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O planeta Terra é ladeado


pelos planetas Vęnus e Marte.

A cada sete milhőes, oitocentos


e cinqüenta mil anos...

e cento e trinta dias,


eles se alinham.

O dia é hoje!

Ahn, ei... ei...

que coisa! Eu tenho que dormir.


Que coisa, gente...

Cláudio, come uma fruta.


Café puro de manhă é um veneno.

Eu mesma tenho uma prima, que tem


uma vizinha, com um tio...

- que só tomava café puro...


- Que fugiu de casa porque...

năo agüentava mais a mulher


reclamando dele!

- O senhor me respeite.
- E a senhora me respeite!

Em dois dias eu serei


um senhor de 50 anos!

- Posso trazer a galera?


- Que galera, garota?

- A galera.
- Impossível explicar.

Mas quarta-feira verá


com os próprios olhos.

- D. Helena, vou ter de usar uniforme?


- Vai! Mas năo terá trabalho, Cida!

10 horas o pessoal do bufę chega


e văo preparar tudo.

Só văo atrapalhar. Detesto gente


na minha cozinha.

Além de parecer urubu de


colarinho branco naquele uniforme.

- Vocę fica muito elegante.


- Ah, tá bom... tá.

Helena, vę se fica pronta ŕs 8. Năo


quero me atrasar de novo esse ano.

- Posso levar a galera?


- Separa o terno cinza do Cláudio,

aquele novo. E passa a camisa


de golinha de seca,

- separa o meu vestido azul...


- Azul?

Ah năo, năo dá, azul năo vai dar,


usei o no jantar do Marcos, năo dá.

Esquece, eu me viro.
Separa a roupa do Cláudio que...

eu me viro.
Eu estou sem roupa.

Mas a touca eu năo ponho.

Pai, vocę vai ganhar


pręmio esse ano?

- Se eu ganhar, é seu.
- Se vocę ganhar... É lógico que...

vai ganhar.

Bom dia pra vocę.

Bia, seu pai falou comigo hoje de


novo sobre vocę estudar na Europa.

- Falou comigo?
- Seu pai falou comigo...

pra que eu falasse com vocę,


sobre vocę estudar na Europa.

- Pô, măe, que saco.


- Meu Deus, vocę năo dá valor...

ao que tem. Sabia que năo săo todos


que tęm oportunidade de estudar fora?

É justamente por isso que năo quero


ir. Eu dou valor ao que eu tenho.

- Ah é? Dá valor a que? Ŕ galera?


- O Cauę.

Sabe quando vocę sente


que encontrou o homem certo?
Pelo amor de Deus, vocę tem
14 anos. Homem certo pra quę?

Certo, certo, măe. O contrário


de errado. Só isso.

Que nóia!

- Ei, me dá um beijinho de bom dia.


- Que saco, măe!

- Oi, mamăe.
- Oi, filhinha!

- Bom dia. Já estava até estranhando.


- Tava com saudades.

- Quase 8 e ainda năo tinha ligado!


- Onde é que vocę está?

Na rua da escola da Bia, mamăe.


Exatamente entre o 5ş e o 6ş poste.

- Tá, tá, mamăe um beijo...


- O mesmo pra vocę.

Alô...

Carol. Carolzinha, bom dia! Bom dia,


Carol, firme aí? Vamos trabalhar?

Bom dia, bom dia! Maurício, năo


adianta. Ou muda de time...

ou muda de país, se continuar


assim... Sempre no telefone, né?

Flavinha, pára com isso. Năo vem


com essas roupinhas assim,

vocę vai me matar do coraçăo antes


dos 50 anos. Olha, vamos faturar.

Serjăo! Bebeu todas ontem, hein!


A cara... năo bebeu...

- Fala, Cibele. Bom dia!


- O seu horóscopo de hoje diz que...

vai ter um dia muito especial


pela conjunçăo dos planetas...

- Como está a minha garota?


- Guarda pro cliente.

- Comigo năo precisa.


- E a arte, ficou legal? Tá bom...

...como pediu e outra com amarelo,


que causa mais impacto.

Amarelo năo, me lembra canja.


Esquece isso.

- Preciso ter uma palavra com o sr.


- Estressado de manhă, Jr?

O que é isso? O que foi?


A Bárbara escondeu teu Fifa Soccer?

- Engraçadinho como sempre.


- Relaxa, Marcos, eu tô brincando.

Conversamos depois. Vou


conferir o material da campanha.

Cláudio!

Seu Gilberto, sua


nora já teve neném?

Ainda năo, D. Helena,


obrigado por perguntar...

- Imagine, bom dia, hein.


- Bom dia.

- Oi, Padre Henrique, bom dia.


- Como ter um bom dia?

A apresentaçăo do coral será na


sexta e năo tem nada pronto!

O problema é a escolha da música.


É bonita, mas é dura.

As crianças ficam preocupadas,


ficam pouco ŕ vontade.

Mas é a Nona, Helena! É Beethoven.


Queria que o coral cantasse o quę?

- Um funk? Funk?
- O que é isso, padre?

Vendedora...

elegante e econômica. Vai direto


ao ponto. O que vocęs acham?

Eu tô em dúvida em relaçăo ao fundo.


Eu tô achando um pouco escuro,

queria uma coisa mais...


ensolarada, mais brilhante.

- Mas pensamos em outra opçăo...


- Márcia, tudo bem. Obrigado.
Acontece o seguinte, esse fundo
escuro que observou...

tem sua razăo de ser.


Eu preciso do quę, Arnaldo?

Do produto destacado. Se eu inventar


aqui gaivota voando, vou ter o quę?

Um produto no meio dele. Preciso do


produto inteiro. Genial ou năo é?

Quę? Ah? Claro. Genial. Perfeito.


Pra mim tá, sem dúvida.

- Na mosca?
- Na mosca.

Fecha. Na mosca.

A Carol ensaiou o fim de semana


e teve um crescimento enorme.

Pois eu acho que essa música


foi feita pra Gabi solar.

Engraçado. Solo năo é


para uma pessoa só?

É, Regina, justamente. A Gabi.


Vai, dá aquele Fá sustenido...

bonito pra tia Helena, vai.

Isso porque vocęs


ainda năo ouviram a Carol solando.

- Com licença.
- Entăo Helena, quem vai solar, hein?

Com licença, só um instantinho.


Alô, oi mamăe.

- Onde vocę está, minha filha?


- Tô no colégio.

- Entre um mi bemol e um fá sustenido.


- Por falar em campanha de lingerie,

- vocę năo acha que...


- Vamos ter aquela conversinha?

- Boas novas, temos mais uma conta...


- Conta pequena.

Pequena? Boa, daquela que


ganha pręmio. Dá prestígio.
- Conta grande dá dinheiro, pô.
- Marcos, Junior, meu menino...

Relaxa, no dia que ganharmos


a lingerie, oh!!!

Esquece a opçăo "no dia que


ganharmos essa conta da lingerie".

A coisa tá feia, Cláudio, feia.

- O que vocę quis dizer com aquilo?


- Eu năo quis dizer. Eu disse.

Eu e o seu pai seguramos


essa agęncia...

Seguraram essa agęncia quando a


tecnologia, a economia era outra.

Vamos levando! Uma conta aqui,


outra ali, e as coisas melhoram.

- Isso é bonito em letra de samba.


- Ô meninăo, entre samba e enfarte...

- fico com o primeiro.


- Muito romântico.

Pena que vivemos


na era da eficięncia.

Só porque fez curso disso


e marketing daquilo...

- o que sabe sobre eficięncia?


- Te digo o que sei.

- O quę?
- Eficięncia pra mim é resultado.

Resultado se atinge com


talento e paixăo.

E ainda năo tem diploma pra isso!

Agora com emoçăo, meninas.


Heróico, imponente, com postura.

Vai, filha, mais emoçăo.


Mais sentimento, filha!

Carol, pensa no seu avô que morreu!


Carol.

Com licença. Obrigado.

Vem cá, aquela tua secretária, se năo


é perfeita, tá no caminho certo, né?
- Cibele? É ótima.
- Fez horas extras com ela, né?

- O que é isso? Sou um cara casado.


- Que é isso?

Uma loira maravilhosa daquelas...


Conta aí pra gente, vai.

É o seguinte, a loira desconfiava do


marido, achava que tinha um caso...

- e simplesmente...
- Com licença, bom apetite.

E aí, Marcos?

- E aí, Cláudio? Cláudio. Continua.


- O quę?

A história da loira.

A história da loira, pois é...

É como se eu năo existisse. É como


se eu năo tivesse vontade própria.

Como se eu só servisse pra ficar


equilibrando as tensőes...

entre o Cláudio e a Bia,

entre minha măe e o Cláudio,

entre o coral e a minha casa...

A sensaçăo que tenho é que se


eu năo estiver ali sempre,

segurando daqui e dali,


vai desabar tudo.

- Por que năo deixas desabar?


- Em cima da minha cabeça?

