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PATRIARCAS A MOISÉS
Professor:
Me. Saulo Henrique Justiniano Silva
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Conhecer o espaço geográfico onde ocorreram os principais acontecimentos
da história dos hebreus.
•• Compreender o contexto em que se deu o chamado de Abraão e a aliança
de Deus com os hebreus.
•• Analisar o desenvolvimento do período patriarcal a partir dos descendentes
de Abraão.
•• Entender os motivos que levaram os hebreus a se estabelecerem no Egito.
•• Apresentar os motivos que levaram os hebreus a deixarem o Egito e a
retornarem à Canaã.
PLANO DE ESTUDO
introdução
6 Pós-Universo
HISTÓRIA DOS
HEBREUS: DOS
PATRIARCAS A MOISÉS
Pós-Universo 7
Pouco sabemos sobre a história dos hebreus anterior a dos patriarcas, as escrituras
não nos dão detalhes pormenorizados deste período. Da criação do mundo, passando
pela queda do homem, dilúvio, até chegar a Abraão são apenas onze capítulos que
representam mais de 4.000 anos de história (GUSSO, 2003). O leitor desatento pode
até cometer erros graves ao afirmar certa proximidade entre o período patriarcal
e a fundação do mundo, por isso, é importante esclarecer que nos pautamos em
referenciais bíblicos, e não em perspectivas arqueológicas, pois, baseados nelas, do
surgimento australopithecus afarensis, um dos primeiros hominídeos, até o período
patriarcal, seriam calculados, pelo menos, 3 milhões de anos.
Para situarmos o período em que os patriarcas viveram, vale uma breve
contextualização da região por onde passaram. A narrativa bíblica do Antigo
Testamento, ou da Tanakh, como é conhecida pelos judeus, passa-se, eminentemente,
na região chamada de crescente fértil, uma vasta área que engloba o nordeste da
África, passando pela Turquia, Palestina, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque e é marcado,
sobretudo, pela pequena fertilidade em meio a regiões desérticas, proporcionada
pelas cheias de rios, como o Nilo, na África, o Jordão, na Palestina e Jordânia e o Tigre
e Eufrates, no atual Iraque, antiga Mesopotâmia.
Na região do crescente fértil, estabeleceram-se grandes civilizações, entre as quais
podemos citar a egípcia e a mesopotâmica. A egípcia, estruturada no V milênio a.C.,
cerca de dois mil anos antes de Abraão, e a mesopotâmica, mais antiga, estruturada
no VII milênio a.C. Ambas organizaram-se produtivamente a partir das cheias e secas
de rios. Já do ponto de vista político, essas sociedades estruturaram-se de modos
diferentes. No Egito, por exemplo, o Faraó foi a figura que centralizou todo o poder e
era considerado um deus; já na Mesopotâmia, pela multiplicidade de povos e línguas,
não houve uma figura centralizadora, existiam reis que governavam cidades-estados
e eram, por sua vez, representantes dos deuses, não a encarnação de um.
8 Pós-Universo
NO TEMPO DOS
PATRIARCAS: ABRAÃO
10 Pós-Universo
É em Ur dos Caldeus que inicia a história bíblica dos patriarcas. Na cidade, vivia Terá,
um escultor de ídolos, descendente de Sem, filho de Noé e pai de Abrão, Naor e Harã.
Ainda em Ur, vivenciou o falecimento de seu filho Harã e, depois deste episódio, parte
com seu filho Abraão, sua nora Sarai e seu neto Ló, filho de Harã, para Canaã.
Terá não chegou à terra de Canaã, tendo falecido no caminho, na cidade de
Harã, no sul da atual Turquia. Possivelmente, a cidade tenha recebido este nome em
homenagem ao filho falecido em Ur.
Foi em Harã que Deus fez o pacto com Abrão, o primogênito de Terá.
““
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de
teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te
abençoarei e engrandecerei o teu nome; sê uma bênção! Abençoarei os que
te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Por ti serão benditos
todos os clãs da terra” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2010, Gênesis, 12, 1-3).
O primeiro patriarca foi Abrão, cujo nome significa “Pai nas alturas”. Casado com
Sarai, foi escolhido por Deus para possuir Canaã. Historicamente, ele é conhecido
como o primeiro Hebreu. A palavra Hebreu assume diversos significados, que podem
ser desde habitante de Hebron, cidade Palestina, ou mesmo peregrinos, fazendo
alusão ao caminho que o patriarca percorreu até chegar à Terra Santa.
