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DIREITOS HUMANOS

TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

CAPÍTULO 1

1.0 - CONCEITOS:

É o conjunto mínimo de direitos necessários para assegurar uma vida ao ser


humano baseada na liberdade e na dignidade.
São normas jurídicas externas e internas que visam proteger a pessoa humana.

2.0 – TERMINOLOGIA:

2.1 – Direitos do Homem:

Foi a primeira nomenclatura que surgiu, sendo bastante criticada. Remota a


época do jusnaturalismo (é o direito natural , todos os princípios, normas e direitos que
se tem como ideia universal e imutável de justiça e independe da vontade humana ), pois
bastava ser homem para possuir direitos e poder usufruí-los. São direitos
naturais ainda não positivados. Refere-se aos primeiros direitos dos seres
humanos.

2.2 – Direitos Fundamentais:

São os direitos reconhecidos ou outorgados e protegidos pelo direito


constitucional interno de cada Estado.

2.3 – Direitos Humanos:

São os direitos positivados na esfera do direito internacional.

ATENÇÃO: É possível existir direitos humanos previstos em Convenções e


Tratados Internacionais que não estejam incorporados pelo ordenamento
jurídico interno de um país.

3.0 – CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS:

3.1 – Historicidade:

É o fruto de conquistas históricas; eles vão surgindo e se afirmando no passar


dos anos. Assim, os DH’s não surgiram todos de uma única vez, mas foram
gradativamente conquistados, distancia-se da tese que seriam direitos naturais,

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DIREITOS HUMANOS

caminha sempre para ampliar a proteção às pessoas (PROIBIÇÃO DE


RETROCESSO).

É o que chamamos de VEDAÇÃO DO REGRESSO ou EFEITO CLICET, uma


vez deferido o DH não pode ser desfeito.

3.2 – Inalienabilidade:

Os DH’s não podem ser transferidos, não são objeto de comércio. Essa
característica não obsta que seja atribuído a alguns direitos valoração
econômica. (direito de imagem, de posar nu, BBB)

3.3 – Indivisibilidade / Interdependência:

Os DH’s devem ser compreendidos como um conjunto, como um bloco único,


indivisível e interdependente. Engloba os direitos civis, políticos, econômicos,
sociais e culturais. Para se garantir a proteção integral da dignidade dos DH’s o
Estado deve assegurar todos os DH’s conjuntamente. Os Direitos Humanos são
iguais para todos os seres humanos.

3.4 – Complementaridade:

Os DH’s não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta
com a Constituição e diversas leis, princípios e objetivos estatuídos pelo
legislador constituinte. Pode-se dizer que um DH complementa o outro, como
exemplo, não existe liberdade sem segurança.

3.5 – Imprescritibilidade:

A pretensão de respeito e concretização de DH não se esgota pelo passar dos


anos. O titular não o perde mesmo que não exerça.

3.6 – Irrenunciabilidade:

As pessoas não têm o poder de dispor sobre a proteção à sua dignidade, não
possuindo a faculdade de renunciar aos direitos inerentes à dignidade humana.

3.7 – Universalidade:

Os DH’s se destinam a todas as pessoas sem qualquer tipo de discriminação,


pouco importando a etnia, religião, sexo, idade, etc. Também tem validade em
todos os lugares do mundo (cosmopolita). Essa característica permite flexibilizar
o conceito de soberania nacional e jurisdição doméstica, uma vez que tem como
primado o indivíduo, sua liberdade e autonomia, em detrimento da soberania do
Estado.

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■ RELATIVIDADE DOS DH’S:

Essa corrente doutrinária não concebe uma sociedade universal, com os


mesmos padrões culturais, sob pena de haver uma violação à
autodeterminação dos povos. Devido à existência de um pluralismo cultural,
seria necessário respeitas as diferenças culturais de cada sociedade. As
regras sobre a moral variam em cada país, não havendo moral universal.
Assim, essa teoria tem coo primado a coletividade, sendo o indivíduo parte
integrante da sociedade.

Os padrões culturais não podem prevalecer sobre os DH’s. Não pode-se


relativizar DH’s segundo padrões culturais.

A relatividade doutrinária não é aceita no Brasil.

Em regra, os DH’s podem ser relativizados para se harmonizar a outros


valores coexistentes na ordem jurídica. Assim, não se afirmam como direitos
absolutos, como ocorre, por exemplo, com o direito à vida que pode ser
relativizado nos casos de legítima defesa ou de pena de morte.

Os direitos à proibição de tortura e de escravidão não são passíveis de serem


relativizados, consoante dispõe a Convenção contra a Tortura da ONU.

Teoria da margem de apreciação: Segundo essa teoria os Estados possuem


uma “margem de apreciação” para solucionar os conflitos de interesse público,
não podendo o juiz internacional apreciá-los, já que a função da Corte
Internacional é subsidiária.

3.8 – Eficácia dos Direitos Humanos:

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DIREITOS HUMANOS

Vertical: Os DH’s limitam a atuação do Estado x Direito a Liberdade, é o poder


de limitar o Estado com o intuito de proteger a população.

Horizontal: Os DH’s se aplicam nas relações entre os particulares, limitando a


autonomia privada das pessoas. Ex.: Exclusão de sócio de entidade associativa
deve respeitar o devido processo legal, ou seja, não podemos expulsar um sócio
apenas pelo fato de querer. É o poder de limitar nós mesmos, ou os outros contra
outras pessoas. Relação frente a frente.

4.0 – PRECEDENTES HISTÓRICOS:

Os DH’s não foram internacionalizados com o Direito Humanitário, a Liga das


Nações e a OIT, isso somente ocorreu no pós 2ª GM, com a DUDH.