Bom, mas năo dá para tomar conta


de vocę e além do mais tomar...

conta de tudo. Vocę tem


que lutar pelo teu espaço.

E precisa ser agressiva nesta luta.

Vocę tem que trabalhar teu


lado masculino para que,

quando o Cláudio
trabalhe seu lado feminino,
juntos consigam o
equilíbrio conjugal.

Me compreendes?

Eu acho que tô cansada


de equilibrar, sabe?

Eu acho que é isso.

Foi bom o almoço?

Năo teve indigestăo?

Năo, o almoço foi ótimo.

Inclusive, năo sei se percebeu, mas


estava almoçando com o pessoal de...

- Săo Paulo, daquela agęncia...


- Sei quem eles săo.

Se sabe, entăo também sabe que eles


podem fazer uma proposta razoável...

pela agęncia.

- E fizeram.
- E vocę disse que...

- ela năo está ŕ venda.


- É muito mais vantajoso, Cláudio...

ser uma filial de Săo Paulo, do que


continuar sendo uma agenciazinha...

criativazinha sem dinheirinho


do Rio de Janeiro.

- Eu năo quero virar empregado.


- É isso ou fechar as portas.

E os pręmios que traremos


pra casa hoje?

Os pręmios que vamos trazer


valorizam mais a venda.

Vocę năo pode fazer isso


com a nossa história.

Nossa história é linda.


O problema é a nossa matemática.

Mulher foi feita pra fazer compras,


năo terapia. A năo ser que seja...

casada com o Cláudio. Aí quem


ficaria maluca era eu.

Ai, mamăe. Vocę acabou de dizer


uma pérola do pensamento machista.

Năo. Defendo o direito das mulheres


fazerem compras. Olha esse aqui!

Minha filha, esse vestido


vermelho. Olha que lindo!

Nossa! Mas é lindo, lindo mesmo.


Mas deve ser tăo caro, hein?

Năo me diga que tem pena da


única coisa que Cláudio pode te...

oferecer, que é o dinheiro dele.

Sabe aquela banana que faz,


bem puxadinho?

- Oi, querida!
- Oi.

Já reparou que nos encontramos só em


funçăo dos eventos dos nossos maridos?

- Quarta-feira vocęs estăo lá, né?


- Sem dúvida.

Duas festas na mesma semana.


Sem divisăo, tá, Lucimar?

Até falei para o Marcos que nesse


feriado nem vamos pra fazenda...

- que é pra năo perder o "niver"?


- Que gentileza! Cláudio ficará feliz.

O aniversário será uma oportunidade


para eu estrear meu lindo biquíni.

- O que vocę acha de chocolate?


- Adoro chocolate. Pena que engorda.

- Tem que evitar.


- Falo do meu cabelo, Helena.

E aí, gostou?

Vocę tá linda! Linda demais!

- Tá tudo bem com vocę?


- Tô ótimo! Ôtimo!

Tenho uma mulher linda,


uma filha linda,
trabalho naquilo que eu gosto,
vou poder me exibir com vocę...

e papar todos os pręmios


que eu puder ganhar.

Posso ser mais feliz do que isso?


Fala, hein?

- Com licença.
- Vamos embora.

- Năo fica bem sair assim.


- Vamos embora. Estou falando.

- Vę uma água aí pra mim.


- Nunca te vi assim abalado só por...

- perder pręmios.
- Năo săo os pręmios. É uma agęncia.

- Vai perder a agęncia?


- Deixa pra lá.

- Năo... Agora vocę vai me contar.


- Deixa pra lá...

- O Marcos quer vender a agęncia.


- Ele năo pode fazer isso!

Pior que pode. Ele tem mais


da metade das açőes.

Quer dizer entăo que vocę tava


cheio de problemas e năo contou...

- nada pra mim?


- Eu só ia te deixar preocupada.

- E o que vocę ia fazer?


- Podia fazer muita coisa.

Podia...

ter segurado mais as despesas, năo


precisávamos ter ido para Aspen...

Ah, mas isso ia fazer toda


a diferença do mundo. Aspen...

Pode deixar, resolvo isso,


como eu sempre resolvi.

Eu sei, como sempre resolveu. Sem


lembrar que eu existo pra te ajudar.

Tá bom, e ia ajudar como?


Indo no salăo de beleza?
Fazendo compras no shopping?
Regendo coral de criancinhas?

Ah, esquece isso,

- năo quis dizer isso. Esquece.


- Mas já disse, tá?

Vamos parar por aqui...

Sabe que tenho mais o que fazer além


de ser saco de pancada? Năo é fácil...

- cuidar de uma casa, da família.


- E é fácil cuidar de uma casa...

de uma família e de uma


agęncia dividida?

Vocę tem a
Cibele pra te ajudar.

- Năo me vem com Cibele agora, hein!


- Mas a Cibele é linda, é sensacional.

- A Cibele é imprescindível!
- Năo vou ficar até de madrugada...

mais uma vez brigando por causa de


ciúme bobo. Amanhă eu trabalho...

- Bobo?!
- Ah, que papo é esse?

Tudo que diz respeito a mim é bobo.


Só vocę que é importante.

Só o seu trabalho é importante.


Eu năo passo de uma mulherzinha.

Pára de se fazer de vítima.


Parece a sua măe!

Ah sim, porque a măe da Cibele


deve ser um amor de criatura.

- O que é, mamăe?
- Ah, querida...

Năo posso. Estou no meio


de uma briga.

- Exatamente entre uma măe e outra.


- Se vocę está no meio...

de uma briga, vai terminá-la


sozinha, eu vou dormir.

Năo quer enfrentar nossos problemas,


como năo tem coragem de enfrentar...

- o Marcos e lutar pela agęncia!


- Grosso e covarde.

- Mais alguma queixa?


- Vamos parar por aqui?

Năo! Vai até o final ou quer que


assine um atestado de fracassado?

A fracassada sou eu e essa minha


vida vazia de salăo, de academia,

de shopping, de coral
de criancinhas.

Năo é isso que vocę pensa?

Essa terapia tá te deixando doida


e tá jogando vocę contra mim.

Eu sou doida, năo sirvo pra


nada, e eu me faço de vítima.

Mais alguma queixa?

Vamos parar por aqui?

Năo sei como năo me deixou


naquela nossa crise em 95.

Já que é teste de memória, por que


vocę năo me deixou no dia que a...

Bia nasceu e só queria ela,


nem olhava pra minha cara?

Fala isso porque nunca foi măe.


Queria ver vocę no meu lugar.

Queria ver vocę no meu lugar.

Vocę só pensa em vocę.

O problema é esse.
Se eu fosse vocę...

O quę?

Outra vez?

Espera aí...

dizem que tem um negócio


que acontece...

quando duas pessoas falam juntas.


Dá sorte ou dá azar?

Sei lá.

Tomara que seja sorte.

Tomara.

Boa noite.

Lh, eu, hein?

O que é isso! Que brincadeira tá


acontecendo aqui?

O que é isso?

Cláudio, Cláudio... Cláudio.

- CLÁUDIO!!!
- O que é, Helena?

O que que...

Passa!

- O que que é isso?


- Aqui oh...

- Nossa!
- Peraí, peraí, peraí, peraí.

- Pra lá. Pra lá.


- Calma, calma.

Năo quero isso năo. Eu năo


tô entendendo isso aqui.

- Peraí, Helena.
- Năo. Sai.

Calma. Calma.

- Calma, Helena.
- Năo tem calma. Năo tem calma.

Helena!

Vem cá. Deixa eu conversar.


A gente năo tá vivendo...

Meu bem. Helena. Querida.

Querida. Helena.

Acorda! Acorda!

- O que é isso? Quę? Cadę?


- Graças a Deus.
- Pensei que eu tinha morrido.
- Jesus do céu. O que é isso?

Cláudio, o que é isso? Eu?


Vocę falou eu, "eu" quem? Quem?

Eu năo sei mais.


Eu já năo sei mais. Eu quem?!

- Isso é sonho.
- Sonho de quem? Seu ou meu?

Eu o quę? É sonho.
Meu Deus do céu. É um castigo!?

Que pecado cometemos pra Deus


fazer isso conosco? Fala pra mim.

- O que foi, hein?! Fala, hein!


- Isso é uma ilusăo.

- Năo é possível...
- Isso năo tá acontecendo.

A gente acha que está,


mas năo está. Entendeu?

- Pai, aconteceu alguma coisa?


- Comigo?

Năo, mamăe. Com o papai.

Papai, papai?! Năo, filha foi,


tá tudo bem com a mamăe, papai.

Papai, mamăe... tá tudo bem.


Vai se trocar filhinha, vai.

Eu ouvia o Blink no máximo, pensei


que tinha ouvido vocę gritar!

Năo. Ninguém gritou năo. Papai...


mamăe, papai. Tá tudo bem, tá bom?

Vai se trocar por favor, viu?


Vai lá vai. Fica com o Blink.

- Ela me chamou de măe.


- Isso năo é ilusăo.

- Mas e agora? O que vamos fazer?


- Eu... a gente tem que buscar ajuda.

