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”
Fritz Utzeri
Editor
4 expressas
• Novo bonde argentino em Puerto Madero
• Estreito de Messina terá ponte ferroviária
22 capa | Trem de Aeroporto:
uma saída para a crise.
Com o caos nos aeroportos, os projetos de
• Taiwan inaugura trem de alta velocidade ferrovias expressas ligando o centro de São
• Canadian National supera avalanches Paulo aos aeroportos de Guarulhos e Campinas
podem sair do papel. A RF mostra os projetos
e ouve o BNDES e a AD-Trem que estão
otimistas com essa implantação, ao contrário
da ligação Rio-SP pelo trem de alta velocidade,
por enquanto, economicamente inviável.
entrevista
12 Ivoncy Ioschpe
“Não vai haver um Brasil grande com uma divisão da sociedade entre ricos e miserá-
veis. Isso não é possível. Temos que criar oportunidades para todos os cidadãos.” A
frase poderia ser de um radical, mas quem a diz é o empresário Ivoncy Ioschpe de
66 anos, um dos maiores líderes empresariais do País. Ele foi escolhido como Ferroviário
do Ano pela RF - REVISTA FERROVIÁRIA que agraciou, também, mais 11 empresas com
o Prêmio REVISTA FERROVIÁRIA 2007.
34 reportagem
Santa Teresa: bondes novos
em embalagem antiga.
• Caderno de Tecnologia:
freio eletrônico
• Caderno de Treinamento:
Até o final do ano o bairro contará com formação de um maquinista
14 bondinhos totalmente reconstruídos
segundo estética do Século 19, mas com
parte da tração equipada com moderna
tecnologia VLT (veículo leve sobre trilhos).
reportagem
38 Metrô carioca:
1 bilhão de passageiros.
Ele tem menos de 40 anos, é assalariado
da classe média, não tem curso superior,
mora em casa própria e não tem carro.
Este é o perfil do usuário que deu nota 8,7
ao serviço.
62 artigo
O Presidente da CSN, empre-
sário Benjamin Steinbruch acha
que “o País precisa ser rasgado
por ferrovias”. Para ele “qual-
quer país continental, para ser
viável, tem de usar o transporte
de cargas por trem em larga
escala”.
DIVULGAÇÃO
Puerto Madero, bairro dos mais charmosos de Buenos
Aires ganhará um toque de classe com a entrada em
operação, no próximo mês, do Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT) – o famoso bonde – que percorrerá os 2 km da
região portuária da capital argentina, hoje uma área
revitalizada, cheia de atrações e freqüentada por turistas.
Fabricado pela Alstom, o Citadis 302 tem qua-
tro vagões elétricos, de 2,65 m de largura, totalizando
32,5 m de comprimento. Opera com velocidade máxima
de 70 km/h e transporta 48 pessoas sentadas (mais
16 assentos móveis) e 315 em pé. A passagem custará
0,70 pesos e o trajeto terá quatro estações próximas aos
restaurantes e bares de Puerto Madero.
DIVULGAÇÃO
ESTREITO DE MESSINA
TERÁ A MAIOR PONTE
FERROVIÁRIA DO MUNDO
Será italiana a maior ponte pencil ferroviária
do mundo. Com vão central de 3.300 m de
extensão (3.666 m no total), a ponte sobre
o Estreito de Messina, entre a Calábria e
a ilha da Sicília, na Itália, prevista para
estar pronta em 2012, levará desenvol-
vimento para uma das regiões mais
pobres do país. Ela contará com duas
linhas férreas e duas pistas para veí-
culos, que vão circular a 63 m do nível
do mar Mediterrâneo suspensos por duas
torres de 380 m de altura.
A ponte terá capacidade de circulação
de 200 trens por dia e seis mil veículos por
hora. Atualmente a travessia é feita precariamente
por ferry boats, o que causa intermináveis filas. Durante o verão e feriados,
a espera na fila para embarcar para a travessia pode chegar até 12 horas.
Se a extensão da ponte não chega a assustar, o mesmo não pode ser
dito das dificuldades enfrentadas pelos engenheiros, pois a região de belas
paisagens está sujeita a ventanias e terremotos. Daí a ponte ser projetada
para suportar ventos de até 200 km/h e abalos sísmicos de 7.1 na escala
Richter.
Entidades italianas de defesa do meio ambiente fazem forte oposição
à obra, alegando que a ponte não se justifica economicamente, pois
demoraria mais de 50 anos para ter seu custo amortizado, além de causar
forte impacto ambiental.
A construção da maior ponte pênsil do mundo está orçada em
US$ 5,2 bilhões, sendo 61% da verba por conta do governo italiano e o
restante, da iniciativa privada.
DIVULGAÇÃO
TAIWAN INAUGURA
TREM DE ALTA
VELOCIDADE
Após muitos atrasos, Taiwan inaugurou seu primeiro 2005, mas problemas no
trem de alta velocidade. Desenvolvido com tecnologia sistema elétrico do projeto força-
japonesa shinkansen, o trem vai fazer a ligação de 345 km ram o adiamento por um ano para a reali-
entre a capital Taipei e a cidade de Kaohsiung, viajando a zação de testes.
300 km/h e encurtando para apenas 90 minutos uma O custo total do projeto foi de US$ 15 bilhões e con-
viagem antes feita em quatro horas. A estimativa é de ta com trens desenvolvidos por um consórcio formado
que 150 mil passageiros utilizem diariamente o trem. pela Kawasaki, Hitachi e Nippon Sharyo, especialmente
O novo trem, esperado com ansiedade pelos tai- para a nova linha, a ser operada nos próximos 35 anos
waneses, deveria ter entrado em operação em outubro de pela Taiwan High Speed Rail Corporation (THSRC).
CANADIAN NATIONAL
ENFRENTA AVALANCHES, MAS Nem mesmo as avalanches enfrenta-
das em British Columbia, no extremo
TEM RECEITA RECORDE EM 2006 oeste canadense, prejudicaram a ferro-
via Canadian National (CN) a colher re-
sultados impressionantes que já se tor-
naram rotina: para uma receita recorde
de CND$ 7,716 bilhões, apresentou um
lucro líquido de 2,09 bilhões de dólares
canadenses, 34% a mais que o ano an-
terior, firmando-se como a mais lucrati-
va e eficiente da América do Norte.
Para se ter uma idéia da eficiência
da empresa, a CN teve um coeficiente
operacional – custo da operação sobre a
receita de transporte – de 60,7%, o que
significa dizer que para cada dólar da
receita, 60,7 centavos foram absorvi-
dos como custo. Sem falar que no ter-
ceiro trimestre do ano passado baixou
este coeficiente para 57,4 a única en-
tre as grandes a conseguir um coefi-
ciente abaixo dos 60. A título de compa-
ração, as outras grandes operadoras
Class I - Union Pacific, BNSF e con-
terrânea Canadian Pacific – apresenta-
ram coeficientes na casa dos 70%.
DIVULGAÇÃO
ABANDONO NA
RETORNO DA “MARIA DO CARMO” A SOROCABA SANTOS-REGISTRO
Neste mês estive viajando para
Curitiba e observei o abandono que
se encontra a linha Férrea que
liga Santos a Registro (antiga linha
da Banana) quando a mesma margeia
a BR 116. Agora com a venda
da Brasil Ferrovias gostaria de saber
se há algum TAC para que a ALL volte
a operar aquele trecho.
No Mapa Ferroviário enviado junto
com a revista, aquele trecho não
consta como “Paralisado”.
