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ROMEU E JULIETA

Personagens:

ROMEU ------------------------------------------------------------------------------ (13 cenas)


PRÓLOGO ------------------------------------------------------------------------- (Narrador)
MONTECCHIO -------------------------------------------- (Pai de Romeu) (04 cenas)
SENHORA MONTECHIO ----------------------------- (Mãe de Romeu) (04 cenas)
BENVÓLIO ------------- (Sobrinho de Montechio, amigo de Romeu) (08 cenas)
MERCÚCIO ----------------- (Parente do príncipe, amigo de Romeu) (04 cenas)
JULIETA ----------------------------------------------------------------------------- (10 cenas)
CAPULETO -------------------------------------------------- (Pai de Julieta) (09 cenas)
SENHORA CAPULETO ---------------------------------- (Mãe de Julieta) (09 cenas)
TEBALDO --------------------------- (Sobrinho da Senhora Capuleto) (03 cenas)
AMA ---------------------------------------------------------------------------------- (09 cenas)
PARIS ------------------------------- (Jovem nobre, parente do príncipe) (05 cenas)
FREI LOURENÇO ---------------------------------------------------------------- (05 cenas)
SANSÃO ---------------------------------------------- (Criado de Capuleto) (02 cenas)
GREGÓRIO ------------------------------------------ (Criado de Capuleto) (02 cenas)
BATAZAR ----------------------------------------- (Criado de Montechio) (03 cenas)
ABRAÃO ------------------------------------------ (Criado de Montechio) (02 cenas)
ESCALO ---------------------------------------------- (Príncipe de Verona) (03 cenas)
BOTICÁRIO ------------------------------------------------------------------------- (01 cena)
MENSAGEIRO DO FREI ------------------------------------------------------- (02 cenas)
PEDRO ----------------------------------------------- (Criado de Capuleto) (02 cenas)

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CENA I
(Provocação e luta)

PRÓLOGO: - Na bela Verona duas famílias de igual dignidade, levados por antigos rancores
desencadeiam novos distúrbios, onde ódio tinge de sangue as mãos de seus cidadãos. Em
meio ao ódio dessas famílias, sobre a luz da lua e o brilho das estrelas, surge o mais puro dos
sentimentos, o amor... E deste amor à desventura de dois amantes, Romeu e Julieta, vitimas
de um fim trágico que até os dias de hoje é contada como a história de amor mais triste que já
existiu.

(Entram Sansão e Gregório armados de espada)


SANSÃO: - Dou a minha palavra caro Gregório, não devemos levar desaforos para casa.
GREGÓRIO: - Está certo.
SANSÃO: - Até o latir do cachorro na casa dos Montecchio me irrita! E por falar em cães veja
quem vem lá.
GREGÓRIO: - Minha espada está pronta.
ABRAÃO: - É pra nós que fazes cara feia senhor?
GREGÓRIO: - Não. Talvez me assustei, quem sabe.
BALTAZAR: - Quem sabe não viu sua cara no espelho.
SANSÃO: - Está querendo briga.
ABRAÃO: - Eu? Não senhor.
GREGÓRIO: - Mas se estás... Saiba que estamos prontos.
BALTAZAR: - Desembainhe vossas espadas se forem homens.
TEBALDO: - Corja! Saca as espadas contra esses pobres homens.
BENVÓLIO: - Procura apartar esta gente. Guarda tua espada e ajude-me a acalmá-los.
TEOBALDO: - Como? Estes porcos imundos não desejam a paz. Pro inferno todos os
Montechios!
CAPULETO: - Que confusão é esta? Minha espada... Ide buscá-la.
SENHORA CAPULETO: - Espada? Não. Por que inflamar ainda mais esta confusão?
CAPULETO: - Minha espada.
MONTECCHIO: - Capuleto, covarde! Vai se ver comigo.
SENHORA MONTECCHIO: - Não darás um só passo para enfrentar o inimigo. (Lutam. Entra
o príncipe)
PRÍNCIPE: - Baderneiros inimigos da paz, que puxam as suas espadas derramando o sangue
do vizinho. (Todos reverenciam) Parecem animais, selvagens, espalhando por Verona a
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semente da intriga, da discórdia e do mal. Joguem de suas mãos as armas ou sentiras a fúria
do meu castigo. (Jogam as armas) Se voltarem a perturbar a paz serão condenados sobre
sentenças de morte. Vós Capuleto vinde comigo, quanto a vós Montecchio a tarde irás a corte
da justiça. Por hora dispersai.

CENA II

(Romeu revela sua paixão por Rosalinda)

MONTECHIO: - Quem despertou esta antiga rixa meu sobrinho?


BENVOLIO: - Os servos de seu inimigo. Tentei separá-los, quando surgiu o maldoso
Teobaldo provocando a todos. Foi então que chegou o príncipe e evitou que algo grave
acontecesse.
SENHORA MONTECHIO: - Oh, onde está Romeu? Você viu ele hoje? Fico feliz que ele não
está metido nesta confusão.
BENVOLIO: - Senhora a uma hora antes vi Romeu passeando no bosque. Tentei me
aproximar... Mas percebi que Romeu preferia ficar só, perdido em seus próprios
pensamentos.
MONTECHIO: - Vive em profundos suspiros! E quando volta desses passeios se aprisiona
em seu quarto. Benvólio talvez você possa dar um bom conselho a ele.
BENVOLIO: - Meu tio conhece o motivo da sua tristeza?
MONTECHIO: - Não. Ele não me conta. Como seria maravilhoso que Romeu abrisse seu
coração, dizendo o que faz sua alma doer.
BENVOLIO: - Quem vem lá... Veja se não é Romeu. Peço que deixe-nos a sós tio. Tentarei
saber a causa de sua dor.
SENHORA MONTECHIO: - Espero sinceramente que consiga saber de algo. Vamos
senhora. (Saem)
BENVOLIO: - Bom dia meu primo!
ROMEU: - Ai de mim! As horas tristes parecem longas.
BENVOLIO: - Que tristeza abala tuas horas?
ROMEU: - Não possuir o que desejo, Rosalina...
BENVOLIO: - Que amor cruel este te faz sofrer. Como posso te ajudar?
ROMEU: - Ensina-me a esquecer primo...
BENVOLIO: -(Abraça-o e saem) Bem que gostaria!

