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A IMAGEM DA CIDADE Kevin Lynch ‘Tradugdo Jefferson Luiz Camargo CARTIUW 4. PAG, 104-425. i wmnfmartinsfontes Sho PAULO 2011 {00 AIMAGEM DA CIDADE aque 0 hospital fica no South End, ¢ que este fica no eo de Fe nosprois, localizar o North End em Boston, e dentro do Toads igreja, Essa espécie de imagem pode ser chamada de “hierérquica”. Pana outros, a imagem se formava de um modo mais dindini- co, carn as pares interligadas por uma sequéneia temporal (mes ses ue o tempo fosse breve) © imaginadas como se visas At, a edmera de cinema, Estava mais esteitaments Tigade SS.Seiencia conereta de deslocamento a0 longo da cidade A rderiamos. chamar “organizagéo continua” empretando gagies flexiveis em vez de hierarquias estiticas enpase nisso, pode-se inferir que as imagens de mai Jo aquelas que mais se aproximam de um forte campo aauidas ¢ vivas; que recorrem a todos os tipos de {qe podem ser agrupadas tanto hierérquica quatvo secpnforme a ocasifo exigit. Podemos, sem divi tal imagem é rara ou impossivel, que existem for tal imagen” arais que no podem transcender suas capacidades sot Nesse cas0, & preciso equipar um ambiente com oP? | apropriado, ou configuré-o de diferentes manciras, ts capaizes de atender 88 necessidades dos individuos que ipos indivi- CAPITULO 4 A FORMA DA CIDADE ‘Temos a oportunidade de a dade de transformar 0 nosso novo muni ‘bano numa paisagem passivel de imaginal wate oe. Tete ela so val evi ume nova atu dor cade una reformulasodo meinem ge ove As , por sua vez, deverBo ser agradaveis ao olh nizar-se nos diferentes uiveis no temy nee eno Como simtnos da i urbana O presen esse apreents a izumas sugesties a esse respeito aa sot ine tei oe ns ncreemoy a ob sma pintura ou uma drvore, ém uma finelidade tice. e polivalente, um espago com muitas fu 7 ingdes, erguido sms num pecodo de tempo relativamen geo Ace tna entplet eo eelaganenta define sa impro- sondern A form deve od gum mode decom sis iptavel aos objetivos e as percepgdes de seus Existem, ore algumas fungdes fundamentais, que as for- sm. expressar: circulagao, us0s senso comunitério podem coneretizar-se. Acima de tudo, se RT Pe 34 ‘FORMA DA CIDADE 108 102 A IMAGEM DA CADE « ambiente for visivelmente organizado e nitidamente identifiea- ap eidadao poderi impregné-lo de seus proprios significados t relagdes, Enido se tornard um verdadeiro lugar, notivel ¢ in- confundi : Para eitarmes um tinico exemplo, Florenga € uma cidade do- tads ie uma poderosa personalidade, um lugar extremamente apreciado por todos que 0 conhecem. Anda qu, momento, muifs etranbos conidram-na fou figo fem como negar sua intensidade especial. Viv bionte, scjam quais forem os problemas econémicos ou sociais Sieg, parece acrescentar uma profundidade adicional & a seja ela de prazer, de melancolia ou de integracio. dente que a cidade tem uma historia econémica, cultural ¢ politica de enormes proporg®es © qe 0s i passado explicam grande parte das inconfund bojo de colinas ao longo do rio A\ as colinas ¢ a cidade sio quase sempre inter campo aberto penetra quase até 0 coragio da cendo um nitido contraste, e, de uma das padas, um terrago oferece uma vista “aérea” do centro da cidade. No norte, pequenos povoados no, dependuram-se visi de orientagio visivel em qualquer parte da cidade © de m quilometros para além dela. Essa cipula é 0 simbolo de Florenca. O centro da cidade tem caracteristicas regionais de uma forga, quase opressiva: ruas exiremamente estreitas e com calgamento de pedras; altos edificios de estuque e pedra, de cor cinzento- -amarelada, com venezianas, grades de ferro e entradas que lem- bram cavernas, encimadas pelos caracteristicos beirais lorenti- ‘Nessa rea existem muitos ponios nodais fortes, cujas formas distintas sfo reforgadas por seu uso especial ou seu tipo de usti- rio, A drea central est cheia de marcos, cada qual com seu nome 1a historia, O rio Amo atravessa esse cenério urbano ¢ liga-o gem mais ampla, ‘As pessoas desenvolveram ligagdes muito fortes com essas, mas claras e diferenciadas, tanto em decorréncia do passado tal harmonia das partes. O ambi te da vida dos habitantes. A cidade na , mesmo no sentido restrito da imaginabi su sucesso visual se deve apenas a essa qua- ide. Mas parece haver um prazer simples e automatico, um nto de satisfac, presenca e certeza, que decorre da sim- contemplacéo da cidade ou da possibilidade de caminhar 34 ore ita dot Pe 3p 91 104 4 waceM DA COADE partes de cidades imaginaveis existem em grande mimero, mas talvez nfo existam mais de vinte ou trinta cidades no mundo que apresentem uma imagem de tamanha forga e consisténcia, Ainda jenhuma delas abrangeria uma area de mais do que al- guns quilémetros quadrados. Embora a metrépole tenha deixado de ser um fendmeno raro, nao hi no mundo uma érea metropoli- tana com algum atributo visual forte, com alguma estrutura evi- dente, Todas as cidades famosas sofrem do mesmo crescimento sem fisionomia em sua periferia. Assim, pode-se perfeitamente per, (ou mesmo uma cidade menor) consistente reciso argumentar, em grande parte, com base ém suposigdes € projesdes de acontecimentos passades. O ho- ‘mem jé ampliou sua capacidade de percepco em outras épocas, sempte que se