O Direito Administrativo é uma vertente do direito público que versa sobre
princípios e regras disciplinadoras da função administrativa que engloba entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública em prol do interesse público. Tal ramo do direito estabelece como principal objeto os contratos administrativos, os quais consistem-se como atos bilaterais ajustados entre a administração pública e o particular de forma livre e desimpedida, os quais se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em encargos e vantagens. Tal contrato deve ser celebrado entre as partes para ser cumprido, porém, por motivos alheios a este contrato pode não ocorrer a sua conclusão. Esse descumprimento pode se dar com presença ou ausência de culpa, restando o, contrato, total ou parcialmente inexecutado. Daqui se infere que inexecução é o descumprimento total ou parcial do contrato, com ou sem culpa da parte inadimplente. Nota-se a partir da leitura do texto analisado, que o setor administrativo do Estado, disciplinado pelo Direito Administrativo, tem muitas funções a serem exercidas pelos seus membros. A função administrativa é exercida tipicamente pelo Poder Executivo, podendo ser desempenhada também pelos demais Poderes, em caráter atípico. Por conseguinte, também o Judiciário e o Legislativo, não obstante suas funções jurisdicional e legislativa (e fiscalizatória) típicas, praticam atos administrativos, realizam suas nomeações de servidores, fazem suas licitações e celebram contratos administrativos, ou seja, tomam medidas concretas de gestão de seus quadros e atividades. No que diz respeito às licitações, estas consistem em um procedimento obrigatório que antecede a celebração de contratos com a Administração Pública. Verifica-se que o art. 37, XXI, da Constituição da República estabelece a regra geral que regula todo o sistema de aquisições e vendas pela Administração Pública e determina a obrigatoriedade da licitação (ressalvadas as exceções previstas em lei). A licitação pode ser conceituada, então como um procedimento administrativo previsto em lei e em ato administrativo prévio, que estabelece requisitos objetivando à seleção da proposta de contratação mais lucrativa e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, com atenção ao princípio da isonomia. No que tange às licitações, as mesmas se tornam necessárias no ambiente administrativo, justamente porque se trata de interesse público e defesa deste, promovendo-se, assim, a asseguração do Estado e do bem comum das ambições do setor privado. Cabe agora destacar o fenômeno da inexecução do contrato que está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Tal artigo preceitua que a principal consequência da inexecução do contrato, seja parcial seja total, é a rescisão contratual e suas decorrências. Como abordado no texto em análise, a inexecução pode ser parcial ou total. Na inexecução parcial uma das partes, descumpre alguma cláusula do contrato, como por exemplo a inobservância do prazo contratual. Já na inexecução total o contratado não executa o objeto do contrato. Percebe-se que em qualquer das duas situações pode ser ensejada a responsabilidade para o inadimplente, promovendo-lhe sanções contratuais e legais proporcionais à falha cometida para o inadimplente, ocasionando sanções contratuais e legais proporcionais à falta cometida pelo inadimplente, estas sanções variam desde as multas, a revisão ou a rescisão do contrato. Verifica-se que a inexecução do contrato pode implicar em um ato ou uma omissão do contratado, agindo a parte com negligência, imprudência e imperícia, ou seja, uma inadimplência contratual com a presença de culpa do contratado. Como podem ter ocorrido motivos justificadores, ou seja, sem que o contratante desse causa ao descumprimento das cláusulas contratuais, agindo assim sem culpa, podendo ele se liberar de quaisquer responsabilidades assumidas, pois o comportamento é alheio à vontade da parte. O texto trata, ainda das diversas teorias de causas à inexecução do contrato, como a teoria da imprevisão, força maior, caso fortuito e o fato do príncipe. A primeira é a teoria da imprevisão que disciplina que as partes possuem permissão, possibilidade para a revisão do contrato por meio do reconhecimento de eventos novos, alheio à vontade das partes, e por certo, imprevisíveis. Com este entendimento aplicase a clausula “rebus sic standibus”, cláusula que só faz possível sua utilização sobrevierem fatos imprevistos e imprevisíveis ou se previsíveis incalculáveis nas suas consequências desnivelando assim o contrato celebrado, podendo até mesmo haver o reajuste contratual de preço desde que esta seja mencionada no contrato inicial não confundindo este com a revisão do contrato e de seus preços. Na inexecução do contrato por força maior caracterizada pelo caráter impeditivo absoluto para o cumprimento das obrigações contratadas; há de se observar que a força maior pode surgir a qualquer momento em uma relação jurídica seja ela por greve de trabalhadores, manifestações que empeçam a execução do contrato objetivando o cumprimento, dentre outras. No entanto para que a parte prejudicada por este motivo não seja responsabilizada pelo descumprimento do contrato deve-se fazer prova da sua vinculação com o fato ocorrido. Tal entendimento possui uma pertinência muito grande, na medida em que à luz do código civil e outros que disciplinam questões parecidas sobre responsabilidade, não pune nenhum sujeito por atos alheios a sua vontade e sobre qual não deu causa. Na inexecução pelo fato do príncipe há uma determinação estatal, geral, imprevista e imprevisível que onera substancialmente a execução do contrato administrativo, compulsando o poder público contratante a reintegrar totalmente os prejuízos suportados pela outra parte a fim de viabilizar o prosseguimento da execução do ajuste. Como já se sabe, a consequência da inexecução do contrato acarreta para o inadimplente a rescisão, o ajuste e consequências de natureza civil, administrativo e contratual se este for particular. Neste sentido, a rescisão pode ocorrer por ato unilateral da Administração; amigavelmente, acordando as partes, se conveniente para a Administração e reduzida a termo a ocorrência e, finalmente, por determinação judicial. A rescisão unilateral do contrato advém da primazia que lhe fornece o inciso II do artigo. Todavia, esta ordem é caracterizada por alguns princípios de suma importância. A rescisão amigável é disciplinada e autorizada em lei, condicionada à conveniência da Administração e à aquiescência das partes. Tal modalidade se mostra extremamente pertinente, uma vez que prevê a convenção das partes e estimula que se ocorrer a rescisão que seja pela via consensual. A última e mais complicada espécie de rescisão é a contratual, a qual, conquanto sem culpa do contratado, deverá ser feita, judicialmente, em virtude do veto do Presidente da República ao inciso IV do artigo 79, citado no texto em análise. Diante disto, tem-se que a rescisão se presta como forma de prevenção à inexecução contratual no que diz respeito ao âmbito administrativo, porque, na medida em que prevê a rescisão como consequência da inexecução contratual, cria-se, na teoria, um receio que leva ao cumprimento do tratado no contrato. O termo “na teoria” é empregado aqui porque, embora seja um caso que devesse ser cumprido por causa da pena de ver o contrato rescindido, na prática acontece muito da rescisão contratual não ocorrer e se tornar letra morta na lei.