Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Este conceito relaciona propriedades quânticas de partículas idênticas com o spin semi-inteiro
do elétron. Estas ideias constituiu-se como uma das contribuições mais relevantes de
Wolfgang Pauli para a teoria atômica.
Carley Martins
Átomos Multieletrônicos
Um átomo neutro é um sistema que contém um número z de elétrons e uma carga nuclear
positiva +ze. Diz-se que o sistema tem um número atômico z, cujo valor é utilizado para
organiza-los em uma tabela periódica dos elementos. Para desenvolver um formalismo
matemático para tratar deste sistema complexo, é importante retornar às características
fundamentais do hidrogênio, para utiliza-la como ponto de partida.
A teoria de Schroedinger fornece resultados bastante precisos para o estado estacionário do
átomo de hidrogênio. O potencial (coulombiano) no qual o elétron está imerso é bem
modelado e a solução da equação de Schroedinger admite solução exata, da forma:
E
1 e2 ! −i "n t -e r2-r1 -e
V (r) = − ; ϒ nlm m = Ψ nlm m ( r )e
4πε 0 r l s l s
r2 r1
O tratamento exato da teoria de Schroedinger torna-se mais +2e
complicado quando se trata de átomos com mais de um nucleo na
elétron. Vejamos a complexidade do problema, analisando o origem
caso mais simples dos sistemas multi-eletrônicos, o átomo de Interações coulombiana no
Hélio, o qual tem uma carga nuclear +2e (dois prótons) e dois átomo de Hélio
elétrons orbitais.
O potencial coulombiano para z=2, conterá dois termos de atração (elétron-núcleo) e um termo
de repulsão (elétron-elétron ).
Carley Martins
Átomos Multieletrônicos
-e r2-r1 -e
O potencial coulombiano para z=2, conterá dois termos de
atração (elétron-núcleo) e um termo de repulsão (elétron-
r2 r1
elétron ). O potencial será: +2e
2e2 2e2 e2 nucleo na
V (r) = − − + ! ! origem
4πε 0 r1 4πε 0 r2 4πε 0 r1 − r2 Interações coulombiana no
átomo de Hélio
A autofunção Ψ(r1,r2) associada ao sistema com dois
elétrons de energia E, obedece a equação de
Schroedinger independente do tempo, na forma:
−
2m
!
( )
Δ12 + Δ 2 2 ψ + Vψ = Eψ
Onde m é a massa do elétron e os operadores diferenciais (nabla) referem-se aos dois
conjuntos de variáveis espaciais em coordenadas esféricas (r1,θ1,ϕ1) e (r2,θ2,ϕ2).
Observa-se que a contribuição elétron-núcleo para o potencial tem a forma de potencial
central, e, se não fosse o termo elétron-elétron, a separação de variáveis poderia ser realizada,
facilitando a solução da equação. Entretanto, em vista da contribuição elétron-elétron não
apresentar simetria radial, o método de separação de variáveis não pode ser aplicado e uma
solução exata para a função de onda não é alcançada. Em situações deste tipo, novas técnicas
ou métodos devem ser aplicados em busca de soluções aproximada para a função de onda que
governa o sistema.
Carley Martins
Átomos Multieletrônicos
Para o caso mais geral, envolvendo um átomo com Z elétrons, a autofunção associada Ψ(r1,r2,...
rz) envolve Z coordenadas radiais independentes. Esta autofunção, para uma energia E, satisfaz
a seguinte equação diferencial.
Onde a energia potencial coulombiana contém
−
!
2m
( )
Δ12 + Δ 2 2 + ...+ Δ Z 2 ψ + Vψ = Eψ termos centrais atrativos e termos não centrais
repulsivos. Ou seja:
Ze2 ⎛ 1 1 1⎞ e2 ⎛ 1 ⎞ Ze2 Z 1 e2 Z 1
∑ ∑
1 1
V (r) = − + + ...+ ⎟ + ! ! + ...+ ! ! + ...+ !
rZ ⎠ 4πε 0 ⎜⎝ r1 − r2
! ⎟ V (r) = − +
4πε 0 ⎜⎝ r1 r2 r1 − rZ rz−1 − rZ ⎠ 4πε 0 i=1 ri 4πε 0 i< j r! − r!
i j
… e como trabalhar com isso?
Esta técnica de solução da equação de Schroedinger para átomos complexos foi originalmente
proposta por D. R. Hartree (1928) e implementada por V. Foch e J. C. Slater e ficou conhecida
como “Aproximação de Hartree-Fock”. Tal aproximação pode ser aplicada a qualquer átomo e
refere-se a ele como modelo de Potencial Central Autoconsistente:
Em resumo, neste modelo adota-se um potencial Vc(r) não-coulombiano como função de um
numero atômico efetivo Zef(r) na forma vista antes. Em seguida, procura-se as autosoluções
Rnl(r) e Enl para cada elétron e, a partir disso, constroe-se o estado do átomo.
A distribuição de probabilidade |Rnl|2 resultante para o sistema de partículas, determina uma
distribuição de cargas para cada elétron. .......