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CENA III
(Paris quer se casar com Julieta/ Preparação para o baile de máscaras)

CAPULETO: - (falando da briga) É lamentável que exista esta inimizade de tanto tempo.
PARIS: - Tenho pelo senhor, grande admiração... E agora senhor Capuleto, espero que
responda a meu pedido.
CAPULETO: - Claro... Minha filha Julieta é ainda muito jovem, mas quem sabe daqui a dois
verões, ela esteja preparada para ser sua esposa.
PARIS: - Outras moças da mesma idade de Julieta já são mães felizes.
CAPULETO: - Muito cedo murcham aquelas que cedo se casam. Julieta é a joia mais
preciosa que tenho. Permito você corteja-la, isto é, se for do agrado de minha filha. Hoje a
noite esta convidado a festa que darei aqui em minha casa. (Chama Pedro)
PARIS: - Muito me honra o convite. Toda Verona conhece a grandiosidade deste baile. Desde
já senhor Capuleto... Conte com minha presença.
PEDRO: Pois não senhor?
CAPULETO: - Quero que pegue esta lista e vá de casa em casa convidando estas pessoas.
PEDRO: Sim senhor? (Saem)

CENA IV
(Benvólio convence Romeu a ir ao Baile de máscaras dos Capuletos)

PEDRO: Senhores sabem ler? Podem me ajudar com essa lista?


BENVOLIO: Isto é uma lista para um Baile na casa dos Capuletos... Aqui tem os seguintes
nomes... Conde Francisco esposa e filhos...
PEDRO: Muito obrigado nobre cavaleiro, se não for da casa dos Montechios serão bem
vindos ao nosso baile.
(Pedro sai)
BENVOLIO: - Disponha meu amigo, com certeza iremos a esse ilustre baile.
ROMEU: - És louco Benvólio? Não ouviu dizer que é na casa dos Capuletos.
BENVOLIO: - Na casa dos Capuletos, onde a bela Rosalina se fará presente. Então vai lá
compara a beleza de Rosalina com as outras beldades de Verona.
ROMEU: - Com certeza não existe beleza maior em Verona.
BENVOLIO: - Dizes isso por que não tens com quem compará-la.
ROMEU: - Não vou para compará-la. Apenas para presenciar o espetáculo de sua formosura
em todo seu esplendor.
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BENVOLIO: - Está bobo Romeu.
ROMEU: - Bobo não. Apenas um homem apaixonado! (Saem)

CENA V
(Mãe de Julieta lhe conta sobre a vontade de Paris em se casar com ela e sobre o
grande baile)

SENHORA CAPULETO: - Ama, onde está minha filha? Chame-a.


AMA: - Por minha virgem! Já chamei... Onde anda essa pequena? Julieta... Julieta?
JULIETA: - Que há? Quem está me chamando?
AMA: - Vossa mãe.
JULIETA: - Estou aqui minha mãe. Que deseja?
SENHORA CAPULETO: - Ama, deixe-nos a sós um momento, preciso falar em segredo...
Volta Ama. Pensei melhor, deves ouvir esta conversa você a conhece melhor do que eu.
Julieta falta pouco para você completar quatorze anos...
AMA: - E eu não sei. E que espero viver bastante para vê-la casada um dia. Me lembro de
quando era bebezinha, tão linda, não parava um momento, caia a toa... (fala sem parar)
SENHORA CAPULETO: - Chega Ama! É exatamente sobre isto que desejo falar. Diga minha
filha... Que sente em relação ao casamento?
JULIETA: - Coisa com o qual não sonho.
SENHORA CAPULETO: - Já é tempo de pensar no assunto. Se não me engano com tua
idade, já era tua mãe. E não sei se já percebeu, o valente Paris, anda interessado em você.
AMA: - Ah, que homem senhorita, que homem!
SENHORA CAPULETO: - Não há em Verona melhor partido.
AMA: - E que partido!
SENHORA CAPULETO: - Hoje seu pai dará um baile de mascaras. É de teu agrado receber
a corte de Paris? Que me dize?
JULIETA: - Tentarei ser gentil, já que é de seu agrado.
SENHORA CAPULETO: - Eu sabia minha filha. Portanto, fique bem bonita para hoje a noite.
AMA: - Vamos pequena eu cuido disso. (Saem)

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CENA VI
(Mascarados/ Preparação para o baile)

ROMEU: - Que desculpa usaremos para penetrar no baile?


BENVOLIO: - Apenas aproveitaremos a hospitalidade do anfitrião e em breve partiremos.
MERCÚCIO: - Gentil Romeu, queremos que dance.
ROMEU: - Sinto o chumbo na alma.
MERCÚCIO: - Está apaixonado!
ROMEU: - Temo ser o amor, áspero e rude demais. Pungente como o espinho.
MERCÚCIO: - Se o amor é áspero contigo, seja áspero com ele (tira sarro dele) Vamos...
entrar. E quando estivermos lá dentro cada um cuide de suas pernas (dança)... dizem que os
beijos das mulheres “Capuletas” tem gosto de mel... ai meu Deus preparem-se abelhinhas
que o seu marimbondo esta indo (faz graça e dança querendo beijar os amigos, todos saem,
todos riem)

CENA VII
(Entram todos mascarados e dançam/ Tebaldo vê Romeu no baile)

CAPULETO: - Bem vindos cavalheiros! Em meus bons tempos também usava máscaras e
sabia sussurrar nos ouvidos de uma bela dama. Vamos, música... Deem espaço para as
danças!
TEBALDO: - Aquele deve ser um Montecchio. Como esse miserável se atreve entrar aqui?
CAPULETO: - O que aconteceu sobrinho?
TEBALDO: - Meu tio, aquele ali, é um Montecchio, nosso inimigo. O miserável veio até aqui
para ridicularizar nossa festa.
CAPULETO: - Não é o jovem Romeu?
TEBALDO: - Ele mesmo, o infame Romeu.
CAPULETO: - Acalma-te Teobaldo, deixa-o em paz se comporte como um homem gentil.
Verona se orgulha da conduta deste jovem.
TEBALDO: - Não poderei suportá-lo.
CAPULETO: - Será suportado! Quem está dizendo sou eu! Quem manda, eu ou tu?
TEBALDO: - Ora meu tio é uma vergonha.
CAPULETO: - Basta, basta! Esta brincadeira poderá lhe custar caro.
TEBALDO: - Irei me retirar, mas isto não ficará assim. (Sai)

