Wamphula Fax

Nampula, 09 de Abril de 2018 . Ano XV .Edição número 3061

Director: Jerónimo C. Júnior
O SEU JORNAL DE CONFIANÇA
PROPRIEDADE DA COOP-NORTE JORNALISTAS ASSOCIADOS, SCRL
SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE OPINIÃO
Descobertas ossadas humanas na Mulheres defendem persistência Fraca qualidade de electricidade Cidade da Beira: sem eira nem
Cidade de Nampula na luta pelo empoderamento eco- afecta funcionamento do Hospital beira
nómico rural de Angoche

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NIASSA PRODUZ SEMENTE DE BATATA RENO

Niassa equaciona instalar uma fábrica de produção de semente de batata reno

E
stá em perspectiva
de, a breve trecho,
ser concretizado no
distrito de Lichinga,
província de Niassa, um projec-
to para produção de sementes
de batata reno certificada e de
qualidade, para abastecer os pro-
dutores, o que poderá poupar ao
Estado cerca de três milhões de
dólares americanos que, anual-
mente, têm sido despendidos
para a importação de sementes
dos países vizinhos.
O facto foi revelado por Sér-
gio Gouveia, da África Center
Matama, empresa vocacionada
na produção de sementes cer-
tificadas de diversas culturas
alimentares, aquando da recen-
te visita do Primeiro-Ministro,
Carlos Agostinho de Rosário,
àquele empreendimento, no dis-
trito de Lichinga.
Sérgio Gouveia afirmou, na
circunstância, que a AC Matama
dispõe das condições técnicas
para iniciar a produção imedia-
ta de cerca de duas mil toneladas
anuais de semente certificada de
batata Reno e coloca-la no mer-
cado nacional para os interessa-
dos.
Acrescentou que a mesma
empresa explora uma vasta área
agrícola com condições para
construção de sistemas de irri-
gação adicionais para produzir
durante o ano.
Continua na página 2
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SOCIEDADE 09 de Abril de 2017

Cidade de Nampula

DESCOBERTAS OSSADAS HUMANAS EM MUTOTOPE

O
s moradores do
bairro de Muto-
tope, arredores da
cidade de Nampula, foram ,
na manhã da passada quinta-
-feira, em face da descoberta
de ossadas humanas, amon-
toadas num descampado
pertencente à direcção pro-
vincial de agricultura e segu-
rança alimentar, facto que, se-
gundo os populares, confirma
a tese segundo a qual, o local
tem sido usado como campo
de actuação de criminosos.
O chefe do quarteirão 34,
naquele bairro, Guilherme
Pedro, corrobora a versão
de que o sítio inabitado tem
servido para exercício dos
criminosos, cujos principais
alvos são os estudantes da es- Zacarias Nacute, porta-voz da PRM
cola Secundária 22 de Agosto
e camponeses que costumam “Como este espaço não é Na óptica do chefe do a presença de ossadas huma-
invadir o espaço para cultivo. aproveitado, é usado pelos quarteirão 34, as acções dos nas pertencentes alguém que
Segundo os moradores, as malfeitores para emboscar as criminosos recrudescem de- se presume ser de sexo femi-
ossadas humanas, ora desco- suas vítimas. Por isso, decidi- vido à falta de uma unidade nino.
bertas, terão pertencido, pre- mos limpá-lo para podermos policial naquele bairro. E assegurou que o Serviço
sumivelmente, à uma pessoa construir nossas casas e, as- Entretanto, o porta-voz Nacional de Investigação Cri-
de sexo feminino, em virtude sim, reduzir a onda de assassi- da polícia da República de minal (SERNIC) está a traba-
de terem sido achados ao lado natos”- disse Guida Momade, Moçambique em Nampula, lhar no sentido de esclarecer
cabelos trançados. moradora de Mutotope, Zacarias Nacute, confirmou o assunto.Wf

