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KARL MARX: VIDA, OBRA E PENSAMENTO SOBRE RELIGIÃO

Introdução

O pensamento de karl Marx é amplo, profundo e rico. Sua atividade


intelectual fora profícua e pode ser atestada em razão da vasta investigação e
utilização que suas obras possuem desde seu surgimento até nossos dias.
Estudos deste porte apontam para a situação atual em que o pensamento de
Marx se encontra.
No tocante à religião, ainda que seja conhecimento comum que Marx não
desenvolvera tratado específico sobre o tema, o religioso possui presença
notada e constante em seus estudos críticos sócio econômicos. Neste sentido,
estudos quanto a temática da religião no pensamento de Marx indicam que, em
sua juventude, Marx compreendeu a religião como alienação de consciência e,
em sua maturidade, tomou a religião como ideologia. E estes aspectos
alienantes e ideológicos sempre associados à sua concepção materialista
histórica do capitalismo. É aí que está posto a relevância de uma percepção do
aspecto religioso no pensamento de Karl Marx, vale ressaltar, de análises
teológicas sobre a religião no marxismo.
Este breve estudo busca trazer alguns aspectos biográficos, nascimento,
vida, pensamento religioso de Karl Marx. Para tanto, reúne um resumo das
principais obras publicadas em língua portuguesa, além de indicar um sucinto
trato sobre a religião no pensamento de Marx.
Como de praxe em trabalhos deste tipo, inicia-se trazendo ao nosso texto
os aspectos biográficos de nosso autor, de Karl Marx.

UMA BREVE BIOGRAFIA

Tomando obra biográfica sobre Karl Marx, intitulada “Marx – Vida e Obra”,
escrita por Leandro Konder (1999), este trabalho acadêmico apresenta alguns
aspectos da vida de Karl Marx, como lugar de nascimento, aspectos políticos
referentes à sua cidade natal, sobre seus pais, vida na infância, síntese sobre a
vida acadêmica na universidade, perseguição política, engajamento político-
ideológico, seu casamento e sua morte.
Na pequena cidade de Trèves, no sul da Prússia Renana, região situada
na atual Alemanha, nas fronteiras com a França, em 05 de maio de 1818, nasce
Karl Marx, nove anos depois de Darwin, cinco anos de Kirkegaard, três antes de
Bauderlaire e de Dostoievski, dez antes de Tolstoi. Na ocasião em que Karl Marx
nasceu, Tréves tinha cerca de 12 mil habitantes. De 1798 até 1814, a cidade
tinha pertencido à França e tinha sido a sede da Administração francesa. Em
1815, com a derrota de Napoleão, a Prússia anexou a região do Reno onde se
achava Tréves e essa mudança afetou a situação dos pais de Karl Marx. O pai
de Karl Marx fora um advogado chamado Hirschel Marx. Ainda que fosse filho
de um rabino judeu, Hirschel Marx se afastara da religião judaica e era um livre-
pensador, familiarizado com os livros dos ideólogos da Revolução Francesa, era
simpático às ideias liberais, admirador de Lessing, Voltaire e Russeau. A mãe de
Karl era holandesa e chamava-se Henriette Pressburg, esta, assim como seu
esposo, descendia de rabinos judeus. Henriette, diferentemente de seu marido,
era ocupada às necessidades doméstica e utilitárias do quotidiano, sem
pretensões ou ideais liberais. É o que escreve Konder,

