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1 – INTRODUÇÃO
A matemática está presente na vida cotidiana de todo cidadão, por vezes de forma implícita
ou explicita. No momento em que abrimos os olhos e olhamos as horas no relógio, fazemos
almoço e ainda andamos na rua para fazer compras, estamos exercitando nossos
conhecimentos matemáticos. Assim, constatamos a importância da Matemática que
desempenha papel decisivo em nosso cotidiano nos ajudando a resolver problemas, criando
soluções para os mesmos.
Apesar de permear todas as áreas do conhecimento que serão utilizados na vida prática o
ensino da matemática em nossas escolas, muitas vezes se divorcia dos seus principais
objetivos, entre eles o direcionamento de ensino-aprendizagem para a construção da
cidadania e participação ativa do educando na sociedade. Esse divórcio ocorre quando nos
dias atuais as escolas utilizam o ensino da matemática tradicional baseado na aprendizagem
mecânica, de mera transmissão de conhecimentos, no qual os alunos se condicionam a
receber informações prontas, acabadas, gerando nos educandos sensações de medo e
insatisfação e até a incapacidade de decodificar os sinais do dia-a-dia, tornando-os
consequentemente excluídos da sociedade.
Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico independente da criatividade e a
capacidade de resolver problemas. Sendo assim, este ensino requer superação de alguns
obstáculos que comumente estão relacionados a palavra matemática.
Conscientes da necessidade de alcançar resultados satisfatórios, educadores buscam cada
vez mais, instrumentos que sirvam de recursos pedagógicos para melhorar o processo
ensino-aprendizagem.
Utilizar a ludicidade para ensinar matemática é uma maneira inteligente para a superação de
tais obstáculos. O ensino da matemática através dos jogos, por exemplo, eleva o jogo como
instrumento que transforma a Matemática considerada “bicho-de-sete-cabeças”, em uma
fonte inesgotável de satisfação, motivação e interação social.
Este estudo tem por finalidade buscar respostas aos seguintes questionamentos: Que
habilidades os jogos desenvolvem nos educandos? Como utilizar jogos na aprendizagem
matemática? Qual o papel do professor neste processo? Em decorrência, induzir o leitor a
ampliar conhecimentos sobre o tema que será discutido, descobrindo o jogo como um
valioso recurso pedagógico no ensino da matemática, e, consequentemente, utilizá-lo no
processo ensino-aprendizagem.
Esta monografia está estruturada em três capítulos apresentados a seguir: o primeiro,
Referencial Teórico, subdividido em seis subcapítulos que referem-se ao Ensino da
Matemática no decorrer dos tempos, bem como suas principais características e
conseqüências na vida de educandos e educadores. O segundo subcapítulo relata um breve
histórico sobre a origem dos jogos, em seguida, no terceiro, como esses foram introduzidos
nas escolas brasileiras. O quarto subcapítulo apresenta o jogo como instrumento precioso no
ensino da matemática. As habilidades que os mesmos desenvolvem nos educandos estão no
quinto subcapítulo. Por fim, o sexto, aponta o papel do professor nesse processo.
2 – REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 – Ensino da Matemática
A Matemática, surgida na antiguidade por necessidade da vida cotidiana, converteu-se em
um imenso sistema de variadas e extensas disciplinas na qual ajuda na construção da
cidadania, tornando-se uma ferramenta da sociedade. Mas o reconhecimento do seu papel
na mesma só chega a partir da Revolução Industrial e o surgimento dos sistemas bancários e
de produção, que exigem determinado conhecimento matemático do cidadão.
A matéria Matemática chega às escolas, mas os livros didáticos são criados na formalização
e no raciocínio dedutivo, desenvolvido pelo grego Euclides (séc. III a.C.). Durante as
Guerras Mundiais, a matemática evolui e adquire importância na escola, mas continua
distante da vida do aluno. Mais crianças chegam às salas e cresce a aura da dificuldade,
diante de uma disciplina sem significado. O rendimento cai e a disciplina passa a ser o
principal motivo de reprovação. Mesmo assim, a formalização persiste. Até a década de 30
na Inglaterra, os livros didáticos são traduções diretas da obra dedutiva de Euclides.
