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A. A matriz de 1939
O código vigente tem a sua matriz no Código de 1939, fruto do labor de JOSÉ
ALBERTO DOS REIS.
Essa matriz foi sucessivamente alterada, com especial ênfase em 1961, em 1967,
em 1985, em 1996/1997.
A bibliografia indicada acima poderá esclarecer sobre aquela matriz e sobre o
conteúdo e sentido das alterações posteriores.
As reformas de 2003, de 2008/2009 e de 2013 são, tanto pelo conteúdo, como pela
extensão, as mais importantes.
B. A reforma de 2003
1 Rectificado pela Declaração de Rectificação nº 5-C/2003, de 30 de Abril), posteriormente alterado pelo Decreto-
Lei nº 199/2003, de 10 de Setembro (rectificado pela Declaração de Rectificação nº 16-B/2003, de 31 de Outubro).
à execução para entrega de coisa certa e para prestação de facto ex vi art. 466º, nº 2,
também às restantes espécies de execução.
Há traços comuns a essas mudanças:
a. O juiz deixa de ser o autor dos actos processuais do Estado, passando a ter um
papel de controlo geral nos termos do art. 809º CPC/2003 e competências típicas
de garantia jurisdicional em caso de litígio;
a. correlativamente, o agente de execução releva em toda e qualquer execução
para as notificações e citações – cfr. arts. 239º e 864º CPC/2003 –, para a
apreensão de bens do executado – cfr. os arts. 832º, nº 2, e 930º, nºs 1 e 2
CPC/2003 – e posterior penhora ou entrega – cfr. art. 930º, nº 1 CPC/2003;
b. Esvazia-se 2 o papel da secretaria;
c. Prevêem-se tribunais de competência específica executiva — os juízos de
execução — e, bem assim, secretarias-gerais de execução;
b. cria-se o Registos Informático de Execuções;
a. procedimentalmente,
b. unificam-se (formalmente, é certo) as formas de processo;
c. alargam-se os casos de penhora prévia à citação;
d. restringe-se a importância dos privilégios creditórios seja em sede de
reclamação de créditos, seja no momento do pagamento;
a. criam-se novas modalidades de venda, maxime, por depósito público,
e altera-se o esquema relativo da mesmas;
c. materialmente, há um reforço do favor creditoris 3
Mas, para além do seu teor positivo, a Lei nº 41/2013, de 26 de junho veio, por força
do seu art. 4º, proceder também revogação de vários diplomas. A saber:
7 Ainda, alterações menores, como a recuperação terminológica da expressão “embargos” para a oposição à
execução, Incompreensível, porquanto compondo uma linha de flutuação em menos de uma década;
b. Decreto-Lei n.º 211/91, de 14 de junho (aprovação do Regime do Processo Civil
Simplificado);
c. Decreto -Lei n.º 184/2000, de 10 de agosto (aprovação do regime das
marcações de audiências de julgamento);
d. Decreto -Lei n.º 108/2006, de 8 de junho (aprovação do Regime Processual Civil
Experimental);
e. arts.11.º a 19.º do Decreto -Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro;
f. Decreto -Lei n.º 4/2013, de 11 de janeiro (aprovação de um conjunto de medidas
urgentes de combate às pendências em atraso no domínio da ação executiva).
Exemplo 1: um documento particular que caiba na al. c) do nº 1 do art. 46º apenas manterá
a força executiva quando a respetiva execução tenha data anterior a 1 de setembro de 2013;
sendo colocada a partir dessa data, perde a força executiva, ex vi art. 703º nº 1 al. a) a
contrario: o que conta é a data da constituição da execução e não a data da constituição do
título.
Exemplo 2: numa execução instaurada até ao dia 31 de agosto permanecem regulados pela
lei velha a admissão do requerimento executivo, o despacho liminar (eventual), o momento
da citação (se antes ou se posterior à penhora; neste caso, no ato de penhora ou em cinco
dias após a últma penhora); já os atos preparatórios da penhora e a citação do cônjuge e e
dos credores reclamantes não integram a fase introdutória.
4. Por último, deve ser chamada a atenção para dois diplomas que foram produzidos
em preparação ou no contexto da reforma da ação executiva de 2013.
Em primeiro lugar, antes do processo de reforma do Código de Processo Civil se ter
concluído e ignorando por completo esse mesmo labor legislativo, sobreveio a Lei nº
60/2012, de 9 de novembro que pelo seu art. 1º veio alterar os arts. 834º nº 2, 886º-A nº 3
e 889º nº2 CPC/2009.
Tratou-se de um diploma com claro caráter de medida urgente de proteção da
habitação (e respetivo valor) do executado, no contexto da crise patrimonial vigente e que,
por isso mesmo, entrou em vigor logo a 10 de novembro. Veio a ser aplicável a todos os
processos pendentes exceto àqueles em que a penhora já tiver sido concretizada de acordo
com os critérios legais então em vigor (cf. arts. 2º e 3ºda mesma Lei).