“Anos mais tarde, ao ver o filho Karl Marx enfrentando dificuldades


materiais para escrever seu livro O Capital, a senhora Henriette Marx,
em seu utilitarismo cru, observou-lhe que ele teria feito melhor se, em
vez de escrever sobre o capital, tivesse se dedicado a ganha-lo”
(KONDER, 1999, pg 11).
Os pais de Karl Marx se enquadravam no perfil da pequena burguesia que
prosperava em Trèves. Com o exercício da advocacia o pai de Karl obtivera bom
posicionamento social em sua época. Entretanto, quando da ocupação
prussiana de Trèves por Frederico Guilherme III, criou-se uma situação
incômoda para todos judeus. O absolutismo reacionário de Frederico Henrique
III era antifrancês e anti-semita. O pai de Kark Marx viu-se coagido a não poder
mais exercer a sua profissão de advogado, e pouco antes do nascimento do seu
filho Karl, convenientemente converteu-se ao protestantismo, mudando seu
nome de Hirschel para Heinrich. Desta forma o pai de Karl Marx continuou sua
atividade advocatícia e, quando do nascimento de Karl Marx, em 1818, o menino
foi registrado como filho do dr. Heinrich Marx e de d. Henriette Marx.

Em 1835 (aos 17 anos), Karl Marx concluiu o curso ginasial no Liceu


Friedrich Wilhelm e, prosseguindo nos estudos, se dedica ao Direito, à História,
Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn, na Prússia Alemã.
Em fins de 1836 (aos 18 anos), por influência de seu pai, Marx vai para
Berlim, capital da Alemanha, orientado a estudar Direito e provavelmente seguir
a carreira de seu pai. Todavia, Marx encontra em Berlim intensa atividade
filosófica em torno das ideias de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831),
influente e importante filósofo alemão, e dedica-se à Filosofia. Marx se alinha
com o pensamento hegeliano de esquerda, que procura analisar as questões
sociais fundamentado na necessidade de transformações econômico-políticas
da burguesia da Alemanha. Entre 1838 e 1840, dedica-se a elaboração de sua
tese. Doutorou-se em Filosofia em 1841 (aos 23 anos), na Universidade de Iena,
com a tese "A Diferença Entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de
Epicuro".
Por motivos políticos, Karl não é nomeado professor, as universidades
não aceitam mestres que seguem as ideias de Hegel. Desiludido, dedica-se ao
jornalismo. Escreve artigos para os Anais Alemães, de seu amigo Arnold Ruge,
mas a censura impede sua publicação. Em outubro de 1842, muda-se para
Colônia, e assume a direção do jornal Gazeta Renana, mas logo após a
publicação do artigo sobre o absolutismo russo, o governo fecha o jornal.
Em julho de 1843, casa-se com Jenny, irmã de seu amigo Edgard von
Westphalen. O casal muda-se para Paris, onde Marx junto com Ruge funda a
revista "Anais Franco Alemães", e publica os artigos de Fredrich Engels. Publica
também "Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "Sobre a
Questão Judaica". Ingressa numa sociedade secreta, mas é expulso da cidade.
Em fins de 1844, Marx começa a escrever para o "Vornaerts", em Paris. As
opiniões desagradam o governo de Frederico Guilherme V, imperador da
Prússia, que pressiona o governo francês a expulsar os colaboradores da
publicação, entre eles Marx e Engels. Em fevereiro é obrigado a sair da França
e vai para a Bélgica.
Neste momento, então, dedica-se a escrever teses sobre o socialismo e
mantém contato com o movimento operário europeu. Funda a "Sociedade dos
Trabalhadores Alemães". Junto com Engels, adquirem um semanário e se
integram à "Liga dos Justos", entidade secreta de operários alemães, com filiais
por toda a Europa. No Segundo Congresso da Liga, são solicitados para redigir
um manifesto. No dia 21 de fevereiro de 1848, com base no trabalho de Engels,
Os Princípios do Comunismo, Marx escreve o "Manifesto Comunista", onde
esboça suas principais ideias com a luta de classe e o materialismo histórico.
Critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário, e termina com um
apelo pela união dos operários no mundo todo. Pouco tempo depois, Karl e sua
mulher são presos e expulsos da Bélgica.
Diante de tantos fatos e depois de vários exílios e privações, Max
finalmente se instala em Londres e, apesar da crise, em 1864 funda a
"Associação Internacional dos Trabalhadores", que fica conhecida como
"Primeira Internacional". Com a ajuda de Engels, publica em 1867, o primeiro
volume de sua mais importante obra, "O Capital", em que sintetiza suas críticas
à economia capitalista.
Por volta dos 55 (1873) anos de idade, com seus filhos já adultos _ sua
filha Laura Marx casara-se em 1868 com Paul Lafargue e, em 1872, é a vez de
Jenny Marx, sua filha mais velha, casar-se com Charles Louguet _ a saúde de
Karl Marx já apresenta debilidades. As palavras de Leandro Konder (1999),
quando Marx já está residindo em Londres, informam o seguinte

