Professora: Drª Andrea De Vasconcelos Ferraz Aluno: Lucas Alexandrino Moreira dos Santos
Resumo do artigo: 3D printing of hydroxyapatite scaffolds with good mechanical
and biocompatible properties by digital light processing. Autores: Yong Zeng; Yinzhou Yan; Hengfeng Yan; Chunchun Liu; Peiran Li; Peng Dong; Ying Zhao; Jimin Chen. Várias técnicas de impressão 3D vêm sendo empregadas na impressão de biomaterias destinados a fabricação de implantes ósseos personalizados que apresentam formas complexas. Dentre essas técnicas, uma das mais recentes é o processamento de luz digital (DLP), na qual uma mistura de fotopolímeros com pó cerâmico é solidificada camada por camada através da projeção de luz no modelo processado. A grande vantagem desta técnica consiste na baixa tensão residual nas amostras obtidas o que faz com que a mesma seja considerada como ideal para prototipagem de alta resolução. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo a avaliação dos parâmetros do processo de sinterização e as propriedades mecânicas de estruturas cerâmicas de hidroxiapatita impressas por máquina de impressão DLP 3D caseira. A biocerâmica foi produzida através da mistura do pó de hidroxiapatita (HA) com o fotopolimero líquido de baixa viscosidade Somos® WaterShed XC 11122. Foram preparadas misturas com concentrações em peso de HA de 10, 20, 30, 40 e 45%, das quais foi selecionada a mistura com concentração de 30% que, por meio de testes de viscosidade, se mostrou mais apropriada para impressão. Um modelo tridimensional de malha quadrada de poros, com dimensões de 21 mm x 21 mm x 3 mm foi impresso por meio da impressora DLP 3D caseira. Posteriormente foi empregado nos modelos impressos um processo de sinterização dividido em duas etapas, a primeira destinada para remoção do fotopolimero e a segunda com o objetivo de melhorar a qualidade cristalina das amostras. Os parâmetros do processo de sinterização foram determinados de acordo com a calorimetria exploratória diferencial (DSC) e a análise térmica por gravidade (TG). As amostras foram caracterizadas pela técnica de difração de raios X (DRX) nas duas etapas de sinterização. Na primeira etapa os resultados evidenciaram a presença de picos característicos somente de HA, o que demonstra que as amostras apresentavam uma fase pura. Já na segunda etapa, os resultados mostraram que uma porção de HA foi convertida em fosfato tricálcico (TCP), incluindo α-TCP e β- TCP. Tanto HA como TCP são biocerâmicas de fosfato de cálcio que apresentam boa biocompatibilidade. A realização da microscopia eletrônica de varredura (MEV) nas amostras mostrou que não havia poros grandes e contínuos na seção transversal bem como rachaduras visíveis, de forma que as cerâmicas sinterizadas apresentavam uma boa qualidade cristalina. As estruturas biocerâmicas também foram submetidas a testes de compressão. Para determinar a estrutura dos corpos de prova, três diferentes modelos de corpos de prova foram projetados e simulados por meio de um software de elementos finitos, com a aplicação de uma carga de 12 MPa em cada superfície do modelo. O modelo que apresentou a menor concentração de tensão foi selecionado e impresso. Os ensaios de compressão foram realizados em quatro corpos de provas nas direções vertical e horizontal. A resistência à compressão na direção vertical de cada amostra foi superior a 10 MPa e o valor médio foi de 11,8 MPa. Já a resistência à compressão das amostras na direção horizontal foi menor que 10 MPa, com um valor médio de 5,1 MPa. Os resultados mostram que a estrutura de HA impressa por DLP tem anisotropia. Por fim, as propriedades biológicas da biocerâmica foram determinadas por cultura de células MC3T3-E1 in vitro. Foram observadas a adesão inicial de células MC3T3-E1 cultivadas nas estruturas por 24 horas, sendo que quantidade de células apresentou um aumento significativo com o decorrer do tempo. Um ensaio de imunofluorescência indireta foi utilizado para testar a sobrevivência celular e após um período de cultura de 24 horas, as células presentes na estrutura mostraram uma ampla gama de proliferação, sem morte em grande escala. Deste modo, concluiu-se que a estrutura de HA era biocompatível e adequada para o crescimento e proliferação celular.
