempo, aplicando-nos as
medidas aconselháveis, até que o Poder
Maior nos modifique o roteiro. Sou de
opinião que a intensidade de verdura, com
redução de carnes e óleos, é providência
que só fará bem à posição geral. E não se
detenha em pensamento nos quadros
menos alegres da viagem terrestre.
Centralize a atenção na confiança, na
alegria e na certeza de sua consagração
pessoal ao bem e não se arrependerá! Não
há hora de crepúsculo para quem confia a
mente ao brilho da alvorada. Esperemos,
confiantes em Cristo, o dia de amanhã,
que é sempre novo pelas novidades
benéficas que podemos tecer no mundo
de nós mesmos. Recorde a Cruz que nos é
tão cara e a sua digna provedoria tão
somente nos ângulos encorajadores e
edificantes. Não pense nos inimigos
potenciais e sim nos amigos positivos que
adquiriu em derredor de seus trabalhos
enobrecedores.
Se há alguém lá dentro, interessado em
política menos apreciável, reconforta-nos
a convicção de que o seu ministério tem
sido de construção, preservação,
crescimento e inteligência. Somos muitos
os companheiros da sua ação benemérita
a velar por seu programa e por sua pessoa, e
aguardamos a bênção do Senhor em
nosso benefício.
A hora reclama isenção de ânimo em favor
de suas melhoras francas. Não há campos
de serviço definitivamente abandonados.
Quando o trabalhador é capaz, fiel e
digno, há sempre um campo maior e rico
à espera dele e quando esse abençoado
servidor renuncia ao Mais Alto, por amor
aos que permanecem embaixo, o campo
predileto continua dignificado por sua
dedicação. Este é o seu caso. Tendo dado
tudo à nossa instituição venerável, não
pense que o seu esforço jaz vazio. A obra
prossegue. E os lutadores que descansam,
por alguns dias, regressarão à lide para a
vitória real! Deus lhe refaça as forças,
permitindo-nos o contentamento de seu
acesso à batalha de novo. Um soldado
não tem, nem pode ter, para com outro
soldado outra linguagem que não seja esta
de confiança, estímulo, calma e valor
silencioso e ativo.
Com os meus votos ardentes pelo seu
integral reerguimento físico, e
cumprimentando-lhe os familiares que
aqui se reúnem, sou o seu amigo,
companheiro e admirador,

.Ismael da Rocha
 

25

O leme expresso na mente

23/03/1949

Meu caro amigo General Aurélio minha


cordial saudação a todos, desejando-lhe a
continuidade do bom-ânimo e bem-estar. «»
Estamos, sinceramente, confortados com
o carinho fraterno que passou a dedicar-
nos depois de nossa despretensiosa carta
neste santuário familiar. E agradecemos
não somente as suas demonstrações de
estima e de apreço, mas igualmente as de
seu genro-filho, cuja amizade
confortadora nos tem sido útil. N
Não tema os acidentes naturais do processo
de tratamento a que vai se submetendo,
gradativamente. A existência terrestre,
meu caro, pode ser simbolizada na
viagem fluvial tão de sua intimidade na
região que o viu renascer desta vez!
Enquanto o barco físico desce rio abaixo,
não é preciso grande cuidado no leme ou
na conta de tempo, em razão das
circunstâncias favoráveis que apoiam
qualquer descida. Mas quando a
embarcação retorna, rio acima, nem
sempre é possível contar com os mesmos
recursos fáceis! Por vezes, a hora é de
seca extrema e de vento escasso…
Bancos de areia surgem, inexoráveis!
Dias e noites são despendidos nos
intervalos da romagem no leito menos
acolhedor das águas. É indispensável
muita cautela contra as tentações que nos
induzem à internação pelos matagais que
fluem das margens. Muitos viajores
perdem a ocasião de esperar com
paciência e lutar com renúncia. O leme
expresso na mente há que ser trabalhado,
viajado e usado em processo de trabalho
intensivo. Daí, meu caro amigo, as
experiências da hora que passa para o seu
precioso navio corpóreo, que vai subindo
no dorso das águas serenas e amigas.
Digo serenas e amigas porque seu espírito
valoroso possui verdadeiro refúgio contra
a tempestade que lhe assedia
presentemente a jornada brilhante. A
embarcação segue, rio acima, reclamando
naturalmente mais suor e mais serviço na
movimentação justa. Entretanto, quem
conduz consigo valores tão altos de fé
viva e confiança segura nos próprios
destinos não pode, nem mesmo de leve,
abandonar-se à sombra da tormenta.
Esteja convido de que nós venceremos!
Temos estado com a sua admirável
enfermeira espiritual, posição essa
escolhida na atualidade por aquela que lhe
foi venerável progenitora na esfera carnal,
e assinalamos profundamente confortados
as suas melhoras positivas no estado
geral. N Os passes em casa,
condimentados no espírito doméstico do
amor que lhe une os descendentes,
produziram resultados edificantes.
O centro da Fala e os órgãos da visão
revelam disposições louváveis no
reajustamento que esperávamos e,
francamente, os aspectos da luta a que foi
conduzido são hoje os mais encorajadores
aos nossos olhos!
Somos de parecer que deva prosseguir nos
exercícios mentais a que já nos referimos
para acordar as células e fibras na obra de
reeducação dos impulsos e mecanismos.
Isto é muito importante — pensar
vagarosamente e com clareza para
projetar, sem receio e sem aflições, os
seus próprios pensamentos através da
palavra meditada, sentida e lentamente
articulada. E como nos cabe também o
dever de cooperar nas sugestões da volta
ao Rio, somos de opinião que a sua
permanência não seja, nesta altitude,
superior a três meses. Em abril próximo,
poderá atender às suas necessidades de
regresso nesse quadro de tempo.
Creia, contudo, que o seu revigoramento
fisio-neuro-psíquico é indispensável!
Suas energias, seus recursos orgânicos,
seu humor e a sua capacidade de auto-
refazimento lucraram sensivelmente nesta
visita aos filhos! De nosso lado,
continuaremos ao seu inteiro dispor,
colaborando com sua maternal
enfermeira, na obra agradável de
reerguimento de suas forças gerais. De
novo, na capital da República, entretenha
o pensamento em passeios úteis e
recreativos, e não se sobrecarregue de
excessivos cuidados. O repouso por lá é
uma tecla em que o seu próprio coração
deve insistir com calor. Por agora não lhe
convirá muita atividade na instituição que
lhe é e nos será sempre venerável e
querida a todos — a Cruz dos Militares.
A administração humana da Casa, com os
seus percalços e dissabores espontâneos,
não deve interferir, de pronto, nas
melhoras obtidas e consolidadas.
Consagremo-nos à dilatação e
conservação delas! Eu sei que o soldado
que se levanta na guerra dificilmente se
afasta da posição combativa. Entretanto, o
interesse geral reclama esse descanso
compulsório de suas forças para que a sua
cooperação regresse mais preciosa e
fundamental na hora em que puder
retomar o seu posto na orientação
amplamente.
Não veja qualquer impertinência de nossa
parte nestes lembretes. Guarde-os por
avisos médicos e de médico que andou
igualmente fardado, conhecendo de perto
o valor e o fascínio de uma paixão digna e
brilhante como a que lhe ferve no peito de
lutador, que sempre desconheceu a
disponibilidade e a reforma no interesse
dos seus companheiros. Lembre-se, no
entanto, que o grande acidente é de ontem.
Setembro é um passado excessivamente
próximo e ante o volume das melhoras
que já conseguiu aguardemos mais tempo
na posição de reajustamento benéfico.
Nossa visita respeitosa aos seus familiares.
Receba um grande abraço do amigo e
servidor muito grato,

.Ismael

[1] Notas da Organizadora: Em referindo-se a Rômulo


Joviano, meu pai.

[2] Em referindo-se à bisavó Amélia, mãe do vovô


Aurélio.
 