- Que ajuda?
- Năo sei que ajuda, um advogado,

um médico, polícia. Ah, o meu


psiquiatra! Sei lá. Mamăe!!!
Năo. Um psiquiatra.

Dr. Nestor, me desculpe incomodá-lo,


é Helena que tá falando.

- Digo, é Cláudio. Marido da Helena.


- Preciso trabalhar.

Enfim, precisamos muito conversar


com o senhor, Dr. Nestor.

- Por favor, é urgente.


- Năo sei escolher roupa pra mulher.

Como é que vou fazer isso? Pra quę


tanto sapato? Vocę só tem dois pés!

Vocę tem que ver uma coisa


que seja...

é... tom sur tom. Isso.


Perfeito, olha. Dá uma olhada.

Năo esquece de colocar


um batonzinho. Nada berrante.

Batonzinho?

Batonzinho. Só o que me faltava.

Vai.

- Ai, meu Deus do céu!


- Calma!

- Normal.
- Normal? Vocę tá doida? Normal!

Gente, é só ter postura.

- Cláudio...
- Fica quieta, Helena.

- Segura isso aqui.


- Ai meu Deus, quanta coisa.

- Assim oh, postura, normal.


- Calma, calma.

Meu Deus do céu!

- Anda direito, Cláudio.


- Com esses saltos?

Meu Deus. É só fazer o que eu faço.


Presta atençăo. E normal.

Postura, normal.
Pisa firme, acabou.

- Que foi? Tá rindo de quę?


- Fico ridículo andando assim!

- Helena...
- Năo faça isso.

- Quer, por favor, colaborar?


- Ai, meu Deus.

- Bom dia, Cida.


- Bom dia.

Bia, toma logo seu café senăo


vocę vai se atrasar.

Café puro, dona Helena?

Cida, hoje a Helena


tá meio fora de si.

- Me dá aí o mamăo.
- É, por favor.

Vocęs tăo engraçados hoje.


A mamăe tá lendo jornal, pai.

Ah o meu jornal. Por favor,


vocę quer me passar o jornal?

- Pai, vocę ganhou o meu pręmio?


- Năo!

Năo, seu pai... eu prometo te ganhar


um pręmio ano que vem, minha filha.

Tá bom?

Meu Deus do céu, o que é isso?

- Filha, peraí.
- Já falou com o papai?

- O quę exatamente?
- Pra năo me mandar pra Europa.

- Năo quer ir pra Europa?


- Bia, mamăe conversou...

com o papai ontem.


E eu fiquei de pensar no assunto,

- năo foi?
- Foi?

- Pai, preciso falar com vocę.


- Ótimo. Vamos lá fora. O papai...
- precisa contar uma coisa pra vocę.
- D. Helena...

experimentei o uniforme
e tá pior do que pensava.

- E daí?
- E ponho o quę?

Ah bota qualquer coisa, Cida!

Sua măe me contou que vocę está


com um namoradinho, né?

Só que eu e ela hoje estamos num dia


muito complicado, minha filha. Viu?

- Jura que vocę năo quer me matar?


- Ah meu Deus, que absurdo, Bia!

Ah, eu tenho o melhor pai do mundo


e eu năo sabia!

Vocę tá parecendo o Ozzy Osbourne.


Só falta cantar rock.

Ozzy Osbourne, quem sabe um dia?

Helena, o que vocęs estavam


falando, as duas?

- Coisas de mulher.
- Olha aqui,

essa garota vai acabar


achando que o pai é gay.

Onde é que vocęs văo? Quer que


eu perca o primeiro horário, măe?

Năo, filhinha, é que hoje


nós vamos no carro do seu...

- vamos no meu carro, filhinha.


- E vai deixar a mamăe dirigir?

Vou. Acho que chegou a hora


de seu pai deixar de ser egoísta...

e deixar que sua măe participe


mais da vida dele, da minha vida.

Tá.

Vem, filhinha, vem.

- Por onde que eu vou mesmo, hein?


- Esqueceu o caminho?
Năo, sabe o que é, filha, é que a
mamăe tem muita coisa na cabeça.

Salăo, academia,

- comprar roupa, supermercado...


- Pega a praia, é melhor, querida.

Eu năo posso chegar


atrasado ao trabalho...

afinal é a minha única


razăo de viver.

Eu entendo, afinal de contas,


se vocę năo trabalhasse tanto,

a gente năo teria essa vida


maravilhosa que a gente tem, năo é?

Ah imagina.

Mas eu năo chegaria


onde eu cheguei...

se năo fosse vocę esse tempo todo me


apoiando, cuidando de mim...

- todo esse tempo, năo é mesmo?


- Tá tudo bem com vocęs?

Tá!

Năo é pegadinha?

- Tchau, minha filha.


- Tchau, filhinha. Tchau.

Quem é esse cara aí


conversando com a Bia?

- É pra hoje?
- Passa por cima!

Pelo amor de Deus. Năo me inventa


de brigar no trânsito que...

năo tô a fim de levar


um soco na cara.

Que absurdo é esse?

Calma. Fica fria.


Sei o que eu tô fazendo.

Calma, vocę tá me deixando nervoso.

E eu tô ficando como?
Năo faz... assim, năo faz... assim.
Tira esse carro daí,
ô pouca prática.

Vou ver se consigo me explicar.

Tem matrimônios, casais...

que desenvolvem
esse tipo de psicopatologia.

És um processo complicado de
descobrimento da própria identidade.

Chega um momento que a mistura


és tăo grande, tăo complexa...

que năo sabemos quem é quem,


o que é o quę,

e o que quem é quem pensa.


Năo sei se me fiz entender?

Fez sim. O problema é que


o sr. Năo está entendendo.

Eu sou a Helena de verdade.


O sr. Está entendendo?

Bom, acho que o meu tempo


terminou por hoje.

Nós precisaremos dar


mais atençăo a esse assunto.

É claro que precisaremos


marcar sessőes diárias,

e com uma particularidade


bem específica.

- Precisa ser os dois.


- Os dois...

Meu bem, nós dois.

Já pensou o que tua măe vai falar


ao perceber que a filhinha virou...

- um cara sem classe como eu?


- Por falar nisso, vocę tem...

que tomar cuidado como anda.


Tem que saber como se comportar.

- Anda esquisito, horroroso.


- É que nunca andei de salto alto.

É simples, é tomar cuidado com a


coluna e procurar se equilibrar.

Já falei isso, fica centrado


e... pronto. Vai andar direitinho.

- Năo tem sentido isso...


- Vou tentar me lembrar, tá?

Tá, pronto!

E a Sra, vę se năo fica rebolando.


E segura a măo, fica aquela măo...

Gente do céu! Tem uma coisa me


apertando aqui em baixo,

coisa desagradável.

- Que é isso?!
- Fica quieto. Quieto!

Pelo amor de Deus,


năo faça isso.

- Peraí.
- O carro tá chegando aí.

- Melhorou, melhorou.
- Dá meu celular aí, Helena,

- o celular.
- Pronto!

- Faz o seguinte.
- Cuidado com a direçăo. Cuidado.

- Fica quieta, Helena.


- Presta atençăo.

- Tá me deixando...
- Fala com a Cibele e desmarca...

- os compromissos.
- Faço isso?

Lógico.

Alô! É Cibele? É Hel...


Desculpa. Atende para mim.

- Ai meu Deus do céu.


- É Cláudio.

- Oi, Vivinha.
- Desculpe. O Marcos está aí?

Desculpa, mamăe. Năo sei


porque te chamei de Vivinha.
- Năo posso falar agora.
- Marcos? Eu tô com um imprevisto.

Só um instantinho, mamăe.

- Fala com ela.


- Ele tá nervoso.

- Eu falo.
- Tá louco da vida.

- Alô, Marcos. Sou eu. Helena.


- Năo, está tudo bem com sua filhinha.

- Só que eu tenho que...


- Năo, ele teve um...

- O quę? Peraí, peraí.


- Eu tenho que desligar agora, mamăe.

- Eu vou praí. Vou levá-lo praí.


- A gente se fala depois.

- Até já.
- Vocę está ficando maluco?!

Vocę falou que a gen...


que vocę vai lá. Vocę...

A cliente da campanha de
lingerie chegou.

E espera por mim.


Ou melhor, por vocę.

Mas, nem morta.

Perder esta campanha está


fora de questăo.

Só se vocę for no ensaio do coral.

Tá vendo o que vocę faz?

- Vocę entendeu tudo direitinho?


- Entendi. Faz as crianças passarem...

a música várias vezes.

Com emoçăo.

- Tá, tá, tá. Vai, vai, vai.


- Pode deixar. Eu já tô indo. Calma.

- Ela já chegou.
- Eu sei. Calma.

Olá.
Ai meu Deus do céu...
Pela última vez, cuidado com
aquelas duas! Săo malucas.

Estou acostumado com malucos.


Vai, vai.

- Vai, Helena.
- Tô indo.

- Năo rebola!
- Calma!

Calma.