4.1 – PRECEDENTES DOS DIREITOS HUMANOS:

P 4.1.1 – Direito Humanitário:


R
E É o conjunto de normas (ex.: convenções de Genebra, nome que se dá a vários
tratados internacionais assinados entre 1864 e 1949 para reduzir os efeitos da guerra sobre
C a população civil, além de oferecer uma proteção para militares capturados ou feridos. ) e
E mecanismos (ex.: Comitê Internacional da Cruz Vermelha) que visam proteger
D as pessoas, principalmente nos períodos de guerra. Objetiva impor limites à
E atuação do Estado com relação aos militares fora de combate (doentes, feridos
N ou presos) e às populações civis. Assim, trata-se de uma regulamentação
T jurídica ao emprego da violência.
E
4.1.2 – Liga das Nações:
S
Criada após a 1º GM (1920), tinha como objetivo promover a cooperação, paz e
D segurança internacional.
O
S 4.1.3 – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT):

Criada após a 1º GM, em 1919 com a assinatura do Tratado de Versalhes, tem


D
como finalidade instituir e promover padrões internacionais de condições de
H trabalho e bem estar aos trabalhadores.
s
Obs.: Em 1944, à luz dos efeitos da Depressão e da 2ª GM, a OIT adotou a
Declaração de Filadélfia como anexo de sua Constituição. Essa declaração
serviu de modelo para a Carta da ONU e para a DUDH.

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4.2 – ELEMENTOS DE CRIAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:


E
L 4.2.1 – CRIAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU):
E
M Surgiu a partir dos erros da LIGA DAS NAÇÕES. Criada em 1945 Carta das
E Nações Unidas. Surge nova ordem internacional com preocupações que incluem
N a manutenção da paz e segurança internacional, proteção ao meio ambiente,
T relação amistosa entre Estados e proteção internacional aos DH’s.
O 4.2.2 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH):
S
Elaborada por unanimidade de 48 Estados e 8 abstenções (todos asiáticos), em
D 1948, significou um marco da consagração da universalidade dos Direitos
E Humanos, ou seja, aplicação a todas as pessoas, de todos os países, raças,
religiões e sexo dos DH’s. Consolida, assim, uma ética universal a partir do
C respeito à dignidade humana e uma ordem pública mundial, servindo de
inspiração para a criação de diversos tratados e convenções internacionais.
R
Introduz, a indivisibilidade e interdependência dos DH’s ao contemplar os direitos
I civis e políticos juntamente com os econômicos, sociais e culturais (conjuga valo
A da liberdade com o valor da igualdade).
Ç
à A DUDH, não é um tratado internacional (contrato entre países), mas uma
O declaração decorrente de uma resolução da Assembleia Geral da ONU. Assim,
formalmente não tem força de lei e não pode obrigar os Estados Juridicamente,
D apenas moralmente. Porém, boa parte da doutrina internacional atribui força
jurídica obrigatória e vinculante à DUDH, na medida em que tem se transformado
O
em direito costumeiro internacional e princípio geral de Direito Internacional.
S
Piovesan ensina que a DUDH possui natureza jurídica vinculante por constituir-
se a interpretação autorizada da expressão “direitos humanos” constante nos
D Art. 1º(3) e 55 da Carta da ONU.
I
R 4.2.3 – GUERRA FRIA:
E
Ocorreu entre o final da 2ºGM e o fim da URSS (1945 a 1991) foi um conflito de
I
cunho político, militar, tecnológico, econômico, social e ideológico entre as duas
T nações e suas zonas de influência. É chamada fria porque não houve uma guerra
O direta entre os 2 países. O mundo estava dividido em 2 partes, parte capitalista
S e parte socialista. Nesse contexto foram criados dois pactos, o Pacto
Internacional de Direitos Civil e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos
H Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966, que incorporaram os direitos
U previstos na DUDH.
M
A DUDH + 2 PACTOS formaram a CARTA INTERNACIONAL DOS DH’s ou
A
INTERNATIONAL BULL OF RIGHTS, que inaugura o sistema global de proteção
N dos direitos humanos.
O
S
4.2.4 – CONFERÊNCIA DE VIENA DE 1993:
Veio para reafirmar e consagrar os paradigmas das universalidade,
indivisibilidade e interdependência dos DH’s instituídos na DUDH, concedendo
maior eficácia e proteção aos DH’s. Considerada uma concepção pós-

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DIREITOS HUMANOS

contemporânea de DH’s. Direitos humanos não eram mais discursos dos blocos,
mas tema que deveria compor a agenda global.

DIREITOS HUMANOS
PRECEDENTES DOS

Direito Humanitário

Liga das Nações 1920

OIT 1919
ELEMENTO DE
CRIAÇÃO DOS
DH's

ONU 1945

DUDH 1948
Pacto Internacional de Direitos Civil e
Políticos e Pacto Internacional de
PACTOS 1966 Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais

CARTA INTERNACIONAL É a junção dos Pactos com a DUDH

Veio para reafirmar e consagrar dos


CONFERÊNCIA DE VIENA 1993 DH's.

5.0 – AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS:

Afirmação histórica difere dos precedentes dos DH’s (OIT, Direito Humanitário, Liga
das Nações).
O desenvolvimento dos DH’s trata-se de um processo histórico e gradativo, ao
passar do tempo novos direitos irão surgir.

5.0.1 – 1ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Grécia Antiga (Sec. V A.C) – Primórdio dos direitos políticos. A partir de Sócrates,
Platão e Aristóteles a pessoa humana foi colocada como centro da questão
filosófica, ou seja, passou-se de uma explicação mitológica da realidade para
uma explicação antropocentrista (colocar o ser humano no centro da discussão).

5.0.2 – 2ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Roma Clássica (Sec. VIII A.C.) – O Direito romano trouxe proteção aos direitos
individuais (ius civile), atribuiu um conjunto de normas comuns ao povo romano
e aos estrangeiros (ius gentium), e introduziu a ideia de que o ser humano é, por
natureza, portador de direitos que devam ser respeitados (ius naturale).