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CENA VIII
(Continuam a dançar Romeu observa Julieta/ Primeiro encontro de Romeu e Julieta)

(Julieta dança com Paris, ele tenta conquista-la, mas é muito ridículo. Romeu de maneira
muito esperta rouba Julieta dele)

ROMEU: - Posso ter a honra? Se profano for tocar este santo relicário. Espero que com meus
lábios possa suavizar este rude contato com um terno beijo.
JULIETA: - As santas têm mãos que são tocadas pelos peregrinos...
ROMEU: - As santas não têm lábios?
JULIETA: - Sim, lábios que devem usar na oração.
ROMEU: - Então santa adorada, deixar que os lábios façam o que as mãos fazem.
JULIETA: - As santas são imóveis mesmo quando atendem as orações.
ROMEU: - Então não te movas enquanto recolho o fruto de minhas preces. (Beijam-se) Assim
mediante vossos lábios ficam os meus livres de pecados.
JULIETA: - E assim passaram para os meus os pecados que vossos lábios contraíram.
ROMEU: - Pecado dos meus lábios? Então devolva meu pecado. (Entra Ama)
AMA: - Senhora, vossa mãe está a sua procura e você sabe como a Senhora Capuleto tem
pressa... (Pega Julieta pelo braço e saem).
ROMEU: - É uma Capuleto? (Mercúcio e Benvólio observam de longe)
MERCÚCIO: - Então partamos! A brincadeira chegou muito longe.
BENVÓLIO: - Sim, é o que eu temia (pegam Romeu e saem).
JULIETA: - Quem é este belo jovem?
AMA: - Não conheço.
JULIETA: - Vai perguntar-lhe o nome. Temo que seja casado.
AMA: - Chama-se Romeu, é um Montecchio, filho único de vosso grande inimigo.
JULIETA: - Meu único amor nascido do ódio! É possível nascer um amor em meio a tanto
ódio?
AMA: - Que isso senhora?
VOZ SENHORA CAPULETO: - Julieta!
AMA: - Já vamos! Todos os convidados já foram (Saem).

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ATO II
CENA IX
(Romeu volta para casa de Julieta depois do baile)

PRÓLOGO: - Depois deste baile nasce em Romeu e Julieta o amor. Mas a inimizade entre as
famílias cria um grande obstáculo para a aproximação dos amantes. Só a forte paixão poderá
lhes dar forças e meios para se encontrarem, e assim, um nos braços do outro viverem uma
linda e bela história de amor.

ROMEU: - Posso ir mais longe quando meu coração aqui permanece (Sai correndo).
BENVOLIO: - Romeu! Meu primo Romeu!
MERCÚCIO: - Ele é sensato! Foi para casa deitar-se.
BENVOLIO: - Saltou o muro do jardim dos Capuletos.
MERCÚCIO: - Loucura... e eu pensando que era o mais louco do grupo!
BENVOLIO: - Paixão!
MERCÚCIO: - (Irônico) Mas ele não amava a jovem Rosalina?
BENVOLIO: - Se ele te escutasse ficaria irritado. Vamos procurá-lo. Deve está escondido
entre as árvores.
MERCURIO: - Se o amor é realmente cego, não pode acertar no alvo.
Vamos... É inútil procurar quem não quer ser encontrado (Saem).

CENA X

(Jardim dos Capuletos/ Cena do Balcão)

ROMEU: - Que silêncio... Que luz é aquela que brilha através da janela? Surge claro sol e
mata de invejosa lua, és mais linda que ela!
JULIETA: - Ai de mim Romeu!
ROMEU: - Oh, fala outra vez anjo de luz.
JULIETA: - Oh, Romeu, Romeu! Por que tu és, Romeu? Nega teu pai, rejeita teu nome por
mim. Ou então jura teu amor por mim que não serei mais uma Capuleto.
ROMEU: - Continuarei a ouvi-la ou falo com ela agora?
JULIETA: - Somente teu nome é meu inimigo. Como desejo que tivesses outro nome.
Renega teu nome odiado que não faz parte de ti, e me terás inteira.
ROMEU: - Então me chama somente de amor e serei de novo batizado.
JULIETA: - Conheço o som desta voz! Não é Romeu? Não é um Montecchio?
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ROMEU: - Nem um, nem outro, se os dois te desagradam.
JULIETA: - É louco! Como chegou aqui? Corre perigo. Se algum de meus parentes lhe
encontrar, seria a morte.
ROMEU: - Ah, mais perigos em teus olhos que em vinte espadas.
JULIETA: - Eu tenho medo que te vejam aqui Romeu.
ROMEU: - Basta me olhar com tua doçura que estarei protegido de tanto ódio.
JULIETA: - É louco.
ROMEU: - Prefiro que minha vida seja encurtada por um Capuleto, que longa, longe de
ti. Meu amor já tem, eu juro...
JULIETA: - Não jures... Embora suas juras me deixam feliz.
(Entra Ama)
AMA: - Julieta...
ROMEU: - Não se vá! Fique.
JULIETA: - Não posso.
ROMEU: - Quando posso vê-la novamente?
JULIETA: - Se teu amor for verdadeiro quanto diz...
ROMEU: - Quero viver pra sempre contigo.
JULIETA: - Amanhã te mando um mensageiro.
AMA: - Já é hora de ir para cama Julieta.
ROMEU: - Se for de tua vontade marcaremos a cerimônia.
AMA: - Senhorita!
JULIETA: - Estou indo...
AMA: - Julieta!
JULIETA: - Já vou. Boa noite Romeu!
ROMEU: - Boa noite meu amor (saem).

CENA XI
(Romeu vai ao encontro do padre para se casar com Julieta)

PRÓLOGO: - Mal o dia raiou e Romeu ao invés de ir para casa, desviou seu caminho para o
mosteiro onde encontrou Frei Loureço, e desta forma planejava levar adianta a promessa que
fizera a bela Julieta.

ROMEU: - (correndo e cai) Bom dia padre!