viu diante de um novo desafio, e nada nos autor 7a.a pensar que isso nio possa voltar a acontecer. Além do mais, existem sequéncias de autoestradas que apontam para a possibi- Tidade dessa nova organizagio em grande escala, ‘Também é possivel citar exemplos de formas visiveis, nessa de maiores dimensdes, que no so exemplos urbanos, A ia das pessoas consegue lembrar-se de algumas paisagens fas que tm essa diferenciagao, essa estrutura ¢ essa forma = trigo, azeitonas; uvas -, cada qual distingui formas especificas. Cada dobra do terreno reflete a configuracio dos campos, plantagdes ¢ estradas; cada pequena colina é enc ‘mada por uma cidadezinha, igreja ou torre, de tal modo que as pessoas podem dizer: “Esta aqui & a minha cidade, e ali esti aquela outra.” Levados pela estutura geol6gica das caracteristi ‘cas naturais, os homens chegaram a um ajuste delicado e visivel a ioneeeennnnetiabiaaiaiaiaih sameness ‘A FORA D4 CIDADE 105 de suas agdes. O todo é uma sé paisagem, ¢ no entanto cada par- te pode ser distinguida daquela com a qual confina, ‘Sandwich, em New Hampshire, poderia ser vista como mais thas Brancas descem para as aguas dos rios Merrimac ¢ Piscataqua. O paredio eoberto de mato da montanha contrasta agudamente com o campo abai, X0, nio totalmente cultivado. Ao sul, as Montanhes cam isoladas em sua eondigdo de as. Varios picos, como 0 Choc onfundivel. O efeito & mais forte Planos na base das montanhas, totalmen Sensagdo estranha e poderosa de um lugar “espe te compardvel a sensagio de um lugar marcante numa edad como Florenga. Na época em que toda a parte inferior do tence, fo era preparada para o cultivo, a paisagem toda deve ter tido idade. © Havai pode ser visto como um exemplo mais exético: com Sus montanhas abruptas, suas rochas de cores vivas e seus gram, des rochedos, sua vegetagio luxuriante e extremamente diferen Ciada, o contraste entre mar e terra e a dramética transi¢do entre uum lado e outro da ilha, Estes si, sem diivida, exemplos pessoais;o leitor pode subs- titu-los pelos seus. As vezes, eles s30 0 resultado de atrbuteg naturais poderosos, como no caso do Hevai; mais comumente Como na Toscana, sio o produto das modificagdes humanas vi, Sando a objetivos concretos, com uma tecnologia comum atuan do sobre a estrutura basica oferccida por um pri ‘continuo. Se bem deveria ser: edificada com arte. B um nosso adaptarmos a0 nosso ambiente, discriminando © org pereeptivamente o que quer que se apresente aos nossos A sobrevivéncia ¢ 0 predominio baseavamse nessa adapt de sensoria, mas hoje jé podemos passar para uma nova fase des, 5 interagdo. No ambiente em que vivemos, podemos comegar 106 A MAGEM DA CIDADE far 0 proprio espago ao padrdo perceptivo € ao proceso lico do ser humane. O desenho das ruas Aumentar a imaginabilidade do ambiente urbano significa fa- cilitar sua identificagao e estruturagdo visuais. Os 03 aqui isolados ~ vias, limites, marcos, pontos nodais e regides ~ ‘As vias, a rede de linhas habituais ou potenciais de desloca- mento através do complexo urbano so 0 meio mais poderoso pelo qual o todo pode ser ordenado. As vias principais devem ter alguma qualidade singular que as diferencie dos canais de circu- Jago circundantes: uma concentragao de algum uso ou alguma um sistema partic de cheiros ou sons; um detalhe ou uma vegetaciio tipicos. A Rua Washington pode ser conhecida por seu comércio intenso ou por seu espago em forma de fenda; a Avenida Commonwealth pelas ‘rvores alinhadas em sua parte cer Esses elementos poderiam ser aplicados de modo a dar conti- nuidade & via. Se um ou mais deles (a arborizagio de um bule- ‘var, uma cor ou textura especial da pavimentacio, ou a clissica continuidade das Fachadas laterais) forem consistentemente em- pregados ao longo da linha, a via poder ser imaginada como um elemento continuo e unificado. A regularidade pode ser ritmica, uma repetigo de aberturas espaciais, monumentos ou farmiacias de esquina. A propria concentragio go de uma via, como também de uma linha de trénsito, iré refor- sar essa imagem fami Isso nos leva a0 que poderiamos chamar de hierarquia visual das ruas e dos caminhos, anéloga & conhecida recomendagao de ‘Aroma 0A Cioabe 107 ‘uma hierarquia funcional: uma escotha sens6ria dos canais prin- Cipais e sua unificaco como elementos perceptivos continuos. Este € o esqueleto da imagem da cidade. A linha de movimento deveria ter uma diregio clara. O com- putador humano perturba-se com longas sucessbes de desvios ou ‘com curvas graduais © amb{guas que, no fim, acabam produzin- do mudangas direcionais de maior vulto. As curvas constantes das calli de Veneza ou das ruas de um dos rominticos projetos de Olmsted, ou, ainda, a curva gradual da Avenida Atlantic, em Boston, logo confundem os abservadores que nao tém um bom conhecimento desses locais. E evidente que uma rua reta tem clareza direcional, mas 0 mesmo se poderia dizer de uma rua com algumas curvas bem definidas, de mais ou menos noventa graus, ou de qualquer via com muitas curvas ligeiras que, ainda assim, nunca perde sua direcio basica. (Os observadores parecem dotar uma via de um senso de dire- fo irrevers ar uma rua com a destinaco da mes- ma. Na verdade, uma rua é pereebida como uma coisa que vai dar num