Com a Guerra Fria e a Corrida Espacial, os norte-americanos reformulam o currículo a fim
de formar cientistas e superar os avanços soviéticos. Surge a Matemática Moderna, uma boa
idéia, porém mal encaminhada. Ela se apóia na teoria de conjuntos, mantém o foco nos
procedimentos e isola a Geometria. É muito abstrata para os estudantes do Ensino
Fundamental e a proposta perde força em apenas uma década. Nos anos 70, começa o
Movimento de Educação Matemática, com a participação de professores do mundo todo,
organizados em grupos de pesquisa. Ocorre a aproximação com a Psicopedagogia.
Especialistas descobrem como se constrói o conhecimento na criança e estudam formas
alternativas de avaliação. Matemáticos não ligados à educação se dividem entre os que
apóiam e os que resistem as mudanças. Nos anos de 1997 e 1998, são lançados no Brasil os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) para as oito séries do ensino fundamental. O
capítulo dedicado à disciplina é elaborado por integrantes brasileiros do Movimento de
Educação Matemática. Segundo os especialistas, os PCN’s ainda são o melhor instrumento
de orientação para todos os professores que querem mudar sua maneira de dar aulas e com
isso, combater o fracasso escolar.
Em decorrência da metodologia aplicada pelos professores desde a Antiguidade,
metodologia essa baseada na aprendizagem sistemática, transferência e reprodução de
conhecimentos, condicionando os alunos a receberem informações prontas, completas,
imutáveis, construindo nos educandos a incapacidade de decodificar os sinais presentes no
cotidiano, deixando-os, em conseqüência, a margem da sociedade ativa essa prática de
ensino mostrou-se ineficaz, pois a reprodução correta poderia ser apenas uma simples
indicação de que o aluno aprendeu a reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo.
Segundo Thomas O’Brien (2003), essa é a “matemática do papagaio”, que faz o aluno
decorar conteúdos para apresentá-los toda vez que o professor desejar, se apoiando na
memorização de fatos e procedimentos totalmente desvinculados do contexto da vida real.
“O princípio é ao mesmo tempo básico e desprezível, ele se restringe ao ensino de
Aritmética. Outras áreas importantes da disciplina, que não se prestam a simples
memorização, como a Geometria, ficam desprezadas. Além disso, as crianças são proibidas
de usar calculadora e não tem espaço para desenvolver o raciocínio, de inventar estratégias
de resolução de problemas originais. O grande talento das pessoas é pensar, a ela devemos
pedir o que é próprio da vida humana: selecionar dados, organizar informações, elaborar
hipóteses, formular questionamentos, avaliar resultados e tantas outras coisas desse tipo”.
Thomas ainda afirma que as crianças têm seu feito individual de captar a realidade – e ela
será sempre diferente para cada uma. Não se deve exigir, portanto, que toda classe raciocine
da mesma maneira para chegar à solução de um problema. Outra característica natural da
mente é o questionamento, a busca do novo. A mente nunca está satisfeita. Assim que
atinge um objetivo, logo procura um outro desafio, cada vez mais difícil de conquistar.
Esses processos de aprendizagem constante podem ser interrompidos se o educador passa a
dizer aos alunos o que eles devem pensar.
É importante destacar que a matemática deve ser vista pelo aluno como um conhecimento
que pode favorecer o desenvolvimento do raciocínio, da sua capacidade expressiva, de sua
sensibilidade estética, de sua imaginação. Estabelecer relações entre objetos, fatos e
conceitos, generalizar, prever, projetar, abstrair, ou seja, apontar direções, apresentar
estratégias e alternativas para os alunos estabelecerem múltiplas ligações e associações
entre significados de um conceito. É preciso mudar a forma mecânica de ensinar
Matemática, pois o momento atual requer uma matemática viva que possa provocar nos
aprendizes e educadores o gosto e a confiança para enfrentar desafios, enfim, motivá-los.
