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Pesquisa revela insatisfação com excesso

de teoria e falta de prática do atual modelo


de ensino
Estudo da Fundação Lemann mostra como jovens e professores enxergam a
Educação no Brasil - POR RAPHAEL KAPA 15/06/2015 6:00 / ATUALIZADO 15/06/2015 9:56

RIO - O atual modelo de ensino no Brasil não prepara os jovens para a vida. Há excesso de
conteúdo, e pouco espaço para desenvolver habilidades que permitam a eles usar o
conhecimento em atividades práticas. É desta forma que o jovem vê o ensino básico no
Brasil, segundo a pesquisa Projetos de Vida, feita pela Fundação Lemann, com o objetivo de
contribuir para as discussões de reforma do currículo em andamento na construção da Base
Nacional Comum (BNC). A visão negativa aparece não apenas no depoimento dos que
acabaram de entrar na faculdade. Ela também é compartilhada por especialistas,
professores universitários, empregadores e ONGs. Ou seja, todos concordam que o atual
modelo não prepara os jovens para a vida. Há excesso de conteúdo e pouco espaço para
desenvolver habilidades.

— A sociedade espera que os jovens sejam capazes de aplicar os conhecimentos aprendidos


na escola em situações reais. Na universidade, professores esperam que os jovens consigam,
por exemplo, articular suas opiniões e se expressar com clareza para defender um
argumento em sala — afirma Camila Pereira, diretora de Políticas Educacionais da
fundação. — Um jovem no seu primeiro emprego quer usar seus conhecimentos de
matemática para interpretar gráficos e tabelas. A sociedade espera que os jovens saiam da
escola tendo desenvolvido uma série de habilidades, não tendo aprendido apenas uma lista
de conteúdos.

O levantamento foi feito a partir de 126 entrevistas em profundidade com jovens,


empregadores, professores universitários, especialistas e ONGs.

Os próprios estudantes afirmaram que sentiram deficiências em suas formações. Além do


entendimento de que a escola não forma o jovem para a vida, outras conclusões da pesquisa
são a percepção de que a escola usa métodos atrasados e inadequados. Apareceu também,
principalmente por parte de empregadores e professores, a demanda por habilidades
socioemocionais, como foco, persistência, autonomia e curiosidade.

A pesquisa entrevistou jovens com boas notas no Enem. Foram eles que afirmaram que a
escola não prepara, não traz autonomia e não faz com que o aluno descubra suas aptidões.
Como contraponto, pedem aulas mais dinâmicas, exemplos práticos e professores que
troquem experiência sobre o que acontece após a entrega do diploma.

Karina Madruga, de 17 anos, já viveu entre os dois mundos. Ela reclama que seu antigo
colégio era conteudista e que tudo se resumia a testes e provas. Atualmente no 2º ano do
ensino médio da Escola Estadual Chico Anysio, considerada uma unidade de referência no
Rio, a aluna afirma que a educação pode ser diferente.

— Num todo, a escola é atrasada, mas há exceções. Já estudei em um colégio cujo único
objetivo era ter uma boa nota na prova. Hoje, vejo que o colégio pode ser um lugar para o
desenvolvimento de habilidades positivas como o trabalho em equipe, a iniciativa e a busca
pelo conhecimento. Isso tudo sem ser estimulada uma competição como nas escolas
tradicionais — afirma Karina, que sonha em cursar Direito na Uerj e ter seu próprio
escritório.

PARA FACULDADES, POSTURA É MAIS IMPORTANTE

Esse desenvolvimento de habilidades é visto como fundamental para professores


universitários e empregadores. Falta de entendimento de instruções, dificuldades para se
expressar e medo de repreensão são três das dificuldades vistas no jovem formado quando
vai para a faculdade ou está em seu primeiro trabalho, de acordo com o levantamento.

— Penso que a escola tem que ser um local onde o aluno tenha uma formação boa em
conteúdo, mas também crie e aprimore competências. Ele deve começar a desenvolver
autonomia, comprometimento, proatividade e trabalho em equipe nesse período. Não é
para ele se formar e já ser excelente nessas habilidades, mas não pode ser algo que começa
do zero — afirma Jacqueline Resch, diretora da consultoria Resch, especializada em
recrutamento, que a pedido do GLOBO comentou os resultados da pesquisa.