determinado tugar. A via deveria corroborar perceptiva- ‘esse fato por meio de pontos terminais bem definidos e de adiente ou de uma diferenciacZo direcional, de modo que se Ihe atribuisse um sentido de progressio e as direcdes opostas fossem claramente distintas. Um gradiente comum é o de decli- ve do terreno, gragas a0 qual somos continuamente instruidos a “subir” ou “descer” uma rua, mas também existem muitos ou- ‘ros, Um adensamento progressivo de sinais, lojas ou pessoas po- de assinalar a aproximagio de um ponto comercial; também pode haver um gradiente de cor ou textura do verde; a diminuigio do comprimento de um quarteirdo ou o afunilamento do espaco po- dem indicar a proximidade do centro da cidade, As assimetrias também podem ser usadas. Talvez seja possivel seguir em frente “mantendo o parque a esquerda” ou “tomando a direcao da cipu- !a dourada’. Podem-se usar flechas ou todas as supericies que se projetam para uma direclo podem esses meios fazem da rua um el tras coisas podem reportarse. Inexi “caminho errado”. de orientagdo ao qual ou- © perigo de seguir pelo 108 4 uacen DA COADE Se as posigdes 20 longo da tinha puderem ser diferenciadas de certa mancira mensuravel, ela sera ndo s6 orientada como em scala. Uma técnica para realizé-lo é a simples numeragdo das casas, Um recurso menos abstrato ¢ a atribuigao de um ponto identificdvel a linha, de tal modo que se possa pensar em outros Iugares como “antes” ou “depois”. A presenga de varios pontos de referéncia aumenta a definigio. Também existe a possibili- dade de que uma caracteristica (como o espago do corredor) pos- sa ter uma modulacio de gradiente que modifique 0 esp modo que a propria modificago tenha uma forma reconh Assim, seria possivel dizer que um determinado lugar adquire um significado e se torna uma experiéncia em si. até mesmo de ‘meméria, pela aparente qualidade sensagio de movimento a0 longo A particularmente verdadeiro quando a via é percorrida em alta ve~ locidade. Uma grande curva descendente que se aproxima do centro da cidade pode produzir uma imagem inesquecivel. Os sentidos do tato e da inércia também entram nessa percepgtio do ‘movimento, mas a visio parece ser predominante, Os objetos a0 longo da via podem ser ordenados de modo a aumentar o efeito de paralaxe ou perspectiva de movimento, ou a continuidad via & nossa frente pode ser tornada visi mica da linha de movimento vai conferir-Ihe grande ponte, uma avenida axial, um perfil cncavo ou a silhue- ta distante do ponto terminal da rua. A presenga da via pode ser evidenciada pela colocagio de marcos visiveis ao longo dela, ou por outros tipos de indicadores. A linha de circulagio vital evi- [AFORIA DA CIDADE 108 dencia-se nitidamente aos nossos othos e pode tornar-se o sim bolo de uma funco urbana fundamental, Inversamente, 2 expe- rigncia seré intensificada se a via revelar a presenga de outros «elementos urbanos as pessoas que por ela se deslocam, se pene- ‘rar esses elementos ou passar tangencialmente por eles, se ofe- recer indicadores e simbolos do que jé foi deixado para tris, Um ‘metr6, por exemplo: em vez de ser enterrado vivo, poderia pas- sar pelo centro comercial na superficie, ov sua estagao poderia, ppor sua forma, evocar a natureza da cidade imediatamente acima dela. Uma via poderia ser configurada de tal modo que o fluxo «em si torne-se evidente a0s sentidos: pistas divididas, rampas ¢ curvas em forma de espiral permitiriam que o trinsito se entre- gasse, por assim dizer, a uma contemplagio de si mesmo. Trata-se, técnicas para aumentar 0 espago visual do viajante. 1a cidade & estruturada por um con) onto estratégico de tal conjunto é a © ponto de ligacdo € decisio para a pessoa em movi ser claramente visualizado, se a propria produzir uma imagem viva e se a posigdo das duas pressa com nitidez, 0 observador poderd, entio, criar uma estru- {ura satisfatéria, Em Boston, a Praga Park é uma jungéo ambigua de ruas muito importantes; 0 cruzamento da Rua Arlington ¢ da Avenida Commonwealth & claro e marcante. No mundo todo, as estagées ce metré so incapazes de produzir articulagdes visuais claras assim. Deve-se tomar um cuidado especial para explicar as complexas intersegies dos sistemas vidrios modernos. Em geral, a ligagdo de mais de duas vias é bastante dificil de coneeituar. Uma estrutura de vias deve ter uma certa simplicidade de formas para poder formar uma imagem clara. E necessiria uma simplicidade muito mais topolégica do que geométrica, de ‘modo que um eruzamento irregular, mas mais ou menos em an- gulo reto, é preferivel a uma trissegio preci sas estruturas simples os conjuntos paralelos siformes: as cruzes de um, dois ou trés bragos; os retingulos ov alguns eixos ligados entre si. ‘As vias também podem ser imaginadas nfo como um mode- 0 de certos elementos individuais, mas como uma plica a seja cla direcional, to. Uma quadricula pura combina todas as trés, mas a invarian- cia ditecional ou topolégica pode ser bastante eficiente por si "A imagem fica mais nitida se todas as vias que correm fm sentido topoldgico, ou seguindo um dos pontos cardeais, fe rem visualmente diferenciadas das outras via a di fio espacial entre as ruas e avenidas de Manhattan & de grande Sficiéncia, A cor, o verde e o