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5.0.3 – 3ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Cristianismo – Há uma união indissociável entre o cristianismo e os DH’s, uma


vez que esse limitou o poder político através da distinção entre o que é de César
e o que é de Deus. Ademais, os ensinamentos do amor ao próximo e da
igualdade de todos os seres humanos foram práticas precursoras dos DH’s.

5.0.4 – 4ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Carta Magna (Inglaterra, 1215) – Outorgada pelo Rei João Sem Terra, é o
primeiro documento escrito que procurou conter os poderes do monarca.
Constituiu de um acordo entre os barões ingleses, o clero e o Rei para consagrar
certos privilégios especiais a esses estamentos.

Principais legados da CM:


a) Vinculou o rei às próprias leis que edita;
b) Desvinculou da pessoa do rei tanto a lei quanto a jurisdição – PRINCÍPIO
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL;
c) Lança as bases do tribunal do júri e instaura a abolição das penas
arbitrárias/desproporcionais;
d) Suspenção do estado servil, substituindo a vontade do rei pela previsão
da lei – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude da lei”;
e) Respeito à propriedade privada contra os confiscos do rei;
f) Previu a liberdade da Igreja em relação ao Estado, sendo referencial para
futura separação entre Igreja e Estado;

5.0.5 – 5ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Habeas Corpus Act (Inglaterra, 1679) – Criada para proteger a liberdade


de locomoção, contra os arbítrios (decisão dependente apenas da vontade)
dos Stuarts.

5.0.6 – 6ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Principal Legado do Habeas Corpus Act – Inspirou o juicio de amparo


(México) e o mandado de segurança (Brasil), ambos instrumentos
processuais que asseguram o direito líquido e certo contra os desmandos
da autoridade pública.

5.0.7 – 7ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Bill of Rights (Inglaterra, 1689) – Também chamada de Declaração dos


direitos. Votada em Parlamento, pela primeira vez acabou com o regime
de monarquia absoluta inglês, limitando os poderes governamentais e
garantindo liberdades individuais. Até hoje é considerado um dos mais
importantes textos constitucionais do Reino Unido.

Principais Legados da Bill of Rights:


a) Instiruiu a separação dos poderes e declarou o Parlamento o órgão
principal de defender os súditos perante o Rei;

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DIREITOS HUMANOS

b) Fortaleceu o tribunal do júri;


c) Reafirmou o direito de petição e a proibição de penas cruéis.

5.0.8 – 8ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Declaração de Virgínia (EUA, 1776) – Fruto da Revolução Americana, foi o


primeiro documento a afirmar os princípios democráticos da modernidade,
unindo a limitação dos poderes governamentais à soberania popular.
Proclamou o direito a liberdade, principalmente a liberdade de opnião e religião,
também o direito à propriedade e à vida, bem como a igualdade de todos perante
a lei.

5.0.9 – 9ª AFIRMAÇÃO HISTÓRICA:

Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (França. 1789) –


Fruta da Revolução Francesa buscou-se a supressão das desigualdades
estamentais do antigo regime. Consagração dos princípios iluministas da
liberdade, igualdade e fraternidade, com dimensão nacional e universal.
Protegeu também os direitos de propriedade.

Ambas as Declarações consagram os direitos humanos de primeira geração.

5.1 – GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS:

5.1.1 – Primeira Dimensão ou Primeira Geração:

São direitos civis e políticos, que traduzem o valor de liberdade e dizem respeito
às liberdades públicas e aos direitos políticos. Direitos que protegem o homem
do Estado.

5.1.2 – Segunda Dimensão ou Segunda Geração:

Nascidos durante o período da Revolução Industrial (final Séc. XIX e início Séc.
XX), ganharam expressão na elaboração da Constituição mexicana de 1917, da
Constituição de Weimar (Alemanha) de 1919 e do tratado de Versalhes (OIT).
Correspondem aos direitos de igualdade (depende de atuação estatal – natureza
prestacional).
São direitos que visam igualar a população, dando oportunidade para que
possam ter qualificação.

5.1.3 – Terceira Dimensão ou Terceira Geração:

Foram consagrados após a Segunda GM. Novas preocupações surgem como a


preservação do meio ambiente, a proteção dos consumidores, a
autodeterminação dos povos. Assim, com as profundas alterações sociais
causadas pela globalização emergem direitos voltados à garantia de uma
qualidade de vida, os chamados direitos metaindividuais (ou difusos) que
transcendem o indivíduo. Traduz-se no valor da fraternidade e/ou solidariedade.
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DIREITOS HUMANOS

CONSOLIDADOS 5.1.4 – Quarta Dimensão ou Quarta Geração:

Referente aos efeitos das pesquisas na área da biologia e da manipulação


NÃO SÃO

do patrimônio genético (bioética) e direito à democracia.

5.1.5 – Quinta Dimensão ou Quinta Geração:

Referente ao direito à paz, que deixa de ser um mero propósito para tornar-
se direitos das pessoas.

ATENÇÃO: A ideia de geração merece ser criticada, uma vez que coloca em
cheque a compreensão contemporânea de indivisibilidade e interdependência
dos direitos, além de transmitir a noção equivocada de substituição de um
direito por outro mais novo. Hoje há preferência pelo termo “dimensões”, pois
reflete uma complementaridade dos direitos.

6.0 – PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA:

6.1 – PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DH’s

É a proteção aos direitos dos seres humanos e não das prerrogativas dos
Estados. Emerge a ideia de que o indivíduo é sujeito de Direito Internacional.
Soberania nacional relativizada, por admitir intervenções no plano nacional em
prol da proteção dos DH’s.

6.2 – SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS:

O direito Internacional dos DH’s não pretende substituir o sistema nacional, ele
é suplementar, subsidiário, complementar ao direito nacional. Assim, poderá ser
provocado sempre que os instrumentos nacionais sejam omissos ou falhos em
seu dever de evitar ou punir violações aos direitos humanos. Em caso de
descumprimento das obrigações dos órgãos internacionais, o Estado poderá ser
responsabilizado. Essa responsabilização pode ser de várias formas, como
pagar indenização, obrigação de fazer, obrigação de não fazer e de dar.

