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Abril de 2018
Erving Goffman propõe esclarecer a relação do estigma (situação em que o
indivíduo se encontra impossibilitado pelo meio de obter uma aceitação social plena) com a
questão do desvio social - o qual demonstra ser determinado de acordo com o contexto no
qual os indivíduos estão inseridos. Busca compreender como estas relações são
estabelecidas e mantidas ao decorrer do convívio social. Sugere uma reflexão sobre a
formação da sociedade, onde o comportamento mais adequado é excluir o indivíduo que
difere dos demais.
No entanto, o autor ressalta que estes indivíduos tendem a ter as mesmas crenças
sobre a identidade, semelhantes aos indivíduos normais, pois estão inseridos na mesma
cultura, possuem os mesmos valores - conseqüência da interação com a sociedade em que
vivem. Tornam-se vítima de profissionais que proporcionam correções às consideradas
imperfeições, os quais aproveitam da fragilidade do momento e exploram o sofrimento
como meio de lucro, buscando a normalidade.
Como o próprio autor define, os estigmas não se restringem apenas às pessoas com
necessidades especiais, mas a todos os marginalizados pela sociedade - prostitutas, ex-
presidiários, negros, entre outros. A atitude protetora que muitos familiares têm com os
indivíduos estigmatizados pode provocar maiores preconceitos. Por não terem um convívio
social mínimo, podem se deparar com dificuldades que venham a surgir, quando estiverem
em contato com a sociedade.
O autor mostra que a identidade social e real dos indivíduos pode ser influenciada
ao entrar em contato com o estigmatizado. O indivíduo pode manipular as informações
referentes às limitações. Apesar de algumas serem visíveis, outras acabam tornando-se um
símbolo. Indivíduos que se sentem excluídos podem apresentar atitudes desidentificadoras -
para que não sejam reconhecidos ou marginalizados. A familiaridade reduz o menosprezo.
Os indivíduos somente deixarão de criar classificações quando fizerem parte do ambiente
dos diferentes, aprenderão assim a lidar com a diferença.
Para os estigmatizados, a imagem real pode ser afetada pela virtual, o que
influenciará condutas. Podem surgir disfarces para que as limitações não fiquem em
evidência (encobrindo-os ou acobertando-os, por não saberem como a sociedade irá reagir).
Muitas vezes, o estigmatizado terá uma postura incompatível com o esperado, além de
gastar uma enorme energia psíquica para elaborar mentiras e ocultá-las.
O autor aponta uma definição a ser considerada, quando diz que o indivíduo
estigmatizado e o normal são parte um do outro. Conclui-se que estes indivíduos são apenas
expectativas geradas, em situações sociais durante os contatos estabelecidos, já que no final
ocupam o mesmo espaço - de acordo com o contexto no qual estão inseridos.