detathe também podem servir. A enominagdo e a numeracio, os gradientes de espago, toposr fou detalhe e a diferenciagao dentro da rede podem igualmente dar a0 tracado um sentido progressive ou mesmo de escala ‘Existe uma dltima maneira de organizar uma via ou um con- junto de vias, que iri tomar-se cada vez: mais importante num mundo de grandes distincias e altas velocidades. Por analogia om a misica, poderiamos chamé-la de “melédica”. Os elemen- tos ¢ as caracteristicas ao longo de uma via ~ marcos, mudangas de espago, sensagdes dinimicas ~ poderiam ser organizados ‘como uima linha melédica, percebidos ¢ imaginados como uma forma que é vivenciada a intervalos de tempo substanciais. Uma vez que a imagem seria a de uma melodia completa, ¢ no a de luma série de pontos distintos, ela talvez pudesse ser mais abran- gente, ¢ ainda assim menos exigent ‘A forma poderia ser a clis- Sica sequéncia introduco-desenvolvimento-climax-conclusio, fu talvez pudesse assumir formas mais sutis, como aquelas que evitam as conclusées finais. A aproximagao de San Francisco através da baia sugere um tipo dessa organizagio melédica. A técnica oferece um campo muito rico para o desenvolvimento & a experiéncia do design. O design de outros elementos ‘Tanto os limites quanto as vias exigem uma, de formal ao longo de toda a sua extensio. O Timite de um bair~ regifio costeira constituem poderosas impressdes vi do duas regides fortemente contras e seu ponto de confluéneia também pode ser configurado de modo a dar orientago ao longo de toda a sua extensdo, 0 que se pode obter com um gradiente, com pontos identificaveis a certos intervalos ou, ainda, com a indivi de em relagao a outra. Quando o li cha sobre si mesmo, é importante que suas extremidades tenham definidos, referéncias reconheciveis que comy nante — desde que seja, por assim dizer, profundidade com as regides de ambos 0: deixa de ser uma tercmbio ao longo da qual duas éreas esto Se um timite importante for dotado de suais ¢ de circulagio com o restante da estrutura tornard uma caracteristica com a qual tudo 0 mais: s 112 .miacem on CADE tealinhado. Uma maneira de aumentar a visibilidade de um limi- te consiste em aumentar seu uso ou suas condigdes de acesso, como acontece, por exemplo, quando a parte da cidade & margem das aguas é aberta ao tréfego ou ao lazer. Outra maneira seria 8 construclo de limites bem altos, visiveis de longe. ‘A caracteristica essencial de um marco 3 outro lado, 6 sua singularidade, o contraste com seu contexto ou seu plano de fundo. Pode ser uma torre recortada contra um fundo de te- Ihados baixos, podem ser flores contra um muro de pedra, uma superficie expressiva numa rua insipida, uma igreja no meio de projegdo numa fachada continua. A proeminéncia es- ma das coisas que mais se prestam a chamar a atengao. les. O objeto também se torna mais admirdvel se tiver clareza em sua forma geral, como & o caso de uma coluna ou uma esfera. Se, além disso, também for rico em detalhe ou textura, certamente seré-um convite a0 nosso olhar. i Um mareo ndo é necessariamente um objeto de grandes di- mensdes; pode ser tanto uma maganeta de port 1odo que seja visto; ides que recebem mais atengdo perceptiva do que ou tras: pisos ou fachadas préximas, no nfvel do olho ou pouco abaixo. Qualquer interrupgio do fluxo de trénsito — eruzamen- tos, pontos de tomada de decisio — é um lugar onde nossa per- ‘cepedo se torna mais intensa. As entrevistas mostram que os edi- ficios comuns situados em lugares onde 0s usuérios decidem por qual diregdo seguir sao claramente lembrados, enquanto as estru- ‘continuo podem ter-se apa- for visivel fempo e uma distincia maiores, e mais ie se encontra puder ser percebida com icdvel de perto e de longe, ; mente, de dia ou de noite, tornar-se-é uma referéncia estvel para a percepgo do mundo urbano, complexo ¢ em per- ‘manente transformacao, AFORMA.DA CoADE 113 A forga da imagem aumenta quando o marco coincide com uma concentragio de associagGes. Se o edificio que sobressai for © cenario de um fato histérico ou se a porta em cores vivas for a dda sua casa, essas coisas irdo realmente tornar-5e marcos. Mes- ‘mo a atribuigdo de um nome confere poder, pois, em geral, esse nome € conhecido e aceito por todos. De fato, se quisermos que O.nosso ambiente se torne significativo, tal coincidéncia de asso- ciacio e imaginabilidade sera impreseindivel A menos que sejam dominantes, os marcos isolados tendem a ser referéneias fracas por si ss. Seu reconhecimento exige luma atengo continua. Se forem agrupados, porém, eles re am-se mutuamente, € ndo apenas por uma questo de somat ia. Os observadores familiarizados criam conjuntos de marcos a tr dos materiais menos esperados ¢ apoiam-se num conjunto ado de sinais, dos quais cada elemento pode set fraco de- para ser digno de registro. Os marcos também podem set lenados numa sequéncia continua, de modo que todo um tra- {eto possa ser identificado e tornado cémodo por uma sucesso de detalhes conhecidos. As ruas confusas de Veneza ficam tran- sitdveis depois de uma ou duas experiéncias, uma vez que sio prédigas em detalhes distintivos que as pessoas logo aprendem a organizar sequencialmente. E menos comum agruparem-se os marcos em modelos que tenham uma