Embora as preocupações financeiras tivesses ficado atenuadas, a


saúde de Marx piorou: atormentavam-no uma constante dor de cabeça,
uma bronquite crônica, a velha furunculose (que voltara) e o mau
funcionamento de seu fígado. (KONDER, p. 143).

A diligente esposa de Marx morre em 2 de dezembro de 1881, vítima de


câncer no fígado, o que abalou e acentuou profundamente a saúde do filósofo.
Neste momento, Marx escreve a seu amigo Engels sobre seu estado de espírito,

“Você sabe que poucas pessoas detestam o patético-demonstrativo


tanto como eu. Mas, aqui entre nós, eu lhe estaria mentindo se não
confessasse que meu espírito vive atualmente em grande parte
absolvido pela recordação de minha mulher, que foi a melhor parte de
minha vida” (1º de março de 1882)

Conforme Konder (1999), meses antes do seu declínio final, sua filha mais
velha, Jenny Longuet, morre em 11 de janeiro de 1883. Este é um novo golpe
sofrido, depois da morte se sua esposa. Então em março de 1883 morre Karl
Marx, o que é transcrito de Konder “O estado de Marx se agravou: uma
inflamação da garganta o impedia de falar e engolir. Teve, então, um abscesso
no pulmão. E veio a falecer em 14 de março de 1883”.
Então, depois de uma rica e intensa trajetória política, acadêmica e
intelectual engajada, Marx deixa um legado imensurável e sua vida encerra-se
aos 65 anos de idade.

PRINCIPAIS OBRAS EM PORTUGUÊS DE KARL MARX

Sobre o extenso e complicado destino editorial da obra de Marx, vale


recorrer aos dados bibliográficos apresentados na obra “História do Marxismo”
organizada por Eric J. Hobsbawm. sbawm (cf..
Segundo Hobsbawm (1980), existiram e existem diversos
empreendimentos no sentido de reunir em coleções o patrimônio bibliográfico
produzido por Karl Marx e seu amigo Engels. Entre outras, tem-se a iniciativa de
David Riazanov nos anos 1920 para a editora MEGA, porém o projeto foi
interrompido com o assassinato de Riazanov em 1938.
Do mesmo modo, em 1950, conjuntamente na União Soviética e na
República Democrática Alemã, iniciou-se o projeto de coligir as obras escritas de
Marx e Engels e, então, efetivou-se em 1968 a publicação de 39 volumes
intitulada “Marx-Engels Werke” (MEW).
Na década de 1970, surgiu outro projeto de uma NOVA MEGA, formulado
também nas ex-União Soviética e República Democrática Alemã, com a previsão
de 114 volumes. Porém o projeto fora interrompido pelos eventos que
culminaram com a crise do “socialismo real”, o projeto foi retomado nos anos
1990 – e está em curso – pelo Internationale Marx-Engels Stiftung (IMES) em
Amsterdã. Ainda hoje, há milhares de páginas de Marx que permanecem
inéditas.