26

Articular em ordem as nossas


emoções

18/01/1950

Meu caro General Aurélio, Deus nos


abençoe. Venho trazer-lhe a minha visita «»
fraterna , significando-lhe a nossa estima
e assistência de todos os dias.
O nosso companheiro Ismael da Rocha
continua vigilante em seu tratamento.
Pede-lhe, porém, que se mantenha no
mesmo padrão de segurança íntima
porque o fenômeno do reerguimento
orgânico não se opera de improviso.
Em suas meditações, não olvide que a
nossa cordialidade prossegue inalterável.
Não se passa um dia em que o pessoal de
nossa instituição deixe de comparecer ao
plantão da fraternidade, ministrando-lhe
forças renovadoras ao campo físico.
É problemático o nosso triunfo nas armas
na Terra, meu caro amigo, porque
chegará sempre um dia em que seremos
constrangidos a comandar o reino de nós
mesmos! Dirigir as células do corpo ou
articular em ordem as nossas emoções
para que a mente seja honrada em seu
posto de chefia é mais difícil que presidir
um exército humano, constituído de
soldados indisciplinados ou
intransigentes. Sei esta lição de cor e
quando voltar aos círculos da carne terei
suficiente cuidado no curso preparatório
dessa natureza. Acreditamos,
sinceramente, porém, no seu
restabelecimento para que lhe
desfrutemos a colaboração por muito
tempo na organização benemérita que nos
congrega e contamos, para esse fim, com
o valioso concurso de sua coragem para a
restauração orgânica precisa. Não se
confie a pensamentos destrutivos de
melancolia e desencanto. Venceremos a
etapa com o socorro de forças mais
expressivas que as nossas! Sinta-se na
posição do chefe em disponibilidade
cessável a qualquer momento. Das alturas
procedem ordenações que nos mobilizam
sempre para as mais variadas direções e a
sua direção para a saúde reconstituída
permanece clara ao nosso olhar.
Comigo permanece de visita ao estimado
companheiro o nosso Lydio Porto e com a
cooperação do Ismael, que nos deu a
conhecer a sua ficha de saúde, a sua
posição é mais que satisfatória: é vitória
nos fins a que nos propomos
paternalmente ao seu lado. N
Meus respeitos aos seus familiares e amigos
presentes, e augurando-lhe um 1950
repleto de paz e saúde, com alegria e
bem-estar, sou o amigo do novo Plano,

.Belarmino Mendonça

[1] Nota da Organizadora: Sobre a entidade espiritual,


Lydio Porto, não nos foram dadas maiores
informações.
 

27

O exemplo de Paulo de Tarso

25/01/1950

Meu caro Aurélio, minha querida Julinha,


Deus nos abençoe ao lado de todos,
renovando-nos as energias no serviço do «»
bem. Muito especialmente, meu prezado
Aurélio, dirijo-me a você na noite de hoje
para lembrar ao seu coração, que
conservo por filho do meu próprio
coração, a nossa assistência constante.
A reunião espiritual da Cruz na noite de
hoje, e da qual estou regressando, versou
em derredor do exemplo de Paulo de
Tarso. N A Cristandade comemora-lhe
hoje a conversão no caminho de Damasco
e nas comunidades espirituais, vizinhas
da Terra que vocês ainda pisam, estas
recordações são mais vivas e,
sinceramente, mais belas pelas dádivas de
reconforto que recebemos de mais altos
círculos, em nossas manifestações de fé.
Claro está, meu amigo, que o seu nome
esteve intimamente ligado às nossas
preces. Notamos o seu abatimento e
desânimo, menos registráveis pelos netos
nos últimos dias, e pedimos renovação de
forças para o seu coração. Não nos
esqueçamos do grande convertido de
Damasco, homem áspero, de ação
inesgotável, antes da visita do Senhor, e
companheiro valoroso e fraterno, com a
mesma atividade indefinível depois dela!
Todos nós, os que temos passado pelos
setores da administração no mundo, com
raras exceções, à maneira de Paulo temos
conhecido a autoridade, o poder e a
determinação, nem sempre usados em
suas mais altas expressões de subida ao
plano divino e quando a verdade nos
fortalece através da visita sublime da
revelação de infinito e eternidade,
precisamos guardar o mesmo tom de
fortaleza e desassombro para não
desmerecer os dons recebidos. É
indispensável não nos acomodarmos com
a ideia de inutilidade ou de
impossibilidade nas linhas em que nos
movimentamos. No fundo somos, cada
um de nós, um centro de inteligência viva
e atuante, corrigindo, melhorando,
elevando e aperfeiçoando sempre, quando
já aprendemos a gravitar para o Mais
Alto. O apóstolo dos gentios foi um dos
mais bem acabados padrões de
varonilidade cristã, agindo e criando
sempre para o lado melhor da vida, até
mesmo quando a espada romana lhe
decepou a cabeça de herói, jamais anulado
ou envelhecido no espírito imperecível.
Do primeiro momento de Damasco até o
fim do corpo, outro pensamento não lhe
animou a candeia do cérebro que não
fosse o de renovação e entusiasmo na luz
e no bem!
Não precisarei narrar aqui quanto lhe
ocorreu no desdobramento do serviço
apostólico, porque o amor de todos vocês
ao Evangelho torna desnecessária
qualquer consideração histórica ou
propriamente verbalística. Basta, meu
caro Aurélio, que lhe lembremos a figura
excelsa de lutador intimorato, valoroso na
fé e na esperança, firme nos propósitos
superiores e incansável no infinito bem.
Com ele aprendemos que os patrimônios
materiais podem desaparecer, que as
dificuldades podem sobrevir, que a
sombra pode cercar-nos, mas que os
galardões do espírito são imperecíveis,
que a nossa alma, em toda parte e em
todas as circunstâncias, consegue
sobrepairar acima de todos os
impedimentos, desde que se mantenha na
visão clara do trabalho que nos cabe
realizar por um mundo mais nobre, mais
aperfeiçoado, mais seguro e feliz.
Paulo ensina-nos que não é a Terra a
entidade suscetível de condecorar-nos
com a felicidade e sim a escola que espera
por nossa atitude de aprendizes mais
velhos, no campo do sacrifício próprio,
para melhorá-la e engrandecê-la. Não é o
mundo nosso devedor e sim credor
generoso a quem precisamos pagar pelo
menos algumas parcelas de nossa dívida
infinita. N
Transmito aqui semelhantes imagens com o
objetivo de reerguer-lhe o ânimo.
Superiormente assistido como se
encontra, não lhe justificamos a tristeza e
o desencanto menos construtivo. Anime-
se, meu caro, elevando as suas reflexões!
Nós ainda não fomos obrigados a
contemplar o horizonte além de braços
crucificados à maneira d’Aquele que
elegemos por nosso padrão divino.
Graças ao carinho que nos é dispensado
por muitos emissários de seu amor
infinito, nada nos tem faltado para que a
paz e a alegria estejam preservadas em
nosso círculo de vida particular. Creia que
mais vale disputar com enfermidades
passageiras que enfrentar as traições
ocultas da estrada e mesmo nesses
espinheiros, que tive a satisfação de
experimentar por amor à minha própria
consciência honesta, a dor não é
irremediável, nem destruidora, quando
nos acolhemos no fortim de nós mesmos,
de nossas convicções mais elevadas, a se
refletirem no interesse de todos.
Desejamos, assim, que você prossiga na
posição do lidador fiel. Não se entregue a
intimações do desalento, porque o
desânimo não tem autoridade alguma para
conduzir-nos à prostração.
Agora que nos lembramos de Paulo, o
grande lutador em vitória constante
dentro das trevas e dos sofrimentos que
lhe assinalaram a época recuada,
convertamos nossas lutas mais íntimas em
sagrados motivos de elevação. Creia que
todos permanecemos ao seu lado, agindo
e cooperando no sincero prazer de servir
ao seu fortalecimento. A sua atitude
interior de adesão ao nosso programa será
uma.percentagem significativa para o
nosso triunfo.
Agradeço aos meus netos o cuidado que nos
dispensam e formulo votos para que o seu
novo estágio seja abençoado campo de
paz, seja frutífero em bênçãos de saúde e
tranquilidade para você e Julinha.
Sua mamãe, presente, reforça as minhas
palavras e pede-lhe serenidade e fortaleza
em plena luta.
E pedindo ao Médico celestial nos preserve
o dom do equilíbrio, deixa-lhes um
carinhoso e paternal abraço o velho
amigo,

.Antoninho

[1] Notas da Organizadora: Em 25 de janeiro de 1556


deu-se a fundação de SÃO PAULO DE PIRATININGA, a
São Paulo de hoje, pelos jesuítas Manuel de Paiva,
Manoel da Nóbrega, José de Anchieta, entre outros,
fato relembrado por Arthur Joviano, em referência a
Paulo e a Emmanuel, em mensagem de 3 de agosto de
1949. A referida mensagem é o PREFÁCIO
ESPIRITUAL DO LIVRO DEUS CONOSCO (VINHA DE
LUZ, 2006), cujo trecho transcrevemos a seguir:
“(…) é agradável comentar o esforço de Emmanuel
na vanguarda do serviço de evangelização, pelo
Espiritismo, nos domínios da língua portuguesa. (…)
Nesse sentido, é importante meditar nos pontos de
contato entre a vida de Manoel da Nóbrega e a de
Públio Lentulus. Pelo amor profundo, devotado por
ele à inesquecível figura de Paulo, poderá você concluir
das razões que levaram o esforçado jesuíta a dar o
nome do grande apóstolo à cidade que lhe mereceu
especiais cuidados no lançamento, a ponto de esperar
o aniversário da conversão do doutor de Tarso, em
janeiro, para iniciar os primórdios da grande
metrópole brasileira, colocando-a sob a proteção do
amigo da gentilidade. É que também Paulo, na vida
espiritual, jamais descansou. Quando o senador
romano desencarnou, extremamente desiludido em
Pompeia, foi contemplado com os favores do sublime
convertido. Paulo sempre se consagrou às grandes
inteligências afastadas do Cristo, compreendendo-lhes
as íntimas aflições e o menosprezo injusto de que se
sentem objeto no mundo, ante os religiosos de todos
os matizes, quase sempre especializados em regras de
intolerância. Amparado pelo apóstolo dos gentios,
conseguiu Públio Lentulus transitar nas avenidas
obscuras da carne, em existências várias, até
encontrar uma posição em que pudesse servir ao
divino Mestre com o valor e com o heroísmo daquela
que lhe fora companheira no início da Era Cristã.
(…)”

[2] Para saber mais sobre a vida e a conversão de Paulo,


sugerimos a leitura do romance histórico Paulo e
Estêvão, da lavra de Chico Xavier | Emmanuel. Vide
dados bibliográficos à página 141, [BIBLIOGRAFIA
INDICADA].
 