A situação no ensino superior também não é favorável para o atual aluno oriundo do ensino
básico. Na pesquisa, os professores universitários afirmaram que o estudante precisa ser
proativo e se antecipar às ordens, além de executar as tarefas de forma adequada. Para eles,
a postura é mais importante do que o conhecimento específico.

Henrique Neto, chefe do Centro de Graduação da Fundação Getúlio Vargas, concorda com o
diagnóstico da pesquisa:

— O colégio prepara o aluno para fazer o Enem e não para ver o mundo. Muitas vezes é dada
para a universidade a responsabilidade de realfabetizar o aluno. A formação tem que pensar
na autonomia, na resiliência, na ética. Temos que voltar à pergunta principal: ensinar o
quê? Esta discussão precisa ser feita pela sociedade para que o aluno formado possa ser um
profissional e um cidadão melhor.

Foi nesta perspectiva que a pesquisa entrevistou ONGs para saber o que falta na formação
dos jovens para que sejam cidadãos mais atuantes.

— O colégio tem que ser mais formativo, se pautar em valores. A escola de hoje não oferece
isso, mas não é culpa dela. É do modelo. Ele está voltado para um saber acadêmico
direcionado a uma escola que era só para as elites. A sociedade mudou, mas o modelo
escolar não. O colégio tem que passar a pensar as habilidades que este jovem pode
desenvolver — diz Maria Thereza Marcilio, gestora da ONG Avante, direcionada a direitos
educacionais.

Apesar dos vários problemas apontados, a solução parece ter um ponto inicial comum: um
novo modelo educacional. Em termos práticos, os autores da pesquisa veem na construção
da Base Nacional Comum (BNC) uma matriz sobre o essencial a ser aprendido, uma
oportunidade para que a escola deixe de ser alvo de críticas.

— A BNC, que começou a ser construída pelo MEC, é uma grande oportunidade para
reduzir a desconexão entre o que é ensinado nas escolas e as habilidades realmente
essenciais para os jovens. Como ela deve ser parte dos currículos de todas as escolas do país,
se essa base tiver grande qualidade e definir os conhecimentos e habilidades essenciais que
todos devem aprender, ela pode ajudar o Brasil a avançar bastante — afirma Camila Pereira.
O que pensam os jovens
sobre o Ensino Médio
http://novaescola.org.br/conteudo/183/o-que-pensam-os-jovens-sobre-o-ensino-medio

O que pensam os jovens sobre o Ensino Médio Pesquisa aponta que eles
se mostram insatisfeitos com o modelo e os conteúdos trabalhados

Por: André Bernardo - Junho de 2013

João admite que, até a 4ª série, ainda gostava das professoras. Mas, da 5ª em diante, não conseguiu
aprender mais nada. Maria compara a escola onde estuda a um presídio. "Lá, não tem cadeiras nas
salas, mas tem grades nas janelas", diz. Teresa fica triste quando não tem aula por falta de professor.
Já José garante que, em breve, vai voltar a estudar. "Até para ser gari tem de terminar o Ensino
Superior", justifica ele. Os nomes dos personagens acima são fictícios, mas as histórias não. Elas
aparecem no levantamento O Que Pensam os Jovens de Baixa Renda sobre a Escola, da Fundação
Victor Civita (FVC), realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Coordenada pelo economista Haroldo da Gama Torres, a pesquisa ouviu jovens de 15 a 19 anos de
áreas pobres do Recife e de São Paulo e concluiu que há grandes desafios a ser enfrentados no
Ensino Médio. A crise que se instalou pode ser traduzida em números: em 2011, apenas 50,9% dos
jovens de 15 a 17 anos frequentavam o Ensino Médio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad). Além disso, na década entre 2002 e 2012, o número de matrículas caiu de 8,710
milhões para 8,376 milhões, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).

O estudo investigou o tipo de relação que os jovens estabelecem com as escolas de Ensino Médio.
Entre os dados colhidos, chama a atenção a dificuldade que eles têm de atribuir sentido às disciplinas
e aos conteúdos estudados. Um entrevistado do Recife, por exemplo, disse que "estava perdendo
tempo com Química e Física". Outra, de São Paulo, declarou: "Nunca vou entender Matemática;
aquilo não serve pra nada". E eles estão longe de ser casos isolados. A pesquisa mostrou que um em
cada cinco alunos só vai à escola para conseguir o diploma. "O resultado confirma o que já tínhamos
verificado: o jovem de hoje não vê o menor sentido no que aprende na aula. Ele se sente conectado
com a vida, mas desconectado com a escola", observa Priscila Cruz, diretora executiva do Todos
pela Educação. Para resolver o problema da fragmentação curricular - no Ensino Médio, o aluno
chega a estudar 13 disciplinas -, ela propõe uma flexibilização. "A grade curricular pode permitir a
liberdade de escolha. Na adolescência, muitos sabem do que gostam e do que não gostam. Se a
escola for um lugar onde o estudante consegue construir um projeto de vida, vai se sentir motivado a
frequentá-la."