Abraão recebeu de Deus a ordem, como narrado no versículo anteriormente
apresentado, mas como ser pai de uma grande nação quando sua esposa é estéril?
Para validar a ordem divina, o patriarca, a mando de sua esposa Sarai, deita-se com a
concubina egípcia Agar e desta relação nasce Ismael, que pode ser traduzido como
“Deus escutou”. Mas os planos do Criador em fazer de Abraão pai de uma grande
nação, não contava um filho bastardo.
No capítulo dezessete de Gênesis, Deus muda o nome do patriarca de Abrão,
que significa “pai nas alturas”, para Abraão, que se traduz como “pai das nações”, e
ainda, neste mesmo contexto, muda o nome de sua esposa Sarai, que em tradução
livre pode ser “minha princesa”, para Sara, “princesa”. Esta mudança de nome teve por
objetivo marcar uma transformação na vida da matriarca, que passou de estéril à fértil.
O capítulo dezessete também marca o chamado Pacto Abraâmico, uma aliança
eterna entre o Criador e seus descendentes.
““
A ti, e à tua raça depois de ti, darei a terra em que habitas, toda a terra de
Canaã, em possessão perpétua, e serei o vosso Deus. Deus disse a Abraão:
Quanto a ti, observarás a minha Aliança, tu e tua raça depois de ti, de geração
em geração. E eis a minha Aliança, que será observada entre mim e vós, isto
é, tua raça depois de ti: Todos os vossos machos sejam circuncidados. Fareis
circuncidar a carne de vosso prepúcio, e esta será o sinal da Aliança entre
mim e vós. Quando completarem oito dias, todos os vossos machos serão
circuncidados, de geração em geração. Tanto o nascido em casa quanto o
comprado por dinheiro a algum estrangeiro que não é de tua raça, deverá
ser circuncidado o nascido em casa e o que for comprado por dinheiro.
Minha Aliança, estará marcada na vossa carne como uma Aliança perpétua.
O incircunciso, o macho cuja carne do prepúcio não tiver sido cortada, esta
vida será eliminada de sua parentela: ele violou minha aliança” (BÍBLIA DE
JERUSALÉM, 2010, Gênesis,17, 8 -14).
12 Pós-Universo
Ainda em nossos dias, o Pacto é celebrado entre os judeus na cerimônia da Brit Milá,
que acontece como observância da lei no oitavo dia do nascimento de um menino.
A criança tem, nesse ritual, o prepúcio cortado como marca da aliança entre o Eterno
e seus descendentes. Os primeiros a cumprirem o Pacto foi o próprio Abraão, que na
ocasião tinha 99 anos, e seu filho primogênito Ismael, que tinha 13 anos. A tradição
cristã não incorporou tal ritual por entender que esta aliança foi feita com os filhos de
Abraão, e Jesus Cristo representa a Nova Aliança. O próprio apóstolo Paulo, um dos
fundadores da Igreja, admoesta da necessidade de circuncidar a alma, e não mais o
corpo (Rm. 2, 25 - 29; Fl. 3:3; Cl. 2: 11).
Como prometido, o Senhor visitou Sara, e ela deu à luz Isaac, que fora circuncidado
com oito dias, como ordenado no Pacto. Ele era o filho da promessa, e nesse contexto,
Agar e Ismael foram postos para fora de Canaã, em um primeiro momento por
determinação de Sara e depois por permissão divina. Agar e seu filho habitaram no
deserto da Arábia, tendo o menino se tornado flecheiro, e ela agricultora. Segundo
a tradição islâmica, Ismael foi o filho da promessa, não Isaac, e o pai da nação árabe,
sendo reconhecido como um dos vinte e seis profetas do Islã, o derradeiro e mais
importante para a religião Muhammad, ou Maomé.
Outro episódio importante foi narrado no capítulo vinte e dois do Gênesis, quando
Deus pede para que Abraão sacrifique seu filho Isaac como holocausto, na terra de
Moriá. O patriarca, prontamente, ouviu os desígnios divinos e, logo pela manhã, como
narra o capítulo: “Abraão se levantou cedo, selou seu jumento e tomou consigo dois
de seus servos e seu filho Isaac. Ele rachou a lenha do holocausto e pôs a caminho
para o lugar que Deus lhe havia indicado” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2010, Gênesis 22:3).