Para uma informação que pode cobrir até os anos 1960 sobre as edições
brasileiras de escritos de Marx, Engels e seus seguidores, o texto de referência
é o de Edgard Carone, O marxismo no Brasil: Das origens a 1964. Rio de
Janeiro: Dois Pontos, 1986.
Segundo a obra de Carone (1964), arrolam-se a seguir os principais títulos
produzidos por karl Marx ou em conjunto com Engels disponíveis em português,
editados depois de 1960. Como dito anteriormente, em virtude da complexidade
e dispersão dos escritos de Marx, somada aos limites da não tradução para o
português, segue em ordem não classificatória algumas importantes obras do
pensador ora estudado:
1. Diferença entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro.
Lisboa: Presença, 1972.
2. Liberdade de imprensa. Porto Alegre: L&PM, 1999 [seleção de textos
da Gazeta Renana e outros periódicos, escritos entre 1842 e 1861].
3. Para a questão judaica. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
4. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2005
[contendo o manuscrito de Kreuznach, de 1843, e o texto publicado
nos Anais Franco-Alemães, em 1844].
5. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.
6. A sagrada família ou crítica da crítica [com F. Engels]. São Paulo:
Boitempo, 2003.
7. A ideologia alemã [com F. Engels]. São Paulo: Boitempo, 2007
[contendo as Teses sobre Feuerbach].
8. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
9. Miséria da filosofia. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
10. Trabalho assalariado e capital. In Marx, K. e Engels, F. Obras
escolhidas em três volumes. Rio de Janeiro: Vitória, vol. I, 1961.
11. Manifesto do partido comunista [com F. Engels]. São Paulo: Cortez,
1998.
12. A burguesia e a contra-revolução. São Paulo: Ensaio, 1987 [textos
da Nova Gazeta Renana, de dezembro
de 1848].
13. As lutas de classes na França (1848-1850). São Paulo: Global, 1986.
14. O dezoito brumário de Luís Bonaparte. In Marx, K. e Engels, F.
Obras escolhidas em três volumes. Rio de Janeiro: Vitória, vol. I, 1961.
15. A Espanha revolucionária. In Marx, K. e Engels, F. A revolução
espanhola. Rio de Janeiro: Leitura, 1966 [contém os oito textos
marxianos publicados no New York Daily Tribune, de julho a setembro
de 1854, mais uma série de textos de Marx e Engels, também referidos
à Espanha, preparados entre 1855 e 1873].
16. Simon Bolívar. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
17. Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977 [materiais constitutivos dos manuscritos de 1857-1858,
editados pela primeira vez em 1939-1941 sob o título de Gründrisse
der Kritik der Politischen Ökonomie. Rohentwurf. 1857-1858
(Elementos fundamentais para a crítica da economia política.
Rascunhos. 1857-1858)], cuja tradução integral está anunciada pela
Ed. Contraponto (Rio de Janeiro).
18. Para a crítica da economia política. In Marx, K. Manuscritos
econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Abril
Cultural, col. “Os pensadores”, 1974.
19. Senhor Vogt. Lisboa: Iniciativas Editoriais, I-II, 1976.
20. Salário, preço e lucro. In Marx, K. e Engels, F. Obras escolhidas em
três volumes. Rio de Janeiro: Vitória, vol. I, 1961.
21. O capital: Crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 6 volumes, 1967-1974 [edição dos livros I-II-III d’O capital].
Há ainda outra edição, em tradução diversa: O capital: Crítica da
economia política. São Paulo: Abril Cultural, col. “Os economistas”, 6
volumes, 1983-1985.
22. O capital. Livro I, capítulo VI (inédito). São Paulo: Ciências
Humanas, 1978.
23. Teorias da mais-valia. História crítica do pensamento econômico.
São Paulo: DIFEL, 3 volumes, 1980-1985 [edição do livro IV d’O
capital].
24. A guerra civil na França. São Paulo: Global, 1986.
25. Crítica ao programa de Gotha. In Marx, K. e Engels, F. Obras
escolhidas em três volumes. Rio de Janeiro: Vitória, vol. II, 1961.
26. O questionário de 1880. In Thiolent, Michel. Crítica metodológica,
investigação social e enquete operária. São Paulo: Pólis, 1982 [trata-
se do questionário, elaborado em abril de 1880, a pedido dos
socialistas franceses, para uma pesquisa a ser feita entre operários
acerca da sua situação econômica, social e política].
A copiosa correspondência de Marx continua praticamente inédita em
português. Nos títulos seguintes, encontram-se algumas cartas de inequívoca
relevância teórico-política:
27. Marx, Karl e Engels, Friedrich. Obras escolhidas em três volumes.
Rio de Janeiro: Vitória, vols. 1-2, 1961, vol. 3, 1963.
28. Marx, Karl e Engels, Friedrich. História. São Paulo: Ática, col.
“Grandes cientistas sociais”, vol. 36, 1983.
29. Marx, Karl. O 18 brumário e Cartas a Kugelmann. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2002.