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FREI LOURENÇO: - Cuidado menino! Bendito seja! Posso apostar que a causa de sua visita
é atribuída ao amor.
ROMEU: - Tem razão, santo padre.
FREI LOURENÇO: - Ah, esta jovem Rosalina... E está paixão lhe tira o sono?
ROMEU: - Não é de Rosalina que venho falar.
FREI LOURENÇO: - Não?
ROMEU: - Não. Encontrei o verdadeiro amor.
FREI LOURENÇO: - Assim tão depressa?
ROMEU: - Como uma flecha que atinge sem vacilar.
FREI LOURENÇO: - Se não é a jovem Rosalina, então quem é?
ROMEU: - Julieta.
FREI LOURENÇO: - Julieta? Capuleto?
ROMEU: - Sim.
FREI LOURENÇO: - Mas como?
ROMEU: - Amor não se escolhe. Se sente.
FREI LOURENÇO: - O problema é que o amor dos jovens não está apoiado no coração e sim
nos olhos.
ROMEU: - O senhor mesmo me censurou por amar Rosalina que não me quer. Com Julieta é
diferente. Tanto me ama quanto por mim é amada.
FREI LOURENÇO: - Bendito seja! Quem sabe este amor seja uma trégua, uma aliança entre
os Capuletos e os Montecchio. Bem sabes que tenho estima por ambas as famílias e a paz é
o que mais desejo.
ROMEU: - Então nos ajude.
FREI LOURENÇO: - Que se passa nesta cabecinha?
ROMEU: - Peço-te que nos case.
FREI LOURENÇO: - Vossas famílias jamais consentirão tal união.
ROMEU: - Por isso deverão saber após a realização da cerimônia da nossa união.
FREI LOURENÇO: - Não sei...
ROMEU: - Eu te suplico!
FREI LOURENÇO: - Está bem farei... Mas por razão de promover entre as famílias a paz.
ROMEU: - Então temos que agir depressa.
FREI LOURENÇO: - Calma meu jovem! Quem muito corre pode cair (Saem Romeu cai de
novo).

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CENA XII
(Ama vem saber se Romeu realmente quer se casar com Julieta)

MERCÚCIO: - Onde está Romeu? Não foi para casa esta noite?
BENVOLIO: - Para casa do pai não.
MERCÚCIO: - Será que está morto?
BENVOLIO: - Não diga bobagem!
(entra Romeu)
ROMEU: - Bom dia para ambos!
BENVOLIO: - Estávamos preocupados.
MERCÚCIO - Não voltou para casa de teu pai... isso quer dizer que se deu bem (provoca
Romeu)
ROMEU: - Perdoe-me, bons amigos! Tinha um assunto importante a resolver.
(Entram a ama e Pedro)
MERCÚCIO:- Uma vela! Uma vela!
BENVÓLIO:- (ri)
AMA:- Pedro!
PEDRO:- Pois não senhora?
AMA:- Meu leque, Pedro.

MERCÚCIO:- Sim, Pedrinho, para esconder o seu rosto, por que dos dois, o leque é o mais
bonito.
AMA:- (Tenta bater em Mercúcio) Ficai longe da minha vista! Que espécie de homem você é?
ROMEU: - Um homem, minha senhora, que Deus fez para que ele próprio se estragasse.
AMA — Por minha fé, muito bem dito: “Para que ele próprio se estragasse!” Cavalheiros
algum dos senhores poderá dizer-me onde eu poderei encontrar o jovem Romeu?
ROMEU — Sou eu, em falta de outro pior.
AMA — Se sois ele mesmo, senhor, desejo ter convosco uma conversa particular.
BENVÓLIO — Deve ser convite para alguma ceia.
MERCÚCIO — Uma alcoviteira, uma alcoviteira, oh! oh!
ROMEU — Que estás farejando nisso?
MERCÚCIO — Nada meu amigo... isso você que deve descobrir. Romeu, não vai à casa de
vosso pai? Vamos jantar lá.
ROMEU — Já sigo vocês.
MERCÚCIO — Adeus, antiga dama; adeus. (Canta) Dama, dama, dama...
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(Saem Mercúcio e Benvólio.)
AMA — Sim, adeus. Por obséquio, senhor: quem é esse tipo desavergonhado? (A Pedro) E
tu, estás ai e permites que qualquer um faça de mim o que bem entender?
PEDRO — Nunca vi ninguém fazer de vós o que bem entendesse; porque se o visse, minha
espada teria saltado logo da bainha, posso garantir.
AMA — Agora, diante de Deus, fiquei muito nervosa, que sinto todo o corpo tremer. Sujeito à-
toa! Enfim, como já vos disse, minha jovem senhora mandou procurar você. Mas primeiro
permita que eu diga... a senhorita Julieta é jovem, e a amo como se fosse minha filha, por
isso se suas intenções com ela não são serias...
ROMEU — Ama, recomenda-me à tua senhora. Juro-te ...
AMA — Oh! Que lindeza! Realmente, vou dizer isso mesmo. Oh Senhor! Como ela vai ficar
contente!
ROMEU — Mas o que é que vai dizer... Você não me deixou terminar de falar?
AMA — Me desculpe cavaleiro eu me empolguei.
ROMEU — Peça a ela que procure uma desculpa para se confessar hoje à tarde, na cela de
Frei Lourenço, ela há de confessar-se e casar comigo. Agora aceita isto pelo trabalho. (Dá
uma moeda)
AMA — Não, em verdade, senhor; nem uma moedinha.
ROMEU — Vamos aceite.
AMA — Já que insiste (Aceita). Esta tarde ela estará lá.
ROMEU — Recomenda-me à tua senhora.
AMA — Com certeza... mil vezes. (Sai Romeu.) Pedro!
PEDRO — Pois não?
AMA — Pedro, segura meu leque e vai à frente (Saem).

Cena XIII

(Julieta espera ansiosa a resposta que Ama traz de Romeu)

JULIETA — Nove horas o relógio tinha soado, quando eu mandei a Ama. Ela prometeu que
voltaria dentro de meia hora. Talvez não o encontrou... Oh! Ela é lerda. É por isso que o amor
sempre é levado pelo Cupido, porque eles tem asas e são velozes como vento. Agora já é
meio dia, há das nove horas até ao meio dia... Três infinitas horas. Se ela fosse mais nova,
correria veloz como uma bala, minhas palavras já teriam atingido meu amor, e a sua resposta
já estaria comigo. Mas gente velha nunca chega logo meu Deus! É chumbo pesado, quase

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morto. (Entram a ama e Pedro.) Oh Deus! É ela! Que novidades me trouxe doce Ama? Por
acaso viu ele? Manda embora teu criado.