Carley Martins
Princípio da Exclusão de Pauli
O spin do elétron mostrou ter um papel fundamental para a compreensão da estrutura fina dos
espectros de átomos mono-eletrônico. O spin do elétron também revela influência nos estados
quânticos de átomos complexos.
A presença do spin do elétron impõe uma regra especial na construção dos estados
estacionários de átomos multi-eletrônicos. Esta regra se deve a uma simetria intrínseca
associada a sistemas de partículas idênticas, a qual se resume como:
Dois elétrons não podem ocupar um mesmo estado quântico, especificado
pelos seus números quânticos nlmlms
Esta regra é conhecida como o princípio da exclusão de Pauli e deve ser utilizada como uma
condição adicional nas soluções da equação de Schroedinger para átomos complexos.
O campo central no átomo complexo não é puramente coulombiano. A energia de um dos
elétrons deve estar relacionada portanto às coordenadas r e θ e, consequentemente, deve
depender de ambos os números quânticos n e l.
Os níveis de energia Enl, denominados de subcamadas atômicas, estão relacionadas a um
desdobramento dos níveis de energia de Bohr En, identificados neste contexto como as
camadas atômicas. As energias Enl não dependem nem de ml nem de ms, pois a energia
potencial de cada elétron é esfericamente simétrica e independente do spin.
Carley Martins
Princípio da Exclusão de Pauli
Portanto existem 2(2l+1) degenerescências de estados com a mesma energia Enl,
correspondentes aos dois possíveis valores de ms e 2l+1 valores possíveis de ml. Cada um
desses 2(2l+1) estados é um orbital atômico que pode ser ocupado por somente um elétron.
O Estado fundamental de um átomo constitui-se na configuração de menor energia. Tais
estados, construídos a partir do modelo de campo central, são obtidos da equação para Rnl
(vista anteriormente) resolvendo-a para um conjunto de autovalores de energia Enl.
Exemplo: deseja-se distribuir elétrons
em um átomo de modo que as
subcamadas sejam preenchidas em
ordem crescente de energia Enl. A
distribuição dos níveis e sub-níveis de
energia para elétrons em um potencial
central não coulombiano Vc(r) de um
átomo complexo no estado fundamental
é mostrado na figura ao lado. Observe
que a energia Enl aumenta com n para l
fixo. E tambem aumenta com l para n
Distribuição de níveis e sub-níveis de energias para
fixo. elétrons para o estado fundamental de átomos complexos
Carley Martins
Princípio da Exclusão de Pauli
De uma análise da figura, pode-se observar
que nem sempre é facil fazer a ordenação
correta dos níveis de energia. Por exemplo,
podemos ver que, para alguns valores de Z,
os sub-níveis 3d e 4s são tão próximos que
podem competir como estado mais baixo
de energia na alocação do último elétron
atômico. Uma conclusão similar pode ser
tirada para os sub-níveis 5s e 4d e outros
de mais altas energias. A partir dessas
informações, pode-se listar os subníveis
Distribuição de níveis e sub-níveis de energias para
em ordem crescente de energia, como se elétrons para o estado fundamental de átomos
segue: complexos
Os sub-níveis com energias muito
1s 2s 2p 3s 3p (4s 3d) 4p (5s 4d) 5p (6s 4f 5d) 6p ..... próximas foram colocados entre
parênteses
Esta lista pode ser utilizada para se construir a alocação dos elétrons do estado fundamental de
qualquer átomo da tabela periódica.
Carley Martins
Tabela Periódica … Construção
Observe: o único elétron do átomo de hidrogênio H e o último elétron do átomo de hélio, He,
devem ocupar o estado de mais baixa energia, ou seja o estado 1s. Podemos descrever as
configurações destes átomos com: H → 1s He → 1s 2 ≡ 1s1s
Carley Martins
Tabela Periódica … Construção
A figura abaixo mostra como as estruturas de camadas K, L, M, ... e subcamadas s, p, d, f, ...
dos átomos no estado fundamental são organizadas na tabela periódica, em ordem crescente de
energia.
Carley Martins
A figura b) mostra o espalhamento
inelástico, onde parte da energia do fóton é
espalhada e a outra parte é utilizada para
excitar o átomo a partir do estado
fundamental. Se ΔE é a diferença de
energia entre o estado excitado e o estado a) Espalhamento elástico b) Espalhamento
fundamental, então a energia do fóton ou de Rayleigh inelástico ou de Raman
espalhado é: hν ' = hν − ΔE
A medida da variação na frequência (Δν)
permite identificar os níveis de energia de
um determinado átomo espalhador. Este
procedimento é extensivamente usado em
c) Absorção ressonante d) Fluorescência
espectroscopia molecular e foi proposto em
1928 por C. V. Raman, sendo por isso
conhecido também por espalhamento
Raman.