Resumo do artigo: 3D printing of hydroxyapatite polymer-based composites for
bone tissue engineering Autores: Carola Esposito Corcione; Francesca Gervaso; Francesca Scalera; Francesco Montagna; Tommaso Maiullaro; Alessandro Sannino e Alfonso Maffezzoli. A utilização de técnicas de prototipagem rápida, principalmente a impressão 3D, dentro da engenharia de tecidos vem se expandindo e representam uma alternativa atraente para a fabricação de implantes ósseos personalizados, que podem ser obtidos a partir dos exames médicos do paciente sem a necessidade da utilização de moldes. Dentre as várias técnicas de impressão 3D destaca-se a modelagem por deposição fundida (FDM) pelo fato de não requerer o uso de nenhum tipo de solvente além de permitir o processamento dos matérias de forma simples e flexível. Com relação às matérias primas empregadas na fabricação destes implantes, o poli(ácido lático) (PLA), um polímero biocompatível e biodegradável, vem sendo amplamente utilizado, entretanto sua resposta celular é considerada pobre quando comparado com cerâmicas bioativas, como a hidroxiapatita (HA). As aplicações clínicas das cerâmicas bioativas como substitutos ósseos, por sua vez, são limitadas devido a sua fragilidade em estruturas porosas que sejam submetidas a cargas. Desta forma, a sintetização de um compósito a base de polímeros biodegradáveis e cerâmicas bioativas para impressão 3D livre do uso de solventes tóxicos se mostra uma opção potencialmente viável e é o objetivo do presente artigo. O compósito de PLA-HA foi obtido através do revestimento de placas de PLA com o de pó de HA usando uma máquina rotomoldagem, com o intuito de dispersar a HA de forma homogénea. Diferentes parâmetros de tempo, temperatura e rotação foram testados para otimizar a mistura. Posteriormente as placas foram processadas em forma de filamento por meio de um extrusor por fusão para serem empregadas de maneira adequada na FDM. O compósito foi caracterizado por meios das técnicas de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva de raios X (EDX), na qual os resultados obtidos comprovaram que o procedimento usado para preparar o compósito possui uma boa dispersão de partículas de HA dentro da matriz polimérica além de um alto teor de Ca e P, demonstrando uma presença homogênea de HA. A avaliação do conteúdo de HA por análise termogravimétrica (TGA) foi realizada no filamento compósito extrudado bem como no filamento de PLA puro. Os resultados evidenciaram um resíduo sólido de HA de 3,8% em peso para o primeiro, e um resíduo de 0,39% em peso para o segundo. Desta forma, foi possível supor que um conteúdo de HA de cerca de 3,4% está presente no filamento composto de impressão 3D. Testes de flexão foram realizados nas amostras de PLA puro e preenchido, de acordo com os padrões ASTM D790, e mostraram que o material compósito apresentou um módulo de 3 GPa e o de PLA puro um módulo de 2,8 GPa, enquanto a resistência é aproximadamente a mesma apara ambos, 3,7 GPa. Para verificar a adequação da utilização do compósito de PLA-HA com a técnica de FDM, foi impresso um modelo real de um seio maxilar reconstruído a partir de imagens obtidas através de tomografia computadorizada de feixe cônico. As dimensões do modelo impresso foram medidas com um paquímetro digital e mostraram-se ligeiramente superiores às dimensões especificadas na máquina de FDM, apresentando erros menores que 1%. Por fim, as imagens MEV do seio impresso foram obtidas para avaliar o tamanho dos poros e a interconexão da porosidade. Os resultados mostraram que a porosidade do seio resultante foi interconectada e maior que 300 μm, o que é considerado, com base em bibliografias, como uma boa dimensão de tamanho de poro para a regeneração óssea. Deste modo evidenciou-se a viabilidade da FDM para fabricação estruturas ósseas complexas, sem a utilização de solvente tóxico durante o processo.