AMA — Pedro, espera lá fora. (Sai Pedro.)

JULIETA — Então, mãezinha? Oh Deus! Por que está triste? Se forem tristes tuas novidades,
conta-as alegremente; sendo alegres, não estrague a noticia com cara tão dolorida.

AMA — Deixai-me repousar um momento, estou cansada. Como os ossos me doem! Que
corrida!

JULIETA — Quisera que tivesse os meus ossos, e eu, tuas novidades. Vamos, boa Ama:
Fala logo!

AMA — Quanta pressa, Jesus! Não pode esperar nada? Não percebe que estou sem fôlego?

JULIETA — Como sem fôlego, se tem fôlego bastante para me dizer que não tem fôlego?
Tuas notícias são ruins ou boas? Responde-me logo isso: más ou boas?

AMA — Bem... Você fez uma boa escolha, mas aqueles amigos dele. Romeu... Não, ele não!
Ele tenha o rosto mais bonito que eu já vi, suas pernas levam vantagem sobre as de todos os
homens... é a flor da cortesia, é manso como um cordeiro. Segue seu caminho menina e
continua servindo a Deus. Como! Já almoçaram nessa casa?

JULIETA — Não, não... Mas isso tudo eu já sabia. E sobre o casamento, o que ele disse?

AMA — Oh! Que dor de cabeça! Que cabeça a minha! Creio que ela vai explodir em vinte
pedacinhos. E, do outro lado, as costas! Oh! As costas! Oh!

JULIETA — Sim, fico triste em saber que você não está bem. Mas, minha doce Ama... O que
te disse meu amor?

AMA — Vosso amor disse como cavalheiro honesto, e bondoso, e belo, e posso garantir
virtuoso... Onde está sua mãe?

JULIETA — Onde está minha mãe? Está lá dentro. Onde podia estar? Oh! Que resposta!
(imitando a Ama) “Vosso amor diz, qual cavalheiro honesto, onde está vossa mãe?”.

AMA — Oh Santa Virgem! Por que tanto nervosismo?

JULIETA — Quantos rodeios! E Romeu, que disse?

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AMA — Podeis ir confessar hoje?(Julieta acena que sim) Não perca tempo então, corre à
cela de Frei Lourenço, onde vai achar um marido que te ama. Já eu vou almoçar.

JULIETA — Adeus minha Ama querida. (Saem)

CENA XIV

(Cena do casamento de Romeu e Julieta)

PRÓLOGO: - Através de um mensageiro Julieta ficou sabendo que tudo estava acertado.
Chegou bem cedo ao mosteiro de Frei Lourenço e ali as mãos dos jovens se juntaram na
sagrada união. Terminada a cerimônia Julieta voltou depressa para casa, onde ficou
aguardando impacientemente o anoitecer, pois o apaixonado Romeu havia lhe prometido
visitar. Mas, o pior estava por vir (Sai).

ATO III
CENA XV
(Batalha e morte de Mercúcio e Tebaldo)

BENVÓLIO — Bom Mercúcio, vamos embora, porque o dia está quente e os Capuletos
andam pela cidade. Caso os encontremos, não poderemos evitar uma briga. O sangue ferve
nestes dias quentes.
MERCÚCIO — Vamos, vamos você é tão esquentado do que todos aqui.
BENVÓLIO — Se eu fosse tão briguento como você, eu simplesmente...
MERCÚCIO — Simplesmente o que?
BENVÓLIO — Por minha cabeça, ai vem vindo um Capuleto.
MERCÚCIO — Por meu pé, por mim isso pouco importa.
(Entram Tebaldo e outros)
TEBALDO — Cavalheiros, uma palavra com qualquer um de vós.
MERCÚCIO — Só uma palavra com um de nós? Acrescentai mais alguma coisa... (Faz
gestos de briga)
TEBALDO — Estarei disposto a isso, quando tiver oportunidade.
MERCÚCIO — Não acha oportunidade, sem que alguém ofereça?
BENVÓLIO — Estamos conversando numa praça bastante frequentada. Vamos para algum
lugar escondido ou vão embora, porque as pessoas estão olhando.

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MERCÚCIO — Para ver é que os olhos foram feitos. Que nos vejam. Daqui não dou um
passo.
(Entra Romeu.)
TEBALDO — Fiquem em paz, senhores; eis meu homem.
MERCÚCIO — Que me enforquem se eu ouvi direito... Você disse que ele é seu homem?
Uiiii...
TEBALDO — Oh Romeu, o ódio que me desperta, posso dizer apenas isto: é um vilão.
ROMEU — A razão de te amar, que eu tenho agora, Tebaldo, acalma a raiva de tua
saudação. Não sou o que diz. Adeus, bem vejo que não me conhece.
TEBALDO — Suas palavrinhas não bastão para perdoar as injúrias que tem feito. Arranca a
espada.
ROMEU — Adeus, bem vejo que não me conhece.
MERCÚCIO — Oh calma submissão, vil e insultuosa! Vamos decidir logo isso. (Saca a
espada.) Tebaldo, caçador de rato, queres dançar comigo?
TEBALDO — Que deseja?
MERCÚCIO — Nada mais, meu bom rei dos gatos, além de uma das suas nove vidas.
TEBALDO (sacando da espada) — Estou ao seu dispor.
ROMEU — Gentil Mercúcio, guarda a espada.
(Brigam)
ROMEU — Benvólio me ajuda a evitar essa briga. (Romeu atrapalha e Tebaldo atinge
Mercúcio) Tebaldo! Bom Mercúcio!
(Sai Tebaldo correndo com seus amigos)
MERCÚCIO — Estou ferido. A peste caia em vossas casas. Morto! E ele não sofreu nada?
Foi embora?
BENVÓLIO — Como! Foi ferido?
MERCÚCIO — Um arranhão, um arranhão somente, mas já chega.
ROMEU — Coragem, homem! O ferimento não deve ser profundo.
MERCÚCIO — Não, não é tão fundo quanto um poço, nem tão largo quanto porta de igreja.
Mas é o suficiente e quanto basta. Pergunte por mim amanhã, irão me encontrar bem quieto.
(A Romeu) Por que diabo se meteu entre nós? Fui ferido por baixo de seu braço.
ROMEU — Eu estava bem-intencionado.
MERCÚCIO — Me tira daqui Benvólio acho que vou desmaiar. A peste caia sobre vossas
casas! Está noite mesmo viro pasto para os vermes.
(Saem Mercúcio e Benvólio)
(Volta Tebaldo)
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ROMEU — Vivo! E triunfante! E morto o bom Mercúcio? Fúria de olhar de fogo sê meu guia!
Tebaldo, agora receba de retorno o destino que te aguarda, pois a alma de Mercúcio ainda se
encontra perto de nos, esperando que você ou eu vá fazer-lhe companhia. Um de nós dois irá
com ele.
(Lutam, Tebaldo cai, Benvólio volta)
BENVÓLIO — Romeu foge depressa! Tebaldo também está morto. Não fique aqui, pois o
príncipe vai condena-lo a morte. Corre depressa!
ROMEU — Sou um joguete do destino!
(Sai Romeu.)