Abraão seguiu exatamente o mandamento de Deus, por mais que isso pudesse
representar o “ato mais hediondo imaginável por um ser humano” (AMÂNCIO, 2010,
p. 14). Quando estava a chegar nas vias de fato, o patriarca ouve a voz de Deus por
meio de um anjo, que lhe diz
““
“Não estendas a tua mão contra o rapaz!” − ordenou o Anjo “Não lhe faças
nada! Agora bem sei que temes a Deus, porquanto não me negaste teu
amado filho, teu único filho!” Em seguida, tendo Abraão erguido os olhos, viu
atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão
o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho (BÍBLIA KING
JAMES, Gênesis, 22, 12-13, 2017, on-line)1.
Pós-Universo 13
Este episódio tornou-se um dos mais icônicos da Bíblia e da literatura extra bíblica,
por exemplo, no livro de Hebreus, no capítulo onze, na galeria dos heróis da Fé, o
autor escreve:
““
“Foi pela fé que Abraão, tendo sido provado, ofereceu Isaac; ofereceu o filho
único, ele que recebera as promessas, ele, a quem fora dito: É por Isaac que
uma descendência te será assegurada. Mas ele dizia: Deus é capaz também
de ressuscitar os mortos. Por isso, recuperou seu filho, como um símbolo”
(BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2010, Hebreus, 11, 18 – 19).
A fé de Abraão nesse episódio também foi tema do livro Temor e Tremor do existencialista
dinamarquês Søren Kierkegaard, que se dedica “exclusivamente a examinar o episódio
e designa Abraão, pela sua dedicação incondicional a Deus, comprovada no caso do
sacrifício, como o cavaleiro da Fé por excelência” (AMÂNCIO, 2010, p. 15).
Abraão habitou a terra de Canaã até o fim de sua vida. O capítulo vinte e três do
livro de Gênesis mostra-nos a morte de Sara e a compra de um campo para sepultá-la.
Esse campo hoje é chamado de Machpelá, ou apenas Túmulo do Patriarcas, localizado
na região de Hebrom, na atual Cisjordânia, onde também estão sepultados o próprio
Abraão e seus descendentes, Isaac e sua esposa Rebeca e Jacó e sua primeira esposa
Lia. Por ter sido comprado, ainda hoje, judeus justificam a expulsão de árabes, que
há séculos vivem na região, por esta perícope da Bíblia.
Figura 1- Machpelá.
Fonte: The bible.org ([2017], on-line)2.
14 Pós-Universo
ISAAC E JACÓ
Pós-Universo 15
Isaac herdou tudo quanto pertencia a seu pai, inclusive as promessas de Deus. Fora
casado com Rebeca, que gerou seus dois filhos, os gêmeos bivitelinos Esaú e Jacó.
Durante seu patriarcado, aumentou sua riqueza pessoal e “chegou a agir como uma
espécie de chefe de Estado ao fazer aliança com os filisteus” (GUSSO, 2003, p. 11).
Levando em consideração os feitos de seu pai, Isaac por si só não representou uma
figura de destaque no panorama bíblico do antigo testamento, no entanto, de Esaú
e Jacó, seus filhos, não posso dizer a mesma coisa.
O nascimento de Esaú e Jacó ficou marcado na tradição bíblica por uma
peculiaridade; Esaú, o primogênito, saiu do ventre com seu irmão segurando seu
calcanhar, daí o nome do seu irmão, Jacó, que se traduz por “aquele que segura o
calcanhar”, que também pode se referir a “enganador”. Este episódio foi apenas uma
prévia do que Jacó faria.
Jacó, o preterido de seu pai e o preferido de sua mãe, envolveu-se em um dos
episódios mais constrangedores da narrativa bíblica. Na cerimônia preparada para
a investidura da bênção ancestral a seu irmão, que pela tradição receberia toda a
herança por ser primogênito, Jacó enganou seu pai, que estava velho e debilitado, e
se passou por seu irmão, isso com a benção de sua mãe, que manipulou a situação.
Esse episódio pode ser lido no capítulo vinte e sete do livro de Gênesis.
Jacó, o terceiro patriarca, jurado de morte por seu irmão e “devidamente” abençoado
por seu pai, partiu para Harã, onde se refugiou na casa de Labão, seu tio. Foi na cidade
onde morrera Terá que o enganador foi enganado. A narrativa bíblica mostra-nos que
Jacó propôs a Labão o trabalho de sete anos em troca da mão de sua filha Raquel,
e seu tio prontamente aceitou a proposta. Passados sete anos, Labão ofereceu a
mão de Lia, sua filha mais velha, quebrando, assim, o contrato com o sobrinho. Para
consolidar a união com a amada Raquel, foi obrigado a trabalhar mais sete anos.
