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CONTRATO DE TRABALHO
# QUALIFICAÇÃO DO CONTRATO
O contrato de trabalho qualifica-se como consensual, intuitu personae para o
empregado, sinalagmático, comutativo, de trato sucessivo e oneroso.
# CONSENSUAL
O contrato de trabalho é consensual porque dispensa qualquer manifestação
expressa de vontade, muito menos formal. O consenso obriga e este pode ser
demonstrado pelas atitudes ostensivas do prestador de trabalho e do tomador, no plano
da realidade fática. Basta a oferta e a aceitação do trabalho para termos como celebrado
o contrato. A consensualidade será sempre invocada em favor do empregado, nunca do
empregador em detrimento do empregado. Pelo princípio protetivo da relação da
preservação da condição mais benéfica, plasmado no artigo 468 da CLT, as alterações
consensuais somente se revestem de validade quando delas não resultar prejuízo para o
empregado.
# Intuitu Personae
A questão da pessoalidade da relação de emprego, decorrente da infungibilidade
da prestação entregue pelo empregado, ele próprio o veículo da força de trabalho posta à
disposição do empregador, a determinar a sua vinculação personalíssima ao contrato de
trabalho. A vinculação intiutu personae é restrita ao sujeito empregado.
# Sinalagmático
Quando nos referimos a sinalagma, pensamos em reciprocidade de obrigações,
bilateralidade, num contrato de duas mãos, em que as obrigações correspectivas se
equivalem. No contrato de trabalho, o empregado obriga-se a entregar sua força de
trabalho ao empregador, para que este dela se aproprie. Em troca, o empregador obriga-
se a pagar salário. O contrato é sinalagmático.
O empregador não paga salários ao empregado que falta injustificadamente ao
trabalho, e este exercita legitimamente seu direito de não trabalhar se em mora salarial o
empregador. Em favor da natureza sinalagmática do contrato de trabalho, no qual o
empregador assalaria o empregado, mesmo em determinados momentos em que este
não trabalha, por razões revelantes, especialmente no interesse da preservação da sua
capacidade de trabalhar. Independentemente do caráter social, e prevalente, do repouso
remunerado, de garantia de períodos em que o empregado, sem prejuízo da fonte de
subsistência, pode se dedicar ao lazer, ao convívio familiar e social, recuperando-se do
estresse decorrente da faina diária de trabalho; para o empregador tais períodos de
salário sem trabalho também mantém conotação econômica: o empregado é remunerado
para recuperar suas forças e, assim, permanecer apto a continuar trabalhando. No caso
das férias, cria-se para o empregado a obrigação de abster de trabalhar para terceiros
(artigo 138 da CLT).
# Comutativo
Chama-se comutativo o contrato quando há certeza da reciprocidade das
prestações. É contrario ao contrato aleatório (onde a incerteza é o fator determinasse), o
contrato de trabalho pressupõe a recíproca expectativa, ou seja, o empregador tem
tranqüilidade de saber que seu empregado estará sempre no posto de trabalho, já o
empregado, de que receberá seu salário pela força de trabalho entregue.
# De Trato Sucessivo
O princípio da continuidade da relação de emprego, a partir da necessidade
recíproca que os sujeitos têm de contar um com a prestação do outro, determina a
existência de um contrato de execução de trato sucessivo, antítese do contrato de
execução imediata.
# Oneroso
O empregador típico é o sujeito auto-suficiente, empreendedor de atividade
econômica, que para atingir seus objetivos, conta, entre outros componentes, com a
força de trabalho do empregado. O empregado é o típico sujeito que aliena ao
empregador sua força de trabalho com a finalidade de obter a contrapartida do salário.
Força de trabalho e salário constituem o objeto do contrato de trabalho. Daí a
onerosidade.
#Objeto do Contrato
O contrato de trabalho tem duplo objeto. Sob o prisma do empregador, ele será a
energia, a força de trabalho entregue pelo empregado. Vista na perspectiva do
empregado, será o salário.
Há correlação perfeita entre o objeto do contrato de trabalho e as obrigações
principais de cada um dos sujeitos envolvidos; o objeto do contrato para um
corresponde à prestação principal do outro. Prestar trabalho constitui a obrigação
principal do empregado, e a força de trabalho é o objeto do contrato sob o prisma do
empregador. Pagar salário é a obrigação principal do empregador, e o salário é o objeto
do contrato na perspectiva do empregado.
# LEGISLAÇÃO (CLT)
Art. 138 - Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro
empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho
regularmente mantido com aquele.
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.
Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente
ocupado, deixando o exercício de função de confiança.