forma especifica e possam indiear, por como se apresentam, a diregZo a partir da qual s30 avistados. Os dois marcos florentinos, a edpula e o campanitio, mantém esse tipo harmonioso de relagio. Os pontos nodais sto 0s pontos de referéncia conceituais de nossas cidades. Nos Estados Unidos, porém, é raro que eles te- ‘aham uma forma adequada para manter esse grau de atengio, a ie cla seja obtida através da concentragdo de algum tipo de atividade local. Ea conquista hes de horizonte do por mento, é que seja um ugar distinto e inesqt ser confundido com qualquer outro. Sem di a intensidade 414 4 AGEN DA CADE de uso reforga essa identidade, e as vezes a propria intensidade de uso cria formas visuais de caracteristicas tinicas, como acon- tece em Times Square, Mas sio inimeros os nossos centros co- pontos de interrupgio do trajeto que carecem dessa cara ‘Um ponto nodal sera mais definido se tiver um limite nitido, fechado, e no se estender incertamente para os lados; também serd mais digno de nota se tiver um ou dois objetos que sejam fo- se puder ter uma forma es- da formagio de espa- as para a defini- G20 © expresso esi , sobreposicdes, modulagio da luz, perspectiva, gradientes de superficie, fecha- articulagao, padrdes de som e movimento. ‘rupgio do trafego ou um ponto de tomada de idir com 0 ponto nodal, este se tor- a. A jungio entre via e ponto no- deve ser visivel e expressiva, como é 0 caso da intersegao de © passante deve ver como entra no ponto nodal, onde ocor- rea interrupcdo € de que modo ele sa Esses pontos de condensacao podem, por radiagio, organizar grandes bairros ao seu redor; para tanto, & necessério que sua presenga seja de alguma forma sinalizada no entorno. Um gra- diente de uso ov outra caracteristica pode levar a0 ponto nodal, ‘ou 0 espago deste pode tornar-se eventualmente visivel a partir do exterior, ou, ainda, ele pode conter marcos altos. E desse ‘modo que a cidade de Florenga se concentra ao redor do Duomo edo Palazzo Vecchio, ambos situados em pontos nodais impor- tantes. O pondo nodal pode emitir luzes ou sons caract ou sua presenga ser sugerida por um detalhe simbélico em stados, umm detalhe que faga ecoar alguma qu to niodal. Num bairro, 0s sicdmoros podem reve~ jdade de uma praga caracterizada por uma grande sas rvores, do mesmo modo que uma rua calca- sm espago assim calcado. fet uma orientagio local ~ “para , Sdireita”, “na frente”, “atts” [FORMA DA CIDADE 115 ele poderd ser ligado ao sistema de orientagdo mais geral. Quan- do vias conhecidas entram numa juncao clara, a ligagao também pode ser feita. Em qualquer desses casos, 0 observador sente a presenca da estrutura da cidade ao seu redor. Ele sabe por a rego deve avangar para chegar ao seu objetivo, e a especi Je do proprio lugar € reforgada pelo contraste percebido enar um conjunto de pontos nodais de modo @ formarem uma estrutura. Eles pode ser unidos por justaposigao ou permitindo-se que fiquem intervisiveis, como no caso das Pracas So Marcos e da Santissima Annunziata, em Florenca. Podem ser colocadas em algum tipo de relagao comum com uma via ou um limite, ligadas por um elemento de pequenas dimen- ses ou pelo eco de alguma caracteristica comum a todos. Essas ligagdes podem estruturar partes substanciais do espago urbano. Em seu sentido mais simples, um bairro é uma area com ca- éneas, reconhecido por indicadores que se ‘urbano. A homogeneidade pode ser de cas espaciais, como as estreitas ladeiras de Beacon ficagio, como as fachadas elegantes das casas do South End; topografia. Pode ser uma caracteristica inconfundi arborizagio ou silhueta. Quanto mais essas caract brepdem, mais forte seri a impressio de uma érea unificada. revela-se particularmente til para delimitar uma érea. As pes- soas entrevistadas geralmente retinham, em suas mentes, um pe- queno conjunto de tais caracteristicas: por exemplo, as estreitas ladeiras, 0 calgamento de ti me se queira. : & inconfundivel quando a homogeneidade fisica coincide com 0 uso e 0 status dos moradores. A natureza vistal 116 AmAGEN DA CADE de Beacon Hill é diretamente reforgada por sua condicio de bair- ro das classes mais abastaclas. Nos Estados Unidos, o mais co- ‘mum é acontecer 0 contrario: as caracteristicas associadas ao uso lio pouco reforcadas pelos atributes visuais. ‘Um baito torna-se ainda mais nitido se houver uma maior definigao e um “fechamento” de suas fronteiras. Em Boston, um projeto de construgio de casas em Columbia Point ficou pare~ endo mais ou menos uma ilha, o que pode ser indesejavel so- Jaro em termos perceptivos. Na verdade, jualquer pequena itha é sempre um lugar {ndrio coletivo. E, se a regido for facilmen- te visivel em sua totalidade — por exemplo, por vistas panordmi~ cas em lugares elevados, pela concavidade ou convexidade de ‘sua posigdo -, sua independéncia visual em relagio 20 resto do cespaco urbano estaré assegurada ‘O bairro também pode ser estruturado internamente. Pode ha~ ver subdistritos internamente diferenciados, mas em harmonia ‘com 0 todo; pontos nodais que irradiem estrutura por gradientes cialmente, mas bas & por essa razio charmoso para o = 2,2. out outros indicadores; sistemas de vias internas. A Back Bay ¢ €5- truturada por sua rede vidria em ordem alfabética, e