6.2.1 – ONU:

A organização das Nações Unidas, ONU, foi criada em 1945, a partir dos erros
das Ligas das Nações. É uma ordem internacional com preocupações que
incluem a manutenção da paz e segurança internacional, proteção ao meio
ambiente, relação amistosa entre Estados e proteção internacional dos DH’s.
É considerada um elemento de criação dos DH’s

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Principais órgãos da ONU:


TODOS TUTELAM

a) Assembleia Geral;
b) Conselho de Segurança; (ficam 5 países fixos e 10 de giro)
DH’s

c) Conselho Econômico e Social;


d) Conselho de Tutela; (faz proteção aos países quando se destroem, ex.: Síria)
e) Corte Internacional de Justiça; (julga crimes de guerra)
f) Secretariado;

Órgãos subsidiários: Consiste de órgãos pequenos que estão dentro da


ONU, como: Conselho de DH’s, Comitês, TPI Ruanda, etc.

Agências especializadas: OMS, OIT, UNESCO, etc.

Programas e fundos: UNICEF, PNUD, ACNUR, etc.

Sistema Global é integrado por:

a) SISTEMAS NORMATIVOS GERAIS: Endereçados a toda e


qualquer pessoa humana, qual seja a Carta Internacional dos
DH’s (DUDH + PIDCP (PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS
CIVIS E POLÍTICOS) + PIDESC (PACTO INTERNACIONA DOS DIREITOS
ECONÔMICOS SOCIAIS E CULTURAIS))
b) SISTEMAS NORMATIVOS ESPECIAIS: Destinados
principalmente à proteção de pessoas ou grupos
particularmente vulneráveis, como a Convenção Internacional
contra a Tortura, a Convenção Internacional sobre a Eliminação
de todas as formas de Discriminação Racial, a Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, etc.

6.2.2 – TIPOS DE MECANISMOS:

a) CONVENCIONAL: São criados por meio de Convenções ou Tratado de


DH’s. Somente podem ser aplicados aos Estados que ratificaram a
Convenção. Ex.: Comitês de Tratados.

b) NÃO CONVENCIONAIS: Decorrem de medidas afirmativas de consenso


da comunidade internacional ou resoluções, não sendo advindos de
Convenções ou Tratados. Se aplicam em relação a qualquer Estado,
independentemente de ratificação de Convenção. Ex.: Conselho de
Direitos Humanos e Relatores Especiais.

6.2.3 – COMITÊS DE DH’s:

Compostos por especialistas em matéria de DH’s, independentes e autônomos,


visam monitorar a implementação dos Tratados Internacionais de DH’s.
Existem 6 Comitês referentes aos tratados: PIDCP, PIDESC, Discriminação
Racial, Tortura, Direito da Criança e Discriminação Contra a Mulher.

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DIREITOS HUMANOS

Principais funções:

a) Examinar relatórios dos governos e da sociedade civil;


b) Receber e considerar as comunicações interestatais e as petições
individuais;
c) Auxiliar os Estados a melhorar a implementação dos tratados de DH’s;
d) Esclarecer sobre a interpretação do significado e do conteúdo dos
tratados de DH’s.

6.2.4 – CONSELHO DE DH’s (2006):

É um órgão intergovernamental que assessora a Assembleia Geral da


ONU. Substituiu a Comissão de DH’s que era subordinada ao Conselho
Econômico Social. Criado pela Resolução 60/251 aprovada por 170 votos
a favor e 4 contras (EUA, Israel, Ilhas Marshall e Palu). Pretende alçar a
temática dos DH’s ao mesmo status que as questões da segurança e do
desenvolvimento, debatidas no âmbito do Conselho de Segurança e do
Escosoc.

Principais funções:

a) Incorporar os DH’s à atividade geral da ONU;


b) Servir de fórum para o diálogo;
c) Realizar um exame periódico universal (Universal Periodic Review) – que
é responsável pela avaliação da situação dos DH’s nos 192 Estados
membros.

6.2.5 – RELATORES ESPECIAIS (EXPERTS INDEPENDENTES):

Atualmente são 31 relatores temáticos e 17 relatores por país. O Brasil já


recebeu a visita de diversos relatores especiais temáticos, tais como, da
relatora sobre a eliminação da violência contra mulher, em 1996 e do relator
sobre tortura, em 2000.

Principais funções:

a) Investigar situações dos DH’s através de visitas in loco;


b) Receber denúncias ou comunicações;
c) Oferecer recomendações.

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DIREITOS HUMANOS

6.3 – SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS:

Os sistemas regionais complementam o sistema global, tendo em vista que têm


o mesmo objetivo, a proteção do indivíduo e o combate às violações dos DH’s.
Assim, caberá à vítima escolher em qual sistema irá demandar o Estado violador,
qual sistema é mais favorável ao seu pleito.

ATENÇÃO: Havendo conflito entre normas pertencentes aos sistemas global


e regional, deve ser aplicada a norma mais benéfica à pessoa humana.
(PRINCÍPIO PRO HOMINE)

Existem 3 sistemas regionais de proteção: O Europeu, o Americano e o Africano.

6.3.1 – SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS:

O Sistema Interamericano é coordenado pelo OEA (Organização dos Estados


Americanos), criada em 1948 pela Carta da OEA.

Principais marcos legais:


- DADDH;
- CADH.

a) DADH: DECLARAÇAO AMERICANA DE DIREITOS E DEVERES DO HOMEM

Afirma a universalidade, indivisibilidade e interdependência dos DH’s.


Traz como destaque a noção de Deveres dos indivíduos.

b) CADH: CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ou PACTO DE


SAN JOSÉ DA COSTA RICA

Assinada em 1969, somente entrou em vigor em 1978. O Brasil ratificou em


1992 pelo Decreto nº 678/1995, fazendo reserva com relação à necessidade de
anuência expressa sobre as visitas in loco da CIDH no Brasil. Possui aplicação
imediata, podendo seus direitos serem exigidos de plano. É o principal
documento do Sistema Interamericano. Apenas os países membros da OEA
podem aderir a CADH.