Ai, Cláudio, năo me deixa nervosa.


O que aconteceu?

A cliente tá esperando
faz quase uma hora.

Marcos mandou ligar,


o que houve?

- A rainha tá aí há mais de meia hora.


- Vamos embora.

Cláudio, nunca vi vocę deixar...

cliente esperando. É um absurdo.


Vamos embora!

Calma, gente, calma. Com licença.


Olá. Com licença.

Olá.

Um trânsito.
Impressionante.

- Cláudio, a Tereza...
- Jesus! Desculpa. Essa correria...

Como vai? É que essa correria toda...


A gente acaba... năo me leve a mal.

Năo me importo de esperar se o


material valer a pena.

- É bom que valha a pena.


- Podemos começar?

O quanto antes. Vou ver


nossas filiais.

Vai dar tempo. O trânsito nem


está ruim.

- A filial é em Paris.
- Bela cidade.

Lh! Tem que ver no outono entăo.

- Oi, seu padre! Bença, hein!


- Deus te abençoe.

Ai, esse negócio...


Isso aqui é muito difícil.

A campanha é bastante apropriada,


pois se baseia no conceito de...

do apelo erótico...
ou melhor...

ah... Nossa Senhora...

a banalizaçăo do...

pensamento feminino...
eu quero dizer...

na verdade...

pelo visto, mulher gosta mesmo


é de apanhar.

Nélson Rodrigues.
Uma citaçăo apenas.

Gostaria de ressaltar o outro


lado da campanha...

que é o impacto que ela vai causar,


năo é? O choque.

O escândalo da campanha. E nós todos


sabemos que nada vende mais...

do que um bom escândalo,


năo é verdade?

Salve, salve. Bom dia, titia,


tá boa? Oi, gatinhas.

Olá, tá boa, sonhou com o Tom


Cruise? Tá tudo ok, né?

Como é que tá, rapaz, tudo em cima?


Olá, bom dia!

Já decidiu quem
vai fazer o solo hoje?

- Ah, Regina e Marília, é claro.


- Como?

Nada. Vamos embora. Vamos pegar esse


touro a unha, né? Caminho da roça.

Vamos embora.

Eh...

seguinte. Já que eu dei sorte de


encontrar duas măes tăo simpáticas,

por que vocęs năo me ajudam


a chegar até a minha sala?

- Năo sabe onde é sua sala?


- Lógico que sei onde é minha sala,

é porque ontem saí com meu


marido, sabe...

bebo um pouquinho a mais e minha


memória funciona um pouquinho menos.

Maravilhoso. Maravilhoso.

Provocativo, năo é?
Sexy, sexy.

- Muito bom!
- Queria ouvir primeiro...

- a opiniăo do Cláudio.
- Minha?

É! Sua. Vocę criou a campanha.


Eu queria a sua opiniăo.

Bom, ela... ela é interessante,


porque mostra a mulher como...

a mulher assim...

- que é... vulgar, é.


- Bom, acho que isso encerra a questăo.

O Cláudio hoje está fazendo o


papel de advogado do diabo,

- essa campanha é importante pra ele.


- Trabalhou semanas nesse conceito.

Em qual conceito? No vulgar?

Tereza! Dá licença,
com licença, com licença.

- Tereza, espera, por favor.


- Vai desperdiçar mais meu tempo?

Homens. Homens. Eles... Nós temos


mania de achar que entendemos...
de mulher. Mas năo é fácil entender
o sentimento feminino...

- sem sentir esse sentimento feminino.


- Sabe que é a primeira coisa que...

- diz e que faz sentido?


- Porque, garanto a vocę...

eu entendo daquilo que


se passa na mente de uma mulher.

Tereza, por favor, me


dę mais uma chance.

Tá bem. Tem até sexta para


me apresentar uma nova campanha.

Sexta? Sexta, Tereza, justo


no dia da apresentaçăo do meu...

do... do coral... da minha mulher?

Pois é, gatinhas.

É, entăo... comigo, é um,


é dois, é tręs e vai...

Peraí gente, peraí, peraí... oooh!

Tia, a senhora esqueceu


de dar o tom.

É de propósito, năo é? Só pode ser.


Vocę quer destruir a agęncia e...

prejudicar a venda. Adiar a amostra


de uma campanha como essa?

Por causa do coralzinho.


Brinca comigo.

O coralzinho é mais importante para


mim do que a agęncia pra vocę.

- Pelo menos năo o coloquei ŕ venda.


- Pois muito bem. Se conseguir...

essa campanha até sexta, eu desisto


de vender a agęncia. Satisfeito?

Cláudio, se me permite, vou bloquear


as suas ligaçőes de hoje e năo...

vou deixar ninguém entrar aqui. Acho


que precisa dar uma relaxadinha.

Como é que eu dou


essa relaxadinha?

Bom, primeiro eu vou colocar


a sua música favorita...

Cibele, por favor vocę pode, assim,


me deixar um pouco sozinho...

só um pouquinho pra eu pensar,


pra eu pensar em...

- qual é essa minha música favorita?


- Depois mando preparar...

aquele chazinho
que vocę tanto gosta.

- Alô.
- Cláudio!

Me ajuda a tirar uma dúvida. Se eu


me jogar pela janela quem morre?

Sou eu ou vocę?

- Por favor.
- Vem cá, vem cá.

E aí, como foi lá com a Tereza?


O que ela achou?

- Boa tarde.
- Boa tarde, dona Helena.

O que ela achou da campanha?

- E para beber, o de sempre?


- O de sempre, o de sempre.

Antes de qualquer coisa me explique


como se faz xixi com isso...

- antes que eu faça nas calças.


- Năo tem mistério. Mira direito...

pra năo molhar o banheiro e depois


dá aquela balançadinha básica.

Mirar? Eu nunca fui boa


em tiro ao alvo, tá?

- Vai lá, vai lá, vai lá.


- Ai meu Deus, eu tô tăo apertada.

- O que é isso, senhor?


- Ah, desculpe.

Estou tăo apertada...


Como é que faz isso?

Gente, eu năo tô agüentando năo.


Eu năo tô agüentando.

Muito mais prático, realmente.


Muito mais prático. Assim, em pé.

É só fazer pontaria...

só pontaria.

Eu sabia que vocęs năo


lavavam as măos. Porco. Eu sabia.

Impressionante isso aqui,


Deus do céu!

Que é isso? Mijou


na minha calça de linho?

Fala baixo, que é isso? Ainda năo


peguei o jeito da balançadinha năo.

Tá bom. Pelo amor de Deus pode dizer


o que a Tereza achou da campanha?

Ainda bem que estamos trocados,


senăo acho que vocę ia me esganar.

O Ice Tea, D. Helena.


O Cowboy, Seu Cláudio.

- Obrigado.
- Com licença.

Obrigada, Paulo.

Fala, pode falar que


eu tô preparado.

A campanha era vulgar, Cláudio.

Foi isso que a Tereza te disse?

Năo. Foi isso que eu disse pra


Tereza. E ela estava odiando também.

Como é? Está querendo dizer que


jogou fora a campanha?

- Que botou tudo a perder?


- Mas ela deu prazo até sexta...

pra criar uma nova campanha, eu


ganhei também a confiança dela.

- Ah, vocę vai criar uma campanha?


- Bobinho, năo, vocę é que vai...
criar a nova campanha.
Vocę que vai ganhar a conta.

E o Marcos năo vai vender


mais a agęncia, pronto.

Eu acho que o saldo foi até que


bem positivo, năo foi?

Foi... pode dizer como vou criar uma


campanha se tenho que cuidar do coral?

Ah me conta. E o ensaio?
Ninguém desconfiou de nada?

Nada. Me comportei feito uma lady.

- E as crianças, elas cantaram bem?


- Bem... bem mal.

Que coisa chata, năo fala desse


jeito dos meus alunos, por favor.

E pára de beber assim se năo


vai arrebentar o meu fígado!

Vocę arrebenta a minha campanha


e eu fico a seco?

Grosso!

Năo dá pra continuar assim. Temos


que arranjar um jeito de destrocar.

Só se já inventaram
um transplante de corpos, né?

- Só perguntando pra minha médica.


- Helena! Năo combinamos que...

ninguém mais ia ficar sabendo disso?

Mas nela eu posso confiar. É


diferente. Ela é amiga de colégio!

- Ué? A Helena năo veio com vocę?


- O Cláudio tá estacionando o carro.

- Quem?
- O Cláudio...

o Cláudio, eu sou a Helena. Eu năo


ia procurar vocę pra falar...

uma coisa tăo séria se a gente năo


fosse amiga há mais de 30 anos.

Meu Deus do céu!


Mas isso é psicológico, Cláudio.

Isso năo existe.


Năo tem precedentes na história.

Se năo existe entăo como eu saberia


que vocę era apaixonada...

- pelo Dudu da terceira série?


- Dudu? Pra que a Helena foi...

desencravar uma estória


dessa pra te contar?

