Tratam os Autos de Execução de medida socioeducativa de Semiliberdade aplicada a
XXXXXXXXXX, em razão da prática de ato infracional, vindo o adolescente a cumpri-la na unidade Na Varanda, nesta Comarca. O adolescente nominado acima, a quem fora aplicada a medida socioeducativa pelo juízo da comarca de Itabuna-BA, pela prática de ato infracional análogo aos crime de roubo, foi encaminhado a este juízo, vindo a ingressar na Unidade NA VARANDA, em 07/06/2017, tendo sido formados os presentes autos de execução. Ao processo, foram juntados o Plano Individual de Atendimento e o relatório de reavaliação, elaborados pela Equipe Técnica que acompanha o educando. Ouvidos a Defensoria Pública e o Órgão Ministerial, estes pugnaram pela progressão para Liberdade Assistida, conforme sugerido pela equipe interdisciplinar da Unidade executora. É o relatório, no essencial. Passo a decidir, fundamentando, como imprescindível. A reavaliação da medida de semiliberdade é prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, por não comportar prazo determinado, e, portanto, não só pode como deve ser revista a qualquer tempo, aplicando-se-lhe, como estabelece o §2º, do art. 120, do ECA, as disposições referentes à Internação, previstas no art. 118, § 2º, do referido Diploma, segundo a qual a medida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. Considerando que a reavaliação da medida socioeducativa é providência imposta pela lei, em proveito do seu caráter educativo, faz-se mister a análise em concreto quanto à necessidade de regressão, manutenção ou possibilidade de progressão da medida em execução, aplicando-se ao educando a medida que lhe for mais adequada. Medida socioeducativa adequada, segundo Paulo Afonso Garrido de PAULA 1No caso em exame, o Relatório de Reavaliação Multidisciplinar de fls. 46-47 demonstra que a medida de Semiliberdade é inadequada ao Educando, embora o mesmo ainda necessite de acompanhamento institucional. Com efeito, do cotejo das informações constantes do Relatório colacionado às fls. 46-47, verifica-se que o Educando não cumpre adequadamente a medida de semiliberdade, posto que não se adequou completamente à mesma, contudo, tem envolvimento produtivo na atuação pedagógica. Assim, considerando os princípios que regem a execução das medidas socioeducativas, em especial o do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo, insculpido no art. 35, inciso IX, da Lei 12.594/12, e, tendo em vista o fato de sua família residir em comarca diversa, entendo que o Adolescente possui condições de cumprir medida em meio aberto. 1 PAULA, Paulo Afonso Garrido de. Direito da criança e do adolescente e tutela jurisdicional diferenciada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. A Liberdade Assistida é, portanto, a medida que melhor atingirá o efeito desejado pelo instituto, pois proporcionará novas conquistas, através do fortalecimento dos vínculos familiar e comunitário, sendo adequada e suficiente para garantir ao Educando os mecanismos necessários para a superação das adversidades de forma lícita. Como cediço, a aplicação de medidas socioeducativas privativas de liberdade tem caráter excepcional e só se justifica quando imprescindível à recuperação, formação e reeducação do adolescente infrator. No caso em tela, tendo em vista os apontados aspectos e os institutos jurídico-legais insertos no Estatuto da Criança e do Adolescente de caráter humanitário e protetivo, a progressão para Liberdade Assistida mostra-se adequada, para atingir o escopo do projeto pedagógico que é a evolução pessoal e comportamental do adolescente. POSTO ISTO, mostrando-se despiciendos outros enfoques, determino a progressão da medida de Semiliberdade para LIBERDADE ASSISTIDA, em favor de XXXXXXXX a ser cumprida na Comarca de Itabuna, onde reside o Educando, devendo ser expedido o permissivo Alvará de Liberação, a ser encaminhado à Unidade Na Varanda. Aplico ainda ao referido Adolescente a medida protetiva de inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente, prevista no art. 101, IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e, aos pais do Educando, aplico as medidas de encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família e encaminhamento a cursos ou programas de orientação, previstas nos incisos I e IV, do Art. 129, do mesmo diploma legal, a serem implementadas através dos serviços da rede de proteção da Comarca indicada. Intime-se o educando acerca da presente decisão, notificando-se também os seus genitores ou responsável legal. Oficie-se o juízo da Infância e da Juventude da comarca de Itabuna, informando-o desta decisão, com cópia. Intimem-se. Cumpra-se por moldes regulares.