Não ver utilidade em boa parte das disciplinas estudadas não é o único motivo que leva os alunos a
abandonar os estudos. Eles se queixaram também do clima de insegurança, da zoeira - termo que
significa excesso de bagunça e bullying dos colegas - em sala de aula e do absenteísmo dos
professores (leia o número abaixo) como fatores determinantes para a evasão escolar. "Quem leciona
à noite para jovens da periferia enfrenta uma realidade diferente daquele que trabalha de dia nos
grandes centros. Então, me parece importante que os educadores que dão aula em locais mais pobres
e sem tanta infraestrutura sejam reconhecidos de outra forma", opina Torres, que propõe políticas de
incentivo para valorizar os bons professores.

50,9% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados no Ensino Médio.


Fonte PNAD
24% dos estudantes não se sentem seguros na escola.
Fonte FVC
37,2% dos alunos nunca usaram o computador na escola.
Fonte FVC
334 mil é o número de matrículas no Ensino Médio perdidas entre 2002 e 2012.
Fonte MEC
76,7% dos adolescentes relatam que situações de zoeira são comuns em sala de aula.
Fonte FVC
42% dos jovens não tiveram alguma aula no dia anterior à data da pesquisa.

Crítica ao baixo uso da tecnologia

Em relação aos docentes, 81,3% dos entrevistados declararam que, em caso de dúvida, eles
explicavam adequadamente as matérias, 77,2% consideraram os professores interessados em sua
aprendizagem e 78,6% entenderam que a escola e os professores apoiavam os alunos com
dificuldades. Mas, mesmo nas escolas que tinham computador (73,8% do total da amostra analisada),
37,2% dos estudantes reclamaram que nunca tinham usado o equipamento. "A professora não sabia o
que era Facebook nem tinha Orkut. Dá pra acreditar?", indagou um adolescente de São Paulo. "Pra
mim, a escola parou no tempo", completou uma jovem de São Paulo. Segundo a pesquisa, 70,7% dos
entrevistados tinham acesso à internet em casa e 57,6% em celulares. "A tecnologia é uma excelente
estratégia, como outras. Mas, sem conteúdo pedagógico, ela não vale nada", diz Priscila.

Na opinião de Gisela Tartuce, da Fundação Carlos Chagas (FCC), não há como pensar em melhorias
para o Ensino Médio sem planejar uma sólida e continuada formação docente. "Uma formação que
permita lidar com a diversidade da classe, com as novas tecnologias da informação e com a realidade
indisciplinada e insegura das escolas brasileiras", afirma Gisela (leia o quadro abaixo). Para Torres,
a formação do professor tem de ser mais pragmática e menos teórica. "Chegou a hora de discutir a
escola como ela é. No caso dos alunos de classes menos favorecidas, é preciso pensar em alternativas
que ajudem o educador a se relacionar com o estudante que já chega a essa etapa de ensino mal
preparado. Esse ainda é um grande desafio", afirma.

Problemas vêm de antes

A pesquisa Anos Finais do Ensino Fundamental: Aproximando-se da Configuração Atual, da


Fundação Victor Civita (FVC), realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) em 2012, revelou que
a falta de infraestrutura, a rotatividade dos docentes e a fragmentação curricular não são problemas
que afligem apenas quem cursa o Ensino Médio. "Enquanto os alunos dos anos finais do
Fundamental reclamam da indisciplina da própria turma, os do Médio focalizam a insegurança da
escola como um todo", compara Gisela Tartuce, uma das coordenadoras da pesquisa. "Mas, em
ambos os estudos, mesmo que apareçam restrições à conduta docente, os estudantes valorizam seus
professores e reconhecem as dificuldades do trabalho deles." Segundo Gisela, outras pesquisas
sustentam que "a perda do sentido de estar na escola" atinge também os educadores. Na visão de
alguns, os jovens são, em sua maioria, consumistas, imaturos e alienados. "Esses desencontros
explicam, em grande parte, o desinteresse pela escola, nos dois níveis de ensino."
Escola Moderna
http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/escola_moderna.htm