28

Somos um plenário de servidores

22/03/1950

Meu caro Aurélio, minha querida Julinha,


meus filhos, muita paz desejo-lhes com o
reinado do Cristo nos corações. «»
Aurélio, venho especialmente apresentar a
você o nosso abraço, reafirmando-lhe o
devotamento de todos os dias. Agora que
se preparam ao retorno, desejo reiterar-
lhe os nossos votos sinceros de muito
bem-estar e bom-ânimo.
Não permita, meu caro, que as ideias de
enfermidade se congreguem nos círculos
de sua mente para o culto sistemático à
tristeza ou ao desânimo. Todos os estados
orgânicos, melhores ou piores, sob o
ponto de vista terrestre, se desfazem com
o tempo. A nossa atitude dentro da vida é
a nota fundamental. O dia é uma festa de
claridade para o trabalho, mas a sombra é
um caminho para a meditação, a fim de
retomarmos o dia com o êxito desejável. A
moléstia, qualquer que seja, é sempre
uma sombra. Entretanto, Aurélio, mesmo
aí possuímos recursos mil de
aproveitamento! Um trabalhador de sua
classe não pode confiar-se ao
esmorecimento. No imo de nossa mente
há um comando vital que não devemos
desobedecer. Nossos papéis na Terra
exteriorizam-lhe a força. Em todos os
setores, somos projeções de nós mesmos,
de nossa imortalidade e eternidade, no
espaço e no tempo. Há em derredor de
nossos passos verdadeiros mundos de
trabalho esperando-nos a colaboração. E
quando não nos é possível agir com os
pés e com as mãos, o pensamento é
vigorosa alavanca com que nos cabe atuar
incessantemente para o bem dos que nos
cercam e de nós mesmos. Desejamos que
você se refaça alegremente, tanto quanto
lhe seja possível. Se para nós outros
nunca cessam as oportunidades de
interferir, servindo no bem comum, por
que nos renderíamos ao desalento? tão só
por que pareça tardar o reajustamento do
corpo transitório? Não esmoreça, nem se
deixe turvar no campo da confiança. A
disponibilidade nunca foi inutilidade para
nós e contamos com o seu espírito leal,
ativo e franco no desdobramento de
nossas tarefas gerais. Aqui não
descansamos. Somos um plenário de
servidores, adiantando-nos, em verdade,
aos companheiros da retaguarda, mas
ligados a eles à maneira das árvores que
sobem para a luz, sem conseguirem, porém,
ausentar-se em definitivo do solo que lhes
acalentou as sementes.
A Cruz é uma exteriorização visível na
Terra, de grande movimentação na nossa
vida espiritual. Ponto de referência para
as obras assistenciais de vulto aos
militares, expressa, contudo, no plano
vulgar da experiência física, uma
pequenina parte de nossos programas e
deveres no bem. Uma sementeira
vastíssima aqui se desdobra no esforço
iluminativo de quantos se ligam conosco
na mesma esfera de esperança e de ação
e, graças a Deus, o trabalho é uma bênção
para cada um, constituindo sempre
verdadeira glória para nós todos. Não há
intervalos para a dor destrutiva, para a
renúncia vazia ou para a desistência
inútil. Todos nos ajustamos, agimos e
servimos, formando uma abençoada
legião de cooperadores do bem coletivo.
É nossa intenção despertar, não só em
você, mas em todos os companheiros que
passam pela prova benéfica do
refazimento, a convicção feliz e vitoriosa
do continuísmo de nosso esforço e isso
para demonstrar que não há colaboradores
isolados em nosso movimento e sim
células vivas e atuantes que, ainda mesmo
quando aparentam repouso, permanecem
no serviço de elevação, que é a nota
culminante do nosso apostolado. Espero,
assim, que as suas horas interiores
estejam plenas de otimismo e segurança
espiritual. Conte com o nosso apoio de
amigos em todos os instantes!
Quiséramos tornar isso tão claro em seu
espírito quão clara é esta lâmpada que
aqui nos ilumina o ambiente, mas como
sabe, meu amigo, semelhante aquisição
em grande parte vem de vocês mesmos,
do esforço que venham a despender na
renovação e engrandecimento da casa
íntima. Temos muito a fazer, sob todos os
aspectos, pelo povo de que nos fizemos
elementos representativos. Conduzir e
administrar, comandar e orientar,
sobretudo, constituem forças de auxílio e
educação, amparo e aprimoramento. A
existência num só corpo é excessivamente
curta para satisfazermos à plataforma
assim tão vasta. Prosseguiremos, pois,
agindo sempre para alcançar nossos altos
objetivos. Guarde a convicção de que a
enfermidade ou a readaptação da
experiência corpórea é serviço comum a
todos, mas a atitude firme e nobre dentro
dele é obra de poucos! Não abrigue receio
em seu coração. Tudo é bom na jornada
para Deus. Cada setor da luta apresenta
proveito diverso e, atento a esse critério, a
tranquilidade lhe povoará o íntimo com
admirável segurança.
Formulo votos para que o regresso ao lar
represente para você e Julinha motivo de
muito reconforto e estímulo novo para
cada um. Sempre que puder, ligue seus
pensamentos aos nossos. Estaremos
juntos para o trabalho que nos compete
realizar. Para todos vocês, deixo meu
amplexo de reconhecimento e carinho, e
reunindo os dois num abraço muito
afetuoso do coração, sou o velho amigo
de todos os dias,

.Pêgo Junior
 

29

A morte não deve entrar em


cogitações do nosso serviço

22/03/1950

Meu caro amigo General Aurélio, paz!


Estamos, José Leôncio e eu, em tarefa de «»
inspeção junto de sua saúde. N Não há
motivo para descontentamento. Tudo
segue ritmo normal e ainda aqui permito-
me repetir as indicações espirituais do
ano passado, acentuando as necessidades
de calma, prudência e bom-ânimo para
melhor Fortificarmos a defesa. No
momento, as dificuldades em curso
procedem de influências naturais da
altitude, na presente Fase do ano.
Contudo, somos de parecer que a sua
permanência aqui até a segunda quinzena
de março lhe fará muito bem. Depois
disso estamos certos de que a sua posição
reclamará a praia amiga e salutar. Creia
que estamos ao seu lado e não
descansamos! Não deve acolher a ideia da
morte! A morte não deve entrar em
cogitações do nosso serviço. Precisamos
agora de saúde, equilíbrio e bem-estar.
Este é o programa que deve ser mantido.
Muita paz a todos é o que deseja o amigo e
servidor muito grato,

.Ismael

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se ao


General-médico José Leôncio de Medeiros. No
original, consta a seguinte anotação, feita por Chico
Xavier: “Presente o Espírito do Professor Hemetério
dos Santos.”
 