Assim como lembro da noite em que


vocę resolveu transar pela...

primeira vez com o Rogério. É, e eu


nunca me esqueci daquela festa,

em que vocę bebeu nove cubas libres,


lembra? Decidiu que gostava...

de mulher e se beijou com a irmă


do Rogério no banheiro, foi.

Mas eu vou matar a Helena!

Como é que eu posso te explicar?

Cris!
Eu sei que eu sou

Bonita e gostosa
E sei que vocę me olha e me quer

Eu sou uma fera de pele macia


Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu tenho veneno no doce da boca


Eu tenho demônio guardado no peito

Eu tenho uma faca


No brilho dos olhos

Eu vou fazer vocę ficar louco


Muito louco, muito louco

Dentro de mim

Lembra, lembra disso?

Bonito...

agora as moças já resolveram


o que nós vamos fazer?

Se isso pode acontecer,


Papai Noel existe.

Tudo normal.

A cromatina sexual
de vocęs tá certa,

o XX tá com ela
e o XY tá com vocę.

Os dois, seja lá quem for quem,


estăo ótimos de saúde.

E o que vocę acha


que a gente podia fazer?

Como médica, sinceramente,


eu năo sei.

- Meu Deus do céu.


- Mas, eu tava pensando...

- vocę năo tem curiosidade?


- Curiosidade?

É...

vocę năo tem curiosidade


de transar com uma mulher?

Năo, Cris, năo. Chega de confusăo


na minha vida. Cris, o que é isso?

Eu năo acredito que vai


perder essa oportunidade!

Aproveita que o teu marido


tá com aquele corpăo,

e leva ele pra um motel agora mesmo.


Já pensou, hein...

que loucura!

Ai, amanhă, se Deus quiser,


a gente vai acordar destrocado,

eu vou lá pra agęncia


criar essa campanha...

e vocę vai pro seu coral dar um


jeito naquela música...

- Amanhă é seu aniversário, Cláudio!


- É...

- A festa! Tem que desmarcar a festa.


- Mas é claro que năo!
O que eu vou dizer pro pessoal?
Sem falar no bufę...

O que é que foi?

- Psiu o quę?
- Fica quieta.

Cláudio, o que é que tá acontecendo?


Fala comigo.

Espera. O que que foi?

- Que susto, măe!


- Posso saber quem é esse indivíduo?

Mamăe, Cauę, Cauę, mamăe.

Achei que vocę ia chegar


mais tarde hoje.

A Sra pode me dizer o que faz


sozinha com esse moleque nessa sala?

Tipo assim, Bia, vocę năo falou


que a sua măe era relax?

Meu bem, calma,


năo precisa exagerar,

as crianças estăo vendo TV.


Que coisa, pronto!

- Entăo vocę que é o famoso Cauę.


- Aę!

- Que gracinha!
- Pai!

- Hein, filha?
- Acho melhor vocę ir embora, Cauę.

- Isso. Deixa que mamăe leva ele.


- Tipo, nem precisa, tia.

- Eu insisto.
- Já é.

Cauę!

Eu manjo a tua praia, viu, garoto?


A Bia ainda năo tem 15 anos,

entăo pensa direitinho onde tu


quer enfiar esse teu pauzinho,

porque senăo um dia tu perde ele!


Sacou?
Saquei! Saquei!

Vou começar uma novena para Nossa


Senhora da Misericórdia...

- pra acordarmos destrocados amanhă.


- Tá brincando?

Eu năo agüento isso nem mais um dia,


que dirá nove?!

Ai, se isso era pra ser um teste,

a gente já aprendeu
o que tinha que aprender.

Eu só espero que năo precise


de nota alta pra passar!

Funciona...

Cláudio?

De novo?

Parabéns pra vocę.

Parabéns pra vocę também. Afinal


de contas, as minhas rugas...

estăo em vocę, né?

Espera um pouquinho só.

Comprei pra vocę. Comprei mas...

Vamos ver se... Pára com isso.


Pô, năo vem com cócegas.

Cinqüentinha, vai ficar com


cinqüentinha. Vai ficar velhinho.

- Bonito sapato, aí.


- Gostou?

Gostei. Pois é, mas...


Năo dá pra usar, né?

Ainda mais nessa situaçăo,


năo ia ficar bem.

- É...
- Pra que isso, Helena?

- Olha que exagero.


- Năo vai deixar eu derrubar isso.

- Năo é exagero coisa nenhuma.


- Pra que tanto creme?
- Dá agonia ficar melecado assim.
- Vai ficar bem lisinha.

Toda mulher gosta.


Fica quietinha.

Só que ao contrário do
que possa parecer, năo sou mulher!

Mas está no corpo de uma. Continua


fazendo movimentos circulares.

- Năo vai deixar assim.


- Vai aprendendo, ué.

- Eu? Eu?
- Eu gosto de cuidar de mim, viu?

Que engraçado. Cláudio? O que vocę


acha de eu depilar minhas costas?

- Olha.
- Eu acho que era bom...

- parar de brincadeira, tá?


- Mas tô falando...

Acho bom vocę parar de brincadeira,


senăo vou me entupir de chocolate.

- Tá bom... vocę venceu...


- Tá?

Ui!

Cida! Que roupa é essa?

- Eu sabia que o senhor ia gostar.


- Cida, pelo amor de Deus...

a Helena năo pediu pra usar o


uniforme? Entăo faz isso logo,

que tem gente chegando.


Mas que coisa. Que teimosia!

- Oi, Ma... Vivian! Tudo bem?


- Parabéns pelo aniversário,

depois eu compro uma lembrancinha.


Onde é que tá a Helena?

Parece que esqueceu a măe,


abandonou,

năo atendeu mais os meus


telefonemas? Helena!
Vivian, ela năo está num dia bom
hoje. Se eu fosse a senhora, eu...

Ainda bem que vocę é vocę


e eu sou eu. Helena!

- Filhinha!
- Oi... mamăe.

- Oi, vó.
- Bia, vem dar um beijinho na vovó.

- Tchau, vó.
- Tchau.

Que mania que vocę tem, hein?


Chegar antes de todo mundo!

Devia dar graças a Deus por eu


ter vindo no aniversário...

desse mal educado.


Esse piano tá afinado?

Mal educada é vocę que só faz


grosserias com o meu marido,

um homem que me ama, que faz tudo


por mim, até mesmo aturar...

a sua presença desagradável


no aniversário dele!

Maria Helena, năo foi assim


que eu eduquei vocę!

Mas o que é aquilo? Como é que deixa


uma empregada andar desse jeito...

- minha filha? Que horror!


- Eu avisei...

Năo se esqueça. Quero todos bem


servidos aqui. Avise seus colegas.

Coisa linda do papai...

Cláudio. Vem cá. Eu tava pensando


a respeito da campanha.

- Amor, vou pegar uma bebidinha.


- Vai. Tava pensando na campanha.

Vocę tem razăo de olhar a


campanha por um lado mais feminino.

Mas năo exagera.


Cuidado com esse lado feminino.
Que é isso? Medo de
gostar do meu lado feminino?

Ei, sou espada. Se quiser


pedir referęncias pra Bárbara...

Deus me livre. Eu sou espada.

Agora, falando sério, essa história


de trabalhar em casa no meio...

- dessa crise...
- Me desculpe um minutinho, Marcos.

Aí, Marcos, aquela mulher ali tá


me dando mole. Vou seduzir, oh.

Já vi que vocęs se estranharam.

- Năo é da sua conta.


- Ah, desculpa. Esqueci que...

é muito difícil tentar


ser gentil com a senhora.

Pelo visto a sua esposa


chegou ŕ mesma conclusăo.

Nunca a minha filha me tratou


tăo mal em toda minha vida.

- Ela tá muito nervosa.


- A culpa é sua.

Deixa explicar. Ela tá nervosa


por um problema muito sério...

- na minha agęncia.
- Que bobagem andou fazendo?

Năo é bobagem. Deixa explicar.


Realmente é sério.

Um bębado na portaria do hotel,


bębado, parecia uma gambá.

Disse que queria uma mulher


de qualquer jeito,

mas tava bębado igual... Entăo as


vendas caíram vertiginosamente.

- Perderam a campanha em duas semanas.


- Tava contando aquela da...

mulher inflável, né?

- Tava...
- Conta que ela é boa mesmo.
- Essa piada é... conta.
- Entăo o sujeito, ele tava ali, né?

Peraí, Marcos. Vocę năo sabe


contar piada năo. Peraí.

Deixa que eu conto. Aí o bębado foi,


ligou lá para portaria.

Por favor, eu queria uma


mulher aí... e tal.

Vocę tava passando por


todos esses problemas...

e nem pensou em me pedir ajuda?

A senhora me odeia, esqueceu?

É que é tăo bom a gente


falar mal de genro.

Distrai a gente.

Tá bom, eu vou confessar:

É claro que eu preferia que vocę


tivesse freqüentado a Sorbonne,

mas no fundo, no fundo...

eu sempre gostei de vocę.

Mas năo conta nada


pra ninguém, viu?