CENA XVI
(Julgamento de Romeu)

SENHORA CAPULETO: - Só peço justiça! Que o príncipe condene Romeu a morte.


CAPULETO: - É um assassino!
MONTECHIO: - Romeu era amigo de Mercúcio, agiu em sua defesa.
PRÍNCIPE: - Benvólio você estava lá, nos diga o que aconteceu?
BENVÓLIO: -Tebaldo estava enfurecido, nós tentamos evitar uma briga, mas infelizmente...
PRÍNCIPE: - Devido a ocorrência, a minha sentença é que Romeu seja exilado daqui. E você
Benvólio por tentar garantir a paz, mas por estar envolvido com esses baderneiros será prezo
até a última ordem.
MONTECHIO: - Mas meu senhor...
PRÍNCIPE: - Romeu deve sair o mais depressa de Verona ou se for encontrado será
sua última hora. (Saem)

CENA XVII
(Ama conta a Julieta sobre morte de Teobaldo e o julgamento de Romeu)

JULIETA: - Ama...
AMA: - Ah, que dia!
JULIETA: - Que foi?
AMA: - Morto! Está morto!
JULIETA: - Quem está morto?
AMA: - Teu primo...
JULIETA: - Meu querido primo Tebaldo?
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AMA: - Morto em um duelo.
JULIETA: - Como foi isto?
AMA: - Vi a ferida. Desmaiei só de vê.
JULIETA: - Despedaçado esta meu coração! Pobre Tebaldo. Tão jovem e morto.
AMA: - Teobaldo não existe mais e Romeu foi banido.
JULIETA: - Oh, meu Deus! A mão de Romeu derramou o sangue de Tebaldo?
AMA: - Assim aconteceu.
JULIETA: - Ah Romeu! Tens um coração de serpente escondido por um rosto florido! Uma
mente atormentada, confusa entre o amor e o ressentimento. Ai de mim! (chora)
AMA: - Que a vergonha caia sobre Romeu.
JULIETA: - Cale a boca! Romeu é um bom homem.
AMA: - Como fala bem de quem matou seu primo?
JULIETA: - Devo falar mal de meu esposo?
AMA: - Deus! Corre para vosso quarto, vou atrás de Romeu para esclarecer o ocorrido.
JULIETA: - Oh, encontra-o. Entrega-o este anel e peça-o para que venha até aqui dar seu
ultimo adeus. (Saem)

CENA XVIII
(Romeu vai se encontrar com o padre depois da batalha/ Passa pelo palco um cortejo
fúnebre em seguida aparece Frei Lourenço com uma lamparina acesa)

PRÓLOGO: - Ao abrir a porta Frei Lourenço percebe a visita da Ama de Julieta que trás o
anel que a jovem pediu que entregasse a seu amado Romeu. Sem tardar o apaixonado
Romeu vai ao encontro de seu grande amor e juntos ficam até o amanhecer. Enquanto isso
Frei Lourenço sai em intermédio de Romeu com esperança de pacificar as famílias, mais é
surpreendido pelo Senhor Capuleto, que para consolar Julieta aceita seu casamento com seu
fiel pretendente, Paris.

FREI LOURENÇO: - Aparece Romeu, aparece.


ROMEU: - Padre, quais são as notícias? Qual a sentença do príncipe?
FREI LOURENÇO: - Foste banido.
ROMEU: - Ah não, banido! Tende compaixão... Preferia a morte.
FREI LOURENÇO: - Sê paciente Romeu. O mundo é vasto.
ROMEU: - Que mundo pode haver fora dos muros de Verona?

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FREI LOURENÇO: - Oh, negra ingratidão! Segundo as leis, deveria morrer. Devia agradecer
a bondade do príncipe.
ROMEU: - É suplício e não favor. O Céu esta onde Julieta vive. Pior condenação não
haveria... Banido, longe do meu verdadeiro e único amor. (Batem a porta)
FREI LOURENÇO: - Levante-se Romeu. Estão batendo a porta. Esconda-se. (Sai)
(Entra Ama)
AMA:- Romeu, Julieta pede para entregar o seu anel.
ROMEU:- (Volta correndo) Ela me castiga Ama? Ela me Odeia? Ela tem todo o motivo para
não me querer... eu matei seu primo.
AMA:- Pelo contrário Romeu, ela quer ver você, antes de partir para o exilio fique com ela.
ROMEU:- Sim eu farei o que você diz, amada Ama. (Sai)
FREI LOURENÇO: - Eu tentarei de alguma forma pacificar as duas famílias. (Saem)

CENA XIX
(Pai de Julieta marca seu casamento com Paris)

CAPULETO:- Amigo Paris vejo que esse é o momento de unir você e minha filha. Ela está
muito triste pela morte do seu primo e talvez essa mudança em sua vida possa tira-la desses
acontecimentos tão ruins que vem acontecendo com nossa família.
PARIS:- Senhor Capuleto é com imensa alegria que recebo essa noticia, fico muito feliz que o
senhor tenha aceitado esse casamento. E concordo plenamente com o senhor... (Saem
falando)

CENA XX
(Romeu se encontra com Julieta antes de ir para o exilio)

ROMEU: - Já amanheceu preciso partir.