30

O marasmo não foi feito para nós

17/01/1951

Meus filhos, Deus conceda a vocês todos


muita paz, saúde e bom-ânimo na
concorrência benéfica aos grandes «»
prêmios da luz que a Terra nos oferece.
Particularmente abraço com muito afeto
ao Aurélio e à lulinha, desejando-lhes,
junto aos netos, muita alegria e
reconforto.
Sou eu, meu caro Aurélio, quem lhe traz a
visita direta de hoje. Presença de amigo
velho que não pode esquecer, lembrança
de quem cultiva o reconhecimento no
coração.
Acompanho o serviço reconstrutivo de sua
saúde, com a dedicação de todos os dias.
A luta carnal é uma frente de batalha, de
cujas linhas o soldado não deve ser
retirado às pressas. Quanto mais
capacidade de suportar as dificuldades e
tropeços maior mérito! É necessário
permanecer, portanto, de coração armado
pelos recursos do bem para não
sucumbirmos aí, dentro da fortaleza de
nossa própria alma.
Não ceda às sugestões do desânimo. Quem
se confia ao desalento, nessa guerra
bendita pela evolução maior, entrega-se
ao pior inimigo. Cabeça erguida e
tranquila sobre o peito robusto e aberto:
eis o sinal de nossa disposição sadia para
a vitória.
Em nosso combate de agora, quem
descansa os braços ergue as forças da
mente empobrecida para o triunfo real.
Há muito serviço esperando por nós e por
que razão abandonar a Terra aos cuidados
e cogitações de si própria? Aqui
compreendemos nela a nossa “velha
mãe”, necessitada de nosso amparo
eficiente e de nosso carinho vigilante.
Ainda agora você sabe que potenciais de
energia defensiva precisamos extravasar
na preservação do patrimônio cultural e
assistencial que nos foi conferido. A
Cúria examina planos para senhorear
todos os recursos das associações de
fundo religioso com administração
secular e assim como o marinheiro
experimentado contempla a tempestade a
distância, adivinhando-lhe a vinda a
ligeiros toques de vento, precisamos
trabalhar em silêncio para desintegrar,
nos primórdios, a tormenta de ambições
desmedidas que se desenha sobre a Cruz.
Os nossos amigos padres, naturalmente, se
enamoram cada vez mais intensivamente
das graças do Senhor que se acumularam
em nossas mãos, à custa do sacrifício, da
boa vontade e do suor de muitos e só nos
cabe, primeiramente, refletir sobre o
assunto rogando ao Senhor nos liberte das
influenciações perturbadoras e escusas e,
em segundo lugar, agir com critério e
prudência, a fim de não perdermos para
mãos desorientadas o serviço que o Alto
nos conferiu.
Vivemos no Brasil de hoje horas muito
incertas. Não sabemos a que nos poderão
conduzir as seleções do povo em matéria
de escolha dos seus legisladores
representantes, mas se o próprio mundo
está em hora crepuscular, imaginemos a
posição grave da nossa gente diante dos
problemas que se avolumam! Consola-
nos a meada obscura dos acontecimentos
atuais, a certeza de que o nosso país está
desempenhando e consolidando, com a
supervisão do Cordeiro de Deus,
importante missão sob a luz do Cruzeiro.
Apesar de todos os labirintos, ainda é
aqui que desfrutamos as melhores
expressões de fraternidade e paz e,
embora nos pareça à primeira vista menos
apto à união e ao autogoverno, o povo do
Brasil ainda é o mais feliz do Planeta na
hora da transição que atravessamos. Aqui
o espírito pode soltar as próprias asas
intangíveis e pensar, imaginar, esperar e
crer no futuro como melhor lhe pareça, ao
passo que em muitas nações vigorosas e
opulentas a preparação bélica confere um
sinistro sentido às suas preocupações.
Creia, meu caro Aurélio, que nenhum de
nós repousou depois da libertação da
matéria mais densa! Estamos trabalhando
com mais aplicação à realidade para que
nossos antigos princípios nos códigos da
lealdade e da honra não desapareçam.
Nuvens terríveis se amontoam sobre a
face do mundo. Por enquanto parecem
distantes, imprecisas… Mas daqui lhes
conhecemos a força e o negrume! Até o
momento da divina determinação,
permanecerão invisíveis para vocês na
Terra, mas são realidades positivas que se
abaterão sobre o Planeta com a
naturalidade de um serviço regenerador e
restaurador em grande escala. Mas de
nossa parte, na posição de lavradores
prevenidos, achamo-nos em preparo, a
fim de selecionar os valores para a
sementeira futura. Encha o seu coração de
entusiasmo e coragem! A sua palavra está
quase que plenamente ajustada e um
homem, mormente quando soldado de
nossa condição, pode e deve fazer muito
em favor de todos com o verbo
ponderado, ardente e simples. O
marasmo não foi feito para nós e, por
isso, graças a Deus, vemos a energia com
que se refaz para reassumir, com
plenitude de eficiência, os seus deveres,
com nosso conceito de servidores do bem.
Que Jesus, meu amigo, nos auxilie a todos e
nos permita a satisfação de observá-lo
complemente restabelecido para o bom
combate. É o que todos nós, os seus
amigos de cá, desejamos com o fervor de
nossa velha e inalterável amizade.
Meu abraço à nossa querida Julinha,
esperando eu que prossiga forte e bem
disposta, como sempre, até a vitória final!
Continuamos a esperar muito da minha
querida filha a benefício dos nossos
trabalhos espirituais. Há compromissos,
Julinha, que nos acompanham por muitos
e muitos anos pela redenção que nos
propomos atingir. Assim, pois, contamos
sempre com a sua fortaleza na abençoada
tarefa que o Alto lhe confiou.
Registro, com sincera satisfação, a
continuidade do mesmo ambiente de
amor, serenidade e fé que os meus netos
estão sustentando na casa nova. Muito
simpáticas as vibrações deste lar que se
converteu realmente num santuário de
luz. Do que se pode fazer na Terra, como
posto de refazimento para a luta
necessária e inadiável, o templo
doméstico é a maior das realizações!
Que Deus nos ilumine e fortaleça cada vez
mais. E reunindo a você, meu caro
Aurélio, com a nossa Julinha e todas as
flores dos nossos corações num grande
abraço, sou o velho companheiro muito
reconhecido às suas afetuosas
lembranças,

.Pêgo Junior
 

31

A pátria é realmente o nosso lar


dilatado

31/01/1951

Meu prezado Aurélio, meus filhos, Deus


nos abençoe. «»
Volto hoje a falar-lhes para que nos
amemos em pensamento, nos dois planos,
na abençoada comunhão espiritual da
prece, a fim de que a paz e a ordem sejam
preservadas.
Assistimos hoje a solenidades de renovação
política das mais importantes no país!
Permitam os poderes superiores não
venhamos a sofrer qualquer influência
menos construtiva em nosso edifício
democrático, não consolidado ainda.
Rogo a vocês desculparem a divulgação,
entretanto, o interesse de todos é
igualmente o nosso e não posso perder a
oportunidade de transmitir ao nosso caro
Aurélio e à nossa querida lulinha os meus
paternais pensamentos.
De volta, compreendemos que a pátria é
realmente o nosso lar dilatado e sempre
vivo no tempo. Não julguem que os
nossos ideais, em matéria de benefício
comum e educação pública, possam
fenecer além do túmulo. A Terra é o
nosso reduto multimilenário de santas
experiências e quantos de seus filhos que
as desenvolvem no conhecimento ou na
virtude a ela retornam mais cedo ou mais
tarde para a continuação do serviço que
lhe devemos! É assim que nos movemos
além de vocês, orientados em superiores
propósitos de resgatar os nossos velhos
débitos!
Hoje o Brasil entra em nova fase e, se bem
renovados na configuração exterior, os
homens de agora são quase os mesmos
que iniciaram a primeira República.
Pudéssemos instilar-lhes na vida íntima
noções mais amplas de responsabilidade e
realização, e teríamos resolvido magnos
problemas! Entretanto, é indispensável
aproveitarmos os talentos que possuímos,
a fim de algo edificar a bem de todos.
Não podemos menosprezar aqueles que o
Senhor nos confiou ao caminho e, por
isso, com o máximo respeito aos títulos
que ostentam e às boas intenções que os
animam, ergamos ao Mestre os nossos
pensamentos em oração para que lhes não
falte assistência na missão que lhes cabe
desempenhar. Esperemos o futuro
confiantes, apesar das nuvens que se
amontoam. Graças a Deus, porém, a
justiça é hoje um órgão avançado na vida
internacional e não será fácil solaparmos
as prerrogativas como povo em
crescimento. Ajudemos àqueles que nos
orientam na esfera material, com a
projeção dos novos recursos mentais da
simpatia e de auxílio.
Aproveitando a minha visita desta noite,
meu caro Aurélio, desejo pedir a você não
se preocupar em demasia com as minhas
referências à posição da Cruz, que nos é
tão respeitável, nesta hora de lutas e
reajustamentos. Indubitavelmente, os
clérigos, hoje ou amanhã, evocarão para
si o comando das nossas energias
econômicas. Certamente, o conflito se
estabelecerá, mas lutaremos nós ambos de
algum modo para desfazer o serviço
escuso da intriga e da coação. Não me
dirijo a você com espírito de imediatismo
nesse caso, mas sim apenas com o intuito
de ajudar antes para não remediar depois.
Devo afirmar-lhe, contudo, que a intenção
dos padres é a de se apoderarem do
patrimônio substancioso das ordens, a
título de garantia da fé religiosa para se
valerem do produto dos nossos esforços
de muitos anos e, nesse sentido, se
fortalecerem com bastante precisão
perante os magistrados. Infelizmente, não
dispomos de forças civis capazes de
conjurar o perigo definitivamente. O
medo e a ambição desmedida dominam a
muitos e, em verdade, o panorama
político não é suficientemente
encorajador. Mas o futuro promete uma
grande voz nos serviços de libertação.
Aguardemo-lo. Achamo-nos diante de um
mundo que se modifica a passos
gigantescos! Recuperaremos, no círculo
da luta, os bens morais que jazem
ofuscados em quase toda a parte. Um
eclipse da consciência que passará mais
tarde quando o sol da verdade e do amor
fulgurar sobre os corações. E essa nova
era não vem longe! Auxiliemos o Brasil a
pensar e o nosso povo saberá agir
acertadamente! Peço, pois, a você não se
preocupe e nem se aflija. Somos
soldados. As ordens dos gabinetes “de
cima” far-se-ão ouvidas no momento
oportuno!
Alguns amigos se encontram aqui e saúdam
a vocês todos, salientando o nosso velho
companheiro General Pedro Augusto
Bittencourt, que se acha de passagem, na
minha companhia. N
Há continentes ilimitados de trabalho à
nossa espera. É preciso agir muito para
algo fazer. As nossas atividades e
movimentos devem produzir, pelo menos,
um pouco de bem para aumentar o acervo
de bênçãos que Jesus nos confia.
Abraço à nossa Julinha, carinhosamente,
desejando-lhe felizes sucessos na sua
cooperação valiosa na obra de amparo aos
cegos.
Minha filha, muitos são os amigos que lhe
assistem o concurso desinteressado.
Lembre-se de que você, neste trabalho,
está conquistando um mérito digno de ser
procurado com as nossas melhores forças
do coração. Não estranhe a minha letra e o
meu modo menos tranquilo de vazar as
ideias no papel. Tenho estado em serviços
que, de alguma sorte, me alteraram as
manifestações políticas. Sinto-me, porém,
tão forte como nos meus mais belos
tempos de resistência moral diante das
provas redentoras! Louvado seja Deus!
Aos meus netos, hipoteco o meu carinho e o
meu reconhecimento pela tolerância e
amizade que me dispensam.
Meu caro Aurélio, a sua mamãe prossegue
vigilante ao seu lado. Não há motivos
para preocupações com as dificuldades
orgânicas do momento. Esperamos que o
fenômeno gástrico desapareça sem
qualquer marca desagradável.
Reunindo você e Julinha no meu paternal e
carinhoso abraço, sou o velho
companheiro de luta e ideal a postos para
servi-los na posição de amigo fiel,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Sobre a entidade espiritual,