A motivação é fator fundamental da aprendizagem. Sem motivação não há aprendizagem.
Pode ocorrer aprendizagem sem professor, sem livro, sem escola e sem uma porção de
outros recursos. Mas mesmo que existam todos esses recursos favoráveis, se não houver
motivação, não haverá aprendizagem (PILETTI, 1985, 42).
A motivação é um importante recurso pedagógico, mas apesar de sua contribuição na
aprendizagem, ela nem sempre recebe a devida atenção do professor, providenciar material
e transmiti-lo, depois cobrar nas provas, é muito mais fácil do que instigar nos alunos à
vontade de questionar e atuar.
Ensinar matemática não é fácil e aprendê-la muito menos, por isso surge a necessidade de
usar instrumentos como mediador entre o professor, aluno e conhecimento. Esses devem ser
planejados e bem aplicados, sendo um recurso pedagógico eficaz para a construção do
conhecimento matemático.
Um instrumento utilizado nos dias atuais são os jogos matemáticos, que conseguem
transformar a sala de aula num ambiente gerador de conhecimentos e facilitador do
processo ensino-aprendizagem.
Segundo Bom (1995, p. 09) o motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é
a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem
a matemática e sentem-se incapacitados para interpretá-la.
Dentro da situação do jogo, onde é possível uma atitude passiva e com grande motivação,
os alunos percebem seu melhor desempenho e atitudes positivas frente a seu processo de
aprendizagem.
Assim, a matemática desenvolve-se de modo conflituoso e contrastante, permeando entre o
concreto, o abstrato e o coerente.
2.2 – Origem dos Jogos: Breve Histórico
O jogo é considerado um fenômeno social dentro das práticas onde estão inseridos os
movimentos lúdicos. Não é possível datar com precisão seu surgimento, nem o local onde
se originaram. Materiais arqueológicos encontrados mostram que o jogo é uma das
ocupações mais antigas do ser humano, presente em qualquer cultura. No tempo das
cavernas, ossos eram usados para jogos de azar. A Grécia Antiga tinha como base cultural,
os jogos e a competição retratados em lendas e gravuras. A Bíblia relata que soldados de
Pilatos disputaram o manto de Cristo, “lançando sortes”. Nas festas do séc. XVI, os jogos
de advinhas mereceram destaque, pois não estavam vinculados ao trabalho e sim ao prazer,
seu objetivo principal era a socialização. O jogo era negado quando seu objetivo estava
relacionado à guerra. Já na Idade Média, ele se caracteriza por seu caráter sério,
aproveitando esse fato para a resolução de desavenças entre povos.
Com o surgimento do capitalismo, o jogo e seu caráter lúdico, começaram a ser
coordenados pelos burgueses e transformaram-se numa atividade “do povo”.
No final do século, os jogos voltam-se ao treinamento militar e são substituídos pelo
esporte, agora praticando em clubes pela classe economicamente privilegiada. Surgem
práticas modernas de jogos em forma de esportes, adquirindo um espírito competitivo. Na
Inglaterra, com a Revolução Industrial operários começam a exigir a prática de esportes em
clubes e o esporte separa as relações sociais e profissionais, descaracterizando o sentido
lúdico em função de regras estabelecidas, fazendo com que o jogo deixe de ser um
instrumento socializador e passe a ser um instrumento de poder.