Principais órgãos:

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DIREITOS HUMANOS

Comissão Interamericana de DH’s (CIDH)

ATENÇÃO:

Tanto a CIDH quanto a Corte IDH, julgam Estados, NUNCA indivíduos.

O Pacto de San José da Costa Rica não traz qualquer direito social, cultural ou econômico, apenas
determina que os Estados devam, progressivamente, realizar esses direitos (art.26). Tais direitos
estão consagrados no Protocolo Adicional de San Salvador que entrou em vigor em 1999.

SEDE: A sede da OEA fica em Washington – EUA.


É composta por 7 membros chamados de comissários. Não pode fazer parte da
CIDH mais de um nacional de um mesmo país.

*Os EUA não fazem parte do Sistema Interamericano de Proteção aos DH’s.

FUNÇÃO: Essencialmente política.

7.0 – INCIDENTES DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA:

 Competência: Conjunto de regras pré-determinada na Lei que visa


mostrar qual órgão da justiça vai julgar o caso.
 A federalização dos graves crimes contra os DH’s surgiu com a Emenda
Constitucional 45/2004.

Previsão Legal: Art. 109, V-A §5º, CF

“Nas hipóteses de grave violação de Direitos Humanos, o Procurador


Geral da República (PGR), com a finalidade de assegurar o cumprimento
de obrigações decorrentes de tratados internacionais de DH’s dos quais
o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça,
em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.”

ATENÇÃO:

Somente o PGR poderá suscitar o IDC (incidente de deslocamento de competência), possui


legitimidade ativa;
O STJ é o foro competente para receber o IDC;
O IDC poderá ser manejado em qualquer fase do inquérito ou processo.

Essa regra permite que a União posicione-se no caso de violação aos


DH’s em que o Estado é omisso, uma vez que é a única responsável no

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DIREITOS HUMANOS

plano internacional para responder por todas as violações de DH’s


ocorridas no Brasil (Art. 21, I, CF).

EXEMPLOS:

O STJ só deparou duas vezes com essa provocação.

IDC nº 01 – Caso Dorothy Stang


A missionária Dorothy Stang foi assassinada em 2005, no Estado do Pará. O STJ denegou o
pedido de deslocamento de competência, pois se identificou que as autoridades estaduais
encontram-se empenhadas na apuração dos fatos que resultaram na morte da norte-americana.
Foram condenados os executores, intermediários e mandantes do crime.

IDC nº 02 – Caso Manoel Mattos


Advogado, vereador e defensor de DH’s, Manoel Mattos foi assassinado em 2009, na Paraíba. O
motivo foi por denunciar grupos de extermínio que agem impunes na divisa da Paraíba com
Pernambuco. O STJ em 27/10/2010 aceitou o pedido de deslocamento de competência da Justiça
Estadual da Paraíba para a Justiça Federal. Por conta das ameaças, a CADH e OEA deferiu
medida cautelar para que houvesse escolta de Mattos, mas não foi suficiente. Testemunhas do
caso foram executadas.

8.0 – INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE


DH’s:

Os tratados e Convenções internacionais são fontes formais de direito


internacional, operando efeitos para o ordenamento jurídico interno dos países
que os ratificarem.

Há quatro fases do Procedimento de incorporação dos Tratados e Convenções


Internacionais:

a) Celebração do tratado (negociação e assinatura) pelo Presidente da


República (Art. 8, VIII, CF) – competência privativa;
b) Aprovação do Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo (Art.
49, I, CF) – competência exclusiva;
c) Troca ou depósito da ratificação no órgão internacional pelo Presidente
da República;
d) Promulgação por Decreto Presidencial, seguida da publicação em
português no Diário Oficial da União (DOU)

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DIREITOS HUMANOS

8.0.1 – Hierarquia dos Tratados e Convenções Internacionais de


Direitos Humanos:

As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação


imediata (Art. 5º, §1º, CF). Demonstra intuito do legislador de reforçar a
imperatividade das normas que elencam direitos e garantias fundamentais.

Art. 5º, §3º - Os tratados internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Os tratados e convenções internacionais de DH’s serão equivalentes a Emenda


Constitucional quando for aprovado pelo quórum de 3/5 dos membros de cada
Casa do Congresso Nacional em 2 turnos de votação.

Terão status de norma supralegal quando for ratificado pela regra anterior à
reforma da EC 45/2004 (§3º, art. 5, CF). Assim todo o ordenamento
infraconstitucional em sentido contrário ao texto internacional terá sua eficácia
paralisada.

Terão status de Lei ordinária quando forem de qualquer natureza que não seja
de DH’s.

ATENÇÃO:

Até o presente momento somente a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo foram aprovados pelo quórum qualificado do §3,
art. 5, CF, assim detêm status de Emenda Constitucional.

Tendo em vista o posicionamento do STF no RE 466.343 (recursos especiais) e


no RE 349.703, no ordenamento jurídico brasileiro somente cabe prisão civil por
dívida no caso de devedor de alimentos. Assim, não poderá mais ser decretada

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DIREITOS HUMANOS

a prisão do depositário infiel. Ressalta-se, todavia, que o Art. 5º, LXVII, CF, que
prevê a prisão do depositário infiel, NÃO FOI REVOGADO, ocorrendo apenas a
paralisação dos efeitos dessa norma por ser frontalmente contrária ao Pacto de
San José da Costa Rica e ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.

9.0 – SEGURANÇA PÚBLICA

É uma política pública, consubstanciada (que está consolidada) pela ação estatal
e comunitária, em parceria, que objetiva prevenir e enfrentar a violência criminal,
nas suas diversas manifestações e dimensões, principalmente garantindo o
acesso à cidadania plena e respeito à dignidade da pessoa humana.

