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1 INTRODUÇÃO
Referente ao ensino de Língua Portuguesa (doravante LP), a gramática foi,
durante muito tempo, e em alguns contextos ainda é, preocupação quase que exclusiva
dos professores. Dessa forma, muitos pesquisadores começaram a dedicar seus estudos
em busca de um novo olhar para o ensino/aprendizagem de LP, dentre eles: Geraldi
(1984), Travaglia (2002); Antunes (2003); Mendonça (2006).
Em meados da década de 70 e início de 80 já se divulgava um novo caminho
para o trabalho com a língua, dentro de uma concepção de linguagem interacionista.
Nessa concepção, as regras gramaticais deixam de ser o foco do ensino, e abre-se
espaço para o trabalho com oralidade, escrita e leitura, numa perspectiva dialógica.
Alguns documentos oficiais também defendem um ensino voltado para essa
concepção de linguagem. Entre eles, o Currículo Básico para a Escola Pública do
Estado do Paraná (SEED, 1990), os Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1998), as
CONCLUSÃO
Ao contrário dos futuros docentes, os professores/participantes do Grupo de
Estudos não se queixam, no questionário, de dificuldades em abordar um ensino
integrado às práticas discursivas. Entretanto, não foram claros nas justificativas
referentes à concepção de ensino. A concepção que o professor traz consigo, consciente
ou inconsciente, reflete na sua prática em sala de aula. Apesar da maioria dizer que
segue uma concepção interacionista de linguagem, ressalta-se que, na primeira reunião
do Grupo de Estudos, ao ler um texto do Faraco – “Dialogismo como chave de uma
antropologia filosófica” – apenas três professores afirmaram conhecer o teórico russo
Bakthin. Também através das falas, os professores demonstram ao contrário dos
resultados do questionário: “Formei em 73, tenho muita dificuldade, sou da época
tradicionalista” (professor 1); “Não fomos preparados para as leituras de Bakthin, por
isso temos dificuldades” (professor 2).
Apesar de demonstrarem dificuldades no como agir na sala de aula, acredita ser
necessário mudar o modo de se ensinar Língua Portuguesa: “Se eu vou ensinar Língua
Portuguesa como eu aprendi, ele (aluno) não vai se interar, se envolver” (professor 2).
Para finalizar, retoma-se às reflexões de Antunes (2003, p. 39) “Toda atividade
pedagógica de ensino do português tem subjacente, de forma explícita ou apenas
intuitiva, uma determinada concepção de língua.” O Grupo de Estudos colabora para
que o professor reflita sobre a sua própria prática, visto que é através da reflexão que
surge um olhar diferente para as novas propostas pedagógicas. Acredita-se que tanto nos
REFERÊNCIAS
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