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UM COMENTÁRIO DA CONFISSÃO DE FÉ

BATISTA DE 1689, POR GARY MARBLE

CAPÍTULO 5,
SOBRE A DIVINA PROVIDÊNCIA
Traduzido do original em Inglês
A Layman’s Commentary of the 1689/1677 Second London Baptist Confession of Faith
By Gary Marble

Este volume é composto do Capítulo 5,


Sobre a Divina Providência, da obra supracitada

Tradução por Camila Almeida


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a graciosa


permissão do autor, Gary Marble (1689Commentary.org), sob a licença Creative Commons
Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
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Um Comentário Da Confissão De Fé Batista De 1689
Por Gary Marble

Capítulo 5*, Sobre a Divina Providência

1. Deus, o bom Criador de todas as coisas, em Seu infinito poder e sabedoria, sustenta,
dirige, dispõe e governa todas as criaturas1, e coisas, desde a maior até a menor 2, por
Sua mui sábia e santa providência, para o fim para o qual foram criadas, segundo a Sua
infalível presciência, e o livre e imutável conselho de Sua própria vontade, para o louvor
da glória de Sua sabedoria, poder, justiça, infinita bondade e misericórdia.3 (1 Hebreus
1:3; Jó 38:11; Isaías 46:10-11; Salmos 135:6 • 2 Mateus 10:29-31 • 3 Efésios 1:11).

Nós passamos agora à segunda maneira pela qual Deus executa os Seus decretos: as
obras da providência. A providência de Deus é um tema de profundo significado teológico
que pode trazer grande consolo. Este capítulo explica como Deus realiza Seus decretos no
mundo e em nossas vidas. Muitas questões intrigantes são maravilhosamente resolvidas
neste Capítulo enquanto a coerência e profundidade das Escrituras é explicada. Edward
Morris afirma sobre este Capítulo: “Nenhuma definição da providência tão exata e tão
abrangente como esta pode ser encontrada em outro lugar do simbolismo Protestante” 1.
Nós vamos estudar, então, o assunto da providência Divina, sob a tutela de um completo e
reflexivo corpo de doutrina — e um dos melhores em toda a Cristandade.

O que é providência? O Oxford English Dictionary a define como: 1) a ação de provisão;


disposição, preparação, arranjo; principalmente na frase fazer providência; prover. 2)
Antevisão, previsão; antecipação e preparação para o futuro; cuidados em tempo; por isso,
arranjo prudente ou sábio, guia ou orientação de governo. Nestas definições, os conceitos-
chave são: supervisão, previsão e provisão. Enquanto o dicionário fornece-nos um sentido
geral da providência, este não é necessariamente teológico. A questão de número 14 do
Catecismo Batista oferece uma sucinta definição teológica. A providência [de Deus] é “Sua
santíssima, sábia e poderosa preservação e governo de todas as Suas criaturas, e de todas
as suas ações”. Em suas Institutas da Religião Cristã, João Calvino disse: “Inicialmente,
então, que meus leitores compreendam por providência não aquilo pelo que Deus observa

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* Para ler o Primeiro Capitulo e a Introdução deste Comentário acesse oEstandarteDeCristo.com.
[1] Edward D. Morris, Theology of The Westminster Symbols: A Commentary Historical, Doctrinal, Practical
[Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático] (Columbus, Oh.: The
Champlin Press, 1900), 216.

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de braços cruzados desde o Céu o que acontece na Terra, mas aquilo pelo que, como
guardião das chaves, Ele governa todos os eventos”2. A. A. Hodge declara: “Seu controle
providencial é em todos os aspectos a consistente execução de Seu propósito eterno,
imutável e soberano”3. Thomas Watson afirma: “O decreto de Deus determina as coisas
que ocorrerão, a providência de Deus as ordena”4. Existem basicamente duas perspectivas
complementares a serem vistas nestas declarações sobre a providência. A providência é a
maneira que Deus cumpre os Seus decretos5, e a providência é a provisão e cuidado de
Deus em relação à criação; estes são dois lados da mesma moeda.

A partir dessas definições acima, observamos também que Deus está pessoalmente envol-
vido na providência. Deus não emite decretos e cumpre-os por algum procedimento frio,
insensível, mecânico. Não, pela providência o próprio Deus ordena a maneira como Seus
decretos são realizados. Efésios 1:11b declara sobre o decreto de Deus que é “o propósito
daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”6. A providência é
pessoal! Watson disse: “Sobre a obra da Divina providência, Cristo diz: ‘Meu Pai trabalha
até agora, e eu trabalho também’ (João 5:17). Deus descansou das obras da criação, Ele
não cria qualquer nova espécie de coisas. ‘Ele descansou de todas as Suas obras’ (Gênesis
2:2); e, portanto, é necessário que se intencione as Suas obras da providência: ‘Meu Pai
trabalha e Eu trabalho’. A Santíssima Trindade está pessoalmente trabalhando por meio da
providência. Que maravilha e consolo isso traz para aqueles que pertencem a Deus”.

Comecemos agora a olhar para a definição teológica completa da providência encontrada


no parágrafo 1. Ele começa assim: Deus, o bom Criador de todas as coisas. Uma vez
que Deus é bom, segue-se que tanto a Sua criação e providência também são boas. Se
Deus não fosse “bom” nós nos encontraríamos na mesma situação dos gregos antigos,

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[2] João Calvino, Institutes of the Christian Religion [Institutas da Religião Cristã], The Library of Christian
Classics, vol. XX (Louisville, Ky.: John Knox Press, 1960) Livro II, Cap. II, Seção 16, 201-202.
[3] A.A. Hodge, The Westminster Confession: A Commentary [A Confissão de Westminster: Um Comentário]
(1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of Truth Trust, 2002), 91. Semelhantemente Hodge afirma: “Uma vez
que o propósito eterno e imutável de Deus tem certamente predeterminado tudo o que acontece, segue-se
que Ele executará o Seu próprio propósito não somente nas obras da criação, mas da mesma forma em Seu
controle contínuo de todas as Suas criaturas e todas as suas ações”. Veja A. A. Hodge, A Confissão de
Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of Truth Trust, 2002), 91.
[4] Thomas Watson, A Body of Divinity [Um Corpo de Teologia] (1692, reimpresso, Edimburgo, The Banner of
Truth Trust, 1997), 119.
[5] Em Isaías 46:9-11, vemos uma clara ligação com a emissão de um decreto e a execução do mesmo.
Citarei apenas o versículo 11b: “porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei”. Os
decretos são emitidos, e providência os executa. A profecia ilustra ainda mais a conexão decreto-providência
à medida que a profecia prediz o decreto antes que a providência o execute: “Proclamarei o decreto: o Senhor
me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Salmos 2:7).
[6] Efésios 1:11 parece ser uma alusão ou eco de Isaías 46:9-11.

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cujos deuses, comparados aos homens, eram perversamente egoístas, inseguramente
mutáveis, de acordo com os seus caprichos. Viver sob a assim chamada providência dos
deuses gregos, como eles os imaginavam, deveria ser algo terrível. Mas o nosso bom Deus
é o Criador de todas as boas coisas, e assim, nós encontramos que Ele é amoroso, justo e
misericordioso. A. A. Hodge diz: “Uma vez que o propósito eterno de Deus relaciona e
determina tudo o que vem a acontecer, e uma vez que é imutável, Seu controle providencial
de todas as coisas deve estar na execução de Seu propósito. E desde que Seu propósito
é infinitamente sábio, justo e benevolente, e absolutamente soberano..., sua execução
providencial do decreto deve possuir as mesmas características”7. A doutrina da providên-
cia é um reflexo do caráter de Deus.

A Confissão de 1689 continua: Em Seu infinito poder e sabedoria, sustenta, dirige, dis-
põe e governa. A execução Divina de Seu decreto pela providência flui do Seu poder infi-
nito. No livro de Jó, a pergunta é feita: “Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou
chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que
poderás tu fazer? E mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber? Mais comprida
é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar” (Jó 11:7-9). Nós percebemos
que a resposta a estas duas perguntas é um definitivo, não! Não há nenhum limite para o
Todo-Poderoso, Ele é infinito em poder e sabedoria. Deus efetiva o Seu decreto pela
providência através de Sua infinita sabedoria. A Escritura afirma: “Não sabes, não ouviste
que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É
inescrutável o seu entendimento” (Isaías 40:28). O entendimento de Deus (i.e., sabedoria)
é insondável (i.e., infinita). Deus, por Sua providência, ordena todas as coisas pelo Seu
poder e sabedoria infinitos. Mas, o que especificamente Deus faz por meio da providência?
Ele sustenta, dirige, dispõe e governa todas as coisas. Analisemos individualmente cada
uma dessas ações.

Deus sustenta todas as coisas. A Escritura declara: “E ele é antes de todas as coisas, e
todas as coisas subsistem por ele” (Colossenses 1:17). E ainda: “O qual, sendo o resplendor
da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder” (Hebreus 1:3). Deus dirige todas as coisas. A Escritura declara:
“Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque
dele são a sabedoria e a força; e ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e
estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos” (Daniel
2:20-21). Aqui nós vemos Deus como Quem dirige o tempo e as estações, e Aquele que
remove os detentores do poder político e/ou os substitui. Deus faz isso pelo Seu poder e

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[7] A.A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of Truth
Trust, 2002), pg. 95.

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sabedoria. Deus, como Quem dirige, não está por aí reagindo aos acontecimentos à medida
que eles ocorrem, como o teísta aberto afirma, mas, sim, Deus está dirigindo; todo o res-
tante reage. Deus dispõe todas as coisas. Isso não significa que Deus “determina de forma
indiferente”, mas que Ele ordena. Deus cumpre todas as coisas — tudo o que Ele ordenou.
Deus governa todas as coisas. A Bíblia indica: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele
há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa;
pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; e de um só
sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinan-
do os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação” (Atos 17:24-26). E ainda:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternida-
de, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono
de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e
para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Isaías 9:6-7). Estas passagens
demonstram o soberano governo e ordenação Divinos sobre a criação. Essas quatro pala-
vras: sustenta, dirige, dispõe e governa, envolvem todo o âmbito da providência de Deus.

