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FOLHA DE ROSTO

EIXO TEMÁTICO (escolha qual eixo temático seu trabalho se enquadra):


( ) EIXO I: Direitos Sociais e Seguridade Social (assistência, previdência, saúde)
( ) Eixo II: Direitos Sociais, Formação e Exercício Profissional de Serviço Social
( ) Eixo III: Direitos Sociais e Políticas Sociais Setoriais
( X ) Eixo IV: Direitos Sociais, Participação Popular e Movimentos Sociais;
( ) Eixo V: Direitos Sociais: Família, Gênero e Geração (criança, adolescente, idoso)
MODALIDADE DO TRABALHO:
( ) Relato de Experiência Profissional;
( ) Relato de Experiência de Estágio Curricular Obrigatório;
( x ) Artigo Científico.
TÍTULO DO TRABALHO: OS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA COMO
LOCUS DE MATERIALIZAÇÃO DA LUTA DO MST: IMPLICAÇÕES PARA A PRÁXIS
DO (A) ASSISTENTE SOCIAL.

Autor 01_Nome: José Filho Araújo Santos

Em caso de Estudante:
Instituição de Ensino: Universidade Estadual Semestre: Mestrando em Serviço Social,
do Ceará. Trabalho e Questão Social.

Em caso de Profissional:
Qualificação/titulação: Instituição de Trabalho:
Telefone: Email:

RESUMO

A presente análise busca discutir a constituição da questão agrária enquanto


expressão da questão social, tendo nos assentamentos de reforma agrária, a
materialização da luta mobilizada pelo Movimento dos (as) Trabalhadores (as) Rurais
Sem Terra (MST). Terreno entranhado pelos condicionantes da lógica societária
capitalista, com a sua manifestação corrosiva no agronegócio, que promove
rebatimentos deletérios na produção da vida ambiental e material do camponês. O que
coloca a necessidade de apreensão da temática, do ponto de vista da sua totalidade,
em meio às dimensões do agrário, ambiental e urbano e as suas implicações para a
práxis do (a) Assistente Social.

Palavras-Chave: Questão Agrária, Ambiental, Assentamentos, MST e Serviço Social.


INTRODUÇÃO

A questão agrária enquanto desdobramento da luta pela terra e das condições


objetivas e subjetivas de permanência no território camponês, revela as contradições
sociais da sociabilidade capitalista, que investe neste contexto na ampliação das
possibilidades e estratégias de obtenção ampliada da expropriação e da mais valia,
devastando a dimensão humana, social e ambiental.

Os assentamentos de reforma agrária tem se constituído como locus originário


de novas relações sociais com a terra e com os processos de produção agrícola. São
espaços de sociabilidade erguidos a partir da luta social de classes, tendo como
referência a luta dos (as) camponeses organizados (as) pelo Movimento dos (as)
Trabalhadores (as) Rurais Sem Terra.

Nestes espaços, a luta pela terra se amplia a partir das plataformas de lutas
organizadas e registradas historicamente na agenda de lutas do MST, que vem
compreendendo a reforma agrária para além do acesso a terras, apreendendo que é
preciso mobilizar articulações entre campo e cidade, na construção de um novo
modelo agrícola e agrário para o campo brasileiro, que tenha como premissa o
enfrentamento a lógica contundente do capital monopolista com viés financeiro. Que
mercantiliza a vida e suas expressões humanas, tornando-a coisificada e reificada sob
os pressupostos do lucro, sua retenção, comercialização e circulação. Sua face, mais
perversa tem se materializado com a ofensiva do agro, hidro e minério negócio,
assumido por inúmeras corporações capitalista que fundam suas estratégias no
processo de extração e exportação de matérias primas, dando forma aos commodites
e sua forma valor, além da mercantilização.