MARX E A RELIGIÃO

No texto intitulado “Filosofia da Religião” escrito por Urbano Zilles (1991),


este autor se ocupa do “pensamento marxista enquanto crítica da religião” (p.
121) e, em sentido sintético, tomamos reflexões de Zilles para consecução deste
breve trabalho acadêmico.
A crítica da religião já era uma constante na filosofia alemã no século XIX
com Hegel e L. Fauerbach. Marx se orientara, de uma forma geral, pela dialética
hegeliana e pelo materialismo ateu de Fauerbach. Marx rejeitara o aspecto
idealista de Hegel e, neste sentido, a religião é também negada enquanto
representação Divina.
O materialismo dialético histórico de Karl Marx analisa o homem pela
realidade social, política e econômica, do homem concreto, no universo das
práxis das necessidades materiais. Desta forma, a religião é uma alienação
resultante da alienação econômica histórica. Esta alienação econômica se dá
pela exploração capitalista, a mais-valia que, somada a toda uma cultura de
exploração, Marx compreendera como a “infraestrutura”. A condição alienante
da religião como “ópio do povo”, como calmante ou sedativo da
mente/consciência, é uma solução ilusória e temporária. Assim, diante dos
dilemas existenciais do proletário aplica-se a solução criativa da imagem
religiosa. Contudo para Marx, acabando com a infraestrutura exploratória
capitalista a superestrutura religiosa criada ilusoriamente desaparecerá.
Pode-se pensar, porém, que uma não-militância, um não engajamento
revolucionário por parte da igreja, pode ter despertado a crítica de Karl Marx
contra a religião. Neste sentido, a religião para Marx fora considerada como
elemento superficial e consequente de um estado de dominação exploratória da
lógica capitalista, ainda que, sociológica, econômica, filosófica e historicamente
o pensamento ateu de Karl Marx e Engels tenha lugar importante a se considerar
em diversas análises contemporâneas.

Igualmente, no artigo “Marx e a religião: a construção do conhecimento


histórico” a doutora em História Sylvana Maria Brandão de Aguiar (2009) traz
reflexões no âmbito da temática do pensamento de Karl Marx sobre a religião.
Trechos de obras como “Contribuição à crítica da filosofia do direito de
Hegel” (1843) e “A Ideologia Alemã”7 (1845) são analisados no artigo
consubstanciando reflexões sobre Marx, Religião e a construção do
conhecimento histórico.
Para Aguiar (2009), Karl Marx não se ocupou longamente da temática
religiosa. Porém, em algumas de suas obras pode-se localizar considerações a
respeito Religião, entretanto são afirmações não sistematizadas. Para Aguiar, a
crítica de Marx à religião é percebida em duas fases de sua vida, assim como no
texto de Zilles (1991). Primeiramente Marx trabalha a Religião como alienação.
E em segundo momento, a idade madura de seu pensamento, a entende como
ideologia.
Enquanto alienação, Marx apreende o pensamento filosófico religioso de
Feuerbach quando afirma que a religião é uma projeção do homem, exterior, que
é o reflexo do vazio presente no indivíduo. Todavia, para além da perspectiva
feuerbachiana, Marx irá indagar-se acerca da razão desta projeção. E encontra
a sua resposta na relação do homem com o mundo, numa condição alienante
em que o homem se encontra diante de um sistema que o subjuga, a
infraestrutura capitalista, e enfatiza que que os indivíduos vivem numa
conjuntura que o explora e oprime. Daí é que uma vez inserido em tal realidade,
necessita de ilusões, daí busca a religião. Esta funciona como uma consciência
invertida do mundo, ideologizada,

A angústia religiosa é, por um lado, a expressão da angústia real e, por


outro, o protesto contra a angústia real. A religião é o suspiro da criatura
oprimida, a alma de um mundo sem coração, tal como é o espírito das
condições sociais, de que o espírito está excluído. Ela é opium do povo.
(MARX; ENGELS, 1975, p. 47 - 49).