Com Lia, Jacó teve seis filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Isaacar e Zebulom, com
Zilpa, concubina de Lia, Gade e Aser, com Bila concubina de Raquel, Dan e Naftali e
com Raquel, José e Benjamim, filho este que não conhecera sua mãe, pois morrera
em seu parto.
Sem dúvida, um momento marcante para o desenvolvimento desta história foi
o episódio do vau de Jaboque, quando, após uma luta com “um homem” (Gn. 32:24),
Jacó teve seu nome trocado para Israel, que significa “aquele que lutou com Deus
e com os homens e prevaleceu”. Do núcleo familiar de Israel, teremos o surgimento
das doze tribos, sendo seus descendentes também conhecidos como israelitas,
traduzidos por filhos de Israel.
16 Pós-Universo
OS HEBREUS NO
EGITO
18 Pós-Universo
““
os patriarcas entraram no Egito na época em que que este era dominado pelos
hicsos. Isto explicaria, em parte, a benevolência demonstrada para com Jacó
e seus filhos, pois existe a possibilidade destes conquistadores, semelhante
aos antepassados do povo de Israel serem de origem semítica.
Como não há referência a José e seus familiares, também não há sobre Moisés, o
libertador e criador da religião. Entenda-se aqui como fundador da religião hebreia
enquanto um corpo de regras pré-estabelecidas, apesar da revelação do Criador ao
Patriarca Abraão, o período anterior a Moisés, caracteriza a religião como tradições
de povos seminômades do Oriente Médio que se diferenciava dos demais por conta
de suas crenças monoteístas em um mar de paganismo.
Pós-Universo 19
MOISÉS, O
LIBERTADOR
20 Pós-Universo
Conta-se na narrativa bíblica que Moisés era um hebreu da tribo de Levi nascido no
Egito durante o período de opressão. No capítulo primeiro de Êxodo, a Bíblia apresenta-
nos que de hóspedes o povo de Israel havia se tornado escravo, nesse contexto o
bebê Moisés fora colocado no Nilo por sua mãe Joquebede que temia sua morte,
pois concomitante a seu nascimento foi decretado uma lei faraônica para que todo
filho recém-nascido de hebreu fosse morto.
Moisés foi retirado do rio pela filha do Faraó e amamentado por sua mãe que era
serva da mulher. Moisés viveu como um príncipe do Egito até o momento em que
mata um oficial que atentou contra a vida de um hebreu, fato este que o fez fugir do
Egito para o deserto de Midiã, onde se casou com Zípora, filha do sacerdote Reuel.
Cuidando das ovelhas de seu sogro no deserto, Moisés tem o decisivo encontro
com o Deus de seus ancestrais:
““
E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e
levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E
apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça;
e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés
disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não
se queima. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do
meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse:
Não te chegues para cá; tire os sapatos de teus pés; porque o lugar em que
tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão,
o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque
temeu olhar para Deus. E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição
do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos
seus exatores, porque conheci as suas dores” (BÍBLIA SAGRADA, Êxodo 3:1-
7,[2017], on-line)4.
Aqui vemos a renovação da aliança com seus ancestrais, Abraão, Isaac e Jacó,
“demonstrando assim que ela continuava válida para a sua posteridade, já se referiu
a eles como povo” (GUSSO, 2003, p. 21). Moisés foi levantado para tirar os hebreus do
cativeiro egípcio: “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo
(os filhos de Israel) do Egito” (BÍBLIA SAGRADA, Êxodo 3:10,2017, on-line)4, apesar da
relutância e ajudado por seu irmão Arão, pois, segundo a tradição hebraica, Moisés
era gago, parte para o Egito a fim de cumprir as ordens divinas.