Os assentamentos de reforma agrária, enquanto materialidade da luta e da


processualidade sócio-histórica do Movimento dos Sem Terra, sinaliza elementos que
apresenta a organização dos (as) trabalhadores (as) em torno de condições
substantivas de vida humana digna, que possibilite o desenvolvimento das
potencialidades integrais do ser social, e, sobretudo dos espaços de formação
humana. Nesta dinâmica, as contradições próprias da sociedade capitalista marca a
trajetória de lutas dos (as) assentados (as) da reforma agrária que mobilizados (as) em
torno de um projeto de campo (território) e sociedade, almejam construir nos territórios
conquistados o desenvolvimento do território camponês que respalde as necessidades
humanas e sociais do conjunto dos (as) trabalhadores (as) que no processo se
inserem e participam.
Deste feito, entender, a questão agrária enquanto expressão do acirramento da
luta de classes por meio do embate capital x trabalho, é fundamental para ampliar as
análises e reflexões que a categoria profissional vem elaborando em torno desta
temática, assim como, a organização do debate, que se funda numa perspectiva de
totalidade, quando entende que a questão agrária, urbana e ambiental são unidades
diversas que se imbricam no processo de conformação das relações sociais e
econômicas de produção e reprodução social. Entendo ainda, que “o modo de
produção da vida material condiciona o processo geral da vida social, política e
espiritual.” (MARX, 1959, p. 52)

OS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA COMO LOCUS DE


MATERIALIZAÇÃO DA LUTA DO MST: IMPLICAÇÕES PARA A PRÁXIS DO
ASSISTENTE SOCIAL.

O rearranjo das forças dominantes no território camponês demarca a luta


travada entre capital e trabalho na ampliação da expropriação dos recursos naturais,
assim como, do solo, água, minério, e os processos de produção e manejo com a
terra. Tem acento marcado no Agronegócio que tem se formulado por meio da junção
de um conjunto de corporações capitalistas internacionais e nacionais.

O enfrentamento da questão agrária enquanto possibilidade de


desenvolvimento da burguesia nacional e internacional centrado no modelo clássico
de distribuição de terras vêm ao longo dos anos, sendo denunciada pelo Movimento
dos (as) Trabalhadores (as) Rurais Sem Terra, como não adequado ao modelo de
desenvolvimento discutido pelo movimento, que reúne esforços e articulações no
contraponto a lógica supressora da vida, construindo uma plataforma de luta que se
firma na Reforma Agrária Popular, enquanto projeto de classe, contraposto ao projeto
hegemônico do capital no campo e suas inflexões. Este projeto se coloca em confronto
as todas as expressões e artimanhas de captura da vida e sua mercantilização.
Compreendendo que é fundamental estabelecer uma aliança campo e cidade, com
vistas à construção de outro modelo agrícola e agrário para o campo brasileiro, que
tenha como matriz: agroecologia, os saberes populares, as relações de gênero, as
lutas sociais, a cultura e a história.

Demarca ainda, a relação com a terra na produção de alimentos e a qualidade


dos alimentos, enquanto dinâmica que deva permitir a soberania popular e o
refutamento ao agronegócio e suas formulações corrosivas, como: agrotóxicos e
transgênicos. Haja vista, que a “comida se transforma numa mera mercadoria, o que
traz consequências incalculáveis para os hábitos alimentares, a cultura e a saúde
humana.” (BEZERRA, 2014, p. 140).

O ataque ao campesinato sinaliza o desafio que é a construção dos


assentamentos de reforma agrária, enquanto território que possibilite ensaiar, desde a
produção, a socialização da riqueza coletivamente produzida, e as condições materiais
e subjetivas de usufruto, apropriação e conhecimento dos processos que participam.
Afirmando a consciência de classe, a identidade e o pertencimento ao trajeto sócio-
histórico que informa o desvelamento das desigualdades sociais. Na maioria das
realidades, os assentamentos de reforma agrária, detém a posse da terra de maneira,
coletiva e constitui formas de produção cooperada, tendo uma Cooperativa coletiva
e/ou associação que determinam em regimento as formas de viver e conviver na terra,
sendo esta feita e aprovada no coletivo dos assentamentos. Assim como, regimes de
produção agrícola na terra que adotam o sistema misto, parte das terras, são divididas
entre os assentados (as) que passam a ter uma propriedade particular, que se assenta
no processo de posse total coletiva da terra, tendo entre os hectares de terra, um
maior volume destinado à produção coletiva, que coloca em dinâmica o trabalho
cooperado, entre os sujeitos que passam a ser administrados nesta instância de
organização.1

A questão agrária como uma expressão da questão social expressa a


expropriação tanto da riqueza ambiental, como da riqueza socialmente produzida e
dos territórios, marcados pela devastação tecnológica e química dos interesses
soberbos do grande capital.