General Pedro Augusto Bittencourt, não nos foram
dadas maiores informações.
 

32

Apenas algumas palavras

14/02/1951

Meu caro General Aurélio, Deus nos


abençoe. Trago-lhe ao coração de
companheiro apenas algumas palavras «»
que me exprimam a assiduidade e a
vigilância. A sua medicação prossegue
muito bem indicada. Os fenômenos dos
últimos dias se originaram da pressão
atmosférica, agravada por fatores de
altitude e calor, que esperamos sejam
removidos em tempo breve. Não obstante
às vezes parecer-lhe o contrário, a sua
saúde vai melhorando. Continuemos em
nossa boa luta no desdobramento, da qual
confiamos sempre em suas qualidades de
autodeterminação e fortaleza de todos os
dias. Conserve no coração a certeza
inalterável da amizade e da assistência do
companheiro espiritual,
.Ismael
 

33

Minha saudação de paz e


cordialidade

20/02/1951

Meu amigo General Aurélio, boa noite com


a minha saudação de paz e «»
cordialidade.
O problema no estômago vai merecendo a
nossa atenção. Os medicamentos
indicados atendem à situação que recebe,
igualmente, os recursos de atuação
acessíveis ao nosso concurso amigo.
Quanto à dieta, convém-lhe, durante os dias
em que persista a pequena inflamação do
órgão citado, o uso das sopas de legumes,
dos caldos, das massas ou carnes
integralmente cozidas, evitando-se os
molhos e os excitantes, de modo a
facilitarmos o serviço da digestão tanto
quanto possível.
Para colaborar nas indicações do
Facultativo, indico um elemento alopata
que poderá usar ao mesmo tempo por
alguns dias. É o preparado Gasterase.
Experimentemos.
Desejando-lhe muito contentamento e
tranquilidade junto dos seus, sou o amigo
ao seu dispor,

.Ismael
 

34

Marchemos para a vanguarda

07/03/1951

Meu caro amigo Aurélio, Deus nos


abençoe. Venho expressar-lhe a minha
visita com os meus votos de paz e «»
restabelecimento, e aqui falo em nome de
uma grande assembleia de companheiros
nossos, interessados em sua fortaleza e
alegria.
Não se julgue sem trabalho, sem ação, sem
mobilidade. O seu esforço na restauração
física significa labor dos mais dignos e,
por que não dizer, dos mais complexos! E
no desdobrar dessas atividades íntimas da
mente, em lide para restabelecer a
harmonia do corpo, o seu coração amigo
vem recebendo carinhosa assistência, não
apenas por parte dos mensageiros e
servidores da Cruz dos Militares, mas
também pela devoção de inúmeros
amigos, que o rodeiam de perto.
Não se entristeça, meu amigo, e
marchemos para a vanguarda! Não há
sombra que se eternize. Tudo é vida,
força e vigor divino em nossa marcha
ascensional para o bem supremo! Somos
vários enfermeiros ao seu lado e
confiamos plenamente na proteção de
Jesus a benefício da solução de seu caso
orgânico. Eleve seu pensamento ao Alto
no serviço invariável da fé e nos
encontrará serenos e firmes, cooperando
em favor da ordem e da concórdia de
todos. Creia que prosseguimos devotados
junto de seu espírito leal e combatente. E
solicitando permissão para reuni-lo com
os seus em meu grande abraço, sou o
irmão e velho companheiro de luta e de
ideal,

.Ismael
 

35

Não se curvem diante da sombra

28/11/1951

Meus queridos filhos, Aurélio e Julinha,


Deus nos fortaleça no caminho redentor a
que nos ajustamos. Como é natural, «»
achamo-nos a postos, seguindo-lhes os
passos no momento em curso.
Não estranhemos a luta. A Terra é o velho
abrigo dos contrastes, dos desequilíbrios
aparentes. Pela sombra, apreciamos a luz.
Pela enfermidade, estimamos a saúde.
Ninguém lhe atravessa a superfície
indene de tributos. Sofrimento e
dificuldade são valiosa herança para
quantos se candidatam ao
aperfeiçoamento. Nesse espírito de
compreensão, meus filhos, avancemos!
No mundo, nossa passagem guarda
enorme semelhança com a guerra. O
corpo de carne é também um campo de
batalha dentro do qual liquidamos a
experiência física em conflitos incessantes
do berço ao túmulo. Não se curvem
diante da sombra. A vida é claridade
que o bom-ânimo no trabalho de nossa
própria melhoria nos ajuda a encontrar.
Você, Julinha, faz muito bem conservando
a serenidade. Que seria de nós sem a
paciência? A enfermidade não é um
inimigo. É um instrutor que, enviado pelo
céu a todos os destinos terrestres, nos
revela grandes regiões de nossa própria
alma, através da meditação obrigatória e
do forçado repouso. Tenha calma, filha, e
não desfaleça! Com o entendimento da
vontade de Deus, todos os nossos
problemas se reduzem. O incêndio cresce
apenas quando encontra combustível! Se
sabemos, porém, aplicar a água curativa e
salutar sobre as chamas, apressadamente
se extinguem, restituindo a paisagem à
justa harmonia. Em quaisquer aflições do
corpo, nossa mente precisa de segurança.
Se desordenamos o nosso pensamento
sobre a carne em dificuldade para
reestruturar-se, qualquer moléstia assume
graves expressões. Mas se nos
afeiçoamos à temperança íntima,
rendendo-nos aos desígnios divinos e
buscando o refazimento com esperança e
tranquilidade a dor perde o aspecto de
fantasma e mais rapidamente vencemos.
Tudo passa!
O reumatismo que você vem
experimentando não se reveste de mau
caráter. É fenômeno natural na expulsão
de resíduos orgânicos, acumulados por
muito tempo. Estamos trabalhando com
diligência em seu favor e contamos com o
seu reajuste geral em muito breve tempo.
Mais que das águas regenerativas das
fontes mineiras você precisava de repouso
espiritual para restaurar-se. Considero,
desse modo, a sua permanência aqui por
alguns dias providência altamente
benéfica ao seu restabelecimento gradual.
Peço, assim, ao nosso Aurélio não se
afligir em face de suas necessidades de
tratamento e espero que ele também possa
recolher as melhores vantagens da
presente estação na Fazenda. N O seu caso
orgânico não apresenta qualquer nota
inquietante, mas o descanso é
fundamental em sua melhora. Não fique
triste com os obstáculos surgidos para as
mãos. É irregularidade passageira. Seu
pensamento e seu coração permanecem
ativos nas boas obras e, pouco a pouco, os
seus movimentos serão reabilitados.
Guarde a sua mente na prece e na
confiança. Com isso, você nos auxiliará
com eficiência em seu próprio favor.
Quanto a você, meu caro Aurélio, creia que
a sua recuperação geral processa-se
dentro da harmonia sempre. Tudo
prossegue bem. Não perca o seu
otimismo, a sua energia e o seu bom-
ânimo. Nossos companheiros prosseguem
contribuindo pela sua restauração com
todos os recursos de que dispõem. Não
lhe faltam bons e devotados amigos de
nosso plano, que incansavelmente nos
assistem. Supomos, assim, que você
poderá repousar na montanha por mais
alguns dias. Se aparecer a necessidade de
seu regresso, esteja convicto de que não
lhe faltará nosso aviso.
Meus filhos, diariamente estamos unidos
através dos laços espirituais da oração.
Lembranças e permutas da alma nos
conservam invariavelmente unidos. Não
se abatam perante o vendaval, que passa
breve. Sustentem a serenidade e o
estímulo de todos os dias. Nós, e muitos
conosco, estamos com vocês na
manutenção da resistência construtiva e
do bem-estar interior que a fé viva nos
auxilia a conservar. E esperando que
ambos, junto de meus netos, estejam de
coração e mente sempre voltados para a
vida superior, deixa-lhes imenso carinho,
em um grande abraço, o pai, amigo e
companheiro de todos os momentos,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Marechal Pêgo refere-se à