Para compreender a origem dos jogos tradicionais infantis no Brasil, é preciso uma
minuciosa investigação das raízes folclóricas responsáveis pelo seu surgimento. Estudos
classificam que a população brasileira se originou do cruzamento de três grupos de etnias,
onde cada um carregava seus costumes e suas características originais. Devido à
grandiosidade da terra (Brasil) e um número pequeno de habitantes, os negros vindos da
África para substituir a mão-de-obra indígena, que habitavam a terra, e os brancos formados
pelos portugueses, responsáveis pela colonização, houve uma facilitação para a mistura
dessas raças, surgindo assim, mestiços que levaram consigo costumes e crenças. Desde
antes da abolição da escravatura, começou a intensificar o movimento de imigração de
origem mediterrânea e germânica (portugueses, espanhóis, italianos, alemães e outros), com
o intuito de substituir a mão-de-obra escrava. E assim foram chegando freqüentemente levas
de imigrantes.
Graças a ausência de preconceitos raciais, a mistura de raças foi dando naturalmente,
primeiro das três que formaram os habitantes até a abolição da escravatura. Posteriormente,
o cruzamento de europeus e asiáticos permaneceu produzindo assim a grande
heterogeneidade da composição da população de hoje em dia. Com a mistura das
populações ocorreu também a mistura de seus folclores. Ao longo do processo de
miscigenação, o folclore brasileiro recebeu novas características.
É impossível definir com precisão o que há de especificamente
português na cultura brasileira. Como isolar o radical luso, no
complexo de valores de ordem material e espiritual que constituem
patrimônio como no ocidente? Que determinado comportamento social
corresponde aquilo a que chamamos cultura luso-brasileira?
(BITENCOURT, 1960, p. 401).
O jogo não representa apenas as experiências vividas, mas prepara o indivíduo para o que
está por vir, exercitando habilidades e estimulando o convívio social. Por meio dos jogos as
crianças não apenas vivenciam situações, mas aprendem a lidar com símbolos e pensar por
analogia. Os significados das coisas passam a ser imaginado, contextualizado, tornando-se
parte da cultura escolar para que se obtenha uma aprendizagem satisfatória e
contextualizada. “Eu jogo do jeito que vivo e vivo do jeito que jogo” (BROTO, 1999).
Além de ser um objeto sociocultural, o jogo é uma atividade natural do desenvolvimento de
processos psicológicos – supõe fazer sem obrigação. Na educação escolar o jogo tem papel
fundamental, principalmente quando trabalha com a matemática, uma disciplina que
provoca nos seus sujeitos (professor e aluno) sensações contraditórias: de um lado uma área
fundamental para o conhecimento e do outro uma aproximação análoga ao “bicho papão”
de todo estudante. Desse modo, o jogo passa a ter capacidade de desenvolver
potencialidades, habilidades, estímulo de raciocínio e reflexão nos educandos, sendo de
fundamental importância para o desenvolvimento integral dos mesmos e quebrando a
insatisfação de educandos e educadores, evitando que a aula torne-se cansativa e enfadonha.
Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de
diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e
sentem-se incapacitados para aprendê-la. “Dentro da situação do jogo, onde é impossível
uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que ao mesmo tempo em que estes
alunos falam da Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais
positivas frente a seus processos de aprendizagem (BORIN, 1996. p. 09).
2.5 – As habilidades que os jogos matemáticos desenvolvem nos educandos
A utilização de jogos no ensino da matemática tem papel relevante em situações de
aprendizagem, pois contribui para o desenvolvimento de capacidades físicas – manipulação
de materiais, objetos, desenvolvimento do corpo, capacidades afetivas, valores, atitudes,
interesses e apreciações; e capacidades cognitivas – aquisição de determinados
conhecimentos. Essas capacidades contribuem para a formação de um indivíduo complexo
e preparado.
Entre as várias contribuições que o jogo proporciona, vale destacar:
A operacionalização da criança, que começa quando ela se depara com situações concretas
que exigem soluções, levando-as a construir a capacidade de criar soluções lógicas e
coerentes, desenvolver potencialidades, avaliar resultados e compará-los com a vida real.