Continuado da página 1
Destacou que a província
de Niassa e, em particular a
cidade de Lichinga, dispõe
das condições ideais, prin-
cipalmente climáticas, para
produção de sementes de ba-
tata Reno.
Garantiu que a AC Mata-
ma desfruta de idoneidade
para solicitar crédito à banca
comercial a qualquer mo-
mento para aquisição de siste-
mas de frio exigidos para con-
servação da semente de batata
Reno que é, neste momento, a
única componente em falta
para avançar com a iniciativa.
Contudo, Sérgio Gouveia
observa ser indispensável a
celebração de contratos de
fornecimento de semente de
batata Reno certificada com
as empresas produtoras da
cultura que adquirem o insu-
mo na vizinha África do Sul,
que representa ao Estado o
desembolso de cerca de três
milhões de dólares, equiva-
lentes a, aproximadamente,
186 milhões de meticais, por
ano.
O ministro da agricultura
e segurança alimentar, Higi-
no Marrule, que, com outros
quadros do governo, acompa-
nha o PM na visita de traba-
lho de dois dias à província de
Niassa, disse que o governo
encoraja a iniciativa.
Realçou que será o início
do pressuposto das aspirações
do governo, que se traduz na
substituição das importações
por insumos nacionais, pro-
duzidos e certificados por
técnicos e instituições locais,
facto que terá impacto na re-
dução do gasto de divisas.Wf

Ficha técnica
Editor: Vasco Fenita
Redacção e Colaboradores: Areno Fugão (página governação participativa), Assane Issa, Carlos Tembe,
Carlos Coelho, Mouzinho de Albuquerque e Luis Norberto
Administração e publicidade:Augusto Madeira e Zaina Armando-Gestor do Facebook: Emerson Aquilino
Colunistas permanentes: António Matabele e Viriato Caetano Dias
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Segunda-feira SOCIEDADE Wamphula Fax
Empoderamento económico das mulheres
LÍDERES DAS ASSOCIAÇÕES RURAIS DEFENDEM PERSISTÊNCIA NA LUTA

As líderes das associa-
ções rurais de mulheres, em
Nampula, reconhecem que há
avanços no concernente à sua
participação na gestão dos
rendimentos decorrentes da
produção agrária e outras fon-
tes de renda ao nível das famí-
lias, mercê das campanhas de
advocacia levadas a cabo pela
Associação Nacional de Ex-
tensão Rural (AENA).
Rosinha Feliciano,membro
da Associação das Mulheres
de Nakololo, no distrito de
Monapo, explicou que, num
passado recente, as mulheres
da zona onde reside limita-
vam-se a participar na pro-
dução agrária, distanciando-
-se, portanto, do processo da
comercialização e utilização
dos recursos financeiros re-
sultantes.
Segundo a fonte, a mulher
não ousava contrariar esse
principio costumeiro para
não ser considerada desobe-
diente ao marido e, em conse-
quência, marginalizada pelos
membros da comunidade.
“Porém, nos dias que cor-
rem, a situação está a mu-
dar. Por exemplo, no início,
a Associação das Mulheres
de Nakhololo era composta
por 90 membros, sendo 14
mulheres e os restantes eram
homens. As mulheres não ti-
nham a oportunidade de ge-
rir a sua própria organização
e muito menos ocupar cargos
de chefia para administrar o
respectivo património, mas
depois da intervenção da
AENA, em matérias de asso-
ciativismo, género, gestão de
planos de negócios e critérios
de comercialização de produ-
tos agrícolas, o cenário tem
vindo a alterar paulatinamen-
te”-explicou Feliciano.
O oficial de Comunicação,
Marketing e Campanhas de
Advocacia da AENA, Octá-
vio Subuana, confirmou que
as acções de empoderamento
económico da mulher rural
estão, de facto, a surtir os de-
sejados efeitos.Wf