A questão agrária reflete ainda, a exploração do trabalhador


camponês pelo capital internacional, sua expulsão do território, e o
exponenciamento das desigualdades sociais que passam a ser vividas
no território urbano. Destruição ambiental e erosão das fontes
genéticas com matriz orgânica. Hegemonia do capital financeiro, na
apropriação das terras, bens agrícolas e sua produção e
comercialização. Controle da cadeira produtiva (BEZERRA, 2014, p.
140)

Este controle explicita apropriação gradual dos elementos difusores de uma


hegemonia agrícola comercial, que transmuta a terra, o ambiente, as relações e a
maneira de produzir, com forma mecanicista e corrosiva, com vistas, a produção em
larga escala, o que se dar com o aporte de uma estrutura tecnológica e práticas
padronizadas, que se fermentam com os insumos agroquímicos e as sementes
1
Vale destacar que as relações de propriedade nas áreas desapropriadas demonstram diferenças das
relações predominantes, pois, no âmbito local, especialmente nos territórios com maior referência no
MST, ainda há coexistência do
trabalho coletivo, realizado em áreas instituídas entre os (as) próprios(as) trabalhadores(as) como de uso
coletivo, com o individual ou familiar.(PEREIRA, 2016, p.200)
transgênicas, o que põe em xeque a biodiversidade e a fecundidade dos solos, água e
do ambiente natural de produção.

O controle, por parte destas empresas, não se restringe à questão da


propriedade da terra, mas também de minérios, água, biodiversidade,
fontes de energia etc. além disso, vários elementos demonstram
também a hegemonia destas empresas sobre o conhecimento
científicos, a pesquisa e as tecnologias aplicadas à agricultura. Esse
modelo se apresenta como único, o mais moderno e o mais barato
para a produção de alimentos, desprezando todo o conhecimento do
saber popular e da agroecologia. (BEZERRA, 2014, p.141)

O que impõe a perda da soberania dos povos, desnacionalização das terras


brasileiras, a expulsão dos camponeses do seu território, identidade e processo sócio-
histórico; Promoção do adoecimento da população, tanto com a investida
esfumaçadora dos agrotóxicos, como no consumo e acesso alimentos com grande
volume de substancias químicas; Fechamento de escolas no Campo; Os conflitos
agrários e a violência que cresce no confronto e resistência dos(as) trabalhadores (as)
com as corporações e o latifúndio, um de tipo novo, outro de base escravocrata,
coronelialista e parternalista e que se mesclam; Um processo de substituição do
humano pelo tecnológico, o que sinaliza uma produção agrícola sem a presença de
agricultores; Ausência de políticas públicas do estado que fomente a produção
agrícola orgânica e agroecológica que tenha assento numa matriz produtiva que
respeite os saberes populares, a relação com a terra e o ambiente por meio de uma
política pública de Assistência Técnica de Extensão Rural.