Segundo Piaget, o jogo permite que o aluno desenvolva o pensamento dialético e se adapte
à realidade e a superação desta com criatividade. Para ele, a criança constrói o
conhecimento através de relações lógico-matemáticas, elaboradas a partir do meio físico-
social. Ao manipular objetos, a criança faz comparações, classificações, estabelece relações,
construindo assim representações mentais lógicas. A concepção piagetiana defende que os
desafios propostos pelos jogos oferecem motivação ao aluno e leva-o a construir conceitos e
ampliar o domínio do conhecimento.
Através de jogos matemáticos, as crianças revelam suas inclinações boas ou más, sua
vocação, seu caráter, sua autonomia, desenvolvendo relações de respeito e confiança em si e
nos colegas. O desenvolvimento da moral é importante nessa tarefa, pois a criança a partir
de sua vivência e observação constrói regras sobre o que é certo ou errado, libertando a
criança da sua heteronomia, uma obediência cega, sem questionamento, sendo incapaz de
distingui-los. Isso ocorre porque a criança não atingiu sua autonomia, pois a pessoa
autônoma tem suas próprias convicções sobre o que é certo ou errado, sem se importar com
recompensas e punições. Praticamente todas as crianças são heterônomas, mas com o
crescimento e amadurecimento que o jogo proporciona, alguns se tornam autônomos.
Segundo Piaget, a cooperação e a interação com outros indivíduos permitem esse
desenvolvimento, pois diminui a dependência, dando-lhe o direito de construir seu próprio
conhecimento.
É por meio dos jogos que meninos tímidos liberam as emoções reprimidas no seu eu, tendo
a oportunidade de se mostrar e conhecer seus colegas. Esses conseguem sentir-se seguros a
partir do momento em que se vêem inseridos no grupo. A interação é indispensável, pois o
ponto de vista das crianças é diferente da de um adulto e a vida social da mesma acontece
na maioria do tempo com seus colegas.
O ser humano tem necessidades físicas e sociais, estas supõem uma reestruturação da
personalidade e respeito à heterogeneidade do mesmo. Similarmente acontece que a criança
que tem uma vida escolar, percebe a necessidade de agir em harmonia com outras. Por isso
são estabelecidas e respeitadas as normas de convivência e compartilham: participação,
cooperação, interdependência e superação de conflitos.
Os jogos trabalham a ansiedade encontrada em muitas crianças, fazendo com que elas
concentrem-se mais e melhore o seu relacionamento interpessoal e auto-estima. Quando
realizados de forma prazerosa e atraente dentro da matemática, ajudam a diminuir
problemas apresentados, desenvolvendo relação de confiança entre professor x alunos x
alunos, bem como a comunicação de pensamento, corpo e espaço afim de interação no
meio.
O jogo é uma atividade criativa e curativa, pois permite a criança reviver ativamente a
situações dolorosas e ensaiando na brincadeira as suas expectativas da realidade.
Constitui-se numa importante ferramenta terapêutica, permitindo investigar, diagnosticar e
remediar as dificuldades, sejam elas de ordem afetivas, cognitivas ou psicomotoras. Em
termos cognitivos significa a via de acesso ao saber, entendido como a incorporação do
conhecimento numa construção pessoal relacionada com o fazer (BOSSA, 1994, p. 85-88).
Segundo KISHIMOTO (1993), no jogo a criança é mais do que é na realidade, permitindo-
lhe o aproveitamento de todo o seu potencial. Nele, a criança toma iniciativa, planeja,
exercita, avalia. Enfim, ela aprende a tomar decisões a introjetar seu contexto social na
matemática do faz-de-conta. Ela aprende e se desenvolve. O poder simbólico do jogo de
faz-de-conta abre um espaço para apreensão de significados de seu contexto e oferece
alternativas para novas conquistas no seu mundo imaginário.
2.6 – O papel do educador no ensino da matemática através de jogos
A infância é um momento único na vida de cada ser.
O desenvolvimento infantil está em processo acelerado de mudanças. As crianças estão
desenvolvendo suas potencialidades precocemente em relação às teorias existentes e os
educadores, muitas vezes, se perdem e não consegue mais atrair atenção, motivar seus
alunos, pois se o educando mudou, o educador também precisa mudar.