quase sem- pre aparecia nos mapas como um desenho claro, inconfundivel e de certa forma, maior do que na verdade é, Uma regido estrutura- ‘da é muito mais passivel de produzir uma imagem viva. Além do mais, ela no diz aos seus habitantes apenas que eles esto “em alguma parte de X", mas sim que eles estio “em X, perto de Y”. mnte diferenciado em seu interior, um stura, no ‘uma barreira. Um bairro pode ligar-se a outro por justaposic®o, iade, relagio com uma linha ou algum outro tipo de (0 um cruzamento intermediério, uma via ou um pe- queno igado a0 niicleo da metrépole pela regido espacial do Common, ¢ é desse fato que decorre grande parte de seu encanto, Essas ligagdes acentuam as caracteristicas de cada bairro e acabam unindo grandes éreas urbanas. E possivel que possamos ter uma regio caracterizada nio apenas por uma qualidade espacial homogénea, mas que real ‘AFORA DA COADE 117 mente seja uma verdadeira regido espacial, um continuo estrutu- rado de forma espacial, Num sentido primitivo, so dessa natu- reza 08 grandes espagos urbanos, como as fozes de regio espacial seria distin (uma praca) por ndo poder ser abrangida em sua totalidade com um répido olhar. $6 poderia ser vivenc dronizado de mudangas espaciais, medi ‘ou menos longo por seu espaco. Talvez.os dtrios processionais de equim ou os canais de Amsterda tenham essa qualidade. Imagi- na-se que evoquem uma imagem de grande poder. (Qualidades de forma Estas sugestdes para o design urbano podem ser resumidas de outra maneira, uma vez que © conjunto delas possui temas co- ‘muns: as referéncias reiteradas a certas caracteristicas fisicas ge- rais. So essas as categorias de interesse direto para o design, uma vez que descrevem qualidades que podem ser trabalhadas por um designer. Poderiamos resumi-las da seguinte maneira: mo uma praga fechada); contraste de su- , forma, intensidade, complexidade, tamanho, uso, loca- a, uma decoracao luxuo- sa ou um sinal bem visivel). O contraste pode dar-se em relacdo 420 entorno imediatamente visivel ou 4 experiéncia do observa- dor. Sto essas as qualidads ntificam um elemento © 0 tomam admirivel, notave identificavel. Quando aumenta seu conhecimento do espaco, os observadores parece depender cada vez menos de continuidades fisicas volumosas para a orga- nizagao do todo e deleitar-se cada vez mais com 0 contraste € a originalidade que do vida & cena 2. Simplicidade da, lareza ¢ simplicidade da forma vi- sivel em sentido geom imitagao de partes (como a de um sistema de quadricula, de um reténgulo, de uma c 118 4 AGEN DA CIDADE AAs formas dessa natureza so muito mais facilmente incorpora- das a imagem, ¢ ha indicios de que os observadores distorcem as formas complexas tornando-as simples, ainda que percam em termos perceptivos priticos. Quando um elemento nao ¢ sim ‘taneamente visivel como um todo, sua forma pode ser uma dis- torgdo topolégica de uma forma simples e, ainda assim, ser com- preensivel. 3. Continuidade: continuagio de limites ou superficies (como io de intervalo ritmico (como um padrao de esquinas): ou harmonia de superficie, forma ou uso (como num comum usado na construgdo de edificios, num modelo , no uso de sinais facilitam a percepgao de uma realidade fisica complexa como sendo tinica ou inter-relacionada, as qualidades que sugerem a atribuigio de uma identidade tinica. 4. Predominio: 0 predominio de uma patte sobre as outras em decorréncia do tamanho, da intensidade ou do interesse, resul- tando na lJeitura do todo como uma caracteristica principal asso~ ciada a um conjunto (como na “Area da Praga Harvard”). Assim ‘como a continuidade, esse atributo permite a necessaria simpli- ficacdo da imagem por omissio ¢ subsungio, Enquanto estive- rem além do limiar de atengdo, as caracteristicas fisicas parecem, ‘até certo ponto, irradiar conceitualmente a sua imagem, espa Ihando-se a partir de um centro. 5. Clareza de jungio: alta visibilidade das ligacdes e costuras, (como numa intersegao-chave ou na relagio ¢ in ter-relacdo claras (como a de um edificio com o lugar onde foi construido, ou de uma estagio de metré com a rua acima). Essa ligagdes sio os momentos estratégicos da estrutura ¢ devem set extremamente percept 6. Diferenciagdo direcional: assimetrias, gradientes e referén- cias radiais que diferenciam uma extremidade da outra (como rnuma rua que sobe por uma colina, afastando-se do mar ¢ toman~ do a diregdo do centro); ou que diferenciam um lado do outro (como 0s edificios que dio de frente para um parque); ou uma |AFORNA DA CIDADE 119 diregao da outra (como pela luz do dia ou pela largura das ave- Estas qualidades sfo exiremamente usadas na estruturagdo em grande escala, lidades que aumentam 0 émbito € a pe~ netragdo da visfo, tanto concreta quanto simboticamente. Estas incluem as transparéncias (como 0 uso de vidro ou a construgo sobre pilots); sobreposieSes (como quando uma estrutura aparece aco; concavidade (como a de uma ada curva de uma rua), que expde objetos me so campo visual; indicadores que falem de tra forma invisivel (como a vista de uma de uma regido subsequente ou 0 uso de que insinuem a proximidade de outro element ividade caracteristica ies caracteristicos Todas essas qualidades afins facilitam a apreensio de um todo vasto € com- plexo,¢ o fazem, por assim dizer, auentando a eficiéncia da vi- fo: seu raio de ago, sia penetragao ¢ seu poder de resolucéo. 