RF MRS
Quero cumprimentar Rodrigo tratados com a seriedade e a Sou funcionário da MRS e estou
Vilaça e a redação da Revista competência administrativa muito feliz com o bom desempenho
Ferroviária pela objetividade que estes segmentos requerem. da empresa, pois se ela lucra, nós
e clareza na abordagem Abraços a todos! Parabéns pelos também lucramos, garantimos nosso
de um tema extremamente relevante trabalhos realizados em 2006! E que emprego e a boa qualidade de vida
para a economia e capacidade 2007 seja o Ano das Grandes Realizações de nossas famílias.
de desenvolvimento dos setores e dos Grandes Empreendimentos Vocês da Revista Ferroviária estão
produtivos do País. Desejo que na Ferrovia! de parabéns pela ótima qualidade
em 2007 sejam implementadas de suas matérias. Que em 2007
as soluções para a maior parte CELIA RODRIGUES consigamos realizar todos os nossos
dos gargalos e que os problemas cmo@mrs.com.br sonhos. Um abraço e até mais.
de transporte, logística Engenharia de Via da MRS e
Coordenadora do Comitê Internacional EDUARDO CALDAS
e infra-estrutura do País possam ser
de Estudos Metroferrroviários ducaldas77@yahoo.com.br
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
O mundo investe em transporte E os trens de passageiros no Brasil?
ferroviário de passageiros, Existe algum projeto para reativar as
enquanto aqui no Brasil linhas de passageiros que tínhamos
o desativam. Será que só nós em um passado não tão remoto?
estamos certos? A ALL opera na região mais rica do
Ou estamos na contramão Brasil e, com certeza, passageiros
do desenvolvimento? para os trens não faltariam...
Ferroviário do Ano
“Não vai haver um Brasil grande com uma divisão da sociedade
entre ricos e miseráveis. Isso não é possível.
Temos de criar oportunidades para todos os cidadãos.”
A FRASE PODERIA ESTAR NA BOCA DE UM RADICAL RF: O senhor não acha que o Brasil passou do ponto?
Acho que temos de pagar algumas dívidas, não vamos
DE ESQUERDA, MAS QUEM A DIZ É UM INDUSTRIAL DE chamá-las de dívidas sociais, mas de cisão social. É a bre-
cha existente entre o Brasil moderno, rico e o Brasil an-
66 ANOS, AR TRANQÜILO E SENHORIAL, UM DOS tigo, pobre. Penso que a nossa geração é em grande parte
responsável por isso. Nós não soubemos, no momento
MAIORES LÍDERES EMPRESARIAIS DO BRASIL,
em que o Brasil crescia, forte, aproveitar aquela ocasião
O GAÚCHO IVONCY IOSCHPE
IOSCHPE, PRESIDENTE DO para criar uma sociedade mais uniforme e só agora come-
çamos a adotar ações de recuperação dessa parte social.
CONSELHO DE UM GRANDE GRUPO METALÚRGICO, Acho que Lula tem razão em olhar o social de uma ma-
neira especial. Não vai haver um Brasil grande com uma
A IOCHPE-MAXION. IVONCY É UM AUTÊNTICO BARÃO divisão da sociedade brasileira entre ricos e miseráveis.
Isso não é possível. Temos de criar oportunidades para
DA INDÚSTRIA COM UM INSTINTO ATILADO QUE O todos os cidadãos. Acho que a sociedade brasileira já en-
tendeu isso. Quando vejo o Bolsa Família, não considero
LEVOU A MANTER SUA EMPRESA NO SETOR
que seja um gasto. É um investimento social, que vai
FERROVIÁRIO, EM MEIO A UMA CRISE QUE PARECIA custar e ter uma taxa de retorno muito baixa, mas essa
taxa é baixa porque o investimento deveria ter sido feito
TERMINAL. SEU TINO ESTÁ RENDENDO FRUTOS E A há muitos anos e não foi feito.
VANTAGEM DE SER O ÚNICO FABRICANTE DE VAGÕES RF: Em algumas entrevistas o senhor dizia que esperava
um governo mais de esquerda, o senhor mantém essa
COMPLETOS NO BRASIL, NO MOMENTO EM QUE opinião ou mudou?
Mantenho. Comecei a pensar que o Brasil precisava pas-
SE REALIZAM NOVOS INVESTIMENTOS EM FERROVIAS.
sar por uma experiência de esquerda, no sentido de poder
ESSE ARROJO O LEVOU A GANHAR O PRÊMIO homogeneizar essa sociedade, dentro do processo demo-
crático como um todo. Acho que é inviável manter um
FERROVIÁRIO DO ANO, DA REVISTA FERROVIÁRIA,
REVISTA processo democrático dentro de um panorama de exclu-
são social. Como você acha que vai convencer alguém a
À QUAL DEU A ENTREVISTA QUE SEGUE: não desejar algo que você tenha de bom?
“
Quando o governo diz: ‘não permito que ninguém ganhe mais
de 12% ao ano’, por que vou investir?
RF: Agora do ponto de vista do empresário, so que poderíamos ter sido muito mais eficientes quando
o Brasil tem um problema fundamental que é aumentar fizemos a abertura política. Fazer a abertura democrática,
a produtividade e a qualidade (qualificação) mas com a visão de um desenvolvimento econômico-so-
da mão-de-obra para ter maior competitividade... cial, de tal maneira que desse lugar aos direitos huma-
Nós éramos um país fechado, e por ser um país fechado, nos, que é importante ressaltar, sem prejuízo para o cres-
conseguimos construir uma malha industrial extrema- cimento econômico. E o que aconteceu no Brasil? Nada
mente forte e que raramente se encontra em outros paí- disso foi considerado durante esse período.
ses. Nas Américas, temos os Estados Unidos, o Canadá,
o México (este muito menor que o Brasil). Nós fabrica- RF: Mas o que é a classe política brasileira? O que a gente
mos trens, navios, aviões, fabricamos computador, qual- vê hoje é que os cidadãos têm a impressão de que os
quer coisa, não fazíamos tão bem quanto os desenvolvi- bandidos foram para a política.
dos, mas fazíamos... Você sabe que o Delfim (gosto muito do Delfim), ele um
dia me disse uma coisa: “Ioschpe, a Câmara dos Deputa-
RF: ...Pior e mais caro. dos e o Senado são uma cópia idêntica da sociedade bra-
...pior e mais caro. O pior é que não sabíamos. O que deu sileira, você vai pegar 10% de ladrões, 15% de golpistas,
errado? Erramos quando deixamos de ter estratégia de 20% de gente muito séria e assim por diante. Quem é
desenvolvimento econômico. Quando passamos a adotar que escolhe esses políticos? É a sociedade brasileira. E
o liberalismo econômico, principalmente na época do por que a sociedade escolhe esses políticos? É a falta de
Collor, que fez uma abertura em troca de nada, dizendo: educação etc. Vamos ter de evoluir nesse processo, en-
‘vamos acabar com as carroças brasileiras, vamos impor- contrando soluções muito mais racionais e lógicas que
tar automóveis etc. Isso foi um erro muito sério que o as encontradas até hoje. E mais eficientes. Não tenho
Brasil cometeu e que hoje, graças a Deus, acho que o dúvida que o Brasil vá resolver todos os seus problemas.
brasileiro já superou. Vejo isso pelas discussões que o Eu não sei quando, mas acho que já estamos chegando.