JULIETA: - Tens mesmo que ir, acho que ainda é noite.
ROMEU: - Sim. Tenho. Embora não queira. Prefiro teus braços. Mas já escuto a cotovia
anunciando o dia.
JULIETA: - Não é a cotovia é o rouxinol saudando a noite.
ROMEU: - Se é assim, vou ficar e morrer de amor em seus braços.
JULIETA: - Não! Se ficar morre. Vai levanta Romeu é a cotovia que canta... tem que ir e
viver.
ROMEU: - Longe de ti, sou apenas um andarilho sem vida.
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JULIETA: - Vá por mim... Por favor... Peço-te. Amanheceu.
(VOZ DA AMA): - Senhora?!
JULIETA: - Ama!
(VOZ DA AMA): - Vossa mãe está vindo.
ROMEU: - Adeus, adeus doce Julieta!
JULIETA: - Adeus meu Romeu. Aguardarei notícias suas. Logo estaremos juntos novamente.
ROMEU: - Não tenho dúvidas sobre isso. (Sai)
(Entram Ama e Senhora Capuleto)
SENHORA CAPULETO: - Minha filha...
JULIETA: - Minha mãe.
SENHORA CAPULETO: - Sempre chorando.
JULIETA: - Deixe-me chorar.
SENHORA CAPULETO: - Pobrezinha tão sensível! Chora não somente a morte de teu primo,
mas também por saber que está vivo o desgraçado que o matou. Mais não se preocupe.
Teremos nossa vingança.
JULIETA: - Vingança?
SENHORA CAPULETO: - Por hora deixe de lado está conversa triste. Tenho notícia melhor
que alegrará este coração.
JULIETA: - E que notícia é esta?
SENHORA CAPULETO: - Como sabe, tem um pai adorável. E vendo sua tristeza
providenciou teu casamento com o galante Paris.
JULIETA: - Me espanta a presa em me casar, eu mal o conheço. Suplico minha mãe... Diga a
meu pai que não desejo me casar.
SENHORA CAPULETO: - Diz pessoalmente, ai vem teu pai.
CAPULETO: - Então minha senhora já comunicou nossa surpresa a ela?
SENHORA CAPULETO: - Sim senhor, mas ela rejeitou.
CAPULETO: - Como! Não quer? Arranjamos para você um gentil homem para esposo...
AMA:- Meu Senhor eu poderia dar um conselho?
CAPULETO: - Cale-se!
JULIETA: - Agradeço. Mas não o amo.
CAPULETO: - Aprenderá amá-lo. Irá casar com Paris nem que eu tenha que te levar
arrastada até a igreja.
JULIETA: - Eu suplico de joelhos meu pai...
AMA:- Acalme-se meu senhor...

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CAPULETO: - (A Ama) Cale-se! E saia daqui sua megera... A conversa não chegou à
criadagem, saia antes que sobre para você (Ama sai). (A Julieta) Criatura desobediente. Ouve
o que te digo... Casarás nesta quinta-feira nem que tenhas que ir amarrada. (Saem)
JULIETA: - Ai de mim! Que sofro com tamanho dissabor! (Sai)

CENA XXI
(Plano para Julieta não casar com Paris e se encontrar com Romeu)

PRÓLOGO: - Horrorizada Julieta foi até Frei Lourenço em busca de uma ajuda dos céus para
seu auxílio. Desesperados os dois armam um plano perigoso.

FREI LOURENÇO: - Quinta-feira, senhor? Muito pouco tempo.


PARIS: - Esta é a vontade dos Capuletos e também a minha.
FREI LOURENÇO: - Vocês ignoram os sentimentos da dama. O procedimento é irregular.
Não me agrada.
PARIS: - Julieta ainda está muito abalada com a morte de seu primo Tebaldo e esta é a
causa pela qual queremos apressar esta cerimônia, para que ela saia do luto para as núpcias.
FREI LOURENÇO: - Veja senhor, está chegando a dama. (Entra Julieta)
PARIS: - Que feliz encontro minha bela Julieta e futura esposa.
JULIETA: - Poderá ser nobre cavalheiro quando for sua esposa.
PARIS: - Há de ser, meu amor, na próxima quinta-feira.
JULIETA: - O que tiver que ser será.
PARIS: - Veio confessar com o padre?
JULIETA: - Minha confissão teria maior valor, feita em vossa ausência.
FREI LOURENÇO: - Tenho agora tempo disponível, minha triste filha... Cavalheiro,
precisamos ficar sozinhos.
PARIS: - Deus me livre perturbar sua devoção. Julieta adeus! Aguardarei até quinta-feira, por
hora fique com este santo beijo. (Sai)
JULIETA: - Feche a porta Frei... que nojo!
FREI LOURENÇO: - Ah, Julieta! Já conheço a tua dor.
JULIETA: - Frei ajude-me! Diga como poderei evitar este triste destino.
FREI LOURENÇO: - Ah, Julieta... Não penso em outra coisa...
JULIETA: - Prefiro ser enterrada viva a me casar com Paris.
FREI LOURENÇO: - Filha... Vislumbro certa esperança para evitar este casamento. Mas é
arriscado demais.
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JULIETA: - Qualquer coisa para me livrar deste destino tão cruel.
FREI LOURENÇO: - Se tem coragem, eu te darei um remédio. Volta para tua casa e mostra-
te alegre e dá teu consentimento em casar com Paris. Amanhã, véspera do teu casamento
deve beber o conteúdo deste frasco. O líquido que aqui contém deixará você paralisada como
se estivesse morta, durante quarenta e duas horas.
JULIETA: - E assim Paris pensará que morri.
FREI LOURENÇO: - Sim. Então enviarei um mensageiro onde Romeu está e quando acordar
poderá ir para longe e assim viverem felizes juntos.
JULIETA: - Me de essa poção Frei, eu aceito sem questionar.
FREI LOURENÇO: - Agora parte. Seja forte e feliz em sua decisão. Agora mesmo enviarei
um mensageiro com uma carta á Romeu.
JULIETA: - O amor me dá forças. Adeus querido padre! (Sai)
(Frei chama um mensageiro para avisar Romeu sobre os planos. O mensageiro sai e algo dá
errado).
FREI LOURENÇO: - Vá agora, porque assim Romeu saberá de nossos planos e não teremos
problemas... vá rápido meu amigo.