Pós-Universo 21
A Bíblia não designa qual Faraó recebeu Moisés, mas existe uma indicação para
Ramsés II. Segundo Beek (1967, p. 27), a suposição baseia-se no capítulo 1: 11: [...] que
menciona as cidades do tesouro faraônico, Fitom e Ramsés. Esta foi fundada pelo
Faraó Ramsés II (1290 – 1224 a.C.). Com tais referências, muitos estudiosos concluíram
que Ramsés II deve ter sido o Faraó que oprimiu os israelitas.
saiba mais
O Talmud (texto importante do judaísmo, junto com os Midrashim) diz que
Moisés ficou gago porque, quando jovem, no Egito, teria colocado na boca
uma brasa, que deixou sua língua pesada. Conta-se que alguns do palácio
do Faraó julgavam Moisés uma ameaça (lembramos que ele cresceu no
palácio do faraó) e o acusavam diante do soberano. O faraó, então, disse:
Façamos uma prova. Vamos dar a ele uma pepita de ouro e uma brasa para
que ele a coloque na boca. Se ele pegar o ouro significa que é uma ameaça,
e se pegar a brasa, quer dizer que é inofensivo. Iluminado por Deus, pegou
a brasa, queimando a língua e enganando o Faraó”.
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.abiblia.org/ver.
php?id=7320>.
Fonte: ROSA, L. (2014, on-line)5.
Moisés encontrou dificuldades diante do Faraó, de certa forma, isso já era previsto,
pois o próprio Deus, no episódio da sarça ardente, havia falado do endurecimento do
coração do líder egípcio. Foi necessário algum tempo para que o monarca egípcio
liberasse a saída dos hebreus, tempo esse marcado por sucessivas audiências e por
uma série de pragas enviadas por Deus, que foram: (1) Transformação de água em
sangue; (2) Reprodução de rãs em abundância; (3) Infestação de piolhos em homens
e gado; (4) Enxame de moscas; (5) Animais tomados por pragas; (6) Úlceras e tumores
em homens e animais; (7) Chuvas de pedras; (8) Infestação de gafanhotos; (9) Trevas
sobre todo o Egito e (10) morte de todos os primogênitos entre pessoas e animais.
Apenas após a morte de seu filho, no último episódio, o Faraó libertou o povo.
Não há relatos fidedignos de quantos hebreus saíram do Egito. A narrativa bíblica
estima cerca de 600 mil homens (Êxodo 12:37), somando crianças e mulheres, este
número poderia triplicar e ficar em torno de 1 a 3 milhões almas.
22 Pós-Universo
““
[...] a única menção egípcia a respeito de Israel é a inscrição em um marco
comemorativo da vitória do Faraó Mernefta sobre os líbios, cerca de 1220
a. C. Esta inscrição liga Israel à Canaã, Gezer e Yenoam, mas enquanto estas
regiões são descritas por um hieróglifo significando “país”, Israel é representado
pelo símbolo de “povo”. Daí podemos concluir que, cerca de 1220 a. C., Israel
tornou-se uma nação.
Foram 40 anos no deserto até alcançarem definitivamente a Terra Santa. Anos marcados
pelo juízo de Deus, que utilizou das intempéries geológicas e da seca como utensílios
de conserto de um povo marcado por mais de 400 anos de cativeiro egípcio. Simon
Schama (2015. p. 26), em sua História dos Judeus, à procura das palavras 1000 a.C.
– 1492 d. C. afirma que
““
os autores bíblicos apresentaram o êxodo do vale do Nilo, o fim da escravidão
no estrangeiro, como o processo no qual os judeus se tornaram plenamente
israelitas. Viram a jornada como uma ascensão, tanto topográfica quanto
moral. Foi em cumes altos e pedregosos, paradas no caminho para o céu,
que YHWH[1] – como grafavam Iahweh – havia Se mostrado (ou pelo menos
mostrará Suas costas), fazendo o rosto de Moisés queimar e resplandecer
com a radiação refletida.
Pós-Universo 23
Moisés, o libertador, não liderou o povo na conquista de Canaã, tarefa que ficou
a cargo de Josué que juntamente com Calebe foram os únicos hebreus nascidos
no Egito que herdaram a Terra Santa, os outros morreram, ou nasceram durante o
período do deserto.
fatos e dados
Quantos israelitas deixaram o Egito no Êxodo?
Esta é uma pergunta intrigante. Segundo o relato de Êxodos (13:37), cerca
de 600 mil homens. Para os padrões censitários da época, trata-se de uma
grandiosa população. Autores como John Bright e outros exegetas judaicos,
ao traduzirem esta passagem compreendem o termo “elep”, contido no texto
original, não para unidade de milhar, mas para unidade de tropas tiradas
de um clã. Usando referências do recenseamento no livro de Números, 46
clãs equivaliam a 500 soldados. Desse modo, podemos entender que as 12
tribos formavam cerca de 5550 soldados, espalhados em 598 clãs. Somando
mulheres e crianças este número chegaria a cerca de 20.000 mil pessoas. O
que não deixa de ser um milagre!