ATENÇÃO:

A CF não coloca Guarda Municipal como órgão responsável pela segurança pública,
sendo destinada à proteção dos bens, serviços e instalações do Município (Art. 144,
§8).

É inconstitucional o Estado ou Município criar novo órgão de segurança pública não


previsto no rol do Art. 144 da CF.

9.0.1 – POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA

Conceito:

É expressão que engloba as diversas ações, governamentais e não


governamentais, que sofrem impacto ou causam impacto no problema da
criminalidade e da violência, como: iluminação pública, saneamento básico,
esporte, lazer, educação, renda, etc.

A violência é multifatorial, sendo diversas as suas causas. Tem origem na


pobreza, na justiça, desemprego, educação, etc.

ATENÇÃO:

1) Aumento efetivo, aquisição de armamento e viaturas para a Polícia não


resolvem o fenômeno da violência, apenas atuaram como forma repressiva a
violência.

2) Todo crime é um tipo de violência, mas nem toda violência é um tipo de crime.
Ex.: Bullying.

16
DIREITOS HUMANOS

9.0.2 – FUNDAMENTOS DA POLÍTICA E SEGURANÇA PÚBLICA:

a) Ter um diagnóstico das dinâmicas criminais e dos fatores de risco;


SEGURANÇA PÚBLICO

b) Elaborar um plano de ação, capas de formular uma agenda,


PROTOCOLO DE

identificar prioridades e recursos, e estipular metas;


AMERICANO

c) Implementar a ação (ter tarefas de coordenação e de garantia de


cumprimento de metas e cronogramas);

d) Monitorar a execução, corrigindo os rumos e constatando os erros;

e) Avaliar os resultados e o processo.

Problemática das atuais Políticas Públicas de Segurança – Não são acessíveis


a toda a população, negando, assim, o exercício pleno da cidadania. Há uma
“priorização” do policiamento ostensivo (preventivo) nas áreas determinadas
“nobres”. As comunidades mais carentes vivenciam as dificuldades de ações
governamentais que priorizam pequenos segmentos da sociedade, detentores
do poder político e econômico.

O poder Público, com a participação da sociedade, há de prover a segurança


pública como caminho para o exercício da Cidadania. Não se justifica que, em
nome de uma pretensa exigência de segurança pública, sejam sacrificados
determinados “Direitos Humanos”.

Abordagem Policial:

Devem obedecer aos seguintes princípios: Segurança, surpresa, rapidez, ação


vigorosa e unidade de comando.
O policial ao encontrar o ponto de foco, deverá conter, isolar e controlar. O papel
da polícia é dar um enfoque mais amplo visando à resolução de problemas,
principalmente por meio de prevenção.

9.0.2.1 – PLANOS GOVERNAMENTAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA

PLANO NACIONAL PARA SEGURANÇA PÚBLICA (2000):

É a primeira política nacional e democrática de segurança focada no


estímulo à inovação tecnológica, voltado para o enfrentamento da
violência no país, especialmente em áreas com elevados índices de
criminalidade. Fracassou porque não havia a identificação de metas

17
DIREITOS HUMANOS

claras e recursos. Surge no calor da pressão social devido ao trágico caso


do ônibus 174.

POLÍCIA COMUNITÁRIA:

É uma filosofia e uma estratégia organizacional fundamentadas numa


parceria entre a população e as instituições de segurança pública. Estas
devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas com
a finalidade de reduzir o número de crimes, o dano da vítima e da
comunidade de modificar os fatores ambientais e comportamentais que
geram a violência.

PROJETO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA O BRASIL (2003)

Cria o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Aposta na filosofia


do policiamento comunitário para a construção de uma outra postura da
instituição policial para a comunidade. Tem o jovem como o eixo mais
vulnerável e digno de atenção das políticas públicas.

PROJETO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA COM CIDADANIA – PRONASCI (2007)

Integra ações de segurança acompanhado de estratégias voltadas para


ações de prevenção, controle e repressão da violência. Reuni ações de
segurança em parceria com a proteção e garantia de direitos
fundamentais. Busca participação comunitária na gestão da política
pública se segurança pública, valorização dos profissionais de segurança
e modernização do aparato policial.

ABORDAGEM POLICIAL

Devem obedecer aos seguintes princípios: Segurança, surpresa, rapidez,


ação vigorosa e unidade de comando.
O policial ao encontrar o ponto de foco, deverá conter, isolar e controlar.
O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo visando à resolução de
problemas, principalmente por meio de prevenção.

PODER DE POLÍCIA

É o mecanismo de frenagem que dispões a Administração Pública para


conter os abusos do direito individual. Por ele, o Estado limita os direitos
individuais em benefício do interesse coletivo – restringe a atividade
individual que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-estar
social.
É o poder do Estado de limitar e restringir a propriedade bem de um
indivíduo em função do interesse coletivo.

18
DIREITOS HUMANOS

USO DE FORÇA PELA POLÍCIA

É necessário para manutenção de segurança, devendo agir em


obediência à lei e aos DH’s, para restauração da ordem, e só usá-la
quando a persuasão (verbalização), conselho e advertência forem
insuficientes. O nível de cooperação do público para desenvolver a
segurança pode contribuir na diminuição proporcional do uso de força.

10.0 – COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

Principais atribuições da CNV:

a) Receber testemunhos, informações, dados e documentos;


b) Requisitar informações, dados e documentos, ainda que classificados
em qualquer grau de sigilo;
c) Convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam
guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados;
d) Determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou
recuperação de informações, documentos e dados;
e) Promover audiências públicas;
f) Requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se
encontre em situação de ameaça em razão de sua colaboração com
a CNV.

ATENÇÃO:

As atividades da CNV não terão caráter jurisdicional ou persecutório, ou seja, não é


inquérito policial e nem processo penal.