Hospital rural de Angoche

FRACA QUALIDADE DE ELECTRICIDADE AFECTA FUNCIONAMENTO
O funcionamento normal
do hospital Rural de Ango-
che, está a ser condicionado
pela fraca qualidade de ener-
gia eléctrica fornecida pela
empresa Electricidade de Mo-
çambique (EDM), segundo o
director daquela unidade sa-
nitária, António Munissa.
De acordo com Munissa,
a fraca qualidade de energia
eléctrica afecta sobretudo o
sector de Raio X , o que obri-
ga que os doentes com frac-
turas sejam evacuados para
Nampula.
“O problema da fraca qua-
lidade de energia eléctrica
agravou-se desde, sensivel-
mente, há dois meses”- expli-
cou Munissa.
A fonte afirmou que a so-
lução definitiva do problema
implica a montagem de um
transformador exclusivo para
aquele hospital. Cujas diligên-
cias decorrem já para o efeito
junto das competentes enti-
dades provinciais de Nam-
pula, de acordo com António
Munissa.
Entretanto, disse ter apura-
do nos contactos efectuados
com a empresa EDM, de que
o problema da fraca qualida-
de da corrente eléctrica não
só se verifica naquela região,
como também noutras da
província de Nampula.
Segundo aquele responsá-
vel, enquanto o aparelho de
Raio X daquele hospital não
funcionar, os doentes que
procuram este serviço naque-
la unidade sanitária continua-
rão a ser transferidos para o
Hospital Central de Nampula,
onde existem equipamentos
adequados.
Não obstante, porém, o
Hospital Rural de Angoche é
considerado de referência não
só para aquele distrito, como
também de outros situados
na zona sul da província de
Nampula, nomeadamente
Moma, Mogincual e Mogovo-
las.Wf