A Confissão indica que essas ações são direcionadas a: todas as criaturas, e coisas,
desde a maior até a menor. Nós devemos notar que há uma variação de classificação:
maior e menor. Esta é uma classificação de todas as criaturas e todas as coisas. Por
exemplo, nós podemos ver esta maior até a menor das criaturas como: arcanjos, anjos,
homens, animais e plantas, até o menor micro-organismo. Se olharmos para o reino das
coisas (i.e., a matéria não-viva), nós podemos ver o maior até o menor: o universo, sistemas
solares, estrelas, planetas, oceanos, montanhas, rochas, até os átomos. Nós também
podemos entender coisas sendo a ordenação providencial de grandes eventos na história
do mundo, como o dilúvio em todo mundo, guerras mundiais, até a mais minúscula das
coisas na vida. Como citado em um capítulo anterior, R. C. Sproul corretamente observa
que não existem moléculas aleatórias vagueando no universo. Todas e cada uma estão
sob a providência de Deus. Ezequiel Hopkins, um Puritano, escreve: “A partir disso, pode-
mos aprender que Deus governa a mais mediana, a mais simples e desprezível ocorrência
no mundo por uma providência exata e particular. Você vê mil pequenas partículas e átomos
vagando para cima e para baixo em um feixe de sol? É Deus que assim que o preenche; e
Ele guia os seus inumeráveis e irregulares desvios”8. Jesus disse que o cuidado providen-

__________
[8] Ezequiel Hopkins, An Exposition on the Lord’s Prayer…[and] Sermons on Providence, and the Excellent
Advantages of Reading and Studying Holy Scriptures [Uma Exposição Sobre a Oração do Senhor... [e]
Sermões Sobre a Providencia, e as Excelentes Vantagens de Ler e Estudar as Sagradas Escrituras] (London:
para Nathanael Ranew, 1692), 267 como citado a partir de Joel R. Beeke e Mark Jones, Puritan Theology
[Teologia Puritana], Edição Kindle (Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2012), Loc. 6559.

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cial do Pai estende-se desde a humanidade, a maior criatura terrestre, até a mais humilde
das criaturas (passarinhos): “Por isso vos digo: “Não andeis cuidadosos quanto à vossa
vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que
o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em
celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?”
(Mateus 6:25-26). Semelhantemente, Jesus disse: “Não se vendem dois passarinhos por
um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai” (Mateus 10:29).

Sabemos a partir das declarações anteriores da Confissão que Deus governa por meio de
Seu poder e sabedoria infinita, mas de que forma Ele faz isso? A Confissão afirma: “por
Sua mui sábia e santa providência”. A sabedoria de Deus é muito maior do que qualquer
sabedoria que Suas criaturas possam possuir, e, portanto, a sabedoria de Deus aplicada à
providência é mui sábia. Podemos ter certeza de que as coisas mais difíceis em nossas
vidas estão sob Sua providência mais sábia. Considere os detalhes incompreensíveis en-
volvidos em dirigir a criação (todos os seres e coisas). Claramente, a sabedoria infinita de
Deus é necessária. Você pode imaginar como o fluxograma da providência Divina pode
parecer? Além disso, Sua providência é santíssima. A providência de Deus é santa em um
sentido ético e moral. Deus não viola Seu caráter santo em qualquer das formas que Ele
executa os Seus decretos. Assim, mesmo em providências muito sombrias, Deus é santo,
moralmente perfeito. Ele não pode ser justamente acusado de ser profano em qualquer
providência.

A providência de Deus opera para o9 fim para o qual foram criadas. O lidar providencial
de Deus para com todas as coisas criadas é de acordo com o seu propósito, finalidade e
natureza. A Escritura e a observação demonstram que isso é verdade. “O Senhor fez todas
as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal” (Pro-
vérbios 16:4). Deus fez as coisas de uma certa maneira, e Ele fez assim para que elas

__________
[9] O artigo definido “o” parece fora de lugar aqui, pelo menos de acordo com o uso do Inglês moderno. Eu
observo que toda a seção “para o fim para o qual foram criados” não está presente na Confissão de
Westminster nem na Declaração de Savoy. Os autores da Confissão de 1689 adicionaram este a partir da
Primeira Confissão de Londres de 1646, mas, curiosamente, o artigo definido está ausente ali. Presumivel-
mente, havia um propósito para os autores 1689 adicionarem o artigo definido. Minha fonte de texto crítico
para a Confissão é True Confessions [Verdadeiras Confissões] de James Renihan. Eu também verifiquei
outras três fontes impressas que tenho, e todas elas têm o artigo definido presente. Curiosamente, eu
verifiquei a minha edição impressa do The Charleston Confession [A Confissão de Charleston] (uma versão
da Confissão de 1689 usada no sul dos Estados Unidos), e o artigo definido está ausente. Por fim, eu presumo
que o uso era apropriado trezentos anos atrás, e eu não estou preparado para dizer que isso importe
doutrinariamente. Mas é importante para, pelo menos, investigar essas questões, tanto quanto somos
capazes, por vezes, desde que o significado doutrinal pode mudar pelo uso de apenas uma palavra-chave.

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possam cumprir os Seus propósitos. Deus tem um propósito e ordem para a hierarquia da
criação e Suas criaturas, e por Sua providência ordinária todas estas coisas funcionam
nesse desígnio. A lua tem sua função polivalente de refletir a luz sobre a Terra, manter a
Terra em sua órbita designada, e criar influenciar as marés. Nós observamos nos ecos-
sistemas que cada espécie tem a sua função projetada dentro desse sistema, de modo a
agir no ambiente designado. Cada criatura tem sua função e finalidade únicas. Normal-
mente, a providência de Deus usa todas as coisas dentro dessa ordem, e Ele não faz com
que a criação funcione fora do seu desígnio e natureza. Se Deus decretou A, então, Ele
usará criaturas ou coisas que possam realizar A dentro de seu propósito e função criada.
Há exceções, no entanto, como o momento em que a jumenta de Balaão falou com ele.
Nesse caso, a jumenta agiu de modo sobrenatural (i.e., supranatural, acima da natureza).
Isso ocorreu fora de, e acima da natureza da ação de uma jumenta. Normalmente, se
esperaria que Deus enviasse um profeta humano ou um anjo com a capacidade natural de
proferir palavras. Nós vamos tocar nesse assunto novamente no parágrafo de número 3,
quando a Confissão aborda exceções à providência ordinária de Deus.

A Confissão afirma que a providência de Deus é segundo a Sua infalível presciência, e


o livre e imutável conselho de Sua própria vontade. A providência de Deus (Seu sus-
tentar, dirigir, dispor e governar a criação) funciona de acordo com (ou por meio da) infalível
presciência de Deus. Deus não olha para o futuro a fim de fazer planos e antecipar a
necessidade; em vez disso, Deus ordena de antemão (preordena) o futuro e a providência
garante que o decreto ocorra. Presciência significa a preordenação de Deus, como discu-
tido no Capítulo 3. A providência também está de acordo com o livre e imutável conselho
de Sua própria vontade. A providência de Deus é o fluir da vontade imutável de Deus.
Tudo isso é para o louvor da glória de Sua sabedoria, poder, justiça, infinita bondade e
misericórdia. O resultado é que a providência de Deus manifesta a glória de Deus, especifi-
camente através da demonstração de Sua sabedoria, poder, justiça, bondade infinita e
misericórdia. Especificamente esses atributos de Deus listados são demonstrados através
de providência de Deus.

Este parágrafo, efetivamente, nos forneceu uma definição abrangente da providência, e os


parágrafos restantes servirão para esclarecê-la e ampliá-la.

2. Embora em relação à presciência e ao decreto de Deus, a causa primeira, todas as


coisas acontecem imutável e infalivelmente 4, de forma que nada acontece por acaso, ou
sem a Sua providência5; contudo, pela mesma providência, Ele ordena que elas
aconteçam de acordo com a natureza das causas secundárias, seja necessária, livre ou
contingentemente.6 (4 Atos 2:23 • 5 Provérbios 16:33 • 6 Gênesis 8:22).

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A Confissão declara: Embora em relação à presciência e ao decreto de Deus, a causa
primeira, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, de forma que nada
acontece por acaso, ou sem a Sua providência. Isto ensina, nas palavras de A. A. Hodge,
“que, como a execução de um propósito eterno e soberano, o controle providencial de Deus
está na questão de cada ser e evento certamente eficaz”10. Não é apenas que o decreto de
Deus faz todas as coisas, mas que através da providência elas vêm a ocorrer imutável e
infalivelmente; o decreto de Deus nunca altera seu curso (i.e., imutável), e sempre se cum-
pre da forma que Deus determina, sem falhar (i.e., infalivelmente).

O que se quer dizer por: a causa primeira? A fim de responder a essa pergunta satisfatoria-
mente, teremos que fazer alguma análise gramatical. Primeiro, avaliemos o contexto. O
termo “causa primeira” é melhor entendido no contexto do termo “causas secundárias”
utilizado posteriormente no mesmo parágrafo. A “causa primeira” é distinta das causas
secundárias; uma é a primeira, e a outra posterior a essa, secundária. Como veremos, os
decretos de Deus são a causa primeira, e os meios que Deus ordens para executar esses
decretos são “causas secundárias”. Nós discutiremos isso por um momento. O termo
“causa primeira” funciona nesta sentença como um termo apositivo. Um termo apositivo,
frequentemente, quando separado em uma frase por vírgulas, segue ou um substantivo ou
uma frase, fornecendo informações adicionais sobre o substantivo ou frase. Por esta regra
gramatical, o termo apositivo (por exemplo, “causa primeira”) refere-se tanto ao substantivo
anterior “Deus”, ou à frase maior “Decreto de Deus”11. Nós precisamos decidir entre os dois,
“Deus” e o “decreto de Deus”? Os dois são tão intimamente relacionados que uma distinção
tão estrita é desnecessária; no entanto, olhando para o contexto geral, a título de clareza,
é razoável inferir que a “causa primeira” refere-se especificamente ao decreto de Deus.

Nós ainda não explicamos exatamente o que se entende pela expressão “causa primeira”.
A causa de tudo o que acontece é o decreto de Deus, e por essa razão o decreto de Deus
é chamado de causa primeira. É a primeira causa no sentido de que é a causa final que
vem primeiro em ordem cronológica. Desde que o decreto de Deus é a causa última de
tudo o que acontece, e uma vez que não há nada por trás ou antes disso em termos de
causas contribuintes, ele é a primeira e última causa. Mas, há também outras causas (i.e.,
as causas secundárias) após ele que executam esse decreto. O decreto de Deus não é
normalmente executado por simples causa e efeito. Normalmente, o decreto de Deus vem

__________
[10] A. A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of
Truth Trust, 2002), 95.
[11] Também poderia ser argumentado que “causa primeira” refere-se à frase anterior, que inclui “presciência”.
Vamos lembrar a partir do Capítulo 3, que presciência significa, essencialmente, predestinação na Escritura
(veja Atos 2:23). Para simplificar, vou referir-me à “causa primeira”, como o decreto de Deus, ao invés de
tratar presciência e decreto de Deus como termos distintos separados.

