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Resumo
1. Introdução
O setor de saúde no Brasil vive hoje um momento peculiar. O Sistema Único de Saúde (SUS)
constitui um moderno modelo de organização dos serviços de saúde que prioriza valorizar o
nível municipal. Contudo apesar de seu alcance social, não tem sido possível implantá-lo da
maneira desejada, em decorrência de sérias dificuldades relacionadas tanto ao seu
financiamento quanto com a eficiência administrativa de sua operação (MALIK, 2014).
Somado a isto estamos diante do novo cenário atual da Política Nacional de Medicamentos
que tem como propósito garantir a segurança, a eficácia e qualidade dos medicamentos, a
promoção do uso racional e o acesso da população aos medicamentos considerados
essenciais, além da busca contínua da qualidade dos produtos e processos (BRASIL, 1998).
A Política Nacional de Medicamentos (PNM), aprovada em 1998, definiu as funções
e finalidades da Assistência Farmacêutica dentro do SUS como um grupo de
atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde
demandadas por uma comunidade, incluindo o abastecimento de medicamentos
(seleção, programação e aquisição) com base na adoção da Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais (Rename); a conservação e o controle de qualidade; a
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Pós Graduando em Atenção Farmacêutica pela Faculdade FASAM
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Orientadora Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde
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No Brasil, a introdução do termo Atenção Farmacêutica gerou muita discussão pelo uso já
instituído da expressão “Assistência Farmacêutica” (STORPIRTIS, S. et al., 2008). O próprio
Conselho Federal de Farmácia (CFF) na Resolução 308/97 (ZUBIOLI, 2001), que “dispõe
sobre a Assistência Farmacêutica em drogarias e farmácias” mescla os termos. Assistência
Farmacêutica para o Brasil compreende envolve atividade multidisciplinar e multisetorial e o
objeto de trabalho são as organizações das ações e serviços relacionados ao medicamento.
Dentre essas ações a Atenção Farmacêutica é uma das traduções do termo em inglês
Pharmaceutical Care e vários autores citam Hepler e Strand como precursores dela
(CASERO VITAL, et al., 1999). Na Federação Farmacêutica Internacional em Tóquio, 1993,
documento citado conhecido com a Declaração de Tóquio instituiu como prática profissional
no qual o paciente é o beneficiário das ações do farmacêutico.
As diretrizes internas do SUS amplia o processo de descentralização e a busca por novas
estratégias de gestão de saúde. Neste contexto a Atenção farmacêutica ganha cada dia mais
força como fator para estruturar as gestões em níveis municipais de saúde. Para Meiners
(2001) Atenção Farmacêutica é uma atividade de acompanhamento ao paciente, de forma
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prospectiva com finalidade de realizar “promoção da saúde, prevenção das doenças, primeiros
socorros, manipulação, dispensação e informação referente ao paciente, seleção
individualizada de terapias com medicamentos, seguimento farmacoterapêutico, recompilar e
interpretar informação referente ao paciente, elaboração do perfil farmacoterapêuticos,
identificação e valoração de potenciais reações medicamentosas, avaliação de terapias
individuais, farmacovigilância e interpelação com outros profissionais”. Logo o farmacêutico
não fica limitado apenas à aquisição e distribuição de medicamentos.
Em um mesmo país pode-se verificar definições diferentes de acordo com o entendimento do
grupo ou organizações profissionais ou mesmo de autores específicos a respeito do tema.
Desde 1990 as definições foram surgindo. Segundo Hepler e Strand (1990) é a provisão
responsável da farmacoterapia com o propósito de alcançar resultados definidos que
melhorem a qualidade de vida do paciente. Para Canadian Society of Hospital Pharmacists
(1993) o conceito é a provisão responsável da farmacoterapia com o propósito de alcançar
resultados definidos que melhorem a qualidade de vida do paciente. O processo de atenção
farmacêutica envolve o desenho, a implementação e a monitorização de um plano terapêutico.