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 Wamphula Fax
Por: Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com)
CIDADE DA BEIRA: SEM EIRA NEM BEIRA
E
que hoje África
está melhor do
que há quinhen-
tos anos porque apren-
deu algo com franceses,
portugueses, ingleses...
E não está melhor porque
quer subsídios, dinhei-
ros fáceis, riqueza sem
esforço e sem trabalho.
E, quando pode, prefere
investir na Europa a fazê-
-lo na sua terra. Extraído
de uma conversa com amigo
Soares
Semana passada, como
tem sido costumeiro nos úl-
timos anos, fiz-me à estrada
para medir o pulsar do país.
No decurso do périplo que
termina em Maio próximo,
revisitei a cidade da Beira, a
segunda maior do país.
Os meus leitores poderão
discordar de mim, a verdade
porém é que, afora os seus
habitantes, Beira tem pouco
para oferecer. A cidade está
em progressivo estado de
degradação. A maioria dos
edifícios, incluindo os que
serviam de cartão-de-visita
da cidade, está em ruínas. A
imundice está em toda a par-
te. Parece demasiado brutal
para ser real. Coitado dos bei-
renses!
Com a proliferação no-
civa de políticos malandros,
egoístas e pouco dados a
sacrifícios, existem ínfimas
possibilidades de se resgatar
as lindíssimas paisagens do
Chiveve, no caso, a Beira. A
paisagem, uma vez destruída,
nunca mais será reencontra-
da.
Não exagero se disser que,
com todo o respeito pelos
seus munícipes, a cidade da
OPINIÃO
CENTELHA
Beira constitui actualmente
um problema de saúde pú-
blica. A razão é evidente: a
edilidade está a sufocar os
munícipes e a destruir o va-
lor que a Beira merece ter. A
edilidade da Beira não tem es-
tratégia para mudar o cenário
desastroso, porque o monarca
Simango insiste, na qualidade
de servo, servir dois senhores
ao mesmo tempo: munícipes
e o seu partido MDM.
Posso estar enganado –
podemos sempre estar en-
ganados – mas todos os ele-
mentos da minha minuciosa
observação levam a esta con-
clusão: Simango parece go-
vernar o município da Beira
concentrado em láureas. É
um edil obcecado em pré-
mios. Os prémios, em Rela-
ções Internacionais, nunca
são grátis. Dito de outra ma-
neira, nenhuma ajuda é grá-
tis. Ou é feita por interesse ou
por amor. E raramente é por
amor.
Corre-se o risco de hipo-
tecar a vida dos munícipes
em troca de programas de
desenvolvimento infecundos,
orientados a partir do estran-
geiro. Se a cidade da Beira é
lastimável, do ponto de vis-
ta de salubridade e gestão,
como é que o seu edil ganha
prémios no estrangeiro? Ser-
viços de secretaria (tráfico de
influência) ou competência?
A quem realmente inte-
ressa os galardões em terras
estrangeiras, se Beira é um
crivo? Ironicamente, alguns
internautas dizem que os bu-
racos da cidade da Beira são
visíveis a partir da lua! Uma
ocupação (estudo de caso)
para os homens da NASA. Há
que ter, no fundo do peito,
um pouco de vergonha, por-
que, como diria o meu amigo
Nkulu “As vergonhas nacio-
nais não se exportam, são ge-
ridas na pátria.”
Em conversa com alguns
citadinos da urbe, residen-
tes na cidade de Tete, dis-
seram-me o seguinte: “para
que uma edilidade possa ter
sucessos é necessário prover
terras e construir ou reabi-
litar estradas de qualidade.”
Ignorar estas regras básicas
de gestão, é adiar o futuro. A
edilidade dirá, provavelmen-
te com alguma razão, que os
fundos que recebe do governo
central são exíguos. Contudo,
ela (edilidade) não se pode
furtar das suas responsabili-
dades.
Em resumo, apresento os
principais problemas da Bei-
ra:
1. Ausência de regras
elementares de trânsito nas
estradas (automóveis, moto-
ciclos e bicicletas andam em
contramão);
2. Fraco policiamento
nas ruas (os larápios que es-
tão em toda parte decretam,
inconstitucionalmente, o Es-
tado de sítio e o recolher obri-
gatórios, pois é difícil andar
e circular livremente na urbe
em determinados bairros e
horários, porquanto os assal-
tos ocorrem à luz do dia);
3. Edifícios sujos e
malcheirosos (não há associa-
ções de condóminos e progra-
mas específicos de reabilita-
ção dos edifícios, residências,
etc.);
4. Terrenos baldios
propensos à propagação da
malária e outras doenças en-
09 de Abril de 2017
démicas;
5. Edifícios históricos
abandonados (vou-lhes dar o
exemplo de quatro realidades
que são mais presentes: hotel
Dom Carlos, Grande hotel,
Casa da Cultura e Casa dos
Bicos);
6. Semáforos invisíveis
e disfuncionais;
7. Ruas e avenidas não
nomeados;
8. Graves problemas
no abastecimento da corrente
eléctrica e água potável;
9. Cinemas fechados
há décadas;
10. Falta de espírito de
pertença (exemplo: a estrada
que dá acesso ao “Caldeirão
do Chiveve - campo do Ferro-
viário, é uma autêntica arma-
dilha para os veículos);
Se minto, desminta-me
por favor!
Zicomo e um abraço
nhúngue aos trabalhadores
do Restaurante Imperial pelo
saboroso frango cafreal que
manjei na companhia da mi-
nha esposa ASC.
NOTA: Nos últimos tem-
pos da sua vida confrontamo-
-nos, cada um posicionado na
sua “trincheira” (a diferença
de “trincheira” não anula a
verdade indefectível de que
todos somos humanos, frá-
geis e efémeros), defendendo
causas e convicções próprias.
Deste modo, dado o carácter
sagrado da vida e a incontor-
nabilidade ou implacabilida-
de da morte, manifesto o meu
profundo pesar pela morte
do Comandante Zeca Caliate.
Que Deus o tenha no eterno
descanso.(x)