Para saber mais, acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=V0wMCtXKZ-4>.
Fonte: o autor.
reflita
YHWH é uma das maneiras que os judeus se reportam a Deus. O tetragrama
não tem uma maneira correta de se dizer, ainda que usemos a expressão
Iahvé, ou Jeová, os judeus não ousam falar este nome, pois trata-se de um
termo sagrado. Por que na tradição cristã não herdamos este zelo com o
nome de Deus?
Fonte: o autor.
atividades de estudo
“Foram 40 anos no deserto até alcançarem definitivamente a Terra Santa. Anos mar-
cados pelo juízo de Deus, que utilizou das intempéries geológicas e da seca como
utensílios de conserto de um povo marcado por mais de 400 anos de cativeiro egípcio”.
a) Moisés não liderou o povo ao longo dos 40 anos que estiveram no deserto, essa
tarefa foi de responsabilidade de Josué, que liderou a conquista da Terra Santa.
b) Moisés é conhecido como o primeiro patriarca dos Hebreus. Liderou a saída do
Egito e a conquista da Terra Santa.
c) Moisés e sua esposa Rebeca reuniram a tradição religiosa oral em cinco livros, co-
nhecidos como Pentateuco.
d) Moisés foi um grande líder hebreu. Alcançou junto a Faraó a libertação de seu
povo e governou Israel ao longo dos quarenta anos em que estiveram no deserto.
e) Moisés era irmão de Faraó por isso conseguiu facilmente a liberação dos escra-
vos hebreus e alcançou a Terra Santa quarenta dias depois.
resumo
A história hebraica inicia-se na cidade de Ur dos caldeus ao sul da Mesopotâmia. Terá, pai de
Abraão, começa uma peregrinação com seu filho, sua nora Sara e seu neto Ló. Em Padã-Harã, na
atual Turquia ele vem a falecer e, nesse contexto, Deus se revela a Abraão, ainda chamado Abrão,
dizendo para continuar a caminhada iniciada por seu pai, rumo à Canaã.
Abraão, alcança o destino desejado, lá tem dois filhos, Ismael com Agar, a concubina de sua
esposa, e Isaac, filho de sua velhice com Sara. Isaac, enquanto filho legítimo da união matrimonial,
assume a herança de seu pai.
Isaac teve dois filhos com Rebeca, Esaú, o primogênito, portanto, herdeiro, e Jacó. Por ocasião de
uma predileção materna, Jacó assume o lugar de seu irmão, engana seu pai, já velho, e recebe o
direito sobre a herança dos patriarcas.
Para evitar a ira de seu irmão, foge para as terras de seu tio labão e se casa com suas duas primas,
Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. Jacó, também chamado Israel, teve 12 filhos, que deram
origem às chamadas 12 tribos de Israel.
José, um de seus filhos, foi vendido como escravo por seus irmãos para o Egito. Lá, apesar de ter
passado momentos difíceis, prosperou e se tornou governador daquela nação. Perdoou seus
irmãos e levou sua família para habitar com ele.
Em um momento de grande opressão, Deus levanta Moisés, um hebreu criado como príncipe
do Egito, para libertar o povo.
Depois de uma longa espera, Moisés consegue do Faraó o direito dos hebreus deixarem a terra
e voltarem para Canaã. Passaram 40 anos no deserto, em um período marcado por milagres e
lamúrias.
material complementar
História de Israel
Autor: John Brigth
Editora: Paulus
AMÂNCIO, M. O Pacto de Abraão. In. PILAGALLO, O. O sagrado na história: judaísmo. São Paulo:
Duetto, 2010.
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. 6. ed. rev. e amp. São Paulo: Paulus, 2010.
PONDÉ, L. F. Os dez mandamentos (+ um): aforismos teológicos de um homem sem fé. São
Paulo: Três Estrelas, 2015.
SCHAMA, S. A História dos judeus: à procura das palavras: 1000 a. C. - 1492 d. C. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.
1. c) Uma característica marcante do Pacto Abraâmico é a Brit Milá. Nesse ritual a criança
tem o prepúcio cortado como marca da aliança entre o Eterno e seus descendentes.
3. d) Moisés foi um grande líder hebreu. Alcançou junto a Faraó a libertação de seu
povo e governou Israel ao longo dos quarenta anos em que estiveram no deserto.