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a ocorrer por meios. Estes meios são referidos como as causas secundárias; eles são os
meios ou causas que executam o decreto, mas eles não são a causa final. A causa final
pertence ao decreto de Deus que não somente determina a finalidade, mas também ordena
os meios (causas secundárias) para alcançá-la. De certa forma, estamos nos antecipando
um pouco, mas é difícil explicar a “causa primeira”, sem, pelo menos, introduzir as “causas
secundárias”.

No gráfico abaixo (Figura 1), vemos um modelo que representa o que nós tratamos até
agora, embora para o momento as causas secundárias sejam excluídas. Eu buscarei mos-
trar o modelo dos decretos de Deus e sua execução através de um infográfico da Confissão;
este modelo expandirá à medida que continuamos através do parágrafo 2. A Figura 1
representa o decreto de Deus (a causa primeira) executado ou cumprido pela providência
de Deus.

Figura 1

Como resultado da presciência de Deus (preordenação) e decreto de Deus, a Confissão


diz: de forma que nada acontece por acaso, ou sem a Sua providência. A Confissão
abrange toda a criação — tudo e todos. A providência governando todas as coisas exclui o
acaso. O que é acaso? É algo que acontece, que não tem nenhuma razão, propósito e or-
dem, algo fora ou sem Deus. O acaso é um ateu12. O Cristão, no entanto, não é um ateu e

__________
[12] Possibilidade tem um nome relacionado, “Destino”. Sobre o Destino, Calvino diz: “Ainda que não estamos
dispostos a brigar por palavras, ainda assim, não admitimos a palavra “destino”, tanto porque é uma das
palavras cuja profana inovação Paulo nos ensina a evitar [1 Timóteo 6:20], e porque os homens tentam pelo
ódio que isso incorre, oprimir a verdade de Deus”. João Calvino, Institutas da Religião Cristã, The Library of
Christian Classics, vol. XX (Louisville, Ky.: John Knox Press, 1960) Livro I, Cap. XVI, Seção 8, 207. Calvino
também diz: “E então? Você pergunta, será que nada acontece por acaso, nada por contingência? Eu
respondo: Basílio, o Grande em verdade disse que “fortuna” e “chance” são termos pagãos, com cujo
significado as mentes dos piedosos não deveriam ser ocupadas”. Basil, Homilias Nos Salmos, Sl. 32:4 (MPG
29. 329 f.). Citado por João Calvino, Institutas da Religião Cristã, The Library of Christian Classics, vol. XX
(Louisville, Ky.: John Knox Press, 1960) Livro I, Cap. XVI, Seção 8, 207.

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Deus verdadeiramente governa todas as partes do universo. Como tal, o Cristão deve ser
reflexivo sobre o uso de palavras como “possibilidade”, “destino” e “sorte” em um mundo
que usa essas palavras para suprimir a verdade 13. Desde que a Divina providência ordena
todas as coisas, o acaso não tem lugar no universo de Deus.

A Confissão, em seguida, acrescenta: contudo, pela mesma providência, Ele ordena


que elas aconteçam de acordo com a natureza das causas secundárias. Por meio de,
ou através da providência o próprio Deus ordena a forma como os Seus decretos ocorrem,
e eles usualmente ocorrem de acordo com a natureza das causas secundárias. Como
mencionado anteriormente, a causa secundária refere-se à forma ou o meio pelo qual o
decreto de Deus é cumprido (i.e., acontece). Na Figura 2, a seguir, nós adicionamos o
conceito de “causas secundárias”. Olhando para a primeira caixa em nosso modelo (i.e., os
decretos de Deus) e movendo-se para a direita, vemos que cada componente avança para
a consumação do decreto.

Figura 2

Talvez um exemplo prático deste modelo nos servirá bem neste momento. Digamos que
Deus decretou na eternidade que em 12 de maio de 2015, John Smith deveria morrer. E,
como esperado, quando 12 de maio de 2015 chegou, John Smith morreu. Isto é bastante
simples e muito claro: Deus o decretou e isso acontece: simples causa e efeito. Mas isso
não lida com qualquer um dos detalhes que levaram à execução deste decreto. John Smith
não apenas morreu; houve causas que levaram à sua morte, causas secundárias ao
decreto. Essas causas seguem o decreto lógica e cronologicamente (secundariamente),
sendo eles próprios ordenados (preordenados) por Deus. Aqui estão as causas da morte
de Smith, causas que ocorreram secundariamente ao decreto de Deus: No dia 12 de maio

__________
[13] Eu não quero dizer que o crente nunca deve usar tais palavras, mas que tais palavras podem comunicar
conceitos antibíblicos. Calvino menciona a tristeza de Agostinho quando este usou a palavra “sorte” em,
Against Academics [Contra Acadêmicos] — mesmo que o uso de Agostinho tenha sido adequado. Veja João
Calvino, Institutas da Religião Cristã, The Library of Christian Classics, vol. XX (Louisville, Ky.: John Knox
Press, 1960) Livro I, Cap. XVI, Seção 8, 207.

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de 2015, John Smith estava dirigindo seu veículo na estrada 87 às 14h07min, quando uma
árvore caiu sobre a pista, e seu veículo bateu nela; John morreu instantaneamente. Como
constata-se, a árvore caiu sobre a pista, porque três anos antes houve uma tempestade;
um raio atingiu a árvore fazendo com que a árvore morresse. A árvore então, naturalmente,
começou a apodrecer até que finalmente — três anos mais tarde — caiu sobre a estrada
exatamente em 12 de maio de 2015, às 14h07min. Ao conhecerem as causas que levaram
à morte de John, seus entes queridos foram tomados com um senso de que a morte de
John foi o resultado de mera fatalidade e acaso.

Teologicamente, no entanto, esses eventos são explicados da seguinte forma: pelo decreto
de Deus na eternidade John Smith deveria morrer em 12 maio de 2015, às 14h07min; esse
decreto foi realizado pela providência de Deus (Figura 1). Por essa mesma providência,
Deus ordenou as causas secundárias (Figura 2), que começaram três anos antes. A Figura
3 mostra como cada aspecto da morte de John Smith alinha-se ao nosso modelo.

Figura 3

Se alguém olhasse para os fatos da morte de John Smith, de fato, poderia parecer que uma
série de eventos ao acaso o levaram à morte, mas a Bíblia instrui a família de John a ver
que não há nada de aleatório, fatalista ou impessoal sobre o que aconteceu. Se isso é um
conforto para a família de John ou não, depende se eles têm fé para ver essas verdades.

Como um ponto de esclarecimento, pode parecer lógico considerar que a tempestade que
levou ao relâmpago era uma causa secundária, o relâmpago que levou à morte da árvore
como a causa terciária, a morte da árvore que levou ao seu apodrecimento como uma causa
quaternária, e a podridão que levou à árvore a cair como a causa quinária, mas a Confissão
refere-se a tudo isso pela categoria chamada de “causas secundárias”. Independentemente
de quão longe cada causa está a partir da causa secundária inicial, cada uma é chamada
de causa secundária. E assim, seja pela providência Divina que ordena apenas uma causa
secundária que cumpre o decreto de Deus, ou se Deus ordena que toda uma série de
causas secundárias realizem o decreto, cada causa individual é classificada como causa

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secundária. Cada causa secundária é ordenada pela providência, mesmo se a causa se-
cundária é contingente a muitas que a precedem.

O nosso modelo ainda não está completo, e por isso, seguimos adiante. Deus normalmente
usa meios (i.e., causas secundárias) para realizar os Seus decretos, mas estas causas se-
cundárias têm certas características. A Confissão afirma que pela providência Deus ordena
que todas as coisas aconteçam de acordo com a natureza das causas secundárias. Isto
significa que as causas secundárias são utilizadas de uma forma que é consistente com a
sua natureza ou característica. Uma causa secundária será de três categorias possíveis,
dependendo de sua natureza ou caráter. Edward Morris escreve: “Esta ação de Deus em e
através de tais causas secundárias é descrita como operando necessária, livre ou contin-
gentemente; em outras palavras, em plena conformidade com a natureza dessas causas,
respectivamente”14. A. A. Hodge afirma sobre este parágrafo: “A maneira pela qual [Deus]
controla as Suas criaturas e suas ações, e efetua Seus propósitos através delas, é em todos
os casos perfeitamente consistente com a natureza da criatura e da sua ação”15. Em infinita
sabedoria e poder Divino, Ele fez a criação e Suas criaturas para o exato propósito de
realizar Seu decreto e, portanto, é consistente que Deus use-os de acordo com a forma
como Ele os designou. Podemos ver isso de duas maneiras. Uma delas, Deus não usará
uma causa secundária para além de Seu desígnio. Um cão não agirá como somente o pode
um ser humano, e um ser humano não fará, digamos, o que somente um vulcão pode fazer.
Todas as causas funcionam dentro de seu desígnio. Duas, de todas as várias maneiras de
classificar as naturezas das causas secundárias, seja isso algo na natureza, um complexo
ser humano com livre-agência, ou causas que dependem de outras, todas as causas têm
uma natureza que pode ser classificada em três categorias. Morris afirma: “E os Símbolos
ensinam que em cada uma dessas três esferas a providência opera igualmente, embora
por métodos e agências diversificados, mas sempre opera supremamente, e em perfeita
sabedoria e justiça, bem como com uma potência infinita” 16. Vamos, então, discutir cada
natureza das causas secundárias.

A natureza das causas secundárias classificadas como necessariamente tem relação com
as leis fixas da natureza. Robert Shaw escreve: “Cada parte do mundo material tem uma
dependência imediata sobre a vontade e o poder de Deus, em relação a cada movimento
e operação, bem como em relação à existência continuada; mas Ele governa o mundo

__________
[14] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.: The Champlin Press, 1900), 191.
[15] A. A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of
Truth Trust, 2002), 95.
[16] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.: The Champlin Press, 1900), 221.