Acabou por ser absorvido nos arts. 751º nº3, 812º nº 3 e 816º do novo Código.
Em segundo lugar, não se esqueça o provisório Decreto-Lei nº 4/2013, de 11 de
janeiro, que vigorou desde o dia 16 de janeiro do mesmo ano, conforme o art. 12º desse
diploma. Nele se achava um conjunto de medidas urgentes de combate às pendências
executivas em atraso, em ordem a preparar os tribunais para a entrada em vigor do (novo)
Código de Processo Civil.
Previam-se, nomeadamente, novas causas de extinção por falta de bens
penhoráveis, em processos pendentes antes de 15 de setembro de 2003 (cf. arts. 1º), por
falta de impulso processual (cf. art. 2º), ou por falta de pagamento da remuneração (cf. art.
15º); ainda, atribuia-se força executiva avulsa, à nota discriminativa de honorários e
despesas do agente de execução (cf. art. 5º)
Ora, algumas da respetivas soluções ficaram consagradas no novo Código como,
por ex., no art. 721º nCPC e o Decreto-Lei veio a ser revogado pelo art. 4º al. f) da Lei nº
41/2013, de 26 de junho, como já referimos.
3. Por sua vez, o estatuto do agente de execução consta dos seguintes diplomas:
a. Lei nº 154/2015, de 14 de setembro (aprova o Estatuto da Ordem dos
Solicitadores e revoga o DL 88/2003, de 26 de abril alterado pelas Leis nº
44/2004, de 24 de agosto e 14/2006, de 26 de abril e pelo Decreto-Lei nº
226/2008, de 20 de novembro) a articular com a Lei 77/2013, de 21 de
novembro, que criou a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares
de Justiça (CAAJ);
b. arts. 36º a 42º da Portaria nº 282/2013, de 29 de agosto (não aceitação,
identificação, substituição e destituição), matéria que antes foi objeto dos
arts. 4º a 9º, da Portaria nº 331º-B/2009, de 30 de março, revogada por
aquela;
c. arts. 43º a 55º da Portaria nº 282/2013, de 29 de agosto (remuneração e
reembolso das despesas do agente de execução), matéria que antes foi
objeto dos arts. 11º a 25º, da Portaria nº 331º-B/2009, de 30 de março,
9 Já o Decreto-Lei nº 202/2003, de 10 de setembro, alterado pela Lei nº 14/2006, de 26 de abril e pelo Decreto-
Lei nº 226/2008, de 20 de novembro, e relativo às comunicações telemáticas entre a secretaria de execução e o
agente de execução, foi revogado pelo Decreto-Lei nº 122/2013, de 26 de agosto.
13 No passado o regime das custas constava do Decreto-Lei nº 224-A/96, de 26 de novembro (Código das Custas
Judiciais), mais tarde alterado, em termos substanciais, pelo Decreto-Lei nº 324/2003, de 27 de dezembro (que
revogou igualmente o anterior regime especial do Decreto-Lei nº 204/2003, de 12 de setembro). Devia ainda
considerar-se a Portaria nº 42/2004, de 14 de janeiro, que revogou também a Portaria nº 985º-C/2003, de 15 de
setembro.
14 A Lei nº 52/2008, de 23 de Agosto continha um regime de vigência local e um regime de vigência nacional. O
regime de vigência nacional abarcava as alterações efectuadas pelo seu art.164.º aos arts.72.º, 73.º, 120.º,122.º,
123.º, 127.º, 134.º e 135.º do Estatuto do Ministério Público, bem como o aditamento a esse Estatuto do Ministério
Público dos arts. 88.º -A e 123.º -A, conforme o art. 165º. O mesmo se diga quanto à alteração efectuada pelo
art. 161.º ao art. 390.º do Código de Processo Penal. O regime de vigência local abarca todas as demais normas
do diploma, nomeadamente em matéria de organização judiciária e de alterações ao Código de Processo Civil,
estas constantes do art. 160º da Lei (v.g., aos arts.65º e 65º-A CPC). Essas alterações vigoraram somente nas
comarcas-piloto de referidas no n.º 1 do artigo 171.º (cf. o art. 187º, nº1): Alentejo Litoral (municípios de Alcácer
do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines), Baixo -Vouga (municípios de Águeda, Albergaria -a -
Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos) e Grande Lisboa
Noroeste (municípios da Amadora, Mafra e Sintra). Esta aplicação localizada estava, na versão inicial da Lei, sujeita
a um período experimental com termo a 31 de Agosto de 2010” (art. 187º, nº 2), prevendo-se que partir de 1 de
Setembro de 2010, tendo em conta a avaliação prevista no art. 172º a nova lei se viesse a aplicar a todo o território
nacional. Todavia, posteriormente o art. 162º da ei nº 3-B/2010, de 28 de Abril, alterou o nº 3 do dito art.187º,
prorrogando, na pratica, o período experimental e tornando-o faseado até 1 de Setembro de 2014.Fora das
comarcas-piloto regem tanto a Lei 3/99, de 13 de Janeiro (LOFTJ/99), como a versão anterior do Código de
Processo Civil, enquanto não forem absorvidas pelas novas comarcas por este regime de entrada faseada em
vigor.A vigência, local ou nacional, teve o seu início no dia 14 de Abril de 2009.