Ela deu um peido, deu 3 cambalhotas


e saiu voando pela janela...

Bafômetro, né?

Conhece aquela da loira


que o pneu do carro furou?

- Aí ela saiu do carro...


- Essa é boa. Licença. Essa aí...

já conheço. Leva aí.

A loira saiu do carro


porque o pneu furou.

- Tá tudo bem por aqui, né?


- Fica um pouco aí com a tua măe.

Quę?

Por favor, fica um pouco


com a sua măe. Por favor.

Sabe que eu odeio o teu marido,


mas tenho que admitir que...

ele está parecendo até outra pessoa.

- Eu imagino.
- Juliana Paes, sem dúvida.

Năo. Vocę tá de brincadeira. Gisele


Bundchen, mas năo tem comparaçăo.

Magra. Magra. Eu gosto é de carne.


Luma de Oliveira.

- Bom, bom.
- Uma coisa depende da outra, né?

Pra que é que serve assim a


quantidade sem a qualidade?

Estăo falando de quę,


de homem ou de supermercado?

Taí, eu concordo com a Debora. Eu


e o Marcos năo transamos há meses.

Sabe um copo d'água?


Muito mais interessante.

É verdade, o Cláudio tem razăo!


Chega de papo bobo.

Vamos falar de mulher de verdade,


que conhecemos. Do nosso ciclo ali.

Já viram aquela novinha


da contabilidade?

- Que é isso, gente, que é isso!


- Lá dentro, boa mesmo é a Cibele.

- Ela é a melhor, eu voto na Cibele.


- Peraí, essa daí...

- o Cláudio pegou só pra ele.


- Cachorrăo!

Malandro.

Danadinho...

Helena, e o Cláudio? Ele assim,


tá mais pra um copo d'água...

- ou mais pra vodka com tequila?


- O Cláudio?
Lh, bota tequila nisso,
minha filha.

Se bem que ele, ŕs vezes,


ele é um pouco egoísta.

Lh, egoísmo em homem năo é defeito.


É acessório de fábrica, vem junto, né?

Gente, sabe que estou na dúvida se


resisto a mais um docinho...

- ou se marco outra lipo?


- Ok. Quem sabe essa?

Como se faz pra entreter


uma mulher por muito tempo?

- Năo sei. Vai, fala. Conta.


- É só escrever num papel,

na frente e atrás "vire."

Adoro essa...

"vire". Entendeu?
"Vire".

Boa demais essa.

Marcos, vocę reparou que o Cláudio


tá com uma coisa feminina...

assim, diferente?

É a Helena. Já percebeu que depois


de um certo tempo todos os casais...

ficam um pouco assim parecidos?

Năo, eu só tô falando assim


do lado feminino, sabe?

Eu acho, eu acho bacana essa


coisa feminina no homem, né?

A Helena é que deve


estar adorando...

O bolo, o bolo, rápido.

Belíssimo! Belíssimo!

Ôtima! A água tá ótima.

Olha o bolo, gente!


Parabéns, parabéns, parabéns.

Parabéns pra vocę


Nesta data querida

Muitas felicidades
Muitos anos de vida

Obrigado.

Parabéns.

Vamos nós dois soprar, hein?

Eu nem acredito que ninguém


desconfiou de nada.

Olha, pelo menos tem uma coisa


boa nessa história toda.

Eu nunca fui tăo seguro


da minha sexualidade.

É?

Isso é engraçado, né?


Se a gente ama uma pessoa,

a gente ama essa pessoa


por dentro e por fora.

Mais doido ainda,


mais doido ainda é que...

portanto eu amo outra mulher, e tô


amando entăo o meu próprio corpo,

como se fosse outro.

Lh, vem com essa história


pra cima de mim năo.

Eu nunca gostei de corpo de macho.

Cláudio, aproveita que vocę tá no


meu corpo e vę como ele funciona.

Vai, tá vendo, essa camisola


ela é confortável, me emagrece,

e vocę sempre achou ela linda.

Veste!

Até que năo é mal, viu?

Ai que saudade.

O que é que a gente


vai fazer amanhă?

Eu tava pensando sobre isso. Eu acho


que primeiro tem que ir na escola...

trabalhar o coral, e depois juntos


a gente vai trabalhar na campanha.

- Juntos?
- Juntos, claro.

Agora nós estamos juntos nisso.

Năo, isso năo. Eu năo consigo.


Eu năo consigo, Cláudio.

Calma, Helena. Calma, olha só.


Vamos esquecer o "por fora"...

tá bom? E pensar só
no "por dentro". Tá?

Mas eu tenho que estar relaxada,


tenho que estar relaxada...

Eu năo entendo como é que vocę


consegue pensar nisto,

a gente tendo esse problema,


numa situaçăo desta?

Isso é uma experięncia única. É


como a Terra vista da Lua, meu amor!

Cláudio, por favor. Me escuta.


Eu năo consigo assim.

Quietinha. Relaxa.

Por favor, quer me esc... Cláudio,


assim vocę tá me sufocando.

- Por favor. Eu tô com dor de cabeça.


- Helena!

Gente, eu tô com dor


de cabeça, Cláudio.

Como é que vocę


consegue pensar nisso...

- Merda!
- Olha o palavrăo, hein!

Vim ajudar.

E desde quando vocę trabalha


na criaçăo, Marcos?

Desde que seu marido começou a


esculhambar as nossas campanhas...
- na frente dos nossos clientes.
- Marcos, prefiro trabalhar sozinho.

- O tempo é curto.
- Por isso mesmo.

Meu Deus. Vocę vai indo lá pro coral


e vamos nos falando por celular.

- E se năo der certo?


- Quer que eu perca o primeiro horário?

Calma, filha,
a gente já tá indo, calma.

Desde quando deixa a Helena


dirigir seu brinquedinho?

Deixa ela brincar.


Vamos, vamos trabalhar, Marcos.

Entăo?
O que vocę tem pra me mostrar aí?

Marcos, me dá licença um minutinho


só, por favor. Cida! Cida!

Ahn, que é que foi agora,


Seu Cláudio?

Cida, vocę está ficando


completamente relapsa.

Aquela estante do escritório


tá uma poeira só.

E outra coisa que eu queria


te mostrar. Vem cá.

Já te pedi, pelo amor de Deus. O


elefantinho da Índia tem que...

ficar com o rabo virado


para noroeste.

Desde quando o senhor


liga pra essas coisas?

Quer que a gente tenha azar?


É isso? Vocę quer?

- Homem dentro de casa é um inferno.


- Cida.

Eu sei exatamente o que


está acontecendo aqui.

- Como?
- Vocęs năo me enganam, năo.
Tá pensando o quę,
que eu sou algum idiota?

Desde aquele dia na agęncia eu tô


com a pulga atrás da orelha,

mas depois dessa festa de ontem, já


sei exatamente o que está acontecendo.

- Por favor, vocę tá falando o quę?


- Năo se faz de desentendido, Cláudio.

Tô dizendo que nem vocę nem a Helena


estăo se comportando como deveriam.

E eu sei o porquę.

- Sabe?
- Sei.

Ah, entăo explica pra mim,


nós estamos tăo confusos...

Os dois năo querem que eu venda a


agęncia e estăo se comportando...

assim pra que todos


fiquem com pena de vocęs.

Impressionante. Realmente năo dá


pra esconder nada de vocę.

Nossa... danado, hein?

...e vocę nem pra avisar a tragédia


que está acontecendo na agęncia.

Năo deu tempo, mamăe. Amanhă...


é que é a apresentaçăo do coral e...

Acho que vocę devia


esquecer um pouco esse coral...

e prestar mais atençăo no seu


marido que por sinal tem...

um coraçăo de ouro, principalmente


agora que ele está precisando...

tanto de vocę. Aliás, eu estava


pensando numa forma de ajudar também.

Năo. Năo precisa năo. Deixa que o


Cláudio sabe resolver...

- os problemas dele sozinho.


- Onde vocę está, meu amor?
Na merda, mamăe!

Mas tem uma coisa muito importante


que vocę tem que saber:

Que tipo de abordagem vamos


seguir. Disso depende...

Marcos, por favor me dá um minutinho


só de paz pra eu poder pensar.

Vocę só faz pergunta, Marcos.


Por favor, eu preciso pensar.

Criaçăo é isso. Me dá só um
minutinho. Por favor, Marcos,

por favor, é rápido.


Um minutinho só.

Meu Deus do céu.

Miou, miou, miou.

- Oi, amado.
- Que bom que vocę ligou.

- Cláudio...
- O que é mezzo soprano?

O Marcos tá me pressionando,
eu năo sei mais o que eu faço.

Năo tá com o fone? Tudo que ele


perguntar, vocę repete em voz alta.

- Eu te respondo. Ele năo vai notar.


- Marcos, olha...

tem que agregar o valor do conforto


e da sensualidade,

mas o que pode diferenciar


mesmo a marca...

é se tratar a mulher
como gente que pensa...

- E mídia impressa? Como vai ser?


- Mídia impressa. Como vai ser?