fazenda, em Pedro Leopoldo | MG, sede da Inspetoria
Regional da Divisão de Fomento da Produção Animal
do Ministério da Agricultura, mais conhecida como
Fazenda Modelo, na qual residimos por mais de 15
anos e onde Chico Xavier trabalhou como auxiliar
administrativo. É bom lembrar que todos os anos,
vovô Aurélio e vovó Júlia, residentes na capital do
Rio de Janeiro, passavam as férias conosco, cabendo a
ela, nesses períodos, a datilografia das mensagens
psicografadas por Chico Xavier durante o culto no lar,
realizado sempre nas noites de quarta-feira.
 

36

Deus em nós e nós em Deus

26/12/1951

Meu caro amigo General Aurélio, Deus em


nós e nós em Deus.
Venho reavivar-lhe a certeza dos nossos «»
trabalhos assistenciais de sempre. O
provedor da Cruz, e nosso antigo
companheiro de luta, não permanece
esquecido. Continuamos a postos. E
pouco a pouco as suas forças orgânicas
vão sendo reconstituídas.
Trabalho de vulto esse em que nos
dispomos à recomposição de corpúsculos
infinitesimais, em cuja rede harmoniosa
recolhemos a bênção da saúde na Terra,
não se verifica sem o dilatado esforço e
sem sacrifícios compreensíveis.
Agradecemos de coração a boa vontade
com que nos guardou os avisos e creia
que excelentes resultados se alinharam
em favor de seu integral reajuste. Com o
auxílio do Alto, não obstante pareça morosa
e complexa, a sua restauração se processa
com segurança. A palavra tem adquirido
melhoras gradativas, cada vez mais
eficientes, e a visão vem apresentando
restabelecimento sensível, embora com o
vagar de que carecemos para não nos
internarmos na pressa, muitas vezes
imprópria e improdutiva.
Agora, meu amigo, permita que algo lhe
falemos com respeito à sua abnegada
companheira. Não há motivo para as
manifestas inquietações a que se confia
no silêncio de suas meditações. Nossa
devotada D. Júlia vem recobrando as
energias físicas em brilhante carreira de
refazimento. As manifestações reumáticas
que a surpreenderam não se revestem de
qualquer sintoma grave ou perigoso —
simples eclosão de resíduos orgânicos
que, gradativamente, será contida em
favor do seu equilíbrio completo.
Felizmente, o seu estágio aqui no campo
tem a função de repouso curativo. Nossa
irmã reclamava semelhante período de
tranquilidade para atender aos
imperativos da saúde, que lhe é preciosa
tanto quanto é preciosa a todos os que lhe
recebemos edificante cooperação, em
diversos setores de nossa luta. Não há
justificativa para qualquer aflição,
esperando que o seu espírito se mantenha
despreocupado e firme quanto à esposa,
que nos merece igualmente especial
atenção.
Desejamos aos dois, e a todos os seus
familiares queridos, muita saúde, paz, bom-
ânimo e bem-estar no 1952 que se
aproxima. E despedindo-me, por agora,
na certeza de que a sua confiança
corresponderá sempre ao nosso esforço,
abraça-o o velho companheiro e irmão
muito reconhecido de sempre,

.Ismael
 

37

Nunca nos interessou a vida


estagnada da retaguarda

02/01/1952

Meu caro Aurélio, minha querida Julinha,


meus netos, que Deus nos favoreça e «»
abençoe.
Sinto o orgulhoso contentamento de abrir o
serviço de intercâmbio espiritual em
nosso grupo no ano entrante, em nome de
vários amigos espirituais que me
delegaram semelhante alegria, por
espírito de gentileza. E começo, por isso,
o nosso labor, rogando a Jesus nos
abençoe e nos fortaleça, sustentando-nos
a caminho de nosso aperfeiçoamento na
bendita luz do Evangelho de amor. Que
vocês todos, no decurso de 1952,
encontrem neste círculo abençoado de
oração a mesma felicidade dos anos
anteriores, são os meus votos sinceros e
ardentes, na emissão dos quais empenho
a alma toda.
Vocês escolheram a “melhor parte” da
existência terrestre, mantendo por
princípio habitual o trabalho da prece em
casa e esta realização fala muito alto ao
espírito de nós todos. Peço, assim, a Jesus
nos conceda no tempo a graça de
prosseguir trabalhando pela nossa
elevação na obra assistencial aos nossos
amigos e irmãos encarnados e
desencarnados, que ainda sofrem. Sejam
para eles, desditosos companheiros de
nossa marcha, os nossos primeiros
pensamentos de fraternidade e socorro
nesta primeira noite de serviço
evangélico, na paz e na elevação que
buscamos.
Meu querido Aurélio, estamos a postos.
Compreendemos a sua luta que, por
vezes, tende à natural impaciência de
quem se guarda em longo roteiro de
tratamento. Sei como lhe incomodam as
dificuldades orgânicas. Entretanto, meu
filho, é indispensável saber tolerá-las com
destemor e paciência, a fim de que
possamos incorporar ao nosso patrimônio
do futuro todas as lides e experiências de
agora. Tenhamos calma, bastante
serenidade.
Entendo-lhe os desajustes porque de todo o
meu tempo de caserna, ou de luta, o
hospital ou o descanso compulsório eram
para mim duas impropriedades
manifestas, mesmo porque, habituados ao
fogo da frente, nunca nos interessou a
vida estagnada da retaguarda. Contudo,
meu filho, passaram os dias. A morte
trouxe-me visão nova e hoje reconheço
que o tempo de concórdia e refazimento
para o corpo físico é uma necessidade em
todos os climas e situações. Pode parecer-
lhe parada a vida, afigurando-se que as
suas horas são menos úteis à humanidade.
Todavia, quero afirmar-lhe que não é
assim. Na quietude e na moderação, você
é constrangido a pensar muito e
intensamente, trabalhando de maneira
intensiva com as suas forças internas. Às
vezes, e esse é o seu caso, é preciso
interromper as atividades múltiplas do
caminho para que alonguemos o olhar até
nós mesmos, de modo a restaurarmos
variados mecanismos de nossa saúde
física e de nosso equilíbrio espiritual.
Felizmente, você tem tido a calma
imprescindível à situação, mas peço-lhe
cuidar de sua própria atitude mental, sem
perdê-la. Da serenidade e da harmonia
depende a segurança nos processos de
auxílio em que você tem sido o nosso
doente mais destacado. Tenhamos
serenidade e esperemos. A mente alegre e
otimista é expressivo manancial de cura.
Não olvide o seu belo sorriso de
companheiro ideal, os amigos, os filhos e
os descendentes. Precisamos de criaturas
que amparem o estímulo de viver e, neste
capítulo, sabemos que você prima
invariavelmente pela boa vontade, pelo
impulso generoso e pela gentileza
constante.
O Brasil está cheio de gente que vive se
destruindo. Raros sabem cultivar a
felicidade, construindo para o bem
comum. Você, diariamente, vem
recebendo nossa atuação espiritual a
benefício do seu soerguimento geral. Não
desanime. Amigos diversos estão
cooperando para que você regresse mais
forte e bem disposto, com a sala enorme
do coração plenamente aberta ao bem-
estar de todos. O Rio, ainda e sempre, é a
nossa casa de trabalho mais ativo e
eficiente, porque numa cidade de
proporções tão grandes quanto a capital
da nossa República encontramos
verdadeiros purgatórios, em cujas
labaredas frias podemos exaltar a
caridade e a fraternidade na silenciosa
sementeira do bem com Jesus.
Com o auxílio divino, você vai seguindo
muito melhor e contamos com o dia de
amanhã para que o vejamos plenamente
fortalecido. Quanto à minha querida
lulinha, esteja ela convicta de que o
paternal amigo de sempre não a esquece.
Os filhos são as cordas mais sensíveis do
nosso coração na Terra e enquanto um só
deles se demora no Planeta acredito que
raros pais terão coragem de empreender a
renúncia aos serviços da Terra, porque,
em verdade, mais vale padecer em
companhia deles que desfrutar o paraíso
de que se achem ainda ausentes.
Considero a nossa Julinha muito melhor e
mais forte. O estágio em Minas fez-lhe
grande bem, mormente no que se refere
às impressões nervosas que,
dolorosamente, se refletiam sobre o campo
reumático, de natureza comum. Qualquer
estado de desequilíbrio corpóreo pede
silêncio e paz, a fim de desaparecer e no
Rio a luta de nossa Julinha era
efetivamente de inquietar! Para nossa
felicidade, vai se reconquistando
progressivamente, ensejando maior cota
de influenciação benéfica de nossa parte.
Está melhor, mais refeita, e contamos
para breve tempo com o seu pleno
reajuste no continuísmo edificante de suas
tarefas habituais.
Com respeito a ela, meu caro Aurélio, peço
a você não se preocupar ao ponto de
preocupá-la. Julinha naturalmente,
experimentou grandes e inevitáveis
fadigas do corpo e é razoável este período
de restabelecimento. Com a divina
cooperação, partida de nossos maiores,
tudo se renormaliza, dia a dia. Esperemos
pela vontade de Deus, em qualquer
tempo, condição e lugar.
Aos meus netos, deixo igualmente a minha
mensagem de alegria e de paz. Rogo a
Deus para que o nosso Rômulo, neto e
filho dedicado que vocês me trouxeram,
esteja fortalecido contra os embates da
sombra. N Quem administra no Brasil de
hoje de modo geral conhece as mais duras
experiências. Há, por toda parte, o
fermento da discórdia, induzindo à
indisciplina e à rebelião, e guiar um barco
nesse mar revolto e enfurecido não é
serviço fácil ou agradável. Com a graça
do Alto, porém, tem ele sabido usar a
prudência e a tolerância em alto grau e
esses remédios são realmente muito
importantes quando a desordem
generalizada entre responsáveis e
irresponsáveis lavra como incêndio
devorador em todas as linhas do trabalho
coletivo. Fazemos todos nós ardentes
votos para que ele se conserve no mesmo
nível de dignidade em que,
espontaneamente, se colocou. Que o
Mestre nos abençoe.
Acredito que a minha carta não deva ser
mais longa. Se obedecer ao coração,
observo que há um rio inestancável de
impressões, opiniões e comentários para
deixar no papel através do lápis. Mas o
tempo é uma dádiva do Senhor e devemos
venerá-lo quanto possível ao nosso
entendimento.
Feliz ano novo a você, à Julinha e aos
nossos. E esperando que Jesus nos
estenda braços compassivos e salvadores,
a fim de que sejamos fiéis aos nossos
compromissos espirituais com a Vida
Maior até o fim de nossas provas
redentoras, abraça-os com infinito carinho
o velho amigo que os acompanha
afetuosamente,