Uns anos depois, Cipolle, Strand e Morley (1998) conceituaram com um exercício no qual o
profissional assume a responsabilidade das necessidades de um paciente em relação aos
medicamentos e adquire um compromisso a este respeito. E o Consenso na Espanha em 2001,
caracterizou a Atenção Farmacêutica como sendo a participação ativa do farmacêutico para a
assistência ao paciente na dispensação e seguimento de um tratamento farmacoterapêutico,
cooperando assim com o médico e outros profissionais sanitários a fim de conseguir
resultados que melhorem a qualidade de vida do paciente. Também engloba o envolvimento
do farmacêutico em atividades que proporcionarem boa saúde e previnam enfermidades.
Como proposta de conceito o Consenso Brasileiro em 2002 é um modelo de prática
farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes,
valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de
saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia
racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da
qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos,
respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de
sáude.
A Política Nacional de Medicamentos (PNM) do Ministério da Saúde trata de dispensação e
esclarece que é o farmacêutico o responsável por informar e orientar sobre o uso adequado do
medicamento (BARBOSA, 2008). Entretanto, o uso limitado da Atenção Farmacêutica onera
os cofres públicos e ainda crescem as estatísticas de mortalidade e morbidade associadas aos
medicamentos. No Brasil, segundo os dados publicados pelo Sistema Nacional de
Informações Toxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os
três principais agentes causadores de intoxicações em humanos desde 1996, sendo que em
1999 foram responsáveis por 28,3% dos casos registrados. (STORPIRTIS, S. et al., 2008).
Em 2003 foi criada no Ministério da Saúde o Departamento de Assistência Farmacêutica
(DAF) que tem coordenado execução e consolidação das diretrizes da PNM. Lançou ainda um
edital MCT-CNPQ/MS-SCTIE-DECIT-DAF abrindo portas para pesquisas no país sobre o
assunto. Em 2006 foram apresentados no 1⁰ Seminário Internacional para Implementação da
Atenção Farmacêutica no SUS 52 trabalhos.
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4. Resultados e Discussão
No exercício da Atenção Farmacêutica na atenção básica de saúde, o farmacêutico poderá
realizar cuidados básicos ou até mesmo serviços especializados de orientação aos pacientes de
diversas patologias. Logo, após analisar as prescrições do período escolhido foi possível
qualificar os principais erros e quantificá-los. Das 7.104 prescrições analisadas, 304 foram
aviadas em quantidades insuficientes para o tratamento, 128 foram aviadas em quantidades
superiores para o tratamento e 136 faltavam dados importantes na receita. Somando este
quantitativo obteve-se um total de 568 prescrições com algum tipo de erro correspondendo a
8% % de total de prescrições analisadas (Figura 1).
8%
Prescrições corretas
Prescrições com erros
92%
Figura 1 - Gráfico representativo a partir das 7.104 prescrições avaliadas no período de maio a junho de 2014.
medicamentos e falta de conhecimento. Para Rosa e Perini (2003) a falha em uma das etapas
do uso de medicamentos pode ocorrer por distração ou passo, que a princípio, aparenta pouca
importância. Os fatores de risco relativos ao próprio profissional que prepara os
medicamentos são os que mais deveriam ser combatidos a fim de evitar a ocorrência de erros
na administração (CARVALHO E CASSINI, 1999). É válido ressaltar que em um tratamento
por mais que os sintomas tenham desaparecido é muito importante que seja finalizado no
prazo estabelecido para êxito da cura.
Ao analisar os dados, os erros nas quantidades de medicamentos insuficientes para o
tratamento do paciente representam 53%, seguido dos erros nas quantidades superiores ao
tratamento com 24% e 23% com erros como falta de algum dado na receita feita pelo
prescritor (Figura 2). No foco da avaliação qualitativa, as falhas no momento da dispensação
existem por parte dos profissionais que prestam serviço na área saúde. Por isso, a presença de
profissionais farmacêuticos e de auxiliares muito bem capacitados e em número suficiente é
indispensável para erradicarem essas falhas que prejudicam o tratamento do paciente.
Brasil a automedicação pode ser prejudicial à saúde da população, pois outros problemas
estão associados ao excesso de medicamento que gera em futuro oportuno a automedicação.