País vem tendo, através do Itamaraty, dos órgãos do go- A sociedade brasileira não tem muito mais tempo. Por-
verno brasileiro nos foros mundiais. Muita gente per- que no momento em que você pegou esses programas de
gunta: ‘Por que não faz logo um acordo com a Europa, absorção social daquela parte da sociedade que estava fora
com a NAFTA?’ Porque é muito difícil fazer esses acor- da economia e trouxe para dentro da economia, a pressão
dos sem perdas e hoje temos cuidado muito das perdas, social passou a ser muito mais forte do que era antes.
para não repetir os erros que já cometemos. Antes, aquele pessoal estava esquecido e escondido, não
tinha nenhum instrumento de combate. Estava lá no Nor-
RF: Abrimos a economia sem ter um plano consistente. deste, com seus coronéis... Nessa última eleição houve
Na área política fizemos um movimento em direção uma mudança séria no cenário político brasileiro. Aque-
à democracia, mas nos dois casos ficamos aquém les homens que dominaram durante anos grandes regiões
do que podíamos... do Brasil, perderam, como Antonio Carlos Magalhães,
Quantos anos estamos levando para digerir a abertura José Sarney e Jorge Bornhausen.
política brasileira? Nós estamos praticamente há 20 anos A sociedade tem urgência em se resolver. Uma das
da abertura política e ainda não a digerimos. Se me per- coisas interessantes do Lula é a sensibilidade política que
guntarem se daria para fazer isso em três ou cinco anos, esse homem tem. Um homem sem cultura e sem preparo
eu diria: ‘veja o resultado da África do Sul com um pro- intelectual, mas que tem, eu diria, uma sensibilidade para
blema muito maior. Rapidamente eles conseguiram en- sentir aquilo que a sociedade deseja de uma maneira muito
contrar algumas soluções e as condições básicas de so- mais forte do que qualquer político que conheci até hoje.
brevivência da nação sul africana’. E quando diz: “no segundo mandato quero crescimento
No Brasil há 20 anos não conseguimos resolver te- de cinco por cento”, não está dizendo isso – o conheço –
mas básicos de educação, a reforma fiscal, a previdên- porque quer cinco por cento. É porque sentiu que a so-
cia... Temos dificuldade em ultrapassar esse estágio. Pen- ciedade exigia isso dele.
14
“ Erramos quando deixamos de ter estratégia de
desenvolvimento econômico. Quando passamos
a adotar o liberalismo econômico.
”
mas acho que já estamos chegando.
RF: E vai conseguir? O Lula parece alguém com uma sorte hoje. Ninguém está com problema sério de balança de
absurda. Em termos de economia internacional, pagamento. Só aqueles países que antes dominavam a
não aconteceu nenhum terremoto nem nada, cena, como os Estados Unidos.
ficou tudo quietinho...
Eu não acho que o Lula só tem sorte... RF: E o que seria necessário fazer para tornar o desejo de
Lula, realidade?
RF: ...não só sorte, mas sorte ele tem. Duas coisas. A primeira é que nós temos de voltar a apren-
Ele tem sorte. A globalização trouxe um lado positivo e der que para ter investimento temos de criar as condi-
um lado negativo. Logo no primeiro momento da globa- ções de retorno. Quando o governo diz: “não permito que
lização sentimos muito o lado negativo. Os países de ter- ninguém ganhe mais de 12% ao ano”, por que vou inves-
ceiro mundo perderam mercados, perderam capacidade pro- tir? Isso tem de ser corrigido. A segunda é a seguinte: o
dutiva e o que ganharam? Nada. Ganharam direitos de investimento privado hoje está fortemente contingenciado
comprar carros... pela carga fiscal. Eu não creio que muitos países com
diferenças sociais como o Brasil possam, pragmaticamente,
RF: O carro bom... discutir sobre como reduzir a carga. Eu preferia não dis-
...o carro bom, o celular... E o que acontece no segundo cutir a redução da carga fiscal, preferia discutir outra coisa:
momento? No segundo momento é o inverso: a revoada vamos aproveitar muito melhor os recursos fiscais, va-
de indústrias dos países desenvolvidos para os países em mos ser mais eficientes no uso dos recursos do Estado.
desenvolvimento foi violenta no mundo. O que os norte- Acho que há, no Brasil, algumas coisas que se você
americanos perderam de indústrias, que passaram a pro- resolver, você começa a resolver muitas outras. Se o juro
duzir no México, na China, na Índia, enfim, em outros chegar a 10% no final deste ano, resolvemos o problema
países, inclusive no Brasil, se tornou enorme. Em conse- dos investimentos privados, mas por que teremos de es-
qüência, a balança de pagamento desses países de tercei- perar até o final do ano para resolver isso, se podemos
ro mundo que já tinham aquela infra-estrutura indus- resolver agora? Afinal, desse jeito os 5% de crescimento
trial básica, necessária, se tornou altamente positiva. É o só virão no ano que vem. Há um tempo de deslanche para
caso da China, da Índia, é o caso do Brasil, de todos esses essas coisas. A mesma coisa é se você aceitar investimen-
países que passaram a ser altamente produtivos. to privado na área pública. O que é preciso para ter um
Então aquele drama violento que existia nesses paí- metrô privatizado? É preciso que seja um bom negócio.
ses, o problema da balança de pagamentos, em um pri- Não há gente pondo US$ 1 bilhão em ferrovia? Por que
meiro momento da globalização, passou a ser o contrário não ter gente botando US$ 1 bilhão no metrô?
Melhor Construtora
CONSTRAN CONSTRUÇÕES
E COMÉRCIO
A retomada da construção de locomotivas de linha com
mais de 3 mil HP no Brasil fez com que a GE Transpor-
tation fosse escolhida, pela segunda vez, a “Melhor In-
Pela terceira vez, a Constran Construções e Comércio foi dústria” do ano. A decisão da empresa recupera uma
escolhida a “Melhor Construtora” do setor ferroviário. O capacitação industrial importante e bem demonstra a
prêmio é um reconhecimento à obra do Terminal de Gra- intenção da companhia de acompanhar o crescimento do
néis do Guarujá (TGG), realizada em prazo curto para pro- setor ferroviário brasileiro. A empresa já havia sido ho-
jeto desta magnitude. A obra fará crescer significativa- menageada na primeira edição do prêmio, em 1989.
mente o desembarque das cargas transportadas por ferro-
via, aumentando a eficiência do porto de Santos e redu-
zindo o congestionamento nos acessos rodoviários. A Melhor Instituição de Ensino
empresa já havia conquistado o prêmio em 1997 e 1992. ESCOLA TÉCNICA
ESTADUAL DE TRANSPORTES
ENG. SILVA FREIRE
Melhor Consultora
KADUNA CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES
Pela quinta vez, a MRS Logística foi considerada a “Me- O trabalho desenvolvido ao lado da MRS Logística no por-
lhor Operadora de Carga” do ano, em razão do notável to do Rio de Janeiro credenciou a Triunfo Operadora Por-
desempenho da empresa, vencendo todas as dificuldades tuária como a “Melhor Operadora Intermodal”. A boa
em prol do crescimento do setor ferroviário de carga. Os atuação da empresa possibilitou o surgimento de um flu-
resultados de 2006 e o avanço seguro em direção a metas xo novo de carga ferroviária destinado à exportação, benefi-
de expansão das malhas ferroviárias nos próximos anos ciando os produtores de gusa, a ferrovia e o porto. O tem-
criam um padrão importante para as ferrovias brasileiras, po de descarga, que chegava a 46 horas, foi reduzido para
comparável ao das maiores do mundo. As também pre- 26 horas em todo o processo, desde a chegada até a devo-
miadas CSN, Alstom e Triunfo tiveram desempenhos re- lução dos vagões. O resultado é fruto da implantação de
lacionados a MRS. uma gestão integrada com a MRS e os clientes.