.Pêgo Junior

[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se ao meu


pai, Rômulo Joviano.
 

Bibliografia indicada

AMORIM, Wanda loviano (Organizadora);


XAVIER, Francisco Cândido. Deus
conosco. Ditado pelo Espírito de
Emmanuel. Belo Horizonte: Vinha de
Luz, 2007.
AMORIM, Wanda Jovìano (Org.);
XAVIER, Francisco Cândido. Sementeira «»
de luz. Ditado pelo Espírito de Neio
Lúcio. 2. ed. Belo Horizonte: Vinha de
Luz, 2006.
AZEVEDO, Cordolino. O Marechal Pêgo e
a invasão do Paraná. Rio de Janeiro:
Irmandade da Santa Cruz dos Militares, |
194-|.
FERREIRA, Guilherme Nunes. Irmandade
da Santa Cruz dos Militares. Rio de
Janeiro: Revista Dacultura — Fundação
Cultural Exército Brasileiro, n. 9, p. 38-
40, | 20--|.
XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e
Estêvão. Ditado pelo Espírito de
Emmanuel. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 1941.
 

ANEXO A

Dados biográficos

MARECHAL ANTONIO JOSÉ MARIA PÊGO


JUNIOR

Nasceu em 2 de julho de 1841, em Santos |


SP Desencarnou em 7 de julho de 1907,
no Rio de Janeiro | RJ. Era casado com «»
Júlia Amália da Silva Pêgo. O casal teve
três filhas: Júlia, Esther e Maria. O
Marechal participou da Guerra do
Paraguai e do Cerco da Lapa, no Paraná.
Por sua atuação neste último conflito
militar, foi injustamente condenado e,
depois, absolvido. O livro intitulado O
Marechal Pêgo e a Invasão do Paraná, de
autoria do Cel. Cordolino de Azevedo,
relata, com minúcias, este fato histórico.
GENERAL AURÉLIO DE AMORIM

Nasceu em 14 de agosto de 1869, em


Manaus | AM. Desencarnou em 11 de
novembro de 1952, no Rio de Janeiro |
RJ. Era casado com Júlia Pêgo de Amorim.
O casal teve seis filhos: Maria, Aurélia,
Armando, Aramis, Mário e Iacy. Aurélio,
além de militar, formou-se em Direito e
foi Deputado Federal por seu estado natal.
Foi, ainda, como se pôde deduzir pelas
mensagens aqui colecionadas, provedor
da Irmandade da Santa Cruz dos Militares
por vários anos.
ANNA JUSTINA FERREIRA NERY

Nascida a 13 de dezembro de 1814, a


baiana de Cachoeira de Paraguaçu era
viúva do Capitão de Fragata Isidoro
Antonio Nery, vindo a desencarnar em 20
de maio de 1880, no Rio de Janeiro | RJ.
Foi a primeira enfermeira do Brasil.
Cinco homens de sua família foram
convocados para a Guerra do Paraguai, de
1865 a 1870. Nesta ocasião, ela escreveu
ao Presidente da Província da Bahia, de
onde nunca saíra, querendo ir para o
cenário da guerra como enfermeira:
“Satisfarei, ao mesmo tempo, os impulsos
de mãe e os deveres de humanidade para
com aqueles que ora sacrificam suas
vidas para honra e brilho nacionais, e pela
integridade do Império.”
Seus dois irmãos da família Ferreira e seus
três filhos dois médicos e um cadete —
foram convocados para a guerra. As
enfermeiras eram improvisadas. O
número de enfermos excessivo. A
pobreza material era extrema e a falta de
higiene imperava onde reinavam o
confinamento, a umidade e a
promiscuidade. Os doentes comiam o que
era possível e recebiam como “cordial”
uma porção diária de aguardente ou
cerveja. Nestas condições, poucos
escapavam dos ferimentos graves.
Morriam de cólera, tifo, disenteria,
malária e varíola.
Anna Nery esteve em Corrientes, onde
havia por aquela época seis mil soldados
internados e poucas irmãs de caridade.
Esteve ainda em Salto, Humaitá, Curupati
e Assunção. Com seus recursos
financeiros, fez construir na casa em que
morara durante a guerra um enfermaria
limpa e modelar, e aí trabalhou até o fim
do conflito. Dizia-se que ela era a “mãe
dos brasileiros”.
Após o término da guerra, quando
regressou à Bahia, foi muito
homenageada pelas mulheres baianas,
além de ter sido condecorada e receber do
imperador uma pensão vitalícia. Com os
recursos que passou a receber como
pensão, criou e educou quatro órfãos que
trouxera do Paraguai.
A primeira escola oficial de Enfermagem de
alto padrão fundada no Brasil em 1923
pelo médico Dr. Carlos Chagas tem,
desde 1926, o nome de Anna Nery. A
Semana da Enfermeira, instituída
oficialmente, e que se realiza todos os
anos, termina em 20 de maio, data do
falecimento de Anna Nery. Seu retrato
consta do acervo de personalidades
ilustres na Câmara Municipal de Salvador
| BA.
Nota da Organizadora | Editora: Biografia
referenciada em HOUAISS, Antonio. Anna Justina
Ferreira Nery. In: Mirador Internacional |
ENCYCLOPAEDIA Britannica do Brasil, v. 15. São
Paulo: Companhia Melhoramentos, 1979, p. 8.055-
8.056. Imagem disponível em:
HTTP://WWW.ALGOSOBRE.COM.BR/BIOGRAFIAS/ANA-
NERI.HTML . Acesso em 01 Fev. 2008.
 