A expulsão dos trabalhadores do campo aumenta a população das periferias e


das cidades, sem alternativa de emprego e renda, desabitando o campo, deixando não
apenas o território, mas a identidade, pertença e relações sociais culturais, para
adentrar numa outra dinâmica sociocultural, que se encontra submetida aos mesmos
ditames e imposições corrosivas do capital financeiro. (BEZERRA, 2014)

Formula-se, portanto uma interlocução entre as dimensões do agrário, urbano


e ambiental, que abre um universo amplo de lutas e demandas que passa
fundamentalmente pelo acesso a terra, soberania popular, defesa do território e
produção de alimentos saudáveis, assim como, ter acesso à educação do/no campo,
trabalho, produção, sementes crioulas, cooperativa, comercialização, cultura, arte,
espiritualidade, trabalho coletivo e igualdade de gênero. O que vai se materializa no
cotidiano dos Assentamentos de Reforma Agrária a partir das políticas sociais
públicas, o que compõem apenas um dos caminhos de enfrentamento para a
desigualdade econômica e política brasileira, sobretudo no campo, mas sem elas
parece-nos impossível potencializar os assentamentos conquistados pelo MST.
(BEZERRA, 2014, p. 148)

Aflorar a consciência de classe, e germinar o novo que organiza e mobiliza os


sujeitos coletivos é reunir forças contra a exploração imperialista e suas refrações
corrosivas na dinâmica social. O que demanda unidade politica entre campo e cidade,
e vinculação com outros países e movimentos que encampam a luta contra a lógica do
capital, internacionalizando a luta, e criando agendas comuns de enfrentamentos, com
vistas a superar os localismos.

Urbano, rural e agrário precisam ser compreendidos como um todo


diverso e contraditório, com particularidades que convergem, ou
devem convergir, para as expressões da questão social no interior da
ordem do capital e para os processos de resistência que os
trabalhadores têm historicamente buscado construir em sua
constituição enquanto classe social em luta em diferentes territórios.
(BEZERRA, 2014, p. 138)

O cotidiano dos assentamentos retroalimenta a perspectiva de classe, e


estabelece proposições de enfrentamento coletivas. Apesar dos assentamentos,
reverberarem a materialidade do acirramento das classes, estes espaços, necessitam,
assertivamente do conjunto dos direitos sociais e humanos, para assegurarem
substancialmente as condições básicas de produção e reprodução humana e social. O
que coloca a estes sujeitos, os elementos formativos e configuradores do estado
burguês e neoliberal. A própria política de reforma agrária, e do assentamento, se
realiza, partindo das premissas deste projeto societário, o acontecimento da conquista
da terra, não representa a conquista dos demais direitos, por isso, o MST vem
sinalizando que a reforma agrária popular, é uma dinâmica em luta permanente, para
garantir o acesso ao conjunto dos direitos e das respostas as necessidades básicas.

Nisto, consideramos que o cotidiano, ainda que seja de uma construção política
e orgânica dos sujeitos coletivos, reflete ao campo da “singularidade e sua
reprodução, ele é campo de formas de objetivação nas quais o homem produz e
responde ás suas necessidades de existência, produzindo-a e reproduzindo-a – donde
a vida cotidiana constituir-se pelas objetivações genéricas em si.” (GUAZZELO e
ADRIANO, 2014, p. 217) . Com assimilação do ser e de sua singularidade movida no
cotidiano sob o prisma da dimensão ontológica e histórica das relações circunscritas
na processualidade da vida. O que informa que neste mesmo ambiente a
“heterogeneidade, a hierarquia, o pragmatismo, a espontaneidade, o imediatismo, a
imitação, a ultrageneralização, a entonação. (GUAZZELI e ADRIANO, 2014, p. 215
apud HELLER, 2000) podem se tornar elementos presentes para significar a
conformação e passivização dos sujeitos.2

Entretanto os assentamentos de reforma agrária, tem se imbuído de conteúdos


históricos, e políticos que reforçam as trincheiras de luta pelo acesso, a terra, moradia,
trabalho, produção, formação, e libertação dos ranços opressores e subordinadores
das relações humanas emancipatórias. Ainda que o cotidiano se realize como
ambiente imediato, que responde pelo espaço e tempo em que os sujeitos singulares
se apropriam do mundo, neste se fundamenta [...] a objetivação da singularidade na
vida cotidiana. A apropriação – e a intervenção, obviamente – do “pequeno mundo”
pelos homens singulares torna-se assim uma de suas principais formas de objetivação
na vida cotidiana, cabendo apreender os conteúdos concretos e sócio-históricos que o
definem (o “pequeno mundo”) como tarefa para qualquer apreensão cotidianidade de
um dado tempo e espaço histórico. (GUAZZELO e ADRIANO, 2014, p. 217)

A luta do MST vem organizando amplas lutas reivindicatórias em torno da


questão agrária e agrícola, com empenho de realizar nos assentamentos, o
desenvolvimento do território camponês, ancorado na pedagogia destas lutas, que
reafirma a práxis política deste movimento, na leitura e intervenção na/da sociabilidade
capitalista e no posicionamento neoliberal do estado.