a. desde 1 de setembro de 2014, a Lei nº 62/2013 de 26 de agosto (Lei de
Organização do Sistema Judiciário) 15 e o Decreto-Lei nº 49/2014, de 27 de
março (Regula a Lei de Organização do Sistema Judiciário, vulgo Mapa
Judiciário) 16.
15 Decorre do respetico art. 188º nº 1 que a lei entrou em vigor na “data de início da produção de
efeitos do decreto -lei que aprove o Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais”. Mas há
várias exceções constantes do mesmo art. 188º: os arts. 172.º, 181.º e 182.º (órgãos de gestão dos tribunais de
comarca, regulamentação e transição de processos), entraram em vigor no dia seguinte ao da publicação da Lei,
i.e., no dia 27 de Agosto (nº 2); o art. 186.º (intervenção dos juízes de círculo) entra em vigor imediatamente
após a entrada em vigor da Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, que aprova o Código de Processo Civil, i.e., no dia 1
de Setembro (nº 4). Finalmente, o nº 3 do art. 188º determina que Os n.os 2 e 3 do artigo 184.º (índice
remuneratório dos juízes) não produzem efeitos durante a vigência do Programa de Assistência Económica e
Financeira celebrado entre Portugal e a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário
Internacional, em 17 de maio de 2011. O decreto-lei de regulamentação da Lei será aprovado pelo Governo no
prazo de 60 dias a contar da publicação desta (cf. art. 181º).
16 Entrou em vigor a 1 de setembro de 2014, nos termos do seu artigo 118º.
g. Decreto-Lei nº 35/2006, de 20 de fevereiro (trânsito dos processos
pendentes nas comarcas onde sejam criados juízos de execução para
os novos juízos de execução após a sua instalação por portaria);
h. Portaria nº 262/2006, de 16 de março (declara instalados os Juízos de
Execução da Comarca de Oeiras e da Comarca de Guimarães);
i. Portaria nº 1406/2006, de 18 de dezembro (declara instalado o Juízo
de Execução da Comarca da Maia);
a. Decreto-Lei nº 250/2007, de 29 de junho (o seu art. 8º nº 1 cria os Juízos de
Execução de Braga, Coimbra, Leiria, Matosinhos e Vila Nova de Gaia);
b. Decreto-Lei nº 25/2009, de 26 de janeiro ( os seus arts. 15º nº 1 als. i) e j) e
27º nº1 al. g) criam os juízos de execução de Águeda, Ovar e Sintra,
respetivamente, nas comarcas-piloto de Baixo Vouga e de Lisboa-Noroeste).
17 Publicado no JO L 351/1, de 20/12/2012. Nos termos do respetivo art. 81º o regulamento entra em vigor no
vigésimo dia seguinte ao da sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia, i.e., no dia 9 de Janeiro de 2013,
mas aplica-se a partir de 10 de janeiro de 2015, com exceção dos artigos 75. o e 76. o , que se aplicam a partir
de 10 de janeiro de 2014.
18 Publicado no JO L 338, de 23/12/2003, com rectificação pelo JO L 174, de 28/12/2006, vindo revogar o
Regulamento (CE) n.º 1347/2000. Vigora desde1/3/2005 (cf. o seu artº 72.º), tendo sido alterado pelo Reg.
2116/2004 (JO L 367, de 14/12/2004).
b. Regulamento (CE) n.º 805/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de
21 de abril de 2004 (título executivo europeu para créditos não contestados
19
);
c. Regulamento (CE) n.º 1896/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de
12 de dezembro de 2006 (procedimento europeu de injunção de pagamento
20);
19 Publicado no JO L 143, de 30/4/2004, rectificado no JO L 168, de 30/6/2005 e aplicável desde 21/10/2005 (cf.
o seu artº 33.º). Os respectivos anexos deste foram alterados pelo Regulamento (CE) n.º 1869/2005 da Comissão,
de Novembro de 2005;
20 Publicado no JO L 399, de 30/12/2006, para vigorar a partir de 12/12/2008 (cf. o seu artº 33.º).
21 Publicado no JO L 199, de 31/7/2007 para vigorar a partir de 1/1/2009 (cf. o respectivo artº 29.º).