Um dos pontos importantes para que o professor possa atualizar sua metodologia é perceber
que a criança de hoje é extremamente questionadora.
É muito mais fácil e eficiente aprender por meio de jogos e isso é válido para todas as
idades desde o maternal até a fase adulta. O professor pode adaptar o conteúdo
programático ao jogo, tentando atingir diferentes objetivos simultaneamente.
Partindo desse princípio, cabe aos educadores mudarem sua concepção sobre a utilização
dos jogos dentro do ensino matemático, pois ele serve de mediador entre o aluno e o
conhecimento adquirido. O papel do professor torna-se imprescindível a fim de estabelecer
objetivos, realizar intervenções, levar os alunos a construir relações, princípios, idéias,
certificando-se que o mesmo é um processo pessoal pelo qual cada pessoa tem sua forma de
raciocinar e tirar conclusões, promovendo o desenvolvimento do pensamento crítico,
dinamizando o jogo, entusiasmando e integrando os alunos. O mestre tem a
responsabilidade de fazer com que o aluno descubra, não o caminho propriamente dito, mas
as vias de acesso a esse caminho, que devem conduzir a meta única (MASETTO, apud,
EUGEM HERRIBEL, 1986).
O professor cumpre na prática pedagógica o exercício de avaliar processualmente os alunos
a partir do encaminhamento seguido pelos mesmos, durante as atividades matemáticas
propostas através dos jogos.
A escola tem de se preocupar com a aprendizagem, mas o prazer tem de ser maior, cabendo
ao professor a imensa responsabilidade de aliar as duas coisas. A natureza infantil é
essencialmente lúdica. Através da brincadeira a criança começa a aprender como o mundo
funciona.
O educador deve procurar não despertar o sentimento de competição acirrada, aproveitando
essa disposição natural da criança para jogar pelo simples prazer de jogar. Além disso, deve
selecionar jogos simples, com poucas regras para serem praticadas pelas crianças que estão
nesta fase de desenvolvimento.
Quando o educador manifesta uma atitude de compreensão e aceitação e quando o clima da
sala de aula é de cooperação e respeito mútuo, a criança sente-se segura emocionalmente e
tende a aceitar mais facilmente o fato de ganhar ou perder como algo natural decorrente do
próprio jogo. O papel do educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a
competição sadia, na qual impera o respeito e a consideração pelo adversário durante o
jogo. Dinamizar o grupo assumindo atitudes de atenção, entusiasmo, de encorajamento e,
sobretudo, de mediador da aprendizagem; observar o aluno e o seu desempenho sem
interferir durante a ação do jogo; promover o desenvolvimento do espírito crítico,
possibilitando ao grupo superar obstáculos pelo uso de tentativas, ensaios e erros; estimular
a criatividade, permitindo o uso das peças do jogo com mudanças, seja nas próprias peças,
nas regras do jogo ou quaisquer alterações. Enriquecer os jogos mudando os objetivos e
variando os grupos com jogadores em duplas, individuais ou grandes grupos, levando em
conta uma compreensão mais integral e atual da vida, pode-se afirmar que o educador é
aquele que inserido numa relação, se propõe a acolher, nutrir, sustentar e confrontar a
experiência do outro.
Jogos matemáticos;
Atividades escritas no quadro de giz;
Trabalhos individuais e coletivos;
Tabuadas com jogos;
Trabalhos com cálculos mentais;
Explicar através de material manipulativo de contagem (palitos, tampilhas, grãos e
outros).
4 – METODOLOGIA
A competência para a elaboração de um trabalho cientifico, é representada por um conjunto
de ações e condições imensuráveis, para que se alcance um resultado satisfatório. O
conhecimento e o conhecer estão ligados a um processo investigatório. Este é um caminho
para a aquisição daqueles. O trabalho científico no campo de pesquisa se dá pela conduta
sistemática da observação ou do levantamento de dados sobre a problemática.