Escola tradicional x Escola moderna, salas de aula, métodos de


ensino, professores, família na escola

Introdução

Basta entrarmos numa escola atual para verificarmos que ela reproduz o mesmo sistema da época
dos nossos avós. A sociedade, a família e o mundo do trabalho mudaram, mas a maioria das escolas
brasileiras continuam repetindo o mesmo modelo. São poucas escolas que buscaram inovações e um
sistema educacional mais moderno, visando à qualidade de ensino. Apresentaremos abaixo,
princípios de um modelo educacional que seria mais eficiente e adequado para o mundo atual.

Salas de aula

As escolas tradicionais não se preocupam com o espaço físico da sala de aula. Grande parte delas
possuem espaços compostos apenas por carteiras, lousa e cortinas. Ou seja, um ambiente pouco
estimulante para as crianças e adolescentes de hoje. A inovadora proposta de sala de aula ambiente é
pouco utilizada pelas escolas, pois estas não são favoráveis à circulação de alunos de uma sala para a
outra ou rejeitam a ideia pelo custo de implantação.

As salas-ambiente são interessantes e funcionam bem, quando implementadas corretamente, pois


oferecem mais recursos e estímulos aos alunos. Numa sala-ambiente de História, por exemplo,
podemos ter mapas, livros paradidáticos, dvd com filmes temáticos, revistas entre outros recursos.
As mesas podem ficar dispostas de forma a facilitar o trabalho em equipe, e não em fileiras, como
numa sala tradicional.

A quantidade de alunos por sala de aula também é um problema. Muitas escolas colocam 30, 40 e até
mesmo 50 alunos por sala. Nestes casos, a qualidade do ensino cai muito, pois o professor não pode
oferecer um atendimento mais individualizado, buscando sanar as dificuldades de aprendizado dos
alunos. Sem contar que o excesso de alunos por sala é um dos fatores geradores de indisciplina.

Método de Ensino

As escolas tradicionais ainda trabalham com o sistema que privilegia a quantidade de informação,
misturando os conteúdos significativos com os de pouco significado para aquele momento.
Questionários são usados para reforçar o conteúdo e as avaliações servem apenas para medir a
assimilação destes conteúdos.

O ideal seria que fossem trabalhados conteúdos significativos para a formação do aluno. Qual
conhecimento seria mais importante para um aluno? Conhecer os conflitos políticos na época
imperial ou saber como funciona nosso sistema político atual e para que ele serve em nosso dia-a-
dia?
As atividades deveriam deixar de lado o sistema repetitivo para dar espaço para a criatividade,
pesquisa e produção de conhecimentos. Afinal de contas, são estas qualidades exigidas no mercado
de trabalho atual.

Além dos conteúdos é necessário que a escola favoreça o desenvolvimento de atitudes positivas,
atuando na formação do indivíduo. Respeito, paz, convivência harmônica, solidariedade e princípios
de cidadania devem ser levados a sério e incluídos nos programas pedagógicos de forma prática e
eficiente.

Professores

O que vemos hoje em dia é uma crise na carreira do magistério. Pesquisas indicam a insatisfação de
grande parte dos professores e os órgãos públicos apontam uma carência destes profissionais em
diversas áreas. Os baixos salários fazem muitos professores trabalharem em duas ou até três escolas.
Resultado: professores cansados e com pouco tempo e recursos para fazerem cursos e preparem aulas
com qualidade.

A solução passa diretamente pela valorização do magistério, principalmente, com melhores salários.
Podemos pegar como exemplo o caso da Coreia do Sul, país onde os professores são bem
remunerados, sendo que em contrapartida devem se dedicar exclusivamente a uma escola.
Trabalhando em apenas uma escola, o professor pode se envolver mais nas questões pedagógicas e
conhecer melhor seus alunos, ganhando tempo para produzir suas aulas e atividades.

Na Coreia do Sul houve um salto significativo na qualidade da educação nas últimas décadas, sendo
que o mesmo poderia acontecer com o Brasil, caso houvesse um forte investimento no magistério.