A figura c) mostra o fenômeno da absorção
ressonante, onde a energia do fóton e) Efeito fotoelétrico f) Efeito Compton
incidente coincide exatamente com a
diferença de energia entre o estado Processos induzidos por radiação incidente sobre
um átomo, proveniente de um campo externo.
fundamental e o primeiro excitado do átomo
Carley Martins
Processos de Excitação e de Espalhamento Eletrônico
A figura ao lado mostra o fenomeno da fluorescência, onde, após
excitado pelo fóton incidente, o átomo emite uma sequência de
fótons de diferentes comprimentos de onda. Um exemplo comum
ocorre quando o átomo absorve luz ultravioleta e desexcita-se
emitindo vários comprimentos de onda de luz na faixa visível.
Detectores, fundamentados no processo de fluorescência, são muito aplicados na pesquisa de
raios cósmicos, como por exemplo, no Observatório Pierre Auger. Este observatório, situado
no sul da Argentina, estuda partículas partículas de altíssima energia da ordem 10+18 eV,
proveniente do espaço exterior (http://www.auger.org/).
A figura ao lado mostra o efeito fotoelétrico, onde a o fóton incidente, de
energia hν, transfere toda a sua energia a um elétron, geralmente das
camadas mais internas do átomo, como por exemplo a camada K. O
elétron é ejetado do átomo, com energia cinética dada por E= hν – EK,
onde EK é denominada função trabalho, ou seja, é a energia mínima
necessária para arrancar o elétron do átomo.
Deve ser notado que neste caso, o átomo perde um elétron e portanto, se torna ionizado. Ainda
deve ser notado que o efeito fotoelétrico produz um “buraco” (falta de um elétron) na camada
K do átomo. A seguir, ocorre um rearranjo dos elétrons, de modo que o “buraco caminha” para
a periferia do átomo, com a consequente emissão de diversos fótons outros fótons.
Carley Martins
Processos de Excitação e de Espalhamento Eletrônico
A figura ao lado mostra o espalhamento Compton, onde a energia do
fóton incidente é suficiente para ejetar um elétron e produzir um fóton
de menor energia menor que aquela do fóton espalhador. As energias
devem satisfazer a seguinte relação: EK= hν – hν’, onde EK é a
energia cinética do elétron ejetado e hν’ a energia do fóton espalhado.
Essa relação explica porque as linhas de emissão de uma dada série tem comprimento de onda
acima de das linhas de absorção correspondentes, como visto na última figura.
Carley Martins
Processo de Excitação Atômica e Espectro de Raio X
A figura ao lado mostra o diagrama de
níveis de energia atômico com a inclusão
do número quântico j, de modo que os
estados de cada elétron independente
sejam representados por quatro números
quânticos (nljmj).
Cada subcamada nlj pode absorver um
fóton de raio X incidente para construir o
espectro de absorção análogo àquele
apresentado anteriormente.
Nesse novo diagrama, o principio da exclusão de Pauli impede que dois elétrons tenham iguais
os quatro números quânticos (nljmj).
Na primeira parte da figura, a ocupação de cada subnível nlj é 2(j+1), correspondentes aos
números quânticos mj de estados degenerados para cadavalor de j.
Carley Martins
Processo de Excitação Atômica e Espectro de Raio X
Na segunda parte (b) da figura, pode ser observado uma transição particular de raio X com a
inclusão do acoplamento spin-órbita associada à uma linha padrão do Tungstênio. Um elétron
na subcamada LIII preenche uma lacuna na camada K, ou equivalentemente, ocorre uma
transição de buraco da camada K para a LIII.
Na figura à seguir, são mostradas as transições permitidas de buracos assinaladas pelos
números quânticos (nlj), para o chumbo (Z=82). Essas trnasições podem ser usadas para
justificar o espectro de emissão de raios X, tal como pode ser visto na figira.
Esses processos radioativos são
controlados por uma série de soluções de
dipolo elétrico, onde os números
quânticos de uma única partícula pode
variar somente de acordo com a seguinte
condição:
⎧0
Δl = ±1 e Δj= ⎨
⎩1
as diversas transições são organizadas em
diferentes séries de linhas de emissão.
Transições permitidas de buracos no chumpo para a
produção de raios X.
Carley Martins
Exercícios …
1. Descreva, de forma sucinta, a Aproximação de Hartree-Fock e Potencial Auto-Consistente.
2. Cite alguns argumentos que justifique a maior dificuldade de resolver a equação de Schroedinger
independente do tempo para um sistema de partículas que interagem entre si, do que para um
sistema de partículas que se movem independentemente.
3. Discuta, em termos da ocupação de elétrons e do princípio da exclusão de Pauli, a alta energia de
ionização dos gases nobres.
4. Quais são os elétrons determinantes das propriedades químicas dos átomos?
5. Discuta, de forma breve, o fenômeno da fluorescência. Complemente a discussão com um esquema
gráfico desta interação. Este processo é dominante para que faixa de energia dos fótons?
6. Qual a propriedade do raio X que os torna tão útil para ver estruturas internas, normalmente
invisíveis?
7. O que são transições de buracos nas estruturas atômicas?
Carley Martins
Slides BACKUP
Carley Martins