A pesquisa é definida como uma forma de estudo. Este estudo é
sistemático e realizado com a finalidade de incorporar os resultados
obtidos em expressões comunicáveis e comprovados aos níveis do
conhecimento obtido. É produto de uma investigação, cujo objetivo é
resolver problemas e solucionar duvidas, mediante a utilização de
procedimentos científicos. A investigação é a composição do ato de
estudar, observar e experimentar os fenômenos, colocando de lado a sua
compreensão a partir de apreensões superficiais, subjetivas e imediatas
(BARROS, 2000, p. 14).
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino da matemática provoca sensações contraditórias nos sujeitos da educação –
professor e aluno. Se por um lado é uma área do conhecimento indispensável ao
desenvolvimento humano, pois permeia por toda vida do cidadão; do outro, revela
insatisfação diante dos resultados obtidos, no momento em que se torna uma ciência
abstrata. Ensinar matemática objetivando sucesso na aprendizagem se torna real, quando se
procura um meio que satisfaça as necessidades dos educandos para que eles consigam
aprender a relacioná-lo com seu cotidiano, visando uma educação holística, que leva em
conta as múltiplas facetas: físicas, intelectuais, estéticas, emocionais e espirituais dos
discentes, tendendo para a construção de um cidadão realizado, vivendo em harmonia
consigo e com o mundo.
Assim, percebe-se que o jogo é um precioso recurso pedagógico, tornando a aprendizagem
mais concreta e prazerosa. No ensino da matemática, o jogo é de relevante importância no
processo de aprendizagem, pois transforma a sala de aula em um espaço gerador de
conhecimentos. Por meio deles, a criança vivencia fatos reais do seu cotidiano, pois
caminham juntos desde o momento em que fixa a imagem da criança como um ser que
brinca. Portadora de uma especificidade que se expressa pelo lúdico, a infância carrega
consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração.
O jogo adquire duas principais dimensões: a primeira como ponte de aperfeiçoamento de
habilidades através da escola; a segunda, como forma de divertimento satisfazendo suas
necessidades biopsicossociais. Prevalece a idéia de que o jogo é fundamental para a
educação e o desenvolvimento infantil, quer se trate do jogo tradicional infantil, reduto da
livre iniciativa da criança marcada pela transmissão oral, ou do jogo educativo que introduz
conteúdos escolares e habilidades a serem adquiridos por meio da ação lúdica. Portanto,
pode-se concluir que a matemática se faz presente em nosso dia-a-dia e que pode ser
aprendida através de jogos educativos.
6 – REFERÊNCIAS
AGUIAR, Renan. Dicas para monografia. Disponível em:<http: www.saraivajur.com.br>.
Acessado em 20 de agosto de 2006.
Bahia, Secretaria de educação. Jogos Matemáticos. 5 ed. Bird/MEC/C/Governo da Bahia:
Salvador, 1997.
BARROS, Paes de Jesus; JESUS, Aidil de; LHFELD, Aparecida de Souza. Metodologia
da Pesquisa. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. Porto
Alegre: Animed Editora, 2000.
Brasil, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Matemática. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília MEC/SEF, 1997.
CONSTANCE, Kamiu; RHETA, De Vires. Jogos em Grupo na Educação
Infantil: implicações da teoria de Piaget. São Paulo: Visor, 1991.
KISHIMOTO, Tisuko Morchida. O jogo e a educação infantil. 1 ed. São Paulo: Pioneira,
1994.
KISHIMOTO, Tisuko Morchida. O jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 4 ed. São
Paulo: Cortez, 2000.
LOPES, Maria da Glória. Jogos na Educação: criar, fazer, jogar. 2 ed. São Paulo: Cortez,
1999.
NETO, Ernesto Rosa. Didática: Matemática. Ed. Ática, São Paulo, 2003.
PILLETI, Nelson. Psicologia Educacional: motivação da aprendizagem. 2 ed. São Paulo:
Ática, 1985