Mídia impressa.
Tô febril, vocę sabe...

Ah, claro! Jornal.


Usar o jornal.

As pessoas acham que mulher năo lę


jornal, só revista. Meia página.
Ai meu Deus, năo sei quem está pior,
se é vocę aí com o Marcos...

- ou eu com essas meninas aqui.


- Eu, com certeza.

- Vocę o quę?
- Eu. Marcos... eu com certeza...

também sou público


para esse produto.

- Mas vocę năo é mulher.


- Claro que năo. Tá pensando que...

sou o quę? Tô falando como consumidor.


Eu sou também consumidor.

Um homem que compra esse produto


para presentear a minha mulher.

- Boa, meu amor. É isso aí.


- É uma coisa que... pensa.

Me responde uma coisa: Por que tem


uma gordinha na primeira fila...

- que năo pára de bocejar, hein?


- Vocę pode fazer o seguinte...

- Alô...
- Ô Cláudio.

Ficou sem bateria.

Anúncio em jornal pra público


alvo feminino? Năo sei năo.

Bota uma gostosa de calcinha e sutiă


que mulher quer é se sentir assim!

Marcos, já passou por sua cabeça que


elas queiram se sentir um pouco...

- mais autęnticas?
- Sensibilidade, né?

Vocę tá mais sensível. Tô achando que


mais umas horinhas extras com...

a Dona Cibele e vocę sai de lá


entendendo tudo de calcinha e sutiă.

Chega. Já que eu năo posso me livrar


de vocę aqui, vamos pra agęncia.

Que absurdo!
Tudo bem. Já vou praí. Tá. Tchau.
Cláudio, pintou um compromisso.

É melhor vocę ir pra agęncia


com seu carro. Vou depois.

Ah, já tinha marcado uma hora


extra com alguém antes?

Pára.

Năo tá legal.

Sabe? Tá muito triste.

Tive pensando um negócio.

Cláudio, seu horóscopo de hoje diz


que o seu dia vai ser ótimo...

Vem comigo. O Marcos já ligou me


avisando que vocę queria todos...

reunidos da equipe de criaçăo


lá na sala de reuniőes.

Estăo te esperando. Mas a sala


de reuniăo é pro outro lado.

Eu sei, eu sei. Eu queria que


vocę me tirasse uma dúvida.

- Sim.
- Vem comigo, por favor.

Entăo...

Entăo?

Entăo... é que é assim...

Como é que eu posso dizer?


Alguma vez a gente já...

- A gente já?
- Assim.

Hein?

Dá licença.

Desculpa, mas...

Desculpa. Depois desse tempo todo?


Năo tô entendendo vocę.

Năo, tudo bem, se é pra fantasia


de cliente, tá tudo certo. Agora,
todo mundo sabe o quanto
vocę é apaixonado pela Helena.

- Sou?
- Năo vem com gracinha pra cima...

- de mim năo, Cláudio.


- Năo, năo.

Todo mundo sabe que vocę é.

Helena... Vocę sabe uma coisa?


Olha, vocę năo pode ter idéia.

Cibele, vocę é a melhor


secretária do mundo.

Ok. É isso aí, gatinhas.

Que é isso? Que alegria é essa?


Parece uma festa de aniversário.

Sem contar que vocę ainda


năo decidiu qual...

Fiquem frias, tá? Vai ter samba


pras duas, tá bom?

- Samba? Năo, Helena, acho que...


- Năo. Deixa eu falar um negócio.

Eu adoraria, queridas, ficar aqui


conversando com vocęs,

levando esse lero, mas acontece


que eu estou com umas cólicas...

esquisitíssimas, tá?
Entăo dá licença.

Lh, tá naqueles dias.

E foi por isso que eu pensei


em investir nesse conceito.

O que vocęs acham?


Mas eu quero saber de verdade.

Năo queiram me agradar, tá?


A verdade.

- Olha só...
- O Departamento de...

Eu acho que vocę nunca conseguiu ir


tăo fundo no seu público-alvo, viu?

Que bom.
Parece até que vocę recebeu
uma pomba gira!

Pomba gira!

Dá licença. Cláudio, D. Helena


no telefone, linha 2.

- Diz que é urgente.


- Dá licença, gente. Obrigada. Dois.

Helena?

Diga.

Vocę o quę?

Pô, Helena, pára de rir!


O negócio aqui tá sério.

Calma, calma.
Vocę vai fazer o seguinte.

Antes de mais nada:


Já lavou as măos?

- Já lavei.
- Isso é muito importante.

Entăo... vocę vai pegar, sabe


aquele meu estojinho rosa?

Bom, tem um estojinho rosa aí dentro


da bolsa. Vocę vai pegar um O.B.

Isso. Pegou? Pronto. Agora vocę


arranca o plástico que tem...

no meio dele. É, assim... arranca,


dá a volta, pronto.

Tira. Aí, vocę pega o plástico


de baixo, assim...

retira e vai encontrar um


cordăozinho azul, é um cordăozinho.

Dá uma giradinha assim nele... Isso!

É pra... agora segura nele,


tira o outro plástico, tá bom?

- E... entendeu... Coloca!


- Ah tá, tá legal.

Entăo vou desligar que năo consigo


fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Ai, cada uma!


Ah, ela sofre muito
com a menstruaçăo.

Chamou, D. Helena?

Ô Cida, traz pra mim um saco de água


quente e uns analgésicos, por favor.

Tome tento, Dona Helena! Tem isso


todo męs e ainda năo se acostumou?

Aproveita e traz umas


pedrinhas de gelo também, tá?

- Por quę? Vai misturar?


- Eu vou colocar no meu uísque.

Uma se desfazendo de dor feito


geléia, o outro me dando pito...

por causa de rabo de elefantinho,


já năo sei mais quem toma café...

nem quem come mamăo...

Tadinho. Tá dodói, querido? Tá?

Olha, eu năo tinha idéia de que essa


minha cara irônica era tăo irritante.

- Vocę sabia que eu tô sofrendo?


- Eu năo tô fazendo ironia năo.

É que tô tăo acostumada que tô


achando engraçado vocę...

- fazendo esse drama todo.


- Drama? Năo sou de fazer drama.

Acha que năo agüento dor? Agüento.


Se quiser, dá um soco e...

- vai ver que agüento dor.


- Năo vou fazer nada disso...

acredito em vocę. Vou pegar um


remedizionho tradicional...

que isso vai passar. Calma.

...os discos-voadores em geral


emitem campos magnéticos...

- muito fortes...
- Helena?

...a circulaçăo de elétrons e


causar fenômenos...
aparentemente inexplicáveis como
abduçăo, projeçőes cósmicas...

e experięncias de indivíduos que


saíram dos seus corpos...

- Acha que a gente é maluco, né?


- Vocę acredita na gente?

Calma, Helena. Helena, năo?

Olha, no momento em que vocęs


entraram por aquela porta eu...

percebi que as duas auras


estavam trocadas.

- É mesmo?
- Uma vez que os corpos materiais...

de vocęs săo apenas terminais


energéticos, sabe o que aconteceu?

Troca de sinais magnéticos,

provavelmente causados por


trajetórias helicoidais...

das anti-matérias de induçăo.


Fui claro?

Tenho uma pergunta: Vai dá pra


destrocar ou eu vou ficar...

- menstruando todo męs?


- Vou precisar de um minutinho só...

- que eu vou perguntar ao cosmos...


- É.

- Oh Cosmo.
- Onde?

- Brincadeira. Brincadeira.
- Ah, que coisa.

Eu vou perguntar.

Dá pra destrocar.

Dá pra destrocar.
É só desinverter a freqüęncia.

E como se faz para


se desinverter isso?

- Hă?
- Desinverter?
Eu sou o caminho
e o universo é a resposta.

Communication...

Communication...

Tá sentindo alguma coisa?

Communication...

Communication.

Communication... Communication.

- Năo balança, por favor. Quieto!


- Eu năo agüento mais!

Batom, calcinha, OB, cólica, sutiă,


salto alto. Sutiă me aperta.

E vocę acha o quę? Que eu gosto


de fazer xixi em pé?

Mas é muito difícil ser mulher.


Eu năo tô preparado pra isso.

Năo nasci pra isso. Eu năo sei


o que mais falta inventar.

Por favor! Ainda năo viu nada. Quer


ficar quieto? Quieto! Que coisa...

desagradável. Ai meu Deus.


Hoje é a apresentaçăo do meu coral,

e eu tenho que estar linda.

Vem vindo a Tereza aí.


Tereza em açăo. Presta atençăo.

- Como vai?
- Tudo bem. Obrigado. E vocę?

- Tudo bem.
- Helena. Minha esposa.

- Como vai?
- Se incomodaria de ela assistir...

- ŕ nossa campanha?
- Sem problema.

Helena, pensei em providenciar com


D. Cibele um cafezinho, umas...

revistas enquanto espera o


Cláudio na recepçăo.
De jeito nenhum. Eu faço questăo
da presença dela hoje.

Năo é uma campanha feminista?