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material por certas leis físicas — comumente chamadas de leis da natureza, e nas Escri-
turas de ordenanças dos céus [Jó 38:33] — e conformemente a essas leis, tanto quanto se
refere às causas secundárias, certos efeitos uniformemente e, necessariamente, seguem
algumas causas”17. Morris diz: “As agências ativas da natureza, por exemplo, trabalham
sob necessidade — sem inteligência ou vontade própria, e sem escolha ou mesmo conhe-
cimento dos resultados para o qual estão trabalhando. Toda a esfera e as operações da
criação física estão sob esta lei de necessidade material; em outras palavras, esta criação
é um grande mecanismo, passando pelas forças acima de si mesma para questões não
escolhidas por ela mesma, sob a orientação irresistível dAquele quem a criou”. 18

Parte do ponto de Morris aqui é que as causas secundárias que ocorrem necessariamente
não devem ser vistas de uma forma deísta, como se a natureza tivesse algum legado
mecânico que não tenha necessidade de Deus para dirigi-lo. A fixidez na natureza é estabe-
lecida pelo próprio Deus, e Ele intencionalmente a concebeu como um meio de cumprir os
Seus decretos, mas isso não infere deísmo; Deus não está ausente de Sua criação;
somente porque Ele a usa de acordo com Seu propósito, não significa que Ele não esteja,
pessoalmente, dirigindo-a. Pode parecer-nos que a fixidez no propósito é mecânica e
impessoal, mas na verdade não é. Pela providência pessoal Deus faz todas as coisas que
ocorrerem19. Em Puritan Theology [Teologia Puritana], Beeke e Jones escrevem: “Como a
providência de Deus se relaciona com as leis da natureza? De acordo com Ames, a ordem
que observamos no mundo, ‘a lei da natureza’, é prova do poder contínuo da Palavra de
Deus sobre a criação (Jeremias 31:35-36; 33:20). A presença ativa de Deus também é
necessária para sustentar o mundo e seus habitantes. Sedgwick observou que a Bíblia fala
especificamente de Cristo ‘sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder’ (He-
breus 1:3). Deus trabalha através de meios comuns, tais como fornecimento de alimentos,
chuva e vestuário (Salmos 136:25; 147:8-9; Mateus 6:30;32). Mas Ele é o único que traba-

__________
[17] Robert Shaw, The Reformed Faith: An Exposition of the Westminster Confession of Faith [A Fé
Reformada: Uma Exposição da Confissão de Fé de Westminster] (1845;
http://www.reformed.org/documents/shaw/), capítulo 5.
[18] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.: The Champlin Press, 1900), 191.
[19] Calvino declara: “Assim, quando lemos que pela oração de Josué o sol se deteve em um grau por dois
dias [Josué10:13], e que a sua sombra voltou dez graus por causa do rei Ezequias [2 Reis 20:11 ou Isaías
38:8], Deus testemunhou por aqueles poucos milagres que o sol não nasce diariamente e se põe por um
instinto cego da natureza, mas que Ele mesmo — para renovar a nossa lembrança de Seu favor paternal em
relação a nós — governa o seu curso. Nada é mais natural do que a primavera vir logo após o inverno; o
verão seguir a primavera; e o outono, o verão, cada um a seu tempo. Ainda assim, nesta sequência se vê tal
diversidade grandiosa e desigual que prontamente aparece que cada ano, mês e dia é regido por uma nova
e especial providência de Deus”. João Calvino, Institutas da Religião Cristã, The Library of Christian Classics,
vol. XX (Louisville, Ky.: John Knox Press, 1960) Livro I, Cap. XVI, Seção 2, 199.

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lha, embora, este esteja consumado” 20. Em nosso exemplo acima, a tempestade necessa-
riamente levou ao relâmpago; o raio necessariamente levou à morte da árvore; a morte da
árvore necessariamente levou ao apodrecimento da mesma.

Livremente é a classificação que relaciona-se com causas secundárias que envolvem livre-
agência. Shaw escreveu: “A providência de Deus também está relacionada com as volições
e ações das criaturas racionais; mas Sua influência providencial não é destrutiva de sua
liberdade racional, pois eles não estão sob nenhuma compulsão, mas agem livremente; e
toda a liberdade que pode pertencer às criaturas racionais é a de agir de acordo com suas
inclinações”21. Morris afirma: “Mas na esfera e reino da humanidade, Deus faz com que as
coisas ocorram livremente em vez de necessariamente, conforme, em outras palavras, à
constituição da vontade humana vista como uma causa secundária, tendo uma capacidade
inerente de ação livre, e de acordo com os princípios incorporados em sua moral, como
distinta do sistema material das coisas. Enquanto a vontade do homem em si não é uma
causa primeira, mas secundária, e como tal deve ser empoderada mesmo em suas ativi-
dades mais livres ou mais instintivas pelo próprio Deus como a causa primeira, ainda assim,
Ele dotou a vontade do homem com liberdade natural que não é forçada por qualquer abso-
luta necessidade da natureza determinada para o bem ou o mal. Aqui é feita uma clara
distinção entre causas secundárias operando necessariamente na natureza, e a vontade
como causa secundária de uma classe peculiar, operando livremente em uma região acima
da natureza — a região da vida moral e ação”.22

Como Deus dirige homens e mulheres de acordo com a Sua providência, sem violar a sua
livre-agência? John Owen indica que “testemunhos são óbvios em toda parte nas Escritu-
ras, do agitar das vontades e mentes dos homens, da tendência e inclinação deles a di-
versas coisas, do governo dos pensamentos secretos e movimentos do coração, como não
podendo, por qualquer meio, ser referido como uma mera permissão, com um governo das
ações externas, ou da influência geral, segundo o que eles teriam o poder de fazer isto ou
aquilo, ou qualquer outra coisa; no que, como alguns supõem, toda a Sua providência
consiste”23. No nosso exemplo da morte de John Smith, ele livremente determinou entrar

__________
[20] Ames, Marrow [Medula (da Teologia)], 1.9.10. Sedgwick, Providence Handled Practically [Lidando com a
Providência de Maneira Praticamente], 11. Citado a partir de Joel R. Beeke e Mark Jones, Teologia Puritana,
Edição Kindle (Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2012), Loc. 6556.
[21] Robert Shaw, A Fé Reformada: Uma Exposição da Confissão de Fé de Westminster (1845;
http://www.reformed.org/documents/shaw/), Capítulo 5.
[22] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.: The Champlin Press, 1900), 191. Os itálicos são originais. Os algarismos romanos referem-
se aos capítulos e parágrafos da Confissão de Westminster.
[23] John Owen, A Display of Arminianism [Uma Demonstração do Arminianismo], em Obras, 10:36 como
citado a partir de Joel R. Beeke e Mark Jones, Teologia Puritana, Edição Kindle (Grand Rapids: Reformation
Heritage Books, 2012), Loc. 6637.

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em seu veículo e pegar a estrada 87, naquele momento preciso. A providência de Deus
estava dirigindo e governando John para tomar as medidas que ele tomou, contudo, John
ainda agia livremente. Enquanto John agiu livremente, John não era um livre agente autô-
nomo (i.e., livre-agência não dissuadida ou influenciado por Deus). Reconhecemos que
Deus deu livre-agência ao homem, mas, contudo, Deus ainda governa “os pensamentos
secretos e movimentos do coração”, e, assim, a alegação do Arminianismo que o homem
é uma criatura autônoma-livre é grandemente exagerado e um erro. Abordaremos a livre-
agência com mais detalhes no Capítulo 9, Sobre o Livre-Arbítrio.

Contingentemente é aquela natureza das causas secundárias dependente de outra cau-


sa24. Shaw escreve proveitosamente: “Embora não haja evento contingente em relação a
Deus, que anuncia ‘o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não
sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade’ [Isaías
46:10]; ainda assim, muitos eventos são contingentes ou acidentais em relação a nós, e
também com relação às causas secundárias” 25. É evidente que muitas causas da classe
secundária dependem de outras causas secundárias, a fim de ocorrerem. Porém, mesmo
com contingentes causas secundárias — cada uma dependendo das outras — cada uma
é ordenada pela providência de Deus. A providência não está ausente, mesmo nesta
categoria.

Morris menciona outro aspecto a ser considerado em relação a esta classe: “aqueles (real-
mente pertencendo à segunda classe) que induzem resultados, tais como Deus poderia ter
escolhido apenas no modo de permissão, e tais como Ele deve poderosamente delimitar,
se Ele completamente não os impedir”26. Em outras palavras, esses agentes livres, que
normalmente pertencem à classe “livremente” são usados frequentemente como causas
secundárias pecaminosas — ações pecaminosas que Deus não é o autor ou aprovador,
mas permitidas para Seu próprio propósito. Estas causas secundárias são contingentes
sobre as ações pecaminosas de Suas criaturas. Considere a ação pecaminosa dos irmãos

__________
[24] A palavra “contingente” é usada no Capítulo 2, parágrafo 2, para mostrar que Deus não é dependente de
qualquer coisa para cumprir o Seu propósito. No capítulo 3, parágrafo 1, a Confissão afirma: “Deus decretou
em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo mui sábio e santo conselho de Sua própria vontade, livre e
imutavelmente todas as coisas, seja o que for que venha a acontecer; ainda assim, de modo que nem Deus
é o autor do pecado, nem tem comunhão com algo nisso; nem é violentada a vontade da criatura, nem ainda
é eliminada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”. Em ambos os lugares,
ela está relacionada com o decreto de Deus, e em um a causas secundárias. Ambas as passagens
relacionam-se com coisas que são dependentes de outra, a fim de acontecer.
[25] Robert Shaw, A Fé Reformada: Uma Exposição da Confissão de Fé de Westminster (1845;
http://www.reformed.org/documents/shaw/), Capítulo 5.
[26] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.:The Champlin Press, 1900), 221.

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de José, uma ação que Deus não foi o autor ou aprovador, mas causas secundárias que,
no entanto, utilizadas para cumprir o Seu decreto. Nas palavras de José: “Vós bem inten-
tastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia,
para conservar muita gente com vida” (Gênesis 50:20). Considere também esta passagem:
“A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes,
crucificastes e matastes pelas mãos de injustos” (Atos 2:23). Claramente, homens injustos
foram a causa contingente da crucificação de Cristo — a causa secundária de uma natureza
contingente — mas o plano de Deus predeterminado (Seu decreto) e Sua presciência
(predestinação) foi a causa primeira. Os homens permanecem responsáveis, uma vez que
livremente escolhem agir pecaminosamente; somente porque Deus faz uso de ações
pecaminosas não significa que as ações pecaminosas ficam impunes.