A empresa foi escolhida em função do crescimento do A aquisição da Brasil Ferrovias, ocorrida em maio, fez com
METRÔ RIO que registrou bons resultados ano passado. O que a ALL merecesse o “Prêmio Hors Concours” deste ano.
número de clientes transportados atingiu 4,7% de cresci- O negócio abre real possibilidade de recuperação das ferro-
mento em relação a 2005 – no total, foram 135.211.605 vias do Estado de São Paulo, além de colocar a ALL na posi-
passageiros, contra 129.091.112 do ano anterior. Em pes- ção de uma das maiores operadoras ferroviárias do mundo.
quisa realizada, a operadora recebeu nota 8,7 dos usuários. A empresa possui a mais extensa malha ferroviária da Amé-
Entre as principais medidas elogiadas, destacam-se a cria- rica Latina, com 22.700 km, distribuídos pelos três estados
ção do vagão exclusivo para as mulheres e a integração de do Sul, além do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São
alguns bairros pelos ônibus do Metrô na Superfície. Paulo e um pequeno trecho de Minas Gerais.
ANÚNCIO
17,8 x 6 cm
capa
TREM DE AEROPORTO
Uma saída
para o caos
Aeroporto Congonhas, 21 de dezembro de 2006
“A
tenção, senhores passageiros
do vôo para o Rio de Janeiro.
Por favor, queiram tomar o Aeroporto de Congonhas em pleno
trem na plataforma e boa via- centro urbano da cidade paulista. O
gem!” O aviso por mais absurdo que seja, trem de aeroporto, um transporte de
será realidade quando se concreti- primeiro mundo, pode se concretizar
zarem os projetos já existentes para a em três anos com a participação de
construção de duas linhas ferroviárias in- empresas interessadas nas Parcerias
dependentes e expressas interligando o Público-Privadas (PPPs). O BNDES
centro da cidade de São Paulo aos aero- e a AD-Trem estão otimistas, e os
FOTO HAMILTON CORREA
Expresso Aeroporto
aliviará Congonhas
Uma das saídas para a saturação crônica do Aeroporto de
Congonhas, no centro da capital paulista e que há cinco
anos não sai do papel, pode se concretizar nos próximos
anos: a efetivação do projeto Expresso Aeroporto, uma
linha ferroviária que ligará, em apenas 20 minutos, a ci-
dade ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, para onde
alguns vôos seriam transferidos.
Congonhas, além de saturado, enfrenta graves pro-
blemas operacionais, como restrição do horário de fun-
cionamento por ser vizinho a comunidades, falta crônica
de investimentos em equipamentos de segurança para
pouso e decolagem e, até, a possibilidade de interdição
da pista principal para a recuperação do asfalto danifica-
do e que provoca derrapagens dos aviões.
Na verdade são dois projetos sobrepostos de cone-
xão ferroviária entre o centro de São Paulo e o Aeroporto
de Guarulhos. O primeiro, com o percurso de 19 km, é o
Trem de Guarulhos que seguirá a faixa ferroviária dos
trens metropolitanos (CPTM) e atenderá a mais de 100
mil usuários/dia dos dois municípios, um projeto social
com tarifa regulamentada. Ele seguirá em via segregada
do Brás até o conjunto habitacional CECAP e, depois,
em uma linha nova de mais 6 km até Guarulhos.
O segundo projeto integrado é o Expresso Aeropor-
to, uma ligação direta entre a área central de São Paulo
até o Aeroporto Internacional Governador Franco Mon-
toro (Cumbica), um percurso dos mesmos 31 km, mas a Especialistas do setor cogitam até da instalação de
serem percorridos a 100 km/h, com estimativa de 20 mi- balcões de check-in das companhias aéreas na estação da
nutos de duração e tarifa livre por ser um serviço diferen- Barra Funda, a primeira do Expresso Aeroporto, onde os
ciado e exclusivo para o aeroporto. O intervalo mé- passageiros despachariam as malas e se livrariam do in-
dio entre as viagens será de 12 minutos e cômodo de arrastá-las pelos corredores dos terminais.
a estimativa é a de que no início Parceria entre a Prefeitura de Guarulhos e o gover-
da operação o movimento diá- no do Estado, as duas ligações teriam um investimento
rio de viajantes, acompa- estimado pela Agência de Desenvolvimento de Trens Rá-
nhantes e funcionários pidos entre Municípios (AD-Trem) em US$ 572 milhões
do aeroporto seja de ou cerca de R$ 1,38 milhão. Ao todo transportariam cer-
20 mil usuários. ca de 120 mil pessoas/dia.
Para o diretor de planejamento e projetos da Secre-
taria de Transporte e Trânsito de Guarulhos, Geraldo
Moura, o trem será fundamental para fortalecer a ligação
entre as duas cidades, além de aliviar parte do trânsito,
já que hoje a circulação é feita de carro ou ônibus. “O
nosso sistema de ônibus mais procurado no
sentido de São Paulo se conecta com os
terminais de metrô Armênia, Tietê e
Brás. Quer dizer, hoje a pessoa
BASEADO EM FOTO SXC.HU
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V II SS TT A
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RRRO
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ÁRR II A
A || FF EE V
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ROO D
D EE 22 00 00 77
Expresso Bandeirantes: saída
ferroviária para a crise aérea
A crescente demanda de passageiros nos aeroportos
saturados de Congonhas e Guarulhos, criou polêmica
entre especialistas do setor, uns defendendo a construção
de mais um aeroporto em São Paulo, outros a transferên-
cia de parte dos vôos para um “novo” e modernizado aero-
porto de Viracopos, em Campinas. Na verdade, a saída para
a crise nesses aeroportos deve ser ferroviária: a ligação São
Paulo-Campinas pelo trem Expresso Bandeirantes.
A distância de 92,3 km entre as duas cidades pode
ser um complicador, mas não para a Agência de Desenvol-
vimento de Trens Rápidos entre Municípios (AD-Trem),
que defende o projeto do Expresso Brasileiro como solu-
ção. Os passageiros fariam uma confortável viagem de trem
a 160 km/h, com uma única parada na cidade de Jundiaí,
chegando ao Aeroporto Internacional de Viracopos em
apenas 50 minutos.
A idéia é antiga e, por isso, quando construíram a
rodovia dos Bandeirantes, uma área foi reservada para o
leito da ferrovia que acompanhará a faixa de concessão
da Ferroban, comprada pela ALL. O projeto, orçado ini-
cialmente em R$ 2,7 bilhões, já foi aprovado em setem-
bro do ano passado pelo Conselho Gestor das Parcerias
Público-Privadas (PPPs) do Estado de São Paulo e aguarda,
agora, o sinal verde do novo governo paulista.
O Expresso Bandeirantes absorveria a demanda da po-
Expresso Aeroporto e pulação que faz diariamente o percurso São Paulo-Campi-
nas por rodovias. A união do projeto de transporte de massa
Trem de Garulhos com o de passageiros aéreos amplia o apelo social das obras,
garantindo maior interesse governamental.