Desta forma, para Marx o homem torna-se alienado pelas condições do


mundo em que vive e que gera a religião. Em último sentido, o homem busca a
religião como um atenuante, um calmante, um sedativo, que precisa para
suportar a sua miséria real.
Marx também enxerga a religião como protesto contra este mundo, não
sendo apenas expressão deste mundo real. Esta análise, este ângulo de análise,
é pouco explorado no pensamento de Karl Marx.
Já na segunda fase, mais madura, Marx considera a religião como
ideologia. Aguiar escreve uma síntese desta visão encontrada da obra “A
ideologia Alemã”, Marx e Engels

afirmam que as ideias não têm autonomia própria, sendo então


produtos da atividade material dos homens. A formação das ideias no
âmbito da filosofia, da moral, da religião ou em qualquer outro âmbito
se explica a partir da maneira como os homens produzem seus bens
materiais (AGUIAR, 2006, p. 109).

Nas palavras do texto original de “A Ideologia Alemã”, Marx e Engels


(2006, p. 109) está assim,
As representações, o pensamento, o comércio espiritual entre os
homens, aparecem aqui como emanação direta de seu comportamento
material. O mesmo ocorre com a produção espiritual, tal como aparece
na linguagem da política, das leis, da moral, da religião, da metafísica,
etc., de um povo.

Dito de outra maneira, a religião não tem uma substância própria, é puro
resultado das condições sociais fabricadas pelos homens. Esta concepção dá
margem a consequências práticas. Marx afirma que a religião desaparecerá, não
terá mais razão de existir; não como resultado de uma ação antirreligiosa, mas
como efeito de uma transformação social. E seguindo a cadência do seu
pensamento, acredita que uma vez que o homem cria as condições que fazem
a religião existir, ele pode gerar uma realidade contrária.

O reflexo religioso do mundo real só pode desaparecer, quando as


condições práticas das atividades cotidianas do homem representem,
normalmente, relações racionais claras entre os homens e entre estes
e a natureza. A estrutura [...] do processo da produção material, só
pode desprender-se do seu véu nebuloso e místico, no dia em que for
obra de homens livremente associados, submetida a seu controle
consciente e planejado. ( MARX, 1980, p. 88)

Portanto, Karl Marx conclui que as formas e produtos de consciência


vigentes na sociedade moderna que respaldam a existência da Religião, podem
ser dissolvidos através da abolição prática das relações sociais reais, a
infraestrutura, que dera nascimento às criações e invenções idealistas, ou seja,
o motor gerador originário da religião enquanto ideologia é a exploração pela
lógica capitalista, o capitalismo.

Considerações finais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Eric J. Hobsbawm, org., História do marxismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, vol.
1, 1980, pp. 423-443)
http://averdade.org.br/2012/04/biografia-de-karl-marx-o-maior-pensador-da-
humanidade/
https://www.suapesquisa.com/biografias/marx/
https://www.todamateria.com.br/karl-marx/
https://www.infoescola.com/biografias/karl-marx/
https://www.ebiografia.com/karl_marx/
https://www.estudopratico.com.br/karl-marx-vida-obra-e-pensamentos/

https://marxismo21.org/wp-content/uploads/2012/07/Introduc%C3%A3o-
%C3%A0-obra-de-Marx-Jos%C3%A9-Paulo-Neto.pdf (sobre as obras de Marx)

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã: Feuerbach, a oposição


entre as concepções materialistas e idealistas. São Paulo: Martin Claret, 2006.

___________.; ENGELS, Friedrich. “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”.


In: MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Sobre a Religião. Lisboa: Edições 70,
1975.

MARX, Karl. O Capital: critica da economia política. 6. ed. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1980. v. I, p.88.

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