Morris traz mais clareza às causas classificadas como contingentes: “A concepção das
causas secundárias operando nem necessária nem livremente, mas de forma contingente,
é, sem dúvida, feita para fornecer uma explicação sobre a introdução e a permissão do
pecado. Enquanto nada pode ser visto como acidental na administração Divina, — desde
que até mesmo o pecado deve ser dito, por um lado, permitido por Deus, mas por outro
lado, poderosamente delimitado e restringido por Ele, contudo os Símbolos cuidadosamen-
te negam que Deus é ou pode ser o autor ou aprovador do pecado; a entrada desta hor-
renda tragédia sendo em algum verdadeiro sentido contingente em Seu propósito — con-
tingente, mas não fortuito ou irresistível à Sua vista. Diz-se, com justiça, que não há nenhum
evento contingente ou dificuldade para com Deus; ainda assim, em sua Palavra muitas
vezes Ele parece conduzir eventos a contingências especificas, e mesmo Seu decreto a
respeito da irrupção do pecado em nosso mundo deve ser visto como dependente de um
abuso da liberdade e escolha humanas; abuso este que Ele nem ordenou, nem aprovou,
em qualquer pleno sentido destas palavras. A contingência implica claramente algo mais
do que possibilidade: implica tanto um conhecimento prévio do evento contingente introdu-
zido, quanto uma certa medida de força causal com relação a isso. Mas essa força causal
difere radicalmente daquela que regula a ocorrência das estações do ano, e também da
que orienta e auxilia a alma no caminho da santidade, — Deus parecendo em Sua sobera-
nia ficar à parte e sofrer a vontade humana como uma causa secundária para operar
resultados que Ele nunca foi o propósito de sua criação produzir, e para cujo efeito Ele o
considera para uma prestação de contas rigorosa diante dEle”.27

O parágrafo 4 ainda aborda a providência de Deus sobre a Queda e as ações pecaminosas


de Suas criaturas, e por isso não comentarei mais aqui. Nosso modelo, então, em sua forma
completa, evidencia-se na Figura 4:

__________
[27] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.:The Champlin Press, 1900), 191-192.

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Figura 4

Em nossa ilustração sobre a morte de John Smith, a árvore caindo dependia do apodreci-
mento da árvore, e o apodrecimento estava condicionado à morte da árvore por um raio, o
raio estava condicionado à tempestade. Cada causa secundária unida pela providência
efetivou o decreto de Deus.

Morris resume todas as três classes da seguinte maneira: “A providência é assim apresen-
tada como um grande esquema em que uma multidão de forças e ações subordinadas são
aparentes, cada uma operando sua específica classe de resultados em harmonia com sua
própria natureza, enquanto todos se combinam no desenvolvimento de uma abrangente
questão preconcebida”28. A Confissão não fornece um modelo de causa e efeito simplista,
antes, oferece uma resposta completamente bíblica — uma resposta sofisticada. Este
modelo bíblico fornece uma grande porção de conforto, especialmente quando acontecem
coisas que parecem aleatórias, uma questão de oportunidade. Às vezes, a causa que leva
a um trágico acidente parece tão minúscula ou mesmo incidental. Deus pode até parecer
ausente, porque é tão pequena. Talvez o mecânico da companhia aérea esqueceu de aper-
tar um parafuso exatamente como especificado, o que levou a um fatal acidente de avião.
Podemos recitar e imaginar mil exemplos de causas secundárias aparentemente insignifi-
cantes que levam a eventos mui significativos. Essas coisas podem levar a uma crise da
fé, mas se a nossa teologia é bíblica, podemos ver que não há incidentes minúsculos para
com Deus. Sua providência é abrangente até a menor causa secundária, e está mesmo
sobre a ação mais pecaminosa do homem — coisas que eram intencionadas para o mal,
mas Deus as intencionou para o bem (Gênesis 50:20; Romanos 8:28). O santo e justo Deus
ordena tudo por Sua boa e amorosa providência; tanto a providência feliz quanto a sombria.

3. Deus, em Sua providência ordinária, faz o uso de meios7, ainda assim, é livre para
operar sem8, acima9 e contra eles10, como Lhe aprouver (7 Atos 27:31, 44; Isaías 55:10-
11 • 8 Oséias 1:7 • 9 Romanos 4:19-21 • 10 Daniel 3:27).

__________
[28] Edward D. Morris, Teologia dos Símbolos de Westminster: Um Comentário Histórico, Doutrinal, Prático
(Columbus, Oh.:The Champlin Press, 1900), 221.

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É justo que este parágrafo siga o anterior. Ele serve para mostrar que, embora seja verdade
que as obras habituais de Deus são por Sua providência ordinária, Deus ordena as causas
secundárias para cumprir a Sua vontade decretiva; há, no entanto, exceções. Essas exce-
ções são descritas como sem meios, acima dos meios ou contra meios. A. A. Hodge de-
clara: “Que Deus possui o poder de realizar o Seu fim imediato, sem a intervenção de cau-
sas secundárias, é autoevidente; e que, por vezes, em Sua vontade soberana Ele exerce
este poder, é uma questão de evidência clara e satisfatória”29. Além disso, Hodge indica
que: “O poder de Deus, de fato, opera em todos os processos de natureza ordinária, e Sua
vontade é expressa no que se chama lei natural; mas isso não quer dizer que o poder todo
está esgotado nesses processos, nem o todo de Sua vontade se expressa nessas leis.
Deus permanece infinitamente maior que as Suas obras, na execução de Seus eternos
propósitos imutáveis, usando o sistema de causas secundárias como Seu instrumento
constante, de seu tipo, e, entrementes, manifestando Suas transcendentes prerrogativas e
poderes pelo livre exercício de Seus poderes e declarações de Sua vontade”.30

Há muitos exemplos de exceções à providência ordinária encontrados nas Escrituras. O


nascimento virginal de Cristo é um exemplo de sem meios. Deus operou sem meio de rela-
ções sexuais como o meio de concepção. “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre
ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também
o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35). Deus usa o
sobrenatural para passar por meios ordinários. Acima dos meios refere-se ao uso do
sobrenatural de Deus (i.e., supranatural) para ir acima ou além da natureza de uma causa
secundária. Por exemplo, o nascimento milagroso de Isaque à Sara e Abraão. Aqui Deus
ainda usa meios, mas Ele vai acima dos meios ordinários. Sara ainda concebeu através de
relações sexuais com Abraão, mas Deus sobrenaturalmente a levou a conceber apesar de
sua condição estéril e idade. “Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás
mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome. Porque eu a hei de abençoar, e te
darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela. Então
caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos
há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos? E disse Abraão a
Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto! E disse Deus: Na verdade, Sara, tua
mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha
aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele” (Gênesis 17:15-19).
Contra os meios refere-se a Deus agindo contra a função designada de uma causa
secundária. Por exemplo, Deus foi contra Seus meios ordinários da gravidade e fez com

__________
[29] A. A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of
Truth Trust, 2002), 98.
[30] A. A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of
Truth Trust, 2002), 98.

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que um machado flutuasse na água. “E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o
ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado. E disse o homem
de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar
o ferro. E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou” (2 Reis 6:5-7).31

A providência ordinária faz uso de meios (i.e., causas secundárias), mas se Deus quiser
operar sem, acima ou contra esses meios providenciais comuns, Ele é livre para fazê-lo.
Este parágrafo mostra que o modelo Reformado da providência não é antissobrenatural,
nem deísta. Deus ainda é mui livre para agir de forma sobrenatural acima da providência
ordinária, e Ele não Se afastou deixando a criação funcionar puramente pelas leis da natu-
reza. Sua providência está em toda parte, é pessoal, e não está limitada pelas leis fixas da
natureza. Deus governa livremente sobre a criação, sustentando todas as coisas pela
palavra do Seu poder.

4. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, tanto manifes-


tam-se em Sua providência, na qual Seu conselho determinado se estende mesmo até
a primeira Queda, e a todas as outras ações pecaminosas tanto de anjos quanto de
homens11; e não por meio de mera permissão, os quais Ele também, mui sábia e
poderosamente delimita, e de forma variada ordena e governa 12 em uma multiforme
dispensação, para os Seus próprios santos fins13; ainda assim, de forma que a
pecaminosidade desses atos procede apenas da criatura, e não de Deus; que sendo
santíssimo e justíssimo, não é, nem pode ser o autor ou aprovador do pecado.14 (11
Romanos 11:32-34; 2 Samuel 24:1; 1 Crônicas 21:1 • 12 2 Reis 19:28; Salmos 76:10 •
13 Gênesis 1:20; Isaías 10:6, 7, 12 • 14 Salmos 1; 21; 1 João 2:16).

A Confissão afirma: A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de


Deus, tanto manifestam-se em Sua providência, na qual Seu conselho determinado
se estende mesmo até a primeira Queda, e a todas as outras ações pecaminosas
tanto de anjos quanto de homens. Como podemos lembrar, a Confissão diz no parágrafo
1 que “Deus, o bom Criador de todas as coisas, em Seu infinito poder e sabedoria, sustenta,
dirige, dispõe e governa todas as criaturas, e coisas”. Nós vemos muito do parágrafo 1
reiterado aqui, mas agora isso é aqui aplicado, mesmo à Queda e a todas as ações
pecaminosas de anjos e homens. O determinado conselho de Deus se estende tão longe
— a providência executando esse conselho — a ponto de abranger até mesmo tais ações
pecaminosas. Esta é uma declaração notável — uma com a probabilidade de invocar uma
forte oposição por muitos. No entanto, quais são as alternativas? Ou Deus é soberano sobre

__________
[31] Estes exemplos bíblicos eu credito a Samuel E. Waldron, 1689 Baptist Confession of Faith: A Modern
Exposition [A Confissão de Fé Batista de 1689: Uma Exposição Moderna], 3ª ed. (Webster, Ny.: Evangelical
Press, 1999), 91.

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todas as coisas, incluindo a Queda e as ações pecaminosas de anjos e homens, ou Ele
não é soberano em absoluto.

A soberania e providência de Deus sobre as ações pecaminosas das criaturas não são por
meio de mera permissão. Em outras palavras, o governo de Deus sobre as ações pecami-
nosas de anjos e homens não lhes permite agir pecaminosamente de forma irrestrita ou
completamente aberta (i.e., por mera permissão), como se Deus tivesse dado a anjos e
homens livre-agência autônoma. É verdade que Deus deu livre-agência aos anjos e aos
homens, mas esta não é autônoma. Mesmo as ações pecaminosas de criaturas agentes
livres estão sujeitas ao decreto e providência de Deus. Assim, aqueles que acreditam que
Deus deu aos Seus agentes livres mera permissão — livre-arbítrio irrestrito para fazerem o
que quiserem — deixam de reconhecer que os soberanos decretos e providência Deus
governam mesmo sobre as ações pecaminosas. O fato de que o pecado acontece significa
que Deus o permitiu, embora não por uma mera permissão, mas, então, que tipo de per-
missão é?