Recém-empossado no governo paulista, Pesquisas de 2004 regis-
o Governador José Serra recebeu, no fim traram um movimento de 106
de janeiro, informações desses pro- mil pessoas entre os dois
jetos do Secretário dos Transportes municípios, sendo 89
Metropolitanos, José Luiz Portella. mil de carro, 10 mil
Serra está avaliando a situação em ônibus regu-
dos transportes da cidade para
decidir quais as obras priori-
Arlanda Express,
tárias. O Trem de Guarulhos/ trem do aeroporto
Expresso Aeroporto irá dis- de Estocolmo.
putar com a necessidade
de melhoria da linha F
da Companhia Paulista
de Trens Municipais
(CPTM), a crise com a li-
nha 4 do Metrô e, um
concorrente direto, a
construção de duas pis-
tas com pedágio na
DIVULGAÇÃO
marginal Tietê.
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D EE 22 00 00 77 25
25
capa
lares e 7 mil em coletivos fretados. Cálculos prelimina-
res estimam que em três anos cerca de 55 mil pessoas
seriam atendidas diariamente pela ferrovia. Segundo a
Expresso Bandeirantes
AD-Trem, sem essa ligação o sistema rodoviário entre
Campinas e São Paulo estará saturado em apenas 10 anos.
SHANGHAI TRANSRAPID Siemens ARLANDA EXPRESS Alstom – Ope- GATWICK EXPRESS Alstom – Liga
– É o primeiro trem Maglev de alta velo- rado pela A-Train, o trem sueco de aero- o Aeroporto Internacional de Gatwick,
cidade que opera comercialmente no porto, Arlanda Express, leva 20 minutos no sudoeste da Inglaterra, à estação de
mundo. Com um sistema magnético que para fazer a conexão entre a Estação Cen- Victoria, em Londres. Os trens, que trans-
faz o veículo flutuar sobre os trilhos, o tral de Estocolmo, a capital da Suécia, e o portam 14 mil passageiros/dia, saem a
Shangai Airport Link, liga o centro da ca- Aeroporto Internacional de Arlanda. O cada 15 minutos e o tempo médio de
pital chinesa ao Aeroporto Internacional trem tem saídas a cada 10 ou 15 minu- viagem é de meia hora. Oferece aco-
de Pudon. Trens com cinco carros percor- tos e opera desde cedo pela manhã até à modações de primeira classe e classe
rem em oito minutos os 30 km de via meia-noite em uma velocidade média de executiva, incluindo serviço de bordo
dupla entre as duas estações – a veloci- 200 km/h, chegando à máxima de 210 opcional. Está conectado ao sistema
dade máxima é de 430 km/h. Cerca de 10 km/h. Tem compartimentos confortáveis National Rail, mas opera separadamen-
milhões de passageiros usam anualmen- para acomodar os passageiros e suas ba- te, sem paradas nas estações interme-
te esse transporte. gagens. diárias.
DIVULGAÇÃO
HEATHROW EXPRESS Siemens – KLIA EKSPRESS Siemens – Inau- NARITA EXPRESS Kinki Sharyo and
Liga a estação de Paddington, no centro de gurado há cinco anos, liga o novo Aero- Tokyu Car Corp – Liga o segundo aero-
Londres, ao Aeroporto Internacional de porto Internacional de Kuala Lumpur, porto mais movimentado do Japão, o In-
Heathrow. Transporta, em média, 17 mil capital da Malásia, ao centro da cidade. ternacional de Narita, ao centro de Tóquio,
passageiros/dia e faz o trajeto em 15 mi- São 57,6 km percorridos em 28 minutos a a capital nipônica. Leva 53 minutos até a
nutos. Os passageiros do aeroporto podem 100 km/h (máxima de 160 km/h). Tem estação central de onde se divide em dois
realizar o check-in ainda na estação. A capacidade para 156 passageiros senta- trajetos diferentes, um para Ofuna, pas-
velocidade máxima é de 160 km/h e a ca- dos. As saídas são a cada 15 minutos. sando por Yokohama, e outro para Omyia,
pacidade limite para pessoas sentadas Configurado para bagagens e cargas dos em Takao. O Narita Express sai a cada meia
varia de 208 (três carros), e 282 (quatro passageiros aéreos, é um dos modelos mais hora nos horários de pico e a cada hora no
carros). É operado pela Heathrow Express adequados às necessidades do trem de ae- restante do dia. Como um avião, tem seto-
Operating Authority. roporto brasileiro. A Express Rail Link res diferenciados de preço e conforto. É
Snd.Bhd. é a sua operadora. operado pela East Japan Railway Company.
DIVULGAÇÃO
1 REVISTA FERROVIÁRIA | FEVEREIRO DE 2007 RREEVVI SI ST TAAF FEERRRROOVVI ÁI ÁRRI AI A| | F FEEVVEERREEI RI ROODDEE22000077 11
reportagem
Segurança em trilhos
renovados
Trilhos desnivelados, contratrilhos desgastados, dormen-
tes podres, falta de fixação dos trilhos aos dormentes,
agulhas dos desvios em péssimas condições. A descrição
reflete um nível de insegurança preocupante, encontra-
da nos 17 km de trilhos do bondinho de Santa Teresa. Os
defeitos estão sendo reparados meticulosamente pela em-
FOTO T-TRANS
presa Ferreira Guedes, que está comemorando 70 anos
este ano.
Para que os bondinhos novos possam rodar em segu- Um dos 14 bondinhos, completamente reconstruído na T-trans.
rança serão necessários trilhos totalmente recuperados.
Até agora já foram substituídos quatro quilômetros de tri- rães – 51%; Guimarães – Dois Irmãos – 62% e Guimarães
lhos, 2.533 dormentes, 9 km de contratrilho, foram feitas – Largo das Neves – 25%. A volta dos bondes ao Silvestre
569 soldaduras e trocados 18 desvios. Ainda falta trocar só será feita quando for assinado um novo contrato. Com
425 m de trilhos, 1.667 dormentes, 7,7 km de contra- os 14 bondes recuperados, o serviço irá até o Largo do
trilhos, soldar 432 segmentos e trocar 13 desvios. As obras França, ao das Neves e ao Dois Irmãos. A extensão até o
deverão estar concluídas em seis meses após a liberação Silvestre exigirá a construção de novos bondinhos.
do empenho para 2007. O custo total das obras de recuperação da via será de
O total de linhas recuperadas até o final de janeiro R$ 9 milhões, obra difícil por ser uma linha em área densa-
estava distribuído assim: Trecho Carioca – Portinha – 82% mente urbanizada, com redes de água, luz, gás, esgoto, mal
executado; Portinha – Curvelo – 89%; Curvelo – Guima- mapeadas, em uma região cheia de casas históricas, com
O Bonde volta
a Paris e às
grandes cidades
O último bonde parisiense deixou
de circular em 1937, mas desde
meados de dezembro a cidade vol-
tou a contar com um bonde mo-
derno que circula numa linha de
7,9 km de extensão, no chamado
Boulevard des Maréchaux, paralelo
ao Pequeno Cinturão, um anel fer-
roviário que circundava Paris,
hoje desativado. A obra da nova
linha deverá estender-se, até
2010, a todas as portas de Paris.
