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Geralmente escrevo na madrugada.

A diferença é que nessa madrugada


eu não estava só. Depois de muito tempo lutando contra as minhas vontades,
fingindo não sentir o que estava já a flor da pele praticamente desde o primeiro
momento, ontem me entreguei e fiz o convite que a tempos eu planejava. Não
que eu não o tivesse feito antes, mas das outras vezes não parecia ser eu que
o fazia, a bebida sempre pareceu me levar para outro espírito. Mas ontem só
estava eu.
Ela aceitou.
Trocamos palavras despretensiosas pelo caminho. Sem se tocar, sem
se olhar. Chegamos em minha casa e preparamos uma refeição que nenhum
dos dois parecia querer no momento. Mas comemos aquele jantar, em meio a
olhares rápidos e ansiosos, como se a fome fosse o que nos trouxera ali.
Lhe ofereci um chá, para me acalmar, ou só para preencher o tempo. Na
verdade, não estava nervoso, estava feliz pelo momento. Talvez feliz demais.
Apontei o sofá e sentamos lado a lado. Mais palavras, mais olhares. Ao
fim do chá já era hora de dar fim as palavras.

Foi quando ela olhou para a estante. Em nenhum momento eu lembrara


que aquilo estava ali. Para mim o que parecia um objeto comum para ela reluziu
de forma diferente. As duas frases que seguiram, sua pergunta e minha resposta,
definiram a noite numa questão de segundo.
Vamos?
Sim.

Talvez tenha sido um nervosismo que não estava claro para mim ou para
ela. Talvez tenha sido a singularidade daquela proposta. Talvez tenha sido só
uma vontade. Independentemente do motivo, essa seria uma noite que eu jamais
tivera igual e que ficará guardada em minha memória.
Amanhecia quando nos levantamos do sofá e a encaminhei até a porta
de saída do edifício, deixando os controles do Super Nintendo de lado, algumas
fases passadas do Super Mario World e uma indagação no ar: “o que foi isso? ”.

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