É dever dos servidores públicos e dos militares colaborarem com a CNV.


Em rega as atividades desenvolvidas pela CNV serão públicas, salvo se a
manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para
resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas.

Alguns resultados da CNV:

a) Justiça deferiu o pedido da CNV e ordenou a retificação no atestado de


óbito de Vladimir Herzog e Alexandre Vannucchi, para constar que a
morte decorreu de lesões provocadas por tortura e maus tratos. Ambos
foram presos pelo DOI-CODI (DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES E
INFORMAÇÕES – CENTRO DE OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA).

b) Apresentação do sistema de repressão da ditadura liberado pelo Sistema


Nacional de Informações (SNI) que se reportava diretamente a
Presidência da República.

19
DIREITOS HUMANOS

11.0 – PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (PNDH)

Histórico:
A Convenção de Viena de 1993 orientou que os Estados membros da ONU
constituíssem, objetivamente, programas nacionais de DH’s. O Brasil foi um dos
primeiros países a promover essa formulação.

Contexto Político:
Surgiu de intenso debate entre sociedade civil e Estado, desde 1996, por meio
de Conferências em todo o Brasil. Em 2008 houve a 11ª Conferência Nacional
dos Direitos Humanos, envolvendo diretamente mais de 14 mil cidadãos, além
de consulta pública, para criar o PNDH 3.

11.0.1 – PNDH I (1996)


Direitos Civis e Políticos. 228 propostas de ações.

11.0.2 – PNDH II (2002)


DCP + DHECS (Direitos Econômicos, Humanos, Culturais e Sociais)

11.0.3 – PNDH I (2009)


6 eixos orientadores + 25 diretrizes transversais. 519 ações programáticas.

MUDANÇAS NO PNDH III:

Aborto – Foi considerado como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos
serviços de saúde. Antes estava prevista a aprovação do projeto de lei que descriminaliza
o aborto.

É um problema de saúde pública! É realizado discriminadamente, com isso, ocorrem mais de 40 mil
abortos por ano no Brasil. 1 em cada 7 mulheres no Brasil á fizeram aborto.
Agentes de saúde não podem mais denunciar mulheres que chegam em situação de aborto.

Símbolos Religiosos – Foi revogado o dispositivo que impedia a ostentação de símbolos


religiosos em estabelecimentos públicos da União

Mediação de Conflitos coletivos, agrários e urbanos – A mediação foi retirada como ato
inicial da demanda, havendo priorização a oitiva do INCRA e outros órgãos públicos
especializados. Também foi retirada como prioridade a possibilidade de audiência coletiva
com os envolvidos.

Regulação dos meios de comunicação – Foi revogada a possibilidade de regulação, bem


como a previsão de penalidade administrativa em caso de violações praticas no uso das
concessões, permissões ou autorizações. Também foi revogada a previsão de ranking
nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios de DH’s.

Nomes de torturadores em prédios públicos – Revogada a intenção de alterar o nome dos


prédios públicos que tinham nome de torturadores.

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DIREITOS HUMANOS

EIXOS ORIENTADORES DO PNDH III:

São divididos em 6 Eixos orientadores, sendo eles:

I) Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil:

Ideia que agente públicos e todos os cidadãos são responsáveis pela


consolidação dos DH’s no Brasil, Assim, o PNDH III propõe a
integração e o aprimoramento dos fóruns de participação existentes,
bem como a criação de novos espaços e mecanismos institucionais
de interação e acompanhamento, como o fortalecimento da
democracia participativa.
Estado deve dar voz a população.

II) Desenvolvimento e Direitos humanos:

Visa a inclusão social e em garantir o exercício amplo da cidadania, e


de espaços consistentes às estratégias de desenvolvimento local e
territorial, agricultura familiar, pequenos empreendimentos,
cooperativismo e economia solidária. Propõe como pilar para um
modelos de crescimento sustentável o direito humano ao meio
ambiente e às cidades sustentáveis e o fomento a pesquisa de
tecnologias socialmente inclusivas.

Não há como trabalhar DH’s em situação de miséria. É necessário melhorar saneamento,


fome, emprego, infraestrutura, serviços básicos. O programa BOLSA FAMÍLIA é o
programa para tirar o cidadão da miséria e leva-lo para a pobreza, dando-o apenas um
valor irrisório para não passar fome.

III) Universalizar Direitos em um contexto de desigualdade:

Aponta como necessidade a redução da pobreza e a garantia de


gerações de renda aos segmentos sociais mais pobres, contribuindo
de maneira decisiva para a erradicação da fome e da miséria.

Maneiras de redução de pobreza e erradicação da fome e miséria: Incentivos fiscais as


empresas, programas de transferência de rendas.

IV) Segurança Pública:

Acesso à Justiça e combate à violência.

Traz metas para diminuir a violência, reduzir a discriminação e a


violência sexual, erradicar o tráfico de pessoas e a tortura. Aborda
ainda a reformulação do sistema de Justiça e Segurança Pública ao
estimular o acesso a informações e fortalecer modelos alternativos de
soluções de conflitos, além de garantir os direitos das vítimas de
crimes e de proteção das pessoas ameaçadas, reduzir a letalidade
policial e carcerária, dentre outros.

21
DIREITOS HUMANOS

V) Educação e Cultura em Direitos Humanos:

Propões a formação de uma consciência centrada no respeito ao


outro, na tolerância, na solidariedade e no compromisso contra todas
as formas de discriminação, opressão e violência.

VI) Direito a memória e à verdade:

O conteúdo central da proposta é afirmar a importância da memória e


da verdade como princípios históricos dos DH’s. Visa a construção da
identidade social e cultural, bem como na formulação de pactos que
asseguram a não-repetição da violações de DH’s, rotineiras em todas
as ditaduras.