CENA XXII
(Cena da Julieta tomando veneno e preparação para o casamento se transformam em
seu funeral)

PRÓLOGO: - Na manhã seguinte Julieta foi dada como morta. Então em meio a profundo
pesar o casamento transformou-se em funeral. Os hinos de núpcias se transformaram em
sombrios cânticos fúnebres. Baltazar criado e amigo de Romeu fica sabendo de Julieta e,
infelizmente como as notícias ruins viajam sempre mais rápido que as boas. A terrível história
da morte de Julieta chegou aos ouvidos do apaixonado Romeu, antes que o mensageiro
enviado por Frei Lourenço chegasse com a carta esclarecendo o plano. E inconformado
Romeu adquire de um boticário, veneno e segue para Verona.

CENA XXIII
(Romeu é avisado da morte de Julieta antes do mensageiro do padre)

ROMEU: - Meu amigo que boa nova traz de Verona?


BALTAZAR: - Meu bom Romeu.
ROMEU: - Nobre Baltazar, como esta pálido.
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BALTAZAR: - Julieta.
ROMEU: - Julieta? O que foi? Que silêncio é este que contagia todo o espaço a ponto de
ouvir apenas teu coração.
BALTAZAR: - Pobre Julieta.
ROMEU: - Que há com Julieta?
BALTAZAR: - Dorme, um sono profundo... Meu bom Romeu, seja forte...
ROMEU: - Não, não, não...
BALTAZAR: - Julieta foi levada ao sepulcro dos Capuletos e agora vive entre os anjos.
ROMEU: - Não pode ser.
BALTAZAR: - Vi com meus próprios olhos quando a levaram para a tumba.
ROMEU: - Julieta! Sobre a luz da lua e o brilho das estrelas juramos amor eterno! Prepare
meu cavalo.
BALTAZAR: - Não pode sair de Mântua. Não é prudente.
ROMEU: - Partirei o quanto antes, espere aqui, tenho que resolver uma coisa.
BALTAZAR: - Vou preparar teu cavalo. (Baltazar sai)
(Romeu sai sozinho em busca de um Boticário)
ROMEU: - Oh quantas desgraças machucam minha alma! Julieta ainda esta noite, ao teu
lado repousarei. É o amor da minha vida e também da minha morte. Eternamente estaremos
juntos e nosso amor será lembrado por todas as gerações. O boticário... Mora por aqui...
Boticário? Em algum lugar... (Corre pelo palco) Boticário? Boticário...
BOTICÁRIO: - Quem me chama com tanta força?
ROMEU: - Vem aqui amigo... Tenho aqui quarenta ducados, sei o quanto precisa. Arranja-me
uma porção venenosa, mas que seja um veneno tão forte que se espalhe rapidamente pelas
veias e mate rapidamente um corpo que vive sem alma.
BOTICÁRIO: - Possuo esse veneno perigoso, porém seu comercio é proibido por Lei. Se
descobrirem que o vendi serei punido, condenado a morte.
ROMEU: - Quanto a isso não precisa temer. Ninguém saberá que o senhor me forneceu tal
produto. Sei quanto precisa deste dinheiro. Então passe por cima da Lei e toma isto. (Dá o
dinheiro)
BOTICÁRIO: - Basta uma única gota.
ROMEU: - Eis teu ouro, o veneno mais nocivo para a alma dos homens. (Saem)

CENA XXIV
(Frei fica sabendo que Romeu não recebeu a noticia e corre para o tumulo de Julieta).

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CENA XXV
(Romeu vai até o tumulo de Julieta e morre)

ROMEU: - Obrigado por me acompanhar até aqui fiel amigo, mas agora quero ficar só.
BALTAZAR:- Como quizer Romeu. (Sai)
PARIS: - Para imediatamente com isso, vil Montecchio. Não permitirei que profane o túmulo
de Julieta. Está condenado te mandarei para prisão.
ROMEU: - Alto lá. Não te aproxime. Lembra do triste fim de Tebaldo. Não me provoque a ira,
nem me obrigue a cometer outro pecado.
PARIS: - Só entrará neste túmulo se antes passar por cima do meu cadáver.
(Travam uma luta e Paris morre. Romeu entra no túmulo)
ROMEU: - Oh, Julieta sua formosura transforma esta cripta! Minha esposa! A morte não
sugou o mel de teu lábio, nenhum poder teve sobre tua beleza! Oh, aqui fixarei minha eterna
morada ao seu lado. (Bebe) Assim morro com um beijo. (Morre enquanto Julieta acorda)
(Lá fora)
FREI LOURENÇO: - São Francisco me ajude! Quantas vezes meus pés enfraquecidos
tropeçaram em túmulos? Quem está ai?
BALTAZAR: - É um amigo.
FREI LOURENÇO: - Deus o abençoe filho. O que faz aqui?
BALTAZAR: - Acompanho meu senhor, Romeu de quem tanto gosta.
FREI LOURENÇO: - Há quanto tempo está lá?
BALTAZAR: - A cerca de meia hora.
FREI LOURENÇO: - Vinde comigo até o túmulo.
BALTAZAR: - Não ouso fazer isto senhor, prometi a Romeu.
FREI LOURENÇO: - Então me espere aqui. Entrarei sozinho, receio o pior. (Entra)
FREI LOURENÇO: - Romeu... Ah, hora terrível! Pobre Romeu. Que fizeste? Trágico fim.
JULIETA: - Romeu o que é isso?
FREI LOURENÇO: - Estou ouvindo um barulho. Senhora abandona este antro de morte.
JULIETA: - Romeu está morto? Vá Frei, por que eu não sairei daqui. (Sai Frei Lourenço e vai
falar com um guarda que se aproxima) Romeu... Oh, Romeu! Que isto? Uma taça na mão do
meu fiel amor? (Pega o frasco) Oh, ingrato! Bebeste sem deixar uma gota? Beijarei teus
lábios talvez haja um resto de veneno. (Ouve barulho) Preciso me apressar. (Pega o punhal
de Romeu) Punhal esta é tua bainha! (Apunhala-se) Enferruja-te aqui e deixa-me morrer. (Cai
sobre Romeu)

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PRÓLOGO: - Quando os Capuletos e os Montechio chegaram e encontraram aquela trágica
cena, sentiram toda dor causada pela consequência de uma rixa que custou a vida dos quais
mais amavam. Então Lorde Capuleto e Lorde Montecchio prometeram erguer uma estátua de
ouro um ao filho do outro. E assim, sepultaram as desavenças juntamente com seus filhos. A
história de amor de Romeu e Julieta foi eternizada por Shakespeare e ainda é uma dolorosa
ferida criada por nós e que machuca nossos filhos.

FIM

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