Família

De nada adianta a escola trabalhar como uma proposta educacional se a família, no ambiente do lar,
fizer o contrário. Os pais devem participar mais da vida escolar dos filhos, colaborando para o
aprendizado e crescimento dos alunos. Cabe às escolas criarem espaços e sistemas para incluir os
pais no processo educativo. Família e escola, trabalhando juntos, podem garantir melhores resultados
na educação.
Escola satisfaz apenas 1 a cada 10 jovens no país, diz pesquisa

Aline Leal – Repórter da Agência Brasil


Pesquisa mostra desejo de mudança da sala de aula tradicional, com carteiras
enfileiradas
Arquivo/Agência Brasil

Pesquisa divulgada hoje (22) pelo Instituto Inspirare mostra os jovens não estão satisfeitos
com as escolas brasileiras, o que envolve aulas e material pedagógico.

“Os alunos demonstram claramente que não estão felizes com a forma como o ensino e a
aprendizagem ocorrem", diz Anna Penido, diretora do instituto. De acordo com Anna, os
alunos reclamam da inadequação das aulas e do material didático e afirmam que as
relações entre eles e entre eles e os professores "não é legal”.

Feita em parceria entre o portal Porvir, programa especializado em inovações educacionais


do Instituto Inspirare, e a Rede Conhecimento Social, a pesquisa Nossa Escola em
(Re)Construção mostra que um em cada 10 jovens que responderam ao questionário está
satisfeito com as aulas e o material pedagógico.

Para o levantamento, foi usada a metodologia participativa com a qual foram ouvidos 132
mil adolescentes e jovens de 13 a 21 anos de todas as regiões do país. Mais de 85% dos
entrevistados são da Região Sudeste; 9,4% do Centro-oeste, 3,6 do Sul, 1,4% do Nordeste
e 0,2% do Norte.

Oito em cada 10 entrevistados disseram que as relações dos alunos com a equipe escolar
e com os colegas precisam melhorar. Apesar das críticas, os estudantes ouvidos na
pesquisa demonstram que ainda têm vínculo afetivo com o espaço escolar: 70% deles
gostam de seus colégios e 72% dizem que aprendem lá coisas úteis para sua vida.

“Eles gostam da escola, eles não desistiram dela. Eles querem que a escola seja diferente,
mas que continue existindo. A escola se desconectou da realidade desses alunos, e agora,
para se reconectar, vai ser importante escutá-los, ver porque não estão aprendendo”,
frisou Anna.

Para a diretora do Inspirare, no mundo todo, vive-se atualmente a maior crise do modelo
educacional desde que se criou a escola como existe hoje. “A escola de hoje foi construída
na revolução industrial para educar as pessoas em larga escala, um modelo mais
padronizado para educar muita gente ao mesmo tempo."
Anna disse que esse modelo respondeu a uma realidade "mais cartesiana, mais linha de
produção, quando as pessoas se preparavam para uma profissão conhecida, em um
cenário mais estável". "Vivemos hoje em um mundo mais volátil, [com] muita intermediação
tecnológica, e a escola tem que acompanhar as novas demandas”, acrescentou Anna.

A estrutura física das escolas também é motivo de descontentamento. Para metade dos
entrevistados, a sala de aula tradicional, com carteiras dispostas em filas, não faz parte da
escola dos sonhos. Os alunos ouvidos na pesquisa expressaram a vontade de diversificar
o local em que estudam. As opções mais populares são o uso de ambientes internos e
externos e de móveis variados, como pufes, bancadas, almofadas e sofás, dispostos em
diferentes configurações, Os entrevistados não querem estudar apenas em lugares
fechados: 44% sonham com uma escola com bastante área verde.

A pesquisa revela ainda que 36% dos estudantes consideram que “atividades práticas ou
resolução de problemas” os faria aprender mais, e 27% entendem que o uso da tecnologia
contribui para a aprendizagem. Para 51%, a tecnologia não deveria se restringir a
laboratórios de informática, mas também estar presente nas salas de aula e em outros
ambientes.

Os jovens também acreditam que a escola deve prepará-los para o futuro. Mesmo quando
imaginam uma instituição inovadora, 27% dizem que o foco deve ser "o preparo para o
Enem e o vestibular” e 23% dão prioridade à "preparação para o mercado de trabalho”.
Quanto ao currículo, 25% querem ter algumas disciplinas obrigatórias e o direito de
escolher outras, enquanto 21% defendem disciplinas obrigatórias no horário de aula e
eletivas no contraturno.