A providência sobre ações pecaminosas mui sábia e poderosamente delimita, e de


forma variada ordena e governa em uma multiforme dispensação, para os Seus pró-
prios santos fins. Sua sabedoria e poder caracterizam a forma como Ele age delimitando,
ordenando e governando. Esta permissão varia em grau de acordo com os propósitos de
Deus. Talvez isso ocorre sem ser dito, mas a permissão que Deus dá não deve ser enten-
dida como a permissão para uma criatura pecar sem culpabilidade, mas sim refere-se ao
propósito de Deus permitir que a criatura peque. Posteriormente, veremos que Deus não
está de forma alguma autorizando, ou seja, criando o pecado ou fazendo com que alguém
peque. A providência concede permissão para ações pecaminosas, mas coloca delimita-
ções (limites) sobre elas. A permissão do pecado é ordenada, o que significa que ela tem
estrutura e orientação sobre as ações de homens e de anjos pecaminosos. A providência
permite ações pecaminosas, mas elas são governadas, ou seja, essa permissão tem uma
regra sobre essa permissão. As ações pecaminosas pertencem à criatura somente, mas na
mesma, Deus limita, ordena e governa. Esta permissão limitada é aplicável aos anjos e
aos homens. Satanás teve que obter permissão antes que ele pudesse tocar em Jó.
Satanás não tem mera permissão? Não, a ele foi dado certos limites, os quais não podia
ultrapassar. Balaão foi delimitado no propósito pecaminoso para o qual ele foi determinado.
“E a ira de Deus acendeu-se, porque ele [Balaão] se ia; e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no
caminho por adversário” (Números 22:22). A. A. Hodge afirma: “Deus não somente permite
atos pecaminosos, mas Ele os dirige e controla para a determinação de Seus próprios
propósitos”.32 A providência é talvez mais ativa em restringir o pecado do que em permiti-

__________
[32] A. A. Hodge, A Confissão de Westminster: Um Comentário (1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of
Truth Trust, 2002), 100.

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lo. A providência restringe o pecado, mesmo em sua permissão, tudo para Sua glória e bem
maior!

Deus limita, ordena e governa as ações pecaminosas de agentes livres em uma multiforme
dispensação. A permissão de Deus é dada de várias formas em momentos diferentes. O
que permite que um lugar, Ele restringe em outro. O que restringe, é aumentado em um
período, mas pode ser admitido em outro. Tudo isso, Deus faz para Seus próprios santos
fins. R. C. Sproul escreve: “Ainda assim, o fato de que o mal exista em um universo
governado por um Deus perfeitamente santo deve significar que Ele tem um bom propósito
em mente. Nós vemos isso na resposta de Deus à maldade dos irmãos de José: os irmãos
intencionavam a sua ação para o mal, e isso era terrivelmente mal, mas Deus o intencionou
em bem e trouxe muito bem disso” 33. Thomas Watson disse muito bem: “Deus permitiu o
pecado deles, o que Ele nunca faria, se Ele não operasse bem a partir disso” 34. Paul Helm
sustenta: “Deus poderia ter criado homens e mulheres que livremente... fizessem apenas o
que era moralmente correto”, Deus não o fez por uma razão importante: “que do mal um
bem maior viesse, um bem que não poderia ter vindo, ou não poderia ter sido tão grande,
se não houvesse o mal”35. Assim, vemos novamente o argumento do bem maior 36. As
finalidades de Deus são santas; Deus permanece santo, mesmo nos meios que Ele usa
para Seus fins.

Isso nos conduz à nossa próxima porção da Confissão: ainda assim, de forma que a
pecaminosidade desses atos procede apenas da criatura, e não de Deus; que sendo
santíssimo e justíssimo, não é, nem pode ser o autor ou aprovador do pecado. Isso
já foi apontado na primeira parte do parágrafo onde foi indicado que as ações pecaminosas
procediam de anjos e homens. Aqui, isso é afirmado claramente. Na providência de Deus
sobre o pecado, o pecado procede apenas da criatura (veja Romanos 9:14; Tiago 1:13-15,
17; 1 João 2:16). A providência de Deus não tem limites, assim todas as coisas acontecem
exatamente como Ele ordenou, e ainda assim, sem pecado da parte de Deus. Citarei
novamente Stephen Charnock:

__________
[33] R.C. Sproul, Truths We Confess: A Layman’s Guide to the Westminster Confession of Faith [Verdades
Que Nós Confessamos: Guia De Um Leigo para a Confissão de Fé de Westminster], vol. I, The Triune God
[O Deus Triuno] (Phillipsburg, Nj.: P&R Publishing, 2006), 157.
[34] Thomas Watson, Um Corpo de Teologia (1692, reimpresso, Edimburgo, The Banner of Truth Trust, 1997),
122.
[35] Paul Helm, The Providence of God, Contours of Christian Theology [A Providência de Deus, Contornos
de Teologia Cristã] (Downers Grove, Il.: InterVarsity, 1993), 67. Citado a partir de Gregg R. Allison, Historical
Theology: An Introduction to Christian Doctrine [História Teológica: Uma Introdução à Doutrina Cristã] (Grand
Rapids: Zondervan, 2011), 295.
[36] Veja o Comentário da Confissão de 1689, Capítulo 4, parágrafo 2, para saber mais sobre argumento do
bem maior.

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Deus nunca desejou o pecado por Sua vontade preceptiva. O pecado nunca foi
fundado sobre ou produzido por qualquer palavra Sua, como a criação foi [feita por
Sua palavra]. Ele nunca disse: “Haja pecado debaixo dos céus”, como Ele disse: “Haja
uma expansão no meio das águas”. Nem Ele quis o pecado através da infusão de
qualquer hábito, ou incitando as inclinações a ele; não, “Deus a ninguém tenta” (Tiago
1:13). Nem Ele deseja o pecado por Sua vontade aprovativa; o pecado é detestável
para Ele, nem alguma vez Ele pode ser de outra mente. [Ainda assim] a vontade de
Deus é de algum tipo concorrente com o pecado. Ele não propriamente o deseja,
contudo Ele não desejou impedi-lo. Desejar o pecado como o pecado seria uma
incontestável blasfêmia a Deus. Mas, desejar permiti-lo para o bem é a glória da Sua
sabedoria. [O pecado] nunca teria erguido a sua cabeça, a menos que tivesse havido
algum decreto de Deus ao seu respeito. E não haveria nenhum decreto relativo a ele
se Deus não pretendesse trazer o bem e glória a partir dele. Deus deseja a permissão
do pecado. Ele, positivamente, não deseja o pecado, mas Ele, positivamente, deseja
permiti-lo. E embora Ele não aprove o pecado, ainda assim, Ele aprova esse ato de
Sua vontade pelo qual Ele o permite. Embora Deus odiou o pecado, como sendo
contra a Sua santidade, ainda assim Ele não odiou a permissão do pecado, como
sendo subserviente à imensidão da Sua sabedoria para a Sua própria glória. 37

5. O Deus mui sábio, justo e gracioso, frequentemente deixa, por algum tempo, Seus
próprios filhos em diversas tentações e na corrupção dos seus próprios corações, para
castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da
corrupção e engano de seus corações, para que eles sejam humilhados; e para elevá-
los a uma dependência mais íntima e constante de Seu próprio auxílio, e para torná-los
mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecado, e para outros santos e justos
fins15. De forma que seja o que for que ocorra com todos os Seus eleitos é por Sua
designação, para a Sua glória e para o bem deles.16 (15 2 Crônicas 32:25, 26, 31; 2
Coríntios 12:7-9 • 16 Romanos 8:28).

Como o último parágrafo falou da providência de Deus sobre as ações pecaminosas de


anjos e homens, aqui, vemos a providência de Deus sobre as ações pecaminosas de Seus
filhos. Neste ponto, vemos que Deus usa tentação de antigos pecados para os Seus santos
fins, e para o bem de Seu povo. Eu acho que parte da implicação é que se a boa providência
de Deus usa até mesmo os pecados anteriores para o nosso bem, certamente Ele usará
todo o restante para o nosso bem.

__________
[37] Stephen Charnock, The Existence and Attributes of God [A Existência e Atributos de Deus], vol. II (1853;
reprint, Grand Rapids: Baker Book House, 1986), 147-149. Parênteses meus.

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A Confissão afirma: O Deus mui sábio, justo e gracioso, frequentemente deixa, por
algum tempo, Seus próprios filhos em diversas tentações e na corrupção dos seus
próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores. Deus nesta provi-
dência sobre o pecado de Seu povo é mui sábio, mui justo e mui gracioso. Ele não deixa
os Seus filhos à tentação e à mercê de sua corrupção sem a Sua sabedoria; Ele não os
deixa de tal forma que Deus esteja tentando-os; e embora Ele possa fazer isso é mui gra-
cioso, pois é a forma como Ele lida com os Seus próprios: com sabedoria, justiça e graça.
Isso será apenas por algum tempo. É importante lembrar-se, quando em tal momento, que
este não é para sempre. Essas tentações podem ser diversas, ou seja, variadas e talvez
muitas. Com esses três atributos de Deus em mente (i.e., sabedoria, justiça e graça), a
Confissão indica que Ele os deixa em múltiplas tentações para castigá-los, ou seja, para
discipliná-los. Vemos nas Escrituras que a disciplina de Deus vem “para não sermos
condenados com o mundo” (1 Coríntios 11:32). Assim, Deus nos disciplina para que depois
produza “um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hebreus 12:11). Isso não é
um castigo, por si só; Ele tem um propósito de exercício para o bem de Seus filhos.

Qual é a fonte dessa tentação e corrupção? É o pecado anterior deles. Deus castiga-os
por seus pecados anteriores. A natureza corruptora do pecado é tal que, mesmo quando
uma pessoa é convertida, eles ainda lutam contra o pecado. Eles vão lutar contra o pecado
em um sentido geral, mas particular e especificamente eles podem lutar com antigos
pecados pelos quais foram uma vez escravizados. Esta é uma razão importante tanto para
jovens e adultos evitarem o pecado, pois, as sementes semeadas em tempos passados
podem procurar crescimento novamente e retomar a terra em tempos posteriores, mesmo
nos crentes. É verdade que em Cristo somos novas criaturas, não mais escravos do peca-
do, mas ainda há corrupção remanescente que pode buscar nos escravizar. Deus pode
castigar pelo pecado anterior, mas isso ocorrerá com o propósito de santificação, não com
o propósito do juízo eterno. Enquanto há um alerta aqui, há também um tremendo incentivo
para aqueles que lutam contra o pecado. Deus está trabalhando naqueles que são Seus
próprios para santificá-los. Olhem para os fins específicos do castigo na Confissão: 1) fazer-
lhes conhecer o poder oculto da corrupção e engano de seus corações, para que eles
sejam humilhados e 2) para elevá-los a uma dependência mais íntima e constante de
Seu próprio auxílio; e 3) para torná-los mais vigilantes contra todas as futuras
ocasiões de pecado, e 4) para outros santos e justos fins.