Quando pronta, Paris terá
um anel ferroviário servido
por bondes ultramodernos da
Alsthom. São carros cada vez mais
METRÔ CARIOCA
Estação Botafogo
38 REVISTA FERROVIÁRIA | FEVEREIRO DE 2007
1 bilhão de passageiros
952 viagens à Lua
E m operação há 28 anos, o metrô carioca já trans-
portou desde a sua primeira viagem em 13 de
março de 1979, quase um sexto da população global,
do ultrapassam perigosamente a faixa amarela no limite
da plataforma, se alguém com dificuldades de locomo-
ção precisa de mais tempo para embarcar ou se algum
o equivalente a população da Índia ou exatamente dos 360 agentes de segurança treinados até em primei-
1 bilhão, 005 milhões, 963 mil e 269 passageiros con- ros socorros deve ser acionado.
tados até a meia-noite do último dia do ano que pas- Isso aconteceu logo após um acidente no canteiro
sou. Somados os quilômetros rodados por todos os seus de obras do metrô paulista, quando um preocupado
carros, já percorreu 361 milhões, 874 mil e 540 quilô- homem idoso invadiu uma área restrita para “verificar”
metros, 952 vezes a distância entre a Terra e a Lua. se, aqui no Rio, havia riscos. A ação foi rápida, o con-
dutor da composição que chegava a estação foi avisado
e o Posto de Controle de Tráfego (PCT) desligou a ener-
CÂMERAS BIG BROTHER CUIDAM gia da linha como precaução. Em três minutos tudo
DA SUA SEGURANÇA voltou ao normal e a viagem continuou. O senhor rece-
No momento em que o passageiro entra numa estação beu informações e foi retirado da estação.
do Metrô Rio ao som de uma trilha sonora de música Embora não tenha a mesma sofisticação tecnológica
clássica ou de um chorinho brasileiro, passa a ser de uma sala de controle de vôo de um aeroporto, o Pos-
monitorado por câmeras do Centro de Controle de Trá- to de Controle de Tráfego (PCT), do Metrô Rio, mostra
fego (CCT), uma espécie de big brother preocupado, ape- em painéis luminosos, ao vivo e a cores, o trajeto de
nas, com a sua segurança. São elas que mostram quan- todos 33 trens em operação. São dois painéis de contro-
le: o da Linha 1 (15.117 m) que está sendo substituído “MISS METRÔ” É UMA DAS CONDUTORAS
por outro digital, e o da Linha 2 (21.704 m), que exige DE TREM
mais atenção, porque os trens não têm piloto automá- Mais descontraídos, mas também atentos ao serviço, tra-
tico e cabe ao condutor dirigi-lo manualmente. Ali os balham os condutores que pilotam os trens, composi-
trens são rastreados em tempo real e monitorados com ções de até seis carros, cada um com capacidade máxima
câmeras em alguns trechos a céu aberto. de 300 pessoas. Ao embarcar, o passageiro não tem idéia
O controlador de tráfego, trabalhando sempre de quem está no comando e o imagina a partir da voz que
em dupla, tem ampla autonomia para comandar rotas o chama pelo alto-falante de “prezado cliente”, tratamen-
e trens e, ainda, as três subestações de energia de to dispensado pela Opportrans, empresa responsável pela
138 KV (Colégio, Frei Caneca e Botafogo) que alimen- operação e que não o considera um mero passageiro, mas
tam as duas linhas. Como o intervalo entre cada trem um cliente do dia-a-dia.
é, em média, de 5 minutos e a velocidade máxima de Se a voz que o cumprimenta for feminina, pode ser
70 km/hora, os controladores trabalham sob forte ten- uma das 22 condutoras, talvez a carioca Cíntia Maia, de
são monitorando estações e trens. Mesmo assim, o 38 anos, que foi bancária, secretária, comerciária. Come-
metrô carioca tem as melhores médias mundiais no çou no metrô como bilheteira e, há seis anos, é condutora
indicador MKBF (média de quilômetros de trens com uma jornada diária de
entre falhas), um índice de confiabilidade seis horas. Chamada pelos colegas de
dos serviços. “miss metrô” por figurar no cartaz
institucional da empresa, tem um
sorriso aberto e sim-
pático.
mas de embarque, como uma voz feminina informa pelo Um fato pode ser facilmente constatado: no horário
alto-falante os horários especiais, terminando com uma do rush, quando há superlotação nos carros, o das mu-
frase que massageia o ego de todas elas: “respeito é bom lheres é um vozerio só. Também pudera, são quase 300
e elas merecem”. conversando, ao mesmo tempo, no ti-ti-ti do dia-a-dia.
A iniciativa legal, ajudada por campanhas institu- E confira antes de classificar o comentário de
cionais, já reduziu em 50% o número de reclamações rela- machista!
cionadas ao carro das mulheres.
Viajar em plena hora do rush no
carro das mulheres sendo homem, é
uma experiência que exige desfaça-
tez e indiferença para se ouvir comen-
tários cheios de razão: “além de es-
tar no lugar errado na hora errada,
ainda fica na porta atrapalhando a
saída”. Ou “é muita cara-de-pau,
muito fingimento desses homens que
não se vexam. A segurança devia co-
locar todos pra fora” – comentam al-
gumas indignadas.
Somente os mais idosos que
acompanham suas mulheres escapam
dos olhares fulminantes das passa-
geiras privilegiadas. Os jovens e es-
pertos que acompanham as namora-
das fingem não ouvir críticas, mas
não ousam sentar. Viajam em pé, no
fundo do carro, quase escondidos, evi-
tando qualquer bate-boca.
DIVULGAÇÃO
mais a ver com a original. Aí veio a primeira caixa básica,
em 1979”, conta Frateschi.
“
A G-12 tem uma razão sentimental. Celso ainda era
um guri quando seu pai o levava todos os domingos à
estação para ver a G-12 da Mogiana (comprada em 1956)
Em 1975, surgiu a primeira
manobrando no pátio. O primeiro produto nasceu do co- locomotiva, a G-12, que há dois
ração. Com o tempo, a técnica de modelagem foi sendo
aperfeiçoada. “No começo havia uma grande dificuldade anos fez 30 anos e ainda está em
para quem quisesse fabricar trenzinhos: o motor. Come-
çamos a G-12 usando motores de autorama. Usamos esse catálogo, embora não tenha nada
”
motor, pois na época da ditadura era proibida a importa-
ção, mas o nosso fornecedor era muito ruim, o que nos mais a ver com a original.
obrigou a desenvolver um projeto de motor, que fabrica-
mos durante 10 anos, de 1984 até o final de 1994. Surgiu
então a possibilidade de trabalhar com motores Mabushi, por mulheres, mais pacientes e minuciosas, com exce-
japoneses, adotados por vários fabricantes no mundo e ção da pintura. Num compartimento com um forte exaus-
desde então usamos esses motores, com flywheel”, volan- tor, um operário pinta composições de trens suburba-
te inercial, diz Celso (o flywheel é um cilindro metálico nos, que serão vendidas em caixas com três unidades
no eixo do motor. Seu papel é acumular energia e por cada, além de trilhos e transformador.
inércia manter o motor funcionando, mesmo quando há O produto top da linha atual é uma máquina diesel
uma breve interrupção da corrente, como – por exemplo que começou a operar no Brasil, na Paulista, em 1940.