Nisto, apreendemos que no contexto dos assentamentos, as políticas sociais


públicas se delineiam como possibilidades efetivas de fortalecer o projeto político
defendido pelo Movimento, quando responde pelas necessidades sociais, e contribui,
ainda que não integralmente e universalmente, nas condições materiais de vida dos
camponeses Sem Terra. Que acessam benefícios, projetos e programas sociais, e que
numa perspectiva pedagógica compreende a dimensão do direito e da sua realização.

Num assentamento sem terra, é um cenário privilegiado para observar


que as expressões da “questão social” e os seus sujeitos só aparecem
passivos, despidos de conflitos coletivos e formatados para serem
enquadrados nas inúmeras exigências individualizantes das políticas
sociais pelo efeito de um árduo e cotidiano trabalho de disciplinamento
social. Por isso é também um cenário privilegiado para apreender o
significado das lutas coletivas para a conquista dessas políticas
sociais na perspectiva da ampliação da cidadania dos subalternos.
(MARRO, 2014, p. 284)

2
Para evitarmos o idealismo e o fatalismo, é possível observar que, nos assentamentos de influência do
MST, as experiências que se desencadearam após a desapropriação da terra, o rompimento da
dominação do antigo patrão e da sujeição imposta por este, provocaram mudanças que, unanimemente,
favoreceram a construção de uma relativa autonomia e de uma concepção de mundo mais crítica, muito
embora predominem “no
senso comum os elementos ‘realistas’, materialistas, isto é, o produto imediato da sensação bruta”
(PEREIRA, 2016, p. 16 apud GRAMSCI,2006, p.115).
APONTAMENTOS CONCLUSIVOS

O desdobramento dos assentamentos de reforma agrária enquanto espaço de


materialização da luta dos camponeses em confronto com estado, manifesta uma das
expressões da questão agrária e social. Que conflui para elucidar as relações
orgânicas e combativas da luta social.

Acampamentos e assentamentos sem terra são cenários de um


segmento da classe que ensaia, nestes territórios, tentativas de
reprodução da sua existência na contramão das amarras do
agronegócio. São também espaços onde se experimenta a
organização de relações sociais em tensão com a miséria das
relações próprias desta ordem social, ou também a construção de
outras referências de socialização política que não reproduzem a
separação/alienação das próprias capacidades coletivas de
intervenção nos rumos da vida social. (MARRO, 2014, p. 284)

Pensar atuação profissional dos assistentes sociais no contexto das demandas


e necessidades sociais apresentadas pelos assentamentos é construir mediações
teórico-práticas que contribua para desvelar as questões de subordinação e
expropriação do território camponês as determinações do agronegócio e do capital
financeiro, que marca o processo de luta pela terra, e nesta, as relações de produção,
a permanência nos territórios, a identidade e a formação da consciência Sem Terra. O
Serviço Social particulariza-se no movimento do real totalizante da práxis a partir das
mediações que determinam a sua institucionalização e desenvolvimento como um tipo
de prática de cunho eminentemente socioeducativo, no enfrentamento da questão
social pelas classes sociais em confronto. (LOPES, ABREU E CARDOSO, 2014, p.
196)