ANEXO B

Irmandade da Santa Cruz dos


Militares

.Guilherme Nunes Ferreira

A maioria dos cariocas que cruza a Rua 1°


de Março não imagina que a Igreja da «»
Santa Cruz dos Militares guarda um
precioso patrimônio cultural. Ali se
encontra um valioso acervo que rememora
a sua história, desconhecida para muitos.
Em 1605, naquele local, foi construído por
Martim de Sá o Forte de Santa Cruz para
proteger a entrada da Baía de Guanabara
contra os invasores estrangeiros que
ameaçavam constantemente o Rio de
Janeiro. A área bem próxima ao Forte era
banhada pelo mar. Depois de aterrada,
corresponde hoje ao entorno da Praça XV.
Com o passar do tempo e com a
construção das fortalezas de São João e de
Santa Cruz, o Forte perdeu a sua
importância no sistema de defesa da Baía
de Guanabara, sendo abandonado e
destruído pelo mar, cujas ondas arremetiam-
se contra as suas muralhas, destruindo-as
paulatinamente.
Em 14 de dezembro de 1623, Martim de Sá
doou o terreno para que os militares
construíssem uma ermida e fundassem a
Irmandade que, inicialmente, recebeu o
nome de Vera Cruz. A partir da sua
criação, a Fraternidade passou a ser
sustentada com recursos provenientes das
doações dos membros da guarnição
colonial portuguesa. Os militares faziam
suas contribuições mensalmente. Oficiais
superiores doavam cem réis, os
subalternos, cinquenta, e os soldados,
vinte. Martim de Sá foi eleito seu primeiro
provedor.
O objetivo da irmandade era assistir e
resguardar o efetivo da guarnição. Isto
porque, antes da chegada da família real,
em 1808, o Brasil, principalmente o Rio
de Janeiro, era relegado a segundo plano.
Havia apenas interesse da metrópole na
exploração das riquezas naturais, como
ouro, prata, pedras preciosas e outros.
Nesse cenário, aflorava a necessidade dos
militares de um local onde pudessem
prestar cultos religiosos, dar sepultura aos
mortos, bem como oferecer caridade
cristã. Na mesma época, para as viúvas e
os órfãos desses militares, foi criado um
sistema de assistência social, que perdura
até os dias de hoje e é considerado o mais
antigo do Brasil.
Em 1716, por meio de uma carta de
sesmarias escrita por D. João V tio de D.
João VI, foi doado todo o terreno
localizado atrás da Igreja, no espaço exato
da sua largura, indo até o mar, não
importando quantos aterros fossem
necessários para que se construísse o
casario que deu início ao patrimônio da
Irmandade.
Antes da abolição da escravatura, muitos
escravos comprados tornavam-se
servidores da Igreja e depois ganhavam a
liberdade. O Conde D’Eu, que foi
provedor da Irmandade por influência da
política que era adotada, aderiu,
juntamente com a esposa, à causa
abolicionista. Em 13 de maio de 1888, a
Princesa Isabel assinou a Lei Áurea,
abolindo a escravidão no Brasil.
CONSTRUÇÃO

Em 1770, uma vez que a ermida estava em


precárias condições de conservação, à
construção da Igreja atual se iniciou. A
obra durou quarenta e um anos, sendo
inaugurada em 1811, com a presença do
Príncipe Regente. A sua construção foi
baseada na Igreja de Géssus, em Roma,
dos jesuítas, considerados os soldados de
Cristo. Pretendiam os militares, com a
execução do projeto, demonstrar
semelhança com aqueles.
O Brigadeiro Custódio de Sá e Faria foi o
autor do projeto de construção da Capela,
cujo interior é de estilo rococó,
considerado uma suavização do barroco.
Mestre Valentin, um dos grandes
escultores da época, realizou para a Igreja
da Santa Cruz dos Militares várias obras
de arte, como imagens, utensílios de
madeira, entalhes e mobiliário. Essas são
obras de grande valor que, somadas,
constituem um dos maiores tesouros da
cidade do.Rio de Janeiro.
A fachada da edificação foi a primeira
construída em estilo neoclássico no Brasil,
destacando-se as suas linhas harmoniosas
e em perfeito equilíbrio. Para que não
fosse quebrado esse equilíbrio, a torre
sineira foi colocada à moda de Braga, ou
seja, na parte posterior do prédio, sendo a
única igreja com essa característica na
capital fluminense. N Outra razão da
posição da torre é o fato de que sua
fundação teria de aproveitar um rocha ali
existente, pela dificuldade que o terreno
arenoso oferecia. Com o passar do tempo,
a torre passou a servir de ponto de
referência para os navios pescadores, que,
ao entrarem na Baía de Guanabara, sabiam
que ali era o local exato do mercado de
peixes, o qual perdurou até meados de
1987. Apesar de não ser considerada
oficialmente a capela da família real, a
Santa Cruz dos Militares sempre foi
prestigiada com a presença de seus
membros, tanto assim que D. João VI foi
condecorado com o título de protetor da
Irmandade, assim como também, mais
tarde, D. Pedro I e D. Pedro II.
MUSEU

Atualmente, a Igreja da Santa Cruz dos


Militares possui um museu para guardar e
preservar as relíquias acumuladas ao longo
de sua história. É um variado acervo,
destacando-se os tocheiros do Mestre
Valentin, oratório e cálice de ouro do
século XVIII, além da cadeira que Duque
de Caxias usava em seu gabinete quando
exerceu o cargo de provedor, em 1873.
Outra relíquia é o órgão pneumático,
construído pelos irmãos Bernes e
inaugurado em 1934. O instrumento
constitui-se de 1.200 tubos, cujos
diafragmas foram confeccionados com
pele de camelo. Existem somente dois
outros órgãos similares a esse fabricados
no Brasil.
A Irmandade da Santa Cruz dos Militares
completou, recentemente, 382 anos. Ela é
a única igreja do Brasil agregada
diretamente à Basílica Vaticana, ato este
sacramentado em Bula Papal de Pio XI,
em 1923. O prédio da Igreja foi tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), em 1936. O
seu atual provedor é o Coronel de
Artilharia Carlos Alberto Barcellos.
O Marechal Luiz Alves de Lima e Silva,
provedor da Irmandade em 1871, assim
definiu sua finalidade: “Os laços da
espada nos unem, as lides de guerra nos
ligam e os braços da cruz nos abrigam.
Irmãos pela cruz e irmãos pela espada, a
nossa missão é sagrada — santificar o
culto do Divino Lenho e aliviar da miséria
as viúvas e filhos dos que seguem a nobre
profissão das armas. Eis a justa finalidade
da sábia e religiosa instituição denominada
Irmandade da Santa Cruz dos Militares.”
[1] Nota do Autor: A expressão faz referência à cidade
portuguesa de Braga, onde todas as igrejas foram
construídas dessa forma.

Nota da Editora: O autor do artigo é natural do Rio de


Janeiro. Jornalista, atualmente exerce a função de
Relações Públicas da Irmandade da Santa Cruz dos
Militares. Imagem disponível em:
HTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR [Obs. Assim que
abrir a pág. de pesquisa de imagens inserir Irmandade
da Santa Cruz dos Militares.] Acesso em 28 jan. 2008.
 
B

ANEXO C

Originais de Chico Xavier

REGISTRO DE PRESENÇAS ESPIRITUAIS NO


CULTO DO “GRUPO DOMÉSTICO ARTHUR
JOVIANO”

Foi anotada, por Chico Xavier, N a presença


de vários Espíritos de pessoas que tinham ««
sido militares e que compareceram às
reuniões do Grupo Doméstico Arthur
Joviano, nas datas indicadas, mesmo não
se comunicando por escrito.

26/05/1948 Oficial Antonio Adolfo da


Fontoura Menna Barreto; Marechal João
de Deus Menna Barreto
15/02/1949 Marechal Francisco Antonio
de Moura
16/02 General Lydio Porto
02/03 General José Joaquim
Firmino
23/02 General Gabino Besouro
09/03 General Emídio Dantas
Barreto
16/03 General Joaquim Inácio
Batista Cardoso
23/03 General Alfredo Barbosa
30/03 General João César Sampaio
06/04 General João Batista Neiva
Figueiredo
13/04 Marechal João Propício
Menna Barreto
25/01/1950 Oficial Samuel Augusto de
Oliveira
01/02 Oficial Tancredo de
Vasconcelos
01/02 Oficial Américo de Andrada
Almada
08/03 General João César Sampaio
15/03 General José da Silva Pessoa
22/03 General Antonio Geraldo de
Souza Aguiar; Oficial Custódio Cabral de
Mello; General-médico José Leôncio de
Medeiros
27/12 Coronel Sylvio Porto;
General-médico Ismael da Rocha
03/01/1951 General Carlos Eugênio
Andrade Guimarães; General-médico
Ismael da Rocha
21/11 General Tito Pedro Escobar
09/01/1952 General Gabino Besouro

[1] [Obs. O título refere-se aos fac-símiles das laudas


originais de F. C. Xavier anexadas ao livro impresso.]

Nota da Organizadora: Em 25 de janeiro de 1950, data


em que Chico registra em mensagem a presença
espiritual do Oficial Samuel Augusto de Oliveira, há a
seguinte anotação: “Em sua companhia veio a Sra.
Margarida Carneiro, que conhecia muito o Marechal
Pêgo.”

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