Para entender o que os alunos pensam da escola e, principalmente, o que esperam dela, a
pesquisa usou uma metodologia chamada PerguntAção, que envolveu os jovens em todas
as etapas do processo – da elaboração do questionário à análise das respostas. O
questionário ficou disponível na internet de 28 de abril a 31 de julho deste ano, para que
alunos ou ex-alunos de todo o Brasil pudessem responder às perguntas feitas com o apoio
de um conselho de especialistas e de um grupo de 25 jovens de 13 a 21 anos. Algumas
secretarias de Educação empenharam-se em divulgar a pesquisa entre os jovens.

Segundo Anna Penido, o Instituto Inspirare busca apresentar a pesquisa ao Ministério da


Educação e às secretarias de Educação, para que a voz dos jovens possa influenciar na
tomada de decisão diante dos gestores.
Estudo revela motivos para o desinteresse de estudantes pelo ensino médio
O modelo atual não corresponde às aspirações dos jovens de baixa renda, que
reclamam também da falta de tecnologia e de infraestrutura nas escolas. Postado em
25/06/2013 08:50 / atualizado em 25/06/2013 13:36

A escola não consegue mais atrair o jovem brasileiro, e o que prova isso são as estatísticas do
Ministério da Educação (MEC). Segundo a pasta, a quantidade de matrículas no ensino médio caiu
de 8,7 milhões para 8,3 milhões na última década (2002-2012). A pesquisa “O que pensam os jovens
de baixa renda sobre a escola”, feita com 1 mil estudantes de 15 a 19 anos do ensino médio de São
Paulo e de Recife, descobriu as razões que desmotivam os alunos a frequentarem as aulas. O
levantamento foi feito pela Fundação Victor Civita em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento, o Banco Itaú e a Fundação Telefônica Vivo.

O estudo revelou que os jovens não percebem utilidade no conteúdo das aulas. As disciplinas de
língua portuguesa e matemática são consideradas as mais úteis por, respectivamente, 78,8% e 77,6%
dos alunos. Já geografia, história, biologia e física são consideradas descartáveis para 36% dos
entrevistados.

A pior avaliação foi para literatura: apenas 19,1% dos jovens acham que o conteúdo seja útil. Os
estudantes desejam atividades mais práticas e alegam que exemplos do cotidiano usados em sala de
aula facilitariam o o aprendizado. Mesmo que não considerem o conteúdo das aulas relevantes para a
vida, os jovens acreditam que o certificado do ensino médio garante mais chances no mercado de
trabalho.

Mercado de trabalho
De acordo com a pesquisa, a ansiedade dos jovens é por entrar o mais rápido possível no mercado
profissional. A maioria deseja encontrar um emprego antes de terminar o ensino médio. Mas, na
avaliação da coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita, Regina Scarpa, o modelo de
ensino oferecido pelas escolas não corresponde a essas expectativas e, por isso, muitos estudantes
optam por parar de estudar para poderem trabalhar.

Os dados mostram que um em cada cinco alunos declarou que só frequenta a escola para conseguir
um diploma. "Os jovens têm consciência que é importante ter um diploma, mas a escola não está
conseguindo passar o valor do conhecimento aos estudantes", afirma.

Os adolescentes ouvidos demonstraram ainda estar totalmente conectados às novas tecnologias.


Mesmo vindos de famílias com rendas muito reduzidas — 46,6% das famílias dos jovens
entrevistados possuem uma renda inferior a R$ 1.500 —, 70,7% têm acesso à internet em casa. Mais
da metade dele, isto é, 57,6% usam celular e tablet para entrar em sites e redes sociais.

No entanto, a pesquisa mostra que as escolas parecem não estar interessadas em se apropriar de
recursos tecnológicos para conseguir manter os jovens em sala. Apesar de 73,8% dos entrevistados
terem declarado que a escola onde estudam é equipada com computadores, 37,2% deles afirmam que
nunca utilizaram o equipamento. O baixo uso de tecnologia em sala de aula, a dificuldade em acessar
a internet e a proibição do uso de celulares estão entre os fatores que mais incomodam os estudantes.