A função pedagógica que exerce na dimensão interventiva apresenta-


se diversificada pelos vínculos contraditórios que estabelece com os
projetos societários das classes sociais que na sociedade disputam a
hegemonia e materializa-se por meio dos efeitos da ação profissional
na maneira de pensar e agir dos sujeitos envolvidos nos processos
interventivos. Tais processos, sob a forma da prestação de serviços de
ordem material e ideológica, incidem na reprodução física e subjetiva
desses segmentos e na própria constituição da profissão. Através do
exercício desta função, a profissão inscreve-se no campo das
atividades formadoras da cultura, constituindo-se elemento integrante
da dimensão político-ideológica das relações de hegemonia, base em
que gesta e desenvolve a própria cultura profissional. (LOPES,
ABREU e CARDOSO, 2014, p. 199)
Nesta seara profissional, que reclama a compreensão dos Assistentes Sociais,
visto que a maioria dos profissionais atua em municípios de base agrícola e de
pequeno porte, e que recebem cotidianamente demandas próprias e provenientes dos
assentamentos de reforma agrária, é fulcral apreensão totalizante do movimento do
real e seus nexos, buscando ampliar o acesso a direitos, e, sobretudo, o
enfrentamento das necessidades destes sujeitos históricos e políticos. Considerando
como afirmou Iamamoto (2009) é na tensão entre a (re) produção da desigualdade e
produção da rebeldia e resistência que atuam os assistentes sociais, situados em um
terreno movido por interesses socais distintos e antagônicos [...] (p. 160) O que coloca
a necessidade de [...] reassumir o trabalho de base, de educação, mobilização e
organização política de segmentos e grupos sociais subalternos [...] (IAMAMOTO,
2009, p. 200). Tendo, penso, que nos assentamentos de reforma agrária, ou
respondendo a demandas individuais destes sujeitos, condições sedimentares para
um trabalho formativo, socializador e político do ponto de vista do acesso à cidadania
substantiva, socialização da política, e fortalecimento das lutas em torno do acesso a
riqueza socialmente produzida.

Destarte, ainda se coloca desafios para as entidades política-organizativas da


categorial profissional acerca de como vêm introduzindo e construindo o debate e a
reflexão da questão agrária, urbana e ambiental no processo de formação e atuação
profissional. Nisto, localizamos que na formação, existe já uma base analítica e
conceitual que incide na compreensão da questão agrária, quando colocam nos
núcleos de fundamentação da formação profissional os fundamentos das
particularidades da formação brasileira, entre outros debates e constituições
curriculares que privilegiam o debate entorno da temática, assim como, o Grupo de
Pesquisa e Trabalho em Questão Agrária, Urbana e Ambiental vinculado a Associação
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), que reúne
pesquisadores e estudiosos do tema tomando enquanto particularidade a formação e
atuação profissional do Assistente Social. Além do apoio, e lutas do conjunto CFESS-
CRESS as bandeiras da Reforma Agrária, Urbana, Ambiental, em unidade com os
diversos movimentos sociais que lutam a partir destas trincheiras.

Assim nossas ações profissionais, não devem ficar enclausuradas no conjunto


de instrumentais, cartilhas e manuais, buscando adesão passiva e a individualização
dos sujeitos sociais, o que reforça a subalternidade política e ideológica dos sujeitos,
enquanto meio de fortalecimento da hegemonia burguesa do capital. Nossos desafios
se colocam na atenção de construímos estratégias pedagógicas e mobilizadoras, de
uma práxis que possa abrir o estímulo à organização política e participativa dos
sujeitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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contemporâneos ao Movimento dos Sem Terra: uma análise sobre estratégias
produtivas e políticas do movimento. In: Movimentos Sociais e Serviço Social: uma
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ano 1990: desafios e perspectivas. In: Movimentos Sociais e Serviço Social: uma
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PEREIRA, Evelyne Medeiro. E nos sonhos que fui sonhando, as visões se
clareando: hegemonia e luta pela terra no Brasil. R. Katál., Florianópolis, v. 19, n. 2,
p. 194-203, jul./set. 2016

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na interface com os assentamentos rurais. In: Movimentos Sociais e Serviço Social:
uma relação necessária/ Maria Beatriz Abramides, Maria Lúcia Duriguetto, (orgs.). –
São Paulo, Cortez, 2014.

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