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Basta considerarmos que quando o presidente Geisel assinou a lei que criou Mato
Grosso do Sul, justificou que o ato era decorrente também de uma necessidade política, tendo
em vista um melhor equilíbrio da Federação do dia de amanhã (BITTAR, 2009, p. 339,
citando trechos de BRASIL. Ministério do planejamento. Exposição de motivos sobre a
criação de Mato Grosso do Sul. Brasília, 24 ago. 1977).
Esta tese também é reforçada pelo jornalista e escritor Elio Gaspari em seu livro A
ditadura encurralada, ao tratar do ―Pacote de abril‖. Dividiu em dois o estado de Mato
Grosso. (Na estimativa de um deputado da região, a bancada federal, que tinha seis deputados
da Arena e dois do MDB, ficaria com treze para a Arena, enquanto a oposição continuaria
com dois) (GASPARI, 2004, p. 365).
Por meio desses elementos é possível afirmar que realmente a divisão do estado de
Mato Grosso e criação de Mato Grosso do Sul possui os embasamentos técnicos e políticos,
como confirmou o presidente da República ao dizer que a divisão visava ―um melhor
equilíbrio da Federação do dia de amanhã‖, talvez uma referência às eleições de 15 de
novembro de 1978 que se aproximavam.
Logo após a criação de Mato Grosso do Sul pela ditadura militar, por meio da Lei
Complementar nº 31, de 11 de outubro de 1977, as discussões em torno do nome daquele que
seria escolhido o primeiro governador aumentaram, isso porque alguns meses antes da
divisão, o nome do ex-governador de Mato Grosso uno, entre 1966 e 1970, Pedro Pedrossian,
era o mais cotado, dentro da ala ―independente‖ da Aliança Renovadora Nacional (ARENA)
estadual. É valido lembrar que no período ditatorial, entre 1966 e 1981, a população perdeu o
direito de eleger o governador.
Porém, na década de 1970, foi retomada pelos militares, que nunca realizaram consulta
popular sobre o assunto. Entre as justificativas do governo, estavam a de que a população queria a
divisão, que o estado era muito grande e poderia querer a separação do país, e a busca dos militares
por maior número de senadores biônicos - o que seria feito por meio da criação de mais um ente
federativo.
Note-se para fins de evidências ditatoriais que o então recém criado estado sulista foi
comandado por governadores criaturas da ditadura civil-militar representados pela ARENA,
partido dos ditadores, bem como do PDS, sigla nova para velhas fórmulas ditatoriais.
Governador
Harry
1ºde janeiro 12 de junho nomeado pelo
1 Amorim ARENA
de 1979 de 1979 Presidente da
Costa
República
Assumiu o cargo
de governador
Londres 13 de junho 30 de junho
— ARENA como presidente
Machado de 1979 de 1979
da Assembleia
Legislativa
Governador eleito
Marcelo 30 de junho 28 de outubro
2 PDS pelo Colégio
Miranda de 1979 de 1980
Eleitoral
Assumiu o cargo
28 de 7 de de governador
Londres
— outubro de novembro de PDS como presidente
Machado
1980 1980 da Assembleia
Legislativa
7 de Governador eleito
Pedro 14 de março
3 novembro PDS pelo Colégio
Pedrossian de 1983
de 1980 Eleitoral
Nova República
Governador
Wilson Barbosa 15 de março 14 de maio eleito em
4 PMDB
Martins de 1983 de 1986 sufrágio
universal
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_de_Mato_Grosso_do_Sul. (adaptado pelo autor).
Acesso em 05/10/2017.
Note-se na tabela acima que o primeiro governador eleito democraticamente foi apenas no
ano de 1983, portanto 4 anos após a criação do estado de Mato Grosso do Sul. Sendo ele o quarto
governador eleito pelo PMDB partido de oposição a ditadura civil-militar.
Eduardo Martins
Professor de história – UFMS/CPNA
11/10/2017