8. Consciéncia do movimento: as qualidades que, através dos sentidos visuais e cinestésicos, tornam sensivel ao observador 0 seu proprio movimento real ou potencial. Sio estes 03 attificios que melhoram a clareza de ladeiras, curvas e interpenetragdes, oferecem a experincia de paralaxe ¢ perspectiva de movimento, de diregdo ou mudanga de direcao, ou pre que tenham coeréncia suficiente para tomar (como, por exemplo, “vire 4 esquerda, depois & di va fechada”, ou “ites quarteirdes mais adiante”). des reforgam e desenvolvem aquilo que um observadot pode fa- zer para interpretar a diregdo ou a distdncia, ou para perceber 0 movimento da forma em si. Com a velocidade cada vez maior, esas téenieas vio precisar de um desenvolvimento adicional na cidade moderna, - a {20 A MAGE OA CADE 4uais um elemento é simplesmente riot € 0 posterior (como numa sequéncia casual de marcos ‘como as séries verdadeiramente esiruturadas no tempo e, porta fica (como se os marcos aumentassem sua rem um climax). primeira sequén- ‘metrépole moderna, grande € dindmica. Neste caso, 0 imagina~ do setia 0 modelo de desenvolvimento de elementos, © nao os tlementos em si ~ do mesmo modo gue nos lembramos das me- Iodias, e nao das notas que as compdem, Num ambiente complexo, seria até mesmo posstvel usar teenicas de contraponto: padres méveis de melodias ou ritmos opostos. Trata-se de métodos so- fisticados, que devem ser criteriosamente desenvolvidos. Prec samos de novas ideias sobre a teoria das formas que sio per ddas como uma continuidade no tempo, bem como de arquétipos de design que exibam uma sequéncia melédica dos elementos da sm, ou uma sucessao formal de espago, textura, movimen- emento. Os nomes, por portantes para a cristalizacdo da identidade. As .gbes de lugares (Estacao Norte). Os sistemas de io (como nis séries de ruas designadas por ordem alfa- ) também podem facilitar a estruturagio dos elementos. Significados e associacdes, sejam sociais, histéricos, econémicos ou individuais, constituem todo un dor além das qualidades fisicas que nos interessam aqui. Reforgam fortemente as sugestdes de identidade ou de estrutura que podem estar latentes na propria forma fisica. ionadas nao funciona de modo indeper lidade esta presente (como a continuidade do material de construgdo, sem nenhumna ‘AFORIADA CADE 121 outra caracteristica comum) ou as qualidades esto em conflito (como em duas areas de um mesmo tipo de construao, mas com fungdes diferentes), 0 eftito total pode ser fraco ou exigir um es- forgo para descobrir sua identidade e sua estrutura. Uma certa quantidade de repeticGo, redundncia e reforgo parece ser neces- aria. Assim, uma regio inconfundivel seria aquela que tivesse ‘uma forma simples, uma continuidade de tipo e uso de suas edi- ficagdes que fosse tinica na cidade: nitidamente demarcada, cla- ramente ligada a regio vizinha e visualmente cOncava sentido do todo Quando discutimos 0 design por tipos de elementos, tende- ‘mos a examinar superficialmente a inter-relacdo das partes com © todo. Nesse todo, as vias exporiam e preparariam os bairtos, li gando diversos pontos nodais. Estes ligariam e demarcariam as vias, enquanto 0s limites isolariam os bairros, © os marcos indi- cariam os seus niicleos. A total orquestracao dessas unidades & ue amarraria uma imagem densa e viva e a sustentaria nas éreas em escala metropolitans, 5 cinco elementos - vi bairro, pont — devem ser considerados simplesmente como cat ricas apropriadas, dentro ¢ ao redor das quais foi po ‘uma massa de informagdes. Enquanto forem tt ‘como os blocos dle construcdo para o designer. suas caracteristicas, ele iri ver-se diante da uum todo que sera pereebido sequencialmente, cujas partes 86 se- rao sentidas no contexto, Se conseguisse dispor uma sequéncia de dez marcos ao longo de uma via, um desses marcos teria uma qualidade de imagem profundamente diversa daquela que teria 58 estivesse colocado sozinho, de modo proeminente no coragao da cidade. As formas devem ser manipuladas de modo que exis de continuidade entre as imagens mi de: dia e noite, inverno e verdo, proximidade e dist ca e movimento, atengio ¢ distragao. Marcos pri pontos nodais ou vias deveriam ser reconheciv um fio (So Pe ere ye 122 ABHAGEN DA CIDADE condigSes, mas de maneira concreta, ¢ nio abstrata. Isso no quer dizer que a imagem deva ser a mesma em cada caso. Mas, Se a Praga Louisburg sob a neve tem uma forma que correspon- dde a0 gue ela & em pleno vero, ou se a cipula do prédio da AS- semblcia Legislativa britha, a noite, de um modo que faz lembrar tessa mesma ctipula quando vista de dia, a qualidade contrastan- te de cada imagem torna-se ainda mais nitidamente apreciada gragas a0 clo comum, Pode-se entio unir duas vistas urbanas bem diferentes e, portanto, abranger a escala da cidade de wm ‘modo que, em outras condigdes, seria impossivel e chegar mais perto do ideal de uma imagem que seja um campo total ‘Se, por um lado, a complexidade da cidade moderna exige continuidade, por outro ela também oferece um grande prazer: 0 contraste e a especializagao das caracteristicas individuais. Nos- So estudo aponta