OS 6 EIXOS ORIENTADORES:

1 – Interação Democrática entre Estados e Sociedade Civil;


2 – Desenvolvimento e Direitos Humanos;
3 – Universalizar Direitos em um Contexto de Igualdade;
4 – Segurança Pública;
5 – Educação e Cultura em Direitos Humanos;
6 – Direito à Memória e à Verdade.

11.1 – DISCIMINAÇÃO E AÇÕES AFIRMATIVAS:

11.1.1 - Conceito:

Discriminar, é toda forma de distinção, exclusão, restrição ou preferência que


tenha objeto ou resultado prejudicar ou anular o exercício, em igualdade de
condições, dos direitos humanos e liberdades fundamentais, nos campos
político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.

A discriminação ocorre quando somos tratados de maneira igual, em situações


diferentes; e de maneira diferente, em situações iguais.

11.1.2 - Enfrentamento:

a) REPRESSIVO-PUNITIVA:

Tem por objetivo punir, proibir e eliminar a discriminação (punir a população);

b) PROMOCIONAL:

Tem por objetivo promover, fomentar e avançar a igualdade (educar a


população)

22
DIREITOS HUMANOS

Assim, para assegurar a igualdade não basta apenas proibir a discriminação


mediante legislação repressiva. São essenciais as estratégias promocionais
(ações afirmativas) capazes de estimular a inserção e inclusão de grupos
socialmente vulneráveis nos espaços sociais.

11.1.3 – CONCEITOS DE AÇÕES AFIRMATIVAS:

São programas e medidas compensatórias adotadas pelo setor público ou


privado para aliviar e remediar as condições resultantes de um passado
discriminatório. Visam assegurar a diversidade e a pluralidade social. Também
viabilizam o direito à igualdade material e à neutralização dos efeitos perversos
da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição
física. Tais medidas cessarão quando alcançado o seu objetivo.

Como exemplo temos as cotas.

11.1.4 – MARCOS LEGAIS INTERNACIONAIS DAS AÇÕES AFIRMATIVAS:

a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Racial, art. 1º, §4º, prevê a possibilidade de “discriminação positiva” (a
chamada ação afirmativa), mediante a adoção de mediadas especiais de
proteção ou incentivo a grupos ou indivíduos com vistas a promover sua
ascensão na sociedade até um nível de equiparação com os demais.

b) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação


contra a Mulher, em seu art. 4, §1º, estabelece a possibilidade de os
Estados-partes adotarem ações afirmativas como medidas especiais e
temporárias destinadas a acelerar a igualdade de fato entre homens e
mulheres.

c) A Conferência de Durban, em suas recomendações, parágrafos 107 e


1108, endossa a importância dos Estados em adotarem ações afirmativas
como medidas especiais e compensatórias voltadas a aliviar a carga de
um passado discriminatório daqueles que foram vítimas de discriminação
racial, da xenofobia e de outras formas de intolerância correlatas.

11.1.5 – MARCOS LEGAIS NO BRASIL:

a) CF – O art. 7, XX, que trata da proteção do mercado de trabalho da


mulher, mediante incentivos específicos, bem como o art. 37, VII, que
determina que a lei reservará percentual de cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência.

b) PNDH III: Faz expressa alusão as políticas compensatórias, prevendo


como meta o desenvolvimento de ações afirmativas em favor de
grupos socialmente vulneráveis.

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DIREITOS HUMANOS

11.1.6 – EFICÁCIA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS:

Dados do IPEA (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA) aponta que, entre


os anos de 2002 e 2009, mais de 98 mil jovens negros entraram no ensino
superior por meio de iniciativas desse tipo. AS cotas, somadas a ações de
caráter geral de acesso ao ensino superior, como o PROUNI (programa
universidade para todos), estão mudando o perfil do universitário brasileiro. Em
17 anos, a taxa de matrícula de jovens de 18 a 24 anos mais que quintuplicou
entre os negros.

A plataforma de Ação de Beijing de 1995 afirma, em seu parágrafo 187, que a


adoção da ação afirmativa tem garantido a representação de 33,3% de mulheres
em cargos da administração nacional ou local.

– LEI DE COTAS:

a) Lei nº 8213/1991 – Lei de contratação e pessoa com deficiência. A


empresa com mais de 100 funcionários está obrigada a preencher
de 2 a 5 % dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou
pessoa com deficiência;

b) Lei nº 9100/1995 – Obrigou que ao menos 20% dos cargos para as


candidaturas às eleições municipais fossem reservados às
mulheres.

c) Lei nº 12711/2012 – Garante a reserva de 50% das matrículas por


curso e turno nas universidades e institutos federais de educação,
ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do Ensino
Médio Público, em cursos regulares ou da educação de jovens e
adultos. Também é levado em consideração a raça e cor dos
alunos (pretos, pardos e indígenas).

d) STF, ADPF nº 186 – O Plenário, por unanimidade, considerou


constitucional a política de cotas étnico-raciais para a seleção de
estudantes de Brasília (UNB). O ministro Relator, Ricardo
Lewandowski, anotou que as medidas afirmativas têm o objetivo
de superar distorções sociais historicamente consolidadas.
Segundo Lewandowski, a reserva de 20% de suas vagas para
estudantes negros “e de um e pequeno número delas” para índios
de todos os Estados brasileiros pelo prazo de 10 anos constitui
providência adequada e proporcional ao atingimento dos
mencionados desideratos.

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DIREITOS HUMANOS

11.1.7 – ASILO POLÍTICO x REFÚGIO:

a) REFÚGIO:

Há risco à liberdade ou à vida da pessoa em seu país, por motivos de raça,


religião, nacionalidade, ou em virtude de violação generalizada de direitos
humanos. Quem concede o refúgio é o CONARE (Comitê Nacional para os
Refugiados), conforme o art. 12, I, da Lei 9474/97. Em regra, é ofertado
coletivamente para um grupo de pessoas.

a) ASILO:

Há uma perseguição-político criminal da pessoa em seu Estado. Quem concede


é o Ministro da Justiça. O asilo normalmente é ofertado individualmente.

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