– um mau contato). Essa máquina tinha 3800HP e um peso de 165 toneladas
e foi apelidada “V-8”. A Central do Brasil também operou
POR DENTRO DA FÁBRICA • Quem entra na Frateschi, num a locomotiva, chamada de “Escandalosa”, devido a seu
galpão em São José do Rio Preto, a princípio fica decep- grande porte e ruído. O modelo da Frateschi tem dois
cionado. O aspecto é de uma metalúrgica, com tornos, motores, pesa 400 g e é uma verdadeira pechincha no
fresas, prensas e outros equipamentos. Parece uma fábrica mercado das máquinas.
que poderia estar produzindo qualquer produto. “Cadê Atualmente a grande aposta da empresa é a locomo-
os trenzinhos?”, é a pergunta. Na primeira parte da pro- tiva C-30, uma diesel parruda em fase final de projeto. “É
dução, praticamente nada é visível, nem mesmo nas a máquina do momento no Brasil e a gente espera que as
modernas máquinas que injetam plástico nas formas para operadoras comprem muitas miniaturas para distribuir
moldar os chassis e o corpo das locomotivas e vagões. como brinde institucional. Todos estão comprando C-30
O mundo mágico dos pequenos trens só começa a usadas da Burlington, Union Pacific e outras ferrovias
surgir na “linha de montagem”, onde o artesanato subs- dos Estados Unidos.
titui a produção industrial. “A montagem é artesanal e Quem faz os projetos é Marcos Correa, que trabalha a
não dá para fazer de modo diferente, a nossa escala não partir de plantas e fotografias em equipamento com CAD
permite o uso de robôs”, diz Celso. É difícil imaginar a em 3-D. Cada peça originará um molde de injeção, corta-
existência de robôs para um trabalho tão pequeno, nessa do em aço por eletroerosão, numa máquina que desbasta
escala e com tal variedade de componentes e produtos. o metal com descargas elétricas. Cada peça é um molde,
“Nem na China, que hoje fabrica praticamente todos os no caso da C-30 temos sete moldes de injeção. “Vamos
produtos ‘americanos’, isso existe, pois lá o homem sai fazer 2, 3 mil C-30”, informa Celso e conclui: “Já estamos
mais barato que o robô”, ironiza o dono da Frateschi. fabricando máquinas com som digital e estamos traba-
A maior parte das operações de montagem é feita lhando num sistema digital de operação.”
ACONTECEU na
50
50 RREEVVI SI ST TAAF FEERRRROOVVI ÁI ÁRRI AI A| | F FEEVVEERREEI RI ROODDEE22000077
LE JOURNAL ILLUSTRÈ de 22 de outubro de 1895
estação Montparnasse
O trem seguiu seu caminho sobre o terraço de alvenaria, Por um acaso também extraordiná-
abriu uma brecha no muro de proteção feito de pedras, e rio quanto às circunstâncias nas quais o
precipitou-se no vazio de uma altura de 12 m. A máquina acidente aconteceu, uma só vítima se con-
721 caiu a prumo ao longo do café da estação, seguida do ta, a senhora Aguillard, uma honrada
tender que, apoiado na locomotiva, manteve assim para trás mulher de 39 anos que vendia jornais na
os dois carros, o vagão correio e o resto da composição. Praça de Rennes, no ponto final dos bon-
O choque fez instantaneamente parar os dois grandes des da estação.
Na entrada
do Parque
Temático
Mundo a Vapor,
na cidade gaúcha
de Canela,
há uma
reconstituição
do acidente,
feita com uma
autêntica
locomotiva
Alco, 1913,
que rodou na
Cia. Paulista de
Estrada de Ferro.
Visite
www.mundoavapor.com.br.
FOTO MEMÓRIA FERROVIÁRIA RF
tivamente o sistema: a Quebec Cartier canadense, a Spoornet nico à lógica pneumática existente e permite que o vagão seja
sul-africana e a BHP australiana. operado em qualquer dos dois modos.
O motivo é simples: a conversão de cada vagão custa apro- Equipamento compatível deve ser instalado nos vagões e na
ximadamente US$ 5 mil, e para obter as vantagens do sistema é locomotiva. Os principais componentes do sistema eletrônico nos
preciso converter toda a frota, ou pelo menos toda a frota cativa vagões compreendem (ver desenho):
de determinado percurso. Por este motivo quem comprou o siste- Controle de Comunicação do Trainline, que compreende lógi-
ma foram três ferrovias heavy haul. ca elétrica e pneumática e controla o fluxo de ar para o cilin-
No Brasil o ECP ainda não foi testado, mas a CVRD já recebeu dro de freio.
propostas que foram avaliadas e aprovadas na área técnica porém Válvula de Controle.
rejeitadas na área financeira. No momento a EFVM está estudando Identificador do Vagão.
uma nova proposta da Knorr Bremse. O fornecedor acredita que Dois cabos condutores de 230 Vcc ao longo do trem, conduítes,
com a quase saturação da ferrovia pode ser levado em conta que o caixas de distribuição e conectores intervagão para 230 Vcc
custo da conversão seria facilmente coberto com a injeção de mais e para comunicações.
um ou dois trens no carrossel, já que a segurança da frenagem Cilindros de freio, tubulação, sapatas, timoneria, conexões e
possibilita aumento da velocidade. ajustadores, como nos freios convencionais.
MAQUINISTA
DE TREM
O maquinista de trem é
um profissional que tem
uma imensa responsabilidade,
de última geração, mantendo
assim a excelência de sua for-
mação.
comandando sozinho uma, ou Os interessados na carrei-
mais locomotivas simultanea- ra de maquinista devem ter o
mente, controlando forças de segundo grau completo e estar
tração de até 180 toneladas quites com o Serviço Militar. Não
capazes de movimentar uma há idade limite máxima para
composição de transporte de admissão, mas a carreira exige
minério pesando cerca de 16 mil uma boa saúde, devido à ativi-
toneladas, com 132 vagões de dade intensa e ao estresse. Te-
120 toneladas (cheio) cada. Só rão preferência para fazer o cur-
para dar uma idéia do peso, o so candidatos com curso técni-
antigo porta-aviões Minas Ge- A MRS foi a primeira empresa co de mecânica e informática.
rais pesava pouco mais de 13 na América do Sul a comprar Outro item desejável é a cartei-
mil toneladas. ra de motorista. Além de terem
O curso de maquinista da simuladores para formar noções de trânsito os candida-
MRS Logística é feito através de e treinar (atualizar) seus tos a maquinista não podem ser
uma parceria MRS-Senai em daltônicos. A MRS testa rigoro-
Juiz de Fora. Até o momento,
maquinistas samente a visão dos candida-
mais de 2 mil maquinistas da tos, mas a exigência de carteira
MRS passaram pelos simulado- já elimina muita gente.
res e a empresa também treinou 160 maquinistas da antiga Os candidatos devem submeter-se a uma espécie de vesti-
Ferronorte, e instrutores da CVRD. Semanalmente, oito alunos bular com provas de informática, português e matemática. Os
passam pelas instruções nos simuladores sob a supervisão de um aprovados serão submetidos a uma bateria de testes médicos e
instrutor, especialista em dinâmica de trens. A MRS foi a primeira psicológicos para avaliar suas condições de saúde. O psicotécnico
empresa na América do Sul a comprar simuladores para formar e da empresa (rigoroso) é feito pelo mesmo grupo que o aplica e
treinar (atualizar) seus maquinistas. O simulador custou US$ 2,5 interpreta para selecionar candidatos à Marinha Brasileira.