Nesta Unidade de Saúde analisada em Manaus são vários os tipos de atendimentos e
especialidades oferecidas. Imagina-se a magnitude que uma automedicação causa por um
excesso de medicamento para pacientes que fizeram uso de antibióticos em seu tratamento. O
paciente possivelmente estocará em casa e quando for reincidente na doença recorrerá ao
medicamento excedido e já prescrito anteriormente. Muitos são os casos de resistência
bacteriana por casos como automedicação e/ou falha no tratamento por ter dose abaixo da
indicada no tratamento. É nesta situação que é benéfica a orientação e conscientização por
parte do farmacêutico ao paciente com relação ao uso racional de seu medicamento. Pacientes
crônicos dos programas assistenciais da rede municipal de Manaus também são bastante
atingidos, pois a dispensação desses medicamentos são imprescindíveis para os pacientes.
Mesmo alguns pacientes não conhecendo as funções do farmacêutico e alguns muitas vezes
até mesmo rejeitando o serviço farmacêutico se faz imprescindível sua presença na unidade de
saúde. No artigo de Ferreira e Nóbrega (2012) elas relatam que segundo estudo realizado na
farmácia da unidade básica de saúde da cidade de São João da Mata, Minas Gerais, Brasil a
maioria dos pacientes não soube responder do que se tratava o tema Atenção Farmacêutica
(AF) e somente após explicação clara e simples do assunto fornecida pela pesquisadora
puderam responder. Os resultados foram: 45,71% ouviram falar em AF, 22,85% afirmaram
saber do que se trata e 31,42% nunca ouviram falar em AF. Isto evidencia a necessidade de
maior atuação do farmacêutico dentro dos programas de saúde pública. Quando questionados
sobre a implantação da AF, 100% das mulheres entrevistadas foram receptivas a sua
implantação, enquanto 28,57% dos homens entrevistados não gostariam de ser acompanhados
por um farmacêutico em seu tratamento (MARQUES et al., 2011).
Portanto, a Atenção Farmacêutica com acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico
pode promover melhor controle da patologia dos pacientes, devido ao maior conhecimento
em relação aos medicamentos e melhor comunicação entre a equipe de saúde. Estes
parâmetros contribuem para a redução dos erros de medicação e reações adversas
(FERREIRA e NOBREGA, 2012). Segundo a OMS, a forma mais efetiva de prevenir o uso
incorreto de medicamentos na atenção primária em países em desenvolvimento é a
combinação de educação e supervisão dos profissionais de saúde, educação do consumidor e
garantia de adequado acesso a medicamentos apropriados (BRASIL, 2012).
4.Conclusão
As dificuldades apresentadas dentro do serviço de farmácia da policlínica constituem um
reflexo da falta de sérios esforços do governo em qualificar a assistência farmacêutica no SUS
não só em Manaus como em todo o país.
As unidades básicas de saúde integram como a principal porta de entrada para o sistema
nacional de assistência à saúde em nosso país, logo os serviços farmacêuticos de atenção
básica em policlínicas, por exemplo, contribuem para a diminuição da internação ou do tempo
de permanência no hospital, à assistência aos portadores de doenças crônicas, ligados à prática
da educação em saúde transformando a terapêutica mais custo-efetiva.
O uso adequado e racional dos medicamentos, com orientação médica e farmacêutica, vem
trazer ganhos indiscutíveis à saúde da população e economia dos cofres públicos.
É importante destacar também o conhecimento adquirido no que diz respeito a
interdisciplinaridade na análise de problemas e necessidades, a intersetorialidade das políticas
na definição de soluções e a integralidade das práticas em saúde com consequências diretas na
saúde do usuário.
Uma das soluções encontradas para minimizar erros e identificar o dispensador foi implantada
no ato da dispensação. Adotou-se um carimbo com um campo destinado à assinatura/nome do
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dispensador para melhor identificar o tipo de profissional que comete erros. Além disso,
intensificar a prática de treinamentos no setor com intuito de capacitar o agente administrativo
que auxilia na dispensação.
Lembrando que a qualidade das prescrições é uma forma de avaliar o serviço de saúde
prestado que funciona como indicador de satisfação do usuário e consequente adesão ao
tratamento.
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