para uma erescente atengio ao detalhe e & sin- gularidade, A medida que a familiaridade vai aumentando. A vi- ‘Yacitade dos elementos e sua precisa sintonia com as diferengas as caracteristicas. O funcionais e simbélicas ajudario a criat rem relacionados de um modo proxi ‘mento assumird, entdo, por si, um carter mais fungao de um bom ambie (08 deslocamentos rotinciros, nem confirmar Significados e sentimentos preexistentes. Seu papel como guia e cestimulo de no joragdes pode ter a mesma importancia. Numa sociedade complexa existem muitas inter-relagdes @ ser dominadas, Numa democracia, deploramos 0 isolamento, enalte- cemos o desenvolvimento individual ¢ esperamos que a comunt- cago entre os diferentes grupos tome-se cada vez maior. Quando jam ambiente tem uma forte moldura visivel ¢ partes extrema- mente caracterfsticas, a exploracio de novos setores fica mais fi- cil e mais convidativa. Se os elos de cor stratégicos. mo museus, bibliotecas @ pontos de encontro) sentir-se tentados a conhecé-los. 'A topografia subjacente, que € 0 cendrio natural preexisten talvez nao seja um fator to importante, em termos de ima ‘Aroma 08 CDADE 13 ide, como se costumava pensar no pasado. A densidade e, particularmente, a amplitude ¢ a complexa tecnologia da metté- pole moderna tendem a obscurecer esse fato. A area urbana con- femporinea tem caracteristicas feitas pelo homem e problemas ue frequentemente extrapolam a especificidade do lugar. Ou talvez fosse mais exato dizer que a natureza especifica de u ‘gar pode ser vista, em nossos dias, como rest desejos humanos, seja da estrutura geolégica a medida que a cidade se expande os fatores significa um-se maiores € mais fundamentais do {que 08 pequenos acidentes de terreno, O clima bisico, a flora a superficie gerais de uma grande regio, as montanhas e os prin- am-se mais importantes do que as i 5 stante, a topografia ainda é um ele- ‘mento importante para o reforgo dos elementos urbanos: colinas de forte presenga visual podem definir regides; rios ¢ orlas ma- rinhas configuram fortes limites; 0s pontos nodais podem ser ‘confirmados por sua localizago em pontos-chave do terreno. A via moderna, extremamente répida, é um excelente ponto de vis- ta partir do qual podemos apreender a estrutura topogratfica em grande escala. ‘A cidade nfo € construida para uma pessoa, mas para um terande nimero delas, todas com grande diversidade de forma- ‘gdo, temperamento, dcupagao © classe social. Nossas andlises apontam para uma substancial variagaio do modo como as dife- rentes pessoas organizam sua cidade, de quais elementos mais dependem ou em quais formas as qualidades sio mais compati- veis com elas. O designer deve, portanto, eriar uma cidade que seja prédiga em vias, limites, marcos, pontos nodais ¢ bairros, ‘uma cidade que use no apenas uma ou duas qualidades de for- rma, mas todas elas. Se assim for, diferentes observadores terdo a0 seu dispor um material de percep¢do compativel com seu modo especifico de ver 0 mundo, Enquanto um homem poder reconhecer uma rua por sea tipo de pavimentagio, outro ira lem- bbrar-se de uma curva fechada e um terceiro teré localizado os 124 AIMAGEM DA CIDADE te perceptivo. Se houver apenas uma via dominante em de- inada dire¢o, alguns pontos focais consagrados ou um con- férreo de regices rigidamente separadas, existiré uma tni- ‘ca maneira de imaginar a cidade sem muito esforgo. Essa manei- ra pode nao ajustar-se as necessidades de todas as pessoas, nem mesmo de uma s6, pois elas se modifieam com o passar do tem- po. Um trajeto inabitual torna-se incémodo ou perigoso; as rela- es interpessoais podem tender a fechar-se em compartimentos estanques, o cenatio torna-se monétono ou rest yam ao seu des Ha um valor semelhante numa rede em que se sobrep@ tes identificaveis, de tal modo que regides grandes ou pequenas possam formar-se de acordo com as preferéncias e necessidades individuais. A organizagao nodal adquire identidade a partir do foco central e pode flutuar na orla deste. Assit da flexibilidade sobre a organizagao das fr se a forma das regides precisar ser mudada algumas grandes formas comuns: pontos nodais fortes, vias prin- cipais ou vastas homogeneidades regionais. Dentro dessa grande estrutura, porém, é preciso haver uma certa plasticidade, uma ri- queza de estruturas e indicadores possiveis, de modo que 0 ob- servador individual possa construit sua propria imagem: comu- nicével, segura e suficiente, mas também maleavel¢ integrada &s suas necessidades. * Hoje, 0 cidadio muda de domicilio com muito maior fre- ‘quéncia do que antigamente, tanto de um bairro para outro como de uma cidade para outra. A bos imaginabilidade de seu ambien- te permitiria que ele se sentisse rapidamente em casa ao instalar- se no novo entorno. Pode-se confiar cada vez menos na organi- zagio gradual através de uma longa experiéncia, pois o proprio ambiente urbano esti mudando rapidamente, acompanhando as transformagées técnicas ¢ funcionais. Essas mudancas costu- ‘mam ser emocionalmente perturbadoras para o cidadiio ¢ tendem a desorganizar sua imagem perceptiva. As técnicas de design dis- j a | catidas neste capitulo podem mostrar-se iteis para a manutengio

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