milhões. Há dois anos a Vale do Rio Doce também comprou um, Os aprovados nos exames começam um curso e treinamen-
mas embora seja mais moderno e capaz de simular mais situa- to de três meses sobre mecânica geral de locomotivas, setor elé-
ções trabalha com um ambiente virtual e não real como os simu- trico e pneumático de locomotiva, sinalização e via permanente
ladores de Juiz de Fora. A MRS já encomendou um novo aparelho, (trilhos), pátios, terminais, regulamento operacional e Sistema
Transporte de carga
outubro 2005 outubro 2006 D% Acumulado no ano até outubro
OPERADORAS out. 06/out. 05 2005 2006 D%
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
ALL/Delara 2.039,0 1.290,0 2.440,2 1.573,9 19,7 22,0 18.654,0 13.053,0 21.448,3 14.691,0 15,0 12,5
CFN 113,0 63,0 135,1 65,7 19,6 4,3 1.123,0 668,0 1.266,9 543,0 12,8 (18,7)
E.F. Carajás 7.422,0 6.414,0 8.020,8 6.651,9 8,1 3,7 66.014,0 56.918,0 77.264,9 63.592,7 17,0 11,7
E.F.V.M. 11.723,0 6.246,0 11.634,7 6.498,0 (0,8) 4,0 109.405,0 57.248,0 110.891,7 62.089,1 1,4 8,5
Ferroban 313,0 181,0 274,3 149,3 (12,4) (17,5) 3.751,0 1.923,0 1.998,6 973,6 (46,7) (49,4)
Ferronorte 512,0 635,0 519,5 691,7 1,5 8,9 5.794,0 7.228,0 5.254,4 7.050,4 (9,3) (2,5)
Ferropar 108,0 25,0 144,1 97,0 33,4 288,0 1.180,0 280,0 1.278,2 849,6 8,3 203,4
FCA 2.419,0 921,0 1.252,6 740,6 (48,2) (19,6) 24.548,0 9.201,0 12.709,1 7.681,2 (48,2) (16,5)
FTC 199,0 13,8 203,9 13,6 2,5 (1,4) 2.007,0 141,4 2.150,4 157,1 7,1 11,1
MRS Logística 9.659,0 3.987,0 10.330,1 4.359,4 6,9 9,0 89.988,0 36.938,0 93.946,5 39.755,7 4,0 8,0
Novoeste 386,0 147,0 362,9 151,5 (6,0) 3,1 2.793,0 1.043,0 3.404,5 1.542,7 21,9 47,9
Total 34.893,0 19.922,8 35.008,6 20.992,6 0,3 5,2 325.257,0 184.641,4 340.613,6 198.926,1 4,7 8,1
FONTE: ANTT
O País precisa
ser rasgado por
ferrovias
Benjamin Steinbruch | Presidente da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN
DIVULGAÇÃO
xperimente levar um estrangeiro qualquer, europeu junção de investimentos públicos e privados poderá elevá-
ou norte-americano, para uma viagem de carro por la para 30% em curto prazo.
uma rodovia brasileira importante. Seguramente, ele vai Nos 10 anos de privatização houve avanços em ma-
se mostrar assustado com o número de caminhões que téria de investimento. Em 1995, último ano da rede esta-
trafegam pelas pistas. tal, os investimentos públicos foram de R$ 10 milhões.
Não há esse volume de caminhões em estradas da Nos 10 anos completos sob a iniciativa privada (1997 a
Europa ou dos Estados Unidos. O transporte rodoviário 2006) investiu-se em média R$ 1,2 bilhão por ano, ou
de mercadorias só é eficiente para distâncias curtas e car- seja, um total de R$ 12 bilhões. Esses investimentos,
gas leves e integrado com ferrovias. Dias atrás, um des- acompanhados da criação de 14 mil novos empregos, fi-
ses visitantes estrangeiros ficou perplexo ao ver tantos zeram com que a carga transportada aumentasse 56% no
caminhões transportando minério na estrada de Belo Ho- período, de 250 milhões de toneladas para 390 milhões
rizonte a Juiz de Fora, em Minas Gerais. de toneladas.
O Brasil precisa ser urgentemente rasgado por novas A Rede Ferroviária Federal, nos três anos antes da
ferrovias. Qualquer país continental, para ser viável, tem privatização (1994 a 1996), deu à União prejuízo de
de usar o transporte de cargas por trem em larga escala. R$ 2,2 bilhões. Além de livrar o setor público desse ônus
Só essas vias podem trazer áreas completamente esqueci- e melhorar a eficiência das ferrovias, o governo já arreca-
das para que sejam inseridas na produção e no consumo. dou R$ 5,6 bilhões com leilões de privatização, impos-
Existem no território brasileiro tos, pagamentos trimestrais de con-
“
verdadeiros países potencialmente cessões e arrendamento de bens da
produtivos, que só não produzem por Qualquer país antiga rede.
falta de integração. A ferrovia tem o O transporte ferroviário pode dar
poder de realizar a transformação de continental, para ser também contribuição importantíssi-
áreas não-produtivas em produtivas. viável, tem de usar o ma para a produtividade da economia
O País está, portanto, longe do brasileira, porque custa em média 40%
ideal em matéria de utilização de fer- transporte de cargas por menos que o rodoviário. Em 1940, um
rovias. Mas já evoluiu bastante desde trem em larga escala. ano antes da criação da Companhia
o início das privatizações no setor, há Siderúrgica Nacional (CSN) por Ge-
10 anos. Antes da privatização, a Rede Só essas vias podem trazer túlio Vargas, o Brasil tinha 35 mil km
Ferroviária transportava apenas 17% de estradas de ferro. Passados 66 anos,
áreas completamente
das cargas do País, um dos mais bai- conta hoje com apenas 30 mil km, dos
xos índices entre as nações emergen- esquecidas para que sejam quais 28 mil km são operados pelo
tes. Hoje, essa parcela subiu para 26%, setor privado. Essa redução ocorreu
inseridas na produção
mas ainda é baixa quando comparada porque, no longo período de estatiza-
com padrões internacionais (42%). As e no consumo. ção, a rede ferroviária brasileira ficou
previsões setoriais indicam que a con- praticamente abandonada. Algumas
”
caso da soja, houve um excesso de congestionamentos. uma operação que provoca enormes
demanda de 17 milhões de toneladas congestionamentos na rodovia Piaçan-
em 2005. Isso significa que todo esse guera-Guarujá.
volume acabou sendo transportado por caminhões, com Mas essas cancelas são apenas símbolos das defi-
aumento de custos para produtores e exportadores e com ciências ferroviárias brasileiras. Os verdadeiros entraves
efeitos desastrosos para a conservação das rodovias. ao setor estão na área tributária, pela inexistência de me-
Em áreas de fronteira agrícola, a ferrovia é indispensá- canismos indutores de investimentos, muito comuns em
vel. Tenho a honra de participar do maior projeto hoje em outros países. O transporte intermodal, por exemplo, é
construção no Brasil, a Ferrovia Transnordestina, que vai penalizado pela forma de incidência do ICMS. As contri-
ligar a nova região agrícola do Piauí aos portos de Suape, buições do setor, como recursos de arrendamento e da
em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. Serão 2 mil km de tri- Cide, não revertem para o próprio setor. Além disso, as
lhos, com investimentos de R$ 4,5 bilhões, em parceria da importações de equipamentos não produzidos no País são
Companhia Ferroviária do Nordeste com o governo federal. injustificavelmente oneradas.
a s o a
c o r e no do E isão da arão em m, cont q u e o s
er ev st u ia s-
Gov p r o s e ada e r g p a
m. A bril tod arros c n o s e n 1.300
Rote a c m e té os a
io d
e atro e tar a inad
iníc com qu c o n s o m anspor os dest
, , tr a ç
trem c i o n a d o e pode uir esp ciais.
di is ss spe
con iona e po es e
venc além d essidad
con , c
iros e ne
sage dores d
a
port
64