Primeiro, Deus os castiga para fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e en-
gano de seus corações, para que eles sejam humilhados. Podemos nos tornar orgulho-
sos e achar que temos crescido além do ponto da tentação dos pecados antigos; como diz
Escrituras: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1 Coríntios 10:12). Nossos
corações ainda têm dentro deles corrupção e engano escondidos. Mesmo tendo em

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consideração os nossos corações regenerados, ainda assim, o nosso coração permanece
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá (Jeremias 17:9)? Quando descobrimos
corrupção e dolo ocultos (i.e., desconhecidos para nós) somos muito humilhados. Podemos
ter caminhado com o Senhor por trinta anos e, de repente, a corrupção oculta é descoberta;
se tivermos nos tornado orgulhosos, ao invés de introspectivos, isso pode ser especial-
mente surpreendente e humilhante.

A segunda razão pela qual Deus castigará é para elevá-los a uma dependência mais
íntima e constante de Seu próprio auxílio. Quando múltiplas tentações e desejos pelo
pecado veem em nossa direção, só temos um lugar para fugir e este é para o Senhor;
corremos para Ele e isso nos leva para mais perto dEle, e nos faz depender dEle em tais
momentos. Reconhecemos que só podemos suportar a tentação, se estivermos constante-
mente dependendo dEle para o nosso auxílio (força). Pode ser que nos tornamos negli-
gentes com o nosso tempo na Palavra e relaxamos quanto ao tempo que passamos em
oração. Quando a tentação vem, qualquer negligência nos lembra que precisamos daquela
proximidade constantemente. Tal temporada da tentação é a hora de nos aproximarmos de
Deus e aumentarmos a dependência dEle. Muitas vezes, em tais momentos, nos sentimos
mais longe de Deus, e esse sentimento de alienação pode nos levar para longe do Senhor;
que é o que o acusador dos irmãos desejaria, mas o plano de Deus é que nos aproximemos
e permaneçamos constantes nisso. Idealmente essas estações são apenas momentos de
tentação resistida. Se nós cairmos em tentação, o que não é uma questão sem importância,
devemos lembrar daquela esperança do Evangelho, bem como o comando para caminhar-
mos de um modo que seja digno de nossa vocação. O apóstolo João disse: “Meus filhinhos,
estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado
para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 João 2:1).

Em terceiro lugar, Deus castiga para torná-los mais vigilantes contra todas as futuras
ocasiões de pecado. Precisamos aprender com as coisas que podem ter desencadeado
temporadas de tentação e pecado; caso contrário, vamos nos encontrar novamente caindo
pelas mesmas razões. A Confissão nos exorta a estar atentos que tal tentação e pecado
não volte a acontecer. A pessoa que luta com a embriaguez deve evitar as coisas que pro-
vocam tais tentações. Aqueles que lutam contra a cobiça devem se tornar vigilantes em
relação às coisas que provocam desejo carnal e evitá-las. O Cristão deve temer a tentação,
e assim fugir dela. Alguém que foi, repetidas vezes, tentado pela mesma situação e que
não está buscando erradicar esta situação, é como ele tivesse mergulhando de cabeça num
penhasco — conscientemente. Deus espera que exercitemos a sabedoria e sejamos mais
vigilantes contra a tentação no futuro, uma vez que “cada um é tentado, quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência” (Tiago 1:14). Por causa de nossos desejos
pecaminosos, devemos vigiar nossos passos: “Pondera a vereda de teus pés, e todos os
teus caminhos sejam bem ordenados!” (Provérbios 4:26). “Portanto, vede prudentemente

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como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias
são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor”
(Efésios 5:15-17).

Em quarto lugar, Deus vai castigá-los para outros santos e justos fins. Isto abrange todos
os outros motivos pelos quais Deus castiga, e sejam quais forem estes fins, eles são fins
justos; eles são fins santos. O castigo de Deus é justo. Nós nunca somos punidos por coisas
que nós não tenhamos feito. O castigo de Deus tem um fim santo. Deus não é o autor do
pecado, e Ele nunca nos tenta. “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; por-
que Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quan-
do atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tiago 1:13-14). No final, Deus
está trabalhando para o nosso bem (Romanos 8:28) e, ao mesmo tempo, somos chamados
a manter nossos olhos no prêmio (Filipenses 3:14; Hebreus 12:1) e corremos de tal de
forma a alcançar o prêmio (1 Coríntios 9:24-27).

6. Quanto àqueles homens perversos e ímpios, a quem Deus, como o justo Juiz, por
pecados anteriores, cega e endurece17; deles, Ele não apenas retém a Sua graça, pela
qual eles poderiam ser iluminados em seus entendimentos e forjados em seus cora-
ções18; mas às vezes também lhes retira os dons que eles tinham19; e os expõe a
situações de forma que a corrupção deles se torna em ocasiões de pecado20; e, além
disso, entrega-lhes às suas próprias concupiscências, às tentações do mundo e ao poder
de Satanás21; de maneira que eles se endurecem, sob aqueles meios que Deus usa para
quebrantar os outros.22 (17 Romanos 1:24-26, 28, 11:7-8 • 18 Deuteronômio 29:4 • 19
Mateus 13:12 • 20 Deuteronômio 2:30; 2 Reis 8:12-13 • 21 Salmos 81:11-12; 2
Tessalonicenses 2:10-12 • 22 Êxodo 8:15, 32; Isaías 6:9-10; 1 Pedro 2:7-8).

O último parágrafo se concentrou sobre a providência de Deus sobre o pecado em Seus


filhos, mas aqui a Confissão aborda a providência de Deus em relação ao pecado naqueles
que não são Seus filhos, referidos como perversos e ímpios. Quanto aos Seus próprios
filhos, vemos os atributos da sabedoria, justiça e graça de Deus em destaque, mas aqui
nós vemos somente Deus como justo Juiz. A palavra justiça aqui tem relação com a justiça
de Deus. Quando a Escritura diz que Deus é um justo Juiz, isso significa que Ele não é
parcial ou injusto, mas um justo Juiz. Deus lida com os perversos e ímpios com equidade,
de acordo com a Sua perfeita justiça. Deus castiga os eleitos pelo pecado anterior segundo
a Sua justiça, mas a graça está incluída. Os perversos e ímpios são julgados por seu pe-
cado anterior de acordo com a justiça, mas a graça e a misericórdia são excluídas. O após-
tolo Paulo disse: “Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhu-
ma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia
de quem eu tiver misericórdia” (Romanos 9:14-15). Deus mostra misericórdia e compaixão
para com os Seus eleitos, mas a graça passa sobre os réprobos. Esta livre e distintiva es-

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colha demonstra a gloriosa misericórdia e justiça de Deus (CFB1689 3:3). Para aqueles
Deus não mostra misericórdia para que recebam a Sua justiça; os perversos e ímpios
receberão algo terrível.

Deus, pelo pecado anterior, cega e endurece aos perversos e ímpios. Este é um correto
(justo) julgamento por seu pecado anterior. O que significa cega? Isso significa dizer que
alguém é incapaz de compreender a verdade espiritual. O que significa que Deus endure-
ce? Isso significa dizer que o coração espiritual não é flexível, sensível ou inclinado em
direção a Deus, à Sua lei ou ao Evangelho. É ter um coração de pedra, que é duro, em vez
de um coração de carne que é quebrantado. Ser cegado e endurecido por Deus é uma coi-
sa muito terrível. Nós vemos várias passagens que falam sobre a cegueira e endurecimento
por Deus — algumas foram abordadas no Capítulo 3. Em Romanos 1, Paulo fala sobre
como a rejeição de Deus por parte de homens e mulheres levou Deus a entregar-lhes à
vaidade e obscurecimento de mente (Romanos 1:24-28). Vemos também que Deus diz
explicitamente que Ele cegará e endurecerá as pessoas. “...Eu lhe [de Faraó] endurecerei
o coração, para que não deixe ir o povo” (Êxodo 4:21). Ou: “Porém não vos tem dado o
Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia
de hoje” (Deuteronômio 29:4). E, “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os
eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. Como está escrito: Deus lhes deu
espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia
de hoje. E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por
sua retribuição; escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e encurvem-se-lhes continua-
mente as costas” (Romanos 11:7-10). Que Deus faz isso é incontestável; como Ele faz isso
é importante compreender, pois Deus não é o autor do mal (veja a CFB1689 3:3).

A Confissão explica quatro maneiras pelas quais Deus cega e endurece. Observe o oposto
paralelo no parágrafo 5, relativo ao pecado no povo de Deus. Consideraremos um de cada
vez. Em primeiro lugar, deles, Ele não apenas retém a Sua graça, pela qual eles pode-
riam ser iluminados em seus entendimentos e forjados em seus corações. Nós lem-
bramos a partir do Comentário do Capítulo 3 que Deus não cria ativamente o mal em um
coração, a fim de cegar ou endurecer, antes, Ele faz isso passivamente removendo a graça
comum que restringe o pecado, e sem a qual eles livremente (de sua própria livre-agência
não-regenerada) tornam-se cegos e endurecidos pelo seu próprio pecado. Sproul expressa:
“Não é que Deus coloque Sua mão sobre eles [os réprobos] para criar diretamente o mal
em seus corações; Ele simplesmente remove a Sua santa mão de contenção deles e deixa-
os fazer sua própria vontade”.38 A maldade e impiedade que disso resulta, é a partir da

__________
[38] R. C. Sproul, Verdades Que Nós Confessamos: Guia De Um Leigo para a Confissão de Fé de
Westminster, vol. I, O Deus Triuno (Phillipsburg, Nj.: P&R Publishing, 2006), 145.

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criatura somente. Deus não considera culpabilidade por uma mera questão técnica. Não,
os pecadores amam genuinamente o mal e o perseguem livremente; é somente pela
contenção ativa de Deus — por meio da graça comum — que eles não pecam mais. Deus
continua sendo justíssimo se Ele opta por remover essa graça comum; eles não mereciam
essa graça, em primeiro lugar, e uma vez que eles não usaram essa graça para arrepender-
se (Romanos 2:4), então, Deus é perfeitamente justo ao removê-la e entregá-los ao pecado.