Sem estímulo
As constantes ausências dos professores também diminuem as chances das escolas reterem os alunos.
Cerca de 42% dos entrevistados, por exemplo, não tiveram pelo menos uma das aulas programadas
no dia anterior à data de participação na pesquisa. Segundo os jovens, também é problemática a
relação interpessoal com os educadores.
Outra reclamação são os já conhecidos problemas de infraestrutura do ambiente escolar, 38% dos
estudantes ressaltaram os problemas em relação à conservação do espaço físico. O estudo mostrou
que a adoção de equipamentos escolares básicos — como computadores, bibliotecas e quadras de
esporte não é universal. Mesmo quando eles existem, a utilização desses recursos e pouco frequente.

A má conservação também contribui para o sentimento de insegurança nas escolas — que é outro
ponto crítico para o afastamento dos jovens da escola. "A questão da violência e do bullying
amedronta e atrapalha, pois não torna o ambiente propício para o aprendizado. Para os jovens, os
adultos não tem controle da situação. Se eles pudessem contar com os adultos, não haveria esse
sensação de insegurança", diz Regina.

O ensino médio é a etapa da vida estudantil com o maior índice de evasão, segundo os dados do
MEC. O brasiliense Matheus de Andrade, 17 anos, faz parte dessa estatística. Ele largou os estudos
há um ano e meio, quando era aluno do Centro de Ensino 111 do Recanto das Emas. "Vou fazer
supletivo quando completar 18 anos. A escola não me motivava, era muita bagunça. No início do ano
não tinha professor e, quando tinha, eles faltavam", conta.

O jovem, que já repetiu de ano duas vezes, reclama ainda da forma de avaliação. "Eles deveriam
avaliar de outra forma, usar outros métodos além da prova, que ofereçam mais tempo para o
estudante, como trabalhos e apresentações." Mesmo sem o diploma do ensino médio, Matheus é
atualmente professor em uma escola de informática do Recanto das Emas. Assim como os jovens da
pesquisa, Matheus também usa celular e tem acesso a internet em casa, e utiliza a rede para
acompanhar as novidades sobre tecnologia e entrar nas redes sociais.

Soluções
"Este cenário deixa claro que a escola precisa se aproximar da realidade dos alunos, entender as suas
expectativas e anseios e envolve-los nas questões escolares de forma a adequar melhor os projetos
pedagógicos às necessidades", afirma a diretora-executiva da Fundação, Angela Dannemann. Para
resolver as questões identificadas na pesquisa, a Fundação Victor Civita, em conjunto com
especialistas em educação, propõe formas para aprimorar o ensino e torná-lo mais atrativo aos jovens
de baixa renda.

Para a coordenadora Regina Scarpa, primeiro as escolas precisam melhorar os serviços que já estão
disponíveis. Para reverter os índices de abandono escolar, é necessário garantir professores presentes
e preparados, melhorar a infraestrutura, usar as novas tecnologias durante as aulas e zelar pela
segurança no ambiente escolar.

Segundo os especialistas, aproximar a escola do universo dos alunos seria o maior desafio. O jovem
estudante deve ser ao mesmo tempo sujeito e objeto da ação de seu desenvolvimento. Por isso a
importância de projetos extracurriculares que envolvam a comunidade. Projetos de conservação do
patrimônio escolar, bandas de música e clubes de leitura são algumas formas de diálogo entre jovem
e escola que, além de atrair alunos, também podem integrar o projeto pedagógico das instituições de
ensino médio.

Outra dica é diversificar os modelos de formação ou flexibilizar os currículos para atender a


demanda dos diversos projetos de vida dos alunos. Além disso, as atividades escolares devem ser
mais variadas. A didática aplicada pode ser mais dinâmica e as aulas mais práticas. Fóruns e
discussões em sala de aula e trabalhos em grupo são boas alternativas, sugere a pesquisa.

O professor-pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Remi Castioni, não


se surprendeu com os resultados do estudo. Para Castioni, a pesquisa evidencia questões recorrentes
do sistema educacional, como o excesso de disciplinas, a falta de professores e a dificuldade de se
visualizar a utilidade do conteúdo. Mas a situação não deixa de ser preocupante. "O ambiente
escolar precisa ser reiventado. A pesquisa mostra que a escola perdeu o papel de referência na vida
dos jovens e é preciso recuperá-lo. A escola deve ser um espaço para aprofundar os conhecimentos e
também para debater e discutir ideias e lançar novos desafios para o futuro", ressalta.

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