A esposa do criador...

- tem que aprovar.


- Vamos lá, meu bem.

Bem, mostraremos dois, mil, milhőes


de lados que existem em cada mulher.

- E bota lado nisso.


- Năo é?

Porque as mulheres sempre


foram muito mais habilidosas...

do que os homens principalmente na


hora de dar importância ao detalhe,

de demonstrar afeto, de transpirar


cuidado, de transbordar carinho.

Quer dizer, competir com homens no


mercado de trabalho năo enrijeceu...

- o coraçăo da mulher.
- Isso, exatamente.

Muito obrigado, meu bem.


É isso mesmo.

Mesmo porque, por mais que as


mulheres se tornem independentes...

por mais que isso aconteça,


elas sempre terăo essa...

sensibilidade feminina.
Năo é mesmo, Tereza? Sempre.

- Quero, posso, mando.


- E continua mulher.

Por favor.

"Carinho só e quando quero.


Isso é ser mulher."

- O que vocę achou?


- O que vocę achou, Cláudio?

Eu acho que captura perfeitamente


a alma feminina.

E vocę, Helena? O que acha?


Eu acho que a campanha tá muito
simples e muito objetiva.

Mas eles săo suspeitos. É claro


que văo achar tudo o máximo.

- O importante é o que vocę achou.


- Achei que ele está errado.

Năo captura a alma feminina. Vai


mais além. Entende o homem que...

há em toda mulher, e a mulher que


existe no homem. Meus parabéns.

A conta é de vocęs.

Olha, muito obrigado. Mesmo.

- Amor... o coral!
- Vamos! Vamos...

Desculpe, Tereza, mas ela tem um


coral. Preciso... com licença.

Obrigado. Já vou, meu bem.

- Tá em cima da hora.
- Cláudio! Aonde vocę pensa que vai?

Nós precisamos ter uma conversinha.

Mas...

Meu bem, vai indo na frente. Eu me


encontro com vocę lá. Por favor.

Rápido. Que tenho o coralzinho


da minha mulher.

Bom, Cláudio. Na verdade é... eu


vendi a agęncia. Ontem ŕ tarde.

E o nosso trato?
Se eu ganhasse essa conta,

năo disse que desistiria


de vender a agęncia?

Desisti... de vender
pros paulistas, Cláudio.

Apareceu outra compradora


interessada, Cláudio...

negócio é negócio,
vocę sabe disso.

Moleque! Amanhă eu pego


as minhas coisas.

Dá licença. Dá licença.

- Oi, padre.
- Em cima da hora, né?

Vamos lá, gatinhas. Arrasem


hein? Arrasem! Arrasem!

E agora com vocęs o Coral das


princesas do Colégio Săo José.

O coral vai apresentar a nona de


Beethoven sob a direçăo da...

professora Helena.

Bom, comigo entăo!


É um, é dois, é tręs e...

Olha, nunca pensei que vocę desse


uma ótima professora...

de coral de criancinhas.

Eu também năo imaginava que vocę,


além de bom motorista,

também fosse criativo.

Ah bom. Mas olha aqui, também năo


é tăo difícil ser criativa,

quando a gente tem principalmente


uma sensibilidade feminina.

Bem, reger coral também năo é


assim também difícil,

se vocę for um cara criativo, né?

Vem cá, vocę está me chamando


de quadrada, hein?

- Vocę năo me chamou de insensível?


- Disse que a mulher tem mais...

sensibilidade de que o homem.


Năo é?

- Homem é mais forte, Helena.


- Depende do que chama de "força".

Eu estou falando de músculos.

Só que vocę se esqueceu que os seus


músculos agora estăo comigo, hein?
Na verdade, só músculos
năo querem dizer nada.

- O importante é saber usá-los.


- Ah é?

E o que é que me diz disso


aqui assim. Que tal?!

Cadę sua força, que eu te peguei


agora? Quero ver sair daqui.

Como é que faz. Quero ver.

Cláudio, que é isso? Que é isso?

Droga. Logo hoje que é sábado e


eu podia dormir até mais tarde,

- fui inventar de ter insônia.


- Sabe o nome dessa insônia?

Paixăo.

Cláudio...

Cláudio, Cláudio, Cláudio.


Acorda, olha, olha.

- Olha o quę?
- Olha aqui. Olha aqui.

Que é que tem?

Ai meu Deus, ai meu Deus.


Graças a Deus.

- Que barulho é esse, meu Pai Eterno?


- Olha, se eles continuarem...

enlouquecendo assim, um dia teremos


que internar os dois num hospício!

- Bom dia, meu amor! Bom dia, Cida.


- Bom dia, bom dia. Bom dia é pouco.

Nunca vi um dia tăo ótimo, filhinha.

Que animaçăo! Acho que năo fui


só eu que năo dormi hoje.

Essa danada da paixăo,


quando cisma de aparecer,

vai logo tomando conta de todo


mundo. Fica tudo arretado!

Năo é que o Eucrides essa noite,


depois de anos,
também achou de comparecer?

Louca!
Vocęs querem me deixar louca!

Ué...

trabalhando sábado?
Fazendo hora extra pro Marcos?

Perdendo meu sábado. Podia tá na


praia. Jogando futevôlei...

pegando mulher. Tô aqui. Reuniăo pra


conhecer a nova sócia da agęncia...

É mesmo? Sócia? Bom pra vocęs. Essa


agęncia dá sorte com mulheres.

Notou que só nos encontramos


nos eventos dos maridos?

- É verdade.
- Bom dia.

Cibele, bom dia!

Vocę pode nos ajudar a


recolher as coisas do Cláudio?

Será a coisa mais chata que


já fiz pra ele até hoje.

- Ah, Cibele.
- Com licença.

- Vai lá. Obrigado.


- Cláudio, sem ressentimentos.

- Tentei explicar, vocę năo deixou.


- Sem ressentimento. Toca aqui.

Rapaz, quero que vocę seja muito


feliz, viu? E vocę também, Bárbara.

Eles serăo muito felizes, Cláudio.


Foram feitos um para o outro...

Ah, filhinha, ainda bem


que vocę está aqui.

Liguei mil vezes e sempre


dava fora de área.

Mamăe. Eu estou fora de área.

Eu só quero entender o que


vocę está fazendo aqui.
Senhores, apresento
Vivian M. Albuquerque...

a nova sócia da empresa.


Ela comprou a minha parte.

- O quę?
- O quę?

Eu acredito no talento
do Cláudio, querida.

Quem disse que felicidade


năo se compra...

é porque năo sabe


o endereço da loja.

Mas que lugar lindo, aprazível.


Que maravilha! Pena năo poder...

- trabalhar aqui.
- Vamos embora. Marquei com o...

decorador e ele vem de Săo Paulo.

- E tenho que passar no salăo.


- Me preocupo com assunto sério...

- e vem com essa de salăo, decorador!


- Eu năo penso em frescura.

Năo é fácil dar conta da casa


e da família!

E é fácil dar conta da casa, da


família e do dinheiro que vocę gasta?

Vocę só pensa em vocę. O problema


é esse. Se eu fosse vocę...

O quę?

Outra vez?

Mulher e homem săo


dois bichos estranhos.

Vęnus e Marte.
Dois planetas diferentes.

É difícil viver com aquela pessoa,


mas, ao mesmo tempo, impossível...

- viver sem ela.


- O que é isso?! Olha a direçăo...

pelo amor de Deus. Mas isso é um


problema que nunca será resolvido...

Até porque năo é um problema


que tenha soluçăo.

Porque na verdade năo é


nem mesmo um problema...

É a vida!!!!!

- Opa!
- Năo começa, hein?

- Tá de bom tamanho.
- Ah, Leninha, Leninha...

eu năo te contei, Leninha...


Espera aí.

Eu tô lembrando da festa.
Eu vou contar.

- O que houve na festa? Fala.


- Coisa mais ridícula.

- Fala.
- Peraí.

- Que mania de fazer isso.


- É que eu tô lembrando...

- o resto que rolou,


o que papeou.

- Fala, fala.

A Bárbara, me contou...

E contou para quem


quisesse ouvir...

Que há meses.

O Marcos năo comparece.


Ela tá ali oh...

Seca, seca.

Eu logo vi.
Aquele fogo todo.

- Reparei que tá
tomando "Bola"...

- Vocę tá de brincadeira...

- É mesmo? Por quę?


- Insatisfeita.
- Neura de emagrecer.
- É chato...

rir disso, mas é que é


doido, é. Cheia de pose...

E a Carmélia, lembra?
Como o que é que tem?

Vocę năo percebeu?

A operaçăo da
Carmélia?

Aquilo ficou um horror,


numa boa...

- Mas năo é a única.


- Năo é. Mas é que...

Tinha uma hora que eu năo


entendia nada o que ela falava.

A da cara ficou muito ruim.


Mas também tem a do corpo.

É aquele papo.
Escuta vocę...

Ela virou pra mim


achando que ela...

Tava tudo hummm.


Vocę tá rindo, é?!

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