Aqui a Confissão parece apenas estar falando de “graça” em termos gerais, mas especifica-
mente do endurecimento e cegueira ser um resultado da remoção da graça comum em
conjunto com a busca do pecador pelo pecado; é a graça especial que teria iluminado a
compreensão deles, e operado positivamente em seus corações trazendo-os ao arrependi-
mento e à fé. Esta graça especial será discutida no Capítulo 10, Sobre o Chamado Eficaz.
Esta graça seria forjada em seus corações. Em outras palavras, ela teria aberto os olhos
e quebrantado o coração deles. Somos lembrados aqui que, se Deus não intervém por Sua
graça para iniciar a salvação, nenhum pecador jamais se arrependeria e viria a Cristo (João
6:44). Deus dá gratuitamente esta graça ou a retém. Ele a concederá aos Seus eleitos no
seu tempo, mas nunca a dará ao réprobo sobre quem Ele passa (CFB1689 3:3).

A segunda maneira pela qual Deus cega e endurece os perversos e ímpios pelo pecado
anterior é que, às vezes também lhes retira os dons que eles tinham. A Escritura decla-
ra: “Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até
aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não ve-
em; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem” (Mateus 13:12-13). Jesus indica aqui que
aqueles a quem Ele dá a Sua graça especial receberão uma abundância de graças. Mas,
aqueles a quem Deus não estende a Sua graça especial, Deus, às vezes, remove até
mesmo as graças comuns que eles tinham. As graças comuns dadas a eles — para que se
arrependam — são justamente removidas porque eles não se arrependeram. A Confissão
prefacia isso dizendo: às vezes, o que significa que Deus nem sempre remove esses dons
da graça comum. Deus faz isso ou não o faz de acordo com os Seus próprios propósitos.

Em terceiro lugar, Deus cega e endurece ao expô-los a situações de forma que a


corrupção deles se torna em ocasiões de pecado; e, além disso, entrega-lhes às suas
próprias concupiscências. Isso parece difícil no começo porque pode parecer que Deus
está tentando-os, expondo-os a situações que levam ao pecado. Precisamos reconhecer
que a graça comum de Deus, muitas vezes serve ao propósito de restringir as pessoas de
serem tão más quanto elas podem ser. A doutrina da depravação total não ensina que cada
pecador é tão mau como poderia ser; antes, que o pecado invadiu cada parte do seu ser.
A Divina graça restritiva comum é uma graça; não é merecida. Assim, se Deus remove esta
graça imerecida, Ele é perfeitamente justo ao fazê-lo. E assim, por Deus não expô-los a
coisas que levam ao pecado Ele está concedendo a graça comum, e assim por retê-la Ele

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permanece justo. Quando Deus retém Sua graça restritiva isso pode significar que os
perversos e ímpios não mais serão protegidos, e, portanto, eles ficam expostos a coisas
das quais a sua natureza pecaminosa tirará proveito. Lembre-se, isso é por pecados anteri-
ores; assim é, em parte, um juízo. Somos lembrados a partir do parágrafo 5 que, quando
Deus “deixa, por algum tempo, Seus próprios filhos em diversas tentações e na corrupção
dos seus próprios corações”, Ele o faz em última instância, para o bem deles, mas aqui,
esse objetivo não existe, mas somente julgamento adicional.

Deus, por pecados anteriores, entregará os perversos e ímpios a um sentimento reprovado


(Romanos 1:28). Mas o que nós não queremos esquecer é que a corrupção deles se tor-
na em ocasiões de pecado. Não é Deus que implanta a corrupção no coração do pecador
levando-os a pecar; eles fazem isso livre e abundantemente a partir de sua própria vontade.
Eles veem a ocasião (i.e., a oportunidade) para o pecado e precipitam-se nele. Como
resultado, Deus, além disso, entrega-lhes às suas próprias concupiscências, às tenta-
ções do mundo. Deus havia graciosamente lhes repreendido, mas agora remove a restri-
ção. Isto lembra-nos o que está escrito: “Mas cada um é tentado, quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência” (Tiago 1:14). “Mas o meu povo não quis ouvir
a minha voz, e Israel não me quis. Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações,
e andaram nos seus próprios conselhos” (Salmos 81:11-12). “E por isso Deus lhes enviará
a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não
creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2:11-12). Aqui
há um sério alerta que o pecado, e uma falta de arrependimento pelo mesmo, vem com um
preço pesado. Poderíamos dizer que o pecado cria ocasião para mais pecado, e um pecado
leva a outro, a não ser que o poder redentor de Deus, por meio do Evangelho de Cristo,
intervenha para regenerar e santificar.

Em quarto lugar, Deus também entrega-os... ao poder de Satanás. Este é talvez o


julgamento mais preocupante pelos pecados anteriores. Nas Escrituras, vemos esta
passagem: “E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para
que aprendam a não blasfemar” (1 Timóteo 1:20). Este é um julgamento mais severo. Sem
dúvida, a Confissão está ecoando, em parte, Efésios 2:2-3: “Em que noutro tempo andastes
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que
agora opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também antes andá-
vamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.

A Confissão afirma: de maneira que eles se endurecem, sob aqueles meios que Deus
usa para quebrantar os outros. Como diz o ditado: “o mesmo sol que derrete a cera
endurece o barro”. O meio que Deus usa para quebrantar os Seus, endurece os perversos
e ímpios. O parágrafo 5 declarou: “Deus... frequentemente deixa, por algum tempo, Seus

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próprios filhos em diversas tentações e na corrupção dos seus próprios corações, para
castigá-los pelos seus pecados anteriores”. Ali, o resultado é para o bem deles, mas aqui
no parágrafo 6, o castigo pelos pecados anteriores não é para o bem dos perversos e
ímpios.

7. Assim como a providência de Deus, em geral, atinge todas as criaturas, assim também,
de uma forma mui especial, Ele cuida de Sua Igreja, e dispõe de todas as coisas para o bem
dela.23 (23 1 Timóteo 4:10; Amós 9:8-9; Isaías 43:3-5).

A Confissão já pontuou que a Providência se estende a todas as criaturas, mas uma


questão adicional é tratada aqui. A providência atinge todas as criaturas, mas ela é aplicada
de uma maneira especial à Igreja. Como esta providência especial mostrar-se para a
igreja? Assegurando que a disposição, ou seja, o cumprimento de todas as coisas é para
o bem da Igreja. Deus cuida de Sua igreja de uma maneira especial! Isto aplica-se a toda
a Igreja e cada membro da Igreja. Romanos 8:28 diz: “E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chama-
dos segundo o seu propósito”. O termo, todas as coisas, na Confissão ecoa de “todas as
coisas” em Romanos 8:28. Além disso, vemos outras passagens importantes: “Porque para
isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de
todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Timóteo 4:10). E: “Porque eu sou o Senhor
teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba
em teu lugar. 4 Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te
amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida. 5 Não temas, pois, porque estou
contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente” (Isaías
43:3-5).

Thomas Watson maravilhosamente disse: “Veja aqui, aquilo que pode fazer-nos anelar pelo
tempo quando o grande mistério da providência de Deus será plenamente desvelado para
nós. Agora nós escassamente sabemos o que faz a providência de Deus, e estamos pron-
tos a censurar o que não entendemos; mas no Céu, veremos como todas as Suas providên-
cias (doença, perdas, sofrimento) contribuíram para a nossa salvação. Aqui vemos apenas
algumas partes obscuras da providência de Deus, e é impossível julgar as Suas obras pelas
partes; mas quando chegarmos ao Céu, e veremos o todo e retrato de Sua providência
expresso em suas cores vivas, será glorioso contemplá-lo. Então, veremos como todas as
providências de Deus cooperaram para cumprir as Suas promessas. Não há nenhuma
providência, senão aquelas nas quais identificamos um milagre ou uma misericórdia nela” 39.

__________
[39] Thomas Watson, Um Corpo de Teologia (1692, reimpresso, Edimburgo, The Banner of Truth Trust, 1997),
127.

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E Thomas Boston disse: “Deus tem propósitos retos para providências tortas”40. Desde que
de uma maneira especial “Deus, o bom Criador de todas as coisas, em Seu infinito poder e
sabedoria, sustenta, dirige, dispõe e governa”41 a igreja; ela é, então, a mais bendita insti-
tuição e família a pertencer.

Caminhamos através de um outro Capítulo longo, mas a riqueza que adquirimos nos ajuda-
rá muito em nossa peregrinação Cristã, dando-nos grande conforto e confiança em nosso
Deus. Este Capítulo tem nos mostrado o agir de Deus neste mundo, na igreja e em nossas
próprias vidas. Não tratamos de toda a questão, mas lidamos com o aspecto mais difícil da
providência em relação ao pecado. O que aprendemos sobre a providência de Deus —
como ela se estende até mesmo à Queda e a todas as ações pecaminosas de criaturas
com livre-agência — será especialmente importante enquanto nos dirigimos para o próximo
Capítulo que lida com a Queda da humanidade. A Confissão constrói preceito sobre
preceito, e assim tudo o que aprendemos até agora é necessário para compreender os
próximos Capítulos. Eu penso ser adequado terminarmos este Capítulo com um precioso
hino sobre a Providência.

Deus age de maneira misteriosa


Para Suas maravilhas realizar;
Ele planta Seus passos no mar,
E cavalga sobre a tempestade.

Como profundas minas insondáveis


Sua habilidade nunca falha,
Ele realiza os Seus desígnios brilhantes
E opera a Sua vontade soberana.

Vós santos temerosos, recebam coragem e vigor,


As nuvens que tanto temeis
Estão cheias de misericórdia, e se romperão
Em bênçãos sobre as suas cabeças.

Não julgue o Senhor com débil entendimento,


Mas confie nEle por Sua graça;
Por trás de uma providência carrancuda
Ele esconde um sorriso na face.

__________
[40] Thomas Boston, The Crook in Lot [A Tortuosidade na Porção], em Obras, 3:511-16. Citado em Beeke e
Jones, Teologia Puritana (Reformation Heritage Books, 2012), Providence, Kindle, localização 7136.
[41] Confissão de 1689, Capítulo 5, parágrafo 1.

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Seu propósito amadurecerá rapidamente,
Desdobrando a cada hora;
O broto pode ter um amargor,
Mas doce será a flor.

A incredulidade cega certamente errará,


Ela vê a obra Divina em vão:
Deus é o seu próprio intérprete,
E Ele irá torná-la clara. Amém! 42

[William Cowper]

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

__________
[42] Trinity Hymnal [Hinário Trinitariano] (Philadelphia: Great Commissions Publishing, 1961), Hino 21. “Deus
Se Move de Uma Forma Misteriosa”.

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— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
18
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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